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MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CARTOGRÁFICA 1º Ten GUSTAVO FLUMINENSE CARNEIRO Al MARIELLE DEVAUX Al NATÁLIA CURADO CARNEIRO TESTE DO MÓDULO DE RESTITUIÇÃO FOTOGRAMÉTRICA DIGITAL EDUCACIONAL E-FOTO Rio de Janeiro 2008

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MINISTÉRIO DA DEFESA

EXÉRCITO BRASILEIRO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CARTOGRÁFICA

1º Ten GUSTAVO FLUMINENSE CARNEIRO

Al MARIELLE DEVAUX

Al NATÁLIA CURADO CARNEIRO

TESTE DO MÓDULO DE RESTITUIÇÃO FOTOGRAMÉTRICA DIGITAL

EDUCACIONAL E-FOTO

Rio de Janeiro

2008

2

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

1º Ten GUSTAVO FLUMINENSE CARNEIRO

Al MARIELLE DEVAUX

Al NATÁLIA CURADO CARNEIRO

TESTE DO MÓDULO DE RESTITUIÇÃO FOTOGRAMÉTRICA

DIGITAL EDUCACIONAL E-FOTO

Iniciação à Pesquisa apresentada ao Curso de Graduação em Engenharia Cartográfica no Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a obtenção do título de Graduado em Engenharia Cartográfica.

Orientador: Cel R/1 Walter da Silva Prado - M.C.

Co-orientador: Cel R/1 Jorge Luís Nunes e Silva Brito - Ph.D.

Rio de Janeiro

2008

3

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

1º Ten GUSTAVO FLUMINENSE CARNEIRO

Al MARIELLE DEVAUX

Al NATÁLIA CURADO CARNEIRO

TESTE DO MÓDULO DE RESTITUIÇÃO FOTOGRAMÉTRICA

DIGITAL EDUCACIONAL E-FOTO

Iniciação à Pesquisa apresentada ao Curso de Graduação em Engenharia Cartográfica no Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a obtenção do título de Graduado em Engenharia Cartográfica.

Orientador: Cel R/1 Walter da Silva Prado Co-orientador: Cel R/1 Jorge Luís Nunes e Silva Brito

Aprovada em 06 de junho de 2008 pela seguinte Banca Examinadora:

___________________________________________________________________

Cel R/1 Walter da Silva Prado – M.C.

___________________________________________________________________

Cel R/1 Jorge Luís Nunes e Silva Brito – Ph.D.

___________________________________________________________________

Maj José Wilson Cavalcante Parente Junior – M.C.

Rio de Janeiro

2008

4

SUMÁRIO

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS .................................................................. 06

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ....................................................................................... 07

LISTA DE TABELAS ............................................................................................... 08

RESUMO .................................................................................................................. 09

ABSTRACT .............................................................................................................. 10

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 11

1.1 OBJETIVO ..................................................................................................... 11

1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 11

1.3 HISTÓRICO ................................................................................................... 11

1.3.1 FOTOGRAMETRIA PIONEIRA ..................................................................... 11

1.3.2 FOTOGRAMETRIA ANALÓGICA ................................................................. 13

1.3.3 FOTOGRAMETRIA ANALÍTICA ................................................................... 14

1.3.4 FOTOGRAMETRIA DIGITAL ........................................................................ 14

1.4 O PROJETO E-FOTO .................................................................................... 16

1.5 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO ............................................................... 18

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................... 20

2.1 SEQÜÊNCIA DE TRABALHO E REVISÃO DE CONCEITOS ....................... 20

2.2 O PROCESSO DE RESTITUIÇÃO ANALÓGICO .......................................... 21

2.2.1 PREPARO ..................................................................................................... 21

2.2.2 EXECUÇÃO ................................................................................................... 23

2.2.3 REVISÃO ....................................................................................................... 23

2.3 O PROCESSO DE RESTITUIÇÃO DIGITAL ................................................. 24

2.4 PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS EMPREGADOS PELA DSG .............. 25

2.4.1 RESTITUIÇÃO DA ALTIMETRIA ................................................................... 25

2.4.2 RESTITUIÇÃO DA PLANIMETRIA ................................................................ 26

5

2.5 O PROCESSO ANALÓGICO X O PROCESSO DIGITAL ............................. 27

3 METODOLOGIA ............................................................................................ 28

3.1 DESCRIÇÃO GERAL ..................................................................................... 28

3.2 MATERIAL UTILIZADO ................................................................................. 28

3.2.1 IMAGENS AÉREAS ....................................................................................... 28

3.2.2 CERTIFICADO DE CALIBRAÇÃO ................................................................. 29

3.2.3 PONTOS DE CONTROLE ............................................................................. 30

3.3 EXPERIMENTOS REALIZADOS ................................................................... 31

3.3.1 AMBIENTE E-FOTO ...................................................................................... 31

3.3.2 SOLUÇÃO INTERGRAPH (IMAGESTATION SSK)....................................... 32

4 RESULTADOS OBTIDOS ............................................................................. 34

4.1 AMBIENTE E -FOTO ..................................................................................... 34

4.2 SOLUÇÃO INTERGRAPH (IMAGESTATION SSK)....................................... 38

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS ..................................................................... 39

5.1 DIFICULDADES ENCONTRADAS ................................................................ 39

5.2 COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS ........................................................... 39

5.2.1 PADRÃO DE EXATIDÃO CARTOGRÁFICA ................................................. 42

5.2.2 ANÁLISE VISUAL .......................................................................................... 46

5.3 SUGESTÕES PARA MELHORIAS DO APLICATIVO .................................... 49

6 CONCLUSÕES .............................................................................................. 51

7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................ 52

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 53

ANEXO A– CERTIFICADO DE CALIBRAÇÃO DA CÂMARA ................................ 55

ANEXO B – FICHAS DE OCUPAÇÃO E DESCRIÇÃO DOS PONTOS.................. 57

APÊNDICE A – CÓDIGO FONTE DO PROGRAMA DE CONVERSÃO ................. 64

6

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

1ª DL 1ª Divisão de Levantamento

5ª DL 5ª Divisão de Levantamento

BMP Bitmap

CAD Computer-Aided Design

DPI Dots Per Inch

DSG Diretoria de Serviço Geográfico

DXF AutoDesk Drawing Interchange Format

E-Book Eletronic Book

EFD Estação Fotogramétrica Digital

GNU/FDL GNU Free Documentation License

GNU/GPL GNU General Public License

GUI Graphical User Interface

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

LISP List Processing

IPP Instituto Municipal De Urbanismo Pereira Passos

MDT Modelo Digital do Terreno

PEC Padrão de Exatidão Cartográfica

SIG Sistema de Informações Geográficas

SSK Stereo Softcopy Kit

TBCD Tabela da Base Cartográfica Digital

TIN Triangulated Irregular Network

UERJ Universidade do Estado do Rio de Janeiro

7

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIG. 3.1 Pontos de controle............................................................................... 30

FIG. 5.1 Ferramenta de zoom do E-FOTO ........................................................ 39

FIG. 5.2 Função “Add” dentro do Editor ............................................................ 40

FIG. 5.3 Exemplo da dificuldade de suavização de linhas na restituição

fotogramétrica digital no E-FOTO ........................................................ 41

FIG. 5.4 Pontos de Teste para o PEC planimétrico ........................................... 43

FIG. 5.5 Resultado da análise visual da restituicao fotogrametrica digital no E-

FOTO sobreposta à base vetorial do IPP ............................................ 49

8

LISTA DE TABELAS

TAB. 1.1 Histórico da Fotogrametria .................................................................. 15

TAB. 2.1 Comparação entre os processos analógico e digital ........................... 27

TAB. 5.1 Classificação das cartas (PEC) ........................................................... 42

TAB. 5.2 Coordenadas dos pontos de teste para o PEC ................................... 44

TAB. 5.3 Erros planimétricos dos pontos de teste para o PEC .......................... 45

TAB. 5.4 Resultado do PEC ............................................................................... 46

9

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo avaliar o módulo de restituição fotogramétrica digital da plataforma educacional E-FOTO de software livre, com vistas à sua utilização num ambiente de produção de mapeamento fotogramétrico digital. Para tal, realizou-se a restituição fotogramétrica de um modelo estereoscópico obtido a partir de fotogramas aéreos em escala 1:8.000, digitalizados com resolução de 300 DPI. Este material encontra-se disponível na página de internet do projeto E-FOTO (www.efoto.eng.uerj.br). A área geográfica restituída situa-se nas proximidades do Campus principal da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). A verificação da correção do trabalho foi efetuada por comparação com uma base vetorial planimétrica do Instituto Pereira Passos. Foi também efetuado o teste do Padrão de exatidão cartográfica do IBGE (PEC). A restituição fotogramétrica apresentou qualidade planimétrica mínima compatível com a classe “C” para a escala 1:10.000. O trabalho relata as dificuldades encontradas na execução do trabalho e apresenta sugestões de melhorias para o aperfeiçoamento do aplicativo ora em questão.

10

ABSTRACT

The goal of this work is to evaluate the digital photogrammetric stereo plotter module of the educational platform E-FOTO of free software. This evaluation aims to study the feasibility of its use in a digital photogrammetric mapping production environment. A pair of airborne photograms, in the scale of 1:8.000, digitized with resolution of 300 DPI was used in the photogrammetric compilation. Such material is available on the homepage of the E-FOTO project (www.efoto.eng.uerj.br). The geographic area of interest is located in the neighborhoods of the main Campus of the University of the State of Rio de Janeiro (UERJ). The verification of the correction of the work was performed by comparison with a planimetric vector database of the Instituto Pereira Passos, of the Rio de Janeiro County Management. We also performed the testing of the Cartographic Accuracy of the work. For doing so, it was used the Brazilian National Map Accuracy Standards. The photogrammetric planimetric compilation has proven to be compatible with the minimum quality of class “C” for the 1:10.000 scale. This paper also reports the main difficulties found in the execution of the work, and proposes suggestions for improvements in the stereo plotter module of the E-FOTO software.

11

1 INTRODUÇÃO

1.1 OBJETIVO

O presente trabalho tem por finalidade avaliar o módulo de restituição

estereoscópica digital da plataforma E-FOTO de software livre para fotogrametria

digital, sugerir melhorias para as funcionalidades existentes e propor novas

funcionalidades para esse módulo.

1.2 JUSTIFICATIVA

O potencial interesse por parte da DSG na utilização de uma nova Estação

Fotogramétrica Digital (EFD) não-comercial pode ser citado como a principal

motivação para a realização deste trabalho. Isso porque as EFDs comerciais

apresentam elevado custo de aquisição, o que dificulta o acesso aos interessados

no assunto. Outra justificativa é a de se conhecer o potencial de utilização do

modulo de restituição fotogramétrica digital do E-FOTO.

1.3 HISTÓRICO

1.3.1 FOTOGRAMETRIA PIONEIRA

O fenômeno da estereoscopia foi descrito pela primeira vez no ano de 1838 pelo

físico inglês Sir Charles Wheatstone num trabalho de titulo “ Contributions to the

Physioligy of vision...phenomena of binocular vision”. Neste trabalho o autor

12

apresentou o estereoscópio de espelhos que projetou e construiu, no qual utilizava

figuras desenhadas para ilustrar o fenômeno da estereoscopia.

Em 1839 Danguerre tornou publico e acessível o processo da Danguerreotipia.

O geodesista francês Dominique François Jean Arago, estando ciente dos

acontecimentos da época, incentivou o uso destes novos instrumentos nos

levantamentos topográficos. Ao mesmo tempo em que a componente química da

fotografia evoluía, a componente óptica também se desenvolvia. Carl Zeiss, em

1846, fundou uma oficina mecânica de pequeno porte de precisão suficiente para

construir equipamentos para o laboratório da Universidade de Jena. Mais tarde tal

oficina tornou-se uma importante empresa de fabricação de equipamentos

topográficos e fotogramétricos.

Em 1849, Aimé Laussedat, um oficial do Corpo de Engenheiros do Exército

Francês, deu o salto principal para o nascimento da fotogrametria. Laussedat

utilizou fotografias auxiliando a confecção de mapas baseado nos princípios de

Carpeller. A Academia de Ciência de Madrid reconheceu o uso de fotografias em

levantamentos topográficos em 1862.

As aplicações das fotografias aumentaram e muitos trabalhos foram

desenvolvidos, como por exemplo a primeira fotografia aérea, obtida por Nadar

Gaspard Felix Tournachon, em 1855, em um balão a 80 metros de altura sobre a

cidade de Bièvre, na França e a de James Wallace Black, em 1860, sobre a cidade

de Boston, nos Estados Unidos.

Em 1889, o alemão Carl Koppe escreveu o Manual de Fotogrametria, primeiro

livro escrito sobre tal ciência.

13

1.3.2 FOTOGRAMETRIA ANALÓGICA

Em 1901, o alemão Carl Pulfrich, com a invenção do estereocomparador,

passou a observar pares de fotografias diferentes e superpostas, que analisadas em

conjunto formam o que é conhecido como par estereoscópico. Este foi o primeiro

aparelho produzido pela Zeiss. Pulfrich ficou assim conhecido como o pai da

Estereofotogrametria.

Em 1911, o austríaco Theodore Scheimpflug desenvolve um novo método de

retificação de fotografias aéreas e utiliza tais fotografias para mapeamento de

extensas superfícies. A partir deste momento, os retificadores analógicos passam a

ser empregados com maior freqüência, sendo substituídos mais tarde por

restituidores analógicos que permitem a visão estereoscópica.

Com a chegada do avião, a Fotogrametria deu um grande salto. A partir daí,

poderiam ser obtidas fotografias aéreas muito mais amplas. Ainda assim, a

plataforma aérea não foi adotada tão rapidamente, visto que vários

aperfeiçoamentos foram necessários. O primeiro registro de fotografia aérea foi

obtido em 1913 e apresentada na Sociedade Internacional de Fotogrametria,

fundada em 1910, por Eduard Dolezal, na Áustria. A tomada de fotografias aéreas

tornou-se extremamente importante durante a Primeira Guerra Mundial.

Em 1921, a Wild Heerbrugg foi criada e logo se tornou líder mundial na

fabricação de instrumentos para mapeamento em geral, incluindo o desenvolvimento

de câmaras aéreas. Em 1924, Otto Von Gruber realizou a primeira aerotriangulação

analógica da História usando o estereoplanígrafo de Zeiss.

Em 1945, Harry T. Kelsh desenvolveu o restituidor Kelsh, para uma maior

economia e praticidade nos processos fotogramétricos. Porém, sua maior

contribuição foi o uso do processo anaglifo. Esse processo ocorre através da

inserção de filtros de cores complementares entre os dispositivos e a fonte de luz,

obtendo-se a estereoscopia.

14

1.3.3 FOTOGRAMETRIA ANALÍTICA

Em 1957, Uki Vilho Helava apresentou o restituidor analítico, utilizando de

servomecanismos, deixando de lado as construções mecânicas e óticas

tradicionalmente usadas pelo restituidor analógico, com o objetivo de medir as

coordenadas das marcas fiduciais nas imagens.

No ano de 1968, durante a realização do Congresso Internacional de

Fotogrametria, na Suíça, Gerhart Schut propôs o Procedimento por Modelos

Independentes. Este é um processo semi-analítico que faz uso do computador para

a montagem da faixa ou de um bloco de faixas.

Em 1988, as empresas Wild-Leitz e Kern se juntaram para formar, em 1990, a

Leica, revolucionando o mercado fotogramétrico.

1.3.4 FOTOGRAMETRIA DIGITAL

Nos anos 80, a fotogrametria sofreu uma grande inovação com o surgimento das

imagens digitais, que podem ser obtidas de uma câmara digital ou por digitalização

de uma imagem analógica. Nos anos 90, a Fotogrametria digital ganhou impulso

com o uso de computadores para o processamento interativo de imagens digitais,

gerando um volume muito maior de dados.

O restante do processamento assemelha-se ao da fotogrametria analítica, sendo

possível não só a elaboração das cartas digitais mas também de produtos que

necessitam de processamento computacional extremamente elaborado, como as

ortoimagens ou imagens ortorretificadas e mosaicos digitais. Os aparelhos

empregados são as estações fotogramétricas digitais, isto é, estações de trabalho

inteiramente voltadas para a fotogrametria. Pode-se também aproveitar

computadores comuns adaptando-os com hardware e software específicos para este

15

fim, sendo chamados de computadores repotencializados. A tabela abaixo facilita a

comparação entre os tipos de fotogrametria.

TAB. 1.1 - Histórico da Fotogrametria

FOTOGRAMETRIA

ENTRADA PROCESSAMENTO SAÍDA

Analógica Foto analógica

(em filme) Analógico (óptico

mecânico)

Analógica (scribes/fotolitos) no passado ou

digital (CAD, por exemplo) no

presente

Analítica Foto analógica (em filme)

Analítico (computacional)

Analógica (scribes/fotolitos) no passado ou

digital (CAD, por exemplo) no

presente

Digital

Imagem digital (obtida de câmara

digital, por exemplo) ou

digitalizada (foto analógica

submetida a um scanner)

Analítico (computacional) Digital

Fonte: COELHO FILHO & BRITO, 2007

A fotogrametria digital tem como seu objetivo principal a reconstrução

automática do espaço tridimensional (espaço objeto), a partir de imagens

bidimensionais (espaço imagem) (COELHO FILHO & BRITO, 2007). O ideal seria a

criação de uma “máquina de mapeamento automático” com a capacidade de

reconhecer automaticamente as feições do terreno tais como prédios, pontes e

outras construções e extrair a forma do relevo da região a ser mapeada. Entretanto,

este ideal proposto não é simples, já que o relevo da superfície da Terra apresenta-

se com inúmeras descontinuidades, tornando praticamente impossível o seu

mapeamento automático. Surgem então várias condições de contorno para sua

solução, o que exige a interação do homem em vários processos. Pode-se dizer

16

que, atualmente, o estado da arte em fotogrametria digital é o mapeamento semi-

automático, ou seja, os processos implementados tentam ser automáticos, porém,

ainda exigem a supervisão e eventual intervenção humana nos mesmos (COELHO

FILHO & BRITO, 2007).

1.4 O PROJETO E-FOTO

O projeto E-FOTO, que envolve o desenvolvimento e gerenciamento de uma

Estação Fotogramétrica Digital, é um conjunto de programas que tem por objetivo

auxiliar o aprendizado dos princípios de fotogrametria e está direcionado para a

familiarização de estudantes e leigos com os principais conceitos desta diciplina. Os

objetivos do projeto E-FOTO são a pesquisa, o desenvolvimento e a implementação

de um ambiente para o ensino, a auto-aprendizagem e a pesquisa de fotogrametria

digital. E o que torna esses objetivos possíveis são dois grandes pilares: a liberdade

dos programas componentes, conseqüência da utilização da licença GNU/GPL e; do

livre uso da documentação associada, sob licença GNU/FDL – tudo disponível no

endereço eletrônico [http://www.efoto.eng.uerj.br]. Nesta página, ainda, é possível

encontrar arquivos de vídeo com demonstrações do módulo de Retificação,

Estereoplotter, Orientação Interior e Orientação Exterior. Também são conteúdo

desta página vários artigos que foram publicados pelo projeto e o e-book, um

conjunto de dez documentos no formato pdf contendo material didático.

O “Software livre”, paradigma no qual o E-FOTO está inserido, refere-se à

liberdade dos usuários manipularem o software. Essa manipulação refere-se mais

especificamente a quatro tipos de liberdade:

• Execução do programa, para qualquer fim;

• Estudo do funcionamento do programa e a possibilidade de adaptá-lo de

acordo com as suas necessidades. Para isso acontecer, é necessário o

acesso ao código fonte .

17

• Redistribuição de cópias visando ajudar os outros usuários.

• Aperfeiçoamentos do programa e difusão desses aperfeiçoamentos com o

objetivo de beneficiar todos aqueles que fazem uso da plataforma. Para

isto também se faz necessário o acesso ao código fonte.

O código fonte, mencionado anteriormente, é o código de construção do

programa. Serve para adaptar o programa a qualquer estação. É recomendado o

uso deste código para análise, modificações e geração de um executável que

funcione corretamente até em distribuições mais antigas do sistema operacional,

tanto em Linux quanto no Windows.

Atualmente o E-FOTO está em sua versão 0.1, possuindo versões tanto

para Linux quanto para Windows. A versão 0.1 foi lançada em 18 de janeiro de

2008, e é primeira versão beta do E-FOTO. O código fonte foi completamente

migrado para o Qt4, pois a versão 3 do Qt perdeu o suporte da Trolltech em julho de

2007. Qt é uma biblioteca C++ para construção de programas multiplataforma GUI

(Graphical User Interface - Interface Gráfica do Usuário). A empresa responsável

pela criação é a norueguesa Trolltech. Esta versão 0.1 já inclui um instalador

atualizado para Windows, as instruções de compilação e o código fonte. A versão

1.0 ainda não foi disponibilizada em conseqüência da não-integração entre os

módulos funcionais. A equipe de desenvolvimento está trabalhando para lançar a

primeira versão integrada ainda no ano de 2008.

As funcionalidades disponíveis no E-FOTO são: Orientação Interior, Orientação

Exterior, Fototriangulação, Modelo Numérico de Elevações, Orto-retificação,

Restituição Fotogramétrica Digital, Retificação e Normalização.

Outro aspecto importante do projeto é a sua filosofia de auto-aprendizado,

considerando três níveis de interação entre o usuário e o sistema. O nível 1 é

compostos por usuários que querem apenas utilizar os executáveis a fim de realizar

alguma tarefa fotogramétrica. Para ajudar estes usuários, foram criados documentos

18

(tutoriais) de ajuda. Tais documentos explicam sua utilização e os conceitos básicos

de fotogrametria necessários.

Já o nível 2 engloba usuários que desejam entender o funcionamento dos

algoritmos. Como ajuda para a realização desta tarefa, os usuários fazem uso de um

livro eletrônico, o e-book, que aborda os principais temas da fotogrametria. Seu

entendimento independe de qualquer conhecimento dos princípios de fotogrametria.

O conteúdo do livro possui princípios teóricos, equações, algoritmos e comparações

entre métodos e resultados.

O nível 3 engloba os interessados em melhorar o código, sendo essa melhora

por meio apenas de sugestões ou por desenvolvimento de novos módulos, textos e

algoritmos. Após este nível, os usuários estão aptos para entender todo o processo

de produção em um ambiente digital e não serão apenas meros utilizadores da

plataforma, mas sim usuários capazes de contribuir para o desenvolvimento da

estação, colocando em prática os conhecimentos adquiridos.

1.5 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO

O presente trabalho será estruturado em sete capítulos, incluindo-se o capitulo

introdutório, a saber:

O Capítulo 2 trata da fundamentação teórica, onde os conceitos fundamentais

ao desenvolvimento do trabalho são apresentados.

O Capítulo 3 apresenta os equipamentos, materiais e a metodologia

desenvolvida no trabalho propriamente dito.

O Capítulo 4 apresenta os resultados obtidos.

19

O Capítulo 5 trata da análise dos resultados obtidos em ambas as plataformas.

Este capítulo aborda também as dificuldades encontradas para a realização do

experimento bem como sugere melhorias ao aplicativo E-FOTO.

O Capítulo 6 dispõe sobre as conclusões que se pôde obter durante e após a

realização do trabalho.

O Capítulo 7 apresenta sugestões para trabalhos futuros que possam, utilizando

os resultados obtidos neste trabalho, dar continuidade ao mesmo

Por fim, as referências bibliográficas que auxiliaram na realização deste

trabalho, os apêndices e anexos completam este volume.

20

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 SEQÜÊNCIA DE TRABALHO E REVISÃO DE CONCEITOS

De uma forma resumida, pode-se dizer que a seqüência de trabalho tem início

com a cobertura aerofotogramétrica para a aquisição de fotografias, de maneira

meticulosamente planejada. Para cada par de fotogramas é obtido um

estereograma, segundo o IBGE(2007) define-se fotograma como “(...) a fotografia

obtida através de câmaras especiais, cujas características óticas e geométricas

permitem a retratação acurada dos dados do terreno, de forma que os pormenores

topográficos e planimétricos possam ser identificados e projetados na carta (...)”. De

posse destas fotografias é possível mandar uma equipe a campo para obtenção das

coordenadas dos pontos de controle que serão utilizados e também realizar a

reambulação, a fim de diminuir os custos da produção fotogramétrica,.

As fotografias aéreas, depois de digitalizadas (no caso do processo digital),

sofrem tratamento adequado de forma que as condições geométricas do instante da

tomada das mesmas sejam mantidas. Isso se dá através da orientação interior

(reconstrução da posição exata de cada fotografia no momento da tomada da foto) e

da orientação exterior (orientação do fotograma em relação ao terreno). Nas

fotogrametrias analógica e analítica, a orientação exterior era dividida em duas

etapas: orientação relativa e orientação absoluta. Esta é a orientação do feixe

perspectivo em relação ao seu homólogo, através de cinco parâmetros de

orientação, e aquela é a localização de ambas as fotografias em relação ao terreno.

Nessa etapa, afirma WOLF(1983), é preciso verificar o registro dos pontos de apoio

de campo, quer dizer os pontos de controles vertical e horizontal do modelo.

Após as orientações, o conjunto de fotografias segue para a aerotriangulação, a

fim de se obter coordenadas de vários pontos no terreno a partir da interpolação de

21

alguns pontos de campo. Cabe ressaltar que, nas estações fotogramétricas digitais,

após a realização da orientação interior, segue-se para a fototriangulação. Neste

caso, ajusta-se um bloco inteiro, simultaneamente. O resultado final são os

parâmetros da orientação exterior para todas as imagens do bloco, mais as

coordenadas tridimensionais dos diversos pontos fotogramétricos medidos. Feito

isto, inicia-se a restituição fotogramétrica, operação pela qual se pretende obter o

original fotogramétrico que se trata de uma carta ou mapa obtido através de

fotografias.

O técnico em restituição fotogramétrica, graças ao fenômeno da estereoscopia,

é capaz de “tocar” o terreno com a marca índice, também conhecida como marca

flutuante ou estereoscópica. A estereoscopia é um processo de ilusão ótica que

combina duas imagens de um mesmo objeto visto de centros de perspectiva

diferentes, produzindo a sensação da visão em três dimensões. O observador vê

duas imagens da marca índice que se fundem quando a referida marca toca no

ponto do modelo colimado e traçará os pormenores planimétricos e altimétricos

através das fotos e dos dados provenientes do processo de reambulação “(...) fase

da elaboração cartográfica, na qual são levantadas em campo as denominações dos

acidentes naturais e artificiais que complementarão as cartas a serem impressas.”

IBGE (2007).

Depois disto, tem-se a etapa da edição cartográfica cujo objetivo é adicionar a

carta símbolos cartográficos, legenda, escala e toponímia, entre outros. Por fim, a

restituição fotogramétrica digital passa por um processo de controle da qualidade

conhecido como revisão, onde o revisor verifica a coerência topológica do terreno,

verifica a presença de todos os elementos compatíveis com a escala e uniformiza o

conjunto.

22

2.2 O PROCESSO DE RESTITUIÇÃO ANALÓGICO

A metodologia para a execução da restituição fotogramétrica analógica encontra-

se referenciada no Manual Técnico de Restituição Fotogramétrica T 34-303. Pode-

se dividir o processo de restituição analógica em três etapas principais, sendo elas:

o preparo, a execução propriamente dita e a revisão. Essas etapas devem seguir

rigorosamente as normas prescritas por este manual. Para descrever a restituição,

cada um dos passos deve ser descrito detalhadamente em sua ordem cronológica.

2.2.1 PREPARO

O processo é iniciado com uma fase de preparo. Esta fase é resumida em

operações que visam fornecer e preparar todo o material que será necessário na

execução da restituição em si. Os materiais necessários são:

• Duas folhas bases para a cada carta a ser restituída, que posteriormente

virão a ser, respectivamente, os originais de planimetria e vegetação e de

altimetria e hidrografia;

• Coleção de fotografias reambuladas e de pontos de apoio, bom como dos

diapositivos que recobrem a área a ser restituída;

• Gráfico de recobrimento de folha, indicando as faixas de vôo e

respectivas fotografias;

• Gráfico de articulação da folha;

• Pasta C-101, contendo a documentação técnica relativa à folha.

23

A segunda fase do preparo, que é normalmente chamada de preparo das folhas

bases, consiste de três etapas: procedimento inicial, locação de pontos e trabalhos

complementares. A execução da restituição é composta pelo recebimento e

conferência do material, e pela seqüência do trabalho. Após a fase de recebimento e

conferência do material, uma série de procedimentos deve ser efetuada para a

execução. Primeiramente, o restituidor deve copiar os pormenores cartográficos das

folhas vizinhas numa faixa externa, ao longo do paralelo ou meridiano limite de sua

folha (passagem das ligações). Posteriormente é feito o teste dos modelos que

permite a visualização da qualidade do ajuste de aerotriangulação em relação ao

terreno. A seguir é escolhida uma faixa de modelos para ser trabalhada até o fim, o

que evita constantes mudanças na distância focal do aparelho, diminui o número de

centragens de diapositivos e permite melhor sistematização.

2.2.2 EXECUÇÃO

Após essa etapa, começa a restituição propriamente dita, fazendo-se a

orientação dos modelos. Essa operação constitui-se essencialmente da colocação

dos diapositivos nos aparelhos. Para isso são feitas as orientações interior, relativa e

absoluta. Ao término da fase de orientação, o erro total, causado pelos inevitáveis

erros acidentais, deve ser distribuído em cada fase da orientação – relativa e

absoluta. Depois de orientado o modelo inicia-se a restituição seguindo a ordem

hidrografia, altimetria, planimetria e vegetação.

2.2.3 REVISÃO

Uma vez concluída a restituição, procede-se a entrega do material para a

revisão.

24

2.3 O PROCESSO DE RESTITUIÇÃO DIGITAL

A restituição digital nada mais é que a restituição executada em ambiente digital

(COELHO FILHO & BRITO, 2007). A alma do modo de operação é basicamente a

mesma da restituição tradicional: o restituidor colima a marca estereoscópica no

terreno, definindo as coordenadas de um ponto nas duas imagens. Sabidos os

parâmetros da orientação interior e exterior, estas coordenadas são transformadas

em coordenadas métricas de câmara e, desta forma, encontram-se as coordenadas

de terreno graças às equações de colinearidade e através da interseção espacial

(COELHO FILHO & BRITO, 2007).

As coordenadas de terreno das feições cartográficas são armazenadas em

arquivos digitais vetoriais, cuja principal característica deste tipo de arquivo é a

representação dos objetos por suas coordenadas inicial e final. Esses objetos

podem ser pontos, linhas e áreas, e para cada um destes, pode-se atribuir

características como cor, espessura, estilo e nível, o que permite uma melhor

organização do arquivo obtido. Isso porque há a possibilidade de se colocar em

cada nível feições que se relacionam entre si, tais como hidrografia, vegetação,

altimetria ou transportes. Esses níveis, muito conhecidos também por camadas, são

exibidos de acordo com a necessidade de trabalho do operador, que pode visualizar

apenas as camadas de seu interesse.

O arquivo resultante da restituição fotogramétrica é então encaminhado para os

processos de edição e revisão com o objetivo de padronizá-lo de acordo com as

normas para a base cartográfica e de eliminar erros cometidos durante o processo

de restituição. O produto final é a carta no formato digital que tanto pode ser

impressa (em papel) ou integrada a um sistema de informações geográficas (SIG).

25

2.4 PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS ATUALMENTE EMPREGADOS PELA

DSG

Com base nas Normas Provisórias para Fotogrametria Digital da 1ª DL, a

restituição digital é executada pela solução Intergraph (ImageStation SSK) por duas

equipes de trabalho: a equipe de restituição altimétrica e a equipe de restituição

planimétrica. A divisão dos trabalhos em equipes agiliza a execução de tarefas,

melhora a qualidade e homogeneidade dos produtos, facilita o controle e diminui a

incidência de erros grosseiros e sistemáticos.

2.4.1 RESTITUIÇÃO DA ALTIMETRIA

A equipe de restituição altimétrica é responsável pela aquisição das categorias

Hidrografia e Altimetria previstas nas TBCD. Esta aquisição pode se dar de três

formas:

a. Restituição manual da altimetria: indicado para terrenos planos. Como o

processo digital permite ao restituidor refinar a curva de nível adquirida, a

correção primária tornou-se mais rápida, sendo assim adotada como modo

padrão de operação.

b. Restituição semi-automática da altimetria: indicada para terrenos acidentados.

Define-se uma malha regular e espaçamento entre os pontos atendendo os

seguintes valores:

• Escala 1/25.000 : espaçamento de 50m.

• Escala 1/50.000 : espaçamento de 75m.

Os pontos da grade são medidos automaticamente, por intermédio de algoritmos

para a correlação de imagens.

26

c. Restituição automática da altimetria: Os softwares que utilizam a correlação

de imagens para a obtenção das coordenadas altimétricas da malha, não são

utilizados, pois os resultados práticos obtidos demonstraram-se insatisfatórios.

A escolha da forma de aquisição de dados é baseada no relevo da área de

interesse e no tempo gasto na correção primária.

A equipe de restituição altimétrica tem ainda como incumbência a geração de

um Modelo Digital do Terreno (MDT), que será confeccionado em duas vias. A

primeira via (em 2D) fornecerá a base de dados para a execução da restituição

altimétrica e hidrográfica, após ter passado pela verificação da correção primária. A

outra via (3D) fornece o MDT para a criação da Rede de Triângulos Irregulares

(TIN).

Deve-se restituir, primeiramente, a hidrografia, pois esta serve de base para a

restituição planimétrica. Desta forma, assim que for finalizada, uma cópia será

fornecida à equipe de restituição planimétrica.

2.4.2 RESTITUIÇÃO DA PLANIMETRIA

A restituição planimétrica compreende a aquisição das seguintes categorias

previstas nas TBCD: Limites, Vegetação, Edificações, Infra-estrutura, Sistema de

Transportes, Pontos de Referência e Localidades.

A equipe de restituição planimétrica gerará o arquivo relativo à planimetria. Após

a sua execução, o arquivo seguirá para a Finalização. Esse arquivo não é utilizado

na confecção do arquivo da TIN, pois não permite um controle efetivo da altimetria

das feições.

Cabe ressaltar que, muitas vezes, a equipe de restituição da planimetria e a

equipe de restituição da altimetria em muitas situações práticas são a mesma equipe

27

2.5 O PROCESSO ANALÓGICO X O PROCESSO DIGITAL

Após o estudo do processo analógico e digital, torna-se perceptível as

diferenças de cada método. Todas estas mudanças são devidas à evolução da

computação, fato que foi mais intensamente observado a partir da década de 80. A

TAB. 2.1 mostra as principais diferenças entre os dois processos.

TAB. 2.1 – Comparação entre os processos analógico e digital ANALÓGICO DIGITAL

Predominância da arte Predominância da ciência

Gerenciamento de arquivo mais simples Gerenciamento de arquivo mais complexo

Dificuldade de verificar o trabalho do

restituidor

Facilidade de verificar o trabalho do

restituidor

Menor agilidade na produção Maior agilidade na produção

Visão menos detalhada Visão mais detalhada

Dificuldade de atualização Facilidade de atualização

É interessante observar que o mapeamento fotogramétrico digital tornou mais

dinâmico todo o processo. Cópias de arquivos podem ser transferidas entre as

plataformas sem maiores dificuldades. A facilidade de inserir e remover dados

facilitou sobremaneira a atualização de cartas. Enfim, estas e outras características

apresentadas mostram a vantagem do processo digital sobre o analógico, refletindo

assim emprego daquele em substituição ao analógico na produção cartográfica.

28

3 METODOLOGIA

3.1 DESCRIÇÃO GERAL

Para cumprir o objetivo do trabalho na proposta executar-se-á a restituição

fotogramétrica digital de um modelo estereoscópico.

A restituição será dividida em três categorias, a saber: vegetação, vias de

circulação e edificações.

Primeiramente, o experimento será realizado no ambiente E-FOTO (Versão

0.0.8.1, disponível no site www.efoto.uerj.eng.br) e, posteriormente, pela solução

Intergraph (ImageStation SSK). Depois de realizados os dois experimentos, os

resultados obtidos em ambos os programas aplicativos serão listados no capítulo 4.

Esses resultados, juntamente com os seus processos, serão analisados e

comparados entre si (capítulo 5). Parâmetros tais como o tempo de execução, as

facilidades e as dificuldades encontradas em cada processo serão o alvo dessa

comparação.

3.2 MATERIAL UTILIZADO

3.2.1 IMAGENS AÉREAS

As imagens analógicas foram provenientes de um vôo aerofotogramétrico

realizado em 09/12/1995, cujas características estão listadas a seguir:

29

• Escala: 1:8000

• Número de fotografias: 17

As imagens utilizadas são as fotografias 016 e 017. Estas fotos foram

digitalizadas com uma resolução de 300 DPI, tendo sido armazenadas em arquivos

de imagem no formato bitmap (extensão.bmp).

A área de superposição das imagens trabalhadas abrange a região da UERJ e

do Maracanã. Trata-se de uma área tipicamente urbana, incluindo-se áreas de

ocupação irregular de favelas, cujos contornos foram restituídos como contornos de

vegetação.de feições urbanas. A partir da prévia orientação interior e exterior das

imagens obteve-se o arquivo “01617.txt” dos parâmetros de tais orientações para

cada imagem integrante do par estereoscópico.

3.2.2 CERTIFICADO DE CALIBRAÇÃO DA CÂMARA

Os dados constantes do certificado de calibração da câmara são:

• Fabricante: Zeiss

• Modelo da câmara: RMK A

• Número de série da câmara: 137474

• Tipo de lentes: PLEOGON A2

• Número de série das lentes: 137504

• Distância focal nominal: 153mm

• Máxima abertura: F/14

• Instrumento utilizado na calibração: PLANICOMP C120

• Distância focal calibrada: 153.528mm (desvio-padrão de 0.043mm)

• Coordenadas do ponto principal calibrado:

x0: -0.063mm (desvio-padrão de 0.016mm)

y0: -0.037mm (desvio-padrão de 0.017mm)

30

Os demais dados podem ser encontrados no certificado de calibração da

câmara, constante do “Anexo A” ao presente trabalho.

3.2.3 PONTOS DE CONTROLE

Na FIG. 3.1 estão representados os pontos de controle utilizados.

FIG. 3.1 – Pontos de controle

As fichas de ocupação e descrição dos pontos de controle presentes na FIG. 3.1

encontram-se no “Anexo B”.

31

3.3 EXPERIMENTOS REALIZADOS

3.3.1 AMBIENTE E-FOTO

De início há ainda se ressaltar que a versão 0.0.8.1 utilizada, apesar de estável,

não apresenta a integração das diversas funcionalidades e módulos de

processamento fotogramétrico tais que permitam o trabalho no contexto de um

projeto fotogramétrico integrado. Assim, para o trabalho de restituição fotogramétrica

é necessária a execução das seguintes etapas preliminares:

• Orientação interior;

• Orientação exterior.

Para a realização do experimento utilizando o ambiente E-FOTO, visando a

preparação do modelo para o início da restituição, serão seguidos os seguintes

procedimentos:

1º) Carregar o módulo denominado “stereoplotter”,

2º) Abrir os arquivos 016 e 017 que corresponderão às fotos no lado esquerdo e

direito, respectivamente através dos comandos “Open Left” e “Open Right” ;

3º) Carregar o arquivo “01617.txt”, que contém os parâmetros das orientações

interior e exterior, de ambas as imagens do modelo estereoscópico, pelo

comando “Image Data”;

4º) Centralizar as imagens (“Center Imgs”);

5º) Colocar as imagens no modo anaglifo (“Anaglyph”);

32

6º) Realizar os ajustes adicionais porventura necessários, visando-se à obtenção

da visão estereoscópica.

Após os procedimentos supracitados, começa a restituição propriamente dita, por

meio do comando de adicionar feições (“Add new feature”), que cria uma nova

feição. Esta feição pode ser um ponto, linha ou polígono, de acordo com a geometria

que se deseja restituir. Nesse mesmo comando também ocorre a nomeação da

feição.

Para desenhar cada feição, com o botão direito do mouse clica-se no lugar onde

se deseja iniciar a feição e com o botão esquerdo realiza-se o comando de adicionar

ponto (“Add Pt.”). Repete-se esse procedimento assim sucessivamente até o termino

da restituição fotogramétrica da feição. No caso das feições cuja geometria é um

polígono, em particular, após capturar o último ponto da feição, executa-se o

comando de fechar a feição (“Close Ft.”).

Por fim, é necessário encerrar o procedimento de criação da feição através do

comando término da feição (“End Ft.”). Caso o programa indique que não há feição

selecionada, deve-se selecioná-la pela ferramenta “Select”. Após restituir cada

feição, recomenda-se salvá-la com o comando de salvar seguindo a seqüência:

“Editor”, “Save”. É também aconselhável salvar uma cópia de segurança (“back-up”),

ao final de cada jornada de trabalho.

3.3.2 SOLUÇÃO INTERGRAPH (IMAGESTATION SSK)

O kit SSK (Stereo Softcopy Kit) é formado pelo hardware e software necessário

à emulação de uma estação ImageStation: óculos de visualização estereoscópica,

mouse de precisão, placa de vídeo e programas fotogramétricos.

Para a execução dessa etapa foi necessária a realização da orientação interior e

da fototriangulação do modelo. Para isso procedeu-se, primeiramente, da forma

33

tradicional realizada pela 5ª DL, através das coordenadas das marcas fiduciais para

a orientação interior e das coordenadas dos pontos de controle para a

fototriangulação. Porém não foi obtida a precisão necessária para solução Intergraph

para concluir essa etapa. Em seguida tentou-se fornecer para o programa os

parâmetros das orientações interior e exterior que foram utilizados no E-FOTO mas

os mesmos também não conseguiram atingir a precisão mínima dos erros para o

fechamento dessa etapa. Dessa maneira, não foi possível prosseguir com esse

experimento.

34

4 RESULTADOS OBTIDOS

4.1 AMBIENTE E – FOTO

Os resultados obtidos da restituição fotogramétrica pelo ambiente E-FOTO são

arquivos texto com as coordenadas em pixel e de terreno das feições restituídas. As

coordenadas de terreno são dadas em relação ao sistema de referência geodésica

SAD-69. Um exemplo de um ponto restituído no E-FOTO é mostrado a seguir.

1 - Número da feição restituída do arquivo 1 - Número do ponto na feição 1410 - Coordenada da linha da imagem da direita (em pixel) 335 - Coordenada da coluna da imagem da direita (em pixel) 389 - Coordenada da linha da imagem da esquerda (em pixel) 302 - Coordenada da coluna da imagem da esquerda (em pixel) 680616.125000 - Coordenada X de terreno do ponto (em metros) 7465873.000000 - Coordenada Y de terreno do ponto (em metros) 37.225727 - Coordenada Z de terreno do ponto (em metros)

Se a geometria da feição fosse uma linha teríamos a seguinte lista de pontos,

por exemplo:

1 1 1410 335 389 302 680616.125000 7465873.000000 37.225727 1 2 1504 442 483 409 680682.062500

35

7465792.500000 41.114693 ... 1 8 1758 618 751 602 680863.125000 7465660.000000 32.738041

Se a geometria da feição fosse um polígono teríamos a seguinte lista de pontos,

por exemplo:

2 1 2271 927 1287 900 681.235.250.000 7.465.436.500.000 14.589.153 2 2 2266 958 1282 931 681.230.875.000 7.465.414.000.000 14.294.598 ... 2 C1 2271 927 1287 900 681.235.250.000 7.465.436.500.000

36

C1 significa que o polígono foi fechado e são repetidas as coordenadas do primeiro

ponto da geometria. Um extrato de um arquivo texto de restituição do E-FOTO é

mostrado a seguir:

1 1 1410 335 389 302 680616.125000 7465873.000000 37.225727 1 2 1504 442 483 409 680682.062500 7465792.500000 41.114693 ... 1 8 1758 618 751 602 680863.125000 7465660.000000 32.738041 2 1 2271 927 1287 900 681.235.250.000 7.465.436.500.000 14.589.153 2 2 2266 958 1282 931 681.230.875.000

37

7.465.414.000.000 14.294.598 ... 2 C1 2271 927 1287 900 681.235.250.000 7.465.436.500.000 4 1 1277 460 272 437 680517.375000 7465794.000000 12.683384 4 2 1367 508 362 485 680582.562500 7465756.000000 16.334028 ... 4 16 2798 1060 1820 1029 681618.187500 7465333.500000 17.595623 ...

Neste exemplo o arquivo pula da feição dois para a feição quatro. Isto acontece

pois o operador restituiu a feição dois e adicionou a próxima feição a ser restituída

(feição três) mas devido a algum erro cometido pelo mesmo durante a restituição

desta feição a mesma teve de ser apagada pelo restituidor. Ao ser adicionada uma

38

nova feição o programa adiciona a feição quatro e não a feição três novamente,

mesmo a feição três não tendo sido restituída.

4.2 INTERGRAPH (IMAGESTATION SSK)

Não foram obtidos resultados para a solução Intergraph, pelos motivos

anteriormente expostos na seção 3.3.2.

39

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS

5.1 DIFICULDADES ENCONTRADAS

Durante o experimento do módulo de restituição do E-FOTO, algumas

dificuldades foram detectadas.

• Inicialmente percebeu-se que a ferramenta de zoom não favorece o trabalho

do restituidor, tanto na precisão das medidas quanto na visão geral do

modelo estereoscópico, como pode ser visto na FIG. 5.1.

FIG. 5.1 – Ferramenta de zoom do E-FOTO

40

• Há problemas na função “Add” dentro do Editor. Esta função, quando

solicitada, não executa qualquer tipo de ação.

FIG. 5.2 – Função “Add” dentro do Editor

• Há dificuldade de suavização da linhas para feições curvas devendo-se

utilizar muitos pontos a restituição das mesmas. Isto pode ser visualizado na

FIG. 5.3 na restituição de uma obra de arte

41

FIG. 5.3 – Exemplo da dificuldade de suavização de linhas na restituição fotogramétrica digital no

E-FOTO

5.2 COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS

A comparação entre os resultados obtidos pelo E-FOTO com os resultados

obtidos pela solução Intergraph (ImageStation SSK) não foi possível, já que não se

realizou a restituição do modelo neste último ambiente. Neste sentido, a solução

adotada foi a de comparar os resultados do E-FOTO com a base vetorial 2D da

cidade do Rio de Janeiro, em escala 1:2000, do Instituto Municipal De Urbanismo

Pereira Passos (IPP). Esta comparação se dará de duas maneiras, a saber: através

do Padrão de Exatidão Cartográfica (PEC) e; por uma análise visual.

42

5.2.1 PADRÃO DE EXATIDÃO CARTOGRÁFICA

De acordo com o decreto nº 89817, de 20/06/1984 - Instruções Reguladoras das

Normas Técnicas da Cartografia - a classificação de uma carta quanto à exatidão é

feita da seguinte maneira:

Art 8º - As cartas, quanto à sua exatidão, devem obedecer ao Padrão de Exatidão

Cartográfica – PEC, segundo o critério abaixo indicado:

• 90% dos pontos bem definidos numa carta, quando testados no terreno, não

deverão apresentar erro superior ao PEC Planimétrico estabelecido.

• 90% dos pontos isolados de altitude, obtidos por interpolação de curvas-de-

nível,

quando testados no terreno, não deverão apresentar erro superior ao PEC

Altimétrico estabelecido.

O PEC é um indicador estatístico de dispersão, relativo a 90% de probabilidade,

que define a exatidão de trabalhos cartográficos. A probabilidade de 90%

corresponde a 1,6449 vezes o Erro-Padrão.

A classificação das cartas é dada da seguinte maneira:

TAB. 5.1 – Classificação das cartas (PEC)

CLASSE PEC PLANIMÉTRICO

ERRO -PADRÃO

PEC ALTIMÉTRICO

ERRO -PADRÃO

A 0,5 mm, na escala da carta

0,3 mm na escala da

carta

metade da eqüidistância

entre as curvas de

nível

um terço desta

eqüidistância

B 0,8 mm, na escala da carta

0,5 mm, na escala da

carta

três quintos da eqüidistância

entre as curvas de

nível

dois quintos desta

eqüidistância

43

CLASSE PEC PLANIMÉTRICO

ERRO -PADRÃO

PEC ALTIMÉTRICO

ERRO -PADRÃO

C 1,0 mm, na escala da carta

0,6 mm, na escala da

carta

três quartos da eqüidistância

entre as curvas de

nível

metade desta

eqüidistância

Fonte: BRASIL. Decreto nº 89817, de 20 de junho de 1984

Como a base do IPP só apresenta as coordenadas de planimetria só será

analisado o PEC planimétrico. Para isso foram escolhidos trinta pontos bem

distribuídos na área do modelo estereoscópico que também pertencessem a base

do IPP. Os pontos são mostrados na figura abaixo e suas coordenadas na TAB. 5.2.

FIG. 5.4 – Pontos de Teste para o PEC planimétrico

44

TAB. 5.2 – Coordenadas dos pontos de teste para o PEC

EFOTO IPP E N E N

1 680849,25 7465652,5 680841,25 7465652,29

2 681383,25 7465547 681383,59 7465560,86

3 681096,06 7465556,5 681097,76 7465557

4 681247,93 7465525,5 681248,36 7465523,49

5 680686,75 7465517,5 680688,23 7465525,35

6 680745,87 7465500,5 680744,14 7465503

7 681164,31 7465418,5 681165,64 7465416,74

8 681517,18 7465383,5 681517,93 7465378,03

9 680745,31 7465316 680745,54 7465315,69

10 680575,5 7465204,5 680584,84 7465207,86

11 680449,25 7465384 680456,3 7465383,35

12 680798 7465282,5 680815,02 7465273,29

13 681019,56 7465067 681020,3 7465065,63

14 681128,75 7465147 681126,37 7465144,17

15 680836,5 7464970 680836,05 7464969,62

16 680666,81 7464929,5 680666,58 7464928,8

17 681174,12 7464983 681173,58 7464984,27

18 681030,81 7464761,5 681032,06 7464763,72

19 681050,31 7464615,5 681063,99 7464621,5

20 681211,37 7464915 681202,77 7464919,43

21 681244,62 7465097 681245,13 7465097,7

22 681451,75 7464958,5 681453,9 7464960

23 681570,06 7464884,5 681572,44 7464883,53

24 681477,31 7464751,5 681475,91 7464748,06

25 681359,5 7464791 681355,91 7464787,41

26 681252 7464897 681252,67 7464889,7

27 681117,37 7464436 681117,76 7464439,2

28 681069,18 7464382 681070,32 7464380,65

29 681212,43 7464560,5 681208,45 7464561,74

30 680954,25 7464470 680957,08 7464475,21

45

Os erros planimétricos dos pontos estão listados na tabela abaixo.

TAB. 5.3 – Erros planimétricos dos pontos de teste para o PEC

Pontos Erro Planimétrico (m) Pontos Erro Planimétrico (m)

1 8,002755775 16 0,736817481 2 13,86416965 17 1,380036231 3 1,772004515 18 2,547724475 4 2,055480479 19 14,93795167

5 7,988297691 20 9,673928881 6 3,040213808 21 0,866083137 7 2,206014506 22 2,621545346 8 5,52117741 23 2,57007782 9 0,386005181 24 3,713973614

10 9,925986097 25 5,077026689 11 7,079901129 26 7,330682096 12 19,35211875 27 3,223678024 13 1,557080602 28 1,766946518 14 3,697742555 29 4,168692841 15 0,588982173 30 5,928996542

Comparando-se os erros planimétricos constantes na TAB. 5.3 com a TAB. 5.4,

conclui-se que 27 pontos, num total de 30, ou seja 90%, contém erro inferior ao

limite do PEC planimétrico para classe “C” da escala 1:10.000.

46

TAB. 5.4 – Resultado do PEC

CADASTRAIS

1:1000 1:2000 1:5000 1:10000 1:15000

CLASSE A PEC

PLANIMÉTRICO 0,5m 1m 2,5m 5m 7,5m

ERRO-PADRÃO 0,3m 0,6m 1,5m 3m 4,5m

CLASSE B PEC

PLANIMÉTRICO 0,8m 1,6m 4m 8m 12m

ERRO-PADRÃO 0,5m 1m 2,5m 5m 7,5m

CLASSE C PEC

PLANIMÉTRICO 1m 2m 5m 10m 15m

ERRO-PADRÃO 0,6m 1,2m 3m 6m 9m

TOPOGRÁFICAS

1:25000 1:50000 1:100000 1:250000

CLASSE A PEC

PLANIMÉTRICO 12,5m 25m 50m 125m

ERRO-PADRÃO 7,5m 15m 30m 75m

CLASSE B PEC

PLANIMÉTRICO 20m 40m 80m 200m

ERRO-PADRÃO 12,5m 25m 50m 125m

CLASSE C PEC

PLANIMÉTRICO 25m 50m 100m 250m

ERRO-PADRÃO 15m 30m 60m 150m

A média dos erros foi de 5,119403056m e o desvio-padrão foi de

4,641555813m. Assim, o intervalo de confiança de 90% para a média dos erros

planimétricos da restituição fotogramétrica digital executada é de: 3,4m ≤ erro

planimétrico médio ≤ 6,8m, o que confirma o texto do PEC planimétrico acima

descrito.

5.2.2 ANÁLISE VISUAL

Como o E-FOTO não possui qualquer ferramenta que exporte os resultados da

restituição fotogramétrica para algum formato de CAD, a solução foi converter o

arquivo de pontos gerado pelo E-FOTO para um arquivo de texto com extensão .lsp

em Autolisp, que é baseado na linguagem Lisp. O AutoCAD possui um interpretador

47

de Lisp embutindo, o que permite a interpretação automática de expressões/funções

AutoLisp Cabe ressaltar que as rotinas AutoLisp devem ser carregadas para o

ambiente AutoCAD para que as mesmas possam ser executadas. Isto pode ser feito

na linha de comando, pelo menu Tools/Applications ou de forma automática

incluindo-as no arquivo acad.lsp. Assim será possível visualizar a restituição

fotogramétrica digital realizada no E-FOTO. O arquivo em Autolisp segue o padrão:

(defun nome () (command "view" "seiso" "POINT" (list X1 Y1 Z1) *Cancel* "LINE" (list X2 Y2 Z2) (list X3 Y3 Z3) (list X4 Y4 Z4) (list X5 Y5 Z5) *Cancel* "ZOOM" "E" ) )

A palavra defun é utilizada para definir uma função na linguagem Lisp. Para

definir essa função, deve-se fornecer três parâmetros. O primeiro deles é o nome da

função, o segundo é a lista de variáveis que serão utilizadas na função e o terceiro é

o corpo da função, isto é, as instruções em linguagem Lisp que vão dizer ao

interpretador Lisp o que fazer quando a função for chamada. Esquematicamente

temos: (defun <nome da função> <lista de variáveis> <corpo da função> ). O termo

command permite dar comandos de AutoCAD dentro do Autolisp, os comandos de

AutoCAD devem vir entre aspas. O termo list é uma função Lisp que cria uma lista;

no caso do programa em questão cria-se uma lista de coordenadas, por exemplo

(list X2 Y2 Z2) (list X3 Y3 Z3) (list X4 Y4 Z4) (list X5 Y5 Z5) cria a lista ((X2 Y2 Z2)

(X3 Y3 Z3) (X4 Y4 Z4)( X5 Y5 Z5)).

Os comandos do AutoCAD utilizados foram:

• view: permite modificar a posição do observador, ou seja, alterar o ângulo de

visão ou o ponto de onde o modelo está sendo visualizado. O comando view

seguido do comando seiso modifica a visualização para uma vista isométrica

sudeste.

48

• POINT: desenha um ponto.

• LINE: desenha linhas simples. Este comando desenha uma linha de um ponto

a outro, e aguarda mais um outro ponto para continuar o desenho da linha.

Finaliza-se o comando com Enter ou Esc.

• Cancel: ESC cancela o comando ativo

• ZOOM: zoom em “tempo real”, aumenta o desenho facilitando a visualização

de detalhes.

• E: Apaga uma entidade ou um grupo de entidades selecionadas.

Ao carregar o arquivo do exemplo acima no AutoCAD o software desenha um

ponto e uma linha. Para desenhar um polígono bastaria escrever a expressão do

comando LINE repetindo o primeiro ponto da geometria no final da lista de

coordenadas da seguinte maneira: "LINE" (list X2 Y2 Z2) (list X3 Y3 Z3) (list X4 Y4

Z4) (list X5 Y5 Z5) (list X2 Y2 Z2)*Cancel*. Isto facilitou sobremaneira os trabalhos,

pois o E-FOTO repete o primeiro ponto da geometria polígono ao final da lista de

suas coordenadas (C1). O programa utilizado para a conversão do arquivo texto foi

implementado em Java e seu código fonte encontra-se no “Apêndice A” do presente

relatório.

Após carregar o arquivo Lisp no AutoCAD salvou-se os resultados na extensão

.dxf. Por fim, carregou-se a base do IPP e os resultados da restituição fotogramétrica

digital no ambiente E-FOTO no software ArcGIS, conforme pode ser visto na FIG.

5.2.

49

FIG. 5.5 – Resultado da análise visual da restituição fotogramétrica digital no E-FOTO sobreposta à base vetorial do IPP

5.3 SUGESTÕES PARA MELHORIA DO APLICATIVO

Visando-se ao aprimoramento do E-FOTO em função da experiência prática de

trabalho com o modulo de restituição fotogramétrica digital (“stereoplotter”),

apresentam-se, a seguir as seguintes sugestões para a sua melhoria:

• A medição (inserção) dos pontos que materializam as feições cartográficas

poderia ser feita de forma mais intuitiva, utilizando somente o mouse, sem a

necessidade de recorrer sempre ao menu main.

• Ao carregar uma feição salva, isto é, previamente restituída, o programa

poderia abrir o desenho automaticamente, sem a obrigatoriedade de ter que

recarregar as fotos e as orientações interior e exterior de cada fotograma.

50

• O módulo de restituição deveria permitir ao usuário sobrescrever um arquivo

por cima de uma versão anterior já com todas as feições atualizadas,

evitando assim dezenas de arquivos que, inevitavelmente, são gerados

durante a restituição.

• No processo de se restituir uma nova feição, ao selecionar o “Add new

feature”, o ícone “Hand” poderia ser ativado automaticamente e desativado na

opção “End Feature”, ao termino da restituição da feição.

• Julga-se interessante aprimorar a ferramenta de zoom já existente no

programa, aumentando ou diminuindo a área a ser restituída.

• Outra ferramenta que poderia ser útil à plataforma é a implementação de um

algoritmo que possibilitasse ao operador obter medidas de distâncias e

áreas.

• Uma ferramenta imprescindível não só para o módulo de restituição mas

também para a plataforma como um todo é o desenvolvimento de um módulo

de exibição que facilitaria, entre outras coisas, a visualização da restituição

propriamente dita.

• O trabalho também seria facilitado se fosse possível que cada feição pudesse

ser diferenciada das demais através de cores e diferentes espessuras de

linhas, de acordo com a sua respectiva classe (vide a TBCD).

51

6 CONCLUSÕES

Baseado nos resultados obtidos pelo PEC e por uma análise visual com a base

vetorial do IPP, conclui-se que o módulo de restituição fotogramétrica digital da

plataforma E-FOTO de software livre, no atual estágio em que se encontra, é capaz

de gerar dados de qualidade satisfatória para a produção cartográfica de

documentos nas escalas topográficas e menores. Isso levando em consideração que

os trabalhos foram realizados em imagens digitalizadas a 300 DPI possuindo um

tamanho de pixel de aproximadamente 80µm. A escola alemã recomenda a

utilização de um pixel de 20µm, isto é, dezesseis vezes melhor do que o trabalhado

no E-FOTO. Além disso deve-se considerar que os trabalhos foram realizados por

operadores sem experiência de restituição e, mesmo assim, os resultados obtidos

são satisfatórios. No entanto acredita-se que o E-FOTO não apresenta condições

necessárias para ser utilizado na produção no âmbito da DSG, já que ainda precisa

de melhoramentos na sua interface com o usuário e funcionalidades para otimizar

sua utilização a fim de que possa vir a ser efetivamente empregado com essa

finalidade.

Espera-se que estas sugestões vir a contribuir com o desenvolvimento do projeto

E-FOTO.

52

7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Além das propostas apresentadas na seção 5.3, crê-se que uma possível

proposta para trabalhos futuros seria a de testar o padrão de exatidão cartográfica

relativo a altimetria, já que isto não foi possível neste trabalho. Seria também de

grande valia testar o módulo de restituição fotogramétrica digital do E-FOTO

utilizando fotos de digitalizadas numa resolução maior que a de 300 DPI.

53

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Decreto nº 89817, de 20 de junho de 1984. Instruções Reguladoras das

Normas Técnicas da Cartografia Nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 27 jun.1984. Disponível em: http://www.presidencia.gov.br/ccivil=03/decreto/1980-1989/D89817.htm [capturado em 5 maio 2007]

COELHO FILHO, L.C.T. e Jorge Luís N.S. BRITO, Fotogrametria Digital. Editora

da Universidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Brasil: 2007. Command - CUI Cross Reference. Ralph Grabowski. Disponível em:

http://www.upfrontezine.com/eBooks/cuixref.pdf [capturado em 20 abr. 2008] DCC-FEC-UNICAMP. Programando em Autolisp – Introdução. R.C. Ruschel,

1997 Disponível em: http://www.fec.unicamp.br/~regina/alisp1.html [capturado em 20 abr. 2008]

EXÉRCITO BRASILEIRO. 1ª Divisão de Levantamento. Normas Provisórias para

Fotogrametria Digital. Porto Alegre, Brasil: 2000. EXÉRCITO BRASILEIRO. Restituição Fotogramétrica – T34-303 – Manual

Técnico. 1ª Edição. Brasília, Brasil: 1976. The GNU Operating System. Disponível em: http://www.gnu.org/ [capturado em 10

jun. 2008]

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Departamento de Cartografia. Apostila de Noções Básicas de Cartografia,1998. Disponível em: www.geografia.fflch.usp.br/graduacao/apoio/Apoio/Apoio_Raffo/pdf/T3.pdf [capturado em 2 set. 2007]

INSTITUTO MUNICIPAL DE URBANISMO PEREIRA PASSOS. Base Vetorial

Planimétrica. Conjunto de arquivos. 1 CD-ROM. Licenses – GNU GPL, GNU LGPL, GNU FDL, General Public License, Lesser

General Public License, Free Documentation License, List of Free Software licenses. Disponível em: http://www.gnu.org/licenses/licenses.html [capturado em 10 jun. 2008]

Projeto E-FOTO. Disponível em: http://www.efoto.eng.uerj.br [capturado em 15 jan.

2008]

Qt Cross-Platform Application Framework – Trolltech. Disponível em: http://trolltech.com/products/qt [capturado em 13 jun. 2008]

ROCHA, Carlos Henrique Oliveira da, PIORNO, José Lauro, FREIRE, Ricardo

Ramos. UMA DISCUSSÃO HISTÓRICA SOBRE A FOTOGRAMETRIA. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Departamento de Engenharia Cartográfica

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Lisp Primer. Colin Allen & Mneesh Dhagat. Disponível em: http://mypage.iu.edu/~colallen/lp / [capturado em 20 abr. 2008]

U.S. ARMY CORPS of ENGINEERS – Department of the army. Engineering and

Design PHOTOGRAMMETRIC MAPPING – EM 1110-1-1000 –Washington, USA: 2002

WOLF, P. R. Elements of photogrammetry. N. York, Mac Graw Hill. 1983. 626pp

55

ANEXO A– CERTIFICADO DE CALIBRAÇÃO DA CÂMARA

Fonte: http://www.efoto.eng.uerj.br/pt-br:download

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ANEXO B – FICHAS DE OCUPAÇÃO E DESCRIÇÃO DOS PONTOS

Fonte: http://www.efoto.eng.uerj.br/pt-br:download

58

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APÊNDICE A – CÓDIGO FONTE DO PROGRAMA DE CONVERSÃO

package pacote; import com.jgoodies.forms.layout.CellConstraints; import com.jgoodies.forms.layout.FormLayout; import java.awt.BorderLayout; import java.awt.Container; import java.awt.Dimension; import java.awt.event.WindowAdapter; import java.awt.event.WindowEvent; import java.io.BufferedReader; import java.io.FileNotFoundException; import java.io.FileOutputStream; import java.io.FileReader; import java.io.IOException; import java.io.PrintStream; import javax.swing.Box; import javax.swing.ImageIcon; import javax.swing.JFileChooser; import javax.swing.JFrame; import javax.swing.JLabel; import javax.swing.JPanel; import javax.swing.JTextField; import javax.swing.JToggleButton; public class Layout extends JPanel { JToggleButton m_jtogglebutton1 = new JToggleButton(); JTextField m_jtextfield1 = new JTextField(); JTextField m_jtextfield2 = new JTextField(); JToggleButton m_jtogglebutton2 = new JToggleButton(); /** * Default constructor */ public Layout() { initializePanel(); } /** * Main method for panel */ public static void main(String[] args) { JFrame frame = new JFrame(); frame.setSize(300, 200); frame.setLocation(100, 100); frame.getContentPane().add(new Layout()); frame.setVisible(true);

65

frame.addWindowListener( new WindowAdapter() { public void windowClosing( WindowEvent evt ) { System.exit(0); } }); } /** * Adds fill components to empty cells in the first row and first column of the grid. * This ensures that the grid spacing will be the same as shown in the designer. * @param cols an array of column indices in the first row where fill components should be added. * @param rows an array of row indices in the first column where fill components should be added. */ void addFillComponents( Container panel, int[] cols, int[] rows ) { Dimension filler = new Dimension(10,10); boolean filled_cell_11 = false; CellConstraints cc = new CellConstraints(); if ( cols.length > 0 && rows.length > 0 ) { if ( cols[0] == 1 && rows[0] == 1 ) { /** add a rigid area */ panel.add( Box.createRigidArea( filler ), cc.xy(1,1) ); filled_cell_11 = true; } } for( int index = 0; index < cols.length; index++ ) { if ( cols[index] == 1 && filled_cell_11 ) { continue; } panel.add( Box.createRigidArea( filler ), cc.xy(cols[index],1) ); } for( int index = 0; index < rows.length; index++ ) { if ( rows[index] == 1 && filled_cell_11 ) { continue; } panel.add( Box.createRigidArea( filler ), cc.xy(1,rows[index]) ); }

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} /** * Helper method to load an image file from the CLASSPATH * @param imageName the package and name of the file to load relative to the CLASSPATH * @return an ImageIcon instance with the specified image file * @throws IllegalArgumentException if the image resource cannot be loaded. */ public ImageIcon loadImage( String imageName ) { try { ClassLoader classloader = getClass().getClassLoader(); java.net.URL url = classloader.getResource( imageName ); if ( url != null ) { ImageIcon icon = new ImageIcon( url ); return icon; } } catch( Exception e ) { e.printStackTrace(); } throw new IllegalArgumentException( "Unable to load image: " + imageName ); } public JPanel createPanel() { JPanel jpanel1 = new JPanel();

FormLayout formlayout1 = new FormLayout("FILL:DEFAULT:NONE,FILL:DEFAULT:NONE,FILL:171PX:NONE,FILL:DEFAULT:NONE,FILL:DEFAULT:NONE,FILL:DEFAULT:NONE,FILL:DEFAULT:NONE","CENTER:DEFAULT:NONE,CENTER:DEFAULT:NONE,CENTER:DEFAULT:NONE,CENTER:DEFAULT:NONE,CENTER:DEFAULT:NONE,CENTER:DEFAULT:NONE,CENTER:DEFAULT:NONE");

CellConstraints cc = new CellConstraints(); jpanel1.setLayout(formlayout1); m_jtogglebutton1.setActionCommand("Abrir"); m_jtogglebutton1.setText("Abrir"); jpanel1.add(m_jtogglebutton1,cc.xy(4,5)); jpanel1.add(m_jtextfield1,cc.xy(3,5)); jpanel1.add(m_jtextfield2,cc.xy(3,6)); JLabel jlabel1 = new JLabel(); jlabel1.setText("Selecione a entrada e insira nome da saida"); jlabel1.setHorizontalAlignment(JLabel.CENTER); jpanel1.add(jlabel1,cc.xywh(3,3,4,1)); m_jtogglebutton2.setActionCommand("Calcular");

67

m_jtogglebutton2.setText("Converter"); jpanel1.add(m_jtogglebutton2,cc.xy(3,7)); addFillComponents(jpanel1,new int[]{ 1,2,3,4,5,6,7 },new int[]{ 1,2,3,4,5,6,7 }); return jpanel1; } /** * Initializer */ protected void initializePanel() { setLayout(new BorderLayout()); add(createPanel(), BorderLayout.CENTER); m_jtogglebutton1.addActionListener(new java.awt.event.ActionListener() { public void actionPerformed(java.awt.event.ActionEvent e) { JFileChooser abrir = new JFileChooser(); abrir.showOpenDialog(null); if (abrir.getSelectedFile() != null) m_jtextfield1.setText(abrir.getSelectedFile().getAbsolutePath()); } }); m_jtogglebutton2.addActionListener(new java.awt.event.ActionListener() { public void actionPerformed(java.awt.event.ActionEvent e) { String str , str_aux = null; String path = m_jtextfield1.getText() ,nome = m_jtextfield2.getText(); FileReader reader = null; try { reader = new FileReader(path); } catch (FileNotFoundException e1) { // TODO Auto-generated catch block e1.printStackTrace(); } BufferedReader leitor = new BufferedReader(reader) ; FileOutputStream saida = null; PrintStream fileSaida = null; try { saida = new FileOutputStream(nome+".LSP"); fileSaida = new PrintStream(saida); } catch (FileNotFoundException e2) {

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e2.printStackTrace(); } fileSaida.println("(defun " + nome + " ()"); fileSaida.println(" (command"); fileSaida.println(" \"view\""); fileSaida.println(" \"seiso\""); int i[],cont=0,cont_line=0,cond=1; i = new int[2]; double x=0,y=0,z=0; try { while( cond == 1 ) { if (cont == 0) { str = leitor.readLine(); i[0] = Integer.parseInt(str.substring(0,1)); str_aux = leitor.readLine(); str = leitor.readLine(); str = leitor.readLine(); str = leitor.readLine(); str = leitor.readLine(); str = leitor.readLine(); x = Double.parseDouble(str); str = leitor.readLine(); y = Double.parseDouble(str); str = leitor.readLine(); z = Double.parseDouble(str); cont ++; } else { str = leitor.readLine(); if ( str!=null ) { i[1] = Integer.parseInt(str.substring(0,str.length())); if (i[0] == i[1]) { if ( cont_line == 0 ) fileSaida.print("\"LINE\" (list " + x + " " + y + " " + z + ") "); else fileSaida.print("(list " + x + " " + y + " " + z + ") "); cont_line++; } else {

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if ( cont_line != 0 ) fileSaida.println("(list " + x + " " + y + " " + z + ") *Cancel*"); else fileSaida.println("\"POINT\" (list " + x + " " + y + " " + z + ") "); i[0]=i[1]; cont_line = 0; } str_aux = leitor.readLine(); str = leitor.readLine(); str = leitor.readLine(); str = leitor.readLine(); str = leitor.readLine() str = leitor.readLine(); x = Double.parseDouble(str); str = leitor.readLine(); y = Double.parseDouble(str); str = leitor.readLine(); z = Double.parseDouble(str); } else { if ( cont_line == 0 ) fileSaida.print("\"POINT\" (list " + x + " " + y + " " + z + ")"); else fileSaida.println("(list " + x + " " + y + " " + z + ") *Cancel*"); fileSaida.println(" \"ZOOM\""); fileSaida.println(" \"E\""); fileSaida.println(" )"); fileSaida.println(")"); cond = 0; } } } } catch (IOException e1) { // TODO Auto-generated catch block e1.printStackTrace(); } } }); } }