mídias sociais, quais serão os próximos passos?

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  • 8/9/2019 Mdias sociais, quais sero os prximos passos?

    1/9

    abril 2010 ano 7 n 76

    www.revistawebdesign.com.br

    E D I T O R A

    R$ 11,90

    HTML 5Descubra sua inlunciano design de interfaces

    Eleies 2010Perspectivas sobre o uso deaes digitais pelos polticosbrasileiros

    SemiticaSaiba como a cincia dossignos pode contribuir nacriao de interfaces web

    Uma anlise sobre o peril do proissional,mtricas e relevncia de projetos na rea

    Mdias Sociaisquais sero

    os prximospassos?

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    Elas estiveram presentes e foram fundamentais nos rumos

    das ltimas eleies presidenciais dos EUA. Esto sendo cada

    vez mais exploradas pela indstria do entretenimento, vide

    o sucesso da transmisso simultnea via TV e internet do

    Prmio Multishow 2009 e que estimulava ainda a postagem

    de comentrios sobre a premiao, em meios como Facebook,

    Orkut e Twitter (http://tinyurl.com/capa-761).

    CAPA

    Mdias sociais:quais sero os prximos passos?

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    N o podemos deixar de citar o papelessencial que essas ferramentas assu-mem tambm na aproximao dasmarcas com seus consumidores e naconstruo coletiva do conhecimento,como vemos ocorrer na dinmica do site cultural Overmundo

    (www.overmundo.com.br). Alm disso, pesquisa recente da GfK

    Brasil (http://tinyurl.com/capa-76-5), envolvendo mil brasileiroscom mais de 18 anos de 12 capitais ou regies metropolitanas,

    apontou o acesso s redes sociais como o principal hbito no uso

    da internet (ver box abaixo).

    Diante de todas essas informaes, j no nenhuma novidade

    para os prossionais especializados em internet que as mdias sociais

    trouxeram importantes lies para o planejamento estratgico de

    comunicao das empresas nos dias atuais, independente do porte

    que elas tenham, independente do segmento em que elas atuem.

    Para o pesquisador e estrategista de mdias sociais Tarczio

    Silva (http://tarciziosilva.com.br/blog/), um dos principais ensi-

    namentos envolve o reforo no poder do consumidor. Se antes

    o cliente sempre tinha razo porque quem compra o produto e

    mantm a empresa, hoje esse consumidor tambm tem seu papelna construo simblica das marcas. Talvez um dos grandes

    cases a se observar nas mdias sociais , por exemplo, o da Apple.

    A incensada marca repetidamente apontada, por diferentes

    pesquisas com diferentes mtodos, a marca com o melhor posi-

    cionamento. Mas um (nada) pequeno detalhe tambm sempre

    lembrado: no possui presena ativa nestas mdias sociais. O que

    faz dela lder? Sua qualidade. O acesso livre e de qualidade inter-

    net ainda privilgio de poucos. Por isso, produtos das reas da

    informtica e comunicao, que geram posies mais passionais,

    esto muito presentes nos comentrios dos experts que geral-

    mente tambm so heavy users.

    O pesquisador explica que esta peculiaridade no caso da Apple

    suscita, inclusive, outra questo. um exemplo de como a internet

    pode ser uma catalisadora e multiplicadora de sentimentos em

    relao a uma marca. Se esta marca uma das mais admiradas do

    mundo, tal fato se desdobra na internet. Cada cliente, conhecedor,

    admirador ou detrator da marca tem a sua disposio uma mirade

    de oportunidades, espaos e ferramentas para falar bem ou mal de

    uma marca, produto ou servio. Levando isso em conta, o principal

    ensinamento que as mdias sociais trouxeram para o planejamento

    estratgico de comunicao : o consumidor no mais apenas

    consumidor. formador de opinio, veculo de comunicao e

    mobilizador. Por isso, deve ser ouvido e levado em alta conside-

    rao no desenvolvimento de estratgias de comunicao e at

    mesmo no desenvolvimento e melhorias dos produtos.As redes sociais nos permitem categorizar, classificar e

    compreender as intenes e desejos das pessoas praticamente em

    tempo real, algo sempre almejado, porm quase um sonho impos-

    svel para qualquer comunicador. Agora, isso uma realidade e

    relativamente fcil segmentar e conhecer seu pblico. O segredo

    saber comunicar aquilo que o pblico quer ouvi r e variar a estra-

    tgia e a abordagem de acordo com as caractersticas de cada

    grupo social. Mais do que nunca, o conceito de comunicao de

    massa e as mensagens sem direcionamento deixam de existir.Acredito muito no microtargeting, conjunto de tcnicas que per-

    mite dividir grandes populaes em microgrupos unidos por

    interesses comuns e, com isso, formatar e variar a mensagem da

    suas empresa de acordo com as caractersticas de cada unidade

    social, argumenta Andre de Abreu (www.andredeabreu.com.br),

    gestor da Mquina Web, unidade de mdias digitais e redes sociais

    da Mquina Public Relations (www.maquina.inf.br) , e membro do

    COM+ (www.commais.info) , grupo de pesquisa em Comunicao,

    Jornalismo e Mdias Digitais da ECA-USP.

    Outra mudana a se destacar, como descreve Hlio Basso, dire-

    tor de operaes da Ideia s/a (www.ideiasa.com) , o carter mais

    humanizado na relao entre marcas e consumidores. Ou seja,

    como fazer meu produto ou servio ser mais humano, criando inte-ratividade, conana, engajamento e consumo consciente do pbli-

    co-alvo. Sendo assim, ao pensar em planejamento, lembre-se de que

    o consumidor do passado um ser em extino. O poder passa da

    mo de quem produz para a mo de quem consome. Neste cen-

    rio, se aproximar do consumidor, tornar-se amigo e condente o

    melhor caminho para deliz-lo. E nada melhor que mdias sociais

    para chegar l. J podemos ver, haja vista a quantidade de estudio-

    sos que batem na mesma tecla, que entre os ensinamentos est a ida

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    CAPA

    sem volta para a interatividade entre consumidor e marcas; o aten-

    dimento em tempo real para eliminao de dvidas ou crticas; e a

    promoo de produtos e servios de maneira inteligente e coletiva

    (micronichos). Nada disso tem sentido se o maior ensinamento no

    car claro: deve-se dar ateno ao comportamento do consumidor

    e no tentar empurrar um produto ou servio via mdias sociais.

    Ou seja, o meio por onde nos comunicamos com os outros mudou

    e trouxe com ele um novo tipo de relacionamento. Se o consumidor

    mudou seu comportamento, sua marca tem que mudar tambm. Aide quem no entender isso.

    Ou seja, compreender as lies relatadas acima um passo funda-

    mental para quem pretende atuar na rea, mas no basta para garan-

    tir uma trajetria tranquila neste segmento. Pelo contrrio, a veloci-

    dade com que o mercado digital vai se transformando exige que os

    prossionais estejam sempre atentos ao que poder acontecer em

    cenrios futuros. A seguir, vamos traar e discutir al guns deles.

    POPULARIZAO DA INTERNET NO BRASIL

    Um dos primeiros pontos a serem estudados o nmero gradual

    de pessoas que comeam a usufruir das vantagens oferecidas

    pelo mundo digital. Durante o evento Mdia Digital, realizado pela

    Associao Comercial de So Paulo (ACSP), destacou-se que o Brasilj possui cerca de 70 milhes de usurios de internet e que, deste

    total, 51% fariam parte das classes C, D e E e 48% das classes A e B.

    Alm disso, existe uma otimista previso que o pas atinja 100

    milhes de usurios at o final d e 2010. Com a penetrao cada vez

    maior da internet entre as classes mais populares da sociedade, a

    pergunta que fica : quais mudanas este novo perfil de usurio

    poder trazer para os projetos focados em mdias sociais?

    Tsunami scio-econmico-cultural. Apesar de a palavra pare-

    cer trgica, ela vale mais como um alerta. Em 2010, h a previso

    de venda de 12 milhes de computadores. Esta onda gigante que

    chega rede ano a ano, impulsionada pelo aumento do poder

    de consumo, associada sede (de muito tempo) por informao

    relevante, conhecimento geral, entretenimento, relacionamento,

    far com que milhares de jovens e adultos entendam em pouco

    tempo que ter acesso informao ter o poder de decidir por

    si mesmo. Por conta disso, todos precisam estar alertas para um

    novo ser pensante, uma massa de consumidores, entre donas de

    casa, estudantes e trabalhadores, que agora vo interagir em busca

    ou de gente interessante ou de sua notoriedade. Vai sobrar elogio,

    reclamao, sugesto e crticas em um tsunami que trar um caldo

    novo, que provavelmente no voltar ao mesmo nvel de antes. Aonda vem para ficar e empresas, governos e governantes devem

    saber em quais botes subir para no morrerem afogados em mode-

    los de relacionamento e dilogos do passado, orienta Hlio.

    Muito se diz que o Orkut a porta de entrada dos brasileiros

    no mundo da internet. Representa o segundo endereo mais visi-

    tado no pas e pode-se at dizer, com algum exagero, que o perfil

    no Orkut uma espcie de RG on-line do brasileiro. Porm, com

    a penetrao das classes C, D e E no Orkut, muitos dos autopro-

    clamados analistas de mdia social passaram a utilizar cada vez

    menos o Orkut. E, quando essa fatia da populao comeou a aces-

    sar o Twitter, criou-se um neologismo preconceituoso e rasteiro:

    orkutizao do Twitter. No final do ano passado, uma pesquisa

    disseminada predominantemente atravs do Twitter chegou concluso altamente tendenciosa: O Twitter j mais utilizado

    que o Orkut. Dezenas de grandes blogs e portais reproduziram

    este absurdo. Lamentavelmente, muitos dos profissionais j inse-

    ridos no mercado da comunicao digital olham apenas para o

    prprio umbigo, deixando oportunidades de lado por puro pre-

    conceito. As transformaes que este novo perfil pode trazer so

    transformaes em torno da diversidade. Os diferentes e mlti-

    plos padres de consumo, referncias culturais e experincias

    locais, por exemplo, devero ser conhecidos mais profundamente

    para se fazer uma comunicao nas mdias sociais mais assertiva

    e direcionada e, portanto, mais eficaz, complementa Tarczio.

    J para a pesquisadora e professora Raquel Recuero (http://

    pontomidia.com.br/raquel/) , autora do livro Redes Sociais na

    Internet (www.redessociais.net), esta demanda de usurios

    vai criar novos usos, mas no exatamente transformaes. A

    finalidade dessas ferramentas a sempre a mesma: aproximar

    pessoas, permitir que redes sociais sejam traduzidas no virtual e

    que novas formas de comunicao e interao possam emergir.

    Deste modo, o que muda so alguns usos particulares e interesses

    de pblico-alvo, mas no exatamente a finalidade. Por exemplo,

    se observarmos o Orkut, veremos que os usos e as apropriaes

    so praticamente os mesmos de todos os pblicos do Brasil,

    como, por exemplo, as apropriaes para expresso de si, para

    sociabilidade... O que muda so as formas atravs das quais essas

    apropriaes acontecem, seus signos e suas tradues, que fazemparte de universos culturais mais diferentes.

    Mais do que nunca, o

    conceito de comunicao

    de massa e as mensagens

    sem direcionamento

    deixam de existir

    Andre de Abreu

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    O QUE VEM POR A

    Longe de querer exercer poderes medinicos para desvendar

    o que vai acontecer em um futuro prximo, a anlise e o debate

    sobre o que vem por a se torna fundamental para se traar estra-

    tgias e se preparar da melhor forma quando essas mudanas j

    estiverem em curso.

    A primeira proposta surgiu na edio de janeiro de 2010 da

    Revista Webdesign, quando Roberto Cassano, diretor de estratgiada Agncia Frog (www.agenciafrog.com.br), apontou duas possveis

    tendncias na rea: As redes ... sero fortes e impactaro profunda-

    mente a forma de consumo e de troca/manuteno de laos afeti-

    vos e de informao. Elas sero to grandes que desaparecero...

    e ...travestir redes sociais como jogos para motivar a cocriao. Ou

    agregar redes sociais a jogos - XBOX 360 e sua Live -, impactando os

    games, os consoles e at a pirataria (http://migre.me/m5Yf).

    Em relao ao texto do Cassano, discordo da afirmao de que

    os jogos sociais do Facebook sejam mambembes. Os jogos produ-

    zidos por empresas como Zynga e Popcap, por exemplo, so bas-

    tante complexos e se integram de uma forma muito inteligente ao

    container Facebook. So jogos com aspectos grficos e narrativos

    aparentemente mais simples porque se propem a entreter ojogador no seu cotidiano, atravs de aes que podem ser reali-

    zadas assincronicamente e, ainda assim, promover uma sociabi-

    lidade bem interessante entre as redes sociais destas pessoas no

    Facebook. Acredito que os aspectos que apresentaro mudanas

    no modo de trabalho sejam em torno da prestao de contas.

    indispensvel, para o crescimento do mercado, que agncias e

    profissionais aprendam e desenvolvam mecanismos, mtricas e

    indicadores para mostrar o que est funcionando e o que pode ser

    melhorado, analisa Tarczio.

    Para Andre, o conceito de relevncia vai se tornar um parmetro

    ainda mais essencial quando falamos de projetos na rea. O que me

    preocupa muito so aes de comunicao essencialmente calca-

    das em SEO ou tendo o SEO como linha guia, sendo que a linha guia

    nal de qualquer trabalho de comunicao em redes sociais precisa

    ser a relevncia. O SEO tem a sua importncia, pois um site constru-

    do pensando nos mecanismos de busca far com que usurios

    interessados na sua empresa e no que ela oferece cheguem mais

    fcil a ela. Entretanto, vejo que a maioria das empresas e agncia usa

    essas tcnicas como um atalho para ludibriar os sites de busca ao

    invs de pensar em como se tornar cada vez mais relevante para

    seus pblicos - o que, realmente, d muito mais trabalho. Por isso,

    medida que o Google trabalha para evitar cair nos truques do

    SEO mau carter - segundo a Wired, pensando nisso, somente em

    2010 sero mais de 500 alteraes no sistema - penso que temos

    um campo aberto para explorar a relevncia. Alm disso, com otempo de todos ns cada vez mais escasso, apesar do paradoxo

    Redes em risco

    Os analistas da empresa de segurana Websense preveem

    que, em 2010, haver um volume maior de spam e ataques

    na web social e aos mecanismos de pesquisa em tempo

    real (como Topsy.com, Google e Bing). No ano passado, foi

    observado um aumento do uso malicioso de redes sociais

    e ferramentas de colaborao, como Facebook, Twitter,

    MySpace e Google Wave, visando propagar as ameaas

    criadas por criminosos virtuais. O uso de sites da web 2.0 por

    crackers e spammers foram bem-sucedidos devido ao alto

    nvel de conana que os usurios tm nas plataformas e em

    outros usurios.

    Fonte: Websense (http://www.websense.com)

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    de estarmos cada vez mais conectados, relevncia ser essencial

    nessa briga pela ateno dos usurios.

    Outra tendncia envolve a mudana no cenrio estratgico em

    que as mdias sociais estaro inseridas. Entre as mudanas que con-

    seguimos vislumbrar no horizonte, uma diz respeito economia de

    escala com foco na oferta. Isso vai morrer: o foco se dar na econo-

    mia de escala voltada para a demanda, que se basear nas redes

    de relacionamento. Smartphones, games, ipads, netbooks, TVs e

    rdios digitais sero apenas os meios para consumirmos coletiva-mente. Um desao nasce da: toda a cadeia de valor envolvida com

    o desenvolvimento de um produto ou servio ter que pensar a

    partir no de um cliente, mas para todo um grupo deles. As agn-

    cias que se dizem especialistas em mdias sociais tm um dever de

    casa para pensar frente a esse cenrio. Tudo vai estar relacionado e,

    por conta disso, clientes dessas agncias discutiro com as mesmas

    maneiras de criar a sua prpria rede, surgindo barreiras de entrada

    de concorrentes em seus nichos de atuao. Em outras palavras,

    nosso papel como prossionais de mdias sociais se dar na criao

    de solues, independentemente do meio, que permitam que as

    marcas dominem seus segmentos de atuao, criando diferencial

    competitivo, atraindo micronichos para formar novas redes de inte-

    resse. Mal comparando, seria como um efeito Bombril: pensou emum produto ou servio, temos na mente do internauta o link com

    uma rede X ou Y (de uma empresa), explica Hlio.

    O FUTURO PASSAR PELO FACEBOOK?

    Neste debate sobre o futuro das mdias sociais, um estudo da

    empresa de consultoria Gartner chegou a afirmar que, at 2012,

    o Facebook vai se tornar o hub para integrao de redes sociais e

    socializao web (http://tinyurl.com/capa-76-2 ). Verdade ou no,

    certamente s o tempo poder nos revelar tal resposta.

    Mas antes de confrontarmos a anlise do instituto americano

    com a experincia vivida por prossionais do mercado brasileiro,

    importante buscar a contextualizao das aes e campanhas

    focadas nestes ambientes ao longo do tempo. Segundo Tarczio,

    em geral as mdias sociais sempre sofreram com os problemas de

    monetizao e controle dos modos de utilizao pelos usurios.

    Como monetizar o site (atravs de anncios, mensalidades

    etc.) e ainda assim manter os usurios satisfeitos? Afinal, a oferta

    de mdias sociais enorme. Se os usurios se aborrecerem com

    o excesso de publicidade ou regras, por exemplo, deixaro tal

    site no exato momento em que o aborrecimento for maior que o

    esforo que ter de reconstruir sua rede de conexes em outramdia social. Esta uma balana muito sensvel, que o Friendster,

    por exemplo, no conseguiu calibrar.

    Alm disso, o pesquisador ressalta que, tal como eram h

    cinco anos, as mdias sociais davam conta de apenas uma parcela

    pequena das necessidades do internauta. A partir de 2007, entre-

    tanto, com a iniciativa do Facebook de abrir seu site a aplicativos

    desenvolvidos por terceiros, isso vem mudando de gura. Um a no

    depois, o Google e outras empresas, como o MySpace, criaram

    o OpenSocial. Hoje, atravs destas plataformas, aplicativos no

    Facebook alcanam 80 milhes de usurios (Farmville) e no Orkut

    mais de 40 milhes (BuddyPoke). Atravs destas APIs, se construiu

    um enorme mercado de aplicativos sociais que interessam aos usu-

    rios, s mdias sociais e aos desenvolvedores: para os usurios, sonovos modos de interao, produo e consumo de contedo; para

    as mdias sociais, signica que os usurios passaro mais tempo em

    seus sites; e, por m, os desenvolvedores monetizam seus aplicati-

    vos atravs de publicidade, patrocnio ou bens virtuais. Some-se a

    isso, o Facebook Connect, o Google Friend Connect e a API tambm

    aberta do Twitter, e as oportunidades so enormes.

    Sobre a previso envolvendo o Facebook, apesar de conside-

    rar difcil e arriscado fazer futurologia, Tarczio destaca o fato

    que, seja qual for a mdia social, os citados mecanismos de acesso

    a dados, redes de conexes e aos prprios usurios tero papel

    fundamental no desenvolvimento de estratgias e aes de comu-

    nicao daqui para frente. Aplicativos sociais, por exemplo, so

    oportunidades fascinantes para a comunicao de marcas. pos-

    svel desde que feito de uma forma que oferea uma tima experi-

    ncia ao usurio, tornando a marca o prprio material significativo

    de interao entre as pessoas.

    Nesta discusso levantada pelo estudo do Gartner, Hlio

    enxerga ainda a cobia de grandes empresas de internet em assu-

    mir o poder pela rede. Haja vista o posicionamento do Facebook,

    de ser aberto em seu cdigo, pode-se dizer que est falando a lngua

    do povo. No posso, porm, armar que ele ser o integrador, o hub.

    Ao mesmo tempo, no tenho dvidas de que esse objetivo de tomar

    conta da rede um desejo do Facebook, da Microso, do Yahoo! e

    do Google. Ou seja, a briga boa. Esse possvel enfrentamento por

    uma liderana o que chamamos de desao para quem quer seulugar ao sol em redes sociais. Acreditamos que ele acontecer, seja

    OpenSocial

    uma API (Interface de Programao de Aplicativos) aberta

    que permite aos desenvolvedores criarem widgets para

    rodar dentro de redes sociais que aderirem plantaforma

    OpenSocial. As redes sociais que j aderiram so: Orkut,

    MySpace, LinkedIn, Ning entre outros.

    Fonte: Wikipdia (http://pt.wikipedia.org/wiki/OpenSocial)

    CAPA

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    qual for o personagem principal. O que as empresas mais antenadas

    devem ter em mente agora como se posicionar para se destaca-

    rem no futuro. Nossa aposta a criao de sua prpria rede para

    terem seus consumidores junto de si. A estratgia construir esse

    quadro pincelada a pincelada: primeiro, entre nas redes existentes,

    se relacione e vire referncia em seu segmento (efeito Bombril); e,

    logo em seguida, seja ousado: crie a sua rede.

    O QUE VAI ESTIMULAR O USURIO?No livro Conectado (www.naozero.com.br/conectado) , Juliano

    Spyer cita um artigo do professor Peter Kollock, onde ele analisa

    os principais estmulos que levam as pessoas a participarem de

    comunidades a curto ou longo prazo: reciprocidade, prestgio,

    incentivos social e moral.

    Com as constantes transformaes ocorridas no meio inter-

    net, a dvida que surge se esses estmulos citados por Kollock

    vo continuar a perpetuar o desejo dos usurios na utilizao de

    ambientes colaborativos e quais possveis motivaes podero

    surgir em novos cenrios.

    Esses estmulos so bsicos do ser humano e antecedem a

    web. Eles fazem parte das redes sociais que sempre existiram,

    aquelas que nos unem nossa famlia e amigos. Entretanto, comas redes sociais de grande escala com as quais lidamos hoje em

    dia, enxergo tambm a existncia de outros estmulos, como

    segurana e cooperao. As pessoas tendem a buscar nas redes

    sociais um local seguro onde podem encontrar informaes, pedir

    ajuda, enfim, encontrar uma resposta. O mesmo para a coopera-

    o. As pessoas podem ir s redes sociais em busca de pessoas

    que no existem em seu crculo de conhecidos, porm necess-

    rias para trabalhar de forma cooperada em busca de um objetivo

    comum. As nicas questes, como aponta Bauman, em seu livro

    Comunidade, equilibrar segurana e liberdade / comunidade e

    individualidade. O convvio em rede pode afetar a balana de nos-

    sas vidas, alerta Andre.

    A minha percepo, a partir de minhas pesquisas, que existe

    uma tendncia em traduzir aquilo que existe no mundo off-line

    para o on-line. Assim, concordo com o Juliano, acho que esses est-

    mulos permanecem presentes pelo simples fato de estarmos tra-

    balhando com pessoas. Claro que, no universo do espao virtual,

    tambm podem surgir novas formas de construir esses valores,

    novas percepes e novas formas de usar esses interesses pelas

    pessoas. Penso muito em termos dos valores construdos coleti-

    vamente, que a rede facilita e permite que as pessoas apropriem

    e expressem de forma diferente. Essa a parte mais interessante

    e pontual da estratgia em mdias sociais: aprender essas idiossin-

    crasias da apropriao dessas ferramentas pelos diferentes grupos

    sociais. Os valores so quase sempre os mesmos, mas aparecem deformas diferentes nos diferentes ambientes, acrescenta Raquel.

    No tenho dvidas

    de que esse objetivo

    de tomar conta da

    rede um desejo do

    Facebook, da Microso,

    do Yahoo! e do Google

    Hlio Basso

    MENSURANDO OS RESULTADOS

    Em um dos captulos do livro Redes sociais na internet, Raquel

    Recuero descreve os elementos contidos nestes ambientes pela

    web. Dentre eles, ela destaca o conceito de capital social, que pode

    ser entendido como um valor constitudo a partir das interaes

    entre os atores sociais, e que tem servido como um dado impor-

    tante no uso das redes.

    Em maio de 2009, o IAB ( Interactive Advertising Bureau) lan-ou um documento no qual indica parmetros para quem precisa

    mensurar resultados de projetos em mdias sociais (http://tinyurl.

    com/capa-76-3) . Pela importncia desta prtica no monitoramento

    de aes on-line e na elaborao de justificativas que apiem os

    investimentos realizados, a busca por fatores confiveis de medi-

    o sero cada vez mais requisitados.

    O empirismo, ou seja, fazer as coisas no chute, est com seus

    dias contados. As mtricas que temos hoje, como o nmero de

    seguidores no Twitter, no dizem nada em termos de comunica-

    o. Precisamos criar mtricas primeiro, indisciplinares, ou seja,

    no pensar apenas na questo tecnolgica ou estatstica. Medir

    as redes sociais envolve a integrao de conhecimentos de reas

    como biologia, psicologia, lingustica, comunicao, sociologia,

    apenas para ficar nos principais. O estudo e a articulao das pes-

    quisas dessas reas nos faro chegar a indicadores que realmente

    mostrem o quanto e como uma marca est exposta nas redes

    sociais e o que se fala sobre ela. Alm disso, preciso integrar

    metodologias. O que vejo hoje so empresas que medem o mundo

    digital e outras que mudam o mundo off-line sendo que, o que inte-

    ressa para uma empresa, como a sua marca exposta como um

    todo e como essa exposio trafega do digital para o analgico e

    de uma mdia para outra, afirma Andre.

    S para se ter uma ideia da necessidade de novos modelos de

    mensurao, Hlio cita alguns exemplos que j ocorrem atual-

    mente. Muitas das mtricas aplicadas hoje s mdias tradicionaissimplesmente no se aplicam quando falamos de mdias sociais.

  • 8/9/2019 Mdias sociais, quais sero os prximos passos?

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    No existepage viewnem bounce rate para Orkut. Ou melhor, at

    existe, mas o Google Analytics no consegue medir. Mesmo KPIs

    tradicionais para o marketing digital j se confundem no ambiente

    das redes sociais. Cliques no so mais apenas um nmero abso-

    luto. Este cenrio impe aos profissionais de mdias sociais muita

    ateno: ao montar um relatrio, em um futuro prximo, teremos

    ndices com buzz negativo, positivo, neutro ou mix; qualidade de

    alfas (formadores de opinio), penetrao para engajamento e

    sentimento, entre outros dados que sero muito relevantes para

    a tomada de deciso em campanhas. Da mesma maneira, assimcomo temos Google Analytics, teremos outras ferramentas, bem

    mais completas, voltadas para mdias sociais, facilitando em muito

    a gesto de relacionamento e do monitoramente de marcas.

    J Tarczio faz questo de trazer para o debate a dinmica de

    avaliao existente no mercado de televiso. Um anncio X em um

    programa Y exibido em horrio Z, em tese, alcanaria um nmero

    tal de pessoas. Mas televiso um meio que, em boa parte dos domi-

    clios, permanece ligada a maior parte do dia enquanto seus espec-

    tadores realizam outras aes. Aquele nmero tal no signica de

    fato quem vai prestar ateno ao anncio, por exemplo. A avaliao

    do ROI um pouco depois ou de lembrana de marca pode avaliar o

    impacto do tal anncio de uma forma mais elaborada. Hoje em dia,

    na internet, ao contrrio do que muitos dizem, possvel avaliar ROI,lembrana de marca e outros dados mais interessantes. Mas no

    acho que as mtricas na web devem ser padronizadas totalmente.

    Devem existir documentos, mtodos e terminologias mais slidas,

    mas como base para se construir avaliaes mais direcionadas aos

    objetivos de cada comunicao. Por exemplo, em relao ao valor

    do capital social que Recuero identica como potencializados pelos

    sites de redes sociais, temos: visibilidade, popularidade, reputao e

    autoridade. O que mais importante para um perl Twitter de uma

    loja varejo? Ou o que mais importante para meu perl, utilizado

    para gerar negcios para minha agncia? A internet permite que um

    nmero muito maior de dados sejam coletados, mas, por outro lado,

    esse gigantismo de dados pode acabar por diluir a mensurao ou

    confundir. O que deve acontecer, idealmente, uma avaliao mais

    qualitativa das pessoas que acessam, disseminam e interagem com

    as mensagens de uma comunicao.

    O PERFIL DO PROFISSIONAL

    No artigo Cuidado com os especialistas em mdia sociais (http://

    tinyurl.com/capa-76-4), Andre de Abreu apresenta uma abordagem

    crtica sobre o meio e ressalta que, na esteira desse movimento, surgi-

    ram nos ltimos meses dezenas de empresas e consultores especia-

    listas em redes sociais. Entretanto, o que se tem visto at o momento

    so aes e conselhos baseados no achismo ou no feeling.

    42 | webdesign | 76 > 04/10

    CAPA

    Pensando nisso, algumas caractersticas sero essenciais para

    que um profissional possa trabalhar em projetos envolvendo

    mdias sociais. Penso que o essencial um esprito crtico e um

    conhecimento profundo das prticas que emergem o tempo todo

    nesse campo. Cada ferramenta comea a ser utilizada de um modo,

    mas, com o tempo, a apropriao vai modicando um pouco essas

    prticas e novos mtodos vo emergir. Essa vivncia que qualica

    o pensar das estratgias para esse tipo de mdia. Claro, conhecimen-

    tos tcnicos, do pblico e dos usos tambm ajudam, diz Raquel.

    Sobre os perfis desejados, Andre aponta a existncia de algunsmais propensos a trabalharem na rea. Aquilo que se aprende

    num curso de comunicao certamente ir ajudar mais nas tare-

    fas dirias do que aquilo que se aprende num curso de fsica. De

    todo modo, at nisso as redes sociais so democrticas, pois vale

    mais o autodidatismo e a experincia. Por isso, vejo muita gente

    trabalhando de graa (ou quase isso) para conseguir montar seu

    portflio de experincia, claro, no na proporo que o mercado

    exige. E tambm considero que ocorrer esse movimento natural.

    Quem faz marketing hoje j pensa em como fazer marketing para

    as redes sociais. O mesmo vale para outras carreiras, que acaba-

    ro incorporando as redes sociais assim como elas capturaram as

    pessoas para si.

    Diante dos fatos apresentados neste especial, nossa esperana que eles possam ajud-los na compreenso dos fatores que vo

    construir o futuro das mdias sociais pela internet. Aproveite os pen-

    samentos por aqui expostos e comece a discuti-los com as pessoas

    que fazem parte de seu crculo social e profissional. Certamente,

    voc estar contribuindo para a construo e o exerccio do conhe-

    cimento coletivo e tambm para a evoluo de sua carreira.

  • 8/9/2019 Mdias sociais, quais sero os prximos passos?

    9/9

    76 > 04/10 | webdesign | 43

    Smartphones, games, ipads,

    netbooks, TVs e rdios digitais

    sero apenas os meios para

    consumirmos coletivamente

    Hlio Basso

    Atualize sua biblioteca

    Para quem procura por boas dicas de livros que ajudem a

    compreender melhor as transformaes ocorridas, Andre de

    Abreu compartilha suas indicaes:

    > Communication Power

    Autor: Manuel CastellsO livro mais recente do autor da trilogia A Era da Informao

    um estudo extenso e aprofundando de como se do as rela-

    es de poder na atual sociedade conectada e qual o papel da

    comunicao neste fenmeno.

    > Cultura da Convergncia

    Autor: Henry Jenkins

    Uma leitura introdutria que contextualiza o momento pelo

    qual a sociedade est passando atualmente e como possvel

    fazer as pontes com o dia a dia da comunicao em rede

    sociais, observando como as pessoas e as relaes humanas

    esto mudando.

    > Evolution in Four Dimensions

    Autores: Eva Jablonka e Marion J. Lamb

    um livro de biologia, porm voltado para o pblico no-

    bilogo. Nele, o leitor ter acesso s mais recentes teorias da

    evoluo e do comportamento humano. Uma das dimenses

    a qual se refere o ttulo do livro a simblica e a mais impor-

    tante para quem estuda redes sociais. Nesta obra, possvel

    entender como modismos, como a questo do meme e sua

    transmisso, no tm fundamento cientco algum.

    > Grown Up Digital

    Autor: Don Tapscott

    Conhea um pouco dos clientes e pblico-alvo que iremos

    atender daqui a cinco ou dez anos.

    > Here Comes Everybody

    Autor: Clay Shirky

    Uma srie de exemplos e cases que demonstram o poder que

    as redes sociais podem dar s pessoas de se organizarem sem

    precisarem de uma organizao ocial e tradicional como o

    governo, a escola etc.