milena eloy da cruz
TRANSCRIPT
Milena Eloy da Cruz
PRIVATIZAÇÃO DO SISTEMA CARCERÁRIO
Centro Universitário Toledo
Araçatuba
2019
Milena Eloy da Cruz
PRIVATIZAÇÃO DO SISTEMA CARCERÁRIO
Trabalho de conclusão do Curso de Graduação em
Direito, da Universidade Toledo de Araçatuba do
Estado de São Paulo – UniToledo. Sob orientação da
Professora Camila Paula de Barros Gomes.
Centro Universitário Toledo
Araçatuba
2019
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________
Prof. Me Camila Paula de Barros Gomes
_____________________________________
Prof. Me
_____________________________________ Prof. Me
Araçatuba, 07 de março de 2019.
“O verdadeiro valor das coisas é o esforço e o
problema de adquiri-las”.
(Adam Smith)
Agradeço primeiramente a Deus por me dar sabedoria e perseverança suficiente para a
elaboração deste trabalho e conclusão dessa faculdade.
A meus familiares por me apoiarem nestes momentos em que mais precisei.
Agradeço a meus professores, não apenas os da faculdade, mas todos que passaram
por minha vida, principalmente aos professores do primário e minha irmã Nayla, que me
ensinou a ler e escrever.
Agradeço a minha orientadora pela paciência e pela orientação, e aos meus amigos.
RESUMO
O trabalho consistiu em demonstrar o problema sofrido pelo cárcere brasileiro. Buscou-se a
apresentação de um breve histórico do surgimento da pena. Posteriormente a demonstração de
como a legislação brasileira dispôs o tratamento que deveria ser adotado e exercido aos
condenados. Em seguida, foi demonstrado como os encarcerados são tratados dentro do atual
sistema carcerário brasileiro, os quais tem violação de diversos direitos. Ademais foi proposto
como solução uma reforma do sistema penitenciário através da privatização dos presídios na
modalidade da parceria público privada (PPP) com contrato de concessão administrativa. Foi
abordado quais países já adotam esse sistema e ainda que o Brasil já teve seu primeiro
presídio privatizado na cidade de Ribeirão das Neves em Minas Gerais.
Palavras-chave: privatização; parceria público-privada; sistema carcerário.
ABSTRACT
The work consisted in demonstrating the problem suffered by the Brazilian prison. We sought
to present a brief history of the appearance of the sentence. Subsequently the demonstration of
how the Brazilian legislation arranged the treatment that should be adopted and exercised to
the condemned. Next, it was demonstrated how the incarcerated are treated within the current
Brazilian prison system, which has a violation of several rights. In addition it was proposed as
a solution a reform of the penitentiary system through the privatization of prisons in the
modality of the private public partnership (PPP) with contract of administrative concession. It
was approached which countries already adopt this system and although Brazil already had its
first privatized prison in the city of Ribeirão das Neves in Minas Gerais.
Keywords: privatization; public-private partnership; prison system.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Quantidade de estabelecimentos penais ............................................................ 17
Tabela 2 - Total dos presos penais ....................................................................................... 18
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 8
I SISTEMA CARCERÁRIO ................................................................................................ 10
1. Breve histórico ................................................................................................................... 10
1.1 Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais do apenado ............................ 12
1.2 A superlotação dos presídios, proliferação de epidemias e contágio de doenças ....... 15
1.2.1 Superlotação dos presídios ............................................................................................. 16
1.2.2 Proliferação de epidemias e contágio de doenças .......................................................... 18
1.3 Rebeliões e fugas dentro dos presídios ........................................................................... 20
II PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA (PPP) E CONCESSÃO ........................................ 24
2.1 Contrato de concessão ..................................................................................................... 24
2.2 Parceria Público Privada ................................................................................................ 28
2.2.1 Origem do Instituto ......................................................................................................... 28
2.2.2 Modelo brasileiro ............................................................................................................ 29
2.3 Privatização do Sistema Carcerário e obstáculos ......................................................... 31
2.4 Experiências internacionais ............................................................................................ 33 2.4.1 Modelo Norte Americano ............................................................................................... 33
2.3.2 Modelo Francês .............................................................................................................. 34
III EXPERIÊNCIAS DE PRISÕES NO BRASIL QUE ADOTARAM O MODELO DE
PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA ............................................................................... 37
3.1 A experiência nacional: da cogestão às Parcerias Público-Privadas .......................... 37
3.2 Penitenciária Guarapuava-PR ....................................................................................... 39
3.2.1Estrutua ............................................................................................................................ 39
3.2.2 Contratação ..................................................................................................................... 40
3.2.3 Os presos ........................................................................................................................ 40
3.3 Penitenciária de Juazeiro do Norte- CE ........................................................................ 41
3.3.1Estrutura .......................................................................................................................... 41
3.3.2 Contratação ..................................................................................................................... 42
3.3.3Os presos ......................................................................................................................... 42
3.4 Penitenciária de Minas Gerais ....................................................................................... 43
3.4.1 Estrutura ......................................................................................................................... 44
3.4.2 Contratação ..................................................................................................................... 44
3.4.3 Os presos ........................................................................................................................ 45
3.5 Desvantagens do sistema de privatização dos presídios brasileiros ............................ 47
3.6 Vantagens do sistema de privatização dos presídios brasileiros ................................. 48
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 50
REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 53
8
INTRODUÇÃO
A privatização por meio das parcerias público-privadas surgiu no Brasil no ano de
2004, através da lei 8.987, que introduziu no sistema jurídico os contratos de concessão
patrocinada e de concessão administrativa, cujo objetivo é transferir a uma empresa particular
a gerência de determinado serviço público que tem como titular o ente estatal.
No caso do presente trabalho, o foco está na privatização do sistema carcerário, pois é
notória a sua falência e sua crise, a qual é irrecuperável sozinha pelo Estado, precisando este
de ajuda. A privatização, via concessão administrativa, pode se revelar uma forma de
contribuir para a melhora do sistema.
No primeiro capítulo será abordado um breve histórico sobre a pena, demonstrado a
realidade em que se vivem os apenados no Brasil, as condições degradantes e desumanas
pelas quais eles são submetidos, bem como qual seria o tratamento adequado e disciplinado
legalmente, muitas vezes não cumprido em sua totalidade.
O segundo capítulo explica a modalidade de contrato de concessão (Parceria-Público
Privada) implementada no Brasil no ano de 2004, espelhada no modelo Francês. Além disso,
apontou-se no segundo capítulo alguns países que adotaram a privatização do sistema
carcerário, por meio das PPP’s e os benefícios que esse método tem gerado.
No terceiro capitulo o enfoque foi tomado ao Brasil. Assim, foi abordado que o Brasil
teve como pioneiro o Estado no Paraná no modelo de privatização/cogestão do sistema
penitenciário, o qual não foi detentor de muito sucesso. Posteriormente, outros os Estados
brasileiros também adotaram esse sistema.
Após a chegada lei de parceria público privada, no ano 2004, o primeiro Estado a
adota-lo no Brasil, na forma de privatização do cárcere, foi Minas Gerais.
O presídio de Ribeirão das Neves foi o escolhido como pioneiro para privatização. O
complexo teve sua inauguração no ano de 2013 e está sendo gerido pela empresa GPA que
conta com a colaboração de mais 13 (treze) empresas. O contrato foi estabelecido com prazo
de 27 (vinte e sete) anos.
Ainda, foi abordado no terceiro capítulos a visão de vantagens e desvantagens nesse
novo sistema que aparentemente surgiu para reformar o sistema carcerário brasileiro.
9
O método utilizado para a realização desse trabalho constitui-se em pesquisas
bibliográficas, pesquisas de artigos científicos, buscas em jornais e revistas digitais, ainda
pesquisa nas legislações brasileiras.
10
I SISTEMA CARCERÁRIO
Neste primeiro capítulo, visa-se a abordagem da dignidade da pessoa humana no
contexto do cárcere, bem como a realidade por eles vivida. Realizando-se um retrocesso
acerca da função da pena e sua real finalidade que, por ora parece não ser atendida dentro do
sistema prisional brasileiro, levando os presos a condições desumanas.
1 Breve histórico
Abordar-se-á aqui um breve histórico do surgimento da prisão e sua convicta
finalidade que difere com a realidade.
O cárcere teve seu surgimento na idade antiga no século V d.C. o qual foi marcado
pelo aprisionamento, definido como uma maneira de garantir o domínio físico do aprisionado,
para tão somente este ser digno de uma punição, no entanto, o aprisionamento não era
considerado uma pena e sim um castigo (ESPEN, 2019).
Na idade média o cárcere era destinado para aqueles que fossem ociosos e não
queriam trabalhar, pois eram considerados para a sociedade da época, como um atraso para o
capitalismo, assim como os mendigos e delinquentes juvenis, e não para aqueles que
realmente cometeram algo ilícito. Dessa maneira, os encarcerados deveriam trabalhar dentro
do cárcere na indústria têxtil. Além disso, o cárcere não tinha um tempo pré-determinado, o
sujeito ficava encarcerado o tempo necessário para sua disciplina (DA SILVA, s/d).
Dessa maneira, fica evidente que as penas daquela época eram fixadas sem o critério
de justiça.
O professor Mirabete (2006, p.35) dispõe que, ainda que o Direito Penal tenha surgido
com o homem, não pode se dizer que houve um sistema orgânico de princípios penais nos
tempos primitivos.
Ainda mais porque os grupos sociais que viviam a essa época acreditavam que eram
envolvidos por um ambiente mágico e religioso, no qual tudo o que acontecia era atribuído
como originário das forças divinas, dos deuses. Esse episódio ficou conhecido como ―tabu‖,
na qual quem não as obedeciam sofreria castigos (MIRABETE,2006).
11
Assim como dispõe Marques (2016, p.24) o tabu é o mais antigo código feito pelos
homens que não foi escrito. Ele proibia práticas decorrentes da tradição sagrada de coisas ou
pessoas, bem como as que decorressem desse caráter, sem possuir qualquer explicação ou
origem, passando-se de geração para geração.
Observa-se então, que o tabu pode ser considerado o primeiro sistema penal humano.
Assim, a punição do culpado, por meio de um poder central, como forma de controle
social, visava a garantir a sobrevivência dos membros da comunidade, porquanto a
transgressão colocava todos em perigo. A violação do tabu transformava o
transgressor em tabu, tornando-o perigoso e impuro, e o contágio deveria ser evitado
por atos de expiação e purificação, por meio de cerimônias purificadoras. (FREUD,
apud, MARQUES,2016, p 26).
Dessa forma, pode-se dizer que os homens que descumprissem as práticas impostas
pela tradição sagrada ou o que delas decorressem, sofreriam um tipo de punição da sociedade,
sendo considerados impuros. Assim, fica caracterizado o primeiro tipo de sistema penal
criado pela sociedade punitiva, ligado inteiramente a questões religiosas.
No entanto, pode-se observar que naquela época o castigo era a própria vida do
homem, podendo ser equiparada a vingança que era desproporcional com a ofensa e aplicada
sem preocupação com a justiça (MIRABETE, 2006).
Com o passar dos anos, já no século XVII, época contemporânea, posteriormente a
Revolução Francesa e a Declaração dos Direitos do Homem e do cidadão, de 1789, a pena
perdeu seu caráter religioso, e passou a ser de natureza intrínseca, isso é, próprio da prática
governamental, e não mais ligados aos direitos naturais (MARQUES,2016).
No século das luzes (XVIII), foi inserida a pena privativa de liberdade passando a
fazer parte do rol do Direito Penal, gradativamente sendo banida as penas cruéis e desumanas
(SANTIS; ENGBRUCH, 2017).
Foi então, que na Reforma Penal de 1984, no Brasil, após uma série de mudanças
sociopolíticas sofridas no período de exceção democrática, com início, após o golpe de 1964,
aderiu-se ao caráter subjetivo promovido pelo Código de 1940 (ROIG, 2015).
A pena deixou de ser uma proteção jurídica, passando a ser medida de acordo, de
qualidade e intensidade do delito, nos séculos XIX e XX (GARUTTI; OLIVEIRA, 2012).
Atualmente, tem-se que a pena é um privilégio legal do Estado, sendo um reflexo da
política por ele adotado.
Assim para a constatação de um crime e de sua respectiva pena é necessário a análise
do motivo do crime, culpabilidade, antecedentes, conduta social e personalidade do agente.
12
Sendo aplicado no Brasil o modelo trifásico, consistente em pena-base, circunstâncias
atenuantes e agravantes e por fim causas de aumento e diminuição (ROIG,2015, p.28/29).
Observa-se que após o passar dos anos, a pena evoluiu progressivamente, e que apesar
de um tanto quanto precário ainda, já se encontra num patamar avançado.
1.1 Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais do apenado
Após a Segunda Grande Guerra Mundial, em 1945 foi preciso a criação de um
mecanismo de asseguramento aos direitos e dignidade humana, que embora sejam natos aos
seres humanos foram violados de forma brutal pelos mesmos (DE CARVALHO DUARTE,
2009).
Assim, em 1948 foi proclamada a Declaração Universal de Direito Humanos
suscitando garantir os direitos humanos (DALBONI; OREGON, 2018).
Destarte, nota-se que os direitos humanos objetivam a proteção dos abusos praticados
tanto pelo Estado como pelos cidadãos que violem esses direitos que são inerentes aos
homens.
Tendo em vista que a dimensão do significado de dignidade da pessoa humana e
humanidade das penas abrange a necessidade de se evitar ao máximo que os sujeitos
de direito sejam afetados pela intervenção do poder punitivo, e que a construção de
uma sociedade livre, justa, solidária, orientada no sentido da erradicação da
marginalização e redução das desigualdades sociais e que promova o bem de todos
mostra-se incompatível com a habi ita o desmesurada e irraciona daque e poder, é
possíve conc uir pe a e ist ncia de um aut ntico dever jurídico-constitucional das
agências jurídicas, em especial a judicial, no sentido de minimizar a intensidade de
afetação do poder punitivo sobre o indivíduo sentenciado (ROIG, 2015, p.22).
O principal objetivo da dignidade da pessoa humana, portanto, é garantir a todas as
pessoas condições necessárias para que todos possam viver uma vida digna, sendo respeitado
todos os direitos e deveres, sendo os valores morais unificados para que o cidadão tenha o seu
direito em questões e em valores preservados (SIGNIFICADOS, 2019).
A dignidade da pessoa humana inerente ao ser humano, pode ser suscitada conforme
explica Leite (p.45, 2011):
(...) é factível dizer que a dignidade da pessoa humana é uma qualidade intrínseca de
todos os seres humanos, que pressupõe a existência de direitos fundamentais que os
protegem contra atos desumanos atentatórios a sua integridade física, psíquica e
13
moral. Portanto a dignidade da pessoa humana pressupõe observância do respeito do
direito à vida, à honra, ao nome, a limitação do poder (político ou econômico), as
condições mínimas para uma existência com liberdade, autonomia, igualdade e
solidariedade.
Essa dignidade é atribuída a pessoa conforme os direitos que a ela são dados, ou seja,
os direitos fundamentais que a ela são inerentes. Assim quando uma das normas inerentes a
pessoa for violada, pode-se dizer que ela é indignamente humana, não sendo considerada
pessoa humana (MAURICIO, 2011).
Dignidade da pessoa humana pode ainda ser considerada como,
(...) a qualidade intrínseca e distintiva reconhecida em cada ser humano que o faz
merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade,
implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que
assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e
desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas para uma
vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e co-responsável
nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os demais seres
humanos, mediante o devido respeito aos demais seres que integram a rede da vida
(SANTIAGO, 2011, p. 38).
Ainda a Constituição da República Federativa do Brasil no artigo 1º, inciso III intitula
como princípio fundamental ―Art. 1º A Repúb ica Federativa do Brasi , formada pe a uni o
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos: (...)III - a dignidade da pessoa humana‖.
Outra Convenção importante para a proteção internacional dos direitos humanos é a
Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou
Degradantes.
Para Sanguiné (2014) para que seja acionado a convenção a tortura e outros
tratamentos ou penas cruéis, desumanas ou degradantes é necessário que o agente sofra algum
tipo de vexame ou tratamento humilhante, isso é excedendo o limite da gravidade.
No entanto, ele explica que:
A ausência de intenção de humilhar ou vexar a vítima não exclui completamente a
existência de um tratamento desumano ou degradante. Assim, as condições adotadas
no meio carcerário em relação aos presos preventivos constituem objetivamente,
penas ou tratamentos desumanos ou degradantes, v.g., o fato de o detido portar,
durante mais de um ano, um capuz munido de dois buracos para os olhos, quando
dos seus deslocamentos tanto no interior quanto no exterior do estabelecimento
penitenciário, mas também na sala de audiência e durante suas entrevistas ao falar
com seus vizinhos ou advogados; o fato de um preso preventivo ser constrangido a
dividir um compartimento de um furgão de um metro de superfície (cada um tendo
que se sentar sucessivamente sobre os joelhos do outro), durante seu trajeto entre o
estabelecimento penitenciário e o tribunal, durante mais de uma hora e pelo menos
duzentas vezes; as revistas corporais pelas quais o preso deve desnudar-se, podem
14
ser às vezes necessários para a segurança da instituição penitenciária ou a defesa da
ordem e a prevenção de crimes, porém devem ser realizadas de modo adequado,
pois, se não for assim, incorreria na falta manifesta de respeito pelo preso e lesão de
sua dignidade humana constitutiva de tratamento degradante; também a acumulação
de revistas corporais regulares, aplicadas semanalmente por um tempo prolongado,
com outras medidas de segurança rigorosas aplicadas nas unidades de alta segurança
de um complexo penitenciário. Da mesma forma, a aglomeração em condições
sanitárias espantosas e a inexistência de camas e material de dormir representam um
tratamento degradante. A superpopulação das celas e suas diversas repercussões
físicas e psicológicas se consideram tratamento degradante ainda que não exista
intenção de humilhar. Esta configuração objetiva aparece inclusive quando as
condições julgadas somente são degradantes pelas limitações funcionais de uma
pessoa incapacitada. Porém facilita que, às vezes, condições muito similares se
reputem tratamento desumano. As condições de detenção, em particular uma cela
superlotada, com espaço físico inferior a 2 m, com insalubridade extrema (detido
ocasionalmente com pessoas com sífilis e tuberculose, numa célula infestada de
sarna e constantemente iluminada), e os seus efeitos prejudiciais à saúde
(gastroduodenite crônica, infecções fúngicas nos pés e virilha e micose) e ao bem-
estar do prisioneiro, causando-lhe grandes sofrimentos mentais (síndrome astênica
de origem neurótica), atentando à sua dignidade e gerando sentimentos de
humilhação e aviltamento, combinadas com a duração superior a quatro anos no
qual esteve detido em tais condições, configuram um tratamento degradante. A
prisão preventiva do imputado em um contêiner de metal utilizado como se fora uma
cela do Centro de Detenção Provisória constitui um tipo de prisão desumana e
degradante. (SANGUINÉ, 2014, s/p.)
O artigo 5º, inciso XLIX da Constituição Federal dispõe ainda, que o preso tem direito
ao respeito de sua integridade física e moral. No mais, a Convenção Interamericana de
Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica) dispõe em seu artigo 5º que:
1. Toda pessoa tem direito a que se respeite sua integridade física, psíquica e moral.
2. Ninguém deve ser submetido a torturas, nem a penas ou tratos cruéis, desumanos
ou degradantes. Toda pessoa privada de liberdade deve ser tratada com o respeito
devido à dignidade inerente ao ser humano.4. Os processados devem ficar separados
dos condenados, salvo em circunstâncias excepcionais, e devem ser submetidos a
tratamento adequado à sua condição de pessoas não condenadas. 6. As penas
privativas de liberdade devem ter por finalidade essencial a reforma e a readaptação
social dos condenados [].
Assim, entende-se que todas as pessoas, sem exceção possuem direito a dignidade
incluindo dessa forma aqueles que se submetem ao cometimento de ato ilícito, ou seja, crime.
De acordo com Sarlet (2004, apud Nunes, 2018, p.72) ―todos – mesmo o maior dos
criminosos – são iguais em dignidade, no sentido de serem reconhecidos como pessoas –
ainda que não se portem de forma igualmente digna nas suas relações com seus semelhantes,
inclusive consigo mesmas‖.
No mais, a Lei de Execução Penal expõe em seu artigo ―Art. 40 - Impõe-se a todas as
autoridades o respeito à integridade física e mora dos condenados e dos presos provisórios‖.
15
Apesar de toda conceituação da dignidade da pessoa humana e da previsão legal, e por
mais que se tenha evoluído ao longo da história, a situação enfrentada pelos encarcerados no
Brasil ainda precisa de reforma.
O Brasil enfrenta uma crise em seu sistema carcerário, sendo essa considerada uma
falência prisional, a qual acarreta diversos problemas não sendo possível que se aborde todos.
Mas um dos principais motivos a ser apontado seria a superlotação carcerária, a qual
suscita diversos outros problemas como proliferação de endemias, epidemias, rebeliões, más
condições de vida, podendo até ser considerados uns dos fatos ensejadores para a
reincidência, devido a revolta que neles podem causar.
1.2 A superlotação dos presídios, proliferação de epidemias e contágio de doenças
Atualmente o Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking de países com a maior
população carcerária do mundo, com um número de 726.000 (setecentos e vinte e seis mil)
presos, ficando atrás somente dos Estados Unidos e da China (VERDÉLIO, 2017).
Uma das causas apontadas para esse grande número carcerário poderia ser atribuída a
uma falha estrutural do Estado, uma vez que o mesmo não disponibiliza formas de
ressocialização eficaz aos detentos, como por exemplo um emprego ou uma escolarização.
Ainda, nota-se que há uma má gestão dos complexos penitenciários e por consequência dos
aprisionados, como por exemplo, os presos não são separados de acordo com a tipificação do
delito cometido, não há condições de higienização, há um crescimento da violência dentro do
cárcere, aumento de pessoas a integrarem as organizações criminosas, pois, como o Estado os
dei a a merc , a organiza o criminosa os ―amparam‖, em troca da realização de ilícitos,
sendo assim configurado como uma via de mão dupla (CÂMARA LIGADA, 2017).
Dessa forma, a falta de estrutura estatal contribui para rebeliões, assim como ocorreu
no massacre do Carandiru na cidade de São Paulo - SP, com o assassinato de 123 (cento e
vinte e três) detentos, em meados de 1992. E no início do ano de 2017, na penitenciária em
Natal-RN, uma rebelião que ocasionou a morte de 26 (vinte e seis) detentos. Já em Roraima,
também no início de 2017, houve uma rebelião e a morte de 33 (trinta e três) detentos, bem
como no Amazonas, na mesma época, a morte de 50 (cinquenta) detentos e 112 (cento e doze)
que foragiram (O GLOBO, 2017).
16
Nota-se que, o sistema carcerário brasileiro suplica por ajuda, sendo o Estado legítimo
a tomar uma medida que seja rápida e eficaz, para que episódios como esse possam cessar.
―O cárcere se mostra refratário ao aprofundamento de diagnósticos, à fisca iza o e ao
monitoramento por agentes externos, bem como à revisão e à inovação das suas práticas de
gest o‖ (CNJ, 2018).
Assim, como dispõe Hilderline Câmara de Oliveira1 (2007), em sua pesquisa de Pós-
Graduação para a Universidade Federal do Maranhão:
O fato é que no conte to do sistema penitenciário brasi eiro, ―a preserva o da vida,
essência primeira e fundamental da própria natureza, é o objetivo primordial do
homem‖ (Bussinger, 1997, p.13), n o é um direito efetivado, tampouco estabe ecido.
O que prevalece nesse modelo de prisão é certamente a ideia de que os abusos dos
direitos humanos das vítimas, que estão presas e por isso, criminosas não merecem a
atenção do poder público e da sociedade.
Nota-se que apesar de uma legislação protetora aos direitos humanos e aos direitos dos
apenados, para que esses pudessem cumprir suas penas da melhor maneira, o Brasil não tem
prestado o devido cuidado com eles, que são uma de suas maiores vítimas.
1.2.1 Superlotação dos presídios
A Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/84) estabeleceu no artigo 87 que as
penitenciárias se destinam a pessoas condenadas à pena de reclusão, em regime fechado.
Ainda institui no artigo 88 que o condenado ficará encarcerado em cela individual, o qual será
composto de dormitório, aparelho sanitário e lavatório. Além disso, são requisitos básicos
para as celas que sejam ambientes salubres e com área mínima de seis metros quadrados.
Bem como, no artigo 84, da mesma lei, fica disposto que os presos condenados
deverão ficar separados dos presos provisórios. Dentro dessa divisão serão separados de
acordo com os delitos cometidos. No mais, o artigo estabelece que o preso que tiver sua
integridade física, moral ou psicológica ameaçada ficará em local separado dos demais presos.
De acordo com o Banco Nacional de Monitoramento das Prisões, dados coletados pelo
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), no ano de 2018, informam que o número da população
carcerária tem crescido alarmantemente. Cerca de 602.217 (seiscentos e dois mil e duzentos e
dezessete) pessoas encontram-se privadas de sua liberdade, ou seja, condicionadas dentro de
17
um presídio. O Brasil é detentor de aproximadamente 208,5 milhões de habitantes, dessa
maneira, pode-se concluir que a cada mil pessoas três encontram-se presas.
No ano de 2017 foi constatado que no Brasil existiam 762 estabelecimentos prisionais
do tipo cadeias públicas sendo destinadas as pessoas que são presas provisoriamente, isso é
aquelas que aguardam por alguma decisão. Possuía 562 penitenciárias subdividas em 389
masculinas e 68 femininas, nas quais destinavam-se aquelas pessoas que já foram condenadas
e estão a cumprir pena privativa de liberdade. Essas penitenciárias podem ser de Segurança
Máxima Especial destinadas a pessoas com pena privativa de liberdade, sendo exclusivamente
condicionada a cela individual, e as penitenciarias de Segurança Média ou Máxima
direcionadas a pessoas também com pena privativa de liberdade, mas que podem ser
condicionadas as celas individuais ou coletivas. Temos ainda que existem 87 unidades de
Colônias Agrícolas, Industriais ou Similares, sendo 69 para homens e 12 para mulheres e 6
para ambos, destinando-se as pessoas que cumprem pena em regime semiaberto. Ainda, 42
unidades de Casas de Albergados, que se destinam as pessoas que cumprem penas privativas
de liberdade em regime aberto, sendo 28 masculinas e 3 femininas e 11 para ambos. Cerca de
29 hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico que se destinam as pessoas submetidas a
medida de segurança, sendo que existem 11 para homens, 18 para ambos e nenhuma que se
destina apenas as mulheres. (CNMP, 2017)
Tabela 1: Conselho Nacional do Ministério Público. Cumprimento da Execução CNMP 56/2010
Acessado em 08 de outubro de 2018. Imagem referente a quantidade de estabelecimentos penais.
18
De acordo com dado coletado no ano de 2017, pelo Conselho Nacional do Ministério
Público, a capacidade total entre homens e mulheres encarcerados em regime fechado dentre
todas as penitenciárias brasileiras é de 218.797; todavia, a ocupação chega a 337.957 pessoas.
Dessa maneira, é possível analisar que a taxa de ocupação é de 154,48% maior do que a
capacidade permitida.
Dentre os presos em regime fechado, o CNJ dispôs que a maior parte dos encarcerados
aguardam por ter suas prisões em definitivos, assim, como dispõe o gráfico:
Tabela 2: Conselho Nacional de Justiça, dado retirado no BNMP/2.0/CNJ – 06 de agosto de 2018.
Acessado em 08 de outubro de 2018. Imagem referente ao total dos presos penais.
A penitenciária de Caiuá, localizada no interior de São Paulo, possui capacidade de
comportar 844 (oitocentos e quarenta e quatro) detentos provisoriamente. No entanto, sua
capacidade atual encontra-se em 1.152 (mil cento e cinquenta e dois) detentos, ou seja, cerca
de 308 (trezentos e oito) presos encontram-se a mais num espaço que está acima de seu limite
(ESTEVES, 2018).
De tal maneira, conclui-se que mais da metade dos presos que se encontram
encarados, vivem em condições desumanas devido ao aglomeramento de pessoas em
pequenos espaços.
Essa delonga, acaba por gerar revoltas e descredibilidade com a justiça, uma possível
reincid ncia, a esse ―mundo do crime‖ esquecido e margina izado por todos, inclusive uma
possível rebelião.
1.2.2 Proliferação de epidemias e contágio de doenças
19
Devido a superlotação que os presos se encontram, tendo que dividir uma cela que em
tese seriam para 2 (duas) pessoas com no mínimo 15 (quinze) pessoas, as condições sanitárias
e alimentícias encontram-se precárias, o que facilita a proliferação de doenças.
Tanto os fatores estruturais, como os fatores de gestão, por exemplo a má alimentação,
sedentarismos, uso de entorpecentes, falta de higienização, e toda qualidade estruturaria da
própria penitenciária, contribuem para essa má condição. Os presos encarcerados adquirem os
mais variáveis tipo de doenças, devido à falta de resistência física e a fragilidade em que se
encontram (ASSIS, 2007).
As doenças mais comuns que atingem os presos, por conta dos locais insalubres, como
por exemplo a falta de arejamento, falta de iluminação solar, seja pelo aglomerado de pessoas
que consequentemente aumentam a sujeira, são as doenças respiratórias como tuberculoses e
pneumonias. Outros tipos estão ligados a saúde dentária, tendo em vista que o único
tratamento encontrado nesse sentido é para extração de dentes. Quando o preso fica doente o
tratamento médico-hospitalar fica na maioria das vezes inviável, pois depende de escolta da
Polícia Militar, que na maioria das vezes é demorada, além de nem sempre estar disponível. E
quando há o policiamento, nem sempre há leitos a disposição dos presos, vindo muitos deles a
morrer dentro do próprio cárcere (ASSIS, 2007).
Todavia, a lei de nº 7.210/84, prevê nos artigos 10 ao 27 a garantia aos presos de
assistência à saúde, material, social, religiosa, educacional e jurídica. Em específico, o artigo
14 que prevê a garantia a saúde, sendo estabelecido que o preso tem direito ao tratamento
odontológico, médico e farmacêutico. Ainda, se no estabelecimento prisional em que se
encontra não tiver, poderá mediante autorização da direção do estabelecimento a ir em outro
local.
Em pesquisas realizadas entre os anos de 2017 e 2018, o Conselho Nacional de
Justiça, contabilizou cerca de 109 mortes dentro do sistema carcerário; frisa-se que os dados
não foram coletados em todos os Estado brasileiros, portanto estão incompletos.
Mas, o fato é que num curto espaço de tempo, cerca de um ano, pessoas que estavam
acondicionadas a cumprirem suas penas, perderam suas vidas por uma negligência estatal.
Todavia, os dados disponibilizados pelo Conselho Nacional do Ministério Público,
apontaram que no ano de 2017 cerca de 63,29% receberam assistência médica e 57,38%
receberam assistência odontológica.
20
Apesar dos números parecerem elevados, as situações em que os detentos se
encontram ainda são alarmantes.
Outra doença frequente entre os presos são as sexualmente transmissíveis, cerca de
59,33% dos encarcerados possuem doenças sexualmente transmissíveis, dado coletado pelo
Conselho Nacional do Ministério Público.
Assim, pode-se concluir que faltam profissionais, falta estrutura, falta gestão, falta
administração, falta um maior investimento para que o Estado possa de fato cumprir o que é
proposto na forma da lei.
1.3 Fugas e rebeliões
O motim carcerário, definido pelo Dicionário Online de Português como toda ação
contra qualquer autoridade por meio de violência, falta de ordem ou pela utilização de
armamento, e também considerado tumulto, revolta ou agitação popular, demonstra a
deficiência da pena privativa de liberdade no Brasil (BITENCOURT, 2017).
É por meio das rebeliões que a sociedade tem a ci ncia do que acontece por ―trás‖ dos
muros das penitenciárias.
Motivadas por anseios de ruptura ou de visibilidade, as rebeliões irrompem os muros
das prisões, produzindo sensações de descontrole, e comunicas por meio de signos e
manifestações originais de violência, ao mesmo tempo em que desmitificam a
função de contenção atribuída à pena privativa de liberdade incentivam a
reafirmação dos métodos formais de controle disciplinamento. (FREIERE, 2005,
153).
O professor Bitencourt (2017) em seu livro Crise do Sistema Carcerário aponta alguns
fatores que contribuem para a crise da pena. Um dos primeiros fatores por ele apontado consta
na violência como não sendo exclusivamente do sistema carcerário, mas que ela
originalmente advém da sociedade, como por exemplo alguma violência sofrida pela
encarcerado em seu convívio familiar. Outro aspecto por ele apontado são os que estimulam
os conflitos dos encarcerados que, embora aja melhora nas condições carcerárias o nível de
frustação dos detentos continua estável, sendo esse um dos fatores que mais influenciam os
conflitos naquele ambiente. Ainda há a prisão de segurança máxima, tendo em vista que as
prisões comuns contam com um aglomeramento de pessoas dificultando dessa maneira a
vigilância e os devidos cuidados com os internos; todavia ela facilita as relações e
comportamentos homossexuais, além disso favorece a rivalidade étnicas ou grupos distintos.
21
A aflição se intensifica quando se fala em grandes prisões, pois aumenta-se a tensão com
violências e frustações.
Há a influência de ideologias políticas e radicais também um dos fatores, e que
segundo o professor Bittencourt (2017) não mais interessa as reformas ou melhoramento, mas
sim uma destruição total do sistema carcerário e da sociedade que o criou. Também há os
motins decorrentes das reformas, pois a reforma tende a enfraquecer o poder dos internos,
retirando algumas regalias, fazendo dessa forma com que os líderes dos cárceres organizem
rebeliões.
E por fim, pode ser apontado as graves deficiências do regime penitenciário
consistente em falta de orçamento, servidores técnicos não preparados, bem como a
ociosidade dos detentos. E outros aqui já apontados, como por exemplo as más condições de
alimentação, higienização, castigos desumanos e etc.
O sistema prisional brasileiro caracteriza-se pela não superação dos problemas
estruturais como é o caso do crescimento alarmante dos crimes organizados, assim como a
eclosão das rebeliões e o aumento das práticas de tortura e morte dentro do cárcere (FREIRE,
2005).
Os cárceres geridos pelo Poder Público encontram-se com péssimas condições
estruturais e administrativas, dados esse reconhecidos pelo CNJ.
Um exemplo claro, é a ocupação dos presídios com capacidade maior do que aquela
permitida, facilidade para entrada de armas, celulares e drogas, ausência de estruturação com
separação dos encarcerados, que deveria ser de acordo com o delito cometido e sua
periculosidade, além da ausência de agentes para manter a segurança, com o fim de evitar
choques entre facções (D'ANGELIS, 2017).
Em 1992 o Brasil ficou marcado pelo início de um conflito entre grupo de presos no
interior da Casa de Detenção de São Paulo, bairro que ficou amplamente conhecido, o
Carandiru.
O presídio a época possuía cerca de 7.200 (sete mil e duzentos) encarcerados, sendo
que sua capacidade máxima era de 1.200 (mil e duzentos) presos. A administração já tinha
assumido a incapacidade para solução desse conflito, momento este que autorizou a polícia
militar a invadir os pavilhões. Com a invasão foi ocasionada 111 (cento e onze) mortes, sendo
103 (cento e três) causadas por armas de fogo de punho dos próprios dos policiais, reagiram
de forma violenta, tendo em vista que os encarcerados não se encontravam armados. Se não
bastasse tal tragédia, os mortos foram empilhados em uma sala e o chão do presídio lavado
para que impossibilitasse a realização de perícia (FREIRE, 2005).
22
Outro caso que chamou a atenção não só do país como também da Corte
Interamericana de Direitos Humanos, foi o caso conhecido como Caso do Presídio do Urso
Branco, na cidade de Porto Velho- RO, ocorrido em julho de 2002.
Os presos pleiteavam por melhores condições dentro do cárcere, e a única maneira
pela qual encontraram para atingir seus objetivos, foi a violência. Instrumento também
utilizado para que eles estivessem pleiteando por melhores condições.
O presídio de Porto Velho tinha como principal alvo, os presos que não tivessem
trânsito em julgado de sua sentença e os presos provisórios, com capacitação máxima de 420
internos; todavia essa capacidade foi dobrada, e já estava com cerca de 1000 (mil) presos
ocupando o local. Não havia segurança suficiente, e com a superpopulação começaram as
disputas pelo poder entre os encarcerados ocasionando a morte de vários deles. Dentre essas
atrocidades, que pararam de envolver apenas os detentos, evolvendo também os carcereiros, a
Corte Interamericana foi acionada para combater. Assim, condenou o Estado a indenizar a
família dos presos sobreviventes, além de melhorar a situação do presidio, coisa que até hoje,
ano de 2018, ainda não ocorreu (KOSTER, s/d).
Pode-se notar que a crise do sistema carcerário é antiga, e ainda não houve solução. O
ano de 2018 também foi marcado por algumas rebeliões que mais uma vez, trouxe atenção do
país ao problema no cárcere. No norte e nordeste do país, algumas penitenciarias foram alvos
de rebeliões que ocasionaram a morte de centenas de presos.
Outrora, além de todos esses motivos que são ensejadores, para as rebeliões e fuga, um
artigo rea izado pe a ―Ponte- direitos humanas, justi a, seguran a púb ica‖, pub icada no ano
de 2016, por Felipe Athayde Lins de Melo traz informações relatadas pelos próprios presos,
no interior de São Paulo, que empregaram fuga do Centro de Progressão Penitenciária (CPP)
de Jardinópolis/SP.
Também comuns eram as ameaças de transferências de unidades e as imposições de
castigos realizadas pelos agentes de segurança, bem como a imposição de outras
obrigações não previstas legalmente, como a adesão a campanhas de vacinação que,
em princípio, são de participação voluntária, e a presença em cultos ou cerimônias
religiosas. Por fim, e ainda mais motivador, o constante desrespeito aos familiares
das pessoas presas, permanecendo, como na maior parte das unidades prisionais
paulistas, os constrangimentos relacionados à entrada de itens de alimentação e
higiene pessoal que o Estado é incapaz de fornecer adequadamente e, sobretudo, a
prática da revista vexatória (MELO, 2016).
Dessa maneira conclui-se que o sistema carcerário se encontra em grande falência,
sendo que diversos fatores contribuíram e continuam contribuindo para tal decadência.
23
Assim como é perceptível que o Poder Público está com ausência estrutural para a
realização da manutenção do sistema e dos cuidados básicos, impedindo dessa forma que o
cárcere possa cumprir o seu principal objetivo, punição e ressocialização.
Dessa forma é necessário que a Administração Pública de forma rápida possa agir
solucionando ou pelo menos arriscando uma forma de solução das condições em que os
encarcerados se encontram.
24
II PARCERIA PÚBLICO PRIVADA (PPP) E CONCESSÕES
A parceria-público privada é uma modalidade de contrato de concessão que pode ser
de duas formas: patrocinada ou administrativa. Foi instituída no Brasil por meio da lei
11.079/2004, inspirado no modelo inglês.
A lei que rege os contratos de concessões comuns é a Lei 8.987/95 promulgada em 13
de fevereiro. Enquanto que a lei 11.079/04 trata especificamente das concessões especiais,
isso é das parcerias público privadas.
2.1 Contrato de concessão
A legislação que rege o contrato de concessão é a de direito público, com algumas
prerrogativas e derrogações, por se tratar de contrato celebrado com a administração pública
de direito público.
O contrato de concessão envolve três partes: o Estado, uma pessoa de direito privado
que prestará o serviço, e o usuário que será o beneficiário do serviço prestado.
Apesar da transferência da prestação do serviço à concessionária, entende-se que o
titular do serviço continua sendo o Estado, pois esse somente passará a execução do serviço
para a pessoa de direito privado.
Para Mello (2006), a concessão é o instituto segundo qual o Estado transfere o
exercício de um serviço público para uma pessoa de direito privado prestar em seu próprio
nome, assumindo todo risco do negócio, por meio de condições estabelecidas unilateralmente
pelo Estado, com garantia do equilíbrio econômico financeiro, com tarifas a serem pagas pelo
usuário do serviço, que seria a coletividade ou por meio de outro, decorrente da exploração do
serviço.
Esse contrato tem prazo de validade pré-determinado, podendo ser de longa duração,
desde que com prazo previsto para o término.
Para a complementação do conceito de concessão, Di Pietro (2006) explica que o
contrato segue com algumas cláusulas exorbitantes que poderão ser modificadas e rescindidas
25
de forma unilateral pela Administração Pública, com fundamentação no interesse público.
Além disso, o objeto do contrato estará previsto na legislação. A fiscalização do serviço é
realizada pelo Poder Público que poderá aplicar algumas penalidades. A concessão só poderá
ser realizada por meio de licitação na modalidade concorrência, assim como dispõe o artigo
2º, inciso II da ei 8.987/95 ―II - concessão de serviço público: a delegação de sua prestação,
feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa
jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua
conta e risco e por prazo determinado‖.
A Constituição Federal em seu artigo 175 autorizou o Poder Público a realizar o
contrato de concessão. Veja-se:
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de
concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços
públicos. Parágrafo único A lei disporá sobre: I - o regime das empresas
concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu
contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e
rescisão da concessão ou permissão; II - os direitos dos usuários; III - política
tarifária; IV - a obrigação de manter serviço adequado. [BRASIL, 1988]
O §2º da lei 8.987/95 dispõe sobre o poder concedente que o Estado transferirá a
execução do serviço para o concessionário.
Art. 2º Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se:[...] III - concessão de serviço
público precedida da execução de obra pública: a construção, total ou parcial,
conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de quaisquer obras de interesse
público, delegada pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de
concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade
para a sua realização, por sua conta e risco, de forma que o investimento da
concessionária seja remunerado e amortizado mediante a exploração do serviço ou
da obra por prazo determinado [...].[BRASIL, 1995]
O serviço concedido consiste na construção total ou parcial de obra pública,
conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de qualquer obra de interesse público que
ocorrerá mediante licitação ou concorrência cabendo a concessionária demonstração de sua
capacidade para realização do serviço, bem como colocar a assunção dos riscos (COSTA,
2013).
Ainda Costa, (2013) trouxe que no contrato de concessão se admite arbitragem,
mecanismo privado para a resolução de disputas que decorrerem dos contratos. Além disso,
cabe ao Poder Público a fiscalização do serviço prestado pela concessionária, pois caso não o
26
faça ou se omita ficará responsável subsidiariamente por qualquer prejuízo causado, pois em
regra a responsabilidade do executor do serviço é objetiva.
Outro ponto que merece ser destacado diz respeito à possibilidade de subconcessão
que conforme explica Di Pietro (2006)
Na subconcessão existe a delegação de uma parte do próprio objeto da concessão
para outra empresa (a subconcessionária); O contrato de subconcessão tem que ser
autorizado pelo poder concedente, está sujeito à prévia concorrência e implica, para
o subconcessionário, a sub-rogação em todos os direitos e obrigações do
subconcedente, dentro dos limites da subconcessão. A subconcessão tem a mesma
natureza de contrato administrativo que o contrato de concessão e é celebrado à
imagem deste. A subconcessionária responde objetivamente pelos danos causados a
terceiros, com base no artigo 37, § 6º, da Constituição.
Dessa forma, pode-se dizer que é admitido a contratação de subconcessão, casos em
que a empresa concedente, contrata outra empresa para prestação do serviço, desde que
antecedida de licitação, e dentro dos limites legais.
A subconcessão tem previsão legal, no artigo 26 da lei 8.987/95, a saber:
Art. 26. É admitida a subconcessão, nos termos previstos no contrato de concessão,
desde que expressamente autorizada pelo poder concedente. § 1o A outorga de
subconcessão será sempre precedida de concorrência. § 2o O subconcessionário se
sub-rogará todos os direitos e obrigações da subconcedente dentro dos limites da
subconcessão. [BRASIL, 1995]
É importante ressaltar que o poder concedente precisa autorizar a subconcessão, pois
ela implicará em todos os direitos e obrigações do subconcedente respeitando a limitação
contratual. A responsabilidade é objetiva de quem subconceciona (DI PIETRO, 2006).
Em regra, tem-se que a responsabilidade do Estado é objetiva, significando dizer que
ele será responsável pelos danos causados pelos seus agentes, podendo eles atuarem em favor
da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios; todavia em se tratando de
responsabilidade decorrente de atos praticados ou provocados por pessoas pertencentes a
Administração Indireta ou das pessoas que prestam serviços ao ente estatal (como por
exemplo no caso das concessões) a responsabilidade do Estado passará a ser subsidiária
(CARVALHO FILHO, 2014).
Dessa maneira, pode-se dizer que a responsabilidade subsidiária decorre nos casos em
que a responsável originária não consegue mais arcar com suas responsabilidades.
Ainda, explica Carvalho Filho (2014) que o Poder Público responde de maneira
solidária aos danos causados pelas prestadoras de serviços. Estes serão responsáveis caso em
27
que a conduta praticada decorra de ato danoso consequências tanto da negligência como da
omissão decorrida pela administração. Todavia, caso a responsabilidade decorra de culpa
exclusiva da vítima, a responsabilidade do ente estatal passará a ser subsidiária.
No mais, explica Maffini (p 230, 2013)
Em re a o as pessoas jurídicas ―de direito privado prestadoras de servi os
púb icos‖ (b), deve-se considerar que o elemento determinante da incidência da
regra do art. 37, §6º, da CF corresponde à atividade prestada, qual seja a prestação
de serviços públicos.
Enquadram-se em tal hipótese as empresas públicas e as sociedades de economia
mista prestadoras de serviços públicos, bem como as pessoas jurídicas que sejam
concessionárias ou permissionárias de serviços públicos, nos termos da legislação
pertinente. Especialmente no que tange as concessionárias de serviços públicos,
embora tenham sido proferidas pela 2.ª Turma do STF, que consideram inaplicável o
artigo 37, §6º, da CF contra concessionárias de serviço público, quando estas
causarem lesões a terceiros não usuários (RE 262.251, RE 302.622 e RE 370.272),
tal posição restou superada quando a composição plenária do Pretório Excelso tratou
da matéria. Com efeito, o STF, quando do julgamento do RE 591.874, decidiu que a
e press o ―terceiro‖, contida no art.37, §6º, da CF, abrangeria tanto os usuários do
serviço prestado pela concessionária quanto os usuários eventualmente lesados. De
qualquer modo, contudo, a responsabilidade fica condicionada a implementação dos
pressupostos constitucionais [...]. Além disso em relação a tais pessoas jurídicas de
direito privado prestadoras de serviços públicos, ou seja, as concessionárias, haverá
responsabilidade do Poder Público – criador, mantenedor ou contratante – apenas de
forma subsidiária.
O contrato de concessão poderá ser extinto, conforme explicado por Mello (2006)
trazido pelo artigo 35 da lei 8.987/95, das seguintes formas, a saber:
I. Advento do termo contratual: nos casos em que finda o prazo contratual
estabelecido, aplicando ao serviço público a reversão que integrará o patrimônio
público. A reversão nada mais é do que tudo aquilo que a concessionária utilizou
para a prestação do serviço ficará para a administração pública, que o indenizará
para que o serviço possa continuar a ser executado.
II. Encampação ou resgate: é a rescisão unilateral que parte da concedente com base
na conveniência e oportunidade administrativa, casos em que o Poder Público
assumirá a execução do serviço ou o substituirá por outro serviço mais eficaz. A
indenização nesse caso está prevista nos artigos 35 e 37 da lei 8.987/95 sendo
apenas das parcelas não pagas ou depreciadas aos bens reversíveis.
III. Caducidade: é ato que advém da concedente antes do término do prazo contratual
com fundamento na inadimplência do concessionário caracterizado como violação
da grave da obrigação. Tem previsão legal no artigo 38, §2º da Lei 8.987/95
28
IV. Rescisão: pode ser unilateral, casos em que a administração pública pode rescindir
com fundamento no interesse público, desde que indenize a concessionária ou
quando está não estiver executando o serviço, nesse caso não caberá indenização.
Ou ainda pode ser rescisão consensual por acordo entre as partes
V. Anulação: ocorro nos casos de existência de algum vício jurídico na elaboração
contratual, se não advir da má-fé do concessionário, pois nesse caso haverá
indenização por todas as despesas já realizadas, e se o serviço já estiver em
execução caberá reversão dos bens.
VI. Falência ou extinção da empresa concessionária e falecimento ou incapacidade do
titular, no caso de empresa individual: a falência poderá ser dada em função da
insolvência de incapacidade ou deficiência da gestão das atividades.
Assim, pode-se concluir que o contrato de concessão é envolvido por três agentes. O
Poder Público que seria o titular do serviço que o repassa para um concessionário, que
executará o serviço, sendo remunerado pelo beneficiário do serviço que é a sociedade.
Esse contrato tem como objeto apenas obras e serviços previstos na legislação.
2.2 Parceria Público Privada
A parceria-público privada é uma modalidade do contrato de concessão, sendo este um
contrato especial com previsão legal na lei 11.079/04, que teve como espelho o modelo da
Inglaterra.
2.2.1 Origem do Instituto
O instituto da Parceria Pública Privada foi apresentado pelo Deputado Federal do
Estado do Paraná, no ano de 2003, decorrente da lei de licitações. O projeto apresentado foi
sancionado pelo Congresso Nacional no final de 2004. A esperança para essa criação foi para
29
que através das parcerias o Estado pudesse reduzir economicamente seus gastos, além de ter
uma maior efetivação na elaboração de determinados serviços (GALVÃO, 2005).
Todavia, constata-se que a privatização no Brasil ocorreu previamente, em meados dos
anos 90, ainda no governo do Co or que institui um p ano denominado de ―Plano Nacional de
Desestatização‖, advindo pela Lei nº 8.031/90. Assim, explicado por Lima (2004) que ainda
diz que:
Foi no governo de Fernando Collor que se deu o primeiro passo nesse sentido, com a
instituição do Plano Nacional de Desestatização pela Lei nº 8.031/90. A ideia era
diminuir o tamanho do Estado brasileiro através da venda de empresas públicas,
sociedades de economia mistas e de ativos em empresas privadas pertencentes ao
Poder Público, bem como delegar a prestação das correspondentes atividades à
iniciativa privada. Por intermédio, portanto, de privatizações, almejava-se, além dos
recursos que seriam obtidos com as vendas, diminuir os gastos públicos com tais
atividades, de modo que, seja pelo lado do incremento da receita, seja pelo lado da
redução das despesas, tivesse o Estado mais recursos para aplicação em
infraestrutura. Além do mais, por força dos contratos de concessão, as empresas
adquirentes normalmente tinham o dever de fazer investimentos consideráveis na
área que acabavam de receber, o que também alavancava a infraestrutura do setor.
Contudo com o advento da Lei de Licitações Gerais e Lei de Concessão (Lei 8.666/93
e Lei 8.987/95), o projeto teve que ser adequado aos moldes dessa nova legislação; todavia, os
modelos de contratuais previstos nessas leis, não atendia a todas as demandas de
infraestrutura do Estado, como as penitenciárias, pois nos contratos comuns havia a presença
de três sujeitos (usuário, Estado e empresa contratada), a qual o usuário é o detentor do
pagamento de tarifas a empresa contratada, ocorre que o mesmo não poderia acontecer nos
casos das penitenciárias, por exemplo.
Assim, houve a necessidade de melhor readequação para esses contratos.
Dessa maneira, foi necessário a construção de uma nova lei em análise aos modelos
internacionais, o que melhor se adequava a situação brasileira foi o modelo europeu. Dessa
forma surgiu a lei das parcerias público privadas, no ano de 2004.
2.2.2 O modelo brasileiro
30
A lei 11.079/04 apresenta dois modelos de contratos especiais de concessão, sendo
elas de concessão patrocinada ou de concessão administrativa.
No que tange a concessão patrocinada, é trazida pela lei no artigo 2º, §1º, como sendo
―[...] concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei no 8.987, de 13 de
fevereiro de 1995, quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários
contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado‖.
Ou seja, nessa modalidade de concessão a empresa recebe duas fontes de remuneração
sendo realizada tanto pelo usuário do serviço (sociedade), como pelo titular do serviço
(Administração Pública), por um serviço a ser prestado.
A concessão administrativa, por sua vez, está prevista no artigo 2º, §2º da lei
11.079/04 que dispõe ―[...] é o contrato de prestação de serviços de que a Administração
Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento
e instalação de bens‖.
Isto é, na modalidade da concessão administrativa a execução do serviço será
remunerada tão somente pela administração pública.
Assim, Costa, (2013) diferencia concessão administrativa e patrocinada da seguinte
maneira: ―A diferencia o entre ambas é a re ativa à contrapresta o pecuniária do parceiro
púb ico ao privado paga na patrocinada. Na concess o administrativa, a remunera o é feita
exclusivamente pelo parceiro público, por isso ela se aproxima de um contrato de
empreitada‖.
Mello, (2006) explica que na modalidade da concessão patrocinada a ideia para o
investimento das parcerias-púb ico privada seria ―acudir à car ncia de es‖. Nessa moda idade
de concessão cabe ao Poder Público a investidura de até 70% (setenta por cento) da
remuneração transferida ao executor do serviço, conforme autorização do artigo 3º da lei
11.070/04.
No que tange a concessão administrativa, explica o professor Mello, (2006), que essa
seria uma modalidade de prestação de serviço com execução de obras e fornecimento de
instalações de bens e equipamentos, o que pode ser considerada de falsa concessão, pois a
remuneração neste caso é exclusivamente tarifada por um serviço público em que a
administração pública é usuária direta ou indireta; todavia, não pode ser considerada uma
tarifa, mas tão somente como uma remuneração contratual, descaracterizando dessa forma a
parceria como uma forma de concessão.
Para que possa ser rea izado o contrato de concess o na moda idade PPP’s a ei
estabelece, no artigo 2º, §4º que o valor da contratação não poderá ser inferior a dez milhões
31
de reais, bem como prevê que o prazo para a prestação do serviço não poderá ser inferior a
cinco anos. Ainda, dispõe que o objeto do contrato deverá ser o fornecimento de mão de obra,
o fornecimento e instalação de equipamentos ou a execução de obra pública.
Carvalho Filho, (2015) explica que a lei exige que a contratação só poderá ocorrer se
antes forem encaminhados ao Senado Federal e à Secretaria do Tesouro Nacional informações
que indiquem o cumprimento dos limites das despesas considerando a receita recorrente
líquida da pessoa federativa. Se o contrato não tiver previsão pecuniária deixará de ser
contrato de concessão da modalidade especial e passará a ser concessão na modalidade
comum.
Dessa maneira pode-se concluir que o contrato de concessão na modalidade da
parceria-público privada, carrega uma série de requisitos a serem cumpridas tanto pela
Administração Pública, como pela empresa concedente.
Além disso, ficará a cargo da empresa a prestação de um serviço que será de maneira
eficiente e mediante remuneração a ser realizada conforme for a prestação de serviço.
No Brasil já foram privatizados alguns serviços, dentre eles unidades educacionais,
hospitais, serviços de energia, bem como algumas penitenciárias (PALHARES, 2018).
A concessão administrativa tem sido vista como uma possível solução para a
privatização de presídios. Este o objeto central dessa análise.
2.3 Privatização do sistema carcerário e obstáculos
A privatização prisional tem como consequência deixar a mercê da empresa ganhadora
da licitação a gerência total e ampla do objeto a ser licitado, de modo que o Poder Público
nada intervirá em sua gerência, tão somente continuará a exercer o controle da pena do
agente.
Para os autores Kuhnen, Paula Brasil e Oliveira Filho (2013), a privatização não seria
a melhor forma de solução do déficit carcerário, tendo em vista que no momento em que se
privatizaria, traria maior lucro para os empresários, e os encarcerados ao invés de serem
tratados como deveriam, isso é, presos, seriam considerados trabalhadores. Além do mais, a
privatização traria maior gastos ao ente estatal, tendo em vista que sem a privatização o gasto
com um presidiário é de cerca R$800,00 (oitocentos reais), enquanto que dentro de um
sistema carcerário privatizado, esse valor chega a ser de cerca de R$1.200,00 (mil e duzentos
32
reais). E que, portanto, a melhor maneira de colaborar com o sistema em questão seria a
criação de novas ocupações aos detentos, tendo em vista a ociosidade do cárcere atualmente,
podendo inclusive qualificá-los ao mercado de trabalho fora do cárcere.
Célia Regina Nilander Maurício (2011) em sua tese de mestrado de direito penal,
elencou alguns obstáculos quanto a privatização do sistema carcerário, a saber:
a) Éticos: a Constituição Federal garante o direito à liberdade, e que este obstáculo
está diretamente ligado ao princípio da liberdade, tendo em vista que o único apto
a sancionar alguém é o Estado, e que, portanto, ele não pode o transferir a um ente
particu ar essa responsabi idade. Conc uindo que é ―into eráve enriquecer sobre a
base do quantum de castigo que seja capaz de infligir a um condenado‖.
b) Jurídicos: pressupõe princípio da violação de indelegabilidade da atividade
jurisdicional acarretando em inconstitucionalidade. A Lei de Execução Penal,
transfere ao ente estatal o monopólio de execução penal, ficando este proibido de
repassa-lo a qualquer pessoa física ou jurídica.
c) Políticos: explica que ao transferir essa função a entes particulares,
descaracterizaria a função política do Estado, pois sintetiza que a função da
penitenciária é combate à criminalidade e que os entes particulares não têm esse
objetivo, e por esse motivo não devem administrar o sistema carcerário.
Assim, consta que esse é o argumento negativo que mais ganhou força dentre aqueles
contrários a privatização dos presídios. Eles alegam que o artigo 2º da Constituição Federal,
dispõe que os poderes são da União, e que, portanto, ela dever ser a responsável pela
execução e cuidado dos encarcerados e não os repassa a terceiros (CARVALHO, 2008).
Ainda, é garantido pelos opositores que as empresas que ficariam responsáveis pela
privatização, usariam os detentos como empregados, o que poderia acabar por gerar trabalho
escravo. Um exemplo utilizado pelo autor é no Estados Unidos, onde um preso recebe cerca
de US$ 0.28 a hora enquanto o salário mínimo é US$5 ocasionando o que fora por ele
denominado de trabalho semiescravo (CARVALHO, 2008).
Dessa maneira, nota-se que os opositores são contra a terceirização, pois segundo seus
entendimentos, o Estado é detentor e responsável pelo gerenciamento carcerário; todavia, o
que pode eles não foram notado é que o sistema prisional brasileiro está falido, e que o Estado
não tem mais condições de manter os presídios, o que faz gerar inúmeros problemas, como já
citado no capítulo anterior.
Outrora, o sistema de privatização não retira do ente estatal a titularidade do serviço a
ser executado. A transferência a empresa privada far-se-á tão somente a gerência do cárcere,
33
manutenção de melhor qualidade de vida ao apenado, que está ali tão somente ao
cumprimento de pena e não há ser humilhado ou torturado pelo cometimento de um crime.
2.4 Experiências internacionais
Nota-se que o sistema de privatização do sistema carcerário é recente não só no Brasil,
como no mundo.
A ideia de privatização do sistema carcerário surgiu em 1761 por Jeremy Bethan que
defendia que as prisões deveriam ser gerenciadas por particulares, assim como eram as
fábricas, desde que não maltratassem os detentos (GHADER, 2011).
Países como Estados Unidos, França, Bulgária, Alemanha, Chile, México, Irlanda,
Israel, Escócia, Canadá, Austrália, Peru, entre outros adotaram a ideia de privatização
carcerária.
Dessa maneira, nota-se dois modelos de privatização existentes no mundo, o francês e
o americano.
2.4.1 Modelo Norte-Americano
O primeiro país a implementar tal ideia foi o Estados Unidos, em meados da década de
80. Diante de uma crise do sistema carcerário o presidente a época Ronald Reagan surgiu com
a ideia de transferir a empresas privadas o gerenciamento dos presídios com o propósito de
combate a falência (ARAÚJO NETO, 2013).
Neste modelo a função estatal é tão somente a de fiscalização das empresas. Transfere-
se as empresas o poder de direção.
A pioneira foi a prisão de Saint Mary, cujo a empresa que a administrou foi U.S.
Correction Corporation administra Saint Mary (MAURÍCIO, 2011).
Todavia, começou a ocorrência de desvios de finalidades das empresas, que passaram
a explorar a mão de obra dos encarcerados, e ao invés de preocuparem com a ressocialização
e cumprimento de pena do apenado, visavam tão somente o lucro
34
Em janeiro de 2007, a Revista Exame realizou a seguinte matéria,
Os Estados Unidos têm a maior população carcerária do planeta, 2,2 milhões de
pessoas. Como a legislação possibilita a ampla participação das empresas privadas,
as companhias estão aproveitando a oportunidade para obter bons lucros. Hoje, elas
são contratadas pelo governo para projetar e construir presídios, vigiar e reabilitar
detentos e prestar serviços gerais, como limpeza das celas e alimentação dos presos.
O resultado é um mercado de 37 bilhões de dólares, que deve continuar em
expansão, pois o número de presos cresce à taxa de 3,4% ao ano desde 1995.
(POLONI, 2007)
Atualmente 7% (sete por cento) dos presos naquele país, encontram-se em presídios
privados. A ideia de privatizar adveio devido a ideologia de mercado, por causa do aumento
do número de encarcerados, bem como o aumento do custo das prisões. ―N o há armas na
prisão, e os presos, todos, estão próximos do livramento condicional e foram selecionados
para que a empresa pudesse operar sem maiores prob emas‖ (MAURÍCIO, 2011).
No mais, a súmula 1981 da Suprema Corte dos Estados Unidos determina que
[...] não há obstáculo constitucional para impedir a implantação de prisões privadas,
cabendo a cada Estado avaliar as vantagens advindas dessas experiências, em termos
de qualidade e segurança, nos domínios da execução penal.
Dessa maneira, pode-se observar que o marco inicial da privatização decorreu de uma
falência no sistema prisional. Embora com alguns defeitos, pois as empresas particulares
deixaram de ver os encarcerados como presos, e passou a vê-los como fonte de arrecadação
de dinheiro.
Não é esse o modelo adotado pelo Brasil, tendo em vista que no Brasil é necessário
que a empresa passe por um processo licitatório.
Além do mais a empresa no Brasil ficará tão somente responsável pela gerência do
presídio, ficando o Estado o titular do serviço e responsável pela parte jurídica do apenado.
2.4.2 Modelo Francês
A ideia de privatização na França também foi decorrente das crises em que vivia a
época o sistema carcerário, má gestão administração do cárcere, superlotação dos presos.
35
Foi então que a França após muitos projetos criou a Lei 87/432 estabelecendo a
privatização dos presídios. Para que isso ocorresse era necessário que a empresa interessada
participasse de um processo licitatório com obediência a alguns requisitos (MAURÍCIO,
2011).
Lei n. 87/432: A Assembleia Nacional e o Senado aprovaram. O presidente da
República promulga a lei cujo teor é o seguinte: [...]
Art. 2º. O Estado pode confiar a uma pessoa de direito público ou privado uma
missão versando ao mesmo tempo sobre a construção e adaptação de
estabelecimentos penitenciários. [...] Estas, pessoas, ou grupos, são designadas ao
final de um processo licitatório. Nos estabelecimentos penitenciários as funções
outras que de direção, cartório, vigilância, podem ser confiadas a pessoas jurídicas
de direito público ou privado segundo uma habilitação definida por decreto. Estas
pessoas podem ser escolhidas em processo licitatório na forma prevista na alínea
precedente. Art. 3º. Os estabelecimentos penitenciários podem ser erigidos em
estabelecimentos públicos penitenciários, submetidos a tutela estatal. Cabe ao
Ministro da Justiça designar os membros da direção do cartório e da vigilância dos
estabelecimentos.
Além disso foi estabelecido que a empresa apenas cuidaria da gestão dos cárceres,
como por exemplo da alimentação, da infraestrutura do prédio, do trabalho e educação ao
encarcerado dentre outras coisas, e que continuaria a cargo do Estado a responsabilidade
jurídica, isso é a execução penal (MAURÍCIO, 2011).
O modelo Europeu é um dos modelos mais invejáveis do mundo, e tem provado que a
privatização é uma ótima alternativa para a solução de falências carcerárias.
No modelo Europeu o condenado é informado de seus direitos e deveres assim que
chega ao estabelecimento prisional, sendo submetido a uma avaliação médica, sendo
encaminhado ao tratamento na constatação de deficiência física ou mental. Recebe
todo vestuário que tem direito, inclusive o que terá de utilizar para comparecer aos
tribunais. Os detentos podem ser alocados em celas individuais ou para no máximo
duas pessoas, com uma rigorosa separação por idade, saúde e periculosidade. Os
desordeiros são colocados em regime de confinamento solitário, por razões
disciplinares e de segurança, para evitar influência sobre os demais, bem como inibir
condutas futuras. A preocupação do sistema é tratar o preso com dignidade respeito,
não sendo admitido qualquer discriminação social, racial ou religiosa [...] Os
momentos de lazer, recreação e prática esportiva não são considerados como simples
passatempos ou distrações. As atividades devem sempre proporcionar uma ocupação
inteligente, com acompanhamento por profissionais competentes e treinados. O
sistema de ensino penitenciário é invejável, uma vez que os presos recebem
ensinamentos condicionados ao seu temperamento e deficiência, com setores
especializados e orientados a melhorar a formação escolar de cada um. A
profissionalização é obrigatória, principalmente aos inexperientes (inicialmente na
condição de aprendizes), de acordo com as habilidades de cada detento, e essenciais
a sociedade. Para os dirigentes europeus, o trabalho no estabelecimento prisional
não é concebido como uma punição, mas como elemento essencial na reeducação
social do indivíduo. (RABELO; VIEGAS; RESENDE, 2011)
36
Observa-se dessa maneira que o objetivo da privatização é o melhoramento da
condição do apenado, respeitando dessa forma seus direitos humanos e garantindo a eles a
ressocialização e a reinserção desse apenado a sociedade.
É explicado por Duarte, (2012) que em média 80% (oitenta por cento) do valor gasto
pelo preso é retornado por ele no período em que ele se encontra recluso. A dificuldade, no
entanto, encontra-se no preconceito enraizado na sociedade em face da aceitação de um ex-
presidiário.
O problema agora não está mais nos apenados e sim na sociedade, pois o Estado
fornece todo o tipo de assistência ao preso, garantindo a ele todos os seus direitos previstos
tanto legalmente, como nos tratados internacionais que garantem o direito dos apenados.
O modelo de sistema de privatização adotado pelo Brasil é o francês. Embora ainda
haja poucos presídios aqui privatizados, nota-se já uma diferença entre os presos
condicionados aos presídios comuns e os presos que encontram-se acondicionados nos
presídios privatizados.
37
III EXPERIÊNCIAS DE PRISÕES NO BRASIL QUE ADOTARAM
O MODELO DE PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA
O Brasil implementou a política de privatização na modalidade parceria pública-
privada no ano de 2004 com o advento da lei 11.079/04. Dessa maneira houve a esperança de
modificação dos presídios brasileiros, tendo em vista que atualmente encontram-se em ruínas.
Todavia, em 1999, antes da implementação legal das privatizações por meio das
PPP’s, houve o primeiro modelo de privatização através do modelo de cogestão ou
terceirização que ocorreu nos cárceres.
O pioneiro desse sistema foi a Penitenciária Industrial de Guarapuava (PRIG),
localizada na cidade de Guarapuava - PR. Após outros quatro sistemas de cárcere também
localizados no Estado do Paraná adotaram esse sistema (Casa de Custódia de Curitiba, Casa
de Custódia de Londrina, prisão de Piraquara e prisão de Foz do Iguaçu). Todos eles geridos
pela mesma empresa Humanitas Administração Prisional S/C ocorrido por meio de dispensa
de licitação (MAURÍCIO, 2011).
Posteriormente, outros Estados adotaram o modelo de cogestão/privatização, como no
caso da Penitenciária de Cariri, localizada na cidade Juazeiro do Norte-CE, além dos Estados
da Bahia, Santa Catarina, entre outros.
O pioneiro na imp ementa o do mode o das PPP’s foi o Estado de Minas Gerais,
localizada da cidade de Ribeirão das Neves, administrado pela empresa Gestores Prisionais
Associados.
Recentemente, em janeiro de 2019, o governador do Estado de São Paulo, João Dória
anunciou a privatização de quatro novos presídios no modelo das parcerias públicos privadas
PPPs) no Estado. (PINHONI, 2019).
3.1 A experiência nacional: da cogestão às Parcerias Público-Privadas
Pelo disposto acima, nota-se que as primeiras experiências de privatização do sistema
carcerário no Brasil envolveram o sistema de cogestão, sendo, posteriormente, introduzido o
modelo de concessão administrativa, espécie de parceria público-privada.
38
Há dois modelos de contrato de gestão. O primeiro modelo possui previsão
constitucional no artigo 37, §8º denominado de contrato de gestão interno ou endógeno. Esse
contrato visa compromete-se a uma maior eficiência com objetivo de metas a serem
cumpridas. O segundo modelo possui previsão no artigo 5º da lei 9.637/98 e traduz no
contrato entre a Administração Pública e uma entidade privada que não possui fins lucrativos,
ou seja, as denominadas Organizações Sociais com fomento a entidade privada
(OLIVEIRA,2017).
Dessa maneira, pode-se concluir que o modelo utilizado na privatização dos cárceres,
é o previsto pela Constituição. A saber:
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da
administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado
entre seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de
metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:
I - o prazo de duração do contrato;
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e
responsabilidade dos dirigentes;
III - a remuneração do pessoal.
Frisa-se importante, portanto, salientar a diferenciação entre o modelo de privatização
por meio das parcerias públicos privadas e o modelo de cogestão ou contrato de gestão.
Assim, pode ser explicado como:
A diferença de um modelo de PPP para um modelo de cogestão, como os que
existem atualmente, é que o contrato entre o estado e a empresa é rigoroso e focado
no preso — diz Rodrigo Gaiga, diretor do consórcio GPA e coordenador do
complexo pelo grupo. — É um divisor de águas para o sistema prisional porque traz
um elemento de gestão transformador. Se não cumprirmos os indicadores, que serão
fiscalizados pela empresa independentemente de auditoria Accenture, receberemos
penalidades financeiras, então, é do interesse de todos que tudo funcione da melhor
maneira possível e que os materiais usados na construção dos presídios sejam os
melhores, porque precisam durar muito (SCOFIELD JR., 2012).
No mais, Di Pietro (p 351, 2014) explica que o objetivo do contrato de gestão é o de
compor desígnio a ser cumprido, o qual haverá uma permuta de benefícios entre a
Administração Pública e a empresa vencedora. A finalidade é a eficiência.
Ainda, explica Di Pietro (p 351, 2014) a eficiência é um princípio constitucional
previsto em todos os contratos de gest o o qua devem estabe ecer ―a forma de como a
autonomia será exercida, metas a serem cumpridas pelo órgão ou entidade no prazo
estabelecido no contrato; e controle de resultado para a verificação do cumprimento ou não
das metas estabe ecidas‖.
39
Dessa forma, pode se observar que os contratos de cogestão consistem na privatização
de alguns setores de serviços e não no cárcere como um todo. Por exemplo, o contrato de
gestão pode privatizar a segurança limpeza, alimentação e etc.; não se tem uma empresa que
ficaria responsável pela gestão do cárcere como uma responsabilidade de todo.
3.2 Penitenciária Guarapuava-PR
Inaugurada em 12 de novembro de 1999, a penitenciária de Guarapuava foi exportada
do modelo de gestão privada. O consórcio que a criou foi denominado de PIG (Penitenciária
Industrial de Guarapuava). A PIG está localizada a 265 km (duzentos e sessenta e cinco
quilômetros) da cidade de Guarapuava-PR. Além dela outros presídios do Estado adotaram o
modelo de cogestão, dentre eles Casa de Custódia de Curitiba, Casa de Custódia de Londrina,
prisões de Piraquara e Foz do Iguaçu (SOARES, 1999).
3.2.1 Estrutura
Esse primeiro modelo de privatização no sistema carcerário, foi a adoção do sistema
misto, cogestão/terceirização, uma vez que na PIG ocorreu a terceirização dos serviços de
segurança interna e de acompanhamentos médicos e jurídicos dos detentos (CORDEIRO,
2006 apud OLIVEIRA, 2011).
O site do DEPEN, informa que a construção do cárcere decorreu com base nos
recursos do Governo Federal e Estadual, num montante de R$ R$5.323.360,00, sendo que
80% (oitenta por cento) do valor foi proveniente do Ministério da Justiça, e os outros 20%
(vinte por cento) provenientes do Estado.
O cárcere possui capacitação máxima de 240 (duzentos e quarenta) presos de média e
baixa periculosidade e em média 117 (cento e dezessete) funcionários. As celas têm em média
6m² (seis metros quadrados) com capacidade para 02 (dois) presos (CORDEIRO, 2006 apud
OLIVEIRA, 2011).
40
Ainda, dispõe a Secretaria Da Segurança Pública e Administração Penitenciária,
Departamento Penitenciário – DEPEN ―Seu projeto arquitetônico privilegia uma área para
indústria de mais de 1.800m²‖.
3.2.2 Contratação
O sistema de contratação da PIG celebrou com a empresa Humanista Administração
Prisional S/C para a realização do suporte aos detentos no que tange a alimentação, assistência
médica, psicológica jurídica e nas demais necessidades dos detentos. Foi nomeado pelo
Estado do Paraná um diretor que ficou responsável pela supervisão do cárcere, fiscalizando
tanto o trabalho da empresa, como o cumprimento da Lei de Execução Penal (CORDEIRO,
2006 apud OLIVEIRA, 2011).
Os contratos entre o governo e as empresas têm validade de um ano, com
possibilidade de renovação e prazo máximo de 60 (sessenta) meses (LOPES, 2006)
3.2.3 Os presos
O presídio teve como objetivo a ressocialização do preso para voltar em sociedade
após a prática do ilícito, e para isso proporcionou curso profissionalizante e trabalho dentre da
penitenciária.
Assim, dispõe o site do DEPEN (2019) que
(...) o barracão da fábrica trabalha 70% dos internos da Unidade, em 3 turnos de 6
horas, recebendo como renumeração de 75% do salário-mínimo; os outros 25% são
repassados ao Fundo Penitenciário do Paraná, como taxa de administração,
revertendo esses recursos para melhoria das condições de vida do encarcerado.
Outrora, aqueles que não trabalhassem na indústria eram destinados ao trabalho dentro
do próprio cárcere como na limpeza, cozinha, lavanderia e embalagens de produtos. Com a
exploração da mão de obra dos presos em período integral.
41
Ainda, informa O iveira (2011), ―Os detentos ganharão salário mínimo e a cada três
dias de trabalho terão a pena reduzida em um dia. Eles também terão direto a estudar‖.
Essa foi uma das maneiras encontradas para manterem os presos ocupados, além de
beneficiá-los para a vida fora do cárcere, tendo em vista o aprendizado satisfatório.
Os resultados desse trabalho não poderiam ser diferentes, dentre de todos os cárceres
do Estado do Paraná, o número de reincidência do presídio de Guarapuava foi de 6% (seis por
cento). Enquanto que o presídio de Maringá o índice alcançava em 30% (trinta por cento) e a
média nacional cerca de 70% (setenta por cento) (MAURÍCIO, 2011).
Após 15 (quinze anos) de privatização e com toda estrutura de segurança que continha
a penitenciaria de Guarapuava foi alvo de rebelião. Em outubro de 2014 cerca de 13 (treze)
agentes penitenciários e diversos presos, foram feitos reféns. Em média 19 (dezenove)
pessoas ficaram feridas, e a rebelião só teve fim com a transferência de 31 (trinta e um) presos
da penitenciária de Guarapuava para outros presídios no interior do Estado.
O fim da privatização se deu pela não renovação do contrato de terceirização, tendo
em vista o valor elevado.
3.3 Penitenciária de Juazeiro-CE
Com início em novembro de 2000, a privatização na Penitenciária de Cariri, localizada
na cidade de Juazeiro do Norte-CE, têm destinação aos presos que se encontram em regime
fechado.
A privatização decorreu de um Projeto de Lei nº 51/2000 criado pela deputada Gorete
Pereira (CORDEIRO, 2006 apud OLIVEIRA, 2011).
3.3.1 Estrutura
O presídio tem capacidade para 590 (quinhentos e noventa) presos. Assim explica
Amaral (2008) que o cárcere é disposto:
42
Com uma área de 15.000 m², tem 66 celas coletivas para cinco presos cada uma e
117 para dois presos cada. Possui ainda 12 "quartos de convivência familiar", 850
metros de cercas eletrificadas, (com ouriços e sensores de movimento) sobre
muralhas de 7m de altura; 17 guaritas; cozinha industrial; sistema de som; sala de
controle por 64 câmaras de circuito interno; auditório com salão de artes e eventos;
cabines telefônicas, play ground, campo de futebol, cinco quadras poliesportivas;
painéis, orações e mensagens bíblicas abertos em paredes; fábricas de velas,
calçados e bijuteiras e uma padaria, 4 salas de aula, biblioteca e administração,
lanchonete, consultórios médico-odontológicos, enfermaria, farmácia, 5 refeitórios
para detentos e mais 4 para a administração, lavanderia.
Dessa maneira, pode-se observar que o cárcere foi construído de forma a
ressocialização dos presos, com áreas extensas para a prática de atividades, lazer e educação.
3.3.2 Contratação
O cárcere de Cariri ocorreu em 2000 sem a ocorrência de licitação, em decorrência de
um projeto de lei. A autorização para a dispensa de licitação decorreu de autorização
Procuradoria Geral do Estado – PGE (CARVALHO, 2007).
O Governo do Ceará apoiado pelo Ministério da Justiça em 2002, mais uma vez sem a
realização de licitação terceirizou mais estabelecimentos prisionais no Estado, conseguindo a
inauguração da Penitenciária Industrial de Sobral (Pris) e o Instituto Presídio Professor Olavo
Oliveira II (MAURÍCIO, 2011).
Todavia, em 2007 o Ministério Público Federal contestou a privatização desses dois
sistemas prisionais (Pris e o Instituto), pois as privatizações ocorreram com a dispensa de
licitação, além do elevado custo ao erário (AMARAL, 2008).
3.3.3 Os presos
A ideia principal do PIRC (Penitenciária Industrial Regional de Cariri) é baseada na
ressocialização do preso.
Em maio de 2001 com a finalidade de preparação dos presos para ressocialização ou
reserva da população com ex-presidiários criou-se um núcleo de ressocialização,
43
implementada com a Humanitas Administração Prisional S/C em forma de cogestão
(MAURÍCIO, 2011).
Além disso, os presos trabalham para uma empresa privatizada, e recebem assistência
psicológica e orientação sexual.
Nessa penitenciária, através de parceria com a empresa Criativa Joias, 150
presidiários fabricam folheados, com uma produção de 250 mil peças/mês. Cada
preso recebe cerca de 75% do salário mínimo por mês e redução da pena.
No tocante à individualização da pena, os serviços de assistência psicológica, de
orientação social e sexual, tanto ao interno quanto ao egresso, são efetuados por um
quadro de funcionários próprio da CONAP. Já a assistência jurídica é prestada na
PIRC por um quadro composto por 04 (quatro) advogados contratados e auxiliados
por estagiários que prestam a referidas assistências aos internos que não possuem
defensores. A assistência religiosa, concebida como o direito de acesso à religião, é
efetivada através de diferentes cultos religiosos. No que se refere à saúde dos presos,
o atendimento é prestado por uma equipe composta de um médico, um psiquiatra,
dois psicólogos, um dentista, dois enfermeiros e três assistentes sociais. A
infraestrutura física é dotada de um núcleo de saúde, em que são prestados
atendimentos ambulatoriais, uma enfermaria e um centro cirúrgico no qual são feitos
procedimentos cirúrgicos de baixa e média complexidade. A assistência educacional
do preso se dá através de uma escola de ensino fundamental e médio na qual os
internos recebem a instrução escolar. No tocante a superlotação penitenciaria,
ressalta-se que a PIRC não possui esse grave problema, sendo que a lotação máxima
alcançada foi de 520 internos (dados de 2005). Ainda com relação à assistência ao
egresso, uma equipe de assistentes sociais dos quadros da própria CONAPrealiza
esse trabalho (AMARAL, 2008)
Até o presente momento, verificou-se que o contrato de gestão com as penitenciárias
n o foi baseado nas PPP’s, tendo em vista que a egis a o somente chegou ao Brasi em
2004. Ademais, uma empresa em específico, Humanitas Administração Prisional SC foi a
responsável pela manutenção do cárcere pioneiro (Paraná) e de outras. Assim, adotaram o
modelo de cogestão, sendo dispensado o processo de licitação.
Todavia, em análise as formas de contratação, a empresa ficava responsável por um
curto espaço de tempo.
3.4Penitenciária de Minas Gerais
O edital de licitação foi aberto em 2008, o contrato foi assinado em junho de 2009
com a empresa vencedora a GPA (Gestores Prisionais Associados) e a Secretaria de Estado de
Defesa Social de Minas Gerais.
44
No contrato ficou estabelecido a construção de 05 (cinco) unidades prisionais,
divididas em 03 (três) de regime fechado e 02 (duas) em regime semiaberto. A primeira
unidade foi inaugurada em janeiro de 2013. Atualmente 13 (treze) empresas fazem parceria
com a GPA empregando cerca de 140 (cento e quarenta) presos, isso é 30% (trinta por cento)
dos presos aptos ao trabalho. Nacionalmente a média chega a 10% (dez por cento) (GPA,
2019).
3.4.1 Estrutura
O complexo foi construído para uma capacidade total de 3.040 (três mil e quarenta)
presos do sexo masculino. A área total do complexo é de 66 mil m², composta por 05 (cinco)
unidades, das quais 03 (três) delas encontram-se prontas. Três destinadas são destinadas ao
regime fechado e uma ao semiaberto. As celas do regime fechado possuem 12m²
comportando 04 (quatro) presos por cela, enquanto que as celas do regime semiaberto medem
18m² comportando 06 (seis) presos por cela (GPA, 2019).
Para complementar a segurança, foram compostas portas automatizadas, detectores de
metal e aparelhos de raio-X. Outra inovação são os scanners corporais para acabar com as
revistas íntimas dos visitantes. Todas as três unidades têm bloqueadores de celulares
(BERGAMASCHI, 2017).
O complexo ainda é composto por uma escola que contem oito salas de aula,
biblioteca além de sala de informática.
A segurança acontece por meio de monitoramento. O lugar abarca 264 (duzentos e
sessenta e quatro) câmeras de alta definição. Além disso, o complexo possui um centro de
saúde com consultório médico e dentário, enfermaria e farmácia. Para completar é composto
de 06 (seis) galpões de trabalho com total infraestrutura para indústria.
O investimento total foi comportado pela empresa GPA. O projeto completo custou
R$430 milhões de reais, até agora foram investidos o estimado de R$330 (trezentos e trinta)
milhões de reais.
3.4.2 Contratação
45
Por meio da lei 11.079/04 (Lei de contratação de parceria público privada) foi
contratada no ano de 2009 pela Secretaria de Estado e de Defesa Social de Minas Gerais a
Concessionária Gestores Prisionais Associados S/A – GPA. O contrato da privatização foi
estabelecido nos moldes da concessão administrativa. O beneficiário a essa privatização foi o
Complexo Penitenciário de Ribeirão das Neves.
O contrato foi fixado num prazo de 27 (vinte e sete) anos, isso é, seu fim se dará no
ano de 2036, podendo ser prorrogado por período que não ultrapasse o total de 35 (trinta e
cinco) anos, ou seja, pode ser prorrogado por mais 8 anos (ORSINI, 2016).
Fixou-se no contrato, que os dois primeiros anos dedicar-se-ia a construção do
complexo, enquanto o restante ficaria dedicado a gestão do presídio (ORSINI, 2016).
Ademais é necessário que a empresa concedente se atente a alguns deveres dispostos
ao contrato, sob o risco de pagamento de multa. Dentre eles, observa-se que:
O projeto de PPP do Complexo Penal assenta-se sobre os princípios da necessidade
de uma gestão profissional de unidades penitenciárias, aplicando conceitos de
qualidade e eficiência na custódia do indivíduo infrator e promovendo a efetiva da
ressocialização do detento. Também consiste em princípio norteador do referido
projeto a importância do controle e da transparência na execução da política de
segurança pública. Por fim, os princípios da relevância de padrões contratuais que
incentivem a cooperação entre o setor público e privado, a fim de que os ganhos de
eficiência possam ser efetivamente verificados, bem como os níveis adequados de
retorno sejam garantidos tanto ao operador quanto ao investidor.
Dentre os serviços que devem ser prestados pelo Parceiro Privado, incluem-se:
Serviços de atenção médica de baixa complexidade interna ao estabelecimento
penal; Serviços de educação básica e média aos internos; Serviços de treinamento
profissional e cursos profissionalizantes; Serviços de recreação esportiva;
Serviços de alimentação; Assistência jurídica e psicológica;
Os serviços de vigilância interna; Os serviços de gestão do trabalho de preso
(COMPLEXO PENAL, 2019)
É válido lembrar que apesar do Poder Público conceder a gestão a uma empresa
privada, ele (Poder Público) continua sendo o responsável por fiscalizar a maneira pela qual o
complexo é gerido.
Por ser o responsável fiscal, cabe ao Poder Público a aplicação de leis, e a
responsabilização das penas dos apenados de acordo com a Lei de Execução Penal.
3.4.3 Os presos
46
Como disposto acima, o complexo penitenciário é composto por uma estrutura que
comporta salas de aula e galpões de trabalho destinados aos presos com duas vantagens em
específico.
A primeira é que conforme dispõe a Lei 7.210/84 (Lei de Execução Penal):
Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá
remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena.
§1o A contagem de tempo referida no caput será feita à razão de:
I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar - atividade de
ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de
requalificação profissional - divididas, no mínimo, em 3 (três) dias;
II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho.
A segunda, pois, essa é uma das maneiras encontradas para que os presos não fiquem
ociosos dentro do cárcere, bem como uma forma de capacita-los a reinserção a sociedade,
tendo em vista que com diplomação de um curso profissionalizante, diploma em ensino
fundamental, médio e superior, e a experiência na realização de um trabalho poderá facilitar a
inclusão social fora do cárcere.
Dessa forma, observa-se que no complexo, 13 (treze) empresas em parceria com a
GPA empregam 410 (quatrocentos e dez) presos, cerca de 30% (trinta por cento) dos
condenados (GPA, 2019).
No que tange aos estudos, a penitenciária é integrada por 40 (quarenta) professores
com funcionamento no período matutino e vespertino de segunda a sexta-feira, contando
ainda com um pedagogo no período integral.
Mais de 2.000 (dois mil presos) dentre os 2.164 (dois mil cento e sessenta e quatro)
presos estão matriculados. Dentre esse número, 474 (quatrocentos e setenta e quatro)
encontram-se no ensino básico, 140 (cento e quarenta) realizam o ensino técnico e outros 30
estudam curso superior à distância (GPA, 2019).
No ano de 2018, 53 (cinquenta e três) detentos se formaram nos cursos de informática
e segurança do trabalho (VALE, 2018).
O complexo tem mostrado evolução quanto aos detentos encarcerados, além disso o
presídio nunca foi alvo de rebelião. No entanto, apesar da segurança altíssima, dois detentos
conseguiram fugir.
No mais, o cárcere mostra-se mais benéfico e condições melhores aos encarados. O
modelo de privatização conseguiu até agora cumprir com o pactuado nas Convenções
Humanas, e com os direitos garantidos pela Constituição Federal.
47
Não se encontram situações insalubres ou desumanas, nem mesmo a superlotação,
tendo em vista que esse é um dos requisitos cumpridos pela empresa concedente, o não
recebimento de detentos que sejam superiores a sua capacidade.
3.5 Desvantagens do sistema de privatização dos presídios brasileiros
Apesar da privatização ser uma possível solução para a crise do sistema penitenciário,
é composto por vários aspectos negativos.
O primeiro aspecto negativo apontado é que o Estado estaria a passar uma
responsabilidade com previsão constitucional a uma empresa privatizada, sendo essa mais
acessível a um cartel criminoso, podendo essas empresas ser comandas por chefes de facções,
pois nunca se sabe ao certo quem são os responsáveis por essas empresas (GRÉCI JÚNIOR,
2015).
Outro ponto apontado como negativo é que os presos ao trabalharem não estariam se
beneficiando do ―sa ário‖ recebido, mas sim pagando seus custos no cárcere, não repassando
seu direito a progressão de pena. Além disso, mostra-se desvantagem ao Estado pois este
gasta o dobro que gastaria com um preso no regime público.
Ou seja, uma das maiores preocupações com o sistema carcerário privatizado é a
maior preocupação do Brasil nos últimos tempos, a corrupção que pode ocorrer pelo
superfaturamento das obras, desvio de verba durante a construção dos presídios e etc.
Ainda Gérci Junior (2015) explica que haveria uma confusão entre a ética-moral, pois
as empresas estariam vendo apenas o aspecto lucrativo dos presos e sua mão de obra e não a
ressocialização deles. Podendo dessa maneira ser declarada inconstitucional, além de violar o
princípio da dignidade humana.
Afinal, as empresas responsáveis pela administração da penitenciária almejam o
lucro, em detrimento da dor do homem-preso. Este passa a ser visto como mero
instrumento para a obtenção de lucro, tendo, portanto, sua dignidade ferida. O que
traz preocupação em relação à privatização das penitenciárias é o fato de que, quanto
maior o sofrimento e a dor, maior será o lucro obtido. Assim, quanto maior o
número de pessoas presas, maior será a quantidade de presídios administrados por
empresas privadas (FERREIRA, 2007 apud GÉRCI JUNIOR, 2015)
Assim, pode-se comparar que os serviços prestados pelos detentos para a empresa
privada são equivalentes a mão de obra escrava, pois eles (detentos) pagam por estarem
48
trabalhando, com trabalhos intensos, com vantagem única e exclusiva para as empresas que
visionam lucros.
Pois, observa-se que dentro do ambiente carcerário a mão-de-obra torna-se barata, e o
trabalho intenso.
Por fim, dispõe Araújo (2016) esse modelo de reforma do sistema penitenciário não
ocorreria de maneira adequada, pois para que a empresa obtinha lucro é necessário que os
presídios estejam ocupados, dessa maneira, os ―se ecionados seriam aque es de c asses mais
baixas, pobres, negros, moradores de rua, cuja condição monetária não os favorecem, sendo
esses alvo do Direito Penal e vítimas da sociedade.
―[...] não resta dúvida que a ideologia empregada por esta pseudo-reforma chegará a
ser: quanto mais pobres no cárcere melhor, melhor para o governo, melhor para a sociedade,
melhor para o particular, melhor pra todos, menos para o pobre (ARAÚJO, 2016).‖
Dessa maneira, observa-se que para os pensadores contrários a privatização, esse
apenas seria mais um meio ineficaz para a resolução de um problema tão abrangente.
3.6 Vantagens do sistema de privatização dos presídios brasileiros
Ainda há aqueles que veem a privatização como uma forma possível de reestruturação
do sistema carcerário. Uma maneira de diminuir as mazelas construídas ao longo do tempo.
O primeiro aspecto a ser a apontado é que os presídios ao ficarem na gestão de uma
empresa privada será melhor gerida, cumprindo o que está determinado na lei, bem como
atentando as convenções da dignidade humana, pois se fugirem de um desses requisitos
podem sofrer sanções pelo Estado, como exemplo multa.
Além disso, ao Estado há uma diminuição dos lucros, uma vez que estes são
partilhados com a empresa.
Em relação a constitucionalidade, foi percebido que em nenhum outro país que
também adotou este modelo foi decretada a inconstitucionalidade.
Ademais, verifica-se que a Constituição dispõe ser totalmente possível a concessão,
vejamos:
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de
concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços
públicos.
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
49
I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o
caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de
caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;
II - os direitos dos usuários;
III - política tarifária;
IV - a obrigação de manter serviço adequado.
A única exigência legal é que para as concessões é necessário a realização de licitação,
como já ocorre para a realização da escolha de uma empresa responsável pela gerência
penitenciária.
Outrora, nota-se que o Estado não isenta sua responsabilidade ao sistema carcerário,
pois ele fica sendo o fiscal do cumprimento das exigências legais e contratuais exercida pela
empresa privada. Além disso, o ato de eximir-se da responsabilidade também não acontece,
pois ele continua a contribuir com certa parcela aos investimentos do cárcere.
No mais, em relação ao trabalho que pelos presos são exercidos, bem como os estudos
por ele realizados mostra-se como uma forma de dignifica-los e dar a eles melhores condições
de reinserção a sociedade quando do fim do cumprimento da pena no cárcere.
É dignificante ao homem a proporcionalidade de um trabalho, pois muitos daquele que
se encontra encarcerados cometeram o ilícito por não terem emprego quando da vida em
sociedade, tendo como única escolha a prática de ilícito.
Portanto, até agora uma das únicas maneiras que, por enquanto, encontra-se eficaz ao
encarcerados e a melhora do sistema penitenciário seria a privatização dos presídios por meio
da concessão administrativa.
50
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dada as circunstâncias do trabalho, pôde-se verificar que o Brasil sofre de maneira
intensa com o cárcere, demandando em condições desumanas aqueles que foram condenados.
Ressalta-se que o trabalho abordou apenas os cárceres e presídios que abrigam pessoas
que já foram condenados a uma pena que os leva a privação de sua liberdade.
Em primeiro lugar ficou demonstrado a realidade do sistema carcerário, sendo
elencados dados referentes a situações de superlotação carcerária, e suas consequências, como
epidemias, endemias.
Além disso, foi referido aos tratados de Direitos Humanos e Convenção de Tortura
que o Brasil participa. Disposições legais tanto constitucionais, quanto da lei de execução
penal, que de demonstram qual seria a forma ideal de cumprimento de pena.
Abordou-se ainda gráficos que demonstram que os apenados, apesar de terem seus
direitos resguardados legalmente, não possuem tratamentos hospitalares, odontológicos ou
farmacêuticos adequados, o que acaba os levando a óbitos. E esses fatores ocorrem por falta
de estruturação estatal, falta de verba para investimento e falta de profissionais.
No mais, como proposta de solução para essa crise penitenciária, surgiu em 2004 (não
especificamente para a privatização dos presídios, mas acabou contribuindo para esses fatos)
o contrato de concessão na modalidade de parceria público privada.
Dessa maneira, o segundo capítulo dedicou-se tão somente para a explicação e
diferenciação entre um contrato de concessão comum e um contrato de concessão através da
parceria público privado, sendo indicado para a privatização dos presídios a celebração de
contrato de concessão administrativa.
A diferença consiste em tão somente, no quesito de remuneração a empresa
concedente. Na modalidade de concessão administrativa fica a cargo do ente estatal o
fornecimento de determinada quantia, desde que não superior a 70% do valor contrato. Assim,
verifica-se a presença de dois sujeitos nesse contrato, o ente estatal e a empresa concedente.
No que tange aos contratos comuns, há a presença de três sujeitos, o ente estatal, a
empresa concedente e o usuário, sendo este último o responsável pelo pagamento de tarifas,
portanto o contrato acaba sendo ―pago‖ por e e.
É importante frisar que o contrato de concessão, concede poderes a uma empresa
privada para a realização de obras e prestação de serviço, cujo o proprietário continua a ser o
51
ente estatal. Sendo dessa maneira ocorrido apenas uma transferência para a execução do
serviço ou obra.
A primeira implementação de presídio privatizado no Brasil, que atendeu aos
requisitos dispostos pela lei de parceria público privada, encontra-se no Estado de Minas
Gerais na cidade de Ribeirão das Neves.
O presídio é gerido pela empresa GPA que possui mais 13 (treze) afiliados. O cárcere
foi entregue no ano de 2013 com previsão contratual de 27 anos.
Em 06 (seis) anos de privatização nunca houve nenhum tipo de rebelião; todavia,
houve a fuga de dois detentos.
O presídio conta com uma ampla estrutura, que atende os requisitos legais previsto na
lei de execução penal e na constituição.
Uma grande maioria dos presos, se não todos encontra-se trabalhando dentro do
próprio complexo e estudando, sejam terminando ensino médio ou fundamental, sejam em
cursos profissionalizantes.
É notável que ao saírem de dentro do cárcere os apenados encontram recolocação no
mercado de trabalho. Além da contribuição social, os presos ao trabalharem ou estudarem
recebem diminuição de suas penas, assim como disposto no Código Penal.
No mais, até agora o complexo tem insurgido com bons resultados.
As críticas feitas a esse mode o de ―so u o‖ encontrado ao cárcere s o inúmeras. Há
quem diga que esse modelo de privatização, apenas tem dado certo pois os presos que lá se
encontram são selecionados, tendo em vista que dentro do presídio apenas existem presos de
média a baixa periculosidade.
Todavia, tem-se deixado de analisar que para os detentos de alta periculosidade há a
e ist ncia dos RDD’s (Regime Discip inar Diferenciado). Outrora, encontra-se esse sistema
no início, sendo necessário conseguir reabi itar aque es que seja mais ―fáceis‖, por assim dizer
a reinserção social.
Outra ponto negativo apontado pelos críticos, seria que as empresas usaria a mão de
obra dos presos como trabalho escravo. Todavia, essa crítica não merece prosperar, tendo em
vista que a lei permite que os presos trabalhem ainda que presos. Além disso, eles não
trabalham de graça, pois recebem uma gratificação por esse serviço prestado, além da redução
da pena, assim pode ser considerado uma via de mão duplica.
Além disso, poderia haver uma alteração da legislação para que o preso pudesse de
certa forma contribuir para o pagamento de suas necessidades básicas enquanto presos.
52
Outro ponto alegado, seria que a empresa concedente estaria a visualizar o detento
como lucro, e não como ser humano. Assim, para ela seria mais benefício se houvessem mais
presos.
Contudo é importante duas fixações. A primeira no que diz respeito ao lucro, pois é
notável que a empresa precisará cumprir os requisitos contratuais, pois se não ela sofreria
sanções. Dessa maneira, fica claro que para a empresa quanto melhor estiver o preso, e
melhor atendido suas necessidades básicas, mais ela ganharia. Portanto, pode-se concluir que
ela ver o preso como o lucro não é maleficio.
Outrora, a empresa não possui capacidade para obrigar um preso ser preso, pois sua
única função neste momento é construção do presídio e gerenciamento dele, com a
fiscalização estatal, pois o poder de julgar, isso é de condenar ou não alguém continua sendo
do poder judiciário.
Dessa maneira, entende-se que a privatização dos presídios baseado no contrato de
parceria público privada no modelo de contrato de concessão administrativa, pode ser uma
das possíveis soluções para a crise no sistema penitenciário em que o Brasil se encontra.
53
REFERÊNCIAS
AMARAL, J. S. As parcerias público-privadas no sistema penitenciário
brasileiro.Jus.com.br. Disponível em https://bit.ly/2WZNzH4. Acessado em 13 fev 2019.
ARAÚJO NETO, Eduardo. Aspectos sobre a privatização dos presídios no Brasil.
Disponível em https://bit.ly/2SksSTd Acessado em 19 nov 2018.
ARAÚJO, Rafael. Privatização das penitenciárias. JUS.com.br. Disponível em
https://bit.ly/2S7CDDJ. Acessado em 17 fev 2019.
ASSIS, Rafael Damaceno de. A Realidade Atual Do Sistema Penitenciário. Revista CEJ,
Brasília, Ano XI, n.39, p.74-78, out./dez.2007. Disponível em https://bit.ly/2SksYu3.
Acessado em 08 out 2018.
BATISTA, Wellington da Rocha - Sistema Prisional Brasileiro À Luz Do Princípio Da
Dignidade Da Pessoa Humana E Da Lei De Execução Penal. Disponível em
https://bit.ly/2Skt30P Acessado em 25 set 2018.
BERGAMASCHI, Mara. Com três anos, presídio privado em Minas Gerais não teve
rebeliões. O Globo, Brasil, 07 jan 2017. Disponível em https://glo.bo/2uXbBnB. Acessado
em 16 fev 2019.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Falência da pena de prisão – Causas e alternativas. 5ª ed. –
São Paulo: Saraiva, 2017.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,
DF: Senado, 1988. Disponivel em https://bit.ly/1bIJ9XW. Acessado em 02 out 2018.
BRASIL. Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995. Regime de concessão e permissão da
prestação de serviços públicos previsto no art. 175 da Constituição Federal, e dá outras
providências. Disponivel em https://bit.ly/2Uiq1vz. Acessado em 05 out 2018.
CARDOSO, Luisa Rita. Segunda Guerra Mundial. Disponível em https://bit.ly/2Jav3bJ
Acessado em 24 set. 2018.
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 28 ed. rev.,
ampl e atual. – São Paulo: Atlas, 2015.
CARVALHO, Priscila Almeida. Privatização dos presídios: Problema ou solução?. In:
Âmbito Jurídico, Rio Grande, XI, n. 58, out 2008. Disponível em: https://bit.ly/2E9x45j.
Acesso em 19 nov 2018.
CARVALHO, R. A. M. Terceirização de presídios no Ceará. 2007. 25 f. Universidade
Federal do Ceará – UFC, Caxambu, MG, 2007
COELHO, Emerson Ghirardelli. Princípios e valores constitucionais no Estado
Democrático de Direito. Disponível em https://bit.ly/2U0J7ql. Acessado em 24 set 2018.
54
COSTA, Elisson Pereira da. Direito Administrativo III: bens públicos, contratos
administrativos e intervenção do Estado na propriedade. São Paulo: Saraiva, 2013. (Coleção
saberes do direito; v. 33) (Livro online)
DA SILVA, Dinis Carla Borghi. A história da pena de prisão. Disponível em
https://bit.ly/2Tz5JgG. Publicada no site Monografias Brasil Escola. Acessado em 29 jan
2019.
DALBONI, Sara. Posses; OBREGON, Marcelo. Fernando. Quiroga. - A violação de direitos
humanos no sistema prisional brasileiro e o Supercaso da Corte Interamericana de
Direitos Humanos. Disponível em https://bit.ly/2zCgTcV. Acessadoo em: 25 set. 2018
D'ANGELIS, Wagner Rocha. Rebeliões no sistema penitenciário: fracasso do papel do
estado?. Disponível em https://bit.ly/2Pbg6Ez. Acessado em 11 out 2018.
DE CARVALHO DUARTE, T. N. de C. A Dignidade Da Pessoa Humana E Os Princípios
Constitucionais Do Processo Do Contraditório E Celeridade Processual. 2009 f. Trabalho
de Conclusão de Curso (Graduação), Faculdade Pontifícia Universidade Católica Do Rio De
Janeiro - PUC-RIO, 2009.
DEPEN. Penitenciária Industrial de Guarapuava - PIG– Informativo Jurídico. Disponível em:
https://bit.ly/2TMcxb9. Acessado em: 08 fev 2019.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 20ªed – São Paulo: Atlas, 2007.
DUARTE, Jaqueline Cristiane. Privatização das prisões. Artigo publicado no site.
ENGBRUCH, Werner; SANTIS, Bruno Morais Di. A evolução histórica do sistema
prisional e a Penitenciária do Estado de São Paulo. 2012. Revista Liberdades. Disponível
em https://bit.ly/2BKp2x9. Acesso em 30 out 2018.
ESPEN – Escola de Formação e Aperfeiçoamento Penitenciário. A história das prisões e dos
sistemas de punições. Disponível em https://bit.ly/2D76abg. Acessado em 29 jan 2019.
ESTEVES, André. Sistema carcerário – 75% dos presídios da região de Prudente estão
superlotados. Disponível em https://bit.ly/2tDNhsB. Acessado em 05 fev 2019.
FREIRE, Christiane Russomano. A violência do sistema penitenciário brasileiro
contemporâneo: o caso RDD (regime disciplinar diferenciado). - São Paulo: IBCCRIM,
2005 (Monografias / IBCCCRIM;35).
GALVÃO, G. A. A. Aspectos históricos e introdutórios às Parcerias Público-Privadas.
Migalhas, 31 jan 2005. Disponível em https://bit.ly/2XtC1fz. Acessado em 28 fev 2019.
GARUTTI, Selson; OLIVEIRA, Rita de Cássia da Silva. A Prisão e o Sistema – Uma Visão
Histórica.Disponívelem:https://bit.ly/2U3p5LF. Acesso em 30 out 2018.
GÉRCI JUNIOR. Privatização e terceirização do sistema penitenciário. JUSBRASIL –
Artigo. Disponível em https://bit.ly/2DM9TeF. Acessado em 17 fev 2019.
55
GHADER, Miza Tânia Ribeiro Marinho. A privatização do sistema prisional brasileiro. In:
Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIV, n. 86, mar 2011. Disponível em: https://bit.ly/2f9kdze.
Acesso em 18 nov 2018.
GPA. Minas Gerais. Banco de dados. Disponível em https://bit.ly/2GsqjN8. Acessado em 15
fev 2019.
JORNAL NACIONAL. Rebelião em presídio do Amazonas deixa mais de 50 mortos.
Disponível em https://glo.bo/2h3TJp0. Acessado em 04 out 2018
JURISWAY, 2012. Disponível em https://bit.ly/2QqLNyx. Acessado em 19 nov 2018.
JUSBRASIL. Subconcessão. Disponível em https://bit.ly/2rf6Gyh. Acessado em 08 nov
2018.
KOSTER, Júlia Impéria. Caso Presídio Urso Branco e a Corte Interamericana de Justiça–
Direitos Humanos. Disponível em https://bit.ly/1f1Du5z. Acessado em 11 out 2018.
KRIELE, Martin. Libertação e Iluminismo político: uma defesa da dignidade do homem.
Tradução S.A. São Paulo: Edições Loyola, 1983.
KUHNEN Luana da Costa, PAULA BRASIL Valentina, OLIVEIRA FILHO João Telmo de.
O sistema penitenciário brasileiro frente à dignidade humana. Pesquisa e Pós Graduação
IMED, publicado em 2013. Disponível em https://bit.ly/2PeISUS. Acessado em 18 nov 2018.
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Direitos Humanis. 2ª ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2011.
LIGADA, Câmara. Sistema Carcerário Brasileiro, Disponível em https://bit.ly/2FTUy01.
Acessado em 02 out 2018.
LIMA, C. E. D. O. A instituição das Parcerias Público-privadas e sua aplicação na
Administração Pública brasileira. JUS.com.br, mar 2014. Disponível em
https://bit.ly/2GQzdnD. Acessado em 28 fev 2019.
MAFFINI, Rafael. Direito Administrativo. 4º,ed rev. atual. e ampl. – São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2013.
MARQUES, Oswaldo Henrique Duek. Fundamentos da Pena. 3ª edição – São Paulo: WMF
Martins Fontes, 2016.
MAURÍCIO, C. R. N. A privatização do sistema prisional. 2011. 167f. Dissertação
(Mestrado). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC), São Paulo, SP. Disponível
em https://bit.ly/2PcfWg1. Acessado em 24 set. 2018.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 20ª ed. Impresso no
Brasil, 2006.
MELO, Felipe Athayde Lins de. Fuga de presos no interior de SP foi reação a violações de
direitos e maus-tratos. Disponível em https://bit.ly/2Ryz0qM. Acessado em 11 out 2018.
56
MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal – parte geral Arts. 1ª a 120 do CP,
21ª ED, São Paulo, Saraiva - 2004
NUNES, Rizzatto. O princípio constitucional da dignidade da pessoa humana: doutrina e
jurisprudência. 4ª. ed. São Paulo. Saraiva Educação, 2018.
O GLOBO. Rebelião em Roraima teve decapitação e coração arrancado. Disponível em
https://glo.bo/2AJqSwr. Acessado em 04 out 2018.
O GOVERNO, Brasil possui 1478 estabelecimentos penais públicos. Disponível em
https://bit.ly/2oOc4ZM. Acessado em 06 out 2018.
OLIVEIRA, D. F. de. Privatização do sistema penitenciário Brasileiro. 2011. 56f. Trabalho
de Conclusão de Curso (Graduação), Centro Universitário do Distrito Federal – UDF,
Brasília, DF, 2011.
OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Licitações e contratos administrativos. 6. ed. rev.,
atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017. Disponível em
https://bit.ly/2GK12Ox. Acessado em 26 fev 2019.
ORSINI, Mariana. Infraestrutura: Complexo Penitenciário De Ribeirão Das Neves (Mg)
É Um Caso De Sucesso De PPP No Setor Penitenciário. GOASSOCIADOS, 2016, São
Paulo. Disponível em https://bit.ly/2tncGWR. Acessado em 14 fev 2019.
PACI, Maria Fernanda. A ineficácia do sistema prisional brasileiro. Disponível em
https://bit.ly/2U5E9by. Acessado em 28 set 2018.
PILHARES, Gustavo. Conheça 4 Parcerias Público-Privadas Que Deram Certo No
Brasil. Publicado em 05/01/2018. Disponível em https://bit.ly/2re1kU7. Acessado em 14 nov
2011.
PINHONI, Marina. Doria anuncia que vai privatizar novos presídios do estado de SP. G1
São Paulo, 18 jan 2019. Disponível em https://glo.bo/2RXc3xd. Acessado em 06 fev 2019.
PPP MG: Complexo Penal. PPP MG, 2014. Disponível em https://bit.ly/2TS38ie. Acessado
em 14 fev 2019.
RABELO, César Leandro de Almeida; VIEGAS, Cláudia Mara de Almeida Rabelo;
RESENDE, Carla de Jesus. A privatização do Sistema Carcerário brasileiro. Revista Jus
Navigandi, Teresina, ano 16, n. 2960, 2011. Disponível em: https://bit.ly/2U4pwVV.
Acessado em 19 nov 2018.
ROIG, Rodrigo Duque Estrada. Aplicação da pena: limites, princípios e novos parâmetros.
2ª edição rev. e ampl. – São Paulo, Sarvaiva, 2015.
S/N, Dicionário Online de português. Disponível em https://bit.ly/2PfgB0i. Acessado em 04
de nov. de 2018.
57
SANGUINÉ, Odone. Prisão cautelar, medidas alternativas e direitos fundamentais. Rio
de Janeiro: Forense, 2014.
SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana na Constituição Federal de 1988.
9ª ed. Ver. Atual. Porto Alegre: Livraria Advogado Editora, 2011 (Livro online).
SCOFIELD JR, Gilberto. Complexo penitenciário em Minas será 1º do país a funcionar
por meio de PPP. O Globo, Brasil, 15 dez 2012. Disponível em https://glo.bo/2GMgMjk.
Acessado em 16 fev 2019.
SIGNIFICADOS. O significado de Dignidade da pessoa humana – 2018 Disponível em
https://bit.ly/2ADRXRJ. Acessado em 24 set. 2018.
SISTEMA PRISIONAL EM NÚMEROS – Disponível em https://bit.ly/2SkLd2z. Acessado
em 08 out 2018.
SOARES, Ronaldo. Paraná exporta modelo de gestão privada. Folha de São Paulo, São
Paulo, 18 de mar de 2001. Disponível em https://bit.ly/2thsytU. Acessado em 06 fev 2019.
VADÉLIO, Andréia. Com 726 mil presos, Brasil tem terceira maior população carcerária
do mundo. Disponível em https://bit.ly/2AZ5nu3. Acessado em 04 out 2018.
VALE, João Henrique do. Detentos do CPPP em Ribeirão das Neves comemoram
formatura. Em. com.br Gerais, Minas Gerais, 12 abr 2018. Disponível em
https://bit.ly/2NcqKM6. Acessado em 16 fev 2019.
ZAULI, Fernanda; CARVALHO, Fred. Rebelião mais violenta da História do RN tem 26
mortes, diz governo. Disponível em https://glo.bo/2jm0iTJ. Acessado em 04 out 2018.