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2002 Confederao Nacional da Indstria autorizada a reproduo total ou parcial desta publicao, desde que citada a fonte.

Confederao Nacional da Indstria CNI Unidade de Competitividade Industrial COMPI SBN Quadra 01 Bloco C 17 andar 70040-903 Braslia DF Tel.: (61) 317-9000 Fax: (61) 317-9500 http://www.cni.org.br e-mail: [email protected]

Grupo GestorCNI Confederao Nacional da Indstria SENAI Servio Nacional de Aprendizagem Industrial SEBRAE Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial MCT Ministrio da Cincia e Tecnologia MDIC Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas APEX Agncia de Promoo de Exportaes

CNI. COMPI Metrologia. 2. ed. rev. Braslia, 2002. 87p. : il. ISBN 85-88566-04-4 Projeto Sensibilizao e Capacitao da Indstria em Normalizao, Metrologia e Avaliao da Conformidade, CNI/ COMPI I. Confederao Nacional da Indstria (Brasil). Unidade de Competitividade Industrial. 1. Metrologia. CDD 389.1

SUMRIOAPRESENTAO INTRODUO 1 A CINCIA DA MEDIOConceitos Fundamentais Um Breve Histrico A Presena da Metrologia no Dia-a-Dia A Importncia da Metrologia para as Empresas reas da Metrologia

6 78 12 14 16 17

2 O PROCESSO DE MEDIOFatores Metrolgicos Resultado da Medio

1920 23

3 CalibraoPor que Calibrar O Processo de Calibrao Padres e Rastreabilidade Materiais de Referncia

2930 30 33 35

4 METROLOGIA, NORMALIZAO E CONFORMIDADEMetrologia e as Normas Srie ISO 9000 ISO/IEC 17025: Requisitos Gerais para a Competncia de Laboratrios de Ensaio e Calibrao Rede Brasileira de Calibrao RBC e Rede Brasileira de Laboratrios de Ensaios RBLE Programas de Comparao Interlaboratorial Metrologia e Avaliao da Conformidade Organismos de Certificao Credenciados OCCs Organismos de Inspeo OI Acordos de Reconhecimento Mtuo

3940 41 42 43 44 46 47 47

5 COMPROVAO METROLGICA: ROTEIROIntroduo O Ciclo PDCA para a Comprovao Metrolgica

4950 50

6 ESTRUTURA METROLGICA INTERNACIONAL E NACIONALEstrutura Metrolgica Internacional 1 Metrologia Cientfica e Industrial 2 Organizao Internacional de Metrologia Legal OIML Sistema Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial SINMETRO Conselho Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial CONMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial INMETRO Metrologia Cientfica e Industrial Estrutura Laboratorial Brasileira Metrologia Legal Credenciamento e Qualidade Algumas Organizaes Ligadas Metrologia no Brasil Redes Regionais de Metrologia Sociedade Brasileira de Metrologia SBM Organizaes Corporativas

5354 54 54 55 56 56 57 58 59 61 61 61 62 62

7 FORMAO DE RECURSOS HUMANOS EM METROLOGIA 8 METROLOGIA NA ATUALIDADEAspectos Diversos Sistema Interamericano de Metrologia SIM Comparaes-chave (Key Comparisons )

63 6768 70 71

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ANEXOSSistema Internacional de Unidades (SI) Importncia do Sistema Internacional de Unidades Unidades de Base e Unidades Derivadas Algumas Regras para Utilizao dos Smbolos das Unidades do SI Metrologia Qumica Consideraes Gerais Rastreabilidade Aes do INMETRO Alguns Exemplos da Importncia da Anlise do Tamanho da Partcula para o Produto rea da Sade Siglas Utilizadas Sites da Internet

74 7676 76 76 78 79 79 79 80 82 83 85 87

APRESENTAOA Confederao Nacional da Indstria CNI, em parceria com o MCT, MDIC, ABNT, INMETRO, SENAI, SEBRAE e APEX, desenvolveu uma coletnea de trs cartilhas Normalizao; Metrologia; e Avaliao da Conformidade e a publicao Estudos de Casos em linguagem simples e direta, orientadas a servirem de informao bsica e como ferramenta de trabalho no mbito das empresas brasileiras. Todas as entidades parceiras deste projeto reiteram o seu carter estratgico e, neste sentido, esperam estar, com esta coletnea, efetivamente contribuindo para a construo de um Brasil industrial mais competitivo. A progressiva globalizao da economia, conjugada a um ambiente tecnolgico crescentemente dinmico e competitivo demonstra, por si s, que a agenda para a competitividade da indstria brasileira rdua e merecedora de intenso esforos dos diferentes agentes: Governo, Iniciativa Privada e Organismos de Apoio. Nesse sentido, o emprego de ferramentas como a Normalizao, a Metrologia e a Avaliao da Conformidade, como forma de agregar valor a produtos e processos industriais, vem, cada vez mais, crescendo em importncia, em especial no acesso e manuteno de mercado. Conseqentemente, o emprego de tais ferramentas precisa ser intensificado em um ritmo acelerado. A cartilha Metrologia Conhecendo e Aplicando na sua Empresa tem como objetivo principal auxiliar as empresas na utilizao e interpretao dos conceitos da Metrologia seja nas medies empregadas em laboratrios, nas avaliaes de conformidade do produto, nas calibraes de equipamentos e instrumentos ou no dia-a-dia do controle de um processo de fabricao. A Metrologia est intimamente ligada Normalizao e Avaliao da Conformidade. As trs funes interferem diretamente na qualidade de um produto ou servio. A busca da metrologia como um diferenciador tecnolgico e comercial para as empresas , na verdade, uma questo de sobrevivncia. O sistema metrolgico brasileiro apresenta hoje maturidade suficiente para um salto qualitativo. Como estratgia bsica, tem praticado a capacitao e agregao de recursos humanos de alto nvel com o objetivo de promover a sua insero na rea cientfica e a consolidao do seu papel na rea tecnolgica. Neste campo, o Brasil tem envidado esforos no sentido de construir uma infra-estrutura, a exemplo das redes de laboratrios nacionais de metrologia, que, sem dvida, possui um papel fundamental na alavancagem da competitividade da indstria brasileira. Fernando Bezerra Presidente da CNI

INTRODUO

METROLOGIAPalavra de origem grega (metron : medida; logos: cincia), a cincia que estuda as medies, abrangendo todos os aspectos tericos e prticos.

A presente publicao tem como objetivo fornecer auxlio s empresas na utilizao e interpretao dos conceitos da Metrologia a cincia da medio seja nas medies empregadas em laboratrios, nas avaliaes de conformidade do produto, nas calibraes de equipamentos e instrumentos ou no dia-a-dia do controle de um processo de fabricao. Atualmente, devido confiabilidade dos sistemas de medio, seguindo-se risca os requisitos e especificaes tcnicas e atendendo-se aos regulamentos e normas existentes, possvel produzir peas (e/ou acessrios) em diferentes partes do mundo e estas peas se encaixarem perfeitamente (condies de intercambiabilidade e rastreabilidade).

Uma lmpada pode ser fabricada nos EUA, enviada para montagem num farol de carro produzido no Brasil e este ser instalado num carro italiano.

Ao longo desta cartilha, procuramos demonstrar como a funo Metrologia est intimamente ligada s funes Normalizao e Avaliao da Conformidade, e como as trs funes interferem na qualidade. Juntas, estas funes formam o trip de sustentao do programa denominado TIB Tecnologia Industrial Bsica.

1A CINCIA DA MEDIO

CONCEITOS FUNDAMENTAISO conceito de qualidade e satisfao do cliente faz parte do dia-a-dia do consumidor e dos empresrios. No existe mais espao para empresas que no praticam a qualidade como o seu maior valor. E para garantir essa qualidade necessrio e imprescindvel medir .

O que qualidade de um produto ou servio? Dentre as muitas definies informais, qualidade significa ser apropriado ao uso, ou seja, ter a performance, durabilidaA CINCIA DA MEDIO

de, aparncia, utilidade, conformidade e confiabilidade esperadas pelo cliente.

Medir uma grandeza compar-la com outra denominada unidade. O nmero que resulta da comparao de uma grandeza com uma unidade recebe o nome de valor numrico da grandeza.

8METROLOGIA

O comprimento de um tubo de ferro , por exemplo, trs metros. Ao medir o tubo, portanto, precisamos utilizar uma unidade especfica para expressar o resultado. No exemplo citado, a unidade o metro, e para medir em metros devemos ter alguma rgua ou trena marcada em metros. A trena ou rgua ser a materializao fsica da unidade. Com base no resultado da medio conseguiremos saber quantas vezes o comprimento do tubo contm a unidade metro.

A maioria das medies no pode ser realizada apenas por uma comparao visual entre uma quantidade desconhecida e uma quantidade conhecida. Deve-se dispor de algum instrumento de medio.

EXEMPLOUm voltmetro para as medies de tenso eltrica. Uma quantidade desconhecida de tenso eltrica promove um desvio no ponteiro do instrumento, e a medida obtida observando-se a posio deste ponteiro na escala. O instrumento foi previamente calibrado, marcando-se a escala em unidades de tenso eltrica.

Durante toda a nossa vida realizamos medies . Medir uma necessidade humana, e na modernidade cada vez mais importante obter medies confiveis.

MEDIOEntende-se por medio um conjunto de operaes que tem por objetivo determinar o valor de uma grandeza, ou seja, sua expresso quantitativa, geralmente na forma de um nmero multiplicado por uma unidade de medida. Por exemplo: medir a altura de uma pessoa (1,75 m), avaliar a velocidade de um carro (80 km/h), conhecer o nmero de defeitos de uma linha de produo (1 pea por 100 mil), calcular o tempo de espera em uma fila de banco (30 min). 9METROLOGIA

Do ponto de vista tcnico, quando uma medio realizada espera-se que ela seja: exata , isto , o mais prximo possvel do valor verdadeiro; repetitiva, com pouca ou nenhuma diferena entre medies efetuadas sob as mesmas condies; reprodutiva, com pouca ou nenhuma diferena entre medies realizadas sob condies diferentes.

A CINCIA DA MEDIO

EXEMPLOSExata: conhecer a quantidade correta de gasolina colocado em um carro. Repetitiva: trs medidas de comprimento de uma mesa realizadas pela mesma pessoa, utilizando a mesma rgua, no mesmo ambiente de trabalho. Reprodutiva: a medida do peso de uma carga transportada por um navio, efetuada em dois portos diferentes.

Apesar de todos os cuidados, quando realizamos uma medida poder surgir uma dvida: qual o valor correto? Observando a figura a seguir, de que maneira poderemosA CINCIA DA MEDIO

saber a hora correta se os dois relgios indicarem valores diferentes?

10METROLOGIA

Neste instante, necessrio recorrer a um padro de medio. Para a hora, por exemplo, um padro poderia ser o relgio do Observatrio Nacional. Para tirar a dvida, ligamos para o Observatrio e conheceremos a hora correta.

Um padro tem a funo bsica de servir como uma referncia para as medies realizadas. Pode ser:!

uma medida materializada (ex.: massas padres de

uma balana);! ! !

um instrumento de medio (ex.: termmetro); um material de referncia (ex.: soluo-tampo de pH); um sistema de medio destinado a definir, realizar,

conservar ou reproduzir uma unidade ou um ou mais valores de uma grandeza para servir como referncia (ex.: a Escala Internacional de Temperatura de 1990).

Continuando no exemplo dos relgios. Como saberemos se a hora informada pelo Observatrio Nacional a verdadeira? Resposta: no saberemos. Por conveno consideramos a hora do Observatrio Nacional como sendo o valor verdadeiro convencional da hora no Brasil.

VALOR VERDADEIRO CONVENCIONALValor atribudo a uma grandeza especfica e aceito, s vezes por conveno, como tendo uma incerteza apropriada para uma finalidade.

Ento quer dizer que para sabermos a hora certa precisamos entrar em contado com o Observatrio Nacional a todo momento? Resposta: no. Se ajustarmos os relgios com o valor informado pelo Observatrio Nacional poderemos saber que horas so a qualquer momento. Este processo de comparao chamado de calibrao , pois estabelece a relao entre os valores indicados por um instrumento de medio e os valores correspondentes do padro.A CINCIA DA MEDIO

CALIBRAOConjunto de operaes que estabelece, sob condies especificadas, a relao entre os valores indicados por um instrumento de medio ou sistema de medio ou valores representados por uma medida materializada ou um material de referncia, e os valores correspondentes das grandezas estabelecidas por padres.

11METROLOGIA

Quando calibramos os relgios, eles foram relacionados com o Observatrio Nacional, isto , as medidas feitas tm como referncia o valor informado pelo Observatrio Nacional. Este relacionamento denominado rastreabilidade de uma medio.

RASTREABILIDADEPropriedade do resultado de uma medida ou do valor de um padro estar relacionado a referncias estabelecidas, geralmente padres nacionais ou internacionais, por meio de uma cadeia contnua de comparaes, todas tendo incertezas estabelecidas.

O resultado de toda medio expresso por um nmero e por uma unidade de medida. Para realizar uma medio, necessrio termos unidades de medidas definidas e aceitas convencionalmente por todos. O Brasil segue a Conveno do Metro, queA CINCIA DA MEDIO

adota as unidades definidas no SI Sistema Internacional de Unidades como padro para as medies.

EXEMPLOMedimos a temperatura ambiente de um escritrio e encontramos 23 oC (vinte e trs graus Celsius). O smboloo

C representa a unidade grau Celsius (definida no SI) e,

12METROLOGIA

pela leitura, encontramos um valor de 23.

UM BREVE HISTRICOO homem cedo percebeu que "apenas" medir no era suficiente, devido grande diversidade de unidades e suas denominaes entre uma regio e outra. Alm disso, variavam tambm seus valores, e para que as medies tivessem sentido, elas teriam que concordar umas com as outras. Padres de comprimento baseados no corpo humano, tais como a mo, o palmo e o p, foram usados no incio dos tempos. O primeiro padro conhecido surgiu no Egito com o fara Khufu, durante a construo da Grande Pirmide (ano 2900 antes de Cristo). Era um padro de granito preto, e foi chamado de "Cbito Real Egpcio".

CBITO REAL EGPCIOTinha o comprimento equivalente do antebrao at a mo do fara. Este padro de trabalho foi muito eficien-

te, pois garantiu uma base para a pirmide quase que perfeitamente quadrada (o comprimento de cada lado da base no desviou mais que 0,05% do seu valor mdio de 228,6 metros).

Em 1305, na Inglaterra, o rei Eduardo I decretou que fosse considerada como uma polegada a medida de trs gros secos de cevada, colocados lado a lado para uniformizar as medidas em certos negcios.

ram a fabricar, pela primeira vez na Europa, sapatos com tamanho padro baseados nessa unidade. Desse modo, um calado medindo quarenta gros de cevada passou a ser conhecido como tamanho 40, e assim por diante.

No comrcio de tecidos, a unidade de comprimento escolhida foi o comprimento do antebrao humano at a ponta do dedo indicador. Essa escolha rapidamente apresentou problemas, pois os comerciantes passaram a selecionar como vendedores pessoas com braos curtos, inviabilizando dessa forma a adoo deste sistema de unidade. No fim do sculo XVIII, aps a Revoluo Francesa de 1789, a Academia de Cincia de Paris recebeu instrues da Assemblia Nacional Constituinte do novo Governo Republicano para propor um sistema de pesos e medidas baseado numa constante natural e que pudesse ser tambm adotado por todas as outras naes seguindo os princpios da Revoluo Francesa de "Liberdade, Igualdade e Fraternidade, criar um sistema que fosse, de fato, internacional.

13METROLOGIA

O novo sistema criou o "metro" como unidade de compri-6 mento (o metro valia 0,1 x 10 da distncia entre o Plo

Norte e a linha do Equador, medido ao longo do meridiano que passava pelo Observatrio de Paris). Criou-se, tambm, uma unidade de massa igual ao peso de um decmetro cbico (dm 3) de gua (1 dm3 = 1 litro). O dm3 tornou-se a unidade de volume.

A CINCIA DA MEDIO

Os sapateiros ingleses gostaram tanto da idia que passa-

Em 1799, o metro foi materializado por uma barra de platina de seo retangular com 25,3 mm de largura e 4 mm de espessura para 1 metro de comprimento de ponta a ponta. Ao mesmo tempo foi confeccionado um padro de quilograma para representar o peso de 1 dm3 de gua pura na temperatura de 4,44 o C. O quilograma foi um cilindro de platina com dimetro igual altura de 39 mm. Esses padres vigoraram por mais de 90 anos. O sistema mtrico no entrou em vigor sem encontrar resistncias, principalmente na massa da populao que suscitou a maior oposio. O Governo francs no se deixou abater pelas revoltas e caoadas e manteve-se firme, firmeza essa coroada de xitos e qual devemos os benefcios que hoje desfrutamos. Em 1875 surgiu a Conveno Internacional do Metro, e em 1960 o sistema foi revisado, simplificado e passou a ser chamado de "SI Sistema Internacional de Unidades".A CINCIA DA MEDIO

No Brasil diversas tentativas de uniformizao das unidades de medir foram realizadas durante o Primeiro Imprio, mas somente em 1862, com a Lei Imperial n 1.157 promulgada por D. Pedro II, foi adotado oficialmente no pas o sistema mtrico francs. No regime republicano, o Decreto-Lei n 592, de 1938, obrigou a utilizao no pas do Sistema Mtrico Decimal. A execuo desse decreto-lei foi atribuda ao Instituto Nacional de Tecnologia INT (do ento Ministrio do Trabalho, Indstria e Comrcio) por meio da Diviso de Metrologia, ao Observatrio Nacional e a uma Comisso de Metrologia com funes normativas e consultivas. O crescimento industrial tornou necessria a criao de mecanismos eficazes de controle que impulsionassem e protegessem os produtores e consumidores brasileiros. Em 1961 foi criado o INPM Instituto Nacional de Pesos e Medidas que implantou a Rede Nacional de Metrologia Legal (atuais IPEMs Institutos Estaduais de Pesos e Medidas) e instituiu o SI no Brasil. Em 1973, em substituio ao INPM, foi criado o INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial , cuja misso "contribuir decisivamente para o desenvolvimento scio-econmico e melhoria da qualidade de vida da sociedade brasileira, utilizando instrumentos da Metrologia e da Qualidade de forma a promover a insero competitiva e o avano tecnolgico do pas, assim como assegurar a proteo do cidado especialmente nos aspectos ligados sade, segurana e ao meio ambiente".

14METROLOGIA

A PRESENA DA METROLOGIA NO DIA-A-DIAO homem utiliza as tcnicas de medio para complementar seu sistema sensorial e "alimentar" seu crebro com dados e informaes. Este conjunto medio + crebro a base de todo trabalho cientfico em prol do progresso da humanidade.

Medir faz parte do dia-a-dia do ser humano, mas nem sempre nos damos conta de quanto a metrologia est presente. Ao acordarmos utilizamos normalmente um despertador. Mesmo aqueles que se utilizam de um servio telefnico no podem esquecer que "em algum lugar" a hora est sendo medida.MEDICO DA HORA

Ao realizarmos nossa higiene diria utilizamos produtos industrializados (sabonete, pasta de dente, creme de barbear, shampoo, perfume, etc.) que foram medidos anteriormente (peso, volume, composio qumica, etc.) e liberados para comercializao. Nos restaurantes que servem "comida a quilo", nos deparamos com mais um exemplo de como a metrologia nos afeta. Para o automvel no ficar sem combustvel e nos deixar parados no meio da rua, existe um indicador da quantidade de combustvel do tanque que nos orienta para a hora do reabastecimento. Para no sermos multados por excesso de velocidade, os veculos possuem um velocmetro que tambm nos orienta. Ao utilizarmos um txi, o taxmetro mede o valor da tarifa em funo da distncia percorrida. No posto de gasolina, nos deparamos com um sistema de medio da quantidade de combustvel colocada no tanque de combustvel de nosso carro. Em casa, no escritrio, lojas, escolas, hospitais e indstrias existe a medio do consumo de energia eltrica, gua, gs e das ligaes telefnicas (esta ltima realizada nas concessionrias). Para a nossa garantia durante o check-up mdico so utilizados instrumentos tais como eletrocardigrafos, termmetros, esfigmomanmetros, entre outros. Os exemplos anteriores e diversos outros que poderamos assinalar demonstram como impossvel para o homem viver sem os instrumentos e/ou sistemas de medidas.METROLOGIA

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A CINCIA DA MEDIO

A IMPORTNCIA DA METROLOGIA PARA AS EMPRESASPara nossas medies terem sentido, elas tm que concordar com as medies de outros homens, seno poderemos chegar uma hora atrasados reunio e dizer que estamos no horrio. Este acordo universal das unidades de medida um dos pontos mais importantes da metrologia. Para que isso acontea, existe toda uma estrutura metrolgica nacional e internacional que garante que os padres so mantidos e aplicados no nosso dia-a-dia. A padronizao de unidades de medida um dos fatores comerciais mais importantes para as empresas. Imagine se cada fabricante de sapatos resolvesse fabric-los com unidades diferentes ou se cada um deles no tivessem suas medidas relacionadas aA CINCIA DA MEDIO

um mesmo padro? Se no houvesse padronizao, como poderamos comprar um 1 kg (um quilograma) de carne em dois aougues diferentes? Numa empresa pode acontecer que um determinado produto seja produzido na fbrica com base em medies efetuadas por um Instrumento-1 e o mesmo produto seja verificado no departamento de controle da qualidade, ou pelo cliente, por meio de medies com um Instrumento-2. Imaginemos que os resultados sejam divergentes: qual dos dois o correto? natural que cada parte defenda o seu resultado, mas tambm possvel que nenhuma delas possa assegurar que o seu resultado o correto. Esta situao, alm do aspecto econmico que poder levar rejeio do produto, poder ainda conduzir ao confronto cliente x fornecedor, refletindo-se em um desgaste neste relacionamento e podendo repercutir na sua participao no mercado.METROLOGIA

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O problema da padronizao das medidas bastante visvel em nossas medies domsticas, o que nos leva, conseqentemente, a obter resultados bastante diferentes. Basta lembrar de casos rotineiros, como, por exemplo, durante:!

a lavagem de roupas: qual a quantidade correta de

sabo, gua e roupa suja?!

o preparo da comida: quanto sal, acar e pimenta a

gosto? Colocar uma colher de sopa de manteiga, se nem todas as colheres de sopa tm o mesmo tamanho?

Problemas idnticos possuem as empresas domsticas e as empresas chamadas de "fundo de quintal". Dificilmente conseguiro uma produo de qualidade uniforme, se no possurem um sistema padronizado de medies confiveis. A busca da metrologia como um diferenciador tecnolgico e comercial para as empresas , na verdade, uma questo de sobrevivncia. No mundo competitivo em que estamos no h mais espao para medies sem qualidade, e as empresas devero investir recursos (humanos, materiais e financeiros) para incorporar e harmonizar as funes bsicas da competitividade: normalizao, metrologia e avaliao de conformidade.

17METROLOGIA

REAS DA METROLOGIABasicamente, podemos dividir a Metrologia em trs grandes reas de atuao: cientfica, industrial e legal. A Metrologia Cientfica trata, fundamentalmente, dos padres de medio internacionais e nacionais, dos instrumentos laboratoriais e das pesquisas e metodologias cientficas relacionadas ao mais alto nvel de qualidade metrolgica.

EXEMPLOSCalibrao de termmetros-padro de mercrio em vidro e de pirmetros pticos. Medidas de comprimento utilizando equipamentos a "laser". Calibrao de pesos-padro e balanas analticas para laboratrios.

A CINCIA DA MEDIO

A Metrologia Industrial abrange aos sistemas de medio responsveis pelo controle dos processos produtivos e pela garantia da qualidade e segurana dos produtos finais.

EXEMPLOSMedio e controle de uma linha de produo de automveis. Ensaios em produtos certificados, tais como brinquedos, extintores de incndio, fios e cabos eltricos, entre outros.

A CINCIA DA MEDIO

A Metrologia Legal responsvel pelos sistemas de medio utilizados nas transaes comerciais e pelos sistemas relacionados s reas de sade, segurana e meio ambiente.

EXEMPLOS

Verificao de bombas de abastecimento de combustveis. Verificao de taxmetros e o controle de emisso dos gases da combusto. Verificao de seringas hipodrmicas (volume e marcaes adequadas).

18METROLOGIA

2O PROCESSO DE MEDIO

FATORES METROLGICOSOs fatores metrolgicos que interferem diretamente no resultado de uma medio podem ser agrupados nas seguintes categorias: mtodo, amostra, condies ambientais, usurios e equipamentos. Desta forma, as medies transformam os fatores metrolgicos de um processo qualquer em uma medida. Pode-se entender a medida como o resultado do processo de medio, e, nesse sentido, sua qualidade depende de como tal processo gerenciado.

MTODOO PROCESSO DE MEDIO

AMOSTRA MEDIDA

CONDIES AMBIENTAIS

USURIOS

EQUIPAMENTOS

Mtodo O mtodo de medio uma seqncia lgica de operaes, descritas genericamente, usadas na execuo das medies para se obter uma medida adequada, ou seja, de qualidade. Basicamente podemos grupar os mtodos de medio em duas categorias: Mtodo de medio direto: o mtodo mais simples de realizao no qual empregamos diretamente o equipamento de medio para obteno do resultado da medida.

20METROLOGIA

EXEMPLOS

Medio de um comprimento com uma rgua. Medio de tenso eltrica de uma tomada com um voltmetro. Medio de temperatura com um termmetro de vidro.

Mtodo de medio indireto: consiste na comparao de um valor desconhecido com um valor conhecido.

EXEMPLOSPesagem de uma pea com uma balana de pratos, comparando o valor da pea com o valor de uma massa padro conhecida. Medio de um volume utilizando um recipiente de volume conhecido.O PROCESSO DE MEDIO

Amostra Amostra significa uma determinada quantidade retirada de um conjunto total (por exemplo de um conjunto de peas, de um grupo de pessoas, etc.) e que pode ser considerada como representativa deste conjunto. Quando selecionamos, condicionamos e tratamos adequadamente uma amostra e esta avaliada e medida, os resultados encontrados podem ser atribudos ao conjunto original.

21METROLOGIA

EXEMPLODe um lote de 1.000 esferas, cujo dimetro desejamos conhecer, tomamos como amostra 100 peas. A mdia das medidas do dimetro das 100 peas pode ser considerada como o valor esperado do dimetro de todo o lote de esferas produzido.

Sendo assim, devemos tomar cuidado na seleo e utilizao da amostra de modo que ela realmente represente o conjunto; caso contrrio estaremos atribuindo valores errados em funo de uma escolha ou manuseio indevidos daquela amostra.

Estes cuidados devem levar em conta, entre outros aspectos: que a amostra seja representativa do lote; que a amostra seja retirada do mesmo lote de fabricao que est sendo analisado; que as medies da amostra sejam realizadas, se possvel, nas mesmas condies de fabricao; que contaminaes que adulterem as caractersticas da amostra sejam evitadas; que o prazo de validade da amostra no esteja vencido.

Condies Ambientais Entende-se como condies ambientais certas caractersticas do ambiente onde osO PROCESSO DE MEDIO

instrumentos so utilizados, tais como: a temperatura, umidade, poeira, vibrao, tenso de alimentao, etc., e de como elas podem afetar os resultados das medies.

EXEMPLOPara avaliarmos a composio qumica de um remdio necessitamos que a temperatura do local seja mantida em 22 oC. Deveremos, ento, instalar um ar-condicionado que permita o controle e manuteno desta temperatura. Quando a temperatura sair do valor correto, devemos interromper as medies.

22METROLOGIA

Usurio O usurio deve ser treinado e capacitado para a utilizao correta do equipamento de medio. Deve tambm conhecer o mtodo de medio, saber avaliar as condies ambientais, decidir sobre a realizao ou no das medies, selecionar adequadamente a amostra a ser avaliada, registrar e interpretar o resultado das medies.

Equipamentos Qualquer equipamento, utilizado isoladamente ou em conjunto, para a realizao de uma medio chamado de instrumento de medio. O conjunto de instrumentos de medio e de outros equipamentos acoplados para execuo de uma medida denominado sistema de medio.

EXEMPLOS

RESULTADO DA MEDIONo existe medio 100% exata, isto , isenta de dvidas no seu resultado final. Na realidade o que buscamos conhecer a grande incerteza, identificando os erros existentes, corrigindo-os ou mantendo-os dentro de limites aceitveis. Erro de medio O erro de medio a diferena entre o resultado de uma medio e o valor verdadeiro convencional do objeto a ser medido. Podemos dividir os erros da medio em trs grupos: grosseiros, sistemticos e aleatrios. Erro Grosseiro O erro grosseiro aquele cujo valor encontrado em conjuntos de medies difere dos outros. Os erros grosseiros, normalmente, correspondem a um valor que deve ser desprezado quando identificado e no deve ser tratado estatisticamente.METROLOGIA

23

EXEMPLO12,5 12,3 123 erro grosseiro 12,4 Um erro grosseiro pode ser causado, por exemplo, por um defeito no sistema de medio ou uma leitura equivocada.

O PROCESSO DE MEDIO

Erro Sistemtico Erro sistemtico a diferena entre a mdia de um determinado nmero de medies e o valor verdadeiro convencional. Este erro pode ser eliminado na calibrao, pois normalmente ocorre em funo de uma causa constante. Os erros sistemticos fazem a mdia de um conjunto de medies se afastar do valor verdadeiro aceitvel e afetam a exatido dos resultados.

EXEMPLOValor verdadeiro convencional: 12,3O PROCESSO DE MEDIO

Medidas: 12,2

12,1

12,3

Mdia das medidas: (12,1+12,2+12,3)/3=12,2 Erro sistemtico: 12,2 12,3 = 0,1

Erro Aleatrio Erro aleatrio a diferena entre o resultado de uma medio e a mdia de um determinado nmero de medies. Os erros aleatrios acontecem em funo de causas irregulares e imprevisveis e dificilmente podem ser eliminados. Os erros aleatrios ocasionam medies espalhadas de forma relativamente simtrica em torno do valor mdio.METROLOGIA

24

EXEMPLOMedidas: 1 a 12,2 2 a 12,1 3 a 12,3 Mdia das medidas: (12,2+12,1+12,3)/3 = 12,2mdia

Erro aleatrio 1a medida: 12,2 Erro aleatrio 2a medida: 12,1 Erro aleatrio 3a medida: 12,3

12,2 12,2 12,2

=0 = 0,1 = 0,1

Caracterizao de Erros Sistemticos e Aleatrios (Exatido e Repetitividade) Quatro atiradores (A, B, C e D), a uma mesma distncia do alvo, atiram 10 vezes. Os resultados dos tiros esto mostrados na figura a seguir.

A

B

C

D

O atirador A conseguiu acertar todos os tiros no centro do alvo (boa exatido), o que demonstra uma excelente repetitividade (boa repetitividade). Neste caso, o atirador apresenta um erro sistemtico e aleatrio muito baixo. O atirador B apresentou um espalhamento muito grande em torno do centro do alvo (baixa repetitividade) , porm os tiros esto aproximadamente eqidistantes do centro (boa exatido). O espalhamento dos tiros decorre do erro aleatrio e a posio mdia das marcas dos tiros, que coincide aproximadamente com a posio do centro do alvo, refletindo a influncia do erro sistemtico. Este atirador apresenta erro aleatrio elevado e erro sistemtico baixo. O atirador C apresenta os tiros concentrados (boa repetitividade), com baixa disperso, porm afastados do centro do alvo (baixa exatido). Isto indica um pequeno erro aleatrio e um grande erro sistemtico. O atirador D, alm de apresentar um espalhamento muito grande (baixa repetividade), teve o "centro" dos tiros distante do centro do alvo (baixa exatido). Este atirador apresenta elevado erro aleatrio e sistemtico. Comparando-se as figuras dos atiradores B, C e D, afirmamos que o C o melhor dentre eles, pois, apesar de nenhum dos seus tiros ter acertado o centro do alvo, o seu espalhamento muito menor. Se ajustarmos a mira do atirador C, conseguiremos uma condio prxima do A, o que jamais poderemos obter com os atiradores B e D. Se colocarmos a distribuio de tiros dos 4 atiradores sob a forma de "curva normal" teremos, para cada atirador:METROLOGIA

25

CENTRO DO ALVO REPETITIVO EXATO

CENTRO DO ALVO NO REPETITIVO EXATO

CENTRO DO ALVO REPETITIVO IN EXATO

CENTRO DO ALVO NO REPETITIVO INEXATO

O PROCESSO DE MEDIO

Incerteza de MedioUm processo de medio pode no apresentar erros (ou uma vez existentes e identificados, os erros podem ser corrigidos e/ou eliminados), porm sempre haver uma incerteza no resultado final da medio. A incerteza nunca ser eliminada, e, na melhor das hipteses, poder ser reduzida.

INCERTEZA DE MEDIOA incerteza de medio um parmetro associado ao resultado de uma medio que caracteriza a dispersoO PROCESSO DE MEDIO

dos valores que poderiam ser razoavelmente atribudos a um mensurando.

Quanto mais apurado o processo de medio, ou seja, quanto melhor identificadas, controladas e reduzidas as influncias dos fatores metrolgicos (mtodo, amostra, condies ambientais, usurios e equipamentos), maior ser a confiana no resultado final. Assim, o resultado da medio dever ser expresso da seguinte forma:METROLOGIA

26 RM = (R U) [unidade de medio] RM resultado da medio R resultado encontrado U incerteza Obs.: em geral R representa o valor mdio da grandeza a ser medida, descontado ou acrescido das correes devidas aos erros encontrados (erros positivos ou negativos). As incertezas so classificadas em dois tipos: Tipo A e Tipo B. Incerteza Tipo A So as incertezas avaliadas pela anlise estatstica de uma srie de observaes. Podem, portanto, ser caracterizadas por desvios padro experimentais, ou seja, originadas pelo processo de medio propriamente dito e caracterizadas pela disperso dos resultados das medies. Incerteza Tipo B Incertezas avaliadas por outros meios que no a anlise estatstica de uma srie de observaes. Podem, tambm, ser caracterizadas por desvios padro, estimados

por distribuies de probabilidades assumidas, baseadas na experincia ou em outras observaes. Exemplos de incertezas Tipo B: gradiente de temperatura durante a medio afastamento da temperatura ambiente em relao temperatura de referncia tipo do indicador (analgico ou digital) instabilidade da rede eltrica paralaxe incerteza do padro instabilidade temporal erros geomtricos deformaes mecnicas histerese A incerteza final (U) uma combinao de todas as incertezas Tipo A e Tipo B encontradas no processo de medio.O PROCESSO DE MEDIO

27METROLOGIA

3CALIBRAO

POR QUE CALIBRARAs empresas devem entender que a calibrao dos equipamentos de medio um componente importante na funo qualidade do processo produtivo, e dessa forma devem incorpor-la s suas atividades normais de produo. A calibrao uma oportunidade de aprimoramento constante e proporciona vantagens, tais como: Reduo na variao das especificaes tcnicas dos produtos. Produtos mais uniformes representam uma vantagem competitiva em relao aos concorrentes. Preveno dos defeitos. A reduo de perdas pela pronta deteco de desvios no processo produtivo evita o desperdcio e a produo de rejeitos. Compatibilidade das medies. Quando as calibraes so referenciadas aos padres nacionais, ou internacionais, asseguram atendimento aos requisitos de desempenho.

CALIBRAO

O PROCESSO DE CALIBRAOA calibrao permite avaliar as incertezas do processo de medio, alm de identificar os desvios entre os valores indicados por um instrumento e os valores convencionalmente verdadeiros. As operaes de calibrao, fundamentadas na comparao com um padro, possuem algumas caractersticas que sero apresentadas a seguir. Determinao do sistema de medio padro A escolha adequada do sistema de medio padro a ser utilizado repercutir na qualidade e no resultado final das medies. Portanto, quanto melhor (menor incerteza e maior repetitividade) o padro melhores sero as condies de realizao da calibrao. Escolha dos instrumentos crticos da empresa Durante a implementao de um sistema de avaliao dos instrumentos de medio, a primeira pergunta que vem nossa mente : quais so os instrumentos de medio que devemos controlar? Para respondermos a tal questo, devemos considerar a seguinte seqncia de raciocnio: Identificar, com os responsveis pela engenharia, produo e manuteno, quais so as variveis do processo que afetam a qualidade do produto em questo; Identificar os instrumentos que so utilizados para medir estas variveis; Estabelecer quais so os limites especificados para cada uma destas variveis, em todos os nveis e etapas do processo produtivo.

30METROLOGIA

Tipos de calibrao Existem basicamente dois tipos de calibrao: a calibrao direta e a indireta. Calibrao Direta Valor Padro

Grandeza Padro

Sistema de Medio a Calibrar

Medida

Na calibrao direta, a grandeza padro de entrada aplicada diretamente ao Sistema de Medio a Calibrar e as medidas so comparadas com os valores padro.

EXEMPLOPara calibrar uma balana necessitamos de um conjunto de massas padro, de modo a cobrir toda a faixa do aparelho. Aplicando-se diretamente a massa (com valor conhecido de 5 kg, por exemplo) sobre a balana, podemos verificar se esta est calibrada.METROLOGIA

31

Calibrao Indireta Sistema de Medio Padro Gerador da Grandeza Medida

Sistema de Medio em Calibrao

Medida

A grandeza que se deseja medir fornecida por um meio externo (Gerador da Grandeza), que atua simultaneamente no Sistema de Medio em Calibrao e no Sistema de Medio Padro. Os resultados do Sistema de Medio em Calibrao so comparados com os do Sistema de Medio Padro (considerados como verdadeiros). Dessa forma, os erros podem ser determinados e as correes efetuadas.

CALIBRAO

EXEMPLONo possvel calibrar o velocmetro de um automvel utilizando a calibrao direta, pois no existe um padro "materializado" de velocidade. Para calibrar o velocmetro podemos simular o automvel em movimento e comparar sua indicao com a de um padro conhecido, como, por exemplo, um tacmetro padro.

Registro (anotao) das leituras Deve ser realizado um registro individual de leituras para cada escala do instrumentoCALIBRAO

que ser calibrada. O preenchimento completo da planilha de leituras, com os valores efetivamente encontrados durante a calibrao, muito importante para uma verificao do processo de validao do instrumento. Resultado da Calibrao O resultado de uma calibrao permite afirmar se o instrumento satisfaz ou no as condies previamente fixadas, o que autoriza ou no sua utilizao em servio. Ele se traduz por um documento chamado Certificado de Calibrao.

32METROLOGIA

CERTIFICADO DE CALIBRAOApresenta alguns aspectos importantes:! !

Indica a data de realizao e o responsvel pela calibrao; Permite comparar os erros encontrados com os erros mximos tolerados previamente definidos; Orienta um parecer aprovando ou no a utilizao do instrumento nas condies atuais. A rejeio do instrumento implica encaminh-lo para a manuteno ou substitu-lo por um novo. A empresa no deve utilizar um instrumento que no apresenta condies mnimas de trabalho, pois isto acarretar custos adicionais, retrabalho e, possivelmente, descrdito perante o consumidor.

!

Intervalos de Calibrao Ao longo do tempo ocorrem desgastes e degenerao de componentes, fazendo com que o comportamento e o desempenho dos instrumentos apresente problemas. Nasce da a necessidade de verificaes peridicas, a intervalos regulares, para que instrumentos e padres sejam recalibrados.

Destacamos alguns fatores que influenciam no intervalo de calibrao:! ! ! ! ! !

Freqncia de utilizao; Tipo de instrumento; Recomendaes do fabricante; Dados de tendncia de calibraes anteriores; Histricos de manuteno; Condies ambientais agressivas (temperatura, umiCALIBRAO

dade, vibrao, etc.).

PADRES E RASTREABILIDADEOs padres de medio podem ser distribudos e classificados conforme apresentao grfica na "pirmide hierrquica" abaixo.

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Padro internacional: padro reconhecido por um acordo internacional para servir como base para o estabelecimento de valores a outros padres a que se refere. Padro nacional: padro reconhecido por uma deciso nacional para servir como base para o estabelecimento de valores a outros padres a que se refere. Padro de referncia: padro com a mais alta qualidade metrolgica disponvel em um local, a partir do qual as medies executadas so derivadas.!

Padro de referncia da RBC Rede Brasileira de

Calibrao (conjunto de laboratrios credenciados pelo INMETRO para realizar servios de calibrao): padres que devem ser calibrados pelos padres nacionais.CALIBRAO!

Padro de referncia de usurios: encontrado nas

indstrias, centros de pesquisas, universidades e outros usurios. Esses padres devem ser calibrados pelos padres de referncia da RBC. Padro de trabalho: padro utilizado rotineiramente na indstria e em laboratrios para calibrar instrumentos de medio.

34METROLOGIA

Podemos observar na figura da pirmide uma "seta" representando a rastreabilidade dos padres de medio. Isto significa que cada classe de padro deve ser calibrada e/ou relacionada a uma classe imediatamente superior. Dessa forma, a rastreabilidade metrolgica ficar garantida quando:

RASTREABILIDADE a propriedade de um resultado de uma medio poder referenciar-se a padres apropriados, nacionais ou internacionais, por meio de uma cadeia contnua de comparaes, todas tendo incertezas estabelecidas.

MATERIAIS DE REFERNCIAOs problemas atuais (sade, meio ambiente, controle de produtos industriais, controle de novos materiais, etc.) demandam um nmero cada vez maior de amostras a serem analisadas e em nveis de concentrao cada vez menores. O nmero e a complexidade das anlises qumicas realizadas a cada ano continuam a crescer exponencialmente. H centenas de milhares de diferentes compostos qumicos sendo analisados em matrizes to diversas quanto tecido humano e rocha grantica. A necessidade de garantia e controle da qualidade das medies qumicas, a importncia de se diminuir custos e evitar duplicao de anlises, conferem uma importncia crescente utilizao de Materiais de Referncia Certificados MRCs . Os MRCs, rastreados a referncias nacionais e internacionais, so utilizados na validao e controle da qualidade de mtodos e na calibrao de instrumentos analticos.CALIBRAO

35METROLOGIA

Os MRCs so de vital importncia para os diagnsticos mdicos, que exigem exatido e medies confiveis para assegurar a qualidade e longevidade de vida. Segundo o NIST, cerca de 13% do PIB americano (aproximadamente US$ 1 trilho) so gastos por ano em tratamentos de sade. Destes 13%, mais de 20% so destinados aos processos de medio. Nos anos 50, quando no havia nenhum material de referncia disponvel, a incerteza na medio do nvel de colesterol no sangue era de 20%. Com o aparecimento do primeiro material de referncia de colesterol cristalino, em 1967, a incerteza vem sendo reduzida ao longo dos anos, e atualmente se encontra na ordem de 5,5%. Esta diminuio reduziu a incerteza associada ao tratamento por diagnstico indevido e medicao inadequada, gerando uma economia estimada em US$ 100 milhes por ano.

Os MRCs so materiais especficos produzidos em uma certa quantidade e depois certificados. Possuem as mais altas qualidades metrolgicas e so preparados e utilizados visando a trs funes principais: Ajudar no desenvolvimento de mtodos de anlise mais exatos (mtodos de referncia); Calibrar sistemas de medies usados para a melhoria nas trocas de bens, estabelecimento de controle da qualidade, determinao das caractersticas de desempenho ou medio de propriedades do estado-da-arte ou de excelncia; Assegurar a adequao e integridade dos programas de controle da qualidade em medies de longo prazo. Tm-se observado que a maioria dos MRCs podem ser classificados em dois gran des grupos: MRCs requeridos nas anlises para demonstrar o cumprimento a normas obrigatrias: utilizados em aes dirigidas principalmente por agncias governamentais com o objetivo de estabelecer um ponto de referncia, de harmonizar as transaes comerciais ou para cumprir as polticas de proteo ambiental.CALIBRAO

MRCs requeridos nas anlises para sustentar a competitividade e a qualidade dos produtos, processos e mtodos em laboratrios industriais: neste grupo se encontram a maioria dos materiais de engenharia. Apresentaremos a seguir alguns exemplos nacionais e internacionais sobre a utilizao e desenvolvimento de MRCs. O INMETRO est implantando a Diviso de Metrologia Qumica que est desenvolvendo um projeto usando a padronizao da medio de pH. Entre as atividades deste projeto esto previstas:!

36METROLOGIA

a confeco e operao de uma Clula de Referncia

para medio de pH, alm de solues padro de referncia para esta grandeza, essenciais para o estabelecimento da rastreabilidade na Amrica do Sul;!

a coordenao de um programa interlaboratorial com

as seguintes propostas: avaliar a demanda dos laboratrios qumicos em vista do desenvolvimento na determinao do pH; realizar tratamento estatstico dos resultados para verificao das tcnicas que esto sendo implementadas nos laboratrios brasileiros; desenvolver a qualificao necessria para a determinao do pH tanto quanto na conduo dos estudos de intercomparao.

O IPT Instituto de Pesquisas Tecnolgicas possui grande atuao na produo e certificao de materiais de referncia desde a dcada de 30. Em 1973, com o apoio dos Estados Unidos, foi formado o Ncleo de Materiais de Referncia que produz materiais segundo normas e procedimentos adotados internacionalmente. Esses materiais esto sendo comercializados em pases como Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Espanha, Frana, frica do Sul, Sucia, Austrlia e ndia. O IPT j produziu e colocou disposio dos usurios mais de 100 lotes diferentes de materiais de referncia, conforme tabela a seguir: MATERIAL Refratrios Minrios leos minerais e sintticos cido benzico Ao-carbono Ao-liga (limalhas) Ao-inoxidvel (discos) Ao-ferramenta Ferro fundido Ferroliga Ligas de cobre Metais puros TIPOS 3 17 29 1 12 15 2 2 6 4 3 3CALIBRAO

37METROLOGIA

Vrios pases se destacam na produo de materiais de referncia, como os Estados Unidos, Canad, China, Reino Unido e Frana. O IRMM Institute for Reference Materials and Measurements da Unio Europia est desenvolvendo um material de referncia certificado primrio de ferro elementar para a converso rastrevel de massa em quantidade de matria, cujo peso atmico ser conhecido com um grau de incerteza muito pequeno.

A anlise precisa e exata (ou seja, repetitiva e muito prxima do valor real) da composio de um gs tem uma importncia fundamental, principalmente quando envolve transaes comerciais.

A medio errada do poder calorfico de um gs pode gerar diferena de milhares de dlares em exportao/ importao, ou na definio de parmetros para o controle ambiental.

Especificaes nacionais ou internacionais para a qualidade do ar requerem mtodos analticos exatos, na medio das emisses das chamins (CO2, SO2 e NOx), gases da combusto automotiva (CO, CO2 e C3H8) e outros (BTX, hidrocarbonetos clorados). Tambm na legislao de trnsito encontramos uma medio baseada numa anlise da concentrao de etanol no ar expirado pelos motoristas (utilizao dos bafmetros).CALIBRAO

Todas essas medidas requerem calibrao do equipamento analtico por meio de um gs com composio padro. A rastreabilidade da cadeia comea com a preparao da composio do gs primrio (material de referncia rastreado diretamente ao Sistema Internacional de Unidades) por institutos metrolgicos nacionais. Este gs primrio utilizado pelos produtores de gases na gerao dos gases secundrios segundo os procedimentos da norma ISO 6143.

38METROLOGIA

4METROLOGIA, NORMALIZAO E CONFORMIDADE

A harmonizao das atividades de normalizao, metrologia e avaliao da conformidade, com o credenciamento de laboratrios, organismos de inspeo e organismos de certificao, um passo concreto na direo do conceito uma norma, um ensaio e um certificado de conformidade aceitos universalmente. Essa expresso vem sendo utilizada no mundo como um estgio que poder frear os crescentes custos decorrentes de demonstrao da conformidade de sistemas, produtos e servios, hoje dependentesMETROLOGIA, NORMALIZAO E CONFORMIDADE

de estruturas dispersas e muitas vezes no-harmnicas e, portanto, no-reconhecidas entre os pases. Nesse universo bem amplo podemos citar algumas normas, como a ISO 9001 e ISO 14001 para a conformidade de Sistemas de Gesto da Qualidade e Sistemas de Gesto Ambiental, respectivamente, a QS 9000 aplicada na indstria automobilista, a ISO/IEC 17025 para o credenciamento de laboratrios de calibrao e de ensaios, o credenciamento de laboratrios de ensaios segundo os princpios de boas prticas laboratoriais (BPL) e algumas consideraes sobre a certificao de produtos.

METROLOGIA E AS NORMAS SRIE ISO 9000As empresas interessadas em comercializar internacionalmente seus produtos adotaram as normas da srie ISO 9000 para seus Sistemas da Qualidade. Atualmente mais de 200.000 organizaes espalhadas pelo mundo utilizam as normas da srie ISO 9000.

40METROLOGIA

Os requisitos dessas normas, com relao aos instrumentos de medio, existem com o objetivo de aprimorar a qualidade da medio. Para a garantia de que o equipamento de medio opere efetivamente e fornea resultados confiveis, preciso:

Assegurar-se de que ele cuidado, calibrado e ajustado regularmente conforme necessrio; Descrever como isso ser feito, de modo que os registros estejam disponveis e mostrem que a calibrao rastrevel em relao a padres nacionais ou internacionais; Assegurar-se de que possvel identificar quais equipamentos esto calibrados e que so adequados ao uso (por exemplo, etiquetar o equipamento). Se um equipamento defeituoso for encontrado preciso decidir se necessrio fazer alguma coisa com relao ao produto que foi aprovado utilizando aquele equipamento. O resultado de qualquer anlise crtica pode indicar se uma ao necessria ou no. Alm da calibrao dos equipamentos, necessrio que se mantenham registros para mostrar: Quando e quem executou a ltima calibrao e qual a data da prxima; Qual foi o procedimento de calibrao utilizado, o critrio de aceitao, o resultado e se o equipamento foi aceito.METROLOGIA, NORMALIZAO E CONFORMIDADE

Esta norma, publicada em 2001 em substituio ao ISO/IEC Guia 25 de 1993, estabelece um mecanismo para evidenciar a competncia tcnica dos laboratrios na realizao de calibraes e de ensaios. Tem como objetivo principal evidenciar que os laboratrios se utilizam de um Sistema da Qualidade e que possuem competncia para realizar seus servios. Dessa forma, a norma assegura aos laboratrios a capacidade de obter resultados de acordo com mtodos e tcnicas reconhecidos nacional e internacionalmente. A norma ISO/IEC 17025 adotada por diversos pases para o reconhecimento da competncia dos laboratrios perante o organismo de credenciamento. No Brasil, denominada NBR ISO/IEC 17025, utilizada pelo INMETRO no credenciamento de laboratrios a serem integrados RBLE Rede Brasileira de Laboratrios de Ensaios e RBC Rede Brasileira de Calibrao.

METROLOGIA

ISO/IEC 17025: REQUISITOS GERAIS PARA A COMPETNCIA DE LABORATRIOS DE ENSAIO E CALIBRAO

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METROLOGIA, NORMALIZAO E CONFORMIDADE

O credenciamento pela NBR ISO/IEC 17025 um processo voluntrio, mas traz uma srie de vantagens ao laboratrio e aos usurios dos servios laboratoriais, tais como: Para os laboratrios: diferencial competitivo; marketing; confiabilidade dos clientes nos seus resultados; critrios e padres aceitos internacionalmente; eliminao de mltiplas auditorias; acesso a programas interlaboratoriais. Para os usurios: confiana nos resultados; ensaios e calibraes segundo critrios reconhecidos internacionalmente; superao de barreiras tcnicas exportao; seleo de fornecedores; atendimentos a requisitos legais e/ou comerciais.METROLOGIA

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Os laboratrios credenciados mantm seus padres e instrumentos de medies utilizados nos ensaios e nas calibraes rastreados aos padres nacionais, segundo a cadeia hierrquica j apresentada anteriormente.

Rede Brasileira de Calibrao RBC e Rede Brasileira de Laboratrios de Ensaios RBLETanto a Rede Brasileira de Calibrao quanto a Rede Brasileira de Laboratrios de Ensaios so constitudas por um conjunto de laboratrios aos quais foi concedido o credenciamento pelo INMETRO, segundo os critrios e requisitos da NBR ISO/IEC 17025.

Os laboratrios da RBC prestam servios de calibrao, em geral, para empresas produtoras e prestadoras de servios e para laboratrios de universidades e centros de pesquisas. Os laboratrios credenciados abrangem as seguintes reas: dimensional, fora e dureza, massa, acstica, vazo, viscosidade, presso, eletricidade, tempo e freqncia, temperatura e umidade, volume e massa especfica, ptica e radiofreqncia. Atualmente a RBC possui 153 laboratrios credenciados. (Dados de set/01) Os laboratrios da RBLE so utilizados, basicamente, para a realizao de ensaios e testes de funcionamento e/ou performance em produtos que possuam certificao compulsria ou voluntria. Atualmente a RBLE possui 118 laboratrios credenciados. (Dados de set/01)METROLOGIA, NORMALIZAO E CONFORMIDADE

Programas de Comparao InterlaboratorialEntende-se por "Comparao Interlaboratorial" uma srie de medies, de uma ou mais propriedades, realizadas independentemente por um grupo de laboratrios em amostras de um determinado material. So programas indispensveis e extremamente importantes, permitindo aos participantes: acompanhar o desempenho de seus laboratrios; verificar a necessidade de calibrao de equipamentos; treinar tcnicos; alterar/corrigir os procedimentos e mtodos; calcular a incerteza dos resultados emitidos.METROLOGIA

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Os laboratrios credenciados pelo INMETRO participam obrigatoriamente das intercomparaes realizadas pelo instituto, alm de participarem de outras organizadas por entidades nacionais e estrangeiras (algumas destas obrigatrias para o reconhecimento internacional). Entre 2000 e 2001, os laboratrios credenciados junto RBC participaram de 16 comparaes internacionais. O INMETRO realizou cerca de 300 auditorias de medio nos laboratrios de calibrao credenciados, e 60 laboratrios de ensaios, do total de 118, j participaram de ensaios de proficincia. Algumas entidades, como o INT, CNEN e IPT, coordenam outros programas de comparao.

EXEMPLOO INT coordena programas envolvendo mais de 120 tipos de ensaios realizados em produtos, tais como alumina, combustveis, lubrificantes, elastmeros, ligas metlicas, aos, ferro fundido, leos essenciais, papel e celulose.METROLOGIA, NORMALIZAO E CONFORMIDADE

METROLOGIA E AVALIAO DA CONFORMIDADEA avaliao da conformidade um mecanismo de grande importncia para o desenvolvimento industrial, para o comrcio exterior e para a proteo do consumidor. Por meio desta avaliao possvel demonstrar que um produto ou processo de fabricao ou um servio est de acordo (em conformidade) com determinadas normas ou especificaes tcnicas.

Alguns exemplos de perdas pela no-certificao de produtos:!

dados fornecidos pela ABILUX Associao Brasileira

44METROLOGIA

de Iluminao permitem estimar uma perda para a indstria brasileira de iluminao de cerca de USD$ 280 milhes por ano por no conseguir certificar seus sistemas e componentes;! no

mercado de fibras pticas o Brasil perde uma parcela

superior a USD$ 350 milhes anuais do mercado internacional por no dispor de um sistema de certificao internacionalmente homologado para qualificar as propriedades do produto (apesar de o Brasil ser detentor de mais de 60% das reservas mundiais de quartzo e de possuir tecnologia prpria desenvolvida pela UNICAMP Universidade de Campinas). Fonte: Plano Nacional de Metrologia

A avaliao da conformidade induz busca contnua da melhoria da qualidade, e as empresas que se engajam nesse processo se beneficiam pelo aumento da competitividade, por meio da reduo de custos e desperdcios. Para os consumidores,

a certificao (uma das formas de garantia da conformidade mais usadas) assegura que o produto ou servio atende a padres mnimos de qualidade. No Brasil a certificao pode ser voluntria ou compulsria. A certificao voluntria de livre deciso da empresa que fabrica ou presta o servio e tem, portanto, objetivo mercadolgico. A certificao compulsria uma exigncia governamental e restringese a produtos e servios com impacto nas reas de sade, segurana e meio ambiente. O aumento do nvel de exigncia dos consumidores est levando os rgos governamentais a promoverem um expressivo crescimento do nmero de produtos sujeitos a certificao compulsria, com base em Regulamentos Tcnicos. Dessa forma, cria um conseqente aumento da demanda sobre ensaios e sobre a prpria metrologia. A certificao compulsria de produtos executada por Organismos de Certificao Credenciados (OCCs) com o apoio dos Organismos de Inspeo (OI), todos supervisionados pelo INMETRO e demais rgos pblicos.METROLOGIA, NORMALIZAO E CONFORMIDADE

ALGUNS PRODUTOS COM CERTIFICAO COMPULSRIAbrinquedos extintores de incndio preservativo masculinoMETROLOGIA

45 capacete para motociclistas botijo domstico de gs mangueira de plstico para gs regulador de presso para botijo de gs embalagem para lcool fios e cabos eltricos pneus para automveis

Como a metrologia se encaixa no processo? A avaliao da conformidade exige a realizao de ensaios e testes necessrios verificao dos produtos de acordo com as respectivas normas e especificaes tcnicas. Como regra geral, esses ensaios so executados por laboratrios credenciados RBLE, o que garante a confiabilidade metrolgica com a rastreabilidade das medies aos padres nacionais. No caso de servios, a metrologia est presente nos instrumentos utilizados na execuo desses servios, uma vez que estes instrumentos devem ser calibrados por laboratrios pertencentes RBC.

Organismos de Certificao Credenciados OCCsOs Organismos de Certificao Credenciados so organismos credenciados pelo INMETRO para proceder certificao de terceira parte.

CERTIFICAO DE TERCEIRA PARTEMETROLOGIA, NORMALIZAO E CONFORMIDADE

aquela realizada por uma organizao independente das partes envolvidas, ou seja, fornecedor-cliente.

Toda e qualquer organizao que desejar certificar um produto, sistema de gesto e/ou pessoal tcnico deve procurar um OCC, que fornecer as informaes e a documentao necessrias ao processo de certificao. No site do INMETRO (www.inmetro.gov.br) possvel verificar a relao nominal dos OCCs para cada categoria acima (produto, sistema e pessoal).

No processo de credenciamento de um OCC o INMETRO segue os requisitos estabelecidos pelos seguintes guias ABNT ISO/IEC:!

46METROLOGIA

Guia 60: Cdigo de boas prticas para avaliao da

conformidade;!

Guia 61: Requisitos gerais para avaliao e creden-

ciamento de organismos de certificao/registro;!

Guia 62: Requisitos gerais para organismos que operam

avaliao e certificao/registro de sistemas da qualidade;!

Guia 65: Requisitos gerais para organismos que operam

sistemas de certificao de produtos.

Algumas atribuies dos OCCs: Emisso de certificados de conformidade; Concesso de licena para uso da Marca de Conformidade do Sistema Brasileiro de Certificao SBC; Coordenao da atuao dos laboratrios de ensaio, inspetores e auditores em termos de certificao de conformidade; Participao, apoio tcnico e financeiro elaborao de normas brasileiras de forma a retroalimentar o SBC.

Organismos de Inspeo OIOs Organismos de Inspeo so organizaes credenciadas pelo INMETRO segundo o ABNT ISO/IEC Guia 39: Requisitos gerais para aceitao de organismos de inspeo.

O ABNT ISO/IEC Guia 39 define OI como: "Organismo imparcial de terceira parte que possui organizao, equipe, competncia e integridade para realizar servios de inspeo com critrios especificados. Os servios de inspeo incluem funes, tais como avaliao, recomendao de aceitao e subseqente auditoria da produo de fornecedores, suas instalaes de ensaio, pessoal e operaes de controle da qualidade, bem como seleo e avaliao de produtos no mercado ou em fbricas, em laboratrios ou em outro lugar, conforme determinado." OBS.: este guia ser substitudo pela norma ISO/IEC 17010.METROLOGIA, NORMALIZAO E CONFORMIDADE

Os OIs Organismos de Inspeo, realizam servios de auditoria e de inspeo, normalmente como subcontratados de um Organismo de Certificao Credenciado. Fornecem servios tcnicos especializados que subsidiam os OCCs nas auditorias das empresas e nas avaliaes dos produtos certificados.METROLOGIA

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ACORDOS DE RECONHECIMENTO MTUOOs acordos internacionais de comrcio esto cada vez mais necessitando de um reconhecimento mtuo para o conjunto de medies e ensaios realizados entre as naes. A ausncia de tal reconhecimento mtuo considerada uma barreira tcnica ao comrcio. Nos ltimos anos, acordos de reconhecimento mtuos foram estabelecidos e relacionados aos servios de ensaios e calibraes e em relao s atividades dos organismos de credenciamento. Estes acordos baseiam-se na suposio da equivalncia dos padres de medio nacionais e na confiabilidade da relao entre os padres de medio nacionais e os servios pertinentes s atividades de calibrao e ensaios de cada pas. O Brasil, por meio do INMETRO, signatrio dos seguintes acordos de reconhecimento mtuo:

IAF Frum Internacional de Acreditao (credenciamento): assinado em 1999 para o reconhecimento da certificao de sistemas de gesto. Ainda em discusso a certificao de produtos; CIPM Comit Internacional de Pesos e Medidas: assinado em 1999 para o reconhecimento mtuo dos padres nacionais de medida e dos certificados de calibrao e medio emitidos pelos Institutos Nacionais de Metrologia;METROLOGIA, NORMALIZAO E CONFORMIDADE

ILAC Cooperao Internacional de Acreditao de Laboratrios: assinado em 2000 para o reconhecimento da sistemtica de acreditao de laboratrios de calibrao e de ensaios; EA Cooperao Europia para Acreditao: assinado em 2001 para o reconhecimento dos certificados de calibrao e laudos de ensaios. O INMETRO est em negociao e preparao para assinatura dos seguintes acordos: IATCA Associao Internacional de Treinamento e Acreditao de Auditores: reconhecimento da capacitao dos organismos de treinamento e dos auditores de sistemas de gesto (previso para 2002); OCDE Organizao para Cooperao e Desenvolvimento Econmico: aplicado aos laboratrios de ensaios credenciados segundo os princpios de boas prticas laboratoriais BPL (previso para 2005).

48METROLOGIA

5COMPROVAO METROLGICA: ROTEIRO

INTRODUOEsquematicamente podemos representar um processo produtivo pela figura a seguir.

Um processo produtivo deve estar embasado por normas, procedimentos e especificaes, visando obteno de produtos que satisfaam as necessidades doCOMPROVAO METROLGICA: ROTEIRO

mercado consumidor. Para que isto ocorra dentro dos limites planejados, so realizadas medies das caractersticas das matrias-primas, das variveis do produto em transformao e das diversas etapas do processo. Sem a comprovao metrolgica no h como garantir a confiabilidade dos dados referentes ao controle das caractersticas que determinam a qualidade do produto. Sua ausncia, portanto, por si s razo suficiente para gerar descrdito no sistema de informao da qualidade da organizao.

A NBR ISO 10012 define comprovao metrolgica como: "conjunto de operaes necessrias para assegurar-se de que um dado equipamento de medio est em condies de conformidade com os requisitos para o uso pretendido. Normalmente inclui, entre outras atividades, calibrao, qualquer ajuste e/ou reparo, as recalibraes subsequentes, assim como qualquer lacrao ou etiquetagem necessria."

50METROLOGIA

O CICLO PDCA PARA A COMPROVAO METROLGICAO ciclo convencional de gerenciamento das atividades que compem um Sistema da Qualidade conhecido como "Ciclo PDCA", onde as letras significam: Plan planejar/ desenvolver; Do fazer/implementar; Check verificar; Act corrigir/prevenir.

Para a implementao de um sistema de comprovao metrolgica, seguindo as diretrizes do PDCA, sugerimos o seguinte roteiro: Planejamento Identificar as variveis e a capacidade requerida de cada medida; Determinar a incerteza de cada instrumento; Verificar a necessidade de compra de padres e selecionar fornecedores. Desenvolvimento Identificar e definir os critrios de aceitabilidade de cada instrumento e padro; Definir a freqncia de calibrao de cada instrumento e padro; Definir as condies ambientais e correes necessrias; Definir os mtodos de manuseio, identificao, armazenamento e embalagem de instrumentos; Avaliar os mtodos e registros de calibrao e procedimentos. Implementao Realizar a calibrao e registrar os resultados; Avaliar os resultados contra o critrio de aceitao estabelecido; Identificar, segregar e proceder aes corretivas aos instrumentos e/ou padres no-conforme. Aps a correo, proceder a nova calibrao. Arquivar o registro de calibrao e identificar o instrumento e/ou padro aprovado. Verificao Realizar auditorias internas; Avaliar os relatrios das auditorias e verificar a existncia de no-conformidades; Identificar causas, definir solues, implementar as aes corretivas e avaliar a eficcia das aes; Estabelecer controles para impedir novas ocorrncias das no-conformidades. Tratamento de Instrumentos e/ou Padres No-Conformes Analisar o histrico de registros e verificar a necessidade de reduzir o intervalo de calibrao; Identificar e segregar instrumento e/ou padro; Proceder a manuteno e recalibrao. Se o instrumento e/ou padro no tiver como ser reparado, providenciar a substituio e efetuar a calibrao do substituto; Rastrear os produtos e/ou instrumentos medidos desde a ltima calibrao.METROLOGIA

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COMPROVAO METROLGICA: ROTEIRO

6ESTRUTURA METROLGICA INTERNACIONAL E NACIONAL

ESTRUTURA METROLGICA INTERNACIONALApresentaremos a Estrutura Metrolgica Internacional sob a forma de dois grandes grupos:

ESTRUTURA METROLGICA INTERNACIONAL E NACIONAL

1 Metrologia Cientfica e IndustrialConferncia Geral de Pesos e Medidas (CGPM) constituda por representantes dos pases membros da Conveno do Metro. Rene-se de 4 em 4 anos e tem como misso bsica assegurar a utilizao e aperfeioamento do Sistema Internacional de Unidades. Comit Internacional de Pesos e Medidas (CIPM) composto por 18 membros de pases diferentes, atua como autoridade cientfica internacional. Convoca a CGPM e prepara as resolues a serem submetidas Conferncia Geral. Bureau Internacional de Pesos e Medidas (BIPM) centro internacional mantido com recursos de todos os pases membros. Tem como misso: a. conservar os prottipos internacionais; b. efetuar intercomparao de padres; c. definir os valores das Constantes Fundamentais da Fsica. Comits Consultivos formados por especialistas internacionais ligados aos laboratrios nacionais. Alguns comits criados: 1927 Eletricidade; 1933 Termometria; 1952 Definio do metro; 1956 Definio do segundo; 1958 Definio dos padres de energia ionizante; 1964 Definio das unidades.METROLOGIA

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2 Organizao Internacional de Metrologia Legal OIMLConferncia Internacional de Metrologia Legal composta por representantes dos pases membros, por pases que se unem OIML como observadores e por associaes de instituies internacionais. Renem-se a cada 4 anos para definir a poltica geral e promover a implementao das diretrizes metrolgicas da OIML. Comit Internacional de Metrologia Legal (CIML) se rene anualmente para avaliar o progresso tcnico e as operaes administrativas da OIML. Comits e Subcomits Tcnicos responsveis pela obteno de consensos internacionais na comunidade de metrologia legal. Compostos por representantes dos pases membros, de organizaes internacionais tcnicas e de normalizao, associaes de fabricantes e organismos reguladores regionais. Estabelecem diretrizes tcnicas internacionais para o desempenho metrolgico e avaliam os procedimentos de testes dos instrumentos de medio sujeitos a controles legais.

Bureau Internacional de Metrologia Legal (BIML) atua na coordenao das atividades tcnicas e na preparao, impresso e distribuio das publicaes da OIML. Conselho de Desenvolvimento frum para divulgao dos assuntos de desenvolvimento metrolgico. Composto por representantes de diversos pases, coordena as trios e equipamentos.ESTRUTURA METROLGICA INTERNACIONAL E NACIONAL

atividades para o desenvolvimento de sistemas metrolgicos, treinamento, labora-

Sistema Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial SINMETROO SINMETRO, criado em 1973, tem como finalidade o desenvolvimento e a implementao da poltica nacional de metrologia, normalizao e qualidade industrial. Qualquer entidade pblica ou privada que exera atividade relacionada com metrologia, normalizao ou avaliao de produtos pode integrar-se ao SINMETRO. Possui como rgo normativo o CONMETRO e como rgo executivo o INMETRO.

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Conselho Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial CONMETROO CONMETRO o rgo poltico central do SINMETRO, do qual participam oito Ministrios,ESTRUTURA METROLGICA INTERNACIONAL E NACIONAL

a ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas, o IDEC Instituto de Defesa do Consumidor e a CNI Confederao Nacional da Indstria, sendo presidido pelo Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior e secretariado pelo INMETRO. O CONMETRO assessorado pelos seguintes comits: CNN Comit Nacional de Normalizao, CBC Comit Brasileiro de Certificao, CONACRE Comit Nacional de Credenciamento, CBM Comit Brasileiro de Metrologia, CBTC Comit de Coordenao de Barreiras Tcnicas e CCAB Comit Codex Alimentarius do Brasil. O Comit Brasileiro de Metrologia tem por objetivo agir no planejamento, formulao e avaliao das diretrizes bsicas relacionadas poltica nacional de metrologia. Constitudo por instituies governamentais e outros representantes da sociedade civil, possui o INMETRO (sob a responsabilidade da Diretoria de Metrologia Cientfica e Industrial) na secretaria executiva.

COMPETE AO CONMETRO, DENTRE OUTRAS ATIVIDADES!

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Desenvolver e implementar a metrologia, normalizao Assegurar a uniformidade na utilizao das unidades Divulgar as atividades de normalizao e certificao Estabelecer normas referentes a materiais e produtos

e certificao da qualidade de produtos industriais;!

de medidas no Brasil;!

voluntrias;!

industriais, bem como definir critrios para certificao da qualidade;!

Coordenar a participao de organizaes nacionais

em atividades internacionais de metrologia, normalizao e certificao da qualidade.

Instituto Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial INMETROO INMETRO, autarquia federal vinculada ao Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior (MDIC), o rgo executivo do SINMETRO.

Compete ao INMETRO a padronizao e disseminao das unidades do Sistema Internacional (SI) e o desenvolvimento das atividades de Pesquisa & Desenvolvimento, como estratgia para facilitar e promover a competitividade brasileira e atender s demandas da sociedade em metrologia.ESTRUTURA METROLGICA INTERNACIONAL E NACIONAL

As grandes reas de atuao do INMETRO so: a) Metrologia Cientfica e Industrial, b) Metrologia Legal e c) Credenciamento e Qualidade.

Metrologia Cientfica e IndustrialO INMETRO tem a responsabilidade de manter as unidades fundamentais de medida no Brasil, rastre-las a padres internacionais e dissemin-las, com seus mltiplos e submltiplos, at s indstrias.

No campo da Metrologia Cientfica o INMETRO tem como principais objetivos:!

Intercomparar periodicamente os padres nacionais

!

Estabelecer metodologias para a intercomparao de

padres, instrumentos de medir e medidas materializadas;!

Calibrar padres de referncia dos laboratrios

credenciados, rastreando-os aos padres nacionais;!

Efetuar pesquisas visando obteno de medies

mais exatas e melhor reproduo das unidades de medida do Sistema Internacional;!

Dar apoio s reas de metrologia legal, normalizao e

qualidade industrial;!

Descentralizar servios metrolgicos ao longo do pas,

credenciando laboratrios que tenham condies adequadas realizao de servios metrolgicos especficos, para faixas de valores e incerteza de medio estabelecidos;

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aos internacionais;

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Estrutura Laboratorial BrasileiraPassado: O LNM Laboratrio Nacional de Metrologia e os LARENs Laboratrios Associados Detentores de Referncias Nacionais O conceito de LNM foi estabelecido no incio da dcada de 70, e, em 1989, o CONMETROESTRUTURA METROLGICA INTERNACIONAL E NACIONAL

resolveu "definir como LNM o conjunto de laboratrios do INMETRO e de outras entidades por ele conveniadas que tenham por finalidade reproduzir, manter e conservar os padres nacionais das unidades de medida do Sistema Internacional de Unidades SI". Assim, alm dos laboratrios do INMETRO, integraram o LNM o Laboratrio Nacional de Metrologia das Radiaes Ionizantes, pertencente ao Instituto de Radioproteo e Dosimetria (IRD), e a Diviso do Servio da Hora, do Observatrio Nacional (DSH/ON), mediante convnios assinados. Em 1998, o PNM Plano Nacional de Metrologia estabeleceu que "a denominao de LNM passa a congregar somente os laboratrios sob controle direto do INMETRO instalados no campus de Xerm. Os demais passam a integrar o sistema de referncias complementares denominado LAREN". Momento Presente: Instituto Nacional de Metrologia e Laboratrios Designados O conceito do LNM foi eliminado e cabe ao INMETRO o papel de Instituto Nacional de Metrologia, responsvel pelo desenvolvimento, guarda e disseminao dos padres metrolgicos nacionais. Para o cumprimento de suas atribuies, o INMETRO dever valer-se da competncia disponvel em outras instituies e, para tal, celebrar convnios na medida em que essas respondam pela melhor referncia nacional. Os laboratrios das entidades conveniadas sero denominados de Laboratrios Designados, de acordo com a terminologia consagrada no CIPM. Estrutura Laboratorial Atual Genericamente, os laboratrios podem ser divididos em dois grandes grupos: os que esto no ambiente de influncia do SINMETRO e os demais, fora desta abrangncia. Sob o SINMETRO esto os Laboratrios do INMETRO (conjunto de laboratrios localizados na regio de Xerm, Duque de Caxias RJ, nas reas de Acstica e Vibraes, Trmica, ptica, Mecnica, Eltrica e Qumica), os Laboratrios Designados (Observatrio Nacional, no campo do Tempo e Freqncia, e o Instituto de Radioproteo e Dosimetria, no campo das Radiaes Ionizantes), os laboratrios da RBC e da RBLE, os laboratrios da RNML Rede Nacional de Metrologia Legal, os laboratrios das Redes Regionais de Metrologia, outros laboratrios que operam segundo os requisitos da NBR ISO/IEC 17025, os laboratrios de ensaios que operam segundo as BPL boas prticas laboratoriais, norma INMETRO NIT-DICLA 028 e os laboratrios clnicos que operam segundo a norma INMETRO NIT-DICLA 083.

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Fora do SINMETRO so considerados todos os demais laboratrios que prestam servios (dentro das prprias instituies ou para terceiros) ou que executam atividades de ensino e P&D, com pouca interao com os requisitos relacionados com os processos de normalizao e com prticas fundamentais de metrologia (unidades do SI,ESTRUTURA METROLGICA INTERNACIONAL E NACIONAL

incertezas de medio e rastreabilidade).

Metrologia LegalMetrologia legal a rea da metrologia referente s exigncias legais, tcnicas e administrativas relativas s unidades de medidas, aos instrumentos de medir a s medidas materializadas. Objetiva fundamentalmente as transaes comerciais, em que as medies so extremamente relevantes no tocante aos aspectos de exatido e lealdade. O governo promulga leis e regulamentos tcnicos fixando as modalidades da atividade de metrologia legal, notadamente no que tange s caractersticas metrolgicas dos instrumentos envolvidos em tais operaes. A elaborao da regulamentao baseiase nas Recomendaes da OIML e conta com a colaborao dos fabricantes dos instrumentos e de entidades dos consumidores.

METROLOGIA LEGALEstende-se regulamentao e fiscalizao de produtos pr-medidos (alimentos, bebidas, artigos de higiene e limpeza, etc.), aos instrumentos empregados na manuteno da sade pblica (termmetros clnicos, medidores de presso arterial, seringas mdicas, eletroencefalgrafos, eletrocardigrafos, etc.), queles utilizados na garantia da segurana pblica (manmetros para pneumticos, velocmetros de automveis, radares, bafmetros, tacgrafos, etc.) bem como queles destinados ao comrcio (balanas, bombas de combustvel, taxmetros, hidrmetros, etc.).

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No aspecto da metrologia legal, a regulamentao tcnica brasileira abrange medies no campo das principais grandezas, notadamente no que diz respeito massa, volume, comprimento, temperatura e energia. O INMETRO coordena e supervisiona a atuao da Rede Nacional de Metrologia Legal RNML, responsvel em todo o Brasil pela execuo das atividades de

Metrologia Legal. Essa rede integrada pelos Institutos Estaduais de Pesos e Medidas IPEMs e por algumas Superintendncias Regionais. Para cumprimento do mandato requerido pela Lei n 5.966/73, o INMETRO mantm convnio com os rgos estaduais.ESTRUTURA METROLGICA INTERNACIONAL E NACIONAL

O Brasil participa de um programa de reconhecimento internacional em metrologia legal chamado "Sistema de Certificado OIML". Este sistema foi criado pela Organizao Internacional de Metrologia Legal (OIML) em 1991 com a finalidade de facilitar a atividade dos servios de metrologia legal e de aprovar os instrumentos de medio de acordo com as prescries da OIML.

SISTEMA DE CERTIFICADO OIMLQualquer fabricante de um instrumento de medio, associado metrologia legal, pode solicitar um certificado OIML a um estado membro que faa parte do sistema (no caso do Brasil, ao INMETRO). Os ensaios so realizados de acordo com as Recomendaes OIML em laboratrios designados pela autoridade emissora do certificado. Esses laboratrios devem satisfazer aos requisitos da ISO/IEC 17025 e outros documentos apropriados. O certificado deve ser registrado no BIML, que o responsvel pelo envio de cpias aos estados membros da OIML e pela publicao no Boletim OIML.

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Aperfeioamentos significativos no mbito da Metrologia Legal esto sendo alcanados por meio da implementao de aes conforme citadas a seguir: O uso pela Metrologia Legal dos servios de calibrao e ensaios providos por laboratrios credenciados na RBC e RBLE; Definio do escopo das atividades delegveis sem ferir o preceito legal; Incorporao de novos servios, principalmente nos campos ligados sade e segurana; Acompanhamento das tendncias internacionais na busca de harmonizao dos procedimentos e estruturas como forma de facilitar o fluxo do comrcio; Maior articulao entre a metrologia legal e a cientfica e industrial; Implementao de pesquisa e desenvolvimento para antecipar-se s demandas da sociedade.

Credenciamento e QualidadeA rea de Credenciamento e Qualidade est integrada rede metrolgica por meio do conjunto de laboratrios de calibrao e laboratrios de ensaios por ela credenciados, que constituem a Rede Brasileira de Calibrao RBC e a Rede Brasileira de das calibraes dos instrumentos utilizados na indstria, de forma geral, e dos ensaios de conformidade nos produtos que possuem certificao compulsria ou voluntria. Para o credenciamento e sua manuteno na RBLE, os laboratrios devem manter calibrados pela RBC todos os instrumentos utilizados nos ensaios credenciados, garantindo-se dessa forma a confiabilidade metrolgica.ESTRUTURA METROLGICA INTERNACIONAL E NACIONAL

Laboratrios de Ensaios RBLE . Esses laboratrios so os responsveis pela realizao

ALGUMAS ORGANIZAES LIGADAS METROLOGIA NO BRASILRedes Regionais de MetrologiaO nmero de laboratrios integrantes da RBC (153 em set/01) e da RBLE (118 em set/01) ainda no suficiente para satisfazer todas as necessidades brasileiras. A formao das Redes Regionais de Metrologia, fruto do esforo integrado de empresas industriais, institutos de pesquisa, universidades e outras organizaes interessadas no aprimoramento da metrologia, contribui para o fortalecimento da metrologia em nvel estadual e amplia a oferta de servios de calibrao e de ensaios. Pela sua capilaridade e poder de ao independente, isto , sem conflito de interesse com as questes de credenciamento, as redes possuem, pelo conhecimento natural das especificidades e demandas regionais, forte poder de sensibilizao e de articulao da competncia tcnica, disponibilizando-a de forma compartilhada para promover e desenvolver a competitividade regional. Atualmente so 9 as redes regionais: Rede Baiana de Metrologia e Ensaios (www.fieb.org/rbme), Rede de Metrologia e Ensaios de Minas Gerais (www.fiemg.com.br/ rmmg), Rede Metrolgica de Pernambuco, Sistema Paran Metrologia, Rede Temtica de Metrologia do Estado do Rio de Janeiro, Rede Metrolgica do Rio Grande do Sul (www.redemetrologica.com.br), Rede Metrolgica do Estado de So Paulo (www.remesp.org.br), Sistema Catarinense de Metrologia e Rede de Metrologia e Ensaios do Cear.METROLOGIA

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Sociedade Brasileira de Metrologia SBMA SBM uma sociedade civil sem fins lucrativos que congrega pessoas (fsicas e jurdicas) para a promoo do desenvolvimento da metrologia brasileira, em consonncia com as diretrizes do SINMETRO e em sintonia com os avanos da metrologia mundial.ESTRUTURA METROLGICA INTERNACIONAL E NACIONAL

A SBM o representante brasileiro no IMEKO International Measurement Confederation. Criada em 1995, alm da sede no Rio de Janeiro, possui regionais no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paran, So Paulo, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Cear. Conta atualmente com a participao de mais de 700 profissionais, entre engenheiros, fsicos, qumicos, tcnicos metrologistas e especialistas de diversas outras reas do conhecimento. Mais informaes sobre a SBM podem ser obtidas no site http://www.sbmetrologia.org.br.

Organizaes CorporativasSo organizaes metrolgicas oriundas e existentes em corporaes, tais como as existentes nas Foras Armadas, no Sistema SENAI, na PETROBRAS, TELEBRS, FURNAS, CEPEL e outras. O CTA (Centro Tcnico Aeroespacial) possui o SISMETRA (Sistema de Metrologia Aeroespacial), cujas finalidades so a normalizao, coordenao e fiscalizao das atividades metrolgicas no mbito do Ministrio da Aeronutica. O CTA assinou um convnio de cooperao com o INMETRO para fomentar o credenciamento de seus laboratrios e para receber rastreabilidade direta do INMETRO, tendo em vista as rgidas exigncias da FAA (Federal Aviation Administration USA). O SENAI no apenas incorporou a filosofia do credenciamento, como tem assessorado o INMETRO na gesto de programas especficos para formao e capacitao de recursos humanos em metrologia. Empresas como PETROBRAS, TELEBRS, FURNAS, CEPEL organizam e qualificam os seus fornecedores estabelecendo polticas e praxes que privilegiam as atividades da metrologia e da normalizao. O Ministrio do Exrcito dispe do seu sistema de Metrologia, Normalizao e Certificao da Qualidade SIMETRO.

62METROLOGIA

7FORMAO DE RECURSOS HUMANOS EM METROLOGIA

O PROGRAMA RH-METROLOGIAO Brasil estabeleceu, em 1996, um programa denominado Programa Brasileiro de Recursos Humanos em Metrologia (Programa RH-Metrologia) com o objetivo deFORMAO DE RECURSOS HUMANOS EM METROLOGIA

estimular o desenvolvimento de recursos humanos necessrios ao crescimento das atividades de metrologia. O Programa RH-Metrologia foi financiado pelo Ministrio da Educao, Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior e Ministrio da Cincia e Tecnologia, e desenvolveu-se sob a coordenao conjunta do INMETRO, CAPES e CNPq. Foi estruturado com base no Subprograma de Tecnologia Industrial Bsica (TIB) do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (PADCT) a partir de um acordo de emprstimo entre o governo brasileiro e o Banco Mundial (BIRD).

Os principais resultados do Programa RH-Metrologia foram:!

a implementao de cursos de ps-graduao (em

nvel de especializao e mestrado) em Metrologia. Estes cursos esto disponveis na Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro (PUC/RJ) e na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC);!

64METROLOGIA

o financiamento de teses de mestrado orientadas aos

diversos campos da metrologia;!

o treinamento especializado para tcnicos, professo-

res e especialistas com a realizao de cursos de curta durao (escolas avanadas) em diversas reas da metrologia (incerteza da medio, metrologia dimensional, metrologia ptica, metrologia qumica, etc.);!

o intercmbio internacional de especialistas com a

realizao de seminrios e workshops internacionais;!

a publicao de livros tcnicos, literatura especializada

e material institucional para o ensino da metrologia em diferentes nveis (alguns exemplos esto citados nas referncias bibliogrficas).

Curso Tcnico em MetrologiaPodemos atribuir como um resultado do programa RH-Metrologia, uma vez que cerca de 60% do corpo docente oriundo do mestrado de Metrologia da PUC/RJ, a implementao em maro de 2000 do curso "Tcnico em Metrologia para a Gesto da Qualidade" do Nilpolis, no Estado do Rio de Janeiro. O curso hoje encontra-se estruturado em trs mdulos semestrais, totalizando um ano e meio de durao. O prazo de concluso pode ser reduzido a um ano, mediante o aproveitamento de estudos, para os alunos que j possuam formao tcnica em reas afins Metrologia, como Qumica, Alimentos, Eletrnica, Eletrotcnica, Mecnica, Telecomunicaes, etc. Cabe ressaltar que a profisso Tcnico em Metrologia ainda no possui regulamentao. Esta iniciativa j foi tomada pela coordenao do curso, juntamente com a Direo de Ensino do CEFETEQ/RJ, que solicitou ao CREA/RJ a anlise e a regulamentao da profisso e agora est aguardando o fim do processo. Os interessados podem entrar em contato com a coordenao do curso pelo telefone (21) 2691-4499, ou pelo e-mail [email protected] DE RECURSOS HUMANOS EM METROLOGIA

Centro Federal de Educao Tecnolgica de Qumica de Nilpolis CEFETEQ de

65METROLOGIA

Proposta do INMETRO ao MECO INMETRO, em novembro de 2000, apresentou ao MEC Ministrio da Educao uma proposta para introduo de tpicos de Metrologia, Normalizao e Qualidade nas diretrizes curriculares para os cursos de graduao (ensino superior), de acordo com as necessidades e especificidades das diversas reas do conhecimento. Ressaltando que os profissionais de nvel superior, em sua grande maioria, so formadores de opinio e lderes nas vrias reas de atividade, o projeto destaca a importncia da disseminao dos conceitos de Metrologia, Normalizao e Qualidade apresentando algumas caractersticas para trs grandes reas de conhecimento: Cincias Exatas e da Terra, Engenharias e Tecnologia Os profissionais destas reas realizam medies experimentais, utilizam normas e regulamentos tcnicos e, cada vez mais, devem estar preparados para atender s exigncias quanto qualidade dos produtos, processos ou servios. Assim, devem estar aptos a conhecer os processos de medio, expressar corretamente os resultados e identificar as incertezas associadas, bem como compreender os aspectos relacionados operao, manuteno e calibrao dos equipamentos de medio.

Cincias Biolgicas e Mdicas Os profissionais destas reas atuam em setores onde a necessidade da regulamentao tcnica intensa, alm de utilizarem instrumentos de medio que devem ter uma confiabilidade altssima. Todos os equipamentos de medio, desde os mais simples (por exemplo: os termmetros e os esfigmomanmetros medidores deFORMAO DE RECURSOS HUMANOS EM METROLOGIA

presso arterial) aos mais sofisticados (ex.: tomgrafo computadorizado), precisam ser calibrados em intervalos peridicos, buscando sempre a rastreabilidade aos padres nacionais e internacionais. Dessa forma, os profissionais devem conhecer os conceitos bsicos da Metrologia (unidade de medio, calibrao, rastreabilidade, padres, incerteza, etc.), de modo a compreender os resultados apresentados pelos equipamentos e instrumentos. Cincias Humanas e Sociais, Cincias Sociais Aplicadas O desenvolvimento de uma cultura metrolgica uma condio necessria para melhorar a qualidade dos processos, servios e produtos das empresas e, conseqentemente, aumentar sua competitividade. Os profissionais das reas econmicas e administrativas devem levar isto em conta em seus projetos de aprimoramento dos processos empresariais. Aspectos da Metrologia, Normalizao e Qualidade tambm so importantes, do ponto de vista jurdico, na elaborao de contratos de comrcio nacionais e internacionais, bem como na defesa do cidado.

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8METROLOGIA NA ATUALIDADE

ASPECTOS DIVERSOSPor meio da metrologia, aes articuladas por entidades dos diversos pases harmonizam os sistemas de acreditao ( accreditation) dos laboratrios que realizam os ensaios de conformidade de produtos. muito importante para um pas a sua participao num Acordo de Reconhecimento Mtuo (MRA), que assegura, dessa forma, que os certificados de calibrao e laudos de ensaios dos laboratrios credenciados sejam aceitos internacionalmente.

METROLOGIA NA ATUALIDADE

ORGANIZAO MUNDIAL DO COMRCIO OMCIncluiu no acordo de barreiras tcnicas (TBT Technical Barrier for Trade) mecanismos que privilegiam a metrologia para assegurar o reconhecimento de resultados dos ensaios de conformidade e procedimentos de avaliao de produtos e servios.

No somente as atividades no campo comercial so submetidas avaliao. Os sistemas e instrumentos de medio usados em atividades da rea mdica, de fabricao de medicamentos, de proteo ocupacional