migraÇÃo vertical diÁria e cascata trÓfica em corpos … · migração vertical diária e...

158
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA, CONSERVAÇÃO E MANEJO DE VIDA SILVESTRE TESE DE DOUTORADO MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS AQUÁTICOS TROPICAIS: INFLUÊNCIA DA LARVA DO DÍPTERO CHAOBORUS JOSÉ FERNANDES BEZERRA NETO Orientador: Prof. Dr. Ricardo Motta Pinto-Coelho Novembro de 2007

Upload: others

Post on 05-Aug-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA,

CONSERVAÇÃO E MANEJO DE VIDA SILVESTRE

TESE DE DOUTORADO

MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM

CORPOS AQUÁTICOS TROPICAIS: INFLUÊNCIA DA

LARVA DO DÍPTERO CHAOBORUS

JOSÉ FERNANDES BEZERRA NETO

Orientador:

Prof. Dr. Ricardo Motta Pinto-Coelho

Novembro de 2007

Page 2: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

ii

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA,

CONSERVAÇÃO E MANEJO DE VIDA SILVESTRE

MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM

CORPOS AQUÁTICOS TROPICAIS: INFLUÊNCIA DA

LARVA DO DÍPTERO CHAOBORUS

JOSÉ FERNANDES BEZERRA NETO

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Ecologia, Conservação e Manejo de Vida

Silvestre, Instituto de Ciências Biológicas,

Universidade Federal de Minas Gerais, como

parte dos requisitos para a obtenção do título de

Doutor em Ecologia, Conservação e Manejo de

Vida Silvestre.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Motta Pinto Coelho

Belo Horizonte – MG

Novembro/2007

Page 3: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

iii

Este trabalho é dedicado à minha esposa Kátia...

Pelo excesso de paciência nesta longa jornada e por ter

acreditado em mim e nos meus sonhos.....

Page 4: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

iv

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Ricardo Motta Pinto-Coelho, por disponibilizar a infra-estrutura necessária para

a realização deste trabalho. Pela orientação, apoio e por acreditar no meu potencial.

Ao CNPq pela concessão da bolsa de doutorado.

Ao curso de Pós-Graduação em Ecologia, Conservação e Manejo de Vida Silvestre,

especialmente aos Profs: Dra. Paulina Maria Maia-Barbosa, Dra. Arnola Rietzler, Dra.

Alessandra Giani e Dr. Marcos Callisto, pelas parcerias, pelas conversas edificantes, pelas

disciplinas oferecidas, enfim pelo contato prazeroso do dia-a-dia.

Em especial aos meus colaboradores Profs. Drs. Francisco Antônio Rodrigues Barbosa e

Paulina Maria Maia-Barbosa por suas valiosas contribuições nos capítulos desta tese.

À secretária do curso de ECMVS, Mary, pela atenção e disposição em resolver nossos

problemas.

Aos colegas do Laboratório de Gestão Ambiental de Reservatórios Tropicais, Rafael,

Fabrícia, Alessandra, Thiago e Maíra, pela troca de experiências, apoio e amizade que

marcaram o nosso convívio e pelas valiosas contribuições ao último capítulo da minha tese.

Aos amigos: Fábio Garcia, Luciana Gomes, Maurício Petrucio, Meg, José Francisco Jr., Fábio

Vieira e Felipão pelos bons momentos de nossa convivência.

Aos meus parceiros Pedro Barbosa e Nelson Mello, pela cooperação nos projetos e nos artigos

que saíram e nos que ainda irão sair.

Aos meus filhos e familiares, por acompanharem o meu trabalho e torcerem pela conquista

dos meus ideais.

A todos enfim que me ajudaram na conclusão de mais esta importante etapa da minha vida.

Page 5: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

v

SUMÁRIO

RESUMO

1

ABSTRACT

2

INTRODUÇÃO GERAL

3

O fenômeno da migração vertical diurna

3

Causas aproximadas e vantagens biológicas da MVD

4

MVD e as diferenças latitudinais

7

Predação, cascata trófica e MVD

9

Enfoques deste estudo e a larva de Chaoborus

11

Objetivos específicos deste estudo

12

Referências citadas

14

CAPÍTULO 1

19

Diel vertical migration of the copepod Thermocyclops inversus (Kiefer, 1936) in a

tropical reservoir: the role of oxygen and the spatial overlap with Chaoborus

CAPÍTULO 2

47

A propagação da migração vertical diária através da cadeia trófica aquática:

evidências de campo da hipótese da cascata comportamental

CAPÍTULO 3

102

A cascata trófica invertida em comunidades planctônicas tropicais: impactos da

introdução de peixes exóticos no Distrito de lagos do Médio Rio Doce, MG

Page 6: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

1

RESUMO

Bezerra-Neto, J. F. (2007). Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos

tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus. Tese de doutorado. Pós-Graduação em

Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Slvestre, ICB-UFMG.

Este estudo teve como objetivo elucidar os efeitos diretos e indiretos da predação sobre as

comunidades zooplanctônicas em corpos de água tropicais. Os estudos foram realizados na

lagoa do Nado, Belo Horizonte, MG e em lagos do Médio Rio Doce, MG. A tese foi

estruturada em três capítulos no formato de artigos. O capítulo 1 é um estudo sobre o

comportamento migratório sazonal do copépodo ciclopóide Thermocyclops inversus e os

objetivos foram determinar o efeito da transparência da água, da concentração de oxigênio

dissolvido, da densidade e distribuição vertical do predador invertebrado Chaoborus sobre a

distribuição dia e noite desta população de copépodos. O capítulo 2 objetiva comparar a

distribuição vertical dia-noite das comunidades zooplanctônicas na Lagoa do Nado (BH, MG)

e na lagoa Carioca (PERD, MG). Nós testamos se o comportamento migratório das

populações zooplanctônicas nestes ambientes estaria relacionado com o tipo do predador de

topo e se a teoria da cascata comportamental poderia ser aplicada para explicar o

comportamento migratório das comunidades estudadas. O capítulo 3 trata especificamente dos

impactos ecológicos da introdução de duas espécies invasoras de peixes piscívoros em

diversos lagos da região lacustre do Médio Rio Doce, Minas Gerais.

Palavras-chave: Zooplâncton, predação, Chaoborus, migração vertical diária, peixes, lagos

tropicais.

Page 7: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

2

ABSTRACT

Bezerra-Neto, J. F. (2007). Diurnal vertical migration and trophic cascades in tropical

water bodies: influence of the dipteran Chaoborus. Tese de doutorado. Pós-Graduação em

Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Slvestre, ICB-UFMG.

This study aimed to elucidate the direct and indirect effects of predation on the zooplanktonic

communities in tropical water bodies. The studies were conducted in the Nado Lake, Belo

Horizonte, MG and lakes of the Middle Rio Doce, MG. The thesis has been structured into

three chapters in the form of articles. Chapter 1 is a study of the behavior of seasonal

migration of the ciclopoid copepod Thermocyclops inversus and the objectives were to

determine the effect of the water transparency, the concentration of dissolved oxygen, the

density and the vertical distribution of the invertebrate predator Chaoborus on the day and

night distribution of this copepod population. In the Chapter 2 we compare the day-night

vertical distribution of zooplanktonic communities of the Nado Lake (BH, MG) and Carioca

Lake (PERD, MG). We tested if the migratory behavior of the zooplanktonic populations in

these environments would be related with the type of the top predator and if the theory of the

behavioral cascade could be applied to explain the migratory behavior of the studied

communities. Chapter 3 focuses specifically on environmental impacts of the introduction of

two invasive species of fish in several lakes in the lacustrine region of the Middle Rio Doce,

Minas Gerais.

Keywords: Zooplankton, predation, Chaoborus, diurnal vertical migration, fishes, tropical

lakes.

Page 8: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

3

INTRODUÇÃO GERAL

O fenômeno da migração vertical diária

Todos nós já ouvimos falar de migrações de todo tipo no reino animal. Desde o

enorme número de gnus e zebras que cruzam as planícies africanas, até as distâncias

planetárias cobertas pelas baleias jubarte e as tartarugas marinhas, os animais migram de

maneira a satisfazer uma ou mais das três principais forças que dirigem os organismos:

reprodução, alimentação e sobrevivência. Interessantemente, poucos têm consciência de qual

é o maior (em termos de biomassa) e mais regular movimento migratório do planeta: a

migração vertical diária do zooplâncton ou MVD (Pearre, 2003). Enright (1977), por

exemplo, escreveu: ―Em minha opinião, o tipo mais importante de migração é a migração

vertical diurna do zooplâncton. Se vista em termos de número de espécies envolvidas, número

de quilômetros viajado por animal/ano ou simplesmente a biomassa bruta que é transportada,

estas migrações verticais são provavelmente o movimento de massa de animais (coordenado

temporalmente) mais impressionante conhecido pela ciência‖. Dado que a maior parte da

superfície da Terra é coberta com água (71%), o fato de o zooplâncton estar espalhado através

de todo este ambiente e o fato que uma parte substancial destes organismos desenvolverem

MVD (em diferentes escalas espaço-temporais), não é surpresa que a literatura científica

sobre este fenômeno seja tão rica. Uma inspeção sobre os artigos científicos publicados entre

1980 a 2007 na website do Institute for Scientific Information – Web of Science (Thomsom

Corporate, 2007) com as palavras ―vertical migration and zooplanktion‖ revela mais de 1100

publicações relacionadas a algum aspecto sobre a problemática da migração vertical diurna do

zooplâncton.

Os tipos de movimentos verticais do zooplâncton observados são variados e dependem

não somente da espécie em consideração e do local, como também da estação e da idade dos

organismos. Estas migrações influenciam o zooplâncton a nível populacional e de

Page 9: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

4

comunidade, a dinâmica trófica da cadeia alimentar aquática e o transporte de nutrientes na

coluna de água (Williamson et al., 1996). A amplitude da MVD varia de algumas dezenas de

centímetros a centenas de metros. A MVD tem sido observada em uma escala diária, sazonal

e ontogenética (estágio de desenvolvimento) e tipicamente envolve a ascensão às camadas

superficiais ricas em alimento e a descida às profundidades deplecionadas de alimento, frias e

sem luz no curso de um ciclo diário. Quando a subida e a descida correspondem ao entardecer

e ao alvorecer, respectivamente, este padrão é conhecido como uma MVD normal. A MVD

normal é de longe o padrão mais comumente observado pelo zooplâncton migrante nos

hábitats marinhos e de água doce (Pearre, 2003). Em um grande número de casos, um padrão

reverso tem sido observado, quando os organismos são encontrados na superfície durante o

dia e nas camadas mais profundas durante a noite (p.ex., Ohman, 1983; Herwig & Schindler,

1996). Pode ocorrer também um tipo de migração chamada ―twilight‖, quando os organismos

são encontrados com abundância máxima na superfície da água no entardecer e no anoitecer

(Hutchinson, 1967). A migração vertical sazonal ocorre quando uma dada espécie é

encontrada a diferentes profundidades em diferentes períodos do ano e a migração vertical

ontogenética quando o organismo é encontrado em diferentes profundidades nos seus

diferentes estágios de sua história de vida.

Causas próximas e vantagens biológicas da MVD

Da análise sobre o comportamento migratório do zooplâncton, uma série de questões

emergem. Aonde e quando as migrações ocorrem? Quais os organismos que migram? Quais

são os impactos ecológicos e ambientais da migração vertical? Todas estas questões têm sido

tratadas de uma maneira ou de outra, e em particular sobre as causas da migração, a teoria da

MVD já dispõe hoje de um grande embasamento na literatura científica. Os primeiros

trabalhos sobre a MVD estavam principalmente interessados na investigação das causas deste

Page 10: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

5

comportamento. Na discussão sobre as causas da migração vertical é necessário se distinguir

entre dois aspectos desta questão: (1) as causas imediatas da migração, aquelas que

diretamente estimulariam a subida e a descida do zooplâncton; (2) as vantagens biológicas

que a migração vertical traz aos animais planctônicos. As causas imediatas são conhecidas

como ―aproximadas‖ ou fatores causais, enquanto que as vantagens biológicas são conhecidas

como ―últimos‖ ou fatores funcionais (Hayes, 2003).

Fatores causais ou aproximados podem ser divididos em duas categorias, dependendo

se o estímulo é endógeno (interno) ou exógeno (externo). Os estímulos internos estariam

relacionados com o ―relógio biológico‖ dos organismos, entretanto, uma revisão sobre o

assunto concluiu que a sua importância varia entre as espécies e sugere ser fraco o seu

controle sobre o comportamento migratório (Forward, 1988). Os estímulos externos estão

relacionados com o ambiente físico e químico no qual está inserido o organismo aquático.

Entre estes fatores podemos destacar a luz e mais especificamente a hipótese da mudança

relativa na intensidade de luz na coluna de água, teoria revisada e suportada por Ringelberg

(1999). Este autor mostra como as mudanças relativas na intensidade da luz são maiores

imediatamente antes do amanhecer e após o pôr-do-sol nos ambientes temperados e que são

estes picos que o zooplâncton utiliza como sinais para iniciar a MVD. Outros fatores tais

como a temperatura (Haney 1993), a concentração de oxigênio dissolvido (Hanazato and

Yasuno 1989; Horppila et al. 2000) e a disponibilidade de alimento (Leibold 1990), poderiam

também atuar como sinais ou ―gatilhos‖ para o comportamento migratório do zooplâncton.

Diversas hipóteses já foram relacionadas na tentativa de se entender os fatores últimos

ou funcionais da migração vertical diurna, segundo Lampert (1989) estes fatores seriam: (1) a

hipótese da seleção de grupo, (2) a hipótese da vantagem metabólica e (3) a hipótese da

evasão da predação. A hipótese da seleção de grupo propõe que a MVD permite um uso mais

eficiente da produção fitoplanctônica (com o forrageio apenas no período noturno) e assume

Page 11: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

6

que os organismos se comportariam de maneira a maximizar o benefício do grupo (Kerfoot,

1970). A hipótese da vantagem metabólica propõe que a MVD confere um bônus energético

aos organismos. Originalmente proposta por McLaren (1963), esta hipótese assume que o

forrageio nas águas superficiais, mais quentes e ricas em alimento à noite e o descanso nas

águas profundas durante o dia deveria reduzir as perdas energéticas. McLaren (1974)

modificou a sua idéia inicial para incluir uma possível vantagem demográfica (população):

fêmeas poderiam atingir um maior tamanho corporal nas menores temperaturas do fundo, o

que, por seu turno, resultaria numa grande fecundidade. Entretanto, exatamente o oposto tem

sido observado em experimentos no campo (Stich & Lampert, 1981) e no laboratório (Orcutt

& Porter, 1983; Stich & Lampert, 1984). Geller (1986), por sua vez, propôs a sua ―hipótese da

evasão da fome‖ que suportaria o conceito da vantagem metabólica em certas circunstâncias.

As teorias listadas acima foram objeto de muitos questionamentos e dúvidas foram colocadas

quanto à validade das mesmas (Lampert, 1989), já existindo diversas evidências de que

realmente o comportamento de MVD é energeticamente desvantajoso (Williamson et al.,

1996).

A hipótese da evasão da predação foi desenvolvida primariamente para explicar a

MVD e afirma que este padrão ubíquo de comportamento possibilita a evasão da predação

visual pelo zooplâncton nas águas superficiais através da utilização como um refúgio das

camadas mais profundas da coluna de água durante o dia. Se colocarmos em termos de custo e

benefício, o custo da MVD seria a redução da alimentação, as baixas temperaturas e as baixas

concentrações de oxigênio que os organismos são obrigados a suportar quando permanecem

nas maiores profundidades, enquanto que o benefício seria a redução na probabilidade da

predação. Esta hipótese foi desenvolvida a partir de um sem número de observações de campo

e de laboratório e poderíamos destacar os trabalhos de Zaret & Suffern (1976), Stich &

Lampert (1981) Williamson & Magnien (1982), Ohman et al. (1983), Gliwicz (1986) e Frost

Page 12: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

7

(1988). As predições a priori da hipótese da evasão da predação são: (1) que os indivíduos

sobem às camadas superficiais no entardecer e descem para as camadas profundas ao

amanhecer, (2) que a MVD será mais pronunciada em indivíduos mais conspícuos e (3) que a

amplitude da migração irá variar com a abundância e a atividade dos peixes planctívoros

(Lampert, 1989). Estas predições foram confirmadas através de numerosos estudos

(referências acima) e a hipótese da evasão da predação ganhou uma forte aceitação dentro da

comunidade científica. A hipótese da evasão da predação também tem sido utilizada na

explicação da MVD reversa, com este comportamento sendo o resultado da evasão da

predação por predadores invertebrados, os quais, por sua vez, realizam a MVD normal

(Ohman et al., 1983).

MVD e as diferenças latitudinais

Gliwicz & Pijanowska (1988) escreveram: ―a migração vertical diurna do zooplâncton

não é tão comum nos hábitats temperados como pode ser sugerido pelo estudo dos numerosos

livros-texto de limnologia ou pela revisão do enorme número de artigos que tratam sobre o

tema, porque tais artigos não escrevem quando o fenômeno não é observado‖. Em um estudo

realizado em lagos localizados no norte da Polônia, somente 13 das 120 populações de

cladóceros examinados realizava MVD, com 13 das 41 populações de Daphnia mostrando

comportamento migratório (Mlonek, 1998). Gliwicz (1999) tratando novamente sobre a

ocorrência de MVD destaca que a maior parte dos estudos na zona temperada são realizados

no final da primavera e no verão e mesmo nestes períodos a periodicidade diária é marcante.

Num dia típico de verão em um lago da zona temperada, por exemplo, o dia pode durar das 3

horas até as 22 horas, restando apenas 5 horas de escuridão para que o zooplâncton possa

subir à superfície para se alimentar. Além das noites curtas, as mudanças em iluminação no

alvorecer e entardecer são vagas e graduais. Não é nenhuma novidade, portanto, que na maior

Page 13: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

8

parte dos trabalhos em ambiente temperado, o comportamento de MVD apenas tenha início

após a fase de ―águas claras‖, normalmente em junho, com o aumento da abundância de

peixes planctívoros (Stich & Lampert, 1981). Na região tropical, entretanto, o fenômeno da

migração vertical diária é comumente observado. Nestas latitudes os organismos precisam se

manter até doze horas durante o dia nos estratos seguros, livres de predação, mas tem outras

12 horas durante o período noturno para se alimentar, sendo esta situação aplicável a

praticamente todo o ano (Gliwicz, 1999). Este autor salienta que não é por mero acaso que a

primeira evidência de migração vertical diurna do zooplâncton percebida como um

mecanismo efetivo de evasão à predação por peixes tenha sido descrita em um reservatório

tropical, no Lago Gatun na zona do canal do Panamá por Zaret & Suffern (1976).

A concentração do oxigênio dissolvido na água e as pequenas diferenças entre a

temperatura da superfície e do fundo são aspectos importantes a serem considerados na

compreensão das diferenças entre a MVD entre lagos temperados e tropicais. Nos ambientes

temperados, os organismos utilizam as camadas mais frias (diferenças de temperatura entre a

superfície e o fundo podendo variar de 8 a 20 oC) e sem luz do fundo do lago como refúgio

contra a predação. Nos trópicos, por sua vez, além da ausência da luz, a temperatura do

hipolímnio dos lagos (profundos o suficiente para estratificar) está separada da temperatura da

superfície por apenas poucos graus, que pode não passar de 1,5 oC nos lagos equatoriais ou de

5-6 oC nos lagos próximos às margens dos trópicos (Lewis, 2000). Além disso, este mesmo

hipolímnio carece de oxigênio, existindo diversas evidências de que os organismos

zooplanctônicos utilizam o hipolímnio anóxico como refúgio contra a predação por peixes

(Threlkeld, 1979; Hanazato e Yasuno, 1989; Dini e Carpenter, 1991). Segundo Lewis (2000),

três fatores trabalham contra a retenção de oxigênio nas águas profundas nos lagos tropicais:

(i) a longa duração da estratificação nos lagos tropicais, os quais podem permanecer

estratificados por 10-11 meses, em contraposição aos 6-9 meses nos lagos temperados; (ii)

Page 14: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

9

elevadas temperaturas do hipolímnio associado à baixa capacidade de solubilidade do

oxigênio nestas temperaturas e (iii) as altas taxas de metabolismo microbiano no hipolímnio

associado aos fatores relacionados acima.

Predação, cascata trófica e MVD

Nas comunidades aquáticas, a predação é uma força constantemente presente, podendo

se originar de mais de uma origem, incluindo os vários predadores invertebrados, bem como

os peixes planctívoros. A predação leva inevitavelmente à remoção das presas individuais dos

sistemas ecológicos, o que pode gerar grandes impactos sobre a dinâmica da população de

presas e sobre todo o ecossistema (Kerfoot, 1987). Observando-se as interações predador-

presa num contexto mais amplo, podemos classificar a predação através de duas perspectivas

diferentes: a perspectiva ―letal‖, em que o resultado da predação é a morte da presa e a sua

remoção do sistema; e a perspectiva ―não-letal‖, onde a simples presença dos predadores pode

engatilhar nas presas alterações: no comportamento, em aspectos da história de vida e até

mesmo na morfologia, de maneira a dificultar a captura, detecção ou encontro pelos

predadores (ver revisão em Tollrian & Harvell, 1999). As interações ―não-letais‖ são

designadas interações mediadas por caracteres (―trait-mediated interactions‖) enquanto que as

interações ―letais‖ são chamadas interações mediadas pela densidade (―density-mediated

interactions‖, Abrams et al., 1996).

Uma das teorias recentes mais fascinantes em ecologia é a demonstração da força da

predação (―top-down‖) na regulação dos ecossistemas (Power 1992). Uma forte regulação

―top-down‖ significa que mudanças na abundância dos predadores de topo causariam efeitos

ecológicos indiretos em ―cascata‖ que afetariam os níveis tróficos inferiores de uma cadeia

alimentar (Carpenter et al., 1985). Os efeitos ―top-down‖ são assumidos como efeitos

letalmente transmitidos, onde os carnívoros causam redução numérica na população herbívora

Page 15: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

10

pela predação direta. Como uma menor densidade dos herbívoros se traduz em menores

impactos sobre as plantas, os carnívoros passam a produzir um efeito indireto positivo sobre

as plantas (Schmitz et al., 2004). Entretanto, existem diversos estudos (p.ex., Turner, 1997;

Lima, 1998; Romare & Hansson, 2003) que mostram que os efeitos não letais também podem

iniciar interações indiretas dentro da cadeia trófica, principalmente porque as mudanças no

comportamento de uma dada população de presa podem afetar nas interações desta presa com

as outras espécies.

Uma das mais importantes respostas comportamentais que o zooplâncton exibe contra

a predação é o fenômeno da migração vertical diária e hoje a MVD é considerada um

exemplo clássico de interação ―não-letal‖ ou mediada por caracteres. Isto porque, além dos

fatores ambientais (físicos e químicos) citados anteriormente na regulação do comportamento

migratório, os organismos zooplanctônicos podem alterar o seu comportamento migratório

em resposta aos estímulos químicos (queromônios) liberados por seus predadores (Dodson,

1988; Loose & Dawidowicz, 1994; Van Gool & Ringelberg, 1998). As presas assim buscam

reduzir a pressão de predação evitando o encontro com o predador, ou seja, a MVD

efetivamente promove a redução da sobreposição espacial entre as populações de presas e de

predadores (Bezerra-Neto & Pinto-Coelho, 2002).

Enfoques deste estudo e a larva de Chaoborus

Neste estudo buscamos elucidar algumas questões importantes sobre o comportamento

migratório das comunidades zooplanctônicas em corpos de água tropicais. A tese foi

estruturada em três capítulos (no formato de artigos). Nos capítulos 1 e 2, além da simples

constatação da ocorrência ou não da MVD, procuramos mostrar a importância dos fatores

causais e funcionais na geração deste comportamento. Um aspecto comum nos ambientes

escolhidos para o estudo da MVD (Lagoa do Nado, BH-MG e lagoa Carioca, PERD-MG), foi

Page 16: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

11

a elevada abundância da larva do predador invertebrado Chaoborus na coluna de água e o

papel chave que este táxon parece desempenhar nestes ambientes.

Chaoborus pertence à ordem Diptera e à família Chaoboridae. São holometábolos e

apresentam quatro estágios larvais. As larvas de Chaoborus são aquáticas, e seu estágio larval

é seguido por um breve estágio de pupa e após a ecdise, emerge o estágio alado adulto

(Sweetman & Smol, 2006). O estágio de vida do adulto é geralmente curto (cerca de 10 dias),

o suficiente para ocorrer a reprodução e a postura dos ovos. O tempo desenvolvimento da fase

larval depende dos fatores como a temperatura e a disposição de alimento. O quarto instar é o

mais longo, e durante o inverno, na maioria dos casos, permanece no corpo aquático e toma

forma de pupa na primavera ou verão (Sweetman & Smol, 2006).

As larvas de Chaoborus podem formar densas populações em lagos e reservatórios.

Eles têm sido objeto de intensas pesquisas, porque são, em sua fase larval, predadoras vorazes

do zooplâncton, podendo regular a estrutura e a densidade das comunidades planctônicas

(Hanazato & Yasuno, 1989). As larvas de Chaoborus são predadoras táteis de emboscada,

possuindo o corpo quase completamente transparente (e por isso são conhecidas como os

mosquitos fantasma), com a exceção de dois órgãos hidrostáticos (sacos aéreos) que regulam

a sua flutuabilidade. As larvas permanecem quase imóveis na coluna de água, confiando nos

seus receptores mecânicos para descobrir perturbações hidrodinâmicas feita pelas presas, a

qual elas capturam usando as antenas preênseis e a sua mandíbula. Os primeiros dois instares

se alimentam principalmente de invertebrados menores, como rotíferos e copépodos (fase

naupliar) e fitoflagelados e o terceiro e quarto instares se alimentam de organismos

zooplanctônicos de maior porte, como cladóceros e copépodos (Arcifa, 1997; Sweetman &

Smol, 2006).

Os fatores que controlam a distribuição e a abundância das larvas de chaoborídeos

incluem o sucesso reprodutivo dos adultos, a morfometria do lago e a predação (McQueen et

Page 17: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

12

al., 1999). Como as larvas de chaoborídeos são um dos itens alimentares preferenciais de

peixes, sua ocorrência está frequentemente conectada à ausência ou à pequena abundância dos

peixes (Arcifa, 1997). Sendo altamente vulneráveis a predação por peixes, populações não

migrantes freqüentemente se tornam migrantes após a introdução de peixes em um lago

(Luecke, 1986; McQueen et al., 1999). Assim, a co-ocorrência de chaoborídeos com peixes é

basicamente restrita àquelas espécies que desenvolvem a migração vertical diária (Luecke,

1986). Normalmente, as larvas de chaoborídeos migrantes ocupam o hipolímnio de lagos

estratificados, aonde eles permanecem durante o dia na coluna de água ou se enterram no

sedimento, migrando à noite para o epilímnio para se alimentar do zooplâncton (Haney et al.,

1993).

As altas densidades de Chaoborus encontradas nos ambientes estudados e as

características da comunidade íctica nas lagoas do PERD nos deram o ―insight‖ para o

terceiro capítulo da tese, que tratou especificamente do efeito da introdução das espécies

exóticas de peixes sobre a estrutura das comunidades aquáticas nos lagos do Médio Rio Doce.

Buscamos avaliar neste capítulo a hipótese da cascata trófica (Carpenter et al., 1985) e

partimos da análise de dados primários e secundários das comunidades de peixes, do

zooplâncton e do fitoplâncton nestes lagos.

Objetivos específicos deste estudo

Artigo 1 – Diel vertical migration of the copepod Thermocyclops inversus (Kiefer, 1936) in a

tropical reservoir: the role of oxygen and the spatial overlap with Chaoborus.

1.1 – Determinação da ocorrência de MVD ao longo de um ciclo anual em populações de

presas (copépodo Thermocyclops inversus) e predadores (larva do díptero Chaoborus

brasiliensis) em um reservatório raso, Lagoa do Nado, BH – MG.

Page 18: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

13

1.2 – Determinação da importância dos fatores aproximados (transparência da água e

concentração de oxigênio dissolvido) e últimos (abundância, biomassa e distribuição vertical

do predador invertebrado Chaoborus) sobre o comportamento migratório de uma população

zooplanctônica (copépodo ciclopóide T. inversus) na Lagoa do Nado.

Artigo 2 – A propagação da migração vertical diária através da cadeia trófica aquática:

evidências de campo da hipótese da cascata comportamental.

2.1 – Comparação entre o comportamento migratório da comunidade zooplanctônica em dois

corpos de água tropicais (Lagoa do Nado, BH-MG e Lagoa Carioca, PERD-MG) com

diferenças marcantes na composição de peixes piscívoros;

2.2 – Análise do efeito do comportamento migratório do predador invertebrado Chaoborus

sobre as comunidades zooplanctônicas de dois corpos de água tropicais (Lagoa do Nado, BH-

MG e Lagoa Carioca, PERD-MG) e a avaliação da hipótese da ―cascata do comportamento‖

(sensu Romare & Hansson, 2003).

Artigo 3 – A cascata trófica invertida em comunidades planctônicas tropicais: impactos da

introdução de peixes exóticos no Distrito de lagos do Médio Rio Doce, MG.

3.1 – Análise do efeito da introdução de espécies exóticas de peixes sobre a estrutura das

cadeias tróficas e a estrutura das comunidades aquáticas dos lagos do Médio Rio Doce.

Page 19: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

14

Referências citadas

Abrams, P.A., Menge, B.A., Mittelbach, G.G., Spiller, D., & Yodzis, P. 1996. The role of

indirect effects in food webs. In: Food webs: dynamics and structure. G. Polis & K.

Winemiller, (eds.). New York, NY: Chapman and Hall, 722 p.

Arcifa, M,S. 1997. Fluctuations and vertical migration of Chaoborus in a tropical brazilian

reservoir: Lake Monte Alegre. Acta Limnol. Bras., 9: 93-103.

Bezerra Neto, J.F. & Pinto-Coelho, R.M.P. 2002. A influência da larva de Chaoborus

brasiliensis (Insecta: Diptera) na distribuição vertical da comunidade zooplanctônica da

Lagoa do Nado. Acta Scientiarum, 24: 337 – 344.

Carpenter, S.R., Kitchell, J.E. & Hodgson, J.R. 1985. Cascading trophic interactions and lake

productivity. BioScience, 35: 634-639.

Dini, M.L. & Carpenter, S.R. 1991. The effect of whole-lake fish community manipulations

on Daphnia migratory behavior. Limnol. Oceanogr., 36: 370-377.

Dodson, S. 1988. The ecological role of chemical stimuli for the zooplankton: Predator-

avoidance behavior in Daphnia. Limnol. Oceanogr., 33: 1431-1439.

Enright, J.T. 1977. Diurnal vertical migration: adaptive significance and timing. Part 1.

Selective advantage: a metabolic model. Limnol. Oceanogr., 22: 856-872.

Forward, R.B. 1988. Diel vertical migration: zooplankton photobiology and behaviour.

Oceanogr. Mar. Biol. Annual Review, 26: 361-393.

Frost, B.W. 1988. Variability and possible adaptive significance of diel vertical migration in

Calanus pacificus, a planktonic marine copepod. Bull. Mar. Sci., 43: 675-694.

Geller, W. 1986. Diurnal vertical migration of zooplankton in a temperate great lake (L.

Constance): a starvation avoidance mechanism? Archiv für Hydrobiol./ Supplement 74: 1-

60.

Page 20: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

15

Gliwicz, M.Z. 1986. Predation and the evolution of vertical migration in zooplankton. Nature,

320: 746-748.

Gliwicz, M.Z. 1999. Predictability of seasonal and diel events in tropical and temperate lakes

and reservoirs. Em J. G. Tundisi e M. Straskraba (eds.), Theoretical reservoir ecology and

its applications. São Carlos. International Institute of Ecology, Backhuys Publishers e

Brazilian Academy of Sciences, 585 p.

Gliwicz, Z.M. & Pijanowska, J. 1988. Effect of predation and resource depth distribution on

vertical migration of zooplankton. Bull. Mar. Sci., 43: 695-709.

Hanazato, T. & Yasuno, M.1989. Zooplankton community structure driven by vertebrate and

invertebrate predators. Oecologia, 81: 450-458.

Haney, J.F. 1993. Environmental control of diel vertical migration behaviour. Arch.

Hydrobiol. Beih. Ergeb. Limnol., 39, 1–17.

Hayes, G.C. 2003. A review of the adaptive significance and ecosystem consequences of

zooplankton diel vertical migration. Hydrobiologia, 503:163–170.

Herwig, B.R. & Schindler, D.E. 1996. Effects of aquatic insect predators on zooplankton in

fishless ponds. Hydrobiologia, 324: 141-147.

Horppila, J., Malinen, T., Nurminen, L., Tallberg, P. & Vinni, M. 2000. A metalimnetic

oxygen minimum indirectly contributing to the low biomass of cladocerans in Lake

Hiidenvesi – a diurnal study on the refuge effect. Hydrobiologia, 436: 81-90.

Hutchinson, G.E. 1967. A treatise on limnology, Vol. II. New York: J. Wiley and Son, Inc.,

486p.

Kerfoot, W. 1970. Bioenergetics of vertical migration. American Naturalist, 104: 529-546.

Kerfoot, W.C. & Sih, A. 1987. Predation: Direct and Indirect Impacts on Aquatic

Communities. University Press of New England, Hanover. 487 p.

Page 21: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

16

Lampert, W. 1989. The adaptive significance of diel vertical migration of zooplankton.

Functional Ecology, 3: 21-27.

Lewis, W. 2000. Basis for the protection and management of tropical lakes. Lakes &

Reservoirs, 5: 35-48.

Lima, S.L. 1998. Nonlethal effects in the ecology of predator–prey interactions. Bioscience,

48: 25–34.

Loose, C. & Dawidowicz, P. 1994. Trade-offs in diel vertical migration by zooplankton: the

costs of predator avoidance. Ecology, 75: 2255-2263.

Luecke, C. 1986. A change in the pattern of vertical migration of Chaoborus flavicans after

introduction of trout. J. Plankton Res., 8: 649-657.

McLaren, I.A. 1963. Effects of temperature on growth of zooplankton, and the adaptive value

of vertical migration. J. Fish. Res. Bd. Canada, 20: 685-727.

McLaren, I.A. 1974. Demographic strategy of vertical migration by a marine copepod.

American Naturalist, 108: 91-102.

McQueen DJ, Ramcharan CW, Demers E, Yan ND, Conforti LM and Perez-Fuentetaja A

(1999) Chaoborus behavioral responses to changes in fish density. Arch. Hydrobiol. 145:

165-179.

Mlonek, A. 1998. Day and night-time depth distribution in planktonic crustaceans in eastern

Poland. Dissertation (MSc.). Faculty of Biology. University of Warsaw. 79 p.

Ohman, M.D., Frost, B.W. & Cohen, E.B. 1983. Reverse diel vertical migration - an escape

from invertebrate predators. Science, 220: 1404-1407.

Orcutt, J.D. & Porter, K.G. 1983. Diel vertical migration by zooplankton: constant and

fluctuating temperature effects on life history parameters of Daphnia. Limnol. Oceanogr.,

28: 720-730.

Page 22: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

17

Pearre, S. 2003. Eat and run? The hunger/satiation hypothesis in vertical migration: history,

evidence and consequences. Biological Reviews, 78, 1-79.

Power, M.E. 1992. Top-Down and Bottom-Up Forces in Food Webs: Do Plants Have

Primacy. Ecology, 73: 733-746.

Ringelberg, J. 1999. The photobehaviour of Daphnia spp. as a model to explain diel vertical

migration in zooplankton. Biological Reviews, 74: 397-423.

Romare, P. & Hansson, L.A. 2003. A behavioral cascade: top-predator induced behavioral

shifts in planktivorous fish and zooplankton. Limnol. & Oceanogr., 48: 1956–1964.

Schmitz, O.J., Krivan, V. & Ovadia, O. 2004. Trophic-cascades: the primacy of trait-mediated

indirect interactions. Ecol. Lett., 7: 153-163.

Stich, H.B. & Lampert, W. 1981. Predator evasion as an explanation of diurnal vertical

migration by zooplankton. Nature, 293: 396-398.

Stich, H.B. & Lampert, W. 1984. Growth and reproduction of migrating and non-migrating

Daphnia species under simulated food and temperature conditions of diurnal vertical

migration. Oecologia, 61: 192-196.

Sweetman, J.N., Smol, J.P. 2006. Reconstructing fish populations using Chaoborus (Diptera:

Cauboridae) remains – a review. Quaternary Scienci Reviews, 25: 2013- 2023.

Thomson Corporation. 2007. Web of Science. Institute for Scientific Information. Disponível

em http://go5.isiknowledge.com (acessado em jullho de 2007).

Threlkeld, S.T. 1979. The midsummer dynamics of two Daphnia species in Wintergreen

Lake, Michigan. Ecology, 60: 65-179.

Tollrian, R. & Harvell, C.D. 1999. The ecology and evolution of inducible defenses.

Princeton University Press, Princeton, New Jersey, USA. 395p.

Turner, A.M. 1997. Contrasting short-term and long-term effects of predation risk on

consumer habitat use and resources. Behav. Ecol., 8, 120–125.

Page 23: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

18

Van Gool, E. & Ringelberg, J. 1998. Quantitative effects of fish kairomones and successive

light stimuli on downward swimming responses of Daphnia. Aquatic Ecology, 32: 291-

296.

Williamson, C.E. & Magnien, R.E. 1982. Diel vertical migration in Mesocyclops edax:

implications for predation rate estimates. J. Plankton Res., 4: 329-339.

Williamson, C.E., Sanders, R.W., Moeller, R.E. & Stutzman, P.L. 1996. Utilization of

subsurface food resources for zooplankton reproduction: implications for vertical

migration theory. Limnol. Oceanogr., 41: 224-233.

Zaret, T.M. & Suffern, J.S. 1976. Vertical migration in zooplankton as a predator avoidance

mechanism. Limnol. Oceanogr., 21: 804-813.

Page 24: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

19

Capítulo 1

Diel vertical migration of the copepod Thermocyclops inversus

(Kiefer, 1936) in a tropical reservoir: the role of oxygen and the

spatial overlap with Chaoborus

BEZERRA-NETO, J.F. & PINTO-COELHO, R.M.

Artigo publicado na revista Aquatic Ecology, 41 (4): 535-545, 2007

DOI 10.1007/s10452-007-9119-x

Page 25: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

20

Diel vertical migration of the copepod Thermocyclops inversus (Kiefer,

1936) in a tropical reservoir: the role of oxygen and the spatial overlap with

Chaoborus

José Fernandes Bezerra-Neto1 *

& Ricardo Motta Pinto-Coelho2

1Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre, ICB,

Universidade Federal de Minas Gerais, CP 486, 31270-901, Belo Horizonte, Minas Gerais,

Brazil; 2Laboratório de Gestão de Reservatórios Tropicais, Depto. Biologia Geral, ICB,

Universidade Federal de Minas Gerais, CP 486, 31270-901, Belo Horizonte, Minas Gerais,

Brasil; *Author for correspondence (e-mail: [email protected])

Key words: DVM, zooplankton, water transparency, copepods, invertebrate predation, anoxic

hypolimnion.

Page 26: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

21

Abstract

The effect of water transparency, dissolved oxygen concentration and the invertebrate

predator Chaoborus brasiliensis on the day-night vertical distribution of the copepod

cyclopoid Thermocyclops inversus was investigated in a shallow tropical reservoir, Nado

Reservoir, Belo Horizonte, Brazil. Diel cycles were carried out over a period of 12

consecutive months, between October 1999 and September 2000. The different

developmental stages of T. inversus exhibited diel vertical migration (DVM) and displayed a

clear ontogenetic trend, with the amplitude of DVM increasing with the age of the organism,

and ranging from 0.4 to 0.8 m for nauplii, 0.4 to 1.2 m for copepodite and 1.1 to 2.1 m for

adults. We observed that seasonal changes in dissolved oxygen and C. brasiliensis directly

influenced the vertical distribution of the copepod population in this reservoir. Furthermore, it

was showed that the diurnal vertical migration is an important predator avoidance behavior

since it diminished the spatial overlap between prey and its potential predator. This finding

supports the hypothesis that the vertical migration is a defense mechanism against predation.

Thus, T. inversus is able to remain in the anoxic layers during day light hours, and at night

they move upwards avoiding hypolimnetic waters to escape from predation by Chaoborus.

Introduction

Diel vertical migration (DVM), whereby aquatic organisms inhabit different layers of

the water column at different times of the day, is a common behaviour in zooplankton, and

has been studied in marine as well as in freshwater habitats (see review in Pearre 2003). The

light is considered the most important factor triggering this behavior (Ringelberg and Van

Gool 2003). However, other environmental factors are also involved in vertical migration,

such as temperature (Haney 1993), dissolved oxygen (Hanazato and Yasuno 1989; Horppila

et al. 2000) and food availability (Leibold 1990). While several factors have been proposed to

Page 27: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

22

explain DVM, there is general agreement that the predator-avoidance hypothesis is the most

recognized mechanism explaining the adaptive significance of vertical migration (Zaret and

Suffern 1976; Neill 1990; Lampert 1993). Such migrants mostly ascend to epilimnion at night

and migrate down into the colder, darker and oxygen-poor waters in deeper layers at dawn to

avoid predation by visually oriented planktivorous fish (normal DVM). Reversed diel

migrations have also been detected in some studies, and have usually been connected to

predation pressure by invertebrate predators (Lampert 1993).

In the pelagic zones of lakes, physical and chemical factors, e.g., temperature, light,

and oxygen, can restrict foraging by fish and hence may work as refuge against predators

(Horppila et al. 2000). Wright and Shapiro (1990) reported that the downward migrations by

fish are restricted by concentration of oxygen of ca. 3 mg.l-1

, and because most fish are not

tolerant to low oxygen, zooplankton can escape predation by inhabiting and seeking refuge in

these anoxic areas. Numerous other studies (Davis 1975; Hanazato et al. 1989; Tessier and

Welser 1991; Horppila et al. 2000) support Wright and Shapiro’s findings that imply

reduction of predatory mortality of zooplankton in deep oxygen-poor layers. The existence of

a deep-water refuge is generally accepted as the basis for vertical migration behavior of

zooplankton (Tessier and Welser 1991; Lass et al. 2000). This probably happens because the

predator-prey interactions depend on the spatial distribution of predator and prey, and DVM

minimize predation risk by visual and tactile predators (González 1998).

Copepods are known to tolerate lower oxygen concentrations than fish and may

exploit oxygen gradients as a refuge against predation (e.g. Taleb et al. 1992; Chang and

Hanazato 2004). However, hypolimnetic low-oxygen layers may also favor the coexistence

with invertebrate predators, especially the larvae of the midge Chaoborus, which are very

tolerant to low oxygen concentrations (Rine and Kesler 2001). Chaoborus larvae are known

as voracious predators on zooplankton and can drastically alter the abundance and size

Page 28: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

23

structure and even the presence of their preys (Hanazato et al. 1989b; Yan et al. 1991; Arcifa

2000). Since chaoborids themselves constitute a significant item in the diet of several fish

species (Luecke 1986; Dawidowicz et al. 1990; McQueen et al. 1999), they also undergo a

diurnal vertical migration (DVM) (Xie et al. 1998; Gliwicz et al. 2000). Then, in the presence

of fish, the Chaoborus larvae are forced out of the illuminated and oxygenated habitats during

the day and share the same spatial refuge than the migrant zooplankton do to evade the

common top predator, the fish.

The objective of this study was to investigate the occurrence of DVM in a copepod

cyclopoid population (Thermocyclops inversus) in Nado Reservoir and to test the effects of

water transparency, oxygen vertical gradients and presence of the invertebrate predator

Chaoborus on the vertical positioning of the copepod population. Since this reservoir also

contained several species of fish, we also aimed to investigate if the copepod population is

able to manage its vertical position in such a way to minimize the risk of predation. The effect

of the invertebrate predator Chaoborus on the vertical distribution of the T. inversus was

assessed by analyzing the changes in the overlap between predator and prey during their

observed diel vertical migrations.

Study site

Nado Reservoir is a shallow, meso-eutrophic reservoir with a surface area of 1.5 ha

and a volume of 40 x 103 m

3. The maximum depth (zmax) is 7.6 m and the mean depth (zmean)

is around 2.7 m. It is located in Belo Horizonte city, Minas Gerais State (19º 49’56‖S; 43º

57’34‖W; altitude 790 m above sea level), in Southeastern Brazil. This is one of the largest

cities in Brazil with more than 2.5 million inhabitants. The reservoir, situated in the center of

a small valley surrounded by tall trees, develops a stable thermal stratification from August to

Page 29: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

24

May, showing only a period of circulation during the year (June-July). The water level does

not fluctuate since the outlet is superficial and the dam is not manipulated by man.

The climate of the region is classified as B-2 tropical, with a moderate hydric deficit

(Ferreira, 1992). The coolest period is usually restricted to the period from May to July. The

rainy season occurs in the hottest months, from November to March. Annual precipitation

during the period of study was 1270 mm (data from Pampulha Airport Meteorological

Station, Belo Horizonte).

In Nado reservoir, the invertebrate predator Chaoborus brasiliensis (Theobald, 1901)

co-existed with abundant fish mostly represented by the exotic African Tilapia rendalli and

others such as, Geophagus brasiliensis, Astyanax spp, Poecilia sp and the predator Hoplias

malabaricus. The zooplanktonic community is dominated by, among crustaceans, the

cyclopoid copepod Thermocyclops inversus and the cladoceran Moina micrura. The most

common rotifers are Brachionus falcatus, B. angularis, B. caudatus, Keratella cochlearis, K.

tropica and the exotic Kellicottia bostoniensis (Bezerra-Neto, 2001).

Materials and Methods

The data for this study were collected every month from October 1999 to September

2000 at its central region where it is 6.5 m deep. Chaoborus larvae and zooplankton were

collected at each meter of the water column during 11:00-13:00 hours as well as at night

(23:00-01:00 hours) with a 17 L Schindler-Patalas trap, equipped with a 60-µm mesh net. The

samples were preserved in the field using a 4% sugared, buffered formaldehyde solution

(Haney and Hall 1973).

In the laboratory, a known fraction of each sample was taken using a Hensel-Stempel

subsampler for subsequent counting under a Leica DMLB dissecting stereomicroscope.

Chaoborus larvae and low-density samples of copepods were counted in the whole sample,

Page 30: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

25

following McCauley (1984). Chaoborus instars were distinguished by differences in the head

capsule length (Table 1). We used only the densities of third and fourth instar larvae (samples

pooled) in the analyses, these instars being the main microcrustacean predators.

Thermocyclops inversus were separated into three developmental stages: nauplii, copepodites,

and adults.

To quantify the average depth of vertical distribution for copepod and Chaoborus, the

weighted mean depth (WMD) was calculated according to equation given in Frost and

Bollens (1992):

i

ii

n

dnWMD

where ni is density (number per liter) at depth di, which was taken to be the midpoint of each

depth stratum. For determining the presence or absence of DVM behavior, we compared day

and night vertical WMD by two-sample Kolmogorov-Smirnov non-parametric test statistic

(K-S test) that tests the null hypothesis of equal depth distributions. We considered DVM to

occur when the difference between day and night WMD was statistically significant, and then

the migratory amplitude (ΔZ) was calculated as the difference between mean daytime and

nighttime depths, with positive values indicating normal DVM, and negative values indicating

reverse DVM.

On each sampling occasion, water temperature and dissolved oxygen profiles were

measured at 1m-intervals along the water column, using a YSI-54A oxygen meter. Water

transparency was also recorded using a Secchi disk (25 cm diameter).

To understand the patchiness of predator and prey populations in the water column,

we calculated the overlap index between T. inversus and Chaoborus late instars using the

equation described by Williamson and Stoeckel (1990):

Page 31: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

26

m

z

m

z

izjz

m

z

izjz

ij

nN

mnN

O

1 1

1

)()(

)(

where z represents depth, m is number of depth points sampled, Njz is the density of

Chaoborus at a given depth and niz is the density of copepod at a given depth. Overlap index

<1 indicates spatial segregation between the copepod and Chaoborus. Overlap index =1

indicates that copepod and/or Chaoborus are uniformly distributed in the water column.

Overall index >1 indicates aggregation of the copepod and Chaoborus in certain strata of the

water column.

The relative importance of biotic and abiotic factors in determining the vertical

position of the T. inversus was evaluated through stepwise logistic regressions performed for

day and night samples. The weighted mean depths of the three life-history stages of the T.

inversus population were considered dependent variables. As independent variables, Secchi

depth was chosen as a measure of water transparency, the depth of < 1mg O2 l-1

was used to

assess the effects of oxygen depletion and the abundance, biomass and the weighted mean

depth of Chaoborus late instars were used as biotic variables. To obtain normality, weighted

mean depths of T. inversus and independent variables underwent log10 transformation.

Results

Seasonal variation of water temperature, transparency and DO

During the study period, Secchi-depth transparency varied between 0.30 and 1.40 m.

Water transparency was lower in the warm-wet season (November to April) whereas the cool-

dry season (May to August) exhibited the highest values of transparency, with averages of

0.40 m and 1.0 m Secchi depth for these seasons, respectively (Figure 1-A).

Page 32: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

27

Surface water temperature ranged from 23ºC to 27ºC in the warmer season and from

18.9ºC to 20.9ºC in the cooler season. The differences in temperature and oxygen

concentration between day and night were minimal. Thermal stratification was observed from

September 1999 to May 2000; the thermocline gradually became deeper until the water

column became thermally homogeneous in the winter (June and July, Figure 1-B). During the

thermal stratification period, a clinograde pattern of distribution of oxygen was detected with

the 1 mg O2 l-1

boundary below the thermocline depth (Figure 1-C).

Densities of Thermocyclops and Chaoborus in the reservoir

The zooplanktonic community of Nado Reservoir was dominated by a simple array of

species, most of them typical for eutrophic tropical freshwater. Thermocyclops inversus, Moina

micrura and Brachionus falcatus were the most abundant organisms. The population of T.

inversus exhibited their density minimum in January 2000 (38.3 x 103 ind.m

-2) and the

maximum in September 2000 (5.2 x 106 ind.m

-2) (Figure 2). Total larvae density of

Chaoborus varied from 525 to 35860 ind. m-2

with an average density of 8437 ± 7247 (SD)

ind. m-2

(Figure 2). The relative density of C. brasiliensis larvae from 1st, 2

nd 3

rd instars larvae

comprised on the average 7, 14, and 27% of the total population density of this dipteran,

respectively, and the rest was contributed by 4th

instar larvae.

DVM patterns and seasonal changes in the weighted mean depth of copepods

Changes in the vertical distribution patterns of developmental stages of T. inversus in

Nado Reservoir were clearly discernible throughout the sampling period (Figure 3). During

the summer stratification period, the relative abundance (percentage of total density in the

water column) of the population was higher in the upper water layers (ca. 2 m). In May, with

the downward sinking of the thermocline, copepodites and adults also shifted to deeper layers.

Page 33: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

28

The animals avoided the surface layers during the day time but moved back towards upper

water layers at night, while peaks in abundance of nauplii were found in deeper waters both

during day and at night.

There was a high, seasonal variability in daytime and nighttime weighted mean depths

(DVM) among the different developmental stages of T. inversus (Fig. 4). Nauplii showed

migration behavior only in November, February/99, and July/00 when day-night significant

differences in vertical distribution were detected (p<0.05, K-S test). In contrast, the mean

depth of copepodites was significantly shallower at night than during the day (p<0.05, K-S

test) during all year, except in December 1999 and March 2000. The adult performed DVM

more frequently and strongly than copepodites and nauplii, with day-night significant

differences (p<0.05, K-S test) throughout the study period, except in December 1999 when

they were found in the same layer during both day and night. The DVM behavior of T.

inversus displayed a clear ontogenetic trend, with the amplitude of DVM increasing with the

age of the organism, and ranging from 0.4 to 0.8 m for nauplii, 0.4 to 1.2 m for copepodite

and 1.1 to 2.1 m for adults.

The effect of oxygen gradient and invertebrates predators on copepod depth distribution

The behavioral strategy of T. inversus relative to depth and oxygen gradient became

apparent when the WMDs and associated oxygen concentrations were considered together

(Figure 5). In the daytime, there was a progression of the WMD and oxygen levels inhabited

by the different developmental stages. Nauplii were distributed at significantly shallower

depths where oxygen was higher (paired t-test, p<0.05) than the depth copepodites and adults.

The mean WMDs for nauplii, copepodites and adults were 2.66, 2.95 and 3.02 m, where mean

oxygen values were 1.16, 0.74 and 0.81 mg O2 l-1

, respectively (Figure 5). At night, the trend

was reversed, with adults concentrated significantly in the upper and oxygenated waters

Page 34: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

29

(paired t-test, p<0.05), while copepodites and nauplii were located at deeper and hypoxic

layers. The mean WMDs were 2.39 for nauplii, 2.18 for copepodites and 1.82 m for adults,

with mean oxygen values at these depths of 1.44, 1.67 and 3.20 mg O2 l-1

, respectively (Figure

5).

In order to test the environmental variables that influenced most significantly the

distribution patterns of T. inversus, a series of stepwise logistic regressions were carried out.

The analyses revealed that only the layers with low oxygen levels (< 1mg O2 l-1

– ZO2) and

WMD of Chaoborus – as independent variables – significantly and differentially influenced

the vertical position (WMD) of the population of T. inversus by day and at night (Table 2).

Transparency (Secchi depth) never met the significance criteria to be included in the models.

The depth of nauplii, copepodites and adults during the day increased significantly with

increasing depth of anoxic water, with R2 values of 0.81, 0.79 and 0.73, respectively (Table

2). At night, the nauplii WMD was also predominantly influenced by oxygen depletion

(R2=0.85), while copepodites and adults were significantly and positively affected only by

WMD of Chaoborus, with R2 values of 0.78 and 0.77, respectively (Table 2).

The weighted mean depths of the Chaoborus and life history stages of T. inversus over

time for both day and night distributions are shown in Figure 6. Chaoborus exhibited normal

vertical migration (up at night, down during the day). During the daytime, Chaoborus late

instars were scarce or absent in the upper 4 m from September to April, and virtually

disappeared from the water column during the dry season (May to August). The result was a

minimal overlap between Chaoborus and T. inversus during the day and a variable one at

night (Figure 6). The mean daytime overlap values for the nauplii, copepodite and adult with

Chaoborus were 0.34, 0.32 and 0.50, respectively. Thus, T. inversus population was

segregated from Chaoborus during daytime in the study period. At night, the mean nighttime

overlap values were 1.48, 1.34 and 1.15 for nauplii, copepodite and adult, respectively,

Page 35: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

30

indicating that copepod and/or Chaoborus were almost uniformly distributed in the water

column. If T. inversus did not perform DVM, except nauplii, the predator-prey overlap values

would be significantly greater (paired t-test, p<0.05) than the actual observed night

distribution of predator and prey. The mean ―without DVM‖ nighttime overlap values would

be of 1.51, 1.77 and 1.71 for nauplii, copepodite and adult, respectively.

Discussion

The data on the diurnal vertical distribution of T. inversus in Nado Reservoir provide

evidence that this population performs diel vertical migration as a specific kind of depth-

selection behavior. This statement is based on the significant differences detected between

day and night vertical distributions. The migratory behavior of T. inversus can be

characterized as normal vertical migration, with individuals ascending at dusk and a

descending at dawn. The observed ontogenetic differences in the DVM behavior of T.

inversus, confirm previous investigations concerning ontogenetic differences in migration of

copepods (Taleb et al. 1992; Andersen et al. 2001; Makino et al. 2003; Irigoien et al. 2004;

Perticarrari et al. 2004). In Nado Reservoir, nauplii practically did not migrate, whereas

copepodite and adults did show a distinct migration. Such differences have generally been

attributed to large individuals, which being more conspicuous and, therefore more susceptible

to visual predators, migrate to avoid being predated (Neill 1990).

Our work demonstrates that DVM occur during all year around in Nado Reservoir.

The majority of the studies dealing with vertical migration of freshwater (e.g., Vuorinen et al.

1999; Gilbert and Hampton 2001; Winder et al. 2003; Chang and Hanazato 2004) and marine

copepods (e.g., Andersen et al. 2001; Yoshida et al. 2004) dot not shown the same pattern.

However, seasonal variation was observed in the depth-selection behavior of T. inversus in

the study period. The depth of vertical distribution is lesser during the period of marked

Page 36: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

31

stratification (October-April), but increases during the circulation period (June-September)

(Figure 4). The environmental changes in the water column during the winter season

(circulation period from June to September) seems to be responsible for this trend. During

this period, the upper layer is illuminated, the whole water column is oxygenated, and the

copepod have only the darkness as a refuge zone. Consequently, day and night differences

increase or, in other words, the amplitude of the vertical migration increases during the

circulation period.

Our results indicate that the weighted mean depth (WMD) of different

developmental stages of T. inversus correlate directly with depth of 1mg O2 l-1

and with the

WMD of Chaoborus larvae (Tab. 2). While Wissel and Ramcharan (2003) suggest that the

water transparency is the dominant factor affecting the daytime position for copepods our data

show that, on a yearly basis, the oxygen concentration is the most important factor influencing

the vertical position of the studied copepod population. However, as our study explores the

seasonal variation in the depth distribution of copepods, the role of light on a diurnal basis in

this environment is not completely understood. Apparently, a decrease oxygen concentration

with depth has an overriding influence on the changes transparency with depth in our

reservoir. Besides, considering the correlation between WMD of copepods and WMD of

Chaoborus larvae, the results here presented are both intriguing and interesting because they

suggest that DVM of T. inversus is triggered by the positioning of Chaoborus III and IV

instars in the water column (Table 3). Irigoien et al. (2004), studying the DVM of the marine

copepods Calanus spp and Pseudocalanus elongates in the central and coastal Irish Sea,

reported similar results. They stated that Calanus spp and P. elongates appear to sense the

position of the invertebrate predator chaetognaths in the water column, possibly using

chemical cues, and adapt the amplitude and direction of their DVM accordingly.

Page 37: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

32

Despite the absence of information on the abundance and the spatial distribution of

fish populations, the migratory behaviors of both Chaoborus and the copepod T. inversus

populations indicate that fish may play an important role in structuring the zooplanktonic

community in the Nado Reservoir. The copepods seem to be continuously exposed to

predation risks but can manage to escape through changes in habitat selection by DVM.

Thermocyclops inversus spends daytime hours well beneath the aerated surface layers of the

reservoir while Chaoborus population is at or near the bottom. At night, these copepods

ascend to superficial waters to escape from predation by Chaoborus. Our work provides

evidence that the day-night vertical displacement of copepods in the water column is an

important predator avoidance strategy since it reduces the spatial overlap between prey (T.

inversus) and its potential predator (Chaoborus) (Figure 6).

Some studies have demonstrated that fish predation could cause the copepods to

descend to deeper layers during the day, while the presence of Chaoborus could lead the

copepods to ascend to upper layers at night (Taleb et al. 1992; Boeing et al. 2004). The depth-

selection behavior of the copepod Acanthodiaptomus denticornis in Lake Aydat (France)

observed by Taleb et al. (1992) is in accord with our field study. These authors concluded that

the zooplankton growing in waters where both fish and Chaoborus are present simultaneously

has to compromise between avoidance of: (a) the lighted and oxygenated surface water during

the day to diminish predation by foraging fish predators, and (b) the hypolimnion at night

when Chaoborus migrates out of the sediment.

The effect of the simultaneous presence multiple predators was also analyzed by

Relyea (2003), who based on experimental field studies, the prey responds to the more risky

of the two predator types. Thus, the optimal ―decision rule‖ might be an intermediate strategy

that balances the relative risk of the two predators. Otherwise, as Boeing et al. (2004) suggest,

the zooplankton under the simultaneous, size selective pressures will be confined to a narrow

Page 38: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

33

water layer to minimize the risk of predation. In Nado Reservoir, the day and night vertical

distribution of T. inversus is restricted by the two predators – fish and Chaoborus – and

consequently its vertical position is concentrated in the metalimnetic layers (the narrow water

layer as above described for Boeing et al. (2004)).

In conclusion, our results show that T. inversus exhibit normal DVM and can tolerate

low levels of oxygen during daylight time during practically all year. These results emphasize

the importance of anoxic layers as a refuge against vertebrate predators in eutrophic systems.

This study also provided evidence of the major function of invertebrate predation for

maintaining the vertical patterns of distribution of a dominant copepod population in a

tropical and shallow reservoir.

Acknowledgements

The authors wish to thank the Municipality of Belo Horizonte and specially to the

employees of Parque Lagoa do Nado for their collaboration; to Laura Rull del Aguila and

Daniel Peifer Bezerra for the valuable help during the field work; to Adso Santana and J. W.

Reid for their taxonomic assistance; to CNPq for the fellowship to J.F.B.N. during his PhD

degree (Nº 140486/2002-0).

References

Andersen V, Gubanova A, Nival P and Ruellet T (2001) Zooplankton community during the

transition from spring bloom to oligotrophy in the open NW Mediterranean and effects of

wind events. 2. Vertical distributions and migrations. J. Plankton Res. 23: 243-261.

Arcifa MS (2000) Feeding habits of Chaoboridae larvae in a tropical Brazilian reservoir. Rev.

Bras. Biol. 60: 152-159.

Page 39: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

34

Bezerra-Neto JF (2001) A influência da larva de Chaoborus (Insecta: Diptera) na distribuição

espacial da comunidade zooplanctônica na Lagoa do Nado, Belo Horizonte – MG. Belo

Horizonte, UFMG, 200p. (Msc. Dissertation).

Boeing WJ, Leech DM, Williamson CE, Cooke S and Torres L (2004) Damaging UV

radiation and invertebrate predation: conflicting selective pressures for zooplankton

vertical distribution in the water column of low DOC lakes. Oecologia 138: 603-612.

Chang KH and Hanazato T (2004) Diel vertical migrations of invertebrate predators

(Leptodora kindtii, Thermocyclops taihokuensis, and Mesocyclops sp.) in a shallow,

eutrophic lake. Hydrobiologia 528: 249-259.

Davis JC (1975) Minimal dissolved oxygen requirements of aquatic life with emphasis on

Canadian species: a review. J. Fish. Res. Bd. Can. 32: 2295-2332.

Dawidowicz P, Pijanowska J and Ciechomski K (1990) Vertical migration of Chaoborus

larvae is induced by the presence of fish. Limnol. Oceanogr. 35: 1631-1637.

Ferreira WP (1992) Atlas Nacional do Brasil, IBGE – Rio de Janeiro. 42 p.

Frost BW and Bollens SM (1992) Variability of diel vertical migration in the marine

planktonic copepod Pseudocalanus newmani in relation to its predators. Can. J. Fish.

Aquat. Sci. 49: 1137-1141.

Gilbert JJ and Hampton SE (2001) Diel vertical migrations of zooplankton in a shallow,

fishless pond: a possible avoidance-response cascade induced by notonectids. Freshwat.

Biol. 46: 611-621.

Gliwicz ZM, Biernacka A, Pijanowska J and Korsak R (2000) Ontogenetic shifts in the

migratory behavior of Chaoborus flavicans MEIGEN: field and experimental evidences.

Arch. Hydrobiol. 149: 193-212.

González MJ (1998) Spatial segregation between rotifers and cladocerans mediated by

Chaoborus. Hydrobiologia, 387/388: 426-436.

Page 40: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

35

Hanazato T and Yasuno M (1989) Zooplankton community structure driven by vertebrate and

invertebrate predators. Oecologia 81: 450-458.

Hanazato T, Yasuno M and Hosomi M (1989) Significance of a low oxygen layer for a

Daphnia population in Lake Yunoko, Japan. Hydrobiologia 185: 19-27.

Haney JF and Hall DJ (1973) Sugar-coated Daphnia: a preservation technique for Cladocera.

Limnol. Oceanogr. 18: 331-333.

Haney JF (1993) Environmental control of diel vertical migration behaviour. Arch.

Hydrobiol. Beih. Ergeb. Limnol. 39, 1–17.

Horppila J, Malinen T, Nurminen L, Tallberg P and Vinni M (2000) A metalimnetic oxygen

minimum indirectly contributing to the low biomass of cladocerans in Lake Hiidenvesi – a

diurnal study on the refuge effect. Hydrobiologia 436: 81-90.

Irigoien X, Conway DVP and Harris RP (2004) Flexible diel vertical migration behaviour of

zooplankton in the Irish Sea. Marine Ecol. Progr. Ser. 267: 85-97.

Lampert W (1993) Ultimate causes of diel vertical migration of zooplankton: new evidence

for the predator-avoidance hypothesis. Arch. Hydrobiol. Beih. Ergeb. Limnol. 39, 79–88.

Lass S, Boersma M and Spaak P (2000) How do migrating daphnids cope with fish predation

risk in the epilimnion under anoxic conditions in the hypolimnion? J. Plankton Res. 22:

1411-1418.

Leibold MA (1990) Resources and predation can affect the vertical distribution of

zooplankton. Limnol. Oceanogr. 35: 938-944.

Luecke C (1986) A change in the pattern of vertical migration of Chaoborus flavicans after

introduction of trout. J. Plankton Res. 8: 649-657.

Makino W, Yoshida T, Sakano H and Ban S (2003) Stay cool: habitat selection of a cyclopoid

copepod in a north temperate oligotrophic lake. Freshwat. Biol. 48: 1551-1562.

Page 41: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

36

McCauley E (1984) The estimation of the abundance and biomass of zooplankton in samples.

In: Downing, JA and Rigler AJ (eds.), A Manual on Methods for the Assessment of

Secondary Productivity in Fresh Waters (pp. 228-265). Blackwell Scientific Publishers,

London.

McQueen DJ, Ramcharan CW, Demers E, Yan ND, Conforti LM and Perez-Fuentetaja A

(1999) Chaoborus behavioral responses to changes in fish density. Arch. Hydrobiol. 145:

165-179.

Neill WE (1990) Induced vertical migration in copepods as a defense against invertebrate

predation. Nature 345: 524-526.

Pearre S (2003) Eat and run? The hunger / satiation hypothesis in vertical migration: history,

evidence and consequences. Biological Reviews 78: 1-79.

Perticarrari A, Arcifa MS and Rodrigues RA (2004) Diel vertical migration of copepods in a

Brazilian lake: a mechanism for decreasing risk of Chaoborus predation? Braz. J. Biol. 64:

289-298.

Relyea RA (2003) How prey respond to combined predators: A review and an empirical test.

Ecology 84: 1827-1839.

Rine HE and Kesler DH (2001) A long-term study of larval Chaoborus punctipennis (Diptera

: Insecta) vertical migration and the role of critical oxygen concentration. J. Freshwat.

Ecol. 16: 145-150.

Ringelberg J and Van Gool E (2003) On the combined analysis of proximate and ultimate

aspects in diel vertical migration (DVM) research. Hydrobiologia 491: 85-90.

Taleb H, Lair N and Jamet JL (1992) Estival diel vertical migration of Acanthodiaptomus

denticornis (Wierzejski, 1887) (Calanoida: Copepoda) in a eutrophic lake of temperate

zone. Annal. Sci. Nat. 13: 149-156.

Page 42: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

37

Tessier AJ and Welser J (1991) Cladoceran assemblages, seasonal succession and the

importance of a hypolimnetic refuge. Freshwat. Biol. 25: 85-93.

Vuorinen I, Kurki H, Bosma E, Kalangali A, Mölsä H and Lindquist OV (1999) Vertical

distribution and migration of pelagic Copepoda in Lake Tanganyka. Hydrobiologia 407:

115-121.

Williamson CE and Stoeckel ME (1990) Estimating predation risk in zooplankton

communities: the importance of vertical overlap. Hydrobiologia 198: 125-131.

Winder M, Buergi HR and Spaak P (2003) Seasonal vertical distribution of phytoplankton and

copepod species in a high-mountain lake. Arch. Hidrobiol. 158: 197-213.

Wissel B and Ramcharan CW (2003) Plasticity of vertical distribution of crustacean

zooplankton in lakes with varying levels of water colour. J. Plankton Res. 25: 1047-1057.

Wright D and Shapiro J (1990) Refuge availability: a key to understand the summer

disappearance of Daphnia. Freshwat. Biol. 24: 43-62.

Xie P, Iwakuma T and Fujii K (1998) Studies on the biology of Chaoborus flavicans (Meigen)

in a fish-free eutrophic pond, Japan. Hydrobiologia 368: 83-90.

Yan, ND, Keller W, MacIsaac HJ and McEachren, LJ (1991) Regulation of zooplankton

community of an acidic lake by Chaoborus. Ecol. Applicat 1: 52-65.

Yoshida T, Toda T, Kuwahara S, Taguchi S and Othman BHR (2004) Rapid response to

changing light environments of the calanoid copepod Calanus sinicus. Marine Biology

145: 505-513.

Zaret TM, Suffern JS (1976) Vertical migration in zooplankton as a predator avoidance

mechanism. Limnol. Oceanogr. 21: 804-813.

Page 43: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

38

Table and figure captions

Table 2 – Multiple linear regressions summary for Thermocyclops inversus (nauplii,

copepodite and adult) weighted mean depth (WMD) using combined samplings daytime and

nighttime dates.

Figure 1 – Secchi depth in meters (A) and daytime isopleths plot of water temperature in ºC

(B) and dissolved oxygen in mg O2 L-1

(C) in the Nado Reservoir during the study year (1999

– 2000).

Figure 2 – Seasonal variation of Chaoborus brasiliensis (A), and total copepod population

density (B), in Lagoa do Nado throughout 1999 and 2000. Note the difference of scale

between graphs.

Figure 3 – Vertical distribution of relative abundance (%) of Thermocyclops inversus in each

developmental stage: A- nauplii, B – copepodite and C – adult, during daytime (shaded) and

nighttime (filled) in the Nado Reservoir, from October 1999 to September 2000.

Figure 4 – Weighted mean depth (WMD) of Thermocyclops inversus (nauplii, copepodite and

adult) during the day (open circles) and night (closed circles) in the Nado Reservoir, from

October 1999 to September 2000. Asterisks indicate significant differences between day and

night.

Figure 5 – Daytime (open) and nighttime (closed) weighted mean depth of each life stage

(different symbols) of Thermocyclops inversus versus the oxygen at that WMD.

Figure 6 – Weighted mean depth (WMD) of predator Chaoborus (day, open diamonds; night,

closed diamonds) and prey (Thermocyclops inversus – day, open circles; night, closed circles)

in the Nado Reservoir during the study year (1999 – 2000). Isopleths indicates the depth of 1

mg O2 L-1

.

Page 44: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

39

Table 1

Head length (µm)

Instar

n

Intervals

Mean

Standard

deviation

C V (%)

1st 186 100 – 210 159 23 12

2nd

563 220 – 360 259 22 8

3rd

647 370 – 540 437 25 7

4th

724 560 – 860 697 35 4

Page 45: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

40

Table 2

Stage Model R2

DAY

Nauplii LOG WMD = 0.218 + 0.518 LOG ZO2 day

(<0.0001) 0.81

Copepodite LOG WMD = 0.263 + 0.528 LOG ZO2 day

(0.0001) 0.79

Adult LOG WMD = 0.303 + 0.486 LOG ZO2 day

(<0.0001) 0.73

NIGHT

Nauplii LOG WMD = 0.235 + 0.447 LOG ZO2 night

(<0.0001) 0.85

Copepodite LOG WMD = -0.05 + 0.877 LOG WMD CHAOnight

(0.0012) 0.78

Adult LOG WMD = -0.012 + 0.60 LOG WMD CHAOnight

(<0.0001) 0.77

Page 46: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

41

O N D J F M A M J J A S OD

ep

th (

m) 0,5

1,0

1,5

2,0

6

5

4

3

2

1

0

De

pth

(m

)

6

5

4

3

2

1

0

De

pth

(m

)

O N D J F M A M J J A S O

1999 2000

A

B

C

0.5

1.5

2.0

De

pth

(m

)

Figure 1

Page 47: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

42

O N D J F M A M J J A S

Density (

x10

6 ind. m

-2)

1

2

3

4

5

6

10

20

30

40

Density (

x10

3 ind. m

-2) A

B

1999 2000

Figure 2

Page 48: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

43

JulJunMay

0 25 50 750255075

SepApr

0

1

2

3

4

5

6

0255075

JanDecNov

0 25 50 75

0 25 50 750255075

Sep

MarOct

0

1

2

3

4

5

6

Jul

0 25 50 75

JunMay

0255075

SepApr

De

pth

(m

)

0

1

2

3

4

5

6

FebJanDecNov

0255075

Oct

0

1

2

3

4

5

6

Aug

Aug

JanDec

0 25 50 75

Nov

0255075

Relative abundance (%)

Oct

De

pth

(m

)

0

1

2

3

4

5

6

MarFeb

DayNight

July

JunMay

DayNight

Feb

Jul

0 25 50 75

Mar

Day

Night

2000

1999

2000

1999

2000

1999

Apr

De

pth

(m

)

0

1

2

3

4

5

6

A - Nauplii

B - Copepodite

Aug

C - Adult

Figure 3

Page 49: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

44

Nauplii

0

1

2

3

4

5

6

Copepodite

Depth

(m

)

0

1

2

3

4

5

6

Adult

1999 2000

O N D J F M A M J J A S O

0

1

2

3

4

5

6

* * *

* * *** * * * * *

* * *** * * * * **

Figure 4

Page 50: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

45

Mean ± SE

Oxygen at MWD (mg.l-1)

0 1 2 3 4

Me

an

we

igh

ted d

epth

(m

)

Nauplii / day

Copepodite / day

Adult / day

Adult / night

Copepodite / night

Nauplii / night

4.0

3.6

3.2

2.8

2.4

2.0

1.6

1.2

Figure 5

Page 51: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

46

O N D J F M A M J J A S

1

2

3

4

5

6

Depth

(m

)

1

2

3

4

5

6

A - nauplii x Chaoborus

1

2

3

4

5

6

B - copepodite x Chaoborus

C- adult x Chaoborus

1999 2000

Figure 6

Page 52: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

47

Capítulo 2

A propagação da migração vertical diária através da cadeia

trófica aquática: evidências de campo da hipótese da cascata

comportamental

BEZERRA-NETO, J. F.; PINTO-COELHO, R. M.; MELLO, N. A. S. T.; MAIA-BARBOSA,

P. M. & BARBOSA, F. A. R.

Formatado segundo as normas da revista Acta Limnologica Brasiliensia

Page 53: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

48

A propagação da migração vertical diária através da cadeia

trófica aquática: evidências de campo da hipótese da cascata

comportamental

BEZERRA-NETO, J. F.1; PINTO-COELHO, R. M.

2; MELLO, N. A. S. T.

3; MAIA-

BARBOSA3, P. M. & BARBOSA, F. A. R.

4

1 Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre, ICB,

Universidade Federal de Minas Gerais, CP 486, 31270-901, Belo Horizonte, Minas Gerais,

Brasil. E-mail: [email protected]

2 Laboratório de Gestão de Reservatórios Tropicais, Depto. Biologia Geral, ICB,

Universidade Federal de Minas Gerais, CP 486, 31270-901, Belo Horizonte, Minas Gerais,

Brasil. E-mail: [email protected]

3 Laboratório de Ecologia do Zooplâncton, Departamento de Biologia Geral, Universidade

Federal de Minas Gerais. CP 486, 31270-901, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. E-mail:

[email protected]

4 Laboratório de Limnologia, Departamento de Biologia Geral, Universidade Federal de

Minas Gerais. CP 486, 31270-901, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. E-mail:

[email protected]

Page 54: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

49

ABSTRACT: The propagation of the diel vertical migration through aquatic food web:

field evidence of the behavioral cascade hypothesis. The present study it aimed to examine

the day-night vertical distribution of the zooplanktonic communities in the Lagoa do Nado

(Belo Horizonte, MG) and in the Carioca Lake (PERD, MG). In these environments, although

the similarity of the planktonic communities, the fish fauna presents high differences, being

predominantly piscivore in the Carioca Lake and planktivore/omnivore in the Lagoa do Nado.

We tested if the migratory behavior of the zooplanktonic populations in these environments

would be related with the type of the top predator and if the theory of the behavioral cascade

could be applied to explain the migratory behavior of the studied communities. The vertical

distribution of the zooplankton was examined at the noon and at midnight, in the periods of

April and July/August of 2003 for the studied lakes, using a Schindler-Patalas trap. In the

Lagoa do Nado, the larvae of the invertebrate predator Chaoborus presented a clear migratory

behavior, remaining in the hypolimnion during the daylight and migrating for the surface

during the night. The same migratory behavior was observed for the rotifers and the

population of copepod Thermocyclops inversus, dominant taxon in this environment. In the

Carioca Lake, the Chaoborus larvae did not present migratory behavior and was found

practically occupying the entire water column in the day and during the night. The same being

evidenced for the rotifers and the population of copepod T. minutus, potential preys of

Chaoborus larvae in this environment. The data had shown that, in the Lagoa do Nado, where

it has the presence of the planktivorous/omnivore fish, the diurnal vertical migration (DVM)

propagated through the different trophic levels, configuring what has been assigned as

behavioral interactions in cascade. In the Carioca Lake, in turn, due to almost absence of

vertebrate predators of zooplankton, the occurrence of the DVM in all planktonic community

was not evidenced, suggesting the importance of the trophic relations in the development of

this behavior.

Page 55: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

50

Key words: diel vertical migration, rotifers, Chaoborus, cyclopoid copepods, behavioral

cascade

RESUMO: A propagação da migração vertical diária através da cadeia trófica aquática:

evidências de campo da hipótese da cascata comportamental. O presente estudo visou

examinar a distribuição vertical dia-noite das comunidades zooplanctônicas na Lagoa do

Nado (Belo Horizonte, MG) e na lagoa Carioca (PERD, MG). Nestes ambientes, apesar da

similaridade das comunidades planctônicas, a fauna íctica apresenta diferenças marcantes,

sendo predominantemente piscívora na lagoa Carioca e planctívora/onívora na Lagoa do

Nado. Nós testamos se o comportamento migratório das populações zooplanctônicas nestes

ambientes estaria relacionado com o tipo do predador de topo e se a teoria da cascata

comportamental poderia ser aplicada para explicar o comportamento migratório das

comunidades estudadas. A distribuição vertical dos organismos zooplanctônicos foi

examinada ao meio-dia e à meia-noite, nos períodos de abril e julho/agosto de 2003 para os

lagos estudados, utilizando-se uma armadilha Schindler-Patalas. Na Lagoa do Nado, a larva

do predador invertebrado Chaoborus apresentou um comportamento migratório bem nítido,

permanecendo no hipolímnio durante o período diurno e migrando para a superfície durante a

noite. Mesmo comportamento migratório foi observado para os rotíferos e a população do

copépodo Thermocyclops inversus, táxon dominante neste ambiente. Já na Lagoa Carioca, as

larvas de Chaoborus foram encontradas em toda a coluna de água tanto durante o dia quanto

durante a noite e não apresentaram comportamento migratório típico. O mesmo sendo

evidenciado para os rotíferos e a população do copépodo T. minutus, presas potenciais da

larva de Chaoborus neste ambiente. O estudo mostrou que, na Lagoa do Nado, onde há a

presença dos peixes planctívoros/onívoros, a migração vertical diurna (MVD) se propagou

através dos diferentes níveis tróficos, configurando o que diversos pesquisadores designaram

Page 56: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

51

como interações comportamentais em cascata. Na lagoa Carioca, por sua vez, devido à quase

ausência de predadores vertebrados de zooplâncton, não foi evidenciada a ocorrência da MVD

em toda comunidade planctônica, evidenciando a importância das relações tróficas no

desenvolvimento deste comportamento.

Palavras-chave: migração vertical diária, rotíferos, Chaoborus, copépodos ciclopóides,

cascata de comportamento.

Introdução

A migração vertical diurna (MVD) é um fenômeno bem conhecido, realizado por

diversas espécies zooplanctônicas em ecossistemas marinhos e de água doce (Pearre, 2003).

No comportamento de MVD mais típico, também chamado MVD normal, o zooplâncton

permanece nos estratos superiores de um lago (epilímnio) durante a noite, migrando durante o

dia em direção às camadas mais frias e escuras (hipolímnio). Muitas hipóteses têm sido

propostas para explicar o significado funcional da MVD. Algumas têm sugerido que o

zooplâncton que se alimenta nas águas superficiais, mais quentes e gastam uma parte de seu

tempo nas camadas mais frias e profundas deveriam mostrar um aumento na eficiência

metabólica (Enright & Honegger, 1977). Entretanto, uma revisão recente da literatura mostrou

que existem poucas evidências que suportam esta hipótese (Hayes, 2003). Atualmente a

hipótese mais aceita é aquela que diz que o zooplâncton desenvolve MVD na tentativa de

diminuir o risco de predação, sendo suportada por inúmeros trabalhos observacionais e

experimentais (Zaret & Suffern 1976; Dodson, 1988; Lampert, 1989; Ringelberg, 1999).

A predação representa uma força seletiva importante sobre o comportamento e muitas

espécies respondem a estímulos ambientais (p.ex., mudanças nos níveis de luminosidade), de

maneira a reduzir a sobreposição espacial com os predadores visuais (Ringelberg, 1999). Mais

Page 57: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

52

recentemente, pesquisadores observaram que determinadas espécies podem perceber a

presença de predadores, frequentemente através de sinais químicos (queromônios) e mudar a

amplitude da migração de uma maneira adaptativa visando aumentar o seu ―fitness‖ (Leibold,

1990; Neill, 1990; Loose & Dawidowicz, 1994, Nesbitt et al., 1996, Tollrian & Harvell 1999).

Assim, não somente o comportamento tem sido selecionado de modo a reduzir a predação,

mas também o comportamento pode ser modificado dependendo de mudanças de curto prazo

no risco de predação.

Quando os organismos zooplanctônicos respondem aos predadores pela modificação

de seu comportamento (Pangle et al., 2007) e outros caracteres fenotípicos (p.ex. morfologia,

Peacor & Werner, 1997) visando reduzir o risco de predação, isto pode ser considerado uma

interação indireta (não letal) entre os predadores e suas presas. Se as interações indiretas de

comportamento de uma categoria de tamanho (predador) afetam o comportamento de grupos

de menor tamanho (presas) e se estas presas forem predadores importantes de organismos

menores, pode ocorrer o que Romare & Hansson (2003) chamaram de uma ―cascata de

comportamento‖. Segundo estes autores, da mesma forma que os efeitos diretos (letais) das

interações predador-presa propagam-se através das cadeias tróficas (teoria da cascata trófica,

Carpenter et al., 1985), na ―cascata do comportamento‖, as respostas comportamentais

indiretas (não letais) induzidas pela presença de um predador de topo podem ser transmitidas

para os níveis tróficos abaixo. Tais interações comportamentais seriam potencialmente

importantes, devido ao fato que os ajustes comportamentais ocorreriam muito rapidamente e

seus resultados poderiam ser superiores aos efeitos puramente numéricos (abundância de

espécies de níveis tróficos inferiores).

Um predador induzindo a mudança de hábitat de sua presa é talvez o mecanismo mais

comum nas interações indiretas de comportamento em cascata (Trussell et al., 2006). Tais

mudanças são provavelmente governadas pela relação custo-benefício (―tradeoffs‖) entre o

Page 58: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

53

forrageio e o risco de predação. Um exemplo desta ―cascata de comportamento‖ seria através

do comportamento de migração vertical diurna (MVD) em comunidades aquáticas.

A maior parte dos estudos comportamentais tem sido conduzida em experimentos de

laboratório de curta duração ou experimentos em mesocosmos ou enclosures (Lima, 1998) e,

portanto, estudos conduzidos no campo são necessários para referendar os achados obtidos em

pequenas escalas (Carpenter, 1996). Nosso estudo busca conduzir uma análise detalhada da

distribuição vertical dia-noite das comunidades zooplanctônicas em dois corpos de água

tropicais, a Lagoa do Nado (Belo Horizonte, MG), um reservatório tropical urbano e a lagoa

Carioca, um lago natural localizado no Parque Estadual do Rio Doce, Minas Gerais. Nestes

ambientes, existem semelhanças entre as comunidades planctônicas com a predominância de

pequenos taxa (rotíferos) e dominância de apenas uma espécie de copépodo em cada ambiente

– Thermocyclops inversus e T. minutus na Lagoa do Nado e na lagoa Carioca,

respectivamente. Além disso, nos ambientes estudados encontramos populações da larva do

predador invertebrado Chaoborus (Diptera, Chaoboridae), existindo também grandes

diferenças nas comunidades ícticas destes ambientes. No reservatório do Nado, a fauna íctica

é representada principalmente pelo exótico africano Tilapia rendalli (tilápia) e outros tais

como: Geophagus brasiliensis (cará), Astyanax spp (lambari), Poecilia sp (barrigudinho) e o

predador Hoplias malabaricus (traíra). Já na lagoa Carioca encontramos a ictiofauna

dominada por piscívoros alóctones introduzidos, principalmente Cichla cf. ocellaris

(tucunaré) e Pygocentrus natterei (piranha) (Latini et al., 2004). A hipótese a ser testada no

presente estudo pressupõe que, apesar da semelhança estrutural da comunidade

zooplanctônica entre a Lagoa do Nado e a lagoa Carioca, o padrão de MVD desenvolvido

pelo zooplâncton nestes ambientes seria diverso, refletindo as diferentes interações

comportamentais presa-predador entre estes dois sistemas. Especificamente, nós (a)

comparamos o comportamento migratório das populações zooplanctônicas entre os ambientes

Page 59: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

54

estudados; (b) investigamos se os padrões de MVD encontrados estariam relacionados com o

tipo do predador de topo (vertebrado, invertebrado ou ambos) e (c) avaliamos se a teoria da

―cascata comportamental‖ (sensu Romare & Hansson, 2003) poderia ser aplicada nestes

sistemas para explicar o padrão de MVD das diferentes comunidades estudadas.

Áreas de Estudo

A Lagoa do Nado (ponto central = 19º49’56‖S, 43º57’34‖W), é um pequeno

reservatório localizado no Parque municipal Lagoa do Nado, no município de Belo Horizonte,

MG (Fig.1). Situado no centro de um pequeno vale, sendo rodeado em toda sua extensão por

vegetação secundária formada por árvores de grande porte (principalmente Eucalyptus spp.),

apresenta sua bacia de acumulação com formato cônico (Zmed : Zmax = 0,35), com uma

declividade linear ao longo de todo o terreno inundado. Foi formado pelo represamento da

água de três nascentes localizadas dentro da área do parque, sendo a sua saída de água

superficial e não manejada, não sofrendo qualquer oscilação de nível ao longo do ano. O

espelho d’água está a 770m de altitude, a área é de cerca 1,5 ha e a profundidade média de 2,7

m (Tabela I). Este reservatório meso-eutrófico (Bezerra-Neto & Pinto-Coelho, 2002)

desenvolve uma estratificação térmica estável que persiste de agosto a maio, apresentando

apenas um período de circulação durante o ano, em junho–julho. O epilímnio é bem

oxigenado, com o desenvolvimento de intensa anoxia no hipolímnio durante todo o período

de estratificação (Bezerra-Neto e Pinto-Coelho, 2004).

O Parque Estadual do Rio Doce (Fig. 2) constitui o maior remanescente do bioma

Mata Atlântica em Minas Gerais, totalizando 36.000 ha de florestas (5% do que havia

originalmente na região), rodeado por plantações de Eucalyptus spp, com os lagos ocupando

uma área de 3530 ha, correspondentes a 9,8% da sua área total (Barbosa, 1977). Na porção sul

do PERD, encontramos a lagoa Carioca (ponto central = 19º 45’S; 42º 37’W), objeto deste

Page 60: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

55

estudo (Fig. 2), lago natural circundado por floresta do tipo ―Mata Atlântica‖ e que tem como

principais características morfométricas: perímetro 1718,6 metros; área 13,8 ha; volume: 677

x 103 m

3; profundidade máxima e média: 11,8 e 4,9 m, respectivamente (Tabela I). Trata-se

de um lago mesotrófico e monomítico-quente, com um curto período de circulação durante o

inverno (junho a agosto), permanecendo estratificado durante o restante do ano (Henry &

Barbosa,1989).

Material e Métodos

Os dados para este estudo foram coletados em 2003 em dois períodos climáticos

distintos (outono e inverno): dias 16 de abril e 30 de julho para a lagoa Carioca e 29 de abril e

07 de agosto para a Lagoa do Nado. Procurou-se assim, analisar a distribuição vertical dos

organismos zooplanctônicos em duas datas diferentes para reduzir os efeitos dos fatores

ambientais sobre o comportamento dos organismos estudados. Em cada data amostral, a

temperatura da água e o oxigênio dissolvido foram medidos através de perfis verticais a cada

0,5 m ao longo da coluna de água, utilizando-se um oxímetro-termístor digital Yellow Springs

(modelo YSI 55). A radiação subaquática (radiação fotossinteticamente ativa, RFA, 400-700

nm) foi medida utilizando-se o radiômetro Li-Cor com sensor esférico (modelo LI 193; Li-

Cor Inc). Para a estimativa da biomassa das algas (medido como clorofila-a), amostras de

água foram coletadas a 100%, 10%, 1% e zona afótica, utilizando-se uma garrafa de Van

Dorn de 5 l. A clorofila-a, corrigida para feopigmentos, foi determinada pelo método

espectrofotométrico proposto por Lorenzen (1967). A extração do pigmento foi realizada

usando acetona 90% a frio como solvente orgânico, por 24 horas. As amostras foram

mantidas a -25 oC (freezer convencional) até o processamento (APHA, 2000).

Para a análise da distribuição vertical do zooplâncton, amostras foram tomadas a cada

metro da coluna de água durante o dia (11:00-13:00 horas) e noite (23:00-01:00 horas),

Page 61: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

56

utilizando-se uma armadilha acrílica do tipo Schindler-Patalas de 17 l, equipada com uma

rede de plâncton de 68 µm de abertura de malha. Para cada profundidade, amostras foram

coletadas de três diferentes pontos da zona limnética dos ambientes estudados. Na lagoa

Carioca e na Lagoa do Nado, os pontos escolhidos e marcados (bóias) localizavam-se na

região mais profunda destes ambientes (11,8 m e 6,5 m para a lagoa Carioca e Lagoa do

Nado, respectivamente). Após a filtragem, os organismos foram acondicionados em frascos

de polietileno de 300ml e corados pela adição do corante vital rosa de bengala. Transcorridos

dez minutos, a fixação foi realizada com uma solução de formalina com sacarose tamponada

no pH neutro com bórax para garantir uma concentração final de 4% (Haney and Hall 1973).

A identificação do zooplâncton foi realizada até o nível da espécie quando possível,

utilizando-se chaves taxonômicas e a partir de consultas à literatura especializada (Ruttner-

Kolisco, 1974; Rocha & Matsumura-tundisi, 1976; Koste, 1978; Sendacz & Kubo, 1982;

Matsumura-Tundisi & Rocha, 1983; Reid, 1985; Segers & Dumont, 1994; Elmoor-Loureiro,

1997).

Para a análise quantitativa, as amostras de zooplâncton foram contadas em sua

totalidade. Quando não era possível processar toda a amostra, sub-amostras foram contadas

em câmara de Sedgewick-Rafter sob microscópio binocular Leica DMLB. A sub-amostragem

foi realizada retirando-se alíquotas de 1 ml da amostra homogeneizada com o auxílio de uma

pipeta não-seletiva de Hensel-Stempel e visava alcançar o registro de, no mínimo, 250

indivíduos por amostra e um coeficiente de variação menor do que 0,20 entre as sub-amostras,

de acordo com as recomendações de McCauley (1984). Na contagem dos ciclopóides,

náuplios foram contados separadamente de copepoditos e adultos.

Todas as larvas de Chaoborus, coletadas conjuntamente com o zooplâncton, foram

contadas e medidas. As medições foram realizadas com auxílio de um microscópio

estereoscópico equipado com uma câmera de vídeo SONY-CCD conectado a um programa de

Page 62: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

57

análise de imagens digital (Scion Image – Scion Corporation). A determinação dos instares

larvais foi feita a partir do comprimento da cápsula cefálica (Bezerra-Neto, 2001).

Para a análise da distribuição vertical dos organismos coletados, a profundidade média

durante o dia e noite para cada população zooplanctônica foi calculada de acordo com a

equação da profundidade média ponderada (PMP) de Frost e Bollens (1992):

i

ii

n

dnPMP

Onde ni é a densidade (número por litro) da população i e di é a profundidade da

amostra i, sendo esta considerada como o ponto médio de cada estrato de profundidade. Os

dados de abundância total dos organismos na coluna de água foram integrados (ind. m-2

).

Como critério na determinação do comportamento de MVD, nós testamos (teste t bi-caudal)

as diferenças de média de PMPs entre o dia e a noite das populações estudadas. Nós

consideramos a ocorrência de MVD quando a diferença entre as médias de PMP dia e noite

mostrou-se estatisticamente significativa (p < 0,05). A amplitude da migração (ΔZ) foi

determinada pela diferença entre a PMP dia e de noite, com valores positivos indicando MVD

normal e valores negativos indicando MVD reversa.

Resultados

Variação nas condições ambientais

Os perfis verticais de temperatura, concentração de oxigênio, radiação RFA e

concentração de clorofila-a nas datas de amostragem são mostrados na Fig. 3 e 4 para a Lagoa

Carioca e Lagoa do Nado, respectivamente. A coluna de água da Lagoa Carioca estava

termicamente estratificada em abril e em julho estava levemente estratificada, mais fria e

oxigenada. A variação de temperatura da água na superfície foi de 28-29 o

C em abril e 23 oC

em julho de 2003. Houve pouca diferença de temperatura entre o dia e a noite (<2 oC) nas

Page 63: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

58

datas amostrais. Entretanto, houve uma grande diferença de temperatura entre a superfície e o

fundo (5 oC) em abril e uma pequena diferença em julho (2

oC) de 2003. Durante o dia e a

noite, as concentrações de oxigênio mostraram uma marcante diminuição com a profundidade

em abril, com baixas concentrações de oxigênio (<3 mg O2 l-1

) observadas a 5 e 6 m (Fig. 3).

Em julho, as concentrações de oxigênio também diminuíram com a profundidade, entretanto,

os valores de superfície (12-13 mg O2 l-1

) e de fundo (6-7 mg O2 l-1

) foram consideravelmente

maiores do que aqueles encontrados em abril. A profundidade de 1% do RFA (zona eufótica)

alcançou 4 m e 3m de profundidade em abril e julho, respectivamente. A concentração de

clorofila a mostrou uma distribuição não uniforme, com as maiores concentrações sendo

registradas abaixo da zona eufótica. Quando comparamos as concentrações entre os meses

estudados, destacam-se os valores médios na coluna de água registrados em julho (34 µg.l-1

),

três vezes superiores aos registrados em abril (11 µg.l-1

, Fig. 3).

A Lagoa do Nado apresentou estratificação térmica tanto em abril, quanto em agosto

de 2003. Em abril, o epilímnio tinha uma temperatura entre 24 – 25 oC e chegava a apenas 1

metro de profundidade, enquanto que em agosto de 2003, a camada de mistura estava a 20 –

22 oC e se estendia a 2 m de profundidade (Fig. 4). Da mesma forma do que na Lagoa

Carioca, houve pouca variação de temperatura entre o dia e a noite (< 2 oC) e a diferença de

temperatura entre a superfície e o fundo ficou na faixa de 3 oC para ambas datas amostrais.

Um padrão de distribuição de oxigênio do tipo clinogrado foi detectado na Lagoa do Nado em

abril e agosto de 2003, com o conteúdo de oxigênio reduzido a níveis próximos à anoxia no

hipolímnio (Fig. 4). A profundidade de 1% do RFA (zona eufótica) não variou, ficando em

2,5 m de profundidade tanto em abril quanto em agosto de 2003. A concentração de clorofila

a, diferentemente da Lagoa Carioca, apresentou picos de concentração (19 e 11 µg.l-1

em abril

e agosto, respectivamente) no limite entre o metalímnio e o hipolímnio do reservatório nos

dois períodos amostrais.

Page 64: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

59

Densidade dos organismos zooplanctônicas

O zooplâncton de zona limnética na Lagoa do Nado foi representado, nas amostras de

abril e agosto de 2003, por 18 espécies de rotíferos, uma espécie de copépodo ciclopóide

(Thermocyclops inversus) e uma espécie de cladócero (Daphnia ambigua, que apareceu

somente nas amostras de agosto de 2003, Tab. II). A densidade média integrada total da

população zooplanctônica da Lagoa do Nado variou de 6,3 x106 ind.m

-2 em abril a 7,9 x10

6

ind.m-2

em agosto de 2003 (média das densidades dia e noite, Tab. III). Em abril de 2003, os

rotíferos foram numericamente dominantes, representando 61,9% da densidade relativa média

no período, seguidos pelos copépodos ciclopóides com 38,1%. Já em agosto a situação se

inverteu, com a maior densidade média integrada sendo alcançada pelos copépodos

ciclopóides ou 67,7% dos organismos amostrados, seguido pelos rotíferos com 26,2% e

cladóceros representando 6,1%. A população de T. inversus na Lagoa do Nado foi dominada

numericamente pelo estágio naupliar, compreendendo 80,1% e 56,2% da densidade relativa

média dos copépodos para os meses de abril e agosto de 2003, respectivamente (Tab. III). Das

13 espécies de rotíferos coletadas em abril e 13 em agosto, somente Brachionus falcatus, B.

mirus, Keratella cochlearis e Kellicottia bostoniensis (abril) e K. tropica, Polyarthra sp. e K.

bostoniensis (agosto), foram considerados suficientemente abundantes (pelo menos 2% da

abundância total durante o período amostral) para serem incluídas nas análises.

As densidades médias integradas durante o dia e a noite dos diferentes táxons

analisados da Lagoa do Nado podem ser vistas na Figura 5. Em abril de 2003, diferenças

significativas no número de organismos entre as amostras coletadas durante o dia e noite

(teste t, p< 0,05) foram detectadas para os rotíferos B. falcatus e B. mirus, sendo a razão entre

o número de animais capturados durante o dia e noite menor do que 1,0. Isto significa que

mais organismos foram contados nas amostras coletadas durante a noite do que naquelas

coletadas durante o dia. Em agosto de 2003, foram detectadas diferenças significativas entre o

Page 65: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

60

número de organismos coletados durante o dia e a noite para náuplio, copepodito e adulto de

T. inversus e Daphnia ambigua e a razão, em todos os casos, foi < 1,0 (Figura 5).

Durante o período de estudo, apenas uma espécie de Chaoboridae foi encontrada na

Lagoa do Nado: Chaoborus (Sayomia) brasiliensis (Theobald, 1901). Esta é uma espécie

pequena (tamanho máximo do corpo e da cápsula cefálica, 8 mm e 0,86 mm, respectivamente)

quando comparada com a maioria das espécies deste gênero para as regiões temperadas

(Bezerra-Neto, 2001). A densidade média integrada total de Chaoborus na Lagoa do Nado

(dia e noite) apresentou uma tendência de declínio de abril (14,7 x103 ind.m

-2) a agosto de

2003 (6,2 x103 ind.m

-2), apesar desta diferença não ser estatisticamente significativa (teste t, p

> 0,05) (Tab. III). A densidade relativa média dos diversos instares larvais em abril foi de 1,

13, 30 e 56% para as larvas de I, II, III e IV instares, respectivamente. Já em agosto, as

densidades relativas médias da população de larvas de Chaoborus de I, II e III instares

compreenderam 1, 6 e 14% da densidade deste díptero, respectivamente, sendo que as larvas

de IV instar apresentaram uma dominância mais acentuada, com 79 % da abundância da

população (Tab. III). Foram encontradas diferenças significativas (teste t, p< 0,05) na

abundância das larvas de II, III e IV instares em abril e IV instar em agosto de 2003 entre as

amostras coletadas durante o dia e noite. As densidades das larvas de II e III instares foram

aproximadamente 2–3 vezes maiores durante a noite. Já no caso das larvas IV instar, as

diferenças entre as densidades amostradas durante o dia e a noite foram mais acentuadas,

sendo aproximadamente de 20 a 30 vezes maiores durante o período noturno, em comparação

com as densidades durante o período diurno (Figura 5).

A comunidade zooplanctônica da Lagoa Carioca em abril e julho compreendeu 18

espécies de rotíferos e duas espécies de copépodo ciclopóide (Thermocyclops minutus e

Microcyclops anceps), sendo que Microcyclops anceps apareceu apenas raramente (< 1% das

amostras, Tab. IV). A densidade média integrada total da população zooplanctônica

Page 66: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

61

apresentou um aumento acentuado e estatisticamente significativo (teste t, p< 0,05) entre abril

(2,6 x106 ind.m

-2) e julho (5,7 x10

6 ind.m

-2) de 2003 (média das densidades dia e noite, Tab.

V). Os copépodos ciclopóides foram os organismos zooplanctônicos mais abundantes,

compreendendo 98,4% em abril e 90,6% em julho dos organismos amostrados. Entre estes, os

náuplios foram as formas mais representativas com 75,9% e 63,8% da densidade relativa

média entre os copépodos para os meses de abril e julho de 2003, respectivamente. Os

rotíferos, por sua vez, apresentaram uma densidade média integrada muito pequena em abril

(41,9 x103 ind.m

-2), quando comparada com julho de 2003 (534,8 x10

3 ind.m

-2) (média das

densidades dia e noite, Tab. V) e, das 13 espécies em abril e 14 espécies em julho de 2003,

apenas Hexarthra sp., Collotheca sp. e Ptygura sp. (abril) e Hexarthra sp. (julho), foram

considerados suficientemente abundantes para serem incluídas nas análises. A dominância de

Hexarthra sp. entre os rotíferos foi marcante nos dois períodos estudados, com uma

contribuição de 86% e 98% da densidade relativa média das amostras coletadas em abril e

julho de 2003, respectivamente. Apenas para o rotífero Hexarthra sp. em abril de 2003 e para

copepodito de T. minutus em julho de 2003, foram encontradas diferenças significativas (teste

t, p< 0,05) na abundância entre as amostras coletadas durante o dia e noite. A razão foi < 1,0

para Hexarthra sp. indicando que as maiores densidades foram amostradas durante o período

noturno quando comparado ao período diurno. A mesma razão foi > 1,0 para os copepoditos

de T. minutus, indicando que mais organismos foram contados nas amostras coletadas durante

o dia (Fig. 7).

Larvas de duas espécies de Chaoborus (ainda não identificadas) foram encontradas na

Lagoa Carioca. O tamanho da cápsula cefálica das espécies permitiu uma determinação

acurada dos diversos instares larvais. O tamanho máximo do corpo (12,42 mm) e da cápsula

cefálica (1,71 mm) encontrado para as populações de Chaoborus na Lagoa Carioca foi bem

superior ao encontrado para a população de C. brasiliensis na Lagoa do Nado. Além do

Page 67: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

62

comprimento do corpo, as populações de Chaoborus spp. da lagoa Carioca apresentaram

também uma grande abertura de boca (média para larvas de IV instar, 670 µm) fator

determinante do tamanho máximo de presa passível de ser ingerida, enquanto que as larvas de

IV instar de C. brasiliensis na L. do Nado apresentaram uma abertura de boca pequena,

girando em torno de 470-540 µm.

A densidade média integrada total da larva de Chaoborus spp. na Lagoa Carioca foi

significativamente menor (teste t, p< 0,05) em julho (8,5 x103 ind.m

-2) quando comparado

com a abundância de abril de 2003 (23,3 x103 ind.m

-2) (média das densidades dia e noite, Tab.

V). A densidade relativa média dos diversos instares de desenvolvimento larval em abril de

2003 foi de 21%, 30%, 30% e 19 % para as larvas de I, II, III e IV instares. Em julho de 2003,

houve uma dominância das larvas de IV instar (47%), seguido pelas larvas de III, II e I

instares com 25%, 17% e 11%, respectivamente (Tab. V). Foram encontradas diferenças

significativas (teste t, p< 0,05) na abundância entre o dia e noite apenas para as larvas de III

instar em julho de 2003, com mais larvas sendo amostradas durante o período noturno (Figura

7).

Distribuição vertical dos organismos zooplanctônicos

A distribuição vertical e a profundidade média ponderada (PMP) dia e noite da

comunidade zooplanctônica na Lagoa do Nado durante os meses de abril e agosto de 2003,

são mostradas na Figura 5 e 6, respectivamente. Foram encontradas diferenças significativas

(teste t, p < 0.05) na distribuição vertical dia e noite para larvas de Chaoborus do I ao IV

instar em abril e de III e IV instares em agosto de 2003, mostrando que estes organismos

desenvolveram migração diária normal, permanecendo nas águas profundas durante o dia e

ascendendo à noite para as camadas superficiais. A exceção foram as larvas de I e II instares

em agosto, onde tal comportamento não se mostrou tão evidente, não sendo detectadas

Page 68: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

63

diferenças significativas na distribuição vertical dia/noite (Figuras 5 e 6). O fenômeno do

gradual aumento na amplitude da migração (diferença entre a profundidade diurna e noturna)

dos estágios ontogenéticos iniciais das larvas de Chaoborus para os finais não foi observado.

Durante o período de abril de 2003, quando todos os instares larvais foram abundantes na

coluna de água, não foram detectadas diferenças significativas na amplitude da migração entre

eles (teste t, p>0,05). A amplitude de migração das larvas de Chaoborus na Lagoa do Nado

foi de 2,1 m (± 0,19), 2,9 m (± 0,15), 2,9 m (± 0,19) e 2,2 m (± 0,19) para as larvas de I, II, III

e IV instares em abril de 2003, respectivamente. Em agosto os valores da amplitude da

migração vertical sofreram uma redução significativa (teste t, p < 0.05) para as larvas de III e

IV instares, passando para 1,3 m (± 0,53) e 1,3 m (± 1,08), respectivamente. Todos os instares

larvais mostraram uma tendência de permanecer no estrato 2,5 – 3,5 m durante a noite (> 50%

da densidade relativa média) tanto em abril quanto em agosto de 2003, permanecendo assim

dentro da oxiclina, ou seja, em uma concentração de oxigênio abaixo de 2 mg O2.l-1

(Figuras 4

e 6).

As formas náuplio, copepodito e adulto do copépodo T. inversus na Lagoa do Nado

apresentaram diferenças significativas na distribuição entre o dia e a noite (teste t, p<0,05),

exibindo migração vertical diária normal tanto em abril quanto em agosto de 2003 (Figuras 5

e 6). Os organismos permaneceram nas maiores profundidades durante o dia e exibiram uma

ascensão vertical à noite, com todos os estágios se comportando de modo similar (i.e. toda a

população realizando MVD). Foi observado para o copépodo T. inversus um pronunciado e

significativo aumento (teste t, p<0,05) na amplitude da migração dos estágios ontogenéticos

iniciais para os finais. Durante todo o período de abril e agosto de 2003, a amplitude de

migração dos estágios adultos de T. inversus (1,43 m ± 0,15 em abril e 1,6 m ± 0,36 em

agosto de 2003) foi significativamente maior (teste t, p<0,05) do que a amplitude de migração

apresentada por copepoditos (0,73 m ± 0,23 em abril e 1,1 m ± 0,26 em agosto de 2003) e

Page 69: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

64

estes, por sua vez, apresentaram uma amplitude de migração maior do que os náuplios (0,4 m

± 0,17 em abril e 0,5 m ± 0,36 em agosto de 2003), como pode ser observado na Figura 6. A

PMP durante o período diurno de todos os estágios de T. inversus mostrou um padrão

associado com a concentração do OD e a intensidade de luz na coluna de água. Tanto em abril

quanto em agosto de 2003, os diferentes estágios de desenvolvimento estavam mais

concentrados nas camadas de água com baixa oxigenação e sob baixos níveis de intensidade

de luz (< 1% da irradiância RFA da superfície) durante o dia (Figuras 4 e 6).

Para a população de D. ambigua, que apareceu somente nas amostras de agosto de

2003, a MVD foi indetectável, não havendo diferenças significativas (teste t, p>0,05) entre a

distribuição dia/noite (Figuras 5 e 6). Dois aspectos merecem atenção: (1) não houve

diferenças significativas (teste t, p>0,05) entre a distribuição de densidade durante o dia e a

noite entre as formas jovens e adultas de D. ambigua, sendo as mesmas somadas e (2) da

mesma forma que a população de T. inversus, D. ambigua se concentrou (> 70%) abaixo de

2,5 metros tanto no período diurno quanto noturno, mantendo-se, portanto, em camadas com

água com baixas tensões de oxigênio (< 2 mg O2.l-1

) e sob baixos níveis de intensidade de luz

(< 1% da irradiância RFA da superfície) durante o dia (Figuras 4 e 6).

A amplitude e a intensidade da migração vertical diária variaram entre os períodos

para os rotíferos amostrados na Lagoa do Nado (Figuras 5 e 6). Em abril de 2003, todos os

táxons analisados (B. falcatus, B. mirus e K. cochlearis), à exceção de K. bostoniensis,

exibiram uma MVD normal, apresentando diferenças significativas na distribuição dia/noite

(teste t, p<0,05). Entretanto, a amplitude da migração foi pequena, representando 0,6 m ± 0,3

(B. falcatus), 0,7 m ± 0,3 (B. mirus) e 0,8 m ± 0,6 (K. cochlearis). Em agosto de 2003, em

contraste, não foi detectado um padrão nítido de MVD para os rotíferos durante este período

de estudo, não havendo diferenças significativas na distribuição dia/noite (teste t, p>0,05)

para os organismos estudados (Figura 6).

Page 70: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

65

A distribuição vertical e a profundidade média ponderada (PMP) dia/noite da

comunidade zooplanctônica na Lagoa Carioca durante os meses de abril e agosto de 2003 são

mostradas nas Figuras 7 e 8, respectivamente. Apenas as larvas de Chaoborus de I instar em

abril e de IV instar em julho de 2003 exibiram uma significativa MVD normal, permanecendo

nas camadas mais profundas durante o dia e ascendendo para as camadas superficiais à noite.

Para o restante da população, entretanto, tal comportamento não foi detectado, não sendo

encontradas diferenças significativas (teste t, p > 0,05) na distribuição vertical dia e noite

tanto em abril quanto em julho de 2003, mostrando que estes organismos foram encontrados

em toda a coluna de água tanto de dia quanto à noite.

Os diferentes estágios de desenvolvimento (náuplio, copepodito e adulto) do copépodo

T. minutus na Lagoa Carioca não apresentaram diferenças significativas (teste t, p>0,05) na

distribuição dia/noite, não exibindo, portanto, comportamento de migração vertical diária

tanto em abril quanto em agosto de 2003. Diferentemente da população de copépodos na L.

do Nado, a população de T. minutus na L. Carioca foi encontrada, nos meses de abril e agosto

de 2003, homogeneamente distribuída nas diversas profundidades da coluna de água, tanto

durante o período diurno quanto no período noturno (Figuras 7 e 8).

Os rotíferos amostrados na Lagoa Carioca não apresentaram nenhum padrão

consistente de movimentação vertical, não havendo diferenças significativas na distribuição

dia/noite (teste t, p>0,05), tanto em abril quanto em julho de 2003 (Figuras 7 e 8). Entretanto,

enquanto que a PMP de abril de 2003 durante o período diurno e noturno para Hexarthra sp.,

Collotheca sp. e Ptygura sp. foi de aproximadamente 4 metros, em julho, ela ficou em 2

metros para Hexarthra sp., mostrando que esta população passou a ocupar as águas

superficiais durante este período (Fig. 8).

Page 71: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

66

Discussão

A distribuição vertical da comunidade zooplanctônica em dois corpos de água em

Minas Gerais foi avaliada para verificar a ocorrência ou não da migração vertical diurna. As

características físicas e químicas dos corpos de água estudados foram em geral bastantes

similares, devido principalmente às influências climáticas e às características morfométricas,

o que determina a ambos um regime térmico do tipo monomítico quente. Estas

características, entretanto, não podem ser utilizadas para explicar a distribuição vertical das

comunidades analisadas. Enquanto que na Lagoa do Nado a migração vertical apresentou-se

como um comportamento ubíquo no zooplâncton, na Lagoa Carioca, por sua vez, este

comportamento foi praticamente indetectável. A explicação para as diferenças encontradas no

comportamento migratório das comunidades zooplanctônicas analisadas pode estar nas

diferenças de estrutura da comunidade ictiológica entre a Lagoa Carioca e a Lagoa do Nado.

Entre as décadas de 60 e 70 houve a introdução do tucunaré (Cichla cf. ocellaris) e da

piranha (Pygocentrus natterei) nos lagos do trecho médio da bacia do Rio Doce (Godinho et

al., 1994) e diversos trabalhos (Godinho et al., 1994; Godinho, 1996; Latini 2001; Latini et al.

2005) têm mostrado que estas introduções resultaram na diminuição da riqueza das espécies

nativas de peixes. Na Lagoa Carioca, Vasconcellos et al. (2005), em coletas realizadas entre

outubro de 2002 a julho de 2003, reportaram a ocorrência, além dos gêneros Cichla e

Pygocentrus, do predador Clarias gariepinus (bagre africano), espécie reconhecida pela sua

voracidade e capacidade de colonização de ambientes. Quando comparamos os resultados dos

trabalhos de Sunaga & Verani (1991) sobre a composição em biomassa da comunidade

ictiológica da Lagoa Carioca no anos de 1983-1987, com os resultados de Latini et al. (2005),

observamos que houve o desaparecimento de 7 espécies nativas, destacando-se a ausência do

caraciforme forrageiro Astyanax fasciatus, e o registro de 6 novas espécies alóctones. Já o

trabalho de Bezerra-Neto et al. (em preparação) sobre a biodiversidade aquática de alguns

Page 72: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

67

lagos do PERD, mostrou um panorama ainda mais dramático, pois, das 7 espécies nativas

capturadas por Vasconcellos et al. (2005), apenas 3 (Hoplias malabaricus, Hoplerythrinus

unitaenianus e Trachelyopterus striatulus), foram reportadas.

Em lagos sem peixes planctívoros, espécies de chaoborídeos não migrantes e de

grande porte (p.ex., C. obscuripes, C. americanus) são normalmente dominantes (Wissel &

Bendorf, 1998). Estas populações podem diminuir ou até mesmo suprimir todo tipo de

zooplâncton, de rotíferos a grandes cladóceros (p.ex., Daphnia) (Sweetman & Smol, 2006).

Similarmente, em lagos em que houve um aumento excessivo da piscivoria por manipulação

acidental ou intencional, alguns estudos (Wissel et al. 2000; Bendorf et al. 2000) mostram que

(a) as larvas de Chaoborus de grande porte podem se desenvolver incontroladamente e (b) um

aumento da pressão de predação exercida por estes invertebrados sobre a comunidade

zooplanctônica pode ser maior do que a exercida pelos peixes planctívoros. Isto se dá

principalmente pela liberação da pressão de predação dos peixes planctívoros sobre os

predadores invertebrados, permitindo que estes desenvolvam populações abundantes.

Entretanto, se os efeitos dos predadores invertebrados sobre as comunidades planctônicas

devido ao excesso de piscivoria (e declínio dos planctívoros) são conhecidos, os efeitos sobre

o comportamento migratório destas comunidades são ainda pouco explorados na literatura

científica.

Na Lagoa Carioca, a introdução de peixes piscívoros alóctones e a conseqüente perda

de espécies da fauna íctica nativa permitiu que o predador invertebrado Chaoborus fosse

encontrado em altas densidades (Tab. V) tanto durante dia quanto à noite na coluna de água,

permanecendo assim nos hábitats preferenciais de suas presas (organismos zooplanctônicos).

Na ausência de um refúgio que os protegesse da predação por Chaoborus, os organismos

planctônicos buscaram diminuir a sobreposição espacial com o predador invertebrado através

de uma distribuição uniforme em toda coluna de água, também durante dia e noite. Como

Page 73: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

68

praticamente todos os instares larvais de Chaoborus também estão distribuídos

uniformemente em toda a coluna de água, o risco de predação torna-se similar entre as

diferentes profundidades. Uma exceção à ausência de comportamento migratório entre as

larvas de Chaoborus na lagoa Carioca foi observada para as larvas de I e IV instar em abril e

julho, respectivamente. As larvas de Chaoborus de IV instar subiram para camadas mais

superficiais durante o período noturno, sendo este também o comportamento apresentado

pelas larvas de I instar. Uma explicação para o comportamento apresentado especificamente

por estes dois instares larvais de Chaoborus pode residir na ocorrência de canibalismo entre

as larvas. Existem estudos que mostram que o canibalismo é comum entre larvas de

Chaoborus (Fedorenko, 1975; von Ende, 1979; Hanazato & Yasuno, 1989b), sendo este,

juntamente com a predação por peixes, os principais fatores controladores da densidade destas

populações em lagos. A ocorrência de predação de larvas de IV instar sobre larvas de I instar

é possível devido a estas últimas estarem numa faixa de tamanho que possibilitaria a ingestão

pelas primeiras.

Existem indícios na literatura que as populações de Chaoborus na lagoa Carioca

apresentavam comportamento migratório e ocorriam neste ambiente em densidades bem

menores no início da década de 80, antes das introduções de espécies exóticas piscívoras neste

lago. Sunaga & Verani (1991) estudaram o ritmo de atividade e hábitos alimentares do peixe

forrageiro Astyanax bimaculatus em 1983. Estes autores mostraram que Astyanax alimentava-

se ativamente durante o período diurno e no conteúdo estomacal destes peixes foram

encontradas entre outros, cladóceros, ostrácodos, larvas de chironomídeos e copépodos

ciclopóides. Entretanto, não foram registradas larvas de Chaoborus entre os itens alimentares

de Astyanax. Durante este mesmo ano foram conduzidos estudos sobre a comunidade

zoobentônica neste lago (Fukuhara et al., 1997), que mostraram que a larva de chaoborídeo

dominava a comunidade zoobentônica, com densidades no sedimento variando de 155 a 400

Page 74: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

69

ind. m-2

. Estes dados nos mostram claramente que havia larvas de chaoborídeos na lagoa

Carioca no ano de 1983 em baixas densidades e também, devido à ausência destes organismos

no conteúdo estomacal dos peixes forrageiros diurnos Astyanax, que provavelmente estes

organismos permaneciam no sedimento durante o dia e migravam para a coluna de água

durante o período noturno.

Podemos observar que, além da ausência da migração vertical diurna na comunidade

planctônica da Lagoa Carioca, houve também uma simplificação das cadeias tróficas com a

ausência de diversos táxons nas comunidades planctônicas (ausência de copépodos calanóides

e cladóceros). Além disso, os baixos valores de densidade e riqueza apresentados pelas

populações de rotíferos amostrados, com a dominância quase total de Hexarthra sp.

(principalmente no mês de julho de 2003), nos dão uma indicação de que também estas

populações estão sujeitas a uma forte pressão de predação, já que elas são o alimento

preferido para todos os instares de chaoborídeos (Moore, 1994, Wissel & Bendorf, 1998).

Na Lagoa do Nado, por sua vez, com uma comunidade ictiológica caracterizada pela

ausência de piscívoros invasores, o comportamento migratório foi quase uma unanimidade.

Neste ambiente, o comportamento e as características das populações de Chaoborus parecem

ser determinantes na compreensão do comportamento do restante da comunidade

zooplanctônica. Os diferentes estágios larvais de Chaoborus na Lagoa do Nado

permaneceram próximos ou enterrados no sedimento durante o dia, com ascensão para as

camadas mais superficiais durante a noite. Isto fica mais evidenciado pelo aumento nas

densidades das larvas durante o período noturno quando comparado ao período diurno. Neste

caso, a permanência das larvas próximo ou no sedimento durante o dia impossibilitaria a

amostragem pela armadilha de Schindler-Patalas, o que provocaria o déficit numérico destes

organismos durante o dia. Em ambos os períodos (diurno e noturno) a profundidade média

larval de todos os instares foi no/ou abaixo do limite crítico de oxigênio (concentração de

Page 75: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

70

oxigênio abaixo de 1 mg O2.l-1

). Segundo Davis (1975), o limite crítico de concentração

oxigênio na massa de água para peixes gira em torno de 1 a 2 mg O2.l-1

, dependendo da

espécie e da temperatura a que ela estiver submetida. Apesar da pequena profundidade da

Lagoa do Nado (prof. máx. = 6,5 m), houve a formação, a partir de aproximadamente 2

metros em abril e 3 metros em agosto de 2003, de uma camada anóxica, transformando-se em

uma barreira à predação pelos peixes e consequentemente, em um refúgio à comunidade

zooplanctônica. Assim, mesmo durante a noite, a maior parte dos instares larvais de

Chaoborus não foi encontrada nos locais onde poderia haver peixes. A relação entre o limite

crítico de oxigênio e a distribuição de C. brasiliensis encontrado na Lagoa do Nado foi

bastante similar aos resultados encontrados por Rine & Kesler (2001), trabalhando com C.

punctipennis no Lago Poplar Tree, USA. Estes autores monitoraram a profundidade média

das larvas de C. punctipennis (dia e noite) e a concentração crítica de oxigênio no período de

outono (início de outubro), durante 13 anos, detectando correlação significativa entre estes

fatores. Apesar da importância do oxigênio em determinar mudanças na distribuição vertical

ser evidente para as larvas de Chaoborus (Bezerra-Neto & Pinto-Coelho, 2007), diversos

estudos mostram que outros fatores, como a intensidade luminosa e os estímulos químicos

produzidos pelos peixes (queromônios), podem ser utilizados pelas larvas para acessar o risco

de predação e estimular diretamente a migração vertical diurna (Tjossen, 1990; López &

Cressa, 1996; McQueen et al., 1999).

A MVD desenvolvida por Chaoborus na Lagoa do Nado foi um comportamento

também observado na cadeia trófica abaixo, entre microcrustáceos e rotíferos. Os

microcrustáceos na Lagoa do Nado, representados principalmente pelo copépodo ciclopóide

T. inversus e pelo cladócero D. ambigua apresentaram um comportamento migratório distinto.

A população de T. inversus mostrou um padrão migratório normal, com um aumento de

densidade nas camadas profundas, anóxicas e sem luz durante o dia e a ascensão para as

Page 76: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

71

camadas superficiais durante a noite. Um estudo sobre a variação sazonal da MVD entre as

populações de T. inversus e Chaoborus na Lagoa do Nado (Bezerra-Neto & Pinto-Coelho,

2007), mostrou que T. inversus evita as águas superficiais durante o dia para fugir da predação

por peixes e o hipolímnio durante a noite para evitar a sobreposição espacial com a larva de

Chaoborus. Além disso, estes autores observaram que este comportamento é sincronizado e

constante ao longo do ano para estas populações. Já as diferenças ontogenéticas no

comportamento de MVD de T. inversus, corroboram os resultados de outros trabalhos sobre o

tema (Makino et al. 2003; Irigoien et al. 2004; Perticarrari et al. 2004), mostrando que as

formas mais desenvolvidas (adultos e copepoditos) deste táxon desenvolvem uma maior

amplitude de migração e são mais aptas a resistir aos rigores da hipoxia.

Diferentemente da população de T. inversus, a população de D. ambigua, não

desenvolveu MVD e a média da população permaneceu na profundidade de 3 metros tanto

durante o dia quanto à noite. Nesta profundidade, durante o dia, a radiação

fotossinteticamente ativa (RFA) estava abaixo de 1% enquanto que a concentração de

oxigênio era menor do que 1 mg O2.l-1

, indicando que D. ambigua também utiliza as camadas

hipóxicas e não iluminadas da camada superior do hipolímnio como um ―refúgio‖ contra a

predação por peixes. Além das condições de hipoxia, a camada superior do hipolímnio

apresentou elevados valores de clorofila-a e a temperatura da água no hipolímnio superior

pouco diferia da temperatura da água do epilímnio (≈ 3oC). O alimento abundante e as

condições de temperatura da água abaixo e acima da termoclina portanto, também ajudam a

explicar a ausência de MVD típica para a população de D. ambigua encontrada na Lagoa do

Nado. Estes resultados corroboram o estudo de Weider & Lampert (1985), que mostra que

dafinídeos podem sobreviver e reproduzir em concentrações de oxigênio tão baixas quanto 0,5

mg O2.l-1

desde que sejam capazes de sintetizar grande quantidades de hemoglobina.

Ausência de MVD e/ou a utilização de um ―refúgio‖ de oxigênio por estes organismos

Page 77: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

72

também já foram reportados por outros estudos (Hanazato et al., 1989a; Leibold, 1990; Loose

& Dawidowicz, 1994; Vos et al. 2002; Muluk & Bekliogu, 2005). No lago Lawrence p.ex., a

população de Daphnia pulicaria tornou-se inteiramente hipolimnética no período em que as

populações de bluegill sunfish aumentaram sua densidade e começaram a se alimentar nas

zonas pelágicas (Leibold 1990). Loose & Dawidowicz (1994) por sua vez, mostraram que

indivíduos de um clone de D. magna permaneceram próximos ao fundo de seus tubos

experimentais, dia e noite, sob efeitos de altas concentrações de queromônios de peixes na

água. Já Muluk & Bekliogu (2005), mostraram que populações de Daphnia pulex no lago

Emyr (Turquia) permanecem no hipolímnio, sob condições de hipoxia, durante dia e noite

buscando um refúgio contra a predação por peixes. Outro fator importante no entendimento

da ausência de MVD da população de D. ambigua diz respeito à sobreposição espacial entre

estes organismos e a população de Chaoborus durante a noite. Neste período, a população de

D. ambigua não evitou a sobreposição espacial com as larvas de Chaoborus, o que poderia

significar um comportamento atípico quando comparado àqueles desenvolvidos pelas

populações de rotíferos e copépodos do lago. Entretanto, as formas adultas de D. ambigua

(≈1,4 mm) estão além do tamanho da boca da larva de IV instar de Chaoborus brasiliensis

(≈500µm) e, portanto livres da predação por este invertebrado. As formas jovens, por seu

turno, estavam protegidas pela formação do espículo dorsal ―neckteeth‖ (Mello, comunicação

pessoal).

A ausência da migração de D. ambigua também reforça a tese de Relya (2003) de que as

presas, quando em contato com múltiplos predadores (no caso peixes e Chaoborus)

responderiam de maneira efetiva àquele que oferecesse o maior risco. O fato de uma presa de

uma única espécie responder de maneira diversa a diferentes predadores ou ao

comportamento do predador sugere que a presa pode discriminar entre as diferentes

características específicas do predador. Presas que precisam conviver com predadores

Page 78: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

73

altamente móveis (peixes) ou do tipo senta e espera (p.ex., Chaoborus), como acontece na

Lagoa do Nado, precisam pesar os custos e benefícios associados às respostas indiretas (p.ex.,

MVD) à presença do predador.

Algumas espécies de rotíferos brachionídeos (abril de 2003) e os microcrustáceos D.

ambigua e T. inversus (agosto de 2003) apresentaram valores de densidade durante a noite

superiores aos apresentados durante o dia. Nós vemos três possíveis mecanismos que

poderiam explicar este déficit no número de organismos encontrados para algumas espécies

durante o período diurno: (1) os organismos conseguem evitar ativamente a armadilha de

Schindler-Patalas durante o dia através de fuga (natação), (2) os organismos se mantém logo

acima do sedimento durante o dia, evitando passivamente a coleta com a armadilha e (3) a

migração horizontal diária, com os organismos evitando a zona pelágica durante o dia. A

explicação de que os animais evitariam o aparato amostrador durante o dia é improvável,

porque deveríamos esperar que este comportamento fosse mais evidente em copépodos do

que cladóceros. De um modo geral, cladóceros e rotíferos são considerados pouco hábeis no

mecanismo de evasão (de predadores ou aparatos limnológicos), enquanto copépodos e

Chaoborus são considerados mais eficientes na fuga (O'Brien, 1979). A ocorrência dos

organismos próximos ao sedimento ou a migração horizontal seriam mecanismos razoáveis na

explicação do déficit diurno. A migração horizontal diária é possível uma vez que há na

Lagoa do Nado, uma zona litoral com macrófitas bastante desenvolvida. Já a presença dos

organismos próximos ao sedimento e, portanto impedidos de ser coletados com a armadilha

também pode ser possível, apesar do aumento da sobreposição espacial com as larvas de

Chaoborus que no período diurno também ocupam o fundo do lago.

Além da larva de Chaoborus e dos copépodos, nós observamos um comportamento

migratório para algumas espécies de rotíferos na Lagoa do Nado, apesar de não ter sido tão

pronunciado como observado para os táxons anteriormente citados. As espécies que

Page 79: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

74

apresentaram MVD estavam entre as dominantes em abril de 2003: B. falcatus, B. mirus e K.

cochlearis. Alguns estudos de campo (Stich & Lampert, 1981; Ohman, 1983) sugerem que os

rotíferos podem mostrar movimentos bem definidos, em pequena escala (de menos de 1

metro) por um período de tempo de diversas horas, os quais são negativa e significantemente

correlacionados com o movimento diário de predadores (por exemplo, a larva de Chaoborus).

Gilbert & Hampton (2001), mostraram que Polyarthra remata realiza MVD reversa,

permanecendo durante o dia na superfície e migrando para as camadas mais profundas à noite

para evitar a predação do copépodo Tropocyclops extensus. O comportamento migratório das

espécies de rotíferos na Lagoa do Nado, permanecendo abaixo da termoclina durante o dia e

subindo para o epilímnio à noite, pode ser uma resposta à predação por Chaoborus,

principalmente porque todos os instares larvais de Chaoborus utilizam os rotíferos como

alimento (Moore et al., 1994; Wissel & Benndorf, 1998; Arcifa, 2000).

O comportamento migratório observado pela comunidade zooplanctônica na Lagoa do

Nado, onde a ocorrência de MVD em Chaoborus determina o comportamento migratório das

suas presas potenciais, configura o que Romare & Hansson (2003) definiram como interações

comportamentais ―em cascata‖. Estes autores conduziram um experimento onde foram

adicionados piscívoros (presos em caixas permeáveis) a enclosures com peixes planctívoros

(roach) e zooplâncton herbívoro (Daphnia). A simples presença dos piscívoros fez com que

os peixes planctívoros permanecessem mais tempo nos hábitats seguros (vegetação colocada

no enclosure) e isto engatilhava um comportamento de migração horizontal por parte dos

dafinídeos para as regiões abertas do enclosure (sem vegetação). Nossos resultados

corroboram e estendem as conclusões de Romare & Hansson (2003) evidenciando a

contribuição da migração vertical diária (como um efeito não letal da predação) na

estruturação das comunidades planctônicas.

Page 80: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

75

Como conclusão, nosso estudo mostrou que, dependendo da identidade do predador de

topo para a comunidade planctônica, Chaoborus (Lagoa Carioca) ou peixes (Lagoa do Nado),

o comportamento migratório de todas as populações envolvidas pode ser completamente

diferenciado. Este estudo também mostrou que, na Lagoa do Nado, onde há a presença dos

peixes planctívoros/onívoros, a migração vertical diurna (MVD) se propagou através dos

diferentes níveis tróficos, configurando o que diversos pesquisadores designaram como

interações comportamentais em cascata. Além disso, nosso estudo enfatiza a natureza

complexa do impacto de espécies de peixes invasoras, atuando na estrutura e até mesmo no

comportamento das comunidades planctônicas, como vimos na lagoa Carioca. Entretanto,

diversas questões ainda permanecem em aberto, merecendo novas abordagens, principalmente

de cunho experimental, para uma melhor compreensão sobre as relações predador-presa nos

sistemas estudados. Entre estas poderíamos destacar (1) a necessidade de compreendermos

melhor a taxonomia e a dinâmica sazonal das populações de Chaoborus na lagoa Carioca; (2)

testar se as populações estudadas apresentam plasticidade comportamental às mudanças na

densidade (presença ou ausência, p.ex.) dos seus predadores potenciais e (3) determinar a

magnitude relativa dos efeitos não-letais comparado com os efeitos letais e como eles são

transmitidos através da cadeia trófica.

Agradecimentos

Os autores agradecem aos funcionários do Parque Lagoa do Nado e do Parque

Estadual do Rio Doce pelo apoio logístico em campo. Especial agradecimento à Dra. J. W.

Reid por sua assistência na identificação taxonômica; ao Programa de Pesquisas Ecológicas

de Longa Duração – Sítio 4 (PELD – CNPq) pelo suporte logístico a este estudo; ao CNPq,

pela bolsa de doutorado (processo nº 140486/2002-0) ao primeiro autor.

Page 81: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

76

Referências

APHA (Americal Public Health Association). 2000. Standart methods for the examination of

water and wasterwater. 19 Ed. New York.

Arcifa, M.S. 2000. Feeding habits of chaoboridae larvae in a tropical Brazilian reservoir. Rev.

Bras. Biol., 60: 591-597.

Barbosa, F.A.R., Souza, E.M.M., Vieira, F., Renault, G.P.C.P., Rocha, L.A., Barbosa,

P.M.M., Oberdá, S.M. & Mingoti, S.A. 1977. Impactos antrópicos e biodiversidade

aquática. Em: Biodiversidade, população e economia. Rel. Téc. CEDEPLAR-

ECMVS/UFMG, p. 345-454.

Bendorf, J., Wissel, B., Sell, A. F., Hornig, U., Ritter, P. & Böing, W. 2000. Food web

manipulation by extreme enhancement of piscivory: na invertebrate predator compensates

for the effects of planctivorous fish on a plankton community. Limnologica, 30: 235-245.

Bezerra-Neto, J.F. 2001. A influência da larva de Chaoborus (Insecta: Diptera) na

distribuição espacial da comunidade zooplanctônica na Lagoa do Nado, Belo Horizonte –

MG. Belo Horizonte, UFMG, 200p. (Dissertação de Mestrado).

Bezerra Neto, J.F., Pinto-Coelho, R.M. 2002. A morfometria e o estado trófico de um

reservatório urbano: Lagoa do Nado, Belo Horizonte, MG. Acta Scientiarum, 24: 285 –

290.

Bezerra Neto, J.F. & Pinto-Coelho, R.M. 2004. Estrutura térmica, o trabalho do vento e a

estabilidade do reservatório tropical raso: Lagoa do Nado, BH, MG. Bios, 10: 89 - 95.

Bezerra-Neto, J.F. & Pinto-Coelho, R.M. 2007. Diel vertical migration of the copepod

Thermocyclops inversus (Kiefer, 1936) in a tropical reservoir: the role of oxygen and the

spatial overlap with Chaoborus. Aquatic Ecology, 41:535-545..

Carpenter, S.R. 1996. Microcosm experiments have limited relevance for community and

ecosystem ecology. Ecology, 77: 677–680.

Page 82: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

77

Carpenter, S.R., Kitchell, J.E. & Hodgson, J.R. 1985. Cascading trophic interactions and lake

productivity. BioScience 35: 634-639.

Davis JC (1975) Minimal dissolved oxygen requirements of aquatic life with emphasis on

Canadian species: a review. J. Fish. Res. Bd. Can. 32: 2295-2332.

Dodson, S.I. 1988. The ecological role of chemical stimuli for the zooplankton: predator-

avoidance behavior in Daphnia. Limnol. & Oceanogr., 33: 1431–1439.

Elmoor-Loureiro, L.M.A. 1997. Manual de identificação de cladóceros límnicos do Brasil.

Universa, Brasília, 156p.

Enright, J.T. & Honegger, H.W. 1977. Diurnal vertical migration: adaptive significance and

timing. Part 2. Test of the model: details and timing. Limnol. & Oceanogr., 22: 873–886.

Fedorenko, A. Y. 1975. Feeding characteristics and predation impact of Chaoborus (Diptera:

Chaoboridae) larvae in a small lake. Limnol. Oceanogr., 20: 250-259.

Frost B.W. & Bollens, S.M. 1992. Variability of diel vertical migration in the marine

planktonic copepod Pseudocalanus newmani in relation to its predators. Can. J. Fish.

Aquat. Sci., 49: 1137-1141.

Fukuhara, H., Torres, G.E. and Monteiro, S.M.C. 1997. Standing crop of zoobenthos in Lakes

Dom Helvécio and Jacaré. In: TUNDISI, JG. and SAIJO, Y. (eds.), Limnological studies

on the Rio Doce Valley Lakes, Brazil. Brazilian Academy of Sciences. University of São

Paulo. School of Engineering at São Carlos. Center for Water Resources and Applied

Ecology, p. 335-344.

Godinho, A.L. 1996. Peixes do Parque Estadual do Rio Doce. Belo Horizonte: Instituto

Estadual de Florestas/UFMG. 48p.

Godinho, A.L., Fonseca, M.T. & Araújo, M.L. 1994. The ecology of predator fish

introductions: the case of Rio Doce valley lakes. Em: Pinto-Coelho, R.M.; Giani, A. & von

Page 83: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

78

Sperling, E. (eds.): Ecology and human impact on lakes and reservoirs in Minas Gerais

with special reference to future development and management strategies. SEGRAC, Belo

Horizonte, MG, Brasil. p.77-83.

Gilbert, J.J. & Hampton, S.E. 2001. Diel vertical migrations of zooplankton in a shallow,

fishless pond: a possible avoidance-response cascade induced by notonectids. Freshwater

Biology, 46: 611–621.

Hanazato, T., Masayuki, Y & Hosomi, M. 1989a. Significance of a low oxygen layer for a

Daphnia population in Lake Yunoko, Japan. Hydrobiologia, 185: 19-27.

Hanazato, T. & Yasuno, M. 1989b. Zooplankton community structure driven by vertebrate

and invertebrate predators. Oecologia, 81: 450-458.

Haney, J.F. & Hall, D.J. 1973. Sugar-coated Daphnia: a preservation technique for Cladocera.

Limnol. Oceanogr., 18: 331-333.

Hayes, G.C. 2003. A review of the adaptive significance and ecosystem consequences of

zooplankton diel vertical migration. Hydrobiologia, 503:163–170.

Henry, R., Barbosa, F.A.R. 1989. Thermal structure, heat content and stability of two lakes in

the national Park of Rio Doce Valley (Minas Gerais, Brazil). Hydrobiologia, 171: 189-199.

Irigoien, X., Conway, D.V.P. & Harris R.P. 2004. Flexible diel vertical migration behaviour

of zooplankton in the Irish Sea. Marine Ecol. Progr. Ser., 267: 85-97.

Koste, W. 1978. Rotatória: Die Rädertiere mitteleuropas ein bestimmungswerk begrundet von

Max Voigt. Überordnung monogononta. Berlin: Gebruder Borntraeger, v.1, 673p., v.2,

474 p.

Lampert W. 1989. The adaptive significance of diel vertical migration of zooplankton.

Functional Ecology, 3: 21-27.

Page 84: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

79

Latini, A.O. 2001. O efeito da introdução de peixes exóticos nas populações nativas de lagoas

do Parque Estadual do Rio Doce, MG. Belo Horizonte, UFMG, 62p. (Dissertação de

Mestrado).

Latini, A. O., Lima Júnior, D.P., Giacomini, H.C., Latini, R.O., Resende, D.C., Espírito-

Santo, H.M.V., Barros, D.F. & Pereira, T.L. 2004. Alien fishes in Rio Doce lakes: range,

new occurrences and conservation of native community. Lundiana, 5: 135-142.

Latini, A.O., Pereira, T. L., Latini, R.O., Giacomini, H.C., Lima Júnior, D.P., Oporto, L.T.,

Espírito-Santo, H.M.V. 2005. Distribuição e efeitos de peixes exóticos sobre a ictiofauna

nativa dos lagos do Médio Rio Doce, MG, Brasil. Em: Rocha, O., Espíndola, E., Verani,

N., Verani, J.R., Rietzler, A.C.(Org.). Espécies invasoras em águas doces: estudos de caso

e propostas de manejo. São Carlos - SP: Gráfica Expressa. p.99-118.

Leibold, M.A. 1990. Resources and predation can affect the vertical distribution of

zooplankton. Limnol. Oceanogr., 35: 938-944.

Lima, S.L. 1998. Stress and decision-making under the risk of predation: recent developments

from behavioral, reproductive, and ecological perspectives. Advances in the Study of

Behaviour, 27: 215–290.

Loose, C.J., Dawidowicz, P. 1994. Trade-offs in diel vertical migration by zooplankton: the

costs of predator avoidance. Ecology, 75: 2255-2263.

López, C. & Cressa, C. 1996. Ecological studies on a Chaoborus larvae population in a

tropical reservoir (Socuy Reservoir, Venezuela). Arch. Hydrobiol., 136: 421-431.

Lorenzen, C.J. 1967. Determination of chlorophyll and phaeopigments: spectrophotometric

equations. Limnol. Oceanogr., 12: 343-346.

Makino W., Yoshida T, Sakano H and Ban S (2003) Stay cool: habitat selection of a

cyclopoid copepod in a north temperate oligotrophic lake. Freshwat. Biol. 48: 1551-1562.

Page 85: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

80

Matsumura-Tundisi, T. & Rocha, O. 1983. Occurrence of copepoda (Calanoida, Cyclopoida

and Harpacticoida) from ―Broa‖ Reservoir (São Carlos, São Paulo, Brazil). Rev. Bras.

Biol., 43: 1-17.

McCauley, E. 1984. The estimation of the abundance and biomass of zooplankton in samples.

Em: Downing, J.A. & Rigler, A..J (eds.), A Manual on Methods for the Assessment of

Secondary Productivity in Fresh Waters. Blackwell Scientific Publishers, London, p. 228-

265.

McQueen DJ, Ramcharan CW, Demers E, Yan ND, Conforti LM and Perez-Fuentetaja A

(1999) Chaoborus behavioral responses to changes in fish density. Arch. Hydrobiol. 145:

165-179.

Moore, M. V., Yan, N. D. & Pawson, T. 1994. Omnivory of the larval phantom midge

(Chaoborus spp.) and its potential significance for freshwater planktonic food webs. Can.

J. Zool., 72: 2055-2065.

Muluk, C.B. & Bekliogu, M. 2005. Absence of typical diel vertical migration in Daphnia:

varying role of water clarity, food, and dissolved oxygen in Lake Eymir, Turkey.

Hydrobiologia, 537: 125-133.

Neill, W.E. 1990. Induced vertical migration in copepods as a defense against invertebrate

predation. Nature, 345: 524-526.

Nesbitt, L.M., Riessen, H.P. & Ramcharan, C.W. 1996. Opposing predation pressures and

induced vertical migration responses in Daphnia. Limnol. Oceanogr., 41: 1306-1311.

O'brien, W.J. 1979. The predator-prey interaction of planktivorous fish and zooplankton.

American Scientist, 67: 572-581.

Ohman, M.D. 1983. Reverse diel migration: an escape response from invertebrate predators.

Science, 220: 1404-1407.

Page 86: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

81

Pangle, K.L., Peacor, S.D. & Johannsson, O.E. 2007. Large nonlethal effects of an invasive

invertebrate predator on zooplankton population growth rate. Ecology, 88: 402-412.

Peacor, S.D. & Werner, E.E. 1997. Trait-mediated indirect interactions in a simple aquatic

food web. Ecology, 78: 1146- 1156.

Pearre, S. 2003. Eat and run? The hunger/satiation hypothesis in vertical migration: history,

evidence and consequences. Biological Reviews, 78: 1-79.

Perticarrari A, Arcifa MS and Rodrigues RA (2004) Diel vertical migration of copepods in a

Brazilian lake: a mechanism for decreasing risk of Chaoborus predation? Braz. J. Biol. 64:

289-298.

Reid, J. W. 1985. Chave de identificação para as espécies continentais sul-americanas de vida

livre da Ordem Cyclopoida (Crustacea, Copepoda). Bol. Zool. USP, 9: 17-143.

Relyea RA (2003) How prey respond to combined predators: A review and an empirical test.

Ecology 84: 1827-1839.

Rine HE and Kesler DH (2001) A long-term study of larval Chaoborus punctipennis (Diptera

: Insecta) vertical migration and the role of critical oxygen concentration. J. Freshwat.

Ecol. 16: 145-150.

Ringelberg, J. 1999. The photobehavior of Daphnia ssp. As a model to explain diel vertical

migration in zooplankton. Biological Reviews of the Cambridge Philosophical Society, 74,

397–423.

Rocha, O. &Matsumura-tundisi, T. 1976. Atlas do zooplâncton (Represa do Broa, São Carlos)

Vol. I - Copepoda. Universidade Federal de São Carlos, Centro de Ciências e Tecnologia.

Departamento de Ciências Biológicas.

Romare, P. & Hansson, L.A. 2003. A behavioral cascade: top-predator induced behavioral

shifts in planktivorous fish and zooplankton. Limnol. & Oceanogr., 48: 1956–1964.

Page 87: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

82

Ruttner-Kolisco, A. 1974. Plankton Rotifers: Biology and Taxonomy. Stuttgart: E.

Schweizerbart’sche verlagbuchhandlung, 146p.

Segers, H. & Dumont, H. J. 1994. 102+ Rotifer species (Rotifera: Monogononta) in Broa

reservoir (SP., Brazil) on 26 August 1994, with the description of three new species.

Hydrobiologia, 316: 183-197.

Sendacz, S. & Kubo, E. 1982. Copepoda (Calanoida e Cyclopoida) de reservatórios do Estado

de São Paulo. Bol. Inst. Pesca, 9: 51-89.

Stich, H., Lampert, W. 1981. Predation evasion as an explanation of diurnal vertical migration

by zooplankton. Nature, 293: 396-398.

Sunaga, T. & Verani, J.R. (1991) The fish communities of the lakes in Rio Doce Valley,

Northeast Brazil. Verh. Int. Ver. Angew. Limnol. 24: 2563-2566.

Sweetman, J.N., Smol, J.P. 2006. Reconstructing fish populations using Chaoborus (Diptera:

Cauboridae) remains – a review. Quaternary Scienci Reviews, 25: 2013- 2023.

Tjossem, S.F. 1990. Effects of chemical cues on vertical migration behavior of Chaoborus.

Limnol. Oceanogr., 35, 1456-1468.

Tollrian, R. & Harvell, C.D. 1999. The ecology and evolution of inducible defenses.

Princeton, N. J: Princeton University Press, 395p.

Trussell, G.C., Ewanchuk, P.J. & Matassa, C.M. 2006. Habitat effects on the relative

importance of trait and density-mediated indirect interactions. Ecology Letters, 9: 1245-

1252.

Vasconcellos, M.G., Assumpção, A.M., Soares, A.S., Lucca, J.V., Verani, J.R., Fenerich-

Verani, N. & Rocha, O. 2005. Análise da diversidade de espécies de peixes de 4 lagoas do

Sistema de Lagos do Vale do Médio Rio Doce – MG, em relação à ocorrência de espécies

exóticas. Em: Rocha, O., Espíndola, E., Verani, N., Verani, J.R., Rietzler, A.C.(Org.).

Page 88: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

83

Introdução e Manejo de Espécies Exóticas. 1 ed. São Carlos - SP: Gráfica Expressa. p.119-

129.

von Ende C.N., 1979. Fish Predation, Interspecific Predation, and the Distribution of Two

Chaoborus Species. Ecology, 60: 119-128.

Vos, M., Flik, B.J.G., Vijverberg, J., Ringelberg, J. & Mooij, W.M. 2002. From inducible

defences to population dynamics: modelling refuge use and life history changes in

Daphnia. Oikos, 99: 386-396.

Weider, L.J. & Lampert, W. 1985. Differential response of Daphnia genotypes to oxygen

stress: respiration rates, hemoglobin content and low-oxygen tolerance. Oecologia, 65:

487-491.

Wissel, B. & Benndorf, J. 1998. Contrasting effects of the invertebrate predator Chaoborus

obscuripes and planktivorous fish on plankton communities of a long term

biomanipulation experiment. Arch Hydrobiol., 143: 129-146.

Wissel, B., Freier, K., Muller, B., Koop, J. & Bendorf, J. 2000. Moderate planktivorous fish

biomass stabilizes biomanipulation by supressing large invertebrate predators of Daphnia.

Arch. Hydrobiol., 149: 177-192.

Zaret, T.M. & Suffern, J.S. 1976. Vertical migration in zooplankton as a predator avoidance

mechanism. Limnol. Oceanogr. 21:804–813.

Page 89: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

84

Tabelas e Figuras

Tabela I – Características morfométricas da Lagoa do Nado, Belo Horizonte – Minas Gerais e

da Lagoa Carioca – Minas Gerais.

Tabela II – Composição específica e classes de freqüência dos diferentes grupos

zooplanctônicos na Lagoa do Nado, no período de abril e agosto de 2003.

Tabela III – Densidade numérica integrada média (ind. m-2

± desvio padrão) dos principais

grupos taxonômicos e fases de desenvolvimento de Copepoda e Chaoborus encontrados na

Lagoa do Nado em abril e agosto de 2003.

Tabela IV – Composição específica e classes de freqüência dos diferentes grupos

zooplanctônicos na Lagoa Carioca, no período de abril e julho de 2003.

Tabela V – Densidade numérica integrada média (ind. m-2

± desvio padrão) dos principais

grupos taxonômicos e fases de desenvolvimento de Copepoda e Chaoborus encontrados na

Lagoa Carioca em abril e julho de 2003.

Figura 1 – Localização e aerofotografia mostrando ao centro a Lagoa do Nado, Belo

Horizonte – Minas Gerais (Fonte: PRODABEL S/A).

Figura 2 – Localização de parte do Sistema Lacustre da bacia do médio Rio Doce no sudeste

do Brasil. A seta indica a Lagoa Carioca com o seu mapa batimétrico em detalhe.

Figura 3 – Perfis verticais de temperatura (ºC), oxigênio dissolvido (mg O2.l-1

), radiação RFA

(%) e clorofila –a (µg.l-1

) na Lagoa Carioca durante os períodos de 16/17 de abril (1) e 30/31

de julho (2) de 2003.

Page 90: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

85

Figura 4 – Perfis verticais de temperatura (ºC), oxigênio dissolvido (mg O2.l-1

), radiação RFA

(%) e clorofila –a (µg.l-1

) na Lagoa do Nado durante os períodos de 29/30 de abril (1) e 07/08

de agosto (2) de 2003.

Figura 5 – Distribuição vertical (percentagem da população total em cada profundidade) das

espécies zooplanctônicas mais abundantes da Lagoa do Nado, durante o dia (cinza) e noite

(negro). Período de estudo: 29/30 de abril (1) e 07/08 de agosto (2) de 2003. As Larvas de

Chaoborus e o copépodo T. inversus foram separadas nos seus diferentes estágios de

desenvolvimento. Os dados são expressos como a média de três amostras e um desvio

padrão. Os valores abaixo de cada gráfico indicam a densidade média (ind.m-2

) ± desvio

padrão, para os organismos para toda a coluna de água.

Figura 6 – Profundidade media ponderada (PMP) das espécies zooplanctônicas mais

abundantes da Lagoa do Nado, durante o dia (vazio) e noite (cheio). Período de estudo: 29/30

de abril (1) e 07/08 de agosto (2) de 2003. As Larvas de Chaoborus e o copépodo T. inversus

foram separadas nos seus diferentes estágios de desenvolvimento. As linhas de dispersão

representam o desvio padrão e os asteriscos indicam diferenças significativas (p < 0,05) entre

o dia e a noite.

Figura 7 – Distribuição vertical (percentagem da população total em cada profundidade) das

espécies zooplanctônicas mais abundantes da Lagoa Carioca, durante o dia (cinza) e noite

(negro). Período de estudo: 16/17 de abril (1) e 30/31 de julho (2) de 2003. As Larvas de

Chaoborus e o copépodo T. minutus foram separadas nos seus diferentes estágios de

desenvolvimento. Os dados são expressos como a média de três amostras e um desvio

padrão. Os valores abaixo de cada gráfico indicam a densidade média (ind. m-2

) ± desvio

padrão, para os organismos para toda a coluna de água.

Page 91: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

86

Figura 8 – Profundidade media ponderada (PMP) das espécies zooplanctônicas mais

abundantes da Lagoa Carioca, durante o dia (vazio) e noite (cheio). Período de estudo: 16/17

de abril (1) e 30/31 de julho (2) de 2003. As Larvas de Chaoborus e o copépodo T. minutus

foram separadas nos seus diferentes estágios de desenvolvimento. As linhas de dispersão

representam o desvio padrão e os asteriscos indicam diferenças significativas (p < 0,05) entre

o dia e a noite.

Page 92: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

87

Tabela I

Parâmetros morfométricos Lagoa Carioca Lagoa do Nado

Área (A) 13,8 ha 1,5 ha

Volume (V) 677315 m3 40562 m

3

Perímetro (P) 1718,6 m 1193 m

Comprimento máximo efetivo (Ce) 572,8 m 290 m

Largura máxima efetiva (Le) 350,7 m 74 m

Profundidade máxima (Zm) 11,8 m 7,6 m

Profundidade média ( Z ) 4,89 m 2,7 m

Z : Zm 0,45 0,35

Profundidade relativa (ZR) 2,81 % 5,5%

Largura média (Lm) 248,5 m 51,8 m

Índice de desenvolvimento de volume (DV) 1,24 1,07

Índice de desenvolvimento de perímetro (DP) 1,29 2,75

Declividade média ( ) 5,6 % 2,7%

Page 93: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

88

Tabela II

ORGANISMOS FREQUÊNCIA

Abril/03 Agosto/03

ROTIFERA

Anuraeopsis fissa (Gosse, 1851) + +

Anuraeopsis navícula Rousselet, 1910 – +

Asplanchna sp. + –

Brachionus angularis Gosse, 1851 + +

Brachionus falcatus Zacharias, 1898 +++ +

Brachionus mirus Daday, 1905 ++ –

Brachionus quadridentatus Hermann, 1783 + –

Brachionus caudatus Barrois & Daday, 1894 + –

Collotheca sp. – –

Hexarthra sp. – +

Keratella tropica (Apstein, 1907) + ++++

Keratella lenzi Hauer, 1953 - +

Keratella cochlearis Gosse, 1851 ++ +

Kellicottia bostoniensis (Rousselet, 1908) ++++ +++

Lecane sp. + +

Polyarthra vulgaris Carlin, 1943 + ++

Ptygura libera Myers, 1934 – +

Trichocerca sp. + +

CLADOCERA

Daphnia ambígua Scourfield 1947 – ++

COPEPODA

Thermocyclops inversus Kiefer, 1936

- náuplio ++++ ++++

- copepodito ++ +++

- adulto ++ ++

(–) = ausente

(+) = <1% - raro

(++) = 1 a 25% - pouco abundante

(+++) = 26 a 50 % – abundante

(++++) = > 50% - muito abundante

Page 94: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

89

Tabela III

Grupos

Densidade (ind. m-2)

Abril 2003 Agosto 2003

DIA NOITE DIA NOITE

ROTIFERA total 3,42 ± 0,34 x 106 4,36 ± 0,08 x 10

6 1,62 ± 0,64 x 10

6 2,49 ± 0,7 x 10

6

Náuplios 1,92 ± 0,35 x 106 1,91 ± 0,35 x 106 2,4 ± 0,41 x 106 3,6 ± 0,38 x 106

Copepoditos 0,3 ± 0,28 x 106 0,36 ± 0,03 x 106 1,4 ± 0,14 x 106 2,1 ± 0,07 x 106

Adultos 0,14 ± 0,02 x 106 0,16 ± 0,007 x 106 0,43 ± 0,06 x 106 0,74 ± 0,06 x 106

COPEPODA total 2,35 ± 0,26 x 106 2,43 ± 0,08 x 10

6 4,2 ± 0,6 x 10

6 6,43 ± 0,44 x 10

6

CLADOCERA total – – 0,22 ± 0,06 x 106 0,74 ± 0,05 x 10

6

Chaoborus I instar 140 ± 170,8 140 ± 69,3 20 ± 34,6 180 ± 60

Chaoborus II instar 1371,7 ± 61,7 2433,3 ± 423,9 210 ± 155,9 523,3 ± 518,7

Chaoborus III instar 2366,7 ± 241,5 6460 ± 1268,6 658,3 ± 369,5 1126,7 ± 329,6

Chaoborus IV instar 706,7 ± 530 15688,3 ± 4377 266 ± 289,9 9576,7 ± 1195

Chaoborus total 4585 ± 692,9 24721,7 ± 5129 1155 ± 702,1 11286,7 ± 775

TOTAL 5,78 ± 0,12 x 106 6,81 ± 0,58 x 10

6 6,05 ± 1,2 x 10

6 9,66 ± 0,99 x 10

6

Page 95: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

90

Tabela IV

ORGANISMOS FREQUÊNCIA

Abril/03 Julho/03

ROTIFERA

Anuraeopsis sp. + –

Anuraeopsis navícula Rousselet, 1910 – +

Asplanchna sp. + –

Brachionus angularis Gosse, 1851 + +

Brachionus falcatus Zacharias, 1898 + +

Brachionus mirus Daday, 1905 + +

Brachionus quadridentatus Hermann, 1783 – +

Brachionus caudatus Barrois & Daday, 1894 – +

Collotheca sp. ++ –

Conochilus sp. + –

Filinia longiseta (Ehrenberg, 1834) + +

Hexarthra sp. ++++ ++++

Keratella tropica (Apstein, 1907) – +

Lecane sp. + +

Lecane bulla (Gosse, 1851) – +

Macrochaetus collinsi (Gosse,1867 ) – +

Ptygura libera Myers, 1934 ++ +

Trichocerca sp. + +

COPEPODA

Microcyclops anceps (Richard, 1897)

- copepodito + +

- adulto + +

Thermocyclops minutus (Lowndes, 1934)

- náuplio ++++ ++++

- copepodito ++ ++

- adulto ++ ++

(–) = ausente

(+) = <1% - raro

(++) = 1 a 25% - pouco abundante

(+++) = 26 a 50 % – abundante

(++++) = > 50% - muito abundante

Page 96: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

91

Tabela V

Grupos

Densidade (ind. m-2)

Abril 2003 Julho 2003

DIA NOITE DIA NOITE

ROTIFERA total 0,07 ± 0,005 x 106 0,012 ± 0,001 x 10

6 0,6 ± 0,22 x 10

6 0,5 ± 0,06 x 10

6

Náuplios 2,1 ± 0,12 x 106 1,72 ± 0,47 x 106 3,3 ± 0,1 x 106 3,3 ± 0,21 x 106

Copepoditos /0,59 ± 0,13 x 106 0,39 ± 0,06 x 106 1,6 ± 0,11 x 106 1,2 ± 0,02 x 106

Adultos 0,16 ± 0,02 x 106 0,1 ± 0,02 x 106 0,6 ± 0,08 x 106 0,5 ± 0,04 x 106

COPEPODA total 2,9 ± 0,22 x 106 2,2 ± 0,54 x 10

6 5,3 ± 0,28 x 10

6 5,1 ± 0,26 x 10

6

Chaoborus I instar 5533,3 ± 671,7 4336,7 ± 2471,8 673,3 ± 466,9 1165 ± 402,5

Chaoborus II instar 7443,3 ± 1094,7 6623,3 ± 1304,5 1411,7 ± 400 1626,7 ± 893,1

Chaoborus III instar 6886,7 ± 160,6 6885 ± 644 1585 ± 123,2 2631,7 ± 242,9

Chaoborus IV instar 3191,7 ± 763,7 5723,3 ± 2336,2 3356,7 ± 735,7 4558,3 ± 194,1

Chaoborus total 23055 ± 1160,7 23568,3 ± 2334,9 7026,7 ± 1578,5 9981,7 ± 1244,3

TOTAL 2,97 ± 0,23 x 106 2,24 ± 0,54 x 10

6 5,89 ± 0,08 x 10

6 5,51 ± 0,29 x 10

6

Page 97: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

92

Figura 1

Page 98: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

93

Figura 2

Page 99: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

94

DIA

24 25 26 27 28 29 30

Pro

fund

ida

de (

m)

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Oxigênio dissolvido (mg.l-1)

0 2 4 6 8 10

Temperatura

O. D.

NOITE

24 25 26 27 28 29 30

0 2 4 6 8 10

Radiação RFA (%)

0 20 40 60 80 100

Clor-a ( g.l-1)

0 4 8 12 16

Temperatura (oC)

1 - Lagoa Carioca (16 / 17 abril de 2003)

A B C

DIA

20 21 22 23 24 25 26

Pro

fundid

ade (

m)

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Oxigênio dissolvido (mg.l-1)

0 2 4 6 8 10 12 14 16

NOITE

20 21 22 23 24 25 26

0 2 4 6 8 10 12 14

Radiação RFA (%)

0 20 40 60 80 100

Clor-a ( g.l-1)

0 10 20 30 40 50 60

Temperatura (oC)

2 - Lagoa Carioca (30 / 31 julho de 2003)

A B C

Figura 3

Page 100: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

95

DIA

22 23 24 25 26

Pro

fundid

ade (

m)

0

1

2

3

4

5

6

Oxigênio dissolvido (mg.l-1)

0 2 4 6 8 10

Temperatura

O. D.

NOITE

22 23 24 25 26

0 2 4 6 8 10

Radiação RFA (%)

0 20 40 60 80 100

Clor-a ( g.l-1)

4 8 12 16 20

Temperatura (oC)

1 - Lagoa do Nado (29 / 30 abril de 2003)

A B C

DIA

18 20 22 24

Pro

fun

did

ade

(m

)

0

1

2

3

4

5

6

Oxigênio dissolvido (mg.l-1)

0 2 4 6 8 10 12 14 16

NOITE

18 20 22 24

0 4 8 12 16

Radiação RFA (%)

0 20 40 60 80 100

Clor-a ( g.l-1)

0 4 8 12

Temperatura (oC)

2 - Lagoa do Nado (07 / 08 agosto de 2003)

A B C

Figura 4

Page 101: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

96

NOITE

Abundância relativa (%)

Pro

fundid

ade (

m)

0

1

2

3

4

5

6

DIA

0

1

2

3

4

5

6

Chaoborus sp. instar I Chaoborus sp. instar II Chaoborus sp. instar III Chaoborus sp. instar IV

Thermocyclops inversus

nauplii

Thermocyclops inversus

copepodito

Thermocyclops inversus

adulto

1 - Lagoa do Nado (29 / 30 abril de 2003)

0 25 50 75 100 0 25 50 75 100 0 25 50 75 100 0 25 50 75 100

0 25 50 75 100 0 25 50 75 100 0 25 50 75 100

0

1

2

3

4

5

6

0 25 50 75 100

Brachionus falcatus

0 25 50 75 100

Brachionus mirus

0 25 50 75 100

Keratella cochlearis

0 25 50 75 100

Kellicottia bostoniensis

140 ± 170 140 ± 69,3 15,68 ± 4,34 x 103

1,92 ± 0,35 x 106

0,71 ± 0,53 x 1036,46 ± 1,27 x 10

32,37 ± 0,24 x 10

32,43 ± 0,42 x 10

31,37 ± 0,06 x 103

0,30 ± 0,24 x 106 0,14 ± 0,02 x 10

61,91 ± 0,48 x 10

6 0,36 ± 0,03 x 10

6 0,16 ± 0,007 x 10

6

0,64 ± 0,32 x 106 25,7 ± 16,1 x 10

3 0,11 ± 0,09 x 10

6 2,59 ± 0,68 x 10

6 2,57 ± 0,18 x 10

6 83,8 ± 5,36 x 10

3 0,26 ± 0,05 x 10

6 1,42 ± 0,19 x 10

6

Figura 5

Page 102: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

97

NOITE

Abundância relativa (%)

Pro

fun

did

ad

e (

m)

0

1

2

3

4

5

6

DIA

0

1

2

3

4

5

6

Chaoborus sp. instar I Chaoborus sp. instar II Chaoborus sp. instar III Chaoborus sp. instar IV

Thermocyclops inversus

nauplii

Thermocyclops inversus

copepodito

Thermocyclops inversus

adulto

2 - Lagoa do Nado (07 / 08 agosto de 2003)

0 25 50 75 100 0 25 50 75 100 0 25 50 75 100 0 25 50 75 100

0 25 50 75 100 0 25 50 75 100 0 25 50 75 100 0 25 50 75 100

Daphnia ambigua

adulto

0

1

2

3

4

5

6

0 25 50 75 100

Keratella tropica

0 25 50 75 100

Polyarthra sp.

0 25 50 75 100

Kellicottia bostoniensis

210 ± 155,9 658,3 ± 369,5 266,7 ± 289,960 ± 103,9 523,3 ± 518,7 1,13 ± 0,33 x 103

9,58 ± 1,2 x 103

2,35 ± 0,41 x 106 1,42 ± 0,14 x 10

6 0,43 ± 0,04 x 106 0,22 ± 0,06 x 10

6

3,63 ± 0,38 x 106 2,06 ± 0,07 x 10

6 0,74 ± 0,06 x 106 0,74 ± 0,05 x 10

6

0,99 ± 0,39 x 106 0,33 ± 0,09 x 10

60,19 ± 0,13 x 10

61,26 ± 0,48 x 10

6 0,27 ± 0,1 x 106 0,82 ± 0,13 x 10

6

Figura 5 – Continuação

Page 103: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

98

Na

up

lii

Co

pe

po

dito

T. in

ve

rsu

s a

d.

* * *

Pro

fundid

ade (

m)

0

1

2

3

4

5

6* * **

Insta

r I

Insta

r II

Insta

r II

I

Insta

r IV

A B

1 - Lagoa do Nado (29 / 30 abril de 2003)

B. fa

lca

tus

B. m

iru

s

K. co

ch

lea

ris

K. b

osto

nie

nsis

* * *

C

Na

up

lii

Copepodito

T.

invers

us a

d.

* * *

Pro

fundid

ade (

m)

0

1

2

3

4

5

6* *

Insta

r I

Insta

r II

Insta

r III

Insta

r IV

A B

2 - Lagoa do Nado (07 / 08 agosto de 2003)

D.

am

big

ua

K.

tropic

a

Poly

art

hra

sp.

K.

bosto

nie

nsis

C

Figura 6

Page 104: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

99

NOITE

Abundância relativa (%)

Pro

fundid

ade (

m)

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

DIA

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Chaoborus sp. instar I Chaoborus sp. instar II Chaoborus sp. instar III Chaoborus sp. instar IV

Thermocyclops minutus

nauplii

Thermocyclops minutus

copepodito

Thermocyclops minutus

adulto

0 25 50 750 25 50 75 0 25 50 75 0 25 50 75

1 - Lagoa Carioca (16 / 17 abril de 2003)

0 25 50 75 0 25 50 75 0 25 50 75

5,53 ± 0,67 x 103 7,44 ± 1,09 x 10

36,89 ± 0,16 x 10

33,19 ± 0,76 x 10

34,34 ± 2,47 x 10

3 6,62 ± 1,30 x 103

5,72 ± 2,34 x 103

6,89 ± 0,64 x 103

2,14 ± 0,12 x 106 0,58 ± 0,13 x 10

6 0,15 ± 0,02 x 106

1,72 ± 0,47 x 106

0,38 ± 0,06 x 106 0,10 ± 0,02 x 10

6

Hexarthra sp.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

0 25 50 75

Collotheca sp.

0 25 50 75

Ptygura sp.

0 25 50 75

63,6 ± 5,6 x 103

3,84 ± 2,2 x 103 1,07 ± 0,5 x 10

3

8,67 ± 0,6 x 103 1,75 ± 0,9 x 10

3 1,57 ± 1,4 x 103

Figura 7

Page 105: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

100

NOITE

Abundância relativa (%)

Pro

fun

did

ad

e (

m)

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

DIA

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Chaoborus sp. instar I Chaoborus sp. instar II Chaoborus sp. instar III Chaoborus sp. instar IV

Thermocyclops minutus

nauplii

Thermocyclops minutus

copepodito

Thermocyclops minutus

adulto

0 25 50 750 25 50 75 0 25 50 75 0 25 50 75

2 - Lagoa Carioca ( 30 / 31 julho de 2003)

0 25 50 75 0 25 50 75 0 25 50 75

0,67 ± 0,47 x 103 1,41 ± 0,40 x 10

31,59 ± 0,12 x 10

33,36 ± 0,74 x 10

31,17 ± 0,40 x 10

3 1,63 ± 0,89 x 103

2,63 ± 0,24 x 103

4,56 ± 0,19 x 103

3,30 ± 0,10 x 106 1,40 ± 0,10 x 10

60,59 ± 0,08 x 10

63,28 ± 0,21 x 10

61,19 ± 0,02 x 10

6 0,55 ± 0,04 x 106

Hexarthra sp.

0 25 50 75

0,58 ± 0,22 x 106

0,47 ± 0,06 x 106

Figura 7 - Continuação

Page 106: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

101

Na

up

lii

Co

pe

po

dito

T. m

inu

tus a

d.

Pro

fundid

ade (

m)

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9*

Insta

r I

Insta

r II

Insta

r III

Insta

r IV

A B

1 - Lagoa Carioca (16 / 17 abril de 2003)

He

xa

rth

ra s

p.

Co

llote

ca

sp

.

C

Pty

gu

ra s

p.

Na

up

lii

Copepodito

T.

min

utu

s a

d.

Pro

fundid

ade (

m)

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9*

Insta

r I

Insta

r II

Insta

r III

Insta

r IV

A B

2 - Lagoa Carioca (30 / 31 julho de 2003)

Hexart

hra

sp.

C

Figura 8

Page 107: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

102

Capítulo 3

A cascata trófica invertida em comunidades planctônicas

tropicais: impactos da introdução de peixes exóticos no Distrito de

lagos do Médio Rio Doce, MG

BEZERRA-NETO, J.F. PINTO-COELHO, R.M., , MIRANDA, F., MOTA, T.G., RESCK,

R., SANTOS, A.M., MAIA-BARBOSA, P.M., MELLO, N.A.S.T., MARQUES, M.

M.,CAMPOS, M.O. & BARBOSA, F.A.R.

Formatado segundo as normas da revista Brazilian Journal of Biology

Page 108: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

103

A cascata trófica invertida em comunidades planctônicas

tropicais: impactos da introdução de peixes exóticos no Distrito de

lagos do Médio Rio Doce, MG

Bezerra-Neto, JF.a* Pinto-Coelho, RM.

b, , Miranda, F.

a, Mota, TG.

a, Resck, R.

a, Santos,

AM.c, Maia-Barbosa, PM.

d, Mello, NAST.

d, Marques, M. M.

e,Campos, MO.

e and Barbosa,

FAR.e

aPrograma de Pós-Graduação em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre,

Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil

bLaboratório de Gestão de Reservatórios Tropicais, Depto. Biologia Geral, ICB, Universidade

Federal de Minas Gerais, CP 486, 31270-901, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil

cUniversidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES, Montes Claros, MG, Brazil

dLaboratório de Ecologia do Zooplâncton, Departamento de Biologia Geral, Universidade

Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil

eLaboratório de Limnologia, Departamento de Biologia Geral, Universidade Federal de Minas

Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil

*e-mail: [email protected]

(Com 7 figuras)

Titulo reduzido: Cascata trófica invertida em comunidades planctônicas tropicais

Page 109: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

104

Resumo

O presente estudo trata dos impactos ecológicos da introdução de duas espécies invasoras de

peixes piscívoros em diversos lagos da região lacustre do médio Rio Doce em Minas Gerais,

Brasil. Demonstrou-se que estes efeitos não se restringiram ao nível da comunidade de peixes.

A introdução dos predadores Pygocentrus nattererii (piranha-vermelha) e Cichla cf. ocellaris

(tucunaré) não só causou uma forte redução no número de espécies de peixes nativos, como

também grandes mudanças nos níveis tróficos inferiores. Pouco depois das introduções, a

maioria dos lagos começou a mostrar mudanças conspícuas na comunidade fitoplanctônica,

tais como o aparecimento da dominância de Cyanophyceae. A comunidade zooplanctônica

perdeu diversas espécies e, em alguns casos, houve o desaparecimento de todas as espécies de

cladóceros limnéticos, como é o caso da Lagoa Carioca. Por outro lado, predadores

invertebrados, representados pelos dípteros da família Chaoboridae, floresceram nos lagos

com alta densidade de espécies exóticas, provavelmente como resultado da ―liberação

ecológica‖ causada pela redução da ictiofauna original. Além de uma tendência geral de perda

de espécies em diferentes níveis tróficos, outras mudanças estão aparentemente associadas

com a redução da qualidade de água nestes lagos. Dessa forma, esses ecossistemas necessitam

de novas abordagens nas estratégias de manejo e conservação.

Palavras-chave: Espécies exóticas; eutrofização; cascata trófica; zooplâncton; introduções.

Page 110: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

105

The inverted trophic cascade in tropical planktonic communities: impacts

of exotic fish introduction in the Middle Rio Doce lake District, Minas

Gerais

Abstract

The present study deals with the ecological impacts of the introduction of two alien species of

piscivorous fish in several lakes of the Middle Rio Doce lake district in Minas Gerais, Brazil.

It was demonstrated that these effects were not restricted only to the fish community. The

introduction of the predatory red piranha Pygocentrus nattereri and the tucunaré Cichla cf.

ocellaris caused not only a sharp decrease in the number of native fish species, but also major

shifts in other trophic levels. Just after the fish were introduced, most lakes began to show

conspicuous changes in phytoplankton species composition, in which Cyanophyceae

gradually came to dominate. The zooplankton community lost several species, and in some

cases, such as Lake Carioca, all the limnetic cladoceran species disappeared. On the other

hand, invertebrate predators, represented by the dipteran Chaoboridae, boomed in the lake,

with higher densities of exotic species, probably as a result of the ―ecological release‖ by

reduction of the original fish fauna. There was a general trend of species loss in different

trophic levels. All these changes are apparently associated with decreases in water quality.

The present situation in these lakes demands new approaches to the management and

conservation of these ecosystems.

Keywords: Exotic species; eutrophication; trophic cascade; zooplankton; introductions.

Page 111: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

106

1. Introdução

Nas décadas recentes, a ameaça das invasões biológicas tem ganhado proeminência e

muito esforço têm sido utilizado na predição sobre os efeitos de tais invasões a nível dos

indivíduos, das populações, das comunidades e até mesmo a nível do ecossistema (Simon &

Towsend, 2003). As conseqüências das introduções podem ser dramáticas, mudando a

natureza de toda comunidade, como no caso da introdução da Perca do Nilo (Lates nilotica)

no lago Victoria, África Oriental (Kaufman, 1992) ou também do mexilhão zebra (Dreissena

polymorpha) na América do Norte (Ricciardi 2003). Tais efeitos tornam-se ainda mais

evidentes quando se trata de invasões de predadores de topo. Isto porque os predadores de

topo podem causar fortes impactos sobre a abundância e a composição das espécies (Kerfoot

& Sih, 1987). Em sistemas aquáticos em particular, inúmeros estudos mostram que as

introduções de predadores de topo (peixes piscívoros) resultam em efeitos negativos sobre a

abundância dos peixes nativos, podendo tais efeitos se propagar para os níveis tróficos

inferiores, afetando assim todo o ecossistema (Simon & Townsend, 2003; Soto et al., 2006;

Byström et al., 2007).

A introdução de espécies de peixes em lagos tropicais vem se consolidando como uma

das principais causas da perda de biodiversidade nestes ambientes, uma vez que modifica as

condições ecológicas do local, alterando reprodução, crescimento e desenvolvimento das

espécies nativas, bem como causando hibridações e introduzindo doenças e parasitas (Latini

& Petrere, 2004). No Brasil a introdução de espécies exóticas de peixes é um fenômeno

comum, sendo frequentemente motivada pelo interesse de associações de pesca esportiva ou

induzido com o propósito do aumento da produção de alimentos. Por muitos anos, estas ações

têm sido realizadas sem se considerar os aspectos ecológicos e biogeográficos. Estas

introduções tiveram seu pico de ocorrência nas décadas de 60 e 70, com translocações

Page 112: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

107

ocorrendo principalmente da bacia Amazônica para bacias do nordeste e sudeste, com

finalidades econômicas e esportivas (Agostinho et al., 2005).

Nesse estudo nós analisamos os efeitos das introduções de espécies exóticas ao nível

da comunidade planctônica em um conjunto de lagos localizados no mais importante distrito

lacustre do Brasil: a área de lagos do Médio Rio Doce. Os lagos estudados estão localizados

em um ―hotspot‖ de biodiversidade, dentro de uma unidade de conservação (PERD), em um

remanescente da floresta atlântica. Já é sabido que o complexo lacustre do Médio Rio Doce –

MG, vem sofrendo um forte processo de perda de biodiversidade na ictiofauna devido à

introdução de peixes exóticos, principalmente tucunaré, Cichla cf ocellaris Bloch &

Schneider e a piranha-vermelha, Pygocentrus nattereri Kner, 1858 (Latini & Petrere, 2004).

Estas introduções afetaram as comunidades ícticas nativas, causando o desaparecimento de

algumas espécies e a redução na abundância de indivíduos jovens em outros (Sunaga &

Verani, 1991; Godinho et al., 1994). Estas espécies foram introduzidas em alguns lagos da

região há cerca de 30 anos e ainda hoje o processo de dispersão continua acontecendo, devido

principalmente à grande conectividade existente entre os lagos, por meio dos riachos da

região e de canais que escoam excesso de água dos lagos no período das cheias (Latini et al.,

2005). Entretanto, estamos propondo que os efeitos destas introduções se estenderam além de

simplesmente alterar a composição de espécies de peixes nativos de um dado lago. Este

estudo irá demonstrar que estas introduções causaram mudanças significativas em toda cadeia

trófica. Nós também queremos demonstrar que a introdução de peixes piscívoros no sistema

de lagos do Médio Rio Doce causou um padrão inteiramente contrastante de mudanças na

matriz trófica daquela esperada pela teoria da cascata trófica (sensu Carpenter et al., 1985) em

resposta ao aumento de piscivoria em lagos. Isto será feito não somente utilizando dados

originais, mas também informações advindas de outros estudos conduzidos na área.

Page 113: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

108

2. Material e Métodos

2.1 Áreas de estudo

O complexo lacustre do Médio Rio Doce é o maior distrito de lagos do Brasil (Fig. 1).

Este sistema único no Brasil está localizado em um vale barrado no curso médio do rio Doce,

estado de Minas Gerais. Nesta região complexos processos geológicos iniciados a pelo menos

10.000 anos, modificaram o curso do Rio Doce e seus tributários, isolando pequenos trechos

que deram origem ao sistema de lagos atual (De Meis & Monteiro, 1979; Tundisi & De Meis,

1985). Esta área conta com aproximadamente 130 lagos, 42 deles localizados dentro da área

do Parque Estadual do Rio Doce (PERD), que constitui o maior remanescente do bioma Mata

Atlântica em Minas Gerais, totalizando 36.000 ha de florestas (Pflug,1969). Os outros lagos

estão localizados fora da reserva estadual e têm suas bacias de drenagem drasticamente

impactadas pelas atividades humanas nos últimos 30 anos, sendo a maior parte deles hoje

rodeada por uma monocultura de Eucalyptus spp.

Houve a introdução de espécies exóticas na maior parte do lagos do médio Rio Doce,

especialmente naqueles localizados dentro da unidade de conservação (PERD) (Godinho et

al., 1994). Atualmente, somente três lagos dentro da reserva não possui espécies exóticas –

lagos Gambazinho, Azul e Lagoinha. Fora da reserva a situação mostra-se um pouco melhor,

com 13 lagos com sua fauna íctica original, ainda não modificada pela introdução de exóticos

(Latini et al., 2005).

Para o presente estudo, sete lagos foram considerados: D. Helvécio, Carioca,

Gambazinho, Jacaré, Amarela, Palmerinha e Águas Claras. Estes lagos possuem diferentes

características morfométricas e limnológicas (Tab. 1). Com exceção do lago Dom Helvécio

com uma área superficial de 5,27 km2 e Zmax de 39,3 m (Pinto-Coelho et al., em preparação),

os lagos estudados são pequenos e rasos (área < 2 km2 and Zmax < 12 m). Este lagos foram

selecionados por serem representativos do Distrito de lagos do Médio Rio Doce.

Page 114: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

109

2.2 Métodos gerais

Entre agosto de 2004 e janeiro de 2005, sete lagos (três lagos dentro do PERD e

quatro lagos fora dos limites do PERD) foram estudados durante a estação seca (julho de

2004) e chuvosa (janeiro de 2005). As seguintes variáveis limnológicas foram mensuradas no

ponto central de cada lago, utilizando-se a sonda multi-parâmetros Horiba (modelo U-22):

temperatura da água, pH, concentração de oxigênio dissolvido e condutividade elétrica.

Amostras adicionais foram também foram tomadas com uma garrafa de Van Dorn de 2 litros

na profundidade de 0,5 m para nitrato, amônio, fósforo total, clorofila-a e também para as

contagens do fitoplâncton. Nos dias de amostragem, duas amostras de água, em réplica, foram

filtradas utilizando filtros Whatman GF-C de 47 mm. O filtrado foi transferido para garrafas

pré-lavadas em HCL de 500 ml para análise do nitrogênio inorgânico e os filtros de fibra de

vidro foram reservados para as determinações de clorofila-a (Lorenzen, 1967). Todas as

amostras para as análises químicas foram mantidas a -25 oC (freezer convencional) até o

processamento (APHA, 2000).

As amostras de fitoplâncton foram coletadas e preservadas (lugol ácido). As contagens

foram feitas em câmara de sedimentação em microscópio invertido em campos aleatórios,

através da técnica de Utermöhl (1958). Amostras integradas adicionais foram também

coletadas para identificação taxonômica, sendo o fitoplâncton coletado com uma rede cônica

de 20 μm de abertura de malha, preservado (formalina tamponada 8%) e identificado de

acordo com a literatura clássica. O zooplâncton foi amostrado em réplicas utilizando duas

redes cônicas com diferentes tamanhos de abertura de malha: 68 e 200 μm. Os organismos

foram fixados em solução de formalina com sacarose a 4% tamponada no pH 7.0, contendo o

corante vital rosa de bengala.

Nas coletas de peixes foram utilizadas redes de espera com 10 metros de

comprimento por 1,5 metros de largura com os seguintes tamanhos de malha: 3, 4, 5, 6, 8, 10

Page 115: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

110

0 1

1 0

1 0

0 1 ou

e 12 cm. Em cada lago estudado, as redes foram armadas duas a duas perpendicularmente em

relação à margem, sendo aleatoriamente escolhidos os tamanhos de malha. As pescarias

tiveram início às 18:00 horas e foram recolhidas às 08:00 horas do dia seguinte (14 horas de

tempo de exposição). Os espécimes coletados foram colocados em sacos plásticos,

identificados por unidade amostral e fixados em solução de formalina 10%. A solução de

fixação foi mudada para álcool 70% uma semana depois. No laboratório, todos os indivíduos

foram identificados, sendo também aferidos o peso total (em gramas) e o comprimento total e

padrão (em milímetros). Os resultados foram expressos utilizando a biomassa CPUE (gramas

de peso úmido) e o número de indivíduos padronizados para 100 m2 de superfície de rede de

pesca.

Nós também comparamos nossos dados com outras fontes na literatura e outros bancos

de dados de bibliotecas digitais, tais como o banco de dados do Programa Brasil – LTER

conduzido na região (PELD /CNPq, 2007).

2.3 Análises estatísticas

Diferenças quantitativas na estrutura das comunidades de peixes entre os lagos foram

investigadas pela análise da co-ocorrência. Os sete lagos acima descritos e mais um lago

adicional sem espécies exóticas e fora da área do PERD (lagoa Malba) foram analisados pelo

módulo de co-ocorrência do programa Ecossim (Gotelli & Entsminger, 2001). O módulo de

co-ocorrência realiza testes para detectar padrões não-randômicos de co-ocorrência de

espécies em uma matriz de presença-ausência. Nós utilizamos o ―C-Score‖ o qual mede a

tendência das espécies não ocorrerem juntas. Este índice mede o número médio de ―unidades

checkerboard‖ entre todos os possíveis pares de espécies. Uma unidade ―checkerboard‖ é uma

sub-matriz da forma:

Page 116: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

111

O número de unidades ―checkerboard‖ (CU) para cada par de espécies é calculado como:

onde S é o número de lagos em comum (lagos contendo ambas as espécies) e ri e rj

representam o total de linhas para as espécies i e j. O ―C-score‖ é a média de todos os

possíveis pares ―checkerboard‖ calculada para as espécies que ocorrem pelo menos uma vez

na matriz. Quanto maior o ―C-score‖, menor é a média de co-ocorrência entre os pares de

espécies. Em uma comunidade estruturada competitivamente, o ―C-score‖ deverá ser

significativamente maior do que o esperado pelo acaso (Gotelli & Entsminger. 2001).

Para analisar as possíveis associações entre as assembléias de peixes e a comunidade

zooplanctônica, um DCA (―detrended correspondence analysis‖) foi aplicado (Gauch, 1982).

Matrizes de dados de abundância de peixes e zooplâncton foram analisadas conjuntamente de

maneira a se ordenar os lagos e explorar qualquer gradiente espacial encoberto na composição

de espécies. Para se obter a normalidade, todos os dados foram log transformados (ln x + 1).

3. Resultados

Em nossas amostragens, todos os lagos apresentaram baixas concentrações de nitrato

(< 10 μg. l-1

) enquanto que a concentração de amônio alcançou valores maiores do que 100

μg. l-1

na maior parte dos lagos durante a estação seca. O fósforo total também alcançou o

máximo sazonal durante a estação seca e as concentrações variaram de 20 a 76 μg. l-1

, com

exceção da concentração máxima de 228 μg. l-1

PT observado na lagoa Água Claras. A área

da bacia deste lago está completamente ocupada por uma monocultura de Eucalyptus spp. Um

padrão sazonal similar, com altos valores na estação seca, pôde também ser observado para

clorofila-a. Os maiores valores de concentração deste pigmento algal foram encontrados na

lagoa Carioca (48,6 μg. l-1

) e Águas Claras (27,9 μg. l-1

), respectivamente (Tabela 1). É

interessante se notar que a lagoa Amarela, que tem mais do que 70% de sua superfície coberta

Page 117: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

112

por uma densa biomassa de macrófitas flutuantes, apresentou baixas concentrações de fósforo

total e clorofila-a, menores do que outros lagos considerados meso-oligotróficos, tais como as

lagoas Carioca e Águas Claras (Tabela 1).

Os lagos do Médio Rio Doce diferiram fortemente na abundância e composição de

espécies da comunidade fitoplanctônica (Fig. 2). Não obstante, a característica comum da

maior parte destes lagos foi o padrão alta densidade – baixa diversidade dos produtores

primários. Isto pode ser observado para as lagoas Carioca, Gambazinho e Jacaré durante a

estação seca e para a lagoa Gambazinho e Águas Claras durante o período chuvoso (Fig. 2-A).

Durante a estação chuvosa, as densidades algais totais da lagoa Carioca e Águas Claras foram

claramente maiores do que dos outros lagos. Estes dois lagos também apresentaram os

maiores valores de clorofila-a de todos os lagos estudados (Tab. 1).

Durante o período seco de 2004, o número de táxons da lagoa Carioca, Gambazinho e

Dom Helvécio variaram de 18 a 37, enquanto que as lagoas Amarela, águas Claras e Jacaré

apresentaram mais do que 40 diferentes táxons de algas. Já durante o período chuvoso, houve

um incremento geral no número de táxons encontrados, com as lagoas Dom Helvécio e Jacaré

apresentando mais de 60 diferentes táxons de algas (Fig. 2-B). Entretanto, o número de táxons

nas lagoas Carioca, Águas Claras e Amarela diminuiu durante este período, com esta última

apresentando a menor riqueza de táxons de todos os lagos – 23 táxons (Fig. 2-B).

Os lagos mostraram uma forte dominância de Cyanophyceae na composição relativa

do fitoplâncton durante a estação seca de 2004 (Fig. 2-C). No período chuvoso, por sua vez,

foi menor a ocorrência de grupos dominantes de algas, como pode ser visto na lagoa Amarela

a qual mostrou uma estrutura sempre diversa de espécies algais (Fig. 2-C). Os lagos

Gambazinho, Águas Claras e Carioca, entretanto, mantiveram forte dominância do grupo de

produtores procarióticos mesmo no período chuvoso.

Page 118: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

113

A composição zooplanctônica encontrada nos lagos do Médio Rio Doce também se

revelou estruturalmente simples. O número total de espécies de copépodos e cladóceros

observados sempre permaneceu abaixo de 10 espécies (Tab. 2). Na maior parte dos lagos, esta

comunidade foi dominada por um conjunto simples de copépodos e cladóceros de pequeno

porte e somente alguns poucos rotíferos que são comumente encontrados nas águas eutróficas

do Brasil. Os organismos mais comumente observados foram: Chaoborus spp.,

Thermocyclops minutus, Bosmina hagmanii, Ceriodaphnia cornuta, Hexarthra sp.,

Brachionus calyciflorus, e Filinia sp.

O microzooplâncton (< 200 µm) mostrou uma composição homogênea em todos os

lagos. Os lagos Carioca, Gambazinho e Amarela exibiram as maiores densidades (estação

chuvosa/2005) desta fração do zooplâncton (Fig. 3-A). Na maior parte dos casos, esta

comunidade foi dominada por náuplios de copépodos ciclopóides. A fração

mesozooplanctônica (> 200 µm) também mostrou as maiores densidades durante a estação

chuvosa, à exceção da lagoa Jacaré (Fig. 3-A).

As larvas de Chaoborus foram comuns no mesozooplâncton de todos os lagos

estudados, com as maiores densidades sendo observadas nos lagos Águas Claras, Jacaré e

Carioca durante a estação seca de 2004 (Fig. 3-B). O mesozooplâncton dos lagos onde a

vegetação predominante da sua bacia de drenagem é composta pela Floresta Atlântica, dentro

do PERD, tais como os lagos Gambazinho e Carioca, foram dominados pelo copépodo

ciclopóide Thermocyclops minutus (Fig. 3-C). Os ostrácodos (Physocypria sp.), por sua vez,

foram os organismos dominantes da fração mesozooplanctônica dos lagos situados fora do

PERD (lagos Águas Claras, Palmeirinha, e Jacaré). Já a lagoa Amarela apresentou uma

composição única da fração mesozooplanctônica, caracterizada pela dominância numérica dos

cladóceros (Fig. 3-C).

Page 119: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

114

Os dados encontrados sugerem uma relação inversa entre a densidade de Chaoborus e

o número de táxons de cladóceros nos lagos estudados (Fig. 4). Nos lagos onde houve uma

maior densidade do predador invertebrado, pequenos copépodos e rotíferos dominaram o

zooplâncton, sendo os cladóceros raros ou ausentes.

A comunidade íctica foi representada por 11 táxons nos 7 lagos estudados, sendo 5 da

ordem Characiforme, 4 da ordem Perciforme, 1 espécie da ordem Siluriforme e 1 da ordem

Clupeiforme. Em 6 destes lagos foi registrada a presença de pelo menos uma espécie exótica,

sendo a lagoa Gambazinho a única exceção deste padrão (Fig. 5-A). As espécies exóticas

capturadas foram: piranha (Pygocentrus nattereri), tucunaré (Cichla cf. ocellaris), cará do

Amazonas (Astronotus ocellatus) e tamboatá (Hoplosternum litoralle). Os lagos que

apresentaram o menor número de espécies em sua comunidade íctica foram os lagos Amarela,

Gambazinho e Águas Claras, todos com 3 espécies (Fig. 5-A).

A biomassa cumulativa da comunidade de peixes (CPUEb) nos lagos variou de 3700 a

8200 gramas (Fig. 5-B). Os valores mais altos de biomassa foram encontrados para o exótico

Pygocentrus nattereri nos lagos Águas Claras, Carioca e Dom Helvécio (Fig. 5-B). A espécie

exótica Cichla cf. ocellaris é bem conhecida por evitar as redes de pesca (Godinho &

Formagio, 1992), assim a biomassa desta espécie foi provavelmente subestimada nas nossas

amostras. A comparação da abundância relativa de peixes (CPUEn) entre todos os lagos

também mostrou uma grande importância quantitativa dos peixes exóticos na maior parte dos

lagos, com Pygocentrus nattereri apresentando a maior abundância relativa em todos os

lagos onde esteve presente (Fig. 5-C). As espécies nativas que mostraram uma abundância

relativa significativa foram Hoplias malabaricus, Oligosarcus solitarius, e Hoplosternum

littorale.

A tabela 3 mostra as co-ocorrências das espécies de peixes. Os valores de unidades

―checkerboards‖ observados foram maiores do que os valores esperados pelo acaso (índice

Page 120: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

115

observado = 1,76; média dos índices simulados = 1,57; p observado ≥ esperado = 0,0214 –

10000 permutações). Os valores mais elevados (―checkerboards‖) indicam que as espécies

não partilham o mesmo ambiente. Pode-se notar que a espécie que mais apresentou este

comportamento antagônico foi Pygocentrus nattereri - piranha vermelha, seguida por

Hoplosternum litoralle - tamboatá ou Peixe Pedra, ambos introduzidos (Tab. 3).

O impacto das espécies exóticas de peixes sobre os peixes nativos e as populações

zooplanctônicas são mostrados pela análise DCA (Fig. 6). Destes resultados vale destacar o

grupo formado pela lagoa Gambazinho (sem espécies exóticas), com peixes nativos de

pequeno porte, tais como Astyanax bimaculatus e Oligosarcus solitarius e espécies

zooplanctônicas tais como Ceriodaphnia, copepoditos de Calanoida e Calanoida adulto. Outro

grupo foi formado pela larva de Chaoborus associada com peixes exóticos (Cichla ocellaris e

Pygocentrus nattereri) que prevaleceram nos lagos Águas Claras e Carioca (Fig. 6).

4. Discussão

Este estudo visou demonstrar as mudanças sofridas nos diversos níveis tróficos dos

lagos do sistema lacustre do Médio Rio Doce após a introdução de espécies exóticas de

peixes. Foi constatado que nos lagos estudados a comunidade fitoplanctônica apresenta uma

baixa diversidade com uma forte dominância de Cyanophyceae. A comunidade

zooplanctônica da maior parte dos lagos também apresenta valores baixos de riqueza. O

número total de copépodos e cladóceros nos lagos sempre esteve abaixo de 10 espécies, e foi

encontrada uma clara relação inversa entre a abundância de Chaoborus e a riqueza de

cladóceros. Nós também confirmamos a redução na riqueza de espécies da comunidade íctica

nos lagos do Médio Rio Doce, com uma forte dominância da biomassa de dois peixes

exóticos invasores.

Page 121: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

116

A introdução de espécies exóticas nos lagos do PERD deve ter ocorrido entre os anos

de 1984-85, já que nas coletas realizadas por Sunaga & Verani nos lagos Carioca e Dom

Helvécio em junho-julho de 1983, não houve nenhum registro de espécies exóticas nestes

lagos (Sunaga & Verani, 1991). Entretanto, estes autores já haviam registrado neste ano

(1983), a ocorrência de Cichla cf. ocellaris e Pygocentrus nattereri na lagoa Jacaré, situada na

região do entorno do PERD e onde se situa uma das sedes de um clube particular de pesca e

camping. A partir de 1985, registros de espécies introduzidas começaram aparecer nas lagoas

do PERD e observa-se a uma erosão gradativa e constante na riqueza das espécies de peixes

nativas nestes lagos. Na lagoa Carioca, por exemplo, oito espécies nativas que existiam até

1985 não foram registradas neste lago nas coletas realizadas por Sunaga & Verani em 1987

(Tab. 5).

No nosso estudo, o número de espécies de peixes (entre exóticos e nativos) mostrou-se

reduzido de 3–6 nos lagos estudados. Além disso, pôde-se observar que em alguns destes

ambientes o depauperamento da riqueza mostrou-se extrema, como nos caso da lagoa Águas

Claras, em que foram capturadas apenas três espécies de peixes, sendo todas piscívoras

(Hoplias malabaricus, Cichla cf. ocellaris e Pygocentrus nattereri). A maior parte dos

autores concorda que a redução da fauna nativa de peixes nos lagos do Médio Rio Doce é o

resultado direto da introdução dos piscívoros Cichla cf. ocellaris e Pygocentrus nattereri

nestes ambientes (Godinho et al., 1994, Latini & Petrere, 2004, Latini et al., 2005).

Vasconcellos et al. (2005) estudando a fauna íctica de 4 lagos do Sistema de lagos do Médio

Rio Doce destacou que a principal característica observada nas lagoas em que se registra a

presença de Cichla e Pygocentrus é a derrocada das espécies de peixes forrageiras como

Astyanax bimaculatus, A. fasciatus, A. taeniatus, Moenkausia doceana, Anchoviella sp.,

Cyphocharax gilbert e alguns piscívoros nativos como Brycon devillei e Oligosarcus

solitarius. Nossos resultados corroboram esta afirmação, pois pode ser observado nos altos

Page 122: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

117

valores do índice ―C-score‖ encontrados neste estudo, um padrão antagônico entre os

piscívoros exóticos Cichla e Pygocentrus e diversas espécies de peixes nativos forrageiros

(Tabela 3).

As mudanças nas comunidades de peixes nos lagos do Médio Rio Doce induziram a

mudanças na estrutura das comunidades dos níveis tróficos inferiores. Entretanto, a cadeia de

eventos ligada à introdução de peixes piscívoros nestes lagos não obedeceram as predições da

hipótese da cascata trófica de Carpenter et al. (1985), que afirma que: quando os piscívoros

são abundantes e peixes planctívoros são escassos, a biomassa do zooplâncton pode ser

elevada e dominada por espécies de grande porte, resultando em elevadas taxas de forrageio

sobre o fitoplâncton. Esta hipótese, com algumas pequenas modificações, é ainda a base

ecológica para a técnica de biomanipulação da maior parte dos sistemas temperados (De Melo

et al., 1992; Jeppesen et al., 2007).

Nós comparamos nossos dados com algumas investigações sobre o zooplâncton

realizadas nos lagos do Médio Rio Doce no período de 1980 – 2005. A Tabela 6 sugere que

uma séria perda de espécies ocorreu na maior parte dos lagos nos últimos 20 anos e, de uma

maneira geral, não houve aumento e sim o desaparecimento gradual dos organismos

zooplanctônicos de grande porte nos lagos, principalmente dafinídeos e copépodos

calanóides. Apesar da tendência geral de perda de espécies do zooplâncton, houve diferenças

marcantes entre os grupos taxonômicos que foram desaparecendo de cada lago ao longo do

tempo, refletindo provavelmente as diferenças nas características intrínsecas de cada ambiente

(p. ex., morfometria), que foram determinantes na estruturação destas comunidades. A

comunidade zooplanctônica da lagoa Carioca, por exemplo, sofreu uma diminuição estável no

número de espécies, com o desaparecimento de todos os cladóceros e de diversos copépodos

(p. ex., Tropocyclops prasinus, Mesocyclops brasilianus e Notodiaptomus isabelae), que eram

comumente encontrados na região limnética deste lago (Tab. 6). O lago Dom Helvécio, por

Page 123: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

118

outro lado, sofreu uma perda maior de espécies de copépodos, que eram de 7 em 1980 e

caíram para apenas 2 espécies (Thermocyclops minutus e Notodiaptomus isabelae) em 2005

(Tab. 6). Além disso, houve mudanças expressivas no padrão de dominância nestas

comunidades, pois os copépodos calanóides Argyrodiaptomus furcatus e Scolodiaptomus

corderoi que dominavam a comunidade zooplanctônica na década de 80 (Matsumura-Tundisi,

1997), desapareceram dos registros deste lago a partir de 2002 (Brandão et al., 2002). Outro

copépodo de grande porte - Mesocyclops longisetus e os cladóceros Daphnia gessneri e

Moina minuta também desapareceram deste lago.

Diversos estudos têm mostrado que a comunidade zooplanctônica nos lagos tropicais é

dominada por pequenos cladóceros, rotíferos e formas jovens de copépodos - náuplios e

copepoditos (Lewis, 2000; Branco et al., 2002; Pinto-Coelho et al., 2005). As larvas do

predador invertebrado Chaoborus normalmente coexistem nestes ambientes e são controladas

pela predação por peixes (Bezerra-Neto & Pinto-Coelho, 2002). Originalmente, a estrutura da

comunidade zooplanctônica da maior parte dos lagos do Médio Rio Doce não diferia deste

padrão geral, com uma baixa diversidade de microcrustáceos limnéticos (copépodos e

cladóceros), uma dominância numérica de rotíferos, além da presença de chaoborídeos

(Tundisi et al., 1997). Entretanto, com a introdução de peixes piscívoros obrigatórios Cichla e

Pygocentrus houve um empobrecimento ainda maior da riqueza zooplanctônica limnética

nestes lagos. A chave para se entender todos estes processos parece residir no papel que as

larvas de Chaoborus passaram a desempenhar nestes ambientes a partir da diminuição nos

mesmos da riqueza das espécies de peixes nativas.

Os primeiros estudos sobre a fauna zoobentônica dos lagos na região do Médio Rio

Doce, realizados em 1983 (Fukuhara et al., 1997; Tundisi et al., 1997), já atestavam a

dominância de Chaoborus sobre a comunidade zoobentônica destes lagos. Entretanto, os

pouco dados de abundância desta larva na coluna de água e no sedimento nestes trabalhos da

Page 124: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

119

década de 80 mostram valores bem mais baixos do que os encontrados nos trabalhos a partir

de 2000. Fuhuhara et al. (1997) por exemplo, registraram densidades das larvas de Chaoborus

na coluna de água para os lago Jacaré e Dom Helvécio na ordem de 391 ind. m-3

e 61 ind. m-3

,

respectivamente. Nossos dados, por sua vez, mostraram uma abundância de 1040 ind. m-3

e

286 ind. m-3

, nos lagos Jacaré e Dom Helvécio em 2004/2005. Os dados de Moretto (2001)

mostram densidades ainda mais elevadas desta larva na coluna de água (região limnética) dos

lagos Carioca e Água Claras em 1999 – 6000 ind. m-3

e 21590 ind. m-3

, respectivamente. O

aumento nas densidades das larvas de Chaoborus na coluna de água dos lagos estudados fez

com que este predador invertebrado substituísse os peixes planctívoros como o principal

consumidor do zooplâncton herbívoro. O aumento da densidade deste predador invertebrado

foi provavelmente o resultado da ―liberação ecológica‖ causada pela redução da pressão

predação por peixes forrageiros que estavam desaparecendo da coluna de água dos lagos do

Médio Rio Doce. A liberação ecológica é um fenômeno bem conhecido (Cox & Ricklefs,

1977). Ela ocorre quando há um aumento da densidade como consequência do alargamento

do nicho ecológico de uma espécie, resultando na diminuição na competição ou na pressão de

predação (Losos & Queiroz, 1997; Busch et al., 2005).

O fenômeno da liberação ecológica afetando as larvas de Chaoborus pode ser

indiretamente observado pela consideração de algumas características comportamentais deste

organismo nos lagos estudados. O comportamento da migração vertical do zooplâncton é

largamente aceito como um mecanismo de evasão de predação (Gliwicz, 1986). Usualmente o

zooplâncton ascende para o epilímnio á noite e desce para as camadas escuras, frias e pobres

em oxigênio durante o dia para evitar a predação por peixes. Uma forte evidência da falta de

predação por vertebrados sobre o zooplâncton é a ausência do comportamento de migração

vertical e a presença das populações de Chaoborus dia e noite na coluna de água de alguns

lagos com espécies exóticas de peixes, tais como a lagoa Carioca (Bezerra-Neto, 2007).

Page 125: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

120

Os principais efeitos associados com a introdução de espécies exóticas sobre o

funcionamento dos lagos do Médio Rio Doce estão sumarizados na Fig. 7. A introdução dos

exóticos causou, num primeiro momento, rápida diminuição na riqueza das espécies nativas,

principalmente das espécies forrageiras. Posteriormente houve o desenvolvimento

incontrolado das populações de Chaoborus. Este efeito pode ser visto nos lagos Carioca,

Águas Claras e Palmeirinha. Estes lagos possuem uma alta proporção de peixes exóticos e

relativamente altas densidades de Chaoborus no mesozooplâncton (Fig. 3). O aumento na

densidade dos predadores invertebrados causou uma profunda redução de cladóceros nestes

lagos. Sob estas circunstâncias, rotíferos, copepoditos e náuplios de populações de copépodos

ciclopóides (normalmente com o predomínio de Thermocyclops minutus), juntamente com

outros organismos temporários tais como ostrácodos, dominaram a comunidade

zooplanctônica na região limnética dos lagos. Assim, o controle clássico do fitoplâncton pelos

organismos zooplanctônicos de grande porte nestes lagos, se pequeno, tornou-se praticamente

inexistente. Estes resultados são contrários às predições suportadas pela hipótese da cascata

trófica (op. cit.), pois o aumento da piscivoria nos lagos do Médio Rio Doce levou a uma

redução dos organismos planctônicos de grande porte nestes lagos e consequentemente, a uma

redução do forrageio do zooplâncton de grande porte sobre o fitoplâncton.

Alguns estudos têm demonstrado que, em lagos onde ocorreu um aumento extremo de

piscivoria (―sobre-biomanipulação‖), um aumento na abundância de predadores invertebrados

de grande porte pode ocorrer, o qual exerceria uma forte pressão de predação sobre o

zooplâncton herbívoro (Wissel et al., 2000; Bendorf et al., 2000). Entretanto, os efeitos da

redução da predação dos peixes sobre as larvas de Chaoborus parecem ser mais severos em

lagos tropicais devido: (1) nestes ambientes os chaoborídeos são os únicos predadores

invertebrados de grande porte, já que os crustáceos predadores Mysis relicta, Bythotrephes e

Leptodora, comuns em lagos temperados, estão ausentes (Fernando, 1994); (2) chaoborídeos

Page 126: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

121

reproduzem durante todo o ano e seu ciclo de vida dura aproximadamente 40-60 dias, em

contraste com 1-2 anos dos ambientes temperados (Bezerra-Neto & Pinto-Coelho, 2002) e (3)

a ocorrência de anoxia nas camadas profundas é mais comum em lagos tropicais, o qual provê

às larvas de chaoborídeos um refúgio contra a predação por peixes (Lewis, 2000).

Uma análise da comunidade zooplanctônica de dois dos lagos estudados reforçam e

complementam as nossas considerações anteriores sobre os efeitos da introdução das espécies

exóticas sobre a comunidade zooplanctônica dos lagos do Médio Rio Doce. Nos lagos

Gambazinho e Amarela, praticamente não houve redução no número de espécies de

cladóceros e copépodos encontradas quando comparados com dados anteriores sobre estes

mesmos ambientes (Tab. 6). No primeiro caso temos a lagoa Gambazinho que não possui

espécies exóticas e mostrou valores reduzidos, mas constantes de diversidade planctônica nos

registros de 2002 a 2005 (3 espécies de cladóceros e duas de copépodos, Tab. 6). No segundo

caso, a lagoa Amarela, que possui espécies exóticas introduzidas, mas que apresentou uma

riqueza elevada de cladóceros e copépodos quando comparados com os outros lagos

estudados. É importante destacar que este lago possui algumas características que o diferencia

dos demais: (a) reduzida profundidade máxima (3m) e (b) ocorrência de macrófitas por toda a

lâmina de água. Existem diversos estudos que mostram que o zooplâncton pode utilizar as

macrófitas aquáticas como refúgio contra a predação por vertebrados e invertebrados

(Lauridsen et al., 1997; Burks et al., 2002; Iglesias et al., 2007). Iglesias et al. (2007), por

exemplo, estudou a migração horizontal diária (MHD) do zooplâncton no Lago Blanca,

Uruguai (prof. máx. 3,6 m), cujos predadores eram basicamente peixes onívoros-planctívoros

e Chaoborus. Eles observaram que Bosmina longirostris e Diaphanossoma birgei eram

encontrados em elevadas densidades nos tapetes de plantas submersas durante o período

noturno, e estes autores acreditam que tal comportamento era engatilhado pelas larvas de

Chaoborus. A preferência dos pequenos peixes onívoros em permanecer durante o dia nos

Page 127: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

122

tapetes de plantas aquáticas emersas e submersas e a ocorrência de Chaoborus na região

pelágica durante a noite determinaria a distribuição espacial observada. Já Lauridsen et al.

(1997), detectaram a ocorrência de MHD reversa, ou seja, durante o dia nas regiões abertas e

à noite nas macrófitas, em populações de Daphnia sob predação por larvas de Chaoborus, em

um lago sem peixes nos EUA (Central Long Lake).

Embora a metodologia que utilizamos neste trabalho não dê suporte para afirmarmos

sobre a ocorrência de MHD pelo zooplâncton na lagoa Amarela, acreditamos ser esta a

hipótese mais provável para explicar a ocorrência dos organismos zooplanctônicos de grande

porte (p. ex., Daphnia leavis e Mesocyclops longisetus) neste lago. O aumento da

complexidade espacial devido à presença maciça de plantas aquáticas neste ambiente

promoveria a ocorrência de refúgios, que seriam utilizados pelo zooplâncton contra a

predação por Chaoborus e que permitiria a permanência neste lago de uma comunidade

mesozooplanctônica mais rica do que no restante dos lagos estudados.

Pudemos detectar através de nossas análises e de dados de literatura que também

houve mudanças no nível dos produtores primários após a introdução dos peixes piscívoros

nos lagos do Médio Rio Doce. Uma análise nos dados de Tundisi et al. (1997a) relativo ao

ano de 1985 sobre a abundância relativa dos principais grupos fitoplanctônicos de uma série

de lagos do PERD e no entorno, mostram que mudanças significativas ocorreram nestas

comunidades de 1985 até o presente. Neste estudo, as lagoas Jacaré e Carioca mostraram

dominância de Dinophyceae, representadas por Gymnodinium e Peridinium. Além disso, dos

15 lagos estudados, apenas 4 apresentaram dominância de Cyanophyceae (lagos Ferrugem,

Poço Fundo, Almecega e Palmeiras).

Nossos resultados mostraram que os diversos grupos de fitoflagelados (Volvocales,

Chrysophyceae, Cryptophyceae, Dinophyceae e Euglenophyceae) tiveram densidades muito

baixas quando comparadas àqueles de maior abundância no fitoplâncton. Uma exceção a este

Page 128: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

123

padrão ocorreu na lagoa Amarela, onde Euglenophyceae e Dinophyceae foram bem

representadas nas amostras. Dados de Tundisi et al. (1997a), já mostravam que a lagoa

Amarela era dominada por Euglenophyceae em 1985, principalmente Euglena,

Trachelomonas e Phacus. A diminuição nas densidades de certos grupos fitoplanctônicos

outrora abundantes (p. ex., fitoflagelados) e a dominância de outros no presente recente

(principalmente Cyanophyceae, Chlorophyceae e Zygnemaphyceae), pode estar relacionado

com as mudanças que ocorreram nestes ambientes após a introdução das espécies exóticas na

década de 80. O aumento nas densidades de Chaoborus nos lagos estudados, por exemplo,

pode ter sido um fator decisivo para a diminuição da participação dos fitoflagelados na

comunidade fitoplanctônica destes lagos. Arcifa (2000), analisando o conteúdo estomacal de

larvas de Chaoborus em amostras do lago Monte Alegre, Ribeirão Preto (SP), mostrou que as

larvas do I ao IV instar alimentam-se de Peridinium e indicou que estes fitoflagelados,

juntamente com zooflagelados, são os principais componentes da dieta das larvas de I e II

instar.

Na lagoa Dom Helvécio também ocorreram mudanças marcantes na composição

relativa do fitoplâncton da década de 80 até o presente. Um estudo de Pontes (1980) mostrou

uma comunidade fitoplanctônica com uma participação expressiva de Chrysophyceae e

Bacillariophyceae composta principalmente por Dinobryon spp., Melosira spp., Rhizosolenia

sp. e Synedra sp., além de Cryptophyceae (Cryptomonas spp.) variando de 30 a 76% da

abundância relativa nos seis períodos de coleta estudados (janeiro a setembro de 1978). Dos

60 táxons relacionados no estudo de Pontes (1980) na lagoa Dom Helvécio em seis datas

amostrais, apenas 25 foram comuns aos registrados no nosso estudo (87 táxons, 2004/2005)

neste mesmo lago. As mudanças ocorridas na comunidade fitoplanctônica da lagoa Dom

Helvécio já tinham sido notadas por outros pesquisadores. Tenaguchi et al. (2003) por

exemplo, já afirmavam que ―...as alterações provavelmente ocorridas neste ambiente ao longo

Page 129: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

124

dos anos influenciaram a estrutura (composição e abundância relativa dos grupos

taxonômicos) e a variação sazonal da comunidade fitoplanctônica, de forma que em 1999 e

2000 encontrou-se uma comunidade diferenciada daquela de 1978‖.

Se as alterações na estrutura da comunidade fitoplanctônica no lago Dom Helvécio

foram expressivas, não menos marcantes foram as mudanças na transparência e nas

concentrações de clorofila-a deste lago. Dados de Okano (1980) sobre a transparência da água

de janeiro a novembro de 1978 mostraram uma transparência do Secchi média de 6,4 m, com

um máximo de 7,3 m em janeiro e um mínimo de 4,9 metros em novembro de 1978. Em 1985

os valores de transparência do Secchi neste lago em novembro e julho foram de 4,5 metros

para ambos os períodos (Tundisi et al., 1997a). Já Bezerra-Neto et al. (2006), registraram

valores médios de transparência do Secchi (julho de 2004 a junho de 2005) de 2,6 metros,

com um mínimo de 1,5 m registrado de em julho de 2004 e máximo de 3,5 m em outubro

deste mesmo ano. Com relação às concentrações de clorofila-a na lagoa Dom Helvécio,

Tundisi et al., (1997b) registraram concentrações na ordem de 0,8 a 1,3 µg.l-1

em toda a

coluna de água no ano de 1983. Em 1985 foram registrados valores entre 0,71 e 1,76 µg.l-1

nas concentrações de clorofila-a (Tundisi et al., 1997a). Já em 2002, a partir de coletas

mensais realizadas neste lago, as concentrações de clorofila-a variaram entre 10-40 µg.l-1

(Barbosa et al., 2002) e em 2003 os valores variaram entre 8 e 28 µg.l-1

(Barbosa et al., 2004).

As modificações registradas na comunidade fitoplanctônica, na transparência da água

e nas concentrações de clorofila-a no lago Dom Helvécio a partir da década de 80 coincidem

com a entrada dos peixes piscívoros invasores no sistema e com as drásticas mudanças na

estrutura da comunidade zooplanctônica neste lago. O desaparecimento das espécies

filtradoras dominantes neste sistema, os copépodos calanóides Argirodiaptomus furcatus e

Scolodiaptomus corderoi (Matsumura-Tundisi, 1997), pode ter sido decisivo na estruturação

das comunidades fitoplanctônicas encontradas no presente.

Page 130: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

125

Apesar dos efeitos negativos das introduções de piscívoros exóticos nas lagoas do

Médio Rio Doce, este estudo possibilitou uma oportunidade rara de analisar as conseqüências

de longo prazo da redução de peixes planctívoros através da estocagem de piscívoros em

lagos tropicais. Diversos trabalhos indicam que a manipulação do estoque de peixes em lagos

tropicais não apresenta os mesmos impactos positivos daqueles encontrados em lagos

temperados (Lazzaro, 1997; Jeppesen et al., 2007). Estes estudos sugerem que a aplicação da

―teoria da cascata trófica‖ nos trópicos não é tão simples devido a diversas razões: (a) a

riqueza de espécies de peixes é frequentemente elevada; (b) os estoques de peixes são

frequentemente dominados por espécies onívoras, podendo consumir tanto produtores

primários quanto zooplâncton; (c) a reprodução dos peixes ocorre durante todo o ano; (d) a

comunidade zooplanctônica é frequentemente dominada por pequenos cladóceros, rotíferos e

formas juvenis de copépodos; (e) os organismos zooplanctônicos de grande porte, tais como

dafinídeos, nunca alcançam uma biomassa que poderia afetar os produtores primários em

sistemas aquáticos tropicais de água doce e (f) as larvas de Chaoborus parecem ser mais

abundantes nos lagos tropicais.

Nossos resultados nos permitem concluir que, de todos estes possíveis fatores que

tornariam mais difícil o sucesso da técnica da biomanipulação em lagos tropicais, a elevação

da densidade de Chaoborus nestes ambientes parece ser determinante. O aumento das

densidades deste predador invertebrado, devido ao desaparecimento dos peixes forrageiros

(seus predadores naturais) ocasionou um efeito inverso daquele sugerido pela teoria da

cascata trófica. Por isso podemos considerar a larva de Chaoborus como uma espécie-chave

na comunidade planctônica do lagos do Médio Rio Doce.

5. Considerações finais

Page 131: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

126

Este estudo demonstrou os efeitos da introdução de peixes piscívoros exóticos sobre a

cadeia trófica em alguns lagos do sistema lacustre do Médio Rio Doce. Tais efeitos já eram

motivo de preocupação pelos pesquisadores que primeiramente detectaram o problema nas

lagoas do PERD e entorno. Tundisi et al. (1997c) por exemplo, já alertavam que ―...mudanças

na estrutura das cadeias tróficas e na estrutura das comunidades destes lagos, causadas pela

introdução dos exóticos Pygocentrus nattererii e Cichla cf. ocellaris, poderiam ser

esperadas...‖ Pode ser visto através dos resultados deste estudo, que as previsões destes

autores são hoje uma realidade. As invasões dos predadores exóticos tiveram fortes efeitos

negativos sobre a comunidade de peixes nativos nestes lagos, pela diminuição da riqueza de

espécies. Além disso, causaram a diminuição da riqueza e substituição de dominância no

zooplâncton e finalmente, causaram alterações na estrutura das comunidades fitoplanctônicas.

As introduções de espécies exóticas nos sistemas aquáticos brasileiros não estão

restritas ao Distrito Lacustre do Médio Rio Doce e os efeitos negativos da invasão destes

organismos, portanto, podem estar ocorrendo em uma escala geográfica muito maior. Muitos

reservatórios e outros sistemas aquáticos do sudeste do Brasil também estão sofrendo

introduções de diferentes espécies de peixes (Santos et al. 1994). Diversos reservatórios

localizados nos rios Grande e Paranaíba, por exemplo, também estão infestados com Cichla

ocellaris (Santos, 2000). Estas espécies de peixes também estão presentes em reservatórios

localizados em outros rios importantes, tais como São Francisco e diversos rios da Bacia

Atlântica, em especial no rio Paraíba do Sul (Sato & Godinho, 1985).

As mudanças ecológicas recentes observadas nos lagos do Médio Rio Doce fornecem

fortes evidências dos efeitos sinergísticos e cumulativos relacionados ao aumento explosivo e

desordenado da ocupação humana numa das mais importantes bacias do sudeste do Brasil.

Uma das principais funções dos ecólogos trabalhando em áreas impactadas é não somente

identificar mas também compreender os efeitos das diferentes atividades humanas sobre a

Page 132: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

127

biota existente, especialmente se estes impactos estão causando a perda de espécies. Assim,

estes achados reforçam a urgência de se melhorar as estratégias de manejo e conservação dos

recursos de água doce nesta região.

Agradecimentos – Nós gostaríamos de agradecer à Dr. Liliana Rodrigues e Dr. Janet W. Reid

pela checagem nas determinações taxonômicas. Nós também agradecemos à FAPEMIG (No.

1541/03) e ao Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração – Sítio 4 (PELD – CNPq)

pelo suporte financeiro e logístico a este estudo; ao CNPq, pela bolsa de doutorado (processo

nº 140486/2002-0) ao primeiro autor.

Page 133: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

128

Referências

AGOSTINHO, AA., THOMAZ, SM. and GOMES LC., 2005. Conservation of the

biodiversity of Brazil’s inland waters. Conservation Biology, vol. 19, p. 646-652.

APHA (Americal Public Health Association). 2000. Standart methods for the examination of

water and wasterwater. 19 Ed. New York.

ARCIFA, MS. 2000. Feeding habits of chaoboridae larvae in a tropical Brazilian reservoir.

Rev. Bras. Biol., vol. 60, p. 591-597.

BARBOSA, FAR., SABARÁ, MG., PETRUCIO, MM., MENDES, RS., SOUZA, R.,

CARVALHO, VF., GARCIA, FC. and COSTA, MAR., 2002. Caracterização física e

química dos ambientes. In: BARBOSA, FAR. (Coord.), Relatório Técnico-Científico das

atividades de dezembro de 2001 a agosto 2002 - Pesquisas Ecológicas de Longa Duração

(PELD– CNPq) - Sitio 04, p. 87-111.

BARBOSA, FAR., SABARÁ, MG., PETRUCIO, MM., SOUZA, R., GARCIA, FC. and

COSTA, MAR., 2004. Caracterização física e química de lagos e rios do Médio Rio Doce-

MG. In: BARBOSA, FAR. (Coord.), Relatório Técnico-Científico das atividades de

agosto de 2002 a dezembro 2003 - Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD–

CNPq) - Sitio 04, p. 116-150.

BENDORF, J., WISSEL, B., SELL, AF., HORNIG, U., RITTER, P. and BÖING, W., 2000.

Food web manipulation by extreme enhancement of piscivory: an invertebrate predator

compensates for the effects of planctivorous fish on a plankton community. Limnologica,

vol. 30: p. 235-245.

BEZERRA NETO, JF., PINTO-COELHO, RM., 2002. Population dynamics and secondary

production of Chaoborus brasiliensis (Diptera - Chaoboridae) in a small tropical reservoir:

Lagoa do Nado, Belo Horizonte (MG). Acta Limnol. Brasil., v.14, p. 145 - 161.

Page 134: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

129

BEZERRA NETO, JF., BARBOSA, PM., BARBOSA, FAR., 2006. Temporal variation of

attenuation of the visible radiation in four lakes of Parque Estadual do Rio Doce, Minas

Gerais, Brazil. Acta Limnol. Brasil., v.18, p. 39-46.

BEZERRA-NETO, J.F. 2007. Migração vertical diária e cascata trófica em corpos

aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus, UFMG, 158p. (Programa

de Pós-Graduação em Ecologia, Coservação e Manejo de Recursos Naturais– Doutorado –

Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG).

BRANCO, CWC., ROCHA, MI., PINTO, GFS., GÔMARA, GA. and FILIPPO, RD., 2002.

Limnological features of Funil Reservoir (Brazil, RJ) and indicator properties of rotifers

and cladocerans of the zooplankton community. Lakes and Reservoirs, vol. 7, p. 87–92.

BRANDÃO, ECL., BRAZ, SA., BRITO, SL., MENENDEZ, RM. and MAIA-BARBOSA,

PM., 2002. Flutuação mensal do zooplâncton dos lagos Carioca, Dom Helvécio e

Gambazinho (Parque Estadual do Rio Doce). In: BARBOSA, FAR. (Coord.), Relatório

Técnico-Científico das atividades de dezembro de 2001 a agosto 2002 - Pesquisas

Ecológicas de Longa Duração (PELD– CNPq) - Sitio 04, p. 141-156.

BRITO, SL.; VALADARES, CF.; MENENDEZ, RM. & MAIA-BARBOSA, PM., 2002.

Estrutura da comunidade zooplanctônica em três lagoas do entorno do Parque Estadual do

Rio Doce(MG). In: BARBOSA, FAR. (Coord.), Relatório Técnico-Científico das

atividades de dezembro de 2001 a agosto 2002 - Pesquisas Ecológicas de Longa Duração

(PELD– CNPq) - Sitio 04, p. 157-172.

BURKS, RL., LODGE, DM., JEPPESEN, E. and LAURIDSEN, TL., 2002. Diel horizontal

migration of zooplankton: costs and benefits of inhabiting the littoral. Fresh. Biol., vol.

47, p. 343–365.

BUSCH, M., BILENCA, DN., CITTADINO, EA. and CUETO, GR., 2005. Effect of

removing a dominant competitor, Akodon azarae (Rodentia, Sigmodontinae) on

Page 135: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

130

community and population parameters of small rodent species in central Argentina. Austral

Ecology, vol. 30, p. 168-178.

BYSTRÖM, P., KARLSSON, J., NILSSON, P., VAN KOOTEN, T., ASK, J. and

OLOFSSON, F., 2007. Substitution of top predators: effects of pike invasion in a subarctic

lake. Fresh. Biol., vol. 52, p. 1271-1280.

CARPENTER, SR., KITCHELL, JE. and HODGSON, JR., 1985. Cascading trophic

interactions and lake productivity. BioScience, vol. 35, p. 634-639.

COX, GW. and RICKLEFS, RE., 1977. Species diversity, ecological release, and community

structuring in Caribbean land bird faunas. Oikos, vol. 29, p. 60-66.

DE MEIS, MRM. and MONTEIRO, AMF., 1979. Upper quaternary ―rampas‖, Rio Doce

Valley: S.E. brazilian plateau. Z. Geomorph., vol. 23, p. 132-151.

DE MELO, R., FRANCE, R. and MCQUEEN, DJ., 1992. Biomanipulation: Hit or Myth?

Limnol. Oceanogr., vol. 37, p. 192 – 207.

FERNANDO, CH. 1994. Zooplankton, fish and fisheries in tropical freshwaters.

Hydrobiologia, vol. 272, p.105-123.

FUKUHARA, H., TORRES, GE. and MONTEIRO, SMC., 1997. Standing crop of

zoobenthos in Lakes Dom Helvécio and Jacaré. In: TUNDISI, JG. and SAIJO, Y. (eds.),

Limnological studies on the Rio Doce Valley Lakes, Brazil. Brazilian Academy of

Sciences. University of São Paulo. School of Engineering at São Carlos. Center for Water

Resources and Applied Ecology, p. 335-344.

GAUCH, HG., 1982. Multivariate analysis in community ecology. Cambridge University

Press, Cambridge, 298p.

GLIWICZ, MZ. 1986. Predation and the evolution of vertical migration in zooplankton

Nature, vol. 320, p. 746-748.

Page 136: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

131

GODINHO, AL. and FORMAGIO, PS., 1992. Efeitos da introdução de Cichla ocellaris e

Pygocentrus sp. sobre a comunidade de peixes da Lagoa Dom Helvécio. Encontro Anual

de Aqüicultura de Minas Gerais, vol. 10, p. 93-102.

GODINHO, AL., FONSECA, MT. and ARAÚJO, ML., 1994. The ecology of predator fish

introductions: the case of rio Doce valley lakes. In: PINTO-COELHO, RM., GIANI, A.

and VON SPERLING, E. (eds.), Ecology and human impact on lakes and reservoirs in

Minas Gerais with special reference to future development and management strategies;

SEGRAC, Belo Horizonte, MG, Brasil, p. 77-83.

GODINHO, AL. and VIEIRA, F., 1998. Ictiofauna. In: Costa, C. (Ed.) Biodiversidade em

Minas Gerais: Um atlas para sua conservação. Belo Horizonte, Fundação Biodiversitas, p.

44-46.

GOTELLI, NJ. and ENTSMINGER, GL., 2001. EcoSim: Null models software for ecology.

Version 7.0. Acquired Intelligence Inc. & Kesey-Bear. Disponível no site:

http://homepages.together.net/~gentsmin/ecosim.htm.

GUIMARÃES, AS., AOKI, A., VALADARES, CF., MELLO, NAST., PEIXOTO, RS.,

MENENDEZ, RM., BRAZ, AS., BRITO, SL. and MAIA-BARBOSA, PM., 2005.

Comunidade zooplanctônica de sete lagos do Parque Estadual do rio Doce e entorno. In:

BARBOSA, FAR. (Coord.), Relatório Técnico-Científico das atividades de janeiro a

dezembro 2005 - Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD– CNPq) - Sitio 04, p.

170-188.

IGLESIAS, C., GOYENOLA, G., MAZZEO, N., MEERHOFF, M., RODO, E. and

JEPPESEN, E., 2007. Horizontal dynamics of zooplankton in subtropical Lake Blanca

(Uruguay) hosting multiple zooplankton predators and aquatic plant refuges.

Hydrobiologia, vol. 584, p. 179-189.

Page 137: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

132

JEPPESEN, E., MEERHOFF, M., JACOBSEN, BA., HANSEN, RS., SØNDERGAARD, M.,

JENSEN, JP., LAURIDSEN, TL., MAZZEO, N. and BRANCO, CWC., 2007. Restoration

of shallow lakes by nutrient control and biomanipulation—the successful strategy varies

with lake size and climate. Hydrobiologia, vol. 581, p. 269-285.

KAUFMAN, L., 1992. Catastrophic change in species-rich freshwater ecosystems: the lessons

of Lake Victoria. Bioscience, vol. 42, p. 846–858.

KERFOOT, WC. and SIH, A., 1987. Predation: Direct and Indirect Impacts on Aquatic

Communities. University Press of New England, Hanover, New Hampshire, U. S. A.,

387p.

LATINI, AO. and PETRERE, M., 2004, Reduction of native fish fauna by alien species: an

example from Brazilian freshwater tropical lakes. Fish. Manag. Ecol., vol. 11, p. 71-79.

LATINI, AO., PEREIRA, TL., LATINI, RO., GIACOMINI, HC., LIMA JÚNIOR, DP.,

OPORTO, LT. and ESPÍRITO-SANTO, HMV., 2005. Distribuição e efeitos de peixes

exóticos sobre a ictiofauna nativa dos lagos do Médio Rio Doce, MG, Brasil. In: ROCHA,

O., ESPÍNDOLA, E., VERANI, N., VERANI, JR., RIETZLER, AC. (eds.). Espécies

invasoras em águas doces: estudos de caso e propostas de manejo. 1 ed. São Carlos - SP:

Gráfica Expressa, p. 99-129.

LAURIDSEN, TL., JEPPESEN, E. SØNDERGAARD, M. and LODGE, DM., 1997.

Horizontal migration of zooplankton: predator-mediated use of macrophyte habitat. In

,JEPPESEN, E., SØNDERGAARD, M. and CHRISTOFFERSEN, K. (eds), The

Structuring Role of Submerged Macrophytes in Lakes. Ecological Studies, Springer

Verlag, New York, p. 233–239.

LAZZARO, X., 1997. Do the trophic cascade hypothesis and classical biomanipulation

approaches apply to tropical lakes and reservoirs? Verh. Verein. Angew. Limno., vol. 26, p.

719–730.

Page 138: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

133

LEWIS, W., 2000. Basis for the protection and management of tropical lakes. Lakes &

Reservoirs, vol. 5, p. 35-48.

LORENZEN, CJ. 1967. Determination of chlorophyll and pheopigments: spectrophotometric

equations. Limnol. Oceanogr. 12:343-346.

LOSOS, JB. and QUEIROZ, K., 1997. Evolutionary consequences of ecological release in

Caribbean Anolis lizards. Biol. J. Linnean Society, vol. 61, p.459-483.

MAIA-BARBOSA, PM., MENENDEZ, RM., VALADARES, CF., BRANDÃO, ECL.,

BRAZ, AS. and BRITO, SL., 2003. Composição da comunidade zooplanctônica de rios e

lagos do trecho médio da bacia do Rio Doce-MG. In: BARBOSA, FAR. (Coord.),

Relatório Técnico-Científico das atividades de agosto 2002 a dezembro - Pesquisas

Ecológicas de Longa Duração (PELD– CNPq) - Sitio 04, p. 192-200.

MAIA-BARBOSA, PM., MENENDEZ, RM., VALADARES, CF., BRANDÃO, ECL.,

BRAZ, AS., BRITO, SL., AOKI, A. and MELLO, NAST., 2004. Composição da

comunidade zooplanctônica de rios e lagos do trecho médio da Bacia do Rio Doce-MG. In:

BARBOSA, FAR. (Coord.), Relatório Técnico-Científico das atividades de janeiro a

dezembro 2004 - Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD– CNPq) - Sitio 04, p.

131-135.

MATSUMURA-TUNDISI, T. and TUNDISI, JG., 1980. Biomass and zooplankton comunity

struture of three lakes of river Doce Valley (MG-Brazil); Fifth Japan-Brasil symposium on

science and technology, October Tokio, Japan.

MATSUMURA-TUNDISI, T. 1997. Composition and vertical distribution of zooplankton in

Lake Dom Helvécio. In: TUNDISI, JG. and SAIJO, Y. (eds.), Limnological studies on the

Rio Doce Valley Lakes, Brazil. Brazilian Academy of Sciences. University of São Paulo.

School of Engineering at São Carlos. Center for Water Resources and Applied Ecology, p.

266-274.

Page 139: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

134

MORETO, EM., 2001. Diversidade zooplanctônica e variáveis limnológicas das regiões

limnética e litorânea de cinco lagoas do Vale do Rio Doce-MG, e suas relações com o

entorno. Tese de Mestrado, UFSCar, São Carlos, SP.

OKANO, WY. 1980. Padrão de migração vertical e flutuação sazonal das principais

espécies de copepoda (crustacea) do lago D. Helvécio, Parque Estadual do Rio Doce.

135p. Dissertação (Depto. de Ciências Biológicas, Universidade Federal de São Carlos,

UFSCar)

PELD / CNPQ – SITE 4. 2007. Mata Atlântica e Sistema Lacustre do Médio Rio Doce.

Pesquisas Ecológicas de Longa Duração – Sítio Número 4. URL:

http://www.icb.ufmg.br/big/peld/

PFLUG, R., 1969. Quaternary lakes of eastern brazil. Photogrammetria, vol. 24, p, 29-35.

PINTO-CELHO, RM., PINEL-ALLOUL, B., MÉTHOT, G. and HAVENS, K., 2005.

Crustacean zooplankton in lakes and reservoirs of temperate and tropical regions:

variations with trophic status. Can. J. Fish. Aquat. Sci., vol. 61, p. 348-361.

PONTES, M. C. F. Produção primária, fitoplâncton e fatores ambientais no lago Dom

Helvécio, Parque Florestal do Rio Doce – MG. 1980. 239p. Dissertação (Programa de Pós-

Graduação em Ecologia e Recursos Naturais – Mestrado – Universidade Federal de São

Carlos, UFSCar).

ROCHA, O. and MATSUMURA-TUNDISI, T., 1997. Respiration rates of zooplankton

community of epilimnion andmetalimnion layers of Lake Dom Helvécio During stratified

and overturn periods. In: TUNDISI, JG. and SAIJO, Y. (eds.), Limnological studies on the

Rio Doce Valley Lakes, Brazil. Brazilian Academy of Sciences. University of São Paulo.

School of Engineering at São Carlos. Center for Water Resources and Applied Ecology, p.

286-296.

Page 140: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

135

RICCIARDI, A., 2003. Predicting the impacts of an introduced species from its invasion

history: an empirical approach applied to zebra mussel invasions. Fresh. Biol., vol. 48, p.

972–981.

SANTOS, LC., 1980. Estudos das populações de cladocera em cinco lagos naturais (Parque

Estadual do Rio Doce) que se encontram em diferentes estágios de evolução. Dissertação

de Mestrado. Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 260 p..

SANTOS, GB. 2000. Estrutura das comunidades de peixes de reservatórios do sudeste do

Brasil, localizados nos rios Grande e Paranaíba, bacia do alto Paraná. Tese de

Doutorado. Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 158 p.

SANTOS, GB., BARBOSA, PM., VIEIRA, F. and LOPEZ, CM., 1994. Fish and

zooplankton community in reservoirs of southeartern Brazil: effects of the introductions of

exotic predatory fish. In: PINTO-COELHO, RM., GIANI, A. and VON SPERLING, E.

(eds.), Ecology and human impact on lakes and reservoirs in Minas Gerais with special

reference to future development and management strategies; SEGRAC, Belo Horizonte,

MG, Brasil, p. 125-143.

SATO, Y. and GODINHO, A., 1985. Tucunaré – um peixe exótico na represa de Três Marias,

MG. In: Encontro Anual de Aquicultura de Minas Gerais, 4. Coletânea de resumos dos

encontros da Associação Mineira de Aqüicultura: 1982-1987. Brasília, CODEVASF, p.

92-93.

SIMON, KS. AND TOWNSEND, CR., 2003. Impacts of freshwater invaders at different

levels of ecological organisation, with emphasis on salmonids and ecosystem

consequences. Fresh. Biol., vol. 48, p. 982–994.

SOTO, D., ARISMENDI, I., GONZÁLEZ, J., SANZANA, J., JARA, F., JARA, C.,

GUZMAN, E. and LARA, A. 2006. Southern Chile, trout and salmonhistória country:

invasion patterns and threats for native species. Rev. Chil. Hist. Nat., vol. 79, p. 97-117.

Page 141: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

136

SUNAGA, T. and VERANI, JR., 1991. The fish communities of the lakes in Rio Doce

Valley, Northeast Brazil. Verh. Verein. Angew. Limno., vol. 24, p. 2563-2566.

TENAGUCHI, GM., ROCHA, O. and SENNA, PAC., 2003. a comunidade fitoplanctônica de

um lago tropical no sudeste do Brasil (lago Dom Helvécio, estado de Minas Gerais). Cad.

Pesq. Sér. Bio.Santa Cruz do Sul, v. 15, p. 29-55.

TUNDISI, JG. and DE MEIS, MRM., 1985. Geomorphology and limnological processes at

the Middle Rio Doce Valley. In: SAIJO, Y. and TUNDISI, JG. (ed.) Limnological Studies

in Rio Doce Valley Lakes and Pantanal Wetland, Brazil. Nagoya, Nagoya University, p.

11-17.

TUNDISI, JG., MATSUMURA-TUNDISI, T., FUKUARA, H., MITAMURA, O.,

GUILLÉN, SM., HENRY, R., CALIJURI, MC., IBAÑEZ, MSR., ESPÍNDOLA, ELG.

And GOVONI, S., 1997a. Limnology of fifteen lakes. In: TUNDISI, JG. and SAIJO, Y.

(eds.), Limnological studies on the Rio Doce Valley Lakes, Brazil. Brazilian Academy of

Sciences. University of São Paulo. School of Engineering at São Carlos. Center for Water

Resources and Applied Ecology, p. 409-439.

TUNDISI, JG., SAIJO, Y., HENRY, R. and NAKAMOTO, N., 1997b. Primary productivity,

phytoplankton biomass and light photosynthesis in four lakes. Limnological Studies on

The Rio Doce Valley Lakes. In: TUNDISI, JG. and SAIJO, Y. (eds.), Limnological studies

on the Rio Doce Valley Lakes, Brazil. Brazilian Academy of Sciences. University of São

Paulo. School of Engineering at São Carlos. Center for Water Resources and Applied

Ecology, p. 199-226.

TUNDISI, JG., SAIJO, Y. and SUNAGA, T., 1997c. Ecological effects of human activities in

the Middle Rio Doce Lakes. In: TUNDISI, JG. and SAIJO, Y. (eds.), Limnological studies

on the Rio Doce Valley Lakes, Brazil. Brazilian Academy of Sciences. University of São

Page 142: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

137

Paulo. School of Engineering at São Carlos. Center for Water Resources and Applied

Ecology, p. 478-482.

UTERMÖHL, H., 1958, Perfeccionamento del metodo cuantitativo del fitoplancton.

Commun. Assoc. Int. Limnol. Theor. Appl., vol. 9, p. 1-89.

VASCONCELLOS, MG., ASSUMPÇÃO, AM., SOARES, AS., LUCCA, JV., VERANI, JR.,

FENERICH-VERANI, N. and ROCHA, O., 2005. Análise da diversidade de espécies de

peixes de 4 lagoas do Sistema de Lagos do Vale do Médio Rio Doce – MG, em relação à

ocorrência de espécies exóticas. Em: ROCHA, O., ESPÍNDOLA, E., VERANI, N.,

VERANI, JR., RIETZLER, AC.(Org.). Introdução e Manejo de Espécies Exóticas. 1 ed.

São Carlos - SP: Gráfica Expressa. p.119-129.

WISSEL, B., FREIER, K., MULLER, B., KOOP, J. and BENDORF, J., 2000. Moderate

planktivorous fish biomass stabilizes biomanipulation by supressing large invertebrate

predators of Daphnia. Arch. Hydrobiol., vol. 149: p. 177-192.

Page 143: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

138

Tabelas e figuras

Tabela 1 – Parâmetros limnológicos básicos dos lagos estudados na região lacustre do Médio

Rio Doce, Minas Gerais, Brasil.

Tabela 2 – Lista dos táxons do mesozooplâncton (> 200 µm) presentes na zona limnética de

sete lagos da região lacustre do Médio Rio Doce, Minas Gerais, Brasil, no período de agosto

de 2004 e janeiro de 2005.

Tabela 3 – Número de ―unidades checkerboard‖ calculada para cada par de espécies de peixes

da matriz. (E) representa espécie exótica.

Tabela 4 – Nomes das espécies e códigos utilizados no mapa fatorial DCA.

Tabela 5 – Espécies de peixes coletadas em lagos da região lacustre do Médio Rio Doce,

Minas Gerais, Brasil, entre 1983 e 2005. Dados referentes aos anos de 1983, 1985 e 1987 são

de Sunaga e Verani (1991); ano de 1992, Godinho & Vieira (1998); ano de 2003,

Vasconcellos et al. (2005) e os dados referentes ao ano de 2005 foram coletados nesse estudo.

Tabela 6 – Riqueza de espécies de copépodos e cladóceros em alguns lagos da região lacustre

do Médio Rio Doce, Minas Gerais, Brasil, entre 1980 e 2005.

Figura 1 – Localização de alguns lagos do Sistema Lacustre do Médio Rio Doce, Minas

Gerais, Brasil.

Figura 2 – Comunidade fitoplanctônica de sete lagos da região lacustre do Médio Rio Doce,

Minas Gerais, Brasil. (A) Densidade media e índice de diversidade de Shannon do

fitoplâncton; (B) Riqueza de espécies do fitoplâncton em ambos os períodos do ciclo sazonal;

(C) Abundância relativa da comunidade fitoplanctônica. Os dados referem-se às estações seca

(julho de 2004) e chuvosa (janeiro de 2005).

Page 144: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

139

Figura 3 – Comunidade zooplanctônica de sete lagos da região lacustre do Médio Rio Doce,

Minas Gerais, Brasil. (A) Abundancia de duas frações de tamanho do zooplâncton: meso- e

microzooplâncton; (B) Abundância da larva de Chaoborus nos lagos estudados; (C)

Abundância relativa das frações de tamanho do zooplâncton. Os dados referem-se às estações

seca (julho de 2004) e chuvosa (janeiro de 2005).

Figura 4 – Gráfico de dispersão e regressão linear entre a densidade dos instares larvais de

Chaoborus (eixo x) e o número de taxa de cladóceros (eixo y) na estação seca de 2005.

Figura 5 – Comunidade de peixes de sete lagos da região lacustre do Médio Rio Doce, Minas

Gerais, Brasil. (A) Número de espécies nativas e exóticas; (B): Biomassa – CPUE b (peso

fresco em gramas); (C) Abundância relativa em número (CPUE- n) de captura de peixes.

Figura 6 – Diagrama de ordenação DCA ―biplot‖ de peixes (negrito) e dados de zooplâncton

(ln x+1), incluindo espécies raras (somente uma ocorrência). Os códigos são mostrados na

Tabela 4. Os grupos indicam o efeito do predador introduzido (Cichla cf. ocellaris e

Pygocentrus nattereri) sobre Astronotus ocellatus, Astyanax bimaculatus e Oligosarcus

solitaries.

Figura 7 – Cadeia trófica esquemática dos lagos da região lacustre do Médio Rio Doce, antes

(A) e depois (B) da introdução das espécies exóticas de peixes.

Page 145: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

140

Tabela 1

Lagos Zmax. Temp. Secchi Cond. N03- NH4+ PT Clor-a

(oC) (m) (µS.cm-1) (µg.l-1) (µg.l-1) (µg.l-1) (µg.l-1)

D. Helvécio Média 25,7 45,5 2,30 254,1 18,3 5,9

Max 30,0 32,0 74,0 6,9 462,0 41,3 15,5

Min 23,0 1,50 35,0 0,0 9,0 0,0 0,6

Carioca Média 26,4 24,6 1,7 113,8 13,6 18,5

Max 10,0 31,5 2,00 13,0 0,0 268,1 22,3 48,6

Min 21,5 1,25 93,0 5,2 9,8 0,0 0,0

Gambazinho Média 27,1 14,7 1,6 2,0 20,2 7,4

Max 9,0 31,5 50,0 0,0 0,0 51,6 20,8

Min 22,5 1,75 13,0 4,8 5,9 0,0 0,6

Jacaré Média 26,7 50,3 0,6 56,8 13,6 7,2

Max 9,0 32,8 2,8 217,0 1,2 105,4 25,4 21,3

Min 22,1 2,5 37,0 0,0 1,2 2,5 0,0

Palmerinha Média 26,1 44,6 1,2 183,8 14,7 8,1

Max 6,0 30,7 1,7 110,0 3,6 378,5 17,5 21,3

Min 21,9 1,3 37,0 0,0 0,0 12,4 0,4

Águas Claras Média 26,9 43,7 0,8 136,6 76,4 18,3

Max 9,0 30,9 3,0 155,0 2,4 242,0 228,2 27,9

Min 22,5 2,0 38,0 0,0 0,0 0,0 0,5

Amarela Média 24,3 98,6 1,27 65,6 34,8 10,1

Max 3,0 29,3 1,0 299,0 3,80 193,6 76,3 22,9

Min 19,0 0,75 53,0 0,00 0,0 1,0 1,1

Page 146: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

141

Tabela 2

Lagos

Grupos taxonômicos DH CAR AC JAC GAMB PAL AMA

Copepoda

Argyrodiaptomus sp. x

Ectocyclops rubescens x x

Notodiaptomus isabelae x x x

Mesocyclops brasilianus x x

Mesocyclops longisetus x

Mesocyclops sp. x

Microcyclops anceps x

Microcyclops ceibaensis x

Thermocyclops minutus x x x x x x

Cladocera

Alona sp. x

Bosmina deitersi x

Bosmina hagmani

x

x

Bosmina tubicen x x x

x

Bosminopsis deitersi x

Ceriodaphnia cornuta x x x

Ceriodaphnia silvestrii

x x

Daphnia laevis

x

x x

Daphnia gessneri

x

Macrothrix elegans

x

Diaphanosoma birgei x

x

Ostracoda

Physocypria sp. x

x x x x x

Insecta

Chaoborus sp. x x x x x x x

Page 147: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

142

Tabela 3

(E) = Espécies exóticas

Espécies

Ast

ron

otu

s.

Oce

lla

tus

(E)

A.

bim

acu

latu

s

C. o

cell

ari

s(E

)

C. g

ilb

ert

Hop

lery

thri

nu

s

un

ita

enia

tus

Hop

lia

s

mala

ba

ricu

s

Hop

lost

ernum

Lit

ora

lle

(E)

Hyp

ost

om

us

sp.

Lep

ori

nu

s

stei

nd

ach

ner

i

Lyc

engra

uli

s

sp.

Olo

gosa

rcus

soli

tari

us

Pa

chyp

ops

Ad

sper

sus

T.

stri

atu

lus

Pyg

oce

ntr

us

Natt

erer

i (E

)

Astronotus ocellatus (E) 0 2 1 1 0 0 1 1 1 2 2 0 0

Astyanax bimaculatus 6 0 3 0 6 0 0 3 0 2 2 10

Cichla cf. ocellaris (E) 2 0 0 3 2 2 2 4 4 3 0

Cyphocarax gilbert 1 0 4 0 0 1 0 0 0 6

Hoplerythrinus unitaeniatus 0 0 1 1 1 2 2 0 0

Hoplias malabaricus 0 0 0 0 0 0 0 0

Hoplosternum litoralle (E) 4 4 4 8 8 1 0

Hypostomus sp. 0 1 0 0 0 6

Leporinus steindachneri 1 0 0 0 6

Lycengraulis sp. 2 0 4 0

Oligosarcus solitarius 1 3 12

Pachypops adspersus 3 5

Tracheliopterus striatulus 3

Page 148: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

143

Tabela 4:

Fish code Zooplankton code

Astronotus ocellatus Aocellat Ostracoda Ostrac

Astyanax bimaculatus Abimac Ceriodaphnia Ceriodap

Cichla cf. ocellaris Cocella Calanoida-Copepodito Cal-Cope

Cyphocarax gilbert Cgilbert Daphnia Daphnia

Hoplerythrinus unitaeniatus Hunitaen Chaoborus Chaob

Hoplias malabaricus Hmalaba Calanoida Calanoid

Hoplosternum litoralle Hlitoral Rotíferos Rotíf

Hypostomus sp. Hypost Bosmina Bosmina

Leporinus steindachneri Lsteinda Diaphanosoma Diaphano

Lycengraulis sp. Lycengr Conochilus Conoch

Oligosarcus solitarius Osolitar Thermocyclops-copepodito Ther-cop

Pachypops adspersus Padspers Calanoida-Nauplii Cal-Naup

Tracheliopterus striatulus Pstriatu Cyclop.adul Cyc-adul

Pygocentrus nattereri Pnattere Thermocyclops Thermocy

Chidoridae Chidor

Chironomídeo Chirono

Brachionus Brach

Thermocyclops-Nauplii Ther-Nau

Simocephalus Simoceph

Page 149: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

144

Tabela 5

Espécies D.Helvécio Jacaré Carioca Amarela

83

85 87 92 05 83 85 87 92 05 83 85 87 92 03 05 83 85 87 05

Nativas

Characiformes

Astyanax bimaculatus X X X X X X X X X X X X X X

Astyanax fasciatus X X

Astyanax sp. A X

Astyanax sp. B X

Moenkhausia doceana X X X

Brycon cf. devillei X X X X X X X X X

Oligosarcus solitarius X X X X X

Cyphocarax gilbert X X X X

Leporinus steindachneri X X X X X X X X X X X

Hoplias malabaricus X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X

Hoplerythrinus unitaeniatus X X X X X X

Prochilodus vimboides X X X

Siluriformes

Tracheliopterus striatulus X X X X X X X X X X X X X X

Rhamdia sp. X X X X X X X X X X X X X

Hypostomus sp. X

Loricariichthys spixii X X

Loricariidae sp. X

Page 150: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

145

Tabela 5 - Continuação

Espécies D.Helvécio Jacaré Carioca Amarela

83

85 87 92 05 83 85 87 92 05 83 85 87 92 03 05 83 85 87 05

Perciformes

Cichlasoma sp. X

Cichlasoma facetum X

Crenicichla cf. lacustris X

Geophagus brasiliensis X X X X X X X X

Pachipops adspersus X X X X X

Clupeiformes

Lycengraulis sp. X X X X

Exóticas

Characiformes

Pygocentrus nattereri X X X X X X X X X X X X X

Perciformes

Cichla cf. ocellaris X X X X X X X X X X X

Astronotus ocellatus X X X X X

Siluriformes

Hoplosternum litoralle X X X X

Callichtrys callichtys X

Clarias gariepinus X

TOTAL 11 14 10 11 4 11 7 4 7 6 10 11 7 9 13 6 6 6 9 3

Page 151: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

146

Tabela 6

Lagos Referências Riqueza Riqueza

Cladocera Copepoda

Águas Claras

1985 2 2 2

2001 6 5 3

2002 5 6 3

Este estudo (2004-05) 3 2

Amarela

1980 8 3 2

2001 6 7 4

Este estudo (2004-05) 5 5

Carioca

1980 8 4 2

1980 7 11 3

2001 6 1 3

2002 4 7 3

2003 9 2 2

2004 10 1 2

2005 11 1 2

Este estudo (2004-05) 0 1

Dom Helvécio

1980 7 8 7

1980 8 7 6

1983 1 5 5

1985 3 5 5

2002 4 5 4

2003 9 5 3

2004 10 5 2

2005 11 5 2

Este estudo (2004-05) 5 2

Gambazinho

2002 4 4 3

2003 9 3 3

2004 10 4 3

2005 11 3 3

Este estudo (2004-05) 3 2

Jacaré

1985 2 3 2

2003 9 6 2

2004 10 5 2

2005 11 6 2

Este estudo (2004-05) 3 2

Palmeirinha

1985 2 2 2

2002 5 4 4

Este estudo (2004-05) 2 4

1 = Matsumura-Tundisi, 1997; 2 = Tundisi et al., 1997a; 3 = Rocha & Matsumura-Tundisi, 1997; 4 = Brandão et

al., 2002; 5 = Brito et al., 2002; 6 = Moreto, 2001; 7 = Santos, 1980; 8 = Matsumura-Tundisi & Tundisi, 1980; 9

= Maia-Barbosa et al., 2003; 10 = Maia-Barbosa et al., 2004; 11 = Guimarães et al., 2005.

Page 152: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

147

Figura 1

Page 153: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

148

Estação seca -2004

DH CAR GAM JAC AM PAL AC

Densid

ade (

x 1

03 o

rg.m

l-1)

0,1

1

10

100

1000

Densidade

Diversidade

Estação chuvosa - 2005

DH CAR GAM JAC AM PAL AC

H (

bits.in

d-1

)

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

A

DH CAR GAM JAC AM PAL AC

Núm

ero

de e

spécie

s

0

20

40

60

80

Seco/2004

Chuva/2005

B

Estação chuvosa 2005

DH CAR GAM JAC AM PAL AC

Estação seca 2004

DH CAR GAM JAC AM PAL AC

Abundância

rela

tiva (

%)

0

20

40

60

80

100

C

Cyanophyceae

Chlorophyceae

Zygnemaphyceae

Bacillariophyceae

Dinophyceae

Euglenophyceae

Outros

Lagos

Figura 2

Page 154: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

149

Mesozooplâncton

DH sec

DH chu

CA sec

CA chu

GAM

sec

GAM

chu

JAC sec

JAC chu

PAL

sec

PAL

chu

AC sec

AC chu

AM

sec

AM

chu

Calanoida

Ciclopoida

Cladocera

Ostracoda

Chaoborus Microzooplãncton

Lagos - estação

DH sec

DH chu

CA sec

CAch

u

GAM

sec

GAM

chu

JAC sec

JAC chu

PAL

sec

PALc

hu

AC sec

AC chu

AM

sec

AM

chu

Abundância

rela

tiva (

%)

0

20

40

60

80

100

Rotifera

Nauplii C

Microzooplâncton

DH CAR GAM JAC PAL AC AM

De

nsid

ad

e(o

rg. 1

03)

0

20

40

60

80 seco/2004

chuva/2005

Mesozooplâncton

DH CAR GAM JAC PAL AC AM

A

Chaoborus spp.

DH CAR GAM JAC PAL AC AM

Densid

ade (

org

. x10

3)

0

1

2

3

4

seco/2004

Chuva/2005

B

Figura 3

Page 155: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

150

Densidade de Chaoborus (org. m3)

0 200 400 600 800 1000

Cla

docera

-núm

ero

de e

spécie

s

0

1

2

3

4

5

6

Riqueza Cladocera = 5,063 - (0,00422 * densidade Chaoborus)

P < 0,001 R2= 0,71

Figura 4

Page 156: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

151

C

Lagos

AC PAL JAC CAR DH GAMB AM

Abundância

re

lativa (

%)

0

20

40

60

80

100

Pygocentrus nattereri

Cichla cf. ocellaris

Hoplias malabaricus

Astyanax bimaculatus

Parauchenipterus striatulus

Pachypops adspersus

Oligosarcus solitarius

Hoplosternum litoralle

Lycengraulis sp.

Hoplerythrinus unitaeniatus

AC PAL JAC CAR DH GAMB AM

CP

UE

(b

)

0

1000

2000

3000

4000

5000

Nativa

Exótica

BAC PAL JAC CAR DH GAMB AM

Núm

ero

de e

spécie

s

0

1

2

3

4

5

Nativa

Exótica

A

Figura 5

Page 157: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

152

Figura 6

Eixo 1 (eigenvalue = 33,6%)

Eix

o 2

(e

ige

nvalu

e =

24

,8%

)

Page 158: MIGRAÇÃO VERTICAL DIÁRIA E CASCATA TRÓFICA EM CORPOS … · Migração vertical diária e cascata trófica em corpos aquáticos tropicais: influência da larva do díptero Chaoborus

153

Figura 7