minha imagem privada para o mundo · 2019-11-19 · 3 sumário: apresentação (re)pensar, por...
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Câmara Municipal de Porto Alegre
Escola do Legislativo Julieta Battistioli
Núcleo de Estudos e Pesquisas
Secretaria da Justiça e do Desenvolvimento Social
Fundação de Atendimento Sócio-Educativo
Case POA 1
Catálogo da Exposição:
MINHA IMAGEM “PRIVADA” PARA O MUNDO
Tema: Meu conflito de vida e suas consequências
Porto Alegre, novembro de 2019
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Sumário:
Apresentação
(Re)pensar, por Lucas dos Santos
Em Algum momento, por Jorge Carvalho
Carta de despedida, por Lucas dos Santos
Fotos Selecionadas:
Minha imagem “privada” para o mundo
1.NO CASE POA 1 - Minha história de vida inicia....
2.ATIVIDADES E EXPERIÊNCIAS - ...porém muitos fatores podem
nos levar para outros caminhos...
3. DISCIPLINA E RECUPERAÇÃO - ...que não tem mais volta...
4. LIÇÃO PARA A VIDA - ... que a nossa experiência até aqui,
possa ajudar outros jovens a não cometer os mesmos tropeços
da nossa caminhada...e não se tornarem uma peça no jogo da
vida.
CARTA DE DESPEDIDA, por Lucas dos Santos.
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Apresentação
O trabalho relata a história de alguns adolescentes em conflito
com a lei do “CASE POA I”. Trabalho iniciado com a participação
e organização do projeto de Neusa Maria Machado Zoch em
maio de 2019, de construção textual e sensibilização, sendo eles
fotografados no seu cotidiano, realizado assim o ensaio
fotográfico com a agente Dirceia Fajardo, e em atividades no
CASE com a mediadora de leitura, Maria Regina Abbud Dorneles
com discussões dialogadas (café com letras) e produções textuais
e contou também com o trabalho em conjunto do programa
APRENDIZ LEGAL do CIEE, através do Instrutor Wagner Gonçalves
Trindade e turma.
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(RE) PENSAR, por Lucas dos Santos
A consequência do envolvimento com o tráfico de drogas, roubos
e homicídios é perder a liberdade. O desafio é se ressocializar,
mas de que maneira? Os períodos atrás das grades podem não
oferecer perspectivas de futuro até mesmo de um recomeço
depois de um passado marcado por más escolhas.
Alguns procuram coragem mesmo quando tudo dá errado, usa
como base o apego à família, filhos e buscam algo como um
refúgio, talvez nos pensamentos. Quem sabe o que um preso
pensa? Há quem diga que se pense em maldade e crime. Quem
pode dizer algo sem ter essa experiência? Eu posso dizer, pois
estou privado de liberdade há mais de um ano. Há quem me
julgue por minhas escolhas erradas, também tem quem tenta me
ajudar de alguma forma, mas eu sim posso dizer o que um preso
pensa. Muitas vezes, pensa em jogar a vida pro alto e “foda-se”
o resto, pois passa todos os dias por humilhações inclusive como
a ter de pedir permissão até para uso do banheiro.
Falo por mim, cujo maior pensamento é sair daqui diferente do
momento que cheguei, pois para que serve a cadeia? Mudar a
vida do preso? Voltar para a família depois de ser restaurado?
Para punir? Para vingança? Para se livrar de um incomodo? Essas
são questões que nos deparamos dentro do sistema.
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Existem dois tipos de presos, aquele que olha para o chão e
aquele que olha para a janela, como diz Mario Sérgio Cortella. A
meu ver o preso que olha para a janela nada mais é do que o que
busca ver um novo futuro e o que olha para o chão é o
inconformado que não pensa em nada, ainda mais quando
acorda estressado por ter sonhado com a vida lá fora.
Todas as escolhas têm consequências, as que passaram não
podem ser mudadas, mas as que virão com naturalidade devem
ser pensadas em uma situação e outra, qual a melhor a seguir.
Como dizem: o plantio é opcional, mas a colheita é obrigatória.
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EM ALGUM MOMENTO, por Jorge dos Santos
Talvez não seja agora, mas em algum momento a cabeça gira o
humor muda o sentimento aflora a saudade, aperta a vontade de
estar lá fora, sem o quadrado do sol ou da lua para me
incomodar, sem o silêncio do corredor para me amedrontar.
Em algum momento, a vida me deu uma segunda chance, cabe a
mim não desperdiçar. Aproveitar com a ingenuidade que “cai”
desse lugar com a experiência que adquiri.
Entre uma batia e outra de cadeado confundo com a batida de
meu coração. O barulho que o cadeado que o cadeado faz não
chega nem perto do barulho do meu coração. Em algum
momento, sei que o coração vai precisar ouvir o barulho do
cadeado para poder disparar em lágrimas de felicidade, em
sentir-me solto, voltando a encontrar o que mais queria: a
liberdade!
Talvez a caminhada até a liberdade seja pesada dolorida e até
meso lenta. Por vários corredores e paredes deixo uma história
que ficará marcada por gritos, silêncio, agonias, dias ruins, dias
bons, alegrias e choros. É uma mistura de sentimentos que em
algum momento, não deixarão eu desistir de lutar, de aprender,
de pedir desculpas, de perdoar, de mudar.
Em algum momento eu sei que vou embora. Mas, embora para
onde? Para outra vida ou para alguma outra etapa? O que
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importa é que com uma caneta e um papel posso registrar tudo
o que penso, aprendo e quero daqui por diante.
A experiência que tive talvez não tenha sido uma das melhores,
mas em algum momento da vida, quando me lembrar de tudo
isso que passei serei muito melhor do que no momento que
escrevi este texto, mas isso vai ser em algum momento...
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Fotos Selecionadas
Minha imagem “privada” para o mundo
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NO CASE POA 1
Minha história de vida inicia....
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ATIVIDADES E EXPERIÊNCIAS
...porém muitos fatores podem nos levar para outros
caminhos...
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DISCIPLINA E RECUPERAÇÃO
...que não tem mais volta...
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LIÇÃO PARA A VIDA
... que a nossa experiência até aqui, possa ajudar outros jovens
a não cometer os mesmos tropeços da nossa caminhada...e não
se tornarem uma peça no jogo da vida.
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CARTA DE DESPEDIDA, por L. da S.
De tudo na vida devemos tirar um aprendizado. Isso é fato. O que
interfere é quem quer e o que tu faz para querer. Pus isso em
prática e tive alguns aprendizados tais como: o gosto pela leitura,
à facilidade para a escuta, para o diálogo e para me expressar.
Depois de um ano e três meses aqui no POA I me fez entender o
valor que cada pessoa tem e o que ela nos traz, talvez se eu
tivesse me focado nisso antes não chegaria ao ponto de me
prender. Mas coisas ruins acontecem na vida da gente, às vezes,
é para nos melhorar em algo.
Ao chegar aqui algumas pessoas me disseram a seguinte frase: o
conhecimento é a única coisa que ninguém nos tira. Foi ai que eu
tive a certeza que deveria adquirir cada dia mais conhecimento.
Foi então que comecei a ficar mais curioso e de tudo eu queria
saber o significado até das palavras que escutava.
Conheci pessoas muito legais, como as Donas da Biblioteca que
me ajudaram a montar o texto para o Concurso Literário. Nos
cafés com letras me fizeram por o tico e o teco para trabalhar.
Quando me lembro do dizer que diz assim: enquanto a gente fala,
fala, fala o silêncio escuta e cala. Tem outra frase que a Dona
Débora me fez pensar: na cadeia existem dois tipos de preso: “o
que olha para a janela e o que olha para o chão”, que maturidade.
O pior é que vou sentir saudades da biblioteca, dos cursos, da
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oficina de crochê e de outras atividades. Acredito que também
vou deixar saudades para alguém porque cara bela eu não tenho.
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CRÉDITOS
EXPOSIÇÃO: MINHA IMAGEM «PRIVADA” PARA O MUNDO
Câmara Municipal de Porto Alegre: Presidente Vereadora Mônica Leal
Escola do Legislativo Julieta Battistioli: Núcleo de Estudos e Pesquisas
Presidente: Wambert di Lorenzo
Diretor Geral: Lúcio Almeida
Diretor Pedagógico: Jorge Barcellos
Estado do Rio Grande do Sul
Secretaria da Justiça e do Desenvolvimento Social
Fundação de Atendimento Sócio-Educativo
Presidente: Antônio Carlos Rocha Almeida
Unidade Case Poa 1 –
Direção: Maurício Pozzolo
Assistente de Direção: Bruna Rochele da Cunha e Paulo Brossard de Oliveira
Pedagogos: Marielle Meirelles, Nara Beatriz de Oliveira e Sheia Cilene Silva Machado
Execução
Assessoria: Neuza Maria Machado Zoch e Sandrali de Campos Bueno
Mediação de Leitura: Maria Regina Abbud Dorneles
Fotografia: Dirceia Fajardo e Débora Renata Neto
Textos «Repensar» e «Em algum momento»
redigidos por adolescente do Case POA 1 na biblioteca.
Exposição integrante da Programação da Semana de Consciência Negra
e Ação Antirracismo da Câmara Municipal de Porto Alegre de 2019
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Realização:
CASE POA 1