meus rabiscos em verso

109
ÍNDICE ENROSCO EM SUAS CURVAS TORTAMENTE...........5 PIPOCA..............................................................................6 LEÃO.................................................................................8 UM DISCURSO DIFERENTE........................................10 VIDA SIMPLES...............................................................12 QUEM SERIA TOLO EM SE APAIXONAR?................14 MULHER ........................................................................16 METAPOESIA ................................................................18 ARS ROMÂNTICA.........................................................20 HÁ TANTO DE MIM EM TI..........................................22 VIDA BANDIDA.............................................................24 EXISTÊNCIA PESSOAL................................................26 VOCÊ PODE SER FELIZ................................................28 GRILO..............................................................................32 SEMPRE QUE DESPREVENIDO..................................33 NOTA-MI.........................................................................35 OLHA PARA MIM..........................................................36 CIRCÃO...........................................................................38 LETRAS QUE SE PRETENDEM UM POEMA.............40 QUERIA POESIA............................................................42 SIMPLESMENTE MULHER..........................................44 A MINHA BOCA NÃO PODE PROFERIR RUDEZA...46 AMIZADE DE CÃO........................................................50 IGNORÂNCIA LETRADA.............................................53 PRESENTE CELESTIAL................................................54 QUEM UM DIA DOOU-SE DOCILMENTE POR MIM ..........................................................................................55 GOSTO.............................................................................56

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ÍNDICEENROSCO EM SUAS CURVAS TORTAMENTE...........5PIPOCA..............................................................................6LEÃO.................................................................................8UM DISCURSO DIFERENTE........................................10VIDA SIMPLES...............................................................12QUEM SERIA TOLO EM SE APAIXONAR?................14MULHER ........................................................................16METAPOESIA ................................................................18ARS ROMÂNTICA.........................................................20HÁ TANTO DE MIM EM TI..........................................22VIDA BANDIDA.............................................................24EXISTÊNCIA PESSOAL................................................26VOCÊ PODE SER FELIZ................................................28GRILO..............................................................................32SEMPRE QUE DESPREVENIDO..................................33NOTA­MI.........................................................................35OLHA PARA MIM..........................................................36CIRCÃO...........................................................................38LETRAS QUE SE PRETENDEM UM POEMA.............40QUERIA POESIA............................................................42SIMPLESMENTE MULHER..........................................44A MINHA BOCA NÃO PODE PROFERIR RUDEZA...46AMIZADE DE CÃO........................................................50IGNORÂNCIA LETRADA.............................................53PRESENTE CELESTIAL................................................54QUEM UM DIA DOOU­SE DOCILMENTE POR MIM..........................................................................................55GOSTO.............................................................................56

FÉ.....................................................................................58AFETUOSAMIZADE......................................................60GRANDES PESSOAS... GRANDES EXEMPLOS.........61POES'INSPIRAÇÃO.......................................................62LEMBRANÇAS...............................................................63PRIMEIRA NOITE DE AMOR DE UMA MULHER....64VERSINHOS....................................................................65OBJETIVAMENTE..........................................................66A­DOR­AÇÃO.................................................................67VIVERÇÃO.....................................................................68SINOS...............................................................................69POESIA PERDIDA..........................................................70O AMANHÃ....................................................................71PÁSSAROS NO VERÃO.................................................74TOLO AMAR...................................................................75CORAÇÃO EM GELO....................................................76TEATRO...........................................................................77UM MOTE­UMA FESTA................................................78FUNDAS RUGAS............................................................79EXERCÍCIO SOLITÁRIO...............................................80OBJETIVIDADE..............................................................81AMEI................................................................................82MARELUA.......................................................................83GLOBALIZAÇÃO...........................................................84RECICLAGEM................................................................85ADEUS À INOCÊNCIA .................................................86ESPERANÇA DE CONSCIÊNCIA.................................87VINHO.............................................................................88DE NOVO HUMILDADE................................................89EGOÍSMO .......................................................................90ESSÊNCIA.......................................................................91

2

INVEJA............................................................................92INTERNETÊS..................................................................93POESIA VAIDADE..........................................................94SALGADA ILUSÃO........................................................95ESPELHO........................................................................96QUEM DERA..................................................................98MAR­AFETO...................................................................99SOLIDÃO.......................................................................100POR QUÊ?......................................................................101INDAGAÇÃO.................................................................102SILÊNCIO......................................................................105MANIA DE SER COMPLICADO ................................106LIBERTIZAR.................................................................107

3

Não por vaidade,Mas sim por amor

Dedico esta obra a todos que amo.E mesmo que sejam rabiscos, dei tudo do pouco 

que tenho a oferecer. 

4

ENROSCO EM SUAS CURVAS TORTAMENTE

Enrosco em suas curvas tortamente

Viajo embalado ao som de suas histórias

Sinto­me um títere cambaleante

Que à noite longe está de ter vitórias.

Minha princesa, meu lindo diamante!

Esqueço por você minhas glórias

Na ânsia fico de ser seu amante

Mas sua fala aponta outras trajetórias.

Nenhuma mulher assim me encanta

Me põe em viagens sem existir igual

Até me esqueço que aflição é tanta.

Sinto­me como líder que vence o mal

Que de seu reino a derrota espanta

E feliz celebra seu sonho imortal.

05/09/2009.

5

PIPOCA

O que aconteceu com o povo?

Que  à   praça  a  esmo  assistia   ao  palhaço  que  se 

apresentava?

Ele, agora, a chorar conta os pombos.

Sua arte aos poucos perdeu a graça.

Aos porcos, sem querer, ofereceu seu tino.

A poesia, que outrora cantou, perdeu a rima.

Hoje, seu hino, sua máscara e pintura, sem graça, 

deixam   sua   cara   triste,   marcada   pelo   córrego   de 

lágrimas,

 transparecer em sua translúcida face.

A derreter está...

Cabelos vermelhos; não mais, hoje secam, caem.

A ruminar, a olhar os pombos, a admirar os porcos...

Bate o desespero, que revela sua carranca, nunca 

jamais vista... Que entristecida está...

Os pombos o cercaram...

Apreciavam tão espetaculoso soluçar.

6

Admirados,   os   pombos,   como   que   sorriam, 

festejavam.

As   pipocas,   deixadas   em   paz,   escureceram   pela 

solidão.

O povo parou a admirar tão absurda visão.

Como que em frenesi, espalham­se gargalhadas.

O   povo   volta   a   rir.   O   palhaço   chora,   os   pombos 

enlouquecem e os porcos pensam na nostalgia das 

pipocas.

18/05/2008.

7

LEÃO

Vi no horizonte tênue luz.

Ao longo do caminho paira a escuridão.

Sôfrego, entristecido, caminha um leão.

Olha o deserto.

Vazio ou cheio, não importa.

Bate a fome, enrobustece­se seu desespero.

Sonha   solitária   figura;   sacode   sua   juba;   régia 

imposição.

Embora fera, se desespera...

Antes água farta, hoje areia e pó.

Sente­se só...

O   sol,   hoje   companheiro   insólito,   rega   miragens, 

devaneios...

Cai, rola em frenesi... Inebria­se... 

Desenha em nuvens arenosas majestosa visão...

Felino, ontem tão forte... Hoje tão frágil criatura.

Sabe que a natureza, implacável mãe, fez­te grande, 

faminto, inteligente.

8

Parece   que   em   teus   olhos   correm   rios   de   lava, 

impunha­te pelo seu fulgor.

Por isso, não se rende à dor.

Chora, cai, bravamente resiste.

Insiste...

Sonhava com dias gloriosos...

Hoje, pesa­te a juba...

Reina, cambaleante, nas areias que cintilam...

Orgulhosamente... tomba com sua coroa...

Sobe ao céu um rei...

Desce à terra um anjo... 

Chora, em nuvens ao longe, sábia natureza.

Chega tarde o milagre de quem a todos fez.

Com ele renascem as pequenas criaturas...

A vida que se renova, canta a quem piedosamente, 

age e embeleza as areias que em flor relutam pela 

eterna ânsia de ver­viver.

(30/05/2008).

9

UM DISCURSO DIFERENTE

Um insólito discurso saiu a esmo.

Tinha­se como sábio.

Mas não conseguiu nem mudar seu modo de ser: 

introdução, desenvolvimento­conclusão.

Às vezes incoerente cambaleava e caía nas sarjetas 

dos babados formais.

Sem alma, deixava­se muitas vezes à  margem de 

uma sala  velha  qualquer;  pretendia­se  assim para 

chegar a ser subliminar.

Apelativo ao extremo, fazia­se berrante pela melosa 

ânsia de transformar o ser.

Sua vestimenta   lhe  caía como uma  luva,  mas  lhe 

faltava charme, encanto...

Tentou se vestir diferente, desarrumar­se, entrar em 

um movimento social qualquer que fosse. 

Queria­se   anárquico:   conclusão­desenvolvimento. 

Mas, só ficou na introdução.

Deixou   suas   madeixas   crescerem   em   versos 

10

esvoaçantes.

Agora se veste à moda da natureza, cultua um jeito, 

diz ele, “natural de ser”.

Passou a se impressionar quando via algo belo.

Seu argumento­alimento, agora é o vento­acalento, o 

sol­inspiração,   as   borboletas­ortográficas,   não   se 

pretende mais sábio.

Conforma­se simplesmente em ser.

Não traz consigo em seus bolsos tantos floreios. 

Suas   vulgares   linhas   desfilam como   as  ondas  do 

mar, que encantam sem a pretensão de encantar.

Com   tão   imensa   transformação,   o   discurso   antes 

letras frias, orgulhou­se humildemente ser­canção. 

(05/06/2008).

11

VIDA SIMPLES

Quem algum dia, ao fulgor da lua,

Não lembrou de um grande amor?

Daquele que marcou a vida sua,

Que quando no peito o sente rola uma sutil dor?

Quem não se emocionou com o riso das crianças?

Com as músicas apaixonadas do Vinícius?

Qual  homem,  da   linda  morena,  não  quis   tocar  as 

suas tranças?

Fazer isso todo dia para trazer bons auspícios?

Quem não ficou a lançar pedras no rio?

A olhar o peixe alegre no lago pular?

Na São Silvestre correr e, ver isso só como mais um 

desafio,

Sentir­se   vivo,   capaz   e,   com   o   vencer   não   se 

preocupar.

12

Pequenas coisas, coisas tão simples e singelas,

Tão importantes quanto à teoria da relatividade,

Tão  importantes quanto ao príncipe acabar com a 

donzela.

É   o   homem que  se  humaniza  e  esquece  de   sua 

animalidade.

(17/06/2008).

13

QUEM SERIA TOLO EM SE APAIXONAR?

Eu não quero me apaixonar...

Já vi pelas ruas muitos resmungando,

Resmungos de perdidos seres errantes.

Quantos não compreendem a paixão!

Saem pelas ruas dominados por ela,

Como cocheiros que não dominam suas carruagens,

Saem com dois  equinos alados,  cada um procura 

seu lado,

Não se entendem, não são dominados...

Assim é o homem apaixonado.

Não consegue se perceber perdido.

Aos risos calafrios investem em uma paixão.

Decoram um verso qualquer...

Sem rima, sem lima afinam seu balbuciar,

Congelam como tolos apaixonados,

Ao olhar da Medusa.

O esperto, ao olhar a musa pelo espelho,

Não se intimida, mas não se aproxima...

14

Em seu peito uma ferida,

Como o coração flechado pelo cupido...

Assim é a paixão...

Fogo que fere, que ensina...

Assim é o homem apaixonado...

Ferido, alucinado, alguns o pensam como coitado...

As   costas   do   apaixonado,   enfrentam   o   pesado 

arreio...

A tortuosidade de seus sentidos, não lhe pôs freio.

O frio que acalenta suas noites mal dormidas, criam­

lhe fantasmas,

Que   o   assombram,   que   o   assustam...   Mas,   não 

apagam   a   feliz   luz   que   o   impulsiona   a   migrar   à 

paixão­Amor.

(05/07/2008).

15

MULHER 

Mulher

ter­me­ia por 

tautológico 

se te dissesse que carregas 

tão imanente:

o Caos e a Divindade.

Porém, o Caos

fez­te sóbria.

E, a Divindade 

a venerou.

Presenteaste 

aos homens

com  inspiração...

com Inveja 

às mulheres

(Inveja do teu próprio reflexo?)

Mas, soube­te bela e 

evoluída criação.

16

Aos apaixonados 

poetas 

muitas vezes

como mote:

fez­te musa,

fez­te versos

fez­te rimas

Enfim,

fez­te

Lágrimas e Poesia. 

(13/09/2008).

17

METAPOESIA 

Vê se te desentorta!

Pareces letra morta.

Não adormeça na falta de rima.

Acordo­te pra algo que não imaginas...

Com teus enleios abro portas.

Vê que és matéria­prima!

Pra uma obra que não termina.

Sinto­te imperfeita.

És menina não cativa, ativa...

Conduze­me a mundos desconhecidos,

Recônditos mais íntimos de amores perdidos,

De almas de donzelas sofredoras,

A amores sonhados.

Às   vezes   te     confundes     perdidamente   com   a 

ciência,

Às vezes  abraça­te sutilmente a almas,

Mas, com a história te encantas, casa­te...

Atravessas com teu penetrante olhar 

18

O mais duro dos corações...

Fizeste­te assim, ninguém te entende...

Mas, sente como se em algum momento

Fizesses parte de sua vida.

Assim és – menina singela –

Letras quentes­frias 

Que nos conduzem ­ tão longe, tão perto –

És doce­útil Poesia.

(24/10/2008).

19

ARS ROMÂNTICA

Você, de minha vida, Gramática

Com inesquecíveis adjetivos 

De semânticas invejáveis

Por alheias disjunções.

Nem que inúmeras vezes 

Você esqueça nossos sentimentos

Eu não esquecerei

Que nos verbos de nossos caminhos 

A conjugação que em seus lábios vejo

É o futuro do presente.

Você é meu presente

Dado carinhosamente

Pelo Verbo que se fez Carne.

Queria ser...

Como o caminho não tortuoso,

Pois, interjeições­rejeições 

Nos fazem imperfeitos.

Junto com você

20

Futuro claro

Presente harmônico...

(Devaneios de um sóbrio­desvairado)

Mesmo que me falte inspiração

A catarse deste amor

Escreverá poemas em araucárias.

Nosso Romance – uma Comédia

Eu com minha cambaleante retórica te enrolei

E você, tolerou este títere 

Com condução  de ourives

Com ciência­paciência

Que fez da pedra bruta da Paixão

Rica obra­prima do Amor.

(30/10/2008).

21

HÁ TANTO DE MIM EM TI

Há tanto de mim em ti

Que às vezes te me confundo.

Sinto­te tão minha

Mas, sei que é confuso

Que o homem 

Quando é profundo 

Se perde em seu mundo...

Perde a lucidez

Embrenha­se em florestas

Em que ecos distantes

Tolhem seus sentidos...

Pensa­se lúcido.

Todavia o que vê 

É o incompreendido sonho de outrora

Que engatinha,

Logo caminha...

E... vai embora...

Logo recobra a memória

22

E, vê que o que vale

É a pena que pinta a folha

Pra descrever o que compôs 

Sua rica ou pobre história.

(06/03/2009).

23

VIDA BANDIDA

Ah Bandida vida!

Que no melhor da peça apaga a luz.

Deixa frustrados os espectadores.

Aqueles que já a viram 

Ficam com as dores de suas lembranças,

Aqueles que não a viram:

Esvaziam­se na expectativa...

Mas, o show deve continuar,

Pois a arte é a bela expressão.

O palco, também, é onde se percebe

Que o amanhã não se finda,

Que a cortina, as cenas a interromper

É apenas um momento que se passa,

E o que fica,

Talvez seja a certeza 

De quem a obra dirige

Não liga para as vezes que a cena se repete.

Para quem a encena é a quase­certeza

24

Que a perfeição que a torna bela

É a aquarela que a impinge 

A singela forma disforme

De quem a busca ­ mesmo que ­

Inutilmente.

(01/03/2009).

25

EXISTÊNCIA PESSOAL

Nem tudo que se vê é o que realmente é...

As estrelas nem sempre são planetas ou sóis???...

O eterno parece às vezes não durar um segundo...

O que realmente se quer da vida?

A liberdade às vezes parece uma utopia envolvida 

em papel de chocolate.

O que se quer da existência?

A não ser que ela seja sublime e sem dor...

O que é o homem? 

Exceto pelo fato de ser um animal um pouco mais 

evoluído do que os outros animais?...

Como ser? 

Por que ser? 

Se quase sempre o que vale 

É o que carrego em meus quase limpos bolsos... 

Ou o volume ignóbil de minha algibeira.

Como um vago devaneio rondo as noites, em busca 

de que não sei.

26

Por que saber? 

Se não sei, não sofro. Não choro as dores do que 

não sinto­vejo.

Como eram belas as flores de cera, quando eu não 

conhecia o perfume das vivas flores.

Hoje... sinto falta do rio, e nem ao menos sei nadar... 

Sinto falta do mar, mesmo odiando o sol me queimar. 

Como é triste a incerteza, o não saber, o saber...

Como é bela a vida que segue por ela mesma.

(04/04/2005).

27

VOCÊ PODE SER FELIZ

Você sabe o que a vida diz,

Não importa o que você ouça 

Nos momentos de desespero.

Você sabe que tem que ser feliz!

Você sabe que pode ser feliz!

Há pessoas que passam por você como o vento,

E não sabem que te fazem sofrer

Quase não importa que elas dizem

Quase não importa quem elas são

São amigos ou amigas

Que te deixam uma lição.

Cantam um canto sem igual

Embora não pareçam 

São sementes de frutos bons

Criaturas tão benditas

Que nos ensinam a viver.

28

Tudo isso parece loucura

Tudo isso parece uma prisão

Mas nossas mentes são bem maduras

Para ver que mandam no coração.

Nada aqui parece valer mais

Que sorrisos e sonhos felizes

De amigos ou amigas fugazes

Que perdoam nossos deslizes.

A essência das flores 

A ausência de amores

Completam o vazio

Que parece viver em meu peito

São motivos e embalam 

Meus pensamentos tão raros

À leitura da vida

Aos tesouros tão caros

Que são revelados àqueles que...

Àqueles que...

Se deixam solver

29

Pela incontestável leveza do ser...

Que não se deixam abater

Pela imposição do ter

E buscam o saber

E a vida vale a sua pena

Quando a alma não se torna pequena

E se torna serena

Nos braços da minha flor melena

Pequena, melena, serena.

Agora eu sei o que a vida diz!

Importa sim o que ouço

Minha mente antes num calabouço...

Entoa um canto sem igual

Que me impulsiona a cantar,

Sei que tenho que ser feliz

Importa sim o que a vida me diz.

Desde que me encaminhe aos encantos

Dos cantos dos pássaros,

Dos embalos das valsas, das salsas

30

Nos salões de suores, ofegos, amores

Em que a espera 

Da próxima música seja por aquela

Que ao altar jurar 

Que a vida tortuosa ou bela 

Seja a vivida ao lado de seu Amor.

Mesmo que tenha alegrias

Mesmo que tenha a sábia e inevitável maestria da 

dor.

(18/05/2009).

31

GRILO

Pequeno grilo

Que em meus pensamentos habita

Interroga se o que às vezes vejo é a verdade.

Se a serenidade é esta menina que vaga a esmo.

Repito, 

Insisto,

Que mesmo que não queira 

A verdade

É o grilo

Que pula,

Que me impulsiona às veredas

Nunca antes vista.

Aceito.

Que no meu peito bata 

O desejo de que a liberdade

seja como a menina:

Formosa, 

Sonhadora, 

Ladina... 

32

SEMPRE QUE DESPREVENIDO

Sempre que desprevenido

A vida me põe a correr

Não me tenho como vencido 

E me ponho a aquecer

Sofro, cresço e resmungo

Ao início da longa carreira

Porque sei que tenho o mundo

A percorrer com nada na algibeira

Digo que a vida só ensina

A quem tem olhos bem abertos

Um atento ouvido que se atina

A manter o coração bem desperto

33

A vida este rico presente

Que sem preço nos foi dado 

Ensina­me a ser diferente

E pelo amor ser inspirado

Aposto, e sei que hei de ganhar

Que o que é feito com amor

Tem a graça de embelezar

Como a sutileza da vida e a harmonia da flor.

(01/08/2009).

34

NOTA­MI

Bela

Linda e formosa

Com’ um sol

Como no sol

Que de Lá brilhas.

A mi’ tens

Com’ um prisioneiro

D’um cárcere voluntário

A ré deste crime!

Que dó de mi’

Que por querer

Tem só a si.

Nesta Melodia,

Que faz­me

Um cantante enamorado

Só tem você!

Então, nota­mi.

35

OLHA PARA MIM...

Oi!

Olha para mim,

Pra esta carência.

Quero ser tua arte.

Tua ciência.

Quero ser tua parte.

Tua fórmula: eureca.

Roçar teus lábios.

Na química amá­la.

Quero somar nosso amor

Às estrelas infinitas.

Saborear seu eflúvio,

Nosso amor, um dilúvio,

Água que corre, 

Destrói, 

Constrói...

Quero ser...

Tua terra distante.

36

Navegar em seu mar,

Nos seus braços suar.

Ainda não satisfeito,

Digo: 

­ Oi! Olha para mim.

Seus olhos, seu coração

Embora tão pertos, distantes.

Nos seus cabelos, um abrigo.

Não sou só seu amor, 

Sou também seu amigo.

Confessa pra mim,

Comunga comigo,

Olha para mim.

(25 de fevereiro de 1999.  Revisão em 16 de agosto 

de 2009).

37

CIRCÃO

Palhaços alegremente brincam no trapézio.

Os Ursos brincam no tobogã. 

Sonhos de Corujas passam na corda bamba.

Cachorros uivam harmonicamente a  Tocata e Fuga 

de Bach.

Somos Palhaços do circo chamado ignorância.

E vivemos a sorrir. Mesmo que de vísceras vazias.

Somos felizes, como os bobos da corte.

Da corte que corta nosso sonh’ilusão.

Somos Cachorros que vivem das sobras. 

Somos Focas. Fofocas. De uma imensa tenda.

Somos o vazio do Globo da morte. Há  quem nos 

defenda?

Somos os Trapezistas que contam com a sorte.

Somos Ursos tirados das cavernas.

38

As Moças Sofredoras das antigas tabernas.

As Corujas de Nitsche. Os sonhos de Freud.

Somos o consciente. O Inconsciente. A loucura...

Somos os Cachorros. Os Ossos.

Os ressequidos Ossos na boca do Rei.

Somos o silêncio do Miquinho.

Somos o filho, palhaço­palhacinho.

(19/11/2008).

39

LETRAS QUE SE PRETENDEM UM POEMA

Na literatura busco minha expressão

Nesta infame dor que meu peito aperta

Que só se restabelece quando se liberta

Quanta Solidão. Quanta Desilusão.

Que quando somadas à Inspiração

Numa’quarela transforma a tela

Que quanto mais intensa sua cor

Mais parece perfeita, mais parece divina

As pulsações impingem ao papel 

Uma indelével e eletrocardiográfica obra

Que se pretende Arte

Que de minha vida antes fez parte

E hoje letras errantes se amontoam

Criam vida, encarnecem­se à ponta porosa

Que em lágrimas engrossam a tinta

Que estranho! Mas torna a vida mais saborosa

Oh ciência quase que inexplicável!

Que estuda este amontoado de signos

40

Quer seja ele arte, quer seja ele loucura

Só   sei   que   em   mim   desencadeia   um   imaginário 

mundo

Num golpe impensado marca a folha

Marca as mãos que emprestam à inspiração

Para conduzir aos ditames do inexplicável

Quando mais penso! Mais desisto.

Quanto mais vivo. 

Mais Resisto à dor que de meu peito não sai

E enalteço a inspiração que ela me traz!

Sou feliz quando escrevo

Sou feliz quando a pena desliza 

Sou mais homem quando das palavras escorrem a 

candura   e   a   singeleza   da   imensa   e   inexplicável 

forma   de   tentar   traduzir   a   vida   em   letras   de   um 

poema.

(24/11/2008).

41

QUERIA POESIA

Queria tanto escrever uma poesia... 

Que quando terminassem de lê­la, o pranto regasse 

nossos desencantos...  Que o bandido ao  invés de 

fazer escorrer o sangue, fizesse escorrer água em 

um lindo jardim. 

Que   o   corrupto   de   seus   suntuosos   palácios   se 

arrependesse  e  se   fizesse  amigo  dos  velhos,  dos 

doentes e pobres almas que morrem inocentes... 

Que   o   traidor   se   convertesse   em   fiel   homem   de 

conduta linear. 

Que   os   versos   às   vezes   mudos   gritassem   e 

mudassem o revolto clima... nossa mesquinharia. 

Que  o  engenheiro  ajudasse  ainda  mais,   com sua 

matemática, o meio... 

Que aqueles que vagam a esmo encontrassem seus 

caminhos... 

Que aqueles que são sovinas não economizassem 

mais carinhos. 

42

Que o pobre enxergasse mais que o pão que sua 

mesa falta. 

Que   aqueles   que   não   encontram   a   felicidade, 

percebessem nela (a poesia) um pouco de Deus... e, 

explodissem em frenéticos risos e nesta frenesi se 

percebessem lindas e ricas criaturas... 

Mas sei que muitos a ela não teriam acesso... 

E estaria ilhado todo este processo... 

Todavia,   aqueles   que   a   vivessem   fariam   como   a 

chuva   que   chega   de   surpresa,   e   o   mundo   se 

convergiria em uma extrema alegria, em que um dos 

primeiros passos seria: respeitar a todos, sobretudo 

a  quem um  dia,   num  momento   de   lúcida   loucura 

ousou em pensar um mundo melhor, nem que seja 

em rabiscos em folhas de um livro qualquer...

(04/01/2009).

43

SIMPLESMENTE MULHER

Que retrato é esse que não se repete?

Que ao sol remete­se sem medo de se queimar?

Que áureas horas sai para seu tesouro granjear?

Que às manhãs aos sentir o calor dos seus, jubila­

se?

Bela é a Mulher, esplêndida arquitetura divina...

Que padece, pranteia­se, emociona­se, lamenta­se...

... Às vezes, por não ser mais. Às vezes por não ter 

mais...

O que humildemente poderia partilhar...

Maravilha ao passar na rua balançando a sobriedade 

de quem sabe aonde ir.

Mãe, esperança, simplesmente mulher...

Que gera, Regenera.

Quem não se comove ao ver tanta dedicação...

Quem não se encanta, ao ver fortaleza tão doce... 

serena... graciosa.

Solidão nas claras noites:

44

vela   por   aqueles   que   erram   nas   torpezas   deste 

insano mundo;

vela por aqueles que se incendeiam nas moléstias;

Que inesporadicamente implora que fossem suas...

Sabe   o   que   profere,   como   chora,   como 

charmosamente perde a lucidez...

  Mulher,   se   soubesses   quanto   este   mundo   se 

assemelha a um jardim, quando o enfeita com sua 

graça, seu multicolor jeito de ser...

Como se sentem tolos aqueles que se embrenham 

no insano e vazio ofício de tentar te entender.

Fórmulas, teses, dissertações; enfim, pesquisas da 

ciência,   filosofia,   arte,   religião   não   explicam   o 

inatingível e indecifrável charme de você MULHER.

(Homenagem à  sua esposa Jaqueline, pelo dia da 

mulher em Março/2008 ­ 07/03/2008). 

45

A MINHA BOCA NÃO PODE PROFERIR RUDEZA

A minha boca não pode proferir rudeza

Embora em minha volta haja violência e aspereza.

Sei quanto é difícil seguir os retos caminhos

Fazer nascer luz em um escuro mundo mesquinho.

Hoje sentimos, como nunca, a falta de esperança

Porque o homem insiste em sua ignorância

De esquecer do Deus que se fez criança

Esvaziando­se assim de temperança.

Na multidão em que a solidão impera 

O homem esquece­se e torna­se fera

Impiedoso se aproveita da dor do semelhante

Ainda mais triste faz o seu semblante.

O mundo loucamente se enfurece 

Com aquele que de infelicidade não padece. 

“Como pode alguém sorrir? 

46

E às noites, mesmo de vísceras vazias, dormir?”

A consciência explica bem,

Como ainda viver num mundo de ninguém.

Sei que a natureza menina bela

Em prelúdios, luzes e aquarelas

Entoam numa inigualável sintonia

Que nem Mozart, Chopin, em suas sinfonias

­ Apesar de imensas genialidades –

Conseguiram tal feito e qualidade.

Sei que Deus tudo criou

Sei que Ele muito nos amou

Mas espero como sua criação

Ter mais sabedoria e inspiração

Para optar por crescer sem destruir

Amar, sonhar, viver e evoluir.

Não sei, como criatura apenas não sei

Se intensamente viver, de aprender hei.

47

Tão ricos, pelo Pai chamados de filhinhos

Escolhemos de vários, os piores caminhos.

Nem céu, nem inferno,

Nem verão, nem inverno,

Conseguem mudar nós amadas criaturas

Nem com todo discurso vindo das alturas

Com veemência, sabedoria e amor

Convenceu­nos que sermos sós é opção de dor

É ser ilha num imenso oceano

É ter eternidade e querer viver só um ano

É possuir um tesouro infindável

E querer se alimentar com o resto imprestável.

Não sei! Apenas não sei.

Por que somos assim.

Peço que Deus em sua imensa bondade

Tenha piedade de todos e de mim.

Que eu consiga controlar os meus lábios

48

E lutar contra o pecado como um bravo.

Que a sapiência que às vezes penso ter

Não seja engodo da sensação de um falso poder.

Quando a sabedoria embalar meus dias

Seja mote de grande alegria

Não para o orgulho

Não para o vão barulho

Mas para que aqueles que buscam a luz

Vejam, que embora pecador, busco o exemplo que 

veio da cruz

E que agradecido como Davi, o Rei

Canto, danço e louvo a Agnus Dei

O Cordeiro que se fez oferenda

Para o mundo inteiro salvar

Embora às vezes ele não entenda

Que a sua maior lição 

Foi a todos sem distinção

Amar, Amar, somente amar.

(03/06/2009).

49

AMIZADE DE CÃO

(ouço preocupado latido)

Meu cão

Insiste

Não desiste

D’este cuidar.

Meu cão amigo

Mesmo ignorado

Nos dias de labuta

Em que a hora teima não passar

Com o abanar de sua calda

Dedica sua fidelidade para não desagradar.

Sua tristeza

Talvez maquiada

Talvez ofuscada

Pelo meu egoísmo que se aflora

Que me diz que o agora

Tornou­me uma fria placa

50

De outrora moldada na prata.

Meu cão

Nem que lata

Nem que vire a lata

Recebe atenção...

Não a que merece

Pelas vezes que padece

Pelo vão esforço

Que lhe salta aos olhos

Em querer fazer­me sereno 

Em querer fazer­me feliz.

Sei que seu ato me diz

Que o amigo

Que vive comigo

Embora cão

Bate­lhe no peito coração

E com ele, uma milenar lição.

Ele, às vezes sabe mais...

Penso saber, que às vezes falta­me paz...

Homem e cão

51

Juntos

Repetem um cosmos

Harmonia Alegria amizade...

Cão e homem se humanizam...

Homem e cão na diversidade

Ensinam que o que importa

É a aceitação

Que pode começar assim:

Homem e cão.

(13/08/2009).

52

IGNORÂNCIA LETRADA

Nem que queiras...

Tem coisa que não muda:

A teimosia dos ignorantes

Que quanto mais letrados

Abundam suas teorias

Que muito bem elaboradas

Adensam a intolerância

Sacrificam as boas normas 

                   da convivência

Mutilam a esperança da evolução

Enfim, inflam­se da mais repleta clientela 

                                     que os sustentam

Também, com suas próprias futilidades 

                               que vem de adornos

Que carregam o homem soberbamente 

                                a não se perceber tão frágil e  

falível criatura.

(14/10/2008).

53

PRESENTE CELESTIAL

Sempre que em verdes prados caminho 

E a natureza me ponho a admirar

O verde se estende como um manto de linho

Alertando­me esta dádiva cuidar.

Para muitos este intento é um espinho

Mas mesmo assim eles se põem a lutar,

Não muda uma pessoa o mundo sozinho

Por isso podemos unidos mudar.

São árvores, animais, rios, nascentes

E muito mais nesta obra celestial

Refúgio ao homem, Perfeitos ambientes

Se não cuidá­los é início do final.

Então precisamos ser diferentes

Zelar, sem cessar pela ordem natural.

 (30/08/2009).

54

QUEM UM DIA DOOU­SE DOCILMENTE POR MIM

Quem um dia doou­se docilmente por mim,

Fez por desígnio de um Pai de Amor.

Tentou afastar­se de sua paixão perto do fim

Todavia, aceitou, por amor, sua dor.

Neste mundo ninguém amou tanto assim:

Tomou para si o fardo do pecador,

Queimou nossas faltas com fogo e ardor

E nas cinzas semeou a paz e o fervor.

Seu sacrifício propõe um mundo novo:

De fé, amor, partilha e sabedoria; 

De liberdade e vida pro seu povo.

Hoje quando ando por estrada sombria

Me lembro seu amor e meu canto te volvo

E preparas pra mim amorterapia.

(01/09/2009).

55

GOSTO

Gosto de seu esnobe jeito de ser!

Gosto, quando mal­humorada, levanta,

Como se o mundo a incomodasse!

Gosto! Quando, repreende os meninos...

Procura, desesperadamente, educá­los!

Mostrar   o   caminho,   que  deseja   certo,   a   que  eles 

devem percorrer!

Charmosamente, você me olha e, me desmonta!

Às vezes, raramente, você é sublime!

Mas... Mesmo assim, você se torna única!

Parece meio desvairada!

Ah que ledo engano!

Pois em sua loucura, esconde­se tão doce criatura!

Que   aos   prantos   se   emociona   quando   vê   as 

sofredoras crianças! Que às ruas correm errantes...

Que toma a dor do próximo, como se fossem suas...

Tão responsável... Assim é você, MÃEZONA.

Quando eu a vi, em escadas da vida...

56

Não sabia que ao meu lado caminharia...

Mas desejei que ao meu lado seguisse...

Olha só,   hoje   você merece inquestionavelmente o 

título,

Daquele   nomezinho   que   não   gasta,   só   se   (te) 

fortalece todos os dias...

Que ecoa, acredito, até mesmo quando você dorme,

“MMMMMÃÃÃÃÃÃÃÃÃEEEEEEEEEEE”.

Texto dedicado à mãe e esposa Jaqueline, pelo dias 

das mães em Maio/2008.

57

Como alguém tão poderoso fez­se tão pequeno?

Com poderosas mãos agraciou os pequeninos.

Sabia­se celestial. No entanto não tirou o pé daqui.

Soube perdoar com tamanha sutileza.

Abriu os olhos dos cegos.

Mas, seu maior milagre foi abrir as janelas da alma.

Ninguém aqui, como ele amou.

Preocupou­se   em   perpetuar   na   Paz   um   reino   de 

Amor.

Como ovelha entregou­se. 

Todavia, quão foi sua grandeza 

Que mesmo assim ensinou.

Tanta   inquietação   causou   no   coração   dos 

poderosos. 

Por querê­los humanos, por querê­los humildes...

Com tão sublimes palavras – curava.

Com tão manso amor – ousava.

Com tão singelos gestos – transformava...

58

Poesias, cantos, contos e teorias – 

Tentam descrever tão pacata criatura.

Que com majestosa sabedoria 

Ensinava os povos 

Que para serem grandes, aos olhos do Pai, 

Deveriam ter mansidão 

E humildade no coração.

Com tão imensa coragem 

O Homem de Nazaré ensinou 

Que para mudar para melhor o mundo 

Deve­se começar por um pequeno 

E espetacular exercício de FÉ.

 

(25/06/2008).

59

AFETUOSAMIZADE

Amigo,

Os níqueis que faceiramente

Tilintam em sua algibeira

Não me importam.

Importa­me sim...

Quando se fazem frondosos

Seus abraços

E quando se converte

Seu coração em

Parabólicas de

Atenção e

Afeto.

21/10/2009.

GRANDES PESSOAS... GRANDES EXEMPLOS

Observando aqueles 

Que se fizeram grande

Me compreendi pequeno

Amansei minha vaidade

E me tornei sereno.

21/10/2009.

61

POES'INSPIRAÇÃO

Minha rica e bela poesia

Na qual busco minh’inspiração,

Sua ausência hipotermia,

Pois se gela meu coração.

Teimas habitar minhas ideias

E a expulsar suas irmãs velhas.

Onde os gênios agora passam

Já passaram os poetas.

Os caminhos que te traçam,

Traçam como traçam setas.

Pois se controla até o vento,

Exceto o que é sentimento. 

62

LEMBRANÇAS

Tilintam tuas tranças

Testam tuas lembranças

Trocam timidamente 

Todas tuas tristes heranças.

22/10/2009.

63

PRIMEIRA NOITE DE AMOR DE UMA MULHER

Meu amor, que de longe imaginado

Pensava existir somente em estrela 

Distante, outrora só em meu fado

Acendeu em mim, da esperança, a centelha. 

Emaranhei desejo não gozado

Em gotas de orvalho na lapela

Nunca havia deste mel experimentado

Sinto­me agora tinta em sua tela.

Controlava, o pecado, meus conceitos

E você, meu amor, os olhou se quer

Com carinho ignorou meus defeitos

E com amor selou uma mulher

Que jamais sonhara tais deleitos

Que docemente em minha vida se fez mister.

64

VERSINHOS

Ó versinhos!

Alguns se fazem peregrinos.

Saem velhinhos.

E se tornam meninos.

22­10­2009.

65

OBJETIVAMENTE

Ainda que lá fora 

Caísse a congelante neve

Queria­me despido de

Minhas pesadas vestes.

Despi­as ligeiramente!

Lentamente vestia­me

Com o calor de cada bom

Momento que havia passado,

Outrora despercebido,

Porém hoje venerado.

24­10­2009

   

66

A­DOR­AÇÃO

O dia inteiro pensando...

Tentando compreendê­Lo...

Espremi meu dedo

Senti a Dor...

Compreendi seu Amor.

27/10/2009

67

VIVERÇÃO

O viver para mim

Às vezes um dilema

De tão­bom­ruim

Faz­se poema.

27/10/2009.

68

SINOS

Sinos soam suavemente

sustentam suas sinas 

sinas: suaves, soberanas.

Sino segue sua missão

ser sinal se somando...

Se soubesse ser humano

Sua sina sua sega

Seria seta acenando

ao seu Senhor­Salvação

assim se sentiria

selando sua missão.

22/10/2009

69

POESIA PERDIDA

Senti quando a perdi.

Doeu­me para nascer.

O dia inteiro me 

Incomodou, porém nasceu.

Desengonçada repousava

No papel de propaganda

De uma autoelétrica qualquer.

Não falava muito,

No entanto havia em suas

Raras palavras 

Um pouco de nós.

Descuidada. 

Ficou eu meu bolso.

Virou papa.

Pena não ter tido tempo

De partilhá­la

Com você... 

27/10/2009

70

O AMANHÃ

Quando me perguntam: 

Que será do Amanhã?

Não sei o que dizer...

Sento na praça, 

Olho a criança,

Sinto o sol no rosto e 

Os pássaros cantando... 

Não sei do Amanhã...

Só sei... 

Que me sinto responsável

Pelo Hoje...

E vivo.

Vivo como se o Hoje me convidasse

A uma visita inusitada ao Amanhã.

Daquela que não avisa...

Assim... 

Vejo­o sentado numa cadeira 

Daquelas de praia 

71

Com um largo sorriso 

A me dizer que a viagem só termina 

Quando a missão estiver completa...

Reticente pergunto: 

Que missão?...

E ele sábio com a face 

Enterrada em sua 

Imensa e alva barba 

Responde: 

Só eu tenho a resposta...

E a resposta 

Estragaria a viagem

Pois mudaria o rumo

A que seguiria... 

E, se não a tiver...

Seguirá feliz...

Pois esta ignorância

É a que te faz sentir ­ 

Mesmo sem saber ­

Meu Amigo. 

72

E eu convido

Sente aqui me fale um pouco

Sobre Hoje.

12/11/2009

73

PÁSSAROS NO VERÃO

Pássaros no verão

Rejubilam­se sem parar...

E eu... “Ai que solidão”.

74

TOLO AMAR

Sonhava em te tocar

Nem que fosse por acaso.

Como é tolo o amar.

75

CORAÇÃO EM GELO

Seu coração em gelo

Acenava para um desgosto...

E eu cego... Ignorava.

76

TEATRO

No seu teatro sonhei

Coisas que nem imaginei

Oh que pena... acordei.

77

UM MOTE­UMA FESTA

Que da vida resta

O meu povo carregava

Um mote­uma festa.

78

FUNDAS RUGAS

Suas fundas rugas

Ensinavam­me sem querer:

Muito vale viver.

79

EXERCÍCIO SOLITÁRIO

Escrever­escrever

Oh exercício solitário!

Dá­me companhia?

80

OBJETIVIDADE

Objetividade.

Foi sempre que me exigiram.

E hoje... Viva o hai kai.

81

AMEI

Sentei­tentei­Pensei...

E hoje sem perceber amei:

Amei, sonhei, vivi.

82

MARELUA

O imenso mar azul

Escondia o brilho de seu olhar

Revelou­me a nua lua.

83

GLOBALIZAÇÃO

Tua tola economia

Fez­te só. Amor na latrina...

Beijas só o frio metal!

84

RECICLAGEM

Raios solares doíam 

Em minhas massacradas costas.

Natureza grata.

85

ADEUS À INOCÊNCIA 

Mão no queixo trazia

Suas lembranças de outrora.

Sua Inocência embora.

86

ESPERANÇA DE CONSCIÊNCIA

Na fresca trilha 

Um pedaço da natureza:

Saúde e saudade.

87

VINHO

Você foi meu vinho.

Embriagou­me loucamente:

Perdi meu caminho.

88

DE NOVO HUMILDADE

Meu sapato furou,

Minhas ideias se rarearam,

Meu coração acalmou.

89

EGOÍSMO 

O egoísmo é uma latinha

Que se encaixa bem certinho

No vazio armarinho.

90

ESSÊNCIA

Diz­me preguiçoso.

Economizo em meus versos.

Esbanjo o que  sinto.

91

INVEJA

Esvaziava­me com o olhar...

Aquele que tudo sabe:

Enchia­me.

92

INTERNETÊS

Em seu internetês

Não entendia.

Por que “você” 

Com cê­cedilha 

Se escrevia.

93

POESIA VAIDADE

Queria­me no topo

Com escadapoesia

Mas cada poesia

Me mostrava

O que não queria.

Queria ela ­

Encanto e maestria ­

Despertar 

No vaidoso homem

O que antes não via:

Sem vaidade 

Mais rica 

Se torna 

A poesia.

02/12/2009.

94

SALGADA ILUSÃO

Por que me pedes

Um salgado sopro?

Por que me medes

Se por você eu sofro?

Repugnas meu tormento.

Só me queres,

Se te sou alento...

E se te busco ­

Só encontro o vento.

95

ESPELHO

Ah espelho!

Que não reflete 

O que outrora refletia.

Hoje parece opaco

Ao peso das auroras

Que Alegre incandescia...

A relúcida

Ousadia

Não retornou

Deixou­me os vincos ­

Que à pele flácida

Pelas ausências ­

Escorrem os anos.

Que são tantos 

Que às vezes

Só me recordo 

Pelos ensabecedores,

Desenganos.

96

Ou pelas vezes

Que me 

Surpreendo

Vendo­te­me 

Tão longe

– tão perto

E não me lembro bem 

Nem meu nome

Ao certo.

(10/12/2009)

97

QUEM DERA...

“Quem dera que a lua 

Fosse a rua em que trafega seus sonhos...

Ficaria tão fácil de supri­los

Ficaria tão difícil de tocá­los.”

98

MAR­AFETO...

Entre o Mar

E o Cio

Fez­se

Afeto...

Hoje mais 

Mar

Do que 

Cio..

A Onda

Corre,

Nela 

O sonho: 

Do Mar...

Em si.

99

SOLIDÃO

Nesta imensa sala em que me encontro...

De dimensões dois por dois.

O eco parece latente

Amplifica mais ainda

O que o peito insiste em esquecer...  

E as gotas da sólida chuva

Enganam a contagem da minha pulsação,

Que me sufocam avultando a teimosa pressão...

Ah, quanto do corpo é sentimento?

Quanto do tempo se esvai ao vento...

Sofro por nada...

Sofro por tudo...

Que nem mesmo o certo

Preenche este imenso vazio

Em que virou este meu peito aberto.

(02/05/2010).

100

POR QUÊ?

Por que sinto tanta sua falta?

Se me às vezes enche tanto?

Se me às vezes machuca muito?

Até suas abusivas ausências

Me presenteiam de uma forma tão estranha...

Dizem que é a mágica do amor

Que disfarça a monotonia de um dia inteiro

Ao lado de uma árvore velha qualquer

Embaixo de sombras tão confessionais...

Assim é o amor...

Tão apaixonante, tão tolerante,

Tão poderoso...

HUMMMM....

Assim é o amor...

(02/05/2010).

101

INDAGAÇÃO

Tanto tempo a indagá­la,

Nem mesmo um sorriso tosco...

Tanto a venerá­la,

E só a me fitar com aqueles olhos brancos...

Do meu mar, 

As rotundas águas a controlar...

Queria 

Que de meus versos fizesses

Obra perfeita...

Que, das querelas, da magnitude

Que em seus lábios rochosos encontrei

Fostes 

A bandeira 

Que tremulava...

A insignificância 

Com que me cobria

102

Em noites de 

Lua Cheia.

103

SILÊNCIO

Na magia do silêncio, 

Brotaram palavras enigmáticas...

Gritaram­me ao peito,

Rasgaram a branca folha.

104

MANIA DE SER COMPLICADO 

Quão simplistas foram suas frases, 

havia­me de duvidá­las, 

por  não crer que fosse tão fáceis de vivê­las... 

Ah, essa  minha mania tão tosca, 

de complicar o que é óbvio...

 01/07/2010.

105

LIBERTIZAR

Os versos...

Embalam meus dias,

Encantam minhas noites,

Destroem meus desencantos ­

Quase sempre perversos.

Meus versos são 

Às vezes

Meus filhos

Meus sonhos

Minha musa

O ar que respiro

O nascer sereno da semente

A dor do pobre

A solidão do rico

A felicidade da cura...

Os versos

106

Não os desvendo

Como não desvendo

Minha ignorância.

Versos...

Tão diversos

Quando o penso certos

Perambula,

Tremula,

Pulsa, 

Assombra...

Sinto­os na sombra.

Fugistes por quê?

Quando não te encontro

Procuro te construir

Em meu viver

Porque às vezes se confunde 

Emaranha­te com ele.

107

Poetizar é 

Tentar pôr na folha

O que só o coração sente.

Às vezes dá certo...

Às vezes não.

Mas de não em não

Constrói­se, 

Encarnece­se...

Versos,

Tão escorregadios

Procuro segurá­los...

Mas, amas a liberdade, 

Mesmo que em dois por dois...

Porque poetizar,

Também é 

Libertizar. 

  

108

MARCIO JOSÉ DE LIMA

MEUS RABISCOS EM VERSO

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