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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓSGRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL Disciplina: SEMINÁRIOS APLICADOS Métodos de avaliação de alimentos para aves Bruno Duarte Alves Fortes Orientador: Prof. Dr. Marcos Barcellos Café GOIÂNIA 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS–GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

Disciplina: SEMINÁRIOS APLICADOS

Métodos de avaliação de alimentos para aves

Bruno Duarte Alves Fortes

Orientador:

Prof. Dr. Marcos Barcellos Café

GOIÂNIA

2011

i

BRUNO DUARTE ALVES FORTES

Métodos de avaliação de alimentos para aves

Seminário apresentado junto à Disciplina

Seminários Aplicados do Programa de Pós-

Graduação em Ciência Animal da Escola de

Veterinária e Zootecnia da Universidade

Federal de Goiás.

Nível: Doutorado

Área de Concentração:

Produção Animal

Linha de Pesquisa: Metabolismo

nutricional, alimentação e forragicultura

na produção animal

Orientador:

Prof. Dr. Marcos Barcellos Café - UFG

Comitê de Orientação:

Prof. Dr. José Henrique Stringhini - UFG

Profª. Drª. Nadja Susana Mogyca Leandro - UFG

GOIÂNIA

2011

ii

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................1

2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................3

2.1 Composição química dos alimentos ................................................................. 3

2.2 Métodos químicos de análises dos alimentos .................................................. 4

2.2.1 Método de Weende ou sistema de análise proximal ..................................... 4

2.2.2 Matéria seca (MS) e teor de umidade (U) ..................................................... 5

2.2.3 Matéria mineral (MM) .................................................................................... 6

2.2.4 Proteína bruta (PB) ....................................................................................... 7

2.2.5 Extrato etéreo (EE) ........................................................................................ 8

2.2.6 Fibra Bruta (FB) ............................................................................................. 9

2.2.7 Extrativos não nitrogenados (ENN) ............................................................. 13

2.2.8 Método de Van Soest .................................................................................. 14

2.2.9 Fibra em detergente neutro (FDN) .............................................................. 15

2.2.10 Fibra em detergente ácido (FDA) .............................................................. 16

3 Metodologias de avaliação energética dos alimentos ....................................... 17

4 Metodologias de avaliação aminoacídica dos alimentos ................................... 23

4.1 Digestibilidade aparente e digestibilidade verdadeira dos aminoácidos ......... 23

4.2 Disponibilidade e digestibilidade dos aminoácidos ......................................... 24

4.3 Métodos para determinar digestibilidade dos aminoácidos com aves ............ 26

4.3.1 Método da alimentação forçada com galos ................................................. 26

4.3.2 Método da coleta ileal em aves ................................................................... 27

4.3.3 Método da coleta total de excreta com aves ............................................... 28

5 Tendências para análises dos alimentos .......................................................... 28

5.1 Novas tendências na avaliação de fósforo digestível em aves ...................... 28

5.2 Novas tendências na avaliação do nível energético ....................................... 30

iii

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 33

7 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 34

iv

LISTA DE TABELAS

TABELA 1- Diferenças percentuais dos teores de energia digestível para grãos e raízes, quando comparados em seus estados naturais e de matéria seca.. .......... 6

TABELA 2- Fatores de conversão do nitrogênio para proteína de diversos alimentos.. .............................................................................................................. 8

TABELA 3- Digestibilidade da fração fibra bruta de diversos alimentos para aves ............................................................................................................................. 11

TABELA 4- Conteúdo de carboidratos de alguns ingredientes de origem vegetal (%) ........................................................................................................................ 14

TABELA 5- Valores obtidos de energia metabolizável aparente (kcal/kg MS), corrigida para o balanço de nitrogênio (EMAn) e energia metabolizável verdadeira, corrigida para o balanço de nitrogênio (EMVn) pelo método de coleta total e pela técnica de alimentação forçada com galos .......................................................... 21

TABELA 6- Valores de energia metabolizável aparente corrigida (kcal/kg MS) das sojas, determinadas em cada idade das aves ...................................................... 22

TABELA 7- Coeficientes de digestibilidade do fósforo em alimentos para aves (matéria natural, %) .............................................................................................. 30

v

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1- Esquema analítico de Weende ............................................................ 4

FIGURA 2- Comparação entre os métodos de Weende e Soest ......................... 16

FIGURA 3- Locais onde são avaliados o aproveitamento dos aminoácidos nos animais monogástricos ......................................................................................... 25

1

1 INTRODUÇÃO

O uso rotineiro de novas tecnologias na alimentação de aves está

diretamente relacionado com a disponibilidade de dados de exigência dos animais

e também com os valores nutritivos dos ingredientes utilizados nas formulações

para as diversas fases de criação.

Os programas alimentares utilizados na avicultura têm como finalidade

conciliar a nutrição e a fisiologia nos diversos estágios de desenvolvimento das

aves. A capacidade digestiva das aves é influenciada pela idade, nota-se que

ocorre aumento no aproveitamento dos nutrientes presentes nas dietas com o

avanço da idade, em função do desenvolvimento do trato gastro intestinal desses

animais.

Para atender adequadamente às exigências nutricionais dos animais e

para que possam expressar o máximo do seu potencial, é imprescindível que se

formulem rações eficientes. Por isso, é necessário conhecer com maior precisão a

composição química juntamente com os valores energéticos dos alimentos

utilizados nas dietas avícolas.

Com o decorrer dos anos os nutricionistas vêm utilizando várias

ferramentas, como programas computacionais e tabelas de exigências

nutricionais, com o objetivo de conciliar a fisiologia dos animais com a

composição bromatológica dos alimentos utilizados nas rações.

O desenvolvimento da nutrição está associado ao conhecimento do

valor nutricional dos ingredientes que são utilizados nas rações avícolas, sendo o

valor nutricional de um alimento diretamente relacionado à sua composição

química e energética, entre outros fatores.

Em decorrência de inúmeros fatores que interferem na concentração de

nutrientes dos ingredientes, como a fertilidade de solo, o clima, a cultivar, o

armazenamento, a amostragem, os tipos de processamento e as substâncias

antinutricionais, faz-se necessário realizar análises bromatológicas ou físico-

químicas, que têm como principal objetivo a obtenção da composição química dos

alimentos, ou seja, a determinação de suas frações nutritivas.

Devido às grandes variações na capacidade de utilização dos

nutrientes pelos animais, em função das diferenças anatômicas e fisiológicas

existentes nos tratos digestório das várias espécies a avaliação da digestibilidade

2

dos alimentos é um parâmetro de grande importância, pois para determinar se um

alimento é eficientemente utilizado pelo animal, se faz necessário descobrir o seu

coeficiente de digestibilidade, servindo como base de cálculo para as exigências

das várias espécies.

De uma forma geral, pode-se concluir que os processos de avaliação

dos alimentos tradicionalmente empregados na avicultura são representados

pelos valores obtidos pelas análises bromatológicas, teores de energia e de

aminoácidos, sejam eles totais ou digestíveis.

Nesse contexto, objetivou-se com a presente revisão, discutir e abordar

as principais características dos métodos tradicionais de análises dos alimentos

assim como as novas técnicas de avaliação dos nutrientes presentes nos

ingredientes utilizados nas dietas avícolas.

3

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Composição química dos alimentos

Os ingredientes que compõem as rações avícolas representam a

porção mais onerosa da produção e o adequado fornecimento dos nutrientes é

essencial para o máximo crescimento e deposição de tecido muscular pelos

animais. A formulação das rações de aves possui o intuito de atender as

exigências nutricionais, para isso, se torna necessário o conhecimento da

composição química dos alimentos, bem como suas limitações nutricionais.

SANTOS et al. (2005), destacaram que o conhecimento dos dados de

composição química, dos valores de digestibilidade e da disponibilidade de

nutrientes são extremamente importantes no balanceamento de dietas.

Dentre os diversos problemas enfrentados pelos nutricionistas destaca-

se a variação na composição química de um mesmo tipo de alimento. Porém essa

variação é normal, principalmente em se tratando de alimentos de diferentes

condições de cultivo, solo, regiões, clima e cultivares.

O ideal ao se elaborar uma ração seria avaliar a composição dos

ingredientes disponíveis, porém isso demanda trabalho, tempo e custo. Com isso,

a utilização de tabelas de composição química de alimentos tem sido uma

alternativa (CALDERANO, 2008).

Tanto nas indústrias como nas instituições de pesquisa, a formulação

de rações já baseou-se em informações de composição de alimentos e de

exigências nutricionais estabelecidas no exterior, principalmente na Europa e

Estados Unidos (ROSTAGNO et al., 2005). Porém, essas tabelas, sob alguns

aspectos, deixavam a desejar quanto a sua aplicabilidade em condições

brasileiras, o que incentivou pesquisadores a elaborarem suas próprias tabelas

(ROSTAGNO et al., 1983; EMBRAPA, 1991).

Com isso vários trabalhos (BRUMANO et al., 2006; CAFÉ et al., 2000;

CARVALHO et al., 2004), têm sido desenvolvidos gerando dados que são

utilizados para atualizar e incluir novos alimentos às tabelas já existentes, como a

4

tabela atualizada de ROSTAGNO et al. (2011), possibilitando assim melhor

utilização dos alimentos na formulação de dietas.

2.2 Métodos químicos de análises dos alimentos

2.2.1 Método de Weende ou sistema de análise proximal

O método de Weende, também chamado Sistema de Análise Proximal,

foi criado por Henneberg em 1860, na Estação Experimental de Weende,

Alemanha. Segundo Henneberg, o alimento é composto de diversos nutrientes

conforme o esquema da Figura 1 a seguir:

FIGURA 1- Esquema analítico de Weende Fonte: Modificado de Teixeira (2003)

De acordo com TEIXEIRA (2003), alimento é toda a matéria susceptível

de ser transformada e aproveitada pelos animais, sustentando-lhe a vida, a saúde

e a produção. São constituídos de elementos chamados nutrientes ou princípios

nutritivos que exercem um papel particular no organismo. Não existem alimentos

completos, portanto sempre haverá a necessidade de analisá-los visando suprir a

deficiência de um ou outro nutriente requerido pelo animal.

ALIMENTO

FIBRA BRUTA

CINZA

PROTEÍNA

MATÉRIA ORGÂNICA

EXTRATO ETÉREO

EXTRATO NÃO NITROGENADO

MATÉRIA SECA

ÁGUA

5

As análises laboratoriais visam separar os componentes dos alimentos

em frações de digestibilidade e metabolização previsíveis, com um custo analítico

baixo e através de métodos rápidos. Devem ser realizadas para fornecer um valor

nutricional aproximado da dieta utilizada, que é a mistura de todos os ingredientes

oferecidos a um animal.

O método de Weende consiste em fracionar o alimento em matéria

seca (MS), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra bruta (FB), extrativos

não nitrogenados (ENN) e cinzas ou matéria mineral (MM). Estes nutrientes

compõem as análises clássicas ou comumente feitas visando obter as

informações sobre um alimento qualquer.

Entretanto, o sistema de análise proximal ou método de Weende ao

longo do tempo apresentou-se insatisfatório, por não reconhecer as diversas

frações dos carboidratos, com características de solubilidade e degradação

distintas e não promover o fracionamento da fibra. No grupo dos extratos não-

nitrogenados encontram-se frações de naturezas diversas, como amido,

hemicelulose, pectina, lignina solúvel em álcali e os carboidratos solúveis em

água (SILVA & QUEIROZ, 2009).

2.2.2 Matéria seca (MS) e teor de umidade (U)

A obtenção do teor de matéria seca e de umidade é o primeiro passo

na determinação bromatológica de qualquer alimento, além de ser de grande

importância pois a preservação dos alimentos pode estar condicionada ao teor de

umidade do material; além disso, quando se compara o valor nutritivo de dois ou

mais alimentos, é necessário levar em consideração os respectivos teores de

matéria seca (SILVA & QUEIROZ, 2009).

A concentração de matéria seca dos alimentos é determinada por

secagem da amostra em estufa com circulação forçada de ar à temperatura de

55°C por 16 a 24 horas (pré-secagem), a 135°C por duas horas, 100°C por 24

horas ou a 105°C por 16 horas (secagem definitiva). Ressalta-se que a pré-

secagem é realizada apenas para alimentos com menos de 85% de matéria seca.

A água influencia nos valores nutritivos dos alimentos, ou seja, muitas

vezes as diferenças de valores energéticos entre dois alimentos estão em função

6

dos seus teores de matéria seca. Na Tabela 1 pode-se comparar os teores de

energia contidos em grãos e raízes em seu estado natural, ou seja, com a

presença de umidade e depois de secas. Os níveis energéticos das raízes são

menores quando comparados aos níveis dos grãos devido as maiores taxas de

umidade. A raiz de mandioca em seu estado natural possui 27,33% do valor

energético do milho e esta diferença se reduz quando se comparam as duas

fontes em base de matéria seca (PEIXOTO & MAIER, 1993).

TABELA 1- Diferenças percentuais dos teores de energia digestível para grãos e

raízes, quando comparados em seus estados naturais e de matéria

seca.

Alimento % água Energia Digestível (kcal/kg)

Estado natural Estado seco

Milho grão 12 3.841 4.365

Cevada grão 11 3.375 3.792

Batata doce 68 1.157 3.616

Mandioca 65 1.050 3.000

Fonte: adaptado de Peixoto & Maier, 1993

2.2.3 Matéria mineral (MM)

Matéria Mineral ou Cinzas são os produtos obtidos após o aquecimento

da amostra a uma temperatura de 600ºC, ou seja, até seu aquecimento rubro,

porém não superior a 600ºC, durante quatro horas ou até a combustão total da

matéria orgânica. Se a temperatura da mufla for além 600°C, alguns cátions e

ânions são parcial ou totalmente perdidos por volatilização (SILVA & QUEIROZ,

2009).

A determinação da cinza fornece apenas uma indicação da riqueza da

amostra em elementos minerais, além de permitir uma estimativa da

concentração de cálcio e fósforo dos alimentos analisados, por exemplo, produtos

de origem animal como farinha de carne e ossos. Todavia, quando se trata de

produtos vegetais, a determinação de cinzas tem relativamente pouco valor. Isso

porque o teor de cinza oriunda de produtos vegetais fornece pouca informação

7

sobre sua composição, uma vez que seus componentes, em minerais, são muito

variáveis (SILVA & QUEIROZ, 2009).

De acordo com TEIXEIRA (2003), a análise de minerais, tanto os

macros como os microminerais, atualmente é realizada com grande precisão pela

técnica de absorção atômica. Os macrominerais são expressos % dos

ingredientes e os microminerais na base de mg/kg de alimento ou ppm. As

análises mais comuns são para determinação de cálcio e fósforo.

2.2.4 Proteína bruta (PB)

As proteínas são nutrientes nitrogenados presentes em todas as células

vivas; portanto, são essenciais à vida de todo animal. Todos os animais

necessitam ingerir quantidades adequadas de proteína diariamente, além disso,

para aves e suínos, a quantidade é tão importante quanto a qualidade.

O termo proteína bruta (PB) envolve um grande grupo de substâncias

com estruturas semelhantes, porém com funções fisiológicas diferentes. As

proteínas dos alimentos vegetais possuem em torno de 16% de nitrogênio (N).

Baseado nesta concentração foi desenvolvido o método de determinação da

proteína nos alimentos, através da avaliação do conteúdo de N total da amostra.

Então, PB significa o nitrogênio total contido em um material analisado,

multiplicado pelo fator 6,25 (100 ÷ 16 = 6,25), segundo o método de Kjeldahl.

O método de Kjeldahl foi desenvolvido em 1883 pelo químico

dinamarquês, Johan Kjeldahl e é até hoje o método-padrão de determinação do

valor de nitrogenado dos alimentos. Este método consiste basicamente em três

passos: 1) digestão da amostra em ácido sulfúrico com um catalisador, que

resulta em conversão do nitrogênio em sulfato de amônia; 2) destilação da

amônia em uma solução receptora; e 3) quantificação da amônia por titulação por

volumetria com uma solução padrão. Este método determina o nitrogênio contido

na matéria orgânica, incluindo o nitrogênio protéico propriamente dito e outros

compostos nitrogenados não-protéicos, como aminas, amidas, lecitinas, nitrilas e

aminoácidos (SILVA & QUEIROZ, 2009).

No entanto, o teor de nitrogênio presente no alimento pode variar com o

tipo de proteína (Tabela 2). Verifica-se que existem diferenças na porcentagem de

8

nitrogênio nas diversas fontes de proteína, porém, estes valores não são

comumente utilizados. O fator 6,25 é aceito pela comunidade científica que

trabalha em nutrição animal (BERTECHINI, 2006).

Além do método Kjeldahl existem outras metodologias para

determinação de nitrogênio total como o método descoberto por Dumas (1831),

que consiste em aquecer a amostra a 700-800ºC, e depois medir o volume

nitrogênio gasoso. O método de Dumas apresenta vantagens em relação ao

método Kjeldahl, pois analisa as amostras (de até quatro gramas) em apenas

quatros minutos, sem utilizar reagentes corrosivos, quentes ou ácidos.

TABELA 2- Fatores de conversão do nitrogênio para proteína de diversos

alimentos.

Alimentos Fator

Arroz 5,95

Aveia, trigo 5,83

Algodão, girassol 5,30

Farinha de sangue 5,80

Leite 6,38

Milho 6,25

Soja 5,71

Sorgo 6,25

Fonte: adaptado de Bertechini, 2006

2.2.5 Extrato etéreo (EE)

O extrato etéreo é definido como todas as substâncias extraídas pelo

éter (ou clorofórmio): triglicerídeos, ácidos graxos livres, colesterol, lecitina,

clorofila, álcoois voláteis, resinas e pigmentos. Os lipídeos pertencem a um grupo

de substâncias que são extraídas por solventes orgânicos e são comumente

chamados de extrato etéreo. Além de reserva energética, os lipídeos

desempenham outras funções, por exemplo, estrutural (componente das

membranas celulares) e hormonal (BETERCHINI, 2006).

9

As gorduras ou lipídios são substâncias insolúveis em água, porém

solúvel em éter, clorofórmio, benzeno e outros solventes orgânicos chamados de

extratores. Gorduras, óleos, pigmentos e outras substâncias gordurosas solúveis

contidas em uma amostra seca são dissolvidos através da extração com o éter, o

qual é evaporado desta solução gordurosa.

O éter usado no processo é aquecido até tornar-se volátil e ao

condensar-se, circula sobre a amostra em análise, arrastando toda a fração

gordurosa e demais substâncias solúveis em éter. Este é recuperado em outro

recipiente, enquanto a gordura extraída é calculada por diferença de pesagem

(SILVA & QUEIROZ, 2009).

Considera-se que um grama de gordura produz 9,35 kcal de energia

bruta, quando medida em bomba calorimétrica, o que corresponde à

aproximadamente, 9 kcal de energia metabolizável (EM). Os alimentos com maior

teor de gordura têm valores energéticos mais altos, pelo fato dos lipídeos

fornecerem 2,25 vezes mais energia do que os carboidratos (SILVA & QUEIROZ,

2009).

O teor de gordura nos alimentos também influencia no armazenamento

dos produtos, uma vez que a gordura dos alimentos constitui uma fração instável

e é passível de rancificação.

2.2.6 Fibra Bruta (FB)

De acordo com SILVA & QUEIROZ (2009), o termo fibra bruta (FB) é a

parte dos carboidratos resistentes ao tratamento sucessivo com ácido e base

diluídos, representando a grande parte da fração fibrosa dos alimentos. TEIXEIRA

(2003), cita que a FB é composta principalmente de celulose com pequenas

quantidades de lignina e hemicelulose, sendo a celulose a maior fração.

Existem vários métodos para a determinação da fibra e da qualidade

dos alimentos, porém é necessário avaliar as limitações do método a ser

empregado em sua determinação. O método de Weende determina a FB através

do uso de uma amostra seca e desengordurada a uma digestão ácida com ácido

sulfúrico diluído e uma digestão alcalina com hidróxido de sódio diluído, com isso

tenta-se reproduzir o que usualmente ocorre no estômago e intestino dos animais.

10

Nesta fase ocorrem à remoção de proteínas, açúcares e amido,

deixando como resíduos: celulose e outros componentes polissacarídeos, além

da matéria mineral. Na etapa seguinte incinera-se o resíduo restando à matéria

mineral. A diferença entre as duas etapas constitui-se no que convencionalmente

se chama de fibra bruta (SILVA & QUEIROZ, 2009).

Outros métodos surgiram para melhorar as definições das frações

obtidas pelo método de Weende e entre elas a fibra bruta foi fracionada por Van

Soest e Wine (1967) em fibra detergente neutro (FDN), fibra detergente ácido

(FDA) e lignina.

Segundo WARPECHOWSKI (1996), tem sido adotado duas definições

de fibra da dieta: definição química e fisiológica. A definição química considera a

soma de polissacarídeos não amiláceos insolúveis (celulose, hemicelulose),

polissacarídeos não amiláceos solúveis (arabinoxilanos, β-glucanos e pectinas) e

lignina. A definição fisiológica considera todos os componentes da dieta

resistentes a degradação por enzimas endógenas de mamíferos (extensível as

aves), considerando esta uma definição mais ampla, pois inclui os

oligossacarídeos de reserva e qualquer componente resistentes à digestão

enzimática endógena (amido resistente, proteína da parede celular, etc.).

O principal problema quando se determina FB é a quantidade variável

de lignina que ocorre nos alimentos, a qual não é digestível, e que é removida

pela solução alcalina (básica) durante esta determinação. Esta lignina removida

juntamente com a hemicelulose vai fazer parte da fração extrato não nitrogenado

(ENN), que tem digestibilidade maior que a fibra bruta. No entanto, em vários

casos, a digestibilidade do ENN é inferior à da FB face à grande contaminação

com lignina, principalmente (SILVA & QUEIROZ, 2009).

A fibra da dieta exerce vários efeitos metabólicos e fisiológicos no

organismo animal, sendo diferenciados conforme as frações que a constituem,

solúvel ou insolúvel. Esses efeitos podem ser decorrentes de alterações em

funções fisiológicas, como a taxa de excreção endógena e a passagem do

alimento pelo trato gastrintestinal, alterações no bolo alimentar e digesta, tais

como a capacidade de hidratação, o volume, o pH e a fermentabilidade ou ainda,

por alterações nas populações e na atividade da microbiota intestinal (VAN

SOEST, 1994).

11

Segundo BERTECHINI (2006), as aves possuem baixa capacidade de

digerir materiais fibrosos devido à reduzida microflora existente no trato digestório,

sendo que as dietas devem ser concentradas. Estima-se que aves adultas são

capazes de digerir até 25% da fibra da ração, principalmente no ceco (Tabela 3).

TABELA 3- Digestibilidade da fração fibra bruta de diversos alimentos para aves.

Alimento % Fibra Bruta Digestibilidade (%)

Aveia 11,3 7

Cevada 5,5 11

Milho 1,9 13

Trigo 2,5 9

Fonte: adaptado de Bertechini, 2006

Segundo HETLAND et al. (2004), a fibra na dieta pode ser considerada

um componente diluidor da energia metabolizável, além de possuir efeitos

antinutricionais, dependendo de sua solubilidade, relacionados com a diminuição

do aproveitamento de nutrientes presentes nas dietas. Outra característica

relacionada ao alto nível de fibra nas rações de frangos de corte é o aumento da

umidade da cama provocada pela maior produção de excretas pelas aves.

As fibras podem ser classificadas de acordo com sua estrutura e

solubilidade em água. Quanto à estrutura, grande parte das fibras pertence ao

grupo de polissacarídeos, podendo ser carboidrato estrutural, que incluem os

constituintes da parede celular, ou carboidratos não estruturais, que incluem os

carboidratos presentes no conteúdo celular. Com base na sua solubilidade em

água, as fibras podem ser classificadas em solúveis e insolúveis.

Na fração insolúvel da fibra encontram-se a lignina, os polissacarídeos

não amiláceos (PNA) celulose e hemiceluloses insolúveis, os taninos, as cutinas e

outros compostos minoritários, enquanto que na fração solúvel da fibra são

encontradas as hemiceluloses solúveis e as substâncias pécticas (VAN SOEST et

al., 1991).

Geralmente a fibra da dieta é considerada como parte dos

componentes remanescentes da extração com solução de detergente neutro,

12

conhecida como fibra em detergente neutro (FDN), de acordo com o método

descrito por VAN SOEST & WINE (1967).

O aumento nos teores de fibra insolúvel na dieta pode provocar

diminuição no tempo de passagem da digesta pelo trato gastrintestinal, podendo

ser decorrente da estimulação física da fibra insolúvel sobre as paredes do trato

gastrintestinal (TGI), que tende a aumentar a motilidade e a taxa de passagem. O

aumento dos teores desta fração provoca também diluição da energia da dieta,

levando a um aumento compensatório no consumo para que atinja os níveis

energéticos exigidos para o crescimento, desenvolvimento e produção

(WARPECHOWSKI, 1996).

De acordo com LARBIER & LECLERQ (1994), o aumento da fibra

insolúvel na dieta aumenta linearmente a excreção endógena de nitrogênio e a

massa bacteriana na excreta, deduzindo-se que o consumo de fibra insolúvel

pode causar aumento na quantidade de substratos endógenos e exógenos,

disponíveis à fermentação bacteriana na região do ceco.

O teor de fibra solúvel na dieta está associado a uma maior viscosidade

da dieta, o que contribui para um trânsito mais lento da digesta no TGI e com

efeitos negativos sobre o desempenho animal (BEDFORD & CLASSEN 1992).

Esse aumento da viscosidade dificulta a ação de enzimas e sais biliares no bolo

alimentar, reduzindo a digestão e absorção dos nutrientes.

A disponibilidade dos nutrientes nos alimentos é freqüentemente

limitada pela presença de fatores antinutricionais. De acordo com THORPE &

BEAL (2001), trata-se de fatores com efeitos depressivos sobre a digestão e

utilização de proteínas, carboidratos, minerais e vitaminas. Estes fatores, por

exemplo, podem diminuir ou aumentar a exigência de vitaminas para o animal ou

mesmo estimular o sistema imune e causar danos por reação de

hipersensibilidade.

A maioria das dietas de frangos de corte, no Brasil, são constituídas de

alimentos de origem vegetal, entre eles os mais utilizados são o milho e o farelo

de soja. Contudo, esses alimentos apresentam constituintes que são indigeríveis

pelas aves, entre eles, os polissacarídeos não amiláceos (PNAs) e o ácido fítico

que são de grande importância.

13

LIMA et al. (2007) afirmam que o termo polissacarídeos não amiláceos

(PNAs) vem sendo freqüentemente utilizado para se referir à fibra bruta. Os

componentes da fibra dos grãos são basicamente PNA’s, no qual fazem parte da

estrutura da parede celular e não podem ser digeridos pelas aves, devido à

natureza de suas ligações, sendo resistentes à hidrólise no trato digestivo

(CONTE et al., 2002).

A classificação de carboidratos em estruturais e não estruturais refere-

se à função desempenhada nas plantas. Os carboidratos estruturais são

encontrados na parede celular dos vegetais e fornecem o suporte físico

necessário para o crescimento das plantas. A parede celular é composta de

pectina, celulose, hemicelulose, lignina, complexos fenólicos e proteína

(MERTENS, 1996).

Os carboidratos não estruturais estão localizados no conteúdo celular e

são encontrados em maior concentração nas sementes, folhas e hastes.

Representam as reservas de energia usadas para reprodução, crescimento e

sobrevivência durante períodos de estresse (MERTENS, 1996).

2.2.7 Extrativos não nitrogenados (ENN)

Segundo TEIXEIRA (2003), cerca de 75% da energia provém dos

carboidratos, sendo que, para os herbívoros, 25% são extrativos não

nitrogenados e o restante fibra bruta. Os extrativos não nitrogenados da dieta são

constituídos pelos açucares e amido dos alimentos. A divisão dos carboidratos do

alimento em fibra bruta e extratos não nitrogenados, pelas análises comuns

realizadas em laboratórios, é bastante empírica.

Dependendo do tipo de alimento, uma parte da lignina e da celulose

podem estar presentes nos extrativos não nitrogenados. A lignina é de natureza

puramente estrutural e, se presente nos extrativos não nitrogenados, diminui seu

potencial energético.

Os ENN são obtidos por meio de cálculos e são constituídos pelos

açucares, amidos, dextrinas, hemiceluloses, e variavelmente lignina. Essa fração

do esquema de Weende corresponde predominantemente aos carboidratos mais

14

digestíveis, ou como se diz comumente, “carboidratos solúveis” (PEIXOTO &

MAIER, 1993).

Na maioria dos vegetais, com exceção das sementes oleaginosas, o

carboidrato é em geral o principal componente (Tabela 4). Na análise proximal

dos alimentos, a fração carboidrato é representada por açúcares solúveis

(extrativo não nitrogenado) e fibra bruta que representa os carboidratos

estruturais (BERTECHINI, 2006).

TABELA 4- Conteúdo de carboidratos de alguns ingredientes de origem

vegetal (%).

Fontes ENN FDA FDN

Farelo de soja 45% 31,50 8,16 13,86

Farelo de trigo 53,50 13,85 40,59

Milho 72,08 3,54 11,75

Soja integral extrusada 24,00 11,40 15,70

Sorgo BT* 71,05 5,90 10,03

* Baixo tanino Fonte: adaptado de Bertechini, 2006

Para obtenção dos valores dos ENN é realizado o seguinte cálculo:

ENN = 100 - (% umidade + % PB + % FB + % EE + % MM)

A determinação do ENN, por seu cálculo, se ressente de todas as

imprecisões pessoais e imperfeições inerentes às outras determinações

laboratoriais, ou seja, acumula todos os erros que por ventura foram cometidos

(SILVA & QUEIROZ, 2009).

2.2.8 Método de Van Soest

O método de VAN SOEST (1967) divide os componentes da amostra

analisada em conteúdo celular, que compreende as frações solúveis em

detergente neutro, conforme preconiza o método e se tornou rotina freqüente nos

laboratórios de análises de alimentos (BERCHIELLI et al., 2001).

15

2.2.9 Fibra em detergente neutro (FDN)

O método para determinação do teor de fibra em detergente neutro dos

alimentos foi desenvolvido no início da década de 60, com o trabalho publicado

por GOERING & VAN SOEST (1970). Desde então, várias modificações ao longo

do tempo foram realizadas (VAN SOEST et al., 1991). Os reagentes usados para

análise de FDN (VAN SOEST & WINE, 1967) não dissolvem as frações

indigestíveis ou lentamente digestível dos alimentos, sugerindo que esse método

mede com mais acurácia as características nutricionais associadas à fibra.

A parede celular é chamada de fibra em detergente neutro (FDN) e

inclui proteínas insolúveis, hemicelulose e lignocelulose que engloba,

principalmente, as frações de lignina e celulose. Sob o aspecto nutricional, o

método de Van Soest separa melhor os diversos componentes das frações

fibrosas dos alimentos.

JERACI & VAN SOEST (1990) consideram a FDN uma medida

eficiente da fibra insolúvel da dieta que melhor representa a fração do alimento de

digestão lenta ou indigestível, e que esta função poderia ser uma medida

importante para caracterização de dietas para aves. Porém, o maior

inconveniente do método é a solubilização das substâncias pécticas, pectinas e β-

glucanas, que são substâncias freqüentemente presentes na parede celular

vegetal.

No sistema detergente a amostra é exposta primeiramente ao

detergente neutro (pH 7). Após a exposição ao detergente neutro, realiza-se uma

filtragem que separa o conteúdo celular, solúvel, da parede celular ou fibra em

detergente neutro. O conteúdo celular contém amido, proteínas, lipídeos e outros

compostos com alta digestibilidade. Portanto, a fibra em detergente neutro é

composta por: hemicelulose, celulose e lignina.

A fibra em detergente neutro é uma medida do conteúdo total de fibra

insolúvel do alimento e constitui o parâmetro mais utilizado para o balanceamento

de dietas uma vez que interfere na qualidade da mesma.

16

2.2.10 Fibra em detergente ácido (FDA)

A determinação da fibra em detergente ácido (FDA) foi desenvolvida

para evitar a solubilização lignina que ocorre no método da fibra bruta. Esse

método não utiliza álcali para isolar a fibra, propondo detergente ácido específico

a fim de solubilizar o conteúdo celular e as hemiceluloses, obtendo um conteúdo

insolúvel em detergente ácido, denominado fibra em detergente ácido.

Desta forma, a FDA isola, principalmente, a celulose e a lignina com

contaminação de pectina, cinzas e compostos nitrogenados, principalmente os

produzidos pela reação de Maillard, sendo estes resíduos a porção menos

digerível pelos microrganismos presentes no trato digestório de alguns animais.

A determinação de FDA é importante quando se deseja avaliar a

digestibilidade, pois o teor de FDA nos alimentos possui alta correlação positiva

com a digestibilidade da matéria seca.

Na Figura 2 podem ser observadas as principais diferenças entre

determinação de fibra bruta pelo método de Weende e de FDN e FDA pelo

método de Van Soest.

Método de Weende Fração química Método de Van Soest

Matéria mineral (1)* Matéria mineral solúvel

Conteúdo celular (Solúveis

em detergente neutro)

Extrato etéreo Lipídeos, pigmentos, etc.

Proteína bruta Proteínas, aminoácidos

Extrato não

nitrogenado

Açucares, amido e pectina

Hemicelulose

Parede

celular FDN

Álcali solúvel

Lignina FDA

Fibra bruta

Álcali

insolúvel

Celulose

Matéria mineral (2)* Cinza insolúvel (Sílica)

* Matéria mineral total do método de Weende = MM (1) + MM (2) FIGURA 2- Comparação entre os métodos de Weende e Soest. Fonte: Branco (2006)

17

3 Metodologias de avaliação energética dos alimentos

O conhecimento do valor energético dos alimentos é de fundamental

importância nutricional e econômica, para a formulação de rações que resultem

em ótimo desempenho dos animais. A energia liberada da oxidação dos

alimentos, assim como a oriunda do metabolismo energético como calor

produzido, é expressa em caloria (cal) o joule (J). Uma caloria é definida como a

quantidade de calor necessária para elevar um grama de água de 14,5 °C a 15,5

°C, um joule equivale a 0,239 cal, ou seja, uma caloria é igual a 4,18 joules

(SAKOMURA & ROSTAGNO, 2007).

Todos os alimentos possuem sua fração energética, geralmente

representada pelo teor de lipídios e carboidratos presentes, sendo esta

denominada de energia bruta dos alimentos. Praticamente todo o metabolismo de

energia corpóreo gera o que se denomina de incremento calórico, sendo este o

principal responsável pela homeostase da temperatura corpórea (LARBIER &

LECLERQ, 1994).

A energia bruta (EB) é o produto da oxidação total da matéria orgânica

de uma ração ou de um alimento medida em bomba calorimétrica (SAKOMURA &

ROSTAGNO, 2007). Os carboidratos fornecem 3,7 kcal/g (glicose) e 4,2 kcal/g

(amido); as proteínas 5,6 kcal/g e as gorduras 9,4 kcal/g de EB, respectivamente

(NRC, 1998).

A energia digestível (ED) representa a energia do alimento que é

absorvida após o processo de digestão nos animais. É determinada pela

diferença entre a EB do alimento consumido e a energia bruta das fezes. Para

aves, essa forma de energia não é usualmente utilizada em virtude da dificuldade

de separar as fezes da urina.

A energia metabolizável (EM) é a forma mais utilizada para formulação

de rações avícolas, sendo obtida pela diferença entre EB do alimento e a EB das

excretas (fezes e urina) e dos gases oriundos da digestão (insignificantes em

aves). Considerando que a energia perdida na forma de gases nos monogástricos

é muito baixa, tem sido desprezada nos cálculos da energia metabolizável

(SAKOMURA & ROSTAGNO, 2007).

18

Para as aves, a EM pode ser determinada e expressa como energia

metabolizável aparente (EMA), energia metabolizável verdadeira (EMV), energia

metabolizável aparente corrigida para o balanço de nitrogênio (EMAn) ou energia

metabolizável verdadeira corrigida para o balanço de nitrogênio (EMVn).

O método mais utilizado para a determinação da EMA é o tradicional de

coleta total de excretas, descrito por SIBBALD & SLINGER (1963), que considera

a quantidade de energia consumida subtraída da quantidade de energia

excretada pelas aves. Porém, existem outras metodologias para determinar a

energia dos alimentos em aves como: metodologia da alimentação precisa

proposta inicialmente por SIBBALD (1976), uso de indicadores com o intuito de

relacionar substâncias indigestíveis presentes nos alimentos e nas excretas

proposto por KOBT & LUCKEY (1972), equações de predições (método indireto) e

o sistema NIRS (near infrared spectroscopy), sendo que este fornece apenas

dados de EB para os ingredientes analisados.

O sistema NIRS para determinação dos componentes químicos dos

alimentos tem sido usado como rotina nos laboratórios nos últimos anos. O

princípio do NIRS foi desenvolvido por Karl Norris no início da década de 70. O

sistema tornou-se uma técnica de laboratório ideal por ser rápida, não necessitar

de reagentes químicos e não produzir resíduos. Além disso, não há necessidade

de preparar as amostras e vários nutrientes podem ser analisados ao mesmo

tempo.

A técnica é uma integração de espectroscopia de luz, estatística e

ciência da computação. Modelos matemáticos são construídos para relacionar a

composição dos grupos químicos ativos à absorção de energia na região do

espectro do infravermelho próximo (700-2500nm). Nessa região, são medidas

vibrações de átomos de hidrogênio ligados ao nitrogênio, oxigênio e carbono

(SAKOMURA & ROSTAGNO, 2007).

No cálculo da EMA considera que toda energia das fezes e urina é

derivada do alimento. Entretanto, a energia fecal é proveniente de resíduos do

alimento não digerido e da energia metabólica oriunda da bile, escamações das

células da parede intestinal e suco digestivo (SIBBALD & WOLYNETZ, 1984),

assim como a energia da urina compreende a energia de origem alimentar que

não foi utilizada, energia endógena de subprodutos nitrogenados dos tecidos, e a

19

metabólica de subprodutos nitrogenados do metabolismo protéico (SIBBALD,

1987).

A EMA pode ser corrigida segundo a quantidade de nitrogênio

excretado, objetivando comparar animais em estados fisiológicos distintos, esta

se denomina de EMAn. Sabe-se que o balanço de nitrogênio (BN) é obtido

quantificando o teor de nitrogênio ingerido versus o excretado, este resultado é

multiplicado por uma constante 8,22 kcal/g de nitrogênio retido pelo animal. O

fator de 8,22 é utilizado para aves pois representa a energia equivalente do ácido

úrico, quando este é completamente oxidado (NRC, 1981).

HILL & ANDERSON (1958) relataram que essa correção é usada para

contabilizar os efeitos variáveis de crescimento e de deposição de proteína

corporal entre as aves. Segundo LOPEZ & LEESON (2007) o valor de correção é

acrescentado à energia da excreta por cada grama de N retido, pois se o

nitrogênio não tivesse sido retido, teria sido excretado como ácido úrico.

Para NUNES (2003) é necessário corrigir os valores estimados de

energia pelo BN, pois durante o ensaio de metabolismo é impossível assegurar

que todas as aves apresentem a mesma taxa de crescimento. De acordo com

NERY (2005) o nitrogênio retido como tecido, se catabolizado, contribuirá para as

perdas de energia urinária endógena, portanto, variações na retenção de

nitrogênio contribuirão para variações nos valores de EMA.

A seguir tem-se as fórmulas para o cálculo da EMA e EMAn:

EMA = Ebing - Efec – Euri

MS ingerida

Onde:

EMA = Energia Metabolizável Aparente;

Ebing = Energia bruta ingerida;

Eexc = Energia fecal;

Euri = Energia urinária;

MS = Matéria seca ingerida.

20

EMAn = EMA - (BN x 8,22)

Onde:

EMAn = Energia metabolizável aparente corrigida pelo balanço de

nitrogênio;

EMA = Energia metabolizável aparente;

BN = Balanço de nitrogênio.

A EMV é obtida pela diferença entre a EB do alimento consumido e a

energia bruta da excreta (fezes e urina), corrigida pelas perdas de energia fecal

metabólica e urinária endógena.

A seguir tem-se as fórmulas para o cálculo da EMV:

EMV = Ebing - (Ebexc + EFm + EUe)

Onde:

EMV = Energia metabolizável verdadeira;

Ebing = Energia bruta ingerida;

Ebexc = Energia bruta excretada;

Efm = Energia fecal metabólica;

EUe = Energia urinária endógena.

Da mesma forma a EMV pode ser corrigida pelo BN gerando a EMVn,

tendo como base o cálculo demonstrado para a EMAn.

CAFÉ (1993) comparou os sistemas de EMAn e EMVn (Tabela 5)

através de ensaios realizados com galos pelo método de coleta total e pela

técnica da alimentação forçada ou precisa (SIBBALD, 1976). No método de coleta

total, no qual o consumo das dietas experimentais é ad libitum, verificou-se que as

diferenças entre os valores de EMAn e EMVn das sojas foram pequenas, o que

indica que neste método a correção das perdas endógenas e metabólicas são

pequenas ou inexpressivas (Tabela 5).

Porém, quando o autor comparou os valores de EMAn e EMVn obtidos

pela técnica de alimentação forçada, com o consumo fixo de 30 g, as diferenças

foram maiores. Os menores valores de EMAn foram explicados por não se levar

21

em consideração as perdas endógenas e metabólicas. Concluindo que quando o

consumo de alimento é baixo, a produção de excretas também é menor, o que faz

necessários que sejam feitas as devidas correções para as perdas endógenas e

metabólicas para a obtenção de dados mais exatos da EM.

TABELA 5- Valores obtidos de energia metabolizável aparente (kcal/kg MS),

corrigida para o balanço de nitrogênio (EMAn) e energia

metabolizável verdadeira, corrigida para o balanço de nitrogênio

(EMVn) pelo método de coleta total e pela técnica de alimentação

forçada com galos.

Sojas Coleta total Alimentação forçada

EMAn EMVn Diferença EMAn EMVn Diferença

Farelo + óleo 3.548 3.574 -26 2.469 3.671 -1202

Micronizada 4.577 4.615 -38 2.296 4.442 -1146

Tostada 3.561 3.594 -33 2.462 3.678 -1216

Média 3.895 3.928 -32 2.742 3.930 -1188

Fonte: adaptado de Café, 1993

Segundo SIBBALD & WOLYNETZ (1984), com baixos consumos, a

EMV superestima a energia dos alimentos, enquanto a EMA os subestima.

Entretanto, os valores de EMA e de EMV tendem a ser similares quando o

consumo é elevado.

A recomendação nutricional do NRC (1994) apresenta um valor único

de EM para cada ingrediente. Ou seja, esta recomendação não considera

mudanças na digestibilidade das aves nos diferentes estágios de crecimento.

A padronização de um único valor de EMAn para todas as categorias

de aves tem gerado diversas discussões entre os pesquisadores. Segundo PENZ

JR. et al. (1999), independente da categoria da ave utilizada no estudo, os valores

de EMA dos alimentos quando corrigidos pelo BN no método tradicional, tendem

a ser similares.

Porém, de acordo com BATAL & PARSONS (2002), aves jovens são

menos eficientes na utilização dos nutrientes dos alimentos, especialmente

durante os primeiros 7 a 10 dias pós-eclosão. Estes autores afirmam ainda que a

22

partir dos 14 dias de idade, as aves atingem a maturidade fisiológica e

conseqüentemente, conseguem utilizar de modo mais eficaz a energia das

rações.

Fato este comprovado por BRUMANO et al. (2006), que relataram que

aves jovens possuem menor capacidade de digestão e absorção dos nutrientes,

visto que o sistema digestório encontra-se ainda em desenvolvimento. Com o

passar do tempo as aves desenvolvem plenamente o sistema digestório e

passam à produzir maior quantidade de enzimas e secreções gástricas, levando a

um melhor aproveitamento dos alimentos.

Com o intuito de avaliar o efeito da formulação de rações para frangos

de corte, utilizando valores de EM dos alimentos determinados por diferentes

métodos (coleta total e alimentação forçada) FREITAS et al. (2006) concluíram

que as rações para frangos de corte até 21 dias de idade devem ser formuladas

considerando-se os valores de EMAn dos alimentos determinada com pintos.

Contudo, para frangos de corte com idade acima de 21 dias, deve-se utilizar

valores de EMAn ou EMVn determinados com galos na formulação das rações.

SAKOMURA et al. (2004a), avaliando o efeito da idade dos frangos

sobre a atividade enzimática e digestibilidade da energia, concluíram que o

aproveitamento da energia dos alimentos foi afetado pela idade em função da

dependência da produção das enzimas digestivas, sendo os valores de EMAn

menores na primeira semana de vida das aves (Tabela 6).

TABELA 6- Valores de energia metabolizável aparente corrigida (kcal/kg MS)

das sojas, determinadas em cada idade das aves.

Sojas Idades (dias)

1-7 8-14 15-21 22-35 36-42

Farelo + óleo 3.883a 3.756b 4.151b 3.956b 3.699a

Tostada 3.724a 3.749b 3.893b 3.796b 3.659a

Extrusada 4.079a 4.149a 4.960a 4.459a 3.975a

Ração referência 2.906b 2.957c 3.045c 3.076c 3.077b

Média 3.648 3.653 4.012 3.822 3.602

Médias na coluna seguidas de letras diferentes são diferentes (P<0,05) pelo teste de Tukey. Fonte: adaptado de Sakomura et al., 2004a

23

4 Metodologias de avaliação aminoacídica dos alimentos

O conhecimento preciso da composição de aminoácidos dos alimentos

é um dos principais fatores para o êxito da formulação de dietas balanceadas. Os

aminoácidos essenciais estão entre os nutrientes que mais impactam o

desempenho animal. Por isso, é de fundamental importância o conhecimento da

composição aminoacídica dos alimentos, bem como do seu aproveitamento pelos

animais (SAKOMURA & ROSTAGNO, 2007).

Sabe-se que as quantidades de aminoácidos digestíveis nos alimentos

são substancialmente menores que a quantidade total e, associado a isto, o

desenvolvimento de ensaios de digestibilidade mais rápidos, bem como o

aperfeiçoamento daqueles já existentes, tornou possível a condução de maior

número de pesquisas sobre este assunto (PARSONS, 1996).

4.1 Digestibilidade aparente e digestibilidade verdadeira dos aminoácidos

A digestibilidade aparente é definida como sendo a diferença entre a

quantidade de aminoácido consumida e quantidade destes nas fezes ou digesta

ileal. Já a digestibilidade verdadeira é determinada pela diferença entre a

quantidade de aminoácido consumida e nas fezes ou digesta ileal, sendo

consideradas as perdas endógenas dos aminoácidos que são subtraídas da

quantidade total de aminoácidos presentes nas fezes ou digesta ileal

(SAKOMURA & ROSTAGNO, 2007).

A avaliação da digestibilidade pode ser feita por duas metodologias,

pela coleta total (excreta) e pela coleta ileal (digesta). Na coleta total, a excreta é

influenciada pela microbiota cecal que modifica o perfil aminoacídico, pela perda

endógena e metabólica. A dificuldade em separar urina de fezes sem intervenção

cirúrgica torna a determinação da digestibilidade dos aminoácidos mais complexa

e com poucas certezas de quanto à digestão cecal contribui para a nutrição

(LEESON & SUMMERS, 2001).

As perdas endógenas podem ser determinadas utilizando-se animais

em jejum (SIBBALD, 1976) ou fornecendo dietas livres de nitrogênio

(ROSTAGNO et al., 1973, PAPADOPOULOS et al., 1986). Entretanto, PARSONS

24

et al. (1982) ressalta que a produção de aminoácidos, nas aves em jejum, pode

ser inferior a das aves alimentadas e essa variação pode levar a erros nos valores

de digestibilidade, principalmente quando o alimento possui baixa concentração

de aminoácidos.

PERTILLA et al. (2002), avaliando a digestibilidade de alimentos

protéicos (farelo de soja, colza e farinha de carnes e ossos) e a formulação com

base em aminoácidos totais ou digestíveis, observaram que frangos de corte

alimentados com dietas formuladas com base na lisina digestível apresentaram

melhor ganho de peso e composição de carcaça que as aves alimentadas com

aminoácidos totais.

4.2 Disponibilidade e digestibilidade dos aminoácidos

A disponibilidade dos aminoácidos inclui os processos de digestão,

absorção e metabolismo ou utilização dos mesmos. De acordo com SAKOMURA

& ROSTAGNO (2007), a disponibilidade de aminoácidos é definida como sendo a

quantidade de aminoácidos absorvidos e utilizados pelos animais. Pode ser

determinada em ensaios de crescimento, ou seja, sua utilização é avaliada pelo

crescimento dos animais.

Já a digestibilidade é determinada pela diferença entre a quantidade de

aminoácidos consumida e a excretada nas fezes. Em aves, determina-se os

aminoácidos metabolizáveis, pois os aminoácidos da urina estão incluídos no

cálculo. A digestibilidade é determinada com base no local em que é realizada a

coleta de material, ou seja, pode ser pelo método da coleta de excretas total ou

coleta ileal, sendo esta última mais precisa do que a coleta total, visto que o

conteúdo da dieta não sofre contaminação dos aminoácidos sintetizados pelas

bactérias do ceco, conforme Figura 3.

A disponibilidade e a digestibilidade dos aminoácidos podem ser

determinadas de diversas maneiras, por meio de métodos de avaliação in vitro e

in vivo. No método in vitro, a digestão biológica é simulada e os aminoácidos são

avaliados após a ação de enzimas proteolíticas.

25

1- Local para avaliar a disponibilidade dos aminoácidos

2- Local de medida da digestibilidade ileal dos aminoácidos

3- Local para medir a digestibilidade fecal dos aminoácidos

4- Local de avaliação da digestibilidade na excreta

FIGURA 3- Locais onde são avaliados o aproveitamento dos aminoácidos nos animais monogástricos Fonte: adaptado de Sakomura & Rostagno, 2007

A maior desvantagem deste método ocorre, pois não é possível

reproduzir as condições complexas e dinâmicas que ocorrem no trato digestório

do animal. Porém, os ensaios in vivo ou biológicos são considerados mais

precisos para avaliar a digestibilidade de aminoácidos dos alimentos, dentre eles

se destacam: o método da alimentação forçada com galos inteiros ou

cecectomizados, a alimentação ad libitum com galos ou pintos intactos para

determinar a digestibilidade ileal e a coleta total de excretas com pintos

(BRUMANO et al., 2006).

Proteína (AA) do alimento

Aminoácidos não absorvidos

Aminoácidos absorvidos

Íleo (2) Síntese de proteínas

Catabolismo

Urina Crescimento (1)

Fezes (3)

Parte distal do intestino

Excretas (4) (fezes e urina)

Digestão

26

4.3 Métodos para determinar digestibilidade dos aminoácidos com aves

A determinação da digestibilidade dos aminoácidos é realizada,

estimando-se a fração de aminoácidos da ração que é degradada durante a

passagem pelo intestino das aves. As técnicas mais utilizadas com aves têm sido

uma adaptação daquela descrita por SIBBALD (1976), para determinação da

EMV, e o método de coleta ileal com o uso de indicadores.

4.3.1 Método da alimentação forçada com galos

Este método tem sido bastante utilizado pelos pesquisadores para

determinar a digestibilidade dos aminoácidos por ser uma técnica precisa,

recomenda-se que a utilização de galos cecectomomizados a partir de 20

semanas de idade, de linhagens de corte ou postura conforme a técnica descrita

por PUPA et al. (1998).

Este ensaio tem a duração de 96 horas, sendo que nas primeiras 48

horas os galos são submetidos a um jejum para a limpeza do trato digestório e

nas 48 horas subseqüentes eles são forçados a ingerir 30 gramas do alimento

teste, normalmente fracionado em duas vezes (15g + 15g). A ingestão forçada é

feita com o auxílio de uma sonda esofágica de dimensões e características

específicas descritas por SIBBALD (1987), sendo introduzido diretamente no

inglúvio das aves.

Após a alimentação, é realizada a coleta de excretas durante 48 horas

em intervalos de 12 horas. Recomenda-se a utilização de bolsas plásticas (sacos

plásticos) que são presas à região pélvica dos galos para a coleta de excretas.

No entanto, alguns problemas podem ocorrer quando são utilizados os

ensaios in vivo, pois o período experimental é longo e oneroso e vários fatores

podem interferir no resultado, sendo um deles a produção dos chamados

aminoácidos exógenos, produzidos pela microflora localizada nos cecos (PUPA et

al., 1998).

A grande vantagem da utilização de animais cecectomizados é a

garantia do resultado da avaliação da digestibilidade dos aminoácidos não ser

27

influenciada pela fermentação das bactérias do ceco, conseqüentemente,

impedindo a degradação microbiana de aminoácidos endógenos no ceco.

4.3.2 Método da coleta ileal em aves

Este método tem sido o mais utilizado para determinar a digestibilidade

dos aminoácidos com aves em crescimento. Embora este método seja mais

preciso que o de coleta total de excretas para determinar a digestibilidade de

aminoácidos, apresenta algumas desvantagens como: ser mais trabalhoso que o

método de coleta total de excretas, exigir uma maior quantidade de aves por

unidade experimental (principalmente nas fases iniciais de criação) para que se

tenha uma quantidade considerável de amostra para realização das análises

laboratoriais (SAKOMURA & ROSTAGNO, 2007).

Este método utiliza-se um indicador indigestível, o Cr2O3 ou cinza

insolúvel em ácido (CIA), que é adicionado às dietas experimentais em

quantidade de 1 a 2% da dieta. As aves são submetidas a um período de

adaptação às dietas experimentais, em torno de sete dias. Ao final deste período,

as aves são abatidas para retirar o conteúdo presente no segmento do íleo

terminando a quatro centímetros da junção íleo-cecal. Após as coletas indica-se o

armazenamento em freezer a -70 °C e posteriormente a secagem por liofilização.

Após a liofilização as amostras são analisadas para quantificação dos teores de

aminoácidos e indicador nas dietas e digestas, com estes dados são calculadas a

digestibilidade dos aminoácidos.

A digestibilidade ileal verdadeira refere-se à quantidade de aminoácidos

presente na proteína/aminoácido dietético que foram absorvidos no intestino

delgado, considerando a redução dos aminoácidos endógenos presentes na

digesta ileal. São considerados aminoácidos endógenos as enzimas pancreáticas,

a mucina, a proteína bacteriana e aminoácidos componentes do epitélio celular. A

correção endógena é coerente, principalmente quando se faz uso de formulações

com inclusão de vários tipos de alimentos (BRITO, 2007).

28

4.3.3 Método da coleta total de excreta com aves

Este método foi descrito por SIBBALD & SLINGER (1963), baseado nos

princípios de HILL & ANDERSON (1958) e POTTER & MATTERSON (1960). O

método da coleta total baseia-se no princípio de mensurar o total de alimento

consumido e o total de excretas produzidas durante um certo período de tempo.

Vários critérios têm sido utilizados para definir o início e término das

coletas. O estabelecimento do mesmo horário para iniciar e terminar as coletas

baseia-se no fato de que parte das excretas que estavam no trato digestivo, no

início, são compensadas pelas perdas no final da coleta. Outra maneira é o uso

de marcador, por exemplo 1% de óxido férrico nas rações no primeiro e no último

dia de coleta para marcar o início e o término do período de coleta.

O método de coleta total de excreta em aves tem sido criticado em

virtude dos efeitos das bactérias do trato gastrointestinal final na excreção dos

aminoácidos (SAKOMURA & ROSTAGNO, 2007). De acordo com PARSONS et

al. (1982) cerca de 25% dos aminoácidos eliminados nas excretas das aves é de

origem microbiana. Com intuído de reduzir os efeitos dessas bactérias na parte

distal do intestino das aves vários procedimentos têm sido utilizados como, por

exemplo, o método da coleta ileal.

5 Tendências para análises dos alimentos

5.1 Novas tendências na avaliação de fósforo digestível em aves

As exigências de minerais, particularmente cálcio e fósforo são de

fundamental importância para o crescimento e desenvolvimento dos animais.

Quando as exigências nutricionais não são atendidas se observa redução no

desempenho zootécnico, piora na eficiência de utilização de alimentos,

mineralização óssea inadequada, discondroplasia tibial e raquitismo (NRC, 1994).

Têm-se verificado que as recomendações práticas de fósforo para máximo

desempenho são inferiores àquelas necessárias para máxima mineralização

óssea (CRENSHAW et al., 2001).

29

Os valores de exigência de fósforo para os animais podem ser

encontrados em diferentes tabelas (NRC, 1994; ROSTAGNO et al., 2011). Estas

referências, no entanto, consideram valores de fósforo total ou de

biodisponibilidade do fósforo nos alimentos, sendo baseados em trabalhos de

pesquisa realizados em sua maioria na década de 90, os quais não representam

necessariamente as linhagens genéticas, as condições tecnológicas e o nível de

conhecimentos atuais, o que levanta questionamento sobre a acurácia destas

informações (KNOWLTON et al., 2004).

Com o constante melhoramento e seleção genética dos animais e dos

alimentos, além da necessidade de se reduzir custos com suplementação de

fósforo e também a excreção deste mineral no ambiente, existe a necessidade de

reavaliação contínua da eficiência de utilização dos nutrientes e das exigências

nutricionais para obtenção do máximo desempenho nos sistemas de produção

intensiva (GOMES et al., 2004; ROSTAGNO et al., 2005)

Considerando que os coeficientes de digestibilidade verdadeira do

fósforo nos alimentos podem ser utilizados como parâmetros para determinar a

utilização do fósforo pelas aves (DILGER & ADEOLA, 2006; PETEY et al., 2006),

estes valores poderiam ser utilizados na determinação das exigências deste

mineral e assim manter atualizadas as tabelas de exigências de nutrientes nas

diferentes fases de produção.

A determinação dos valores de fósforo endógeno excretado pelas aves

é importante para tornar mais precisos os valores de digestibilidade do fósforo dos

alimentos. Diferentes técnicas para avaliar a excreção endógena de fósforo têm

sido empregadas, utilizando análises de regressão e dietas purificadas ou semi-

purificadas, com grande variação nos resultados (SAKOMURA & ROSTAGNO,

2007).

JONGBLOED et al. (1992) citaram que a digestibilidade é uma

metodologia prática e rápida para determinar a digestibilidade do fósforo nos

alimentos, através da condução de ensaios em gaiolas metabólicas, uma vez que,

para avaliar a disponibilidade deste mineral utilizam-se ensaios de crescimento

que demandam maior tempo e número de animais, além do sacrifício destes para

avaliar a deposição do mineral nos tecidos (ossos).

30

Na Tabela 7 são mostrados os coeficientes de digestibilidade do

fósforo, de alguns alimentos, determinados com aves.

TABELA 7- Coeficientes de digestibilidade do fósforo em alimentos para aves

(matéria natural, %).

Alimentos Conteúdo de P total

Coeficiente de digestibilidade

aparente – Aves

Milho 0,24 30

Farelo de Soja 0,59 42

Farelo de Trigo 0,94 37

Fosfato Bicálcico 18,50 90

Fonte: adaptado de Rostagno et al., 2007

5.2 Novas tendências na avaliação do nível energético

Tradicionalmente utiliza-se os princípios da energia metabolizável

aparente (EMA) energia metabolizável aparente corrigida pelo balanço de

nitrogênio (EMAn), energia metabolizável verdadeira (EMV) e energia

metabolizável verdadeira corrigida pelo balanço de nitrogênio (EMVn) na

avaliação dos valores energéticos dos alimentos. Porém novos conceitos

começam a ser formulados para aprimorar ou facilitar a determinação destes

valores. Um bom exemplo é a teoria da energia líquida (EL), que tem como

principal objetivo melhorar ou aprimorar a forma desta determinação energética.

A energia líquida é definida como a energia metabolizável (EM) menos

a perda de energia causada pelo incremento calórico (IC), que é o calor produzido

durante ingestão, digestão, metabolismo e excreção dos alimentos e nutrientes. A

energia que resulta destes processos é a energia verdadeiramente disponível

para mantença (ELm - energia líquida para mantença) e produção (ELp - energia

líquida para produção: crescimento e produção de ovos).

A principal diferença entre os sistemas de energia digestível (ED) ou

energia metabolizável (EM) e energia líquida (EL) é que os dois primeiros

expressam o potencial energético, enquanto o último expressa a energia útil e

31

inclui a eficiência com a qual cada nutriente pode ser utilizado (VASCONCELOS,

2009).

A relação entre a EL/EM é a eficiência de utilização da EM para

produzir EL. Os sistemas de energia líquida comumente utilizados baseiam-se

nos conteúdos de nutrientes digestíveis dos alimentos e dietas. Esses conteúdos

são utilizados para predizer o total de EL nas dietas completas através de

equações de regressão derivadas de resultados de experimentos de

digestibilidade e de respirometria (VASCONCELOS, 2009).

As dietas utilizadas nesses experimentos são formuladas de maneira

que se tenham grandes variações nas concentrações dos nutrientes; variações

maiores que aquelas que existem nas dietas comumente utilizadas. Isso é uma

forma de se certificar que as concentrações de nutrientes presentes nas dietas

práticas se encaixam nas concentrações das dietas teste, evitando problemas

advindos da extrapolação de concentrações maiores ou menores que aquelas

presentes nas dietas experimentais (MOENH et al. 2005).

A utilização do conceito de energia líquida consiste em uma nova

abordagem na formulação das dietas para aves, permitindo que os nutricionistas

descontem as perdas nas excretas sólidas, líquidas e gasosas, ou na forma de

calor. Apesar das vantagens deste sistema de energia ser amplamente

conhecidas na espécie suína, sobretudo nos países europeus, poucos trabalhos

foram conduzidos com aves.

De acordo com MOEHN et al. (2005), a energia líquida expressa a

energia que as aves realmente utilizam e determina a eficiência com que os

nutrientes são empregados. Por exemplo, as proteínas são substâncias que são

submetidas à síntese e ao catabolismo. Durante estes processos, uma

determinada quantidade de aminoácidos é utilizada e outra é perdida.

Para que estas transformações ocorram existe um consumo de energia.

Estes processos fazem com que a eficiência real de utilização da proteína para

deposição de tecido seja de apenas 54%. Já o amido e os lipídios são utilizados

com 74% e 90% de eficiência, respectivamente. As fibras, quando digeridas no

intestino grosso, são transformadas em ácidos graxos voláteis e eles têm um

índice de eficiência de transformação em tecido adiposo de 50%. Este valor é

inferior àqueles dos açúcares digeridos e absorvidos no intestino delgado.

32

Para determinação dos valores de energia líquida de dietas e

alimentos, a correta determinação da energia de mantença é extremamente

importante. A energia metabolizável para mantença (EMm) de frangos de corte foi

determinado em 141kcal/kg0,75 por SAKOMURA et al. (2004b) por meio da técnica

de abate comparativo com aves recebendo dieta de 3200kcal/kg. Porém, LONGO

et al. (2006), também através de abate comparativo encontraram o valores de

116,2Kcal/kg de EMm para aves criadas em temperatura de 23°C. Esses autores

encontraram efeito quadrático da temperatura sobre a energia e mantença. Já

NIETO et al. (1995) relatam valores que variam de 111 a 143Kcal/kg0,75 como

exigência de mantença de frangos de corte.

Assim, no sistema de energia líquida, o custo da energia

(reais/tonelada, dividido pela energia) é diferenciado, de modo que o custo/kcal

aumenta para alimentos ricos em proteínas, e é menor para aqueles ricos em

gordura, quando comparado com os sistemas que utilizam energia digestível ou

energia metabolizável.

Os menores valores de energia atribuídos à proteína e à fibra e os

maiores valores atribuídos à gordura e ao amido afetam a formulação das dietas,

levando à limitação da utilização de ingredientes caros, ricos em proteína. Neste

caso, menos proteína é empregada nas fórmulas, reduzindo seus custos e

diminuindo a excreção de nitrogênio através dos dejetos.

NOBLET et al. (2001) avaliaram a produção de calor em suínos

alimentados com dietas com diferentes níveis de PB e gordura. Verificou-se

redução na produção de calor nas dietas de menor conteúdo protéico ou quando

gordura era adicionada. Isso indica que a eficiência de utilização da EM para

energia retida depende da composição da dieta. Os autores concluíram que a

utilização da energia é melhorada quando os níveis de PB são reduzidos e

adicionado gordura à dieta; indicando a superioridade do sistema de EL em

relação à EM e ED.

Poucos são os trabalhos envolvendo este tema na literatura, visto a

difícil mensuração deste incremento calórico. Porém a sua determinação, desde

que correta, poderia trazer benefícios à nutrição como a utilização da quantidade

estritamente necessária requerida pela ave para a manutenção e crescimento

corporal.

33

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conhecer a composição química do alimento antes de formular a ração

é imprescindível para obtenção de resultados esperados. A utilização dos

diversos métodos de avaliação de alimentos é uma ferramenta de grande

aplicabilidade para estimativas da composição e disponibilidade das diferentes

frações dos alimentos, porém a correta interpretação dos resultados obtidos com

estas avaliações é determinante e exige conhecimento das diferentes

metodologias.

Os diferentes métodos proporcionam diferenças nas avaliações de

energia e aminoácidos para aves. Portanto, as variações devem ser consideradas

para uma melhor definição da metodologia a ser usada em função dos objetivos

da pesquisa. A produção constante de dados mais precisos de composição

nutricional dos alimentos é de fundamental importância para elaborar rações que

proporcionem melhores custos e produtividade.

Visto isso fica claro que o passo determinante na produção avícola a

médio e longo prazo é o aperfeiçoamento nas análises da composição nutricional

dos alimentos, bem como das exigências dos animais, sendo este um grandioso

desafio para os próximos anos.

34

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