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MIGRAÇÃO, TRÁFICO DE PESSOAS E REFUGIADOS, NA PERSPECTIVA DOS
DIREITOS HUMANOS
Cícero Rufino Pereira1
Ana Paula Martins Amaral2
“Um homem se humilha
Se castram seu sonho.
Seu sonho é sua vida
E vida é trabalho.
E sem o seu trabalho,
Um homem não tem honra
E sem a sua honra,
Se morre, se mata.
Não dá pra ser feliz
Não dá pra ser feliz...”
(Gonzaguinha, um homem também
chora).
1 Procurador do Trabalho no Ministério Público do Trabalho; Mestre em Estudos Fronteiriços, pela Universidade
Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS-Campus Pantanal) e Mestrando em Direitos Humanos, pela Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). 2 Ana Paula Martins Amaral, pós-Doutora em Direito – Professora do Mestrado em Direitos Humanos da UFMS.
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RESUMO
O presente trabalho faz uma abordagem sobre dois dos direitos humanos fundamentais da
pessoa: o direito de migrar e o direito ao trabalho. Esse artigo é uma visita bibliográfica e
documental em torno de temas como refugiados, fronteira e direitos humanos. De acordo
com a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), assim como a Convenção da
ONU sobre refugiados (1951), migrar e refugiar-se são direitos humanos fundamentais e não
menos fundamental é o direito ao trabalho. A violação sistemática de direitos de milhares de
homens, mulheres e crianças, investidos, temporariamente, na categoria de vulneráveis, bem
como na qualidade de migrantes, refugiados e trabalhadores é uma questão da atualidade.
Sendo que tais pessoas são vítimas em potencial (e na prática) de diversos tipos de
desrespeito aos direitos humanos, em geral, e aos direitos humanos trabalhistas, mais
especificamente. Tal ocorre ao ser humano, ferindo-lhe a dignidade da pessoa humana, tanto
na qualidade de migrante, refugiado, quanto trabalhador, podendo acontecer, inclusive, na
região de fronteira. Metodologicamente, foram utilizados procedimentos de pesquisa e
revisão bibliográfica, com relação as categorias conceituais migração, refugiados, fronteira,
tráfico de pessoas e direitos humanos. Sem se descurar de observar-se notícias, nos diversos
meios de comunicação, acerca dos temas ora propostos. Tendo, ainda, o intuito de indicar
caminhos para enfrentar ofensas aos direitos humanos perpetradas pelas ilegalidades aqui
referidas.
Palavras-chave: Migração, refugiados, tráfico de pessoas e direitos humanos.
INTRODUÇÃO
Desde a idade antiga e até mesmo desde de tempos imemoriais, o ser humano, quer
homens, quer mulheres, quer crianças, têm se valido do ato social, econômico e jurídico de
migrar.
O deslocamento do ser humano pelo planeta é um fenômeno que a antropologia, a
sociologia, a psicologia e as demais ciências humanas buscam determinar e explicar suas
origens, motivos, processo e consequências para a sociedade e para a mantença (ou não) da
característica mais marcante do ser humano, que é a sua dignidade.
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Diante deste pressuposto, o presente estudo tem como objetivo geral perscrutar o
fenômeno da migração, na sua modalidade de refúgio, a qual pode ser geradora de tráfico de
pessoas, na espécie trabalho escravo. Sendo objetivos específicos: a) verificar se o direitos
humanos têm sido observado na prestação de trabalho dos refugiados, considerando-se
também a área geográfica do Estado de Mato Grosso do Sul, a qual se destaca pela fronteira
internacional com a Bolívia e o Paraguai, b) oferecer encaminhamentos para que o tráfico
de pessoas de migrantes refugiados, na fronteira brasileira, possa ser enfrentado, com a
implementação dos cânones de direitos humanos.
Migrar e refugiar-se são direitos humanos fundamentais e não menos fundamental
é o direito ao trabalho (a teor, inclusive, do artigo 6º da Constituição Federal-CF/88, trabalho
é um direito social). A violação sistemática de direitos de milhares de homens, mulheres e
crianças, investidos, temporariamente, na categoria de vulneráveis, bem como na qualidade
de migrantes, refugiados e trabalhadores é uma questão da atualidade.
As referidas pessoas são vítimas em potencial (e na prática) de diversos tipos de
desrespeito aos direitos humanos, em geral, e aos direitos humanos trabalhistas, mais
especificamente. Tal ocorre ao ser humano, ferindo-lhe a dignidade da pessoa humana, tanto
na qualidade de migrante, refugiado, quanto trabalhador, podendo acontecer, inclusive, na
região de fronteira.
Por suas características próprias e diferenciadas, a fronteira é um espaço de
inteirações e contatos sociais, econômicos e de cultura, que não respeita o limite
internacional ou a linha divisória entre Estados soberanos; relativizando o conceito de
soberania (poder de um Estado nacional criar e fazer obedecer leis, para os seus cidadãos e
para quem estabelecer-se ou passar dentro do território geográfico do referido Estado).
Ora, por possuir tais aspectos diferenciados a fronteira pode ser um espaço
facilitador de diversas contravenções ou mesmo crimes (mesmo que devamos afastar o
preconceito em face da região de fronteira, não podemos deixar de observar tal
característica), dentre eles o tráfico de pessoas, na espécie trabalho escravo, alcançando
inclusive trabalhadores refugiados.
Tais trabalhadores refugiados (deslocam-se para escapar de perseguição por
motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opinião política) migram de seus
países de origem em busca de melhores condições de vida e de trabalho, submetendo-se a
inúmeras vicissitude de adaptação, língua, entendimento mínimo de seus direitos e culturais.
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Tudo isso pode gerar a superexploração do trabalho, culminando com o tráfico de
pessoas, na espécie trabalho escravo, de refugiados, na região da fronteira brasileira. A
solução para este problema perpassa, necessariamente pela adoção de políticas e de ações
fucradas na defesa dos direitos humanos fundamentais desses trabalhadores refugiados, os
quais, no caso deste estudo, têm, primordialmente, a nacionalidade haitiana.
1 MIGRAÇÃO E REFUGIADOS
O fato social, mas com reflexos econômicos e jurídicos (pra se dizer o mínimo) que
é a migração (movimento ou locomoção de pessoas de um lugar para o outro dentro de um
mesmo país – migração interna, ou para outro – migração externa ou imigração). A
imigração (quando o deslocamento humano ocorre a partir de um país estrangeiro e termina
em outro país que não o da origem) tem tido grande destaque na atualidade.
A partir da observação, pela imprensa das agruras que os refugiados sírios, fugindo
da guerra e buscando abrigo em países europeus, tencionando principalmente chegar a
Inglaterra e a Alemanha, mas muitas vezes, ficando na França e, em regra, adentrando no
continente europeu através da Itália e da Grécia.
Da mesma forma, os trabalhadores mexicanos e latinos em geral, buscam chegar
aos Estados Unidos, tentando superar a cerca que, na fronteira, separa o Estado mexicano,
dos Estados Unidos (não se ignorando a existência de um candidato à presidência da
república dos Estados Unidos que exibe, em sua plataforma eleitoral, a ideia de construir um
muro, a ser pago pelo governo mexicano, separando os dois países). E, especificamente, no
caso de Mato Grosso do Sul, surgiram, desde 2012 ou 2013, aproximadamente, diversos
trabalhadores refugiados haitianos, os quais têm prestado serviços, em algumas cidades do
Estado, na construção civil, na indústria de confecção, em frigoríficos, em um número
pequeno de fazendas.
Há uma grande discussão jurídica acerca da qualificação dos trabalhadores
haitianos como refugiados. Isto se dá porque o deslocamento destes trabalhadores não é
motivado por questões explicitadas na legislação de refúgio; por exemplo, não é decorrente
de guerras, perseguições; e sim é originário de fuga da devastação causada pelo terremoto
de 2010, que aconteceu no Haiti.
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Silva (2015, p. 21), traz como conceito chave de refugiado, a informação, de que os
mesmos são categorizados segundo os parâmetros jurídicos nacionais e internacionais,
“como migrantes forçados que atravessam as fronteiras nacionais dos seus países de origem
ou de moradia habitual”, em busca de proteção contra perseguições sistemáticas, com
fundados temores de regime político de totalitário, lutas pelo poder ou guerras civis, sendo
perseguidos por motivo de raça, religião, nacionalidade, grupo social e opinião política
(Convenção de Genebra de 1951, Protocolo Adicional de Nova York de 1967 e Estatuto dos
Refugiados do Brasil, lei 9474/97).
De qualquer modo, o Brasil, mesmo percebendo que a interpretação adotada da lei
9.474/97 (Estatuto dos Refugiados, que veio a lume para internalizar a Convenção das
Nações Unidas sobre Refugiados, de 1951) possa ser dúbia, editou, através do Conselho
Nacional de Imigração (CNIg), órgão do Ministério do Trabalho e Emprego, a resolução
normativa nº 97/2012.
A citada resolução normativa 97/2012 do CNIg, considerou que os haitianos devem
tratados como “refugiados humanitários”, diante do terremoto que assolou o Haiti em janeiro
de 2010.
O móvel da migração internacional ou externa, em geral, bem como do refúgio (o
qual é uma forma específica de imigração, decorrente de perseguições ou de guerra), é
decorrente do estado de miséria, da escassez de emprego, da remuneração aviltada e do
trabalho degradado (FARIA, 2002, p. 253).
Uma das grandes preocupações quanto ao tema da imigração (está expressão
começa a ficar em desuso, porque os estudiosos do tema têm preferido utilizar apenas a
expressão migração, em detrimento da expressão imigração, pois aquela já detém o sentido
de movimento, deslocamento, o que atende o sentido que se procura dá a este vocábulo) e
os refugiados é que o paradigma do trabalho decente (qualificação da prestação de serviços
que é oposta ao tráfico de pessoas, na modalidade trabalho escravo) seja contemplado como
direito inalienável e abrangente para os estrangeiros ( e mais especificamente os refugiados)
que abandonaram seus países por influxo da corrente da violência sistémica e de cataclismas
sociais e humanitários, em várias partes do planeta Terra.
Paralelamente às migrações forçadas pelo mundo, avança também o tráfico de
pessoas. Podendo o referido tráfico de pessoas ser representado (dentre outras) por duas
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modalidades totalmente contrárias e opostas ao trabalho decente, quais sejam, o trabalho
escravo e a exploração sexual.
O problema trazido no presente estudo, a questão do tráfico de pessoas (trabalho
escravo) e a migração (portanto, podendo alcançar também os imigrantes refugiados) é
patente e empírico. A pronto do governo brasileiro editar o Manual de Recomendações de
Rotinas de Prevenção e Combate ao Trabalho Escravo de Imigrantes, da Secretaria de
Direitos Humanos da Presidência da República, publicada em 2013, destacando-se:
O combate ao Trabalho Escravo de Imigrantes envolve uma série de desafios
relacionados ao controle e regulação dos fluxos migratórios, à atuação do
Estado fiscalizador e da Justiça, à prevenção e do atendimento às vítimas e
suas famílias. É de fundamental importância que os agentes e gestores
públicos estejam preparados para a aplicação das normas vigentes de proteção
aos trabalhadores e para a interação institucional necessária nas ações de
prevenção, repressão e reparação dos abusos cometidos contra os
trabalhadores imigrantes e seus familiares, e nas necessárias medidas de
acolhimento e inserção social subsequentes.3
No mesmo sentido, em 1990, no seio das Nações Unidas (ONU) a Convenção
Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e dos
Membros das suas Famílias, invoca vários instrumentos para chamar a atenção na urgência
de outorgar mais proteção aos trabalhadores migrantes e refugiados.
Alude-se, na referida Convenção da ONU, aos seguintes instrumentos: Declaração
Universal dos Direitos Humanos, Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais
e Culturais, Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos, Convenção Internacional
sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, Convenção sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e a Convenção sobre
os Direitos da Criança.
Outros princípios protetores, desenhados no âmbito da Organização Internacional
do Trabalho (OIT) referem-se à Convenção relativa aos Trabalhadores Migrantes,
Convenção relativa às Migrações em Condições Abusivas e à Promoção da Igualdade de
Oportunidades e de Tratamento dos Trabalhadores Migrantes, Recomendação relativa à
Migração para o Emprego, Recomendação relativa aos Trabalhadores Migrantes,
3 Manual de Recomendações de Rotinas de Prevenção e Combate ao Trabalho Escravo de Imigrantes, 2013, p. 9.
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Convenção sobre o Trabalho Forçado ou Obrigatório e a Convenção sobre a Abolição do
Trabalho Forçado a Convenção nº 111 da OIT, a qual cuida do enfrentamento a
discriminação no trabalho e emprego.
No cerne de todos esses instrumentos já existentes, a Convenção da ONU
supracitada (de Proteção dos Direitos de todos os Trabalhadores Migrantes e dos Membros
de sua Família) chama atenção para a proteção universal aos trabalhadores “sem qualquer
distinção, fundada nomeadamente no sexo, raça, cor, língua, religião ou convicção, opinião
política ou outra, origem nacional, étnica ou social, nacionalidade, idade, posição
econômica, patrimônio, estado civil, nascimento ou outra situação” (ONU-Convenção,
1990, p. 2).
Apesar de todo esse arcabouço jurídico do Direito Internacional dos Direitos
Humanos, a mobilidade humana no mundo, no entanto, como direito essencial, não tem tanta
proteção jurídica efetiva e na prática, nos países receptores dos trabalhadores imigrantes, em
geral, e dos trabalhadores refugiados, no particular. Os deslocamentos migratórios cresceram
em diversidade, como por exemplo, a migração das mulheres tem crescido tanto que se
transformou num novo acontecimento mundial chamado de “feminização do fenômeno
migratório” (MARINUCCI, 2007).
As migrações, portanto, desafiam às políticas migratórias dos países, produzindo
uma realidade pouco conhecida.
Acrescente-se, no pertinente à condição jurídica do estrangeiro (portanto, valendo,
também para o migrante refugiado), a problemática disfunção do estatuto do estrangeiro (Lei
n 6815/1980).
Sobre o assunto, a defensora pública federal, Fabiana Galera Severo, entende que,
no Brasil, os imigrantes ainda estão sujeitos à legislação da ditadura militar e que o Novo
Projeto de Lei de Imigração precisa ser “aprimorada” e ser aprovada, pois, traz “avanços
significativos” em matéria de Direitos Humanos. (SEVERO, 2015).
O artigo refere que a principal mudança, na proposta da nova legislação, aponta ao
combate das práticas ilícitas que levam ao tráfico de pessoas, com a incorporação “de todas
modalidades previstas no Protocolo de Palermo (criado em 2000 e em vigor, no Brasil, desde
2004, decreto nº 5017/2004), que ainda não estão previstas na legislação nacional.
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Todas as questões discutidas no presente item, referentes à migração e refugiados
refletem no aprofundamento do estudo acerca do tema tráfico de pessoas, na modalidade
trabalho escravo, com atenção especial à região de fronteira.
2 TRÁFICO DE PESSOAS E FRONTEIRA
Região espacial que delimita a soberania de um ou mais Estados modernos, a
fronteira, diante de uma gama de peculiaridades que afetam a vida humana em geral:
economia, trabalho, direito, relações sociais etc, é um fenômeno que exige uma atenção e
um estudo aprofundado.
De fato, a característica própria e especifica da região de fronteira faz com que os
efeitos e consequências da existência da referida região possam alcançar centenas de
quilômetros a dentro dos Estados fronteiriços, não se limitando à faixa divisória. É o
chamado efeito fronteira, a partir das interações fronteiriças, nos mais diversos campos da
vida humana, numa dinâmica decorrente da existência da fronteira com suas especificidades,
que torna tal região geográfica (complexa por natureza).
Estudando o tema fronteira, Oliveira (2009) determina:
Cada fronteira é uma fronteira, pesa sobre este espaço toda uma composição
étnica nada uniforme e um tipo de colonização raramente isócrona. E, sobre
tudo, sobrepõem preconceitos, ambiguidades, rivalidades, ilicitudes,
concorrências desleais; ao mesmo tempo em que também deflagram feitios
agradáveis de convivência e harmonia entre culturas diferentes.
Certo é que, a zona de fronteira corresponde a “amplas franjas territoriais de um
lado e de outro das linhas de demarcação geográfico-política, na qual convivem populações
com particularidades próprias que as diferenciam de outras partes dos territórios nacionais”
(SARQUIS, 1996, p. 60 apud MULLER, 2005, p. 577).
Prefere-se utilizar o conceito de fronteira, utiliazado por Sarquis, explicitado no
parágrafo anterior, pois o mesmo traz elementos de fronteira como limite (ao falar de “linhas
de demarcação”) e elementos de fronteira como zona (ao falar de “populações com
particularidades próprias” que “convivem”, “de um lado e do outro” da fronteira, a qual se
caracteriza por “amplas franjas territoriais”), atendendo assim, de maneira mais comleta, às
necessidades dos estudiosos do tema.
Da observação da dinâmica própria da fronteira e de seus efeitos, pode se perceber,
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como pondera Lopes (2009, p.432),a fronteira é uma região privilegiada para a prática de
ilicitos penais, inclusive, quanto ao trabalho fronteiriço, pode favorecer ou agravar situações
de “trabalho em condições análogas às de esvravo”.
Então, como já refletido alhures, o tráfico de pessoas na modalidade de trabalho
escravo encontra terreno fértil para sua ocorrência na regiã de fronteira, principalmente, em
face de migrantes, portanto também em face de refugiados.
De fato, a condição de extrema vulnerabilidade das vítimas de trabalho escravo,
migrantes e refugianos, corrobora a gravidade e a invisibilidade do fenômeno.
Já tivemos a oportunidade de tratar do tema tráfico de pessoas:
“O tráfico de pessoas (TP), ou Tráfico de Seres Humanos (TSH) [...]
consiste na atitude de alguém (o aliciador) enganar ou coagir à vítima,
apropriando-se de sua liberdade por dívida ou outro meio (físico, moral,
psicológico, etc.), sempre com a propósito de transferi-la a outro país ou a
outra região dentro de um mesmo país, para fins de diversos tipos de
exploração” (PEREIRA, 2015, p. 41).
Atenta a questão do tráfico de pessoas, a ONU, preocupada com a questão em
termos mundiais, por meio do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crimes –
UNODC, editou o Protocolo de Palermo – tratado adicional à Convenção das Nações Unidas
contra o crime organizado Transnacional, o qual no Brasil foi promulgado pelo Dec.5017/04
– definindo tráfico de pessoas. Artigo 3º, alínea “a”:
A expressão “tráfico de pessoas” significa o recrutamento, o transporte, a
transferência, o alojamento ou o acolhimento de pessoas, recorrendo à
ameaça ou uso da força ou outras formas de coação, ao rapto, à fraude, ao
engano, ao abuso de autoridade ou à situação de vulnerabilidade ou à
entrega ou aceitação de pagamentos ou benefícios para obter o consentimento
de uma pessoa que tenha autoridade sobre outra para fins de exploração. A
exploração incluirá, no mínimo, a exploração da prostituição de outrem ou
outras formas de exploração sexual, o trabalho ou serviços forçados,
escravatura ou práticas similares à escravatura, a servidão ou a remoção
de órgãos. [grifo nosso]
Ao tratar do tráfico de pessoas, na espécie trabalho escravo, José Claudio Monteiro
Brito Filho, entende que a defesa da dignidade da pessoa humana é condição essencial para
combater o trabalho escravo, advogando que a mesma é “uma das práticas mais odiosas
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dentre as que podem ser encontradas na relação entre o capital e o trabalho” (BRITO FILHO,
2004).
A maior incidência da ocorrência de trabalho escravo dá-se nas modalidades
“condição degradante de trabalho” e “jornada exaustiva de trabalho”.
O Código Penal Brasileiro (DL 2.848/40), no seu artigo 149, com a redação dada
pela Lei 10.803/03, traz a definição legal do crime de redução à condição análoga à de
escravo:
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-
o a trabalhos forçados ou à jornada exaustiva, quer sujeitando-o a
condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio,
sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto:
Pena – reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à
violência.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com
fim de retê-lo no local de trabalho;
II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de
documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local
de trabalho.
§ 2º A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido:
I – contra criança ou adolescente;
II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem. [grifo
nosso].
A modalidade condição degradante de trabalho ocorre ante a sonegação, por parte
do empregador de condições mínimas de sobrevivência, durante a prestação de serviço. Por
exemplo: não oferecendo alojamentos digno, não fornecer equipamento de proteção
individual (EPIs), ou, absurdamente não fornecer água potável aos trabalhadores, isto sem
falar, muitas vezes em ameaças veladas ou retenção de documentos, para o trabalhador não
sair do local de trabalho. Vale dizer, a modalidade trabalho escravo decorrente de condição
degradante de trabalho, tem em vista a proteção do trabalhador em face de um meio ambiente
do trabalho que possa, dentre outras questões aqui referidas, trazer-lhe risco de graves
acidentes e ou de morte.
Diferentemente do que muitos tentam advogar, não é uma simples ilegalidades às
Normas Regulamentadoras (NRs) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que pode
resultar nesta tipificação penal. Precisa ver gravidade nos atos ofensivos a dignidade humana
do trabalhador ou reiteração odiosa de atos patronais, os quais a doutrina e a jurisprudência
pátrias reconhecem como esta modalidade de crime de trabalho escravo.
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Por sua feita, a modalidade trabalho escravo, decorrente de “jornada exaustiva de
trabalho”, exige a habitualidade e o exagero na exigência e ou prestação de horas extras por
parte do trabalhador. Onde retira-se do mesmo o convívio familiar, social e mesmo o direito
ao descanso diário ou semanal, pois jornadas diárias e habituais de 12 14 ou 16 horas
transforma o trabalhador em “uma máquina de trabalhar”, tirando lhe a dignidade e
característica de ser humano, levando o a exaustão, doenças e, tal qual a “condição
degradante de trabalho”, pode leva-lo a morte decorrente de acidente de trabalho.
Tal qual a modalidade o trabalho escravo decorrente de condição degradante de
trabalho, não é qualquer simples ilegalidade trabalhista relacionada com a jornada de
trabalho que vai caracterizar o crime de trabalho escravo. Então, diferentemente do que
advogam alguns, não serão alguns poucos dias de trabalho além da oitava hora, ou mesmo
da décima hora diária que caracterizarão o trabalho escravo (até porque, a própria CLT,
disciplina alguns casos nos quais a jornada de trabalho pode ultrapassar as oito ou dez horas
diárias, vide artigo 59 a 61 da CLT).
O trabalhador imigrante, por motivos econômicos, assim como os que são forçados
a buscar refúgio, são altamente vulneráveis a sofrer violações em seus direitos trabalhistas.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT), já tinha advertido na sua
sexagésima sessão, em 04 de junho de 1975, sobre as migrações e às condições degradantes
que os trabalhadores migrantes sofrem em situação de exílio econômico. Além de reclamar
aos governos sobre a problemática do desemprego e sobre o desrespeito aos direitos
trabalhistas, defendeu o direito de toda pessoa de abandonar qualquer país, a fim de buscar
segurança e vida digna.
Diante da questão humanitária, diversos governos e entidades internacionais têm
convocado esforços, campanhas, acordos, pesquisas, ações de caráter urgente e de
solidariedade; utilizando-se, inclusive, de tratados e convenções internacionais, mormente
da ONU e da OIT.
Em 2013, o Ministério da Justiça criou uma Comissão de Especialistas com o
objetivo de “apresentar uma proposta de Anteprojeto de Lei de Migrações e Promoção dos
Direitos dos Migrantes no Brasil”.
O projeto de Lei, elaborado em 2014, tem entre outros objetivos inserir os
municípios fronteiriços na faixa de fronteira e que seus cidadãos, consequentemente, tenham
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um tratamento diferenciado e ajude ou facilite a integração regional, em consonância com a
Declaração Sócio laboral do MERCOSUL.
Portanto, a Declaração Sócio laboral do MERCOSUL determina uma possível
solução (e aqui já se antecipa um entendimento do item “considerações” finais, abaixo) para
o enfrentamento ao tráfico de pessoas, na modalidade trabalho escravo.
Aliás, os temas tráfico de pessoas e migração (perpassando pela questão da
especificidade da fronteira) tem sido de grande preocupação da comunidade internacional,
destacando-se a aprovação do Novo Tratado Global para Proteção de Vítimas de Trabalho
Forçado, que aconteceu em 11 de junho de 2014 em Nova Iorque.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT), ao reunir governos, sindicatos e
organizações patronais, aprovou o documento numa conjuntura em que foi reconhecida a
existência de 21 milhões de pessoas no mundo, vítimas desse flagelo (trabalho escravo ou
forçado).
O protocolo de 2014, segundo foi consignado na oportunidade, ratifica e atualiza a
Convenção sobre Trabalho Forçado, de 1930 (entende-se, para fins desse estudo, que
trabalho forçado é sinônimo de trabalho escravo), no intuito de “adequar o combate ao
trabalho forçado às ameaças atuais, inclusive contra trabalhadores migrantes e do setor
privado” (HUMAN RIGHTS WATCH, Nova Iorque, 13-06-2014).
Retomando-se a ideia inicial, o migrante e refugiado trabalhador apresenta alto grau
de vulnerabilidade de tornar-se vítima de trabalho escravo (inclusive na região fronteiriça,
podendo vitimar trabalhadores refugiados); “há sempre o risco latente de abuso por parte do
empregador que se serve dessa mão de obra, que vem de outros países e que vem para
melhorar sua situação pessoal, uma vez que esse trabalhador se desloca buscando melhores
condições de vida” (COLOMBO, 2015, p. 92).
Donde, como já referido no presente estudo a solução para o enfrentamento ao
tráfico de pessoas, na modalidade trabalho escravo, do trabalhador migrante e refugiado,
inclusive na região de fronteira, está intimamente ligado à efetivação dos direitos humanos,
em geral e, mais especificamente dos direitos humanos trabalhistas.
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3 DIREITOS HUMANOS
Fruto da conquista histórica de toda a humanidade, os assim chamados direitos
humanos são instrumentos jurídicos internacionais que exigem o respeito e a defesa, em toda
sua plenitude, da dignidade da pessoa humana (a qual, de uma maneira simplificada, pode
ser entendida como a prerrogativa de ser e sentir se respeitado, pela sociedade e por si
mesmo, que todo e qualquer ser humano possui).
No mesmo sentido, Belisário (2005, p. 70), entende que os direitos humanos
formam patrimônio jurídico da humanidade, os quais “foram concebidos, elaborados,
adquiridos e positivados ao longo de toda a História do homem, servindo, pois, como
instrumento de defesa, tanto dos indivíduo, quanto dos povos, contra todas as formas de
opressão e tirania”.
Pode se definir direitos humanos, como o conjunto de direitos necessário à
preservação da dignidade da pessoa humana (BRITO FILHO, 2004, p.37). Por sua feita, a
dignidade da pessoa humana reflete um rol de prerrogativa da pessoa, que tem por objeto
afirmar “uma existência digna” (respeitar-se e sentir-se respeitada por seus semelhantes), a
qual deve ser preservada, como condição essencial para a justiça e a paz, tanto na seara
nacional, quanto internacional (PEREIRA, 2015, p.51).
De maneira mais direta, pode-se entender como direito humano o direito de toda e
qualquer pessoa ver sua dignidade, estima e consideração respeitados, na prática,
independentemente de sua raça, cor, religião, sexo, gênero, orientação sexual, origem (se é
brasileiro ou estrangeiro), idade, preferência política etc.
Piovesan (2006, p. 107-108) entende que direitos humanos são frutos de um espaço
simbólico de luta e ação social, almejando a dignidade humana. Refletindo a atualidade do
século XXI, Bobbio (1992, p. 25) reconhece que o maior problema dos direitos humanos
“não é mais fundamentá-los, e sim o de protegê-los”.
É exatamente essa a grande problemática atual, no que se refere a direitos humanos
em geral (e, portanto, alcançando também os direitos fundamentais, ou como preferimos,
direitos humanos fundamentais; expressão que abrange tanto os direitos humanos que pairam
na comunidade internacional, quanto os direitos fundamentais, os quais são direitos humanos
positivados no ordenamento jurídico interno de um Estado): não apenas reconhecer e estudar
os direitos humanos fundamentais, mas, principalmente, fazer com que tais direitos ocorram,
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sejam efetivados, incorporem-se , no dia-a-dia da sociedade; num movimento natural,
espontâneo e automático nas vidas dos nacionais e estrangeiros que abitem ou estejam de
passagem em um determinado Estado nacional moderno.
Tais dificuldades são ainda maiores, quando se pretende que os direitos humanos
fundamentais possam prevalecer e serem o remédio contra o tráfico de pessoas, na espécie
trabalho escravo (na modalidade “condições degradantes de trabalho” ou “jornada exaustiva
de trabalho”), cujo as vítimas sejam migrantes e refugiados (portanto com caráter
internacional), na região da fronteira brasileira (como, por exemplo, trabalhadores haitianos,
peruanos ou colombianos em Manaus ou determinadas cidades do Estado de Mato Grosso
do Sul, o qual faz fronteira com a Bolívia e o Paraguai - observe-se que, consoante supra, a
fronteira e seu efeito vão além da mera linha divisória entre dois países).
Ainda assim, a comunidade internacional, atenta ao caráter civilizatório que a
condição humana deve possuir, erigiu o assim chamado Direito Internacional dos Direitos
Humanos, através de tratados internacionais de diversas ordens (principalmente da ONU e
da OIT), como maneira de se fazer efetivar, empiricamente (no caso concreto) os direitos
humanos fundamentais.
O direito internacional dos direitos humanos tem por base a concepção da obrigação
de todo e qualquer Estado respeitar os direitos humanos e seus cidadãos, tendo a comunidade
internacional o direito e a responsabilidade de protestar, se determinado Estado não cumprir
tais obrigações (Richard B.Bilder apud Piovesan, 2016 p.58).
Portanto, resta ao Estado nacional moderno cumprir e fazer cumprir os direitos
humanos, neste incluídos os direitos humanos trabalhistas protetivos da dignidade da pessoa
humana do trabalhador, em prol do enfrentamento ao trabalho escravo, mormente nas
modalidades “condição degradante de trabalho” e “jornada exaustiva”. Exige-se então, a
implementação de políticas públicas de atendimento as vítimas de tráfico de pessoas, na
espécie trabalho escravo, dos trabalhadores migrantes e refugiados, com atenção especial à
região de fronteira.
Devendo ainda, punir, a partir do devido processo legal, o crime de trabalho escravo
(artigo 149 do Código Penal).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante de tudo quanto foi no presente estudo, observado, discutido e fundamentado,
tem-se que a problemática do tráfico de pessoas, na espécie trabalho escravo (na modalidade
“condição degradante de trabalho” e “jornada exaustiva de trabalho”), de trabalhadores
migrantes e refugiados, inclusive nas regiões fronteiriças desafia a implementação, com total
prioridade, de políticas públicas de direitos humanos.
As referidas políticas públicas de direitos humanos devem conter, necessariamente,
ações de promoção, atendimento da vítimas e punição efetiva de trabalho escravo.
Atentando-se para os termos do tratado internacional contra o crime organizado, que é o
Protocolo de Palermo (decreto 5017/2004), sem se descurar do Tratado Internacional sobre
tráfico ou contrabando de imigrantes (decreto 5016/2004).
Certo é que existe, no Brasil, a Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de
Pessoas (decreto 5948/2006), bem como o II Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico
de Pessoas (portaria interministerial nº 634, de 25 de fevereiro de 2013); porém, conforme o
presente estudo demonstra, além da necessidade de que tais instrumentos de direitos
humanos sejam efetivamente implementados também, no caso específico dos migrantes e
refugiados e da região de fronteira, mister é a criação e aplicação real de instrumentos e
programas ligados ao enfrentamento ao tráfico de pessoas, na espécie trabalho escravo, na
região fronteiriça, de migrantes e refugiados, em situação de vulnerabilidade, como uma
forma de se promover os direitos humanos fundamentais.
Isto porque, em relação à proteção dos trabalhadores migrantes e refugiados e os
trabalhadores em geral, vulnerados em seus direitos, pode se observar que, no Século XXI,
ainda vigora a superexploração do trabalho humano, sem os freios necessários para preservar
um patamar mínimo de civilização. Freios esses que, certamente, estão explicitados, na
perspectiva da efetividade prática, no dia-a-dia, dos preceitos internacionais (tratados e
convenções) de direitos humanos e, caso já internalizados, na qualidade de direitos
fundamentais.
Uma boa medida que o Brasil pode implementar é a adoção da Convenção
Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e dos
Membros das suas Famílias, a qual é um marco regulatório internacional, para fazer frente
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às precárias condições em que os migrantes e refugiados ficam, uma vez que são
estrangeirizados.
De maneira mais profunda e adequada para o caso de enfrentamento a todas as
modalidades de trabalho escravo (podendo transbordar positivamente e alcançar outras
ofenças aos direitos humanos em geral), o qual é, como se sabe, uma espécie do gênero
tráfico de pessoas, é a prática, sem qualquer desculpa, da agenda de trabalho decente
instituida pela OIT. Sendo o trabalho decente aquele adequadamente remunerado, exercido
em condições de liberdade, equidade e segurança, capaz de garantir uma vida digna (ou seja,
capaz de garantir a dignidade da pessoa humana – artigo 1º, III, CF/88) às trabalhadoras e
trabalhadores, quer nacionais, quer (i)migrantes quer refugiados (as), como forma de
combater a precarização trabalhista e ao trabalho escravo, sendo fonte de inclusão social e
de interação entre os povos, inclusive na região de fronteira.
Excelente fonte orientativa e digna de estudos aprofundados, a indicar políticas
públicas e atuação da sociedade civil organizada (igrejas, sindicatos de trabalhadores,
associações, ONGs, escolas, institutos de educação, entidades ligadas a pesquisa,
universidades públicas e privadas etc) é o protocolo e recomendação de 2014 à Convenção
n 29 da OIT, a qual trata de proibição do trabalho forçado ou escravo.
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REFERÊNCIAS
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