minha exegese2 1
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Exegese de AtosTRANSCRIPT
NELSON DOS SANTOS FERREIRA
Exegese de João 1.43-51
Exegese no Evangelho de João 1.43-51,
para atender às exigências da disciplina
“Exegese do Novo Testamento 1”,
ministrada pelo Rev. João Paulo Thomaz
de Aquino, no Seminário Teológico
Presbiteriano JMC.
Seminário Teológico Presbiteriano José Manoel da Conceição
São Paulo - 2012
Sumário
Introdução ............................................................................................................. 03
1 Estudo Contextual ............................................................................................... 04
1.1 Contexto Histórico ......................................................................................... 04
1.2 Contexto Literário ......................................................................................... 08
1.2.1 Contexto Remoto ............................................................................................. 08
1.2.2 Contexto Próximo ............................................................................................ 10
1.2.3 Estrutura do Contexto ..................................................................................... 12
1.3 Contexto Canônico ........................................................................................ 13
2 Estudo Textual ..................................................................................................... 15
2.1 Tradução ....................................................................................................... 16
2.2 Estrutura do Texto ......................................................................................... 18
2.2.1 Estrutura Clausal ............................................................................................. 18
2.2.2 Justificação da Perícope .................................................................................. 19
2.3 Comentário ................................................................................................... 19
2.4 Mensagem para a época da escrita ................................................................ 22
2.5 Mensagem para todas as épocas ................................................................... 23
2.6 Teologia do texto .......................................................................................... 23
2.6.1 Implicações para a Teologia Bíblica ................................................................. 23
2.6.2 Implicações para a Teologia Sistemática ......................................................... 23
2.6.3 Implicações para a teologia prática ................................................................. 23
3 Sermão ................................................................................................................ 24
Conclusão ............................................................................................................... 25
Bibliografia ............................................................................................................. 26
INTRODUÇÃO
“Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e
a quem se referiram os profetas...”.
O evangelho segundo João é tão impressionante e inspirador que figura entre os livros
mais lidos e amados da bíblia. Se tivéssemos que dar um subtítulo, o chamaríamos de O
Evangelho da Fé. João menciona a palavra “crer” aproximadamente cem vezes evangelho,
em contraste com os sinóticos, que mencionam menos da metade. 1
João 1.43-51 nos mostra como os primeiros discípulos de Cristo Creram nele. A
expressão de Filipe ao falar de Jesus a Natanael, não deixa dúvida de que, como israelitas,
judeus e pertencentes ao povo da aliança, ansiavam com ardente expectativa, a vinda
daquele que outrora fora prometido pelos profetas. A profecia, enfim, estava se cumprindo
bem ali, aos seus olhos. E isso não poderia, de modo algum, passar despercebido, era
necessário contar isso aos amigos, parentes e vizinhos. É certo que encontrar descrédito e
rejeição seria natural a essas alturas, afinal de contas, não é todo dia que uma profecia de
tamanha magnitude se cumpre! Não era qualquer profecia, tratava-se daquela proferida,
não apenas pelos profetas, mas por ninguém menos que Moisés, o grande líder de Israel. Era
o cumprimento da vinda do “filho de Deus, o Rei de Israel”.
1 Ver: MacArtur, John. João: Estudos bíblicos de John MacArtur. São Paulo: Cultura Cristã, 2011, p.6.
1. ESTUDO CONTEXTUAL
1.1 Contexto Histórico da passagem
A situação política do povo judeu no período do Novo Testamento era de
subordinação. A palestina estava sob o poder do império romano, que impunha suas regras
de acordo com os seus interesses. Israel não possuía nem pátria, nem estado, e a sua única
identidade era a sua religião.2 Por isso, observa-se durante o ministério de Jesus, no cenário
religioso, um judaísmo impermeado de tradições ritualísticas.3 Além disso, o misticismo
oriental e o humanismo grego também figuravam entre os vários ensinos erroneamente
concebidos pelo povo, os quais Jesus teve que enfrentar e corrigir.4
João 1.43-51 descreve Jesus comissionando os seus primeiros discípulos, e a forma
como reagem ao seu chamado. Dentro dessa narrativa, temos nomes de algumas cidades ou
regiões das quais levantaremos algumas informações. Mas o que mais nos interessa aqui são
os elementos que nos ajudam a compreender quais eram os conceitos que permeavam a
mente destes discípulos quanto à vinda do Messias, e o quê Jesus deseja que eles entendam.
Para isso, faremos algumas observações a cerca dos principais elementos contidos na
perícope.
Regiões geográficas. Quais são as regiões geográficas citadas na narrativa?
Betânia – Em 1.28, lemos: “Estas coisas se passaram em Betânia, do outro lado do Jordão,
onde João estava batizando”. Betânia não é mencionada exatamente em nossa perícope,
2 Cf. ROPS, Henri Daniel. A Vida Diária nos Tempos de Jesus. Sociedade Religiosa, São Paulo: Edições Vida Nova,
1983, p. 41. 3 Hӧrster destaca que “o judaísmo helenístico, de acordo com o pensamento de Filo de Alexandria, o judaísmo
da Palestina, cujos representantes eram os fariseus e rabinos, e as seitas judaicas, das quais principalmente os
essênios de Qumran, têm certa proximidade com o evangelho de João”. Cf. HӦRSTER, Gerhard. Introdução e
síntese do Novo Testamento. Curitiba-PR: Editora Esperança, 1996, p. 52 4 Ver PACKER, J., TENNEY, M. e WHITE Jr, W. O Mundo do Novo Testamento. São Paulo: Editora Vida, 1988, p.
99.
mas no contexto próximo. Antes de partir para a Galiléia e chamar seus primeiros discípulos,
Jesus estava em Betânia, local onde João Batista testemunhou sobre ele.
Existe uma discussão sobre, se esta Betânia era o mesmo povoado onde moravam
Lázaro, Maria e Marta, onde Jesus costumava ficar, ou talvez, se tratasse de outro lugar com
o mesmo nome. Ao que tudo indica, esta segunda opção parece ser a mais correta. A
primeira, era uma vila situada a 3 km de Jerusalém pelo caminho de Jericó; (Jo 11.1), a
segunda, era um lugar não identificado situado a leste do Jordão, onde João batizava5 (Jo
1.28).
Galileia – A Galileia era uma extensa e povoada região da Palestina. Tinha como limites ao
norte; o Antilíbano; ao ocidente a Fenícia; ao sul Samaria; e tinha do lado do oriente o mar
da Galileia e o rio Jordão.
Embora fosse uma província rica, pois fornecia peixe para grande parte da Palestina e
pagasse tributo de 200 talentos aos governadores romanos,6 a Galileia era, entretanto,
desprezada pelos judeus, porque os seus habitantes eram uma raça mista, composta de
judeus, egípcios, árabes e fenícios. Sua parte superior era chamada de Galileia dos Gentios,
(Isaías 9:1; Mateus 4:15). Usavam um dialeto corrompido e tinham fama de culturalmente
atrasados7, (embora esta situação depois do ano 70 d.C tenha mudado)8 A maneira como
Pedro falava, denunciava imediatamente a terra do seu nascimento (Mt 26.69, 73; Mc
14.70). Herodes Antipas foi o governador ou tetrarca da Galileia durante toda a vida de
Cristo9. Cristo foi chamado de o Galileu (Mt 26.29), por que ali foi educado, viveu com seus
pais, ensinou as suas doutrinas, e convocou os seus primeiros discípulos (Mt 4.13 a 23; Mc
1.39; Lc 4.44; 8.1; 23.5; Jo 7.1).
5 Cf. HENDRIKSEN, William. João. São Paulo: Cultura Crista, 2004, p. 129 e CARSON, D. A. O comentário de João.
São Paulo: Shedd Publicações, 2007. p. 146 6 Cf. CARSON, D. A., MOO, D., MORRIS, L. Introdução ao Novo Testamento, São Paulo: Vida Nova, 1997, p. 165
7 Ver Kaschel, Werner ; Zimmer, Rudi: Dicionário Da Bíblia De Almeida 2ª Ed. Sociedade Bíblica do Brasil, 1999;
2005 8 Quando Jerusalém caiu em 70 d.C, a Galileia tornou-se a sede da erudição judaica. A Mishnah foi compilada e
escrita em Tiberíades, seguida mais tarde pela composição do Talmude. Mais tarde ainda, Tiberíades se tornou
o centro do trabalho dos massoretas de preservar o texto do AT. O Sinédrio, da mesma maneira, mudou-se
para Séforis após 70 d.C, e então para Tiberíades. Ver: Enciclopédia da Bíblia / Vários autores; tradução da
Equipe de colaboradores da Cultura Cristã - São Paulo: Cultura Cristã, 2008. Vol 2, p. 941. 9 Cf. BUKLAND, dicionário bíblico universal. São Paulo, Editora vida, 1981, p. 171
Nada impede que esse possa ser também o nome de diversas cidades ao longo
daquele produtivo lago. Josefo registrou que Herodes Filipe “elevou a aldeia Betsaida,
situada no lago de Genezaré, à dignidade de cidade... e a chamou pelo nome de Julias, o
mesmo nome da filha de César” (Ant. XVIII, ii, 1)10. Este era um local próximo do Jordão e
parece de ter sido uma cidade bem mais “urbanizada”. Possuía muros, aqueduto e até edi-
fícios. Talvez, houvesse uma parte da cidade bem ao litoral, com atividade pesqueira, e outra
parte, construída por Herodes Filipe, que ficava num local mais “nobre”, ao norte. Se isso é
verdade, é possível resolver muitas das questões levantadas pelos relatos dos Evangelhos.
Jo 12.21 contém a expressão “Betsaida da Galileia”, a qual pode ser entendida como
Galileia no sentido mais genérico, como a extensão a leste do Jordão e ao norte do mar da
Galileia (o que não era, no sentido político e técnico). Talvez uma ilustração que possa
ajudar, seja o exemplo do Jardim Ângela em são Paulo, Zona Sul. Compreendido como um
grande bairro, mas que engloba dezenas de outros bairros menores, que por vezes são
chamados pelos seus nomes particulares, ou à vezes, genericamente, como Jd. Ângela11.
Nazaré (Ναζαρετ ou Ναζαρεθ) O significado não é claro, mas provavelmente esteja rela-
cionado ao hebraico nazir “separado”, ou neser, “ramo”. Mt 2.23. Cidade na Galileia, onde
Jesus morou com sua família antes de mudar para Cafarnaum (Mateus 4.13). Está localizada
a cerca de meio caminho entre a extremidade sul da Galileia e o Monte Carmelo. Um fato
curioso sobre Nazaré, é que, embora citada mais de dez vezes no Novo Testamento, esta
cidade não é mencionada nenhuma vez no AT, nem no Talmude e nem pelo historiador
Josefo12, isto explica sua tamanha insignificância, e até mesmo justifica o adágio atribuído a
ela por Natanael. Quando Filipe contou-lhe que havia encontrado Jesus de Nazaré, Natanael
replicou: “De Nazaré pode sair alguma coisa boa?” Esta pergunta tem sido interpretada de
muitas maneiras13, mas a mais comum é que Natanael estava fazendo um comentário
10 Cf. Enciclopédia da Bíblia / Vários autores; tradução da Equipe de colaboradores da Cultura Cristã - São
Paulo: Cultura Cristã, 2008. Vol 2, p. 771 11 Fonte: <http://portal.prefeitura.sp.gov.br/noticias/sec/trabalho/2005/09/0012/#a_b> acesso em: 16/05/12 12
Ver Enciclopédia da Bíblia / Vários autores; tradução da Equipe de colaboradores da Cultura Cristã - São
Paulo: Cultura Cristã, 2008. Vol 2, p. 478 13 Carson admite que o sarcasmo se tratasse de certa rivalidade entre cidades, pois “assim como os galileus
eram frequentemente desprezados pelo povo da Judéia, parece que até mesmo os galileus desprezavam
Nazaré”. No entanto ele sugere que havia algo a mais nesta expressão, para Carson, “Da perspectiva de João, o
fato de que Jesus foi criado em Nazaré não só obscurecia sua origem, Belém, para aqueles que não
mordaz sobre a pequenez de Nazaré, quem sabe vendo-a como rival de sua própria vila,
Betsaida.
Nazareno – É um termo gentílico, isto é, designa um indivíduo de acordo com o seu local de
nascimento ou residência14. É uma palavra exclusiva do Novo Testamento, (aparece cerca
de 20 vezes). Jesus foi assim chamado devido ao seu longo tempo de residência na cidade de
Nazaré. Mateus 2.23 nos indica também outro motivo: para cumprir uma profecia. Talvez
esteja se referindo a Jz 13.5,7, considerando-se que a palavra grega Ναζωραιος (Nazoraios,
“separado”) esteja relacionada à palavra hebraica ryzIn ” (nazir, “ azireus”). Essa interpretação
é possível, visto que Calvino entendia que esta era uma referência à lei dos nazireus15,
embora pareça que as palavras “ azireus” e “nazareno” derivaram-se de raízes diferentes, e
também se compreenda que, por mais que assim se traduza a palavra, Jesus não era um
literalmente um azireus, de acordo com o sentido da palavra em Números 6.1-21 em sua
completa acepção16. A maioria dos intérpretes entende que Mateus esteja se referindo a
Isaías 11.1: “Do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes, renovo rc,nE (netser,
“ramo” ou “broto”). A verdade é que Nazaré não se encontra mencionada no AT, e não há
profecia que diga isto tão diretamente.
Com relação ao termo, é importante ainda fazer algumas observações: Por vezes foi
usado a Jesus como simples designação de sua residência: João 1:45; Mateus 2:23; Marcos
10:47. Talvez por desdém ou escárnio: Mateus 26:71. Os Evangelhos também registram que
os espíritos imundos também o identificavam por este termo (Mc 1.24; Lc 4.34). Também os
anjos anunciaram a ressurreição fazendo referência a Jesus por este termo (Mc 16.6). O ódio
pesquisavam a fundo (7.41,42, 52), mas também refletia a auto-humilhação do homem vindo do céu. Ele era
conhecido como 'Jesus de Nazaré' ou 'Jesus, o Nazareno' (cf Mt 2.23), não 'Jesus Belemita', com toda as
implicações reais e davídicas que isso teria provido”. Ver CARSON, D. A. O comentário de João. São Paulo:
Shedd Publicações, 2007. p.160. 14 Usa-se o termo no sentido genérico para qualquer habitante do local, independentemente de sua
naturalidade. Por exemplo, o termo “Paulistano” não se refere apenas aos nascidos na capital paulista, mas a
todos os que moram e vivem nesta cidade. Vejamos a manchete do jornal eletrônico r7.com de 17 de Maio de
2012: “Paulistanos enfrentam trânsito acima da média na manhã desta quarta”, ou seja, não são só os nascidos
em São Paulo que enfrentam transito, mas todos os seus moradores ou transeuntes. fonte:
<http://noticias.r7.com/sao-paulo/noticias/paulistanos-enfrentam-transito-acima-da-media-na-manha-desta-
quarta-20120208.html> acesso em 17/05/2012. 15
Ver Enciclopédia da Bíblia / Vários autores; tradução da Equipe de colaboradores da Cultura Cristã - São
Paulo: Cultura Cristã, 2008. Vol 2, p. 482 16
Op. Cit, p. 479.
dos inimigos de Jesus fez com que este termo o acompanhasse ao túmulo, e levou Pilatos a
escrevê-lo e a pregar na sua cruz (Jo 19.19). O termo continuou além dos dias de Jesus na
terra, como designação de seus seguidores. Uma comunidade cristã inteira foi chamada de
“a seita dos Nazarenos” (At 24.5). De modo semelhante, os seguidores de Jesus
continuaram, após sua ascensão, a se referirem a ele como “Jesus de Nazaré” (2.22; 3.6;
10.38)17.
Há ainda, em nossa perícope, o conceito messianico, “filho de Deus” e “Rei de Israel”
(verso 49), assim como a alusão à “escada de Jacó” (Gn 28.12). Trataremos destes assuntos
no tópico “teologia do texto”.
1.2 Contexto literário:
1.2.1 Contexto Literário Remoto.
O texto de nossa perícope está totalmente relacionado com o todo do evangelho de
João, principalmente porque introduz o conceito de “Messias”. Aliás, João é o único dos
quatro evangelhos que usa esse termo. O autor diz que o propósito deste Evangelho é fazer
com que os leitores creiam que Jesus é “o Cristo, o Filho de Deus”, e a expressão de André
“Achamos o Messias” (1.41), é confirmada pela expressão de Filipe “Achamos aquele de
quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas...” fazendo uma clara alusão
ao Messias prometido18. Este conceito também vai ser abordado pelo Próprio Senhor em
toda a extensão do evangelho, especialmente em 4.19-30, onde a mulher samaritana diz que
sabia que haveria de vir o Messias, e então Jesus se declara dizendo: “Eu o sou, o que falo
contigo!” (4.25). Não é à toa que a expressão correlata “O Cristo”, aparece mais de vinte
vezes em todo o evangelho de João. Segundo Dodd, os títulos dados a Jesus na Igreja
17
Ver Enciclopédia da Bíblia / Vários autores; tradução da Equipe de colaboradores da Cultura Cristã - São
Paulo: Cultura Cristã, 2008. Vol 2, p. 483 18
Cheio de entusiasmo, Filipe exclama: Encontramos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e sobre quem os
profetas escreveram... Até esse ponto, Filipe está expressando uma grande verdade, pois Moisés e os profetas
(ou seja, todo o Antigo Testamento) não podem ser entendidos, a menos que se veja neles o Cristo. Se não
conseguimos perceber isso, o Antigo Testamento permanecerá um livro fechado. Assim que essa ideia é
captada, as Escrituras se abrem como as seguintes passagens claramente indicam: Lucas 24.32, 44; João 5.39,
46; Atos 3.18, 7.52; 10-43; 13-29; 26-22; 23; 28.23 e 1 Pedro 1.10. (Hendriksen, p.150)
primitiva: “Messias” ou “Cristo”, “Filho de Deus”, “Rei de Israel” etc, também aparecem nos
outros evangelhos. No entanto, nem nos sinóticos, ou, em nenhum outro lugar no Novo
Testamento, estes títulos recebem tanto destaque como aqui.19
Esse assunto, por sua total ligação com o Antigo Testamento, com outros escritos neo-
testamentários, e de extrema importância para a compreensão do evangelho de João, será
abordado mais profundamente no contexto canônico.
Filho de Deus: (1:34, 1:49, 3:18, 5:25, 10:36, 11:4, 11:27, 19:7, 20:31 ). Este conceito é
bastante vívido no quarto evangelho. Quando Natanael responde: “Rabi, tu és o Filho de
Deus, tu és o Rei de Israel!” fica claro que ele tinha em certa medida, um conceito
messiânico.20 Não sabemos qual era o grau de sua compreensão, porém, Hendriksen afirma
acertadamente que o contexto da passagem nos proíbe de diminuir o sentido dessa
confissão. Em suas palavras: “Para Natanael, nesse momento em particular, Jesus era nada
menos que o próprio Filho de Deus, como, pois, ele não seria também o Rei de Israel, o
Messias tão esperado?”21 É importante salientar que em João, Cristo é o filho no sentido
trinitariano, ou seja, ele é o Filho Eterno de Deus. Isso é favorecido pelo contexto (1.1, 18) e
por passagens como 3.16, 18, que provam que, antes mesmo de sua encarnação, o Filho já
era o único gerado de Deus22. No Antigo Testamento, este termo é atribuído a Israel (Êx
4.22,23; Dt 1.31; 32.6; Jr 31.9, 20; Os 11.1), no Novo testamento, Jesus é apresentado como
o verdadeiro Israel. Textos como 1 Samuel 26.17, 21, 25; 2 Samuel 7.14; Salmo 2.7 ligam
filiação e realeza davídica23. O conceito de Messias que Israel desenvolvera, simplesmente
em termos de um descendente de Davi, estava totalmente equivocado. O pecado do mundo
tinha de ser tirado, e um Messias meramente humano jamais teria condições de fazer isso. 19 Ver: DODD, C. H. A interpretação do quarto evangelho. São Paulo: Editora Teológica, 2003, p. 303.
20 Carson, entretanto, discute a ideia de que, embora os discípulos estivessem familiarizados com as
terminologias “O Messias prometido”, “O rei de Israel”, “O Filho de Deus” (designações para o Messias). Não
significa, necessariamente, que os primeiros seguidores Jesus tivessem plena compreensão cristã desses
títulos. INTRODUÇÃO CARSON 186 21 HENDRIKSEN, William. João. São Paulo: Cultura Crista, 2004, p. 129 e CARSON, D. A. O comentário de João.
São Paulo: Shedd Publicações, 2007, p. 151 22
Op. Cit, p. 151 23 Para Carson, a descrição de Jesus como filho de Deus, por mais funcional que seja sua descrição, envolve um
relacionamento metafísico, e não meramente messiânico. Ver CARSON, D. A. O comentário de João. São Paulo:
Shedd Publicações, 2007, p. 151
Para salvar pecadores perdidos é necessário o poder do próprio Deus (Rm 1.16), e apenas o
Filho de Deus‖ poderia cumprir cabalmente essa tarefa. Os aspectos teológicos destes
conceitos serão tratados mais adiante na teologia do texto.
Filho do Homem: (1:51, 3:13, 3:14, 5:27, 6:27, 6:53, 6:62, 8:28, 9:35, 12:23, 12:34, 13:31) Há,
evidentemente, um profundo significado na acepção desta expressão, embora o título tenha
sido utilizado para designar a humanidade e humildade de Cristo em distinção de sua
natureza divina. No Antigo Testamento, especialmente Ezequiel 2.1-3 "Filho do homem"
designa "um filho de Adão por descendência" outra passagem, o Salmo 8.4, também pode
ser aplicável ao homem mortal, embora se aplique também a Cristo em sua identificação
com o ser humano. Talvez, a ocorrência mais importante da expressão "Filho do homem"
seja a de Daniel 7.13, onde podemos inferir uma personificação do verdadeiro Israel como
figura messiânica24. No Novo Testamento há várias citações, muitas delas, proferidas pelo
próprio Jesus (Jo 3.13). “Sua natureza encarnada humana-divina reflete o propósito e o
caráter da sua missão — Deus em e com o homem reconciliando-o com Deus”. Este conceito
também é presente na compreensão de Dodd:
O filho do homem em João é o Filho de Deus, ele desce do céu e de novo sobe para o
céu (3.13;6.62 etc.). Está em íntima união com Deus, “habitando nele”. Ele é modelo
pelo menos no sentido que sua relação com o pai é o arco da verdadeira e última
relação dos homens para com Deus. [...] além disso, ele é representado simbolicamente
pela luz, pão, videira. Com relação a luz, pão e videira empíricos, ele é alethinos, a
realidade última que está por detrás das exigências fenomenais ou aquilo que elas em
ultima análise significam. O phos alethinon, por exemplo, é o que Fílon chama arxetypon
photos. Em outras palavras, é a ideia platônica de luz. Não é muito distante disso afirmar
que para João o Filho do Homem é o alethinos anthropos, o Homem-modelo ou real, ou
a ideia platônica de Homem25.
1.2.2 Contexto Literário Próximo.
O contexto literário próximo da perícope em estudo, compreende os versículos 1.19-
2.1-12. O capítulo primeiro de João, especialmente dos versos 19 a 51, apresentam o que
24 ENCICLOPÉDIA DA BÍBLIA / Vários autores; tradução da Equipe de colaboradores da Cultura Cristã - São
Paulo: Cultura Cristã, 2008. Vol 2, p. 831 25 DODD, C. H. A interpretação do quarto evangelho. São Paulo: Editora Teológica, 2003, p. 323
Carson chama de “o prelúdio do ministério público de Jesus”26, e Hendriksen, por sua vez,
intitula como: “Cristo se Revela a Círculos Crescentes.”27
Os versos 1.19-34 nos mostram o testemunho de João Batista quando perguntado
pelos judeus de Jerusalém acerca de sua identidade, o qual se coloca apenas como um
arauto daquele que “vem após mim” (1.27). No dia seguinte, quando Jesus veio a ele para
ser batizado,28 João testemunha mais uma vez enfaticamente dizendo: “Eis o Cordeiro de
Deus, que tira o pecado do mundo!” (1.29), e como consequencia disso, os versos seguintes
(1.35-42) registram que dois dos discípulos de João, (André, o irmão de Simão Pedro)
passaram a seguir a Jesus. Na verdade, André foi o primeiro a seguir Jesus e depois chamou
o seu irmão Simão Pedro com a seguinte declaração: “Achamos o Messias” (41). Assim, Jesus
está iniciando o seu colégio apostólico, chamando um por um, para serem seus discípulos.
Os versos 1.43-51, perícope em estudo aqui, nos mostram o chamado de Filipe e como
este levou Natanael a Jesus. É interessante notar o modo como os discípulos de Jesus foram
se chegando a ele. André, ao perguntar a Jesus, onde ele morava, ouviu o seguinte
chamamento “Vinde e vede”. André então chamou o seu irmão Pedro, a quem Jesus
também confirmou o chamamento “Tu és Simão, o filho de João; tu serás chamado Cefas
(que quer dizer Pedro)” (42). E Filipe chamou a Natanael, o qual é identificado nos sinóticos
como Bartolomeu.
Os versos 2.1-12 relatam o primeiro milagre de Jesus em Caná da Galiléia, fazendo
uma espécie de “consolidação” da fé daqueles discípulos que já o seguiam e um testemunho
de sua divindade àquela cidade (2.11).
26 CARSON, D. A. O comentário de João. São Paulo: Shedd Publicações, 2007. p.105 27 Essa estrutura e tema “Cristo se Revela a Círculos Crescentes” estão baseados na sugestão de Hendriksen,
ver: HENDRIKSEN, William. João. São Paulo: Cultura Crista, 2004, p. 129 e CARSON, D. A. O comentário de João.
São Paulo: Shedd Publicações, 2007, p. 98 28 João não narra o episódio do batismo em si, mas o seu relato está sobejamente registrado nos
textos sinóticos: Mt 3.13-17; Mc 1.9-11; Lc 3.21-22.
1.2.3 Estrutura do contexto
Cristo se Revela a Círculos Crescentes 1.19-2.1-1229
29 Essa estrutura e tema “Cristo se Revela a Círculos Crescentes” estão baseados na sugestão de Hendriksen,
ver: HENDRIKSEN, William. João. São Paulo: Cultura Crista, 2004, p. 129 e CARSON, D. A. O comentário de João.
São Paulo: Shedd Publicações, 2007, p. 98
1.3 Contexto Canônico
Definição de Messias - O termo hebraico usado para a palavra messias é x;yvim' mashiah, que
significa “ungido” e vem de uma raiz hebraica que significa “untar”30. O grego Messi,aj
messias, é uma transliteração da palavra hebraica e mantém o mesmo significado. A
Septuaginta (LXX), utilizou a palavra equivalente grega Cristo,j Christos, “ungido”, a qual
foi adotada também no Novo Testamento.31
Portanto, os termos Messias, Cristo e Ungido, são todos sinônimos e dizem respeito à
identidade de Jesus, que é apresentado como mediador, não apenas dos Judeus, mas de
toda a criação, é por isso que a bíblia relata que os samaritanos o reconheceram como o
“Salvador do mundo” (Jo 4.42).32
Referencias no Antigo Testamento
O Velho Testamento está repleto de referencias ao Messias, apresentado sob
diferentes aspectos, como diz Hodge, “como um rei triunfante, um mártir sofredor e uma
pessoa divina”.33
Podemos verificar a identificação do messias com os seguintes aspectos, a saber:
1 – Na unção de reis e os sacerdotes: Ex 29.7; Lv 4.3; Jz 9.8; 1 Sm 9.16; 10.1;
2 – Na unção de Profeta: 1 Rs 19.16, Sl 105.15 e Is 61.1.
A unção tinha um significado todo especial, Berkhof nos dá algumas informações
importantes:
O óleo usado na unção desses oficiais simbolizava o Espírito de Deus, Is 61.1; Zc 4.1-6, e
a unção representava a transferência do Espírito para a pessoa consagrada, 1 Sm 10.1, 6,
10; 16.13, 14. A unção era sinal visível de (a) designação para um ofício; (b)
estabelecimento de uma relação sagrada e o resultante caráter sacrossanto da pessoa
ungida, 1 Sm 16.13; cf. também 2 Co 1.21, 22. O Velho testamento se refere à unção do
Senhor em Sl 2.2; 45.7, e o Novo testamento em At 4.27 e 10.3834.
30 Ver: GRONINGEN, Gerard Van. Revelação Messiânica no Velho Testamento. Campinas: Luz Para o Caminho,
1995, p. 17. 31 Esta versão não foi usada somente pelos judeus de fala grega, senão que também foi adotada pela igreja
cristã. Muito provavelmente, Paulo e outros apóstolos usaram um Antigo Testamento grego ao apoiar sua
afirmação de que Jesus era o Messias (Atos 17.2-4). Ver: SHULTZ, Samuel. A história de Israel no Antigo
Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1977, p. 3. 32 BOOR, Werner de. Evangelho de João I: Comentário Esperança. Curitiba: Editora Evangélica Esperança, 2002, p. 25. 33
HODGE, Charles. Teologia Sistemática. São Paulo: Hagnos, 2001, p. 367 34
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. Campinas, Luz Para o Caminho, 1990, p. 312.
Nos Salmos – (18, 22,88,116 ) Os Salmos messiânicos indicavam profeticamente alguns
aspectos do Messias como foi revelado no Novo Testamento. De acordo com Shultz, os
Salmos messiânicos:
Estabelecem um paralelo com a paixão de Jesus, retratadas nos quatro Evangelhos.
Embora este grupo reflita a experiência emocional de seus autores, suas expressões, sob
inspiração divina, têm importância profética. Inter-relacionado com a vida e a
mensagem de Jesus, este elemento nos Salmos é vitalmente significativo como está
interpretado no Novo Testamento, vagamente expressado nos Salmos de culto, as
referências messiânicas se fazem mais aparentes ao serem cumpridas em Jesus, o
Messias35.
Outras passagens:
Gn 3:15 - O messias, a “semente da mulher” esmagaria a cabeça da serpente.
Gn 12:1-3,22:18 - O Messias seria da semente de Abraão.
Gn 49:10 - O Messias seria da tribo de Judá.
Dt 18: 15-19 - O Messias seria o profeta semelhante à Moisés.
2Sm7:13,16 - O Messias possuirá o trono e o reino eternos.
Is 7:14 - O Messias nasceria da virgem.
Is 9:6-7 - O Messias seria o Filho de Deus, o rei divino.
Estas passagens não são as únicas, estas foram citadas apenas para ilustrar o nosso
trabalho aqui. Além disso, Nas palavras de Leandro Lima, “sabe-se que Israel desejava
ardentemente a vinda do Messias, pois Deus se incumbiu de deixar pistas, por todo o Antigo
Testamento, sobre a vinda de um escolhido que libertaria o povo e o levaria a uma era de
paz e prosperidade. Sem essa crença, a vinda de Jesus não teria exercido o mesmo
impacto”.36
35
SHULTZ, Samuel. A história de Israel no Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1977, p. 273. 36
LIMA, Leandro Antonio de. Razão da Esperança. São Paulo: Cultura Cristã, 2006, p. 230.
2. ESTUDO TEXTUAL
João 1.43-51
43 Th/| evpau,rion hvqe,lhsen evxelqei/n eivj th.n Galilai,an, kai. eu`ri,skei Fi,lippon.
kai. le,gei auvtw/| o` VIhsou/j, VAkolou,qei moi.
44 h=n de. o Fi,lippoj avpo. Bhqsai?da,, evk th/j po,lewj VAndre,ou kai. Pe,trou.
45 eu`ri,skei Fi,lippoj to.n Naqanah.l kai. le,gei auvtw/|, }On e;grayen Mwu?sh/j evn
tw/| no,mw| kai. oi` profh/tai eurh,kamen, VIhsou/n uio.n tou/ VIwsh.f to.n avpo.
Nazare,t.
46 kai. ei=pen auvtw/| Naqanah,l, VEk Nazare.t du,natai, ti avgaqo.n ei=nai; le,gei
auvtw/| [o] Fi,lippoj, :Ercou kai. i;de.
47 ei=den o VIhsou/j to.n Naqanah.l evrco,menon pro.j auvto.n kai. le,gei peri. auvtou/,
:Ide avlhqw/j VIsrahli,thj evn w-| do,loj ouvk e;stin.
48 le,gei auvtw/| Naqanah,l, Po,qen me ginw,skeij; avpekri,qh VIhsou/j kai. ei=pen
auvtw/|, Pro. tou/ se Fi,lippon fwnh/sai o;nta upo. th.n sukh/n ei=do,n se.
49 avpekri,qh auvtw/| Naqanah,l, ~Rabbi,, su. ei= o ui`o.j tou/ qeou/, su. basileu.j ei= tou/
VIsrah,l.
50 avpekri,qh VIhsou/j kai. ei=pen auvtw/| {Oti ei=po,n soi o[ti ei=do,n se u`poka,tw th/j
sukh/j pisteu,eij; mei,zw tou,twn o;yh|.
51 kai. le,gei auvtw/|, VAmh.n avmh.n le,gw umi/n, o;yesqe to.n ouvrano.n avnew|go,ta kai.
tou.j avgge,louj tou/ qeou/ avnabai,nontaj kai. katabai,nontaj evpi. to.n ui`o.n tou/
avnqrw,pou.
2.1 Tradução
43 No dia seguinte Jesus quis partir para a Galiléia e encontrou a Filipe e disse-lhe: “segue-
me.37
44 Ora, Filipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro.38
45 Filipe encontrou Natanael e lhe disse: “encontramos aquele de quem escreveram Moisés,
na lei, e os profetas: Jesus, o filho de José, de Nazaré”.39
46 E disse-lhe Natanael: “de Nazaré pode sair algo bom?” Filipe disse-lhe: “vem e vê”.
47 Jesus Viu Natanael vindo para ele e disse a seu respeito: “eis um verdadeiro israelita em
quem não há falsidade”.40
48 disse-lhe Natanael: “de onde me conheces?” Respondeu Jesus e disse-lhe: “antes de
Filipe te chamar, estando tu sob a figueira, eu te vi”.
49 Reconheceu Natanael: “Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o rei de Israel”.41
50 Respondeu-lhe Jesus e disse: “porque te disse que te vi debaixo da figueira crês? Maiores
coisas do que estas verás”.42
51 E disse-lhe: “em verdade em verdade vos digo: vereis o céu aberto e os anjos de Deus
subindo e descendo sobre o filho do homem”.
37 O verbo hvqe,lhsen está no indicativo aoristo ativo, 3ª pessoa do singular de Qe,lw (eu quero). A tradução da
ARA “resolveu”, também expressa a vontade de Jesus em ir para a Galiléia, porém, em minha opinião, a ARC foi
quem expressou melhor o sentido, traduzindo como “quis”, assim como optaram os tradutores das versões “A
Boa Nova Em Português Corrente” e a “Reina-Valera 1960”. Por isso, optei por traduzir assim: “No dia seguinte
Jesus quis partir para a Galiléia...” 38 Neste caso, sigo a tradução integral da ARA, que traduziu a conjunção de. Como “ora” ao contrário das
demais (ARC, NTLH, NVI, BJ, BNPC e RV) que optaram por não traduzir esta conjunção. de. Aqui é importante
porque indica mudança de sujeito, introduz uma conjunção coordenada e sinaliza a superadição de uma
oração. Neste caso o autor reforça a ideia de que o sujeito não é mais Jesus e sim Filipe. Quanto às funções
gramaticais de de. Ver: WALLACE, Daniel B. Gramática Grega: Uma Sintaxe Exegética do Novo Testamento. São
Paulo: Editora Batista Regular, 2009. p. 211 e 657; MOULTON, Harold k. Léxico Grego Analítico. São Paulo:
Cultura Cristã, 2007, p. 91. 39 Neste caso, das versões comparadas, apenas a ARA preferiu usar o gentílico “Nazareno”, as demais, usaram
o termo “de Nazaré”, que traduz mais literalmente “avpo. Nazare,t”. 40 Com exceção da versão A Boa Nova em Português Corrente (BNPC) que não traduziu peri., “a respeito de”,
sigo também em harmonia com as demais traduções. É importante a tradução da preposição peri. Aqui, do
contrário, não ficaria muito claro a respeito de quem exatamente Jesus estaria se referindo. 41 O verbo avpekri,qh traduzido como “respondeu” na ARC, enfraquece um pouco o sentido da expressão. A NVI
traduziu como “declarou”. avpokri,nomai significa “responder”, “reagir’ e “declarar”. Optei por traduzir como
“reconheceu” porque traduz melhor o sentido do texto aqui, uma vez que a palavra também significa
“reconhecer” e “admitir”. Ver: MOULTON, Harold k. Léxico Grego Analítico. São Paulo: Cultura Cristã, 2007, p.
49 42 Não aparece a palavra “coisa” no texto. A ARC demonstra isso, colocando “coisa” em itálico, ficando assim:
“Coisas maiores do que estas verás”. no entanto, o pronome demonstrativo ou-toj usado aqui no genitivo
neutro plural, traz consigo este significado.
2.2 Estrutura do Texto
2.2.1 Estrutura Clausal
43 No dia seguinte
Jesus quis partir para a Galiléia
e encontrou a Filipe
e disse-lhe:
“segue-me”.
44 Ora, Filipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro.
45 Filipe encontrou Natanael e lhe disse:
“encontramos aquele de quem escreveram
Moisés, na lei,
e os profetas:
Jesus,
o filho de José,
de Nazaré”.
46 E disse-lhe Natanael:
“de Nazaré pode sair algo bom?”
Filipe disse-lhe: “vem e vê”.
47 Jesus Viu Natanael vindo para ele
e disse a seu respeito:
“eis um verdadeiro israelita
em quem não há falsidade”.
48 disse-lhe Natanael:
“de onde me conheces?”
Respondeu Jesus e disse-lhe:
“antes de Filipe te chamar, estando tu sob a figueira,
eu te vi”.
49 Reconheceu Natanael:
“Mestre,
tu és o Filho de Deus,
tu és o rei de Israel”.
50 Respondeu-lhe Jesus e disse:
“porque te disse que te vi debaixo da figueira crês?
Maiores coisas do que estas verás”.
51 E disse-lhe:
“em verdade em verdade vos digo:
vereis o céu aberto
e os anjos de Deus
subindo e
descendo
sobre o filho do homem”.
O Jesus Humano
“O Filho de José”
1.43-46
Jesus
Filipe
Natanael
O Jesus divino
“O Filho de Deus”
1.47-50
Jesus
Natanael
O Jesus
Divino-humano
“O Filho do Homem”
1.51
Jesus
Filipe e Natanael
2.2.2 Justificação da perícope
Nossa perícope está definida compreendendo os versículos 43 a 51 do capítulo
primeiro. Esta porção do evangelho de João foi selecionada observando critérios
hermenêuticos e exegéticos. Observa-se que forma um todo coeso e orgânico, constituindo-
se em uma unidade autônoma43.
No verso 43 lemos: “No dia seguinte Jesus quis partir para a Galiléia...” João nos
informa que no dia anterior ao encontro com Filipe e Natanael, dois dos discípulos de João,
ao ouvirem seu testemunho a respeito dele, resolveram segui-lo. Vemos aqui claramente
uma mudança cronológica e geográfica, indicadores de mudança de perícope.
Outra mudança significativa que ocorreu, foi a mudança de personagens. Na passagem
anterior, os personagens são João Batista e os seus dois discípulos que passaram a seguir a
Jesus, isto, é, André e seu irmão, Simão Pedro. Agora, os personagens são: Jesus, que chama
Filipe, e Natanael, que foi convidado por Filipe a conhecer a Jesus. Por fim, a perícope
encerra no verso 51, com o término do diálogo entre Jesus e Natanael e Filipe. O capítulo 2
inicia um assunto novo, ou seja, um casamento em Caná da Galiléia, mais uma vez
observamos mudança cronológica, geográfica e de cenário.
2.2 Comentário
Mais Dois Novos Discípulos São Acrescentados
Ao Incipiente Grupo De Jesus. (1.43-51)
43-44. No dia seguinte. Os versos anteriores já nos informaram que, quando João
Batista apontou para Jesus como o Cordeiro de Deus! (35) dois dos seus discípulos passaram a
seguir imediatamente a Jesus, eram André e seu irmão, Simão Pedro. Segue-me. Agora mais
um discípulo passa a ser adicionado a esta incrível “seleção” de homens comuns. Jesus o
chama com uma palavra de autoridade, Calvino vê aqui, não apenas um chamado para um
discipulado, mas um chamado verdadeiramente eficaz.44 Nota interessante aqui é que em
43
Uwe Wagner esboça alguns destes critérios em seu livro Exegese do Novo Testamento. Para melhor
compreensão, Cf. WAGNER, Uwe. Exegese do Novo Testamento: Manual de Metodologia. São Leopoldo:
Sinodal: São Paulo: Paulus, 1998, p. 85. 44
Ver: CALVIN, John. Commentary on the gospel according to john. AGES Software - Albany, OR USA. Version
1.0 © 1998, p. 59
todo o capítulo primeiro, todos os que vêem a Jesus, o fazem pelo testemunho de outra
pessoa.
Filipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro. Para alguns comentaristas, existe
uma dificuldade aqui, pois Marcos 1.21,29, localiza a casa de Pedro em Cafarnaum. Não
consideramos isto uma dificuldade, uma pessoa pode estar morando numa determinada
cidade hoje, e amanhã precisar mudar-se para outra cidade. Jesus também mudou de
Nazaré para Cafarnaum, Mateus 4:13, também não ignoramos o fato de que Pedro poderia
ter duas casas, uma em Betsaida e outra em Cafarnaum.45 Há ainda outro fator. Não se sabe
exatamente a localização de Betsaida, pois em alguns momentos parece que havia duas
localidades com o mesmo nome. O mais comumente aceito é que tratava-se de uma
pequena vila pesqueira à margem oeste do Lago de Genesaré. É bastante sugestivo que
Jesus inicie sua comitiva de “pescadores de homens” numa vila pesqueira, aliás, Betsaida
significa “Casa da pesca”.46
45 Filipe encontrou a Natanael. Cada um levando outro, este é o modelo de
discipulado de Jesus, vejamos: João Batista apontou Jesus aos seus primeiros discípulos,
levando-os a seguirem a Jesus “Este é o de quem eu disse...” (15). André levou Pedro e Filipe
a Jesus. Agora Filipe encontrou Natanael e testemunhou a ele.
Natanael é identificado nos sinóticos como Bartolomeu, é um patronímico aramaico,
isto é, a pessoa é identificada pelo nome de alguém, neste caso o seu pai, “filho de
Tolomeu”47.
Aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas. A lei e os
profetas, ou seja, o cânon veto-testamentário estava testificando de Jesus, aliás, como bem
salientou Carson, Jesus não poderia ser reconhecido como aquele que vem a não ser que as
escrituras apontassem para ele.48
46 De Nazaré pode sair alguma coisa boa? Natanael era de Caná (21.2), cidade da
Galiléia que também não era lá grande coisa, nota-se aqui, certa rivalidade entre cidades,
pois até mesmo os Galileus desprezavam Nazaré. A possibilidade de Natanael ter usado uma
45
Quanto a esta questão, há ainda a possibilidade de que João esteja se referindo ao local de
nascimento, não, necessariamente o local de sua residência. Ver: CARSON, D. A. O comentário de João.
São Paulo: Shedd Publicações, 2007, p. 158. 46
Strong, James: Léxico Hebraico, Aramaico E Grego De Strong. Sociedade Bíblica do Brasil, 2002; 2005 47
Cf. CARSON, D. A. O comentário de João. São Paulo: Shedd Publicações, 2007, p. 159 48
Op. cit, p. 159
ironia ou desdém, não pode ser descartada, porém, é possível que o fato de Jesus ter sido
criado em Nazaré possa ter obscurecido sua origem para os menos informados. “Porventura,
o Cristo virá da Galiléia?” (7.41,42, 52). Não se esperava que o Cristo viesse de Nazaré, o que
se esperava era que o Rei de Israel viesse de Belém, cidade de Davi. Filipe deu uma boa
resposta, “vem e vê”, Há certas situações em que o melhor é provarmos pessoalmente
aquilo que estamos falando. É melhor se tornar participante de um banquete do que apenas
tomar conhecimento do seu menu.
47-49 Eis um verdadeiro israelita... Nota-se aqui um contraste entre verdade e
falsidade. O trocadilho de Jesus remete imediatamente à pessoa de Jacó, quando teve seu
nome e caráter mudados por Deus, e introduz a ideia de que um verdadeiro israelita é
aquele que age sem falsidade, sem engano. Se esta interpretação está correta, Jesus está
comparando Natanael com Israel em contraste com Jacó.49
“Jesus viu Natanael” e “eu te vi” Estas expressões ressaltam em muito as habilidades
sobrenaturais de Cristo como atributos divinos. No entanto, isto ainda não seria motivo de
espanto, pois “maiores coisas” eles ainda haveriam de ver.
Jesus é aquele que nos vê, seja lá qual for o nosso estado, seja onde for que
estivermos “escondidos”.
Debaixo da figueira. A figueira poderia proporcionar uma bela sombra, e de fato, os
judeus utilizavam-se delas para suas meditações e orações, ou para descanso. Sua copa
frondosa poderia facilmente esconder uma pessoa, tamanha foi a surpresa de Natanael, e
que exclamou “tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel!”. Estaria Natanael reconhecendo
Jesus como o Messias prometido? Nos sinóticos, João Batista é o primeiro a apontar Jesus
como o Messias.50 É importante, no entanto, nos perguntarmos qual o conceito de Messias
que tinham os israelitas do primeiro século. Parece que este conceito estava bastante
impermeado de um messias libertador político. Observe que o próprio João Batista, em
certo momento perguntou “És tu aquele que estava para vir ou havemos de esperar outro?”
(Lucas 7:19)
49
CARSON, D. A. O comentário de João. São Paulo: Shedd Publicações, 2007, p. 161. 50 GETTYS, Joseph. How to Study John. John Knox press: Richmond, Virgínia, 1960, p. 24.
Entretanto, não ignoramos que Natanael teve uma visão e um conhecimento
privilegiado naquele momento, talvez até acima de sua compreensão.51
50 Maiores coisas do que estas verás. Esta expressão lança mais um pouco de luz na
compreensão do conceito de Natanael tinha acerca do Messias, mas Jesus se propõe a
corrigir sua escatologia e sua teologia. Note que Jesus diz que ele veria ainda “maiores
coisas”
51 vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem.
Se atentarmos para o verbo singular o;yh| “verás” no verso 50, e para o plural o;yesqe
“vereis” verbo no verso 51, vamos perceber claramente que Jesus agora está se dirigindo
não apenas a Natanael, mas a todos os presentes naquela conversa, e aos futuros
discípulos.52
Jesus faz aqui uma clara alusão a Gn 28.12, quando Jacó teve uma visão de uma escada que
ia da terra ao céu, onde os anjos de Deus subiam e desciam, “verdadeiramente o Senhor
está neste lugar”. O significado aqui é muito profundo, pois até então, os céus estavam
fechados aos filhos dos homens, e Jesus, e só Jesus é capaz de “abrir os céus”. É importante
ainda salientar que com isto, Jesus corrige também a teologia de Natanael. Ele não era
apenas o “Filho de Deus”, mas também era o “Filho do Homem”, fazendo uma alusão a
Daniel 7.13,14 "alguém semelhante a um filho de homem",
Jesus tem uma identificação total com a humanidade. Precisava ser homem para assumir
nossa culpa e precisava ser Deus para abrir os céus.
2.4 Mensagem para a época da escrita
A mensagem desta passagem para os leitores da época da escrita era de grande
conforto, afinal de contas, Deus nunca abandonou o seu povo, o seu verdadeiro Israel, ou os
seus “verdadeiros israelitas”. Porém a mensagem se propunha também a corrigir conceitos
equivocados quanto à vinda do Messias. O povo de Israel havia criado uma teologia
51
Carson, entretanto admite que “claramente, Natanael estava reconhecendo Jesus como o Messias, o
prometido de quem as antigas escrituras de quem tinham dado testemunho” Cf. CARSON, D. A. O comentário
de João. São Paulo: Shedd Publicações, 2007, p. 161 52 Cf. The Interpreter’s Bible, Vol VIII. New York: Abingdom – Cokesbury Press. Nashville. P. 489
comprometida com o “espírito da época” um messias libertador em termos políticos não
resolveria uma situação muito mais grave: os céus estavam fechados. Por isso, esta correção
não era para mal e sim para manter viva a expectativa do cumprimento da vinda daquele
que fora profetizado por Moisés e pelos profetas. Jesus, não apenas o Filho de José, o Rei de
Israel, mas aquele que poderia abrir os céus.
2.5 Mensagem para todas as épocas
Esta mensagem se aplica a todas as épocas. Em nosso tempo as pessoas também
construíram uma teologia errada sobre o Cristo. Para muitos ele é apenas alguém que pode
sanar alguns males da nossa sociedade como enfermidades, desemprego, injustiças,
violência, pobreza etc. para outros, Jesus é um amuleto místico em quem ele pode se apegar
nos momentos de dificuldade, solidão e tristeza, mas essa pessoa não tem em Jesus o seu
Deus, o seu Senhor e seu Salvador. Por mais que a humanidade evolua na educação e
tecnologia, a inimizade com Deus continua, o céu continua fechado para muitos, e assim
como João tinha um propósito evangelístico, assim devemos, também apresentar esse Jesus
salvador para estas pessoas.
2.6 Teologia do texto
2.6.1 Implicações para a Teologia Bíblica
O estudo em questão é de extrema importância para a teologia bíblica e sistemática, pois
lança bastante luz sobre conceitos fundamentais da fé cristã. Os temas que têm
implicações diretas são: Reino de Deus, Filho de Deus, Messias, Filho do homem,
discipulado, salvação como libertação e dualismo Joanino.
2.6.2 Implicações para a Teologia Sistemática
Cristologia, soteriologia, eleição.
2.6.3 Implicações para a teologia prática
Discipulado e teologia pastoral
3. SERMÃO
Título: A identidade de Cristo
Tema: Quem é Jesus Cristo:
Doutrina: Cristologia - As naturezas de Cristo
Necessidade: Atualmente muitos frequentadores de igreja não têm uma visão clara sobre a
pessoa de Cristo. Com o surgimento das igrejas neo-pentecostais que priorizam apenas as
curas, milagres e libertação, essas pessoas não conhecem o Jesus salvador, o libertador do
pecado, o Deus-homem que pode “salvar totalmente os que por ele se achegam a Deus”.
Objetivo: O propósito desse sermão é mostrar que os ouvintes devem crer em Jesus não
apenas como alguém que pode livrar de mazelas temporais, mas devem crer que ele é o que
liga o homem pecador e perdido a Deus.
ESBOÇO
TEMA: Qual é a Natureza de Cristo?
Leitura: Jo 1.43-51
Introdução:
1 – Humana
2 – Divina
3 – Divino-humana.
Conclusão
Aplicação
Conclusão
Concluímos esse trabalho louvando a Deus por nos ter dado uma revelação tão preciosa de
quem ele é através do seu filho Jesus Cristo. O evangelho de João nos mostra que o
evangelho é muito simples. Quando Filipe chama Natanael para conhecer Jesus, ele não
precisa de elaborações filosóficas ou estratégias de marketing, ele apenas diz que Jesus é
aquele que foi profetizado nas escrituras. Ao mesmo tempo, vemos Jesus demonstrando sua
divindade claramente, em vários momentos. Primeiro ao reconhecer Natanael debaixo da
figueira, ele demonstra um olhar penetrante, um olhar que vê não apenas o exterior, mas a
alma do ser humano, depois, Jesus afirma categoricamente que os seus discípulos verão os
céus abertos, que mensagem sublime!
Bibliografia
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CARSON, D. A., MOO, D., MORRIS, L. Introdução ao Novo Testamento, São Paulo: Vida Nova,
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Cf. ROPS, Henri Daniel. A Vida Diária nos Tempos de Jesus. Sociedade Religiosa, São Paulo:
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Cf. The Interpreter’s Bible, Vol VIII. New York: Abingdom – Cokesbury Press. Nashville.
DODD, C. H. A interpretação do quarto evangelho. São Paulo: Editora Teológica, 2003.
ENCICLOPÉDIA DA BÍBLIA / Vários autores; tradução da Equipe de colaboradores da Cultura
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