michael hudson - o ataque financeiro aa grécia

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O ataque financeiro à Grécia – Para onde vamos a partir daqui? por Michael Hudson O maior problema financeiro que dilacerou economias ao longo do século passado estava mais do lado da dívida oficial intergovernamental do que do da dívida do sector privado. Eis porque a economia global de hoje enfrenta uma ruptura semelhante à de 192931, quando ficou evidente que o volume de dívidas oficiais intergovernamentais não podia ser reembolsado. O Tratado de Versalhes impôs reparações impossíveis à Alemanha e os Estados Unidos impuseram exigências igualmente destrutivas aos Aliados quanto ao pagamento de dívidas [pelo fornecimento] de armas utilizadas na I Guerra Mundial. [1] procedimentos legais bem estabelecidos para enfrentar bancarrotas corporativas e pessoais. Tribunais cancelam parcialmente (write down) dívidas de pessoas e de negócios tanto sob o procedimento "devedor no controle" como pelo arresto e os credores assumem uma perda sobre empréstimos que correram mal. A bancarrota pessoal permite a indivíduos retomarem a vida. É muito mais difícil cancelar parcialmente dívidas possuídas ou garantidas por governos. A dívida de empréstimos a estudantes dos EUA não pode ser anulada, mas permanece de modo a impedir os diplomados de ganharem o

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Michael Hudson analisa o ataque financeiro predador à Grécia

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15/07/2015 O ataque financeiro à Grécia

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O ataque financeiro à Grécia– Para onde vamos a partir daqui?

por Michael Hudson

O

maior  problema  financeiro  que  dilacerou  economias  ao  longo  do  séculopassado estava mais do lado da dívida oficial inter­governamental do que do dadívida do sector privado. Eis porque a economia global de hoje enfrenta umaruptura  semelhante  à  de  1929­31,  quando  ficou  evidente  que  o  volume  dedívidas oficiais inter­governamentais não podia ser reembolsado. O Tratado deVersalhes  impôs  reparações  impossíveis  à  Alemanha  e  os  Estados  Unidosimpuseram  exigências  igualmente  destrutivas  aos  Aliados  quanto  aopagamento  de  dívidas  [pelo  fornecimento]  de  armas  utilizadas  na  I  GuerraMundial. [1] 

Há  procedimentos  legais  bem  estabelecidos  para  enfrentar  bancarrotascorporativas e pessoais. Tribunais cancelam parcialmente (write down) dívidasde  pessoas  e  de  negócios  tanto  sob  o  procedimento  "devedor  no  controle"como pelo arresto e os credores assumem uma perda sobre empréstimos quecorreram mal. A bancarrota pessoal permite a indivíduos retomarem a vida. 

É muito mais difícil cancelar parcialmente dívidas possuídas ou garantidas porgovernos.  A  dívida  de  empréstimos  a  estudantes  dos  EUA  não  pode  seranulada, mas  permanece  de modo  a  impedir  os  diplomados  de  ganharem  o

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suficiente  para  terem  um  salário  líquido  (depois  de  o  serviço  da  dívida  e  aretenção na  fonte  da  contribuição para  a Segurança Social  ser  deduzida dosseus  cheques  de  pagamento)  de  modo  a  casarem,  constituírem  família  ecomprarem  casas  para  si  próprios.  Só  os  bancos  obtêm  salvamentos  (bailedout),  agora  que  se  tornaram  efectivamente  os  planeadores  centrais  daeconomia. 

Acima de tudo, não há estrutura  legal para cancelamentos parciais de dívidasao FMI, BCE ou governos credores europeus e americanos. Desde a décadade 1960 nações  inteiras foram sujeitas à austeridade e contracção económicaque  torna  cada  vez  menos  possível  livrarem­se  da  dívida.  Governos  sãoimplacáveis  e  o  FMI  e  BCE  actuam  por  conta  de  bancos  e  possuidores  detítulos – e estão ideologicamente capturados pelos combatentes financeiros doanti­trabalho e anti­governo. 

O  resultado  não  é  a  "economia  de  mercado  livre"  que  pretende  ser,  nem  aregra  da  racionalidade  económica.  Uma  genuína  economia  de  mercadoreconheceria a realidade financeira e cancelaria dívidas parcialmente de acordocom a capacidade de serem pagas, mas a dívida inter­governamental cancelamercados  e  recusa­se  a  reconhecer  a  necessidade  de  um  Quadro  Limpo(Clean Slate). A teoria condutora de hoje – apoiada pela teoria económica lixodo  monetarismo  –  é  que  dívidas  de  qualquer  dimensão  podem  ser  pagas,simplesmente pela redução dos salários e padrões de vida do trabalho mais aliquidação do domínio público de uma nação – sua terra, reservas de petróleo egás,  minerais  e  distribuição  de  água,  estradas  e  sistemas  de  transporte,centrais  eléctricas  e  sistemas  de  esgotos,  além  de  todas  as  formas  deinfraestrutura pública. 

Imposta  pelo monopólio  das  instituições  financeiras  inter­governamentais  –  oFMI, BCE, Tesouro dos EUA e assim por diante – a alavancagem financeira docredor  tornou­se  o  novo  modo  de  travar  a  guerra  no  século  XXI.  É  tãodevastador quanto à guerra militar no seu efeito sobre a população: elevaçãodas  taxas de  suicídio,  tempos de  vida mais  curtos  e emigração daqueles emidade  de  tropa  que  sempre  foram  as  principais  baixas  de  guerra:  adultosjovens.  Ao  invés  de  serem  conscritos  no  exército  para  combaterem  inimigosestrangeiros,  eles  são  afastados  dos  seus  lares  para  procurarem  trabalho  noexterior. O que costumava ser um êxodo rural da terra para as cidades desde oséculo XVII é agora um "êxodo do devedor" dos países cujos governos devemsomas impagavelmente altas a governos credores e aos bancos e possuidoresde títulos em cujo benefício impuseram sua política. 

Ao  mesmo  tempo  que  empurra  a  economia  do  mundo  para  um  estado  deguerra internacional, a alta finança trava também uma guerra contra o trabalho–  e  em  última  análise  contra  governos  e  portanto  contra  a  democracia.  Apolítica  do  BCE  neste  ano  tem  sido  brutal  em  relação  à  Grécia:  "Se  nãoreeleger  um  partido  ou  coligação  de  direita,  destruiremos  o  seu  sistema

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bancário. Se não vender a preço de saldo o seu domínio público tornaremos avida ainda mais difícil para si". 

Não é de admirar  que o ministro das Finanças grego Yanis Varoufakis  tenhachamado a posição negocial da Troika de "terrorismo financeiro". A sua ideia de"negociação"  é  a  rendição.  Eles  são  inflexíveis.  Instituições  credoras  oficiaisameaçam isolar, sancionar e destruir economias inteiras, incluindo sua indústriabem como o  trabalho.  Isto  transforma a guerra de classe do século XIX numcolapso puramente destrutivo. 

Esta é a grande diferença entre os dias de hoje e 1929­31. Naquele tempo, osprincipais  governos  do  mundo  finalmente  reconheceram  que  dívidas  nãopodiam ser pagas e suspenderam reparações alemãs e dívidas inter­aliados. Asituação de hoje está a utilizar a impagabilidade de dívidas como alavanca naguerra de classe. 

O objectivo político imediato desta guerra financeira na Grécia é substituir seugoverno eleito (apoiado por uma notável votação no referendo de 5 de Julho de61 a 39%) pelo controle de credores estrangeiros através de "tecnocratas", istoé,  lobbyistas  de  bancos,  factótuns  e  antigos  administradores  da  GoldmanSachs. O objectivo a  longo prazo é  impor uma guerra  contra o  trabalho – naforma de austeridade –  e  contra  o  poder  dos governos de determinarem suaprópria política fiscal, política financeira e política pública regulamentar. 

Felizmente, há uma alternativa. Aqui está o que é necessário. (esbocei minhaspropostas numa apresentação perante o Parlamento em Bruxelas no dia 3 deJulho  [2]  ,  a  seguir  a  uma  defesa  anterior  na  Iniciativa  Delphi,  na  Grécia,reunida pela esquerda do Syriza na semana anterior. [3] 

Uma declaração reafirmando os direitos de nações soberanas 

Nações soberanas têm o direito de colocar o seu próprio crescimento à frentede credores externos. Nenhuma nação deveria ser obrigada a impor depressãocrónica e desemprego ou a polarizar a distribuição da riqueza e  rendimento afim de pagar dívidas. 

Toda nação tem o direito ao critério chave da nacionalidade: o direito de emitirsua própria moeda, cobrar impostos e escrever suas leis, incluindo aquelas quegovernam  relações  entre  credores  e  devedores,  especialmente  os  termos  debancarrota e anulação de dívida. 

A  lógica  económica  dita  o  que  foi  reconhecido  no  fim  da  década  de  1920:Quando  dívidas  atingem  o  nível  em  que  perturbam  o  equilíbrio  económicobásico  e  desordenam  a  sociedade,  elas  deveriam  ser  anuladas.  Uma  outraforma de dizer isto é que o volume de dívida – e os custos dos seus encargos –deve ser trazido a uma razoável capacidade para pagar. 

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Rejeitando  a  posição  do  "hard  money"  (realmente  um  "hard  credor")  deeconomistas  anti­alemães  como  Bertil  Ohlin  e  Jacques  Rueff,  Keynesargumentou que credores tês obrigação de explicar à Alemanha simplesmentecomo  teriam  possibilidade  de  pagar  suas  reparações.  [4]  Ele  queria  naqueletempo que a França, Grã­Bretanha e outros receptores de reparações deveriamespecificar  exactamente  que  exportações  alemãs  deveriam  concordar  emcomprar. Mas hoje, os credores definem a capacidade de pagar de uma naçãonão em termos de como ela pode ganhar o dinheiro para pagar, mas ao invésque activos do domínio público ela pode liquidar naquilo que é um processo debancarrota nacional. Países devedores devem deixar sua infraestrutura públicaser  vendida  a  extractores  de  renda  para  criar  uma  economia  de  portagensneofeudal. 

Sob o direito  internacional,  nenhuma nação está  legalmente obrigada a  fazeristo. E sob a definição moral de nacionalidade, elas não deveriam ser forçadasa  assim  fazer.  O  seu  direito  a  resistir  é  o  que  as  faz  soberanas,  afinal  decontas. 

Um  fórum  internacional para determinar a capacidade  (ou  incapacidade)de pagar dívidas 

O que é necessário para colocar este princípio básico em prática é a criação deum novo fórum internacional para determinar (to adjudicate) quanta dívida poderazoavelmente  ser  paga  –  e  quanto  deveria  ser  anulada.  Em  1929  o  PlanoYoung  (o  qual  substituiu  o  Plano  Dawes  para  tratar  mais  racionalmente  dasreparações alemãs) apelou à criação de uma tal instituição – o que se tornou oBank  for  International  Settlements  (BIS),  em  1931,  para  travar  a  destruiçãoeconómica  da  Alemanha  fazendo  com  que  suas  reparações  ficassem  emconsonância com a sua capacidade para pagar. 

O BIS não desempenha mais  tal  papel,  porque se  tornou o principal  local  dereunião para os bancos centrais do mundo e, como tal, adoptou a  linha rígidade  que  "todas  as  dívidas  devem  ser  pagas"  a  que  originalmente  estavadestinada a se opor. 

Igualmente  o  FMI  já  não  pode  desempenhar  este  papel.  Ele  éirremediavelmente  político.  Apesar  de  a  sua  equipe  técnica  determinar  em2010­11 que as dívidas externas da Grécia não podiam ser pagas e portantoprecisavam ser anuladas, seus chefes – primeiro Dominique Strauss­Kahn e aseguir  Lagarde  –  actuarem  em  flagrante  conflito  de  interesse  em  apoio  aosbanqueiros  franceses  que  pediam  o  pagamento  pleno,  e  aos  pedidos  dopresidente Obama e do  lobbyista da Wall Street Tim Geithner a  insistirem emnenhum  cancelamento  parcial.  Aquele  foi  o  preço  para  o  apoio  da  bancafrancesa  à  pretensão  de  Strauss­Kahn  de  candidatar­se  à  presidência  daFrança, e  recentemente ao apoio a Lagarde. Dado o poder de veto dos EUA

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pela  Wall  Street  e  à  insistência  dos  ideólogos  anti­trabalho  da  direita(habitualmente  franceses)  em  serem  nomeados  chefes  do  FMI,  é  necessáriauma nova organização representando a espécie de lógica económica delineadanos anos 1920 por Keynes, Harold Moulton e outros. 

A  criação  de  uma  tal  instituição  deveria  ser  uma  plataforma  importante  dapolítica da esquerda europeia. 

Uma lei da transmissão fraudulenta, aplicável a governos 

O  sector  privado  desde  há  muito  tem  leis  que  impedem  prestamistas  deemprestarem  a  um  tomador  mais  fundos  do  que  o  devedor  possarazoavelmente  reembolsar  no  decorrer  dos  negócios.  Se  um  prestamistaavança, digamos US$10 mil como um empréstimo hipotecário contra uma casaque  valha  mais  (digamos,  US$100  mil),  e  então  insiste  em  que  o  devedorpague ou perca a sua casa, os tribunais podem assumir que o empréstimo foiefectuado com este objectivo em mente e anular a dívida. 

Da mesma forma, se uma companhia é atacada por prestatários carregando­acom títulos lixo de altos juros e a seguir toma o seu fundo de pensões e liquidaactiva para pagar suas dívidas, a companhia sob ataque pode processar sob [alei] das transmissões fraudulentas. Assim fizeram na década de 1980. 

Este  estratagema  empréstimo­arresto  é  o  jogo  que  a  Troika  tem  feito  com  aGrécia. Eles emprestam ao seu governo dinheiro que os economistas do FMIexplicaram  bastante  claramente  em  2010­11  (e  reafirmaram  este  ano  poucoantes do  referendo grego) que não podia ser pago. Mas então  veio  o BCE edisse: "Liquidem vossa infraestrutura, vendam seus portos, seus direitos ao gásno Egeu e ilhas inteiras, a fim de obter o dinheiro para pagar o que o FMI e oBCE  tem  pago  a  franceses,  alemães  e  outros  detentores  de  títulos  em  seunome (enquanto salvavam bancos de investimento e hedge funds dos EUA deperderem suas apostas em que dívidas gregas seriam realmente pagas). 

A aplicação deste princípio requer que um tribunal  internacional determina emque  ponto  aquele  serviço  de  dívida  se  torna  intrusivo  e  consequentementecancele dívidas parcialmente. 

Criação  de  Tesourarias  como  bancos  centrais  nacionais  para monetizargastos com défice 

Os bancos centrais de hoje só emprestam dinheiro a bancos, com o objectivode  carregar  economias  com  dívida.  A  exigência  irracional  dos  banqueiros  deimpedir uma opção pública de criação de crédito nos seus próprios teclados decomputador  (do  mesmo  modo  como  aqueles  bancos  criam  empréstimos  edepósitos) destina­se simplesmente a criar um monopólio privado para extrairrenda  económica  na  forma  de  juros,  taxas  e  finalmente  arrestos de  credores

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que incumprem – tudo garantido pelos "contribuintes". 

O  Banco  Central  Europeu  não  é  adequado  para  este  dever.  Antes  de  maisnada,  ele  baseia­se  na  ideologia  de  que  a  criação  de  moeda  pública  éinflacionária. A realidade é que a criação de moeda pelo banco central apenasfinanciou a maior inflação da história moderna – a inflação de preços de activosno  mercado  imobiliário  por  hipotecas  lixo,  inflação  de  preços  de  acções  poremissões  de  títulos  lixo  e  a  Facilidade  Quantitative  (Quantitative  Easing)  dobanco central para criar a maior e mais rápida corrida no mercado de títulos dahistória. A experiência pós 1980 com bancos centrais removeu qualquer lógicamoral  ou  económica  do  seu  comportamento  quando  lobbyistas  de  bancoscomerciais, defensores de privilégios especiais, desregulamentadores do crimefinanceiro  e  extremistas  de  direita  bloqueadores  de  uma  opção  pública  nabanca  a  fim  fazer  com  que  serviços  básicos  estejam  de  acordo  com  seuscustos reais. Em suma, se sistemas de banca comercial em praticamente todosos  países  tornaram­nos  desindustrializado  e  perversos,  seus  possibilitadoresforam bancos centrais. 

O  remédio  é  substituir  estes  bancos  centrais  com  o  que  os  antecedeu:Tesourarias  nacionais,  cuja  função  adequada  é  monetizar  as  despesas  dogoverno dentro da economia. O princípio básico de funcionamento deveria serque  qualquer  necessidade  monetária  e  de  crédito  da  economia  deveria  sercumprida pelo gasto público e monetização, não por bancos centrais que criamcrédito  portador  de  juros  para  financiar  a  transferência  de  activos  (ex.:hipotecas  imobiliárias,  buyouts  e  raids  corporativos,  arbitragem  e  jogos  decasino capitalistas). 

Sumário 

Toda  nação  tem  o  direito  de  se  defender  contra  o  ataque  –  tanto  o  ataquefinanceiro  como  o  ataque  militar  aberto.  Isso  faz  parte  do  princípio  da  auto­determinação. 

A Grécia, Espanha, Portugal, Itália e outros países devedores têm estado sob omesmo modo  de  ataque  como  o  do  FMI  e  sua  doutrina  da  austeridade  quelevaram  a  América  Latina  à  bancarrota  na  década  de  1970.  O  direitointernacional precisa ser actualizado para reconhecer que a finança tornou­se omodo de guerra dos dias modernos. Seus objectivos são os mesmos: aquisiçãode terra, matérias­primas e monopólios. 

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Um subproduto desta guerra foi tornar a rede financeira de hoje tão disfuncionalque as nações agora precisam de um Quadro Limpo  (Clean Slate)  financeiro.Aquele  que  teve  mais  êxito  em  tempos  modernos  foi  o  Milagre  Económicoalemão – a Reforma Monetária dos Aliados após a II Guerra Mundial. Todas asdívidas  internas  alemãs  foram  anuladas,  excepto  dividas  salariais  deempregados à força de trabalho e balanços básicos. Posteriormente, em 1953,suas dívidas internacionais foram canceladas parcialmente. A lógica que levoua estes actos precisa ser reaplicada hoje. 

Em relação especificamente à Grécia,  líderes do Syriza disseram que queremsalvar a Europa. Antes de mais nada, da  irracionalidade económica destrutivada  eurozona  ao  não  ter  um  banco  central  real.  Este  defeito  foi  construídodeliberadamente  na  eurozona,  a  fim  de  forçar  um  monopólio  de  bancoscomerciais  e  detentores  de  títulos  suficientemente  poderosos  para  ganhar  ocontrole de governos, rejeitando a política e os referendos democráticos. 

As  regras da eurozona – os  tratados de Maastricht e Lisboa – destinam­se aimpedir  governos de  incidirem em défices orçamentais  injectando  dinheiro  naeconomia  para  reviver  o  emprego.  O  novo  objectivo  é  apenas  resgatardetentores de títulos e bancos de maus empréstimos e mesmo de empréstimos

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fraudulentos, salvando­os a expensas públicas. As economias são obrigadas avoltarem­se para empréstimos da banca comercia a fim de obter o dinheiro queprecisam para crescer. Este princípio precisa ser rejeitado pois viola um direitosoberano básico dos governos e da democracia económica. 

Uma  vez  que  uma  economia  está  financeira  defeituosa  por  (1)  não  ter  umbanco central  para  financiar  despesa governamental,  e  (2)  pela  limitação dosdéfices  orçamentais  do  governo  a  apenas  3%  do  PIB,  a  economia  devecontrair­se. Uma economia em contracção significará menos receitas fiscais e,portanto,  défices  no  orçamento  do  governo  mais  profundos  e  elevação  dadívida governamental. 

O  supremo  assassínio  é  a  exigência  do  BCE,  FMI  e  CE  de  que  governospaguem suas dívidas através da privatização da infraestrutura pública, recursosnaturais, terra e outros activos no domínio público. Para agravar esta exigência,a Troika impediu a Grécia de vender pela oferta mais alta, se fosse a Gazpromou outra companhia russa. A política financeira tornou­se portanto militarizadacom  parte  da  política  de  Nova  Guerra­fria  da  NATO.  Economias  devedorasestão destinadas a vender a euro­cleptocratas – em termos  financiados pelosbancos, de modo a que encargos de juros do acordo absorvam todos os lucros,deixando os governos sem muita receita fiscal. 

07/Julho/2015

[1] Este é o tema do meu livro Super Imperialism: The Economic Strategy of American Empire (1972,new ed., 2002). [2] O vídeo pode ser visto aqui: www.guengl.eu/... (apareço cerca do minuto 37). [3] resistir.info/grecia/declaracao_delphi.html [4] Resumo este debate entre Keynes e seus antagonistas em Trade, Development and Foreign Debt(new ed. ISLET 2009), chapter 16. 

Ver também: Grecia: Críticas pasadas y el camino a seguir , Olivier Blanchard 

O original encontra­se em www.unz.com/mhudson/the­financial­attack­on­greece/ 

Este artigo encontra­se em http://resistir.info/ .13/Jul/15