microbiota das mãos de enfermeiras, estudantes ... · à lavagem freqüente e/ou uso de luvas pode...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA Instituto de Ciências Biomédicas Programa de Pós-Graduação em Imunologia e Parasitologia Aplicadas Curso de Mestrado Dissertação apresentada ao Colegiado do Programa de Pós-Graduação em Imunologia e Parasitologia Aplicadas como parte de obtenção do título de Mestre Lílian Alves Rocha Uberlândia – MG 2007 Microbiota das Mãos de Enfermeiras, Estudantes Universitários e Técnicos de Laboratório Associada à Lavagem Higiênica

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Page 1: Microbiota das Mãos de Enfermeiras, Estudantes ... · à lavagem freqüente e/ou uso de luvas pode provocar alterações da microbiota das mãos e deve ser considerada pelas instituições

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA Instituto de Ciências Biomédicas

Programa de Pós-Graduação em Imunologia e Parasitologia Aplicadas

Curso de Mestrado

Dissertação apresentada ao Colegiado

do Programa de Pós-Graduação em

Imunologia e Parasitologia Aplicadas

como parte de obtenção do título de

Mestre

Lílian Alves Rocha

Uberlândia – MG 2007

Microbiota das Mãos de Enfermeiras,

Estudantes Universitários e

Técnicos de Laboratório Associada

à Lavagem Higiênica

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA Instituto de Ciências Biomédicas

Programa de Pós-Graduação em Imunologia e Parasitologia Aplicadas

Curso de Mestrado

Lílian Alves Rocha

Prof. Dr. Paulo Pinto Gontijo Filho (Orientador)

Uberlândia – MG

2007

Dissertação apresentada ao Colegiado

do Programa de Pós-Graduação em

Imunologia e Parasitologia Aplicadas

como parte de obtenção do título de

Mestre

Microbiota das Mãos de Enfermeiras,

Estudantes Universitários e

Técnicos de Laboratório Associada

à Lavagem Higiênica

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

R672m

Rocha, Lílian Alves, 1981- Microbiota das mãos de enfermeiras, estudantes universitários e técnicos de laboratório associada à lavagem higiênica / Lílian Alves Rocha. - 2007. 64 f. : il. Orientador: Paulo Pinto Gontijo Filho. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Uberlândia, Pro- grama de Pós-Graduação em Imunologia e Parasitologia Aplicadas. Inclui bibliografia.

1. Infecção hospitalar - Teses. 2. Lavagem das mãos - Teses. I. Gontijo Filho, Paulo Pinto. II. Universidade Federal de Uberlândia. Programa de Pós-Graduação em Imunologia e Parasitologia Aplicadas. III. Título. CDU: 616.98 : 615.478

Elaborado pelo Sistema de Bibliotecas da UFU / Setor de Catalogação e Classificação

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Dedico este trabalho a meus pais Geraldo e Aparecida,

pelo apoio e estímulo sempre presente.

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"Não se pode ensinar tudo a alguém, pode-se

apenas ajudá-lo a encontrar por si mesmo."

(Galileu Galilei)

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus a possibilidade de chegar até aqui.

Aos meus pais pelo amor incondicional e por terem me tornado a pessoa que sou

hoje.

Ao meu irmão Leonardo pelo carinho e por me ajudar sempre que foi preciso.

Ao Regimar pelo companheirismo e pelos momentos de carinho.

Ao Prof. Dr. Paulo P. Gontijo Filho pelo apoio, orientação e contribuição para

meus conhecimentos.

Aos técnicos e amigos do Laboratório de Microbiologia, Claudete e Ricardo pela

ajuda sempre presente.

À minha grande amiga Cristiane pelos momentos de descontração, os lanches

divididos e principalmente pela ajuda nos momentos difíceis.

Às minhas amigas Renata, Helisângela, Karinne, Dayane pelo apoio e

companheirismo.

À minha amiga Lizandra pelo estímulo, apoio e por ter se tornado uma pessoa

tão especial na minha vida.

Ao Samuel Rodrigues Santos pela colaboração nas coletas e pela perseverança

durante a seleção dos voluntários.

À coordenação do programa de Pós Graduação em Imunologia e Parasitologia

Aplicadas pela colaboração.

Ao CNPq pela sustentação financeira durante a realização deste trabalho.

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À Lucileide Freitas, Jorge e João Martins Neto pelo apoio administrativo e

informações disponibilizadas.

Aos funcionários do Hospital de Clínicas (HC-UFU), estudantes e técnicos de

laboratório que foram meus voluntários pela paciência e colaboração.

Aos Professores Adriano Loyola, Marcos Silva e Rosineide Ribas pelas

correções e sugestões.

Aos meus colegas de curso que dividiram comigo momentos de emoção e alegria.

Deixo o meu agradecimento a todos vocês!

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SUMÁRIO

Lista de Abreviaturas.........................................................................................10

Lista de Tabelas.................................................................................................11

Lista de Anexos.................................................................................................13

Resumo..............................................................................................................14

Summary............................................................................................................15

1. INTRODUÇÃO...............................................................................................16

2. OBJETIVOS...................................................................................................23

3. MATERIAL E MÉTODOS..............................................................................25

3.1 Local do estudo............................................................................................25

3.2 Voluntários...................................................................................................25

3.3 Protocolos para higiene das mãos...............................................................26

3.4 Amostragem microbiológica das mãos........................................................26

3.5 Avaliação das condições da pele.................................................................27

3.6 Técnicas microbiológicas.............................................................................27

3.7 Análise estatística........................................................................................29

3.8 Comitê de ética............................................................................................29

4. RESULTADOS...............................................................................................30

4.1 Avaliação das mãos de profissionais de saúde...........................................30

4.2 Lavagem repetida com água e sabão..........................................................39

5. DISCUSSÃO..................................................................................................45

6. CONCLUSÕES..............................................................................................52

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................53

8. ANEXOS........................................................................................................62

8.1 Anexo I.........................................................................................................62

8.2 Anexo II........................................................................................................63

8.3 Anexo III.......................................................................................................64

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LISTA DE ABREVIATURAS

IH � Infecção Hospitalar;

µm � micrômetros;

UTI � Unidade de Terapia Intensiva;

NNIS � National Nosocomial Infections Surveillance;

pH � potencial hidrogeniônico;

HC-UFU � Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia;

s � segundos;

mL � mililitro;

PYR � l-pirroglutamil-β-nafitilamida;

NaCl � Cloreto de Sódio;

HSAF � Hand Skin Assessment Form;

UFC � Unidade Formadora de Colônia;

µg � microgramas;

CLSI � Clinical and Laboratory Standards Institute;

CA � Califórnia;

CDC � Centers for Diseases Control and Prevention;

CEP � Comitê de Ética em Pesquisa;

log10 � Logaritmo na base 10;

SCN � estafilococos coagulase negativo;

BGN � Bacilo Gram-negativo;

BGP � Bacilo Gram-positivo;

DP � Desvio Padrão;

OR � Odds Ratio;

IC � Intervalo de confiança;

FR � Fator de redução;

ORSA � Staphylococcus aureus resistente a oxacilina;

ORSCN � Staphylococcus coagulase negativo resistente a oxacilina;

BGNR � Bacilos Gram negativos resistentes à cefalosporina de 3ª geração;

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Contagem microbiana total nas mãos sadias e danificadas de

profissionais de saúde (log10 ± DP, fator de redução) do Hospital de Clínicas da

Universidade Federal de Uberlândia, antes e após a lavagem com água e 3 mL

de sabão por 30s...............................................................................................18

Tabela 2 – Contagem microbiana total (log10 ± DP, médias) nas mãos de

profissionais de saúde com e sem danos na pele.............................................19

Tabela 3 - Microrganismos com e sem significado epidemiológico nas mãos

sadias de profissionais de saúde do Hospital de Clínicas da Universidade

Federal de Uberlândia, antes e após a lavagem com água e sabão.................20

Tabela 4 - Microrganismos com e sem significado epidemiológico nas mãos

danificadas de profissionais de saúde do Hospital de Clínicas da Universidade

Federal de Uberlândia, antes e após a lavagem com água e sabão.................21

Tabela 5 – Comparação de microrganismos com e sem significado

epidemiológico nas mãos sadias e danificadas de profissionais de saúde do

Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia............................22

Tabela 6 – Microrganismos resistentes aos antibióticos isolados nas mãos de

profissionais de saúde.......................................................................................23

Tabela 7 – Contagem microbiana total (log10 ± DP) nas mãos de estudantes e

técnicos do laboratório com e sem queixa de ação irritante, antes e após sua

lavagem repetida com água e sabão.................................................................26

Tabela 8 – Microrganismos das mãos de estudantes e técnicos de laboratório

antes e após sua lavagem repetida com água e sabão....................................27

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Tabela 9 – Microrganismos resistentes aos antibióticos isolados nas mãos de

estudantes e técnicos de laboratório antes e após lavagem repetida com água

e sabão..............................................................................................................28

Tabela 10 – Comparação dos microrganismos das mãos normais e irritadas

pela lavagem repetida com água e sabão de estudantes e técnicos de

laboratório..........................................................................................................29

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LISTA DE ANEXOS

Anexo I – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido...................................48

AnexoII – Formulário de auto-avaliação da condição de pele das mãos HSAF –

Hand Skin Assessment Form ...........................................................................49

Anexo III- Aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa n°249/05.....................50

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RESUMO

A freqüência da lavagem de mãos pode resultar em efeitos prejudiciais na pele

promovendo aumento da prevalência de microrganismos de importância

hospitalar. Os objetivos deste trabalho foram avaliar quantitativa e

qualitativamente as alterações na microbiota total (residente e transitória) das

mãos de profissionais de enfermagem e estudantes universitários e técnicos de

laboratório associadas à ação irritante provocada pela freqüente lavagem e/ou

uso de luvas. Foram incluídos 60 profissionais de saúde, nos quais foram

realizadas coletas, pelo método do saco estéril de polietileno, antes e após a

lavagem com 3 mL de sabão não medicamentoso, por 30 segundos. No grupo

constituído por estudantes e técnicos de laboratório (n=30), estas coletas foram

realizadas antes e após lavagens consecutivas com água e sabão. A

contaminação das mãos de profissionais de saúde com danos na pele foi maior

em relação às sadias. A higiene se mostrou eficiente nos estudantes e técnicos

de laboratório sem queixas de irritação após lavagens sucessivas, fato não

observado entre profissionais de saúde. Enfermeiras com mãos com danos

apresentaram maior freqüência de S. aureus, bacilos Gram-negativos e fungos

leveduriformes do que as sadias (P>0,05), assim como quanto à soma destes

microrganismos (P=0,07) e a presença de S. haemolyticus (P=0,02). A

freqüência de S. aureus e bacilos Gram-negativos resistentes aos antibióticos

foi maior nas mãos lesadas de enfermeiras. A irritação causada na pele devido

à lavagem freqüente e/ou uso de luvas pode provocar alterações da microbiota

das mãos e deve ser considerada pelas instituições quando da escolha de

produtos de higiene.

Palavras-chave: Infecção hospitalar, irritação das mãos, higiene das mãos.

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SUMMARY

Handwashing frequency may result in harmful effects on the skin, promoting the

increase of the prevalence of nosocomial important microorganisms. This study

purpose was to assess the quantitative and qualitative changes of the total

microbiota (both permanent and transient) from hands of nursing professionals

and university laboratory technicians and students due to the irritant action

provoked by frequent washing and/or wearing gloves. Sixty health professionals

were enrolled from whom collections were performed by the sterile polyethylene

bag, before and after washing hands with 3 mL of nonantimicrobial soap for 30

seconds. In the group formed by students and laboratory technicians (n=30),

these collections were performed before and after consecutive washings with

water and soap. Damaged hands health professionals hands contamination

was higher when compared with healthy hands. Hygiene proved to be efficient

in both students and laboratory technicians without complaints of irritation after

successive washings, a fact not seen among health care workers. Nurses with

damaged hands presented higher frequency of S. aureus, Gram negative

bacteria and yeast than the healthy ones (P>0.05), as well as the sum of these

microorganisms (P=0.07) and presence of S. haemolyticus (P=0.02). The

frequency of S. aureus and antimicrobial resistant Gram negative bacteria was

higher among nurses damaged hands. The irritation caused on the skin by the

frequent washing and/or wearing of gloves may cause changes of hands

microbiota and should be considered when choosing hygiene products.

Key words: Nosocomial infection, hands irritation, hand hygiene.

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1. INTRODUÇÃO

As infecções hospitalares (IHs) são reconhecidas como um dos mais

importantes problemas de saúde pública, particularmente em países em

desenvolvimento (KARABEY et al., 2002). As IHs são aquelas que não estão

presentes no momento da admissão do paciente no hospital e adquiridas após

as primeiras 72 horas do momento da internação em unidades não críticas

(HILBURN et al., 2003), 48 horas em unidades críticas, até 30 dias após

cirurgias ou até um ano em cirurgias de implantação de prótese, desde que

possam estar relacionadas com o período de internação e/ou a procedimentos

realizados durante o mesmo (COUTO; PEDROSA, 1999; SILVESTRI et al.,

2005).

As IHs constituem um desafio para a medicina moderna (PITTET et al.,

1999), com incidência, nos Estados Unidos, de cerca de 2 milhões de

pacientes por ano, o que equivale 5% a 10% dos pacientes hospitalizados,

sendo a causa direta ou indireta de 88 mil óbitos, posicionando-se como a

oitava causa de morte no país (HILBURN et al., 2003). Em países

desenvolvidos o custo atual de tratamento das infecções hospitalares é

estimado em 4,5 milhões de dólares por ano (HILBURN et al., 2003).

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No Brasil, observa-se uma considerável diferença nas taxas de infecção

hospitalar nas diferentes regiões do país e em diferentes hospitais de uma

mesma região (PANNUTI et al., 1995), com uma taxa média de prevalência de

15%, em hospitais de assistência terciária (PRADE et al., 1995).

A incidência destas infecções causadas por microrganismos resistentes

a antibióticos cresce consideravelmente e estão associadas a um aumento

significativo na mortalidade, no tempo de internação e nos custos hospitalares.

O tratamento de infecções de sítio cirúrgico, pneumonias e infecções de

corrente sanguínea custam muito mais do que o orçamento anual com os

agentes anti-sépticos usados na higiene das mãos (BOYCE, 2001).

Entre os patógenos hospitalares mais importantes estão:

Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis, Enterococcus spp.,

Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella spp., Enterobacter spp. e leveduras do

gênero Candida (WEINSTEIN, 1991). Muitas das IHs, são causadas por

bactérias resistentes aos antimicrobianos (MUTO et al., 2000), como S. aureus

e S. epidermidis resistente a oxacilina/meticilina; Enterococcus spp. resistente

a vancomicina; Enterobacteriaceae resistente a cefalosporinas de 3ª geração e

Pseudomonas aeruginosa resistente a carbapenêmicos (MURRAY et al.,

2004).

As infecções hospitalares são classificadas em endógenas e exógenas

causadas respectivamente por microrganismos da microbiota normal, e por

patógenos adquiridos durante a hospitalização (SILVESTRI et al., 2005). As

formas mais freqüentes de transmissão das infecções exógenas são por

contato, aerossóis, veículo comum e vetor. A primeira é a mais freqüente,

compreendendo as seguintes possibilidades: contato direto através das mãos,

contato indireto por meio da participação de superfícies, instrumentos e fômites

e aerossóis com mais de 10 µm (BENNETT; BRACHMAN, 1998).

As síndromes infecciosas mais freqüentes de natureza hospitalar são:

infecções do trato urinário, pneumonia, infecções de sítio cirúrgico e de

corrente sanguínea, que correspondem, combinadas, a 80% das IHs

notificadas pelo sistema de vigilância da “National Nosocomial Infections

Surveillance” – NNIS (2001). O contato direto através das mãos está

relacionado com todas essas infecções pela facilidade de contaminação e

disseminação de patógenos durante o desenvolvimento das rotinas

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hospitalares, sendo responsável por aproximadamente 20 a 40% das infecções

hospitalares adquiridas por transmissão cruzada pelos profissionais de saúde

(WEINSTEIN, 1991).

A associação entre atividades de cuidado com o paciente e a

contaminação bacteriana das mãos é mais significativa naquelas com contato

direto com o paciente ou contato com fluídos e secreções respiratórias (PITTET

et al., 1999; WONG, 2000).

As taxas de IHs e resistência antimicrobiana são maiores em Unidades

de Terapia Intensiva, em função do volume intenso de trabalho, instabilidade

clínica do paciente, tempo de internação, quantidade de procedimentos

invasivos e uso de antimicrobianos. Nessas circunstâncias, as oportunidades

de lavar as mãos são muito mais freqüentes, mas como o tempo é insuficiente,

a higienização das mãos é menor que a esperada (PITTET et al., 1999b).

A pele do paciente representa uma barreira física entre o organismo e o

ambiente externo. Ela regula a temperatura, mantém a umidade e desempenha

uma importante função protetora impedindo a entrada de microrganismos,

porém pode representar uma possível fonte de patógenos. A camada mais

externa, o extrato córneo, está em constante interação com o ambiente sendo

a região mais afetada pelos agentes usados na higienização das mãos

(KAISER; NEWMAN, 2006).

A pele das mãos é colonizada por diferentes microrganismos, e sua

microbiota classificada em dois grupos: transitória que está depositada nas

camadas mais superficiais da pele, mais sensível à remoção pela lavagem com

água e sabão/detergente e inclui principalmente, microrganismos relacionados

às infecções hospitalares, como S. aureus, enterococos e os bacilos Gram

negativos (PITTET, 2003; JUMAA, 2005) e residente ou normal que é

constituída por microrganismos de baixa virulência, mais difícil de ser removida

pela lavagem tradicional, pois colonizam as camadas mais internas da pele

compreendendo estafilococos coagulase negativos, micrococos e as

corinebactérias, grupos pouco associados a infecções (BOYCE; PITTET,

2002).

A contagem total de bactérias das mãos dos profissionais de saúde varia

entre 104 a 106 Unidades Formadoras de Colônias (MAKI, 1978; LARSON et

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al., 1986), ocasionalmente inclui a colonização por microrganismos patogênicos

adquiridos no ambiente hospitalar (JUMAA, 2005).

As mãos ou luvas dos profissionais de saúde também podem ser

contaminadas após tocar a pele, mucosas e itens inanimados durante o contato

com os pacientes. Embora as luvas protejam as mãos da aquisição de

bactérias durante o trabalho, a sua superfície contaminada representa risco

para transmissão cruzada (PITTET et al., 2006).

A lavagem das mãos é a medida mais simples e efetiva na prevenção

das IHs (WONG, 2000; PITTET, 2001) e seu principal objetivo é a remoção da

microbiota transitória presente ou da sua redução a níveis abaixo do provável

de causar infecção (GOULD et al., 1996).

Embora a lavagem das mãos permaneça como uma das principais

medidas de prevenção de infecções hospitalares, a adesão dos profissionais

de saúde é baixa, raramente excedendo 40%, na maioria dos estudos

realizados (VOSS; WIDMER, 1997; MAURY et al., 2000; PITTET, 2001),

variando entre as diversas unidades do hospital, a categoria profissional e as

condições de trabalho (BOYCE, 2001), principalmente em países onde faltam

recursos humanos e financeiros (HUSKINS et al., 2004). Entre os fatores que

mais influenciam a lavagem de mãos, destacam-se: pouca informação, ser

médico e assistente em enfermagem, trabalhar em UTIs, acessibilidade de

pias, uso de pias automáticas, falta de papel toalha, irritação e ressecamento

causados na pele devido a freqüente lavagem com água e sabão e uso de

luvas (BOYCE, 2001).

A lavagem das mãos é um procedimento que deve ser realizado antes e

depois do contato direto com os pacientes, fluídos biológicos, instrumentos ou

equipamentos médicos com risco de contaminação com microrganismos

hospitalares e uso de luvas (ZARAGOZA et al., 1999). A lavagem higiênica das

mãos consiste na lavagem com água e sabão por um tempo de

aproximadamente 30 segundos e é suficiente para redução (>90%) da

microbiota transitória (BOYCE; PITTET, 2002). Há estimativa que numa UTI

haja necessidade de lavagem de mãos 40 vezes no tempo de uma hora, o que

significa que o profissional gastaria um terço de seu tempo lavando suas mãos

(PITTET, 1999a).

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As condições de saúde da pele dos profissionais são influenciadas por

diversos fatores como freqüência da lavagem de mãos, ação mecânica da

fricção das mesmas, tipos de produtos utilizados considerando os ingredientes

e as formulações, uso de luvas, idade, estação do ano e o clima. Embora

alguns desses fatores não possam ser controlados, como idade e o clima, é

essencial controlar os demais para diminuir a baixa adesão à higienização das

mãos (SEITZ; NEWMAN, 1988).

As reações da pele associadas com a higiene das mãos são

classificadas em: a) dermatite de contato irritante, mais comum, com sintomas

que incluem ressecamento, irritação, prurido, rachaduras e sangramento e, b)

dermatite de contato alérgica, rara, que resulta da alergia aos ingredientes dos

produtos utilizados (LARSON et al., 2006).

A saúde das mãos e a adesão à higiene das mesmas estão

indiscutivelmente relacionadas. Os programas de treinamento e vigilância nas

práticas de controle de infecção podem melhorar a adesão à lavagem,

observando-se um aumento no uso de produtos para sua higiene. Por outro

lado, quando da pele ressecada e irritada devido à higienização, a adesão à

lavagem pode diminuir (KAISER; NEWMAN, 2006).

Entre os mecanismos de dano na pele o principal resulta da remoção de

lipídeos da camada superficial devido ao uso de detergentes e álcoois, que

emulsificam e dissolvem os lipídeos, respectivamente. Os detergentes podem

provocar o ressecamento da pele e uma hidratação abaixo de 10% resulta na

perda da sua integridade, representando um fator de risco para dermatite

(KOWNATZKI, 2003). Adicionalmente, o detergente poderá penetrar nas

camadas superficiais da pele, e estes efeitos tóxicos podem não ser aparentes

imediatamente, mas ter conseqüências a longo prazo (WICKETT; VISSCHER,

2006).

O uso de água quente para a lavagem de mãos, a secagem incompleta

das mesmas e a qualidade do papel toalha também podem contribuir para a

ocorrência de dermatite (LARSON et al., 2006). Além disso, o uso de luvas e a

alergia às proteínas do látex são outros fatores de risco para os problemas de

pele entre os profissionais de saúde (KOWNATZKI, 2003).

A camada córnea da pele apresenta um pH de 4 a 5,5, que interfere na

sua colonização por bactérias patogênicas. Os sabões são usualmente

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alcalinos e aumentam o pH da pele durante a lavagem (WICKETT; VISSCHER,

2006). Trobaugh e Wickett (1990) relataram que uma única lavagem com

sabão aumentou o pH da pele para aproximadamente 7,5, porém, após a

lavagem o pH declina de forma gradual em algumas horas. Entretanto, quando

da lavagem freqüente, este declínio pode não ocorrer provocando uma maior

colonização por microrganismos (TROBAUGH; WICKETT, 1990; FLUHR et al.,

2001).

Existem algumas estratégias que podem minimizar os efeitos prejudiciais

da lavagem freqüente das mãos como: seleção de produtos de higiene menos

irritantes, educação dos profissionais para redução de práticas inadequadas

que causam irritação e estímulo para o uso rotineiro de produtos hidratantes

(LARSON et al., 2006).

O emprego de loções contendo emolientes aumenta a hidratação da

pele preserva a camada lipídica e reduz o risco de contato com alérgenos do

látex das luvas (LARSON et al., 2006). O seu uso rotineiro é recomendável e

previne a dermatite de contato irritante (BERNDT et al., 2000). O uso freqüente

de luvas pode aumentar o risco de problemas na pele. Em um estudo entre

voluntários da área da saúde, a aplicação de loções hidratantes antes da sua

utilização resultou numa maior hidratação da pele (HELD; JORGENSEN,

1999). Aspectos como tolerância, disponibilidade, estocagem e custos devem

ser considerados quando da escolha de emolientes e hidratantes para garantir

uma melhor efetividade (LARSON, et al., 2006).

O comprometimento cutâneo acarreta modificações na composição da

microbiota das mãos, resultando em colonização mais freqüente por

estafilococos, enterococos, leveduras, bacilos Gram negativos e Candida spp.

(LARSON et al., 1998; LARSON et al., 2006). A pele danificada pela exposição

repetida a detergente pode se tornar mais sensível à irritação por formulações

anti-sépticas incluindo as preparações à base de álcool (LUBBE, et al., 2001).

Além disso, a higienização da pele lesada é menos efetiva na redução do

número de bactérias que a da pele íntegra (BORGES, 2005), resultando numa

maior quantidade de microrganismos disseminados a partir da primeira

(OJAJARVI, 1980; PARRY et al., 1980).

Para promover maior adesão à higiene das mãos é preciso que os

profissionais de saúde conheçam os riscos da transmissão de infecções,

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tenham acesso a produtos de higiene efetivos, sendo a seleção deste agente

um componente fundamental na promoção desta prática (LARSON et al.,

2006), uma vez que, o uso de sabão/detergente assim como o uso de luvas

estão associados a uma maior incidência de problemas na pele (LARSON et

al., 1998).

Devido à necessidade de higiene freqüente das mãos durante o cuidado

com pacientes, os profissionais de saúde estão mais sujeitos a irritação da pele

quando comparado a população geral. A pele danificada das mãos representa

um problema não somente porque causa desconforto, podendo até levar a

perda de dias de trabalho, mas sobretudo porque aumenta o risco de

transmissão de infecções hospitalares (LARSON et al., 2006).

Desta forma, a avaliação dos efeitos das preparações à base de

detergente na pele intacta ou previamente lesada se mostra necessária, uma

vez que um grande número de profissionais de saúde apresenta alterações

variadas na barreira cutânea das mãos. Além disso, a comparação entre a

microbiota normal e a modificada, decorrente da alteração da pele, fornece

informações relevantes relacionadas à colonização por microrganismos

patogênicos fator importante para entender o processo de transmissão pelas

mãos e assim implementar com sucesso estratégias de educação.

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23

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Avaliar as alterações na microbiota total das mãos de profissionais de

enfermagem, estudantes universitários e técnicos de laboratório associadas à

ação irritante provocada pela sua lavagem e/ou uso de luvas.

2.2 Objetivos Específicos

2.2.1 Avaliar a composição da microbiota total e o seu fator de redução

após lavagem com água e sabão não medicamentoso em mãos sadias de

profissionais de enfermagem. 2.2.2 Avaliar a composição da microbiota total e o seu fator de redução

após lavagem com água e sabão não medicamentoso em mãos danificadas

pelo uso de luvas e produtos para higiene das mãos de profissionais de

enfermagem. 2.2.3 Avaliar as alterações da microbiota total e o seu fator de redução,

associadas à ação irritante da lavagem repetida com água e sabão não

medicamentoso nas mãos de estudantes universitários e técnicos da

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24

Universidade Federal de Uberlândia, simulando a realidade do ambiente

hospitalar. 2.2.4 Comparar as alterações da microbiota total entre os voluntários

com e sem queixa de irritabilidade a lavagem sucessiva com água e sabão.

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25

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Local do Estudo

Um experimento clínico foi realizado no Hospital de Clínicas da

Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), apresentando mais de 500

leitos e assistência terciária à população.

3.2. Voluntários

a) Foram selecionados e divididos nos seguintes subgrupos:

3.2.1. Trinta voluntários da área de enfermagem com evidências

de dermatite ou outras afecções relacionadas ao uso de luvas e/ou produtos

para higiene das mãos (MÃOS DANIFICADAS);

3.2.2. Trinta voluntários da área de enfermagem, ligados

diretamente com o cuidado de pacientes, que apresentaram mãos sadias

(MÃOS SADIAS);

3.2.3. Trinta voluntários compreendendo estudantes e técnicos do

Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal de Uberlândia,

subdivididos conforme os relatos e respostas ao questionário de auto-avaliação

(MÃOS NORMAIS e MÃOS IRRITADAS).

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26

b) Critérios de Exclusão

Estar grávida ou período de amamentação, estar em uso de agentes

antiinflamatórios ou antimicrobianos tópicos ou sistêmicos, apresentarem

eczema e/ou psoríase nas mãos.

c) Consentimento Livre e Esclarecido

Antes da coleta da amostra, os voluntários foram esclarecidos a respeito

do trabalho proposto e a coleta foi realizada mediante consentimento por

escrito dos mesmos em participarem do estudo (ANEXO I).

3.3. Protocolos para higiene das mãos

Cada voluntário dos subgrupos 3.2.1 e 3.2.2 lavou suas mãos utilizando

água e 3 mL de sabão líquido não medicamentoso por 30 segundos (BOYCE;

PITTET, 2002).

No subgrupo 3.2.3 foram realizadas 19 lavagens consecutivas das mãos

ou até referência à irritabilidade (ROTTER, 2001), simulando o ambiente

hospitalar, utilizando água e sabão líquido não medicamentoso sem controle de

volume ou tempo de aplicação. Após o intervalo de uma hora, no qual o

voluntário foi orientado a exercer suas atividades de rotina, foi realizada a

última ou vigésima lavagem, utilizando água e 3 mL de sabão líquido não

medicamentoso por 30s, com o propósito de avaliar da contaminação

microbiana após lavagem freqüente das mãos.

Todos os experimentos foram realizados utilizando o mesmo sabão

usado na rotina dos profissionais do hospital, o qual foi medido e distribuído

pelo investigador.

Todos os voluntários foram instruídos a friccionar suas mãos em todos

os procedimentos, incluindo palma, dorso, espaços interdigitais e pulso.

3.4 Amostragem Microbiológica das Mãos

A mão dominante do voluntário foi colocada em um saco estéril de

polietileno, onde foram adicionados 75 mL de Caldo Tripticase Soja (Difco,

Maryland, USA), acrescido de Tween 80 a 0,1%, visando facilitar a remoção de

microrganismos da pele e dispersar as macrocolônias em células isoladas para

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27

quantificação. A mão, até a altura do punho, foi massageada durante um

minuto contra a parede do saco de polietileno pelo investigador (LARSON et

al., 1998).

As amostras foram obtidas antes da higienização das mãos, para todos

os subgrupos de voluntários, e após para os grupos 3.2.1 e 3.2.2; e

adicionalmente para o subgrupo 3.2.3 foram coletadas também antes e após a

última lavagem (vigésima).

Todas as amostras foram transportadas ao Laboratório de Microbiologia

(Bloco 4C, Campus Umuarama) e processadas assepticamente num tempo

máximo de duas horas ou estocadas por até 24 horas à 4°C.

3.5 Avaliação das Condições da Pele

Todos os voluntários foram submetidos a um questionário de auto-

avaliação, por observação visual direta, da condição da pele das mãos (HSAF

– “Hand Skin Assessment Form”) utilizando uma escala de 1 a 7 (LARSON et

al., 1997) – quanto à vermelhidão, aspereza (abrasões e fissuras),

formigamento/queimação e descamação. A variação dos escores é de 4 a 28,

com 28 indicando uma pele totalmente saudável (ANEXO II).

3.6 Técnicas Microbiológicas

3.6.1 Análise Quantitativa

Uma alíquota de 0,1mL da amostra não diluída e diluições 1:10 e 1:100

em solução salina estéril a 0,85%, foi inoculada em placas contendo Ágar

Tripticase Soja (Difco, Maryland, USA). A contagem do número de Unidades

Formadoras de Colônia (UFCs)/mL foi realizada após 24 horas de incubação a

37º C (MOURA et al., 1998).

3.6.2 Análise Qualitativa

Alíquotas de 0,1 mL da solução sem diluição foram inoculadas em Agar

MacConkey (Difco, Maryland, USA), Agar Manitol Salgado (Difco, Maryland,

USA), Agar Sabouraud Dextrose (Difco, Maryland, USA), Agar Bile Esculina

(Dignolab, Barcelona, Espanha) e todas as placas foram incubadas a 37º C por

24 a 48 horas.

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28

As colônias foram identificadas pelas características morfo-tintoriais

(coloração de Gram) e por técnicas microbiológicas clássicas (KONEMAN et

al., 1997). Os bacilos Gram positivos foram caracterizados apenas pelas

morfologias bacteriana e da colônia e os bacilos Gram negativos pelos

seguintes testes: fermentação de carboidratos, produção de indol, utilização de

citrato, motilidade e produção de lisina e ornitina-descarboxilase. Os

enterococos foram identificados através da hidrólise da esculina e produção da

enzima L-pirroglutamil-β-naftilamida (PYR), crescimento em NaCl 6,5% e

produção de catalase; e os fungos leveduriformes por características

microscópicas e o uso do CHROMAGAR Candida para caracterização

presuntiva de Candida albicans, Candida tropicalis, Candida krusei e Candida

spp.

3.6.3 Identificação do Gênero e Espécie de Staphylococcus

Para a identificação do gênero Staphylococcus foram utilizados os testes

da catalase (positivo) e oxidase (negativo), enquanto para as espécies foram

aqueles descritos por Bannerman (2003) e MacFaddin (1976): coagulase ligada

(fator “clumping”), coagulase livre, hemólise, produção da enzima L-

pirroglutamil-β-naftilamida, susceptibilidade à novobiocina, urease, ornitina

descarboxilase e fermentação de carboidratos.

3.6.4 Teste de Triagem de Suscetibilidade aos Antimicrobianos

Todas as amostras de estafilococos foram submetidas ao cultivo em

Agar Mueller-Hinton com 4,5% de NaCl acrescido de 6µg/mL de oxacilina

(Sigma, St. Louis, USA), para detecção de amostras de S. aureus resistentes à

oxacilina, enquanto para as de estafilococos coagulase negativo foi utilizada a

concentração 0,5µg/mL. As amostras de bacilos Gram negativos foram

submetidas ao cultivo em Agar MacConkey acrescido de 2µg/mL de

Ceftazidima (Glaxo, Rio de Janeiro, Brasil), para a pesquisa de resistência a

cefalosporinas de terceira geração, de acordo com o CLSI (2005). Todas as

placas foram incubadas a 35º C por 24 a 48 horas. As amostras de

Staphylococcus aureus ATCC 27913, S. epidermidis ATCC 12228,

Pseudomonas aeruginosa ATCC 27853 e Escherichia coli ATCC 25922, foram

utilizadas como controles.

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29

3.6.5 Estocagem

Todas as amostras de microrganismos isolados e identificados foram

armazenadas em Caldo Tripticase Soja com 20% de glicerol à -20º C.

3.7 Análise Estatística

Os dados obtidos foram submetidos à análise estatística univariada,

sendo o teste t de Student utilizado para comparação das contagens

bacterianas representadas em log10, quando a distribuição foi normal, se a

distribuição não foi normal, o teste Mann-Whitney foi usado, através do

programa estatístico GraphPad Prism 4 versão 2003 (San Diego, CA) . O teste

de Qui-quadrado (X2), foi usado para comparar as proporções e freqüências

dos microrganismos, utilizando tabelas de contingência do tipo dois por dois (2

x 2) bem como a estimação de medidas de associação (odds ratio) utilizando

Epi Info Versão 2000 (CDC, Atlanta), quando n<5 o teste exato de Fisher foi o

adotado. A significância estatística foi definida por um valor de P menor ou

igual a 0,05 (P ≤ 0,05).

3.8 Comitê de Ética

O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da

Universidade Federal de Uberlândia, sob o número 249/05 (ANEXO III).

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4. RESULTADOS

4.1 Avaliação das mãos de profissionais de saúde

A contagem bacteriana total nas mãos dos profissionais de saúde com

danos na pele foi maior em relação àqueles com mãos sadias (Tabela 1 e 2).

No total, a média de UFC (log10)/mL nas mãos danificadas antes da lavagem foi

de 4,28, enquanto que nas sadias correspondeu a 3,55 (P > 0,05). Não houve

diferença significante nas contagens comparando as obtidas antes e após

lavagem nos voluntários com mãos sadias, ao contrário do observado nos

profissionais com danos na pele (P < 0,05).

O fator de redução da microbiota total foi maior nas mãos com danos,

comparado com profissionais com mãos sadias. Entretanto, a presença de

microrganismos (número de grupos isolados) nas mãos foi semelhante entre

eles (Tabela 2).

Em relação à análise das condições da pele das mãos, realizada por

meio de um questionário de auto-avaliação, o escore obtido para o grupo de

voluntários com mãos sadias foi 25,3, enquanto para as danificadas ele foi de

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16,8 (4: danificada a 28: normal), sendo o sinal mais comumente relatado a

aspereza (83,3%), seguido de descamação (56,7%).

Os microrganismos isolados nas mãos sadias antes e após lavagem

com água e sabão foram principalmente estafilococos coagulase negativo (90,0

% e 93,3%) e fungos leveduriformes (20,0% e 13,3%), como mostrado na

tabela 3. Os isolados mais freqüentes de estafilococos coagulase negativo para

este grupo de profissionais foram S. epidermidis (46,7% e 43,3%) e S. warneri

(6,7% e 16,7%), respectivamente. As demais espécies isoladas foram: S.

haemolyticus (n=3), S. saprophyticus (n=2), S. caprae (n=8), S. sciuri (n=2), S.

xylosus (n=1), S. capitis capitis (n=2), S. shleiferi coagulans (n=1), S. simulans

(n=2), sendo estas últimas seis espécies relatadas como outros SCN (Tabela

3).

Os isolados de BGN recuperados das mãos sadias foram identificados

como Enterobacter cloacae (n=1), Serratia rubidaea (n=2), Serratia

liquefasciens (n=1) e os de fungos leveduriformes como Candida tropicalis

(n=2), Candida spp. (n=3) e de outros gêneros (n=5).

Os resultados correspondentes aos voluntários com mãos danificadas

estão na tabela 4. As freqüências, antes e após lavagem, de amostras de SCN

foram 83,3% para ambos, de BGN 20% e 13,3%, de S. aureus 16,7% e 20% e

de fungos leveduriformes (26,7% e 13,3%). Os BGN isolados dos voluntários

com danos na pele foram identificados como Enterobacter agglomerans (n=4),

Enterobacter gergoviae (n=1), Serratia rubidaea (n=3), e BGN não fermentador

(n=2) e os de fungos leveduriformes como Candida kruzei (n=2), Candida spp.

(n=4), e de outros gêneros (n=6). Os SCN recuperados antes da higiene das

mãos neste grupo foram identificados predominantemente como S. epidermidis

23,3%, S. haemolyticus 16,7%. As demais espécies isoladas antes e após

lavagem foram S. warneri (n=13), S. saprophyticus (n=4), S. sciuri (n=3), S.

simulans (n=1), S. caprae (n=6), S. cohnii cohnii (n=3), S. cohnii urealyticum

(n=1).

A presença de representantes de enterococos bem como de Candida

albicans não foi observada em nenhum dos voluntários incluídos no estudo.

No geral, a comparação entre os dados obtidos a partir das mãos dos

dois grupos de voluntários não foi diferente (P>0,05) com relação à

recuperação de microrganismos epidemiologicamente importantes no ambiente

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hospitalar. Nas mãos lesadas a freqüência destes foi de 63,3% vs 36,7% nas

sadias (P=0,07), representados por S. aureus (16,7% vs 10,0%), fungos

leveduriformes (26,7% vs 20,0%) e BGN (20% vs 6,7%) (Tabela 5).

Os SCN foram os mais encontrados no grupo de profissionais de saúde

particularmente o com mãos sadias assim como representantes de S.

epidermidis 46,7% vs 23,3% (OR 2,88, IC95% 0,83 – 10,18) nas mãos sadias e

danificadas, respectivamente. Adicionalmente, a presença de S. haemolyticus

só foi observada nas mãos lesadas (P<0,05), assim como de bactérias não

fermentadoras (Tabela 5).

As freqüências de estafilococos resistentes à oxacilina nas mãos sadias

e com danos foram mais altas em relação às amostras de SCN (36,6% vs

20,0%) seguido dos S. aureus (3,3% vs 13,3%) e estes semelhantes aos BGN

resistente a ceftazidima (3,3% vs 10,0%). Entretanto, estas diferenças não

foram significativas entre os dois grupos de profissionais de saúde (Tabela 6).

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33

Tabela 1 - Contagem microbiana total nas mãos sadias e danificadas de

profissionais de saúde (log10 UFC ± DP, fator de redução) do Hospital de

Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, antes e após a lavagem com

água e 3 mL de sabão por 30s.

Antes Sabão (3 mL, 30s) FR

Mãos Sadias 3,55 ± 1,34 (a) 3,35 ± 1,59 (b) 0,20

Mãos com Danos 4,28 ± 1,67 (c) 3,75 ± 1,79 (d) 0,53

UFC: Unidades Formadoras de Colônias; DP: Desvio Padrão;

*P ≤ 0,05;

FR: fator de redução.

Teste t

a x b = 0,48

a x c = 0,06

b x d = 0,32

c x d = 0,04*

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Tabela 2 – Contagem microbiana total (log10 UFC ± DP, médias) nas mãos de

profissionais de saúde com e sem danos na pele.

Contagem total / Número de

grupos de microrganismos

Mãos sadias

(n = 30)

Mãos com danos

(n = 30)

P

* Média total de UFC 3,55 ± 1,34 4,28 ± 1,67 0,06

† Número médio de grupos

isolados 1,33 ± 0,61 1,60 ± 0,93 0,29

UFC: Unidades Formadoras de Colônias; DP: Desvio Padrão.

* Teste t

† Teste Mann-Whitney

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Tabela 3 - Microrganismos com e sem significado epidemiológico nas mãos

sadias de profissionais de saúde do Hospital de Clínicas da Universidade

Federal de Uberlândia, antes e após a lavagem com água e sabão.

Microbiota total

Microrganismo Antes

n = 30 (%)

Água e sabão

n = 30 (%)

P OR (IC 95%)

S. aureusa 3 (10,0) 2 (6,7) 1,00 1,56 (0,19 – 14,67)

SCN 27 (90,0) 28 (93,3) 1,00 0,64 (0,07 – 5,30)

S. epidermidis 14 (46,7) 13 (43,3) 1,00 1,14 (0,37 – 3,59)

S. warneri 2 (6,7) 5 (16,7) 0,42 0,36 (0,04 – 2,38)

S. haemolyticus 0 3 (10,0) 0,24 0,00 (0,00 – 2,32)

S. saprophyticus 2 (6,7) 0 0,49 -

Outros SCN 9 (30,0) 7 (23,3) 0,77 1,41 (0,39 – 5,19)

BGNb 2 (6,7) 2 (6,7) 1,00 1,00 (0,09 – 10,91)

Serratia spp. 2 (6,7) 1 (3,3) 1,00 2,07 (0,13 – 61,39)

Enterobacter spp. 0 1 (3,3) 1,00 0,00 (0,00 – 29,65)

BGP 2 (6,7) 6 (20,0) 0,25 0,29 (0,04 – 1,81)

Enterococosc 0 0 - -

Fungos leveduriformesd 6 (20,0) 4 (13,3) 0,73 1,63 (0,34 – 7,98)

C. tropicalis 1(3,3) 1 (3,3) 1,00 1,00 (0,00 – 38,82)

Candida spp. 2 (6,7) 1 (3,3) 1,00 2,07 (0,13 – 61,39)

Outros 3 (10,0) 2 (6,7) 1,00 1,56 (0,19 – 14,67)

Total Σ(a+b+c+d) 11 (36,7) 8 (26,6) 0,58 1,59 (0,47 – 5,51)

SCN: Estafilococos Coagulase Negativo; BGN: bacilo Gram negativo; BGP:

bacilo Gram positivo;

OR: oddis ratio; IC: intervalo de confiança.

Teste X2

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Tabela 4 - Microrganismos com e sem significado epidemiológico nas mãos

danificadas de profissionais de saúde do Hospital de Clínicas da Universidade

Federal de Uberlândia, antes e após a lavagem com água e sabão.

Microbiota total

Microrganismo Antes

n = 30 (%)

Água e sabão

n = 30 (%)

P OR (IC 95%)

S. aureusa 5 (16,7) 6 (20,0) 1,00 0,80 (0,18 – 3,52)

SCN 25 (83,3) 25 (83,3) 0,73 1,00 (0,21 – 4,68)

S. epidermidis 7 (23,3) 6 (20,0) 1,00 1,22 (0,30 – 4,92)

S. warneri 4 (13,3) 9 (30,0) 0,20 0,36 (0,08 – 1,54)

S. haemolyticus 5 (16,7) 1 (3,3) 0,19 5,80 (0,58 – 140,35)

S. saprophyticus 2 (6,7) 2 (6,7) 1,00 1,00 (0,09 – 10,91)

Outros SCN 7 (23,3) 7 (23,3) 0,76 1,00 (0,26 – 3,86)

BGNb 6 (20,0) 4 (13,3) 0,73 1,63 (0,34 – 7,98)

Serratia spp. 1 (3,3) 2 (6,7) 1,00 0,48 (0,02 – 7,42)

Enterobacter spp. 3 (10,0) 2 (6,7) 1,00 1,56 (0,19 – 14.67)

Não fermentadores 2 (6,7) 0 0,49 -

BGP 5 (16,7) 5 (16,7) 0,73 1,00 (0,21 – 4,68)

Enterococosc 0 0 - -

Fungos leveduriformesd 8 (26,7) 4 (13,3) 0,33 2,36 (0,54 – 10,98)

C. krusei 2 (6,7) 0 0,49 -

Candida spp. 2 (6,7) 2 (6,7) 1,00 1,00 (0,09 – 10,91)

Outros 4 (13,3) 2 (6,7) 0,67 2,15 (0,30 – 18,73)

Total Σ(a+b+c+d) 19 (63,3) 14 (46,7) 0,30 1,97 (0,62 – 6,34)

SCN: Estafilococos Coagulase Negativo; BGN: bacilo Gram negativo; BGP:

bacilo Gram positivo;

OR: oddis ratio; IC: intervalo de confiança.

Teste X2

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Tabela 5 – Comparação de microrganismos com e sem significado

epidemiológico nas mãos sadias e danificadas de profissionais de saúde do

Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, antes da lavagem.

Microbiota total

Microrganismo Mãos

Sadias

n = 30 (%)

Mãos

Danificadas

n = 30 (%)

P OR (IC 95%)

S. aureusa 3 (10,0) 5 (16,7) 0,71 0,56 (0,09 – 3,09)

SCN 27 (90,0) 25 (83,3) 0,71 1,80 (0,32 – 10,81)

S. epidermidis 14 (46,7) 7 (23,3) 0,10 2,88 (0,83 – 10,18)

S. warneri 2 (6,7) 4 (13,3) 0,67 0,46 (0,05 – 3,35)

S. haemolyticus 0 5 (16,7) 0,02* 0,00 (0,00 – 1,09)

S. saprophyticus 2 (6,7) 2 (6,7) 1,00 1,00 (0,09 – 10,91)

Outros SCN 9 (30,0) 7 (23,3) 0,77 1,41 (0,39 – 5,19)

BGNb 2 (6,7) 6 (20,0) 0,25 0,29 (0,04 – 1,81)

Serratia spp. 2 (6,7) 1 (3,3) 1,00 2,07 (0,13 – 61,39)

Enterobacter spp. 0 3 (10,0) 0,24 0,00 (0,00 – 2,23)

Não fermentadores 0 2 (6,7) 0,49 0,00 (0,00 – 4,15)

BGP 2 (6,7) 5 (16,7) 0,42 0,36 (0,04 – 2,38)

Enterococosc 0 0 - -

Fungos Leveduriformesd 6 (20,0) 8 (26,7) 0,76 0,69 (0,17 – 2,66)

C. tropicalis 1 (3,3) 0 1,00 -

C. krusei 0 2 (6,7) 0,49 0,00 (0,00 – 4,15)

Candida spp. 2 (6,7) 2 (6,7) 1,00 1,00 (0,09 – 10,91)

Outros 3 (10,0) 4 (13,3) 1,00 0,72 (0,11 – 4,37)

Total Σ(a+b+c+d) 11 (36,7) 19 (63,3) 0,07 0,34 (0,10 – 1,08)

SCN: Estafilococos Coagulase Negativo; BGN: bacilo Gram negativo; BGP:

bacilo Gram positivo; * estatisticamente significante (P≤0,05); OR: oddis ratio;

IC: intervalo de confiança. Teste X2

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38

Tabela 6 – Microrganismos resistentes aos antibióticos isolados nas mãos de

profissionais de saúde.

Microrganismo

Mãos

Sadias

n = 30 (%)

Mãos

Danificadas

n = 30 (%)

Total

n = 60 (%) P OR (IC 95%)

ORSA 1 (3,3) 4 (13,3) 5 (8,3) 0,35 0,22 (0,01 – 2,39)

ORSCN 11 (36,6) 6 (20,0) 17 (28,3) 0,25 2,32 (0,63 – 8,72)

BGNR 1 (3,3) 3 (10,0) 4 (6,7) 0,61 0,31 (0,01 – 3,72)

Total 13 (43,3) 13 (43,3) 26 (43,3) 0,79 1,00 (0,32 – 3,15)

ORSA: Staphylococcus aureus resistente a oxacilina; ORSCN: Staphylococcus

coagulase negativo resistente a oxacilina; BGNR: Bacilos Gram negativos

resistentes à cefalosporina de 3ª geração;

OR: oddis ratio; IC: intervalo de confiança.

Teste X2

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39

4.2 Lavagem repetida com água e sabão

No experimento com voluntários (30) correspondente a estudantes e

técnicos de laboratório que realizaram vinte lavagens consecutivas utilizando

água e sabão não medicamentoso, as queixas mais freqüentes foram:

formigamento/queimação (30,0%), aspereza e vermelhidão (23,3%) e

descamação (16,7%). No questionário de auto-avaliação o escore foi de 22,6

(4: danificada a 28: normal).

No total, a redução na contagem bacteriana nestes voluntários foi

significativa de 4,99 para 4,76 UFC/mL (P=0,006). Entretanto, quando

separados em subgrupos correspondentes ao de mãos sem e com queixas de

irritação após a lavagem sucessiva com sabão, naqueles com mãos irritadas

(n=6) a higiene não se mostrou tão eficiente (P=0,10) quanto no subgrupo

(n=24) com as mãos normais (P=0,03) (Tabela 7).

A presença de microrganismos epidemiologicamente importantes antes

da higiene de mãos repetidas vezes, foi superior a observada após a lavagem

(OR 2,04, IC95% 0,62 – 6,78), exceto para o S. aureus. Os isolados mais

freqüentes foram estafilococos coagulase negativo (86,7%), como mostrado na

tabela 8, com uma participação de S. epidermidis (10,0%) inferior àquela

observada nos profissionais de saúde (46,7%).

Foram encontrados três isolados de BGN resistentes (Tabela 9),

identificados como E. agglomerans (n=1) e BGN não fermentador (n=2). Os

dois isolados de fungos leveduriformes foram identificados como Candida “não

albicans” e de gênero não Candida. Não foram encontrados S. aureus

resistente a oxacilina ou enterococos entre as amostras estudadas. A

freqüência de resistência dos ORSCN foi igual nos voluntários antes e após a

lavagem repetida e os BGNR foram recuperados apenas antes da lavagem

(Tabela 8 e 9).

Embora o número de grupos/espécies de microrganismos de

importância epidemiológica fosse maior nas mãos danificadas vs sadias de

profissionais de saúde, o mesmo não foi observado quando da comparação

das irritadas vs normais após lavagem sucessivas por estudantes e técnicos de

laboratório (P>0,05) (Tabela 10). Não foram recuperadas amostras de S.

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40

aureus e BGN resistentes, enterococos ou fungos leveduriformes após as

lavagens repetidas destes voluntários.

A maior variedade de espécies de SCN foi encontrada nas mãos

normais, com freqüência mais elevada para S. epidermidis (20,8%) e S. warneri

e S. haemolyticus (16,7%, cada). As demais espécies isoladas foram S.

saprophyticus (n=1), S. capitis capitis (n=1), S. simulans (n=3), S. hominis

hominis (n=1), S. capitis urealyticum (n=1), S. cohnii cohnii (n=1).

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41

Tabela 7 – Contagem microbiana total (log10 ± DP) nas mãos de estudantes e

técnicos do laboratório com e sem queixa de ação irritante, antes e após sua

lavagem repetida com água e sabão.

Lavagem das mãos

Mãos Antes Após

FR

P

Normais (n=24) 5,07 ± 0,55 4,84 ± 0,55 0,23 0,03*

Irritadas (n=06) 4,67 ± 1,03 4,42 ± 0,91 0,25 0,10

Total (n = 30) 4,99 ± 0,67 4,76 ± 0,64 0,23 0,006*

DP: Desvio Padrão; FR: fator de redução;

* estatisticamente significante (P≤0,05).

Teste t

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42

Tabela 8 – Microrganismos das mãos de estudantes e técnicos de laboratório

antes e após sua lavagem repetida com água e sabão.

Microrganismo

Antes

n = 30 (%)

Após

n = 30 (%) P OR (IC 95%)

S. aureusa 5 (16,7) 8 (26,7) 0,53 0,55 (0,13 – 2,24)

SCN 26 (86,7) 27 (90,0) 1,00 0,72 (0,11 – 4,37)

S. epidermidis 3 (10,0) 5 (16,7) 0,71 0,56 (0,09 – 3,09)

S. warneri 6 (20,0) 6 (20,0) 0,75 1,00 (0,24 – 4,19)

S. haemolyticus 3 (10,0) 6 (20,0) 0,47 0,44 (0,08 – 2,33)

S. saprophyticus 4 (13,3) 1 (3,3) 0,35 4,46 (0,42 – 111,94)

Outros SCN 10 (33,3) 9 (30,0) 1,00 1,17 (0,34 – 3,98)

BGNb 7 (23,3) 1 (3,3) 0,05* 8,83 (0,96 – 204,90)

Enterobacter spp. 2 (6,7) 0 0,49 -

E. coli 2 (6,7) 0 0,49 -

Não fermentadores 3 (10,0) 1 (3,3) 0,61 3,22 (0,27 – 85,70)

BGP 5 (16,7) 13 (43,3) 0,04* 0,26 (0,07 – 0,99)

Enterococosc 0 0 - -

Fungos Leveduriformesd 2 (6,7) 0 0,49 -

Total Σ(a+b+c+d) 14 (46,7) 9 (30,0) 0,29 2,04 (0,62 – 6,78)

SCN: Estafilococos Coagulase Negativo; BGN: bacilo Gram negativo; BGP:

bacilo Gram positivo;

* estatisticamente significante (P≤0,05); OR: oddis ratio; IC: intervalo de

confiança.

Teste X2

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43

Tabela 9 – Microrganismos resistentes aos antibióticos isolados nas mãos de

estudantes e técnicos de laboratório antes e após lavagem repetida com água

e sabão.

Microrganismo Antes Após

Total

n = 30 (%)

P

OR (IC 95%)

ORSA 0 0 0 - -

ORSCN 2 (6,7) 2 (6,7) 4 (6,7) 1,00 1,00 (0,09 – 10,91)

BGNR 3 (10,0) 0 3 (5,0) 0,24 -

Total 5 (16,7) 2 (6,7) 7 (11,7) 0,42 2,80 (0,42 – 23,13)

ORSA: Staphylococcus aureus resistente a oxacilina; ORSCN: Staphylococcus

coagulase negativo resistente a oxacilina; BGNR: Bacilos Gram negativos

resistentes à cefalosporina de 3ª geração;

OR: oddis ratio; IC: intervalo de confiança.

Teste X2

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Tabela 10 – Comparação dos microrganismos das mãos normais e irritadas pela lavagem repetida com água e sabão de

estudantes e técnicos de laboratório.

Microrganismos

Normais

n = 24 (%)

Irritadas

n = 6 (%)

P

OR (IC 95%)

Total

n = 30 (%)

S. aureusa 7 (29,2) 1 (16,7) 1,00 2,06 (0,16 – 55,53) 8 (26,7)

SCN 21 (87,5) 6 (100,0) 1,00 0,00 (0,00 – 10,94) 27 (90,0)

S. epidermidis 5 (20,8) 0 0,55 - 5 (16,7)

S. warneri 4 (16,7) 2 (33,3) 0,57 0,40 (0,04 – 4,54) 6 (20,0)

S. haemolyticus 4 (16,7) 2 (33,3) 0,57 0,40 (0,04 – 4,54) 6 (20,0)

S. saprophyticus 1 (4,2) 0 1,00 - 1 (3,3)

Outros SCN 7 (29,2) 2 (33,3) 1,00 0,82 (0,09 – 8,43) 9 (30,0)

BGNb 1 (4,2) 0 1,00 - 1 (3,3)

BGP 10 (41,7) 3 (50,0) 1,00 0,71 (0,09 – 5,83) 13 (43,3)

Enterococosc 0 0 - - 0

Fungos Leveduriformesd 0 0 - - 0

Total Σ(a+b+c+d) 8 (33,3) 1 (16,7) 0,64 2,50 (0,21 – 66,70) 9 (30,0)

SCN: Estafilococos Coagulase Negativo; BGN: bacilo Gram negativo; BGP: bacilo Gram positivo;

OR: oddis ratio; IC: intervalo de confiança.

* estatisticamente significante (P≤0,05). Teste X2

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5. DISCUSSÃO

As mãos dos profissionais de saúde representam a principal via de

transmissão de microrganismos no ambiente hospitalar, além de representarem

um reservatório para patógenos resistentes aos antimicrobianos (WEINSTEIN,

1991; LARSON et al., 2000).

A contagem bacteriana total das mãos de profissionais de saúde

diferencia consideravelmente de pessoa a pessoa (MAKI, 1978; BOYCE;

PITTET, 2002). A contaminação aumenta progressivamente durante a rotina de

trabalho, sendo que profissionais que não usam luvas adquirem em média 16

UFC por minuto. O nível de contaminação nas mãos reflete o tipo e a

intensidade do contato que o profissional da saúde tem com o paciente, como

observado nas atividades que envolvam o contato direto com a pele e

mucosas, tais como manipulação de cateter intravascular, coleta de secreção e

o cuidado com a via respiratória, sendo a mão dominante a mais provável fonte

de transmissão horizontal (PITTET, et al., 1999a). A capacidade de

transmissão da microbiota transitória pelas mãos depende da espécie, do

número de microrganismos, sua sobrevida na pele e da umidade (PATRICK et

al, 1997).

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46

Quando comparado com o estudo de Larson et al., 1998 que relatou

contagens (log10 UFC) de 5,60 para mãos danificadas e 5,63 para mãos sadias,

os nossos resultados evidenciam números inferiores com 3,75 e 3,35,

respectivamente. Além disso, não se verificou diferença significativa na

redução da contagem microbiana quando de uma única lavagem das mãos

sadias de profissionais de enfermagem.

A higiene das mãos é considerada a medida mais importante e menos

dispendiosa para prevenir infecções associadas ao cuidado com a saúde

(PITTET et al., 2006; LARSON, 2001). Contudo, a maioria dos estudos mostra

baixa freqüência deste procedimento entre os profissionais (KARABEY et al.,

2002). Segundo Gould (1994) enfermeiros lavaram suas mãos somente após

28,7% dos contatos com pacientes e 49,8% das atividades que resultavam em

alta contaminação.

Embora a lavagem das mãos seja o procedimento mais simples e efetivo

na prevenção de infecções é o mais difícil de ser implementado em decorrência

de fatores como a quantidade e localização de pias, falta de sabão e papel

toalha, irritação da pele devido à formulação/qualidade dos produtos usados,

uso de luvas, ocupação do profissional de saúde e tempo insuficiente

(ZARAGOGA et al., 1999; PITTET et al., 2000; BOYCE; PITTET, 2002). Em

UTIs, onde a intensidade do cuidado e o número de contatos entre os

profissionais e os pacientes são mais intensos, o tempo adquire importância

particular uma vez que o profissional leva cerca de um minuto para ir do leito

do paciente até a pia, lavar suas mãos e retornar ao trabalho (VOSS; WIDMER,

1997; PITTET et al., 1999b). Como há em média 40 oportunidades para lavar

as mãos por hora de trabalho neste tipo de unidade, teoricamente o tempo total

dispensado com a higienização é incompatível com a rotina (PITTET et al.,

1999b).

Em nossa investigação, inicialmente foram utilizados profissionais de

enfermagem e posteriormente estudantes e técnicos de laboratório, a fim de

reproduzir a condição em que os primeiros são submetidos no ambiente

hospitalar, sem interferir na rotina de atendimento. Todos os voluntários foram

submetidos a procedimentos de lavagem das mãos em condições

padronizadas (profissionais de enfermagem) ou não (estudantes e técnicos do

laboratório), conforme protocolos atuais descritos no item material e métodos.

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47

A freqüência da lavagem de mãos pode resultar em efeitos prejudiciais

na pele devido à qualidade dos produtos usados e/ou reações aos ingredientes

presentes nas formulações (LARSON, 1995). Os sinais mais comuns são

irritação e rachaduras, como conseqüência da retirada de lipídeos da camada

superficial da pele (NEWMAN; SEITZ, 1990), além de reações individuais ao

látex das luvas (LARSON, 1995). Neste estudo, os principais sinais de

problemas na pele entre os profissionais de saúde foram aspereza (83,3%) e

descamação (56,7%), enquanto que no grupo constituído de estudantes e

técnicos de laboratório as principais queixas foram formigamento/queimação

(30%) seguido de aspereza e vermelhidão (23,3%).

O formulário de auto-avaliação da condição da pele das mãos aplicado

neste estudo foi utilizado em estudos prévios e os escores mostram correlação

com outras medidas fisiológicas de danos na pele (LARSON et al., 1998;

COOK et al., 2007).

As recomendações para uma higiene adequada das mãos têm enfoque

muito mais no risco do paciente adquirir infecções, esquecendo da

necessidade em manter a saúde das mãos dos profissionais (KOWNATZKI,

2003). A irritação e desidratação potencial resultante da utilização de

sabões/detergentes variam consideravelmente e estes efeitos podem ser

amenizados pelo uso de produtos contendo emolientes (BOYCE; PITTET,

2002). A fricção das mãos com produtos à base de álcool na forma de

gel,contendo hidratantes, vem crescendo em função de características como:

ação rápida, menos tempo para aplicação e não necessitarem de pias

(GAONKAR et al., 2005), podendo ser colocados em vários locais nas

unidades clínicas (PICHEANSATHIAN, 2004). Além disso, seu uso entre as

lavagens com água e sabão diminui rachaduras e descamação e protege

contra a perda excessiva de água (NEWMAN; SEITZ, 1990).

Na pele danificada, a higienização se mostra menos efetiva quanto à

redução do número de microrganismos (LARSON, 1999). Em nosso estudo

entretanto, a redução na contagem microbiana das mãos danificadas de

enfermeiras foi significativa (P<0,05) ao contrário do observado para os

estudantes e técnicos de laboratório que se queixaram de irritação após as

lavagens consecutivas.

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48

A diversidade de microrganismos nas mãos de enfermeiras que realizam

lavagem freqüente tende a aumentar com o decorrer do tempo, devido à

irritação causada na pele. Larson et al (2001) relataram que enfermeiras com

mãos danificadas mostraram duas vezes mais colonização por microrganismos

como S. hominis, S. aureus, BGN, enterococos e Candida spp.. Em outra

investigação descreveu uma presença significativamente maior com relação à

soma de microrganismos epidemiologicamente importantes (S. aureus, fungos

leveduriformes, BGN e enterococos) nas mãos danificadas (85%) que nas

sadias (57,9%) (LARSON et al., 1998). Na nossa investigação, esta freqüência

foi menor comparada aos dados relatados por este estudo, porém com as

mãos danificadas (63,3%) também superando as sadias (36,7%) quanto à

recuperação destes microrganismos.

A lavagem com água e sabão pode ocasionalmente aumentar o número

de bactérias recuperadas das mãos devido a uma maior liberação de escamas

da pele facilitando uma maior coleta de microrganismos (WINNEFELD et al.,

2000). Os nossos resultados evidenciam que os bacilos Gram positivos foram

isolados das mãos de estudantes e técnicos de laboratório mais

frequentemente após lavagens sucessivas (P=0,04).

A presença de S. aureus nas mãos de profissionais de saúde está

associada à transmissão deste microrganismo no ambiente hospitalar

(LARSON et al., 1998). Nos profissionais que apresentam dermatite atópica e

colonização, os casos de transmissão podem chegar a 30% (KAMPFI;

KRAMER, 2004). Larson e colaboradores (1998) encontraram uma freqüência

de 25% vs 21% para este patógeno nas mãos danificadas e sadias de

profissionais de saúde, respectivamente. O fenótipo resistente à meticilina

ocorreu em mais de 16% das mãos dos profissionais de saúde (KAMPFI;

KRAMER, 2004). Em nosso estudo a freqüência de enfermeiras com S. aureus

nas mãos assim como MRSA foi maior 16,7% e 13,3% respectivamente

quando as mãos estavam danificadas. Por outro lado, nos voluntários sem

contato com paciente que realizaram lavagens repetidas a freqüência de S.

aureus (29,2%) foi maior naqueles sem queixa de irritação mas a presença de

MRSA não foi evidenciada.

Os estafilococos coagulase negativo em particular o S. epidermidis,

representam a principal causa de infecções de corrente sanguínea associadas

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a cateter, sendo responsáveis por aproximadamente um terço destas infecções

(RICHARDS et al., 1999; KAMPF; KRAMER, 2004). A fonte destes

microrganismos é usualmente a pele no sítio de inserção do cateter, mas as

mucosas do paciente e as mãos de profissionais de saúde também são

reconhecidas como importantes na patogênese destas infecções (VON EIFF et

al., 2002). Larson et al., (1998) relataram o S. epidermidis como o patógeno

mais freqüente nas mãos de profissionais com e sem danos na pele. Em nossa

investigação, ambos os grupos de voluntários apresentaram os SCN como os

mais frequentemente recuperados, sendo que nos profissionais de saúde

houve predomínio de S. epidermidis com 46,7% nas mãos sadias e 23,3% nas

danificadas.

A freqüência e importância das infecções fúngicas estão aumentando

(HOBSON, 2003; SNYDMAN, 2003), principalmente em pacientes

imunocomprometidos (LARSON et al., 1998), com relação a infecções de trato

urinário, corrente sanguínea e de sítio cirúrgico (RICHARDS et al., 1999;

SAWYER et al., 2001). Nos Estados Unidos, num período de dez anos foi

observado um aumento de 7,6% para 10,6% na freqüência de fungos

leveduriformes em pacientes com IHs, sendo Candida albicans a espécie mais

importante (WEBER et al., 1992). Embora a maioria das infecções seja

considerada como endógena, há evidências da importância de outras fontes

como as mãos dos profissionais de saúde. Larson et al., (1998) encontraram

uma freqüência de fungos leveduriformes maior (50%) em mãos danificadas

que nas sadias de profissionais de saúde. Em nosso estudo, as freqüências

foram semelhantes nas mãos sadias e danificadas de enfermeiras, houve

ausência após lavagens sucessivas em estudantes e técnicos de laboratório e

não foi observada a presença de C. albicans em nenhum dos voluntários

investigados.

Os Enterococcus spp., são agentes de infecções de trato urinário,

corrente sanguínea e de sítio cirúrgico, representando 14,0% dos patógenos

hospitalares (KAMPF; KRAMER, 2004). Larson et al. (1998) relataram uma

freqüência destes microrganismos de 10% nas mãos danificadas de

enfermeiras e sua ausência naquelas sadias. Na nossa investigação estes

microrganismos não foram detectados em nenhum dos voluntários.

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50

Os bacilos Gram negativos são responsáveis por aproximadamente 40%

das IHs, sendo os patógenos mais freqüentes nas pneumonias e infecções do

trato urinário (RICHARDS et al., 1999; SILVA et al., 2006). A participação das

mãos dos profissionais de saúde na transmissão destes microrganismos não é

inferior à observada em relação às infecções causadas por bactérias Gram-

positivas (PITTET et al., 1999a). Segundo Larson et al. (1998), as mãos dos

profissionais de saúde com danos apresentaram maior freqüência de BGN

(40%) quando comparadas às sadias (21%), o que também foi verificado em

nossa investigação onde a recuperação deste grupo de bactérias foi de 20%

nas mãos danificadas dos profissionais de saúde e 6,7% nas sadias.

As mãos dos profissionais de saúde são ainda mais importantes na

transmissão de patógenos resistentes aos antimicrobianos no ambiente

hospitalar (LARSON et al., 2000; PITTET et al., 2006). Em nosso estudo,

43,3% dos profissionais de saúde apresentaram Staphylococcus resistente à

oxacilina e/ou BGN resistente a ceftazidima, ao contrário dos estudantes e

técnicos de laboratório nos quais a presença destes microrganismos foi

inexpressiva.

Há poucos estudos relacionando a microbiota de enfermeiras com

voluntários de outras áreas (BOYCE; PITTET, 2002), mas há evidencias de

diferenças quantitativas e qualitativas entre estes grupos (HORN et al., 1988).

Em nossa investigação, a média de UFC foi maior nas mãos de estudantes e

técnicos de laboratório (normais e irritadas) do que nos profissionais de saúde

(sadias e danificadas) quando comparadas as contagens antes e após

lavagem. Nas mãos danificadas das enfermeiras a freqüência de S. aureus,

Candida, BGN e enterococos quando somados foi cerca de 70% maior que nos

estudantes e técnicos de laboratório com queixa de irritação devido à lavagem

sucessiva.

No geral, as contagens verificadas nas mãos danificadas dos

profissionais de saúde foram mais altas do que nas sadias (P=0,06), assim

como a presença de microrganismos epidemiologicamente importantes

(P=0,07) e de S. haemolyticus (P=0,02). A presença de S. aureus e bacilos

Gram negativos resistentes aos antibióticos só foi constatada com freqüência

elevada no grupo hospitalar.

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51

As alterações na composição da microbiota das mãos devido à irritação

causada pela lavagem de mãos e/ou uso de luvas representam um problema

particularmente quando relacionadas à maior presença dos microrganismos de

importância hospitalar, considerando as muitas oportunidades de higiene na

rotina de trabalho e a baixa qualidade dos produtos disponibilizados.

Considerando que, no Brasil, as formulações sem ação antimicrobiana tenham

exigência menos rigorosa quanto à qualidade, a probabilidade de problemas de

irritação em função da sua utilização intensa é maior. Os profissionais de saúde

devem ser estimulados quanto ao uso de produtos contendo emolientes para

redução dos efeitos prejudiciais e as instituições quanto à disponibilização de

produtos de melhor qualidade para maior aceitação pelos usuários.

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6. CONCLUSÕES

• A contaminação nas mãos dos profissionais de saúde com danos na

pele foi maior em relação àqueles com mãos sadias.

• Houve maior freqüência de microrganismos epidemiologicamente

importantes nas mãos danificadas dos profissionais de enfermagem

do que nas sadias assim como de S. haemolyticus.

• A presença de S. aureus e bacilos Gram negativos resistentes aos

antibióticos só foi constatada de forma importante no grupo de

voluntários do hospital.

• A higiene só se mostrou eficiente no grupo de estudantes e técnicos

sem queixas de irritação após a lavagem repetida, fato não

observado entre os profissionais de saúde.

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53

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1

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Microbiology, Washington, 2003, p. 384-404.

BENNETT, J. V.; BRACHMAN, P. S. Epidemiology of nosocomial infections.

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8. ANEXOS

Anexo I

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

O Serviço de Controle de Infecção do Hospital das Clínicas – UFU e o Laboratório

de Microbiologia DEIMP – UFU irão desenvolver um projeto de pesquisa (Alterações

da Microbiota das Mãos de Profissionais de Enfermagem Associadas à Lavagem

Higiênica), no qual sou coordenador. O principal objetivo será avaliar as alterações nas

condições epidérmicas das mãos resultantes da higienização com água e sabão, sendo o

produto utilizado na rotina hospitalar.

O voluntário será convidado a participar do estudo e após ser esclarecido sobre as

etapas e procedimentos metodológicos, irá lavar suas mãos fazendo uso de sabão

líquido não medicamentoso, como adotado na rotina ou repetidas vezes em um mesmo

período. Ele poderá desistir a qualquer fase da pesquisa, se assim for o seu desejo, sem

qualquer prejuízo para o mesmo. Caso ocorra qualquer queixa em relação à utilização

do produto, o voluntário será orientado quanto ao uso de um produto contendo

emolientes, que estabelece as características normais da pele. Serão respeitados ainda, o

sigilo e a privacidade do voluntário.

Solicito que o voluntário confirme por escrito estar convenientemente esclarecido e

que concorda voluntariamente em participar da pesquisa.

Uberlândia, de de 200 .

_________________________________________

Prof. Dr. Paulo Pinto Gontijo Filho

Telefone: 3218-2236

Nome:.................................................................R.G.:................................Setor:...............

_______________________________

Assinatura do Voluntário

Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Uberlândia – Telefone: 3239-

4131

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Anexo II

Formulário de auto-avaliação da condição de pele das mãos

Voluntário número:

Em uma escala de 1(pior) a 7 (melhor), classifique a presença de alterações na

pele das mãos.

Vermelhidão

Extremamente vermelha Normal

1 2 3 4 5 6 7

Aspereza

Muitas abrasões e fissuras Normal

1 2 3 4 5 6 7

Formigamento/Queimação

Formigamento, queimação, Normal

prurido e edema

1 2 3 4 5 6 7

Descamação

Extremamente descamada Normal

1 2 3 4 5 6 7

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Anexo III