mini contos - ana luísa

5
A pedra no caminho Um rei era muito sábio. Tudo o que ele fazia era ensinar o seu povo a ser trabalhador e cauteloso. Ele sempre dizia que uma nação não tem futuro se o povo só reclama e pede que os outros resolvam os seus problemas. As coisas boas só acontecem quando nós damos conta das nossas questões. Pois um dia, o rei resolveu colocar uma pedra no meio do caminho que levava até o palácio e escondeu-se atrás de uma cerca. Logo apareceu um fazendeiro com a sua carroça cheia de sementes que ele levava para a moagem. Quando viu a pedra no caminho, teve que desviar a parelha de cavalos e ficou muito irritado com aquilo. Reclamou, xingou e disse: - Como é que alguém deixa uma pedra no meio do caminho? Mas em nenhum momento lhe passou pela cabeça remover a pedra. Logo em seguida chegou um grande soldado com a espada reluzente à cintura, pensando nas suas bravuras, na sua coragem, na próxima batalha… Não viu a pedra! Tropeçou, caiu, se estatelou no chão. Levantou-se muito mal-humorado, limpando a poeira do corpo e reclamando daquela pedra no caminho: - “Como alguém deixa uma pedra no meio do caminho? ”. Mas ele também não teve ideia de tirá-la. E assim foi durante o dia inteiro. As pessoas passavam, xingavam, reclamavam, mas ninguém tomava uma atitude. Até que à noite, a filha do moleiro passou por ali e quando viu a pedra pensou: - “Está escurecendo, alguém pode não ver essa pedra e se ferir. Acho bom tirá-la do caminho.

Upload: gabriela-betina-maldonado

Post on 09-Sep-2015

4 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

mini contos

TRANSCRIPT

A pedra no caminho

Um rei era muito sbio. Tudo o que ele fazia era ensinar o seu povo a ser trabalhador e cauteloso. Ele sempre dizia que uma nao no tem futuro se o povo s reclama e pede que os outros resolvam os seus problemas. As coisas boas s acontecem quando ns damos conta das nossas questes.Pois um dia, o rei resolveu colocar uma pedra no meio do caminho que levava at o palcio e escondeu-se atrs de uma cerca. Logo apareceu um fazendeiro com a sua carroa cheia de sementes que ele levava para a moagem. Quando viu a pedra no caminho, teve que desviar a parelha de cavalos e ficou muito irritado com aquilo. Reclamou, xingou e disse: - Como que algum deixa uma pedra no meio do caminho? Mas em nenhum momento lhe passou pela cabea remover a pedra. Logo em seguida chegou um grande soldado com a espada reluzente cintura, pensando nas suas bravuras, na sua coragem, na prxima batalha No viu a pedra! Tropeou, caiu, se estatelou no cho. Levantou-se muito mal-humorado, limpando a poeira do corpo e reclamando daquela pedra no caminho: - Como algum deixa uma pedra no meio do caminho? . Mas ele tambm no teve ideia de tir-la.E assim foi durante o dia inteiro. As pessoas passavam, xingavam, reclamavam, mas ningum tomava uma atitude.At que noite, a filha do moleiro passou por ali e quando viu a pedra pensou: - Est escurecendo, algum pode no ver essa pedra e se ferir. Acho bom tir-la do caminho. E, apesar de ser uma frgil menina, conseguiu arrastar a pedra e tir-la do caminho. E, quando tirou a pedra, viu que, embaixo dela, havia uma caixa com um bilhete em cima onde estava escrito: Esta caixa pertence a quem remover a pedra. Quando ela abriu a caixa, ela estava repleta de ouro. Ela voltou para a casa feliz da vida, e o rei voltou para o seu palcio para dormir tranquilo.

As longas colheres

Havia um rei, muito sbio, muito generoso. Um pouquinho extravagante. Este rei amava o seu povo mais do que tudo. Mas se ressentia ao ver que seus sditos no andavam muito solidrios, no cooperavam uns com os outros. Ento, ele resolveu dar conta da situao dando uma grande festa em seu castelo. Convidou todos os seus sditos. No dia combinado, o palcio estava todo iluminado, um grande tapete vermelho se estendia sua porta. Naquela festa havia tudo que se pudesse imaginar para uma festa ser perfeita. Mas faltava o essencial: no tinha comida. Nada era servido para os convidados. Quando os humores comearam a ficar um pouco exaltados, viram uns garons chegarem com bandejas com pequenas caixinhas. Quando as pessoas abriram as caixinhas, l dentro no havia nada para comer, apenas uns pequenos mimos que o rei oferecia aos seus convivas.Quando o pblico j estava ficando um pouco mal-humorado e irritado, as portas de um salo contguo se abriram e l de dentro exalou um agradvel cheiro de uma sopa que fervia no imenso caldeiro.Todos entraram naquele salo desesperados de fome e loucos para comer. Procuraram seus pratos, procuraram seus talheres, mas no havia pratos. Apenas umas imensas colheres enfiadas no caldeiro e, como o caldeiro era de ferro e as colheres tambm, elas estavam fervendo. S dava para segur-las por uma pequena haste de madeira que elas traziam a uma ponta. As pessoas, ento, seguravam aquela haste, enfiavam no caldeiro, tentavam comer, mas as colheres no chegavam sua boca. At que de repente, um dos convidados enfiou a grande colher no caldeiro e ofereceu ao amigo da frente. O outro, por sua vez, pegou a sua colher e devolveu o agrado ao companheiro. E assim, o outro pegou a colher e alimentou o outro. E o outro alimentou o outro E as pessoas, aos poucos, foram matando a sua fome E perceberam que, naquele castelo, para matar a fome, era preciso que um ajudasse o outro, e a festa durou at o sol raiar.

Carne de lngua

Era uma vez um rei que apaixonou-se perdidamente por uma rainha. Casou-se com ela e levou-a para morar no seu castelo. Mas, no dia em que a rainha pisou no castelo, misteriosamente, adoeceu.O rei, ento, chamou todos os curandeiros, que fizeram magias, poes, mas nada da rainha melhorar. Desesperado, montou em seu cavalo e partiu E chegou num campo, onde havia uma casinha solitria l no meio. O rei resolveu olhar pela janela. E quando olhou l dentro viu um homem que mexia a boca sem parar e, na frente dele, a esposa, gordinha, corada, saudvel, feliz O rei bateu a porta da casa e o campons assustado perguntou: - Oh, Majestade, o que deseja aqui na minha humilde casa? O rei disse: Oh, campons, o que que voc faz para sua esposa ser assim: to saudvel, to feliz? O campons disse: Oh, Majestade, eu alimento a minha esposa, todos os dias, com carne de lngua. O rei achou aquilo um pouco estranho, mas no havia tempo a perder.Quando chegou no castelo, chamou logo o cozinheiro real e disse: -Cozinheiro, quero que voc prepare, para hoje, uma sopa com lngua de todos os animais que voc puder encontrar. A rainha fez um esforo e: -Aj, Aj- tomou um prato inteiro de sopa, achando que, no dia seguinte, ia acordar lepe de fagueira, mas quem disse: acordou pior ainda!O rei, ento, desesperado, chamou o guarda e disse: -Guarda, leve a rainha para a casa do campons e traga a esposa do campons para o nosso palcio. O rei alimentou-a com carne de lngua todos os dias, mas a esposa do campons definhava dia a dia.Desesperado, o rei resolveu lev-la de volta para o seu marido e ver como estava a rainha.Quando chegou l e, na frente dele, a rainha: gordinha, corada, saudvel, feliz. Disse:- Oh, campons, o que que voc fez para a minha esposa ficar assim? . O campons disse: - Eu que pergunta, Majestade, o que que o senhor est fazendo? - Eu estou fazendo o que voc mandou. Eu alimentei a minha esposa e a sua esposa, todos os dias, com sopa de carne de lngua. - No, Majestade, no. Quando eu disse para voc que eu alimentava a minha esposa com carne de lngua, eu queria dizer que eu alimentava ela com as histrias que eu conto com a minha lngua. Eu converso com ela, eu olho pra ela. Eu ouo a minha esposa e conto as histrias que ela quer ouvir. Agora o rei tinha entendido. Levou sua esposa de volta para o castelo e, a partir daquele dia, ele contava uma histria diferente a cada dia, e dizem que a rainha nunca mais adoeceu.