microbiologia trabulsi micologia parte 2
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67 – Micoses superficiais
São infecções fúngicas que atingem pele, pêlos, unhas e mucosas.
As dermatofitoses são micoses da pele, pêlos ou unhas causadas por um
grupo de fungos, os dermatófitos, que têm predileção pela queratina humana e animal.
MICOSES SUPERFICIAIS ESTRITAS
Pitiríase versicolor
É micose superficial, geralmente assintomática, caracterizada por lesões
hipo ou hiperpigmentadas, daí seu nome versicolor, e estão localizadas no tórax,
abdome, pescoço, face principalmente. Espécies do gênero Malassezia, fungos
lipofílicos, são os agentes da pitiriase versicolor.
Em laboratório essas espécies podem ser diagnosticadas fazendo avaliação
da dependência lipofílica, teste da catalase ( M. restricta), assimilação do tween 20, 40,
60, 80 ( M.sloofiae, M.sympodialis e M.furfur) e características morfológicas (
M.globosa e M.obtusa).
A pitiríase versicoloar é prevalente em zonas tropicais e subtropicais,
ocorrendo principalmente em adolescentes e adultos. O fungo interfere na produção de
melanina.
As espécies do gênero Malassezia fazem parte da microbiota normal da
pele, na sua fase leveduriforme e, por mecanismos ainda desconhecidos, passariam à
forma filamentosa, tornando-se patogênicas.
As infecções sistêmicas causadas por leveduras do gênero Malassezia
foram diagnosticadas a partir de 1981, principalmente em neonatos, recebendo
alimentação parenteral lipídica.
O exame é feito pelo exame microscópico do material raspado da lesão,
previamente clarificado com KOH a 20%, acrescido de tinta azul permanente.
Observam-se células esféricas ou ovaladas, de paredes espessas, com ou sem
brotamento fialídico, isoladas ou agrupadas em cachos e curtos fragmentos de hifas
retas ou sinuosas com septos distribuídos a longos intervalos.
Pela natureza lipofílica das espécies de Malassezia, o meio de cultura
requer substâncias oleaginosas. As colônias são de cor branca a creme, de aspecto
mucóide e brilhante.
O tratamento pode ser feito por aplicações tópicas de hipossulfito de sódio
a 40% ou pelo uso oral de imidazólicos. É aconselhável o uso de xampu à base de
sulfeto de selênio para eliminar Malassezia spp do couro cabeludo.
Tinea nigra ( Tinha negra)
De localização preferencial nas palmas das mãos e plantas do pés.
Manifesta-se pelo aparecimento de mancha escura, marrou ou negra, de aspecto
fuliginoso.
As colônias inicialmente são úmidas, brilhantes, de aspecto leveduriforme,
tornando-se, com o tempo, filamentosas, aveludadas e de coloração verde-escura.
O tratamento é feito com iodo e agentes ceratinofílicos.
Piedras
Se caracterizam pela presença de nódulos irregulares, aderentes ao pêlo e,
geralmente, visíveis a olho nu. Dois tipo são conhecidos: a piedra branca e a piedra
negra.
A piedra branca, produzida por leveduras do gênero Trichosporon, é
caracterizada pela presença de nódulos claros, pouco aderentes ao pêlo, localizados
principalmente nos pelos escrotais e pubianos. Os nódulos consistem em uma trama de
hifas claras, que se fragmentam em artroconídios. As colônias são de desenvolvimento
rápido, de cor creme, aspecto cremoso com sulcos radiados. Apresentam micélio
formado por hifas claras, septadas e ramificadas que formam artroconidios e
blastoconídios. O diagnóstico pode ser firmado pelo exame microscópio do cabelo
parasitado, colocado entra a lâmina e lamínula clarificado por KOH a 20%.
DERMATOFITOSES E OUTRAS MICOSES SUPERFICIAIS
Dermatofitoses
São produzidas pro um grupo de fungos altamente especializados , e que
tem uma habilidade de degradar a queratina e transformá-la em material nutritivo para
seu crescimento. Em hospedeiros imunocompetentes, permanecem restritos ao estrato
córneo da pele e seus anexos, pêlos e unhas, não invadindo os tecidos mais profundos.
O gênero Trichophyton apresenta colônias de desenvolvimento rápido,
aspecto algodonoso, branco, com reverso de cores variadas.
Os fungos do gênero Microsporum têm crescimento rápido, com colônias
algodonosas ou pulvurulentas de pigmentação variada no reverso, do amarelo-ouro ou
marrom de acordo com a espécie.
As colônias do gênero Epidermophyton têm desenvolvimento mais lento,
são aveludas, com sulcos radiados e de cor amarelo-esverdeado.
As lesões podem localizar-se na pele, nos pêlos e/ou na unhas e as
dermatofitoses são denominadas ainda de acordo com o sítio afetado.
No pêlo, os dermatófitos atacam a camada superficial, avançando até o
folículo piloso. O pêlo perde o brilho, torna-se quebradiço e cai.
O parasitismo no pode pode ser externo ( ectothrix), em que o dermatófito
forma uma bainha de artroconídeos ao redor do pêlo, como nas infecções por
Microsporum canis; interno (endothrix), em que o dermatófito parasita o interior do
pêlo, apresentando filamentos micelianos, algumas vezes com artroconídeos, como no
caso das infecções por Trichophyton sp. Eventualmente, o pêlo pode apresentar os dois
tipos de parasitismo endo e ectothrix.
Na pele, os dermatófitos causam lesões com propagação radial, circulares,
bem delimitadas, geralmente com centro descamativo e bordos eritematosos,
microvesiculosos.
Na pele, os dermatófitos causam lesões com propagação radial, circulares,
bem delimitadas, geralmente com centro descamativo e bordos eritematosos,
microvesiculosos. Todos os gêneros de dermatófitos apresentam na pele parasitismo
sob a forma de filamentos micelianos hialino septados ramificados, eventualmente com
artroconídios.
Na unha, a infecção inicia-se pela borda livre, podendo atingir a superfície
e a área subungueal. As unhas tornam-se branco-amareladas, porosas e quebradiças.
Epidemiologia
Os dermatófitos são classificados em antropofílicos, geofílicos e
zoofílicos. Os dermatófitos antropofílicos estão adaptados ao parasitismo humano e
mantêm seu ciclo na natureza através da passagem de homem a homem. Dermatófitos
geofílicos são os que têm seu hábitat no solo e geralmente estão associados a tecidos
queratinizados em processo de decomposição, no solo. As espécies de dermatófitos
zoofílicas têm os animais como hospedeiros preferências, infectando usualmente o
homem.
Em geral, os dermatófitos mais adaptados ao parasitismo humano vão
perdendo a habilidade de produzir conídios como também a habilidade de reprodução
sexuada, ao contrário do observado com os geofílicos.
Os dermatófitos podem ser transmitidos de homem a homem, do animal ao
homem, ou vice-versa, de animal a animal e do solo ao homem e animal, pelo contato
direto, ou através de escamas epidérmicas e pêlos infectados.
Diagnóstico
É feito pelo exame microscópio direto do material colhido, após
clarificação com potassa ( KOH), 10% a 30%, aquecida ligeiramente em chama de bico
de Bunsen.
O cultivo é feito em ágar Sabouraund dextrose, acrescido de cicloheximida
e clorafenicol e a identificação final da espécie, pelas características macro e
micromorfológicas. Eventualmente, é necessária a utilização de algumas provas
bioquímicas, com a prova da uréase, para a diferenciação de amostras
morfologicamente semelhantes.
Aspectos imunológicos
os dermatófitos, apesar de não invadirem de maneira geral os tecidos não
queratinizados, induzem a formação de anticorpos circulantes e a estados de
hipersensibilidade. Indivíduos com lesões de dermatofitoses pode apresentar lesões
secundárias, à distância do foco inicial, denominadas de dermatofitides.
Tratamento
Pode ser tópico ou sistêmico. No tratamento tópico, são utilizados
preparados à base de tintura de iodo, ácido salicílico, ou antifúngicos em forma de
creme ou soluções: cetoconazol, isoconazol, miconazol, tolciclato, clotrimazol,
bifonazol, ciclopiroxolamina, terbinafina. O tratamento sistêmico é feito principalente
com derivados azólicos, cetoconazol, itraconazol e fluconazol e pela terbinafina e
griseofulvina.
Hialo-hifomicoses e Feo-hifomicoses superficiais
São infecções que ocorrem na pele, unha, pêlo ou mucosas, causadas por
fungos filamentosos não dermatófitos que são encontrados no solo ou plantas.
Epidemiologia
É de distribuição universal, atingindo indivíduos hígidos e
imunocomprometidos, em qualquer idade e de ambos os sexos.
Indivíduos que exercem atividade rural, com costume de andar com pés
descalços, têm maior propensão a adquirir infecções por agentes causadores de feo-
hifomicoses e hialo-hifomicoses.
Diagnóstico
Para o isolamento, o meio de cultura não deve contar cicloheximida, pois a
maior parte dos agentes de feo-hifomicoses é sensível a essa droga.
Micoses Mucocutâneas
Leveduras do gênero Candida, em especial Candida albicans, podem
determinar lesões na pele, unhas e mucosas de indivíduos que apresentam fatores
predisponentes intrínsecos ou extrínsecos ao hospedeiro.
Na pele, as lesões são úmidas, esbranquiçadas ou avermelhadas, de bordos
descamativos; a unha apresenta-se sem brilho, espessada, endurecida, com coloração
muitas vezes escura.
Epidemiologia
É de distribuição universal, micose ocupacional, micose oportunista,
atingindo principalmente indivíduos imunodeprimidos.
A fonte de infecção na maioria dos casos é endógena, ocorrendo em todas
as idades, em ambos os sexos.,
Os indivíduos infectados com o vírus da imunodeficiência humana
adquirida são predispostos a um grande número de ifecções por fungos, a candidíase é
particularmente importante nestes pacientes.
Diagnóstico
Os cultivos em ágar Sabouraud glicose apresentam colônias de
consistência cremosa, cor creme, com a produção de blastoconídios e pseudo-hifas.
A formação de tubos germinativos, em soro fetal bovino a 37°C e/ou a
produção de clamidoconídeos em ágar fubá + tween 80, identificam Candida albicans.
68 – Micoses subcutâneas
os agentes de micoses vivem em estado saprofítico no solo, nos vegetais e
nos animais de vida livre, e são parasitas acidentais do homem e dos animais, que se
infectam por ocasião de um traumatismo na pele, com material contaminado. Em geral,
a micose localiza-se na pele e no tecido subcutâneo, próximo ao ponto de inoculação, e
é rara sua disseminação.
Esporotricose
O agente é o Sporothrix sckenckii, fungo dimórfico, ubiquitário na
natureza, onde vive, principalmente, no solo e em vegetais.
A forma mais comum é a linfocutânea que compromete pele, tecido
subcutâneo e gânglios linfáticos regionais. No local de penetração do fungo, forma-se
uma lesão ulcerada e, geralmente, ao longo do trajeto de um linfático aparecem nódulos
que amolecem, rompem-se e elimina pus.
Epidemiologia
Os reservatórios naturais são solo e vegetais no solo.
A doença tem sido verificada em cavalos, cães, felinos, tatus, ratos, mulas,
raposas, camelos e golfinhos que apresentam patologia semelhante ao homem.
Ocasionalmente, esses animais podem agir como vetores do fungo.
É de distribuição universal, acomete mais jardineiros, horticultores,
floristas, mineiros e outros, sendo considerada micose profissional.
Diagnóstico
Exame microscópio direto e esfregaços de pus ou secreção corados pelos
métodos Gram e Giemsa revela as células leveduriformes pequenas.
É cultivado a partir dos matérias clínicos, com pus, secreção, etc. Em ágar
Sabouraud glicose, adicionado de clorafenicol e cicloheximida, incubado à temperatura
ambiente, o crescimento é observado em três a cinco dias. Microscopicamente,
observam-se hifas delicadas, com 1 a 2 micromestros de diâmetro, septadas e conídios
piriformes ou esféricos, isolados ou agrupados como pétalas de uma flor, na
extremidade de curtos conidióforos. A forma leveduriforme pode ser obtida em infuso
de cérebro e coração glicose a 37°C em atmosfera de CO2, ou em meios enriquecidos
com proteínas, tiamina e biotina. As colônias obtidas apresentam consistência cremosa,
superfície úmida, lisa e esbranquiçada.
A conversão da fase filamentosa para leveduriforme e/ou a inoculação em
animais sensíveis são importantes para diferenciar Sporothrix schenckii de fungos
sapróbios.
Aspectos imunológicos – em áreas endêmicas, são encontrados indivíduos
hipersensíveis que não apresentam sintomas clínicos da doença. As hipersensibilidade
pode ser pesquisada pela inoculação intradérmica da esporotriquina.
Tratamento – a droga de eleição é o iodeto de potássio, por via oral. A
anfotericina B, itraconazol e cetoconazol também tem sido utilizados.
Cromoblastomicose
Também denominada de cromomicose, dermatite verrucosa,
cromoparasitária. Os agentes etiológicos são fungos da família Dematiaceae,
Fonsecaea pedrosi é a espécie mais comum no Brasil.
A infecção caracteriza-se pela formação de nódulos cutâneos verrugosos
de desenvolvimento lento e, posteriormente, vegetações papilomatosas, que podem ou
não se ulcerar, apresentando em seu conjunto o aspecto de couve-flor nos estágios mais
avançados da moléstia.
Epidemiologia
A micose é essencialmente tropical e subtropical. Os fungos causadores de
cromoblastomicose têm seu hábitat no solo e em vegetais. É considerada micose
ocupacional, relacionado a agricultores, lavradores, atividades em que o indivíduo fica
exposto com maior freqüência a traumas acidentais, principalmente em áreas
descobertas do corpo.
A casuística maior tem ocorrido em indivíduos do sexo masculino, sem
predominância de raça.
Diagnóstico
O exame microscópio do pus ou crostas das escamas revela estruturas
globosas, de cor marrom, geralmente agrupadas.
Material das lesões deve ser cultivado em ágar Sabouraud glicose, com ou
sem adição de clorafenicol e cicloheximida.
As colônias apresentam aspectos aveludado ou algodonoso, variando da
cor esverdeada a marrom-escuro ou negro, com hifas septadas escuras.
O tipo cladospório é caracterizado por conidióforos de comprimentos
variados que suportam conídios unicelulares em cadeia, conectados por espessos
disjuntores.
O tipo rinocladiela distingue-se por seus conidióforos simples, com
células alargadas assumindo a forma de bastão.
O tipo fialófora apresenta célula conidiogênica distinta chamada fiálide. Os
conídios, ovais e pequenos, formados na extremidade da fiálide, podem acumular-se ao
redor dessa área, dando aparência de “flores em um vaso”.
Tratamento – diversas drogas e procedimentos têm sido usados no
tratamento da cromoblastomicose. Eletrocoagulação, tramento cirúrgico, 5-fluorcitosina
tiabendazol, anfotericina B intralesional e, mais recentemente, crioterapia e itraconazol
vem sendo empregados com melhores perspectivas.
Feo-hifomicose
o termo feo-hifomicose refere-se a todas as micoses causadas por fungos
que no tecido do hospedeiro apresentam micélio septado escuro, acompanhado ou não
de elementos leveduriformes.
Os agentes etiológicos são, na sua maioria, fungos oportunistas. Grande
número de caos tem sido diagnosticado somente em bases histológicas, sem a
identificação do agente pelo cultivo.
Epidemiologia – distribuição universal e são isolados de plantas e de
matéria orgânica em decomposição. Penetram no organismo através de traumatismos e
apresentam, em geral, baixa patogenicidade.
Diagnóstico – feito pela demonstração das hifas escuras, septadas, às
vezes torulóides, com intumescência a intervalos, em microscopia direta e em cortes
histopatológicos. Os cultivos são escuros e apresentam micromorfologia variada de
acordo com a espécie.
Tratamento – o cirúrgico geralmente resulta em cura completa.
Eumicetomas
Micetomas são lesões produzidas por espécies de bactérias dos gêneros
Actinomyces e Nocardia ou por fungos que nos tecidos formam emaranhado de
filamentos ou hifas conhecidos como grãos drusas. O micetoma causado por fungos é
denominado eumicetona, micetoma eumicótico ou maduromicótico.
Os grãos de eumicetoma são de tamanho e morfologia variados.
Geralmente, há aumento de volume na região atingida, aparecimento de fístulas
sinuosas e produção de pus com grãos.
Epidemiologia
A micose se localiza geralmente nos pés, nas pernas e nos braços, onde o
fungo penetra por traumatismo. Os agentes etiológicos vivem principalmente em
vegetais, madeira, solo; alguns, além de atingir pele e tecido subcutâneo, podem
também lesar os ossos.
Diagnóstico
O diagnóstico clínico é confirmado laboratorialmente pelo achado de
grãos, de diferentes texturas, cores e tamanhos. A cor e morfologia do grão podem
sugerir o agente específico.
Cortes histológicos corados pelo PAS e Grocott são úteis no estudo da
micose.
A identificação do fungo é feita pela micromorfologia de grão e da cultura.
Tratamento
O tratamento abrange drenagem cirúrgica, antimicóticos intralesionais e
amputação radical do membro atingido, nos casos mais avançados da micose.
Lobomicose
Lobomicose, também denominada blastomicose de Jorge Lobo, doença de
Jorge Lobo e blastomicose queloideana, tem como agente etiológico Lacazia loboi,
fungo não-cultivável e, portanto, de classificação incerta.
Lesões isoaldas ou disseminadas na pele e nos tecidos subcutâneos, através
de processo de auto-inoculação ou via hematogênica, a evolução é longa e o estado
geral do paciente não é comprometido.
O fungo deve penetrar na pele através de traumatismos, o que explica o
aparecimento de lesões em determinadas áreas do corpo.
Epidemiologia
Ocorrência em áreas de floresta densas, de clima quente e úmido.
A doença acomete mais frequetemente seringueiros, garimpeiros e
lavradores, predominando em indivíduos do sexo masculino. O encontro de Lacazia
loboio em golfinhos abre a possibilidade de seu eventtual habitat em ambiente aquático.
Não se conhece a transmissão inter-humana. A doença foi reproduzida em
tatus, hamster e quelônios da Amazônia, que apresentam lesões nodulares isoladas.
Diagnóstico
Em cortes de tecidos ou em exsudatos corados com HE ou ao Grocott, o
fungo é visualizado como células redondas de tamanha uniforme, com parede de duplo
contorno.
Tratamento – nos casos de lesões isoladas, a terapêutica indicada é a
cirurgia, com retirada da lesão.
69 – Micoses sistêmicas
As micoses sistêmicas apresentam uma série de características comuns.
Tem distribuição geográfica limitada e ocorrem, principalmente, nas Américas, com
exceção da criptococose, que é cosmopolita. Os agentes etiológicos são encontrados no
solo e em dejetos de animais, e as vias aéreas superiores são a sua principal porta de
entrada.
Surtos epidêmicos em pessoas que visitam áreas endêmicas tem sido
descritos. As micoses sistêmicas são mais freqüentes em indivíduos do sexo masculino.
Essas micoses, não são transmissíveis de homem, nem de animal ao homem.
Os agentes das micoses sistêmicas, exceto Cryptococcus neoformans, são
sistêmicos. Entre 24°C e 28°C, e em natureza, formam colônias filamentosas, e entre
35°C a 37°C, desenvolvem a fase leveduriforme ou parasitária.
Mais de 90% das infecções ou são assintomáticas, ou de muito rápida
evolução.
Paracoccidioidomicose
É uma patologia cujo o agente é o Paracoccidioides brasiliensis, descrito
pela primeira vez em 1908 por Adolfo Lutz.
A paracoccidiodomicose pode resulta tanto da inalação de estruturas do
fungo, consideradas infectantes tanto da inalação de estruturas do fungo, consideradas
infectantes, como da reativação de algum foco preexistente.
O pulmão é o órgão mais frequentemente atingido, seguido pela mucosa da
boca, havendo grande incidência de formas clínicas mistas. Histologicamente, as lesões
de pele são abscessos ou inflamações granulomatosas, com centros necróticos. Nos
tecidos pus, escarro etc, observam-se estruturas do fungo, caracterizadas por células
esféricas ou ovais de tamanhos variáveis.
A virulência do fungo foi relacionada com a presença de alfa 1-3 glucana
na parede celular das células leveduriformes.
Epidemiologia
Regiões tropicais e subtropicais da América Latina, estendendo-se do
México até a Argentina. Admite-se que o fungo vive no solo, em lugares úmidos e ricos
em proteínas, onde a temperatura experimenta variações mínimas. Afeta principalmente
indivíduos do sexo masculino, dedicados as atividades agrícolas.
Diagnóstico
o diagnóstico laboratorial baseia-se no exame microscópico direto do
espécime clínico como pus, escarro, secreções, etc.
é um fungo de crescimento lento; a 25°C-28°C, em ágar Sabouraud
glicose, após duas a três semanas de incubação, verifica-se desenvolvimento de colônias
brancas lisas, produzindo micélio aéreo curto. Microscopicamente observam-se hifas
septadas, poucos conídios, alguns clamidoconídios.
Aspectos imunológicos – a pesquisa da hipersensibilidade tardia, com
paracoccidioidina intradérmica, é útil para detectar áreas endêmicas.
Tratamento – utilizam-se sulfamidas, isolados ou associados a
trimetropim, anfotericina B, miconazol, intraconazol.
Coccidioidomicose
O agente é Coccidioides immitis, fungo sapróbio do solo,
preferencialmente de áreas desérticas e semidesérticas. A infecção estabelece-se pela
inalação de artroconídeos, transportados pelas correntes aéreas. Nos pulmões, aparecem
esférulas. A ruptura das esférulas libera os endósporos que desenvolvem novas
esférulas, continuando o ciclo parasitário. 40% da pessoas infectadas, desenvolve-se
pneumonia aguda, com pleurisia.
Raramente ocorre disseminação linfo-hematogênica com o aparecimento
de lesões granulomatosas, supurativas em órgãos e tecidos. Às vezes, são observados
erupções cutâneas, como eritema multiforme nodoso, que provavelmente representam
resposta alérgica aos antígenos do fungo ou aos tecidos por ele alterados.
A infecção é frequentemente assintomática.
Epidemiologia
A incidência é maior em trabalhadores rurais, horticultores e vaqueiros. As
condições de clima e solo são importantes para o desenvolvimento e a disseminação do
Coccidioides immitis.
Diagnóstico
O diagnóstico presuntivo tem por base dados epidemiológicos, sintomas
clínicos, resposta à coccidioidina e detecção de anticorpos.
A 24°C a 28°C, observam-se colônias brancas, algodonosas, ricas em
artroconídios. Em condições especiais – meios enriquecidos com liquido ascítico,
atmosfera de CO2 e incubação a 37°C, pode-se obter o desenvolvimento de esférulas e
hifas. Devem-se tomar cuidados especiais no manuseio das culturas, por serem
altamente infectantes.
Tratamento – a droga de escolha no tratamento da coccidiodomicose é a
anfotericina B.
Blastomicose
Comum na América do Norte. O agente etiológico é o Blastomyces
dermatitis, fungo dimórfico, que nos tecidos se desenvolve sob a forma leveduriforme e
nos cultivos, à temperatura ambiente, apresenta a forma miceliana.
A blastomicose inicia-se geralmente nos pulmões, após inalação dos
propágulos, disseminando-se hematogenicamente, com predileção pelos ossos e pele. O
aparecimento de lesões cutâneas primárias sugere a introdução do fungo por
traumatismos.
Os pacientes podem apresentar sintomatologia compatível com
tuberculose, gripe, pneumonia ou carcinoma. Osteomielite, periostite e artrites são os
mais importantes aspectos do envolvimento ósseo.
Epidemiologia
É mais freqüente em pacientes adultos, que têm atividade rural. É possível
que o microrganismo permaneça em estado latente, por muito tempo, no solo e em
material orgânico em decomposição, adquirindo sua atividade somente em condições
ambientais e climáticas particulares, nas estações mais frias.
Diagnóstico – a observação direta do fungo nos materiais clínicos e a
cultura confirmam o diagnóstico.
Aspectos imunológicos – o uso da blastomicina não é útil no diagnóstico e
prognóstico da blastomicose. Reações cruzadas, com histoplasmina e coccidioidina, são
comuns, principalmente no início da doença.
Tratamento – em virtude da evolução muitas vezes rápida e fatal, os
pacientes devem ser submetidos a tratamento o mais breve possível. Anfotericina B e
itraconazol são antimicóticos empregados com sucesso.
Histoplasmose
Causada pelo Histoplasma capsulatum. Apresenta em vida livre a fase de
bolor e, em vida parasitária, a fase de levedura.
A histoplasmose resulta da inalação do fungo, desenvolvendo-se
primoinfecção no pulmão. O quadro infeccioso inicial é subclínico,
assintomático,passando despercebido, ou com sintomas de infecção vira, do tipo
resfriado comum. Com seqüelas, podem ficar calcificações residuais nodulares no
pulmão. A histoplasmose pode coexistir com diversas moléstias granulomatosas dos
pulmões, com tuberculose e sarcoidose.
A principal característica do Histoplasma capsulatum é ser um parasita
quase exclusivo do citoplasma das células do sistema reticulo endotelial.
Epidemiologia
É de distribuição cosmopolita, e ocorre em solos com vegetais em
decomposição e principalmente em solos ricos me dejetos de aves e morcegos. São
freqüentes relatos de microepidemias em grupos de indivíduos que visitam grutas
hatitadas por morcegos ou em contato com galinheiros, pombais e casas desabitadas.
Embora a histoplasmose seja considerda rara no Brasil, atualmente tem
aumentado o numero de casos principalmente associados a pacientes com síndrome da
imunodeficiência adquirida ( AIDS).
Diagnóstico
É de difícil visualização no exame microscópio direto e do material
clínico. Os cortes histológicos de material de biópsia, corados por HE, PAS, Grocott-
Gomory, mostram intenso parasitismo nas células do sistema retículo endotelial.
Os isolados podem ser conseguidos em ágar Sabouraud dextrose e ágar
infuso de cérebro-coração, acrescidos de cicloheximida e clorafenicol, respectivamente,
incubados à temperatura de 25° e 37°C. A 25°C, a colônia apresenta desenvolvimento
lento, com aparência algodonosa branca e, microscopicamente, observam-se hifas
delicadas, septadas, com microconídios lisos e macroconídios lisos ou equinulados. A
37°C, a colônia leveduriforme, de cor creme e aspecto membranoso. As células são
leveduriformes pequenas, ovais e com brotamento único.
Aspectos imunológicos – a intradermoreação tem pouco valor diagnóstico
e é utilizada apenas em inquéritos epidemiológicos. Quando positiva, apesar de
ocorrerem reações cruzadas com outro fungos como Blastomyces dermatitidis e P.
brasiliensis, sugere infecção progressa ou presente.
Tratamento – a histoplasmose disseminada é tratada com anfotericina B.
Histoplasmose Africana
Caracterizadas por formas clínicas localizadas, de evolução crônica, com
manifestação cutâneas, ósseas e linfáticas.
Criptococose
É uma infecção subaguda ou crônica, causada por Cryptococus
neoformans. C. neoformans var. grubii ( sorotipo A), C. neoforamans var neoformans (
sorotipo D e A/D) e C. neoformans var Gatti ( sorotipo B e C). A fase sexual ou
teleomórfica do fungo é a Filobasidiella neoformans. Em vida parasitária o
microrganismo aparece como célula leveduriforme, capsulada e, algumas vezes, com
brotamento. É uma micose oportunista.
O fungo é inalado atingindo com primeiro órgão os pulmões, com
tropismo para o SNC, ocasionando meningite criptocócica. A criptococose, como a
candidíase, é uma das principais infecções em pacientes com AIDS, apresentando alta
morbidade e mortalidade.
Epidemiologia
Distribuição universal, tem sido isolada de solo, principalmente contendo
fezes de pombos, de ocos de árvores e de folhas de eucalipto.
Forma encontrada no meio ambiente é a capsulada, com diâmetro muito
pequeno, fato que favorece a sua penetração nos alvéolos pulmonares.
O sorogrupo A/D é o mais freqüente, pode ser isolado em altas
concentrações de fezes de pombo e caracteriza o C.neoformans var neoformans.
Como os principais fatores de virulência de C. neoformans, podemos citar
a cápsula e as enzimas: fosfolipase, proteinase, uréase e fenol-oxidase ( produção de
melanina).
Diagnóstico
O diagnóstico é feito pelo exame microscópico dos materiais clínicos –
liquor, pus, escarro. A técnica de contraste pela tinta-da-china ou Nankin perminte
evidenciar a espessa cápsula de Cryptococcus.
O fungo apresenta desenvolvimento rápido em meio de cultura com ou
sem antibiótico; em três a sete dias crescem colônias úmidas brilhantes, mucóides, cuja
cor varia de branco-creme ao amarelo marrom.
A cápsula polissacarídica inibe a fagocitose.
Em meios de cultivo com dopa ou dopamina, entre outras substâncias, C.
neoformans apresenta-se com coloração marrom-escura à negra, devido à ação desta
enzima, o que não ocorre com outras espécies do mesmo gênero e com outras leveduras
com Candida albincans.
O meio CGB ( canavanina, glicina e azul de bromotimol) separa
bioquimicamente os dois sorogrupos e, portanto, as duas variedades de Cryptococcus
neoformans.
Aspectos imunológicos – a presença do antígeno pode ser determinada
pelo teste de aglutinação de partículas de látex, sensibilizadas com anticorpos anti-
Cryptococcus.
Tratamento – Anfoterecina B tem sido empregada isoladamente ou
associada a 5-fluorcitosina.
70 – MICOSES OPORTUNÍSTICAS E OUTRAS MICOSES
Micoses oportunistas são infecções cosmopolitas causadas por fungos de
baixa virulência, que convivem pacificamente com o hospedeiro, mas, ao encontrarem
condições favoráveis, como distúrbios do sistema imunodefensivo, desenvolvem seu
poder patogênico, invadindo os tecidos.
Os fatores predisponentes às micoses oportunistas são fatores intrínsecos
ou próprios dos hospedeiros, como neoplasias, diabetes, hemopatias diversas, síndrome
da imunodeficiência adquirida ( AIDS) e todas as doenças que afetam a imunidade
celular, velhice, gravidez, prematuriedade, etc; e fatores extrínsecos, como
antibioticoterapia, corticoterapia, antiblásticos, cirurgia de transplantes e ambientes
hospitalares contaminados.
O diagnóstico preciso e precose das micoses oportunísticas tem resultado
em tratamento adequado e sobrevida mais longa.
Candidíase
Causada por fungos do gênero Candida, sendo o agente mais comum a
Candida albicans.
A maior parte das infecções causadas por C.albicans é de origem
endógena. Mais recentemente, a transmissão exógena, principalmente a intra-hospitalar,
de C.albicans e de outras espécies do gênero, tem sido relatada. O fungo tem poder
invasivo em pacientes debilitados pelo tratamento com antibióticos e drogas
imunossupressoras e no decurso de doenças crônicas. Prolongando-se a vida dos
indivídos, ao mesmo tempo, aumenta-se a possibilidade das infecções oportunísticas, o
que tem acontecido em todos os países.
Tipos de candidíase: candidíase da mucosa oral, candidíase da mucose
vaginal, candidíase cutânea crônica, candidíase cutânea generalizada, etc.
Podem ocorrer alergias secundárias, distantes dos focos ativos, que se
caracterizam por serem vesiculares, agrupadas e estéreis. Essas reações são
denominadas candídides.
A candidíase sistêmica é grave. O diagnóstico em vida é difícil devido o
polimorfismo das lesões, variabilidade de sinais e sintomas que não são específicos. O
isolamento do microrganismo do sangue nem sempre é conseguido.
Deve ser ressaltada a importância das leveduras do gênero Candida em
relação as infecções hospitalares. C. albicans e outras espécies do gênero em particular,
C.tropicalis ( infecções sanguíneas) nos hospitais.
A morbidade e mortalidade associadas com estas infecções são
significativas e está bem estabelecido que esta infecção fúngica hospitalar é importante
problema de saúde pública.
Epidemiologia
A distribuição das leveduras do gênero Candida é muito ampla no meio
ambiente, fazendo parte da microbiota normal.
Marcadores empidemiológicos são importantes para explicar a origem das
infecções por Candida spp em hospitais, ajudando na prevenção, no diagnóstico e no
tratamento, principalmente em pacientes imunodeprimidos. Entre os marcardores mais
empregados estão a resposta a toxinas killer, morfotipagem, a sorotipagem e
cariotipagem.
Diagnóstico
O diagnóstico da candidíase é feito através do exame direto do espécime
clínico. A verificação da forma invasiva do fungo, que são as hifas com células
leveduriformes, em material de biópsia ou raspado das lesões, fundamenta o diagnóstico
de candidíase. As hifas são septadas, com septos espaçados; próximo aos septos,
aparecem as células leveduriformes, que podem ser arredondadas ou ovaladas. As
colorações mais indicadas para cortes histológicos são as metanamina prata de Grocott e
o PAS.
Isolados em agar Sabouraud glicose , desenvolvendo-se com colônias
cremosas, de cor creme. A identificação de C.abicans pode ser obtida pela formação do
tubo germinativo em soro fetal bovino após a incubação a 37°C, durante três horas, ou
pela produção de clamidoconídeos em meio de ágar fubá, à temperatura ambiente.
A classificação das espécies de Candida baseia-se em provas fisiológicas
de assimilação de fontes de carbono e de nitrogênio e de fermentação de açucares.
Fatores de virulência
Dimorfismo ( variação de antígenos da parede); adesinas, produção de
enzimas ( proteinases e fosfolipases) e switching ( variações fenotípicas). As proteinases
(saps) são fatores de virulência mais estudados.
Tratamento – nistatina, anfotericina B, pimaricina e imidazólicos por Ivã
oral. A caspofungina é promissora nos casos sistêmicos.
Zigomicoses
As zigomicoses são ifecções causadas por fungos da classe dos
Zygomycetes, e seu hábitat natural é o solo. As zigomicoses compreendem duas
entidades clínicas bem distintas: as mucormicoses e as entomoftoromicoses.
Mucormicosis
São infecções de curso rápido, em grande parte fatal, causadas por fungos
da ordem Mucorales.
A infecção pode localizar-se nos seios paranasais e no cérebro, nos
pulmões, no aparelho digestivo e em outros órgãos.
A característica fundamental é a invasão dos vasos sanguíneos pelas hifas
do fungo responsável pela infecção. Na mucormicose rinocerebral, o fungo penetra
provavelmente pela mucosa do nariz ou do seio paranasal e a infecção se estende, em
seguida, para a órbita ocular, meninges e lobos frontais do cérebro. A disseminação se
faz através dos vasos sanguíneos, da cartilagem nasal e dos nervos. Geralmente essa
forma acomete diabéticos em acidose, é extremamente grave e o prognóstico é sombrio.
Rhizopus spp é o principal agente desse tipo clínico. A mucormicose intestinal é
adquirida pela ingestão do fungo por indivíduos mal nutridos ou urêmicos. As formas
cutâneas geralmente resultam da invasão do fungo, provocada por traumas,
queimaduras, processos cirúrgicos e do tratamento com corticóides.
Epidemiologia
São fungos ubíquos, termotolerantes, vivem em material orgânico, onde
hidrolisam amido e açucares.
A infecção pode ser adquirida por via aérea, digestiva ou mucocutânea. A
infecção ocorre, praticamente, só em indivíduos imunocomprometidos e não se conhece
a transmissão homem a homem.
Diagnóstico – é feito pelo exame micológico do material da lesão e
cultura. Nos tecidos infectados, corados pela hematoxilina, são visualizados hifas não-
septadas, largas, com ramificações em ângulo reto, muito características.
Tratamento – deve ser bastante precose. Anfoterincia B, por via
endovenosa, tem sido empregada com resultados variáveis.
Entomoftoromicose
São micoses crônicas causadas por fungos da ordem Entomophthorales.
Conidiobolus coronatus tem com hábitat o solo, vegetais e insetos. Causa infecção
nasal, denominada rinoentomoftoromicose , que pode estender-se até a face e faringe.
Basidiobolus ranarum é encontrado no intestino de répteis, anfíbios e vegetais em
decomposição. A infecção caracteriza-se pela formação de nódulos subcutâneos.
Nas entomoftoromicoses não há comprometimento vascular intenso, com
ocorre nas mucormicoses.
Diagnóstico – identificação feito em material de biópsia e pela cultura em
meio ágar Sabouraud glicose.
Aspergilose
Os aspergilos tem ampla distribuição geográfica, encontrando-se no solo,
no ar, em plantas e em matéria orgânica em geral, e são contaminantes comuns em
laboratórios, hospitais, etc.
É considerada doença oportunistica por excelência. A infecção pode
localizar-se nos pulmões, no ouvido, no sistema nervoso central, nos olhos e em outros
órgãos. Geralmente, é diagnosticada em indivíduos imundeprimidos, debilitados ou em
tratamento com drogas imunossupressoras.
A aspergilose pulmonar é uma das manifestações clínicas mais
importantes.
Epidemiologia
Fungo ubíquo. A infecção pulmonar, adquirida pela inalação dos
propágulos, é encontrada sob a forma de aspergilose pulmonar cavitária, localizando-se
em cavidades residuais de tuberculose ativa ou inativa, formando uma massa conhecida
como bola fúngica denominada aspergiloma. A aspergilose alérgica ou de
hipersensibilidade é comum em granjeiros, horticultores e jardineiros.
Diagnóstico – demonstração do fungo nas secreções, nos tecidos, pelo
cutivo e/ou pelas provas sorológicas. Os aspergilos apresentam material clínico como
hifas septadas, ramificadas dicotomicamente, irradiando de um ponto.
Tratamento – medidas cirúrgicas e o uso de anfotericina B são
preconizados no aspergiloma cavitário pulmonar e cerebral.
Tricosporonoses
Causada pelo fungo Trichosporon, apresentando hifas, pseudo-hifas,
blastoconídios e artroconídios com caracaterísticas variáveis dependendo da espécie.
Em sua parede celular o microrganismo expressa glucanoxilomanana
(GXM), que é antigênica e bioquimicamente similar ao GXM de C.neoformans. Altas
concentrações de antígenos GXM inibem a fagocitose por monócitos.
Cateteres vasculares e o trato gastrointestinal são as portas de entrada mais
comuns do microrganismo. Broncopneumonia por inalação do microrganismo do meio
ambiente ou sencundária à aspiração tem sido diagnosticada.
Epidemiologia
As espécies de Trichosporon podem causar fungemia e infecção
disseminada semalhantes àquelas proiuzidas por Candida spp. Causa mais comum de
peiedra branca, principalemente em regiões de clima tropical e subtropical, as espécies
de Trichosporon podem ser agentes de infecções graves e fatais em até 80% dos
pacientes com leucemia, transplantados e outros.
Os principais fatores de risco incluem neutropenia, uso de corticóides, bem
como quebra da integridade da mucosa, causada por cirurgia, cateteres e
quimioterápicos citotóxicos que originam mucosite e enterite.
Diagnóstico – demonstração do fungo em microscopia direta e pelo
cultivo. A identificação dos cultivos pode ser difícil porque morfologicamente é
confundido com espécies de Candida.
Tratamento – o otratamento não é fácil. Anfotericina B e 5-fluorocitosina
não são recomendados. Voriconazol tem sido descrito como efetivo no tratamento da
tricosporonose humana.
Micoses oculares
Podem localizar-se nos canais lacrimais, na conjuntiva ocular, na camada
córnea e intra-ocularmente. A disseminação geralmente se dá por via hematogênica.
As mucosas oculares que apresentam que apresentam casuística mais mais
relevante são restritas às localizações na camada córnea e na câmara anterior do olho, na
região intra-ocular.
Os agentes etiológicos mais comumente descritos são: Apergillus spp,
Fusarium spp, Cephalosporium spp, Curvularia spp, Penicillium spp e C. albicans. São
microrganismos cosmopolitas e tem como principal hábitat o solo e os fragmentos de
vegetais.
As micoses intra-oculares apresentam varinhas etiologias e, muitas vezes,
são processos terminais resultantes da disseminação de candidíase, criptococose,
esporotricose, pracoccidioidomicose e histoplasmose, entre outras micoses. O quadro
intra-ocular poderá também se ocasionado pela origem exógena de processos
traumáticos e pós-cirúrgicos.
Diagnóstico – o diagnóstico é feito pelo exame do material colhido por
raspado das lesões. Para relacionar o agente com a lesão, é necessário observar o fungo
em material biológico e isolá-lo em cultivos sucessivos. O exame microscópico do
material clínico evidencia elementos fúngicos, que poderão auxiliar na sua
identificação. Formas em gemulação e pseudo-hifas podem caracterizar Candida spp; a
visualização de hifas longas não septadas, um zigomiceto; hifas septadas claras de
diâmetro uniforme indicam fungo hialinos como Aspergillus spp e Fusarium, entre
outros.
O material clínico pode ser semeado em ágar Sabouraud glicose sem
cicloheximida e mantido à temperatura ambiente.
Tratamento – na ceratite micótica, a piramicina é a droga de escolha.
Anfotericina B, imidazóis e nistatina têm sido utilizados com tratamentos alternativos.
Otomicoses
É geralmente um infecção subaguda ou crônica caracterizada por
inflamação exsudativa e prurido do conduto auditivo externo.
A umidade e o calor são considerados os fatores predisponentes mais
importantes.
Diagnóstico – exame direto do material clínico, clarificado por KOH a 10
a 20%. A identificação em ágar Sabouraud glicose, incubado entre 25 e 37°C.
Tratamento – o tratametno consiste na limpeza do conduto auditivo e
posterior aplicação de solução de timerasol.
71 – Alergias a fungos
Mais de 300 espécies de fungos foram descritas com alergizantes, mas as
mais conhecidas e estudadas mundialmente sãos as espécies pertencentes aos gêneros
Alternaria, Cladosporium, Aspergillus e Penicillium.
A alergia a fungos manifesta-se principalemente, com sintomas clínicos da
asma brônquica, rinite e conjuntivite. É caracterizada pela hipersensibilidade tipo I
(anafilática), ou seja, o alérgeno fúngico num primeiro contato sensibiliza os organismo,
havendo a produção de IgE específica que se liga aos mastócitos e basófilos.
Epidemiologia - a maioria habita o solo, vivem em vegetais e na água e
muitos fazem parte da microbiota normal de homens e animais. As vias de dispersão
mais comuns dos propágulos são ar atmosférico, água, insetos, homem e animais.
O fungos dispersos pelo ar atmosférico são chamados anemófilos e são
encontrados frequentemente como componentes da microbitota transitória do homem,
de animais. Como contaminantes de alimentos, deteriorantes de acervos, madeiras e
outros materiais; em água doce e salgada. Por essa ampla dispersão na natureza.
Diagnóstico – feito por meio de uma série de provas laboratoriais, além de
um exame clinico acurado: testes cutâneos para demonstração da sensibilização , provas
sorológicoas para demonstração de IgE específica.
72 – Fungos tóxicos
Micotoxinas são metabólitos tóxicos produzidos por fungos microscópicos,
os bolores. Micotoxicoses são intoxicações resultantes da ingestão de alimentos
contaminados com micotoxinas.
Os micetismos são intoxicações ou envenenamentos causados pela
ingestão de fungos macroscópicos, conhecidos como cogumelos.
Micotoxinas e micotoxicoses
Cerca de 200 fungos tem capacidade de produzir micotoxinas, e 30 delas,
efetivamente, são responsáveis por quadros de micotoxicológicos.
As principais espécies fúngica produtoras de toxinas pertencem aos
gêneros: Aspergillus, Penicillium, Fusarium, Claviceps, Pithomyces, Myrotecium,
Stachybotrys, Phoma e Alternaria. São em geral ubiquitários e, dentro da subdivisão
Deuteromycotina, a classe dos Hyphomycetes alberga o maior número de
representantes.
Para o desenvolvimento de fungos toxigenicos diversos fatores são
importantes, tais como temperatura, umidade e tipo de substrato. Dependendo dos
teores de micotoxinas ingeridas ou injetadas, quatro tipos básicos de toxicidade são
verificados: aguda, crônica, mutagênica e teratogênica. O efeito agudo mais freqüente é
a deterioração das funções hepática e renal, fatal em alguns casos. Entretanto, algumas
micotoxinas agem primariamente, interferindo na síntese protéica.
O efeito crônico de muitas micotoxinas é a induação de câncer,
principalmente de fígado. As micotoxinas, no passado, foram responsáveis por grandes
epidemias de intoxicação no homem e em animais. A mais importante delas, o
ergotismo, levou a óbito grande número de pessoas na Europa, no último milênio.
O ano de 1960 representou o marco histórico relativo ao conhecimento das
micotoxinas através do episódio em que centenas de aves morreram em diversas regiões
da Inglaterra alimentadas com rações provenientes do Brasil e da África.
Na atualidade, a aflotoxina B1 é o composto com maior atividade
carcinogênica que se conhece, não sendo desprezível sua atividade mutagênica.
Nas aves as aflatoxinas provocam hipoglicemia, hipotermia e diminuição
da gordura corpórea. É fundamental a detecção e quantificação da toxina no alimento
suspeito por métodos cromatográficos e imunoensaios ( Elisa e radioimunoensaio).
Micetismos
Micetismo nervoso ou muscarínico – produzido por toxinas
muscarínicas. Atuam sobre o sistema nervoso parassimpático. O inicio dos sintomas é
de 15 a 30 minutos após a ingestão do cogumelo, consistindo em vômitos, diarréia,
sudorese intensa, cólicas intestinais, salivação, dispinéia e convulsão.
Micetismo grastrointestinal – três modalidades de distúrbios: benignos,
mais ou menos grave e mortal.
Micetismo inconstante – ocasionado pela monometihidrazina ( MMH).
Micetismo cerebral – determinado por cogumelos que afetam o sistema
nervoso central, pertencentes, principalmente, ao gêneros Psilocibe, são denominados
fungos alucinógenos.