ministÉrio da educaÇÃo universidade federal do … · a colonização por invertebrados...

65
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE - FURG INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS - ICB PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DE AMBIENTES AQUÁTICOS CONTINENTAIS INVERTEBRADOS AQUÁTICOS NO DETRITO DE Salvinia herzogii de la Sota EM LAGOS RASOS DO SUL DO BRASIL. André Ribeiro Castillo Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Biologia de Ambientes Aquáticos Continentais, Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Rio Grande - FURG, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Biologia de Ambientes Aquáticos Continentais. Rio Grande, Outubro de 2009.

Upload: doankhue

Post on 23-Nov-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | i

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE - FURG

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS - ICB

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DE

AMBIENTES AQUÁTICOS CONTINENTAIS

INVERTEBRADOS AQUÁTICOS NO DETRITO DE Salvinia herzogii de la Sota EM

LAGOS RASOS DO SUL DO BRASIL.

André Ribeiro Castillo

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Biologia de Ambientes Aquáticos

Continentais, Instituto de Ciências Biológicas da

Universidade Federal do Rio Grande - FURG, como

requisito para a obtenção do título de Mestre em

Biologia de Ambientes Aquáticos Continentais.

Rio Grande, Outubro de 2009.

Page 2: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | ii

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE - FURG

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS - ICB

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DE

AMBIENTES AQUÁTICOS CONTINENTAIS

INVERTEBRADOS AQUÁTICOS NO DETRITO DE Salvinia herzogii de la Sota EM

LAGOS RASOS DO SUL DO BRASIL.

André Ribeiro Castillo

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Biologia de Ambientes Aquáticos

Continentais, Instituto de Ciências Biológicas da

Universidade Federal do Rio Grande - FURG, como

requisito para a obtenção do título de Mestre em

Biologia de Ambientes Aquáticos Continentais.

Orientadora: Dra. Edélti Faria Albertoni

Rio Grande, Outubro de 2009.

Page 3: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | iii

"Se depender de mim, nunca ficarei plenamente maduro nem nas idéias nem no estilo,

mas sempre verde, incompleto, experimental" (Gilberto Freire).

Page 4: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | iv

Aos avós maternos Solon (in memorian) e Ruth Ribeiro.

Aos avós paternos Nei e Alba Castillo (in memorian).

Aos pais, Miguel e Marisa Castillo.

À “minha vida”, Ana Carolina Amorim.

Aos lagos e aos milhares de seres vivos, indispensáveis para o entendimento dos

processos estudados nesta dissertação.

Page 5: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | v

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Universidade Federal do Rio Grande – FURG pela oportunidade da

realização do curso de Pós-Graduação em Biologia de Ambientes Aquáticos Continentais.

A CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), pela

concessão da bolsa de mestrado.

Ao Laboratório de Limnologia da FURG, por toda a infraestrutura utilizada neste

estudo.

A minha orientadora, Dra. Edélti Faria Albertoni, pela inestimável orientação e apoio

durante estes 21 meses de convívio. Ao Dr. Cleber Palma Silva, por toda ajuda, incentivo,

conversas, dicas e sugestões para a minha formação e realização deste trabalho. São

pessoas simples e ao mesmo tempo incríveis, com os quais aprendi muito e serei

eternamente grato por tudo.

Ao Msc. Claudio Rossano Trindade Trindade, pela amizade, parceria e indispensável

ajuda.

Ao Dr. José Francisco Gonçalves Junior, por toda a ajuda e apoio na parte

metodológica e na interpretação dos dados deste trabalho.

Ao Dr. Marcos Callisto, pelos conhecimentos repassados e por toda a hospitalidade

durante a minha visita ao Laboratório de Ecologia de Bentos da UFMG.

Ao Dr. Gilberto Gonçalves Rodrigues, por todos os ensinamentos, pelo estágio no

Laboratório de Análise de Impacto Ambiental da UFRGS, pela oportunidade de poder

participar do Encontro Brasileiro de Chironomidae, por me mostrar o caminho da pesquisa

com decomposição de detritos vegetais.

Ao Biólogo Luis Roberval Bortoluzzi Castro “kabelo”, por toda ajuda nos trabalhos

de campo e laboratório e por toda amizade e parceria ao longo desses anos.

Aos amigos, Franko Telöken e Sabrina Amaral Pereira por todos os momentos

compartilhados nestes meses e toda ajuda prestada.

Page 6: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | vi

A bióloga Clara Lisandra de Lima por toda ajuda e orientação nos procedimentos de

bancada.

Aos colegas de laboratório (Adriane, Carol, Juliana, Leonardo, Maria, Milene, Patrícia,

Thais e Wagner) e de Curso (especialmente Fernandão), que de alguma forma,

contribuíram para a minha vida e para esta dissertação.

Aos professores, sempre dispostos a ajudar e ainda se dedicar à melhoria da

qualidade do Curso.

A Dra. Ana Maria Volkmer de Azambuja da Silva pela ajuda nas análises estatísticas.

Aos meus pais, que desde que eu nasci não medem esforços para que seus filhos

tenham tudo do bom e de melhor, em tudo! Obrigado mais uma vez!

A minha bióloga preferida e ainda por cima, noiva, de quem dependo de alma e

coração, foi uma das pessoas que mais me incentivou a continuar na luta, não desistir,

mesmo nos momentos mais complicados. Eu te amo vida!!!!

Aos familiares (Antônio, Delcira, Eduardo, Luciana) e ao meu irmão Diego, que

mesmo de longe, estiveram sempre presentes e nunca me deixaram na mão.

Aos membros da banca examinadora, por todas as sugestões a esta dissertação.

Page 7: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | vii

RESUMO

A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi

estudada em dois lagos rasos subtropicais de diferentes estados tróficos (eutrófico e

oligotrófico) localizados no campus Carreiros da Universidade Federal do Rio Grande,

extremo sul do Brasil. Aproximadamente 6g (peso úmido) de S. herzogii foram incubados

em experimentos com litter bags (30 X 20 cm com 10 mm de malha) e a decomposição do

detrito acompanhada durante 110 dias (entre setembro de 2008 e janeiro de 2009),

período no qual o detrito decompôs-se cerca de 95%. Quatro réplicas foram retiradas após

os intervalos de 1, 30, 60, 90 e 110 dias de incubação e o detrito foi limpo em água

corrente sob peneira de 250µm de malha para que fossem retidos os organismos e depois

fixados em álcool 80%. As plantas depois de limpas foram secas à 60ºC por 72 horas para

obtenção do peso seco, depois trituradas, para as análises de nitrogênio e fósforo total e

para obtenção do peso seco livre de cinzas, equivalente a porcentagem de massa

remanescente (%R). Os invertebrados foram identificados até o menor nível taxonômico

possível e depositados na coleção de Invertebrados Límnicos – ICB - FURG. Para cada

amostra foram calculadas a riqueza e a densidade de táxons, os índices de diversidade de

Shannon-Wiener (H’), homogeneidade de Pielou (J). Para determinar qual grupo de

invertebrados foi mais importante para a estruturação da comunidade em cada lago, foi

realizada a análise de espécies indicadoras (indicator species analysis). Um total de 32.399

organismos distribuídos em 38 táxons foram registrados para os lagos estudados. Dezoito

táxons foram comuns entre os lagos em cada experimento. Um total de 1.449.612 ind.100g

PS no ambiente eutrófico e 372.380 ind.100g PS para o ambiente oligotrófico foi

registrado (p=0,4771). O táxon mais abundante encontrado para o lago eutrófico foi

Goeldichironomus (Chironomidae; 81% de todos os organismos coletados), enquanto que

no lago oligotrófico, o táxon mais abundante foi Caenis (Caenidae; 29,1% de todos os

organismos coletados). A colonização do detrito foi rápida, nas primeiras 24 horas foram

registrados 10 táxons nos lagos eutrófico e oligotrófico, sendo os predadores o grupo

Page 8: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | viii

dominante (52 e 70%, respectivamente) neste período. Durante o período do experimento,

no lago eutrófico, os coletores-catadores foram os mais abundantes (91,2 % do número

total de organismos), seguido de coletores-filtradores (4,7 %) e predadores (3,5 %). No

lago oligotrófico, os coletores-catadores foram os mais abundantes (34,1 % do número

total de organismos), seguido de predadores (26,8 %), raspadores (24,9 %) e

fragmentadores (10,5 %). O Índice de diversidade acompanhou os aumentos de densidade

durante os experimentos, sendo que o valor máximo observado foi no lago oligotrófico

(H’=2,31) no 60º dia de incubação, enquanto que o menor valor foi registrado para o lago

eutrófico (H’=0,19) no 110º dia de incubação. A taxa de decomposição de S. herzogii foi

diferente no lago eutrófico (k = 0,019; R2 = 0,88) e oligotrófico (k = 0,021; R2 = 0,81),

porém essa diferença não foi significativa (ANCOVA; F = 6,38 e p = 0,6755).

Palavras-chave: invertebrados, grupos tróficos funcionais, macrófitas aquáticas,

decomposição, lagos rasos.

Page 9: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | ix

ABSTRACT

The colonization by aquatic invertebrates in detritus of Salvinia herzogii was studied in

two subtropical shallow lakes which differ in the trophic state (eutrophic and oligotrophic)

located on the campus Carreiros at the Federal University of Rio Grande - FURG, southern

Brazil. Approximately 6 g (wet weight) of S. herzogii were incubated in experiments with

litter bags (30 X 20 cm with 10 mm mesh) and the decomposition of the waste followed for

110 days (between September 2008 and January 2009), during which the detritus

decomposed about 95%. Four replicates were removed after intervals of 1, 30, 60, 90 and

110 days of incubation and the debris was washed in running water on sieve (250μm

mesh) and organisms were fixed in alcohol 80%. The detritus was dried at 60° C for 72

hours to obtain the dry weight, then crushed to the analysis of nitrogen and phosphorus.

Some of this material was incinerated at 550º C to obtain ash free dry mass, equivalent to

percentage of mass remaining (% R). Invertebrates were identified to the lowest possible

taxonomic level and deposited in the collection of invertebrates - ICB - FURG. For each

sample were calculated the richness and density of taxa, the diversity index of Shannon-

Wiener (H ') and Pielou evenness (J). To determine which group of invertebrates was more

important to community structure in each lake, was held the indicator species analysis. A

total of 32.399 organisms distributed in 38 taxa were recorded for the lakes studied.

Eighteen taxa were common among the lakes in each experiment. A total of 1.449,612

ind.100g DW in eutrophic environment and 372.380 ind.100g DW for oligotrophic

environment was recorded (p = 0.4771). The most abundant taxa found in the eutrophic

lake was Goeldichironomus (Chironomidae, 81% of all organisms collected), whereas in the

oligotrophic lake, the most abundant taxa was Caenis (Caenidae, 29.1% of all organisms

collected). The colonization of the detritus was fast during the first 24 hours were recorded

10 taxa in eutrophic and oligotrophic lakes, and predators was the dominant group (52

and 70% respectively) in this period. During the experimental period in the eutrophic lake,

the collectors-gatherers were the most abundant (91.2% of the total number of

Page 10: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | x

organisms), followed by collector-filterers (4.7%) and predators (3.5%). In the oligotrophic

lake, the collector-gatherers were the most abundant (34.1% of total number of

organisms), followed by predators (26.8%), scrapers (24.9%) and shredders (10.5%). The

diversity index followed the increases in density during the experiments, and the maximum

value was observed in the oligotrophic lake (H'= 2.31) on the 60th day of incubation, while

the lowest was reported in the eutrophic lake (H'= 0.19) in the 110th incubation. The rate

of decomposition of S. herzogii was different in the eutrophic lake (k = 0.019, R2 = 0.88)

and oligotrophic (k = 0.021, R2 = 0.81), but this difference was not significant (ANCOVA, F

= 6.38 e p = 0.6755).

Key words: invertebrates, functional feeding groups, decomposition, shallow lakes.

Page 11: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | xi

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1

Perguntas ...................................................................................................................... 6

Hipótese do estudo ..................................................................................................... 6

1.2. OBJETIVOS ......................................................................................................... 7

1.2.1. OBJETIVO GERAL .............................................................................................. 7

1.2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................. 7

1.3. MÉTODOS .......................................................................................................... 8

1.3.1. Área de Estudo .................................................................................................. 8

1.3.2. Avaliação da decomposição ............................................................................ 12

1.3.3. Procedimentos em campo ............................................................................... 13

1.3.4. Procedimentos em laboratório ....................................................................... 14

1.3.4.1. Composição química da água .................................................................... 14

1.3.4.2. Composição química do detrito ................................................................ 16

1.3.5. Análise dos dados ............................................................................................. 16

2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 18

3. ARTIGO: Invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii de la Sota em

dois lagos rasos subtropicais. ............................................................................... 29

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 52

Page 12: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | xii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Mapa do Campus Carreiros evidenciando os locais de estudo (Lago Polegar e

Lago dos Biguás). .......................................................................................................................................... 9

Figura 2 – Vistas parciais do Lago dos Biguás, Campus Carreiros da FURG, um dos locais da

realização dos experimentos. ................................................................................................................... 10

Figura 3 - Vistas parciais do Lago Polegar, Campus Carreiros da FURG, um dos locais da

realização dos experimentos. ................................................................................................................... 11

Figura 4 – Procedimento de incubação dos litter bags nos dois lagos. .................................... 12

CAPÍTULO 1

Figura 1 - Grupos tróficos funcionais de invertebrados durante a decomposição de S.

herzogii no lago (a) eutrófico e (b) oligotrófico. ............................................................................... 39

Figura 2 - Ordenação dos grupos tróficos funcionais (C-C=coletor-catador; C-F=coletor-

fitrador; F=fragmentador, P=predador e R=raspador) de acordo com as varáveis

limnológicas (setas) (Chla= Clorofila a; Cond=condutividade elétrica; N=Nitrogênio;

P=Fósforo; O2d=oxigênio dissolvido e pH) pela análise de componentes principais (PCA)

durante o período de decomposição nos lagos ( ) eutrófico e ( ) oligotrófico. ............. 40

Figura 3 - Dendrograma gerado pela análise de agrupamento para a comunidade de

invertebrados aquáticos associados ao detrito de S. herzogii nos lagos estudados

(EUT=eutrófico e OLI=oligotrófico) seguido pelo tempo de incubação. Os táxons

indicadores são listados para cada grupo, com seus respectivos valores de indicação (IV)

em parênteses. ............................................................................................................................................... 41

Figura 4 - Perda de peso do detrito (médias das quatro réplicas ± erro-padrão) de Salvinia

herzogii nos lagos ( ) eutrófico e ( ) oligotrófico. ....................................................................... 42

Page 13: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | xiii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classificação taxonômica, densidades médias (ind. 100 g PS-1) e classificação dos

grupos funcionais dos invertebrados no detrito de S. herzogii durante os intervalos de

tempo observados no lago eutrófico. ................................................................................................... 37

Tabela 2 - Classificação taxonômica, densidades médias (ind. 100g PS-1) e classificação dos

grupos funcionais dos invertebrados no detrito de S. herzogii durante os intervalos de

tempo observados no lago oligotrófico. .............................................................................................. 38

Tabela 3 – Grupos tróficos funcionais de invertebrados registrados no detrito de S. herzogii

no estudo. (E=eutrófico) (O=oligotrófico). .......................................................................................... 40

Tabela 4 - Composição química dos detritos de Salvinia herzogii para os componentes em

% por grama de peso seco, ao longo do processo de decomposição estudado. ................ 42

Tabela 5 – Variáveis limnológicas (médias e desvio-padrão) nos lagos eutrófico e

oligotrófico. ..................................................................................................................................................... 43

Page 14: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 1

1. INTRODUÇÃO GERAL

A planície costeira do Estado do Rio Grande do Sul caracteriza-se pela seqüência de

lagoas paralelas ao oceano Atlântico, em uma faixa de aproximadamente 640 km de

extensão e 37.000 km2 de superfície. Este sistema é basicamente compreendido por

lagunas, lagoas costeiras de água doce e grandes lagoas interiores, apresentando canais e

banhados de água doce que atuam como intercomunicadores (FERREIRA, 2005).

Grande parte dos ecossistemas aquáticos continentais da região tropical são rasos e

constituídos por extensas regiões litorâneas geralmente colonizadas por diferentes

espécies e tipos de macrófitas aquáticas, que juntas formam um dos biótopos mais

produtivos que se tem conhecimento (ESTEVES, 1998). Esses tipos de lagos têm uma

profundidade média de três metros, e áreas variando de menos de um hectare até 100

km2. Devido à baixa profundidade, ocorre uma intensa interação sedimento-água

juntamente com as comunidades de macrófitas aquáticas, fazendo desses ambientes,

complexos sobre muitos aspectos (SCHEFFER, 1998).

Em lagos rasos, a presença de macrófitas aquáticas, altera radicalmente o

funcionamento desses ambientes. A comunidade de macrófitas aquáticas tem um papel

importante na estocagem, ciclagem de nutrientes e na produtividade primária (ESTEVES,

1998), servindo como fonte de matéria orgânica autóctone para todo o ecossistema

(GRABOWSKY, 1973; WETZEL & HOUGH, 1973; GODSHALK E WETZEL, 1978; MENEZES, 1984),

podendo regular todo o metabolismo de um corpo d’água (WETZEL, 1993).

Aproximadamente 90% da matéria orgânica que se acumula na zona litoral é proveniente

da biomassa de macrófitas aquáticas (WETZEL, 1993).

A elevada biomassa e a alta produtividade (WETZEL, 1993), proporcionam às

macrófitas aquáticas a capacidade de estocar compostos químicos nos ecossistemas

lacustres (BARBIERI et al. 1984), e dentre estes compostos, destacam-se o fósforo e o

nitrogênio, de grande importância para a dinâmica da ciclagem de nutrientes e fluxo de

energia de ecossistemas límnicos (ESTEVES, 1998).

Page 15: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 2

Dentre os mecanismos que promovem o retorno dos nutrientes estocados na

biomassa das macrófitas aquáticas para a coluna d´água, a excreção da matéria orgânica

na fase vegetativa e o processo de decomposição são os mais importantes (ROLAND et al.

1990), sendo este último o principal responsável pela reciclagem da grande maioria dos

nutrientes estocados na biomassa de macrófitas aquáticas (BROCK, 1984; SCHEFFER, 1998).

Em lagos de regiões temperadas, grande quantidade de nutrientes é liberado na

coluna d´água a partir do inicio do outono, quando ocorre a morte da parte aérea da

maioria das macrófitas aquáticas. Já em lagos tropicais, a liberação de nutrientes na coluna

d´água ocorre durante todo o ano, uma vez que as condições climáticas especialmente a

temperatura favorecem o crescimento e conseqüente morte das macrófitas aquáticas

(ESTEVES, 1998). Quando as macrófitas morrem, o processo de decomposição se inicia (XIE

et al. 2004). Em muitos lagos, os detritos representam a energia dominante (RICH & WETZEL,

1978), onde o input de carbono representa de 10 a 75% dos inputs orgânicos totais

(JORDAN & LIKENS, 1975; HODKINSON, 1975; WETZEL, 1993).

Segundo GESSNER et al. (1999), o processo de decomposição pode ser dividido em

três fases: primeiramente, há perda de material foliar através de quebra mecânica

(leaching); em seguida, há a decomposição através da ação microbiana e, por fim, a

colonização por invertebrados bentônicos.

A decomposição é dependente de fatores como: concentração de nutrientes na

água (SUBERKROPP & CHAUVET, 1995), temperatura (IRONS et al. 1994) e pH (WEBSTER &

BENFIELD, 1986). A disponibilidade de nutrientes na água é geralmente apontada como um

importante fator no controle da taxa de decomposição (XIE et al. 2004). Uma das razões é

que a demanda de nutrientes associada com a atividade decompositora geralmente

excede o suprimento de nutrientes do detrito (ENRÍQUEZ et al. 1993). Comparações diretas

de decomposição de detritos vegetais em ambientes pobres em nutrientes em relação à

ambientes ricos em nutrientes indicam uma rápida decomposição em ambientes ricos em

nutrientes (BROCK et al. 1985; WEBSTER & BENFIELD, 1986). A aceleração da decomposição do

detrito pela adição de nitrogênio foi demonstrada por HYNES & KAUSHIK (1969); KAUSHIK &

Page 16: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 3

HYNES (1971), HOWARTH & FISHER (1976); ALMAZON & BOYD (1978); CARPENTER & ADAMS (1979);

BROCK et al. (1985); assim como estudos que mostram que a concentração de nitrogênio na

água não afeta a taxa de decomposição (FEDERLE et al. 1982; WEBSTER & BENFIELD, 1986).

Outro nutriente comumente estudado é o fósforo. Estudos de laboratório não mostraram

alguma aceleração da decomposição quando a concentração de fósforo era alta (veja

HYNES & KAUSHIK, 1969; HOWARTH & FISHER, 1976; CARPENTER & ADAMS, 1979; FEDERLE et al.

1982; BROCK et al. 1985).

Dois mecanismos de fragmentação podem ser importantes na aceleração da

decomposição. A fragmentação física pode ser proporcionada pela ação da correnteza e

ações abrasivas, ou quando o detrito é redistribuído por grandes flutuações,

principalmente em riachos (BENFIELD et al. 1979; DAWSON, 1978). Em lagos, a fragmentação

física provavelmente seja pouco importante, contudo, a ação das ondas e da corrente

podem ser importantes para a decomposição em lagos rasos e estuários (ODUM et al.

1972). Um segundo mecanismo de fragmentação é aquele promovido por invertebrados,

principalmente, os fragmentadores, que colonizam e se alimentam de folhas já

condicionadas por microorganismos e podem contribuir significativamente para a

decomposição em riachos. Já em lagos e banhados, o papel dos fragmentadores é pouco

conhecido (WEBSTER & BENFIELD, 1986).

Estudos sobre a decomposição de espécies da vegetação ripária de riachos têm

recebido grande atenção por parte dos limnólogos, principalmente, nos ecossistemas de

regiões temperadas (GESSNER & CHAUVET, 1994; SRIDHAR & BÄRLOCHER 2000; LOPES et al. 2001;

HIEBER & GESSNER, 2002; HUTCHENS & WALLACE, 2002; MATHURIAU & CHAUVET, 2002; ROSEMOND

et al. 2002; RUETZ et al. 2002;). No Brasil, estudos dessa ordem vêm sendo realizados desde

a última década (CALLISTO et al. 2002; BARBOSA, 2005; CARVALHO et al. 2005; GONÇALVES et al.

2006a, 2006b; CALLISTO et al. 2007; GONÇALVES et al. 2007; MORETTI et al. 2007a e 2007b;

TREVISAN & HEPP, 2007; BARBOSA, 2008; HEPP et al. 2009).

Nas últimas décadas, vêm sendo desenvolvidos estudos sobre a decomposição de

macrófitas aquáticas (HOWARD-WILLIAMS & JUNK, 1976; ESTEVES & BARBIERI, 1983; CUNHA &

Page 17: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 4

BIANCHINI JR., 1998; 1999; GONÇALVES et al. 2000, 2003, 2004, 2009), no entanto, estudos de

decomposição com espécies de Salvinia são escassos (SHARMA & GOEL, 1986; CUNHA-

SANTINO & BIANCHINI JR., 2000; LONGHI et al. 2008), principalmente quando tratamos da

espécie Salvinia herzogii de la Sota, onde não foram encontrados registros sobre sua

decomposição.

Espécies do gênero Salvinia crescem em corpos de água doce, como lagoas, canais

e banhados, apresentando uma distribuição quase cosmopolita, ocorrendo em diferentes

tipos de ambientes aquáticos (CORDAZZO & SEELIGER, 1995). A espécie Salvinia herzogii, é a

macrófita flutuante mais abundante no sul do Brasil (IRGANG & GASTAL Jr. 2003). No Estado

do Rio Grande do Sul foi registrada por CORDAZZO & SEELIGER (1995); IRGANG & GASTAL JR.

(1996); PEREIRA et al. (2000); GALVANI & BAPTISTA (2003); MALTCHIK et al. (2004); PRELLVITZ &

ALBERTONI (2004); ROLON et al. (2004); PANATTA et al. (2006); PEREIRA (2008). Em regiões

próximas, na Argentina, a espécie foi registrada por PANIGATTI & MAINE (2003); POI DE NEIFF

& CASCO (2003); HADDAD & MAINE (2007); ZILLI et al. (2008).

Sob condições favoráveis espécies de Salvinia disseminam-se por propagação

vegetativa, colonizando extensas superfícies de água em um tempo reduzido, podendo

causar prejuízos aos usos múltiplos destes ecossistemas (POTT & POTT, 2000). Esse

desenvolvimento excessivo se deve às altas taxas de crescimento e capacidade de

reprodução, principalmente da forma vegetativa (FERNÁNDEZ et al. 1990).

Formando extensos estandes, as macrófitas aquáticas proporcionam um grande

número de nichos ecológicos para a vasta diversidade de espécies animais nas regiões

litorâneas tropicais (MENEZES et al. 1993; WETZEL, 1993; ESTEVES, 1998; PALMA-SILVA, 1998),

sendo utilizadas como habitat, substrato (forrageamento) e refúgio contra a predação ou

abrigo físico (HANLON, 1982; FURTADO, 1994; TRIVINHO-STRIXINO & STRIXINO, 1993, HUMPHRIES,

1996, ESTEVES, 1998; SCHEFFER, 1998; MANCINELLI et al. 2005; ALBERTONI et al. 2005, 2007).

Os detritos oriundos de macrófitas aquáticas são metabolizados e mineralizados

durante a decomposição destes, onde os invertebrados realizam um importante elo de

Page 18: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 5

ligação da energia estocada no detrito para os níveis tróficos superiores nas cadeias

alimentares aquáticas (ODUM, 1988 e ALLAN, 1995).

A colonização e transformação do detrito foliar por invertebrados aquáticos tem

sido amplamente estudada em ambientes lóticos (GRAÇA, 2001), justamente pela

participação ativa de fragmentadores na decomposição de folhas (WEBSTER & BENFIELD,

1986) e por proporcionar uma ligação trófica entre as cabeceiras e demais setores dos rios.

Essas ligações tróficas são mediadas pela transformação do material foliar em matéria

orgânica particulada fina (MOPF), que conseqüentemente serão utilizadas como alimento

por coletores (HEARD & RICHARDSON, 1995). A substituição de espécies durante a degradação

de um determinado recurso pode ser definida como sucessão ecológica degradativa. Este

processo ocorre ao longo da decomposição de detritos de origem animal ou vegetal, onde

microorganismos (especialmente fungos e bactérias), invertebrados (p.ex. formas imaturas

de insetos aquáticos) e vertebrados (alguns anfíbios e peixes) substituem-se em uma

escala de tempo reduzida, variando entre dias, semanas e poucos meses, até que o detrito

seja completamente metabolizado e mineralizado (BEGON et al., 1996; GONÇALVES et al.,

2000 e 2003).

Dentre os principais grupos de invertebrados que colonizam o detrito orgânico ao

longo da sucessão ecológica degradativa, destacam-se as larvas de Diptera-Chironomidae

(SMOCK & STONEBURNER, 1980). Usualmente são muito abundantes e diversas em

ecossistemas aquáticos de regiões temperadas e tropicais, sendo fortemente influenciados

por condições físicas, químicas e tróficas do habitat (JOHNSON et al. 1995), fazendo com

que sejam utilizados para estudar a estrutura e funcionamento destes ambientes, pois se

torna possível avaliar o fluxo de energia e os padrões de composição de espécies e seu

papel no processamento do detrito orgânico.

A definição de espécies engenheiras proposta por LAWTON & JONES (1993) aponta

aqueles organismos-chave que participam dos processos ecológicos modificando a

composição biótica e abiótica, influenciando os recursos energéticos para outras espécies,

integrando as populações de organismos aos compartimentos físicos e químicos. Pela

Page 19: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 6

grande abundância das larvas de Chironomidae na colonização de detritos vegetais, estas

podem representar um bom exemplo de espécies engenheiras com profundos efeitos nas

relações tróficas e interações bióticas de muitos outros organismos que participam do

processo de sucessão ecológica degradativa de detritos de macrófitas aquáticas (BOTTS,

1997; GONÇALVES et al. 2000; CALLISTO et al. 2001).

Diante destes fatos, estudos sobre a decomposição de macrófitas aquáticas, se

tornam importantes, do ponto de vista de se conhecer esta importante etapa da liberação

de nutrientes por macrófitas aquáticas na coluna d´água de lagos rasos, além de poder

investigar as comunidades de invertebrados aquáticos que direta ou indiretamente estão

associadas ao processo degradativo.

Esta dissertação está baseada nas seguintes perguntas:

1. O tempo de degradação e as características abióticas dos ambientes influenciam

a composição e a estrutura das comunidades de invertebrados colonizadoras do detrito de

S. herzogii?

2. As concentrações de nutrientes na água influenciam a decomposição de S.

herzogii?

3. As comunidades de invertebrados aquáticos associadas ao detrito influenciam o

processo de decomposição da macrófita?

Hipótese do Estudo:

A estrutura e diversidade de invertebrados aquáticos são influenciadas pelo tempo de

decomposição de S. herzogii e pelo estado trófico do ambiente.

Page 20: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 7

1.2. OBJETIVOS

1.2.1. OBJETIVO GERAL

Analisar estruturalmente a comunidade de invertebrados que coloniza o detrito de

Salvinia herzogii em decomposição em dois lagos rasos do sul do Brasil, e sua relação com

a tipologia trófica dos sistemas.

1.2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Identificar a fauna de invertebrados colonizadora do detrito de Salvinia herzogii

em decomposição em dois lagos rasos subtropicais de diferentes condições

tróficas;

Acompanhar a sucessão de grupos tróficos funcionais de invertebrados durante o

período de estudo;

Determinar a taxa de decomposição de Salvinia herzogii (em dois lagos rasos

subtropicais);

Acompanhar a variação da composição química do detrito de S. herzogii durante o

processo degradativo.

Page 21: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 8

1.3. MÉTODOS

1.3.1. ÁREA DE ESTUDO

A planície costeira do Rio Grande do Sul é composta por uma grande variedade de

ambientes aquáticos, incluído arroios e banhados, mas com o predomínio de lagoas e

pequenos lagos (VIEIRA & RANGEL, 1983).

O município do Rio Grande (32º01’S e 52º05’W) está localizado no extremo sul do

Brasil sobre a Planície Costeira do Rio Grande do Sul (Figura 1). O clima da região é

subtropical, com temperatura mínima de 2 °C e uma média de 13,4 °C no inverno. No

verão a temperatura mínima é de 18 °C e média de 22,6 °C (MARINHO et al. 2009).

Esta província geomorfológica é o resultado da deposição de sedimentos oriundos

da erosão e transporte pelo escoamento fluvial instalado no relevo gaúcho até a bacia de

Pelotas (KRUSCHE et al. 2002). Seu território compreende uma faixa de terras baixas, na

restinga do Rio Grande a sudoeste (SW) da embocadura da Lagoa dos Patos. Caracterizado

por baixas cotas altimétricas, Rio Grande é geologicamente uma estrutura sedimentar

marinha e continental, intercalando ambientes lagunares e deltaicos, de idade quaternária.

Por se tratar de uma bacia de sedimentação recente e com características marcantes de

colmatagem em evolução, não apresenta condições para a presença de rios, sendo que

somente arroios e lagoas fornecem os elementos necessários para a rede hidrográfica

interna do município (VIEIRA & RANGEL, 1983).

A área onde o Campus Carreiros da Universidade Federal do Rio Grande - FURG

está localizado, tem um grande número de pequenos lagos, que durante muitos anos

foram a fonte de abastecimento de água da cidade. Alguns desses lagos são naturais,

embora possam ter sido alterados para exploração de água e outros usos (ALBERTONI et al.

2007). Estes lagos apresentam diferentes características limnológicas (ALBERTONI et al. 2005;

Page 22: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 9

FURLANETTO et al. 2008; PALMA-SILVA et al. 2001; TRINDADE et al. 2008a; 2008b; 2009), o que

possibilita o desenvolvimento de diferentes comunidades biológicas.

Figura 1 – Mapa do Campus Carreiros evidenciando os locais de estudo (Lago Polegar e

Lago dos Biguás).

O Lago dos Biguás (Figura 2) possui uma área total de 1,5 ha, profundidade máxima

de 2,0 m e suas características são muito similares àquelas encontradas em lagos naturais

da planície costeira. Segundo MARINHO et al. (2009), este lago apresenta um grande

número de macrófitas aquáticas, com o predomínio de macrófitas flutuantes e

emergentes. Próximo às margens, ocorre Nymphoides indica (L.) Kuntze e no final do

inverno e inicio da primavera, é registrada a presença de Pistia stratiotes Linnaeus, que

segundo KISSMANN (1991), geralmente ocorre em ambientes eutrofizados. ALBERTONI et al.

(2007), caracterizaram este ambiente como eutrófico, pelo registro de uma elevada

concentração de clorofila a, variação ampla entre os valores de pH e oxigênio dissolvido e

altas concentrações de nitrogênio e fósforo.

Page 23: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 10

Figura 2 – Vistas parciais do Lago dos Biguás, Campus Carreiros da FURG, um dos locais

da realização dos experimentos.

O Lago Polegar (Figuras 1 e 3), também artificial, possui características semelhantes

a ambientes naturais da região. Possui uma área total de 0,7 ha, profundidade máxima de

1,4 m. Possui pequena variação nos valores de pH e oxigênio dissolvido na coluna da água.

As concentrações de nitrogênio orgânico total e fósforo total caracterizam esse lago como

um ambiente oligotrófico (ALBERTONI et al. 2007; FURLANETTO et al. 2008).

Durante o período de baixa precipitação pluviométrica, o lago praticamente seca,

apresentando pequenas poças nos locais mais profundos. Nas demais épocas do ano,

Page 24: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 11

quando ocorre um excedente pluviométrico a profundidade não ultrapassa 1,6 m

(FURLANETTO et al. 2008). Neste lago, há a presença de macrófitas aquáticas submersas, que

denotam a alta transparência da coluna d’água (MARINHO et al. 2009). Nas margens,

ocorrem macrófitas aquáticas emergentes (Schoenoplectus californicus C.A. Mey.) e

macrófitas enraizadas com folhas flutuantes (Nymphoides indica (L.) Kuntze) (PEREIRA, 2008).

Figura 3 - Vistas parciais do Lago Polegar, Campus Carreiros da FURG, um dos locais da

realização dos experimentos.

1.3.2. AVALIAÇÃO DA DECOMPOSIÇÃO

Foram coletados exemplares em senescência de Salvinia herzogii na área de estudo

para avaliar as taxas de decomposição, pela perda de peso dos detritos foliares incubados

(através dos “litter bags”) nos dois lagos por um período de 110 dias e quatro réplicas

Page 25: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 12

foram removidas nos intervalos 1, 30, 60, 90, 110 dias (40 no total), quando praticamente

não havia mais detrito.

Aproximadamente 6g de peso seco ao ar (ADW - air dry weight) de Salvinia herzogii

foram colocados em cada litter bag (abertura de malha de 10 mm e dimensões de 30 cm x

20 cm). Estes foram identificados com etiquetas de polietileno e fixados com um lacre

plástico. Os litter bags foram presos a um tijolo, e este colocado junto ao sedimento. Ainda

foi adicionada uma etiqueta devidamente numerada, presa a uma bóia, com o mesmo

código para facilitar a identificação prévia do local (fig. 4).

Figura 4 – Procedimento de incubação dos litter bags nos dois lagos.

Para a análise da degradação foliar foi utilizado o modelo exponencial simples que

se baseia no pressuposto de que as taxas de decomposição sejam proporcionais à

quantidade de matéria orgânica remanescente e que o recurso seja homogêneo do ponto

de vista químico (OLSON 1963; WIEDER & LANG 1982). Este modelo exponencial é o mais

utilizado (SUBERKROPP, 2001) desde sua postulação para a comparação dos processos de

decomposição de macrófitas aquáticas (CUNHA & BIANCHINI JR. 1998; 1999; KOMÍNKOVÁ et al.

2000) e de outros recursos vegetais em ambientes aquáticos (e.g. folhas, caules e galhos

(CUNHA-SANTINO & BIANCHINI JR. 2002).

O valor de degradação foliar foi calculado através de um modelo matemático não-

linear, que considera o peso remanescente no período de exposição (dias-1), como segue:

Page 26: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 13

a) Wt = Wo.e(-k.t)

b) -k = log(%R/100)/t

onde, Wt é o peso remanescente no tempo t (em dias), Wo é o peso inicial, e refere-

se ao coeficiente exponencial, e k é o coeficiente de decomposição (WEBSTER & BENFIELD,

1986). Após cada retirada de réplicas, seca-se o material conforme descrito anteriormente,

e subtrai-se a massa obtida em tx (período de incubação) da massa inicial em to. Obtém-

se, assim, a porcentagem de material foliar remanescente, ou %R.

1.3.3. PROCEDIMENTOS EM CAMPO

O início dos experimentos se deu no mês de Setembro 2008, com a incubação dos

litter bags e se estendeu até Janeiro de 2009, com a retirada das últimas réplicas. Os litter

bags foram retirados com o auxílio de redes do tipo D, com 250µm de malha. O material

foi acondicionado em sacos plásticos e transportado até o laboratório. Em campo, foram

obtidas as seguintes variáveis abióticas, oxigênio dissolvido e temperatura (Oxímetro

Oakton), condutividade elétrica (Condutivímetro Hanna), pH (Phmetro Hanna), e coletada

uma amostra de água para determinação, em laboratório, da alcalinidade, clorofila a,

material em suspensão e dos nutrientes nitrogênio e fósforo em suas formas totais.

1.3.4. PROCEDIMENTOS EM LABORATÓRIO

Para o tempo zero dos detritos foliares foi realizada uma curva de regressão linear

para converter os pesos secos ao ar livre em peso seco em estufa a 60 °C conforme

BÄRLOCHER (2005), visto que os detritos foram incubados com peso seco ao ar, conservando

alguma porcentagem de umidade.

Page 27: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 14

No laboratório, o material coletado foi colocado em uma bandeja e lavado em água

corrente, sob uma peneira de 250 m, o material retido foi colocado em um frasco de

vidro e fixado em seguida com álcool 80% para a conservação dos organismos.

Os organismos foram identificados e contados sob estereomicroscópio (aumento

de 30x) e os gêneros de Chironomidae foram identificados pela análise e observação de

caracteres morfológicos a 400x, com montagem de lâminas utilizando a literatura

especializada (EPLER 2001; FERNÁNDEZ & DOMÍNGUEZ 2001; MERRITT & CUMMINS 1996). Foram

então preservados em álcool 80% e depositados na Coleção de Invertebrados Límnicos

ICB-FURG.

A categorização funcional das comunidades de invertebrados aquáticos foi realizada

segundo CUMMINS et al. (2005), FERNÁNDEZ & DOMÍNGUEZ (2001), MERRITT et al. (2008) e

WANTZEN & WAGNER (2006) e estimada a dominância relativa dos principais grupos tróficos

funcionais: fragmentadores (shredders), coletores-catadores (collectors-gatheres),

coletores-filtradores (collectors-filterers), raspadores (scrapers) e predadores (predators)

(CALLISTO et al., 2001).

O material vegetal, depois de separados os organismos, foi colocado em bandejas,

seco em estufa à 60o C, por 72 h, para determinação do peso seco e posteriormente

triturado para a análise da composição química do detrito.

1.3.4.1. COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA ÁGUA

Em campo, as amostras de água foram acondicionadas em garrafas de polietileno,

conservadas em isopor e transportadas até o Laboratório de Limnologia para a

determinação da alcalinidade total e separada uma alíquota da amostra (filtragem) para a

determinação de clorofila-a. O restante (não-filtrado) foi mantido em freezer à

temperatura de -20ºC para posterior análise das concentrações de Nitrogênio e Fósforo

em formas totais.

Page 28: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 15

As concentrações de clorofila a foram determinadas por método adaptado a partir

de MACKINNEY (1941), PARANHOS (1996), e CHORUS & BARTRAM (1999). Após filtração de um

volume conhecido de amostra em filtros de fibra de vidro (GF/C –Whatman) 0,45mm, em

local com pouca luminosidade, os pigmentos foram extraídos com metanol durante 24

horas sob refrigeração. Após este período o material foi submetido à centrifugação. A

determinação foi feita por leitura em 665 e 750 nm com utilização de espectrofotômetro

QUIMIS. Os resultados foram expressos em µg.L-1.

O Nitrogênio total (N-total) foi determinado pelo método de Kjeldahl, descrito por

MACKERETH & TALLING (1978). Esse se baseia na concentração de amostra não filtrada por

evaporação, seguida da digestão do resíduo em meio ácido e da destilação em aparelho

tipo Markham onde todo o nitrogênio amoniacal é recolhido em ácido bórico 1%. O

destilado é então titulado com ácido clorídrico e o volume de ácido gasto na titulação é

utilizado para o cálculo da concentração. Os resultados foram expressos em mg.L-1.

A concentração de Fósforo total (P-total) foi determinada segundo metodologia

descrita por VALDERRAMA (1981) e BAUMGARTEN & ROCHA (1996). Este método consiste na

hidrólise do fósforo total da amostra não filtrada por reagente de oxidação (Hidróxido de

sódio, persulfato de potássio e ácido bórico) em autoclave, originando fosfato solúvel

reativo. Após esta transformação o método se baseia na reação de azul de molibdênio. A

adição do reagente misto, composto por tartarato de antimônio e potássio, molibdato de

amônio, ácido sulfúrico e ácido ascórbico nas amostras, provoca o desenvolvimento de

cor, cuja intensidade é proporcional a concentração de fosfato. Tal intensidade de

coloração originada pela reação dos reagentes com o fosfato reativo, foi lida a 882 nm em

espectrofotômetro QUIMIS, e os resultados foram expressos em µg.L-1 .

1.3.4.2. COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO DETRITO

Depois de lavados os detritos foram colocados em bandejas de alumínio e secos em

estufa à 60ºC, por 72h, para análise das alterações na composição química do detrito de S.

Page 29: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 16

herzogii durante o processo de decomposição, pela determinação dos conteúdos de N, P e

perda de peso seco.

Os teores de matéria orgânica foram calculados após incineração de 0,2 gramas da

amostra seca e macerada em cadinhos de porcelana à 550ºC durante 4h. Os resultados

foram obtidos pela diferença entre o peso seco da amostra inicial e o peso das cinzas

originadas da combustão da mesma, e expressados em porcentagem de peso seco.

O conteúdo de nitrogênio foi determinado pelo método Kjeldahl, onde 0,05 g das

amostras são digeridas a 350ºC em presença de ácido sulfúrico concentrado.

Posteriormente, é retirada uma alíquota de 4 ml, adicionando 20ml de uma solução de

hidróxido de sódio 46% e, a seguir, a amostra é destilada e o resultado da destilação é

recolhido em uma solução de ácido bórico 2%. A amostra é titulada com ácido sulfúrico

0,01 N (ALLEN et al. 1974).

O conteúdo de fósforo foi determinado através de digestão das amostras em ácido

perclórico, sulfúrico e nítrico em placa digestora a 300ºC. O material foi retirado e diluído

para 100ml. Foi retirada uma alíquota de 5ml e transferida para balões de 25ml e

adicionadas 2 gotas de uma solução de denitrofenol 0,025%, 4ml de uma solução de

mobilidato de amônia e tartarato de antimônio e potássio e completado o volume. A

leitura da densidade ótica foi realizada em 885nm (FASSBENDER, 1973).

1.3.5. ANÁLISES DOS DADOS

Para responder aos objetivos propostos, os dados obtidos nos experimentos de

campo foram comparados entre os locais estudados. Análise de covariância (ANCOVA) foi

usada para testar as diferenças entre taxas de decaimento. Foram estimadas a riqueza

(número de grupos taxonômicos), a densidade de organismos, Homogeneidade de Pielou,

Diversidade de Shannon-Wiener conforme MAGURRAN (1988) e foi utilizado o método de

rarefação para calcular a taxa de riqueza esperada em valores padronizados de amostras

E(Sn), porque o número total de invertebrados variou amplamente entre as amostras.

Page 30: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 17

Uma análise de agrupamento foi realizada com os dados de todas as amostras dos

dois lagos (log-transformados). A distância de Bray-Curtis foi usada como índice de

dissimilaridade, e o método de Ward´s como método de agrupamento.

A análise de táxons indicadores (DUFRÊNE & LEGENDRE, 1997) foi utilizada para

determinar qual táxon foi característico dos períodos amostrais. Este método combina

informações de abundância e frequência relativa de táxons em um determinado grupo. Em

seguida, a análise atribui a cada táxon, valores de indicação (IV), que variam de 0 a 100,

segundo os dados de abundância e freqüência relativa de cada grupo definido

anteriormente (no nosso caso, aos 5 períodos de incubação). Por exemplo, um valor zero

indica que o táxon está ausente no grupo, enquanto que um valor de 100 significa uma

perfeita indicação, ou seja, todos os organismos coletados de um determinado táxon

pertencem ao mesmo grupo. Estes valores são estatisticamente testados usando o teste de

Monte Carlo. Se forem encontradas diferenças significativas para os valores de indicação

de um mesmo táxon de diferentes grupos (P<0,05), este táxon pode ser considerado como

um indicador para um ou mais grupos.

Uma análise de componentes principais (PCA) foi realizada, com a finalidade de

agrupar os grupos tróficos funcionais com as variáveis limnológicas de cada ambiente.

Page 31: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 18

2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBERTONI, E. F.; PALMA-SILVA, C. & VEIGA, C. C. Estrutura da Comunidade de

Macroinvertebrados Associada às Macrófitas Aquáticas Nymphoides indica e Azolla

filiculoides em dois Lagos Subtropicais (Rio Grande, RS). Acta Biol. Leop., 27: 137-145. 2005.

ALBERTONI, E. F.; PRELLVITZ, L. J. & PALMA-SILVA, C. Macroinvertebrate fauna associated

with Pistia stratiotes and Nymphoides indica in subtropical lakes (south Brazil). Braz. J. Biol.,

67: 499-507, 2007.

ALLAN, J. D. Stream Ecology: structure and function of running waters. Chapman and Hall,

New York, 388p. 1995.

ALLEN, S., GRIMSHAW, M., PARKINSON, J. A. & QUARMBY, C. Chemical Analysis of

Ecological Materials. Blackwell Scientific Publications. Oxford, London, 565p. 1974.

ALMAZON, G. & BOYD, C. E. Effects of nitrogen levels on rates of oxygen consumption

during decay of aquatic plants. Aquat. Bot., 5: 119-126. 1978.

BARBIERI, R.; ESTEVES, F. A. & REID, J. W. Contribution of two aquatic macrophytes to the

nutrient budget of Lobo Reservoir, São Paulo, Brazil. Verh. Int. Ver. Limnol., 22: 1631-1635.

1984.

BARBOSA, A. F. Desenvolvimento de Metodologia para Análise de Impacto e Monitoramento

Ambiental a partir do Estudo do Metabolismo de Sistemas Aquáticos Utilizando os Processos

de Decomposição e Colonização Foliar por Macroinvertebrados como Indicativo da

Qualidade Ecológica da água. Monografia de Graduação em Ciências Biológicas, UFRGS.

2005.

BARBOSA, A. F. Decomposição foliar e macroinvertebrados aquáticos em um Sistema lótico

Neotropical. Dissertação de Mestrado – PPG-ECOL. UFRGS. 73p. 2008

BÄRLOCHER, F. Leaf Mass Loss Estimated by litter bag technique. In: GRAÇA, M. A. S.;

BÄRLOCHER, F. & GESSNER, M. (eds.). Methods to Study Litter Decomposition: A Practical

Guide. P. 37-42. Springer. 2005.

BAUMGARTEN, M. G. Z. & ROCHA, J. M. B. Manual de Análises em Oceanografia Química.

Editora da FURG, Rio Grande. 132 p. 1996.

BEGON, M., HARPER J. L. & TOWNSEND, C. R. Ecology: Individuals, Populations and

Communities. 3rd Edition, Blackwell Science, London, UK. 1996.

Page 32: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 19

BENFIELD, E. F.; PAUL, R. W. Jr. & WEBSTER, J. R. Influence of exposure technique on leaf

breakdown rates in streams. Oikos, 33: 386-391. 1979.

BOTTS, P. S. Spatial pattern, patch dynamics and successional change: Chironomidae

assemblages in a Lake Erie coastal wetland. Fresh. Biol., 37: 277–286. 1997.

BROCK, T. C. M. Aspects of decomposition of Nymphoides peltata (GMEL) O. KUNTZE

(Menyanthaceae). Aquat. Bot., 19: 131-156. 1984.

BROCK, T. C. M., BOON, J. J. & PAFFEN, B. G. P. The effects of the season and of the water

chemistry on the decomposition of Nymphaea alba L., weigth loss and pyrolysis

spectrometry of the particulate matter. Aquat. Bot., 21: 197-229. 1985.

CALLISTO, M.; MORENO, P. & BARBOSA, F. A. R. Habitat diversity and benthic functional

trophic groups at Serra do Cipó, Southeast Brazil. Rev. Bras. Biol., 61: 259-266. 2001.

CALLISTO, M.; BARBOSA, F. A. R. & MORENO, P. The influence of Eucalyptus plantations on

the macrofauna associated with Salvinia auriculata in Southeast Brazil. Braz. J. Biol., 62: 63-

68, 2002.

CALLISTO, M.; GONÇALVES, J. F. JR. & GRAÇA, M. A. S. Leaf litter as a possible food source

for Chironomids (Diptera) in Brazilian and Portuguese headwater streams. Rev. Bras. Biol.,

24: 442–448. 2007.

CARPENTER, S. R. & ADAMS, M. S. Effects of nutrients and temperature on decomposition

of Myriophyllum spicatum L. in a hardwater eutrophic lake. Limnol. Oceanogr., 24: 520-528.

1979.

CARVALHO, P.; THOMAZ, S. M. & BINI, L. M. Effects of temperature on decomposition of a

potential nuisance species: the submerged aquatic macrophyte Egeria najas planchon

(Hydrocharitaceae). Braz. J. Biol., 65: 51-60, 2005.

CHORUS, I., BARTRAM, J. Water Resources. In: Chorus, I. & Bartram, J. (Eds). Toxic

Cyanobacteria in Water: A guide to their Plublic Health Consequences, Monitoring and

Management. E & FN Spon, Inc. New York, 1: 02-05. 1999.

CORDAZZO, C. A. & SEELIGER, U. Guia Ilustrado da Vegetação Costeira no Extremo Sul do

Brasil. 2ª Ed. Editora da FURG. Rio Grande. 275 p. 1995.

Page 33: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 20

CUMMINS, K. W., MERRITT, R. W. & ANDRADE, P. C. N. The use of invertebrate functional

groups to characterize ecosystem attributes in selected streams and rivers in south Brazil.

Stud. Neot. F. Env., 40: 69–89. 2005.

CUNHA, M.B. & BIANCHINI Jr., I. Mineralização aeróbia de Cabomba piauhyensis e Scirpus

cubensis. Acta Limnol. Bras., 10: 81-91. 1998.

CUNHA, M.B. & BIANCHINI Jr., I. Degradação anaeróbia de Cabomba piauhyensis e Scirpus

cubensis: cinéticas de formação de gases. Acta Limnol. Bras., 11: 15-26. 1999.

CUNHA-SANTINO, M.B. & BIANCHINI Jr., I. Decomposição aeróbia e anaeróbia de Salvinia

auriculata da lagoa do Infernão. Pp. 631-643. In: J.E. Santos & J.S.R. Pires (eds.) Estudos

integrados em ecossistemas – Estação Ecológica de Jataí. Rima, São Carlos. 2000.

CUNHA-SANTINO, M. B. & BIANCHINI Jr., I. Estequiometria da decomposição aeróbia de

galhos, cascas serrapilheira e folhas. Pp. 43-56. In: E.L.G. ESPÍNDOLA; F.F. MAUAD, W.

SCHALCH; O. ROCHA; N. FELICIDADE; A.C. RIETZLER (eds.), Recursos hidroenergéticos: usos,

impactos e planejamento integrado. Rima, São Carlos. 2002.

DAWSON, F. H. The origin, composition and downstream transport of plant material in a

small chalk stream. Fresh. Biol., 10: 419-435. 1978

DUFRÊNE, M. & LEGENDRE, P. Species assemblages and indicator species: the need for a

flexible asymmetrical approach. Ecol. Monog., 67: 345–366. 1997.

ENRÍQUEZ, S., DUARTE, M., & SAND-JENSEN, K. Patterns in decomposition rates among

photosynthetic organisms: the importance of detritus C:N:P content. Oecologia, 94: 457-

471. 1993.

EPLER, J. H. Identification manual for the larval Chironomidae (Diptera) of North and South

Carolina. North Carolina Department of Environment and Natural Resources. Division of

Water Quality, 526p. 2001.

ESTEVES, F. A. & BARBIERI, R. Dry weight and chemical changes during decomposition of

tropical macrophytes in Lobo Reservoir – São Paulo, Brazil. Aquat. Bot., 16: 285-295. 1983.

ESTEVES, F. A. Fundamentos de limnologia. Interciência/FINEP, Rio de Janeiro, 2ª ed. 575p.

1998.

FASSBENDER, H. W. Simultane P-Bestimmung in N-Kjeldahl-aufschlu von Bodenproben.

Die Phosphosaure, 30, 44-53. 1973.

Page 34: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 21

FEDERLE, T. W., McKINLEY, V. L. & VESTAL, J. R. Effects of nutrient enrichment on the

colonization and decomposition of plant detritus by the microbiota of an arctic lake. Can. J.

Microbiol., 28: 1199-1205. 1982.

FERNÁNDEZ, H. R. & DOMÍNGUEZ, E. (Ed.). Guía para la determinacíon de los artrópodos

bentônicos sudamericanos. Tucumán: Editorial Universitaria de Tucumán, 282 p. 2001.

FERNÁNDEZ, O. A., D. L. SUTTON, V. H. LALLANA, M. R. SABBATINI & J. H. IRIGOYEN.

Aquatic weed problems and management in South and Central America. In: Pieterse, A. H. &

K. J. Murphy (eds), Aquatic Weeds. Oxford University Press, Oxford: 406–425. 1990.

FERREIRA, T. F. Ecologia e aplicabilidade de métodos para avaliação da produção primária

de Zizaniopsis bonariensis: uma macrófita aquática emergente, no Sistema Hidrológico do

Taim, RS. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ecologia – UFRGS.

161p. 2005.

FURLANETO, L. M.; TRINDADE, C. R. T.; ALBERTONI, E. F.; PALMA-SILVA, C. Variação

limnológica nictemeral e sazonal em um pequeno lago raso subtropical (RS, Brasil). In

Anais do Seminário de Estudos Limnológicos em Clima Subtropical, Março 27-29, 2008. Rio

Grande: [s.n.], 2008. 8p. 1 CD-ROM.

FURTADO, A. Contribuição das macrófitas aquáticas T. domingensis (TYPHACEAE) e

Eleocharis cf. fistulosa (CYPERACEAE) para o estoque de nutrientes e energia na lagoa

Imboassica (Macaé-RJ). Dissertação de mestrado, Departamento de Ecologia, UFRJ, 104 pp.

1994.

GALVANI, F. R. & BAPTISTA, L. R. M. Flora do Parque Estadual do Espinilho – Barra do

Quaraí/RS. Rev. da FZVA, 10: 42-62. 2003.

GESSNER, M. O & CHAUVET, E. Importance of stream microfungi in controlling breakdown

rates of leaf litter. Ecology, 75: 1807-1817. 1994.

GESSNER, M. O., CHAUVET, E. & DOBSON, M. A perspective on leaf litter breakdown in

stream. Oikos, 85: 377–384. 1999.

GODSHALK, G. L. & WETZEL, R. G. Decomposition of aquatic angiosperms. I. Dissolved

components. Aquat. Bot., 5: 281-300. 1978.

GONÇALVES, J. F. JR.; ESTEVES, F. A. & CALLISTO, M. Sucession and diversity of

Chironomidae in detritus of Typha domingensis in a coastal lagoon (Parque Nacional da

Restinga de Jurubatiba, State of Rio de Janeiro, Brazil). Verh. Internat. Verein. Limnol., 27:

2374-2377.2000.

Page 35: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 22

GONÇALVES, J. F. JR.; ESTEVES, F. A. & CALLISTO, M. Chironomids colonization on

Nymphaea ampla L. detritus during a degradative ecological succession experiment in a

Brazilian coastal lagoon. Acta Limnol. Bras., 15: 21-27. 2003.

GONÇALVES, J. F. JR., SANTOS, A. M. & ESTEVES, F. A. The influence of the chemical

composition of Typha dominguensis and Nymphaea ampla detritus on invertebrate

colonization during decomposition in a Brazilian coastal lagoon. Hydrobiologia, 527: 125-

137.2004.

GONÇALVES, J. F. JR.; FRANÇA, J. S.; MEDEIROS, A. O.; ROSA, C. A. & CALLISTO, M. Leaf

Breakdown in a Tropical Stream. Internat. Rev. Hydrobiol., 91(2), 164–177. 2006a.

GONÇALVES, J. F. JR.; GRAÇA, M. A. S. & CALLISTO, M. Leaf-litter breakdown in 3 streams in

temperate, Mediterranean and tropical Cerrado climates. J. N. Am. Benthol. Soc., 25: 344–

355.2006b.

GONÇALVES, J. F. JR.; GRAÇA, M. A. S. & CALLISTO, M. Litter decomposition in a Cerrado

savannah stream is retarded by leaf toughness, low dissolved nutrients and a low density

of shredders. Fresh. Biol., 52: 1440–1451. 2007.

GONÇALVES, J. F. JR.; REZENDE, R. S.; GREGÓRIO, R. S.; RIBEIRO, H. M. & SANTOS, A. M.

Decomposição de folhas de Typha domingensis e Eicchornia crassipes nos reservatórios de

Ibirité e Taboões – MG. Resumo. XII Congresso Brasileiro de Limnologia. 2009.

GRABOWSKY, A. The biomass, organic matter contents and caloric values of macrophytes

in the lakes of the Szeszupa drainage area. Pol. Arch. Hydrobiol., 20: 269-282. 1973.

GRAÇA, M. A. S. The role of invertebrates on leaf litter decomposition in stream - a Review.

Internat. Rev. Hydrobiol., 86: 383–393. 2001.

HADAD, H. R. & MAINE, M. A. The effect of nutrient addition on metal tolerance in Salvinia

herzogii. Ecol. Eng., 31: 122-131. 2007.

HANLON, R. D. G. The breakdown and decomposition of allochthonous and

autochthonous plant litter in an oligotrophic lake (Llyn Fringoch). Hydrobiologia, 88:281-

288.1982.

HEARD, S. B. & RICHARDSON, J. S. Shredder-collector facilitation in streams detrital food

webs: is there enough evidence? Oikos, 72: 359–366. 1995.

Page 36: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 23

HEPP, L. U.; DELANORA, R. & TREVISAN, A. Compostos secundários durante a

decomposição foliar de esoécies arbóreas em um riacho do sul do Brasil. Acta Bot. Bras.,

23: 407-413. 2009.

HIEBER, M., & GESSNER, M. O. Contribution of stream detritivores, fungi, and bacteria to

leaf breakdown based on biomass estimates. Ecology, 83:1026–1038. 2002.

HODKINSON, I. D. Energy flow and organic matter decomposition in an abandoned beaver

pond ecosystem. Oecologia, 21. 131-137. 1975.

HOWARD-WILLIAMS, C. & JUNK, W. J. The decomposition of macrophytes in the floating

meadows of a central Amazonian várzea lake. Biogeographica, 7: 115-123. 1976.

HOWARTH, R. W. & FISHER, S. G. Carbon, nitrogen, and phosphorus dynamics during leaf

decay in nutrient enriched stream microecosystems. Fresh. Biol., 6: 221-228. 1976.

HUMPHRIES, P. Aquatic macrophytes, macroinvertebrate associations and water levels in a

lowland Tasmanian river. Hydrobiologia, 321: 219-233. 1996.

HUTCHENS, J. J. JR & WALLACE B. Ecosystem linkages between southern Appalachian

headwater streams and their banks: leaf litter breakdown and invertebrate assemblages.

Ecosystems, 6, 80–91. 2002.

HYNES, H. B. N. & KAUSHIK, N. K. The relationship between dissolved nutrient salts and

protein production in submerged autumnal leaves. Int. Ver. Theor. Angew. Limnol. Verh., 17:

95-103. 1969.

IRGANG, B. E. & GASTAL Jr, C. V. S. Macrófitas Aquáticas da Planície Costeira do Rio Grande

do Sul. Porto Alegre, 290p. 1996.

IRGANG, B. E. & GASTAL Jr, C. V. S. Problemas taxonômicos e distribuição geográfica de

macrófitas aquáticas do sul do Brasil. In: Thomaz, S.M. & Bini, L.M. (Eds.). Ecologia e manejo

de macrófitas aquáticas. Eduem, Maringá. 341p. 2003.

IRONS, J. G.; OSWOOD, M. W.; STOUT, R. J. & PRINGLE, C. M. Latitudinal patterns in leaf

litter breakdown: is temperature really important? Fresh. Biol., 32: 401–411. 1994.

JOHNSON, R. K.; WIEDERHOLM, T. & ROSENBERG, D. M. Freshwater biomonitoring using

individual organisms, population, and species assemblages of benthic macroinvertebrates.

In: Rosenberg, D. M. & Resh, V. H. (Ed.). Freshwater biomonitoring and benthic

macroinvertebrates. Chapman and Hall, New York. 540p. 1995.

Page 37: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 24

JORDAN, M. & LIKENS, G. E. An organic carbon budget for an oligotrophic lake in New

Hampshire, USA. Int. Ver. Theor. Angew. Limnol. Verh., 19: 994-1003. 1975.

KAUSHIK, N. K. & HYNES, H. B. N. The fate of the dead leaves that fall into streams. Arch.

Hydrobiol, 68: 465-515. 1971.

KISSMANN, K. G. Plantas Infestantes e Nocivas. São Paulo: BASF Brasileira S.A. 602p. 1991.

KOMÍNKOVÁ, D.; KUEHN, K.A.; BÜSING, N.; STEINER, D. & GESSNER, M.O. Microbial

biomass, growth, and respiration associated with submerged litter of Phragmites australis

decomposing in a littoral reed stand of a large lake. Aquat. Microb. Ecol., 22: 271-282. 2000.

KRUSCHE, N., SARAIVA, JMB. & REBOITA, M. S. Normais climatológicas provisórias de 1991

a 2000 para Rio Grande, RS. Rio Grande: FURG, 104p. 2002.

LAWTON, J.H. & JONES, C.G. Linking species and ecosystem perspectives. Tree, 8: 311-313.

1993.

LONGHI, D.; BARTOLI, M & VIAROLI, P. Decomposition of four macrophytes in wetland

sediments: Organic matter and nutrient decay and associated benthic processes. Aquat.

Bot., 89: 303–310. 2008.

LOPES, E.A.; PARDO, I. & FELPETO, N. Seasonal differences in green leaf breakdown and

nutrient content of deciduous and evergreen tree species and grass in a granitic headwater

stream. Hidrobiologia, 464: 51-61. 2001.

MACKINNEY, G. Absortion of light by chlorophyll solutions. Journal of Biological Chemistry,

140: 315-322. 1941.

MACKERETH, F. J. & TALLING, J. F. Water Analysis: Some Revised Methods for

Limnologist. Freshwater Biological Association, Cumbria. 120p. 1978.

MAGURRAN, A. E. Ecological diversity and Its Measurement. New Jersey, Princeton

University Press, 179p. 1988.

MALTCHIK, L.; ROLON, A. S.; GUADAGNIN, D. L. & STERNET, C. Wetlands of Rio Grande do

Sul, Brazil: a classification with emphasis on plant communities. Acta Limnol. Bras., 16(2):

137-151. 2004.

MANCINELLI, G.; SABETTA, L. & BASSET, A. Short-term patch dynamics of

macroinvertebrate colonization on decaying reed detritus in a Mediterranean lagoon (Lake

Alimini Grande, Apulia, SE Italy). Mar. Biol., 148: 271-283. 2005.

Page 38: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 25

MARINHO, C.C.; PALMA-SILVA, C.; ALBERTONI, E. F.; TRINDADE, C. R. T. & ESTEVES, F. A.

Seasonal dynamics of methane in the water column of two subtropical lakes differing in

trophic status. Braz. J. Biol., 69(2): 281-287. 2009.

MATHURIAU, C. & CHAUVET, E. Breakdown of leaf litter in a neotropical stream. J. N. Am.

Benthol. Soc., 21: 384–396. 2002.

MENEZES, C. F. S. Biomassa e produção primária de três espécies de macrófitas aquáticas na

Represa do Lobo (Broa), SP. Dissertação de Mestrado. UFSCar/DCB. 253p. São Carlos, 1984.

MENEZES, C. F. S.; ESTEVES, F. A. & ANÉSIO, A. M. Influência da variação artificial do nível

d’água da represa do Lobo (SP) sobre a biomassa e produtividade de Nymphoides indica

(L.) O Kuntze e Pontederia cordata L. Acta Limnol. Bras., 6: 163-172. 1993.

MERRITT, R. W. & CUMMINS, K. W. An Introduction to Aquatic Insects of North America. 3rd

ed. Kendall/Hunt Publishing Company, Iowa (USA), 862 p. 1996.

MERRITT, R.W.; CUMMINS, K.W.; BERG, M. B. An Introduction to the Aquatic Insects of

North America. Dubuque, Kendall/Hunt Publishing Co. 1214 p. 2008.

MORETTI, M. S.; GONÇALVES, J. F. JR.; LIGEIRO, R. & CALLISTO, M. Invertebrates

Colonization on Native Tree Leaves in a Neotropical Stream (Brazil). Internat. Rev.

Hydrobiol, 92(2): 199-210. 2007a.

MORETTI, M. S.; GONÇALVES, J. F. JR. & CALLISTO, M. Leaf breakdown in two tropical

streams: Differences between single and mixed species packs. Limnologica, 37: 250–258.

2007b.

ODUM, E. P. 1988. Ecologia. Rio de Janeiro, Guanabara. 434p.

ODUM, W. E. ZIEMAN, J. C. & HEALD, E. J. The importance of vascular plant detritus to

estuaries. In: Coastal Marsh and Estuary Management. Chabret, R. H. Ed. Baton Rouge. La.

State Univ. Press. p. 91-114. 1972.

OLSON, J.S. Energy storage and the balance of producers and decomposers in ecological

systems. Ecology, 44: 322-331. 1963.

PALMA-SILVA, C. Crescimento e produção de Typha domingensis Pers na Lagoa

Imboassica. In: Esteves, F. A. (Ed.). Ecologia das lagoas costeiras do Parque Nacional da

Restinga de Jurubatiba e do Município de Macaé (RJ). NUPEM, Macaé. 442p. 1998.

Page 39: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 26

PALMA-SILVA, C., ALBERTONI, E. F., OLIVEIRA, S. S. & VEIGA, C. C. Caracterização preliminar

das comunidades em três lagos dom campus Carreiros, FURG, Rio Grande, RS. In: VIII

Congresso Brasileiro de Limnologia, João Pessoa. 54p. 2001.

PANATTA, A.; STENERT, C. FREITAS, S. M. F. DE & MALTCHIK, L. Diversity of chironomid

larvae in palustrine wetlands of the coastal plain in the south of Brazil. Limnology, 7: 23–30.

2006.

PANIGATTI, M. C. & MAINE, M. A. Influence of nitrogen species (NH4+ and NO3

-) on the

dynamics of P in water-sediment-Salvinia herzogii systems. Hydrobiologia, 492: 151-157.

2003.

PARANHOS, R. Alguns Métodos para Análise de Água. UFRJ, Sub-reitoria de Ensino de

Graduação e Corpo Discente. Rio de Janeiro, 200p. 1996.

PEREIRA, D.; VEITEMHEIMER-MENDES, I. L.; MANSUR, M.C.D. & SILVA, M.C.P. Malacofauna

límnica do sistema de irrigação da microbacia do arroio Capivara, Triunfo, RS, Brasil.

Biociências, 8: 137-157. 2000.

PEREIRA, S. A. Análise da comunidade de macrófitas aquáticas em diferentes lagos rasos

subtropicais (Rio Grande, RS-Brasil). Monografia. Ciências Biológicas – FURG. 70p. 2008.

POI DE NEIFF, A. S. & CASCO, S. L. Biological agents that accelerate winter decay of

Eicchornia crassipes Mart. Solms. in northeastern Argentina. In: Thomaz, S. M. & Bini, L. M.

(Eds.). Ecologia e Manejo de macrófitas aquáticas. Eduem, Maringá. Cap. 5. 127-144. 2003.

POTT, V. J. & POTT, A. Plantas aquáticas do Pantanal. Brasília, DF: Embrapa. 404p. 2000.

PRELLVITZ, L. J. & ALBERTONI, E. F. Caracterização temporal da comunidade de

macroinvertebrados associada a Salvinia spp. (Salvinaceae) em um arroio da Planície

Costeira do Rio Grande, RS. Acta Biol. Leopold., 26: 213-223. 2004.

RICH, P. H. & WETZEL, R. G. Detritus in the lake ecosystem. Am. Nat, 112: 57-71. 1978.

ROLAND, F.; ESTEVES, F. A. & SANTOS, J. E. Decomposição da macrófita aquática

Eichhornia azurea (Kunth), com ênfase na colonização por bactérias epifíficas. Acta Limnol.

Bras., 3: 653-673. 1990.

ROLON, A. S., MALTCHIK, L. & IRGANG, B. E. Levantamento de macrófitas aquáticas em

áreas úmidas do Rio Grande do Sul, Brasil. Acta Biol. Leopold., 26(1): 17-35. 2004.

Page 40: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 27

ROSEMOND, A.D.; PRINGLE, C.M.; RAMIREZ, A.; PAUL, M. J. & MEYER, J. L. Landscape

variation in phosphorus concentration and effects on detritus-based tropical streams.

Limnol. Oceanogr., 47: 278-289. 2002.

RUETZ, C.R.; NEWMAN, R.M. & VONDRACEK, B. Top-down control in a detritus-based food

web: fish, shredders, and leaf breakdown. Oecologia, 132: 307-315. 2002.

SCHEFFER, M. Ecology of Shallow Lakes. Chapman & Hall. 357p. 1998.

SHARMA, K.P. & GOEL, P.K. Studies on decomposition of two species of Salvinia.

Hydrobiologia, 131: 57-65. 1986.

SMOCK, L. A. & STONEBURNER, D. L. The response of macroinvertebrates to aquatic

macrophyte decomposition. Oikos, 35: 397-403.1980.

SRIDHAR, K. R & BÄRLOCHER, F. Initial colonization, nutrient supply, and fungal activity on

leaves decaying in stream. Applied and Environmental Microbiology, 66(3): 1114-1119. 2000.

SUBERKROPP, K. F. Microorganisms and organic matter. In: RJ. NAIMAN & R.E. RILBY (eds.).

River and management: lessons from Pacific Coastal Ecoregion. Pp. 120-143. Springer-

Verlag, New York. 2001.

SUBERKROPP, K. & CHAUVET, E. Regulation of leaf breakdown by fungi in streams:

influences of water chemistry. Ecology 76: 1433–1445. 1995.

TREVISAN, A. & HEPP, L. U. Dinâmica de componentes químicos vegetais e fauna associada

ao processo de decomposição de espécies arbóreas em um riacho do norte do Rio Grande

do Sul, Brasil. Neotropical Biology and Conservation, 2(1): 55-60. 2007.

TRINDADE, C. R. T., ALBERTONI, E. F. & PALMA-SILVA, C. Alterações da qualidade da água

de um lago raso subtropical, provocadas pelo crescimento de excessivo de P. stratiotes L.

(Araceae). In Anais do Seminário de Estudos Limnológicos em Clima Subtropical, Março 27-

29, 2008. Rio Grande: [s.n.],13p. 1 CD-ROM. 2008a.

TRINDADE, C. R. T., FURLANETTO, L. M., ALBERTONI, E. F. & PALMA-SILVA, C. Nutrientes no

tecido de macrófitas aquáticas de diferentes corpos d’água rasos subtropicais. (Rio Grande

– RS – Brasil). In Anais do Seminário de Estudos Limnológicos em Clima Subtropical, Março

27-29, 2008. Rio Grande: [s.n.], 9p. 1 CD-ROM. 2008b.

TRINDADE, C. R. T.; FURLANETTO, L. M. & PALMA-SILVA, C. Nycthemeral cycles and

seasonal variation of limnological factors of a subtropical shallow lake (Rio Grande, RS,

Brazil). Acta Limnol. Bras., 21: 35-44. 2009.

Page 41: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 28

TRIVINHO-STRIXINO, S. & STRIXINO, G. Estrutura da comunidade de insetos aquáticos

associados à Pontederia lanceolata mittal. Braz. J. Biol., 53: 103-111. 1993.

VALDERRAMA, J. C. The simultaneous analysis of total nitrogen and phosphorus in natural

waters. Marc. Chem., 10: 109-122. 1981.

VIEIRA, E. F. & RANGEL, R. S. R. Rio Grande. Geografia Física, Humana e Econômica. Sagra,

Porto Alegre. 158p. 1983,

WANTZEN, K. M. & WAGNER, R. Detritus processing by invertebrate shredders: a

neotropical-temperate comparison. J. N. Am. Benthol. Soc., 25: 216-232. 2006.

WEBSTER, J. R. & BENFIELD, E. F. Vascular plant breakdown in freshwater ecosystems. Am.

Rev. Ecol. Syst., 17: 567-94. 1986.

WETZEL, R. G. Limnología. Fundação Calouste Gulbenkain, Lisboa. 919p. 1993.

WETZEL, R.G. & HOUGH, R. A. Productivity and role of aquatic macrophytes in lakes. An

assessment. Pol. Arch. Hydrobiol., 20: 9-19. 1973.

WIEDER R.K. & LANG, G.E. A critique of the analytical methods used in examining

decomposition data obtained from litter bags. Ecology, 63: 1636-1642. 1982.

XIE, Y.; YU, D. & REN, B. Effects of nitrogen and phosphorus availability on th

decomposition of aquatic plants. Aquat. Bot., 80: 29-37. 2004.

ZILLI, F. L.; MONTALTO, L. & MARCHESE, M. R. Benthic invertebrate assemblages and

functional feeding in the Paraná River floodplain (Argentina). Limnologica, 38: 159-171.

2008.

Page 42: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 29

3. ARTIGO

Page 43: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 30

Invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii de la Sota

em dois lagos rasos subtropicais.

André Ribeiro Castillo, Edélti Faria Albertoni*1 & Cleber Palma Silva

Laboratório de Limnologia, Universidade Federal do Rio Grande – FURG, Campus Carreiros, Av. Itália s/nº.

CEP 96201-900, Caixa Postal: 474, Rio Grande, RS, Brasil.

e-mail: [email protected]

RESUMO

A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em

dois lagos rasos subtropicais, que diferem quanto ao estado de trofia (eutrófico e oligotrófico).

Aproximadamente 6g (peso úmido) de S. herzogii foram incubados em litter bags, onde a perda de

peso e a colonização de invertebrados foi acompanhada durante 110 dias (setembro de 2008 a

janeiro de 2009), período no qual o detrito decompôs-se cerca de 95%. Um total de 32.399

organismos e 38 táxons foi registrado. A composição química da água influenciou a estrutura das

comunidades de invertebrados que colonizaram o detrito. No lago eutrófico, o táxon mais

abundante foi Goeldichironomus (Chironomidae; 81%), enquanto que no lago oligotrófico, Caenis

sp. (Caenidae; 31,5%) apresentou a maior abundância. Nossos resultados indicam que a condição

trófica do ambiente foi um dos principais fatores estruturadores das comunidades de invertebrados

associadas ao detrito de S. herzogii em lagos rasos, porém a velocidade de decomposição parece

não ser afetada pela concentração de nutrientes, já que a perda de peso foi semelhante (ANCOVA;

F = 6,38 e p = 0,6755).

Palavras-chave: invertebrados, grupos tróficos funcionais, decomposição, lagos rasos.

ABSTRACT

The colonization by aquatic invertebrates in detritus of Salvinia herzogii was studied in two

subtropical shallow lakes, which differ in the trophic state (eutrophic and oligotrophic).

Approximately 6 g (wet weight) of S. herzogii were incubated in litter bags, where the weight loss

and invertebrate colonization was monitored for 110 days (September 2008 to January 2009),

during which the detritus decomposed about 95 percent. A total of 32,399 organisms and 38 taxa

were recorded. The chemical composition of water influenced the community structure of

invertebrates that colonized the detritus. In the eutrophic lake, the most abundant taxa was

Goeldichironomus (Chironomidae; 81%), whereas in the oligotrophic lake, Caenis sp. (Caenidae,

31.5%) had the highest abundance. Our results indicate that the trophic condition of the

environment was one of the main factors structuring of invertebrate communities associated with

the detritus of S. herzogii in shallow lakes, but the rate of decomposition does not seem to be

affected by the concentration of nutrients, since the weight loss was similar (ANCOVA, F = 6.38 p

= 0.6755).

Key words: invertebrates, functional feeding groups, decomposition, shallow lakes.

Page 44: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 31

INTRODUÇÃO

Os ecossistemas límnicos na região de planície costeira do Rio Grande do Sul (extremo-sul

do Brasil) são representados principalmente por banhados e lagoas rasas, nas quais ocorre uma

diversificada comunidade de macrófitas aquáticas (cerca de 400 a 500 espécies) (Irgang & Gastal

Jr. 1996). Estas influenciam várias características do sistema, ressaltando-se os elos de transferência

de matéria e energia, e o padrão estrutural do hábitat (Palma-Silva et al. 2008).

Assim como a matéria orgânica vegetal alóctone, proveniente da vegetação ripária, é a

principal fonte de energia em rios de cabeceira (Graça, 1993), para lagos a fonte de energia tem

origem nas macrófitas aquáticas, que proporcionam um grande número de nichos ecológicos para a

vasta diversidade de espécies animais das regiões litorâneas tropicais, atribuída principalmente à

alta produtividade das macrófitas aquáticas, onde muitas vezes é responsável pela maior parte da

produtividade biológica do ecossistema aquático (Menezes et al., 1993; Wetzel, 1993; Esteves,

1998 e Palma-Silva, 1998).

Estas plantas, especialmente em ambientes rasos, contribuem com a maioria dos detritos

orgânicos de ecossistemas aquáticos, podem regular a reciclagem de nutrientes e desta maneira

influenciar o armazenamento de carbono (Carpenter & Lodge, 1986) e a dinâmica de outros

nutrientes (Webster & Benfield, 1986). Desta forma, quantificar as taxas de decomposição é

essencial para entender o papel que as macrófitas desempenham no funcionamento de ecossistemas

aquáticos (Howard-Williams & Davies, 1979).

Estudos sobre a decomposição dos detritos vegetais têm recebido grande atenção por parte

dos limnólogos, principalmente com vegetação ripária de riachos em regiões temperadas,

(Mathuriau & Chauvet, 2002; Rosemond et al. 2002; Ruetz et al. 2002; Sridhar & Bärlocher 2000).

No Brasil, avaliações do processo de decomposição têm se concentrado em pesquisas em ambientes

lóticos da região Sudeste (Callisto et al. 2002 e 2007; Gonçalves et al. 2006a, 2006b e 2007;

Carvalho et al. 2005; Moretti et al. 2007a e 2007b) e Sul (Trevisan & Hepp, 2007). Com macrófitas

aquáticas, os estudos são mais escassos (Bianchini Jr., 2003; Cunha & Bianchini Jr., 1998; 1999;

Cunha-Santino & Bianchini Jr., 2006; Gonçalves et al. 2000, 2003, 2004), e raros resultados foram

encontrados com relação a decomposição de espécies de Salvinia (Howard-Williams, 1976; Sharma

& Goel, 1986, Longhi et al. 2008).

O processo natural de decomposição envolve o leaching, fragmentação mecânica,

colonização microbiana e por último o estabelecimento de invertebrados (Webster & Benfield,

Page 45: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 32

1986). Estes últimos desempenham um papel fundamental na transferência entre os nutrientes

estocados nos detritos e os demais níveis tróficos dos ecossistemas aquáticos (Gessner et al. 1999).

Durante a decomposição de detritos vegetais ocorre um processo de sucessão ecológica entre

microorganismos, invertebrados e vertebrados, até que o detrito seja completamente decomposto

(Gonçalves et al. 2003). Este processo é caracterizado pela avaliação de grupos tróficos funcionais,

principalmente de invertebrados, durante a degradação, permitindo inferir sobre o papel dos

organismos na velocidade de perda de matéria orgânica (Webster & Benfield, 1986).

A colonização de invertebrados aquáticos no detrito vegetal em decomposição em riachos e

rios é extensamente estudada ao contrário do que ocorre em lagos (Pope et al. 1999). No entanto,

resultados de investigações sobre a colonização já realizados em lagos, são similares aos registrados

em sistemas lóticos em alguns aspectos, por exemplo, a rápida colonização do detrito por

invertebrados, particularmente Chironomidae (Pope et al. 1999).

Este estudo teve por objetivos avaliar a colonização de invertebrados aquáticos e

caracterizar o processo de sucessão ecológica de grupos tróficos funcionais desses organismos

durante a decomposição de Salvinia herzogii de la Sota em dois lagos rasos de diferentes tipologias

tróficas localizados no extremo-sul do Brasil, acompanhando as mudanças na composição química

do detrito.

MÉTODOS

ÁREA DE ESTUDO

O estudo foi desenvolvido em dois lagos rasos (eutrófico e oligotrófico), localizados no

campus da Universidade Federal do Rio Grande, extremo-sul do Brasil (Figura 1). O Campus está

localizado no município de Rio Grande-RS (32º01’ S e 52º05’ W), na região costeira do Estado do

Rio Grande do Sul, caracterizada pelo grande número de banhados e pequenos corpos d’água,

sensíveis a ação dos ventos (NE) e ao clima subtropical úmido, com uma temperatura média anual

de 19 ºC e uma precipitação total anual em torno de 1.200 milímetros, geralmente bem distribuída

ao longo do ano (Albertoni et al. 2007; Marinho et al. 2009).

O lago eutrófico, conhecido como Lago dos Biguás, com uma área superficial de

aproximadamente 1,5 ha, apresenta duas pequenas ilhas que servem de ninhais para várias espécies

de aves, dentre elas os biguás e garças brancas. Devido à presença destas populações, o nível de

trofia do lago vem aumentando nos últimos anos, com o crescimento excessivo de algas

fitoplanctônicas, elevada concentração de clorofila a, ampla variação dos valores de pH, oxigênio

Page 46: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 33

dissolvido e elevados valores de condutividade elétrica e altas concentrações de nitrogênio e fósforo

(Albertoni et al. 2007; Palma-Silva et al. 2008; Trindade et al. 2009).

O Lago oligotrófico, conhecido como Lago Polegar, possui características semelhantes a

ambientes naturais da região. Com uma área total de 0,7 ha, profundidade máxima de 1,6 m, tem

aproximadamente 12 anos e não sofre enriquecimento externo, ao contrário do lago dos Biguás.

Possui pequena variação nos valores de pH e oxigênio dissolvido na coluna da água. As

concentrações de nitrogênio orgânico total e fósforo total caracterizam esse lago como um ambiente

oligotrófico (Albertoni et al. 2007).

PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

Para medir as taxas de decomposição, foi utilizada a técnica de litter bags, com 30 X 20 cm

e malha de 10mm. Exemplares de Salvinia herzogii foram coletados, cuidadosamente lavadas em

água corrente e colocadas 6 ± 0,04 g de peso seco ao ar livre em litter bags. Parte das folhas

coletadas para o experimento foi seca em estufa a 60º C, por 72h (até alcançar o peso constante),

para o estabelecimento de um fator de conversão, de peso seco ao ar para peso seco. Um total de 40

bolsas foram preparadas (20 bolsas por lago = 5 períodos amostrais X 4 réplicas). Os experimentos

foram realizados entre Setembro de 2008 e Janeiro de 2009, durante as duas estações climáticas

(Primavera-Verão) mais quentes e com maior incidência de radiação solar, sendo os litter bags

removidos depois de 1, 30, 60, 90 e 110 dias.

Em cada período, as réplicas foram retiradas e lavadas em água corrente sobre uma peneira

de malha de 250 m, para remover o sedimento e reter os invertebrados associados ao detrito. O

material retido na peneira foi fixado em álcool 80%, e os organismos identificados em nível de

família usando um estereomicroscópio (32x). Após a identificação, os organismos foram

classificados em Grupos Tróficos Funcionais (GTF) conforme Cummins et al. (2005), Fernández &

Domínguez (2001), Merrit et al. (2008), Wantzen & Wagner (2006). Para os táxons classificados

em mais de um grupo funcional, a identificação dos organismos foi dividida entre cada categoria

trófica. Devido ao grande número de hábitos alimentares conhecidos para os Chironomidae, estes

foram identificados até o nível de gênero, para aumentar o grau de certeza da classificação trófica

de cada táxon.

Depois de lavados os detritos foram colocados em bandejas de alumínio, secos em estufa à

60ºC, por 72h, pesados, triturados e misturados. Para calcular a porcentagem de matéria orgânica,

0,2 g de detrito foi incinerado por 4 horas a 550 ºC, repesados e determinado o peso seco livre de

Page 47: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 34

cinzas (AFDM). O restante do detrito foi utilizado para as análises de nitrogênio total-Kjeldahl

conforme Allen et al. (1974) e fósforo total conforme Fassbender (1973). Os resultados são

apresentados em %.g-1

, representando a porcentagem do nutriente em gramas de peso seco do

detrito.

Em cada data, foram medidas na coluna d’água a temperatura da água, oxigênio dissolvido

(oxímetro OAKTON), pH (pHmetro HANNA), condutividade elétrica (condutivímetro HANNA), e

amostras de água foram coletadas para a determinação em laboratório de clorofila a, determinada

por método adaptado de Mackinney (1941), Paranhos (1996) e Chorus & Bartram (1999),

Nitrogênio total (Mackereth & Talling, 1978) e Fósforo total conforme Valderrama (1981) e

Baumgarten & Rocha (1996).

As taxas de decomposição (k) de S. herzogii foram calculadas através de um modelo de

decaimento exponencial entre os dados de porcentagem de perda de peso livre de cinzas (log

transformados), conforme Bärlocher (2005).

ANÁLISE DOS DADOS

As diferenças nas taxas de decaimento de S. herzogii dos lagos foram testadas com

ANCOVA (dados log transformados) seguido pelo teste de Tukey.

Foi utilizado o método de rarefação para calcular a taxa de riqueza esperada em valores

padronizados de amostras E(Sn), porque o número total de invertebrados variou amplamente em

todas as amostras.

Os efeitos da composição química e velocidade de decaimento dos detritos nos valores de

riqueza, densidade total de táxons foram testados com ANOVA one-way (dados log transformados),

seguido pelo teste de Tukey HSD (post hoc) (Zar, 1999).

Uma análise de agrupamento foi realizada com os dados de todas as amostras dos dois lagos

(log-transformados), para categorizar a sucessão ecológica degradativa, segundo Gonçalves et al.

2004 e Begon et al. 1996). O método de Ward´s foi utlizado como método de agrupamento e a

distância de Bray-Curtis foi usada como índice de dissimilaridade. Associada ao agrupamento, a

análise de táxons indicadores (Dufrêne & Legendre, 1997) foi utilizada para determinar qual táxon

foi característico dos períodos amostrais. Este método combina informações de abundância e

frequência relativa de táxons em um determinado grupo. Em seguida, a análise atribui a cada táxon,

valores de indicação (IV), que variam de 0 a 100, segundo os dados de abundância e freqüência

relativa de cada grupo definido anteriormente (no nosso caso, aos 5 períodos de incubação). Por

Page 48: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 35

exemplo, um valor zero indica que o táxon está ausente no grupo, enquanto que um valor de 100

significa uma perfeita indicação, ou seja, todos os organismos coletados de um determinado táxon

pertencem ao mesmo grupo. Estes valores são estatisticamente testados usando o teste de Monte

Carlo. Se forem encontradas diferenças significativas para os valores de indicação de um mesmo

táxon de diferentes grupos (P<0,05), este táxon pode ser considerado como um indicador para um

ou mais grupos.

Uma análise de componentes principais (PCA) foi realizada, com a finalidade de agrupar os

grupos tróficos funcionais com as variáveis limnológicas de cada ambiente.

RESULTADOS

Colonização por invertebrados

Um total de 32.399 organismos distribuídos em 38 táxons foi registrado para os lagos

estudados. Dezoito táxons foram comuns entre os lagos em cada experimento (Tabela 1 e 2). Os

táxons mais abundantes encontrados para o lago eutrófico foram Goeldichironomus (Chironomidae;

81% de todos os organismos coletados), Ostracoda (12,9%) e Hydrozoa (3,8%). Estes três táxons

representaram aproximadamente 98% dos invertebrados encontrados no detrito de S. herzogii.

No lago oligotrófico, o táxon mais abundante foi Caenis (Caenidae; 29,1% de todos os

organismos coletados), seguido de Hydracarina (16,3%), Ostracoda (10,5%), Oligochaeta (7,1%) e

Cladocera (6,9%). Estes cinco táxons representaram aproximadamente 70% dos invertebrados

registrados no detrito de S. herzogii.

Ao longo do processo de decomposição de S. herzogii, foi registrado um total de 1.449.612

ind.100g PS-1

no ambiente eutrófico e 372.380 ind.100g PS-1

para o ambiente oligotrófico. Neste

último, a densidade de organismos aumentou ao longo do processo, alcançando 209.694 ind.100g

PS-1

no 110º dia de incubação, enquanto que no lago eutrófico, foram registrados os maiores valores

no 60º dia, com 864.150 ind.100g PS-1

(Tabelas 1 e 2). Os valores de densidade de indivíduos entre

os períodos de incubação e entre os lagos não diferiram significativamente (ANOVA; F=0,85 e

p=0,3812). O Índice de diversidade esteve relacionado com os valores de densidade durante os

experimentos. No lago eutrófico, o maior valor registrado foi no 1º dia de incubação (H’=1,52),

após houve um decréscimo, sendo o menor registrado no 110º dia de incubação (H’=0,19). No lago

oligotrófico, os valores de diversidade registrados foram sempre maiores, sendo o valor máximo

observado no 60º dia de incubação (H’=2,31) (Tabelas 1 e 2).

Page 49: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 36

Os valores de riqueza rarefeita de táxons associados ao detrito no lago eutrófico diminuíram

de uma média de 4,88 ± 1,9 táxons por amostra no 1º dia de incubação, para uma média de 1,68 ±

0,3 táxons por amostra no 110º dia de incubação. No lago oligotrófico, os valores de riqueza

aumentaram de uma média de 4,72 ± 1,5 táxons por amostra no 1º dia de incubação, para uma

média de 7,92 ± 1,2 táxons por amostra no 60º dia de incubação, sendo os valores diminuídos para

uma média de 5,99 ± 0,7 táxons no final do processo degradativo da macrófita. Os valores de

riqueza de táxons diferiram significativamente entre os lagos (ANOVA; F=12,32 e p=0,0079).

Os organismos foram classificados em cinco grupos tróficos funcionais (Tabela 3). A

colonização do detrito foi rápida, sendo nas primeiras 24 horas registrados 10 táxons nos lagos

eutrófico e oligotrófico, sendo os predadores os grupos dominantes (52 e 70%, respectivamente)

neste período. Durante todo o processo, no lago eutrófico, os coletores-catadores foram os mais

abundantes (91,2 % do número total de organismos), seguido de coletores-filtradores (4,7 %) e

predadores (3,5 %). Os fragmentadores representaram apenas 0,4 % do total de organismos

registrados seguido dos raspadores (0,2 %) (Figura 1a). No lago oligotrófico, os coletores-catadores

também foram os mais abundantes (34,1 % do número total de organismos), seguido de predadores

(26,8 %), raspadores (24,9 %) e fragmentadores (10,5 %). Os coletores-filtradores contribuíram

com apenas 3,8 % do total de organismos (Figura 1b).

A análise de componentes principais (PCA) demonstrou que os grupos funcionais foram

ordenados conforme a composição química da água. Os resultados da ordenação indicaram que os

coletores-catadores (Goeldichironomus) e coletores-filtradores (Ostracoda) foram influenciados

pelas variáveis Nitrogênio e Fósforo total, Clorofila a e Condutividade Elétrica, com altos valores

registrados para o lago eutrófico. Por outro lado, os predadores, raspadores e fragmentadores

relacionaram-se com as concentrações de pH e Oxigênio dissolvido encontradas no lago

oligotrófico (Figura 2). A componente 1 explicou 63,2% da variância total e a componente 2

explicou 23,4%. As variáveis limnológicas que tiveram correlação com a componente 1, foram

pH(-0,32), O2D(Oxigênio Dissolvido,-0,15) e N (Nitrogênio, -0,77), negativamente; enquanto que

os grupos tróficos F ( fragmentadores, -0,98 ); R (raspadores, -0,79) e P ( predadores, -0,71),

negativamente, foram os que tiveram maior correlação. Na componente 2, as variáveis

limnológicas, N (Nitrogênio, 0,77), Cond (Condutividade elétrica, 0,76); Cha (Clorofila a, 0,72) e P

(Fósforo, 0,64), juntamente com os grupos tróficos C-C (coletores-catadores, 0,68) e C-F(coletores-

filtradores, 0,51), positivamente, foram os que tiveram mais correlação. O restante dos grupos

tróficos R (raspadores,-0,49), P (predadores,-0,47) e F (fragmentadores,-0,14) se correlacionaram

negativamente.

Page 50: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 37

Tabela 1: Classificação taxonômica e densidades médias (ind. 100 g PS-1

) dos invertebrados no

detrito de S. herzogii durante os intervalos de tempo observados no lago eutrófico.

Táxons 1 30 60 90 110

Hirudinea

Glossiphonidae - 7,0 23,6 1152,8 2567,0

Hydrozoa

Hydra Linnaeus 65,1 7999,1 - - -

Oligochaeta - - - 1057,0 -

Amphipoda

Hyalellidae

Hyalella curvispina Shoemaker, 1942 - 1026,5 47,3 - -

Ostracoda 280,5 5622,6 35535,0 881,1 1245,2

Hydracarina 288,5 281,0 54,1 175,9 -

Coleoptera

Dytiscidae 5,7 - - - -

Elmidae - 6,6 - - -

Diptera

Ceratopogonidae 33,9 - - - -

Chironomidae

Chironominae

Chironomus Meigen - 134,8 75,8 477,3 138,9

Endotribelos Grodhaus - 47,8 - - -

Goeldichironomus Fittkau - 741,0 251920,3 22844,2 139549,8

Parachironomus Lenz - 40,2 - 74,1 -

Pseudochironomus Malloc - 6,9 - - -

Saetheria Jackson - 40,2 - - -

Tanypodinae

Ablabesmyia Johannsen 5,7 87,4 21,6 - -

Coelotanypus Kieffer 5,7 6,7 - 339,4 -

Stratiomyidae 28,4 - - - -

Ephemeroptera

Caenidae

Caenis Stephens 29,1 470,6 187,5 603,8 416,7

Hemiptera

Corixidae - - - - 138,9

Odonata

Aeshnidae - - 15,0 - -

Coenagrionidae - - 90,3 23,1 316,1

Libellulidae - - 49,5 65,1 -

Mollusca

Sphaeriidae - 6,7 - - -

Ampullaridae - - 30,0 - -

Lymnaeidae 33,9 - - - -

Planorbidae - - - 18,5 -

H' (Diversidade) 1,52 1,33 0,39 0,81 0,19

J' (Homogeneidade) 0,66 0,48 0,16 0,32 0,10

S (Riqueza) 10 16 12 12 7

Densidade Total 3106,43 66100,14 864150,12 83137,43 433117,82

Page 51: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 38

Tabela 2: Classificação taxonômica e densidades médias (ind. 100g PS-1

) dos invertebrados no

detrito de S. herzogii durante os intervalos de tempo observados no lago oligotrófico

Táxons 1 30 60 90 110

Hirudinea Glossiphonidae - - - 197,46 4444,44 Oligochaeta 23,1 - 24,4 6075,6 2111,1 Amphipoda Hyalellidae

Hyalella curvispina Shoemaker, 1942 - 6,8 28,4 - - Cladocera 203,7 707,0 - 67,1 - Copepoda 276,2 139,5 28,4 - - Ostracoda 506,9 841,9 397,7 697,9 - Hydracarina 2595,2 169,7 638,7 3022,7 25250,0 Coleoptera Dytiscidae - - 99,4 - - Diptera Ceratopogonidae 424,0 - - - -

Chironominae

Chironomus Meigen - - - 388,9 -

Endotribelos Grodhaus - - - 2148,1 8236,1

Goeldichironomus Fittkau - - 56,8 1055,6 -

Parachironomus Lenz 34,3 27,0 477,0 2851,9 7659,7

Pseudochironomus Malloc - 262,5 230,8 185,2 312,5

Rheotanytarsus Bause - - - - 62,5

Tanytarsus van der Wulp - 8,9 - 37,0 2777,8

Orthocladiinae

Corynoneura Winnertz - - - - 250,0

Cricotopus Kieffer - 55,3 94,7 - 805,6

Thienemanniella Kieffer - 18,1 - - -

Tanypodinae

Ablabesmyia Johannsen 28,7 362,2 434,8 - -

Coelotanypus Kieffer - 39,0 - - - Ephemeroptera Caenidae Caenis Stephens 67,1 520,7 875,4 17756,6 49229,2 Baetidae - - 142,0 - - Odonata Coenagrionidae - - 286,9 - 2041,7 Trichoptera Hydroptilidae - 101,1 425,5 86,4 - Polycentropodidae - - - 500,3 - Gastropoda Ampullaridae - 6,7 - 32,0 - Ancylidae - - 102,0 - 1666,7 Lymnaeidae 212,2 6,4 - - -

H' (Diversidade) 1,53 1,99 2,31 1,53 1,61

J' (Homogeneidade) 0,66 0,73 0,85 0,56 0,63

S (Riqueza) 10 15 15 15 13

Densidade Total 4560,80 11059,38 15929,96 131135,80 209694,44

Page 52: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 39

0%

20%

40%

60%

80%

100%

1 30 60 90 110

tempo (dias)

Predador Coletor-Catador Coletor-Filtrador Raspador Fragmentador

0%

20%

40%

60%

80%

100%

1 30 60 90 110

Tempo (dias)

Predador Coletor-Catador Coletor-Filtrador Raspador Fragmentador

A análise de agrupamento (Figura 3) dividiu as amostras em três grupos seguindo um

gradiente temporal, indicando um processo de sucessão ecológica degradativa. O primeiro grupo,

representado como a fase “inicial” de decomposição, teve como táxons indicadores Stratiomyidae

(IV=75%) e Hydracarina (IV=45,6%) para o lago eutrófico e Ceratopogonidae (IV=75%) e

Lymnaeidae (IV=87,1%) como os táxons importantes nesta fase degradativa no lago oligotrófico.

Com o avanço do processo de decomposição, foi observado um aumento no número de táxons

indicadores, sendo Hydrozoa (IV=99,1%), Hyalellidae (IV=96,6%), Goeldichironomus

(IV=89,9%), Ostracoda (IV=80,9%), Ablabesmyia (IV=78%), Endotribelos, Saetheria (IV=75%),

Coenagrionidae (IV=66,7%) e Libellulidae (IV=57,1%) os grupos mais importantes na fase

“intermediária” da decomposição do detrito no lago eutrófico. Cladocera (IV=91,5%), Ostracoda

(IV=72,3%) e Ablabesmyia (IV=68,7%) foram os táxons indicadores nesta fase no lago

oligotrófico. Oligochaeta (IV=100%), Glossiphonidae (IV=65%) e Coelotanypus (61%) foram

importantes na fase avançada de decomposição no lago eutrófico, enquanto que Polycentropodidae

(IV=100%), Endotribelos (IV=79,9%) e Oligochaeta (IV=73,4%) foram indicadores da fase

avançada de decomposição no lago oligotrófico.

Figura 1: Grupos tróficos funcionais de invertebrados durante a decomposição de S. herzogii no

lago (a) eutrófico e (b) oligotrófico.

Page 53: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 40

Tabela 3 – Grupos tróficos funcionais de invertebrados registrados no detrito de S. herzogii no

estudo. (E=eutrófico) (O=oligotrófico).

Figura 2: Ordenação dos grupos tróficos funcionais (C-C=coletor-catador; C-F=coletor-fitrador;

F=fragmentador, P=predador e R=raspador) de acordo com as varáveis limnológicas (setas) (Chla=

Clorofila a; Cond = condutividade elétrica; N = Nitrogênio; P = Fósforo; O2d = oxigênio dissolvido

e pH) pela análise de componentes principais (PCA) durante o período de decomposição nos lagos

( ) eutrófico e ( ) oligotrófico.

GTF Táxons

Coletores-catadores Baetidae (O), Caenis (E,O), Chironomus (E,O), Copepoda (O), Corynoneura (O),

Corixidae (E), Cricotopus (O), Goeldichironomus (E,O), Hyalella curvispina

(E,O), Oligochaeta (E,O), Ostracoda (E,O), Parachironomus (E,O),

Pseudochironomus (E,O), Saetheria (E), Stratiomyidae (E), Thienemanniella (O)

Coletores-filtradores Tanytarsus (O), Rheotanytarsus (O), Cladocera (O), Copepoda (O), Ostracoda

(E,O), Polycentropodidae (O), Sphaeriidae (O).

Fragmentadores Cricotopus (O), Endotribelos (E,O), Chironomus (E,O), Oligochaeta (E,O).

Predadores Ablabesmyia (E,O), Aeshnidae (E), Ceratopogonidae (E,O), Parachironomus

(E,O), Coelotanypus (E,O), Coenagrionidae (E,O), Dytiscidae (E,O),

Glossiphonidae (E,O), Hydracarina (E,O), Polycentropodidae (O), Libellulidae

(E,O), Hydrozoa (E).

Raspadores Ampullaridae (E,O), Ancylidae (O), Baetidae (O), Caenis (E,O), Elmidae (E),

Hydroptilidae (O), Lymnaeidae (E,O), Planorbidae (E).

Page 54: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 41

Figura 3: Dendrograma gerado pela análise de agrupamento para a comunidade de invertebrados

aquáticos associados ao detrito de S. herzogii nos lagos estudados (EUT=eutrófico e

OLI=oligotrófico) seguido pelo tempo de incubação. Os táxons indicadores são listados para cada

grupo, com seus respectivos valores de indicação (IV) em parênteses.

Composição Química do detrito

A taxa de decomposição de S. herzogii teve uma pequena variação entre o lago eutrófico (k

= 0,019; R2

= 0,88) e oligotrófico (k = 0,021; R2

= 0,81) (Figura 4), porém essa variação não foi

significativa (ANCOVA; F = 6,38 e p = 0,6755).

Ao longo da decomposição foi acompanhada a composição química do detrito (Tabela 4).

Com base nos valores das concentrações de nitrogênio no detrito incubado nos lagos, observou-se

uma variação entre 1,31 e 1,10 % g-1

, que correspondeu aos períodos de 1 a 110 dias de incubação

no ambiente eutrófico e de 1,01 a 1,24 % g-1

, correspondendo ao mesmo período para o lago

oligotrófico. Nos dois lagos, a concentração de nitrogênio aumentou até ao 60º dia de incubação,

após houve uma diminuição na concentração, à medida que o processo degradativo avançava.

Page 55: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 42

0

20

40

60

80

100

0 20 40 60 80 100 120

Tempo (dias)

% m

assa r

em

an

escen

te

Eutrófico Oligotrófico

O mesmo padrão de aumento inicial e posterior diminuição das concentrações foi registrado

para o fósforo, que variou entre 0,10 % g-1

e 0,22 % g-1

, nos períodos de 1 a 60 dias de incubação no

lago eutrófico e de 0,11 % g-1

e 0,17 % g-1

no mesmo período de incubação no lago oligotrófico. Na

fase avançada da decomposição do detrito, houve a diminuição nas concentrações de fósforo.

Figura 4: Perda de peso do detrito (médias das quatro réplicas ± erro-padrão) de Salvinia

herzogii nos lagos ( ) eutrófico e ( ) oligotrófico.

Tabela 4. Composição química dos detritos de Salvinia herzogii para os componentes em %

por grama de peso seco, ao longo do processo de decomposição estudado.

A concentração de matéria orgânica no detrito no lago eutrófico diminuiu de 87,9 para 73,8

% entre os períodos de 1 e 90 dias de incubação. Essa mesma tendência de diminuição foi

observada no lago oligotrófico, variando de 90,7 e 70,4% nos períodos de 1 e 90 dias de incubação.

Apenas para os valores de fósforo total foi observada diferença significativa entre os lagos

(ANOVA; F=6,60 e p=0,033).

Composição química

NITROGÊNIO FÓSFORO MATÉRIA ORGÂNICA

DIAS EUT OLI EUT OLI EUT OLI

1 1,31 1,01 0,11 0,10 87,94 90,69

30 1,51 1,23 0,18 0,10 84,44 85,82

60 1,72 1,45 0,22 0,12 74,98 83,23

90 1,03 1,37 0,17 0,08 74,90 81,69

110 1,10 1,24 0,10 0,07 73,82 70,36

Page 56: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 43

Composição Química da água

A temperatura da água no lago eutrófico variou entre 20,2 e 27,6 ºC enquanto que no lago

oligotrófico os valores variaram de 19,5 a 25,6 ºC, períodos correspondentes a primavera-verão. Um

padrão semelhante foi observado para a concentração de oxigênio dissolvido na água, alcançando os

maiores valores no verão, aos 90 dias de incubação no lago eutrófico (8,6 mg.L‾¹) e aos 60 dias de

incubação no lago oligotrófico (7,0 mg.L‾¹). Houve uma grande variação nos teores de

condutividade elétrica, clorofila a, nitrogênio e fósforo total entre os lagos, sendo os maiores

valores observados no ambiente eutrófico (Tabela 5).

Tabela 5 – Variáveis limnológicas (médias e desvio-padrão) nos lagos eutrófico e oligotrófico.

DISCUSSÃO

Salvinia herzogii apresentou um grande número de invertebrados associados, mostrando-se

um recurso atrativo para a comunidade de invertebrados, que foi diferente entre os lagos. Vários

estudos em regiões temperadas têm demonstrado a importância dos invertebrados, principalmente

fragmentadores, no detrito em decomposição (Graça 2001, Haapala et al. 2001). No entanto, nas

regiões tropical e subtropical, o papel dos invertebrados na decomposição ainda não está

inteiramente compreendido (Dobson et al. 2002, Wantzen & Wagner 2006).

O domínio de coletores-catadores no detrito, segundo Richardson (1992), está associado a

acumulação de matéria orgânica particulada fina (MOPF) na superfície do detrito, que pode ser

Variáveis Lago eutrófico Lago oligotrófico

Média ± DP Média ± DP

Temperatura (°C) 23,5 ± 3,4 22,5 ± 2,6

Condutividade elétrica (µS.cm-1

) 174,5 ± 7,9 74,1 ± 13,1

Oxigênio Dissolvido (mg.L-1

) 7,6 ± 0,9 6,7 ± 0,4

pH 8,5 ± 1,6 7,1 ± 0,8

N-total (mg.L-1

) 2,9 ± 1,9 0,9 ± 0,8

P-total (µg.L-1

) 227 ± 123,7 45,8 ± 23,5

Clorofila a (µg.L-1

) 68 ±14,3 15,1 ± 10,4

Page 57: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 44

produzida no interior do litter bag ou capturada do séston. Os resultados obtidos demonstraram que

os fragmentadores foram pouco representativos no detrito de S. herzogii nos dois lagos, indicando

que a sua participação no processo de decomposição é pequena. Estes resultados, assim como os de

Capello et al. (2004), Mathuriau & Chauvet (2002) e Moretti et al. (2007a) corroboram com a

hipótese formulada por Irons et al. (1994) segundo a qual nos ecossistemas tropicais, a taxa de

decomposição de folhas é realizada em grande parte pela atividade microbiana, e não pela atividade

de fragmentadores, sendo o detrito utilizado mais como hábitat do que como recurso alimentar.

Neste estudo, a espécie Hyalella curvispina foi classificada como coletora-catadora, pois se

alimenta de perifíton, detritos e matéria orgânica particulada fina (MOPF) depositada entre as

plantas, os quais são recolhidos com suas quelas (Poi de Neiff & Carignan, 1997), no entanto, o

gênero Hyalella é geralmente classificado como fragmentador (Capello et al. 2004; Wantzen &

Wagner, 2006).

O registro de invertebrados raspadores nos dois lagos está provavelmente relacionado ao

crescimento do biofilme na superfície do detrito (Allan, 1995). Já os predadores, que foi um dos

grupos funcionais mais abundantes, principalmente no lago oligotrófico, são beneficiados

indiretamente pelas altas densidades de presas (Dobson et al., 1995).

Investigações sobre a colonização de detritos vegetais têm encontrado altas abundâncias de

invertebrados durante os estágios intermediários de incubação, e baixa riqueza e densidade de

táxons em estágios avançados (Gessner & Dobson 1993, Tanaka et al. 2006). No lago oligotrófico a

diversidade aumentou até a fase intermediária, e diminuiu com o avanço do processo degradativo.

Já no lago eutrófico, isto não ocorreu, os maiores valores de diversidade de táxons foram

registrados na fase inicial e após declinou, provavelmente relacionado com as altas densidades de

Chironomidae nas fases intermediária e avançada do processo degradativo.

A rápida colonização de invertebrados observada, já nas primeiras 24 horas de incubação

nos dois lagos, teve o registro de predadores, coletores e raspadores, sugerindo a importância de

certos grupos como estruturadores da comunidade de invertebrados que coloniza o detrito em

decomposição (Gonçalves et al. 2004). Dentre os invertebrados, ocorre um predomínio de larvas de

Chironomidae (Gonçalves et al. 2000 e 2003; Pope et al. 1999), que geralmente apresentam altas

densidades e diversidade taxonômica (Callisto et al. 1996) e são fortemente influenciados pelas

condições físicas, químicas e tróficas do hábitat (Johnson et al. 1995) e por isso são comumente

utilizados em investigações sobre a estrutura e funcionamento de lagos (Gonçalves et al. 2003).

O grande número de Chironomidae registrado é coerente com resultados de outras

pesquisas, onde a porcentagem deste grupo varia de 52 a 96% do número total de invertebrados

Page 58: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 45

(Gonçalves et al. 2006a; 2007, Janke & Trivinho-Strixino, 2007; Moretti et al. 2007a; Mormul et

al. 2006), que se deve tanto a sua ampla distribuição nos ambientes aquáticos (Ferrington Jr. 2008),

a alta adaptação a ambientes impactados (Callisto et al. 2002) e ao grande número de funções

alimentares desempenhadas (Callisto et al. 2007).

O dendrograma (Figura 3) demonstrou que existe uma relação entre a estrutura da

comunidade de invertebrados e o detrito. Como foi indicado na análise, a colonização dos

invertebrados estaria respondendo aos estágios de sucessão ecológica degradativa (sensu Begon et

al., 1996). Embora a composição química do detrito de S. herzogii não tenha variado

significativamente durante o processo, com exceção das concentrações de fósforo, vários autores

observaram que a qualidade do substrato exerce influência direta ou indireta sobre a composição e

estrutura dos invertebrados (Smock & Stoneburner,1980; Dvorák, 1996; Nessimian & De Lima,

1997). Nossos resultados indicam que as comunidades não respondem diretamente a composição

química do substrato que está colonizando, como foi observado por Nessimian & De Lima (1997),

mas sim às concentrações de nutrientes na água, que tiveram uma forte influência na distribuição,

composição de táxons e de grupos tróficos funcionais durante a decomposição, corroborados pelos

resultados de ordenação com as variáveis limnológicas dos dois ambientes.

O detrito de S. herzogii apresentou taxas de decomposição diferentes entre os lagos eutrófico

(0,019 g d-1

) e oligotrófico (0,021 g d-1

). O valor observado para Salvinia herzogii, foi em média

cinco vezes maior do que os valores obtidos para outras espécies de Salviniaceae, S. auriculata

(0,0058 g d-1

) por Howard-Williams & Junk (1976) na Amazônia brasileira, Sharma & Goel (1986)

estudando S. molesta (0,0033 g d-1

) e S. cucullata (0,0051 g d-1

) no Sul da Índia e S. natans (0,0041

g d-1

) por Longhi et al. (2008), estudada no norte da Itália. Estes resultados sugerem que fatores

como a concentração de nutrientes da água, parece não ter influência direta sobre a decomposição

do detrito. No entanto, a influência da disponibilidade de nutrientes no detrito e na água sobre a

decomposição ainda é muito discutida (Rejmánkova & Houdková, 2006; Webster & Benfield

1986). Em estudo com quatro espécies de macrófitas, Xie et al. (2004) afirmam que ambos,

Nitrogênio e Fósforo, não tiveram impacto significativo sobre a taxa de decomposição de três

espécies, exceto para a disponibilidade de fósforo no detrito de Eichhornia crassipes. Essas

alterações na composição química dos detritos podem estar relacionadas ao condicionamento de

microorganismos logo na fase inicial que se estende até a fase avançada do processo de degradação

do detrito (Sharma & Goel, 1986; Webster & Benfield, 1986).

Em conclusão, os dados demonstram que as condições tróficas dos lagos parecem ter pouca

influência sobre a taxa de decomposição de Salvinia herzogii. No lago com menor concentração de

Page 59: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 46

N e P, a velocidade de decaimento foi maior (embora não significativa) do que a taxa registrada

para o lago com elevadas concentrações de nutrientes. Já a condição trófica dos ambientes teve forte

influência na colonização de invertebrados. A participação de fragmentadores no processamento do

detrito foi pequena, em relação à quantidade de invertebrados coletores registrados. Assim em lagos

rasos subtropicais, a comunidade de invertebrados utiliza os detritos vegetais acumulados como

abrigo ou refúgio e indiretamente como recurso alimentar (MOPF e biofilme).

REFERÊNCIAS

Albertoni E. F., Prellvitz L. J. & Palma-Silva C. (2007) Macroinvertebrate fauna associated with

Pistia stratiotes and Nymphoides indica in subtropical lakes (south Brazil). Brazilian Journal of

Biology 67(3), 499-507.

Allan J. D. (1995) Stream Ecology: structure and function of running waters. Chapman and Hall,

New York.

Allen S., Grimshaw M., Parkinson J. A. & Quarmby C. (1974) Chemical Analysis of Ecological

Materials. Blackwell Scientific Publications. Oxford, London.

Baumgarten M. G. Z. & Rocha J. M. B. (1996) Manual de Análises em Oceanografia Química.

Editora da FURG, Rio Grande.

Bärlocher F. (2005) Leaf Mass Loss Estimated by litter bag technique. In: Methods to Study Litter

Decomposition: A Practical Guide (eds M. A. S. Graça, F. Bärlocher & M. Gessner) pp. 37-42.

Springer.

Begon M., Harper J. L. & Townsend C. R. (1996) Ecology: Individuals, Populations and

Communities. Blackwell Science, London, UK.

Bianchini Jr I. (2003) Modelos de crescimento de decomposição de macrófitas aquáticas. In:

Ecologia e Manejo de Macrófitas Aquáticas (eds S. M. Thomas & L. M. Bini) pp. 85-126. Editora

da Universidade Estadual de Maringá.

Callisto M., Serpa-Filho A., Oliveira S. J. & Esteves F. A. (1996) Chironomids on leaves of Typha

domingensis in a lagoon of Rio de Janeiro State (Brazil). Studies on the Neotropical Fauna and

Environment 31, 51-53.

Callisto M, Moreno P, Gonçalves J. F. Jr., Leal J. J. F. & Esteves F. A (2002) Diversity and

biomass of Chironomidae (Diptera) larvae in an impacted coastal lagoon in Rio de Janeiro, Brazil.

Brazilian Journal of Biology 62, 77-84.

Callisto M., Gonçalves J. F. Jr. & Graça M. A. S. (2007) Leaf litter as a possible food source for

chironomids (Diptera) in Brazilian and Portuguese headwater streams. Revista Brasileira de

Zoologia 24, 442-448.

Page 60: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 47

Capello S., Marchese M., Ezcurra de Drago I. (2004) Descomposición y colonización por

invertebrados de hojas de Salix hundboldtiana en la llanura aluvial del rio Paraná Medio.

Amazoniana 18, 25–143.

Carpenter S. R. & Lodge D. M. (1986) Effects of submersed macrophytes on ecosystem processes.

Aquatic Botany 26, 341–376.

Carvalho P., Thomaz S. M. & Bini L. M. (2005) Effects of temperature on decomposition of a

potential nuisance species: the submerged aquatic macrophyte Egeria najas planchon

(Hydrocharitaceae). Brazilian Journal of Biology 65, 51-60.

Chorus I. & Bartram, J. (1999) Water Resources. In: Toxic Cyanobacteria in Water: A guide to

their Plublic Health Consequences, Monitoring and Management (eds I. Chorus & J. Bartram) pp.

2-5. E & FN Spon, Inc. New York.

Cummins K. W., Merritt R. W. & Andrade P. C. N. (2005) The use of invertebrate functional

groups to characterize ecosystem attributes in selected streams and rivers in south Brazil. Studies on

Neotropical Fauna and Environment 40, 69–89.

Cunha M. B. & Bianchini Jr. I. (1998) Mineralização aeróbia de Cabomba piauhyensis e Scirpus

cubensis. Acta Limnologica Brasiliensia 10, 81-91.

Cunha M. B. & Bianchini Jr. I. (1999) Degradação anaeróbia de Cabomba piauhyensis e Scirpus

cubensis: cinéticas de formação de gases. Acta Limnologica Brasiliensia 11, 15- 26.

Cunha-Santino M. B. & Bianchini Jr. I. (2006) Modelos Matemáticos aplicados aos estudos de

decomposição de macrófitas aquáticas. Oecologia Brasiliensis 10, 154-164.

Dobson M., Hildrew A. G., Orton S. & Ormerod S. J. (1995) Increasing litter retention in moorland

streams: ecological and management aspects of a field experiment. Freshwater Biology 33, 325–

337.

Dobson M., Magana A., Mathooko J. M. & Ndegwa F. K. (2002). Detritivores in Kenyan highland

streams: more evidence for the paucity of shredders in the tropics? Freshwater Biology 47, 909-919.

Dufrêne M. & Legendre P. (1997) Species assemblages and indicator species: the need for a

flexible asymmetrical approach. Ecological Monographs 67, 345–366.

Dvorák K. J. (1996). An example of relationships between macrophytes, macroinvertebrates and

their food resources in a shallow Euthrophic lake. Hydrobiologia 339, 27–36.

Esteves F. A. (1998) Fundamentos de limnologia. Interciência/FINEP, Rio de Janeiro.

Fassbender H. W. (1973) Simultane P-Bestimmung in N-Kjeldahl-aufschlu von Bodenproben. Die

Phosphosaure 30, 44-53.

Ferrington Jr. L. C. (2008) Global diversity of non-biting midges (Chironomidae; Insecta-Diptera)

in Freshwater. Hydrobiologia 595, 447-455.

Page 61: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 48

Fernández H. R. & Domínguez E. (2001) Guía para la determinacíon de los artrópodos bentônicos

sudamericanos. Editorial Universitaria de Tucumán, Tucumán.

Gessner M. O., Chauvet E. & Dobson M. (1999) A perspective on leaf litter breakdown in stream.

Oikos 85, 377–384.

Gessner M. O. & Dobson M. (1993) Colonisation of fresh and dried leaf litter by lotic

macroinvertebrates. Archiv für Hydrobiologie 127, 141-149.

Gonçalves J. F. Jr., Esteves F. A. & Callisto M. (2000) Sucession and diversity of Chironomidae in

detritus of Typha domingensis in a coastal lagoon (Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, State

of Rio de Janeiro, Brazil). Verh International Verein Limnology 27, 2374-2377.

Gonçalves J. F. Jr., Esteves F. A. & Callisto M. (2003) Chironomids colonization on Nymphaea

ampla L. detritus during a degradative ecological succession experiment in a Brazilian coastal

lagoon. Acta Limnologica Brasiliensia 15, 21-27.

Gonçalves J. F. Jr., Santos A. M. & Esteves F. A. (2004) The influence of the chemical composition

of Typha dominguensis and Nymphaea ampla detritus on invertebrate colonization during

decomposition in a Brazilian coastal lagoon. Hydrobiologia 527, 125-137.

Gonçalves J. F. Jr., França J. S., Medeiros A. O. Rosa, C. A. & Callisto, M. (2006a) Leaf

Breakdown in a Tropical Stream. International Review of Hydrobiology 91, 164–177.

Gonçalves J. F. Jr., Graça M. A. S. & Callisto M. (2006b) Leaf-litter breakdown in 3 streams in

temperate, Mediterranean and tropical Cerrado climates. Journal of the North American

Benthological Society 25, 344–355.

Gonçalves J. F. Jr., Graça M. A. S. & Callisto M. (2007) Litter decomposition in a Cerrado

savannah stream is retarded by leaf toughness, low dissolved nutrients and a low density of

shredders. Freshwater Biology 52, 1440–1451.

Graça M. A. S. (1993) Patterns and processes in detritus-based stream systems. Limnologica 23,

107-114.

Graça M. A. S. The role of invertebrates on leaf litter decomposition in stream - a Review.

International Review of Hydrobiology 86, 383–393. 2001.

Haapala A., Muotka T. & Markkola A. (2001) Breakdown and macroinvertebrate and fungal

colonization of alder, birch, and willow leaves in a boreal forest stream. Journal of the North

American Benthological Society 20, 395–407.

Howard-Williams C. & Junk W. J. (1976) The decomposition of macrophytes in the floating

meadows of a central Amazonian várzea lake. Biogeographica 7, 115-123.

Irgang B. E. & Gastal Jr C. V. S. (1996) Macrófitas Aquáticas da Planície Costeira do Rio Grande

do Sul. Porto Alegre.

Page 62: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 49

Irons J. G., Oswood M. W., Stout R. J. & Pringle C. M. (1994) Latitudinal patterns in leaf litter

breakdown: is temperature really important? Freshwater Biology 32, 401–411.

Janke H. & Trivinho-Strixino S. (2007) Colonization of leaf litter by aquatic macroinvertebrates: a

study in a low order tropical stream. Acta Limnologica Brasiliensia 19, 109-115.

Johnson R. K., Wiederholm T. & Rosenberg D. M. (1995) Freshwater biomonitoring using

individual organisms, population, and species assemblages of benthic macroinvertebrates. In:

Freshwater biomonitoring and benthic macroinvertebrates (eds D. M. Rosenberg & V. H. Resh)

pp. 40-158. Chapman and Hall, New York.

Longhi D., Bartoli M. & Viaroli P. (2008) Decomposition of four macrophytes in wetland

sediments: Organic matter and nutrient decay and associated benthic processes. Aquatic Botany 89,

303–310.

Mackereth F. J. & Talling J. F. (1978) Water Analysis: Some Revised Methods for Limnologist.

Freshwater Biological Association, Cumbria.

Mackinney, G. (1941) Absortion of light by chlorophyll solutions. Journal of Biological Chemistry

140, 315-322.

Marinho C. C., Palma-Silva C., Albertoni E. F., Trindade C. R. T. & Esteves F. A. (2009) Seasonal

dynamics of methane in the water column of two subtropical lakes differing in trophic status.

Brazilian Journal of Biology 69, 281-287.

Mathuriau C. & Chauvet E. (2002) Breakdown of leaf litter in a neotropical stream. Journal of the

North American Benthological Society 21, 384–396.

Menezes C. F. S., Esteves F. A. & Anésio A. M. (1993) Influência da variação artificial do nível

d’água da represa do Lobo (SP) sobre a biomassa e produtividade de Nymphoides indica (L.) O

Kuntze e Pontederia cordata L. Acta Limnologica Brasiliensia 6, 163-172.

Merritt R. W., Cummins K.W., Berg M. B. (2008) An Introduction to the Aquatic Insects of North

America. Dubuque, Kendall/Hunt Publishing Co.

Moretti M. S., Gonçalves J. F. Jr, Ligeiro R. & Callisto M. (2007a) Invertebrates colonization on

native tree leaves in a Neotropical stream (Brazil). International Review of Hydrobiology 92, 199-

200.

Moretti M. S., Gonçalves J. F. Jr. & Callisto M. (2007b) Leaf breakdown in two tropical streams:

Differences between single and mixed species packs. Limnologica 37, 250–258.

Mormul R. P., Vieira L. A., Júnior S. P., Monkolski A. & Santos A. M. (2006) Sucessão de

invertebrados durante o processo de decomposição de duas plantas aquáticas (Eichhornia azurea e

Polygonum ferrugineum). Acta Scientiarum.Biological sciences 28, 109-115.

Page 63: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 50

Nessimian J. L. & de Lima, I. H. A. G. (1997) Colonização de três espécies de macrófitas por

macroinvertebrados aquáticos em um brejo no litoral do Estado do Rio de Janeiro. Acta

Limnologica Brasiliensia 9, 149-163.

Palma-Silva C. (1998) Crescimento e produção de Typha domingensis Pers na Lagoa Imboassica.

In: Ecologia das lagoas costeiras do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba e do Município de

Macaé (RJ) (ed F. A. Esteves). pp. 205-220. NUPEM, Macaé.

Palma-Silva C., Albertoni E. F., Trindade C. R. T. & Oliveira S. S. (2008) Nymphoides indica (L.)

O. Kuntze (Menyanthaceae) em um pequeno lago raso subtropical (Rio Grande, RS). Iheringia, Sér.

Bot. 63, 249-256.

Paranhos R. (1996) Alguns Métodos para Análise de Água. UFRJ. Rio de Janeiro.

Poi de Neiff A. & Carignan R. (1997) Macroinvertebrates on Eichhornia crassipes roots in two

lakes of the Paraná River floodplain. Hydrobiologia 345, 185-196.

Pope R. J., Gordon A. M. & Kaushik N. K. (1999) Leaf litter colonization by macroinvertebrates in

the littoral zone of a small oligotrophic lake. Hydrobiologia 392, 99-112.

Rejmánková E. & Houdková K. (2006) Wetland plant decomposition under different nutrient

conditions: what is more important, litter quality or site quality? Biogeochemistry 80, 245–262.

Richardson J. S. (1992) Food, microhabitat, or both? Macroinvertebrate use of leaf accumulations

in a montane stream. Freshwater Biology 27, 169–176.

Ruetz C. R., Newman R. M. & Vondracek B. (2002) Top-down control in a detritus-based food

web: fish, shredders, and leaf breakdown. Oecologia 132, 307-315.

Sharma K. P. & Goel P.K. (1986) Studies on decomposition of two species of Salvinia.

Hydrobiologia 131, 57-65.

Smock L. A. & Stoneburner D. L. (1980) The response of macroinvertebrates to aquatic

macrophyte decomposition. Oikos 35, 397–403.

Sridhar K. R & Bärlocher F. (2000) Initial colonization, nutrient supply, and fungal activity on

leaves decaying in stream. Applied and Environmental Microbiology 66, 1114-1119.

Tanaka M. O., Ribas A. C. A. & Souza A. L. T. (2006) Macroinvertebrate sucession during leaf

litter breakdown in a perennial karstic river in Western Brazil. Hydrobiologia 568, 493-498.

Trevisan A. & Hepp L. U. (2007) Dinâmica de componentes químicos vegetais e fauna associada ao

processo de decomposição de espécies arbóreas em um riacho do norte do Rio Grande do Sul,

Brasil. Neotropical Biology and Conservation 2, 55-60.

Trindade C. R. T., Furlanetto L. M. & Palma-Silva C. (2009) Nycthemeral cycles and seasonal

variation of limnological factors of a subtropical shallow lake (Rio Grande, RS, Brazil). Acta

Limnologica Brasiliensia 21, 35-44.

Page 64: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 51

Valderrama J. C. (1981) The simultaneous analysis of total nitrogen and phosphorus in natural

waters. Marc. Chemical 10, 109-122.

Xie Y., Yu D. & Ren B. (2004) Effects of nitrogen and phosphorus availability on the

decomposition of aquatic plants. Aquatic Botany 80, 29-37.

Wantzen K. M. & Wagner R. (2006) Detritus processing by invertebrate shredders: a neotropical-

temperate comparison. Journal of the North American Benthological Society 25, 216-232.

Webster J. R. & Benfield E. F. (1986) Vascular plant breakdown in freshwater ecosystems. Annual

Review of Ecology and Systematics 17, 567-94.

Wetzel R. G. (1993) Limnología. Fund. Calouste Gulbenkain, Lisboa.

Zar J. H. (1999) Biostatistical analysis. New Jersey. Prentice-Hall, Upper Saddle River.

Page 65: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · A colonização por invertebrados aquáticos no detrito de Salvinia herzogii foi estudada em dois lagos rasos subtropicais

P á g i n a | 52

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados desta dissertação sugerem que a comunidade de invertebrados

aquáticos utilize os detritos de macrófitas aquáticas acumulados como abrigo ou refúgio e

fonte indireta de alimento (MOPF e biofilme), com pouca influência no processo de

decomposição dos detritos foliares, já que a porcentagem de fragmentadores é pequena.

Um fato que chamou a atenção foi que os coeficientes de decomposição não foram

muito diferentes entre os lagos. O período de retiradas das repetições de litter bags foi o

mesmo, e no final do processo acompanhado restava pouco material foliar remanescente,

o que se sugere que o grau de trofia dos lagos tenha pouca influência direta sobre a taxa

de decomposição de detritos, porém parece ser um dos principais fatores que afeta a

estruturação das comunidades de invertebrados que coloniza os detritos em

decomposição. No lago eutrófico houve a dominância de grupos tolerantes a altas

concentrações de nutrientes na água, condições de anoxia e variação de parâmetros como

pH e condutividade elétrica, fazendo com que a diversidade de táxons diminua ainda mais

com o avanço do processo degradativo. No lago oligotrófico, a comunidade de

invertebrados tende a ter uma distribuição homogênea quanto ao número de indivíduos e

táxons que colonizam o detrito. Nesse ambiente, ficou evidente a sucessão de grupos

tróficos funcionais durante o processo degradativo, havendo um certo equilíbrio entre

predadores, coletores, raspadores e fragmentadores, refletindo nos valores de diversidade

e possivelmente no aumento da velocidade de decomposição do detrito.

As larvas de Chironomidae foram as mais abundantes no detrito de S. herzogii,

reforçando a importância deste grupo no fluxo de energia entre a comunidade microbiana

e os níveis tróficos superiores, principalmente em ecossistemas onde os invertebrados

fragmentadores são raros ou ausentes. Neste sentido, o próximo passo para o melhor

entendimento da decomposição de matéria orgânica em lagos rasos, seria a realização de

experimentos que avaliem as atividades da comunidade microbiana associada aos detritos

de macrófitas aquáticas, sugerindo que assim como em riachos tropicais, os

microorganismos sejam os principais agentes decompositores.