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VINÍCIUS TORRES
METODOLOGIA PARA DETECÇÃO DE PERFIS DE USUÁRIO PARA
TV DIGITAL INTERATIVA
JOINVILLE – SC
2010
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC
CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS - CCT
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO - DCC
VINÍCIUS TORRES
METODOLOGIA PARA DETECÇÃO DE PERFIS DE USUÁRIO PARA
TV DIGITAL INTERATIVA
Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como
requisito para obtenção do grau de Bacharel, no
Curso de Graduação em Ciência da Computação
na Universidade do Estado de Santa Catarina.
Orientadora: Luciana Rita Guedes
Co-Orientadora: Avanilde Kemczinski
JOINVILLE – SC
2010
VINÍCIUS TORRES
METODOLOGIA PARA DETECÇÃO DE PERFIS DE USUÁRIO PARA
TV DIGITAL INTERATIVA
Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito para obtenção do grau de Bacharel,
no curso de Graduação em Ciência da Computação na Universidade do Estado de Santa
Catarina.
Banca Examinadora:
Orientadora: _____________________________________
Mestre, Luciana Rita Guedes.
Universidade do Estado de Santa Catarina, UDESC, Brasil.
Co-Orientadora: _____________________________________
Dra, Avanilde Kemczinski.
Universidade do Estado de Santa Catarina, UDESC, Brasil.
Membro: _____________________________________
Mestre, Edino Mariano Lopes Fernandes.
Universidade do Estado de Santa Catarina, UDESC, Brasil.
Membro: _____________________________________
Mestre, Harry Erwin Moissa
Universidade do Estado de Santa Catarina, UDESC, Brasil.
Joinville – SC 2010
RESUMO
A TV Digital Interativa é uma nova mídia que une a televisão e algumas características
da Internet. Incluir a maior parte da população brasileira nos benefícios a serem trazidos por
essa mídia é lei. Para que seja cumprida, os desenvolvedores de interfaces para esta mídia
devem implementá-la de tal forma que atenda à maioria dos perfis de usuários os quais
compõem a população. Para facilitar esta tarefa, o presente trabalho busca investigar e propor
um método de captura de perfis de usuário voltado para a TV Digital Interativa, dividido em
duas fases. A primeira fase consiste de um estudo etnográfico, o qual gerou um panorama de
quais são os gêneros televisivos mais assistidos e quais as páginas de Internet mais acessadas
no Brasil. Após isso, foi elaborado e aplicado um questionário levantando o tempo gasto por
uma amostra de pessoas na audiência dos programas de televisão e acesso às páginas de
Internet colhidas no estudo etnográfico, para que enfim fossem atribuídas categorias de
usuários a cada uma dessas pessoas. Os resultados obtidos nesta primeira fase constituem a
grande contribuição deste trabalho, pois sugere uma metodologia para captura de perfis de
usuários da TV Digital Interativa. Na segunda fase, realizaram-se testes em uma plataforma
de simulação com os mesmos entrevistados no questionário, com o intuito de confirmar a
validade da fase anterior. Os resultados desta segunda fase revelaram a necessidade de uma
melhoria no método de validação, pois apenas 78% das pessoas participaram desta segunda
etapa. Esta investigação é sugerida como trabalhos futuros.
Palavras-chave: TV Digital Interativa. Interface Humano-Computador. Usabilidade. Captura
de Perfis de Usuário.
ABSTRACT
The Interactive Digital Television is a new kind of media which unites the television
and the Internet. Including the greatest part of the Brazilian population into the benefits to be
brought by this media is a law. To be accomplished the developers of interfaces may
implement them in such a way that supports the most of the user profiles which composes the
population. With the aim to make this task easier, this work intends to investigate and purpose
a method of capturing user profiles, totally focused on the Interactive Digital Television,
divided into two steps. The first one consists in an ethnographic study that has generated a
panorama of which are the most watched television programs and the most accessed websites
in Brazil. After it, a questionnaire raising the time spent by a sample of people in the audience
in television programs and the access to the websites collected in the previous study was
elaborated and applied, to finally attribute user categories to each one of these people. The
results obtained in this first step are the main contribution of this work, because they suggest a
methodology for user profiles capturing totally focused in the Interactive Digital Television.
In the second step, tests in a simulation platform were performed with the same interviewed
people in the questionnaire, to confirm the validity of the previous step. The results of this
second phase have revealed that improvements are necessary in the validation method,
because only 78% of the people have participated in this second step. This investigation is
suggested for future works.
Keywords: Interactive Digital TV. Human-Computer Interaction. Usability. Capture of User
Profiles.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Entrevistados por sexo .............................................................................................. 35 Figura 2: Entrevistados por idade ............................................................................................. 36
Figura 3: Entrevistados por renda (salários mínimos) .............................................................. 36 Figura 4: Membros da família morando na mesma casa .......................................................... 37
Figura 5: Entrevistados por Estado Civil .................................................................................. 37
Figura 6: Entrevistados por Nível de Escolaridade .................................................................. 38 Figura 7: Menu Principal da Primeira Interface ....................................................................... 48 Figura 8: Guia Rápido .............................................................................................................. 48 Figura 9 : Menu Principal da Segunda Interface ...................................................................... 49
Figura 10 : Guia de Progrmação ............................................................................................... 49 Figura 11: Programas Esportivos ............................................................................................. 50
Figura 12 : Documentários ...................................................................................................... 51 Figura 13: Filmes ..................................................................................................................... 51 Figura 14: Tela Inicial do EPG ................................................................................................. 52
Figura 15 Busca por Gênero ..................................................................................................... 52 Figura 16: Grade Geral de Programação .................................................................................. 53
Figura 17:Provedor de TV Digital Interativa UPC ................................................................... 54 Figura 18:Tela login/ senha ...................................................................................................... 55
Figura 19: Base de dados com informações dos usuários. ....................................................... 56 Figura 20:Canal de Notícias ..................................................................................................... 57 Figura 21:Canal de Humor ....................................................................................................... 57
Figura 22:Canal de Novelas ..................................................................................................... 58
Figura 23:Canal de Filmes ........................................................................................................ 58 Figura 24:Canal Educativo ....................................................................................................... 59 Figura 25:Canal Infantil ........................................................................................................... 59 Figura 26:Canal de Programas de Auditório ............................................................................ 60 Figura 28:Canal de Variedades ................................................................................................ 61
Figura 29:Canal de Compras .................................................................................................... 61 Figura 30: Canal de Relacionamentos ...................................................................................... 62 Figura 31:Canal de E-Mail ....................................................................................................... 62 Figura 32:Canal de Home-Banking .......................................................................................... 63
Figura 33: Tempo de Interação dos Usuários ........................................................................... 66 Figura 34: Tempo de Interação em Canais da Categoria.......................................................... 67
LISTA DE TABELAS E QUADROS
Tabela 1: Método da Soma/Média............................................................................................ 26 Tabela 2: Método da Mínima Miséria ...................................................................................... 26
Tabela 3 Método do Maior Prazer ........................................................................................... 27
Tabela 4: Pontuações Balanceadas do Questionário de Categorização de Usuários ................ 40
Tabela 5: Tempos de Interação e Porcentagens........................................................................ 69
Quadro 1: Esquema de Análise Televisiva ............................................................................... 22 Quadro 2: Resumo dos métodos pesquisados........................................................................... 24 Quadro 3: Gêneros abordados no questionário ........................................................................ 34 Quadro 4: Prova da fórmula ..................................................................................................... 40
Quadro 5: Seleção de grupos .................................................................................................... 43 Quadro 6: Similaridades entre grupos de usuários ................................................................... 44
Quadro 7: Categorias de Usuários ............................................................................................ 44 Quadro 8: Atribuição de Categorias aos Entrevistados ............................................................ 45 Quadro 9: Canais de Aplicação. ............................................................................................... 56
Quadro10: Cálculo de Porcentagem de Tempo na Categoria .................................................. 65
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
BBC British Broadcasting Corporation.
CD Compact Disc
IHC Interface Humano-Computador
SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
TCC Trabalho de Conclusão de Curso
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
UNATI-UEL Universidade Aberta da Terceira Idade (Universidade Estadual de Londrina)
UPC United Philips Cable
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 11
1.1 OBJETIVOS .............................................................................................................. 12 1.1.1 Objetivo geral .............................................................................................................................. 12 1.1.2 Objetivos específicos................................................................................................................... 12 1.1.3 Metodologia ................................................................................................................................ 12
1.2 ORGANIZAÇÃO DO TCC....................................................................................... 13
2. PERFIS DE USUÁRIO .................................................................................................. 14
2.1 DEFINIÇÃO .............................................................................................................. 14
2.2 CAPTURA DE PERFIS DE USUÁRIO ................................................................... 15 2.2.1 Métodos Explícitos ...................................................................................................................... 16 2.2.2 Métodos Implícitos ...................................................................................................................... 21 2.2.3 Esquema de Cassetti e di Chio (1999) ......................................................................................... 22
2.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CAPÍTULO ............................................................ 23
3. DETERMINANDO CATEGORIAS DE USUÁRIOS ................................................ 25
3.1 USUÁRIOS DE TELEVISÃO .................................................................................. 25
3.2 TESTE DE USABILIDADE EM APLICAÇÃO DE TV DIGITAL ........................ 27
3.3 EXPLORANDO NECESSIDADES DE ESPECTADORES DE TV DIGITAL ...... 28
3.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CAPÍTULO ............................................................ 29
4. FASE EXPLÍCITA DO MÉTODO DE CAPTURA DE PERFIL DE USUÁRIO ... 30
4.1 ESTUDO ETNOGRÁFICO ...................................................................................... 30
4.2 ELABORAÇÃO E APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO ....................................... 34
4.3 PROCESSO DE CATEGORIZAÇÃO DE USUÁRIOS........................................... 38
4.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CAPÍTULO ............................................................ 46
5. FASE IMPLÍCITA DO MÉTODO DE CAPTURA DE PERFIS DE USUÁRIO .... 47
5.1 PLATAFORMA DE SIMULAÇÃO ......................................................................... 47 5.1.1 Interfaces de TV Digital Interativa .............................................................................................. 47 5.1.2 Descrição do Simulador .............................................................................................................. 54
5.2 TECNOLOGIAS UTILIZADAS ............................................................................... 63
5.3 TESTES COM USUÁRIOS ...................................................................................... 64 5.3.1 Processo de Testes ....................................................................................................................... 65 5.3.2 Resultados dos Testes.................................................................................................................. 66
5.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CAPÍTULO ............................................................ 71
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 72
7. TRABALHOS FUTUROS ............................................................................................. 72
ANEXO A – QUESTIONÁRIO DE CATEGORIZAÇÃO DE USUÁRIOS DA TV
DIGITAL INTERATIVA ...................................................................................................... 74
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 76
11
1. INTRODUÇÃO
A Televisão Digital Interativa é uma nova espécie de mídia, a qual está em crescente
difusão, em diversas partes do mundo, bem como no Brasil. Conforme Straubhaar (2004), a
tecnologia digital é baseada no sistema de processamento por computadores que converte toda
informação em sinais do tipo ligado/desligado (on/off) ou “uns e zeros” dos números binários
que são a base da linguagem de computadores. Assim como a tecnologia de CD de áudio
colhe “amostras” da onda de som e as transforma em informação digital, as câmeras de
televisão digital colhem amostras de imagens, cortando-as em milhares de pontos de luz
(pixels) e atribuindo um número para cada ponto ou pedaço. Segundo DTV (2009), essa mídia
traz consigo várias inovações tecnológicas. Dentre elas estão o desaparecimento das
distorções de imagem e som com qualidade de CD. Além disso, é possível a interação com o
usuário, ou seja, permite-se que ele faça compras pela TV sem ter que usar telefone, votar em
pesquisas, consultar o guia de programação das emissoras, realizar operações bancárias,
acessar a Internet, além de outros serviços.
O Decreto Presidencial nº. 4901, de 26 de novembro de 2003, o qual consolidou a
criação do Sistema Brasileiro de TV Digital Interativa (Decreto 4.901, 2003, apud Tome et.
al., 2008), diz que é papel dessa nova mídia “promover a inclusão social”, além de “atender
aos efetivos requisitos de nossa sociedade, considerando o perfil de renda da população e as
possibilidades abertas pela interatividade.” (Decreto 4.901, 2003, art. 1°, inciso I, apud Tome
et. al., 2008). Em outras palavras, a TV Digital Interativa deve atender a maioria dos perfis de
usuário, sem distinção, e para que isso aconteça, as interfaces a serem elaboradas para essa
mídia devem adaptar-se a eles. A sociedade brasileira abrange diversos perfis de usuário,
desde aquele desprovido de conhecimento, até aquele já bem engajado nas tecnologias atuais.
Porém. na literatura existem poucos métodos eficazes para a captura dos mesmos, os quais
possam encaixar-se no âmbito brasileiro. É importante ressaltar que não seria conveniente
basear-se em perfis de usuários de conjunturas diferentes da brasileira, pois nem todos eles
seriam atendidos. Sendo assim, a proposta deste trabalho é adaptar métodos de captura de
diferentes perfis de usuário já existentes, tanto em IHC (Interface Humano-Computador),
quanto em outras áreas para a TV Digital Interativa, a fim de gerar perfis condizentes com a
realidade brasileira, facilitando, assim, a implementação de interfaces que os atendam.
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1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo geral
Propor e aplicar um método de captura de perfis de usuário para a TV Digital
Interativa.
1.1.2 Objetivos específicos
1. Identificar métodos de captura de perfis de usuário na literatura, tanto em IHC (Interface
Humano-Computador), quanto em outras áreas.
2. Propor um método, podendo fazer adaptações, combinações de um ou mais métodos
previamente estudados;
3. Identificar perfis de usuários condizentes com a demanda da TV Digital Interativa
Brasileira
4. Avaliar os perfis identificados através do desenvolvimento de uma interface de simulação
da TV Digital Interativa
1.1.3 . Metodologia
A elaboração do trabalho é dividida nas seguintes partes: levantamento dos métodos de
captura de perfis de usuário existentes na literatura, nas áreas de IHC e em outras;
reflexão sobre as características de cada método, de forma a verificar o que poderia ser
aproveitado para o enfoque e requisitos inerentes à TV Digital Interativa; proposta, ou
seja, reunir as características relevantes estudadas em todos os métodos, num primeiro
momento, e após isso realizar adaptações, extensões e combinações cabíveis, tendo como
resultado um método voltado para a mídia; implementação da plataforma de simulação
para confirmar o método proposto; e finalmente, a análise dos resultados, a fim de avaliar
essa confirmação.
13
1.2 ORGANIZAÇÃO DO TCC
No capítulo 1 é dada uma descrição sobre o contexto do trabalho, ou seja, é
explanado o significado da TV Digital Interativa e sua importância.
No capítulo 2, é fornecido um panorama teórico dos elementos-chave para o
entendimento do trabalho: o significado de perfis de usuário e seus respectivos métodos para
sua captura. Além disso, é feita uma reflexão sobre o material existente na literatura sobre o
tema.
No capítulo 3, são dadas informações de como dividir grupos de usuários em
categorias, para melhor chegar ao perfil mais apropriado, além de ser feito um estudo sobre a
realidade do povo brasileiro frente à Internet e à Televisão, uma vez que a TV Digital
Interativa é a junção entre as duas.
O resultado de todo o estudo preliminar, ou seja, o método de captura de perfis de
usuário totalmente voltado à TV Digital Interativa brasileira situam-se nos capítulos 4 e 5.
Finalmente, as considerações finais estão no capítulo 6.
14
2. PERFIS DE USUÁRIO
Neste capítulo, são discutidos os elementos-chave para o entendimento deste trabalho,
ou seja, o que significa o termo “Perfis de Usuário”, além das técnicas as quais são usadas a
fim de capturá-los. Através de um levantamento na literatura, esse tema será explanado a
seguir.
2.1 DEFINIÇÃO
Durante a interação de usuários com uma interface, são observadas diversas reações:
alguns terão mais facilidade de inteirar-se com ela, e outros não. Dessas reações, são retirados
diversos perfis, ou seja, conjuntos de características em comum dos indivíduos utilizadores da
interface, a fim de verificar se ela se molda ou não a esses usuários. A literatura traz inúmeras
definições do que esse conceito vem a ser. Kobsa (1995) sugere que um perfil de usuário é
uma coleção de informações e suposições sobre usuários individuais ou sobre grupos de
usuários, necessárias para que o sistema adapte diversos aspectos de suas funcionalidades e
interface. Conforme Brusilovsky (2001), é uma compilação de informações que descreve o
usuário, e que é usada para determinar como apresentar dados, que tipo de ajuda dar, e como
o usuário irá interagir com a interface. Segundo Oliveira, Balby e Girardi (2004), este
conceito é aplicado em sistemas, como comércio eletrônico, interfaces adaptativas, guias
turísticos, sistemas de recomendação que filtram a informação e dão sugestões aos usuários,
sistemas que customizam a interação de acordo com as preferências, metas, tarefas,
necessidades e conhecimento do usuário, sistemas tutoriais inteligentes que visam ensinar
selecionando o conteúdo, o estilo e o método, de acordo com o nível de conhecimento e as
características de cada aluno.
Há na literatura inúmeras classificações de perfis de usuário. De acordo com Kass e
Finin (1988), os perfis de usuários são classificados de acordo com as seguintes propriedades:
-Especialização, sendo genérico (refletindo as propriedades de um grupo) ou individual;
-Modificabilidade, podendo ser dinâmico (ser alterado durante o curso da interação) ou
estático; Extensão Temporal, podendo abranger os interesses de curto prazo (short-term) do
usuário, de longo prazo (long-term), ou ambos.
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Um modelo que reflete os interesses de curto prazo é formado, basicamente, pelas
informações mais recentemente coletadas, enquanto os de longo-prazo refletem as
propriedades gerais do usuário. Os modelos estáticos são essencialmente os que refletem os
interesses de longo prazo, podendo ser descritivo (descritos em uma base de dados) ou
prescritivo (sistema interpreta os comportamentos do usuário, extraindo informações para
compor o modelo).
2.2 CAPTURA DE PERFIS DE USUÁRIO
Através da captura de perfis de usuário, é possível retirar vários aspectos-chave para a
futura implementação de uma interface moldada a ele. Kass e Finin (1988) consideram quatro
aspectos relevantes: objetivos, capacidades, comportamentos, e conhecimento ou crenças.
Kobsa, Koenemann e Pohl (2002) apontam vários outros, como interesses e preferências,
metas e planos e dados que indicam o estilo de vida.
A fim de que uma interface obtenha maior sucesso, é conveniente que ela se adapte a
uma vasta gama de perfis. Assim, um maior número de indivíduos irá utilizá-la. Para que eles
sejam obtidos, existem diversas metodologias de captura as quais serão descritas a seguir.
De acordo com Abbattista (2002), os métodos de captura de perfis de usuário
envolvem a coleta das informações necessárias para a elaboração dos perfis e a representação
das informações coletadas, podendo ser descritos da seguinte forma:
Identificação dos propósitos da utilização do perfil;
Definição das propriedades que deverão compô-lo;
Escolha do formato de representação;
Definição dos dados que deverão ser coletados, métodos e técnicas utilizadas para
a coleta;
Coleta dos dados
Representação dos dados em um modelo de usuário.
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A primeira etapa deve considerar quais as tarefas desempenhadas pelo sistema, os
objetivos do usuário na sua utilização e os aspectos do sistema que serão adaptados. Em
seguida, são definidas as propriedades do perfil: Especialização, extensão temporal, tipos de
informação (interesses, preferências), entre outras. Já a próxima etapa, define-se o formato de
representação do perfil, podendo ser utilizados os seguintes formatos: Conjuntos de
preferências, predicados em lógica de primeira ordem ou grupos de predicados, planos,
árvores de decisões, redes neurais, tabelas em bases de dados ou como vetor de palavras, entre
outros. A seguir, devem ser determinados os tipos de dados os quais deverão ser coletados, de
forma que as propriedades do usuário possam ser extraídas, bem como são selecionados os
métodos e técnicas para a coleta de dados. Segundo Adomavicius e Tuzhilin (2001) e
Abbatista et al. (2002), os dados são classificados da seguinte maneira: factuais (o que o
usuário é como, por exemplo, nome, sexo, idade, preferências); transacionais (compras
efetuadas num dado período, valores gastos); navegacionais (páginas visitadas, tempo de
permanência em cada página); e demográficos (endereço, salário, ocupação). A etapa
seguinte consiste na coleta de dados propriamente dita e na representação explícita dos dados
coletados em um perfil de usuário. Johansson (2002) comenta que a utilidade de um perfil é
dependente da relevância e da exatidão da informação a qual o perfil possui, as quais estão
intimamente ligadas à coleta dos dados, a partir dos quais o perfil será produzido.
Diversos métodos para coleta de dados são apresentados na literatura, com diferentes
níveis de complexidade. Segundo Pazzani e Billsus (1997) e Papatheodorou (2001) eles são
classificados como explícitos e implícitos, os quais serão explanados a seguir.
2.2.1 Métodos Explícitos
Segundo Trojahn e Osório (2004), os métodos explícitos coletam as informações
diretamente do usuário, por exemplo, questionando-o sobre seus interesses, preferências e
necessidades. Esta modalidade de coleta é geralmente feita através de uso de formulários os
quais requisitam informações típicas, tais com sexo e ano de nascimento, e algumas
informações específicas tais como interesses e preferências. Alguns dos métodos explícitos
encontrados na literatura são os descritos a seguir:
17
De acordo com Mayhew (1999), há duas maneiras de se obter um perfil de usuário, as
quais podem ser através de questionários distribuídos aos usuários ou entrevistas com
especialistas para descobrir prováveis características desses usuários. O método a seguir
propõe a ajuda de especialistas para a definição das categorias dos usuários, para então
entrevistá-los. Os passos para a sua realização são os seguintes:
1 – Determinar categorias de usuários;
2 – Definir características relevantes de cada categoria, juntamente com um modelo
de questionário feito, e com especialistas reunir tais características;
3 – Desenvolver um esboço do questionário, revisando e expandindo o modelo já
feito, de forma a adicionar e eliminar perguntas quando julgar-se apropriado, além de escrever
uma introdução explicando a proposta e os benefícios do questionário;
4 – Obter feedback da chefia/gerência do projeto;
5 – Revisar o questionário para incorporar o feedback do superior;
6 – Conduzir um questionário piloto, entrevistando uma amostra pequena de pessoas,
passando cada questão com eles, de forma a checar a clareza das palavras, perfeição,
exclusividade mútua de respostas com múltipla escolha e apropriabilidade das questões. É
conveniente usar de dois a três entrevistadores por categoria;
7 – Revisar o questionário;
8 – Selecionar uma amostra de usuários, levando em conta que o percentual deles o
qual o responderá seja suficiente para realizar a pesquisa;
9 – Distribuir os questionários;
10 – Elaborar a entrada/análise de dados com a ajuda de um computador ou
manualmente;
11 – Entrada de dados;
12 – Sumarização dos dados;
13 – Interpretação: Para que essa etapa seja bem-sucedida, é recomendável a ajuda de
um especialista em Usabilidade. Deve-se escrever um sumário, o qual forneça uma sinopse
das características-chave de cada categoria de usuário e elaborar implicações específicas para
o design da interface do usuário;
14 – Apresentar os resultados, de forma a distribuir as conclusões e implicações do
design com o formulário de sumarização dos dados como um apêndice para as partes
interessadas, incluindo pelo menos um Designer de Interface de Usuário e outros membros da
equipe, além de sumarizar os resultados oralmente, se necessário.
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Barros e Zuffo (2008) seguiram a metodologia de Mayhew (1999), e a adaptaram para
a TV Digital Interativa. Primeiramente os autores fizeram um levantamento bibliográfico a
fim de pesquisar perfis existentes em outros países. Desse levantamento, foram gerados os
seguintes perfis iniciais: masculino adulto, boa familiaridade com tecnologia, interesse em
esportes e feminino adulto, sem aversão nem interesse pela tecnologia, com pouco tempo e
atenção dividida. Após essa etapa esses perfis foram melhorados, ou adaptados, através de um
estudo da população brasileira, e de outros países. O resultado obtido foi:
Torcedor Antenado: Adulto, essencialmente masculino, boa familiaridade com tecnologia
e interesse específico em esportes;
Mãe Ocupada: Adulto, feminino, indiferença pela tecnologia e atenção dispersa entre
muitas atividades; Meia Idade com Ajuda: Acima de cinquenta anos de idade,
necessitando de óculos para curta distância, pouca familiaridade com a tecnologia, mas
possibilidade de ajuda de parente ou amigo;
Torcedor com Baixa Alfabetização: Adulto, masculino, tem aversão à tecnologia e desiste,
caso encontre obstáculos.
A partir dos modelos postulados, então, foi preparado um questionário levando em
conta cinco categorias de características: conhecimento e experiência, hábitos de uso e tarefas,
características físicas, psicológicas e contextos sociais. Esse quastionários foi aplicado por
especialistas, cujas respostas foram tabuladas a fim de que se extraíssem os dados relevantes
de cada modelo. Esse estudo, portanto, teve como resultado perfis de usuários validados por
especialistas, os quais são:
Torcedor Antenado: Público essencialmente masculino, adulto, com boa escolaridade, boa
familiaridade com a tecnologia e um interesse específico em esportes. Procuram a TV
para entretenimento com objetivo bem definido e alta motivação. Têm um perfil
competitivo e gostam de se sentir no controle da situação. No caso brasileiro, este modelo
pertence às classes sociais A e B.
Mãe Ocupada: Público feminino, adulto, com boa escolaridade, sem interesse na
tecnologia, com foco voltado para o conteúdo e atenção dispersa em múltiplas atividades
simultâneas. Quando estão assistindo à TV em grupo costumam assumir uma postura de
usuários secundários, tanto com público masculino quanto infantil. No caso brasileiro,
este modelo também pertence às classes sociais A e B.
Meia Idade com Ajuda: Público com idade acima de 50 anos que apresenta certa
insegurança frente à utilização de novas tecnologias, e prefere utilizar tecnologias já
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aprendidas. No entanto, passa a utilizar novas tecnologias quando não têm outra opção ou
quando apresentam alguma grande vantagem frente a tecnologias antigas. Nestes casos,
para aprender a utilizar a nova tecnologia, ou quando encontra alguma dificuldade, recorre
a amigos, parentes ou a suporte técnico e procura solucionar o problema.
Torcedor com Baixa Alfabetização: Público essencialmente masculino, adulto, com um
interesse específico em esportes e alta motivação, mas baixa escolaridade e muito pouca
familiaridade com a tecnologia. É um público contrastante com o Torcedor Antenado,
pois tem interesses e objetivos similares, mas vê a tecnologia como um obstáculo e não
um facilitador. Esta classificação, de acordo com Instituto Montenegro (2005, apud Barros
e Zuffo, 2008) engloba 40% da população brasileira, e pertencem às classes sociais C, D e
E. Eronen (2001) fez um estudo para revelar dados específicos no que diz respeito às
expectativas e preferências de usuários quanto à TV Digital Interativa na Finlândia. Nesse
estudo, foram feitas gravações de entrevistas com 21 pessoas, sendo que cada sessão de
gravações havia de três a seis pessoas e dois entrevistadores. Em cada sessão, foram
apresentadas figuras de protótipos de interfaces de TV Digital Interativa, com o propósito
de provocar um debate entre os estudantes. O resultado desse estudo foi a geração dos
seguintes perfis de usuários: Pioneiros (Pioneers): São os jovens, apreciam prosperidade,
viagens, aventuras, jogos, compras, música, e a busca por excitação. A idade média desse
perfil é de 21 anos. Quase a metade deles são estudantes e querem possuir sempre os
aparelhos eletrônicos de entretenimento mais atual possível. Os Pioneiros são homens e
27% deles vivem nas capitais. Muitos ainda moram com seus pais. 88% deles possuem
acesso à Internet, 67% possuem computador em casa e 42% usam a Internet buscando
entretenimento, para conversar e jogar.
Ambiciosos (High-Fliers): São adultos jovens, no inicio de suas carreiras, e que se sentem
realizadas com seu trabalho. Para eles, a coisa mais importante de sua vida é a carreira. A
idade média desse perfil é de 29 anos. 27% dos Ambiciosos são formados por pessoas no
início de carreira, ou que estão no ensino médio. São pessoas totalmente orientadas à
tecnologia, sendo que mais da metade delas acessam sua conta bancária via Internet, e
lêem bastantes revistas sobre economia e informática. Possuem vários aparelhos
eletrônicos em casa, porém não necessariamente são os mais atuais. Possuem uma posição
superior na sociedade, viajam muito, frequentam concertos, óperas, ouvem bastante
música, e utilizam frequentemente o computador. 94% dos ambiciosos possuem acesso à
Internet e 78% deles possuem computador em casa. 28% deles já fizeram compras pela
Internet.Amantes do Conforto (Comfort-Lovers): Acham importante passar o tempo livre
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com a família e os filhos. Sua idade média é de 36 anos. Consomem fitas de vídeo e TV
por assinatura. A tecnologia faz com que vivam confortavelmente e sua principal razão
para usar o computador doméstico é o entretenimento. 79% dos Amantes do Conforto
possuem acesso à Internet, 76% possuem computador em casa e 43% possuem vídeo-
game.
No trabalho de Guerin e Jacks (1998), consta que foi realizada uma pesquisa pelo
Instituto Datafolha em 1995 nos períodos de 20 a 29 de junho e 16 a 18 de julho, nas
cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, com o intuito de traçar o perfil do assinante das
Nets Rio e São Paulo e seus hábitos de audiência. A técnica utilizada foi a abordagem
telefônica através de uma amostra aleatória simples com base nos cadastros de assinantes.
Foram pesquisados 2.030 domicílios no Rio de Janeiro e 2.076 domicílios em São Paulo.
A checagem posterior foi da mesma forma, através do telefone. Naquela época, o total de
assinantes Net (Rio e São Paulo) era de 137.444 e a mostra pesquisada representaria
menos de 3% do total de assinantes da Net. Os resultados mostram que a maioria são
homens, o que representava 72% da amostra. Dos entrevistados, 79% trabalhavam, 77%
eram chefes de família e a idade média era de 47 anos. Com estes dados o Instituto
Datafolha traçou as principais características de assinantes de TV fechada. O total de
entrevistados residentes nos domicílios assinantes foi de 13.874 pessoas, tendo igual
proporção de homens (49%) e mulheres (51%), divididos entre as faixa etária de menos de
2 anos (1%), de 2 a 9 anos (8%), de 10 a 14 anos (7%), de 15 a 19 anos (10%), de 20 a 24
anos (9%), de 25 a 29 anos (6%), de 30 a 39 anos (15%) e 49 ou mais (44%). Do total,
55% possuíam nível de escolaridade superior, 23% tinham o Ensino Médio e 23 %
cursaram até o Ensino Fundamental. Ficou concluído quanto ao perfil do assinante da Net,
que o universo é altamente qualificado: 94% pertencem as classes AB,e a renda familiar
média é de 53.2 salários mínimos por mês, sendo que, 9% tinham renda superior a 80
salários mínimos por mês. Para saber quanto tempo o telespectador assinante permanece
frente à TV, a amostra foi dividida entre as categorias "heavy" (pesados) , "medium"
(médios), "light" (leves) e "eventual" Os que se enquadravam na categoria "heavy" eram
compostos por um público infantil e tendia a aumentar entre os moradores de domicílios
menores (1 a 2 moradores). Na classificação "medium" (12%), a amostra foi composta
mais por adultos (20 a 29 anos), mais qualificada - tanto em termos de classe quanto de
escolaridade – aumentando entre os domicílios maiores e entre os que trabalham. Os que
pertenciam à categoria "light" (10%) encontravam-se entre um público
predominantemente feminino, adulto (20 a 29 anos), aumentando com a classe e entre os
21
residentes de domicílios maiores. Dos restantes, 1% pertencia à categoria eventual e 5%
não assistiam.
2.2.2 Métodos Implícitos
Segundo Trojahn e Osório (2004), os métodos implícitos inferem informações dos
usuários através do monitoramento do comportamento durante a interação com o sistema.
Estes métodos compreendem, geralmente, a coleta dos dados do tipo navegacionais e
transacionais, através das seguintes verificações: histórico da navegação do usuário;
transações efetuadas; páginas impressas, salvas ou adicionadas à lista de favoritos; e registro
das palavras-chave utilizadas em sistemas de busca. A seguir são descritos alguns dos
métodos implícitos existentes para a captura de perfis de usuários.
Eronen (2001) diz que observar o comportamento da família é um exemplo de método
implícito para se extrair o perfil dos usuários de TV Digital Interativa. Segundo esse autor,
estudos etnográficos feitos com a TV Digital Interativa localizada em ambientes domésticos,
concluíram que ela estará integrada com as interações já existentes nos lares, pois os membros
da família orientam seu comportamento um ao outro fazendo, por exemplo, julgamentos sobre
quem está ocupado e não deve ser incomodado, ou quem está descansando e monopolizando a
TV ou o rádio. Assim, o ambiente doméstico e as rotinas criam “grupos de comportamento”.
O estudo também revelou que as famílias passam a maior parte do tempo em espaços
coletivos ou naqueles que há o comando/controle de alguém, os quais podem ser a sala de
estar ou a cozinha.
Segundo Allen (1997), um método explícito de extração do perfil de usuários é através
de uma gravação inoportuna de preferências de filmes, a qual poderia coletar informações de
um set-top box1 de quais filmes a pessoa assistiu, e por quanto tempo. Adicionalmente,
afirmações são necessárias para interpretar essa espécie de dados. Não é seguro assumir que
um usuário assiste à televisão a todo tempo, assim a quantidade de vídeo a qual é mostrada na
tela não é uma medida precisa do interesse do usuário naquele material. Por outro lado,
Morita e Shinoda (1994) acharam uma correlação positiva entre a quantidade de tempo e a
taxa de interesse.
1 Set-top box: Aparelho o qual conecta o televisor à uma fonte externa de sinal, e o transforma em conteúdo que
pode ser apresentado na tela.
22
2.2.3 Esquema de Cassetti e di Chio (1999)
Para o melhor entendimento da diferenciação de métodos implícitos e explícitos,
mostra-se um esquema desenvolvido por Cassetti e di Chio (1999), o qual são expostas as
áreas consideradas as mais importantes do estudo televisivo que se aplicam atualmente com a
meta de se obter perfis dos espectadores. Cada âmbito foi classificado segundo o seu objetivo
de análise, os instrumentos que utiliza, a operação metodológica prevalecente, e as diversas
modalidades que assume. Por fim, foi adicionada à parte uma classificação de cada
metodologia, ou seja, se o método em questão é implícito ou explícito. O quadro 1 abaixo
ilustra esse esquema:
ÁREA OBJETO INSTRUMENTOS OPERAÇÃO MODALIDADES CLASSIFICAÇÃO
Medição de
audiência
Quantidade e
composição do
público
Audímetro, diários de
consumo, indicadores e
scanner
Registrar Investigações mediante
audímetro
Implícito
Estudo de
Atitudes
Percepções, reações
relativas ao que se
assiste na TV
Questionário, escalas de
atitudes
Perguntar Enquetes e sondagens
psico-sociais
Explícito
Medição de
Apreciação
Apreciação de um
programa
Questionário, escalas de
valoração
Perguntar Medições quantitativas
de índice de aceitação
Explícito
Estudo de
Motivações
Necessidades
vivenciais, razões
profundas de
consumo
Entrevista clínica, testes
projetivos
Perguntar,
relacionar
Investigações de
motivações,
investigações criativas
Explícito
Análise
Mutivalorada
Percepção e
valoração dos
espectadores
Técnicas estatísticas
multivaloradas
Relacionar Teste de reação imediata Implícito
Etnografia do
consumo
Modalidades,
formas, tipos de
consumo
Observação participante,
diálogo, entrevista
profunda
Observar Etnografias do consumo,
histórias de vida
Implícito
Análise de
Conteúdo
Conteúdos
transmitidos pela
TV
Fichas de identificação,
pacotes informáticos
Realizar um
inventário
Análise de conteúdo Implícito
Análise de
Textos
Televisivos
Aspectos
linguísticos,
estratégias textuais
dos programas
Fichas de identificação,
categorias de análise
Compor e
descompor
Análise textual Implícito
Estudos
Culturais
Relação entre TV e
sociedade, formas
culturais, funções
ideológicas
Categorias de análise,
paradigmas
interpretativos
Relacionar Análise das funções
sociais dos meios,
análise de ideologia
Implícito
Quadro 1: Esquema de Análise Televisiva
Fonte: Cassetti e di Chio (1999)
23
2.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CAPÍTULO
Pretendeu-se fornecer, neste capítulo todo um embasamento técnico a fim de que se
pudesse entender o caminho traçado por esse trabalho, através do estudo dos perfis de usuário
e as metodologias para se chegar a ele.
Como foi possível entender, o termo “Perfil de Usuário”, que é usado em vários
momentos nos próximos capítulos, significa um conjunto de características-chave do usuário,
as quais são essenciais para a construção de uma interface voltada a ele. Um exemplo de perfil
pode ser: “Sexo masculino, 23 anos, assiste televisão de 2 a 4 horas por dia, e utiliza o
computador mais de 6 horas diárias.”
Existem diversos métodos de geração desse perfil. De acordo com que foi possível
estudar, pode-se dividi-los em explícitos e implícitos. Os explícitos são aqueles nos quais se
necessita da presença do usuário para a geração do perfil. São métodos mais precisos, pois os
dados necessários são retirados diretamente da “fonte”, a pessoa mais interessada pela
interface, isto é, o próprio usuário. Por outro lado, depende-se de sua disponibilidade e
vontade de contribuir para a construção do perfil. Já os implícitos são aqueles os quais não
necessariamente precisam da presença do usuário. Os dados sobre ele podem ser retirados à
distância, através, por exemplo, da observação de seu comportamento. Eles não garantem
tanta precisão quanto o outro, porém ele é mais flexível, não dependendo tanto da
disponibilidade do usuário.
Foram encontrados vários métodos implícitos e explícitos para a extração de perfis de
usuários, porém foram encontrados materiais mais consistentes no que se refere aos métodos
explícitos. Uma conclusão preliminar mostra que os métodos explícitos são menos custosos
de serem aplicados e mais eficazes do que os implícitos.
Os materiais pesquisados que merecem uma especial atenção é o quadro com métodos
de captura de perfis de Cassetti e di Chio (1999), a pesquisa para traçar o perfil dos assinantes
da TV paga contida no trabalho de Guerin e Jacks (1998),e a geração de perfis de assinantes
de TV Digital Interativa de Eronen (2001). O primeiro dispõe de várias maneiras de se retirar
o perfil de usuário na área da televisão, o qual é o foco desse trabalho. Através da análise
desse material, ficou mais claro entender a diferenciação entre métodos implícitos e
explícitos. Além disso, ele fornece uma ideia de qual método se basear para a realização da
proposta desse trabalho. À primeira vista, os métodos julgados mais interessantes foram
“Medição de Apreciação” e “Etnografia”, devido à maior facilidade de aplicação. (A
Etnografia destaca-se mais, pois foi citada tanto por Eronen (2001), quanto por Cassetti e di
24
Chio (1999). Barros e Zuffo também a fizeram, a fim de descobrir os perfis preliminares.) O
segundo trabalho se relaciona de maneira expressiva com o escopo desse trabalho. O aspecto
que chamou mais atenção foi a categorização dos assinantes, com o intuito de facilitar a
identificação dos perfis. Os métodos de Eronen (2001) também ficam em evidência, pois se
relacionam com a TV Digital Interativa, e também pelo alto grau de detalhamento dos perfis
gerados.
Baseando-se em Cassetti e di Chio (1999), o quadro 2 abaixo resume os principais
aspectos abordados nos métodos de captura de perfis pesquisados, destacando a área de
aplicação dos métodos , a finalidade do método , como ele é feito, e através de quais
instrumentos, e finalmente sua classificação do método. O próximo capítulo discute como
dividir perfis com características semelhantes em categorias.
Quadro 2: Resumo dos métodos pesquisados
AUTOR ÁREA OBJETO INSTRUMENTOS OPERAÇÃO CLASSIFICAÇÃO
Eronen
(2001)
Estudo etnográfico
em ambientes
domésticos
Verificar
comportamento
da família
Gravações voz/vídeo Observar Implícito
Allen
(1997)
Descoberta de
preferências
Retirar
preferências
através de set-top
box
Gravações, set-top
box
Visualizar,
interpretar
Implícito
Mayhew
(1999)
Desenvolvimento
questionário/validaç
ão com especialistas
Seguir passos de
desenvolvimento
de questionário,
entrevista e
validação
Questionário,
entrevistas
Entrevistar, discutir Explícito
Barros e
Zuffo
(2008)
Pesquisa de perfis
de outros países
Pesquisar perfis
de outros países e
adaptar ao Brasil
Entrevistas,
questionários
Pesquisar,
entrevistar
Explícito
Guerin e
Jacks
(1998)
Pesquisa de
Audiência
Descobrir hábitos
audiência TV
paga
Telefone Perguntar,
relacionar,
categorizar
usuários
Explícito
Eronen
(2001)
Geração de perfis
através de
entrevistas
Através de
debates,
gravações,
descobrir perfil
do espectador de
TV Digital
Interativa
Gravações Debater, entrevistar Explícito
25
3. DETERMINANDO CATEGORIAS DE USUÁRIOS
Conforme pôde se observar nos métodos de captura de perfis de usuário apresentados
no capítulo anterior, a maioria deles parte de uma categorização prévia dos usuários. Assim,
entende-se que é necessário preliminarmente dividir os usuários em categorias, fazendo assim
o estudo de grupos de usuários com perfis semelhantes. Com esse objetivo, esse capítulo
descreve como os usuários são classificados em categorias .
3.1 USUÁRIOS DE TELEVISÃO
Masthoff (2002) propõe alguns métodos estatísticos simples, aplicáveis à instrução
adaptativa, os quais capturam perfis de grupos de usuários de televisão convencional, no qual
são selecionados três usuários os quais darão conceitos de zero a dez a dez gêneros
televisivos, ou seja, esses conceitos medirão as preferências dos usuários em relação aos
gêneros. Todos esses dados são dispostos através de uma tabela, e interpretados através de
diversos métodos, os quais serão detalhados mais à frente. O resultado final é uma “Lista do
Grupo”, a qual consiste num vetor de gêneros, ordenados pela preferência do grupo. Aqueles
mais “populares” vêm primeiro, e os não tão populares, depois. Gêneros com resultados
iguais estão entre parênteses. Esclarece-se melhor tudo isso através dos métodos de
interpretação dos dados propostos por Mashtoff (2002), detalhados a seguir.
Método da Soma: É uma lista de classificações com a soma das classificações individuais.
Os itens são selecionados baseando-se na sua classificação na lista, ou seja, o maior vem
primeiro. A tabela 1 ilustra o método. Ressalta-se que para se chegar à “Lista do grupo”
indicada na tabela em “Resultado”, os valores gerados pela soma de cada grupo foram
ordenados decrescentemente, e os valores iguais foram colocados entre parênteses. Por
fim, os números foram trocados pelas letras correspondentes ao grupo.
26
Tabela 1: Método da Soma/Média
A B C D E F G H I J
John 10 4 3 6 10 9 6 8 10 8
Adam 1 9 8 9 7 9 6 9 3 8
Mary 10 5 2 7 9 8 5 6 7 6
Soma do
Grupo 21 18 13 22 26 26 17 23 20 22
.Resultado: (E, F), H, (D, J), A, I, B, G, C.
Fonte: Mashtoff, 2002
Método da Mínima Miséria: É uma lista de classificações com o mínimo das
classificações individuais, ou seja, é retirado o mínimo conceito para gerar a lista. A tabela
2 ilustra o método. Ressalta-se que para se chegar à “Lista do grupo” indicada na tabela
em “Resultado”, os valores gerados pela pontuação mínima de cada grupo foram
ordenados decrescentemente, e os valores iguais foram colocados entre parênteses. Por
fim, os números foram trocados pelas letras correspondentes ao grupo.
Tabela 2 : Método da Mínima Miséria
A B C D E F G H I J
André 10 4 3 6 10 9 6 8 10 8
Beatriz 1 9 8 9 7 9 6 9 3 8
Carmen 10 5 2 7 9 8 5 6 7 6
Valor
Mínimo do
Grupo 1 4 2 6 7 8 5 6 3 6
Resultado: F, E, (H, J, D), G, B, I, C, A
Fonte: Mashtoff, 2002
Método do Maior Prazer: É uma lista de classificações com o máximo das classificações
individuais, ou seja, ou seja, é retirado o máximo conceito para gerar a lista. A tabela 3
ilustra o método. Ressalta-se que para se chegar à “Lista do grupo” indicada na tabela em
27
“Resultado”, os valores gerados pela pontuação máxima de cada grupo foram ordenados
decrescentemente, e os valores iguais foram colocados entre parênteses. Por fim, os
números foram trocados pelas letras correspondentes ao grupo.
Tabela 3 - Método do Maior Prazer
A B C D E F G H I J
André 10 4 3 6 10 9 6 8 10 8
Beatriz 1 9 8 9 7 9 6 9 3 8
Carmen 10 5 2 7 9 8 5 6 7 6
Grupo 10 9 8 9 10 9 6 9 10 8
Resultado: (A, E, I), (B, D, F, H), (C, J), G
Fonte: Mashtoff, 2002
Vale acrescentar que a pesquisa desse autor ainda está em desenvolvimento, e trabalhos
futuros contam com as seguintes extensões:
Ao invés de pedir a um usuário selecionar um conjunto de itens para um grupo, vai-se
pedir a grupos de usuário para definir uma seleção para outro grupo;
Ao invés de pedir a um usuário para selecionar um conjunto de itens para um grupo, vai-
se pedir a grupos de usuários (cada um atuando como espectador) para negociar uma
seleção para seu grupo, usando as classificações de preferência individuais dadas;
Diferentes variações dos cenários podem ser exploradas, como a hora do dia (as crianças
vêem mais TV durante o dia, e os adultos, de noite), ocasiões especiais, entre outras.
3.2 TESTE DE USABILIDADE EM APLICAÇÃO DE TV DIGITAL
Oliveira, Queiroz-Neto e Maeta (2007) fizeram testes com usuários a fim de avaliar a
usabilidade em uma aplicação interativa de TV Digital. Para isso, necessitaram definir um
publico alvo, dividindo-o e o balanceando-o conforme os critérios relacionados abaixo:
• Faixa etária: pessoas jovens aceitam com mais facilidade novas características e
também se habituam rapidamente a fazer uso de novas tecnologias. Os idosos já apresentam
maior resistência às novidades introduzidas nos aparelhos eletro-eletrônicos;
• Grau de escolaridade: quanto maior o grau de escolaridade maior a facilidade de
utilizar produtos tecnológicos e menores o temor de experimentar novas tecnologias;
28
• Poder aquisitivo: pessoas com poder aquisitivo mais elevado têm acesso a
computadores, Internet e TV a cabo. Este tipo de usuário está mais habituado a utilizar um
novo equipamento e já possui uma série de conceitos de como utilizar esse tipo de interface.
Ainda segundo esses autores, levar em consideração todas as combinações possíveis
dessas possíveis categorias produz um número muito grande de classes a serem analisadas e,
consequentemente, um número muito grande de usuários a serem entrevistados. É necessário
realizar algumas simplificações ou generalizações para tornar o número de classes menor e
mais gerenciável. Uma simplificação que pode ser adotada é remover a categoria relacionada
ao poder aquisitivo, pois ela está fortemente relacionada ao grau de escolaridade. Outra
simplificação que pode ser adotada é com relação ao grau de escolaridade. Como o percentual
de pessoas com nível superior no país é relativamente pequeno, este grupo pode ser unido ao
grupo de usuários com escolaridade imediatamente abaixo.
3.3 EXPLORANDO NECESSIDADES DE ESPECTADORES DE TV DIGITAL
Livaditi et al. (2003) realizaram um estudo cuja meta foi explorar as necessidades das
pessoas no que se refere ao uso da TV Digital Interativa. O objetivo dessa pesquisa foi
examinar qual das duas principais categorias de necessidades é a predominante ao assistir à
televisão: ritualizadas ou instrumentais. O uso ritualizado da mídia significa usá-la por
passatempo ou diversão, enquanto o uso instrumental é mais focado a uma meta específica,
como conseguir uma informação específica.
O instrumento usado para coleta de dados foi um questionário baseado nas escalas de
medida de usos e gratificações2: entreteinimento/companhia, descanso, informação,
conhecimento e utilidade. Os entrevistados responderam 24 questões, nas quais classificaram
suas preferências de como usam a TV Digital Interativa, de acordo com essas categorias de
uso da mídia supracitadas através de uma escala de Likert de 5 pontos, variando de “discordo
totalmente” a “concordo totalmente”. Foram entrevistadas 68 pessoas, sendo eles funcionários
e acadêmicos da Universidade de Atenas, Grécia. Nesse questionário, também foram
levantadas características demográficas, tais como: Sexo, idade, nível de escolaridade, estado
civil, número de filhos menores de 18 anos, profissão e área de residência. Além disso, duas
variáveis quanto ao uso da TV Digital Interativa, que são o número de horas semanais e por
2 A teoria de usos e gratificações estuda o modo que as pessoas utilizam uma mídia em geral. Nesse caso, a
televisão.
29
final de semana dedicados ao uso da mídia. Por fim, os entrevistados foram categorizados de
acordo com o grau de escolaridade.
3.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CAPÍTULO
Antes de fazer a reflexão final sobre esse capítulo, deve-se esclarecer que os métodos de
identificação de categorias de usuários estudados não geram perfis de usuários propriamente
ditos. A categorização apenas facilita o gerenciamento de grupos de usuários com perfis
semelhantes. Portanto, entende-se que os usuários inseridos numa mesma categoria possuem
perfis aproximados. Os perfis de usuários variam muito de indivíduo para indivíduo,
representando atributos muito particulares, o que seria difícil de gerenciar. Sendo assim,
entende-se que é mais fácil agrupar os usuários em categorias do que gerar perfis individuais.
Como foi possível notar, existem duas modalidades de categorização de usuários,
quantitativamente, e qualitativamente. A primeira modalidade usa métodos estatísticos para
extrair o perfil, como o de Mashtoff (2002), o qual modela grupos de usuário para televisão
aberta, através da média de notas, a nota mínima e máxima de cada usuário sobre cada gênero
televisivo. A segunda modalidade apenas retira características particulares de cada usuário.
Oliveira, Queiroz e Maeta (2007) e Livalditi (2003) estabeleceram algumas variáveis como
idade, grau de escolaridade e poder aquisitivo para retirar informações dos entrevistados.
Percebeu-se, também, que em ambas as modalidades foi utilizado um questionário como um
instrumento de coleta de dados.
O capítulo a seguir descreve a aplicação de tudo o que foi estudado até agora, ou seja,
a proposta de captura de perfis de usuários de TV Digital Interativa é apresentada. Esse
método é dividido em duas partes, sendo uma explícita, que consiste na elaboração e
aplicação de um questionário, e categorização de usuários, e uma outra implícita, que envolve
testes com usuários numa plataforma de simulação da TV Digital Interativa.
30
4. FASE EXPLÍCITA DO MÉTODO DE CAPTURA DE PERFIL DE USUÁRIO
Esse presente capítulo e o próximo tratam da proposta de método de captura de perfis de
usuários de TV Digital Interativa, o qual é dividido em duas fases, explícita e implícita.
Especificamente, esse capítulo se dedica à apresentação da fase explícita do método. Nessa
fase, retiram-se informações diretamente do usuário, conforme discutido anteriormente. Nela,
há a elaboração de um questionário, e sua aplicação a um grupo de entrevistados. A finalidade
desse questionário serviu como um meio de geração de categorias iniciais de usuários.
Antes da confecção do questionário propriamente dita, foi feito um estudo etnográfico
para proporcionar um panorama sobre quais são os gêneros televisivos e tipos de páginas de
Internet mais acessadas pelo público brasileiro. Além disso, é elaborado um questionário para
descobrir o quanto as pessoas assistem a esses gêneros e acessam a essas páginas. Essas duas
etapas deram subsídios para categorizar os usuários. Tudo isso é tratado com mais minúcia a
seguir:
4.1 ESTUDO ETNOGRÁFICO
Muitos dos autores pesquisados no capítulo 2, tais como Eronen (2001) e Cassetti
e di Chio (1999) afirmam que o estudo etnográfico é uma maneira de descobrir hábitos e
preferências dos espectadores de televisão. No que se refere à TV Digital Interativa,
Chorianopoulos e Spinellis (2002) dizem que o estudo etnográfico visa possibilitar que seus
aplicativos suportem tanto a sua utilização por um grupo de usuários quanto à utilização por
um indivíduo apenas. Sendo assim, foi realizado um estudo de todo o provável público da TV
Digital Interativa no Brasil, os quais são os consumidores de Internet e televisão
convencional. Esse público foi estudado de acordo com a idade das pessoas, ou seja, crianças,
adolescentes, adultos (homens e mulheres) e idosos.
No que se refere ao público infantil perante a televisão, Pereira et al. (1998) afirmam
que há uma espécie de “mistura” de programas dirigidos à infância com programas de grande
audiência dirigidos a adultos. As crianças menores (até aos 6 anos) parecem preferir os
programas que são produzidos e emitidos para a infância (o que não acontece tanto com
crianças entre os 10-12 anos que vêem menos programas para a infância e mais programas
para adultos). Gaíva e Ferriani (2001) afirmam que 93% das crianças, independentemente do
sexo, raça ou classes sociais, assistem à televisão diariamente. Os mesmos autores também
afirmam que elas costumam assistir às novelas, os desenhos animados e aos programas
31
infantis. No que se refere à Internet, Arribas e Islas (2008) afirmam que conforme um estudo
recente, realizado em colaboração com a Fundação Telefónica, a Universidade de Navarra
(Espanha) e Educacred intitulada “A Geração Interativa Iberoamericana Crianças e
adolescentes frente às telas: Desafios educativos e sociais”, no qual foram entrevistados vinte
e duas mil crianças e adolescentes em sete países latinoamericanos (Argentina, Brasil, Chile,
Colômbia, México, Peru e Venezuela) , cuja proposta seria analisar o que fazem as crianças e
os adolescentes dessa tecnologia, 42% das crianças iberoamericanas de 11 anos revelaram que
preferem a Internet à televisão, e que estar desconectados dela significa “estarem mortos”
socialmente falando. Além disso, essa pesquisa revelou que os conteúdos mais visitados pelas
crianças são relativos ao ócio (músicas, jogos, humor, esportes), à educação e cultura
(desenvolvimento de tarefas escolares), conteúdos qualificados a adultos e outros conteúdos
não classificáveis. Os resultados revelaram que as crianças iberoamericanas visitam,
sobretudo, aquelas páginas que proporcionam experiências de ócio. A busca do
entretenimento através do consumo de conteúdos relacionados com o ócio está fortemente
contraposto com a possibilidade de se encontrar na rede uma fonte de conhecimentos
educativos e culturais (apenas duas em cada dez crianças o fazem). Além disso, a idade e o
sexo determinam o tipo de páginas que visitam dentro de cada bloco de conteúdos. Assim, as
crianças mais novas preferem buscar conteúdos relacionados com jogos e o acesso a outros
conteúdos de ócio aumenta com a idade. E quanto ao sexo, as meninas preferem os conteúdos
musicais, enquanto os meninos preferem os conteúdos de esportes e relacionados com
software e informática, assim como todo aquele que esteja relacionado com o humor. Por
outro lado, os conteúdos cuja preferência de acesso não está afetada em função do gênero dos
usuários são as notícias, concursos e programas de televisão.
Pereira et al. (2005) realizaram um estudo cujo intuito seria o de pesquisar a interação
entre jovens e adolescentes com as novas mídias que utilizam os aparelhos de tela (além dos
acessórios e derivados desses aparelhos) nos seus espaços de convivência e relacionamentos,
como a família, escola e os grupos de amigos. No caso do Brasil, o trabalho foi desenvolvido
na cidade do Rio de Janeiro, envolvendo 949 jovens, com idades entre 11 e 17 anos, de cinco
escolas do município. No que se refere aos gêneros televisivos mais assistidos, a preferência
dos adolescentes é, sem dúvida, a teledramaturgia, citada por 62% dos respondentes. Este
formato foi o mais citado por ambos os sexos, mas, ainda assim, as meninas o citaram com
muito mais freqüência.
A subcategoria mais citada foi a de novelas (37,3%, em que as meninas compõem a
maioria) e Malhação (novela direcionada ao público juvenil) com 25,9%, compostos
32
principalmente por meninos. No caso da teledramaturgia ocorreram muitos casos de respostas
múltiplas (26,8%) – onde mais de uma subcategoria é citada. A segunda preferência em
formato de programação televisiva é o de programas infantis, citados por 33,3% dos
adolescentes, e mais freqüentemente pelos meninos. E dentro desta categoria os desenhos
animados são os mais citados (74,4%) com larga vantagem sobre os demais. Em terceiro lugar
estão os programas de variedades, citados como um dos preferidos por 28,5% dos
respondentes. Nessa amostra, a maior parte do público deste tipo de programa é feminina. As
subcategorias mais citadas foram os programas de auditório (29,2% com maioria feminina),
programas de perguntas e respostas (17,2%) e programas de games (12,4% majoritariamente
compostos por meninos). Em seqüência aparecem os reality shows (21,6%), filmes (20,1%) e
programas jornalísticos (18,3%), clipes musicais com 14,9%, na maioria meninas; os de
esportes, com 13,8%, compostos quase que exclusivamente por meninos. Programas
humorísticos são citados por 10,9% de nossa amostra, e finalmente os eróticos, com 2% e de
maioria masculina.
Conforme Gonzaga (2006), no que se diz respeito aos tipos de páginas de Internet
visitadas por adolescentes são de enciclopédias, notícias, acesso a bibliotecas e outros
materiais com algum valor. Além disso, os adolescentes utilizam a Internet para comunicação
com amigos, jogar, escrever blogs, entre outros. Os blogs merecem uma atenção especial, por
ser rico em atitude e linguagem adolescente. A difusão da Internet assim como o avanço
tecnológico possibilitaram que muitos adolescentes começassem a escrever neles seus diários
online, passando assim, dos diários e agendas tradicionais a páginas online, que podem ser
acessadas livremente. Muitos adolescentes expõem uma parte de suas vidas nesse espaço
cibernético, escrevendo seu perfil, poesias, pensamentos, protestos, colocando fotos,
esperando os comentários de quem os lê. Estes adolescentes criaram linguagem característica
compartilhada por outros adolescentes para a escrita nos blogs numa forma de comunicação
contemporânea própria. Sem sombra de dúvida a Internet tem facilitado a vida dos
adolescentes, possibilitando que em um reduzido espaço de tempo, sem sair de casa, com
conforto e segurança tenha em suas mãos o que procura, seja em seu convívio social, seja em
seu lazer e entretenimento ou em qualquer outra informação que se fizer necessária a eles.
Para explorar o tema “hábitos de consumo de televisão, preferências e opiniões sobre a
33
programação”, Tondato (2009) realizou um estudo através de um questionário realizado junto
a uma amostra de 418 pessoas adultas nas cidades de Santo André, São Bernardo do Campo e
São Caetano do Sul, localizadas na região do ABC Paulista. No que se refere à audiência
televisiva por gênero, os telejornais, filmes, telenovelas e esportes são os gêneros de
programas preferidos dos entrevistados, sendo que telejornais são os mais assistidos (74,6%),
seguido pelas telenovelas, com 38,6% e 34,5% para esportes. Especificamente, as mulheres
preferem novelas (58,44%) e os homens preferem esportes (62,3%). Outros gêneros em que
há diferenciação de preferência são programas de fofocas, preferidos pelas mulheres (20,35%)
e humorísticos, preferidos pelos homens (20,22%).
Quanto ao uso da Internet pelos adultos, Schneider (2005) afirma que há várias
diferenças entre homens e mulheres. Os quesitos nos quais existe diferença são os que
seguem:
Informação x Comunicação: Homens usam e valorizam aspectos ligados à comunicação.
Mulheres dão mais valor ao uso na relação com parentes e amigos.
Assuntos diferentes: Homens e mulheres possuem assuntos de interesse diferentes.
Mulheres buscam informações relacionadas à saúde, estética, culinária, animais de
estimação e religião. Homens buscam mais informações sobre informática e tecnologia,
esportes, ciência.
Música: Homens baixam músicas e se interessam mais sobre o assunto. As mulheres
ouvem mais rádios online.
Chats: Homens parecem ser maioria e utilizam fins absolutamente sexuais. Costumam
interagir com mais de uma mulher ao mesmo tempo e tomam a iniciativa do contato.
Compras: Mulheres parecem ter mais preocupação com a segurança e tendem a utilizar
menos a Internet para compras, ainda que a utilizem bastante para produtos e serviços.
Quanto aos gêneros televisivos assistidos por idosos, Acosta-Orjuela (2001), afirma que
eles tendem a preferir programas de conteúdo informativo, como notícias, programas sobre
assuntos da comunidade, assuntos públicos, documentários, enquanto diminui seu consumo
de programas de drama e ficção. Goodman (1990, apud Acosta-Orjuela,2001) acrescenta que
depois do conteúdo informativo, os idosos de sexo masculino preferem programas de esporte,
enquanto as mulheres escolhem programas educativos como segunda opção. Os programas
educativos são a terceira escolha de homens idosos, enquanto dramas são preferidos pelas
mulheres.
34
Conforme o estudo de Garcia e Santos (1999), o qual fez um levantamento com idosos
os quais participam de cursos de informática nas instituições UNATI-UEL e SENAC, em
Londrina/PR, os sites de Internet mais acessados por idosos são o correio eletrônico com
85,7%, em segundo lugar (71,4%) foram as notícias de jornais e revistas, depois, o turismo
com 57,2%; em seguida, cultura com 42,8% e salas de bate-papo com 28,6%.
Toda essa pesquisa acima serviu, portanto, para entender quais são os programas mais
assistidos e os sites de Internet acessados pelos brasileiros. Sendo assim, esses aspectos são
relacionados no quadro 5 abaixo. Tendo em mãos esses gêneros e sites, partiu-se para a
elaboração e aplicação do questionário intuito de descobrir o quanto desses programas
televisivos são assistidos e esses sites são acessados. O detalhamento da aplicação desse
questionário é feito a seguir, na próxima seção.
Quadro 3: Gêneros abordados no questionário
4.2 ELABORAÇÃO E APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO
Com base nos dados colhidos no estudo etnográfico no que diz respeito às preferências
máximas do público brasileiro referentes às páginas de Internet visitadas e aos gêneros
televisivos assistidos, e seguindo a grande maioria dos autores pesquisados no capítulo
anterior que afirmam que o questionário é o principal instrumento de coleta de dados, foi
desenvolvido um questionário conforme descrito no Anexo A. A finalidade desse questionário
foi levantar por quanto tempo os usuários assistem aos gêneros televisivos e acessam os sites
de Internet levantados no estudo etnográfico. A mensuração desse tempo foi feita usando
níveis de frequência, que são os seguintes:
PROGRAMAS DE
TV
SITES DE
INTERNET
Auditório Compras Online
Esportes Educacional
Filmes E-mail
Humorísticos Esportes Online
Infantil Home-Banking
Novelas Notícias Online
Telejornais Relacionamento
Variedades
35
1 – Nunca ou raramente;
2 – 1 ou 2 vezes por semana;
3 – 3 ou 4 vezes por semana;
4 – 5 ou 6 vezes por semana;
5 – Diariamente.
Foi enviado aos entrevistados um formulário via e-mail, no qual eram perguntadas
algumas características demográficas tais como nome, sexo, idade, telefone, e-mail, nível de
escolaridade, membros da família morando da mesma casa e renda mensal familiar, como em
Livaditi et al. (2003). Além disso, foram perguntados os níveis de frequência nos quais os
entrevistados assistiam aos programas e acessavam aos sites relacionados no quadro 5. Ao
final, contabilizaram-se 68 pessoas entrevistadas, com as características de sexo, idade, renda,
estado civil, membros da família morando na mesma casa, e nível de escolaridade ilustradas
nas figuras 1 a 6 . Ressalta-se que foi escolhido o número de 68 entrevistadas, uma vez que já
foi usado por Livaditi et al. (2003), ser um valor mais factível para realidade desse trabalho, já
que resolveu-se não só entrevistar pessoas, mas também validar a entrevista com a aplicação3
e, por isso, seria mais viável ter uma quantidade reduzida de pessoas.
Figura 1: Entrevistados por sexo
3 Vide Capítulo 5
Entervistados Por Sexo
56%
44%Masculino
Feminino
36
Entrevistado por Idade
9%
41%
33%
17%
Até 20 anos 21 a 34 anos 35 a 54 anos Maior de 55 anos
Figura 2: Entrevistados por idade
Figura 3: Entrevistados por renda (salários mínimos)
Entrevistados Por Renda
8%
28%
2%51%
11%
Até 1 s.m. 1 a 3 s.m. 3 a 5 s.m. 5 a 15 s.m. Mais de 15 s.m.
37
Figura 4: Membros da família morando na mesma casa
Figura 5: Entrevistados por Estado Civil
Membros da Família
13%
28%
38%
14%
7%
Um Dois Três Quatro Cinco
Entrevistados Por Estado Civil
53%41%
3% 3%
Solteiro Casado Divorciado Viúvo
38
Figura 6: Entrevistados por Nível de Escolaridade
Quando o período de entrevistas foi finalizado, os dados dos entrevistados foram
guardados numa base de dados no software Microsoft Excel. A próxima seção detalha a
interpretação de dados, com o intuito de determinar categorias preliminares de usuário.
4.3 PROCESSO DE CATEGORIZAÇÃO DE USUÁRIOS
Em momento posterior à aplicação dos questionários foi feita a contabilização dos
dados, a fim de formar as categorias preliminares de usuários. Para melhor interpretar os
dados, as 68 pessoas entrevistadas foram divididas em 8 grupos, conforme o sexo e a idade.
Vale ressaltar que nessa pesquisa as crianças foram excluídas, pois entende-se que elas sejam
um caso à parte, uma vez que necessitam de interfaces especiais, que diferem em linguagem,
em organização de dados, entre outros. Sendo assim, os grupos são os seguintes:
Masculino Jovem (Até 20 anos);
Entrevistados por Nível de Escolaridade
8%
6%
2%
9%
24%28%
12%
6%5% 0%
Ensino Fundamental Incompleto
Ensino Fundamental Completo
Ensino Médio Incompleto
Ensino Médio Completo
Ensino Superior Incompleto
Ensino Superior Completo
Especialização
Mestrado
Doutorado
Pós Doutorado
39
Feminino Jovem (Até 20 anos);
Masculino Adulto (21-34 anos);
Feminino Adulto (21-34 anos);
Masculino Maduro (35-54 anos;)
Feminino Maduro (35-54 anos);
Masculino 55+ (Maior de 55 anos);
Feminino 55+ (Maior de 55 anos).
Divididos os entrevistados em grupos, o próximo passo foi converter os níveis de
frequência em pesos, para aplicação do Método da Soma/Média de Mashtoff (2002). Eis os
pesos:
Peso 1 – Nunca ou raramente;
Peso 2 – 1 ou 2 vezes por semana;
Peso 3 – 3 ou 4 vezes por semana;
Peso 4 – 5 ou 6 vezes por semana;
Peso 5 – Diariamente.
Conforme Mashtoff (2002), os pesos foram somados grupo a grupo. No início,
acreditava-se que apenas somando os pesos, e comparando valores aproximados dessas
somas, conforme proposto por esse mesmo autor, os usuários poderiam ser categorizados.
Entretanto, apenas com a soma dos pesos, isso não foi possível, uma vez que o número de
entrevistados em cada grupo é diferente. Devido a isso, a soma dos pesos de um grupo A não
é correspondente à soma do grupo B. Assim, foi necessária a geração de uma fórmula de
balancemento, a fim de aproximar as pontuações. No quadro 4, há um exemplo de aplicação
da fórmula:
Onde:
S=Soma das pesos
T=Total de entrevistados
Q=Quantidade de grupos
N=Número de entrevistados no grupo
40
• Suponha que há 68 pessoas entrevistadas;
• Há 8 grupos de entrevistados;
• 34 pessoas estão no grupo 1 e 17 pessoas estão no grupo 2;
• A pontuação da soma do grupo 1 (que tem o dobro de pessoas) é
100 e do grupo 2 é 50; isto significa que os resultados (soma de
pontos) de ambos os grupos deveriam gerar valores iguais, ou seja,
o valor 100 deve ter o mesmo peso que o valor 50.
• Então, após a aplicação da fórmula de balanceamento, os
resultados de ambos os grupos será o valor 25, conforme
demonstrado a seguir:
Quadro 4: Prova da fórmula
Com os resultados da soma das pontuações passados pelo crivo da fórmula de
balanceamento, já foi possível obter pontuações mais consistentes. Sendo assim, elas foram
colocados na tabela 4 abaixo, de acordo com cada gênero televisivo / site de Internet e por
grupo de pessoas.
Tabela 4 – Pontuações Balanceadas do Questionário de Categorização de Usuários
41
Apenas com essa tabela, obviamente, não foi possível ter conclusão alguma sobre as
pontuações. Portanto, confeccionou-se um diagrama de dispersão ilustrado na figura 7 , na
para melhor avaliar os resultados do questionário. A interpretação dos dados, deste ponto em
diante, foi focada dentro desse diagrama.
Para a contabilização dos dados, foi levado em conta o intervalo entre 10 a 30 no
diagrama, local onde há maior concentração de grupos de usuários. Vale ressaltar que as
pontuações abaixo e acima desse intervalo foram desprezadas, uma vez que os dados não
foram significativos para serem usados na contabilização. Visualiza-se no diagrama que para
cada gênero televisivo / site de Internet há vários grupos de usuários os quais se identificam
com eles. Sendo assim, foi confeccionado o quadro 5 o qual relaciona quais grupos de
usuários se identificam em maior nível com determinado gênero televisivo ou página de
Internet. É possível visualizar nesse quadro que há vários grupos similares de usuários que
interagem com os mesmos gêneros televisivos / sites de Internet levantados na pesquisa. Para
isso, foi elaborado o quadro 6, o qual permite entender quais grupos assistem aos mesmos
programas de televisão ou acessam os sites de Internet. Baseando-se nesse quadro foi
confeccionado o quadro 7, a qual relaciona as categorias geradas através do método de
categorização, juntamente com os gêneros televisivos que mais assistem e as páginas de
Internet que mais acessam. Ressalta-se que as categorias foram nomeadas com números de 1 a
6. Ao final, as respostas dadas pelos entrevistados foram todas revisadas, e por sua vez foram
atribuídas categorias a cada um deles, comparando-se as suas preferências máximas (maiores
pesos referentes aos níveis de frequência), sexo e idade do questionário com os temas, sexo e
idade de cada categoria, como mostra o quadro 8. Essas informações são usadas na fase
implícita, que será detalhada a seguir.
42
Figura 6: Diagrama de Dispersão de Pontuações
43
Quadro 5: Seleção de grupos
44
Quadro 6: Similaridades entre grupos de usuários
Quadro 7: Categorias de Usuários
45
Atribuição
de Categorias
• Verificam-se na base de dados do questionário as
preferências máximas (em amarelo), idade e sexo:
• É feita a comparação com a categoria mais parecida (quadro 7),,
verificando os temas coincidentes (circulados), além do sexo e idade:
• Resultado: Categoria 6, cujos grupos são Masculino Maduro e
55+
Quadro 8: Atribuição de Categorias aos Entrevistados
46
4.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CAPÍTULO
Esse capítulo apresentou a primeira fase da proposta de método de captura de perfis de
usuários para TV Digital Interativa. Essa fase consiste de um estudo etnográfico, o qual foi
útil para entender quais são os gêneros televisivos mais assistidos e as páginas de Internet
mais acessadas no Brasil, e a elaboração e aplicação de um questionário para compreender por
quanto tempo as pessoas assistem a esses programas e acessam essas páginas levantadas no
estudo anterior, através de níveis de frequência, e baseando-se nele, são propostas seis
categorias de usuários.
No estudo etnográfico, foram pesquisados diversos artigos na literatura os quais
forneciam dados estatísticos sobre os hábitos da população brasileira, no que se refere à
audiência de televisão e acesso à Internet, para descobrir os gêneros televisivos mais
assistidos e as páginas de Internet mais acessadas. Selecionaram-se, portanto, os gêneros
televisivos e tipos de páginas de Internet mais evidentes nessa pesquisa, para serem usados no
questionário.
Após isso, foi elaborado e aplicado um questionário a 68 pessoas, o qual se estudou
por quanto tempo os entrevistados passavam assistindo a esses gêneros e acessando essas
páginas, o que serviu como base para a categorização dos mesmos.
No processo de categorização de usuários, a parte mais importante do trabalho, os
entrevistados foram divididos em 8 grupos, de acordo com a idade e sexo,e em cada grupo, os
níveis de frequência foram somados e balanceados, baseando-se em Mashtoff (2002), o que
gerou um diagrama de dispersão. Nesse diagrama, foi eleito um intervalo, no qual havia a
maior concentração de grupos. Depois disso, foram levantados quais programas de televisão e
páginas de Internet esses grupos tinham em comum. Assim, formaram-se as categorias
preliminares de usuários. O próximo capítulo detalha a fase implícita do método, no qual são
feitos testes com usuários numa plataforma de simulação, com o intuito de confirmar a
validade da fase explícita.
47
5. FASE IMPLÍCITA DO MÉTODO DE CAPTURA DE PERFIS DE USUÁRIO
Continuando a proposta de método de captura de perfis de usuários de TV Digital
Interativa, é detalhada nesse capítulo sua fase implícita Nessa fase, dados sobre os usuários
são retirados indiretamente. Ela engloba a implementação de uma plataforma de simulação,
cuja proposta foi verificar se de fato os usuários acessaram de fato, num ambiente próximo a
TV Digital Interativa, o conteúdo que responderam na fase explícita. Isso foi avaliado através
da mensuração do tempo em que permaneceram em cada canal da aplicação. Por fim, é feita
uma comparação, se os resultados da fase explícita realmente coincidiram com a fase
implícita.
5.1 PLATAFORMA DE SIMULAÇÃO
Esse capítulo dedica-se ao detalhamento da implementação de uma plataforma de
simulação de TV Digital Interativa, cujo objetivo é avaliar o comportamento dos usuários
num ambiente próximo a essa nova mídia, levando-se em conta se de fato eles acessaram
temas pertinentes à sua categoria, conforme citado no capítulo anterior. Decidiu-se por
implementar uma simulação, pois não foi possível utilizar um ambiente real, uma vez que
essa mídia está em processo de implantação no Brasil. Para Pemberton e Griffiths (2003),
caso essa tecnologia não seja disponível integralmente, a alternativa é a implementação de
uma plataforma de simulação, mesmo que alguns aspectos televisivos sejam perdidos. Além
disso, a usabilidade não é perdida.
Para a implementação dessa plataforma, preliminarmente foram pesquisadas na
literatura diversas propostas de interfaces de TV Digital Interativa, e baseando-se nesse estudo
a plataforma de simulação foi implementada. Tudo isso é detalhado a seguir.
5.1.1 Interfaces de TV Digital Interativa
Nessa seção, são discutidos alguns exemplos de interfaces de TV Digital Interativa, com
a proposta de dar suporte à implementação da plataforma de simulação. Foram, portanto,
pesquisados cinco propostas de interfaces, que são apresentadas a seguir.
Eronen e Vuorimaa (2000) propõem um navegador de TV Digital Interativa,
apresentando duas possíveis interfaces para ele. A primeira interface foca a simplicidade,
permitindo ao usuário completar uma tarefa por vez, e o número de seleções na tela deve ser
48
mínimo. A programação é disponível em três aplicações: Canais, Guia Rápido, e Tipos de
Programa, sendo acessadas por um menu principal , conforme figura 7.
Figura 7: Menu Principal da Primeira Interface
Fonte: Eronen e Vuorimaa, 2000
O Guia Rápido fornece informações sobre programas. Quando o usuário muda o foco
na lista ao lado direito, a informação é atualizada na esquerda, conforme visto na figura 8.
Figura 8: Guia Rápido
Fonte: Eronen e Vuorimaa, 2000
49
. A segunda interface proposta pelos autores preza pela eficiência. Nesse tipo de
interface, o usuário fica interagindo com a programação, além de contemplar informações
sobre ele, através de um Guia de Programação. Ela é acessada pelo menu Principal, conforme
figura 9.
Figura 9 : Menu Principal da Segunda Interface
Fonte: Eronen e Vuorimaa, 2000
Os itens This Channel (Este Canal) e All Channels (Todos os Canais) dão acesso ao
Guia de Programação, o qual fornece informações sobre a programação. À medida que o
usuário interage com controle remoto, as informações sobre a programação são atualizadas.
Isso é ilustrado na figura 10.
Figura 10 : Guia de Progrmação
Fonte: Eronen e Vuorimaa, 2000
50
No artigo de Pañeda et al. (2009), é possível verificar diferentes interfaces de acordo
com o gênero da programação. São dados exemplos de interfaces para programas esportivos,
documentários e filmes. No caso dos programas esportivos, as aplicações e serviços como
fóruns ou interação entre telespectadores devem estar ativos enquanto o programa estiver
passando, conforme pode ser visto na figura 11. No caso dos documentários, deve-se permitir
a interrupção da reprodução do vídeo e ativar um menu interativo que permitem ativar
diferentes elementos complementares ao fluxo principal de informação (ampliação da
informação, ingresso a fóruns, marcação de vídeo, etc.), conforme visto na figura 12. No caso
dos filmes, a aplicação interativa se encontra compaginada ao conteúdo do programa, dando
espaços nos quais o espectador pode ampliar a infomação de um tema relacionado e continuar
vendo o programa. Isso pode ser visto na figura 13.
Figura 11: Programas Esportivos
Fonte: Pañeda et al. 2009.
51
Figura 12 : Documentários
Fonte: Pañeda et al. 2009.
Figura 13: Filmes
Fonte: Pañeda et al. 2009.
Oliveira, Queiroz-Neto e Maeta (2007) desenvolveram um Guia Eletrônico de
Programação (EPG) voltado à TV Digital Interativa, levando em conta noções de usabilidade
em sua interface, na qual optou-se pela simplicidade dos elementos visuais e a padronização
das telas tendo a preocupação de manter a consistência visual em todas elas. Utilizaram-se
elementos simples e telas sem grandes efeitos, proporcionando uma maior concentração nas
informações principais, evitando dispersão de foco, além de estabelecer o conceito de fixar a
opção escolhida no centro da tela, zona de maior percepção do usuário.
A figura 14 ilustra a tela inicial do EPG na qual são mostradas as opções de listagem
dos programas. A opção Guia Geral de Programação aparece pré-selecionada e disposta no
centro da tela, devido ser de fácil visualização e de exigir o menor esforço do usuário para
52
acessá-la. A figura 15 ilustra a parte da interface em que o usuário deseja filtrar sua busca e
procurar somente em um gênero que lhe interesse, então se utilizou o recurso de ícones,
fazendo com que seja bastante sugestivo e facilitando a busca do usuário. Além da imagem,
também é informado o nome para caso haja alguma dúvida em relação à representação gráfica
do gênero. Finalmente, a figura 16 mostra a grade geral de programação. Na coluna à
esquerda encontram-se os links para os canais disponíveis e na coluna à direita seus
respectivos programas com o horário de apresentação.
Figura 14: Tela Inicial do EPG
Fonte: Oliveira, Queiroz-Neto e Maeta, 2007
Figura 15 Busca por Gênero
Fonte: Oliveira, Queiroz-Neto e Maeta, 2007
53
Figura 16: Grade Geral de Programação
Fonte: Oliveira, Queiroz-Neto e Maeta, 2007
Além dos artigos acima pesquisados, vale ressaltar que no continente europeu há um
provedor de TV denominado UPC (2010), o qual já disponibiliza alguns serviços de TV
Digital Interativa, sendo alguns deles com interatividade. Dentre esses serviços, é possível
pausar, gravar, ou retroceder a programação ao vivo. Além disso, é possível ter acesso à
Internet, canais interativos, e a um Guia Eletrônico de Programação pelo televisor. A figura
17 mostra a interface de TV Digital Interativa fornecida por esse provedor, que permite ao
usuário alternar entre a programação ao vivo, canais interativos e acesso à Internet(a), numa
barra de menu e o Guia Eletrônico de Programação (b).
(a)
54
(b)
Figura 17:Provedor de TV Digital Interativa UPC
Fonte: UPC, 2010
Esse levantamento das interfaces de TV Digital Interativa disponíveis na literatura
deram, portanto, subsídios para a implementação do simulador que foi usado no processo de
testes com os usuários, a ser detalhado no capítulo 6. Na próxima seção, é relatado todo o
processo de implementação e o detalhamento de suas funcionalidades.
5.1.2 Descrição do Simulador
Conforme citado no início desse capítulo, as funcionalidades referentes à TV Digital
Interativa estão ainda em desenvolvimento. Deste modo, a alternativa encontrada foi a
implementação de um simulador, com o intuito de confirmar se os usuários de fato acessaram
os temas pertinentes à sua categoria. Baseou-se nas interfaces pesquisadas na seção anterior
para a implementação de suas funcionalidades, como a interface proposta por UPC (2010), e
Pañeda (2009). Decidiu-se por disponibilizá-lo na Internet, com a premissa de que estaria
mais acessível aos usuários. Além disso, foi possível coletar mais usuários para a realização
dos testes. O simulador está disponível no endereço http://www.tvdi.co.cc.
55
Ele possui duas modalidades de usuário. Administrador e Entrevistado. O módulo
Administrador possui acesso restrito, protegido com login e senha. Neste módulo há a base de
dados com todas as informações fornecidas pelos usuários entrevistados: O questionário
referente à seção 4.1.2, bem como os tempos que passaram em cada canal. Essas variáveis
foram utilizadas na contabilização dos testes a ser detalhada próximo capítulo. A figura 18
ilustra a tela de login/senha.
Figura 18:Tela login/ senha
A figura 19 ilustra um pedaço da base de dados com as informações do questionário
(acima) e os tempo gasto por cada usuário na interação dos canais.
56
Figura 19: Base de dados com informações dos usuários.
No módulo Entrevistado, cujo acesso é livre, há os treze canais de televisão do
simulador. Cada canal possui um tema específico. Para a criação desses canais, baseou-se nos
gêneros televisivos e sites de Internet coletados no capítulo 4. À medida que o usuário
interage com a aplicação, ela coleta o tempo de interação de cada canal e grava na base de
dados. O quadro 9 relaciona os canais disponíveis na implementação. Vale ressaltar que os
canais de Compras, Relacionamento, Home-Banking e E-Mail simulam a Interatividade, os
quais permitem ao usuário acessar sites externos. Essa foi a maneira de simular a
interatividade.
CANAIS
DE TV
CANAIS
INTERATIVOS
Notícias Compras
Humor Relacionamento
Novelas E-Mail
Filmes Home Banking
Educativo
Infantil
Auditório
Variedades
Esportes
Quadro 9: Canais de Aplicação.
57
A figuras de 20 a 32 ilustram cada canal da aplicação. Pode-se observar que a
distribuição das informações na tela foram inspiradas em Pañeda (2009), o botão
Interatividade , além da possibilidade de o usuário parar e retroceder o vídeo foram retirados
da referência de UPC (2010). Os vídeos exibidos na aplicação foram retirados da página do
Youtube, e as barras inferiores de notícias foram retirados do Google.
Figura 20:Canal de Notícias
Figura 21:Canal de Humor
58
Figura 22:Canal de Novelas
Figura 23:Canal de Filmes
59
Figura 24:Canal Educativo
Figura 25:Canal Infantil
60
Figura 26:Canal de Programas de Auditório
Figura 27:Canal de Esportes
61
Figura 28:Canal de Variedades
Figura 29:Canal de Compras
62
Figura 30: Canal de Relacionamentos
Figura 31:Canal de E-Mail
63
Figura 32:Canal de Home-Banking
A próxima seção se dedica à descrição das tecnologias que possibilitaram a
implementação dessa aplicação.
5.2 TECNOLOGIAS UTILIZADAS
Para que essa aplicação fosse implementada, utilizou-se da linguagem de programação
PHP, a fim de coletar e gravar na base de dados as informações fornecidas pelos usuários e
HTML, para uma apresentação adequada da interface ao seu usuário. A segui, há uma breve
descrição sobre elas.
Segundo Lalli, Bueno e Zacarias (2008), PHP é o acrônimo recursivo para PHP:
Hypertext Preprocessor, linguagem de código aberto desenvolvida especialmente para a web.
Sua ideia é que seja possível embutir trechos de programas em código HTML, sendo escritos
junto com o HTML e o servidor fica encarregado de processar e transformar o código misto
(PHP e HTML) em um HTML puro antes de retornar a página para o usuário. Esse
mecanismo foi um sucesso, pois permitiu que pessoas sem muita especialidade em
programação pudessem fazer sites dinâmicos de forma mais fácil.
64
De acordo com Moraz (2005), PHP é uma linguagem de programação utilizada para criar
códigos dinâmicos. Esses sites são os que permitem uma interação com o usuário mediante
formulários, parâmetros de URL, links, entre outros, e que retornam páginas criadas em tempo
real. Vale ainda ressaltar que das grandes finalidades da linguagem PHP é fazer a ligação
entre uma base de dados e uma página Web, de modo que é possível gerenciar a base através
dessa página. A próxima tecnologia a ser apresentada é o HTML.
Conforme Equipe Digerati (2004), o HTML (Hypertext Markup Language) é uma das
linguagens de programação mais utilizadas atualmente para a criação de sites e outras
aplicações que utilizam os recursos de Web para divulgar produtos e serviços de maneira
rápida e eficiente. Destaca-se entre as demais linguagens existentes no mercado pela sua
ampla facilidade de manipular e estruturar páginas da Web e aplicações para Internet. Um
documento HTML é todo estruturado em setores, delimitados por elementos denominados
tags. As tags vêm, quase sempre, aos pares, havendo uma para indicar o início do setor e
outra para indicar o final dele, sendo indicadas pelos sinais de maior (<) e menor (>), sendo
que para as tags de finalização do setor, coloca-se uma barra para a direita (\) antes do nome
da tag. Segundo Costa (2007), HTML é uma linguagem padrão utilizada para o acesso e
exibição de páginas Web. As linhas de códigos são interpretadas pelo browser, que mostra o
resultado final ao utilizador, sem necessidade de compilação. Geralmente , a linguagem é
constituída por textos e códigos especiais denominados marcas ou tags. Conforme pôde ser
entendido, o HTML é o básico de uma página Web. Usando-se somente HTML, o máximo
que pode ser feito são páginas estáticas. A interatividade com o usuário depende da integração
com outras linguagens para ser consolidada. Na próxima seção, é relatado como aconteceram
os testes dos usuários na aplicação.
5.3 TESTES COM USUÁRIOS
Nessa seção, é feito um relato sobre como foi o processo de testes com possíveis
usuários da TV Digital Interativa. A proposta desse teste é verificar o comportamento desses
usuários em um ambiente próximo à TV Digital Interativa, cujo processo de implementação
foi explicitado no capítulo anterior. É verificado, assim, se ele passará mais tempo acessando
temas de sua categoria. Vale ressaltar que esse experimento foi embasado na premissa dos
autores Morita e Shinoda (1994), os quais descobriram a relação entre o tempo gasto ao ler
um artigo com o interesse do leitor em relação a ele. Os autores perceberam que os leitores
tendem a passar mais tempo lendo artigos considerados interessantes, e menos tempo
65
naqueles não considerados interessantes. A seguir, há mais detalhes de como foi esse
processo.
5.3.1 Processo de Testes
Quando o processo de contabilização dos dados do questionário terminou, foi enviado
um e-mail aos entrevistados para interagirem com a aplicação. Sendo assim, eles lá entraram,
deixaram seu nome e consolidaram a interação com os canais. Durante o ato de interação, a
aplicação grava na base de dados acoplada a ela a hora da entrada, a hora de cada mudança
canal, além da hora de saída de cada entrevistado.
Após o término do período de interação dos usuários, a base de dados da aplicação foi
acessada e seus dados copiados em uma tabela do software Microsoft Excel. Nessa tabela,
para cada usuário, foi calculada a porcentagem de tempo de interação em temas de sua
respectiva categoria. Entende-se que ela deve ser maior que 50% para a maior parte dos
usuários, para confirmar convictamente a viabilidade do todo o método. O quadro 10 mostra
como realizar o cálculo dessa porcentagem. A próxima seção discute se os resultados desses
cálculos.
• Verificar qual é a categoria do entrevistado;
• Acessar a base de dados da aplicação;
• Verificar quais canais pertencem à categoria;
• Calcular os tempos de interação em cada canal da
categoria;
• Somar tempos de interação;
• Verificar momentos de entrada e saída na aplicação;
• Finalmente, calcular a porcentagem de tempo gasto na
categoria:
Quadro10: Cálculo de Porcentagem de Tempo na Categoria
66
5.3.2 Resultados dos Testes
A projeção era que todos os 68 entrevistados os quais responderam o questionário
acessariam a página da aplicação para interagir com ela, porém 53 entrevistados o fizeram, ou
seja, 78% da amostra. Após o período o qual a aplicação ficou disponível para interação, a
base de dados foi acessada, a fim de que fossem calculadas as porcentagens de tempo gasto
em canais da categoria para cada entrevistado.
Conforme pode ser visualizado no gráfico da figura 33, foram detectados diversos
comportamentos por parte dos entrevistados no momento de interação. Alguns interagiram
com a aplicação menos de 5 minutos, outros entre cinco e dez, e o restante interagiu mais de
dez. O tempo médio de interação foi de 7,5 minutos.
Figura 33: Tempo de Interação dos Usuários
Consequentemente, essas circunstâncias influenciaram o resultado final dos testes.
Conforme pode ser visto no gráfico da figura 34, 37% dos entrevistados passaram mais de
50% do tempo de interação dentro da categoria, diferentemente do esperado. O ideal seria que
mais da metade dos usuários interagissem por mais tempo em temas de sua categoria. A
porcentagem média de tempo de interação gasto pelos entrevistados em temas dentro de sua
categoria foi de 40%. Para melhor entendimento, a íntegra dos tempos de interação dos
67
usuários em cada canal de sua respectiva categoria, e as porcentagens de tempo gasto dentro
dela está na tabela 5.
Figura 33: Tempo de Interação em canais da categoria
Após o fechamento da contabilização de dados, foi feito um levantamento cujo intuito foi
descobrir a razão pela qual alguns entrevistados não interagiram, ou interagiram por pouco
tempo com a aplicação implementada. Para isso, foi enviado um e-mail a esses entrevistados,
perguntando o porquê dessa rejeição. Os entrevistados alegaram o seguinte:
Falta de tempo;
Esquecimento;
Os vídeos demoraram muito tempo para serem carregados;
Não entenderam o funcionamento da aplicação;
Não observaram adequadamente as instruções e usaram outro browser, no qual a
aplicação não pode ser executada, uma vez que funciona apenas no Internet Explorer.
Tendo em vista os resultados finais da validade do método, obtidos nessa fase implícita,
concluiu-se que os resultados esperados não foram alcançados. Sendo assim, são necessárias
mais pesquisas para alcançar mais de 50% de usuários acessando a maioria de temas de sua
categoria na aplicação, diferentemente dos 37% obtidos. Talvez fosse necessário um
refinamento na aplicação, proporcionando mais interatividade, ou mais conteúdo, o qual
pudesse prender mais a atenção dos usuários. Outra hipótese é a de que esta segunda fase
(implícita) da pesquisa deva ser feita com supervisão de um especialista (observador) para
68
garantir que os usuários realmente realizem a interação de modo adequado. O fato de que nem
todos os entrevistados que responderam o questionário interagiram com a aplicação também
influenciou no resultado final.
Mesmo assim, acredita-se que esse resultado não foi desfavorável para uma primeira
pesquisa sobre o tema e que seria necessária uma investigação mais detalhada (talvez com a
aplicação de outro método nesta fase implícita) que pode ser tema de trabalhos futuros.
69
Tabela 5– Tempos de Interação e Porcentagens
70
71
5.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CAPÍTULO
Esse capítulo foi dedicado à descrição da fase implícita do método, que consiste na
implementação do simulador de TV Digital Interativa, cuja finalidade foi confirmar a validade
da fase explícita do método, isto é, confirmar se de fato o usuário contemplou os gêneros
televisivos e páginas de Internet de sua categoria atribuída na fase explícita, num ambiente
próximo à TV Digital Interativa. Nessa fase, os usuários que responderam o questionário na
fase explícita acessaram a página de Internet onde está a aplicação, interagiram com seus
canais, e a aplicação foi monitorando o tempo de interação dos usuários em cada canal e
gravando esses tempos em sua base de dados. O objetivo dessa mensuração de tempo seria
avaliar se de fato o usuário passou a maior parte do tempo de interação em temas de sua
categoria, confirmando assim, a validade do método proposto, através do cálculo da
porcentagem de tempo gasto em temas de sua categoria, a qual é o tempo de interação em
temas da categoria dividido pela hora de saída subtraída pela hora de entrada.
Após o período de interação as porcentagens foram calculadas, e concluiu-se que 37% dos
usuários gastaram de fato a maior parte do seu tempo de interação em temas de sua categoria.
Esse resultado deveria ser superior a 50% mas não foi. É possível que o fato de alguns
usuários não terem participado da segunda etapa tenha influenciado neste resultado. Além
disso, entende-se que seria necessário um maior refinamento dos canais interativos. Nos
canais de televisão, poderia haver temas que prendessem mais a atenção dos usuários.
Após a contabilização dos resultados do teste, foi feito um pequeno levantamento,
tentando descobrir a causa pela qual alguns entrevistados não interagiram com a aplicação, ou
interagiram um pouco tempo. As causas que merecem especial atenção são que os vídeos
demoraram a serem carregados e a falta de entendimento do funcionamento da aplicação.
Mesmo que o resultado ideal não tenha sido atingido, entende-se que ele não foi
desfavorável, pois indica que o método usado nesta fase implícita precisa ser aprimorado.
Sugere-se que esta investigação possa ser alvo de trabalhos futuros.
Ressalta-se que os resultados obtidos nesta fase da pesquisa não invalidam o método de
captura de perfis de usuários proposto neste estudo, pois a contribuição deste trabalho está
focada na metodologia e não na simulação de um ambiente de TV Digital Interativa.
72
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho apresentou a proposta de um método de captura de perfis de
usuário totalmente voltado à TV Digital Interativa. Como essa mídia ainda está em
desenvolvimento, entendeu-se que os métodos de captura de perfis de usuários já existentes
na literatura poderiam ser adaptados para que se fosse proposto um novo método para essa
mídia. Sendo assim, esse foi o alvo desse trabalho.
Para que esse novo método fosse proposto, fez-se um levantamento teórico dos
elementos-chave do trabalho, ou seja, perfis de usuário e métodos explícitos e implícitos de
captura de perfis de usuário. Convêm ressaltar que ainda é escasso o material sobre TV
Digital Interativa, uma vez esta é uma mídia em implantação. Após disso, foi pesquisado
sobre como categorizar usuários, através de formas qualitativas e quantitativas. Acredita-se
que categorizando os usuários, o gerenciamento dos perfis se torna facilitado, uma vez que
junta perfis de usuários semelhantes em grandes grupos. Ressalta-se que perfis de usuários
representam atributos muito particulares de cada indivíduo, o que dificultaria o estudo. Foi
por causa disso que os usuários foram agrupados em grandes categorias.
Depois do levantamento teórico, foi proposto o método de captura de perfis de usuário
voltado à TV Digital Interativa, que foi dividido nas fases implícita e explícita.
A fase explícita (principal foco desta pesquisa) consistiu em realizar um estudo
etnográfico, com a proposta de descobrir quais são os gêneros televisivos mais assistidos e as
páginas de Internet mais acessadas no Brasil. Depois disso, foi elaborado um questionário
com a finalidade de descobrir por quanto tempo eles assistem aos programas e acessam as
páginas de Internet levantados no estudo etnográfico. Com base nesse questionário, os
usuários foram divididos em categorias. Os resultados obtidos nesta fase explícita constituem
a metodologia proposta para captura de perfis de usuários para a TV Digital Interativa.
A fase implícita confirmaria a validade da explícita através da implementação uma
plataforma de simulação para verificar se os usuários passam mais tempo em temas
pertinentes à sua categoria identificada na fase explícita num ambiente próximo à TV digital.
O esperado era que mais da metade dos usuários passariam a maior parte do tempo
interagindo em temas de sua categoria. Entretanto, 37% dos usuários o fizeram.
O legado a ser deixado por esse trabalho é a proposta de uma metodologia que ajude a
encontrar quem é o usuário de TV Digital Interativa no Brasil. Esse trabalho também fará com
que as interfaces da TV Digital Interativa sejam cada vez mais adaptadas ao usuário.
73
7. TRABALHOS FUTUROS
Essa seção apresenta como esse trabalho pode ser continuado e melhorado. Tendo em
vista os resultados obtidos, são sugeridas novas pesquisas em vários pontos, ou seja, no
método proposto e na aplicação implementadas.
Quanto à categorização de usuários, é sugerida a reaplicação do método com número
maior de entrevistados. Além disso, sugere-se a reaplicação do método apenas com crianças,
com o intuito de criar categorias de usuários infantis, além da implementação de TV Digital
Interativa exclusiva a esse público alvo, uma vez que elas não foram incluídas nesse estudo.
No que diz respeito à aplicação, é necessária uma atenção especial aos canais
interativos, ou seja, um estudo mais aprofundado sobre interatividade deve ser feito, a fim de
que se implemente aplicações mais parecidas com que pode ser a realidade da TV Digital
Interativa. Por exemplo, no momento de exibição de uma novela, o usuário poderá acessar um
link no qual poderá comprar produtos usados pelos personagens, ou implementar um
aplicativo no qual o usuário crie a sua própria grade de programação, de acordo com a sua
categoria. Além disso, a execução da aplicação num aparelho real de TV Digital Interativa
também é recomendada. Adicionalmente, propõe-se um treinamento inicial junto ao usuário
antes que este interaja com a aplicação.
Enfim, por tratar-se ainda de uma tecnologia em desenvolvimento ainda não
disponível para a população, muitas outras investigações se farão necessárias, pois o presente
trabalho constitui-se apenas em uma pesquisa inicial deste campo de estudo que ainda tem
muito a ser descoberto.
74
ANEXO A – QUESTIONÁRIO DE CATEGORIZAÇÃO DE USUÁRIOS DA TV
DIGITAL INTERATIVA
QUESTIONÁRIO DE CATEGORIZAÇÃO DE USUÁRIOS DE TV DIGITAL INTERATIVA Prezado (a) sr. (a),
Meu nome é Vinícius Torres. Estou realizando um Trabalho de Conclusão de Curso na
Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), na área de TV Digital Interativa e
gostaria que o (a) sr. (a) contribuísse com ele. Para isso, eu peço que reflita um pouco sobre
seus hábitos no que se refere à audiência de televisão e ao acesso à Internet, verificando que
tipo de programa você assiste, e qual tipo de página de Internet você acessa, e identifique o
nível de frequencia que o (a) sr(a) assiste a cada programa de televisão ou acessa cada página
de Internet relacionados abaixo. Ao preencher o questionário, leve em conta os seguintes
níveis de frequência: 1 – Nunca ou raramente; 2 – 1 ou 2 vezes por semana; 3 – 3 ou 4 vezes
por semana; 4 – 5 ou 6 vezes por semana; 5 – Diariamente Antes de preencher esse
questionário, favor informar seu nome, sexo, telefone, idade, e-mail, renda mensal familiar e
nível de escolaridade, estado civil e número de familiares morando na mesma casa.
Não há respostas certas ou erradas. Espera-se apenas que o (a) sr. (a) forneça sua opinião
pessoal e sincera. Em caso de dúvidas, escreva para [email protected], ou ligue para
(47) 8802-7042 .
Peço que repasse esse questionário aos seus familiares e amigos. Seus dados serão usados
para fins estatísticos e, em nenhuma hipótese, serão revelados ou tornados públicos!
Dados Pessoais
Nome
Sexo
Idade (anos)
Renda Mensal Familiar (salários mínimos)
Telefone
Estado Civil
Membros da família morando na mesma casa
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Nível de escolaridade
Nível de frequência de audiência de programas de televisão
Novelas
Telejornais
Programação Infantil
Filmes
Auditório Caldeirão do Huck, Raul Gil
Variedades Mais Você, Hoje em Dia
Esportes
Humorísticos
Nível de acesso a sites de Internet
Notícias Online
Esportes Online
Relacionamento
Compras
Educacional
Home-Banking
AGRADEÇO SUA COLABORAÇÃO!
76
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