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FORÇA DE TRABALHO MIGRANTE: O CASO DE FORTALEZA

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FORÇA DE TRABALHO MIGRANTE:  O CASO DE FORTALEZA 

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 ERLE CAVALCANTE MESQUITA 

                 

FORÇA DE TRABALHO MIGRANTE:  O CASO DE FORTALEZA 

          

FORTALEZA 2010 

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Estudo realizado pelo Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT) ‐ Organização Social Decreto Estadual nº 25.019, de 03/07/98.             Análise e Redação Erle Cavalcante Mesquita   Apoio Técnico Arlete da Cunha de Oliveira Diorgia Maria Dias de Carvalho  Rosaliane Macêdo Pinto Quezado   Editoração eletrônica e layout Raquel Marques Almeida Rodrigues   Revisão Regina Helena Moreira Campelo   Normalização Bibliográfica Paula Pinheiro da Nóbrega 

M578f Mesquita, Erle Cavalcante. Força de trabalho migrante: o caso de Fortaleza 

/Erle Cavalcante Mesquita. – Fortaleza: IDT, 2010.   

38 p.      1. Força de Trabalho. 2. Trabalho. I. Título.                                       CDD: 331.11 813.1  

   Correspondência para: Instituto de Desenvolvimento do Trabalho ‐ IDT Av. da Universidade, 2596 ‐ Benfica CEP 60.020‐180 Fortaleza‐CE Fone: (085) 3101‐5500 Endereço eletrônico: [email protected] 

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Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT)      

Francisco de Assis Diniz Presidente 

  

Antônio Gilvan Mendes de Oliveira Diretor de Promoção do Trabalho 

  

Sônia Maria de Melo Viana Diretora Administrativo‐Financeiro 

  

Leôncio José Bastos Macambira Júnior Diretor de Estudos e Pesquisas 

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SUMÁRIO      INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 9  1 A RECENTE DINÂMICA DO FLUXO MIGRATÓRIO PARA FORTALEZA ........................ 11  1.1 Características da População Migrante ............................................................... 15  2 O DESEMPREGO ENTRE OS MIGRANTES ................................................................. 19  2.1 Características pessoais ....................................................................................... 19  2.2 Características do desemprego ............................................................................ 22  3 O MIGRANTE TRABALHANDO: CARACTERÍSTICAS DA POPULAÇÃO OCUPADA ................................................................................................................. 27  3.1 A Trajetória Ocupacional ..................................................................................... 30  CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 36  REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 38     

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INTRODUÇÃO    

 

Ao  longo do século XX, o município de Fortaleza atraiu  fortes  fluxos migratórios, 

especialmente daqueles que  fugiram dos  flagelos das secas do semiárido cearense, seja 

pela própria sobrevivência, seja por melhores condições de vida. Assim, a população local, 

que  era de pouco mais de  48,4 mil habitantes,  em  1900, passara para  2,1 milhões de 

pessoas, no ano 2000, cujas estimativas  já apontam para uma população de 2,5 milhões 

de  habitantes,  para  os  dias  atuais,  fato  que  demonstra  claramente  o  crescimento 

demográfico vivenciado pela Capital cearense ao longo desse período.1  

  Como  se  sabe,  o  fenômeno  da  migração  é  geralmente  associado  a  diversas 

motivações que levam as pessoas a se deslocarem (e residirem) de um lugar para o outro, 

tais  como:  violência,  fatores  climáticos,  conjuntura  econômica  e/ou  de  mercado  de 

trabalho,  dentre  outras. Notadamente,  cabe  enfatizar  que  boa  parte  da  literatura  traz 

consigo o estigma de que os migrantes são, na maioria das vezes, pessoas em extrema 

vulnerabilidade social ‐ conforme já mencionado o exemplo dos retirantes que marcaram 

a história e a  literatura  regional  ‐ ou que “tomam os empregos da população.”  (PNUD, 

2009). 

  Nessa  perspectiva,  o  presente  estudo  investiga  as  características  da  população 

migrante,  na  cidade  de  Fortaleza,  especialmente  às  relacionadas  à  participação  desse 

segmento populacional no mercado de trabalho local. Ademais, o migrante representa “a 

pessoa  não‐natural  do município  e  que  nele  reside  a menos  de  dez  anos”,  conforme 

definição do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

  Para  isso,  foram utilizados os acervos  informacionais da Pesquisa Desemprego e 

Subemprego,  realizada  pelo  Sistema  Nacional  de  Emprego  (SINE/CE),  e  o  Instituto  de 

Desenvolvimento do Trabalho (IDT), ao longo dos anos de 1990 e 2000, o que possibilitou 

a investigação desse fenômeno, em longo prazo.2 

  Assim,  foi  possível  amenizar  possíveis  influencias  sazonais  que  ocorrem 

especialmente  no  curto  prazo,  uma  vez  que  o  recorte  temporal  contemplou  tanto  o 

1 Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 2 A Pesquisa Desemprego e Subemprego (PDS), foi realizada até meados de 2008, o que impossibilitou ter um dado mais atual. Ademais, para este último ano da série histórica, levou‐se em consideração os dados acumulados do primeiro semestre. 

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período de retração econômica dos anos 1990, como de recuperação e de expansão da 

economia nacional, no decênio seguinte. 

  Os  anos  1990,  por  exemplo,  chamados  de  “década  perdida”,  são  um  exemplo 

claro dessa discussão, uma vez que fora um período extremamente desfavorável para o 

emprego, principalmente com a reestruturação produtiva – tanto no setor público, como 

no  privado  ‐,  estabilização  da  economia  nacional  (Plano  Real)  e  crise  financeira 

internacional,  que  assolou  as  finanças  dos  países  emergentes  (Rússia,  Brasil,  dentre 

outros),  entre  os  anos  de  1998‐1999.  Por  outro  lado,  o  período  seguinte  vem  sendo 

marcado  por  momentos  de  recuperação  e  de  crescimento  econômico,  o  que  tem 

proporcionado, dentre outros  fatores, maiores oportunidades de trabalho e redução do 

nível de desemprego, nas mais diversas localidades do Brasil. 

  Não obstante essa discussão macroeconômica, destaque‐se também que, a partir 

de meados da década de 1990, o Estado do Ceará intensificou suas políticas de atração de 

investimentos,  sobretudo,  através  do  Fundo  de  Desenvolvimento  Industrial  (FDI),  cuja 

vinda de unidades  fabris para o estado  fora um dos exemplos mais nítidos dessa ação. 

Como  se  sabe,  diversos  municípios  foram  beneficiados  com  a  instalação  de  novos 

empreendimentos, tanto na área metropolitana, como na área não‐metropolitana. 

  Nesse  sentido,  os  fluxos migratórios  ocorridos  dentro  do  próprio  estado  foram 

novamente modificados para os mais variados municípios cearenses (Sobral, Juazeiro do 

Norte, Crato, Horizonte, dentre outros), o que, em grande medida, influenciou a pressão 

demográfica exercida pelos migrantes na Capital, conforme se apresenta a seguir. 

  Para esta análise, utilizaram‐se as informações do período entre 1992 e 2008, cujo 

intervalo contemplou os mais diversos cenários econômicos, como já mencionado. Assim, 

a exposição deste estudo está centrada em  três partes, além desta apresentação e das 

considerações  finais  à  guisa  de  reflexão. Na  primeira,  avalia‐se  a  recente  dinâmica  do 

fluxo  migratório  para  o  município  de  Fortaleza,  especialmente  dimensionando  a 

participação dos migrantes na população local, enquanto os capítulos seguintes avaliam a 

presença desse segmento populacional na composição da  força de trabalho  local, tanto 

entre  os  ocupados  (Capítulo  2),  como  entre  os  desempregados  (Capítulo  3), 

proporcionando ao  leitor uma ampla radiografia da força de trabalho que migrou para a 

Capital cearense. 

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1 A RECENTE DINÂMICA DO FLUXO MIGRATÓRIO PARA FORTALEZA 

 

 

Desde meados  dos  anos  1990,  o  Estado  do  Ceará  desenvolveu  uma  política  de 

atração de  investimentos, especialmente para que  fosse possível a descentralização da 

economia  estadual  para  o  Interior.  De  acordo  com  essa  política,  cuja  melhor 

representação  foi  a  vinda  de  unidades  fabris,  o  estado  possibilitaria  tanto  um maior 

dinamismo na economia  interiorana como diminuiria a  forte concentração econômica e 

demográfica existente na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Entretanto, ao longo 

dos últimos anos  foi percebida uma maior  concentração da economia e da geração de 

postos de trabalho na área metropolitana, o que demonstra as dificuldades de se mudar 

uma determinada estrutura econômica. Ademais, 

 

Em  termos  muito  gerais,  o  processo  de  crescimento  econômico  poderá necessitar  de  uma  concentração mais  elevada  de  elementos mais  fortes  da economia:  investimentos  em  regiões  com  melhores  infra‐estruturas,  em populações com melhor instrução e habilidades, etc… (BAR‐EL, 2005, p. 14). 

 

Apesar dessa realidade, cabe chamar atenção que a pressão demográfica exercida 

pela migração para a Capital cearense vem diminuindo, uma vez que a participação dos 

“migrantes”, que era de 11,3%  (1992) do  total da população  local,  caiu para 7,8%, em 

2000,  e  atingiu  o  patamar  de  6,4%  dos  residentes,  em  2008.  (Gráfico  1).  Além  disso, 

mesmo  considerando  o  “efeito  estatístico”  de  se  obter  esta  representação  através  de 

uma maior  base  populacional  (estimada  em  2,5 milhões  de  pessoas),  percebe‐se  uma 

tendência de diminuição da migração para Fortaleza, visto também o próprio crescimento 

populacional  de  outros  municípios  cearenses.  Na  Capital,  foram  estimadas  163,5  mil 

pessoas na condição de migrantes, em 2008. 

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 Gráfico 1 – Estimativas e Participação dos Migrantes na População Total (em %) – Fortaleza – 1992, 2000, 2008 Fonte: Pesquisa Direta – SINE/CE‐ IDT. 

 

O  Gráfico  2  corrobora  nessa  perspectiva,  uma  vez  que  diversos municípios  do 

estado  tiveram  um  forte  crescimento  demográfico,  especialmente  ao  longo  dos  anos 

1990,  como  o  exemplo  dos  municípios  com  o  maior  número  de  postos  de  trabalho 

formalizados no Ceará.3 Registre‐se, no momento, que a pressão demográfica herdada do 

passado  também  proporcionou  a  consolidação  de  “novos” municípios  na  própria  área 

metropolitana  de  Fortaleza,  como  os  casos  de  Maracanaú  (1983),  Eusébio  (1987)  e 

Horizonte  (1987),  que  se  emanciparam  em  meados  dos  1980.  A  constituição  destes 

municípios  ocorreu,  pelo  menos,  uma  década  depois  da  criação  formal  da  RMF.4 

Ademais, 

 

pelo intenso  processo  de  migração  do  interior  para  a  capital,  muitas  vezes diretamente proveniente das áreas rurais. (ARAÚJO; CARLEIAL, 2001, p. 2). 

 

Na  literatura  local, encontram‐se diversas opiniões questionando a criação da RMF, argumentando que  tal  região ainda não estaria plenamente constituída, portanto,  não  justificando  a  força  de  um  decreto  nesse  sentido.  Entretanto, esses  mesmos  estudiosos  reconheciam  a  existência  de  uma  aglomeração urbana,  sobre  a  forma  de  “macrocefalia”,  determinada  essencialmente 

3 Utilizaram‐se por exemplo aqueles municípios com estoque (celetistas e estatutários) superior a dez mil empregos formais. 4 A  Lei Complementar nº14/73  instituiu  a Região Metropolitana de  Fortaleza  através dos municípios de Fortaleza, Caucaia, Maranguape, Pacatuba e Aquiraz. Mais recentemente, foram incluídos os municípios de Cascavel e Pindoretama na Região Metropolitana de Fortaleza.  

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Metropolitano 

 Não‐ metropolitano 

  

Gráfico 2 – Taxa de Crescimento Geométrico, segundo Nível Geográfico – Ceará – 1970 – 2007 Fonte:  Elaboração  Própria  do  Autor  a  partir  dos  Dados  dos  Censos Demográficos  de 1970‐2000 e Contagem da População 2007 do IBGE. 

 

Essa  pressão  da migração  advinda  das  áreas  rurais  do  estado  para  a  Capital  é 

possível  de  ser  visualizada  através  da  Tabela  1,  uma  vez  que  quatro  em  cada  dez 

migrantes advinham dessas  localidades. Recentemente, esta participação  caiu para 1/5 

da migração para Fortaleza.  

 

Tabela 1 – População Migrante, segundo a Origem ‐ Fortaleza – 1992, 2000, 2008 Origem 1992 2000 2008 

Zona rural do estado  42.9 25.0  20.7 Zona urbana de outros municípios do estado 27.7 40.2  37.0 Região Metropolitana de Fortaleza 2.6 4.2  9.5 Outro estado ou outro país  26.8 30.6  32.8 Total  100.0 100.0  100.0 

         Fonte: Pesquisa Direta – SINE/CE‐ IDT. 

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Duarte e Fusco  (2008) afirmam que existe uma vasta  literatura – tanto nacional, 

como internacional – sobre as motivações que levam as pessoas a deixarem seus lugares 

de  origem  para  outras  localidades,  cujos  “fatores  de  expulsão”  (desemprego,  baixos 

rendimentos,  secas,  dentre  outros)  são  apresentados  como  as  causas mais  evidentes. 

Conforme  é  bastante  conhecido,  o  flagelo  das  secas  tem  sido  uma  das  grandes 

motivações para o êxodo rural de boa parte dos nordestinos, cuja saga  já  fora bastante 

retratada por diversas obras literárias.5 Ademais, cabe mencionar que o tempo médio de 

residência dos migrantes em Fortaleza é de quatro anos. 

Por outro lado, é possível perceber também que, ainda que a pressão da migração 

venha diminuindo, elevou‐se a participação das pessoas advindas de outras áreas urbanas 

do Ceará, como também de outros estados e países, fato que demonstra claramente uma 

tendência de migração “urbana/urbana”. A participação de pessoas chegadas de outros 

estados da federação e de outros países já representa 1/3 dos migrantes que residem em 

Fortaleza.  

A descentralização dos parques produtivos e da economia nacional, que marcou o 

contexto  da  chamada  “guerra  fiscal  nos  anos  1990”,  associada  ao  menor  ritmo  de 

crescimento  econômico  das  regiões  que marcaram  o  protagonismo  da  industrialização 

deste país, proporcionou uma reversão de tendência, uma vez que regiões como Centro‐

Oeste,  Norte  e  Nordeste  passaram  a  ser  áreas  de  grande  atratividade  de  populações 

migrantes, visto o ritmo de crescimento econômico mais expressivo dessas regiões, nos 

últimos anos. (POCHMANN, 2007, 2008). 

Cabe também mencionar que a Capital cearense tem sido considerada como um 

dos  destinos  turísticos mais  procurados  no  Brasil,  o  que,  em  grande medida,  também 

contribui  para  a  atração  de  migrantes  ao  município,  uma  vez  que  muitos  visitantes 

acabam,  posteriormente,  fixando  residência  na  cidade.  Para  se  ter  uma  ideia  dessa 

dimensão  ‐  apesar  de  nem  todo  estrangeiro  ser  “turista”‐,  havia  8,6 mil  estrangeiros 

residindo  legalmente em  Fortaleza, de  acordo  com  informações da Polícia  Federal, em 

2008. (MIGRAÇÃO..., 2008). 

5 Obras como O Quinze de Raquel de Queiroz, Vidas Secas de Graciliano Ramos, Grande Sertão Veredas de Guimarães Rosa, dentre outras. 

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Com efeito, esse conjunto de informações dá um breve panorama sobre a recente 

evolução  da  migração  para  Fortaleza,  cujas  características  dessa  população  se 

apresentam a seguir. 

 

1.1 Características da População Migrante 

 

  Uma  vez  tratado  do  fluxo  migratório  para  o  município  de  Fortaleza,  pode‐se 

avançar  para  uma  identificação  das  principais  características  dessa  população. 

Inicialmente, cabe destacar que as mulheres representam mais da metade da população 

migrante  (Gráfico  3),  embora  esta maior  participação  feminina  não  seja  refletida  nos 

indicadores de ocupação e desemprego, conforme se vê nos capítulos seguintes, fato que 

reforça a assertiva de que as mulheres ainda enfrentam maiores dificuldades de inserção 

no mercado de trabalho, independentemente da condição de migrante ou não‐migrante. 

 

 Gráfico 3 – População Migrante, segundo o Sexo ‐ Fortaleza – 1992, 2000, 2008 Fonte: Pesquisa Direta – SINE/CE‐ IDT. 

 Outro dado importante é que ainda existe uma maior concentração de migrantes 

entre as pessoas com  idade até 29 anos, mesmo com o crescimento da participação de 

pessoas com mais idade, nos últimos anos. (Gráfico 4). O que motiva a migração dos mais 

jovens? Uma  possível  explicação  ainda  estaria  centrada  nas maiores  oportunidades  de 

escolarização  e  de  trabalho  encontradas  na  Capital,  mesmo  com  as  iniciativas  de 

descentralização  que  ocorreram  em  ambos  os  casos,  como  o  exemplo  das  indústrias, 

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escolas técnicas e faculdades, dentre outras. Apesar dessa realidade, é reconhecido que 

praticamente metade do Produto Interno Bruto (PIB) e dos empregos formais do estado 

ainda está concentrada em Fortaleza, o que, em grande medida, contribui para esse fluxo 

migratório. 

 

 Gráfico 4 – População Migrante, segundo a Faixa Etária – Fortaleza ‐ 1992, 2000, 2008 Fonte: Pesquisa Direta – SINE/CE‐ IDT. 

 

Essas informações são relevantes, pois apesar da redução do fluxo migratório nos 

últimos anos, o número de migrantes ainda é bastante elevado, o que, em grande parte, 

amplia  a  demanda  por  oportunidades  de  trabalho,  serviços  de  saúde  e  educação, 

habitação  e  infraestrutura,  dentre  outros.  Três  estudos  realizados  pelo  Instituto  de 

Desenvolvimento  do  Trabalho  (IDT)  possibilitam  uma  maior  compreensão  desse 

fenômeno da migração, especialmente entre os mais jovens. 

 

1. A  taxa  de  desemprego  dos  jovens  mais  escolarizados  é  bem  elevada  em 

relação àqueles com menor nível de instrução formal ‐ tal como verificado nos 

municípios  de Quixadá,  Crateús,  Crato  e  Sobral,  o  que,  em  grande medida, 

sinaliza as dificuldades dos mercados de trabalhos locais em absorver esse tipo 

de mão de obra. (IDT, 2006). 

2. As políticas de atração de investimento também vêm produzindo alterações na 

mobilidade  ocupacional  dos  jovens  do  Interior,  uma  vez  que,  por  exemplo, 

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diminuiu  drasticamente  a  participação  dos  mais  jovens  na  ocupação  do 

trabalho doméstico, na Capital. (IDT, 2007). 

3. Apesar  das  iniciativas  de  descentralização  da  economia  para  o  Interior,  a 

geração  de  empregos  formais  ainda  está  bastante  concentrada  na  Região 

Metropolitana  de  Fortaleza,  como  o  exemplo  do  ano  de  2008,  cujo  nível 

geográfico concentrou 90% do emprego formal do Ceará. (IDT, 2009). 

 

Isto  ocorre  por  ainda  existir  um  maior  dinamismo  da  economia  cearense  na 

Capital, conforme já mencionado, de concentração dos estabelecimentos, dos empregos 

e do Produto Interno Bruto (PIB) estadual, o que, em sua maioria, propicia atratividade de 

populações  migrantes.  Como  já  citado,  o  perfil  dessa  população  está  cada  vez  mais 

relacionado  a  fluxos  migratórios  exógenos  do  estado  do  que  de  mobilidade  de  sua 

população  interna, como evidenciado nas últimas décadas. Tal  realidade pode  também 

ser  compreendida  pelo maior  dinamismo  econômico  de  outros municípios  cearenses, 

especialmente  os  beneficiados  pelas  políticas  de  atração  de  investimentos,  que  do 

mesmo modo absorveram as migrações ocorridas dentro do próprio Estado do Ceará. 

Por sua vez, cabe destacar que houve, ao  longo dos últimos anos, a melhoria do 

nível  de  escolaridade  da  população  que  vem migrando  para  Fortaleza,  sobretudo  em 

níveis educacionais mais elevados. Mesmo com esta melhoria, cabe salientar que mais da 

metade dos migrantes ainda possuem, no máximo, o ensino  fundamental, o que ainda 

mostra  o  baixo  nível  de  escolarização  da  população  que  já  havia  migrado  para  o 

município. (Gráfico 5). 

Por  fim,  cabe  ressaltar  que  a menor  participação  dos migrantes  na  população 

(total) de Fortaleza  também  influenciou a composição da  força de  trabalho  local,  tanto 

entre os ocupados,  como entre os desempregados,  cujos  segmentos populacionais  são 

investigados detalhadamente nos capítulos seguintes. 

 

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 Gráfico 5 – População Migrante, segundo o Grau de Instrução – 1992, 2000, 2008 Fonte: Pesquisa Direta – SINE/CE‐ IDT.  

 

 

 

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2 O DESEMPREGO ENTRE OS MIGRANTES 

 

A  análise  da  inserção  dos  migrantes  no  mercado  de  trabalho  local  requer  a 

compreensão de que a menor presença desse segmento na população total, em grande 

medida, foi refletida nos  indicadores de ocupação e desemprego. Tal realidade pôde ser 

observada pela menor  incidência desse  segmento na População Economicamente Ativa 

(PEA), observada tanto entre os ocupados, como entre os desempregados. (Gráfico 6). 

 

 Gráfico 6 – Participação dos Migrantes nas Populações Economicamente Ativa, Ocupada e Desempregada (em %) – Fortaleza ‐ 1992, 2000, 2008 Fonte: Pesquisa Direta – SINE/CE‐ IDT. 

 

Entre  os  indicadores  mencionados,  percebe‐se  que  essa  redução  foi  menos 

suscetível entre os desempregados, fato que sinaliza que uma parcela significativa dessa 

população  ainda  encontra  dificuldades  em  conseguir  trabalho.  Em  2008,  a  Capital 

cearense agregava 11,7 mil migrantes na situação de desemprego, ou 9,7% do  total de 

desempregados, cuja população é investigada nos tópicos seguintes. 

 

2.1 Características pessoais 

 

A  exemplo  do  que  ocorre  para  o  conjunto  de  migrantes  na  composição  da 

população total, as mulheres representam a maioria entre os desempregados. Como se 

sabe,  elas  ainda  enfrentam maiores  dificuldades  de  inserção  no mercado  de  trabalho, 

visto que representam mais da metade dos desempregados nos mais diversos mercados 

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de  trabalho  locais.  Entre os migrantes que  residem em  Fortaleza,  a presença  feminina 

atinge  60%  da  população  desempregada  (Gráfico  7),  ou  seja,  situação  praticamente 

análoga ao que acontece com a população não‐migrante.  

 

 Gráfico 7 – Migrante Desempregado, segundo o Sexo – Fortaleza ‐ 1992, 2000, 2008 Fonte: Pesquisa Direta – SINE/CE‐ IDT. 

 

Para  a  compreensão  dessa maior  incidência  feminina  entre  os  desempregados, 

investigou‐se  o  grau  de  parentesco  dessas  pessoas,  nos  domicílios  pesquisados.  É 

importante  notar  que  os  maiores  contingentes  de  migrantes  desempregados  são 

compostos por filhos (as) e de outros parentes (genro, nora, cunhado (a), dentre outros), 

fato que evidencia claramente que diversos membros do núcleo familiar – e que residem 

no mesmo domicílio – estão se lançando no mercado de trabalho local. (Tabela 2). 

 Tabela 2 – Migrante Desempregado, segundo o Grau de Parentesco – Fortaleza – 1992, 2000, 2008 

Parentesco  1992 2000 2008 Chefe de família 22,9 26,0 18,2 Cônjuge  10,5 15,1 17,6 Filho  37,8 26,4 31,3 Outros parentes 27,0 28,9 29,9 Demais membros  1,8 3,6 3,0 Total  100,0 100,0 100,0 

Fonte: Pesquisa Direta – SINE/CE‐ IDT.  

Essa realidade também pode ser observada pela maior inserção dos trabalhadores 

mais  jovens  na  situação  de  desemprego,  visto  que  três  em  cada  quatro  migrantes 

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desempregados estão na  faixa etária de 15 a 29 anos.  (Tabela 3). Como  consequência, 

percebe‐se  que  o  perfil  predominante  dos migrantes  na  situação  de  desemprego,  em 

Fortaleza,  é  composto  por  trabalhadores  jovens,  especialmente  por  mulheres,  cujos 

indivíduos, apesar de não estarem chefiando suas famílias, estão se lançando no mercado 

de  trabalho,  seja  pela  busca  de  autonomia,  seja  para  auxiliar  a  composição  da  renda 

familiar. 

 

Tabela 3 ‐ Migrante Desempregado, segundo a Faixa Etária – Fortaleza ‐ 1992, 2000, 2008 

Faixa etária  1992 2000 2008 10|‐|14  1.7 0.8 0.4 15|‐|19  22.6 17.2 22.0 20|‐|29  49.1 49.3 52.4 30|‐|39  16.0 21.3 16.3 40|‐|49  6.4 7.6 5.1 >=50  4.2 3.8 3.8 Total  100.0 100.0 100.0 Fonte: Pesquisa Direta – SINE/CE‐ IDT. 

 

Embora  não  fosse  possível  –  através  do  banco  de  dados  existentes  ‐  ter 

investigado as motivações que levaram os migrantes a fixarem residência em Fortaleza, é 

reconhecido  que  boa  parte  desse  contingente  populacional  tenha  vindo  a  procura  de 

melhores condições de vida, tais como: oportunidades de trabalho, escolarização, dentre 

outras. Um dado que corrobora com essa assertiva é que a maior parcela dos migrantes 

que  estão  submetidos  ao  desemprego,  no município,  é  oriunda  de  fluxos migratórios 

internos do Ceará, tanto de suas áreas urbanas, como do meio rural. (Tabela 4). 

 

Tabela 4 – Migrante Desempregado, segundo a Origem – Fortaleza ‐ 1992, 2000, 2008 Origem  1992 2000 2008 

Zona rural do estado  41,1 23,4 20,6 Zonas urbanas do estado  23,7 34,6 35,5 Região Metropolitana de Fortaleza 2,9 4,4 6,5 Outro estado ou país  32,3 37,6 37,4 Total  100,0 100,0 100,0 Fonte: Pesquisa Direta – SINE/CE‐ IDT. 

 

Não  obstante  essa  realidade,  atente‐se  que  a  maior  incidência  de  migrantes 

advindos  de  outros  estados  da  federação  (e  em menor  proporção  de  outros  países) 

também  se  refletiu  na  população  desempregada,  visto  que  37,4%  dos  migrantes 

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desempregados  vinham  dessas  localidades,  fato  que,  em  grande  medida,  sinaliza  a 

atratividade do mercado de trabalho local em termos regional e nacional. 

Como se sabe, o ritmo de crescimento econômico mais acelerado de regiões como 

Centro‐Oeste, Norte e Nordeste, nos últimos anos, vem proporcionando maiores  fluxos 

migratórios para os seus estados, o que revela uma reversão de tendência, haja vista que 

boa parte de suas populações, tradicionalmente, migravam para outras regiões do país, 

especialmente para o Sul e Sudeste.6 

No  Ceará,  cabe  chamar  atenção  que  o  perfil  educacional  dos  migrantes 

desempregados, atualmente, é bem diferente de outrora, especialmente composta por 

trabalhadores  de  ensino médio  e  superior.  (Tabela  5).  Com  efeito,  cabe  ressaltar  que 

houve, ao  longo do período  investigado, melhorias significativas no sistema educacional 

do país (universalização, programas especiais, dentre outros), o que, em grande medida, 

elevou  o  nível  de  escolaridade  da  força  de  trabalho,  mesmo  com  as  evidências  do 

convívio de elevados índices de analfabetismo funcional ainda existentes no país. 

 Tabela 5 – Migrante Desempregado, segundo o Grau de Instrução – Fortaleza ‐ 1992, 2000, 2008 

Instrução  1992 2000 2008 Analfabeto/alfabetizado  15,5 6,5 1,6 Fundamental  59,0 53,1 27,3 Médio  20,6 35,7 60,6 Superior  4,9 4,7 10,5 Total  100,0 100,0 100,0 Fonte: Pesquisa Direta – SINE/CE‐ IDT. 

 

2.2 Características do Desemprego 

 

O  olhar  sobre  as  características  do  desemprego  entre  a  população  migrante 

evidencia  que  a maior  parcela  destas  pessoas  possui  experiência  de  trabalho  anterior 

(78,9%),  cujas  vivências  advinham,  em  sua maioria,  de  empregos  particulares  (70,6%), 

seguidas  do  emprego  doméstico  (17,4%),  do  trabalho  autônomo  (8,4%),  dentre  outras 

modalidades. Como  se  sabe,  uma  característica  do mercado  de  trabalho  brasileiro  é  a 

elevada  rotatividade  dos  postos  de  trabalho,  o  que,  sobremaneira,  proporciona  a 

6  No  caso  do  Ceará,  destacam‐se  os  fluxos migratórios  de  cearenses  para  a  Região  Norte  no  ciclo  da borracha  entre  1879  e  1912.  Já  a  partir  de meados  do  século  XX,  cabe mencionar  a  fase  do  nacional desenvolvimentismo que propiciou a construção de Brasília e a maior  industrialização da Região Sudeste, que atraíram vários fluxos migratórios para estas localidades. 

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constante  movimentação  de  “entrada”  e  “saída”  dos  trabalhadores  do  mercado  de 

trabalho, ora como ocupado, ora como desempregado. (Tabelas 6 e 7). 

 Tabela 6 – Migrante Desempregado,  segundo a Procura pelo Primeiro Emprego – Fortaleza  ‐ 1992, 2000, 2008 

Primeiro emprego  1992 2000 2008 Sim  21.4 17.1 21.1 Não  78.6 82.9 78.9 Total  100.0 100.0 100.0 Fonte: Pesquisa Direta – SINE/CE‐ IDT. 

 Tabela 7 – Migrante Desempregado, segundo a Função no Trabalho Anterior – Fortaleza ‐ 1992, 2000, 2008 

Função  1992 2000 2008 Empregado público  3.5 4.7 3.1 Empregado doméstico  6.9 12.0 17.4 Empregado particular  79.8 71.7 70.6 Autônomo  9.8 9.3 8.4 Outros  ‐ 2.5 0.5 Total  100,0 100,0 100,0 

Fonte: Pesquisa Direta – SINE/CE‐ IDT.  

Contudo,  análogo  ao  que  ocorre  com  o  total  da  população  desempregada,  é 

reconhecido que a educação e a experiência profissional continuam sendo cada vez mais 

necessárias, embora não sejam mais suficientes para garantir o acesso (ou manutenção) 

no mercado de trabalho. Como se constata, tal realidade advém da assimetria existente 

entre a oferta de vagas e o tamanho da força de trabalho existente (o exército de reserva, 

nos  termos  marxistas),  dados  os  próprios  avanços  tecnológicos,  os  ganhos  de 

produtividade, a  terceirização  (em muitos  casos  chamados de  “quarteirização”), dentre 

outros fenômenos. 

Dessa maneira, é interessante perceber quais foram as estratégias de procura por 

trabalho  empreendidas  pelos  migrantes  desempregados,  em  Fortaleza.    A  Tabela  8 

demonstra que a ida direta às empresas é a modalidade mais frequente (61,5%), seguida 

da consulta a amigos e parentes (18,2%), a busca das Unidades do SINE/IDT (14,4%) ou de 

outras agências de emprego (5,4%), dentre outras iniciativas. 

 

 

 

 

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Tabela 8 – Migrante Desempregado, segundo as Formas de Procura por Trabalho – Fortaleza – 1992, 2000, 2008 

Formas de procura  1992 2000 2008 Procurou o SINE/IDT 1.0 13.4 14.0 Consultou outras agências de emprego 3.8 2.0 5.4 Consultou empregadores  90.8 69.1 61.5 Consultou parentes e amigos  1.7 11.6 18.2 Outros  2.7 3.9 0.9 Total  100.0 100.0 100.0 Fonte: Pesquisa Direta – SINE/CE‐ IDT. 

 

Essas  iniciativas parecem extremamente  interessantes e merecem  ser discutidas 

mais  detalhadamente.  Em  primeiro  lugar,  deve‐se  reconhecer  que  existem  diversas 

possibilidades de procura por  trabalho nos mercados de  trabalho mais dinâmicos,  cuja 

busca  direta  às  empresas  é  uma  das  modalidades  mais  frequentes,  dado  o  próprio 

número de opções disponíveis. Outra questão que merece ser considerada é que, apesar 

das  menores  evidências  de  laços  de  solidariedade  ou  de  conhecimento  do  próprio 

mercado de  trabalho  local pelos migrantes, os  “círculos de amizades”  ‐ ou networking, 

nos  termos  dos  analistas  de  mercado‐,  configuram‐se  como  outra  opção  bastante 

utilizada  por  essa  população.  É  importante  assinalar  também  o  papel  das  agências  de 

emprego, especialmente o Sistema Público de Emprego ‐ que tem como concepção evitar 

este desgaste dos trabalhadores de saírem de “porta em porta” atrás de emprego‐, que 

busca conciliar a “oferta” e a “demanda” por trabalho num único local, ou seja, realizando 

todas as etapas de intermediação de mão de obra (cadastramento, recrutamento, seleção 

e encaminhamento).  

Nesse caso, é possível perceber, através dos dados apresentados, que a utilização 

dos  serviços  do  Sistema  Público  de  Emprego  era  uma  alternativa  pouco  utilizada  pela 

população migrante, no  início dos anos 1990, mas que atualmente  já atinge 14% desses 

desempregados,  fato  que  evidencia  claramente  a  maior  participação  das  agências 

públicas de emprego como alternativa de colocação profissional por esta população. 

Outra questão  importante explorada neste estudo diz  respeito à pergunta,  feita 

aos  indivíduos  que,  estavam  submetidos  ao  desemprego,  sobre  as  causas  que 

dificultavam a entrada deles no mercado de trabalho: 33,4% dos respondentes atribuíram 

que sua qualificação/experiência não atendia aos pré‐requisitos desejados, 14,2% falaram 

da  busca  pelo  primeiro  emprego  e  falta  de  experiência  anterior;  13,1%,  disseram  que 

estavam aguardando resposta ou serem chamados para trabalhar; 12,7% afirmaram que 

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começaram  a procurar  trabalho há poucos dias, dentre outras motivações. A  Tabela  9 

sintetiza as principais motivações atribuídas pelos migrantes desempregados. 

 Tabela 9 – Migrante Desempregado,  segundo o Motivo de Estar  sem Trabalhar  ‐  Fortaleza  ‐ 1992, 2000, 2008 

Motivos 1992 2000  2008Procura seu primeiro trabalho e não tem experiência de trabalhos anteriores  12.9  8.3  14.2 Sua qualificação/experiência não atende aos pré‐requisitos desejados  7.0  32.6  33.4 Encontra‐se desestimulado para procurar trabalho .. 0.8  1.6 Não consegue financiamento para abrir um negócio próprio 0.6 0.8  0.5 Não encontra trabalho com carteira assinada 0.3 5.7  9.9 Devido a preconceitos diversos  0.3 2.9  3.7 Devido à idade  1.4 4.3  4.2 Devido aos baixos salários pagos e/ou ao tipo de trabalho encontrado  2.2  6.8  4.9 Aguardando respostas ou ser chamado para trabalhar .. 13.1  13.1Começou a procurar trabalho há poucos dias .. 9.2  12.7Está sem trabalhar há muito tempo .. 1.5  0.3 Não existem vagas  69.7 ..  .. Outros  5.6 14.0  1.5 Total  100.0 100.0  100.0Fonte: Pesquisa Direta – SINE/CE‐ IDT. 

 

Pode‐se perceber que as motivações mencionadas pelos migrantes na situação de 

desemprego  não  diferem  das  apresentadas  pelo  total  da  população  desempregada  de 

Fortaleza, cuja falta de qualificação e/ou experiência profissional são apontadas como as 

principais barreiras para o acesso ao mercado de trabalho local. Em grande medida, cabe 

chamar  atenção  que  os  desempregados  têm mencionado  cada  vez mais  à  dimensão 

individual de não conseguir um trabalho (experiência e qualificação, por exemplo) do que 

a  fatores exógenos,  tais como questões macroeconômicas, que, muitas vezes, ampliam 

ou restringem as oportunidades de trabalho. 

Tal  realidade  pôde  ser  observada  no  início  dos  anos  1990,  cujo  período  fora 

extremamente  desfavorável  ao  emprego,  com  a  reestruturação  das  empresas  e  a 

abertura e estabilização da economia nacional, visto que sete em cada dez migrantes, que 

vivenciaram este período, atribuíram a ausência de vagas como a principal motivação do 

desemprego.  Nota‐se  assim  uma  clara  relação  de  estigmatização  e  de  alteridade  de 

atribuição  do  problema  para  o  “outro”,  nesse  caso,  via  de  regra,  o  “mercado”,  a 

“economia”, dentre outros, não tomando para si a excessiva concepção  individualizante 

que  se  tem  vivenciado  nos  últimos  tempos:  “não  estou  preparado”,  “não  tenho 

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experiência”,  dentre  outras  colocações.  É  nessa  perspectiva  que  o  próximo  capítulo 

investiga os migrantes que  conseguiram oportunidade de  trabalho, em Fortaleza,  cujas 

características pessoais e ocupacionais são apresentadas a seguir.  

 

 

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3  O  MIGRANTE  TRABALHANDO:  CARACTERÍSTICAS  DA  POPULAÇÃO OCUPADA  

Em 2008, estimou‐se que 70,5 mil migrantes ocupavam o mercado de trabalho na 

Capital cearense, contingente que equivalia a 7,5% do  total de sua população ocupada. 

Análogo ao que acontece com esta população, nota‐se que a maior parcela dos migrantes 

na condição de ocupados é do sexo masculino (54,7%), embora os índices de participação 

feminina venham aumentando ‐ de 42,8% (1992) para 45,3% (2008) – nos últimos anos. 

(Gráfico 8). 

 

 Gráfico 8 – Migrante Ocupado por Sexo – Fortaleza – 1992, 2000, 2008 Fonte: Pesquisa Direta – SINE/CE‐ IDT. 

   No  que  se  refere  ao  perfil  etário,  o  mercado  de  trabalho  local  apresentou 

pequenas variações com relação aos migrantes ocupados, visto que a maior parcela desta 

população ainda está concentrada em  faixas etárias  intermediárias, entre 20 e 39 anos 

(67,1%),  mesmo  com  a  maior  inserção  das  pessoas  de  40  anos  ou  mais,  entre  os 

ocupados, passando de 16,9%, no inicio dos anos 1990, para 23,6%, em 2008. (Gráfico 9). 

 

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 Gráfico 9 – Migrante Ocupado por Faixa Etária – Fortaleza – 1992, 2000, 2008 Fonte: Pesquisa Direta – SINE/CE‐ IDT. 

 

A pesquisa revela também que boa parte dos migrantes, que possuem ocupação, 

chefia  suas  famílias  (40,5%),  o  que,  em  grande medida,  sinaliza  a  importância  de  seu 

rendimento  para  a  manutenção  familiar.  (Gráfico  10).  Não  obstante  essa  realidade, 

destaque‐se  que  outros membros  da  unidade  domiciliar  também  estão  engajados  no 

mercado de trabalho  local, na condição de ocupados, tais como: filhos (as), genro, nora, 

dentre outros, seja para o auxílio da renda familiar, seja pela busca da própria autonomia. 

Nessa perspectiva, cabe chamar atenção para o  ingresso de outros membros da 

família que ocorre, muitas vezes, de forma precária e antecipada no mercado de trabalho, 

especialmente entre os mais jovens e mais pobres, uma vez que essa situação, em grande 

medida,  ocasiona  evasão  escolar  (ou  mesmo  perda  de  rendimento  do  aprendizado), 

constituição  precoce  de  famílias,  dentre  outras  situações  que  acabam  prejudicando  a 

trajetória ocupacional dessas pessoas, no longo prazo. (POCHMANN, 2000). 

 

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 Gráfico 10 – Migrante Ocupado por Grau de Parentesco – Fortaleza – 1992, 2000, 2008 Fonte: Pesquisa Direta – SINE/CE‐ IDT. 

 

Este  é  um  fato  preocupante,  uma  vez  que  o  mercado  de  trabalho  vem 

demandando  por  trabalhadores  cada  vez mais  escolarizados,  cuja  boa parte  das  vagas 

ofertadas vem exigindo, no mínimo, o ensino médio. Entre os migrantes, essa tendência 

também  é  observada,  haja  vista  a  maior  inserção  dos  mais  escolarizados  entre  os 

ocupados,  tanto de ensino médio,  como de ensino  superior,  conforme evidenciado no 

Gráfico 11. 

 

 Gráfico 11 – Migrante Ocupado por Grau de Instrução – Fortaleza – 1992, 2000, 2008 Fonte: Pesquisa Direta – SINE/CE‐ IDT. 

 

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Em  síntese,  percebe‐se  que  o  perfil  predominante  dos  migrantes  ocupados  é 

bastante similar ao da clientela que, de uma  forma geral, utiliza os serviços do Sistema 

Público de Emprego no país, ou seja, população masculina, com ensino médio e com faixa 

de idade entre 20 e 39 anos. Dadas estas semelhanças, nota‐se que o programa Sistema 

Nacional  de  Emprego  (SINE)  representa  uma  alternativa  viável  para  a  (re)colocação 

profissional dessa força de trabalho. 

 

3.1 A Trajetória Ocupacional 

 

Inicialmente, cabe chamar atenção que três em cada quatro migrantes ocupados 

já possuíam experiência de trabalho, mesmo que a maioria dessas oportunidades tenha 

ocorrido no setor  informal da economia. Nesse percurso retrospectivo, destaque‐se que 

boa parte dos entrevistados disse que os antigos empregadores se recusaram a assinar a 

carteira  de  trabalho  (37,5%),  seguido  daqueles  que  buscaram  desempenhar  atividades 

autônomas  (16,0%),  fato  que,  em  grande medida,  sinaliza  que  a migração  pode  estar 

realmente associada à busca de melhores condições de trabalho. (Tabelas 10 e 11). 

 Tabela 10 – Migrante Ocupado, segundo a Condição do Primeiro Trabalho – Fortaleza – 1992, 2000, 2008 

Primeiro trabalho  1992 2000 2008 Sim  ND 30,0 24,9 Não  ND 70,0 75,1 Total  ‐‐ 100,0 100,0 

Fonte: Pesquisa Direta – SINE/CE‐ IDT. ND – Não Disponível. 

 

  Dentro desse contexto, é  importante enfatizar que a  informalização das relações 

de trabalho ainda é uma prática bastante latente, mesmo com os esforços de fiscalização 

empreendidos pelas  instituições competentes, uma vez que a  recusa pela  formalização 

dos vínculos de trabalho cresceu nos últimos anos ‐ de 32,5% (2000) para 37,5% (2008)‐, 

segundo relatos dos próprios migrantes que tiveram experiências anteriores de trabalho. 

 

 

 

 

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Tabela  11  – Migrante  com  Carteira  de  Trabalho  Assinada,  segundo  o  Trabalho  Anterior  – Fortaleza – 1992, 2000, 2008 

Motivos 1992 2000  2008Sim  ND 46,1  41,7Não, o empregador recusou‐se a assinar a carteira ND 32,5  37,5Não, autônomo  ND 12,8  16,0Não, o empregado optou trabalhar sem carteira ND 3,0  2,3 Não, funcionário público estatutário ND 2,2  0,9 Não, trabalhador familiar  ND 1,3  0,7 Não, por outros motivos  ND 2,1  0,9 Total  .. 100,0  100,0Fonte: Pesquisa Direta – SINE/CE‐ IDT. ND – Não Disponível. 

 

Por  sua  vez,  o  Gráfico  12  reforça  essa  assertiva,  uma  vez  que  uma  parcela 

expressiva  desses  ocupados  ainda  está  no  setor  informal  da  economia  (45,1%),  no 

exercício do trabalho atual. 

 

 Gráfico 12 – Migrante Ocupado, segundo a Condição de Carteira Assinada no Trabalho Atual ‐ Fortaleza ‐ 1992, 2000, 2008 Fonte: Pesquisa Direta – SINE/CE‐ IDT. 

 

Notadamente, tal condição tem proporcionado a estes trabalhadores um elevado 

grau de vulnerabilidade aos direitos trabalhistas e previdenciários, haja vista que mais da 

metade desses ocupados não contribuem para a Previdência (57,9%) e, no desempenho 

de  suas  atividades,  não  recebem  nenhum  benefício  adicional  (60,8%),  tais  como  vales 

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transportes e alimentação, assistência médica e/ou odontológica, dentre outros. (Gráfico 

13 e Tabela 12). 

 

 Gráfico 13 – Migrante Ocupado, segundo a Contribuição para o INSS ou Outras Instituições Previdenciárias ‐ Fortaleza ‐ 1992, 2000, 2008 Fonte: Pesquisa Direta – SINE/CE‐ IDT. 

 Tabela 12 – Migrante Ocupado, segundo Outros Benefícios e Vantagens Recebidos  ‐ Fortaleza  ‐ 1992, 2000, 2008 

Benefícios  1992 2000  2008 Nenhum  76.4 63.6  60.8 Vale transporte ou sistema de condução 15.7 18.5  14.1 Vale refeição ou cesta de alimentos   2.3 5.8  5.9 Vale transporte e vale refeição (ou cesta de alimento) ‐ 8.0  17.2 Vale transporte e assistência médico‐odontológica ‐ 0.8  0.5 Vale refeição e assistência médico‐odontológica ‐ 1.0  1.3 Outros  5.6 2.3  0.2 Total  100,0 100,0  100,0 Fonte: Pesquisa Direta – SINE/CE‐ IDT. 

 

Como  estes  trabalhadores  não  contribuem  para  o  sistema  previdenciário, 

necessitam estar continuamente ativos no mercado de trabalho para constituição de seus 

rendimentos,  uma  vez  que  estão  desprotegidos  quanto  a  períodos  de  enfermidades, 

acidentes de trabalho e, até mesmo, de atingir uma aposentadoria. 

Dessa  forma,  embora  seja  perceptível  a  significativa  parcela  de migrantes  que 

atuam  em  atividades  autônomas,  conforme  já mencionado,  buscou‐se  investigar mais 

detalhadamente a posição da ocupação entre estes trabalhadores. Mais da metade disse 

que eram empregados particulares (56,6%), seguido dos autônomos (23,5%), empregados 

domésticos  (13,6%),  empregados  públicos  (3,8%),  dentre  outras modalidades.  (Tabela 

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13). Todavia,  independentemente da posição na ocupação, a maioria dos entrevistados 

afirmou  que  trabalhava  em  tempo  integral  (89,5%)  e,  em menor medida,  exercia  suas 

atividades  em  jornadas  parciais,  ou  seja,  de  até  seis  horas  diárias  (8,5%),  conforme 

evidencia o Gráfico 14. 

 Tabela 13 – Migrante Ocupado, segundo o Trabalho Principal ‐ Fortaleza ‐ 1992, 2000, 2008 

Trabalho principal 1992 2000  2008Empregado público  6.9 4.7  3.8 Empregado doméstico  15.2 16.4  13.6Empregado particular   51.2 53.1  56.6Profissional liberal  0.1 0.2  ‐ Trabalhador familiar  1.6 1.5  1.4 Empregador  0.2 1.7  1.1 Trabalhador autônomo  24.8 22.4  23.5Total  100,0 100,0  100,0

Fonte: Pesquisa Direta – SINE/CE‐ IDT.  

 Gráfico 14 – Migrante Assalariado por Tipo de Trabalho com seu Empregador (em %)–  Fortaleza – 2000 / 2008 Fonte: Pesquisa Direta – SINE/CE‐ IDT. 

 Nesse  contexto,  cabe  mencionar  que,  além  da  significativa  presença  destes 

trabalhadores  na  condição  de  autônomos,  boa  parte  dos  migrantes  exerce  suas 

atividades  em  micro  e  pequenas  empresas,  ou  seja,  em  estabelecimentos  com  até 

dezenove  empregados  (42,6%)  e  aqueles  entre  vinte  e  99  funcionários  (16,2%), 

respectivamente. Esta é uma  realidade claramente demonstrada na Tabela 14 uma vez 

que oito em cada dez migrantes estão em uma destas três situações, o que evidencia a 

importância dos pequenos negócios para essa força de trabalho. 

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Tabela 14 – Migrante Ocupado, segundo o Número de Empregados da Empresa ou Negócio onde Trabalha ‐ Fortaleza ‐ 1992, 2000, 2008 

Nº de empregados  1992 2000  2008 Nenhum, trabalha sozinho  1.0 16.9  18.0 Nenhum, trabalha com familiares e/ou sócio(s) 1.0 5.3  4.2 Nenhum, conta com a ajuda eventual de auxiliar(es) ‐ 2.1  2.6 De 1 a 2 empregados  23.5 21.4  16.4 De 3 a 9 empregados  16.6 14.8  14.3 De 10 a 19 empregados 10.1 8.7  11.9 De 20 a 49 empregados 9.6 8.4  10.6 De 50 a 99 empregados 7.4 6.2  5.6 De 100 a 249 empregados  9.3 6.7  6.5 De 250 a 499 empregados  5.2 2.5  2.2 De 500 a 999 empregados  5.5 2.3  1.9 Mais de 999 empregados  10.8 4.7  5.8 Total  100,0 100,0  100,0 Fonte: Pesquisa Direta – SINE/CE‐ IDT. 

 

Dessa maneira, o quadro a  seguir mostra as principais ocupações em que estes 

trabalhadores estão  inseridos, como forma de propiciar ao  leitor uma ampla radiografia 

do mercado de  trabalho  local para os migrantes. Entre 2000 e 2007, percebe‐se que a 

maior parcela das ocupações exercidas pelos trabalhadores migrantes está relacionada ao 

trabalho doméstico, ao comércio varejista, à construção civil (pedreiros e serventes, por 

exemplo)  e  ao  setor  de  serviços  (garçom  e  cozinheiro,  por  exemplo),  cujos  postos  de 

trabalho  também  são  exercidos  pela  maior  parcela  da  população  local, 

independentemente da condição de migrante ou não‐migrante. 

 

Ocupações 2000  2008 

Doméstica  Empregado doméstico nos serviços gerais Vendedor de comércio varejista  Vendedor de comércio varejista Comerciante varejista  Vendedor ambulante Costureiro em geral (confecções em série)  Pedreiro Servente de obras  Garçom Auxiliar de serviços gerais  Servente de obras Pedreiro, em geral  Comércio varejista Auxiliar de produção  Costureiro na confecção em série Garçom, em geral  Costureiro a máquina na confecção em série Vendedor ambulante  Auxiliar de escritório, em geral Entregador de mercadorias (bicicleta)  Babá Balconista  Vigilante Cozinheiro, em geral  Zelador de edifícios Vigilante  Cozinhador (conservação de alimentos) Porteiro  Operador de caixa Zelador  Manicure Caixa, em geral  Cozinheiro geral Mecânico de automóveis  Cabeleireiro Secretário, em geral  Ciclista mensageiro Motorista de caminhão  Porteiro de edifícios 

Quadro 1 – Principais Ocupações Exercidas pela População Migrante – Fortaleza – 2000 /2008 Fonte: Pesquisa Direta – SINE/CE‐ IDT. 

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Por fim, outro dado que reforça essa assertiva é o nível de rendimento obtido no 

exercício  do  trabalho  principal,  haja  vista  que  são  bem  similares  os  rendimentos  dos 

migrantes  e  dos  não‐migrantes  (Tabela  15),  fato  que  sinaliza  que  as  características  do 

mercado  de  trabalho  se  sobressaem  aos  atributos  pessoais  dos  trabalhadores, 

especialmente  com  relação  as  suas  origens,  conforme  evidenciado  ao  longo  deste 

documento.  

 

Tabela 15  – Nível de Rendimento do  Trabalho Principal dos Ocupados,  segundo  a Origem  – Fortaleza – 2008  

Faixas de Rendimento (em salários mínimos) 

PopulaçãoTotal Migrante Não‐migrante 

Até 1  50,6 54,9 50,3 1,01 |‐| 2,0  35,2 33,9 35,3 2,01 |‐| 5,0  10,4 7,9 10,6 > 5  1,9 2,2 1,9 Não informou 1,8 1,1 1,9 Total  100,0 100,0 100,0 

Fonte: Pesquisa Direta – SINE/CE ‐ IDT.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS  

  Neste estudo se analisaram  informações sobre a situação da população migrante 

na  cidade  de  Fortaleza,  especialmente  em  relação  a  sua  participação  no mercado  de 

trabalho  local.  Esta  é  uma  discussão  bastante  difundida  nos  mais  diversos  locais  do 

mundo,  uma  vez  que  os  fluxos  migratórios  acabam  impactando  nas  demandas  por 

trabalho,  provimento  de  serviços  básicos  (saúde  e  educação,  por  exemplo), moradia, 

dentre outras necessidades presentes na vida  cotidiana das  cidades. Como  se  sabe,  tal 

debate  trouxe  consigo,  na maioria  das  vezes,  o  ensejo  do  preconceito,  tanto  entre  as 

nações como entre suas populações subnacionais vez por outra noticiadas pelos meios de 

comunicação.  

Não  obstante  essa  discussão,  cabe mencionar  que  a  cidade  de  Fortaleza  ainda 

continua representando o maior centro econômico, político e social do Estado do Ceará, 

concentrando a maior parcela da riqueza e dos postos de trabalho formais do estado, o 

que  sobremaneira  influencia  os  fluxos  migratórios  para  a  Capital.  Todavia,  esta 

mobilidade populacional vem declinando nos últimos anos, fato que pode estar associado 

ao maior dinamismo econômico de outros municípios cearenses, nas últimas décadas.  

Notadamente,  tal  impacto  fora  observado  na  participação  dos  migrantes  na 

população  economicamente  ativa  de  Fortaleza,  com menor  incidência  deste  segmento 

populacional  tanto entre os ocupados,  como entre os desempregados. Apesar disso, o 

quadro que se apresentou acerca da inserção ocupacional dos migrantes no mercado de 

trabalho  local é análogo ao que acontece com a maior parcela da  força de  trabalho do 

município, que se submete, na maioria dos casos, às relações  informais de trabalho, ou 

seja, sem a devida proteção trabalhista e previdenciária. 

Por outro  lado, em que pesem os estigmas  relacionados aos postos de  trabalho 

ocupados  pelos  migrantes,  em  Fortaleza,  estes  ainda  são  bastante  evidentes, 

especialmente  os  relacionados  ao  trabalho  doméstico  e  ao  comércio  ambulante,  cujos 

segmentos de atividade econômica são os mais representativas tanto entre os migrantes, 

como entre os não‐migrantes. 

Outra informação importante é que boa parte da força de trabalho migrante está 

inserida  nos  pequenos  negócios,  desde  a  condição  de  “autônomos”  até  vinculados  às 

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micros e pequenas empresas,  fato que  sinaliza  a necessidade do  apoio  governamental 

(crédito  e  capacitação,  por  exemplo)  para  o  desenvolvimento  dessas  iniciativas, 

especialmente  para  que  seja  possível  a  formalização  dos  negócios  e  dos  vínculos  de 

trabalho,  cujos  desafios  afligem  o mercado  de  trabalho  local,  independentemente  da 

condição de migrante ou não‐migrante. Em síntese, este é sem dúvida o grande desafio a 

ser trilhado nos próximos anos, especialmente para que a atual trajetória de crescimento 

econômico  do  país  seja  revertida  em melhores  benefícios  para  a  classe  trabalhadora, 

independentemente de suas origens. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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REFERÊNCIAS 

 

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