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Ministério da educação UAB- universidade aberta do Brasil Curso de Mestrado em Ciências da educação Educação personalizada: desafios e perspectivas. Andreia Cristina de Souza Pedro Bezerra ProFº Valquer Gandra

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Ministério da educação

UAB- universidade aberta do Brasil

Curso de Mestrado em Ciências da educação

Educação personalizada: desafios e perspectivas.

Andreia Cristina de Souza Pedro Bezerra

ProFº Valquer Gandra

Rio de Janeiro

2013

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Andreia Cristina de Souza Pedro Bezerra

Educação personalizada: desafios e perspectivas.

Produção Apresentada ao Programa de Pós Graduação Stricto Sensu, do IENS– Instituto de Educação Superior e Capacitação Profissional Nação Santa, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Educação.

Área de Concentração: Ciências da Educação.

Professor: Valquer Gandra

Rio de Janeiro

2013

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Educação personalizada: desafios e perspectivas.

Por Andreia Cristina de Souza Pedro Bezerra

Resumo: A educação personalizada parte do principio de que estudar é ajudar a crescer, e que esse crescimento é o desenvolvimento integral da pessoa, única e insubstituível. Tem sólida fundamentação teórica em grandes educadores de renome internacional, e resultados práticos em todos os níveis de ensino. É exercida nos colégios da América e da Europa, mas é novidade no Brasil.

Por muitos anos o sistema educacional seguiu um tradicional modelo “tamanho único” que não celebrava e respeitava as diferenças entre os alunos, como idade, bagagem cultural, interesse ou grau de motivação. Mas já começa a despontar no Brasil a discussão sobre o Personalized Learning, uma proposta educacional voltada às necessidades individuais de cada estudante.

É necessário adotar um sistema abrangente que usa a informação do aluno para abastecer a orquestração dos recursos internos, sempre com foco no progresso de cada membro do corpo discente de acordo com as normas locais (no caso do Brasil, seguindo as regras do MEC).

Palavras chaves: educação personalizada, autonomia, aprender

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Um pouco de História

A aprendizagem personalizada não foi definida com diferentes sotaques de diferentes autores e aqui estão resumidas numa lista cronológica.Parkhurst e o Plano Dalton (século XIX): Segundo o Plano Dalton, cada aluno pode programar o seu plano de estudos, de forma a atender às suas necessidades, interesses e capacidades; para promover a independência e a auto-confiança; e para melhorar as competências sociais dos alunos e o sentido de responsabilidade para com os outros.Washburne: A auto-governação e o Plano Winnetka (primeiros anos de 1900): O plano tinha como objetivo ampliar o foco educacional para as atividades criativas e o desenvolvimento emocional e social, utilizando um tipo de programa que mais tarde ficou conhecido por "instrução programada".Claparède em "L'école sur mesure" (1920), afirmou que as crianças na idade escolar devem ter a oportunidade de escolher livremente uma série de atividades, já predispostas pelo professor, para melhorar o crescimento intelectual, social e moral, e desenvolver totalmente a personalidade. (Claparède E., L'École sur mesure, Genève, Payot, 1920).Bloom e o Domínio da aprendizagem (anos 50-60) é um método de ensino que pressupõe que todas as crianças podem aprender se lhes forem dadas condições de aprendizagem adequadas. Mais especificamente, o Domínio da aprendizagem é um método no qual os alunos não prosseguem para um objetivo de aprendizagem subsequente, até que demonstrem proficiência no atual.Gardner (anos 50) - A Teoria de Gardner sobre as inteligências múltiplas afirma que não só os seres humanos têm várias formas distintas de aprender e processar informação, como também estas formas são independentes entre si: colocando as "inteligências" múltiplas em oposição a um fator de inteligência geral, entre capacidades correlacionadas.Keller e o Sistema Personalizado de Instrução (anos 60) que direciona a instrução com base nas exigências dos estudantes, permitindo que trabalhem em módulos do curso de forma independente. É um método de ensino orientado para o domínio do processo individual. O sistema personalizado de instrução também se encaixa de certa forma no construtivismo social, exigindo que os estudantes trabalhem em equipas de apoio com um supervisor para responder às perguntas sobre os conteúdos estudados.Victor Garcia Hoz foi a primeira pessoa a adotar o termo Personalização, em 1970, no concurso da ciência educacional. O seu trabalho mais relevante neste concurso foi a "Educação Personalizada", publicado em 1981.O "Método do Projeto" de Kilpatrik (início do século 20),é centrado na criança, a resolução de problemas é orientada, e a orientação do professor minimizada. O professor atua mais como um facilitador, encorajando a auto-decisão e o auto-controlo do aluno, mais do que fornecer conhecimento e informação.O método proposto por Pierre Faure educação personalizada foi amplamente baseado em uma visão integral do ser humano, e da necessidade de educar o seu cérebro ou "aprender a aprender".  Através de várias palestras e escritos, Faure mostrou ruptura e caráter original de seu novo método.Três Princípios Da Educação Personalizada (EP) Por Pierre Faure. Pierre Faure baseou seu método de educação personalizada em uma visão especial da pessoa e das suas características essenciais. Entre as características que caracterizam o modo de ser do homem, Pierre Faure destacou três princípios essenciais que formam uma pedagogia a se considerar.

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A. Princípio SingularidadeEste princípio reconhece a individualidade de cada ser humano e o respeito

que merecem e ritmos particular de cada pessoa. Esse respeito deve resultar em uma pedagogia que é adaptada a cada aluno e estimula a criatividade e as iniciativas de cada um, a criatividade é o resultado da aprendizagem de Pierre Faure.

B. Princípio da AutonomiaA Educação personalizada acredita que os seres humanos não são apenas

livres, mas também devem estar ciente de sua liberdade, e que isso implica na capacidade de cada um e no comprometimento com o que você escolher.Além disso, a importância dada à autonomia implica que é necessário que a criança entenda claramente o objetivo dado para cada atividade e ter um papel ativo no planejamento de sua própria educação.Autoridade de equilíbrio e disciplina.

C.  Princípio da AberturaPierre Faure diz que a escola tem a função de ampliar a dimensão social ou

comunicativa de cada aluno. Para isso, é necessário criar um ambiente feliz e descontraído, onde cada criança sinta-se convidado a participar e expressar-se espontaneamente.

Historicamente, o termo foi usado num discurso em 2004, no Reino Unido, por David Miliband, Ministro de Estado para o Padrão Escolar no Reino Unido (UK), que num capítulo publicado posteriormente numa antologia sobre o tema, afirmou que "a aprendizagem personalizada é a maneira pela qual as nossas melhores escolas talham a educação de forma a garantir que cada aluno atinja o mais elevado nível possível. A nossa missão é fazer dessas práticas universais”. Este discurso foi motivado por um desejo mais generalista do governo da altura (Partido Trabalhista de Tony Blair) para reorganizar a forma como os serviços eram prestados. Blair, preocupado que as instituições públicas e o governo não tivessem legitimidade aos olhos do público, procurou desenvolver novas estratégias para criar uma maior confiança no setor público. Com o tempo, esta reorganização implicou o afastamento da prestação universal de serviços pelo governo, no sentido de uma abordagem muito mais adaptável, articulada com as necessidades e ações individuais do cidadão. Partes desta reorganização foram alinhadas com as novas políticas, enfatizando o papel dos mercados e do sector privado na resposta às necessidades sociais. Estelle Morris foi o primeiro Ministro da Educação em Inglaterra a aprovar uma agenda de aprendizagem personalizada.

Dr. David Hargreaves, outro dos primeiros arquitetos-chave desta ideia, referiu-se a "personalizar" a aprendizagem em vez de aprendizagem "personalizada", de modo a realçar que se trata mais um processo do que um produto.

O Dr. David Hopkins considera a aprendizagem personalizada um dos quatro pilares principais dos sistemas de reforma. O Dr. Michael Fullan sugere que o conceito é vulgarmente associado nos Estados Unidos ao ensino diferenciado. A aprendizagem personalizada é muitas vezes associada à aquisição do que tem sido descrito como as Competências do Século XXI.

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Desafios e perspectivas

A educação em valores não é dada fora ou além da dinâmica da sala de aula, não se restringe a um complemento dado em classe apenas por alguns professores idealistas, depois de cumprido o programa de conteúdos. No processo de aprendizagem, o aluno pode viver e desenvolver valores de autonomia, responsabilidade, organização, consciência crítica, solidariedade, comunicação social. A novidade dessa contribuição é ser proposta, não receita, ser estímulo, não prescrição. Nos instrumentos, momentos e materiais apresentados por Faure,por exemplo, o Educador encontra um rumo que só poderá trilhar de modo criativo, não-servil, investindo na formação permanente, na atenção ao contexto dos alunos, da escola e do mundo.

A personalização pode diferir da diferenciação na medida em que proporciona ao aluno um grau de escolha sobre o que é aprendido, quando se aprende e como se aprende. A retórica é muitas vezes colocada em termos de aprendizagem "a qualquer momento, de qualquer forma ou em qualquer lugar". Isso não pode significar uma escolha ilimitada, uma vez que os alunos ainda terão metas para cumprir. No entanto, pode fornecer aos alunos a oportunidade de aprender de um modo que atenda aos seus estilos individuais de aprendizagem e às inteligências múltiplas (Gardner).

Personalização visa valorizar todo o potencial do aluno, a biografia, as inteligências, as sensibilidades e competências (também as emocionais) que caracteriza cada um de nós como uma pessoa, de forma a alcançar uma forma de excelência cognitiva, através do desenvolvimento de todas as aptidões, capacidades e talentos. Os objetivos de aprendizagem serão depois diferentes para cada aluno, e podem não estar previstos desde o início do processo de aprendizagem. Não é o tipo de competências a serem adquiridas que irá influenciar os resultados, mas o diferente grau de capacidade do uso das próprias competências. O aluno, orientado pelo professor, é um co-designer ativo da experiência e caminho da aprendizagem.

O diálogo é um elemento central para a Personalização, assim como em todo o construtivismo social nos espaços de aprendizagem. Um exemplo deste estilo de aprendizagem é demonstrado pelo registro da aprendizagem que apóia o desenvolvimento do pensamento e as capacidades de aprendizagem dos alunos.

Embora a aprendizagem personalizada possa acontecer em contextos de aprendizagem tradicionais, tais como escolas e faculdades, esta está presente na aprendizagem que acontece em qualquer lugar, por exemplo em casa ou na comunidade. A aprendizagem personalizada pode acontecer em parceria com outros alunos, por exemplo, quando os alunos trabalham juntos, em grupo, para estudar um tema específico. Esta aprendizagem “em qualquer lugar, a qualquer hora, de qualquer forma" pode ser vista, à luz das forças da globalização, pela sua influência nesta última tendência da educação, onde tempo, espaço e lugar são experimentados de forma comprimida; a morte da distância.

As Tecnologias de Informação e Comunicação podem ser uma poderosa ferramenta para a aprendizagem personalizada, pois permitem aos alunos o acesso à investigação e informação, e fornecem um mecanismo de comunicação, debate, e registro da aprendizagem. No entanto, a aprendizagem personalizada não é exclusiva dos ambientes ou tecnologias digitais. Na retórica em torno das Competências do Século XXI, a aprendizagem personalizada é muitas vezes sinônimo de 'customização' (como verificamos no mundo dos negócios), com a personalização digital usada para o enquadramento da experiência de

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aprendizagem como altamente eficiente. O problemático nisto é o desconto no espaço altamente relacional e socialmente construído, bem definido na investigação sobre a aprendizagem.

Enfim, todos os autores são da opinião que as escolas devem tornar-se mais flexíveis na resposta às diferentes necessidades e interesses dos estudantes. Todos concordam que há um grande potencial na utilização de novas tecnologias. No entanto, diferem na natureza das suas críticas relativamente às escolas tradicionais e planos curriculares, bem como relativamente ao grau de confiança no papel da tecnologia na sociedade contemporânea.

Bibliografia

Klein, Luiz Fernando. Educação personalizada: desafios e perspectivas. Loyola