miguel torga e sophia_poetas séc. xx

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  • 8/18/2019 Miguel Torga e Sophia_poetas Séc. XX

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    Miguel Torga:

     Torga é a voz de uma terra – Trás-os-Montes – frequentemente isolada einóspita, mas de uma grandeza ímpar. É tamém a voz de um povo rude emelan!óli!o, mas de !ará!ter "rme e nore. #reo!upado !om a autenti!idade!riadora, na lin$a do pensamento ini!ial do grupo da revista #resen%a, re!usou

    perten!er a es!olas ou movimentos. Torga pro&eta na es!rita as suas preo!upa%'es!om o ser $umano, as suas limita%'es e a sua ne!essidade de trans!end(n!ia. )áum sofrimento magoado, feito desassossego, que tano permite a esperan%a !omo!onduz ao desespero.

    * poesia de Miguel Torga apresenta tr(s grandes lin$as de rumo: umdesespero humanista, uma problemática religiosa  e um sentimentotelúrico. * revolta e o in!onformismo s+o, frequentemente, tradutores dessedesespero $umanista que resulta de um desespero religioso mais profundo e que o!olo!a em permanente !onito entre o divino e o terreno. ota-se, tamém, umainspira%+o genesía!a a per!orrer muitos dos seus pomas, pois para Torga a terra é olugar da realiza%+o do ser $umano e da sua liga%+o ao sagrado. a terra fértil, afe!unda%+o permite a vida do )omem que se reproduz na us!a de novas vidas.

    evolta da ino!(n!ia $umana !ontra a divindade trans!endente:Muitas vezes !omo médi!o, sofre impotente por n+o poder salvar o pa!iente

    que morre e que pro!ura &unto de si a esperan%a do milagre. /speran%a edesesperan%a surgem !omo e0press+o de um !onito íntimo que se desenvolve nointerior do poeta. / $á soretudo, um grito da sua ino!(n!ia que us!a for%a e!ons!i(n!ia para entender um !erto sentido de destino trági!o do ser limitado que éo )omem. Torga, quer entender o que l$e está vedado. Talvez por tudo isso,misturando !om a esperan%a, e0perimente o desespero. * des!ren%a e a revolta!ontra uma divindade trans!endente, que surge na sua ora, pare!e reetirang1stia.

    2eus n+o é uma palavra morta na poesia de Torga. 3 desespero religiosoleva Torga a um !onstante monólogo verdadeiramente inquieto !om 2eus. *palavra 2eus é sustantiva, torna-se mesmo osess+o. #re!isa do 2eus imanente,pró0imo e revelado, mas as suas !on!lus'es ra!ionalistas tornam-no inatingível. /mfrente desse 2eus a atitude de Torga ora é a atitude de desa"o, ora é o !onitopessoal de um 4o sem pa!i(n!ia, ora é a a!usa%+o ao 2eus ausente, ao 2eus quepare!e ter renun!iado á própria e0ist(n!ia, ao 2eus que se retirou para o fundo doseu sil(n!io.

    5ma situa%+o de luta interior que trava !ontra a presen%a osessiva de2eus. Tenta negar a divindade, mas sente a sua e0ist(n!ia.

    Má0ima realiza%+o $umana do divino: Torga revolta-se !ontra 2eus, mas n+o assume qualquer ateísmo. 6a!e ao

    asoluto, ao sagrado, ao divino, revela inde!is+o. #refere negar a trans!end(n!ia,que l$e pertura a raz+o. ega 2eus e os deuses para mel$or a"rmar o )omem, e

    sente-se !ada vez mais pró0imo da 2eus e menos solitário.3 poeta questiona a verdade de 2eus para a "rmar o )omem e a suane!essidade de pro!urar a verdade na Terra. É na revolta !ontra deus que a!onte!ea 7má0ima realiza%+o $umana do divino8. 9urge amiguidade religiosa, pois,enquanto uma metade de si se a"rma !rente, uma outra parte mostra-se7ressentida8 e 7renega8. )á um ressentimento e uma !erta indigna%+o que o levamá renega%+o ou adi!a%+o do divino.

    3sess+o tel1ri!a terra;:#ara Torga, o )omem deve ser !apaz de realizar-se no mundo. 2eve unir-se á

    terra, ser-l$e "el, para que a vida ten$a sentido e o próprio sagrado se e0prima. *terra é o lugar !on!reto e natural do )omem. a terra, a vida a!onte!e e aí se deve!umprir. ela a!onte!e a origem da vida e dos tempos. * terra surge para o poeta,

    !omo o ventre materno. a sua terra natal, en!ontrou ternura e o sofrimento, opovo !on!reto !om as suas alegrias e as suas tristezas, a sua tranquilidade e o seu

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    esfor%o. 3 telurismo de Torga e0prime-se !onstantemente ao seu apego á terra, nasua "delidade ao povo, na sua !ons!i(n!ia de portugu(s, de iéri!o, no espirito de!omun$+o europeia e universal.

    Mito de *nteu:3 poeta a"rma: 7de todos os mitos de que ten$o notí!ia, é o de *nteu que

    mais admiro e mais vezes pon$o á prova, sem me esque!er, evidentemente, dereduzir o taman$o do gigante á es!ala $umana, e o !orpo divino da Terra olímpi!aao !$+o natural de Trás-os-Montes. / n+o $á d1vida de que os resultados otidos!on"rmam a sua veri!idade. 3 mito de *nteu surge em Torga a e0primir o telurismo.3 poeta sente-se revigorado sempre que to!a o solo e, por isso, !anta ou invo!a aalian%a !om a terra.

    *pego aos limites !arnais, terrenos e a revolta espont

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    * poesia de 9op$ia é feita de !ompromisso !om a realidade o&etiva, numdiálogo sore a !ondi%+o $umana e a situa%+o do mundo !ontempor

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    $omens se&am !omo eles, mas !elera os deuses para tornar os $omens maisdivinos, mais !apazes de avan%ar para a margem do Aem e da =erdade. *s imagensda Cré!ia antiga trazem a 9op$ia a alegre esperan%a da renova%+o do $omem, que,de repente, dá lugar á vis+o do mundo profundamente perturado e pessimista.

    3 fas!ínio pelo mundo na poesia de 9op$ia surge, muitas vezes, asso!iadosá inu(n!ia de 6ernando #essoa. 9op$ia apro0ima-se dos $eterónimos, n+o

    es!ondendo uma evidente admira%+o pela arquitetura do verso de #essoa. 2e>aeiro, re!ee essa feli!idade da simples vis+o das !oisas: /m eis, en!ontra amedida e o rigor dos versos ou as refer(n!ias !lássi!as. 9op$ia des!ore a presen%ado real e o ol$ar ino!ente defendido por >aeiroD e re!on$e!e a eleza do efémero,mas, diferentemente de eis, n+o renun!ia Es pai0'es, antes as quer mesmo queoprimam. o diálogo !om a antiguidade, revela-se pag+, sem dei0ar de ser !atóli!a.3 que pretende é uma rela%+o &usta !om o real e uma rela%+o &usta !om o $omem.#ro!urando essa rela%+o &usta !om as !oisas, !om a natureza, !om os $omens e!om o divino, a sua poesia reete um grande $umanismo.* poesia de 9op$ia apresenta um papel formativo ao promover a!ons!ien!ializa%+o, surgindo !omo meio de den1n!ia e voz de anseios. evela, pelasua !onstante aten%+o aos prolemas do $omem e do mundo, um verdadeiroempen$amento so!ial e políti!o, de !ompromisso !om o seu tempo e de den1n!ia

    das in&usti%as e da opress+o.