migrante
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Poema da Dalinha CatundaTRANSCRIPT
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Dalinha Catunda
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Sou das águas retiradas.Sou do sertão nordestino.Das caatingas desertei,Lamentando meu destino.Pois deixar o meu torrão,Machucava-me o coraçãoCausando-me desatino.
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Meu dialeto sagrado,Era motivo de riso.Era uma rês desgarrada,Mas seguir era preciso.Pedi a Deus proteção,E virgem Conceição,Para me dar mais juízo.
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Não reneguei minha terra,E jamais renegarei.De ser filha do Nordeste,Sempre me orgulharei.Lamento até ter perdido,Aquele sotaque antigo,Que de lá eu carreguei.
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Na minha casa nova,Onde hoje brilha o chão,Num canto especial,Avista-se um pilão,Em outro canto uma redeOnde embalo com sede,As saudades do sertão.
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Tapioca com manteiga,Não deixo de comer não.Numa panela de ferro,Faço um gostoso baião.Cabeça de galo e mal-assada,São iguarias apreciadas,Com gosto de tradição.
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Rezo pra são Francisco,E padre Cícero Romão.Pra proteger Ipueiras,Meu pequenino rincãoPois é lá minha ribeira,Onde a linda carnaubeira,Ao vento lança canções.
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Eu vim sem querer virFiquei sem querer ficar,Mas um dia ainda volto,A morar no meu Ceará.Longe da terra amada,
Serei sempre ave arribadaVoando tentando voltar.