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Anais do I Simpsio Brasileiro de Cartografia Histrica 1
O desenvolvimento do espao urbano do Rio de Janeiro: principais observaes a partir do Pao da Cidade
Bruna Santos Miceli Centro de Cincias Matemticas e da Natureza CCMN; Laboratrio de Cartografia (GEOCART)
Departamento de Geografia - Universidade Federal do Rio de Janeiro
RESUMO Uma das possibilidades de observao do desenvolvimento do espao urbano pode ser realizada a partir de modificaes ocorridas em diversos lugares de uma cidade. No caso deste artigo, optou-se por analisar estas mudanas, tanto espaciais quanto histricas, a partir de um dos edifcios e seus arredores (o atual Pao Imperial e a Praa XV), cujas formas e funes se transformaram ao longo do tempo, marcando momentos importantes para a histria da cidade do Rio de Janeiro e do Brasil como um todo. Estas transformaes permitem integrar as variveis lugar e tempo, a fim de se realizar uma discusso crtica da produo do espao urbano carioca de forma geral, adotando a participao social como de extrema importncia, como um movimento que tanto reflete como influencia nesta produo, permitindo que as diversas funes urbanas, por ela demandada, venham a se materializar em formar urbanas que se modificam ao longo do tempo.
PALAVRAS-CHAVE: Geografia, Geografia Urbana, Histria, Rio de Janeiro, Anlise Espacial. ABSTRACT One possibility for observing the development of urban space can be made from changes in various places of a city. In this article, we chose to examine these changes, both in space and history, from one of the buildings and their surroundings (the current Pao Imperial and Praa XV), whose forms and functions are transformed over time, marking time importance to the history of Rio de Janeiro and Brazil as a whole. These changes can include the place and time variables in order to achieve a critical discussion of the production of carioca urban space in general, adopting social participation as extremely important, as a movement that both reflects and influences in this production, allowing the various urban functions, it sued, if they materialize in urban form that change over time.
KEYWORDS: Geography, Urban Geography, History, Rio de Janeiro; Spatial Analysis.
I - INTRODUO
inegvel a importncia do edifcio majestoso conhecido como Pao Imperial e seu entorno,
basicamente formado pela atual Praa XV de Novembro, como palco de vrios dos principais momentos da
Histria tanto do Rio de Janeiro como do Brasil.
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Localizado no contexto do espao urbano da cidade do Rio de Janeiro, onde se encontra uma srie de
exemplares de patrimnios coloniais do pas, o Pao Imperial, ao ter sido utilizado para diferentes funes
ao longo do tempo e ter presenciado inmeras experincias em decorrncia de cada uma destas, apresenta
potencial contedo, a fim de se realizar uma anlise de sua evoluo espao-temporal, em virtude do
desenvolvimento urbano da prpria cidade.
com o objetivo central de identificar e analisar as principais caractersticas que produziram e foram
produzidas atravs da dialtica entre forma, funo, processo e estrutura urbanas na configurao da rea de
interesse (Praa XV, com destaque para o Pao Imperial), ao longo do tempo, visando integrar lugar e
histria, como uma discusso crtica da produo do espao urbano carioca.
Neste contexto, torna-se conveniente deixar claro que a anlise desta dialtica proposta est fortemente
vinculada ao movimento da prpria sociedade que, no decorrer do processo (entendendo-se por este como
o tempo) e, como conseqncia, da caracterizao de sua estrutura social, demanda funes urbanas que se
materializam nas formas espaciais (CORREA, 1993, p. 10), e que, por sua vez, ser o foco deste estudo.
II - EMBASAMENTO TERICO
Em um primeiro momento, de modo a construir uma anlise acerca dos principais fatos e funes
urbanas, no apenas relacionadas ao edifcio atualmente denominado de Pao Imperial, mas tambm ao
seu entorno (correspondendo, basicamente, ao que se entende, hoje em dia, por Praa XV de Novembro),
uma vez que se encontram em forte associao, procurou-se realizar um levantamento bibliogrfico, a fim de
enquadrar a referida rea de estudo em algum conceito-chave do estudo geogrfico.
A partir disso, optou-se por tomar a cidade do Rio de Janeiro como ponto de partida, sob a tica de
que as cidades, como um todo, so um produto histrico-espacial, concentradoras e reprodutoras de uma
srie de aspectos da sociedade, sejam estes econmicos, polticos, culturais, entre outros.
Assim, segundo Corra (1993), o espao urbano, de forma geral, fragmentado e articulado, reflexo
e condicionante social, um conjunto de smbolos e campo de lutas (CORREA, 1993, p. 9), cuja produo
se d atravs da ao da prpria sociedade, sob a condio de diferentes categorias de agentes produtores
que apresentam interesses especficos, seguindo a lgica capitalista da busca pelo lucro.
Realizada esta introduo, para o caso especfico desta pesquisa, realizou-se a opo de tomar como
base o interessante trabalho de Andra da Costa Braga, intitulado Morfologia, Transformao e Co-
Presena em centros urbanos: o caso do Centro do Rio de Janeiro/RJ.
De forma geral, o proposto com este estudo a identificao de como as configuraes morfolgicas
de edifcios e locais no centro do Rio de Janeiro contribuem e influenciam no comportamento das pessoas
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no espao. Procura-se entender que estas formas e a maneira como se encontram espacializadas acabam por
ordenar a relao entre as pessoas, contribuindo, ao longo do tempo, para a construo de expresses mais
duradouras de cultura.
A partir da, observou-se que a rea de estudo proposta por este trabalho, acima delimitada pelo atual
Pao Imperial e seu entorno, dentro deste contexto morfolgico do espao urbano do centro da cidade,
corresponderia ao que a autora denomina como espao convexo, que, por sua vez, leva ao conceito
clssico de lugar.
Por espao convexo, entende-se:
... como aquele que satisfaz condio de que, ao traar uma linha cortando-o em qualquer ponto, esta deve estar completamente inserida dentro dele ou, que esta no intercepte seus limites em mais de dois pontos (BRAGA, 2003, p. 60).
Seguindo este pensamento, podem-se compreender os espaos convexos como representaes de
lugar, ou lugares, inseridos em um sistema espacial. Acrescenta-se a isso a idia de que o lugar
corresponderia disposio de figuras geomtricas, limitado por barreiras (sejam edifcios, por exemplo),
limitado por possibilidade de visibilidade e deslocamento, constituindo uma frao do espao.
No entanto, ressalta-se que, longe de constiturem meros espaos isolados, estes espaos convexos
(lugares) encontram-se interconectados, apresentando a noo de articulao entre os diversos ligares, na
composio deste espao urbano.
Acresce-se ao acima exposto, a fim de tornar mais enriquecida a discusso conceitual, que ao se tomar
o conceito de lugar para tratar a rea de estudo, procura-se utiliz-lo a partir da idia de que o lugar emerge
da experincia (ou experincias), adquirindo significado, podendo ser tanto de cunho individual como
coletivo.
Dessa forma, a conscincia geogrfica de pertinncia do conceito de lugar encontra-se na
materializao local de indivduos, formas, funes e relaes entre estes, destacando-se, para o caso tratado,
as relaes espao-temporais. Vai alm, por assim dizer, do simples sentido de localizao; inclui as
experincias e o envolvimento com o externo, desenvolvidas a partir dos indivduos e suas prticas scio-
espaciais ao longo do tempo, em determinado local.
Segundo Relph (1980), deve-se ter o conceito de lugar como centro tanto de ao como de inteno,
foco da experincia social e de eventos significativos, e ainda: to be human is to live in a world that is filled
with significant places: to be human is to have and to know your place (RELPH, 1980, p. 1). Atenta, desse
modo, para a existncia de vrios lugares significativos no mundo e que, o papel do ser humano est em
reconhecer os que melhor se adquam e constituem a idia de seu lugar.
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Para completar a investigao proposta, ainda se pode acrescentar a viso de Santos (1999), num
contexto histrico-ideolgico da modernidade, na qual:
O lugar o quadro de uma referncia pragmtica do mundo, do qual lhe vm solicitaes e ordens precisas de aes condicionadas, mas tambm o teatro insubstituvel das paixes humanas, responsveis, atravs da ao comunicativa, pelas mais diversas manifestaes da espontaneidade e da criatividade. (SANTOS, 1999, p. 258).
Desta maneira, o autor expe a interligao o externo e o interno, o local e o global, as aes
condicionadas e condicionantes que o conceito de lugar comporta em sua significncia.
Assim, faz-se necessrio o retorno ao objetivo principal desta anlise que, ao tomar como rea de
interesse o lugar, reconhecido como o espao vivido do Pao Imperial e seus arredores, palco de inmeras
experincias de grande importncia histrica tanto para o Rio de Janeiro, quanto para o Brasil, visando
compreenso do desenvolvimento da dialtica entre as formas e funes. Esta dialtica que, tanto reflexo
como condicionante da estrutura socioeconmica de cada poca, apresenta caractersticas bastante
relevantes a um estudo de cunho espao-temporal, representando questes a serem destacadas nos itens que
se seguem.
III - DESENVOLVIMENTO
O ponto de partida deste trabalho recai sobre o contexto de um Rio de Janeiro colonial que, j na
primeira metade do sculo XVII, havia evoludo do alto do Morro do Castelo, desenvolvendo-se sobre
pntanos e alagadios, os quais foram, ao longo do tempo, aterrados, espraiando-se at o Morro do Manoel
de Brito, posteriormente conhecido como de So Bento.
At os governos de Mem de S e Estcio de S, donos de grandes pores de terras, era de costume
dos governadores da Capitania do Rio de Janeiro residir em casa prpria. No entanto, posteriormente, h a
adoo do sistema de pagamento de aluguel para a moradia de seus sucessores, ao financiada pela
Cmara Municipal, tambm conhecida como a prtica de dar aposentadoria aos governadores.
Em se tratando de um intento um tanto oneroso para os cofres da municipalidade, opta-se por uma
srie de localizaes para a fundao da Casa dos Governadores, numa tentativa de se contornar a situao
residencial dos governantes da Capitania na poca.
, pois, em 1733, sob o governo de Gomes Freire de Andrade, o conde de Bobadela, que o enfoque
desta anlise se inicia, com a construo do atual Pao Imperial. Mediante uma solicitao feita ao ento rei
de Portugal, D. Joo V, para a edificao de uma nova Casa dos Governadores, em local apropriado,
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escolhendo-se o Terreiro, ou Largo, do Carmo (correspondendo, hoje em dia, pela Praa XV de
Novembro), localizado em frente ao convento dos padres carmelitas (Convento do Carmo), com fronte
para a praia, no centro da cidade colonial.
Para tal obra, o conde de Bobadela convoca o amigo, brigadeiro Jos Fernandes Pinto Alpoim,
engenheiro militar de formao, que como muitos desta poca at o inicio do sculo XIX, poderiam ser
considerados verdadeiros secretrios de obras pblicas.
No lugar selecionado, encontravam-se dois outros edifcios, correspondendo ao Armazm Del Rey e a
Casa da Moeda, que fora transferida da cidade de Salvador, na Bahia, para o Rio de Janeiro e que passara a
funcionar a partir de 1697. Em decorrncia da fundao desta fbrica, por ordem do 23 Rei de Portugal,
Dom Pedro II (1683 1706), tanto com o intuito de estabelecer um sistema de circulao monetria
prpria para o Brasil, como forma de angariar tributos Coroa Portuguesa, um maior poder econmico
conferido cidade do Rio de Janeiro, que passa a receber e realizar a fundio real para processar o ouro
que vinha das Minas Gerais, transformando sua economia essencialmente agrria, de base canavieira, a um
patamar de entreposto comercial de nvel internacional.
Dessa forma, em 1743, contando o Rio de Janeiro com uma populao modesta de um pouco mais de
42.000 habitantes, estava pronta na nova Casa dos Governadores, onde residiam essas autoridades de
primeira importncia, correspondendo funo inicial da rea de interesse do trabalho. A edificao, de
forma geral, adquire feies de uma casa senhorial, portuguesa, muito maior do que os sobrados existentes
na poca, na qual se consolida a importncia geogrfica estratgica da cidade para a Coroa Portuguesa, dada
a descoberta e explorao das minas existentes no pas, tornando o Largo do Carmo, um verdadeiro centro
de poltica, comrcio e intercmbio entre as naes.
inclusive desta poca algumas outras intervenes urbansticas realizadas por Alpoim neste lugar,
correspondendo construo das casas da famlia Teles de Menezes, do lado oposto a dos Governadores e
a inaugurao de um chafariz, vindo de Lisboa, localizado no centro do Largo do Carmo.
importante ainda destacar que, no fim dos trinta anos de governo, o conde de Bobadela convoca
Andr Vaz Ferreira, engenheiro militar, e D. Miguel ngelo Blasco, marechal de campo e tambm
engenheiro militar, para a confeco de duas peas que deixassem para a posteridade exemplos das
transformaes que realizara na cidade e que aparecem como grandes monumentos cartogrficos e
iconogrficos da poca sobre a rea de estudo (vide Anexos).
, ento, no ano de 1763 que vem a falecer Bobadela, reconhecido pelo povo como Pai da Ptria e,
futuramente, escolhido como inspirao para o heri do pico O Uruguai, de Baslio da Gama, ao passo
tambm no qual h a transferncia da sede do Vice-Reino de Salvador para o Rio de Janeiro, iniciando-se
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uma nova fase sobre a referida rea de estudo, que passa, dessa forma, a funo de casa de despachos dos
vice-reis, resultando em varias obras e intervenes no Largo do Pao.
Esta transferncia se d em funo da uma necessidade em localizar a capital da Amrica portuguesa
mais ao centro, favorecendo o controle da regio sul, onde se localizava a Colnia de Sacramento, regio
estratgica, especialmente por sua importncia econmica, disputada com a Espanha.
Percebe-se, dessa forma, uma tentativa de nova orientao do espao urbano, que j havia sido
observada no governo do conde Bobadela, e tem como exemplo claro disso as preocupaes estticas e
ideolgicas relacionadas s concepes iluministas com a construo inicial da Casa do Governador,
edificao inspirada no Pao da Ribeira em Lisboa.
O historiador Afonso Marques dos Santos (1999) ainda acrescenta acerca deste assunto afirmando
que, apesar de desde o comeo do sculo XVIII a construo do espao urbano da cidade do Rio de Janeiro
j se encaminhar em direo a organizaes mais racionais, em detrimento a um incio um tanto
desordenado at fins do sculo XVII. Isso se mostra atravs de associaes com a capital da Coroa
Portuguesa, como visto com a Casa dos Governadores, um interesse mais intensificado com aspectos
iluministas, relacionados a concepes lgicas, salutares e estticas, ser visto de forma mais pronunciada a
partir da elevao da cidade a condio de sede do vice-reinado.
Assim, a princpio, em referencia a esse perodo, destaca-se a figura do novo governador, agora com
ttulo de vice-rei, D. Antonio lvares da Cunha, o conde de Cunha, que apesar da carncia de recursos,
tambm contribuiu para modificaes em toda a cidade, inclusive no prprio Palcio dos Vice-Reis. Mas o
que vale ressaltar deste governo fora a tentativa de transferncia da Casa dos Governadores para outra
localizao, uma vez que o Largo do Pao era, aos seus olhos, a praa mais barulhenta da cidade, alm de
no possibilitar proteo em caso de ataque. Dessa forma, foi aprovada, atravs da carta rgia de 19 de
outubro de 1799, a mudana da residncia dos vice-reis para o Morro do Castelo, instalando-se no que em
tempos pretritos representava o Colgio dos Jesutas.
Todavia, com a sucesso do conde de Cunha por D. Antnio Rolim de Moura Tavares, primeiro
conde dAzambuja, este optou se instalar no edifcio da Praa do Carmo, reservando o Colgio para a
funo de hospital militar.
Seguido deste, em novembro de 1769, passa a governar o Marqus de Lavradio, que fez muito pela
cidade.
No entanto, ser somente a partir do governo do sucesso deste, no ultimo quartel do sculo XVIII,
que a cidade do Rio de Janeiro, como um todo, sofrer grandes melhoramentos pblicos que viriam a
transformar e preparar esta para a recepo da famlia real portuguesa em 1808.
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Tomando posse em cinco de abril de 1779, o vice-rei Lus de Vasconcelos e Sousa ser o responsvel
pelo primeiro surto de racionalizao urbana, baseado em ideais iluministas, priorizando alm das questes
de saneamento bsico e abastecimento de gua, a realizao de uma obra urbanstica de grande vulto,
mediante a nfase no lazer e embelezamento urbano, procurando adequar o Rio de Janeiro aos conceitos
modernos das capitais europias. Ressalta-se, dessa forma, a construo de um parque urbano, o Passeio
Pblico, seguindo o estilo francs, enfatizando a utilizao de traados geomtricos, apresentando uma
regularidade e linearidade nos arruamentos e uma ornamentao que permitisse uma interconexo entre a
cultura nacional e a europia.
Em relao rea de estudo de fato, tambm houve uma srie de modificaes e organizaes
relevantes, que levaram a urbanizao do Largo do Pao, transformado em sala de visitas da cidade
(FERREZ, 1984, p. 25). Destaca-se a figura de Jacques Funck, engenheiro de origem sueca, que ir
coordenar os projetos, enfatizando a questo de necessidade de reconstruo do sistema de defesa do Rio de
Janeiro.
Data dessa poca, a construo do cais, em cantaria lavrada, ao longo da fachada do Largo do Pao.
Alm disso, ocorre inclusive a elaborao de um novo chafariz para a praa, localizado borda do cais, obra
de mestre Valentim da Fonseca e Silva e que permanece at os dias atuais na Praa XV de Novembro. Por
fim, ainda houve a edificao de um conjunto de casas de fronte Igreja do Monte do Carmo,
contribuindo para a regularidade simtrica do Largo e o calamento da praa em 1789.
O ideal de organizao pretendido para o Rio de Janeiro pode ser observado atravs da ilustrao
Parada Militar no Largo do Pao, obra do pinto Leandro Joaquim, que mostra, de forma bastante
simblica a maneira como os principais poderes da cidade, representadas por suas instituies,
encontravam-se em harmonia em um mesmo lugar: o Palcio dos Vice-Reis, esquerda, representando o
poder civil oficial; a casa dos Teles e Menezes, direita, como poder civil no oficial; as igrejas, ao fundo,
representando o poder civil religioso e, por fim, o poder militar, com a utilizao do Largo. Anda se destaca
a presena simblica do poder metropolitano sobre a cidade e rea de estudo, numa referncia ao j citado
Pao da Ribeira, em Lisboa.
Vale destacar essa importncia dada a organizao do espao urbano como um todo, em destaque ao
Largo do Pao, lugar que comportava o prdio mais importante da cidade j em incio do sculo XIX, uma
vez que, em termos de localizao relativa, tratava-se de um espao convexo de chegada ao Rio de Janeiro.
Dessa forma, no geral, no se poderia confiar grandeza excepcional no que diz respeito a beleza
interna do edifcio do Pao Imperial naquela poca. No entanto, a disposio espacial adquirida ao longo
do tempo com que foi organizado o seu Largo, confere ao lugar a teatralidade necessria, em funo de sua
posio estratgica, como porta oficial de entrada da cidade.
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neste contexto que, em 1808, chega a famlia real portuguesa ao Rio de Janeiro, em virtude da
invaso napolenica de Portugal. Junto com o Prncipe Regente, e posteriormente, Rei, D. Joo VI, chegava
cidade a corte, inmeras famlias e empregados, que se instalaram na antiga Casa dos Governadores e
Palcio dos Vice-Reis, agora sob a condio de Pao Real.
Para tal, houve a expulso do ento governante do pas, o Conde dos Arcos, de sua residncia (o atual
Pao Imperial) e dos padres carmelitas do Convento do Carmo, alm de um esvaziamento da Cmara e
Cadeia que funcionavam no mesmo edifcio.
Ainda nesta tentativa de acomodar todos os fidalgos que chegaram cidade e mediante uma
impossibilidade das instalaes do Pao em comportar tal contingente, iniciou-se um processo de ocupao
de casas diversas, cujos proprietrios eram obrigados a abandonar em virtude da lei das aposentadorias,
que conferia aos nobres, o direito de requisitar qualquer aposento, quando viajavam.
Dessa forma, percebe-se, j no incio do sculo XIX, que, o Rio de Janeiro vem a sofrer grandes
transformaes acerca de sua estrutura urbana, valendo destacar a questo da estratificao das classes
sociais.
Segundo Abreu (1993), com a instalao da famlia real portuguesa e sua corte, surgir uma classe
praticamente indita na cidade, que demandar novas necessidades materiais que atendam no s aos
anseios dessa classe, como facilitem o desempenho das atividades econmicas, polticas e ideolgicas que a
cidade passa a exercer. (ABREU, 1993, p. 35).
Assim, j se comea a observar a instalao de toda uma burocracia estatal e suas instituies (como o
Banco do Brasil, Jardim Botnico, Imprensa Rgia, Guarda Real da Polcia, entre outras), ao mesmo tempo
em que, em termos sociais, prontamente se percebe uma diferenciao: as reparties mais importantes se
localizavam no Pao Real, e d-se incio ao deslocamento dos ricos a periferia imediata a regio central da
cidade, ou seja, Glria, Catete, Botafogo, Rio Comprido, Engenho Velho e So Cristvo, onde se
localizam as residncias das principais classes dirigentes e mais abastadas da sociedade da poca. Em
contrapartida, as classes com menores possibilidades de mobilidade social, passam a ocupar outras
freguesias urbanas, localizando-se no que hoje conhecesse pelos bairros da Sade, Santo Cristo e Gamba,
permitindo o crescimento dos subrbios e estimulando a ocupao da Cidade Nova (o Mangal de So
Diogo), que dificultou a expanso da cidade para o oeste por muitos anos.
Todavia, em pouco tempo, a famlia real passa a considerar o Pao da Cidade um tanto inapropriado
para sua permanncia, seja em termos locacionais, visto que se encontrava no barulhento centro do Rio de
Janeiro, seja em termos de seus aposentos, que no eram suficientes para a instalao de toda a corte. Em
razo disso, logo houve a transferncia do prncipe regente D. Joo e sua famlia para a Quinta da Boa
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Vista, em So Cristvo, boa residncia em ambiente de grande rea verde, cedida pelo negociante
portugus Elias Antnio Lopes.
a partir da, que o Pao da Cidade reservado para a funo relacionada a ocasies festivas, quando
ocorria a tradicional cerimnia do beija-mo, alm de despachos reais e recepes oficiais.
Dessa maneira, possvel perceber alguns aspectos bastante marcantes acerca da fisionomia urbana e
do quotidiano desta poca, especialmente relacionados a uma maior movimentao nas ruas, em funo de
um crescimento considervel tanto da cidade como de sua populao, permitindo o surgimento de novas
sociabilidades, das quais se destacam as grandes cerimnias pblicas, a difuso das artes plsticas, bailes,
entre outras.
Especificamente relacionado rea de interesse, pde-se perceber, durante todo o perodo da estada de
D. Joo no Brasil, que o Pao da Cidade concentrava as cerimnias de gala, reunindo os membros da
famlia real; nas festas nacionais; nos dias de revista de tropa, quando da chegada dos corpos militares de
Portugal; por ocasio da apresentao de credenciais pelos ministros estrangeiros, etc. (FERREZ, 1984, p.
43). Entre as experincias mais importantes observadas neste espao, ressaltam-se a aclamao de D. Joo
VI, como soberano do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves e a chegada da arquiduquesa dustria
D. Leopoldina para o casamento com o prncipe D. Pedro.
Em meio a tudo isso, alm das transformaes na praa, realizou-se uma poro de modificaes que
proporcionassem ao Pao uma fisionomia palaciana, que ainda pode ser percebida nos dias de hoje.
Destaca-se, dessa forma, a construo, em 1817, de um terceiro pavimento na vertente voltada para o mar,
servindo de aposentos ao rei e imperadores.
No entanto, j a partir do incio da dcada de 1820, as presses externas, especialmente, dos
portugueses e ingleses, pedem a volta de D. Joo VI e sua corte, num momento em que se sentia seguro e
feliz no Brasil, onde era bastante querido.
E em meio a esse ambiente que redobrada a importncia do Rio de Janeiro como capital da
monarquia, centralizando as idias e os movimentos decisivos da histria brasileira: ser justamente nas
ruas e praas da cidade que se manifestaro os sentimentos e opinies da nacionalidade nova.
Em vista disso, em 22 de abril de 1822, que se confiou a Regncia do Brasil ao prncipe D. Pedro e,
em 26, toda a corte e nobreza reais embarcam em direo a Portugal, levando consigo todos os seus
pertences em espcie, e deixando um pas em grandes dificuldades financeiras.
Desde o comeo de 1822, com a situao poltica se agravando, a cidade, como um todo, vive dias
agitados. E o Pao da Cidade vai, neste novo perodo, ser palco de experincias de valor histrico bastante
estimado, como o Dia do Fico, manifestao da populao que pede a permanncia de D. Pedro no Brasil,
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optando por acatar os anseios desta, e acaba por antecipar a Independncia do Brasil, declarao que
transforma o Pao Real em Pao Imperial ou Pao do Rio de Janeiro.
Percebe-se, dessa forma, que nesta nova etapa, o edifcio passa a funcionar como despacho e
residncia eventual tanto de D. Pedro I, como, posteriormente, de D. Pedro II, sendo a sua praa ainda
utilizada para grandes ocasies festivas, como a aclamao dos dois imperadores e um dos acontecimentos
mais marcantes da histria brasileira: a assinatura da Lei urea e a libertao dos escravos, pela Princesa
Isabel, em 13 de maio de 1888.
No entanto, em todo esse perodo, h de se perceber que as dificuldades financeiras deixadas de
herana pelo regresso da famlia real acabaram por refletir na cidade como um todo, inclusive no prprio
edifcio.
Fica evidente que as freguesias da regio central do Rio de Janeiro, a partir de 1850, j apresentam um
grande nmero de transformaes, sendo sede agora de modernidades urbansticas, em contradio ao
aumento da populao miservel que passava a habitar esta localidade. Dessa forma, comeam a aparecer
nas localidades centrais, ou perifricas ao centro, abrigando o seguimento da populao que, por no
apresentar possibilidades de mobilidade, os chamados cortios, tipo de habitao coletiva e bastante
insalubre, palco de inmeras epidemias.
Da mesma maneira, podia-se perceber que, a partir da poca da sada de D. Joo VI e sua respectiva
corte real, o Pao da Cidade, j necessitava de obras importantes, uma vez que, ao longo do tempo, apenas
passou por modificaes paliativas. Muito disso se explica em virtude de no se constituir mais na
residncia permanente dos imperadores que, h muito, j habitavam a Quinta da Boa Vista, em So
Cristvo, onde se exercia a maioria das funes pblicas e algumas dos festejos da poca.
Todavia, o Pao e seu largo ainda serviam famlia imperial, especialmente em ocasies de grande
gala, relacionados a solenidades na Capela Real, como comemoraes nacionais ou do natalcio do
imperador ou imperatriz.
Como ltima memorvel comemorao realizada no Pao da Cidade, destaca-se a assinatura da Lei
urea pela Princesa Isabel, em uma das salas deste edifcio, libertando os escravos no Brasil, em 13 de
maio de 1888, levando um grande contingente de pessoas s ruas da cidade e lotando o seu largo.
Entretanto, apesar de D. Pedro II ser visto como um homem de grande respeito e de apresentar um
amor extremo a sua Ptria, no foi poupado da impacincia dos republicanos com sua possvel morte,
sendo deposto com a Proclamao da Repblica, em 15 de novembro de 1889.
Dessa forma, o ex-imperador, sua famlia e auxiliares deixam o prdio do Pao em direo ao exlio na
Europa. A partir da, as propriedades da famlia imperial e seus bens foram arrestados e, sucessivamente,
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leiloados e o Pao Imperial passa agora a ser utilizado como sede do Departamento dos Correios e
Telgrafos.
De maneira geral, com a Proclamao da Repblica, percebe-se um abandono muito grande em
relao aos remanescentes da poca do Imprio, que passam a uma funo mais condizente a
transformao do Rio de Janeiro ao status de uma cidade moderna, descaracterizando muito de suas
morfologias e tipologias, especialmente em torno do ncleo considerado histrico do centro do Rio de
Janeiro.
neste contexto que o antigo Pao, que uma vez fora Casa dos Governadores, Palcio dos Vice-Reis,
Pao Real e Imperial, transformado em Agncia Central dos Correios e Telgrafos, at 1982. Fotos desta
poca encontram-se no item Anexo.
Nas dcadas de 20 e 30, acaba sofrendo uma srie de modificaes em sua decorao interna e
externa, passando a um estilo neocolonial, a fim de melhor abrigar esta repartio, sendo tombado pelo
Patrimnio Histrico e Artstico Nacional em 1938.
No entanto, somente a partir da dcada de 1980, que se iniciam os trabalhos de restaurao do
edifcio, envolvendo mtodos de arqueologia, arquitetura e histria, a fim de identificar a feio deste em
suas diversas pocas. O Pao volta, a partir dessas obras, a ostentar sua dignidade primitiva, poca em
que abrigava a sede do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (FERREZ, 1984, p. 77).
Desde 1985, o lugar passa a abrigar um Centro Cultural do Pao Imperial, vinculado ao Instituto do
Patrimnio Histrico e Artstico Nacional IPHAN e Secretaria de Patrimnio, Museus a Artes Plsticas,
Ministrio da Cultural. Neste, so realizados grandes exposies e eventos na cidade, sobre temas da
atualidade, ainda apresentando uma sala de cinema, uma biblioteca, lojas e restaurantes.
O edifcio, por si s, passa a ser digno de visitao, uma vez que historicamente foi palco de grandes
acontecimentos tanto para a Histria da cidade, como do Brasil em geral.
IV - CONSIDERAES FINAIS
Este trabalho procurou mostrar a possibilidade de se analisar a evoluo urbana de uma cidade como
o Rio de Janeiro, sob a tica de um dos marcos visveis de grandes acontecimentos, relevantes tanto para a
histria desta cidade como para todo o pas: o Pao Imperial e seu entorno.
Dessa maneira, ao se colocar em anlise a rea proposta, verificou-se que o atual edifcio que comporta
atualmente o Centro Cultural do Pao Imperial e seu entorno, formado pela Praa XV, muito mais do
que fruto de simples mudanas morfolgicas. Este um exemplo claro destes tipos de lugares, os quais
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exerceram diferentes funes para a sociedade de diversas pocas, tornando evidentes que estas (as funes)
se deram como efeito de condies advindas da mesma (da sociedade e, por conseqncia, de suas
ideologias).
Assim, a partir da importncia proveniente das diferentes funcionalidades que lhes so atribudas ao
longo do tempo, resultante de um contexto social respectivo a cada poca e, por conseqncia, permitindo
experienciar todos esses momentos marcantes de nosso passado, que a rea de estudo se constituiu num
objeto de relevncia a realizao de investigaes de cunho espao-temporal.
Pode-se perceber inclusive que, ao representar quase que constantemente uma localidade que
centralizava grandes poderes, tanto para a cidade, como em mbito nacional, concentrava para si, por
inmeras vezes, a ateno, seja em virtude de tomadas de grandes decises, ou como palco de cerimnias e
ocasies festivas, entre outros.
Alm disso, conforme pde ser verificado em certos momentos, como na poca imperial e as
dificuldades financeiras enfrentadas, as condies em que se encontravam o Pao aparecem tambm como
um reflexo de um contexto que se desenrolava por todo o Rio de Janeiro.
Assim, a critrio de concluso, necessrio comentar acerca da pertinncia de se reviver o passado.
Todavia, no se deve reviver o passado atravs de um simples resgate de acontecimentos de pocas j
vividas. Mas sim, com a possibilidade e, por que no, tambm com o intuito de identificar, no tempo
presente, simbologias que permitam remeter a ocasies pretritas, as quais apresentavam toda uma
estrutura social que as explicam e justificam.
Da a relevncia de uma anlise espao-temporal: com esta, possvel associar o desenvolvimento
espacial e suas respectivas morfologias resultantes aos mais variados contextos sociais que podemos
encontrar no passado. Deste modo, prudente ressaltar a importncia de se preservar os marcos e lugares
imbudos de simbologias, com a finalidade de se constiturem em potenciais produtos passveis a realizao
de estudos que abrangem tanto a geografia, historia como a cartografia.
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V - REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
ABREU, M. de A. Evoluo urbana do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1988.
BRAGA, A. da C. Morfologia, Transformao e Co-Presena em centros urbanos: o caso do Centro do Rio de Janeiro/RJ.
Dissertao de Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul: PROPUR, 2003.
CARVALHO, C.D. de. Histria da Cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura,
Departamento Geral de Documentao e Informao Cultural, Diviso de Editorao, 1992.
CASTRO, I.E.; CORRA, R.L.; GOMES, P.C. da C. Geografia: conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,
1995.
CORREA, R. L. O Espao Urbano. So Paulo: tica, 1993.
FERREZ, G. O Pao da Cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Fundao Nacional Pr-Memria, 1984.
_______, G. A Praa 15 de Novembro Antigo Largo do Carmo. Rio de Janeiro:
Riotur Empresa de Turismo do Municpio do Rio de Janeiro S. A., 1978.
_______, G. As Cidades de Salvador e do Rio de Janeiro no Sculo XVIII. Rio de Janeiro: Sedagra, 1963.
RELPH, E. As Bases Fenomenolgicas da Geografia. Geografia. Rio Claro, v.4, n.7, abr. 1979, pp. 1-25.
SANTOS, A.C.M. dos. O Pao da Cidade: biografia de um monumento. Rio de Janeiro: Sextante Artes, 1999.
SANTOS, M.A Natureza do Espao: tcnica e tempo, razo e emoo. So Paulo: Hucitec, 1999.
SPSITO, M.E.B. Capitalismo e Urbanizao. 13 ed. So Paulo: Contexto, 2001.
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VI - ANEXOS FOTOS E ICONOGRAFIAS
Figura 01: Carta Topogrfica da Cidade de S. Sebastio do Rio de Janeiro, por Andr Vaz Figueira, em 1775. Em detalhe: o Largo do Carmo e seus arredores. (Fonte: FERREZ, 1984).
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Figura 02: Parada Militar no Largo do Pao, Revista Militar no Largo do Pao, fins do sculo XVIII. Pintura leo sobre tela, obra de Leandro Joaquim, encontrada no Museu Histrico Nacional, Rio de Janeiro. (Fonte: www.historiaimagem.com.br).
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Figura 03: Desenho da coroao de D. Pedro II, em 18 de julho de 1841, por Louis August Moreau e Abrahan-Louis Buvelot, com litografia de Heaton & Rensburg. (Fonte: FERREZ, 1984).
Figura 04: Aclamao da Princesa Isabel e do conde dEu pelo povo, aps a assinatura da Lei urea, em 13 de maio de 1888. (Fonte: FERREZ, 1984).
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Figuras 05 e 06: Fotos do Pao sob a ocupao da Repartio Geral dos Correios e Telgrafos: a primeira refere-se seo de aparelhos Morse; a segunda, a entrada do edifcio. (Fonte: FERREZ, 1984).
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Figura 07: Praa XV de Novembro, antigo Largo do Carmo, foto por Marc Ferrez, no incio do sculo XX. (Fonte: FERREZ, 1984).
Figura 08: Foto do Pao, tirada em 2000, j restaurado e funcionando como Centro Cultural. (Fonte: www.pacoimperial.com.br).