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Mineração pretende investir US$ 47 bilhões no Brasil. Discutir as estratégias do setor no novo cenário socioeconômico mundial é o objetivo central do 13º Congresso Brasileiro de Mineração. Estandes da EXPOSIBRAM 2009 estão com vendas abertas a todos os interessados em participar deste que é o maior evento de mineração da América Latina IBRAM lança, em junho, Programa de Segurança em Barragens de Rejeitos Confira entrevista com o Presidente da Anglo American Brasil, Walter De Simoni Nova legislação de cavernas: avanços ou retrocessos? Setor mineral comemora edição de decreto que autoriza mineração em cavidades Ataliba Coelho Abril de 2009 Ano IV - nº 24 Mineração indústria da

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Mineração pretende investir US$ 47 bilhões no Brasil. Discutir as estratégias do setor no novo cenário socioeconômico mundial é o objetivo central do 13º Congresso Brasileiro de Mineração. Estandes da EXPOSIBRAM 2009 estão com vendas abertas a todos os interessados em participar deste que é o maior evento de mineração da América Latina

IBRAM lança, em junho, Programa de Segurança em Barragens de Rejeitos

Confira entrevista com o Presidente da Anglo American Brasil, Walter De Simoni

Nova legislação de cavernas: avanços ou retrocessos?Setor mineral comemora edição de decreto que autoriza mineração em cavidades

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EXPEDIENTE Indústria da Mineração - Informativo do Instituto Brasileiro de Mineração

DIRETORIA EXECUTIVA: Presidente: Paulo Camillo Vargas Penna / Diretor de Assuntos Minerários: Marcelo Ribeiro Tunes / Diretor de Assuntos Ambientais: Rinaldo César MancinCONSELHO DIRETOR: Presidente: Roberto Negrão de Lima / Vice-Presidente: César Weinschenck de Faria

Produção: Profissionais do Texto – [email protected] / Jorn. Resp.: Sérgio Cross (MTB3978)Textos: Carolina Cascão / Tiragem: 10 mil

Sede: SHIS QL 12 Conjunto 0 (zero) Casa 04 – Lago Sul – Brasília/DF – CEP 71630-205Fone: (61) 3364.7272 / Fax: (61) 3364.7200 – E-mail: [email protected] – Portal: www.ibram.org.br

IBRAM-Amazônia: Av Gov. José Malcher, 815 s/ 313/14 – Ed. Palladium Center – CEP: 66055-260 – Belém/PAFone: (91) 3230.4066/55 – E-mail: [email protected]

IBRAM - MG: Rua Alagoas, 1270, 10º andar, sala 1001, Ed. São Miguel, Belo Horizonte/MG – CEP 30.130-160 Fone: (31) 3223.6751 – E-mail: [email protected]

Sugestões? Basta enviar um e-mail para [email protected]

Samarco reativa duas

usinas em UbuA Samarco (associada ao IBRAM) rea-

tivou duas das três usinas de pelotização localizadas em Ubu, no município de Anchieta. A ação já estava prevista des-de que foram paralisadas as atividades para manutenção das plantas, no final de 2008. A retomada das atividades, porém, será gradual, tendo em vista que a demanda internacional por pelotas de minério ainda não está regular e a em-presa tem demanda apenas até maio.

Anglo American tem nova Coordenadora de otimização de ativosA engenheira

química Adria-na Verri Bass é, desde abril, a Coordenadora de Otimização de Ativos e Me-lhoria Contínua para as opera-ções de Metais Básicos do Brasil e da Venezuela da Anglo Ame-rican (associada ao IBRAM). Ela assume o posto que era de Maurício Reis, promovido a Gerente de Vendas de Fosfatados. Pioneira ao tornar-se a primeira mulher a coordenar uma área produtiva na companhia, Adriana ingressou em 1998 na Anglo American, na área de Processos e Engenharia como trai-nee de negócios fosfatados. Dois anos mais tarde, passou a desempenhar a função de engenheira assistente e, em 2001, o cargo de engenheira de processos das plantas de STPP e de tratamento de efluentes, liderando o Pro-jeto Efluente Zero. No ano seguinte, assumiu coordenação das plantas de STPP e ETEL, e liderou uma equipe de 70 pessoas.

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A verdade sobre mineração em cavernas

Porta-voz da indústria da mineração, o IBRAM, comemora a edição do decreto que regulamenta a atividade minerária nas cavidades naturais subterrâ-neas, popularmente conhecidas como cavernas. É um tema preocupante, já que muitos minérios de relevante importância para a indústria, bem como para o agronegócio, são fartamente encontrados em ambientes que apresentam cavidades naturais.

Também gera muita polêmica, provocada por grupos que se intitulam ambientalistas e que condenam a atividade produtiva em qualquer cavidade, ainda que tal fenômeno natural esteja desprovido de im-portância cultural, histórica, cultural etc. O decreto representa um alívio para o setor produtivo, mas há,

ainda, a necessidade de providências complementares, como definir procedimentos que identifiquem – e diferenciem – as cavernas de grande relevância ambiental e cultural daquelas de menor relevância, que podem vir a ser mineradas racionalmente. Artigo do Presidente do IBRAM à pág. 8 retrata detalhes deste fato.

Uma verdade foi estabelecida diante dos argumentos contrários à mineração: o setor mineral defende e aplica a sustentabilidade. A atividade não pretende – e nem vai – des-truir cavernas, de grande relevância, e apenas minerar naquela que a lei permite.

O anúncio pelo Instituto de que a indústria mineral pretende investir US$ 47 bilhões no Brasil, apesar da crise, está acelerando a reserva de estandes para a EXPOSIBRAM 2009 e a procura por inscrições ao 13º Congresso Brasileiro de Mineração. Ambos os eventos acontecem em Belo Horizonte (MG), entre os dias 21 e 24 de setembro. O tema do Congresso é “A Mineração e o novo cenário socioeconômico”

EDITORIAL

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Embora a crise financeira continue assolando o planeta, a perspectiva de investimentos do setor da mineração no Brasil continua elevada: US$ 47 bilhões entre 2009 e 2013. Até o agravamento da crise a projeção dessa indústria era 17,5% maior, ou seja, US$ 57 bilhões no período 2008-2012. De acordo com o Presidente do IBRAM, Paulo Camillo Penna, o cenário da economia mundial continuará volátil até o final do ano. “Acredito que já em 2010 retomaremos os patamares registrados no pré-crise”, revela com otimismo. “Teremos melhores condições de avaliar estas projeções durante a EXPOSIBRAM 2009, em setembro”, acrescenta.

O quadro revela os investimentos previstos nas principais províncias minerais, onde se verificam algumas reduções de investimentos, como em Minas Gerais, de US$ 17 bilhões para US$ 13 bilhões, e Pará, de US$ 23 bilhões para US$ 22 bilhões.

IBRAM divulga novo levantamento de

investimentos do setorSetor pretende investir US$ 47 bilhões

SC: US$ 300 (Fosfato)

GO: US$ 1.930 (Fosfato, Níquel e Ouro)

Principais investimentos do setor mineral por Estado (x1000)

2009 a 2013 US$ 47 bilhões

PA: US$ 22.214 (Alumínio, Bauxita, Caulim, Cobre, Ferro, Níquel e Logística)

MG: US$ 13.843 (Bauxita, Ferro, Fosfato, Nióbio, Ouro, Zinco e Logística)

MA: US$ 1.500 (Alumina)

CE: US$ 377 (Fosfato)

RN: US$ 1.600 (Ferro)

AL: US$ 300 (Cobre)

BA: US$ 2.487 (Cobre, Ferro,

Níquel e Ouro)

ES: US$ 1.734 (Ferro e Logística)

RJ: US$ 1.000 (Logística)

Font

e: IB

RAM

O IBRAM participou, em abril, por meio do Consultor do IBRAM-Amazônia, Alberto Rogério da Silva, do I Fórum de Geodi-versidade do Amazonas – Domínio Baixo Amazonas, em Itacoatiara (AM). Mais de 220 pessoas estiveram no encontro. Dentre elas, o Diretor da Secretaria e Geologia, Mineração e Transformação Mineral (SGM) do Ministério de Minas e Energia, Telton Correa; o Secretário-Executivo de Geodi-versidade do Amazonas, Daniel Nava; o Prefeito de Itacoatiara, Antonio Peixoto; o Líder do Governo do Estado do Amazonas na Assembléia Legislativa do Estado, Sinésio Campos, entre outros.

Discutiu-se no Fórum, o reconhecimento do potencial mineral e petrolífero existente na região das bacias do Amazonas e do Baixo Uatumã (Domínio Médio e Baixo Amazonas). “O Estado do Amazonas deve promover o uso sustentável destes recursos naturais”, afirmou Alberto Rogério.

Sustentabilidade é discutida no I Fórum de Geodiversidade do Amazonas

De acordo com o Consultor do IBRAM-Amazônia, para que a sustentabilidade seja, de fato, uma constante, é preciso estimular a produção do conhecimento da geodiversi-dade local, por meio da garantia de recursos orçamentários previstos no Programa Carto-grafia da Amazônia no detalhamento do Zo-neamento Ecológico Econômico (ZEE). Outro caminho é pela captação dos investimentos da indústria petrolífera a partir das ofertas de blocos na Bacia Sedimentar Amazonas nas futuras rodadas de licitação da Agência Nacional de Petróleo - ANP.

A capacitação profissional das populações locais promovida pelo Governo e iniciativa privada também são muito importantes para a sustentabilidade. “É preciso preparar as pes-soas e qualificá-las para os atuais e futuros em-preendimentos”, explicou Alberto Rogério.

Na ocasião, os participantes debateram também a importância de viabilizar, na região,

os recursos de infraestrutura em energia, por-tos, hidrovias, estradas, saneamento, dentre outros, necessários à atração e consolidação dos empreendimentos do Setor Mineral e de Óleo e Gás, por meio do Programa de Ace-leração do Crescimento – PAC e de parcerias público-privadas.

Mesa Redonda (esq./dir.): Júlio César Coelho (Petrobrás), Marcelo Pinto (KalAmazon), Flávio Dutra (Fieam), Alberto Rogério (IBRAM), Deputado Sinésio

Campos e Otávio Yokoyama (Alcoa).

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Segundo o Diretor de Assuntos Ambientais do IBRAM, Rinaldo Mancin, a ideia é que, por meio do Programa, seja traçado um modelo de monitoramento constante em barragens, que inclua treinamentos de profissionais do setor. “Os acidentes em barragens de rejei-tos continuam insistentemente a ocorrer no Brasil, com consequências indesejáveis para a sociedade, ao setor de mineração e a in-dústria como um todo. É preciso reverter esse quadro”, explica Rinaldo.

Ele explica que, além de acidentes, ocor-rem incidentes, que são mais numerosos, em que não ocorre a ruptura, mas sim vazamento de sólidos com consequências variáveis para o meio ambiente e sociedade.

O Coordenador do Programa, o engenhei-ro Joaquim Pimenta de Ávila, relata em um dos seus estudos os aspectos mais relevantes que vêm influenciando a engenharia de bar-ragens de rejeitos nos últimos 20 a 30 anos. De acordo com o especialista, os acidentes continuam ocorrendo no mundo, em uma média de dois ao ano.

“As causas desses acidentes têm sido atribuídas, em grande parte, à não aplicação das tecnologias já consagradas, embora possa ser observado o aparecimento, em número crescente, de publicações específicas sobre barragens de rejeitos e temas correlatos, o que tem catalisado uma evolução positiva da própria tecnologia de disposição de rejeitos”, explica Joaquim Pimenta.

IBRAM lança Programa de Segurança em

Barragens de RejeitosO IBRAM lançará oficialmente em 4 de junho o Programa Especial de Segurança em Barragens de Rejeitos, em Belo Horizonte (MG). A iniciativa surgiu da preocupação do Instituto em reduzir os riscos de acidentes em barragens de rejeitos que acontecem frequentemente no Brasil. O Programa contará com a parceria e adesão de empresas mineradoras e de órgãos governamentais.

PRINCIPAIS ACIDENTES COM MORTES (1970-2001)

Ano Barragem País Número de mortes

1985 Stava Itália 269

1972 Buffalo Creek Estados Unidos 125

1970 Mufilira Zâmbia 89

1994 Merriespruit África do Sul 17

1974 Bakofeng África do Sul 12

1995 Placer Filipinas 12

1986 Mina Fernandinho Brasil 7

2001 Mina Rio Verde Brasil 5

1978 Arcturus Zimbábue 1

Os estudos de Ávila comprovam que os métodos de disposição de rejeitos têm evolu-ído positivamente, tanto na direção da redução do potencial de dano dos reservatórios de rejeitos, como do aumento da segurança das estruturas de contenção dos mesmos. “O melhor conhecimento do comportamento geotécnico dos rejeitos permite implantar estruturas mais seguras”, comemora.

Em 2001, o ICOLD (International Commission on Large Dams) publicou boletim (Bul-letin 121: “ Tailings Dams, Risk of Dangerous Ocurrences, Lessons Learnt From Practical Experiences”) com resultados de um trabalho da comissão de barragens de rejeitos que, durante cinco anos, inventariou os acidentes e incidentes ocorridos desde 1970. Mais de 50 países participaram da elaboração deste documento, colaborando com informações sobre acidentes e incidentes. Cerca de 400 casos foram analisados para identificar as causas principais. Veja abaixo os resultados coletados:

Acidentes em barragens ocorrem, em grande parte, por causa da não aplicação das tecnologias existentes

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As duas maiores catástrofes ocorridas foram na Itália (Stava) e nos Estados Unidos (Bufallo Creek). Em termos de aplicação de engenharia, Joaquim Pimenta explica que a Stava foi uma barragem projetada segundo a prática corrente da engenharia, porém em uma situação de ocorrência de uma geologia complexa, e materiais de fundação com comportamento de di-

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fícil análise. Já a Bufallo Creek era uma pilha de estéril que estava operando como dique de contenção dos rejeitos, sem qualquer engenharia de barragem.

Note que no Brasil, o problema de rup-turas também ocorre com frequência. O quadro aponta a barragem de Fernandinho, em 1986 e Rio Verde, em 2001. Joaquim Pimenta cita também alguns casos mais re-centes que não estão no quadro: Cataguases em 2003 e Rio Pomba em 2007 e 2008.

“Existe portanto, aqui entre nós, uma grande necessidade de conscientização da importância da boa gestão de segurança das barragens de rejeitos e do treinamento de equipes para esta atividade especializada”, afirma o especialista.

Recente, no final de 2008, ocorreu a ruptura de uma barragem de rejeitos de carvão, no Tenesse, EEUU onde vazaram milhões de m3 de rejeitos que fluíram pelo vale a jusante.

Rinaldo Mancin complementa que para o sucesso do Programa é importante que a alta administração das empresas esteja com-prometida com a iniciativa, e plenamente consciente da importância estratégica da boa gestão das barragens para a competiti-vidade do seu negócio.

O Brasil pode alcançar o topo da lista dos países com as maiores reservas de urânio do mundo. A informação foi dada pelo Contra-almirante da Marinha do Brasil, Carlos Passos Bezerril, no Fórum de Temas Nacionais da ADVB-SP (Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil) realizado em abril, em São Paulo. Segundo Bezerril, apenas 30% do território nacional foi prospectado até então, fazendo com que o Brasil fosse classificado como a sexta nação mais rica em urânio no mundo.

“Atualmente contamos com 309 mil toneladas, mas há a estimativa de que tenhamos mais 800 mil toneladas, o que fará do Brasil a primeira ou a segunda reserva do mundo”, explicou o representante da Marinha.

Durante o evento foi informado que o Brasil já tem o domínio completo do ciclo do combustível nuclear e agora avança em di-reção à tecnologia necessária para a construção dos reatores destinados à geração da energia.

De acordo com a Marinha do Brasil, em texto publicado em seu portal na internet, o https://www.mar.mil.br/pnm/pnm.htm, a energia nuclear é uma fonte de energia firme e limpa, não emite gás poluente para a atmosfera, utiliza em sua construção um número reduzido de materiais (por kWh) se comparada com a energia solar e eólica, produz pequena quantidade de rejeitos, e não contribui para o efeito estufa, pois não emite dióxido de carbono (CO2).

Com informações da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil

Brasil pode ter maior reserva de urânio do mundo

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ACIDENTES RECENTES COM CONTAMINAçãO

Ano Local Consequências

2007 Mirai / BrasilVazamento de Rejeitos de Bauxita•Interrupção de Fornecimento de Água•

2006 Mirai / BrasilVazamento de Rejeitos de Bauxita•Interrupção de Fornecimento de Água•

2003 Cataguases / BrasilLixívia negra Liberada•Interrupção de fornecimento de Água•

2000 Kentucky / UsaMortalidade de Peixes•Interrupção no Fornecimento De Água•

2000 Romênia Contaminação das Águas c/ Metais Pesados•

2000 Romênia 100.000m³ de Cianeto Contaminando Águas•

1999 Filipinas 700.000 t. de Cianeto Contaminando Águas•

1998 Haelva / Espanha 50.000 m³ de Água Ácida Tóxica Liberada•

1998 Aznalcóllar / Espanha 5,0 milhões de m³ de Água Ácida Liberada•

1995 Omai / Guiana 4,2 milhoes de m³ de lama com Cianeto•

Mais informações sobre o assunto na próxima edição do Indústria da Mineração

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O Decreto n° 6.640/2008, que aponta para a possibilidade do exercício da minera-ção nas áreas de cavidades naturais subter-râneas (ou cavernas) pode ser comemorado pelo setor mineral. O documento, mesmo com algumas lacunas, é resultado, em gran-de parte, do trabalho e esforços da indústria minerária, que vem se empenhando há muito tempo em articulações políticas, por meio da coordenação do IBRAM.

Há motivos para comemorar, mas ainda falta definir parâmetros e procedimentos que identifiquem – e diferenciem – as cavernas de grande relevância ambiental e cultural daquelas de menor relevância, que podem ser mineradas. A atividade, de acordo com o Presidente do IBRAM, Paulo Camillo Penna, não quer – e nem vai – destruir cavernas, de grande relevância, e apenas minerar naquelas áreas que a lei permite. “O compromisso com a sustentabilidade é premissa do setor. Temos a consciência da importância da manutenção das cavernas que são relevantes para o meio ambiente, para a ciência e para a sociedade, porém, as cavidades de menor relevância,

Novos caminhos na legislação de cavernasapontadas pelos estudos espeleológicos e mediante licenciamento ambiental, podem ser suprimidas em prol de projetos de mine-ração e do setor elétrico. É preciso separar o joio do trigo”, defende.

Segundo o dirigente, de um lado estão as cavidades de conservação, na qual o público pode visitar e ver a beleza da natureza. E de outro, estão as cavernas de menor relevância, que não apresentam formações geológicas expressivas, fauna e flora raras. Nessas, é onde se encontram vários minerais, essenciais para a sociedade.

Importância das cavernas nos sistemas cársticos

As cavernas estão presentes, geralmen-te, em sistemas cársticos e pseudocársticos que possuem natureza porosa nas rochas e absorvem água, criando novas feições geoló-gicas. A maioria é subterrânea, sem qualquer tipo de abertura com o mundo exterior. O geólogo e Diretor de Assuntos Minerários do IBRAM, Marcelo Ribeiro Tunes, explica

Especialistas durante análise de relevância das cavidades naturais subterrâneas

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que se essas áreas não fossem mineradas, dificilmente sua existência seria conhecida. “É justamente nos sistemas cársticos que a humanidade encontra a matéria-prima do cimento, do calcário agrícola e siderúrgico e da cal. Como também, são nos sistemas pseu-docárticos onde se encontram os minérios de ferro e manganês. Todos esses minerais são absolutamente essenciais para qualquer sociedade moderna”, explica Tunes.

Nova legislação de cavernas: avanços ou retrocessos?

O decreto, publicado pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, classi-fica as cavidades de acordo com o grau de relevância em máximo, alto, médio ou baixo. As de máxima relevância são as de conser-vação e jamais serão suprimidas. As demais, a juízo da autoridade ambiental competente e da sociedade, ao avaliarem os impactos positivos e negativos de um empreendimento (especialmente mineração e energia elétrica), poderão ser mineradas, mediante um rigoroso sistema de compensação ambiental.

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Exemplo de caverna de máxima relevância que é de conservação para o meio ambiente, a ciência e a sociedade

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O assunto ainda é repleto de lacunas. E já vem sendo discutido desde a Constituição de 1988, quando incluiu-se as cavidades naturais subterrâneas entre os bens públicos da União. Dois anos depois, o Presidente, na época, Itamar Franco, incluiu todas essas formações como patrimônio cultural, no De-creto n° 99.556 – o que gerou interpretações equivocadas, pois, de acordo com o Diretor de Assuntos Ambientais do IBRAM, Rinaldo Mancin, é visível que este decreto queria se referir àquelas cavidades de grande relevância para o patrimônio cultural brasileiro e não à toda e qualquer tipo de cavidade. “Mas essa anomalia na redação acabou levando a interpretações exageradas pelas autoridades ambientais, que vêm sendo endossadas por outros atores ambientais”.

“Na elaboração da Constituição de 1988, ao se estabelecer que as cavidades naturais subterrâneas constituem patrimônio da União, tinha-se a intenção de incluir so-mente as cavidades que, de acordo com seu interesse científico e turístico, merecessem preservação”, explica Mancin. Essa era a in-tenção do legislador, que pudemos inclusive comprovar, revendo os anais dessa discussão na Constituinte de 1988.

No entanto, o texto final não fez menção ao valor espeleológico, arqueológico, turístico e ecológico. Desta forma, todas as cavidades naturais subterrâneas, independentemente de suas dimensões, passaram a ser consideradas bens da União e sujeitas à preservação. Fica mais visível ainda o engano, quando se ve-rifica que a gestão desse patrimônio cultural foi entregue à época ao IBAMA (hoje está no âmbito do ICMBio), órgão do sistema am-biental, e não ao IPHAN, autoridade nacional sobre patrimônio cultural.

O assunto vem sendo questionado também pelo setor de energia. Muitas cavernas, por exemplo, estão às margens de rios, nos melho-res trechos para a construção de hidrelétricas, onde os impactos de alagamento para a forma-ção da represa seriam os menores possíveis.

Mineração moderna é sustentável e não destruidora

O setor mineral só desenvolverá as suas atividades em cavernas que sejam avaliadas previamente por um estudo espeleológico, inserido no processo consagrado de licen-

ciamento ambiental, que depende da apro-vação da autoridade ambiental competente. A situação para a mineração brasileira, nesse aspecto, é dramática, pois existem inúmeros empreendimentos que entrarão em colapso em breve, pois as alternativas para evitar as áreas de cavernas estão chegando ao limite.

Para o Presidente do IBRAM, Paulo Ca-millo Penna, a indefinição de uma solução assertiva sobre como estabelecer quais ca-vidades devem ser preservadas, coloca em xeque não só a mineração mas também a

indústria do cimento, da metalurgia e side-rurgia, entre outras, na medida em que as mesmas utilizam minerais lavrados de jazidas, onde frequentemente há presença de cavi-dades naturais subterrâneas.

Segundo o Instituto, alguns projetos estão inviabilizados em função da atual legislação das cavernas. Dentre eles, são citados as barra-gens do Tijuco Alto do Grupo Votorantim, no Vale do Ribeira (SP), o projeto de mineração Serra Leste da Vale, no Pará, e os de calcário siderúrgico, na região de Arcos-Pains, MG.

Exemplo de caverna de menor relevância que não apresenta formações geológicos expressivas. É onde se encontram vários minerais.

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Paulo Camillo Vargas PEnna*

O Brasil tem em seu território alguns milhares de cavernas e grutas catalogadas que têm funções ambientais (recarga de aquíferos) e/ou estão relacionadas a sítios ar-queológicos e paleontológicos, ou seja, têm importância histórica e cultural. Outras se destacam pelo potencial turístico. Exemplos não faltam: Caverna do Diabo, as cavernas dos parques Terra Ronca, Alto Ribeira e da Chapada Diamantina, que estão entre as mais belas a serem visitadas.

A maior parte das cavernas está concen-trada no Distrito Federal, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins, Mato Grosso, São Paulo, Paraná e Bahia. São motivo de or-gulho dos brasileiros e devem ser preservadas para as gerações futuras. No entanto, este patrimônio inquestionável está sendo usado como argumento nas altas Cortes do País para impedir que grutas e cavernas de menor

O buraco negro das cavernas brasileirasrelevância ambiental ou cultural possam vir a ser pesquisadas com a finalidade de prover bens para a sociedade, em especial, minérios e geração de energia hidrelétrica.

O que deveria ser um debate de alto nível, democrático, colide com um movi-mento de resistência formado por grupos ambientais que contam com a participação ativa – e preocupante – de integrantes que orbitam a esfera do Ministério Público. O setor produtivo entende que as paixões devem ser deixadas de lado para que argu-mentações sérias prevaleçam, em vista de ser necessário ao governo determinar meios para que cavernas de relevante interesse nacional sejam efetivamente preservadas, ainda que situadas em áreas em que se desenvolvam atividades produtivas.

Aliás, o governo avançou muito nesse sentido, ao estabelecer quatro critérios de relevância para classificar as cavernas: máximo, alto, médio e baixo, por meio do

Decreto nº 6.640, editado em 07/11/2008. Este decreto trata das possibilidades de in-tervenção em áreas em que possa haver a presença de cavidades naturais subterrâneas, popularmente conhecidas como cavernas ou grutas. Não obstante a importância de se abrir novas oportunidades para o setor pro-dutivo desenvolver suas atividades, o decreto acaba com um verdadeiro caos legal que se instaurou há mais de vinte anos.

A Constituição de 1988, no seu Art. 20, inciso X, incluiu todas e quaisquer cavidades existentes no território nacional como bens da União, sujeitando-as a um regime espe-cial. Na Assembleia Nacional Constituinte, a ideia inicial era de se incluir entre esses bens, tão somente, as cavidades naturais subterrâneas “de interesse científico e turís-tico”. Entretanto, o texto aprovado acabou por excluir tal ressalva, fundamental para delimitar seu alcance. Pouca gente, à época, deu importância a este equívoco, o que deu sequência aos fatos que se seguem.

As cavernas de menor relevância, apontadas pelos estudos espeleológicos e mediante licenciamento ambiental, podem ser utilizadas por projetos de mineração e do setor elétrico

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O segundo equívoco foi maior ainda. O Decreto nº 99.556, de 1/10/1990, editado para regular a matéria, cometeu grave impro-priedade. Não só manteve as cavidades como bens da União – o que está correto –, como foi além e incluiu toda e qualquer cavidade subterrânea natural na conceituação de patrimônio cultural, como se todas, indistin-tamente, portassem referências à identidade, à ação e à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira.

Para compreender o absurdo, e se pre-valecerem os argumentos dos insatisfeitos, podemos considerar que se o leitor estiver caminhando em um local e verificar que a chuva provocou o surgimento de um enor-me buraco, cujas dimensões comportam a presença de uma pessoa adulta, deve ter cuidado: aquela cavidade acaba de se tornar elegível a se tornar um patrimônio cultural do Brasil – e qualquer atividade que venha a ser ali realizada, seja a de cobrir o buraco para a segurança alheia, pode vir a ser impedida por força da lei.

É óbvio que o decreto de 1990 deveria se referir apenas àquelas cavidades de com-provada relevância para o patrimônio cultural brasileiro. E a confusão vai adiante. Sem levar em conta esta máxima do decreto 99.556, o governo, na ocasião, atribuiu a gestão das cavernas ao IBAMA (hoje está a cargo do Instituto Chico Mendes - ICMBio). Ora, se as cavernas constituem patrimônio cultural, sua administração deveria caber ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, o que não ocorre.

Uma tentativa de solucionar a questão surgiu em 2004 no colegiado conhecido como palco de atuação de ONGs e radicais de toda ordem, onde o setor produtivo é minoria “absoluta” – o CONAMA. O Con-selho Nacional do Meio Ambiente editou a Resolução nº 347, que estabeleceu critérios para a avaliação do grau de relevâncias das cavidades. Infelizmente, apesar do consenso naquele fórum, foi arguido que aquela de-cisão não teria prevalência sobre o Decreto nº 99.556, de 1/10/1990, assinado pelo Presidente em exercício Itamar Franco. De volta à estaca zero.

Coube ao atual Governo colocar um ponto final no imbróglio com o Decreto nº 6640/2008, de forma a tornar a Resolução do CONAMA exequível – a mesma que

representava o consenso entre ambientalis-tas e setor produtivo. Mais recentemente, grupos insatisfeitos com o decreto de 2008 ingressaram junto à Procuradoria-Geral da República argumentando que o Decreto nº 6.640 seria inconstitucional. Duas entidades ambientalistas encabeçam a ação, sendo uma ONG de promotores do meio ambiente.

O fato é que os contestadores se valem da imperfeição verificada na Constituição Federal de 1988, referida anteriormente, que acabou sendo replicada em legislações posteriores, para defender a absoluta into-cabilidade das cavernas frente a empreendi-mentos produtivos, ainda que considerados pela legislação brasileira como de utilidade pública e de interesse social. A matéria foi remetida ao Supremo Tribunal Federal e ocupará a pauta dos juristas e advogados nos próximos meses.

Apela-se para o bom senso dos senhores ministros do STF em mais esta questão, já que setores básicos à sobrevivência e ao conforto da sociedade têm parte importante de sua atuação produtiva em áreas onde há presen-ça de cavidades subterrâneas. E são setores dos mais controlados pela sociedade e pelas agências de governo. A relevância do assun-to se justifica porque os sistemas cársticos e pseudocársticos são os locais onde são encon-tradas as matérias-primas para a indústria do cimento, do calcário agrícola, das indústrias siderúrgicas, dos produtores de cal, do mi-nério de ferro, do manganês, bem como, em certos casos, são as localidades ideais para se instalar uma usina hidrelétrica.

É preciso haver clareza legal para que o interesse nacional relacionado às atividades essenciais da mineração e da geração de ener-gia hidrelétrica se sobreponha a fenômenos naturais, que não se constituem patrimônio intocável; e que se abra a possibilidade de, eventualmente, autorizar a atividade pro-dutiva em áreas em que há a presença de cavidades de maior relevância. Em ambos os casos, a ação empresarial será acompanhada das devidas medidas compensatórias, minimi-zando assim os impactos ao meio ambiente, à cultura ou à ciência.

*Paulo Camillo Vargas Penna é Presidente do IBRAM – Instituto Brasileiro de Mineração

o sEtor ProdutiVo EntEndE quE as PaixõEs

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argumEntaçõEs sérias PrEValEçam

O Brasil tem 7,3 mil cavernas catalogadas: todas são protegidas por lei.

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Walter De Simoni é Presidente da Anglo American - Unidade de Metais Básicos Brasil e Venezuela, uma das maiores mineradoras do mundo. Graduado em Engenharia de Minas e MBA em Administração, o dirigente, de 53 anos, tornou-se Presidente da Anglo em 2006. O comprometimento com a empresa aconteceu há 31 anos: em 1978, De Simoni ingressou como engenheiro de minas no projeto Morro do Níquel. Assumiu vários cargos e, em 2000, foi promovido a Diretor e, no ano seguinte, passou a acumular a Diretoria de Operações da planta de Loma de Níquel na Venezuela.

ENTREVISTAWaltEr dE simoni – PrEsidEntE da anglo amEriCan Brasil

“A Anglo American planeja

e opera seus negócios com visão de longo

prazo. Esta é uma característica

própria do setor de mineração e da companhia, em particular”

A Anglo American (associada ao IBRAM)tem operações instaladas desde 1973 no País. A participação é significativa em me-tais básicos, minério de ferro e carvão, em operações na África, Europa, América do Sul e do Norte, Austrália e Ásia. A mineradora possui plantas de níquel em Niquelândia, nióbio em Ouvidor, fosfatados em Catalão, Ouvidor e Cubatão.

Sabe-se que a Anglo American coleciona inúmeros exemplos de sustentabilidade em especial de investimentos sociais. Há algum em especial que o sr. queira destacar?

Com operações de níquel, nióbio, fosfatados e minério de ferro no Brasil, a Anglo mantém um orçamento previsto de 1% do lucro (antes dos impostos) para investimentos socioambientais. A empresa aplica, em todas as regiões em que atua, a Ferramenta para Avaliação Socioeco-nômica (SEAT, sigla em inglês) - que já está na segunda versão -, que revisa os impactos

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Walter De Simoni trabalha na Anglo American desde 1978

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Walter De Simoni é Presidente da Anglo American - Unidade de Metais Básicos Brasil e Venezuela desde 2006

sociais e econômicos associados às atividades da empresa. Ao longo desse processo, são levantadas as preocupações do público-alvo e estabelecido um Plano de Envolvimento com a Comunidade (PEC) para cada unidade.

No País, segundo consultas realizadas nos anos 2004 e 2005, foi desenvolvido e im-plementado, em 2006, PECs para as cinco unidades, com uma série de questões de significativa relevância para as comunidades. A prestação de contas com a sociedade se dá duas vezes por ano, por meio do Fórum Comunitário “Intercâmbio”, em cada uma das unidades em que a Anglo atua, gerando novas demandas ou retornos sobre ações im-plementadas. Entre os focos principais estão biodiversidade, relacionamento com a comu-nidade e desenvolvimento sustentável.

Neste momento, está em andamento a segun-da fase do SEAT, que irá avaliar os resultados das ações previstas no PEC, realizadas entre 2006 e 2008, e propor um novo conjunto de ações para o próximo triênio. Ainda no 1º semestre de 2009, as comunidades conhece-rão as informações apuradas e as propostas aprovadas para execução.

É possível comentar algumas estatísticas da Anglo? Por exemplo, qual a previsão da produção de minério de ferro para este ano?

Primeiramente gostaria de esclarecer que o Grupo Anglo American possui duas unidades de negócio no Brasil: Metais Básicos (Anglo American Brasil) e Metais Ferrosos (Anglo Ferrous Brazil). Como presido a unidade de negócio Metais Básicos, informo os números pertinentes a níquel, nióbio e fosfatados.

Em 2008, os dados da Anglo American Metais Básicos no Brasil foram:

receita líquida da companhia no País de •US$ 994 milhões;resultado de US$ 418 milhões de lucro •operacional, sendo US$ 123,3 milhões da operação Anglo American – Code-min, US$ 77,4 milhões da operação Anglo American – Mineração Catalão e US$ 217,2 milhões da operação Anglo American – Copebrás.

Para este ano, devido a total incerteza dos mer-cados e volatividade dos preços das commodi-ties, ainda não é possível precisar esse dado.

E em relação ao níquel? O sr. pode comentar sobre o mercado deste metal?

Em 2008, os preços caíram 70% e a tonelada ficou entre US$ 9 mil e US$ 12 mil – isso em relação a 2007, quando o níquel chegou a alcançar US$ 55 mil/t. O nosso produto é o ferroníquel e 100% dele produzido no mundo é destinado à fabricação de aço inox.

O Projeto Barro Alto, com US$ 1,5 bilhão de investimentos, está desenhado para produzir 36 mil toneladas/ano de níquel contido em ferroníquel, e 80% são destinados para ex-portação. O comissionamento da planta em Barro Alto(GO) terá início em 2011, atingindo plena capacidade em um ano.

E este Projeto de Barro Alto, como fica diante do cenário econômico instável?

A Anglo American planeja e opera seus ne-gócios com visão de longo prazo. Esta é uma característica própria do setor de mineração e da companhia, em particular, e permite maior flexibilidade para se adaptar às mudanças de cenário e aos acontecimentos de curto prazo. Para minimizar os impactos, decidimos adequar o ritmo da Anglo às novas condições de merca-do. Isso significa que as obras do Projeto Barro Alto serão atrasadas em 12 meses. Mas como já mencionei, o início se dará em 2011.

E o Projeto Tailings*?

O Tailings é um projeto implantado em Ou-vidor (GO), no segundo semestre de 2008, para recuperar nióbio a partir do benefi-ciamento do rejeito da unidade de fosfatos de Catalão (GO), com intuito de ampliar a produção de nióbio do Grupo.

Além disso, o Tailings é mais uma evidência do compromisso da Anglo American com o desenvolvimento sustentável, uma vez que visa recuperar o nióbio contido no rejeito da operação de fosfatos que era descartado.

O Projeto é uma mostra de como as diferentes unidades da Anglo American Brasil podem trabalhar de forma integrada, pois grande parte da tecnologia utilizada foi desenvolvida internamente, por uma equipe multidiscipli-nar composta por pessoas das unidades de fosfatos de Catalão e de nióbio de Ouvidor.

*o nome Tailings vem do idioma inglês e significa rejeito ou resíduo.

“a PrEstação dE Contas Com a ComunidadE sE dá duas VEzEs Por ano, Por mEio do Fórum Comunitário intErCâmBio, Em Cada uma das

unidadEs Em quE a anglo atua”

Indústria da Mineração Ano IV - nº 24, abril de 2009 11

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A crise mundial mudou as perspectivas socioeconômicas e a indústria da mineração terá a oportunidade de debater sua inserção e estratégias diante deste novo cenário. Este é justamente o tema global do 13º Congresso Brasileiro de Mineração (CBM), que acontecerá simultaneamente à Exposição Internacional de Mineração – EXPOSIBRAM 2009, entre os dias 21 e 24 de setembro, em Belo Horizonte (MG). Os participantes terão oportunidade única para se atualizarem assistindo as palestras dos seletos especialistas convidados pelo Instituto.

Confira ao lado entrevista com o Diretor de Assuntos Ambientais do IBRAM, Rinaldo Mancin, sobre a programação do 13º CBM.

A Mineração e o novo cenário Socioeconômico

Qual o principal objetivo do 13º Congresso Brasileiro de Mineração?

Discutir estratégias diante do novo contexto socioeconômico mundial. O objetivo princi-pal do Congresso é trazer grupos seletos de especialistas e debater questões sob o ponto de vista de novos negócios, preços e susten-tabilidade, sem desconsiderar o cenário em que estamos vivendo, lembrando que o Brasil é um player estratégico da mineração mundial. Estamos caminhando para o ser o campeão do mundo em mineração. As pesquisas mi-nerais comprovam o que estou afirmando: apenas 30% do nosso território foi levantado e já somos destaque de produção em muitos minerais. Somos os maiores produtores do mundo em nióbio. Isso já um bom exemplo.

É importante lembrar que a mineração vinha em um ritmo ascendente, alcançando recordes, no Brasil e no mundo, nesses últimos cinco anos. Ouvia-se a todo o momento, e a impren-sa noticiava diariamente, as novas aquisições e projeções bilionárias de investimentos. De re-pente, a crise se instalou e impactou considera-velmente o setor da mineração – que é atrelado fundamentalmente ao mercado internacional. Agora já se vislumbram perpectivas mais otimis-tas e isso será debatido no Congresso.

Dentre os palestrantes, o sr. destacaria alguns em especial?

Temos uma parceria estratégica com o Con-selho Internacional de Mineração e Metais – ICMM (International Council on Mining and Metals). Destaco Anthony Hodge, Presidente deste Conselho, que também esteve presente no I Congresso de Mineração da Amazônia, ano passado, promovido pelo IBRAM.

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Paul Gray, analista de commodities do Goldman Sachs

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Destaco também o analista de commodities do banco de investimentos Goldman Sachs, Paul Gray, que no 12º Congresso Brasileiro de Mineração sobressaiu-se com as me-lhores previsões para os próximos meses relacionadas ao mercado de commodities. Ele revelou em 2007 que o Brasil poderia se beneficiar com o crescimento da mineração na China e na Índia por meio de contratos de exportação de minerais.

Outro especialista, Jan Klawitter, que estará no 13º Congresso Brasileiro de Mineração é o Diretor de Mineração e Metais do Fórum Econômico Mundial, cuja sede é na Suíça. Ele ministrará palestra sobre os novos cami-nhos da mineração.

O Presidente do PDAC (Prospectors and Developers Association of Canadá), Anthony Andrews, também será presença marcante no Congresso. O PDAC é uma instituição dedicada à prospecção e pesquisa mine-ral, que é a primeira fase da mineração. A pesquisa, por exemplo, é o caminho para entender o mercado da mineração, o quanto irá se investir, dentre outras informações; é, digamos, o primeiro passo.

Dentre os palestrantes brasileiros, contaremos também com o Presidente da Vale (associada ao IBRAM), Roger Agnelli, como também de outros dirigentes da indústria mineral brasilei-ra, além da comunidade acadêmica e lideran-ças empresariais e outros atores relevantes.

O sr. acredita que até a realização do evento a crise já estará mais amena?

Particularmente, acredito que a economia global e o setor da mineração, em especial, só devem se recuperar a partir de 2010. E nossas projeções são bem otimistas. A no-tícia que temos é que os indicadores tem melhorado a cada dia.

O 13º CBM pretende levar o assunto crise para discussão, por exemplo, no painel “Novos Desafios para a Mineração”?

Não é objetivo do evento discutir a crise eco-nômica mundial e sim debater a mineração no atual cenário socioeconômico. Queremos ver o lado otimista e trabalhar nisso. E a partir daí, identificar oportunidades e estratégias para a indústria mineral.

É possível citar alguns desafios? A crise atrapalha no desenvolvimento e na manutenção da sustentabilidade?

Um dos desafios mais constantes para a in-dústria extrativa é demonstrar e comprovar o compromisso com a sustentabilidade. As mineradoras trabalham com planos a longo prazo e a sustentabilidade faz parte deste pla-nejamento. Acredito que ela não foi atingida pela crise ou teve a sua ação diminuída.

Quais outros temas serão debatidos?

O Fechamento de Mina, que é um tema estratégico para a mineração moderna, cujos debates vêm sendo intensificados em escala mundial e no Brasil também. Teremos um

painel sobre Barragens de Rejeitos que é um assunto preocupante e que merece atenção de toda a sociedade. Nessa oportunidade, lançaremos uma publicação do ICCM sobre o Fechamento de Mina que é, na realidade, um kit de ferramentas para a gestão deste complexo assunto.

Destaco outros dois painéis de extrema im-portância: Legislação e Política Mineral para a Atração de Investimentos e Direito Mineral Comparado. Ambos são focados na atração de investimentos. A diferença é que, neste último painel, se fará um comparativo entre diversos países, sob o ponto de vista da competitivida-de. Esses assuntos serão abordados justamente no quesito segurança – onde e como investir – no sentido de atrair mais investimentos.

Congressistas na entrada da EXPOSIBRAM 2007

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Estande da CPRM na EXPOSIBRAM 2007

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A venda de estandes para a EXPOSIBRAM 2009 segue bem acelerada, agora que o IBRAM anunciou que a indústria mineral investirá no Brasil US$ 47 bilhões (leia a pág. 3).

O evento acontece simultaneamente ao 13º Congresso Brasi-leiro de Mineração , que terá como tema “A mineração e o novo cenário socioeconômico” Ambos os eventos acontecem entre os dias 21 e 24 de setembro, em Belo Horizonte (MG).

Mais informações pelo telefone: (31) 3444.4794SITE OFICIAL EXPOSIBRAM: www.exposibram.org.br

Somente área

Montagem básica

"Chave na mão"

Área externa

descoberta

CatEgoria Início TérminoMínimo

de 18 m2

Obrigatório até 16 m2

Opcionalaté 16 m2

Mínimo de 100 m2

Associados e Patrocinadores

09/02/09 15/03/09 430,00 520,00 560,00 180,00

16/03/09 15/04/09 465,00 550,00 595,00 200,00

16/04/09 10/09/09 585,00 670,00 715,00 255,00

Ex-expositores

16/03/09 15/04/09 585,00 670,00 715,00 255,00

16/04/09 10/09/09 630,00 715,00 760,00 275,00

Demais 16/04/09 10/09/09 630,00 715,00 760,00 275,00

TABELA DE ESPAçOS – EXPOSIBRAM 2009 (PREçO POR m²)

Descrição dos tipos de áreas

Somente área:• disponível para estandes acima de 18m². Área demarcada no piso do pavilhão, sem qualquer elemento de montagem. A infra-estrutura de energia e hidráulica será cobrada separadamente e deverá ser solicitada por meio de formulário disponível no Manual do Expositor.

Área com montagem básica:• obrigatória para estandes de até 16m². Incluí fornecimento de carpete, divisórias brancas, ilu-minação com spot light a cada 3m2 de área montada, tomada de 500w por estande e nome da empresa expositora em placa padronizada na testeira.

Área com “Chave na mão”:• opcional para estandes de até 16m². Estão incluídos itens da “área com montagem básica”, e ainda, mobiliário de acordo com a dimensão do estande.

Área externa descoberta:• disponível para aquisição acima de 100m². Será demarcada no piso, sem elemento de montagem.

FORMAS DE PARTICIPAçãO DOS EVENTOS

PatroCinadorEs (cotas diamante, ouro, prata e bronze)

Diamante 2 cotas de R$ 200.000,00 cada

Ouro 4 cotas de R$ 120.000,00 cada

Prata 6 cotas de R$ 50.000,00 cada

Bronze 8 cotas de R$ 30.000,00 cada

Cordão Crachá R$ 20.000,00

TAXAS DE INSCRIçÕES DO 13º CBM

taxas dE insCriçõEs Até 10/07/09* Até 11/09/09* No local

Associados R$ 550,00 R$ 770,00 R$ 990,00

Não associados R$ 770,00 R$ 1.100,00 R$ 1.430,00

Membros de Universidades(1) R$ 330,00 R$ 385,00 R$ 440,00

Profissionais Seniores(2) R$ 330,00 R$ 385,00 R$ 440,00

Estudantes(3) R$ 165,00 R$ 220,00 R$ 275,00

Inscrição para 1 dia R$ 255,00 R$ 365,00 R$ 470,00

* Valores para pagamento através de boleto bancário emitido no ato da inscrição através do site: www.exposibram.org.br.

(1) Universidade: destina-se a professores, mestrandos e doutorandos (mestrandos e doutorandos deverão anexar comprovante junto à ficha de inscrição).

(2) Profissional Sênior (acima de 60 anos de idade): enviar cópia da carteira de identidade junto com a ficha de inscrição.

(3) Estudante de nível técnico ou universitário das áreas de Engenharia de Minas e Metalurgia, Geologia, Direito e Meio Ambiente: deverá anexar comprovante escolar junto à ficha de inscrição.

Obs.: a taxa de inscrição inclui almoço no local do Congresso (dias 22, 23 e 24/9) e pasta contendo o CD-ROM com as palestras recebidas.

Venda de estandes aberta para todosJá estão confirmados os patrocínios das companhias Anglo-

Gold Ashanti Brasil Mineração Ltda e BHP Billiton Metais S.A, ambas associadas ao IBRAM, e a Comercial Rodrigues Impor-tação Exportação Ltda.

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sEgurança E saÚdE

AçÕES PARA EVOLUçãO DO PROGRAMA

Para que o Programa MinerAÇÃO cresça a cada dia, algumas ações importantes estão sendo implementadas, de modo a promover maior interação entre os participantes. Confira abaixo alguns destaques:

• Contratação de designer para a adequação da logomarca, criação de um novo modelo para folder (divulgação) e criação do boletim bimestral a ser publicado na internet. Aguardem novidades nos próximos 30 dias;

• A área restrita do Programa MinerAÇÃO já está em pleno funcionamento. Todos os dados referentes ao programa podem ser acessados pelos participantes do MinerAÇÃO. Caso seja um dos integrantes e não tenha recebido o login e senha, entre em contato com Patrícia ou Cláudia, do IBRAM-MG, por meio do telefone: (31) 3223-6751;

• Um programa informatizado de banco de dados específico para o MinerAÇÃO está sendo implantado no IBRAM-MG. O objetivo é organizar as informações que serão fornecidas pelas empresas mantenedoras do Programa.

PROGRAMA ESPECIAL DE SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL NA MINERAÇÃO

ISO 31000: A NOVA ERA DA GESTãO DE RISCOS

A partir de outubro de 2009 corporações dos mais diversos portes e segmentos terão norma universal voltada especificamente à Gestão de Riscos. Batizada de ISO 31000: Principles and guidelines for risk management, a nova série de orientações da International Organization for Standardization (ISO) surgiu da necessidade de harmonizar padrões, regulamentações e frameworks publicados anteriormente e que, de alguma forma, estão relacionados à gestão de riscos.

A norma pode ser aplicada aos vários tipos de riscos nos diferentes setores da organização, tais como financeiro e de projetos, bem como à área da saúde, entre outras, incluindo a visão moderna de que risco também é oportunidade.

Até agora, porém, a falta de um consenso em relação à terminologia e aos conceitos utilizados para a gestão de riscos faz com que as organizações enfrentem dificuldades em integrar as suas diferentes funções e atividades relativas ao assunto.

SEGURANçA OCUPACIONAL DOS TRABALHADORES

A mineradora Anglo American (associada ao IBRAM) é um dos exemplos do setor em relação à segurança ocupacional. Por meio do Zero Lesão criou-se um ambiente de trabalho onde todos os empregados contratados e visitantes têm garantia de retornar para casa saudáveis no final de cada dia.

O Programa Zero Lesão foi instalado no primeiro semestre de 2007, logo após o faleci-mento de 12 pessoas na mina Rustenburg da Anglo Platinum, na África do Sul. Na época, a empresa fechou os poços da Rustenburg para compreender os problemas que causaram os óbitos e saná-los.

BOAS PRÁTICAS

ATUALIDADES

FEIRA INTERNACIONAL DE SAúDE E SEGURANçA NO TRABALHOEntre os dias 26 e 28 de agosto acontece, em São Paulo, a 3ª edição da EXPO PROTEçãO – Feira Internacional de Saúde e Segurança no Trabalho. Mais informações: www.expoprotecao.com.br.

EPIS PARA EMERGêNCIAAs vítimas de acidentes e doenças do trabalho são homenage-adas todos os anos no dia 28 de abril. A ocasião despertou a atenção para os EPIs de emergência – acessórios de proteção aos profissionais que lidam com situações especiais em SSO. A falta da normatização de EPIs prejudica o desenvolvimento de um padrão nacional para estes equipamentos e é o maior entrave para a excelência no setor.

OIT FAz 90 ANOS A Organização Internacional do Trabalho celebrou seu 90º ani-versário em abril. Neste ano, sob o lema “90 anos de trabalho pela justiça social”, serão realizadas mais de cem atividades ao redor do mundo relacionadas. Mais informações podem ser obtidas no site: http://90.oit.org.pe

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EVaristo Eduardo dE miranda*

Qual a disponibilidade de terras para ampliar a produção de alimentos e energia, para a reforma agrária, para o crescimento das cidades e a instalação de obras de infra-estrutura no Brasil? Segundo pesquisa realizada pela Embrapa Monitoramento por Satélite, em termos legais, apenas 29% do país seriam passíveis de ocupação agrícola. Cerca de 71% do território estão legalmente destinados a minorias e a proteção e preservação ambiental. Como na realidade, mais de 50% do território já estão ocupados, configura-se um enorme divórcio entre a legitimidade e a legalidade do uso das terras e muitos conflitos.

Nos último anos, um número significativo de áreas foram destinadas à proteção am-biental e ao uso exclusivo de algumas popu-lações, enquanto uma série de medidas legais restringiu severamente a possibilidade de remoção da vegetação natural, exigindo sua recomposição e o fim das atividades agrícolas nessas áreas. A pesquisa da Embrapa mapeou, mediu e avaliou, pela primeira vez, diversos cenários de alcance territorial dessa legislação no Brasil, com base em imagens de satélite, cartografia digital e dados secundários.

Essas medidas colocam na ilegalidade grande parte da produção de arroz de várzea

Alcance Territorial da Legislação Ambiental e Indigenista

no RS, SP e MA; de búfalos no AM, AP, PA e MA; do café em SP, MG, PR e BA; da maçã em SC; da uva e vinho no RS, SC e SP; da pecuária no Pantanal; da pecuária leiteira em MG, SP, RJ e ES; da cana de açúcar em SP, RJ, MG e NE; dos reflorestamentos em MG, SP, MA e TO; da pecuária de corte em grande parte no Brasil, da citricultura em SP, BA e SE; da irrigação no NE; da mandioca no NE e AM; do tabaco em SC e BA; da soja em MT, MS, GO, SP e PR, entre os casos de maior impacto social e econômico.

Embora várias leis e iniciativas visassem a proteção ambiental, elas não contemplaram as realidades sócio-econômicas existentes, nem a história da ocupação do Brasil. A perda de governança e os conflitos territo-riais tendem a agravar-se dada a demanda adicional por novas terras da parte de vários segmentos da sociedade.

A demanda ambiental para a criação de novas UCs, corredores ecológicos, áreas de restauração ecológica e conservação priori-tária da biodiversidade visa quase 3.000.000 km2. A demanda de terras para colonização, assentamento e reforma agrária é da ordem de 1.600.000 km2. A demanda para criação e ampliação de terras indígenas situa-se entre 50 e 100.000 km2. A demanda de áreas para quilombolas chegaria a 250.000 km2. A demanda agrícola para expansão de

alimentos e energia até 2018, mesmo com a conversão de pastagens em áreas agrícolas e ganhos de produtividade, situa-se entre 100.000 e 150.000 km2. Além disso, há de contar-se as demandas do crescimento das cidades, da infra-estrutura viária, industrial e energético-mineradora, a exemplo da implementação das obras do Programa de Aceleração do Crescimento – o PAC. Essa demanda adicional representa quase 6.500.000 km2, uma área equivalente a soma dos territórios da Argentina, Bolívia, Uruguai, Peru e Colombia. É fisicamente impossível conciliar o uso atual e atender a totalidade das demandas futuras.

O estudo da Embrapa dimensiona, esta-do por estado, bioma por bioma, o enorme desafio nacional para repactuar o ordena-mento territorial, aprimorar a legislação ambiental, agrícola e agrária, e buscar soluções negociadas para construir-se um verdadeiro desenvolvimento sustentável. Ele será completado com uma avaliação do alcance social e econômico efetivo dessa legislação.

A prosseguir o quadro atual de ilega-lidade, de insegurança para as atividades produtivas, a falta de ordenamento territorial e o confronto entre exigências ambientais e a legitimidade de demandas sociais e eco-nômicas, todos perdem.

*Evaristo Eduardo de Miranda é pesquisador

e Chefe Geral da Embrapa

Monitoramento por Satélite

Alcance territorial das unidades de conservação, terras indígenas, reserva legal,

áreas de preservação permanente e disponibilidade de terras agricultáveis

Km2 %

UCs + TIs 2.294.343 26,95

Reserva Legal 2.685.542 31,54

APPs 1.442.544 16,94

Total 6.059.526 71,16

Disponível (2.455.350) (28,84)*No cálculo da área disponível, não foram descontados os valores negativos que ocorrem nos biomas Amazônia e Pantanal. D

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Indústria da Mineração Ano IV - nº 24, abril de 200916

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Gestão de recursos hídricos

BRASIL TEM SEU PRIMEIRO RELATóRIO NACIONAL DE ÁGUAS

• A Agência Nacional de Águas (ANA) apresentou a primeira edição do Re-latório de Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil.

• O documento informa a quantidade e a qualidade das águas brasileiras e a situação da gestão desses recursos até 2007.

• A publicação, que deverá ser atuali-zada anualmente, é fruto de parceria com órgãos gestores estaduais, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs), o Ministério das Cidades, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Secretaria de Recursos Hí-dricos, entre outros.

• O relatório estará disponível no site da ANA (www.ana.gov.br).

ANA E FRANçA ASSINAM PLANO DE TRABALHO

• A Agência Nacional de Águas (ANA) e o Instituto de Pesquisa para o Desen-volvimento da França (IRD) assinaram o plano de trabalho para o projeto de “Monitoramento Espacial Hidrológico na Bacia Amazônica”.

• A cooperação ocorrerá até 2011 e contribuirá para a utilização de satéli-tes no monitoramento hidrológico em grandes bacias hidrográficas e, ainda, para atender à demanda nacional e internacional de monitoramento dos recursos hídricos e das variáveis am-bientais, com enfoque no acompanha-mento das variabilidades climáticas.

Em abril, o Grupo de Trabalho (GT) sobre restauração e recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APPs), per-tencente ao Conselho Nacional do Meio Ambiente – Conama (órgão do MMA) finalizou a minuta de resolução que trata das metodologias a serem adotadas na restauração e recuperação de APPs. Este documento seguirá para apreciação da Câmara Técnica de Gestão Territorial e Biomas, a qual o GT pertence, com data ainda a ser definida, e deverá sa-nar os dissensos que permaneceram na proposta. Se aprovado, será apreciado na Câmara de Assuntos Jurídicos e pos-teriormente no plenário do Conselho. O IBRAM participa deste Grupo na condi-ção de titular, representando a CNI.

As definições de “Recuperação” e “Restauração”, citadas diversas vezes na nova versão da proposta de resolução, foi um dos pontos de divergência do grupo. Após ampla discussão, o GT optou pelo uso da definição “RECUPERAÇÃO” já existente na Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC). Segundo a Gerente de Meio Ambiente do IBRAM, Cláudia Salles, uniformizar os termos e as suas definições é uma forma de facilitar a interpretação.

Além de propor mudanças nas definições usadas no documento, representantes do MMA sugeriram modificações nos prazos estabelecidos para monitoramento das áreas que passarem por recuperações. Eles também não entraram em acordo com o restante do grupo sobre os sistemas agroflorestais em APPs.

O Coordenador do Grupo, Marcílio Caron Neto, representante do setor Florestal, criticou o MMA e reclamou da ausência dos integrantes deste Ministério nas reuniões iniciais. Segundo ele, o fato será relatado à Câmara Técnica. “Encaminharemos as sugestões apresentadas pelo MMA, contudo, vamos deixar claro que seus represen-tantes só estiveram presentes às últimas reuniões e que, ainda assim, fizeram inúmeras modificações”, desabafa.

Para o representante da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Ademir Reis, o desafio é não atrelar o documento a regras demasiadamente rígidas, que inviabilizem, na prática, a recuperação desses ambientes. “Não queremos amarrar (a recuperação) a condicionantes, como estabelecer quantas árvores devem ser plantadas”.

O GT sobre restauração e recuperação de APPs - que tem caráter interinstitucional e é composto pelo setor púbico, privado e terceiro setor - foi criado com a finalidade de atender o artigo 17 da resolução 369. O objetivo é propor marco regulatório que defina metodologias, instrumentos e ações direcionadas a estimular a restauração e recuperação de APPs, urbanas e rurais.

Novas metodologias no documento sobre restauração

e recuperação de APPs

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O Plenário do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) – presidido pelo Ministério do Meio Ambiente - tem nova composição para o triênio maio 2009 - maio 2012. A Assembléia Deliberativa do Conselho indicou, em abril, os novos representantes da Indústria, titulares e suplentes, para compor este Plenário. Veja abaixo a composição para o novo triênio.

representação 1 representação 2representação 3

(setor mínero-metalúrgico)

Titular CNI FIEMG IBRAM

1º Suplente FIRJAN FIESP IBS

2º Suplente FIEB ÚNICA AIBRUM

3º Suplente USINA CORURIPE SINDUSCON NORTE DO PR USIMINAS

Conselho Nacional de Recursos Hídricos define novos representantes

O processo democrático de decisão foi conduzido pelo atual Conselho por meio das diversas empresas do segmen-to industrial. O setor de mineração teve uma participação contundente, com 23 empresas habilitadas. Para Cláudia Salles, Gerente de Meio Ambiente do IBRAM, esta participação demonstra o fortalecimento da representatividade da mineração no proces-so de tomada de decisão sobre a Política Nacional de Recursos Hídricos.

Atualmente, o CNRH é composto por 57 conselheiros com mandato de três anos. O número de representantes do Poder Executivo Federal não pode exceder à metade mais um do total de membros. No geral, o Conselho é composto por representantes de Ministérios e Secretarias Especiais da Presidência da Repú-blica, Conselhos Estaduais de Recursos Hídri-cos, usuários de recursos hídricos (irrigantes; indústrias; concessionárias e autorizadas de geração de energia hidrelétrica; pescadores e

usuários da água para lazer e turismo; presta-doras de serviço público de abastecimento de água e esgotamento sanitário; e hidroviários), e por representantes de organizações civis de recursos hídricos (consórcios e associações intermunicipais de bacias hidrográficas; or-ganizações técnicas e de ensino e pesquisa, com interesse na área de recursos hídricos; e organizações não-governamentais).

O CNRH desenvolve atividades desde junho de 1998, ocupando a instância mais alta na hierarquia do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, ins-tituído pela Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. É um colegiado que desenvolve regras de mediação entre os diversos usuá-rios da água sendo, assim, um dos grandes responsáveis pela implementação da gestão dos recursos hídricos no País. Por articular a integração das políticas públicas no Brasil é reconhecido pela sociedade como orientador para um diálogo transparente no processo de decisões no campo da legislação desses recursos. Dentre algumas das competências, estão a análise das propostas de alteração da legislação pertinente a recursos hídricos e o estabelecimento de diretrizes complementa-res para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos.

Momentos antes da eleição dos novos representantes do CNRH

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linhas de crédito e incentivo, tornando-os mais competitivos para atender aos níveis de exigência do mercado. Estas são suas principais metas:

Contribuir com o desenvolvimento susten-•tável nas áreas em que a Vale atua com projetos e operações; Atuar em conjunto com os PDFs no •aprimoramento de competências de ges-tores, trabalhadores e empresas, a fim de torná-los mais preparados para atender as demanda do mercado;Qualificar e fortalecer a base de forne-•cedores da Vale e garantir a provisão de materiais e serviços para toda a cadeia produtiva; Estimular a promoção de negócios entre os •integrantes da cadeia produtiva, promo-vendo o crescimento das empresas locais, geração de renda e emprego.

Foco na realização de negócios

O Inove, por meio da integração com entidades de classe, órgãos do Governo, ins-tituições de ensino, instituições financeiras e grandes empresas, tem como desafio o estí-mulo à realização e incremento de negócios junto às empresas locais:

Realizar eventos para disponibilizar, com •antecedência, as informações de Projetos de Investimentos e Operações nos Esta-dos onde atua com objetivo de identificar oportunidades de negócio;Estimular a formação de consórcios e •alianças entre grandes fornecedores e empresas locais para participação das concorrências;Incentivar os grandes fornecedores a abri-•rem filiais nas regiões de atuação da Vale; Analisar junto com empresas locais, en-•tidades de classe e órgãos do Governo incentivos fiscais.

O IBRAM participou do 1º Fórum do Pro-grama Inove, no Rio de Janeiro, em abril, para discutir as metas desta iniciativa da Vale (asso-ciada ao IBRAM). Um dos objetivos do Inove é capacitar e qualificar as pequenas e médias em-presas das regiões em que a companhia atua. A ideia é investir R$ 120 milhões nas economias locais, por meio de convênios com bancos para o financiamento aos fornecedores.

O evento reuniu 60 pessoas, entre empre-sários, representantes de entidades de classe, órgãos do governo, instituições financeiras e educacionais de Minas Gerais, Pará, Espírito Santo e Maranhão.

De acordo com Paulo Camillo Penna, Pre-sidente do IBRAM, o Programa Inove é mais uma forma de valorização do setor minerário. “Podemos esperar resultados positivos de ini-ciativas como essas. Até porque grandes ações são feitas em parceria. E é essa a proposta do Inove”, afirmou.

O Coordenador Técnico da Federação das Indústria do Pará (Fiepa), Evandro Diniz, destacou que o Inove também propiciará o for-talecimento do Programa de Desenvolvimento de Fornecedores (PDF) nos Estados. “Investir no relacionamento com os fornecedores locais não é fator de competitividade apenas para a empresa lá instalada. É também uma inicia-tiva estratégica de responsabilidade social, e

fortíssima. É assim que são gerados empregos e renda localmente. E digo que o Inove é importante inclusive para a própria Vale, porque vai despertar seus empregados para a importância de solidificar a parceria com as empre-sas da cadeia”, disse.

Fórum do Programa Inove reúne parceiros da Vale no RJ

Lançado pela empresa em dezembro, Programa tem como uma de suas metas injetar R$ 120 milhões nas economias de localidades onde a Vale atua

Painéis e discussões em grupo

No primeiro dia do Inove, os partici-pantes discutiram a conjuntura econômica internacional, competitividade da indústria e tecnologia e inovação. Foram seleciona-dos quatro temas de interesse comum (meio ambiente e saúde e segurança, tecnologia, custos e desenvolvimento) e formados grupos de trabalho para a construção do mapa de oportunidades para o desenvolvimento de fornecedores. O objetivo, de lançar as bases de um plano de trabalho para 2009 e 2010 foi plenamente cumprido.

Ao final do evento, os grupos apresentaram propostas de ações, que vão desde a abertura de financiamentos para outros Estados em que a Vale atua, passando por encontros de negócios entre fornecedores da empresa para a troca de experiências, até a geração de novos negócios por meio de alianças comerciais entre as diferentes empresas que atuam na cadeia de fornecedores da Vale.

“O que queremos é gerar negócios. O Fórum mostrou que precisamos auxiliar nossos parceiros na gestão de suas em-presas, uma demanda particularmente importante para micros, pequenos e médios empresários. O pacote educação também deve ser solidificado. Nas pesquisas que re-alizamos com os fornecedores, em todos os Estados em que atuamos, 93% reportaram que capacitação de mão de obra é o item mais importante, mais até do que o finan-ciamento”, disse Daniel Saldanha, Gerente Geral de Suprimentos da Vale.

Programa quer aumentar competitividade

Lançado em dezembro de 2008, o Inove é um Programa de desenvolvimen-to do fornecedor que tem como objetivo fortalecer o relacionamento entre a Vale e pequenos e médios parceiros regionais, por meio de capacitação, disponibilização de

Daniel Saldanha, da Vale, afirma que é preciso auxiliar micros, pequenos e médios empresários

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Paulo Camillo, Presidente do IBRAM, durante apresentação no Fórum Inove

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ARTIGO

A mineração é uma atividade cíclica por natureza. Seus mercados oscilam entre períodos de alta e redução de

preços. Se “marolinha” para uns, ou tsu-nami para outros, o fato é que os efeitos em onda da crise mundial depreciaram as cotações das commodities minerais, culminando em retração na produ-ção, exportação e adiamento nos investimentos. Os últimos números da balança comercial, assim como os do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), mostram redução nas exportações e no nível de emprego do setor.

Dos nove produtos da pauta mineral, que respondem por 86% das exportações do Pará, apenas o minério de ferro apresentou variação positiva nas exportações até fevereiro de 2009. A intensa demanda chinesa pelo produto fez com que os números da balança comercial paraense não fossem piores, proporcionando um incremento de 35% nas exportações de ferro àquele país, demostrando-se que as 193 milhões de toneladas de ferro estocadas em portos e siderúrgicas chineses até o ano passado não foram condição sufi-ciente para retrair as importações do minério paraense. A boa nova é que os estoques estão acabando e, na mesma proporção, o poder de barganha dos chineses sobre o produto.

Para os demais produtos da pauta mineral, a expectativa de que a retração na demanda internacional ocasionasse uma desaceleração nas exportações se confirmou o que também ocorreu intensamente sobre a indústria de transformação mineral. No nível de emprego, os efeitos da crise também foram mais eviden-tes sobre a transformação, sobretudo a meta-lúrgica. O CAGED em fevereiro mostra que na indústria extrativa houve mais admissões do que desligamentos, indicando que o impacto da crise na extração mineral foi mais severo em outros Estados. A elevada produtividade das minas paraenses, potencializada pelo alto

O Desafio das Commodities Mineraisteor dos minérios, manteve a preferência das empresas em continuar os projetos localiza-dos no Pará. Dentre os principais estados mineradores, o Pará foi o único em que a indústria extrativa apresentou saldo positivo na evolução do emprego em fevereiro.

savam o seu funcionamento cobrando mais por minérios de baixo teor, foram, ou serão, encerradas. Na Amazônia, questões crônicas como o insuficiente mapeamento geológico, o licenciamento ambiental moroso, áreas indígenas e unidades de conservação que,

juntas, ocupam 46% da superfície da Região, não facilitarão novos investi-mentos no curto prazo.

A atual política monetária adotada contra a recessão também deverá con-tribuir para a recuperação das cotações minerais. Uma vez minimizada a onda de incerteza, a queda nos juros reais observada nos principais mercados financeiros, notadamente nos Estados Unidos, encorajará investidores a trocar títulos do tesouro nacional por contratos de commodities, face à que-da na rentabilidade dos primeiros. Via de regra, baixas taxas de juros também diminuem o custo de oportunidade da manutenção das jazidas ao reduzirem o incentivo pela imediata extração dos minérios. Se é certa a redução na oferta mineral, vale também esperar

uma recuperação na demanda a partir dos resultados da política adotada em favor do crédito e do consumo nos Estados Unidos. No Brasil, a expectativa fica por conta das obras do PAC e do recente programa habitacional que poderão indiretamente estimular a indústria mineral via incentivos à construção civil.

André Reis é Coordenador

do IBRAM Amazônia,

em Belém (PA)

É prematuro prever o fim da marola de incerteza que paira sobre o mercado das commodities, entretanto, as medidas de retração na oferta iniciadas pelas empresas mineradoras em algum momento compensa-rão a queda na demanda e, de forma cíclica, estabilizarão as cotações minerais, elevando-as possivelmente no médio prazo. Os ajustes microeconômicos feitos pelas empresas ao diminuírem a produção, levarão o mercado a um novo patamar em que as receitas e custos marginais das empresas se equilibrarão em um nível menor, permitindo a recuperação da rentabilidade, também favorecida pela apreciação do dólar no mercado cambial brasileiro. No plano financeiro, a atual escas-sez de capital de risco fomentador das Junior Companies implicará em redução da pesqui-sa, o que também impactará sobre a oferta mineral. Minas de menor produtividade, que em épocas de demanda elevada, compen-

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