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NELSON DOS SANTOS FERREIRA Exegese de João 1.43-51 Exegese no Evangelho de João 1.43-51, para atender às exigências da disciplina “Exegese do Novo Testamento 1”, ministrada pelo Rev. João Paulo Thomaz de Aquino, no Seminário Teológico Presbiteriano JMC. Seminário Teológico Presbiteriano José Manoel da Conceição São Paulo - 2012

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Exegese de Atos

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Page 1: Minha Exegese2 1

NELSON DOS SANTOS FERREIRA

Exegese de João 1.43-51

Exegese no Evangelho de João 1.43-51,

para atender às exigências da disciplina

“Exegese do Novo Testamento 1”,

ministrada pelo Rev. João Paulo Thomaz

de Aquino, no Seminário Teológico

Presbiteriano JMC.

Seminário Teológico Presbiteriano José Manoel da Conceição

São Paulo - 2012

Page 2: Minha Exegese2 1

Sumário

Introdução ............................................................................................................. 03

1 Estudo Contextual ............................................................................................... 04

1.1 Contexto Histórico ......................................................................................... 04

1.2 Contexto Literário ......................................................................................... 08

1.2.1 Contexto Remoto ............................................................................................. 08

1.2.2 Contexto Próximo ............................................................................................ 10

1.2.3 Estrutura do Contexto ..................................................................................... 12

1.3 Contexto Canônico ........................................................................................ 13

2 Estudo Textual ..................................................................................................... 15

2.1 Tradução ....................................................................................................... 16

2.2 Estrutura do Texto ......................................................................................... 18

2.2.1 Estrutura Clausal ............................................................................................. 18

2.2.2 Justificação da Perícope .................................................................................. 19

2.3 Comentário ................................................................................................... 19

2.4 Mensagem para a época da escrita ................................................................ 22

2.5 Mensagem para todas as épocas ................................................................... 23

2.6 Teologia do texto .......................................................................................... 23

2.6.1 Implicações para a Teologia Bíblica ................................................................. 23

2.6.2 Implicações para a Teologia Sistemática ......................................................... 23

2.6.3 Implicações para a teologia prática ................................................................. 23

3 Sermão ................................................................................................................ 24

Conclusão ............................................................................................................... 25

Bibliografia ............................................................................................................. 26

Page 3: Minha Exegese2 1

INTRODUÇÃO

“Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e

a quem se referiram os profetas...”.

O evangelho segundo João é tão impressionante e inspirador que figura entre os livros

mais lidos e amados da bíblia. Se tivéssemos que dar um subtítulo, o chamaríamos de O

Evangelho da Fé. João menciona a palavra “crer” aproximadamente cem vezes evangelho,

em contraste com os sinóticos, que mencionam menos da metade. 1

João 1.43-51 nos mostra como os primeiros discípulos de Cristo Creram nele. A

expressão de Filipe ao falar de Jesus a Natanael, não deixa dúvida de que, como israelitas,

judeus e pertencentes ao povo da aliança, ansiavam com ardente expectativa, a vinda

daquele que outrora fora prometido pelos profetas. A profecia, enfim, estava se cumprindo

bem ali, aos seus olhos. E isso não poderia, de modo algum, passar despercebido, era

necessário contar isso aos amigos, parentes e vizinhos. É certo que encontrar descrédito e

rejeição seria natural a essas alturas, afinal de contas, não é todo dia que uma profecia de

tamanha magnitude se cumpre! Não era qualquer profecia, tratava-se daquela proferida,

não apenas pelos profetas, mas por ninguém menos que Moisés, o grande líder de Israel. Era

o cumprimento da vinda do “filho de Deus, o Rei de Israel”.

1 Ver: MacArtur, John. João: Estudos bíblicos de John MacArtur. São Paulo: Cultura Cristã, 2011, p.6.

Page 4: Minha Exegese2 1

1. ESTUDO CONTEXTUAL

1.1 Contexto Histórico da passagem

A situação política do povo judeu no período do Novo Testamento era de

subordinação. A palestina estava sob o poder do império romano, que impunha suas regras

de acordo com os seus interesses. Israel não possuía nem pátria, nem estado, e a sua única

identidade era a sua religião.2 Por isso, observa-se durante o ministério de Jesus, no cenário

religioso, um judaísmo impermeado de tradições ritualísticas.3 Além disso, o misticismo

oriental e o humanismo grego também figuravam entre os vários ensinos erroneamente

concebidos pelo povo, os quais Jesus teve que enfrentar e corrigir.4

João 1.43-51 descreve Jesus comissionando os seus primeiros discípulos, e a forma

como reagem ao seu chamado. Dentro dessa narrativa, temos nomes de algumas cidades ou

regiões das quais levantaremos algumas informações. Mas o que mais nos interessa aqui são

os elementos que nos ajudam a compreender quais eram os conceitos que permeavam a

mente destes discípulos quanto à vinda do Messias, e o quê Jesus deseja que eles entendam.

Para isso, faremos algumas observações a cerca dos principais elementos contidos na

perícope.

Regiões geográficas. Quais são as regiões geográficas citadas na narrativa?

Betânia – Em 1.28, lemos: “Estas coisas se passaram em Betânia, do outro lado do Jordão,

onde João estava batizando”. Betânia não é mencionada exatamente em nossa perícope,

2 Cf. ROPS, Henri Daniel. A Vida Diária nos Tempos de Jesus. Sociedade Religiosa, São Paulo: Edições Vida Nova,

1983, p. 41. 3 Hӧrster destaca que “o judaísmo helenístico, de acordo com o pensamento de Filo de Alexandria, o judaísmo

da Palestina, cujos representantes eram os fariseus e rabinos, e as seitas judaicas, das quais principalmente os

essênios de Qumran, têm certa proximidade com o evangelho de João”. Cf. HӦRSTER, Gerhard. Introdução e

síntese do Novo Testamento. Curitiba-PR: Editora Esperança, 1996, p. 52 4 Ver PACKER, J., TENNEY, M. e WHITE Jr, W. O Mundo do Novo Testamento. São Paulo: Editora Vida, 1988, p.

99.

Page 5: Minha Exegese2 1

mas no contexto próximo. Antes de partir para a Galiléia e chamar seus primeiros discípulos,

Jesus estava em Betânia, local onde João Batista testemunhou sobre ele.

Existe uma discussão sobre, se esta Betânia era o mesmo povoado onde moravam

Lázaro, Maria e Marta, onde Jesus costumava ficar, ou talvez, se tratasse de outro lugar com

o mesmo nome. Ao que tudo indica, esta segunda opção parece ser a mais correta. A

primeira, era uma vila situada a 3 km de Jerusalém pelo caminho de Jericó; (Jo 11.1), a

segunda, era um lugar não identificado situado a leste do Jordão, onde João batizava5 (Jo

1.28).

Galileia – A Galileia era uma extensa e povoada região da Palestina. Tinha como limites ao

norte; o Antilíbano; ao ocidente a Fenícia; ao sul Samaria; e tinha do lado do oriente o mar

da Galileia e o rio Jordão.

Embora fosse uma província rica, pois fornecia peixe para grande parte da Palestina e

pagasse tributo de 200 talentos aos governadores romanos,6 a Galileia era, entretanto,

desprezada pelos judeus, porque os seus habitantes eram uma raça mista, composta de

judeus, egípcios, árabes e fenícios. Sua parte superior era chamada de Galileia dos Gentios,

(Isaías 9:1; Mateus 4:15). Usavam um dialeto corrompido e tinham fama de culturalmente

atrasados7, (embora esta situação depois do ano 70 d.C tenha mudado)8 A maneira como

Pedro falava, denunciava imediatamente a terra do seu nascimento (Mt 26.69, 73; Mc

14.70). Herodes Antipas foi o governador ou tetrarca da Galileia durante toda a vida de

Cristo9. Cristo foi chamado de o Galileu (Mt 26.29), por que ali foi educado, viveu com seus

pais, ensinou as suas doutrinas, e convocou os seus primeiros discípulos (Mt 4.13 a 23; Mc

1.39; Lc 4.44; 8.1; 23.5; Jo 7.1).

5 Cf. HENDRIKSEN, William. João. São Paulo: Cultura Crista, 2004, p. 129 e CARSON, D. A. O comentário de João.

São Paulo: Shedd Publicações, 2007. p. 146 6 Cf. CARSON, D. A., MOO, D., MORRIS, L. Introdução ao Novo Testamento, São Paulo: Vida Nova, 1997, p. 165

7 Ver Kaschel, Werner ; Zimmer, Rudi: Dicionário Da Bíblia De Almeida 2ª Ed. Sociedade Bíblica do Brasil, 1999;

2005 8 Quando Jerusalém caiu em 70 d.C, a Galileia tornou-se a sede da erudição judaica. A Mishnah foi compilada e

escrita em Tiberíades, seguida mais tarde pela composição do Talmude. Mais tarde ainda, Tiberíades se tornou

o centro do trabalho dos massoretas de preservar o texto do AT. O Sinédrio, da mesma maneira, mudou-se

para Séforis após 70 d.C, e então para Tiberíades. Ver: Enciclopédia da Bíblia / Vários autores; tradução da

Equipe de colaboradores da Cultura Cristã - São Paulo: Cultura Cristã, 2008. Vol 2, p. 941. 9 Cf. BUKLAND, dicionário bíblico universal. São Paulo, Editora vida, 1981, p. 171

Page 6: Minha Exegese2 1

Nada impede que esse possa ser também o nome de diversas cidades ao longo

daquele produtivo lago. Josefo registrou que Herodes Filipe “elevou a aldeia Betsaida,

situada no lago de Genezaré, à dignidade de cidade... e a chamou pelo nome de Julias, o

mesmo nome da filha de César” (Ant. XVIII, ii, 1)10. Este era um local próximo do Jordão e

parece de ter sido uma cidade bem mais “urbanizada”. Possuía muros, aqueduto e até edi-

fícios. Talvez, houvesse uma parte da cidade bem ao litoral, com atividade pesqueira, e outra

parte, construída por Herodes Filipe, que ficava num local mais “nobre”, ao norte. Se isso é

verdade, é possível resolver muitas das questões levantadas pelos relatos dos Evangelhos.

Jo 12.21 contém a expressão “Betsaida da Galileia”, a qual pode ser entendida como

Galileia no sentido mais genérico, como a extensão a leste do Jordão e ao norte do mar da

Galileia (o que não era, no sentido político e técnico). Talvez uma ilustração que possa

ajudar, seja o exemplo do Jardim Ângela em são Paulo, Zona Sul. Compreendido como um

grande bairro, mas que engloba dezenas de outros bairros menores, que por vezes são

chamados pelos seus nomes particulares, ou à vezes, genericamente, como Jd. Ângela11.

Nazaré (Ναζαρετ ou Ναζαρεθ) O significado não é claro, mas provavelmente esteja rela-

cionado ao hebraico nazir “separado”, ou neser, “ramo”. Mt 2.23. Cidade na Galileia, onde

Jesus morou com sua família antes de mudar para Cafarnaum (Mateus 4.13). Está localizada

a cerca de meio caminho entre a extremidade sul da Galileia e o Monte Carmelo. Um fato

curioso sobre Nazaré, é que, embora citada mais de dez vezes no Novo Testamento, esta

cidade não é mencionada nenhuma vez no AT, nem no Talmude e nem pelo historiador

Josefo12, isto explica sua tamanha insignificância, e até mesmo justifica o adágio atribuído a

ela por Natanael. Quando Filipe contou-lhe que havia encontrado Jesus de Nazaré, Natanael

replicou: “De Nazaré pode sair alguma coisa boa?” Esta pergunta tem sido interpretada de

muitas maneiras13, mas a mais comum é que Natanael estava fazendo um comentário

10 Cf. Enciclopédia da Bíblia / Vários autores; tradução da Equipe de colaboradores da Cultura Cristã - São

Paulo: Cultura Cristã, 2008. Vol 2, p. 771 11 Fonte: <http://portal.prefeitura.sp.gov.br/noticias/sec/trabalho/2005/09/0012/#a_b> acesso em: 16/05/12 12

Ver Enciclopédia da Bíblia / Vários autores; tradução da Equipe de colaboradores da Cultura Cristã - São

Paulo: Cultura Cristã, 2008. Vol 2, p. 478 13 Carson admite que o sarcasmo se tratasse de certa rivalidade entre cidades, pois “assim como os galileus

eram frequentemente desprezados pelo povo da Judéia, parece que até mesmo os galileus desprezavam

Nazaré”. No entanto ele sugere que havia algo a mais nesta expressão, para Carson, “Da perspectiva de João, o

fato de que Jesus foi criado em Nazaré não só obscurecia sua origem, Belém, para aqueles que não

Page 7: Minha Exegese2 1

mordaz sobre a pequenez de Nazaré, quem sabe vendo-a como rival de sua própria vila,

Betsaida.

Nazareno – É um termo gentílico, isto é, designa um indivíduo de acordo com o seu local de

nascimento ou residência14. É uma palavra exclusiva do Novo Testamento, (aparece cerca

de 20 vezes). Jesus foi assim chamado devido ao seu longo tempo de residência na cidade de

Nazaré. Mateus 2.23 nos indica também outro motivo: para cumprir uma profecia. Talvez

esteja se referindo a Jz 13.5,7, considerando-se que a palavra grega Ναζωραιος (Nazoraios,

“separado”) esteja relacionada à palavra hebraica ryzIn ” (nazir, “ azireus”). Essa interpretação

é possível, visto que Calvino entendia que esta era uma referência à lei dos nazireus15,

embora pareça que as palavras “ azireus” e “nazareno” derivaram-se de raízes diferentes, e

também se compreenda que, por mais que assim se traduza a palavra, Jesus não era um

literalmente um azireus, de acordo com o sentido da palavra em Números 6.1-21 em sua

completa acepção16. A maioria dos intérpretes entende que Mateus esteja se referindo a

Isaías 11.1: “Do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes, renovo rc,nE (netser,

“ramo” ou “broto”). A verdade é que Nazaré não se encontra mencionada no AT, e não há

profecia que diga isto tão diretamente.

Com relação ao termo, é importante ainda fazer algumas observações: Por vezes foi

usado a Jesus como simples designação de sua residência: João 1:45; Mateus 2:23; Marcos

10:47. Talvez por desdém ou escárnio: Mateus 26:71. Os Evangelhos também registram que

os espíritos imundos também o identificavam por este termo (Mc 1.24; Lc 4.34). Também os

anjos anunciaram a ressurreição fazendo referência a Jesus por este termo (Mc 16.6). O ódio

pesquisavam a fundo (7.41,42, 52), mas também refletia a auto-humilhação do homem vindo do céu. Ele era

conhecido como 'Jesus de Nazaré' ou 'Jesus, o Nazareno' (cf Mt 2.23), não 'Jesus Belemita', com toda as

implicações reais e davídicas que isso teria provido”. Ver CARSON, D. A. O comentário de João. São Paulo:

Shedd Publicações, 2007. p.160. 14 Usa-se o termo no sentido genérico para qualquer habitante do local, independentemente de sua

naturalidade. Por exemplo, o termo “Paulistano” não se refere apenas aos nascidos na capital paulista, mas a

todos os que moram e vivem nesta cidade. Vejamos a manchete do jornal eletrônico r7.com de 17 de Maio de

2012: “Paulistanos enfrentam trânsito acima da média na manhã desta quarta”, ou seja, não são só os nascidos

em São Paulo que enfrentam transito, mas todos os seus moradores ou transeuntes. fonte:

<http://noticias.r7.com/sao-paulo/noticias/paulistanos-enfrentam-transito-acima-da-media-na-manha-desta-

quarta-20120208.html> acesso em 17/05/2012. 15

Ver Enciclopédia da Bíblia / Vários autores; tradução da Equipe de colaboradores da Cultura Cristã - São

Paulo: Cultura Cristã, 2008. Vol 2, p. 482 16

Op. Cit, p. 479.

Page 8: Minha Exegese2 1

dos inimigos de Jesus fez com que este termo o acompanhasse ao túmulo, e levou Pilatos a

escrevê-lo e a pregar na sua cruz (Jo 19.19). O termo continuou além dos dias de Jesus na

terra, como designação de seus seguidores. Uma comunidade cristã inteira foi chamada de

“a seita dos Nazarenos” (At 24.5). De modo semelhante, os seguidores de Jesus

continuaram, após sua ascensão, a se referirem a ele como “Jesus de Nazaré” (2.22; 3.6;

10.38)17.

Há ainda, em nossa perícope, o conceito messianico, “filho de Deus” e “Rei de Israel”

(verso 49), assim como a alusão à “escada de Jacó” (Gn 28.12). Trataremos destes assuntos

no tópico “teologia do texto”.

1.2 Contexto literário:

1.2.1 Contexto Literário Remoto.

O texto de nossa perícope está totalmente relacionado com o todo do evangelho de

João, principalmente porque introduz o conceito de “Messias”. Aliás, João é o único dos

quatro evangelhos que usa esse termo. O autor diz que o propósito deste Evangelho é fazer

com que os leitores creiam que Jesus é “o Cristo, o Filho de Deus”, e a expressão de André

“Achamos o Messias” (1.41), é confirmada pela expressão de Filipe “Achamos aquele de

quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas...” fazendo uma clara alusão

ao Messias prometido18. Este conceito também vai ser abordado pelo Próprio Senhor em

toda a extensão do evangelho, especialmente em 4.19-30, onde a mulher samaritana diz que

sabia que haveria de vir o Messias, e então Jesus se declara dizendo: “Eu o sou, o que falo

contigo!” (4.25). Não é à toa que a expressão correlata “O Cristo”, aparece mais de vinte

vezes em todo o evangelho de João. Segundo Dodd, os títulos dados a Jesus na Igreja

17

Ver Enciclopédia da Bíblia / Vários autores; tradução da Equipe de colaboradores da Cultura Cristã - São

Paulo: Cultura Cristã, 2008. Vol 2, p. 483 18

Cheio de entusiasmo, Filipe exclama: Encontramos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e sobre quem os

profetas escreveram... Até esse ponto, Filipe está expressando uma grande verdade, pois Moisés e os profetas

(ou seja, todo o Antigo Testamento) não podem ser entendidos, a menos que se veja neles o Cristo. Se não

conseguimos perceber isso, o Antigo Testamento permanecerá um livro fechado. Assim que essa ideia é

captada, as Escrituras se abrem como as seguintes passagens claramente indicam: Lucas 24.32, 44; João 5.39,

46; Atos 3.18, 7.52; 10-43; 13-29; 26-22; 23; 28.23 e 1 Pedro 1.10. (Hendriksen, p.150)

Page 9: Minha Exegese2 1

primitiva: “Messias” ou “Cristo”, “Filho de Deus”, “Rei de Israel” etc, também aparecem nos

outros evangelhos. No entanto, nem nos sinóticos, ou, em nenhum outro lugar no Novo

Testamento, estes títulos recebem tanto destaque como aqui.19

Esse assunto, por sua total ligação com o Antigo Testamento, com outros escritos neo-

testamentários, e de extrema importância para a compreensão do evangelho de João, será

abordado mais profundamente no contexto canônico.

Filho de Deus: (1:34, 1:49, 3:18, 5:25, 10:36, 11:4, 11:27, 19:7, 20:31 ). Este conceito é

bastante vívido no quarto evangelho. Quando Natanael responde: “Rabi, tu és o Filho de

Deus, tu és o Rei de Israel!” fica claro que ele tinha em certa medida, um conceito

messiânico.20 Não sabemos qual era o grau de sua compreensão, porém, Hendriksen afirma

acertadamente que o contexto da passagem nos proíbe de diminuir o sentido dessa

confissão. Em suas palavras: “Para Natanael, nesse momento em particular, Jesus era nada

menos que o próprio Filho de Deus, como, pois, ele não seria também o Rei de Israel, o

Messias tão esperado?”21 É importante salientar que em João, Cristo é o filho no sentido

trinitariano, ou seja, ele é o Filho Eterno de Deus. Isso é favorecido pelo contexto (1.1, 18) e

por passagens como 3.16, 18, que provam que, antes mesmo de sua encarnação, o Filho já

era o único gerado de Deus22. No Antigo Testamento, este termo é atribuído a Israel (Êx

4.22,23; Dt 1.31; 32.6; Jr 31.9, 20; Os 11.1), no Novo testamento, Jesus é apresentado como

o verdadeiro Israel. Textos como 1 Samuel 26.17, 21, 25; 2 Samuel 7.14; Salmo 2.7 ligam

filiação e realeza davídica23. O conceito de Messias que Israel desenvolvera, simplesmente

em termos de um descendente de Davi, estava totalmente equivocado. O pecado do mundo

tinha de ser tirado, e um Messias meramente humano jamais teria condições de fazer isso. 19 Ver: DODD, C. H. A interpretação do quarto evangelho. São Paulo: Editora Teológica, 2003, p. 303.

20 Carson, entretanto, discute a ideia de que, embora os discípulos estivessem familiarizados com as

terminologias “O Messias prometido”, “O rei de Israel”, “O Filho de Deus” (designações para o Messias). Não

significa, necessariamente, que os primeiros seguidores Jesus tivessem plena compreensão cristã desses

títulos. INTRODUÇÃO CARSON 186 21 HENDRIKSEN, William. João. São Paulo: Cultura Crista, 2004, p. 129 e CARSON, D. A. O comentário de João.

São Paulo: Shedd Publicações, 2007, p. 151 22

Op. Cit, p. 151 23 Para Carson, a descrição de Jesus como filho de Deus, por mais funcional que seja sua descrição, envolve um

relacionamento metafísico, e não meramente messiânico. Ver CARSON, D. A. O comentário de João. São Paulo:

Shedd Publicações, 2007, p. 151

Page 10: Minha Exegese2 1

Para salvar pecadores perdidos é necessário o poder do próprio Deus (Rm 1.16), e apenas o

Filho de Deus‖ poderia cumprir cabalmente essa tarefa. Os aspectos teológicos destes

conceitos serão tratados mais adiante na teologia do texto.

Filho do Homem: (1:51, 3:13, 3:14, 5:27, 6:27, 6:53, 6:62, 8:28, 9:35, 12:23, 12:34, 13:31) Há,

evidentemente, um profundo significado na acepção desta expressão, embora o título tenha

sido utilizado para designar a humanidade e humildade de Cristo em distinção de sua

natureza divina. No Antigo Testamento, especialmente Ezequiel 2.1-3 "Filho do homem"

designa "um filho de Adão por descendência" outra passagem, o Salmo 8.4, também pode

ser aplicável ao homem mortal, embora se aplique também a Cristo em sua identificação

com o ser humano. Talvez, a ocorrência mais importante da expressão "Filho do homem"

seja a de Daniel 7.13, onde podemos inferir uma personificação do verdadeiro Israel como

figura messiânica24. No Novo Testamento há várias citações, muitas delas, proferidas pelo

próprio Jesus (Jo 3.13). “Sua natureza encarnada humana-divina reflete o propósito e o

caráter da sua missão — Deus em e com o homem reconciliando-o com Deus”. Este conceito

também é presente na compreensão de Dodd:

O filho do homem em João é o Filho de Deus, ele desce do céu e de novo sobe para o

céu (3.13;6.62 etc.). Está em íntima união com Deus, “habitando nele”. Ele é modelo

pelo menos no sentido que sua relação com o pai é o arco da verdadeira e última

relação dos homens para com Deus. [...] além disso, ele é representado simbolicamente

pela luz, pão, videira. Com relação a luz, pão e videira empíricos, ele é alethinos, a

realidade última que está por detrás das exigências fenomenais ou aquilo que elas em

ultima análise significam. O phos alethinon, por exemplo, é o que Fílon chama arxetypon

photos. Em outras palavras, é a ideia platônica de luz. Não é muito distante disso afirmar

que para João o Filho do Homem é o alethinos anthropos, o Homem-modelo ou real, ou

a ideia platônica de Homem25.

1.2.2 Contexto Literário Próximo.

O contexto literário próximo da perícope em estudo, compreende os versículos 1.19-

2.1-12. O capítulo primeiro de João, especialmente dos versos 19 a 51, apresentam o que

24 ENCICLOPÉDIA DA BÍBLIA / Vários autores; tradução da Equipe de colaboradores da Cultura Cristã - São

Paulo: Cultura Cristã, 2008. Vol 2, p. 831 25 DODD, C. H. A interpretação do quarto evangelho. São Paulo: Editora Teológica, 2003, p. 323

Page 11: Minha Exegese2 1

Carson chama de “o prelúdio do ministério público de Jesus”26, e Hendriksen, por sua vez,

intitula como: “Cristo se Revela a Círculos Crescentes.”27

Os versos 1.19-34 nos mostram o testemunho de João Batista quando perguntado

pelos judeus de Jerusalém acerca de sua identidade, o qual se coloca apenas como um

arauto daquele que “vem após mim” (1.27). No dia seguinte, quando Jesus veio a ele para

ser batizado,28 João testemunha mais uma vez enfaticamente dizendo: “Eis o Cordeiro de

Deus, que tira o pecado do mundo!” (1.29), e como consequencia disso, os versos seguintes

(1.35-42) registram que dois dos discípulos de João, (André, o irmão de Simão Pedro)

passaram a seguir a Jesus. Na verdade, André foi o primeiro a seguir Jesus e depois chamou

o seu irmão Simão Pedro com a seguinte declaração: “Achamos o Messias” (41). Assim, Jesus

está iniciando o seu colégio apostólico, chamando um por um, para serem seus discípulos.

Os versos 1.43-51, perícope em estudo aqui, nos mostram o chamado de Filipe e como

este levou Natanael a Jesus. É interessante notar o modo como os discípulos de Jesus foram

se chegando a ele. André, ao perguntar a Jesus, onde ele morava, ouviu o seguinte

chamamento “Vinde e vede”. André então chamou o seu irmão Pedro, a quem Jesus

também confirmou o chamamento “Tu és Simão, o filho de João; tu serás chamado Cefas

(que quer dizer Pedro)” (42). E Filipe chamou a Natanael, o qual é identificado nos sinóticos

como Bartolomeu.

Os versos 2.1-12 relatam o primeiro milagre de Jesus em Caná da Galiléia, fazendo

uma espécie de “consolidação” da fé daqueles discípulos que já o seguiam e um testemunho

de sua divindade àquela cidade (2.11).

26 CARSON, D. A. O comentário de João. São Paulo: Shedd Publicações, 2007. p.105 27 Essa estrutura e tema “Cristo se Revela a Círculos Crescentes” estão baseados na sugestão de Hendriksen,

ver: HENDRIKSEN, William. João. São Paulo: Cultura Crista, 2004, p. 129 e CARSON, D. A. O comentário de João.

São Paulo: Shedd Publicações, 2007, p. 98 28 João não narra o episódio do batismo em si, mas o seu relato está sobejamente registrado nos

textos sinóticos: Mt 3.13-17; Mc 1.9-11; Lc 3.21-22.

Page 12: Minha Exegese2 1

1.2.3 Estrutura do contexto

Cristo se Revela a Círculos Crescentes 1.19-2.1-1229

29 Essa estrutura e tema “Cristo se Revela a Círculos Crescentes” estão baseados na sugestão de Hendriksen,

ver: HENDRIKSEN, William. João. São Paulo: Cultura Crista, 2004, p. 129 e CARSON, D. A. O comentário de João.

São Paulo: Shedd Publicações, 2007, p. 98

Page 13: Minha Exegese2 1

1.3 Contexto Canônico

Definição de Messias - O termo hebraico usado para a palavra messias é x;yvim' mashiah, que

significa “ungido” e vem de uma raiz hebraica que significa “untar”30. O grego Messi,aj

messias, é uma transliteração da palavra hebraica e mantém o mesmo significado. A

Septuaginta (LXX), utilizou a palavra equivalente grega Cristo,j Christos, “ungido”, a qual

foi adotada também no Novo Testamento.31

Portanto, os termos Messias, Cristo e Ungido, são todos sinônimos e dizem respeito à

identidade de Jesus, que é apresentado como mediador, não apenas dos Judeus, mas de

toda a criação, é por isso que a bíblia relata que os samaritanos o reconheceram como o

“Salvador do mundo” (Jo 4.42).32

Referencias no Antigo Testamento

O Velho Testamento está repleto de referencias ao Messias, apresentado sob

diferentes aspectos, como diz Hodge, “como um rei triunfante, um mártir sofredor e uma

pessoa divina”.33

Podemos verificar a identificação do messias com os seguintes aspectos, a saber:

1 – Na unção de reis e os sacerdotes: Ex 29.7; Lv 4.3; Jz 9.8; 1 Sm 9.16; 10.1;

2 – Na unção de Profeta: 1 Rs 19.16, Sl 105.15 e Is 61.1.

A unção tinha um significado todo especial, Berkhof nos dá algumas informações

importantes:

O óleo usado na unção desses oficiais simbolizava o Espírito de Deus, Is 61.1; Zc 4.1-6, e

a unção representava a transferência do Espírito para a pessoa consagrada, 1 Sm 10.1, 6,

10; 16.13, 14. A unção era sinal visível de (a) designação para um ofício; (b)

estabelecimento de uma relação sagrada e o resultante caráter sacrossanto da pessoa

ungida, 1 Sm 16.13; cf. também 2 Co 1.21, 22. O Velho testamento se refere à unção do

Senhor em Sl 2.2; 45.7, e o Novo testamento em At 4.27 e 10.3834.

30 Ver: GRONINGEN, Gerard Van. Revelação Messiânica no Velho Testamento. Campinas: Luz Para o Caminho,

1995, p. 17. 31 Esta versão não foi usada somente pelos judeus de fala grega, senão que também foi adotada pela igreja

cristã. Muito provavelmente, Paulo e outros apóstolos usaram um Antigo Testamento grego ao apoiar sua

afirmação de que Jesus era o Messias (Atos 17.2-4). Ver: SHULTZ, Samuel. A história de Israel no Antigo

Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1977, p. 3. 32 BOOR, Werner de. Evangelho de João I: Comentário Esperança. Curitiba: Editora Evangélica Esperança, 2002, p. 25. 33

HODGE, Charles. Teologia Sistemática. São Paulo: Hagnos, 2001, p. 367 34

BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. Campinas, Luz Para o Caminho, 1990, p. 312.

Page 14: Minha Exegese2 1

Nos Salmos – (18, 22,88,116 ) Os Salmos messiânicos indicavam profeticamente alguns

aspectos do Messias como foi revelado no Novo Testamento. De acordo com Shultz, os

Salmos messiânicos:

Estabelecem um paralelo com a paixão de Jesus, retratadas nos quatro Evangelhos.

Embora este grupo reflita a experiência emocional de seus autores, suas expressões, sob

inspiração divina, têm importância profética. Inter-relacionado com a vida e a

mensagem de Jesus, este elemento nos Salmos é vitalmente significativo como está

interpretado no Novo Testamento, vagamente expressado nos Salmos de culto, as

referências messiânicas se fazem mais aparentes ao serem cumpridas em Jesus, o

Messias35.

Outras passagens:

Gn 3:15 - O messias, a “semente da mulher” esmagaria a cabeça da serpente.

Gn 12:1-3,22:18 - O Messias seria da semente de Abraão.

Gn 49:10 - O Messias seria da tribo de Judá.

Dt 18: 15-19 - O Messias seria o profeta semelhante à Moisés.

2Sm7:13,16 - O Messias possuirá o trono e o reino eternos.

Is 7:14 - O Messias nasceria da virgem.

Is 9:6-7 - O Messias seria o Filho de Deus, o rei divino.

Estas passagens não são as únicas, estas foram citadas apenas para ilustrar o nosso

trabalho aqui. Além disso, Nas palavras de Leandro Lima, “sabe-se que Israel desejava

ardentemente a vinda do Messias, pois Deus se incumbiu de deixar pistas, por todo o Antigo

Testamento, sobre a vinda de um escolhido que libertaria o povo e o levaria a uma era de

paz e prosperidade. Sem essa crença, a vinda de Jesus não teria exercido o mesmo

impacto”.36

35

SHULTZ, Samuel. A história de Israel no Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1977, p. 273. 36

LIMA, Leandro Antonio de. Razão da Esperança. São Paulo: Cultura Cristã, 2006, p. 230.

Page 15: Minha Exegese2 1

2. ESTUDO TEXTUAL

João 1.43-51

43 Th/| evpau,rion hvqe,lhsen evxelqei/n eivj th.n Galilai,an, kai. eu`ri,skei Fi,lippon.

kai. le,gei auvtw/| o` VIhsou/j, VAkolou,qei moi.

44 h=n de. o Fi,lippoj avpo. Bhqsai?da,, evk th/j po,lewj VAndre,ou kai. Pe,trou.

45 eu`ri,skei Fi,lippoj to.n Naqanah.l kai. le,gei auvtw/|, }On e;grayen Mwu?sh/j evn

tw/| no,mw| kai. oi` profh/tai eurh,kamen, VIhsou/n uio.n tou/ VIwsh.f to.n avpo.

Nazare,t.

46 kai. ei=pen auvtw/| Naqanah,l, VEk Nazare.t du,natai, ti avgaqo.n ei=nai; le,gei

auvtw/| [o] Fi,lippoj, :Ercou kai. i;de.

47 ei=den o VIhsou/j to.n Naqanah.l evrco,menon pro.j auvto.n kai. le,gei peri. auvtou/,

:Ide avlhqw/j VIsrahli,thj evn w-| do,loj ouvk e;stin.

48 le,gei auvtw/| Naqanah,l, Po,qen me ginw,skeij; avpekri,qh VIhsou/j kai. ei=pen

auvtw/|, Pro. tou/ se Fi,lippon fwnh/sai o;nta upo. th.n sukh/n ei=do,n se.

49 avpekri,qh auvtw/| Naqanah,l, ~Rabbi,, su. ei= o ui`o.j tou/ qeou/, su. basileu.j ei= tou/

VIsrah,l.

50 avpekri,qh VIhsou/j kai. ei=pen auvtw/| {Oti ei=po,n soi o[ti ei=do,n se u`poka,tw th/j

sukh/j pisteu,eij; mei,zw tou,twn o;yh|.

51 kai. le,gei auvtw/|, VAmh.n avmh.n le,gw umi/n, o;yesqe to.n ouvrano.n avnew|go,ta kai.

tou.j avgge,louj tou/ qeou/ avnabai,nontaj kai. katabai,nontaj evpi. to.n ui`o.n tou/

avnqrw,pou.

Page 16: Minha Exegese2 1

2.1 Tradução

43 No dia seguinte Jesus quis partir para a Galiléia e encontrou a Filipe e disse-lhe: “segue-

me.37

44 Ora, Filipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro.38

45 Filipe encontrou Natanael e lhe disse: “encontramos aquele de quem escreveram Moisés,

na lei, e os profetas: Jesus, o filho de José, de Nazaré”.39

46 E disse-lhe Natanael: “de Nazaré pode sair algo bom?” Filipe disse-lhe: “vem e vê”.

47 Jesus Viu Natanael vindo para ele e disse a seu respeito: “eis um verdadeiro israelita em

quem não há falsidade”.40

48 disse-lhe Natanael: “de onde me conheces?” Respondeu Jesus e disse-lhe: “antes de

Filipe te chamar, estando tu sob a figueira, eu te vi”.

49 Reconheceu Natanael: “Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o rei de Israel”.41

50 Respondeu-lhe Jesus e disse: “porque te disse que te vi debaixo da figueira crês? Maiores

coisas do que estas verás”.42

51 E disse-lhe: “em verdade em verdade vos digo: vereis o céu aberto e os anjos de Deus

subindo e descendo sobre o filho do homem”.

37 O verbo hvqe,lhsen está no indicativo aoristo ativo, 3ª pessoa do singular de Qe,lw (eu quero). A tradução da

ARA “resolveu”, também expressa a vontade de Jesus em ir para a Galiléia, porém, em minha opinião, a ARC foi

quem expressou melhor o sentido, traduzindo como “quis”, assim como optaram os tradutores das versões “A

Boa Nova Em Português Corrente” e a “Reina-Valera 1960”. Por isso, optei por traduzir assim: “No dia seguinte

Jesus quis partir para a Galiléia...” 38 Neste caso, sigo a tradução integral da ARA, que traduziu a conjunção de. Como “ora” ao contrário das

demais (ARC, NTLH, NVI, BJ, BNPC e RV) que optaram por não traduzir esta conjunção. de. Aqui é importante

porque indica mudança de sujeito, introduz uma conjunção coordenada e sinaliza a superadição de uma

oração. Neste caso o autor reforça a ideia de que o sujeito não é mais Jesus e sim Filipe. Quanto às funções

gramaticais de de. Ver: WALLACE, Daniel B. Gramática Grega: Uma Sintaxe Exegética do Novo Testamento. São

Paulo: Editora Batista Regular, 2009. p. 211 e 657; MOULTON, Harold k. Léxico Grego Analítico. São Paulo:

Cultura Cristã, 2007, p. 91. 39 Neste caso, das versões comparadas, apenas a ARA preferiu usar o gentílico “Nazareno”, as demais, usaram

o termo “de Nazaré”, que traduz mais literalmente “avpo. Nazare,t”. 40 Com exceção da versão A Boa Nova em Português Corrente (BNPC) que não traduziu peri., “a respeito de”,

sigo também em harmonia com as demais traduções. É importante a tradução da preposição peri. Aqui, do

contrário, não ficaria muito claro a respeito de quem exatamente Jesus estaria se referindo. 41 O verbo avpekri,qh traduzido como “respondeu” na ARC, enfraquece um pouco o sentido da expressão. A NVI

traduziu como “declarou”. avpokri,nomai significa “responder”, “reagir’ e “declarar”. Optei por traduzir como

“reconheceu” porque traduz melhor o sentido do texto aqui, uma vez que a palavra também significa

“reconhecer” e “admitir”. Ver: MOULTON, Harold k. Léxico Grego Analítico. São Paulo: Cultura Cristã, 2007, p.

49 42 Não aparece a palavra “coisa” no texto. A ARC demonstra isso, colocando “coisa” em itálico, ficando assim:

“Coisas maiores do que estas verás”. no entanto, o pronome demonstrativo ou-toj usado aqui no genitivo

neutro plural, traz consigo este significado.

Page 17: Minha Exegese2 1

2.2 Estrutura do Texto

2.2.1 Estrutura Clausal

43 No dia seguinte

Jesus quis partir para a Galiléia

e encontrou a Filipe

e disse-lhe:

“segue-me”.

44 Ora, Filipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro.

45 Filipe encontrou Natanael e lhe disse:

“encontramos aquele de quem escreveram

Moisés, na lei,

e os profetas:

Jesus,

o filho de José,

de Nazaré”.

46 E disse-lhe Natanael:

“de Nazaré pode sair algo bom?”

Filipe disse-lhe: “vem e vê”.

47 Jesus Viu Natanael vindo para ele

e disse a seu respeito:

“eis um verdadeiro israelita

em quem não há falsidade”.

48 disse-lhe Natanael:

“de onde me conheces?”

Respondeu Jesus e disse-lhe:

“antes de Filipe te chamar, estando tu sob a figueira,

eu te vi”.

49 Reconheceu Natanael:

“Mestre,

tu és o Filho de Deus,

tu és o rei de Israel”.

50 Respondeu-lhe Jesus e disse:

“porque te disse que te vi debaixo da figueira crês?

Maiores coisas do que estas verás”.

51 E disse-lhe:

“em verdade em verdade vos digo:

vereis o céu aberto

e os anjos de Deus

subindo e

descendo

sobre o filho do homem”.

O Jesus Humano

“O Filho de José”

1.43-46

Jesus

Filipe

Natanael

O Jesus divino

“O Filho de Deus”

1.47-50

Jesus

Natanael

O Jesus

Divino-humano

“O Filho do Homem”

1.51

Jesus

Filipe e Natanael

Page 18: Minha Exegese2 1

2.2.2 Justificação da perícope

Nossa perícope está definida compreendendo os versículos 43 a 51 do capítulo

primeiro. Esta porção do evangelho de João foi selecionada observando critérios

hermenêuticos e exegéticos. Observa-se que forma um todo coeso e orgânico, constituindo-

se em uma unidade autônoma43.

No verso 43 lemos: “No dia seguinte Jesus quis partir para a Galiléia...” João nos

informa que no dia anterior ao encontro com Filipe e Natanael, dois dos discípulos de João,

ao ouvirem seu testemunho a respeito dele, resolveram segui-lo. Vemos aqui claramente

uma mudança cronológica e geográfica, indicadores de mudança de perícope.

Outra mudança significativa que ocorreu, foi a mudança de personagens. Na passagem

anterior, os personagens são João Batista e os seus dois discípulos que passaram a seguir a

Jesus, isto, é, André e seu irmão, Simão Pedro. Agora, os personagens são: Jesus, que chama

Filipe, e Natanael, que foi convidado por Filipe a conhecer a Jesus. Por fim, a perícope

encerra no verso 51, com o término do diálogo entre Jesus e Natanael e Filipe. O capítulo 2

inicia um assunto novo, ou seja, um casamento em Caná da Galiléia, mais uma vez

observamos mudança cronológica, geográfica e de cenário.

2.2 Comentário

Mais Dois Novos Discípulos São Acrescentados

Ao Incipiente Grupo De Jesus. (1.43-51)

43-44. No dia seguinte. Os versos anteriores já nos informaram que, quando João

Batista apontou para Jesus como o Cordeiro de Deus! (35) dois dos seus discípulos passaram a

seguir imediatamente a Jesus, eram André e seu irmão, Simão Pedro. Segue-me. Agora mais

um discípulo passa a ser adicionado a esta incrível “seleção” de homens comuns. Jesus o

chama com uma palavra de autoridade, Calvino vê aqui, não apenas um chamado para um

discipulado, mas um chamado verdadeiramente eficaz.44 Nota interessante aqui é que em

43

Uwe Wagner esboça alguns destes critérios em seu livro Exegese do Novo Testamento. Para melhor

compreensão, Cf. WAGNER, Uwe. Exegese do Novo Testamento: Manual de Metodologia. São Leopoldo:

Sinodal: São Paulo: Paulus, 1998, p. 85. 44

Ver: CALVIN, John. Commentary on the gospel according to john. AGES Software - Albany, OR USA. Version

1.0 © 1998, p. 59

Page 19: Minha Exegese2 1

todo o capítulo primeiro, todos os que vêem a Jesus, o fazem pelo testemunho de outra

pessoa.

Filipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro. Para alguns comentaristas, existe

uma dificuldade aqui, pois Marcos 1.21,29, localiza a casa de Pedro em Cafarnaum. Não

consideramos isto uma dificuldade, uma pessoa pode estar morando numa determinada

cidade hoje, e amanhã precisar mudar-se para outra cidade. Jesus também mudou de

Nazaré para Cafarnaum, Mateus 4:13, também não ignoramos o fato de que Pedro poderia

ter duas casas, uma em Betsaida e outra em Cafarnaum.45 Há ainda outro fator. Não se sabe

exatamente a localização de Betsaida, pois em alguns momentos parece que havia duas

localidades com o mesmo nome. O mais comumente aceito é que tratava-se de uma

pequena vila pesqueira à margem oeste do Lago de Genesaré. É bastante sugestivo que

Jesus inicie sua comitiva de “pescadores de homens” numa vila pesqueira, aliás, Betsaida

significa “Casa da pesca”.46

45 Filipe encontrou a Natanael. Cada um levando outro, este é o modelo de

discipulado de Jesus, vejamos: João Batista apontou Jesus aos seus primeiros discípulos,

levando-os a seguirem a Jesus “Este é o de quem eu disse...” (15). André levou Pedro e Filipe

a Jesus. Agora Filipe encontrou Natanael e testemunhou a ele.

Natanael é identificado nos sinóticos como Bartolomeu, é um patronímico aramaico,

isto é, a pessoa é identificada pelo nome de alguém, neste caso o seu pai, “filho de

Tolomeu”47.

Aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas. A lei e os

profetas, ou seja, o cânon veto-testamentário estava testificando de Jesus, aliás, como bem

salientou Carson, Jesus não poderia ser reconhecido como aquele que vem a não ser que as

escrituras apontassem para ele.48

46 De Nazaré pode sair alguma coisa boa? Natanael era de Caná (21.2), cidade da

Galiléia que também não era lá grande coisa, nota-se aqui, certa rivalidade entre cidades,

pois até mesmo os Galileus desprezavam Nazaré. A possibilidade de Natanael ter usado uma

45

Quanto a esta questão, há ainda a possibilidade de que João esteja se referindo ao local de

nascimento, não, necessariamente o local de sua residência. Ver: CARSON, D. A. O comentário de João.

São Paulo: Shedd Publicações, 2007, p. 158. 46

Strong, James: Léxico Hebraico, Aramaico E Grego De Strong. Sociedade Bíblica do Brasil, 2002; 2005 47

Cf. CARSON, D. A. O comentário de João. São Paulo: Shedd Publicações, 2007, p. 159 48

Op. cit, p. 159

Page 20: Minha Exegese2 1

ironia ou desdém, não pode ser descartada, porém, é possível que o fato de Jesus ter sido

criado em Nazaré possa ter obscurecido sua origem para os menos informados. “Porventura,

o Cristo virá da Galiléia?” (7.41,42, 52). Não se esperava que o Cristo viesse de Nazaré, o que

se esperava era que o Rei de Israel viesse de Belém, cidade de Davi. Filipe deu uma boa

resposta, “vem e vê”, Há certas situações em que o melhor é provarmos pessoalmente

aquilo que estamos falando. É melhor se tornar participante de um banquete do que apenas

tomar conhecimento do seu menu.

47-49 Eis um verdadeiro israelita... Nota-se aqui um contraste entre verdade e

falsidade. O trocadilho de Jesus remete imediatamente à pessoa de Jacó, quando teve seu

nome e caráter mudados por Deus, e introduz a ideia de que um verdadeiro israelita é

aquele que age sem falsidade, sem engano. Se esta interpretação está correta, Jesus está

comparando Natanael com Israel em contraste com Jacó.49

“Jesus viu Natanael” e “eu te vi” Estas expressões ressaltam em muito as habilidades

sobrenaturais de Cristo como atributos divinos. No entanto, isto ainda não seria motivo de

espanto, pois “maiores coisas” eles ainda haveriam de ver.

Jesus é aquele que nos vê, seja lá qual for o nosso estado, seja onde for que

estivermos “escondidos”.

Debaixo da figueira. A figueira poderia proporcionar uma bela sombra, e de fato, os

judeus utilizavam-se delas para suas meditações e orações, ou para descanso. Sua copa

frondosa poderia facilmente esconder uma pessoa, tamanha foi a surpresa de Natanael, e

que exclamou “tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel!”. Estaria Natanael reconhecendo

Jesus como o Messias prometido? Nos sinóticos, João Batista é o primeiro a apontar Jesus

como o Messias.50 É importante, no entanto, nos perguntarmos qual o conceito de Messias

que tinham os israelitas do primeiro século. Parece que este conceito estava bastante

impermeado de um messias libertador político. Observe que o próprio João Batista, em

certo momento perguntou “És tu aquele que estava para vir ou havemos de esperar outro?”

(Lucas 7:19)

49

CARSON, D. A. O comentário de João. São Paulo: Shedd Publicações, 2007, p. 161. 50 GETTYS, Joseph. How to Study John. John Knox press: Richmond, Virgínia, 1960, p. 24.

Page 21: Minha Exegese2 1

Entretanto, não ignoramos que Natanael teve uma visão e um conhecimento

privilegiado naquele momento, talvez até acima de sua compreensão.51

50 Maiores coisas do que estas verás. Esta expressão lança mais um pouco de luz na

compreensão do conceito de Natanael tinha acerca do Messias, mas Jesus se propõe a

corrigir sua escatologia e sua teologia. Note que Jesus diz que ele veria ainda “maiores

coisas”

51 vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem.

Se atentarmos para o verbo singular o;yh| “verás” no verso 50, e para o plural o;yesqe

“vereis” verbo no verso 51, vamos perceber claramente que Jesus agora está se dirigindo

não apenas a Natanael, mas a todos os presentes naquela conversa, e aos futuros

discípulos.52

Jesus faz aqui uma clara alusão a Gn 28.12, quando Jacó teve uma visão de uma escada que

ia da terra ao céu, onde os anjos de Deus subiam e desciam, “verdadeiramente o Senhor

está neste lugar”. O significado aqui é muito profundo, pois até então, os céus estavam

fechados aos filhos dos homens, e Jesus, e só Jesus é capaz de “abrir os céus”. É importante

ainda salientar que com isto, Jesus corrige também a teologia de Natanael. Ele não era

apenas o “Filho de Deus”, mas também era o “Filho do Homem”, fazendo uma alusão a

Daniel 7.13,14 "alguém semelhante a um filho de homem",

Jesus tem uma identificação total com a humanidade. Precisava ser homem para assumir

nossa culpa e precisava ser Deus para abrir os céus.

2.4 Mensagem para a época da escrita

A mensagem desta passagem para os leitores da época da escrita era de grande

conforto, afinal de contas, Deus nunca abandonou o seu povo, o seu verdadeiro Israel, ou os

seus “verdadeiros israelitas”. Porém a mensagem se propunha também a corrigir conceitos

equivocados quanto à vinda do Messias. O povo de Israel havia criado uma teologia

51

Carson, entretanto admite que “claramente, Natanael estava reconhecendo Jesus como o Messias, o

prometido de quem as antigas escrituras de quem tinham dado testemunho” Cf. CARSON, D. A. O comentário

de João. São Paulo: Shedd Publicações, 2007, p. 161 52 Cf. The Interpreter’s Bible, Vol VIII. New York: Abingdom – Cokesbury Press. Nashville. P. 489

Page 22: Minha Exegese2 1

comprometida com o “espírito da época” um messias libertador em termos políticos não

resolveria uma situação muito mais grave: os céus estavam fechados. Por isso, esta correção

não era para mal e sim para manter viva a expectativa do cumprimento da vinda daquele

que fora profetizado por Moisés e pelos profetas. Jesus, não apenas o Filho de José, o Rei de

Israel, mas aquele que poderia abrir os céus.

2.5 Mensagem para todas as épocas

Esta mensagem se aplica a todas as épocas. Em nosso tempo as pessoas também

construíram uma teologia errada sobre o Cristo. Para muitos ele é apenas alguém que pode

sanar alguns males da nossa sociedade como enfermidades, desemprego, injustiças,

violência, pobreza etc. para outros, Jesus é um amuleto místico em quem ele pode se apegar

nos momentos de dificuldade, solidão e tristeza, mas essa pessoa não tem em Jesus o seu

Deus, o seu Senhor e seu Salvador. Por mais que a humanidade evolua na educação e

tecnologia, a inimizade com Deus continua, o céu continua fechado para muitos, e assim

como João tinha um propósito evangelístico, assim devemos, também apresentar esse Jesus

salvador para estas pessoas.

2.6 Teologia do texto

2.6.1 Implicações para a Teologia Bíblica

O estudo em questão é de extrema importância para a teologia bíblica e sistemática, pois

lança bastante luz sobre conceitos fundamentais da fé cristã. Os temas que têm

implicações diretas são: Reino de Deus, Filho de Deus, Messias, Filho do homem,

discipulado, salvação como libertação e dualismo Joanino.

2.6.2 Implicações para a Teologia Sistemática

Cristologia, soteriologia, eleição.

2.6.3 Implicações para a teologia prática

Discipulado e teologia pastoral

Page 23: Minha Exegese2 1

3. SERMÃO

Título: A identidade de Cristo

Tema: Quem é Jesus Cristo:

Doutrina: Cristologia - As naturezas de Cristo

Necessidade: Atualmente muitos frequentadores de igreja não têm uma visão clara sobre a

pessoa de Cristo. Com o surgimento das igrejas neo-pentecostais que priorizam apenas as

curas, milagres e libertação, essas pessoas não conhecem o Jesus salvador, o libertador do

pecado, o Deus-homem que pode “salvar totalmente os que por ele se achegam a Deus”.

Objetivo: O propósito desse sermão é mostrar que os ouvintes devem crer em Jesus não

apenas como alguém que pode livrar de mazelas temporais, mas devem crer que ele é o que

liga o homem pecador e perdido a Deus.

ESBOÇO

TEMA: Qual é a Natureza de Cristo?

Leitura: Jo 1.43-51

Introdução:

1 – Humana

2 – Divina

3 – Divino-humana.

Conclusão

Aplicação

Conclusão

Concluímos esse trabalho louvando a Deus por nos ter dado uma revelação tão preciosa de

quem ele é através do seu filho Jesus Cristo. O evangelho de João nos mostra que o

evangelho é muito simples. Quando Filipe chama Natanael para conhecer Jesus, ele não

precisa de elaborações filosóficas ou estratégias de marketing, ele apenas diz que Jesus é

aquele que foi profetizado nas escrituras. Ao mesmo tempo, vemos Jesus demonstrando sua

divindade claramente, em vários momentos. Primeiro ao reconhecer Natanael debaixo da

figueira, ele demonstra um olhar penetrante, um olhar que vê não apenas o exterior, mas a

Page 24: Minha Exegese2 1

alma do ser humano, depois, Jesus afirma categoricamente que os seus discípulos verão os

céus abertos, que mensagem sublime!

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