metodologia instituto brincante

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METODOLOGIA DO INSTITUTO BRINCANTE I INTRODUÇÃO Quem separou Arte da Educação? A razão. Uma lógica que justifica a segmentação para a excelência da especialização. “O pensamento que recorta , isola, permite que especialistas e experts tenham ótimo desempenho em seus compartimentos, e cooperem eficazmente nos setores não complexos de conhecimento, notadamente os que concernem ao funcionamento das máquinas artificiais; mas a lógica a que eles obedecem estende á sociedade e as relações humanas os constrangimentos e os mecanismos inumanos da máquina artificial e sua visão determinista, mecanicista, quantitativa, formalista; e ignora, oculta ou dilui tudo que é subjetivo, afetivo, livre, criador.” EDGAR MORIN A CABEÇA BEM –FEITA. A lógica da especialização traz com ela a fórmula quantitativa que orienta todos os segmentos da sociedade; das políticas sociais, ao pensamento corporativista. Essas fórmulas não nos permitem quantificar o sorriso, valorizar o encantamento, priorizar a delicadeza, e a arte que consumimos fica comprometida com o pensamento operante de uma época. Mas se esse pensamento foi construído, também pode ser transformado. O que urgi na nossa época é uma transformação de pensamento. Um pensamento que brote do físico e agregue conhecimento, informação e sabedoria. Uma vez eu li que Albert Einstein escreveu: A ciência sem religião é manca. Religião sem e ciência é cega. Então pensei; Educação sem arte é manca e arte que não educa é cega. Como explicar o que fazemos se o nosso maior mérito é fazer? Quando me vi diante dessa questão decidi recorrer àqueles que melhor poderiam explicar o que fazemos: Nossos alunos. O Instituto Brincante possui três núcleos de estudos constituídos por ex alunos do curso de Formação de Jovens Brincantes: Pesquisa do movimento, coordenado por Antonio Nóbrega Núcleo musical coordenado por Luciano Fagundes. Núcleo de pesquisa, que registrou a metodologia da escola. Esse trabalho é fruto de pesquisa, observação e registro de todas as aulas dentro do Instituto Brincante. Como descrever uma metodologia que prioriza a experiência física onde o tempo e o espaço real são fundamentais? Foram nossos alunos que constataram que a metodologia da escola Brincante muda diante dos diferentes contextos, se molda às mais variadas situações e isso só é

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METODOLOGIA  DO  INSTITUTO  BRINCANTE      I  -­‐  INTRODUÇÃO    Quem  separou  Arte  da  Educação?    A  razão.  Uma  lógica  que  justifica  a  segmentação  para  a  excelência  da  especialização.  “O  pensamento  que  recorta  ,   isola,  permite  que  especialistas  e  experts  tenham  ótimo  desempenho   em   seus   compartimentos,   e   cooperem   eficazmente   nos   setores   não  complexos   de   conhecimento,   notadamente   os   que   concernem  ao   funcionamento   das  máquinas   artificiais;   mas   a   lógica   a   que   eles   obedecem     estende   á   sociedade   e   as  relações   humanas   os   constrangimentos   e   os   mecanismos   inumanos   da   máquina  artificial   e   sua   visão   determinista,   mecanicista,   quantitativa,   formalista;   e   ignora,  oculta  ou  dilui  tudo  que  é  subjetivo,  afetivo,  livre,  criador.”  EDGAR  MORIN-­‐  A  CABEÇA  BEM  –FEITA.    A   lógica   da   especialização   traz   com   ela   a   fórmula   quantitativa   que   orienta   todos   os  segmentos   da   sociedade;   das   políticas   sociais,   ao   pensamento   corporativista.   Essas  fórmulas  não  nos  permitem  quantificar  o  sorriso,  valorizar  o  encantamento,  priorizar  a  delicadeza,  e  a  arte  que  consumimos  fica  comprometida  com  o  pensamento  operante  de   uma   época.     Mas   se   esse   pensamento   foi   construído,   também   pode   ser  transformado.  O  que  urgi  na  nossa  época  é  uma  transformação  de  pensamento.  Um  pensamento   que   brote   do   físico   e   agregue   conhecimento,   informação   e   sabedoria.  Uma  vez  eu   li  que  Albert  Einstein  escreveu:  A   ciência   sem  religião  é  manca.  Religião  sem  e  ciência  é  cega.  Então  pensei;  Educação  sem  arte  é  manca  e  arte  que  não  educa  é  cega.      Como  explicar  o  que  fazemos  se  o  nosso  maior  mérito  é  fazer?  

 Quando   me   vi   diante   dessa   questão   decidi   recorrer   àqueles   que   melhor   poderiam  explicar   o   que   fazemos:  Nossos   alunos.  O   Instituto   Brincante   possui   três   núcleos   de  estudos  constituídos  por  ex  alunos  do  curso  de  Formação  de  Jovens  Brincantes:      -­‐  Pesquisa  do  movimento,  coordenado  por  Antonio  Nóbrega  -­‐  Núcleo  musical  coordenado  por  Luciano  Fagundes.  -­‐  Núcleo  de  pesquisa,  que  registrou  a  metodologia  da  escola.  Esse  trabalho  é  fruto  de  pesquisa,  observação  e  registro  de  todas  as  aulas  dentro  do  Instituto  Brincante.      Como  descrever  uma  metodologia  que  prioriza  a  experiência  física  onde  o  tempo  e  o  espaço  real  são  fundamentais?    Foram  nossos  alunos  que  constataram  que  a  metodologia  da  escola  Brincante  muda  diante   dos   diferentes   contextos,   se   molda   às   mais   variadas   situações   e   isso   só   é  

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possível  por  que  cada  professor  viveu  sua  experiência  individual  de  processos  e  valores  coletivos  presentes  na  cultura  tradicional.  Dessa  forma,  cada  aula  é  uma  construção  de  caminhos   para   que   cada   um   tenha   sua   própria   experiência   de   construção   e  apropriação  do  conhecimento.    Como   dar   continuidade   e   crescimento   a   um   trabalho   que   está   inserido   em   um  segmento  da  sociedade  que  tradicionalmente  produz  receitas,  discursos,  teorias...?    Optamos  pela  paciência.  É  fato  que  a  educação  deixa  muito  a  desejar,  basta  olharmos  para   as   aberrações   que   se   fazem   presentes   em   todos   os   segmentos   da   sociedade.  Corrupção,   violência,   falta   de   ética,   princípios,   limites...   Em   todas   as   áreas   nos  deparamos   com   profissionais   cuja   excelência   compete   com   a   falta   de   educação.  Educação  do  olhar,  educação  da  escuta,  como  diz  Maria  Amélia  –  Educação  do  sensível  -­‐  Mas  é  fato  também  que  muitos  buscam  outros  caminhos,  que  muitos  trabalhos  sérios  e   de   valores   necessários   a   nossa   época,   são   endossados   e   valorizados   dentro   da  sociedade.   Então   optamos   por   acreditar   que   o   tempo   é   quem  melhor   pode   decidir  sobre  aquilo  que  deve  continuar  e  como  isso  pode  crescer.      Como   conquistar   um   espaço   de   respeito   e   reconhecimento   diante   de   um   sistema  viciado  em  consumir,  produzir,  quantificar?    Criando   referencias.   É   necessário   fazer!   Então   cuidamos   daquilo   que   fazemos.   Cada  espetáculo,  cada  oficina,  cada  atividade...  Esse  ano  também  estamos  cuidando  dos  registros  teóricos  que  estão  sendo  produzidos  por  ex  alunos  e  professores  do  Instituto  Brincante.  No  nosso  site  encontra-­‐se,  também  o  registro  de  duas  importantes  monografias  de  ex  alunos.    O  que  pretende  esse  registro  da  observação  da  metodologia  Brincante?    Registrar  dois  dos  cursos  mais  significativos  da  Instituição.  Para   isso   contamos   com   a   inteligências   daqueles   que   freqüentam   a   escola.   O   curso  “Formação  de   Jovens  Brincantes”   foi   integralmente   registrados  por  ex  alunos.  O  que  está  documentado  aqui  é  a  visão  e  o  entendimento  daqueles  que  primeiro  fizeram  e  depois  acompanharam  e  observaram  o  curso.      “A   Arte   do   Brincante   para   Educadores”   também   foi   registrado   e   observado   pelos  alunos,   mas   o   que   segue   nesta   “revista”   são   os   depoimentos   de   cada   educador  Brincante.  Por  se  tratar  de  um  material  sobre  a  metodologia,  cada  educador  procurou  descrever   exatamente   o   que   faz   em   cada   encontro.   As   considerações   finais   foram  retiradas  da  monografia  da  Marina  Abib  a  qual  se  encontra  na  íntegra  no  nosso  site.    Para  finalizar,  só  me  restou  observar  que  a  metodologia  do  Brincante  pertence  e  está  sendo  construída,  por  todos  aqueles  que  por  aqui  passam.    

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 II  –  A  VOZ  DOS  BRINCANTES    PEDAGOGIA  DO  INSTITUTO  BRINCANTE  Por  Sabryna  Mato  Grosso    A  relação  com  a  experiência    Observando   as   diversas   aulas   ministradas   dentro   do   Instituto   Brincante,   vemos   um  ponto  em  comum  entre  todos  os  educadores  e  suas  respectivas  disciplinas.  Vemos  na  pedagogia   do   Instituto   Brincante   a   valorização   do   conhecimento   através   da  experiência.  Conhecimento  que  não  está  atrelado  a  apenas  adquirir  uma  informação,  e  experiência   que   também   se   difere   da   palavra   “prática”.   Significamos   nesse   texto   a  experiência   como  aquilo  que  nos  passa,  ou  que  nos   toca,  ou  que  nos  acontece,   e  ao  passar-­‐nos  nos  forma  e  nos  transforma,  segundo  citação  de  Jorge  Larrosa1.      Os   conteúdos   das   aulas   ministradas   dentro   do   Instituto   Brincante   por   si   só   já  circundam  por  outros  meios  de  compreensão.  São  aulas  em  sua  maioria  prática,  que  necessita   de   outros   sentidos   da   capacidade   humana   para   que   seu   conteúdo   seja  assimilado.  A  relação  com  as  artes,  como  a  música  e  a  dança,  exigem  primordialmente  uma  comunicação  através  do  corpo  e  seus  sentidos.      A  reflexão  parte  de  dentro  do  exercício  e  da  significação  de  sua  vivência,   individual  e  coletiva.  Tendo  como  base  de  pesquisa  e  educação,  as  danças  populares  brasileiras,  e  sendo  esse  também  o  conteúdo  principal  das  disciplinas  dentro  do  Instituto,  o  objetivo  das   oficinas   e   cursos  ministrados   vai   além   de   passos,   músicas,   gestuais   e   costumes  ligados  a  essas  danças.  A  relação  com  tais  manifestações  não  está  na  forma,  mas  sim  numa   busca   de   contato   com   o   brincar   no   seu   sentido   mais   amplo.   Novamente  voltamos  ao  significado  da  experiência  que  vai  além  da  prática.  Ao  trabalhar  as  danças  brasileiras,   os   arte   educadores   do   Instituto   apontam   aos   alunos   a   possibilidade   do  “brincar”  através  da  dança  e  das  manifestações  populares.      Vemos  como  exemplo  no  curso  A  Arte  do  Brincante  para  Educadores,  onde  o  conteúdo  se  torna  verdadeiro  quando  os  alunos  do  curso,  que  são  profissionais  da  educação,  se  colocam  no  papel  da  criança.  Quando  mais  do  que  apenas  adquirir  um  conhecimento,  vivem  de  fato  uma  experiência  através  do  brincar.        

1 Nota sobre a experiência e o saber da experiência - Jorge Larrosa Bondía é professor titular do Departamento de Teoria e História da Educação, da Faculdade de Pedagogia da Universidade de Barcelona

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Partindo  do  pensamento  antropológico  que  tais  manifestações  surgem  da  necessidade  do  homem  de  se  encontrar  com  sua  essência  verdadeira  contribuindo  para  o  modo  de  vida   global,2   como   se   diria   sobre   a   definição   da   função   da   cultura,   a   relação   do  brincante  tradicional  com  a  manifestação  que  vivencia  dialoga  verdadeiramente  com  o  prazer   e   com   a   brincadeira,   muito   mais   ligados   ao   fato   natural   da   experiência.   E   é  justamente  esse  o  ponto  estimulado,  buscando  essa  compreensão  através  da  vivência  e  das  relações  adquiridas  com  o  outro,  com  a  manifestação  em  si  e  consigo  mesmo.    Esses   elementos   são   inseridos   dentro   das   aulas   de   duas   maneiras:   uma   de   forma  prática,   onde   essas   assimilações   serão   feitas   através   da   relação   com   o   grupo   e   das  dinâmicas  aplicadas  pelo  educador;  a  outra  de  forma  direta,  onde  o  educador  suscitará  a  reflexão  de  como  esses  elementos  dialogam  com  a  realidade  do  aluno  em  sociedade.    O  educador,  em  uma  aula  de  Dança  e  Percussão  Brasileira,  por  exemplo,  se  utiliza  da  forma   pratica   quando   usa   a   brincadeira   para   explicar   a   dinâmica   ou   trabalha   o  indivíduo  a  favor  do  grupo,  desenvolvendo  valores  de  escuta  e  olhar  para  com  o  outro  e  valorizando  a  experiência  vivida.  Já  a  forma  direta  é  utilizada  ao  traçar  paralelo  das  ações  desenvolvidas  artisticamente  dentro  da  aprendizagem  com  o  cotidiano  do  aluno,  instruindo   uma   reflexão   concreta   de   como   esses   valores   podem   dialogar   com   a  realidade  de  cada   individuo.  Percebemos  então  que  os  dois   formatos  dialogam  entre  si,  e   chegam  a  um   fim  em  comum,  apenas   seguindo  meios  distintos.  O  que   também  ocorre  quando  os  mesmos  educadores  invertem  a  forma  de  conduzir  a  aula.    Ao   aplicar   essas   manifestações   tradicionais   nas   aulas,   não   se   pretende   fazer   sua  reprodução,  mas  sim  recriar  o  material  para  se  chegar  a  outro  fim,  gerando  a  reflexão  guiada   por   essa   recriação,   sendo   autoral   e   significativa   para   o   aluno.   Esse  conhecimento   é   construído   através   da   relação,   adquirindo   ferramentas   e  reelaborando-­‐as  através  disso.    Embora  no  primeiro  ano  da  Formação  de  Jovens  Brincantes  um  dos  objetivos  do  curso  seja  apresentar  aos  alunos  o  universo  das  manifestações  brasileiras  através  da  relação  de  brincadeira  com  as  danças,  não  é  dispensado  o  comprometimento  com  as  aulas  e  a  disciplina  do  estudo  individual  fundamental  ao  artista.  Nas  aulas  de  Dança  e  Percussão  dentro  desse  primeiro  módulo  de  formação  para  jovens,  a  exigência  da  concentração  e  do  estudo  fora  do  horário  da  aula  é  um  fato  natural,  já  que  sem  tal  comportamento  a  relação   com  o   grupo  e   a   compreensão  do   ritmo   sugerido  não   será   realizado.  “Se   eu  não  me  concentro  e  estou  disperso,  tropeço  e  caio  na  corda”,  disse  o  aluno  da  aula  de  Humor  dentro  da  Formação  de  Jovens  Brincantes  -­‐  Ano  II,  onde  a  brincadeira  de  pular  corda   é   dada   como   exercício   de   tempo   e   ritmo,   trabalhando   o   prazer   do   jogo   e   a  concentração   simultaneamente.   Nesse   caso   vemos   que   o   aluno   compreendeu   2 Marconi, Marina de Andrade e Presotto, Zélia Maria Neves – Antropologia, Uma Introdução. São Paulo: Atlas, 2007

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naturalmente   a   relação   da   disciplina   dentro   do   jogo.   Sem   a   concentração   o   jogo  simplesmente   não   acontece,   e   essa   percepção   foi   assimilada   na   prática,   dentro   da  vivência  e  experimentação  do  aluno.  Nos  casos  citados  notamos  que  mesmo  a  relação  com  a  disciplina  do  estudo,  não  vem  através  do  rigor  e  obrigação,  mas  sim  por  uma  necessidade  natural  de  relação  com  o  grupo   e   com   o   indivíduo   pelo   viés   da   experiência.   A   aula   de   Dança   do   Ano   III   da  Formação  é  vista  mais  como  um  núcleo  de  pesquisa  e  treinamento,  justamente  por  ser  ministrada  para  uma  turma  de  alunos  que  já  passaram  por  outras  formações  dentro  do  Instituto.   Considerando   que   para   esse   caminho   mais   minucioso   de   pesquisa  aprofundada,   onde   se  busca  um   segundo  momento  na  decupagem  e   reestruturação  dos  passos  das  danças  brasileiras,  é  necessário  que  as  etapas  anteriores  de  disciplina  e  compreensão  de  si  já  tenham  sido  contempladas.      Por  uma  aprendizagem  formativa    Na   chamada   escola   do   Instituto   Brincante   nos   deparamos   com   públicos   de   idades,  classes  sociais  e  interesses  muito  distintos  uns  dos  outros.  Considerando  esses  dados,  são   pensados   os   cursos,   que   embora   possuam   estrutura,   formato   e   objetivos  específicos,  mantêm  em  comum  seu  objetivo  geral.    José  Sergio  Fonseca  de  Carvalho3  buscando  as  diferenças  entre  o  que  aprendemos  e  o  que   nos   afeta   como   seres   humanos,   sobre   o   conceito   de   formação   cita   que   “a  aprendizagem  indica  simplesmente  que  alguém  veio,  a  saber,  algo  que  não  sabia:  uma  informação,  um  conceito,  uma  capacidade.  Mas  não  implica  que  esse  'algo  novo'  que  se  aprendeu  nos  transformou  em  um  novo  'alguém'.  E  essa  é  uma  característica  forte  do  conceito  de  formação:  uma  aprendizagem  só  é  formativa  na  medida  em  que  opera  transformações   na   constituição   daquele   que   aprende.   É   como   se   o   conceito   de  formação   indicasse   a   forma   pela   qual   nossas   aprendizagens   e   experiências   nos  constituem   como   um   ser   singular   no   mundo.”   Rechaçando   o   sentido   pejorativo   de  superioridade  dentro  de  conceitos  pedagógicos  que  a  palavra  “transformar”  adquiriu,  aqui   utilizamos   a   essência   do   sentindo   primário   da   palavra.   Como   já   citado,   não   se  busca  a  execução  ou   reprodução  de  um  elemento  artístico,  mas   sim  sua  assimilação  através  do  encontro,  da  experiência  e  do  sensível.  A  transformação  se  dá  a  partir  da  resignificação  que  o   indivíduo  transfere  ao  novo  elemento  apreendido  dentro  de  sua  experiência  única.      Mais   do   que   artistas   qualificados   que   executem   suas   habilidades   com   técnica   e  destreza  indiscutível,  se  busca  a  formação  de  seres  humanos  que  reflitam  suas  ações  em  suas  relações  verdadeiras  com  a  sociedade  em  que  vivem.    

3 José Sergio Vieira de Carvalho é Doutor em Filosofia da Comunicação pela Feusp

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A  pedagogia  do  sensível    O  que   estamos   buscando   são   instituições   e   práticas   que   formem,   além   de   cidadãos,  indivíduos  capazes  de  estabelecer  uma  conexão  mais  profunda  do  que  aquela  até  hoje  prevalecente   entre   a   dimensão   racional   e   a   não   racional,   entre   pensamento   e  sentimento...   afirma   Roberto   Gambini4.   Torna-­‐se   difícil   falar   de   sentimento   quando  palavras   simples   perdem   seu   significado.   Falar   em   sentir   ligado   à   educação,  mesmo  essa   sendo   arte   educação,   não   condiz   com   o   pensamento   formal   de   escola   ou  instituição.      A   pesquisa   do   Instituto   Brincante   sobre   as   manifestações   populares   brasileiras   tem  muito   mais   a   ver   com   a   observação   acerca   do   povo   do   que   sobre   uma   estética  artística.   O   brincante   tradicional   se   relaciona   com   a   manifestação   popular   como  elemento  de  presença  significativa  em  sua  vida.  Dentro  de  seu  cotidiano  de  trabalho,  crenças  e  relações  humanas,  o  brinquedo  popular  se  manifesta  de   forma  tão   latente  quanto  os  outros  elementos.  O  fazer  artístico  de  criação  e  execução  musical,  plástica,  literária   e   cênica   se  dá  de   forma  natural,   pela  necessidade  da   construção  da   “festa”  através  do  conhecimento  ancestral.      Os   centros   urbanos   exercem   na   sociedade   que   neles   vivem   uma   outra   relação   de  tempo,  estipulando  novos  padrões  sociais.  Nesses  casos  é  mais  freqüente  encontrar  o  contato  da  sociedade  com  o  fazer  artístico  de  forma  mais  conceitual  do  que  sensorial.    Quando  um  brincante  tradicional  faz  sua  festa,  ele  de  fato  brinca.  A  relação  verdadeira  com   o   brinquedo   aproxima   o   individuo   com   o   ambiente   em   que   vive   e   todos   os  elementos  nele  inseridos,  seja  através  do  sagrado  ou  do  profano.  A  apropriação  desses  saberes  naifs  possibilita  uma  criação  artística  sem  resenhas,  partindo  do  sensorial.    Aproximar   essa   relação   verdadeira   que   o   brincante   tradicional   tem   dentro   de   suas  manifestações   artísticas   com   uma   reflexão   transformadora   do   individuo,   é   uma  possibilidade   de   reconhecimento   da   cultura   em   que   vivemos,   não   com   o   intuito   de  reproduzi-­‐la,   mas   sim   a   utilizando   como   uma   ferramenta   para   potencializar   essas  qualidades  do  humano.    A  experiência,  a  possibilidade  de  que  algo  nos  aconteça  ou  nos  toque,  requer  um  gesto  de  interrupção,  um  gesto  que  é  quase  impossível  nos  tempos  que  correm;  requer  parar  para   pensar,   parar   para   olhar,   parar   para   escutar,   pensar  mais   devagar,   olhar  mais  devagar,   e   escutar  mais  devagar;  parar  para   sentir,   sentir  mais  devagar,  demorar-­‐se  nos  detalhes,  suspender  a  opinião,  suspender  o  juízo,  suspender  a  vontade,  suspender  o  automatismo  da  ação,  cultivar  a  atenção  e  a  delicadeza,  abrir  os  olhos  e  os  ouvidos,  

4 Por uma educação com alma, 4. Sonhos na escola, Ed. Vozes – Roberto Gambini é analista junguiano e mestre em ciências sociais

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falar  sobre  o  que  nos  acontece,  aprender  a  lentidão,  escutar  aos  outros,  cultivar  a  arte  do  encontro,  calar  muito,  ter  paciência  e  dar-­‐se  tempo  e  espaço.  Persistindo   no   pensamento   de   Jorge   Larrosa   sobre   a   experiência,   definindo-­‐a   como  aquilo  que  nos  transforma,  acreditamos  sim  em  uma  pedagogia  informal,  que  não  por  isso  dispensa  disciplina  e  comprometimento.      Uma  pedagogia  que  valoriza  o   sensível  e  o   intuitivo.  Formas  que   já  estão   intrínsecas  nas  relações  dentro  da  educação.  E  embora  pareçam  subjetivas  demais  numa  analise  mais  sistematizada  da  formação,  aqui  é  feita  com  propriedade  e  ciência.  A   apropriação   desses   elementos   como   ferramentas   metodológicas,   faz   do   Instituto  Brincante   um   espaço   aberto   a   uma   nova   educação,   onde   há   a   valorização   da  transformação  através  do  encontro.      

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III  -­‐  CURSO  DE  FORMAÇÃO  DE  JOVENS  BRINCANTES      O  curso  “Formação  de  Jovens  Brincantes”  tem  como  objetivo  principal  a  formação  de   um   novo   profissional   no  mercado;   Um  Brincante-­‐   jovens   artistas-­‐educadores,  que   tem  a   cultura  popular  brasileira   como  estrutura-­‐base  do   seu   trabalho,   tanto  artístico,   como   educacional.   Assim,   o   “jovem  brincante”   tem  na   cultura   popular,  uma   fonte   de   aprendizado   e   um  meio   para   apropriação   de   linguagens   artísticas  diversas  como  música,  dança,  canto,  poesia,  teatro,  entre  outros.    Desta   forma,  após  os   três  anos  de  curso,  pretende-­‐se  que  os  “jovens-­‐brincantes”  se  tornem  “intérpretes”  com  sensibilidade  cultural  e  artística  para  refletir  e  atuar  em  diferentes    contextos  sociais.        FORMAÇÃO  DE  JOVENS  BRINCANTES  -­‐  ANO  I    “o  início  da  formação”    O   objetivo   deste   primeiro   ano   é   apresentar   ao   aluno  o   universo   que   é   estudado  no  Instituto   Brincante,   sempre   se   utilizando   de   múltiplas   linguagens,   brincadeiras   e  desafios   presentes   nas   manifestações   populares.   Para   conduzir   o   aprendizado,   sete  “brincadeiras”  são  abordadas  durante  o  ano,  sendo  elas:  caboclinho,  maracatu  nação,  maracatu   rural,   coco,   cavalo   marinho,   batuques   e   frevo.   Cada   uma   dessas  manifestações   irá   trabalhar   uma   diferente   qualidade   do   corpo,   como:   a   inteligência  espacial   no   caboclinho,     o   tônus   e   a   construção   melódica   da   dança   no   frevo,   a  segmentação  e  percussão  corporal  nos  cocos,  as  diferentes  qualidades  de  energia  no  Cavalo  Marinho,  peso  e  oposição  nos  Batuques,      e  a  pulsação  rítmica  nos  Maracatus.  Através   desse   trabalho,   acredita-­‐se   que   o   corpo   apreenda   ferramentas   distintas   e  complementares,   de   modo   que   este   esteja   preparado   para   o   aprofundamento   de  qualquer  “brincadeira”.      Informações  sobre  o  curso  –  ficha  técnica    O  primeiro  ano  é  aberto  a  todos  os  interessados,  que  passam  por  um  processo  seletivo  inicialmente  por  uma   ficha  de   inscrição   via   internet,   que   comprove   interesse,   idade,  vínculos  com  instituições  e  escolas  públicas.  O  segundo  momento  é  a  participação  em  uma   aula   “experimental”   que   serve   para   distribuir   as   turmas   em   segmentos  complementares  de  aluno  para  aluno.    Atividade:  Dança  e  Percussão  Carga  horária:  1x  por  semana/3  horas  semanais        

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Grade  curricular:  Estudo  do  universo   rítmico  brasileiro  através  dos   instrumentos  de  percussão,  do  canto,  e  da  dança.  A  cada  mês  é  realizado  o  estudo  prático  e   teórico  dos   diferentes   assuntos,   como:   Cavalo   Marinho,   Maracatu,   Caboclinho,   Frevo,  Batuques,  Cocos,  entre  outros.    Atividades  Extras  Curriculares    Todos   os   alunos   do   Instituto   são   sempre   convidados   a   participar   de   duas   atividades  não  regulares:  a  “Sambada”  e  o  “Rodas”.      A  estrutura  das  aulas      O   primeiro   ano   do   curso   de   formação   é   realizado   em   três   diferentes   turmas,  conduzidas   por   diferentes   instrutores.   Desta   forma,   cada   instrutor   conduz   suas  atividades  de  forma  muito  particular  e  condizente  com  sua  história  pessoal,  mas  que  sempre  está  ligada  à  idéia  do  “brincante”,  enquanto  participante  da  construção  de  sua  cultura  e  que  transita  entre  diversas  linguagens  artísticas.    Todas   as   aulas   do   curso   de   Formação   -­‐   ano   I   geralmente   se   utiliza   de   diversas  linguagens  para  abordar  o  mesmo  assunto,  desde  brincadeiras,   jogos  com  percussão  corporal,  até  vídeos  e  o  ensino  da  dança  e  brincadeira  em  si.    As   aulas   possuem  uma  estrutura  mínima   comum  que   é   composta   por   aquecimento,  desenvolvimento/apropriação  e  desaquecimento.    No   aquecimento     são   utilizados   jogos   ou   brincadeiras   para   “acordar”   o   corpo   e   os  sentidos,    que  trazem  o  participante  para  o   local  de   trabalho  em  sala,   trabalhando  a  concentração,   a   versatilidade,   a   consciência     corporal   e,   como   o   próprio   nome   diz,  aquecendo   o   corpo   como   um   todo.   Neste   momento   também   são   realizados   jogos  coletivos  que  trazem  a  consciência  de  grupo,  cooperação,  precisão  e  ritmo.          Após  este  momento  ocorre  o  desenvolvimento  do  conteúdo,    onde  o  professor  expõe  e  os  alunos  praticam  o  conteúdo  relacionado  ao  ritmo  do  mês  ,  seja  musicalmente  (  a  partir   da   apresentação   do   ritmo   e   instrumentos)   ou   a   partir   da   dança,  desenvolvimento  de  banco  de  passos,  dramaturgia  e  coreografias.  Este  é  o    momento  de  ampliação    de  repertório  para  o  grupo,  tendo  como  base  principal  as  brincadeiras  como  elas  são  em  sua  matriz.          Ao  final  do  encontro,  o   instrutor/professor  conduz  uma  seqüencia  de  exercícios  para  um   “desaquecimento”   que   possibilitem   aos   alunos   um   cuidado   com   o   corpo   e   uma  consciência  sobre  a  utilização  saudável  de  um    precioso  instrumento  físico.    

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As   aulas   de   percussão   também   abordam   a   iniciação   e   a   teoria  musical,   como   parte  importante  do  processo  de  aprendizado  percussivo.    Outra  característica  marcante  das  aulas  é  que  outros  ritmos  podem  também  compor  o  aprendizado  daquele  ritmo  específico  do  mês.  Por  exemplo,  o  ritmo  a  ser  estudado  é  o  dos  “Caboclinhos”,  pode-­‐se  utilizar  um  coco  para  o  aquecimento,  com  rodas  de  versos  e   uma   ciranda  para  desaquecer.   Todos  os   recursos   são  utilizados   com  o  objetivo  de  levar  o  aluno  a  compreender  não  só  o  ritmo,  mas  sim  que  a  cultura  corporal  formada  principalmente  por  essas  pluralidades,  a  todo  o  tempo,  nas  aulas  e  fora  dela.    Durante   o   ano   são   também   utilizados   como   material   de   apoio,   textos   e   filmes   em  DVDs  que  comentam  sobre  cada  brincadeira.      Ao   final   do   curso,   o   grupo   deve   apresentar   uma   peça   que   reflita   o   trabalho  desenvolvido  durante  o  ano.  Este  trabalho  no  Ano  I  é  conduzido  principalmente  pelo  professor,  com  participação  dos  alunos  em  sua  concepção.  O  resultado  do  trabalho  de  todas  as  turmas  gera  um  espetáculo  de  fim  de  ano  que  fica  em  cartaz  no  Instituto  por  um  final  de  semana.    Exemplos  de  atividades  e  exercícios      1)  Aquecimento    Brincadeira:  Rua  e  Viela      Alguns   alunos   formam   colunas,   que   são   chamadas   de   viela   (   ficam   viradas   para   um  lado  da   sala,   na   vertical),   e   os   outros   formam  as   fileiras   ,   que   são   chamadas   de   rua  (essas  ficam  viradas  para  o  outro  lado  da  sala,  na  horizontal)      Um  participante  tem  que  fugir  e  outro  tem  que  pegar.  A  voz  de  comando  é  dada  por  quem  está  sendo  perseguido.  Quando  o  mesmo  gritar:  RUA,  a  rua  vira  para  o  lado  dele  protegendo-­‐o  do  pegador,  o  mesmo  acontece  quando  ele  gritar  VIELA.    Evolução  da  brincadeira:  O  professor  escolhe  2  alunos  que  vão  dar  o  comando  de  fora,  enquanto   continua   um   pegador   e   um   fugitivo   dentro,   só   que   agora   aguardam   o  comando.    Nesse  exemplo  de  aquecimento,  observamos  que  o  exercício  pretende  trabalhar,  entre  outras  coisas,  a  atenção,  a  interação  do  grupo,  a  prontidão,  alem  de  acordar  o  corpo  dos  alunos  e  trazê-­‐los  para  a  aula.      

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     2)  Desenvolvimento  (aquecimento  e  desenvolvimento)    Jogo  do  bastão      O  professor  pede  para  que  os   alunos   caminhem   livremente  pela   sala   e   ao   toque  do  bastão  no  chão,  todos  saltem  e  congelem  em  uma  pose.  No  intervalo  entre  as  batidas,  o  professor  lê  frases  de  um  texto  a  respeito  do  Maracatu  Rural.    Em  seguida,  após  o  termino  da  leitura,  os  alunos  devem  saltar  apenas  pelo  estímulo  de  outro  aluno.  Assim,  “quando  um  salta,  todos  saltam”.    O  grupo  então  é  dividido  em  grupos  menores.  Cada  grupo  pega  um  bastão  e  brincam  de   jogar   esse   de   diferentes   maneiras   um   para   o   outro.   Com   o   passar   do   tempo,   o  professor  muda  o  comando  para  que  a  ação  ocorra:  –  Jogar  o  bastão  movimentando  todo  o  corpo  todo  e  recebê-­‐lo  também  com  o  corpo  todo;  –  Ao  receber  o  bastão,  dar  um  giro;  –  Ao  receber  o  bastão,  congelar  em  uma  pose;  –  Movimentando-­‐se,  receber  o  bastão;  ao  lançar,  congelar  em  uma  pose;  –  Utilizar-­‐se  de  alguma  das  alternativas  anteriores  como  desejar;  –  Olhar  para  uma  pessoa,  porém  lançar  o  bastão  para  outra.    O  professor  pede  para  que  os  alunos  caminhem  pelo  espaço,  continuando  a   jogar  os  bastões.  Aos  poucos,  aumentam  o  número  de  bastões  na  roda,  enquanto  pede-­‐se  para  que  as  pessoas  comecem  a  andar  no  pulso  do  maracatu  rural.  A  cada  pausa  da  música,  todos  param.  Ao  retornar  a  musica  os  alunos  exercitam  a  ação  de  lançar  o  bastão  ou  se  defender  com  o  mesmo.      Por  fim,  cada  aluno  com  um  bastão,  aprende  o  banco  de  passos  do  Maracatu  Rural  a  partir  da  demonstração  do  professor.    O  desenvolvimento  desse  exercício,  deixa  claro  como  o  aquecimento  pode  conduzir  ao  aprendizado   da   dança;   durante   a   atividade   o   professor   faz   observações   sobre   a  importância   de   desenvolver   a   visão   periférica,   a   concentração   e   a   prontidão   para   a  execução   do   Maracatu   Rural.   A   apropriação   dos   passos   do   Maracatu   Rural   vem   a  partir  de  um  trabalho  corporal,  que  tem  seu  foco  nos  mesmos  elementos  fundamentais  para  tal  dança.        

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3)  –  Desaquecimento      Em  grupos  de  quatro  pessoas:      Todos  em  pé.  Uma  pessoa  fica  no  centro  e  mantém  seu  corpo  relaxado,  joelhos  semi-­‐flexionados  e  pés  paralelos,  e  as  demais  ficam  em  volta  e  se  distribuem  de  modo  que  suas  mãos  percorram  por  completo  o  corpo  do  colega,  cada  um  na  parte  em  que  se  posicionou,  todos  ao  mesmo  tempo.  Então,  começando  pela  parte  superior  do  corpo  (costas,  ombros,  peito,  braços,  mãos,  dedos,  bacia),  e  descendo  para  parte  inferior  do  corpo  (  quadril,  pernas  e  pés),    vamos  “amassando”  os  membros  como  massa  de  pão.  E  processo  se  repete  mais  3  vezes:    

- com  as  mãos  em  forma  de  concha,  batendo  com  uma  intensidade  moderada;  - fazendo   pequenos   movimentos   circulares   com   as   mãos   abertas,   esfregando  

levemente;  - e  para   finalizar     todas  as  mãos   juntas  de  uma  vez   só   ,  percorrem  o   corpo  do  

colega  da  cabeça  aos  pés,  como  uma  ducha  dágua  caindo.    Então  a  pessoa  que  está  ao  centro  vai  pro  redor  e  outra  do  grupo  vai  pro  centro.  Isso  se  repete  até  que  todos  tenham  recebido  a  massagem.      Esses   movimentos   das   mãos   pelo   corpo   tem   a   intenção   de   relaxar,   soltar   a  musculatura  trabalhada.  Depois  da  massagem  o  grupo  senta  em  roda  e  conversa  sobre  o  desenvolvimento  e  as  conquistas  da  aula.      FORMAÇÃO  DE  JOVENS  BRINCANTES  –  Ano  II    “Reelaboração  e  Criação”      O   segundo   ano   do   curso   tem   como   objetivo   o   aprofundamento   dos   conhecimentos  apreendidos   no   primeiro   ano,   bem   como   o   estímulo   à   reelaboração   da   atividade  artística   e   criação   de   repertório   próprio.   Os   alunos-­‐brincantes   passam   a   tecer   uma  relação  muito  mais  estreita   com  o   curso  e  a   carga  horária   se   intensifica,  de   forma  a  cobrar   do   jovem   não   só   a   participação   nas   aulas,   como   em   atividades   extra-­‐curriculares.  Palestras,  oficinas  e  eventos  que  ocorrem  dentro    do  próprio  Instituto.    A   interdependência   das   diferentes   frentes   que   o   curso   traz   com   a   educação,   nesse  segundo   momento,   é   evidente.   O   Instituto   espera   que,   com   esse   grau   de  comprometimento,   o   jovem   possa   ser   capaz   de   desenvolver   um   novo   campo  profissional  onde  a  expressão  dos  brincantes  integre  a  arte  brasileira  à  educação.    Sendo   assim,   esse   “aprofundamento”   faz   com   que   o   jovem   brincante,   uma   vez  imbuído   das   ferramentas   trabalhadas   ao   decorrer   do   curso,   esteja   capacitado   para  desenvolver  um  produto  artístico  e/ou  trabalhar  com  arte-­‐educação.  

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                   Atividades  Regulares    Atividade:  Percussão,  jogos  e  brincadeiras  rítmicas,  e  dança  Carga  horária:  1x  por  semana/3  horas  semanais  Grade   curricular:   Reelaboração   do   universo   rítmico   brasileiro   através   dos  instrumentos  de  percussão,  do  canto,  e  da  poesia  popular.      Atividade:  Danças  Brasileiras  Carga  horária:  1x  por  semana/3  horas  semanais  Grade  curricular:  Exercício  de  consciência  corporal,  assimilação  de  passos  e  desenhos  coreográficos   tradicionais   e   exercícios   de   criatividade   a   partir   desses   passos   ou  movimentos.      Atividade:  Teatro  Carga  horária:  1x  por  semana/3  horas  semanais  Grade   curricular:   Estudo   das   máscaras,   vozes,   músicas   e   qualidades   de   energia  presentes  nos  diferentes  folguedos  populares.  Atividades  Extra  Curriculares    Atividade:  Sambada  Carga  horária:  1x  por  mês/4  horas  mensais    Confraternização   entre   alunos,   amigos   e   familiares.   Na   sambada,   além   da   diversão  que   é   proporcionada,   o   aluno   experimenta,   através   de   números   criados   por   ele   ou  pelo  professor  o  conteúdo  aprendido  em  sala  de  aula.    Atividade:  Rodas  Carga  horária:  1x  por  mês/4  horas  mensais  Grade   curricular:   Encontros   conduzidos   por   artistas,   pesquisadores   ou   intelectuais  com   alunos   e   familiares   para   a   reflexão   sobre   os   mais   variados     assuntos  principalmente  relacionados  à  Cultura    Atividade:  Oficina  Carga  horária:  1x  por  mês  Educadores:  Especialistas  de  diversas  áreas  Grade  curricular:  Visando  aperfeiçoar  o  conhecimento  dos  alunos  em  diversas  áreas,  as  oficinas  também  tem  como  objetivo,  auxiliar  no  processo  de  formação  dos  alunos.    Atividade:  Construção  de  Espetáculo  Carga  horária:  indefinida  Educadores:  educadores  das  aulas  regulares  e  não  regulares,  além  de  convidados  

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Grade  curricular:  Utilizando-­‐se  de  conhecimentos  adquiridos  fora  e  dentro  do  curso,  os  alunos  têm  como  tarefa,  a  construção  de  um  espetáculo  que  deve  ser  apresentado  no  final  do  curso  no  próprio  Instituto  Brincante.    Atividade:  Construção  de  Oficinas  Carga  horária:  indefinida  Educadores:  os  próprios  alunos  Grade  curricular:  Sendo  este  um  dos  objetivos  da  Formação  de  Jovens  Brincantes,  os  alunos  se  preparam  para  posteriores  oficinas  que  serão  ministradas  por  eles  mesmos.    Estrutura  das  aulas    As  aulas  do  segundo  ano  da  Formação  tem  por  estrutura  básica  a  mesma  das  aulas  do  primeiro  ano  (aquecimento,  desenvolvimento/apropriação  e  desaquecimento),  com  o  acréscimo  da  reelaboração,  que  geralmente  se  encaixa  depois  da  apropriação,  e  que  permite   uma   nova   relação   do   aluno   para   com   o   conhecimento   que   está   sendo  apresentado  a  ele.    Nesse  segundo  ano,  há  somente  uma  turma  de   jovens,  que  participam  de  atividades  regulares   três  vezes  por   semana.  Com  uma  carga  horária   significativamente  maior,  a  especificidade   de   cada   linguagem   artística   é   trabalhada   de   forma   a   permitir   que   o  jovem  se  forme  de  maneira  plural,  dialogando  com  todas  essas  linguagens.      O   importante   dessa   reelaboração   é   justamente   o   processo   de   sedimentação   do  conteúdo  apreendido  via  professor.  A  imitação  propriamente  dita  dá  lugar  à  criação.    A   estrutura   das   aulas   vem   a   corroborar   com   esse   objetivo.   Depois   de   um  aquecimento,   há   a   introdução   de   um   conteúdo   novo,   ou   a   memorização   de   um  conteúdo   já   visto.   O   terceiro   momento,   portanto   é   o   da   reelaboração,   no   qual   os  professores  trazem  propostas  diversas  para  que  tal  conteúdo  seja  abordado  de  forma  distinta  aos  exercícios  anteriores,  via  aluno-­‐conteúdo,  sem  o  intermédio  do  professor,  que  aqui  exerce  o  papel  de  orientador  e  “conselheiro”.  Por  fim  há  o  desaquecimento.        Durante  o  curso  são  apresentados  cinco  temas  para  serem  pesquisados.    Temas  de  2010:  

O  Povo  Brasileiro  _  Darci  Ribeiro  Reis  de  Congo-­‐  Oswald  Barroso  Milton  Santos  -­‐  O  Filme    O  corpo  cômico.  O  humor  na  música  A   turma   é   dividida   em   grupos   cuja   tarefa   é   pesquisar   um   desses   temas   e  organizar  uma  oficina  para  os  demais  alunos.  

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A  partir  dessas  oficinas  um  tema  ou  uma  idéia  serve  como  ponto  de  partida  para  que  cada   aluno     crie   uma   cena,   individual   ou   conjunta,   que   represente   a   síntese   do   seu  aprendizado   com   o   curso   de   Formação.   Este   trabalho   e   concebido   completamente  pelo  aluno  durante  o  processo  de  formação  e  apenas  conduzido  ou  dirigido  pelo  grupo  de  professores/instrutores.  A  reunião  do  fruto  do  trabalho  de  todos  os  alunos  gera  um  espetáculo  que  fica  em  cartaz  no  Instituto  Brincante  por  um  mês  ao  final  do  ano.                      FORMAÇÃO  DE  JOVENS  BRINCANTES  -­‐  Ano  III  “Formação  Continuada”                    O   terceiro   ano   do   curso   é   um   ano   opcional,   onde   o   Instituto   oferece   ao   aluno   a  possibilidade  de  continuar  suas  atividades  de  estudo,  bem  como  proporciona  parcerias  entre   o   próprio   Instituto   e   o   jovem,   para   que   este   possa   aplicar   os   conhecimentos  aprendidos  nos  dois  primeiros  anos,  como  em  oficinas  ministradas  pelos  alunos  sendo  representantes   do   Instituto,   ou   apresentações.   É   nesse   ano   que   o   jovem   pode  participar  dos  núcleos  de  pesquisa:  o  núcleo  de  pesquisa  do  movimento,  o  núcleo  de  musica  e  o  núcleo  pedagógico.    Cabe   ao   aluno   que   pretende   continuar   com   a   formação,   a   decisão   de   onde   e   como  continuar,  que  atividade  é  de  sua  preferência  e  como  sua  contribuição  e  crescimento  podem  ser  melhores.      O  Núcleo  de  Pesquisa  do  Movimento  é  um  grupo  formado  por  pessoas  que  já  tenham  concluído  a   formação  no   Instituto  Brincante,  conduzido  por  Antonio  Nóbrega,  para  a  pesquisa  de  uma  nova  linguagem  de  Dança  Brasileira.      Esta  atividade  ocorre  uma  vez  por   semana,   com   duração   de   duas   horas   e   meia.   Tem   como   foco   de   atuação,   o  aprofundamento   da   pesquisa   e   estudo   da   cultura   corporal   brasileira   e   sua  sistematização  para  a  prática,  tanto  artística  quanto  educacional.      O   Núcleo   de   Musica   é   o   núcleo   de   pesquisa   de   ritmos   brasileiros.   O   grupo   cria  repertório  próprio  a  partir  de  musicas  tradicionais  re-­‐arranjadas.   Isso  é  divulgado  em  apresentações  internas  do  Instituto,  como  as  Sambadas;  e  apresentações  externas.  Os  encontros  deste  grupo  ocorrem  uma  vez  por  semana,  com  duração  de  quatro  horas.    O  Núcleo  Pedagógico  é  o  núcleo  formado  por  ex-­‐alunos  do  Curso  de  Formação  e  tem  como  objetivo  registrar  e  documentar  as  atividades  que  ocorrem  no  Instituto,  a  partir  de   observação   de   aulas,   vídeos,   relatórios   dos   alunos   entre   outros.   Este   Núcleo   se  reúne  mensalmente   para   discussão   sobre   as   atividades   observadas   e   tem   como   seu  primeiro  produto  este  documento,  que  vocês  estão  lendo  agora.          

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IV  -­‐  CURSO  A  ARTE  DO  BRINCANTE  PARA  EDUCADORES    Por  Michelle  Rodrigues  e  Thalita  Gava,   com  base  em  arquivos  do   Instituto  e  análises  próprias    O  que  é  o  curso?      É  um  curso  de  formação  para  Educadores,  com  atendimento  preferencial  àqueles  que  lecionam   na   rede   pública   de   ensino,   que   apresenta   elementos   da   Cultura   Popular  Brasileira  tais  como  a  dança,  a  musica,  a  dramatização,  a  confecção  de  instrumentos,  brinquedos,   roupas   e   adereços,   para   com   isso   construir   uma   visão   integrada   das  diversas  manifestações,   somando  a   esses   elementos   conteúdos  que  proporcionam  a  reflexão   acerca   da   Cultura   da   Criança   e   da   importância   do   “brincar”,   formando   um  sujeito  crítico,  consciente  de  suas  raízes,  que  melhor  compreende  e  reflete  sobre  sua  postura  como  ser  humano,  descobrindo  seus  potenciais  criativos  e  a  percepção  de  que  é  possível  unir  pedagogicamente  literatura,  artes  plásticas,  teatro,  dança  e  música.      Como  acontece?    São  módulos  formativos,  cada  modulo  tem    um  mês  de  duração  em  media,  com  carga  horária   de   4   horas   semanais,   a   exceção   ao   modulo   de   Danças   Brasileiras   -­‐   que  acontece  durante  todo  o  curso  com  carga  de  1  hora  semanal.  São  lecionados  por  arte-­‐educadores  especialistas  em  vivências  que  integram  o  fazer  artístico  e  a  reflexão  sobre  a  função  da  arte  na  formação  do  ser  humano.  O  desenvolvimento  dos  mesmos  segue  uma   lógica   que   tem   por   finalidade   a   construção   do   conhecimento   partindo   da  sensibilização  e  reflexão,  passando  para  a  vivencia,  chegando  ao  fim  do  processo  com  resultados  construídos  a  partir  da  elaboração  pessoal.    No  período  de  início  das  atividades  os  ministrantes  realizam  atividades  com  intuito  de  identificar  os  participantes,  apresentar  o  espaço,  e  diagnosticar  a  percepção  inicial  dos  mesmos.      Os  Módulos  seguem  assim:    

 

Módulo  1  –  Março:  “Por  uma  educação  da  sensibilidade”  

Ministrante:  Maria  Amélia  Pereira  (Péo)  

 

Aborda  o  processo  de  desenvolvimento  da  criança  a  partir  de  relatos  e  de  imagens  da  cultura  infantil.  Busca  a  compreensão  do  brincar  como  ato  de  conhecimento  sensível  e  iniciador  do  processo  criador.  

 

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Programação:  

1. Singularidade  e  universalidade  do  brincar;    

2. Relação  do  homem  com  a  natureza  e  a  cultura  no  ato  do  brincar;  

3. O  tempo  cíclico  e  sua  relação  com  o  tempo  da  infância;  

4. O  conceito  de  aprendizagem  compreendido  como  a  aventura  da  consciência.     Objetivo:    Desenvolver  no  educador  Brincante  a  capacidade  de  refletir  sobre  sua  própria  prática  ampliando   seu   referencial   cognitivo   através   da   abordagem   do   universo   Sensível  presente  ao  exercício  de  uma  educação  Integrativa.  A   leitura  simbólica  do  imaginário  que  caracteriza  o  repertorio  dos  brinquedos  e  brincadeiras  da  Cultura  da  Infância  será  abordada  através  de   referenciais   áudio-­‐visuais   que   constituem  o  acervo  de  pesquisa  do  Centro  de  Estudos  da  Casa  Redonda  abordando  os  seguintes  itens:    -­‐  A  Natureza  e  seus  elementos  como  agente  propulsor  e  determinante  de  experiências  significativas  do  Brincar  seja  pela  multiplicidade  dos  desafios  sensíveis  e  corporais  que  ela  oferece,  seja  pelo  fortalecimento  do  vínculo  entre  o  ser  humano  e  seu  Habitat.  -­‐   O   ato   de   Brincar   como   uma   linguagem   de   conhecimento   próprio   da   Cultura   da  Infância   focando   as   noções   de   TEMPO   e   ESPAÇO   pertinentes   a   esta   etapa   do  desenvolvimento.  -­‐   O   Corpo   como   continente   da   pulsão   expansiva   de   crescimento   corporificado   no  repertorio   espontâneo   dos   gestos   da   Cultura   da   Infância   como   respostas   às  necessidades  de  desenvolvimento  físico-­‐  psíquico  da  criança.  -­‐   A   função   vinculadora   e   socializadora   da   experiência   lúdica   vivenciada   através   do  repertorio   da   Cultura   da   Infância   em   suas   diversas   manifestações,   presentes   na  memória   dos   participantes   do   módulo   como   força   motriz   do   re-­‐conhecimento   e  conhecimento  da  importância  da  experiência  sensível  no  processo  de  desenvolvimento    humano.    

Módulo  2  –  Abril:  “Danças  Brasileiras”  

Ministrante:  Rosane  Almeida  

 

Prática   das   formas   de   danças   presentes   nos   folguedos   populares   brasileiros,   bem  como   o   estudo   e   a   reflexão   sobre   as   diferentes   possibilidades   de   pensar   e  experimentar  o  corpo.  

 

 

Programação:  

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1.  Os  brincantes  e  os  folguedos  populares;    

2.  A  trajetória  dos  folguedos  populares;    

   3.  A  memória  e  o  corpo;    

   4.  O  corpo  da  natureza  e  a  natureza  do  corpo.    

 Primeiro  Encontro    Escolhi   iniciar   meu   módulo   com   a   apresentação   do   vídeo   Folia   Geral.   Um  documentário   sobre   o   carnaval   de   Recife   com   depoimentos   de   artistas   populares,  idealizado  por  Antonio  Nóbrega,  dirigido  por   Luiz   Fernando  Carvalho,   com   fotografia  de  Walter   Carvalho   e   um  emocionante   depoimento   de  Ariano   em   Suassuna   sobre   a  riqueza  da  cultura  popular  brasileira.    É  um  material  excelente  para  se  refletir  sobre  o  tamanho   do   envolvimento   de   cada   um   dos   participantes   com   seu   trabalho,   como  todos  os  envolvidos  sabem  e  gostam  do  que  fazem.  Acabam  por  se  apropriarem  de  um  saber  que  os  torna  mestres   incontestáveis  dentro  de  suas  atividades.   Isso  cabe  tanto  para  os  artistas  populares,  como  para  um  diretor  de  cinema,  um  fotógrafo,  um  músico  ou  um  professor.  Na  parte   prática   da   aula   o   aquecimento   acontece   com  um   tipo  de   “habilidade”,   um  malabares  que  mobiliza  o  pensamento,  a  palavra  e  a  ação.    Segundo  Encontro    Apresentação   de   um   vídeo   sobre   o   REIZADO.   Reflexão   sobre   a   idade   dessas  manifestações  populares.  A   trajetória  desses   folguedos  na  história  da  humanidade  e  sua  função  na  sociedade  contemporânea.      Apresentação  de  um  número  de  dança  que  é  uma  recriação  das  danças  populares  para  refletir  sobre  o  feminino  na  nossa  sociedade.    Na   parte   prática   um  espaço   de   tempo  pra   que   cada   um     se   recolha   para   si   e   possa  estar   mais   aberto   para   assimilar   novas   informações,   movimentos,   brincadeiras,  desafios  etc.    Terceiro  Encontro    Construção  dos  arcos.  A  Dança-­‐  dos  Arcos,  como  é  conhecida  está  presente  em  várias  manifestações  populares,  remete  ao  arco-­‐íris,  a  ligação  entre  o  céu  e  a  terra,  o  sagrado  e  o  profano  numa  harmonia  com  todas  as  cores.    Todas  as  reflexões  giram  em  torno  do  fazer  artísticos,  do  experimentar,  do  brincar  com  o  corpo,  com  a  proposta  ou  com  uma  idéia...  Quarto  Encontro    

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Apresentação   do   Vídeo   INDIOS   NO   BRASIL.   Uma   reflexão   sobre   a   relação   do  colonizador   com  a  natureza  e   a  nossa   relação   com  a  nossa  natureza.  Do  que   somos  feitos?  Como  nos  tratamos?    O   quanto   nos   conhecemos?     Qual   o   papel   das   emoções   na   organização   da   nossa  musculatura.    Nesse  quarto  encontro  fazemos  um  apanhado  das  três  aulas  anteriores,  tanto  a  parte  teórica  reflexiva,  como  a  parte  prática.  Os  alunos  fazem  conexões,  expõem  suas  vidas,  criam  individualmente  e  se  organizam  coletivamente  para  a  construção  de  um  ritual,  do  nosso  ritual.  Uma  festa  no  silencio.    Conseguimos   a   satisfação   por   nos   alimentarmos   das   nossas   histórias,   do   nosso  potencial.    Encontro  dificuldade  para    traduzir  em    conceitos,  situações  emocionais,  experiências  físicas.  Hora  sinto  as  palavras  pequenas,  casas  velhas,  hora  as  vejo  como  estradas  que  não  sei  onde  pode  levar.      Sou  do  fazer.  Me  lembro  do  cheiro  das  aulas.  Ouço  a  pisada  dos  ritmos  que  fazem    os  olhos  vibrarem.  Canto  e  choro  com  esses  companheiros  nessa  longa  jornada  para  se  construir  o  novo.  Um  novo  mundo,  um  novo  país,  um  novo  Humano!  Um  humano  com  a  história  da  terra,  com  a  luz  do  sol,  livre  como  os  ventos  mas  com  a  força  e  a  delicadeza  das  águas.    Um  humano  divino.  Com  espírito  em  festa.    A  Festa  do  Divino  Espírito  São  =  Saudável  =  Santo.      

 Módulo  3  –  Maio:  “Contos  e  histórias  tradicionais”    

Ministrante:  Cristiane  Velasco  

 

Estudo   e   exercício   das   diferentes   formas   de   contar   a   tradição   oral,   vistas   como  instrumento  de  educação.  

Programação:  

1.  Ouvir  histórias;  

2.  Relatos  orais  e  visuais  sobre  a  experiência  de  contar  histórias;  

3.  Iniciação  a  pratica  de  contar  histórias.  

 

Primeiro  Encontro    

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Costumo  iniciar  este  primeiro  encontro  pontuando  os  objetivos  claros  do  módulo:  1.  Compartilhar  processos  significativos  dentro  da  minha  formação  como  contadora  de  histórias,  uma  vez  que  não  há   fórmulas  para  se  contar  histórias  e  sim  formas,  sendo  que  a  forma  de  cada  um  encontra-­‐se  diretamente  relacionada  à  sua  própria  história  de  vida.  2.   Fundamentar   a   importância   das   “histórias   de   boca”   através   de   relatos   de  experiência  como  educadora  junto  às  crianças  na  Casa  Redonda.    3.  Contar  algumas  histórias  e  propor  exercícios  de  sensibilização/recriação.    A  partir  daí  faço  um  breve  relato  da  minha  própria  história  e  busca  pessoal.    Através   de   uma   cantiga   de   roda   e   exercício   de   conexão   com  memória   dos   sons   da  infância   de   cada   um,   proponho   reflexão   sobre   o   Tempo   das   histórias,   relacionando  Memória  e  Imaginação.      Apresento  o  conto  popular  brasileiro  “O  Papagaio  Real”,  utilizando  recursos  de  minha  pesquisa  que  reúne  contos,  danças  e  cantos  tradicionais.    Partindo  dessa  escuta,  o  grupo  compartilha  sensações,   lembranças,  observações  que  brotaram  da  experiência  de  ouvir  a  história  contada  e  vou  alinhavando  os  comentários,  fundamentando   a   importância   das   “histórias   de   boca”,   as   conexões   entre   campos  neurais  envolvidas  nesse  exercício  de  ver  criativamente.  Percorremos  estrutura,  climas  e  personagens,  dentro  de  exercício  de  apropriação  de  uma  história.      Como  sugestão  bibliográfica  mais  ampla:  bibliografia  de   livro   (histórias   recolhidas  da  tradição,  histórias  recriadas  a  partir  da  tradição  e  histórias  inventadas),  bibliografia  “de  boca”  (pesquisa  oral)  e  bibliografia  de  vida  (utilizando  como  exemplo  uma  personagem  que  criei  inspirada  em  minha  avó).    Proposta  de  dois  exercícios  em  grupo,  recontando  “O  Papagaio  Real”.  Primeiramente  focando   a   estrutura-­‐esqueleto   da   história,   e   posteriormente   os   personagens-­‐qualidades  internas.      Segundo  Encontro    Inicio  este  encontro  contando  “O  caso  do  Bolinho”,  um  conto  tradicional.  A  partir  da  história   proponho   reflexão   sobre   o   elemento   amedrontador   nos   contos:   o   tema   do  herói  engolido.  Sigo  trazendo  outros  exemplos  da  temática  do  Mal  como  aquele  que  foi  dividido,  o  monstro  que  guarda  o  coração  fora  do  corpo,  o  papão  que  se  desmonta  em  pedaços,  o  gigante  que  leva  a  cabeça  debaixo  do  sovaco,  etc.  Tecemos  proximidades  entre  Cultura  Infantil  e  Culturas  Tradicionais,  no  que  se  refere  à  experiência   do   medo.   As   histórias   dentro   da   Educação   como   Ritos   de   Passagem  

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fundamentais;   a   função   do  Mal   nos   contos,   espaços   simbólicos   de   enfrentamento   e  auto-­‐regulação  através  do  domínio  psicofísico  sobre  o  Medo.    Sugiro  que  compartilhem  histórias  de  medo  que  acompanharam  suas  infâncias  e  então  ouvimos   inúmeros   relatos   identificando   muitos   medos   comuns,   coletivos.   Também  procuro  esclarecer  dúvidas  em  relação  à  maneira  do  professor  conduzir  situações  de  crianças  com  medo.      Apresento  “A  Véia  da  Gudéia”,  uma  história  criada  junto  às  crianças  na  Casa  Redonda,  a  partir  do  pesadelo  de  um  menino  de  cinco  anos.  Então  compartilho  o  processo  de  criação  dessa  história  e  seus  desdobramentos.        Encerro  com  o  áudio  de  Seu  Geraldo  Tartaruga,  de  São  Luís  do  Paraitinga,  um  contador  popular  de  histórias  contando  “O  Bichão”.  

   Terceiro  Encontro    Caracterizo   as   “Histórias   Brincadas”,   como   costumo   chamar   os   Teatros   da   primeira  infância.  Inicialmente  proponho  algumas  Cantigas  de  Roda,  exemplos  de  histórias  brincadas  da  Cultura  Popular,  como  “A  Linda  Rosa  Juvenil”  e  “Onde  está  a  Margarida”;  histórias  que  viraram   Brinquedos.   Depois,   exploramos   possibilidades   de   movimentação   e  transformação  de  uma  grande   lona   circular   colorida,   brincando  outras   variantes  que  nasceram  junto  às  crianças  na  Casa  Redonda  (ex:  a  lona  virando  saia  da  Margarida,  ou  saia  da  Mãe  -­‐  esconderijo  dos  filhos  no  pega-­‐pega  “Enquanto  Seu  Lobo  não  vem”,  etc).      Apresento  “Maria  Sabida  e  João  do  Uia”,  um  conto  transformado  em  história  brincada  junto  às  crianças  na  Casa  Redonda.    Então  assistimos  a  um  DVD  com  quatro  situações  em  que  as  crianças  brincaram  essa  história,   procurando   ilustrar   a   necessidade   espontânea   de   experimentar   papéis,  revezando  com  as  outras,   internalizando  possibilidades  e   lidando  com  os   limites  que  cada  uma  delas  oferece.    Proposta  de  exercício  a  partir  do  conto  popular  “O  Espelho  Mágico”.      Quarto  Encontro    Compartilho  mais  relatos  de  experiência  e  algumas  histórias  (“A  Cabrinha  e  a  Onça:  um  conto  cantado”  e  “Maria  e  o  Peixe  Encantado:  uma  Cinderela  Baiana”).  Conversamos  a  respeito  das  brincadeiras  envolvendo  morte/renascimento,  realizadas  muitas  e  muitas  vezes   pelas   crianças   (ex:   a   criança   escondida   brincando   de   nascer   de   dentro   de   um  cesto,  a  morte  da  bruxa  projetada  na  figura  do  educador  e  o  nascimento  da  princesa,  a  

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morte  da  madrasta  e  o  nascimento  da  mãe,  a  filha  desmaiada  que  precisa  despertar,  etc).  A  morte  dentro  do  universo  simbólico  da  criança  como  transformação.  Assistimos   ao   DVD   “Eu   quero   história   de   boca!”   que   traz   esses   conteúdos   na  experiência  da  Casa  Redonda.    Apresento  “Avoou”,  história  autoral  que  conta  a  minha  própria  trajetória  de  vida.  No  fundo  o  grande  objetivo  do  módulo  é  sempre  esse:  que  cada  um  possa  “avoar”  para  dentro  de  sua  própria  história...  Assistimos  ao  DVD  “Dançando  Histórias”,  uma  edição  dos  meus  três  espetáculos  como  contadora   de   histórias:   “Contos   Indianos”,   “Contos   Flamencos”   e   “Avoou:   Contos  Brasileiros”.  Finalizamos  o  módulo  com  duas  Rodas  de  Verso,   ilustrando  como  os  versos   também  contam  histórias  com  climas  diversos.    

 Módulo  4  –  Junho:  “Figuras  e  adereços  dos  folguedos  populares”        

Ministrante:  Cristina  Cruz    

Confecção,  utilização  e  manipulação  de  figuras  (míticas  e  típicas)  presentes  no  teatro,  na  dança  e  nos  folguedos  da  tradição  popular  brasileira.    

Programação:  

1. As  figuras  do  imaginário  popular  brasileiro;  

2.  Os  tipos  e  arquétipos  Adereços  (natalinos,  juninos  e  carnavalescos)      Primeiro  Encontro  |  Ciclo  Junino    Neste   primeiro   encontro,   a   proposta   é   de   fazer   uma   roda   de   apresentações   para  conhecer  o  grupo  e  poder  fazer  algumas  orientações  pessoais  ao  longo  deste  módulo.  Fazemos  uma  apresentação  das  proponentes,  em  relação  ao  histórico  de  cada  uma,  à  experiência   prática   no   trabalho   da   Casa   Redonda   Centro   de   Estudos   e   na   Oca-­‐Associação  da  Aldeia  de  Carapicuíba  e  com  formação  de  professores  Sobre   este  módulo,   contextualizamos   o   Curso   A   Arte   do   Brincante   para   Educadores  que   acontece   desde   1996   e   como   ele   foi   se   adequando   a   partir   das   avaliações   dos  participantes  e  como  este  módulo  de  Adereços  foi  estruturado  pensando  em  recursos  simples  como  jornal  e  caixa  de  papelão,  mas  preocupado  com  uma  qualidade  estética,  de   acabamento   e   transformação   dos   materiais.   Este   módulo   está   inserido   na  compreensão   global   da   Formação   de   um   Educador   Brincante,   integrado   aos   outros  módulos  de  Educação  da  Sensibilidade,  de  recursos  para  a  Narração  de  Histórias  e  da  incorporação   e   gestualidade   das  Danças   Brasileiras   dos   diversos   Folguedos   da   nossa  cultura.  A  proposta  é  resgatar  a  compreensão  sobre  Cultura  da  Infância  e  da  Cultura  Brasileira,  como   sendo   os   pilares   para   a   compreensão   das   artes   através   do   fazer,   com   uma  

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relação  de  significado,  de  ligação  entre  o  eu  e  o  mundo,  como  forma  de  enraizamento  e  construção  da  nossa  identidade  cultural  brasileira.  “Fazer  e  em  fazendo,  fazer-­‐se”,  de  Sartre  “Dar  forma  é  formar-­‐se”,  de  Fayga  Ostrower  Trabalhamos   com   as   matrizes   culturais   brasileiras:   indígena,   africana   e   européia   e  como   elas   estão   presentes   nos   Ciclos   de   Festas,   em   que   reconecta   os   homens   à  dimensão   do   Sagrado,   ao   tempo   cíclico,   à   ligação   com   a  Natureza   e   com  o   planeta,  como  um  todo.    A   idéia  é  despertar  uma  reflexão,  no  sentido  de  buscar  o  sentido  e  o  significado  das  festas,  inspirada  na  tradição,  resgatar  sua  memória  pessoal  e  coletiva  na  participação  destas  festas  para  poder  recriar,  no  seu  tempo  e  espaço  e  no  seu  contexto,  sem  perder  a  essência  destas  vivências.  Escolhemos  três  festas:  São  João,  Ciclo  Natalino  e  Carnaval  para  trabalharmos  nestes  encontros,  com  a  proposta  de  construção  de  adereços,  baseados  no   imaginário  e  no  rico  acervo  da  Cultura  Brasileira.  “É  dentro  da  unidade  de  nossa  diversidade  que  habita  o  coração  do  povo  que  somos”,  de  Antonio  Nóbrega    Temos   também   textos,   livros,   DVDs,   CDs,   de  materiais   ilustrativos   e   reflexivos   para  orientação  e  formação  destes  educadores.    O   tema   deste   1º   encontro   é   o   Ciclo   Junino   e   a   Festa   de   São   João,   para   começar   e  encerrar   no   último   encontro,   com   a   noção   do   tempo   cíclico,   de   que   a   cada   ano   as  festas   são   renovadas,   com  dança,  música,   adereços   e   comemoração   com   comidas   e  bebidas.    Para   alimentarmos   a   inspiração,   passamos   um   VÍDEO   de   SÃO   JOÃO,   do   acervo   do  Centro  de  Estudos  Casa  Redonda,  mostrando  possibilidades  de  realização,  mesmo  com  crianças  pequenas  e  a  riqueza  e  beleza  desta  festa  apenas  com  papel  crepom  e  papel  de   seda.   Os   seus   símbolos   como   fogueira,   mastros,   pau   de   fita,   pau   de   sebo,   a  ressignificação   da   festa   da   colheita,   suas   histórias   e   suas   diversidades   de  comemorações  de  Norte  a  Sul  do  Brasil.    Depois,  a  proposta  é  construir  os  adereços:  BOI  E  BURRINHA,  com  rolinho  de  jornal  e  caixas   de   papelão.   São   estruturas   grandes   que   possam   entrar   dentro.   A   idéia   é   de  trabalharem  em  grupos  para  que  possam  entender  o  processo  de  construção  e  depois  transpor  para  outros  contextos.    Os   trabalhos   poderão   ser   levados   para   casa,   ou   continuados   durante   os   próximos  encontros   e   poderão   ser   finalizados   até   o   nosso   último   encontro,   para   que   possam  enfeitar  a  Festa  do  Brincante.      

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Segundo  Encontro  |  Ciclo  Natalino    Neste  encontro,  buscamos  o  significado  das  festas  realizadas  no  Ciclo  Natalino,  como  Cavalo  Marinho,  e  Reisado.  A  idéia  é  perceber  que  estas  festas  já  eram  comemoradas  antes  mesmo  do  Cristianismo  e  que  o  simbolismo  que  está  presente  é  o  nascimento  de  uma  criança,  como  de  um  ciclo  novo.  Assistimos  ao  vídeo  FESTA  DA  ESTRELA,  do  acervo  do  Centro  de  Estudos  Casa  Redonda,  para  que  as  imagens  possam  alimentar  o  fazer  através  do  despertar  da  sensibilidade.  A  proposta  neste  dia  é  para   fazer  um  CHAPÉU  DE  REISADO,   com  caixa  de  papelão  e  brilhos  para  espantar  mal  olhado.  Para   o   Cavalo   Marinho,   propomos   o   CHAPÉU   DE   MATEUS,   que   é   um   brincante   e  animador  deste  folguedo,  assim  como  as  máscaras  dos  demais  personagens.  Outra   possibilidade   é   a   ESTRELA   como  um   símbolo  de   luminosidade.   Esta   estrela   de  rolinho  de  jornal  tem  uma  versão  mais  simples,  bidimensional,  ou  tridimensional.        Terceiro  Encontro  |  Ciclo  Carnavalesco    Neste  dia,  a  reflexão  é  sobre  o  sentido  das  máscaras,  seu  caráter  de  transcendência,  seu   uso   milenar   em   diferentes   culturas,   tanto   no   Ocidente,   como   no   Oriente.    Mostramos   imagens   de   máscaras   de   lugares   diferentes   e   também   brasileiras,   com  influências   indígenas,  africanas  e  européias  e  seu  uso  em  rituais,   teatros,   festas  e  no  Carnaval.    As   máscaras   têm   um   papel   importante   como   elemento   terapêutico,   no   sentido   da  consciência   dos  diferentes   papéis,   dos   arquétipos  que  elas   representam,   seu  uso  no  Teatro  Contemporâneo,  assim  como  a  função  educacional.  Focamos  no  Carnaval  brasileiro,  e  assistimos  um  DVD  sobre  Manifestações  Culturais  da  Fundação   Joaquim  Nabuco   de   Recife,   sobre   o   Ciclo   Natalino   (referente   ao   encontro  anterior)   e   sobre   o   Carnaval,   falando   sobre   os   clubes,   trocas,   blocos,   Maracatu,  Caboclinho  e  Frevo.  Desta  forma,  podemos  ter  uma  contextualização  histórica  destes  movimentos  para  inspirar  o  seu  fazer.    A   proposta   é   o   CHAPÉU   DO   CABLOCO   DE   LANÇA,   do   Maracatu   e   o   COCAR   DOS  CABOCLINHOS,   assim   como   as   diversas  MÁSCARAS,   tanto   do   Cavalo  Marinho,   como  outras  Carnavalescas.  A  experimentação  das  máscaras  traz  a  “in-­‐corpo-­‐ração”,  é  vivenciada  no  corpo  e  serve  como  recurso  para  o  Teatro,  na  criação  de  personagens  e  para  a  narração  de  histórias.    Quarto  Encontro  |  Ciclo  Junino  |  São  João      

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Para  o  fechamento  deste  módulo,  propomos  retomar  o  ciclo  Junino,  com  a  produção  de   ENFEITES   E   CHAPÉUS   para   a   DECORAÇÃO   DA   FESTA   que   é   um   momento   de  confraternização  com  outros  grupos  do  Brincante.    Temos  algumas  sugestões  de  chapéus  de  diferentes  modelos,  feitos  por  crianças,  assim  como  enfeites  e  luminárias  diversas  para  que  possam  fazer,  além  dos  acabamentos  e  finalizações  dos  trabalhos  anteriores  pendentes.  Existem   luminárias   de   “Medusas”,   cortadas   com   papel   de   seda   sobre   estrutura   de  rolinho   de   jornal,   com   algumas   variações,   com   aproveitamento   das   sobras   de   papel  para  fazer  toalhinhas  de  papel  picado,  além  de  flores  de  modelos  diferentes.      A   proposta   é   fazer   uma   avaliação   e   ver   o   retorno,   no   sentido   de   ampliar   as  possibilidades,   as   referências,   a   criatividade,   de   quebrar   barreiras   quanto   ao   se  experimentar   com   o   fazer,   com   as   artes,   com   o   grupo,   da   capacidade   de  transformação,   de   poder   colocar   em   prática   o   que   aprendeu,   com   a   produção   de  materiais  riquíssimos,  compreendidos  em  seu  contexto  e  com  uma  relação  de  sentido  como  este  fazer  e  resgatando  a  criança  brincante  dentro  de  si,  que  se  encanta  com  o  que  faz.    Mesmo   com   o   pouco   tempo,   a   idéia   é   aprender   uma   técnica   e   utilizá-­‐la   como  ferramenta   e   recurso   em  outras   ocasiões,   usando  a   criatividade  e   inventividade  que  são  infinitas.      Ao  final,  propomos  uma  integração  com  o  trabalho  realizado  pela  Rosane  Almeida  com  uma   apresentação   da   coreografia   ensaiada,   com   uma   brincadeira   com   os   bois  construídos,  como  uma  forma  de  encerramento  deste  módulo  e  deste  semestre,  com  uma  celebração  com  comidas  e  bebidas  e  muita  alegria!      Para  finalizarmos  este  módulo  fechamos  lendo  alguns  versinhos,  como  por  exemplo:  “Sou  corda  de  rabeca  Sou  acorde  dissonante  Sou  coral,  sou  sinfonia,    Na  vida  sou  Brincante!”      

 

 

 

 

Módulo  5  –  Agosto:  “Música  das  manifestações  populares  da  cultura  brasileira”  

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Ministrante:  Eugênia  Nóbrega  

 

Iniciação  ao  universo  dos  toques,  instrumentos  e  cantos  da  música  brasileira.  

Programação:  

1.  A  gaita  dos  caboclinhos;  

2.  Loas,  toadas  e  cantigas;  

3.   O   batuque   do   pandeiro,   o   balanço   do   Ganzá,   o   toque   da   caixa,   o   baque   da  alfaia.    

ES  MENSAIS09  Primeiro  Encontro    Fora   feito  a  apresentação,  destacando-­‐se  o  objetivo  do  módulo  e  as  expectativas  de  cada  participante  para  melhor  reconhecimento  do  grupo.  Através  dessa  apresentação  foram  expostas  opções  para  realizarmos  o  módulo,  assim  como  a  escolha  do  gênero  musical  pela  qual  eles  gostariam  de  aprender.  Como   estamos   nos   referindo   “A   Arte   do   brincante”   brincaríamos   com   o   samba   e   o  coco,   dois   gêneros   de  música   da   nossa   cultura,   divididos   em   dois   encontros   a   cada  gênero,  através  dos  toques  do  pandeiro,  do  surdo,  do  tamborim,  do  agogô,  do  ganzá  e  da  alfaia.    Começamos  pelo  “toque  do  pandeiro”,  com  pequenas  bases  teóricas  como  o  sustentar  do   instrumento,   a   posição,   o   dedilhado   e   aprofundamos   a   parte   prática,   o   tocar   no  instrumento.    Do   pandeiro   partimos   para   o   “toque   do   surdo”   (o   sustento   do   samba).   Também  simples  aprendizagem  teórica  como  posicionamento,  execução  da  baqueta  e  partimos  para  o  desenvolvimento  motor,   a   parte  prática,   surgindo  assim  o  primeiro   toque  do  samba   do   pandeiro   com   o   surdo.   Fomos   ao   encontro   do   terceiro   instrumento,   o  “toque   do   tamborim”,   na   parte   teórica   também   trabalhando   o   sustento   e   o  movimento   do   instrumento.   Juntamos   a   mais   um   instrumento,   o   “Ganzá”,   com   os  mesmos  princípios  de  aprendizagem.  (Como  temos  poucas  horas  de  atividades  o  mais  interessante  e  importante  é  executar  a  parte  prática).    Adquiridos   os   ritmos   dos   4   instrumentos   foram   formados   4   grupos   de   cada  instrumento  e  formamos  assim  uma  pequena  “batucada  de  samba”.  Para  finalizar  esse  primeiro  encontro,  foi  preciso  desenvolver  o  lado  emocional  de  cada  educador  e  para  desenvolver  este  lado  o  aprendizado  de  um  canto:  ”O  Trem  das  Onze”  de  Adoniran  Barbosa,  também  com  pequenas  bases  teóricas  e  mais  a  prática.  

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Este  samba  por  ser  bem  conhecido  não  teve  problema  em  relação  à  memorização  da  letra,  pois  era  esse  realmente  o  objetivo.  Vale   salientar   que   a   cada   prática   de   instrumento   fora   feito   um   trabalho   para  desenvolver   o   lado   esquerdo   do   cérebro,   todos   os   educadores   executaram   os  instrumentos  tanto  no  braço  direito  quanto  o  braço  esquerdo.    Segundo  Encontro    Deixamos   o   Samba   e   partimos   para   o   Coco.   Os   Instrumentos   utilizados   foram   o  Pandeiro,  o  Ganzá  e  a  Alfaia.    No  pandeiro  e  no  ganzá  já  tinham  adquiridos  alguns  conhecimentos  teóricos,  partimos  de   imediato   para   a   prática   do   ritmo   do   coco.   Adquirido   o   aprendizado   iniciamos   à  prática   do   toque  da   alfaia   pelo  mesmo  princípio   básico,   o   sustentar,   apoiar,   segurar  baquetas,  etc.    Após  os  ritmos  aprendidos  partimos  para  a  formação  de  três  grupos  em  semicírculo  e  a  cada  dez  a  quinze  minutos  esses  grupos  giravam  em  sentido  horário  para  cada  grupo  passar  por  todos  os  instrumentos,  o  mesmo  processo  no  primeiro  encontro.  Iniciamos  o   aprendizado   de   um   novo   canto,   ”Moça   Namoradeira,   Ceguinhas   da   Campina  Grande”  e  se  juntando  ao  ritmo  do  Pandeiro,  Ganzá  e  Alfaia.    Para   finalizar   o   segundo   encontro   fora   feito   um   jogo   de  memorização   rítmica,   jogo  para  o  desenvolvimento  da  sociabilidade.    Terceiro  Encontro    Revisão   de   cada   instrumento   mais   o   acréscimo   do   aprendizado   do   agogô,   com   o  mesmo  procedimento  no  que  se  refere  ao  conhecimento  teórico  e  prático.    Mais  um  novo  canto,”Embolei,  Embolei,  Burrinha  de  Valentim,  Acupe,  BA”,  para  o  desenvolvimento   emocional   se   juntando   ao   que   se   refere   ao   desenvolvimento  intelectual,  o  ritmo.    Novamente  nos  divididos  em  grupos  e   fomos  alternando  os   instrumentos,   cantando,  tocando   e   dançando   ao   som   do   samba   com   improvisações   rítmicas   e  melódicas   de  cada  educador.          

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Quarto  Encontro    Revisão  dos  ritmos  e  toques  do  coco.  O  mesmo  processo,  revisando  cada  instrumento,  os  seus  toques  aprendidos  e  um  novo  canto,  ”Mandei  Cortar  Capim”,  Canto  de  Casa  de  Farinha,  Tacaratu,  CE.  Improvisação  rítmica  e  melódica  a  cada  educador  com  os  ritmos  adquiridos  tocando,  cantando  e  dançando.    Para   finalizar   vale   salientar   que   no   início   esse   universo   era   desconhecido   para   os  educadores,   mas   com   o   tempo   foi   se   tornando   familiar.   Isso   se   deu,   pela   força   e  vontade  de  aprender  a  tocar,  cantar  e  dançar.  Tiveram  alegrias  e  contentamentos  por  terem  alcançado  os  objetivos.  “Nunca  pensei  que  um  dia  iria  tocar  cantar  e  dançar  ao  mesmo  tempo,  agora  já  sei  que  a  música  faz  parte  de  mim,  ela  nos  faz  bem,  não  deixarei  mais  de  tocar  pandeiro”  Ana  Paula  Novais  Martins1    1  Foi  uma  das  selecionadas  pelo  Programa  Desafios  IMPAES  2009  e  ministra  aulas  no  CEI  Jardim  Panamericano  –  São  Paulo  -­‐SP    Módulo  6  –  Setembro:  “A  Palavra  Poética”    

Ministrante:  Lucilene  Silva  e  Antonio  Nobrega  

 

Introdução  à  poética  popular  brasileira  por  meio  da  prática  e  estudo  de  suas  formas  e  gêneros.    

Programação:    

1. Roda  de  versos;  

2.  A  arte  da  cantoria;  

3.  Romanceiro  e  tradição  oral;  

4.  Literatura  de  Cordel.    

 Esse  módulo  tem  como  objetivo  proporcionar  aos  alunos  o  contato  com  a  poesia  popular  brasileira,  levando-­‐os  a  compreendê-­‐la  nas  suas  várias  dimensões:  métricas,  rimas,  temas  e  contextos.    Essa   aproximação  é   feita   ao   longo  de  quatro   encontros   através   de   vídeos,   áudios,   aula  espetáculo,  exercícios  práticos  e  de  criação,  além  da  prática  de  um  repertório  pesquisado  em   vários   estados   brasileiros,   o   que   traz   uma   reflexão   sobre   diferentes   características  musicais  e  temáticas  dessas  diversas  regiões.    

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São   abordados   vários   temas   do   universo   da   Poesia   Popular   Brasileira   e   as  peculiaridades  estróficas  de  cada  uma  delas:    1-­‐  Formas  e  gêneros  

o Quadras  o Sextilhas  o Quadrões  o Décimas  de  cinco,  sete  e  dez  sílabas  o Galope  a  beira-­‐mar  

 2-­‐  O  Romanceiro  oral  e  o  escrito  

o Oral:  as  narrativas  em  versos  de  tradição  ibérica  e  brasileira  o Escrita:  a  literatura  de  cordel  e  seus  inúmeros  ciclos  

 3-­‐  Poetas  populares  representativos  

o Oliveira  de  Panelas  o Ivanildo  Vilanova  o Luis  Dantas  Quesado  

 4-­‐  Poetas  eruditos  brasileiros  recriadores  da  poesia  popular  

o Cecília  Meireles  o João  Cabral  de  Melo  Neto  o Vinícius  de  Morais  o Chico  Buarque  o Bráulio  Tavares  

 5-­‐    Rodas  de  Verso  

o Presente   nas   mais   diversas   manifestações   brasileiras,   entre   elas   os  cantos   de   trabalho,   formada   pela   quadrinha,   verso   de   sete   sílabas,  básico  da  poesia  popular,  desde  os  trovadores  medievais  aos  modernos  cantadores   do   Nordeste   brasileiro,   de   uso   freqüente   entre   os  cantadores  rústicos  do  Brasil  e  a  gente  do  povo  em  Portugal,  que  neste  metro  poético  costuma  improvisar  e  compor  suas  cantigas.  

6-­‐   A   poesia   popular   da   infância   nas   adivinhas,   trava-­‐línguas,   fórmulas   de   escolha   e  parlendas.                

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Módulo  7  –  Outubro:  “Construção  de  brinquedos”  Ministrante:  Adelson  Murta  Adelson  Murta  Filho  –  ADELSIN    Construção  de  brinquedos  presentes  na  cultura  tradicional  infantil  brasileira  a  partir  do  estudo  da  riqueza  de  suas  formas  e  mecanismos.    Programação:    1.  Brinquedos  com  o  corpo;    2.  Brinquedos  com  a  natureza;  3.  Brinquedos  com  materiais  recicláveis;  4.  Brinquedos  sonoros.      A   construção   de   brinquedos   é   uma   das   manifestações   espontâneas   do   ser   humano  criança.   A   construção   acontece   naturalmente   como   a   descoberta   do   gesto   e   da  capacidade  de  combinar  e  transformar  materiais.    As   crianças,   que   vivem   a   infância   em   liberdade   e   convivem   com   outras   crianças,  desenvolvem   um   repertório   rico   em   movimentos   e   em   possibilidades   expressivas.   Os  impulsos   criadores   das   crianças   vão   se   somando   às   criações   das   outras   crianças   e  formando  uma  cultura  própria,  muito  rica  e  diversificada.    Os  impulsos  que  movem  o  ser  humano  criança  são  universais  e  atemporais,  mas  as  formas  resultantes   de   suas   criações   estão   diretamente   relacionadas   à   cultura   e   à   natureza   dos  locais   onde   acontecem.   Quando   a   cultura   local   e   a   natureza   são   vivas,   a   cultura   das  crianças  floresce  e  a  evolução  segue  o  seu  caminho.      Primeiro  Encontro    Começamos  o  encontro   com  uma   roda,   símbolo  universal   de  unidade  e  harmonia.   Pedi  aos  participantes  que  me  oferecessem  um  brinquedo  de  roda  como  sinal  de  boas  vindas.  Cantamos  cantigas  que  haviam  brincado  com  Lydia  e  Lucilene.  Foi  bom.  Melhor  seria,  se  eles  tivessem  me  oferecido  uma  cantiga  da  infância  de  alguém  da  roda.      Como  sinal  de  gratidão,  ofereci,  à  turma,  um  brinquedo  cantado  de  minha  terra  no  sertão  de  Minas  Gerais!    Sentados   em   roda,   pedi   a   cada   um   que   se   apresentasse   dizendo   o   nome,   com   que  trabalhava,  um  brinquedo  e  uma  fruta  da  infância.  Os   relatos   foram   muito   interessantes   e   possibilitaram,   a   cada   um,   conhecer   um  pouquinho  mais  sobre  os      Segundo  Encontro    O  segundo  encontro  com  os  educadores  aconteceu  num  clima  de  muita  alegria.    Como   o   módulo   da   construção   de   brinquedos   é   o   último   do   ano,   os   educadores   já  chegaram  “lapidados”  ao  nosso  encontro.  Os  educadores  já  ouviram  de  Lydia  e  Peo  o  que  

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há   de  mais   especial   no   universo   infantil.   Já   ouviram   histórias   fantásticas   e   construíram  adereços  dos  ciclos  encantados  das  festas  brasileiras.  Já  cantaram,  tocaram  e  dançaram.  Já   brincaram   com   o   corpo   todo   e   com   a   alma.   Só   me   resta   confirmar   as   descobertas  cristalinas  de  cada  um  e  apresentar  mais  alguns  sinais  da  maravilhosa  capacidade  que  as  crianças  têm  de  transformar  o  “nada”  em  objetos  encantados:  brinquedos!    Terceiro  Encontro    Comecei  o  módulo  falando  um  pouco  da  minha  infância  e  sobre  a  relação  que  existe  entre  o  menino  que  fui  e  o  adulto  que  busco  ser.    De  minha  história  real  passei  para  uma  história  de  fantasia,  onde  minha  avó  fazia  crochê  com   um   pedaço   de   cordão   (barbante).   Iniciamos   assim   os   brinquedos   com   os   fios   e   o  “fazer  com  as  mãos”.  Os  brinquedos  com  barbante  são  universais.  Cada  povo,  em  cada  continente,  encontrou  sua  maneira  de  tecer  com  as  mãos.  Desde  o  começo  dos  tempos,  as  gerações  seguintes  aprenderam   com   seus   antepassados   os   segredos   de   movimentos   que   levam   aos   mais  diferentes  desenhos  partindo  de  um  fio  amarrado  nas  pontas.  Os  gestos  com  as  mãos  e  os  movimentos  cerebrais  correspondentes  resultam  em  configurações  internas  e  externas  de  equilíbrio,  simetria  e  harmonia.    O  tempo  foi  curto  para  cumprir  o  planejado.  Deixamos  alguns  brinquedos  com  barbante  para  o  encontro  seguinte.    Os  participantes,  como  meninos,  foram  saindo  brincando  com  seus  barbantes.    Quarto  Encontro    Demonstrei,  a   todos,  a  minha  alegria  em  vê-­‐los  dançando  com  Rosane  no  ensaio  para  a  festa   de   encerramento   em   dezembro.   Falei   sobre  minha   preocupação   em   saber   que   a  maioria  dos  educadores  do  Brasil  desenvolve  os   seus   trabalhos  sem  vida  e  alegria.  Eles,  ali,   eram   justamente   o   contrário.   Se   eles   conseguissem   levar   aquela   atmosfera   para   o  trabalho   diário,   causariam   uma   transformação   positiva   no   movimento   da   escola,   do  projeto  ou  da  instituição.    Falei,   ainda,   que   havia   visto   os   materiais   entregues   por   alguns   eles   ao   Brincante   com  relatos   dos   trabalhos   desenvolvidos   em   suas   entidades.   Disse,   sinceramente,   que   havia  identificado   pontos   muito   importantes   de   percepção   do   universo   infantil   como   a  liberdade  e  o  contato  com  a  natureza.  Novamente  em  roda,  brincamos  de  “Melissin”,  um  brinquedo  com  as  mãos  e  com  o  corpo  que   aprendi   com   as  meninas   da   Bahia,   na   década   de   80.   A   brincadeira   termina   com   a  citação  de  um  super-­‐herói  dos  quadrinhos.  Aproveitei  para  demonstrar  a  construção  de  um  boneco  voador  com  jornal  e  papel  crepom.  Falei  sobre  a  possibilidade  de  construir  os  

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mais  diferentes  bonecos  e  bonecas,  utilizando  o  mesmo  princípio.  A  turma  se  entregou  à  construção  e  foram  feitos  heróis  voadores,  princesas,  fadas  e  meninas  bonecas.      Módulo  8  –  Novembro:  “Iniciação  à  cultura  da  criança”    Ministrante:  Lydia  Hortélio  

 Reflexão   sobre   as  múltiplas   dimensões   da   cultura   infantil.   Busca   compreensão  mais  ampla   e   sensível   do   universo   da   criança   a   partir   de   uma   experiência   renovada   do  brincar.     Programação:    

1  Cultura  infantil  na  arte  dos  povos;  2.  Música  tradicional  da  infância.  Repertório  de  cantigas;  3.  O  objeto  brinquedo;  4.  Natureza:  a  casa  da  criança.    

Primeiro  Encontro  

 

Nesse   primeiro   encontro   depois   de   uma   breve   apresentação   (facilitador   e  participantes)   foi   exibido   imagens   da   Cultura   Infantil   através   dos   tempos,   paralelos  com  o  Brasil  contemporâneo.  

Essas  imagens5  contam  a  história  do  que  brincaram  os  meninos  do  mundo,  desde  que  se  tem  notícia  até  os  nossos  dias.  Ao  longo  dessa  história  vimos  aflorar  as  lembranças  dos  Brinquedos  da  Infância  de  cada  um  os  educadores.    

 

Segundo  Encontro  

 

Continuando  o  assunto  sobre  Brinquedo,  foi  ressaltado  que  cada  brinquedo  de  criança  é  um  impulso  de  vida,  um  gesto  da  evolução,  uma  forma  de  realização  e  crescimento.  

Nesse  momento  levantamos  juntos  exemplos  de  brinquedos,  tais  como,  o  Brinquedo  de  cavalinho,  cujo  movimento  leva  a  criança  a  transportar-­‐se,  ser  veloz,  passar  além,  voar!...  Vimos  então  que   também  ele,   estará  presente  em  muitos   lugares  e  épocas,  servindo  aos  cavaleiros  do  Sonho,  os  artífices  do  Novo,  arautos  do  futuro.  As  bonecas  de  pano  que  ainda  encontramos  entre  nós  nas   feiras  do   interior,   também  estão  em  Luxor,  ao  lado  das  pirâmides...  

Alguns   educadores   trouxeram   alguns   brinquedos   e   relembramos   juntos   o   “como”  brincar.      

5 As imagens são frutos de um trabalho de pesquisa de Lydia Hortélio, que já leva muitos anos, na busca de uma compreensão da Criança através do seu próprio movimento: o Brinquedo, o Brincar

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Discutimos   o   Arquétipo   e   símbolo,   realização   e   busca,   esforço   e   Brinquedo,   -­‐   onde  estaria  a  linha  divisória  ?!  Certamente  que  não  encontraríamos.  E  ai  está,  justamente,  o   mistério,   a   pista   para   a   compreensão   da   Criança:   sua   inteireza,   a   obediência   ao  movimento  interno,  a  espontaneidade,  a  busca  de  libertação,  a  Alegria!            

 

Terceiro  Encontro  

 

Além   de   levantarmos   o   assunto   Música   da   Cultura   infantil,   brincamos   e   cantamos  juntos...      

Os   brinquedos   com  música   fazem   parte   da   vida   da   criança   desde   muito   cedo.   Aos  acalantos   e   brincos   da   mais   tenra   infância,   de   iniciativa   materna,   seguem-­‐se   as  parlendas  e  cantilenas,  onde  os  primeiros  gestos  da  melódica  infantil  se  insinuam  a  par  com   o   elemento   rítmico   da   palavra.   E,   aos   poucos,   vão   chegado   os   brinquedos  cantados,  cuja  ação  dinâmica,  com  suas  variadas  qualidades  de  movimento,  talha  uma  música  de  caráter  e  perfil  diferenciados,   até  alcançar,  mais   tarde,  as   rodas  de  verso,  verdadeiros   ritos  de  passagem,  em  que  o  conteúdo  poético,  a  atmosfera  própria  e  a  movimentação,  mesmo  guardando  dimensões  da  infância,  apontam,  cada  vez  mais,  a  expressividade  da  nova  etapa  a  ser  vivida.  Discutimos   sobre   a   alegria   da  música,   o   gosto   pelo   ritmo,   o  movimento,   o   caráter  próprio   de   cada   brinquedo,   o   tom   característico   de   cada   cantiga,   tantas   formas   e  possibilidades   de   expressão,   de   trocas   afetivas   e   convívio   inteligente   precisam   ser  favorecidas  às  Crianças  bem  cedo,  desde  que  chegam  ao  mundo.  Já  outros  afirmaram,  a   elas   estaremos   devendo   sempre   o   que   de   melhor   sabemos,   e   de   mais   fundo  sentimos  e  mais  alto  queremos.    

Quarto  Encontro  

 

Fora  debatido  o  quanto  a  Natureza  é  necessária  à  Criança  para  que  haja  afirmação  de  vida  e  crescimento.  Não  se  pode  então  pensar  em  educação,  Educação  verdadeira,  se  a  Criança   está   afastada   de   seu   verdadeiro   habitat.   Fora   dele   a   Criança   só   apresenta  desconforto,  desajustes  intermináveis  e  uma  cadeia  de  equívocos  que  só  poderão  ser  sanados  se  reconduzirmos  nossas  Crianças  à  sua  verdadeira  Casa:  a  Natureza.  Ela  é  o  espaço   primordial,   portador   da   Vida,   com   suas   múltiplas   e   infinitas   dimensões   e  desafios.  Façamos   um   parêntese   rápido   para   considerar   como   são   -­‐   ou   como   não   são   -­‐  planejadas  nossas  moradias  e  escolas,  onde,  paradoxalmente;  só  em  raríssimos  casos  podemos  reconhecer  a  possibilidade  da  presença  alegre  e  espontânea  das  Crianças.  De  um  modo  geral  são  lugares  sem  árvores,  sem  beleza,  sem  condições  de  expansão  para  o  intercurso  natural.  

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Todos  nós  sabemos  do  poder  propulsor,  quase  misterioso  que  a  Natureza  exerce  sobre  nós:   a   gente   pisa   diferente   e   se   sente   outra   se   tem   a   relva   fresca   sob   os   pés,   se  caminha  na  areia  e  sente  a  brisa  do  mar,  se  escuta  o  barulho  da  chuva  e  sente  cheiro  de  terra  molhada,  ou  o  gosto  do  mel  no  aroma  da  flor  de  candeia,  se  ouve  o  silêncio  da  noite   sob   as   estrelas   do   céu   infinito...   Quem   estará   tendo   estas   e   tantas   outras  sensações?!   Mas   a   Natureza   nos   faz   rever   nossas   necessidades,   apontando,   de  maneira   irreversível,   a   urgência   que   se   evidencia,   cada   vez   mais,   de   voltarmos   ao  Jardim  do  Paraíso,  buscando  defender  para  nossas  Crianças  e  para  o  Futuro  do  Mundo  a  experiência  da  Vida  em  união  com  o  Todo.  Que  maravilha  se  pudéssemos  conhecer,  um  por  um,  os  gestos  do  Brincar  de  todos  os  tempos.   Talvez   assim   tivéssemos   o   retrato   mais   verdadeiro   do   ser   Humano   –   um  retrato  de  corpo  inteiro.  Mas  nem  chegaríamos  lá,  e  não  importa,  pois  sempre  haverá  meninos  no  mundo,  felizmente,  e  o  milagre  da  plenitude  e  liberdade  sempre  de  novo  emergirá,  indicando  o  caminho  e  a  meta.  

       “O  Homem  só  é  inteiro  quando  brinca;  

E  é  somente  quando  brinca  que  ele  existe  

Na  completa  acepção  da  palavra:  Homem.”  

Friedrich  Schiller  

 Se  olharmos  as   crianças  e   tivermos  a   sorte  de  vê-­‐las  em  verdade,  o  que  quer  dizer,  brincando,  vamos  concordar  perfeitamente  com  o  poeta  alemão  e  com  tantos  outros  mestres  que  vêm  fazendo  a  apologia  do  Brinquedo  através  da  História.  

Quem  não  se  lembra  da  maravilha  dos  cozinhados  debaixo  de  uma  mangueira  ou  de  uma   goiabeira,   das   rodas   e   brinquedos   cantados   em   noite   de   lua,   do   silêncio   e  carreiras   no   esconde-­‐esconde   sol   a   pino,   para   chegar   à   picula   sob   o   fresquinho   da  sombra  de  uma  árvore  amiga?  

 Meios  de  avaliação    O  processo  de  avaliação  do  curso  acontece  constantemente,  seja  durante  a  aula  num  momento  de  criação  e  improvisação  dos  participantes,  ou  respondendo  questionários  formais   de   Avaliação   no   inicio   e   final   de   curso,   exposição   de   trabalhos   realizados,  construção   novas   propostas   que   abarcam   questões   como   aproveitamento   dos  módulos,   reelaboração  do  conteúdo  assimilado,   reflexão   sobre  o  material.   E  é  nesse  momento  que  aparecem  os  pontos  em  comum  a  que   chegam,   como  por  exemplo  o  despertar  para  sensações  corporais  e  para  questões  reflexivas  a  respeito  de  seu  papel  como   Educador,   a   surpresa   ao   conhecer   o   universo   da   Cultura   Popular   e   as  possibilidades  que  ela  pode  gerar,  mas  principalmente  a  mudança  no  modo  de  ser  e  ver  o  humano.c  

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V  –  CONSIDERAÇÕES  FINAIS  –  Um  começo    

Texto   de   Marina   Abib   Candusso   -­‐   Com   quantas   interrogações   se   faz   um   Brincante.  Monografia  se  encontra  na  integra  no  site  www.institutobincante.org.br    Na   tentativa   de   compreender   o   trabalho   feito   dentro   do   Brincante,   esbarrei   em  questões   extremamente   importantes   para   o   entendimento   do   desenvolvimento  político   e   cultural   da   sociedade   contemporânea.   Os   descompassos   entre   discursos  políticos   e   realidades   sociais,   a   marginalização   do   que   aqui   chamamos   de   cultura  popular   em   paralelo   com   a   patrimonialização   de   suas   manifestações   quando  interessantes  para  a  construção  de  uma  ideologia  política,  a  chamada  cultura  de  massa  que  hoje  toma  o  lugar  do  "popular"  e  que  com  ele  se  confunde,  dentre  outras  que  não  tiveram   espaço   para   serem   adequadamente   abordadas.   De   qualquer   forma   todas  essas   sugestões  me   atentaram  para   um  discurso   carregado   de   vícios   e   preconceitos  que  perdura  até  hoje.      Nesse  contexto  o  Brincante  se  coloca  como  uma  possível  alternativa  para  se  pensar  o  ser   humano   e   o   mundo   contemporâneo   através   do   olhar   que   é   possível   de   se  desenvolver,   via   as   manifestações   da   cultura   popular   brasileira.   Nesse   sentido   não  importa  discursar  sobre  uma  suposta   identidade  nacional,  porque  ela  seria  mais  uma  forma  na  qual  se  congelaria  um  ser  brasileiro,  ela  reduziria  as  inúmeras  possibilidades  do   ser   humano   em   uma   homogeneidade   nacional.   Quando   o   objetivo   passa   a   ser   a  transformação   social   por  meio   da   construção   do   indivíduo,  mais   uma   vez   a   forma   é  transcendida  em  prol  de  uma  vivência  coletiva  da  cultura.    No  Brincante,  a  confusão  que  comumente  é  trazida  pelo  conceito  de  cultura  popular  atrelado  a   idéia  do  nacional,  parece  estar  bem  resolvida.  Aquilo  que  Renato  Ortiz  fez  questão   de     separar   em   "memória   nacional"   e   "memória   coletiva"   aparece   na  construção  de  uma  aprendizagem  "brincante".  Nela  a  "memória  coletiva",  que  opera  na   ordem   da   vivência,   na   concretude   do   cotidiano,   traduz   para   as   atividades   ali  existentes  uma  maneira  de  tornar  o  indivíduo  parte  integrante  do  todo  que  chamamos  de  cultura.  Trazendo  para  perto  conceitos  que  a  priori  nos  parecem  tão  distantes.    De  uma  certa  maneira  essa  pesquisa  buscou  responder  a  um  questionamento  sobre  a  relevância   do   trabalho   com   manifestações   da   cultura   popular,   inserido   em   uma  sociedade  repleta  de  possibilidades.  Qual  a  transformação  que  esse  trabalho  poderia  gerar?  Qual  o  sentido  dele?  De  certo  que  a  visão  abordada  aqui  possui   limitações.  A  busca   por   enfatizar   o   trabalho   com   o   sensível,   em   oposição   à   racionalidade  predominante  na  nossa   sociedade,   cria  uma  vivência  que   tende  ao  desenvolvimento  de   uma   parte   do   ser   humano   que   pouco   tem   espaço   para   se   desenvolver  cotidianamente.  Isso  faz  do  Brincante  um  lugar  no  qual  se  desenvolvem  atividades  que  suprem  uma  lacuna  dos  dias  atuais.  A  experiência  da  conjugação  desses  dois  pólos  fica  

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a  cargo  de  cada  indivíduo  dentro  das  relações  que  este  consiga  desenvolver  no  seu  dia  a  dia.  Sendo  que,  se  dentro  das  atividades  do  Brincante  fosse  possível  desenvolver  as  inúmeras   vantagens   que   a   racionalidade   possibilitou   ao   ser   humano,   sempre  conjugadas   àquilo   que   já   está   bem   consolidado   na   metodologia   Brincante,   a  potencialidade   daquilo   que   já   ocorre   poderia   tomar  maiores   proporções.   O   foco   no  desenvolvimento   sensível   do   ser   humano   não   escapa   do   engano   de   transformar   as  experiências  ali  vividas,  em  discursos  pouco  fundamentados.  Em  discursos  que  apenas  reproduzem   como   informação   aquilo   que   foi   apreendido.   A   validade   que   acredito  existir   na   construção   dessa   totalidade   está,   tanto   no   equilíbrio   que  Nóbrega   cita   na  conversa   como   também   na   construção   individual   de   uma   aprendizagem,   de   um  desenvolvimento,  e  de  uma  conclusão  racional  dos  temas  vivenciados  sensivelmente,  para  que  se  saia  do  Brincante  com  bases  não  apenas  intuitivas,  mas  também  teóricas  para  a  discussão  e  a  argumentação  sobre  o  que  ali  é  feito.      De  alguma  forma  isso   já  começa  ser  feito  nos  cursos  de  formação  quando  se  propõe  reflexões  sobre  as  vivências.  Penso  que  importante  seria  também  criar  bases  teóricas  para   ampliar   o   potencial   dessas   reflexões.   Aprofundar   conhecimentos   que   estão   à  disposição  da  humanidade,  para  além  da  experiência  individual.      

*   *   *    A  metodologia  do  Brincante  se  apresenta  ainda  em  fase  de  desenvolvimento.  O  cerne  de   sua   construção   já   se  mostra   consolidado,  mas   a  maneira   como   isso   se   dá   ainda  parece  nebulosa.  Durante  os  dezoito  anos  de  existência   foi  apenas  nesse  último  ano  que  o  Brincante  buscou  entender  qual  a  metodologia  que  ali  se  consolida.  Como  toda  a  intuição   e   os   saberes   que   fizeram   daquele   espaço   e   da   carreira   individual   de   seus  fundadores,   fortes   referências   dessa  maneira   de   se   trabalhar   com   as  manifestações  populares,   se   transformam   em   atividades   dentro   de   um   espaço   chamado   teatro  escola.  A  meu  ver  só  o  tempo  possibilitará  esse  entendimento.      Dentre   algumas   visões   sobre   a   cultura   popular,   a   vertente   abordada   pelo   Brincante  pode  ser  o  início  para  um  entendimento  mais  profundo  dessas  manifestações.  Se  elas  não   trouxerem   um   sentido   para   quem   as   vivencia,   não   existe   conceito   que   as   faça  sobreviver   em   sua   totalidade   transformadora,   não   existe   ideologia   que   as   torne  representantes  de  uma  "identidade"  nacional.  O  objetivo  educacional  do  Brincante  se  torna,  em  última  instância,  político.  Reconhece,  a  partir  de  cada  indivíduo,  as  buscas  e  as  dificuldades  que  o  coletivo  enfrenta  vivendo  em  um  tempo  como  os  dias  de  hoje  e  em  um  espaço  como  o  centro  urbano.    A   importância   do  olhar   para   a   cultura  popular   desenvolvida  dentro  do   teatro   escola  está  exatamente  no  seu  caráter  mobilizador.  Ou  seja,  o  Brincante  funciona  como  uma  experiência   de   ser,   ele   próprio,   um   elemento   dinamizador   da   compreensão,   do  

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desenvolvimento   e   da   apropriação   do   sentido   maior   de   desenvolvimento   humano  existente  nas  manifestações  da  cultura  popular.    Seja  por  meio  da  festa,  do  rito  ou  da  reflexão.  No  Brincante  os   frequentadores  parecem  ter  a  possibilidade  de  vivenciar,  à  sua  maneira,  uma  aproximação  daquilo  que  costuma  estar  extremamente  distante  da  construção  de  sua  realidade  ou  do  entendimento  conceitual  sobre  o  tema.  Esse  viés  de  entendimento   sobre   a   cultura   popular   esforça-­‐se   por   desmistificar   a   construção  política  de  uma  definição  que  pouco   trabalha   com  a  vivacidade  dessa   cultura.  Busca  livrar  esse  conceito  de  vícios  e  preconceitos  ainda  hoje  bastante  evidentes.    Este  trabalho  buscou  fazer  o  árduo  caminho  da  concretização  teórica  de  uma  vivência  pessoal   e   de   um   convívio   particular.   Da   transformação   de   saberes,   a   princípio  subjetivos,  em  um  texto  concreto  que  não  pendessem  à  um  discurso  ideológico.    A  concretude  da  vivência  sempre  parece  menor  quando  exigimos  dela  palavras  em  um  papel.        

"Amável   o   senhor  me   ouviu,  minha   idéia   confirmou:   que   o  diabo  não  existe.  Pois  não?  O  senhor  é  um  homem  soberano,  circuspecto.  Amigos  somos.  Nonada.  O  diabo  não  há!  É  o  que  eu   digo,   se   for…   Existe   é   o   homem   humano.   Travessia."  (ROSA,  2001.  pp.624)  

                       

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 A   Arte   do   Brincante   para   Intérpretes   e   Educadores   –   Relatório   das   atividades  desenvolvidas  pelo  projeto  cultural  do  Instituto  Brincante.  2008.    ROSANE  ALMEIDA    Natural  de  Curitiba  saiu  de  seu  estado  aos  16  anos  e  foi  para  Recife.  Lá  conheceu  Antonio  Nóbrega,  com  quem  se  casou  e  começou  trabalhar.    Entre  os  anos  de  1983  e  1993  estudou  arte  circense  na  Escola  de  Circo  Picadeiro  em  São  Paulo,  na  Escola  Superior  das  Artes  do  Circo  em  Chalons-­‐sur-­‐Mane  (França)  e  na  Scuola  de  Teatro  Dimitri  em  Versio  (Suíça).    À  sua  formação  circense  somou  estudos  e  atuações  em  dança,  teatro  e  música  numa  constante  investigação  das  manifestações  populares  brasileiras.    Juntos,  Rosane  Almeida  e  Antonio  Nóbrega  fundaram,  em  1992,  o  Teatro  Brincante,  um  centro  de  estudo  com  o  objetivo  de  ser  um  local  de  valorização,  prática  e  difusão  da  cultura  brasileira  partindo  dos  resultados  alcançados  em  suas  pesquisas  sobre  a  música,  as  danças  e  a  maneira  de  representar  e  de  cantar  dos  brincantes  brasileiros.    Em  1995,  o  teatro  tornou-­‐se  escola  e  sob  a  coordenação  de  Rosane  passou  a  oferecer  anualmente  atividades  como  cursos  e  oficinas  abordando  percussão  e  danças  brasileiras,  variadas  manifestações  populares,  poesia  popular,  contos  tradicionais  e  confecção  de  máscaras,  figuras  e  adereços,  canto  e  teatro.    Em  2000,  o  Teatro  Escola  Brincante  tornou-­‐se  Instituto  Brincante,  consolidando  suas  múltiplas  vocações,  com  um  estatuto  que  permite  a  ampliação  das  suas  ações.    Além  de,  durante  todos  esses  anos,  coordenar  as  atividades  do  Instituto,  Rosane  participou  da  concepção  e  como  atriz-­‐dançarina  dos  espetáculos  de  Antonio  Nóbrega:    •        “Brincante”  (1992);    •        “Segundas  Histórias”  (1994);    •        “Na  Pancada  do  Ganzá”  (1995);    •        “Madeira  que  Cupim  não  Rói”  (1997);    •        “Pernambuco  Falando  Para  o  Mundo”  (1998),  participando,  além  de  espetáculos  pelo  Brasil,  no  festival  internacional  de  Avignon  na  França;    •          “Marco  do  Meio  Dia”  (2000),  se  apresentando  por  vários  estados  brasileiros  e  em  Portugal,  França  e  Alemanha;    •        “Nove  de  Frevereiro”  I  e  II  (2006,  2007  e  2008).      No  ano  de  2004  criou  seu  espetáculo  solo  “A  Mais  Bela  História  de  Adeodata”  o  qual  lhe  rendeu  a  publicação  de  livro  homônimo  pela  editora  Salamandra  no  ano  de  2006.    Entre  os  anos  de  2005  e  2007  realizou  a  série  documental  Danças      Brasileiras,  exibida  pelo  canal  Futura.    Em  2008  estreou  o  espetáculo  de  dança  “Passo”,  resultado  de  um  aprofundamento  na  busca  por  uma  linguagem  brasileira  de  dança.    Atualmente  coordena  todas  as  atividades  dentro  do  Instituto  Brincante  e  as  demais  que  são  oferecidas  para  empresas,  escolas  e  outras  instituições.      

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O  Instituto  Brincante  atendeu  diretamente:    2.560  jovens  /  2.702  educadores  /  7.160  alunos  em  oficinas  e  palestras.  Realizou    13  espetáculos  de  alunos  com  uma  média  de  público  de  30.000  pessoas.  Realizou  eventos,  festivais    e  temporadas  teatrais    com  a  participação  de  grupos  como  Parlapatões,  Lá  Minima,  Barbatuques,  Banda  Jogando  no  quintal  entre  outros.  Foram   palestrantes   Milton   Santos,   Ariano   Suassuna,   Cristovão   Buarque,   Roberto,  Marcos  e  Guto  Pompeia,  Walter  Carvalho  entre  outros.    Contou   com  apoio  dos   seguintes  parceiros  –  Philips  do  Brasil/   Fundação  Vitae   /   Itaú  Cultural  /      Ministério  da  cultura  /    Instituto  Votorantim  /    Impaes  .  O   Instituto   C&A   além   de   ser   o   parceiro   mais   antigo,   responsável   pelo   curso   de  formação  de   jovens  Brincantes  foi   também  o  realizador  do  Centro  de  Documentação  do  Instituto  Brincante  com  uma  biblioteca  e  uma  videoteca  aberta  ao  publico.    Instituto  Alana  em  2010  contribuiu  para  o  fortalecimento  institucional  possibilitando  a  criação  do  Núcleo  pedagógico,  núcleos  musicais  e  o  Centro  de  estudos  do  movimento.    SABRYNA  MATO  GROSSO  Minha   trajetória   na   arte   se   deu  muito   cedo,   quando   eu,   ainda  menina   brincava   de  inventar  e   ilustrar  histórias,  criar  caixinhas  de  música  com  papelão  e  borboletas  com  algodão  colorido.  Crescendo  e  trazendo  comigo  as  referencias  do  irmão,  vi  no  teatro  a  junção  de   todas   as   artes   e  decidi:   quero   ser   atriz!  A   faculdade  de  artes   cênicas   veio  para   concretizar   o   desejo,   e   logo   em   seguida   já   havia   transformado  meu   sonho   em  oficio.   Dentro   da   Cia   Baitaclã,   grupo   teatral   que   integro   há   sete   anos,   e   dentro   de  outros  grupos  e  projetos,  fui  vivenciando  o  que  a  academia  havia  me  apontado.  Vi  que  precisava  de  mais.  Fui  aprender  música,  dança,  palhaço...  As  bagagens  iam  se  somando  e  as  portas  se  abrindo.    Um  convite  para  dar  aula  vindo  do  parceiro  de  trabalho  e  de  vida,   e   surge   outra   paixão:   a   educação.   Comecei   a   dar   aulas   em   diversas   casas   de  cultura   e   instituições   para   jovens   que   tinham  o  mesmo   desejo   que   eu.   As   aulas  me  aqueciam  para  o  palco,  e  o  palco  me  fortalecia  para  as  aulas.  Não  podia  mais  separá-­‐los.   Como   educadora   na   formação   de   palhaços   para   jovens   e   pesquisadora   na  formação   de   formadores,   ambos   dos   Doutores   da   Alegria,   aprofundei   ainda  mais   o  trabalho  e  ampliei  o  pensamento  numa  metodologia  para  a  arte  educação.   Ingressar  na   Formação   do   Instituto   Brincante   e   posteriormente   em   seu   Núcleo   Pedagógico,  começou   como   a   inclusão   de   mais   uma   bagagem   ao   repertório,   e   foi   além   disso.  Aprofundar  o   estudo   acerca  da   cultura  popular   iniciada   à   tempos   atrás  me  permitiu  falar   de   mim,   da   menina   que   brincava   com   borboletas   de   algodão   e   da   que  compartilhava   sonhos   nos   palcos   e   nas   salas.   Atriz,   educadora,   palhaça,   dançarina?  Percebi  ali  que  sou  nada  disso  e   tudo   isso.  Sou  uma  brincante.  Uma  artista,  que  não  importa  onde  ou  como,  está  para  fazer  brincar  e  deixar-­‐se  brincar.  Na  difícil  e  utópica,  porém   não  menos   prazerosa   tarefa   de   fazer   do   próprio   homem   um  mundo  melhor  para  se  viver.    

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PRISCILLA  ROCHA  Eu   cheguei   no  Brincante   em  2007,   porque   já   procurava   ha   um   tempo  um   lugar   que  falasse  sobre  a  cultura  brasileira;  também  sentia  que  esse  encontro  não  seria  apenas  com   um   universo   ate   então   desconhecido,   mas   também   com   outras   formas   de  me  relacionar  com  o  mundo,  com  a  arte  e  com  a  cultura.  Dentro  do  Instituto,  fiz  o  curso  de  Formação   nos   anos   de   2008   e   2009   e   aqui   aprendi   muito,   não   apenas   sobre   as  brincadeiras,  mas  sobre  o  Brasil  e  também  sobre  os  outros  e  sobre  mim.  Os  desafios  postos  em  cada  exercício,  o  estimulo  a  criatividade  e  o  terreno  fértil  para  o  encontro,  fazem  do  Brincante  um  lugar  especial.  Hoje,  dou  oficinas  pelo  Instituto,  especialmente  atividades   ligadas   a   contação   de   historias.   Quando   a   Formação   terminou,   veio   o  convite  da  Rosane  para  esta  nova  “empreitada”:  o  Núcleo  Pedagógico,  a  necessidade  de  registrar  os  cursos  do  Brincante  e  a  possibilidade  de   isso  ser   feito  com  a  visão  de  quem  já  tinha  participado  do  curso.    Pensei  que  era  um  bom  momento    para  contribuir  e  dar  um   retorno  ao   lugar  que  abriu  meus   sentidos  para  a  arte  e   foi  uma  agradável  experiência   desenvolver   este   trabalho.   Desde   a   observação   das   aulas   e   o  relacionamento  com  os  alunos,  as  nossas  reflexões  em  reunião,  passando  pelo  desafio  de  entender  do  que  somos  capazes  de  fazer,  para  responder  a  esta  “missão”  de  forma  sensível,   sincera   e   real.   E   bom   chegar   perto   com   começo  do   trabalho...   sim,   porque  acabamos   de   começar!   Muito   caminho   ha   pela   frente...   Vida   longa   ao   Brincante,   a  cultura  brasileira,  a  arte,  ao  espaço  para  o  sonho  e  aos  encontros,  que  tornam  a  vida  mais  leve  e  colorida!        THIEGO  CASTRO    Minha  relação  com  o  Brincante  começou  há  mais  ou  menos  uns  dez  anos.  Assistindo  aos  espetáculos  do  Nóbrega,  conheci  e  fiquei  amigo  da  Maria  Eugênia,  a  Tita,  filha  dele  e  da  Rosane  (ambas  também  participavam  dos  espetáculos),  por  amigos  em  comum.  Logo   em   seguida   eu   e   Tita   fomos   estudar   no   mesmo   colégio   e   nossa   amizade   se  intensificou  muito.   Sempre  que  podia   acompanhava  os   projetos   dela,   que  por   vezes  tiveram   relação   com   o   teatro,   como   o   Zabumbau   e   os   espetáculos   do  Nóbrega.   Foi  nessa  época  que  comecei  a  fazer  aulas  no  Instituto.  Aqui  fiz  diversos  cursos  e  participei  de  um  grupo  de  estudos  de  dança,  nos  anos  de  2004  e  2005.  Nesse  Período  Rosane  apresentava  seu  espetáculo  solo,  Adeodata,  todos  os  finais  de  semana  (Tita  fazia  a  luz),  e  de  fato  perdi  a  conta  de  quantas  vezes  eu  vi  a  peça,  mexeu  muito  comigo  na  época.    Por   alguns   anos   me   afastei   do   Instituto   em   si,   só   acompanhando   por   notícias  corriqueiras  que  ouvia  por  aqui  ou  acolá.  Fui  estudar  cinema.    Esse   ano   voltei   pro   Brincante   para   trabalhar   com   a   documentação,   em   vídeo,   dos  cursos  ministrados  aqui,  e  desenvolver  um  material  audiovisual  a  partir  disso.    A  entrada  para  o  Núcleo  Pedagógico  se  deu  na  medida  em  que  passei  a  acompanhar  muitas  aulas  e  fez-­‐se  pertinente  colaborar  para  a  concepção  de  uma  metodologia  que  abarcasse  a  experiência  pedagógica  desenvolvida  no  Instituto.  

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Enfim,  pessoais  ou  profissionais,  minhas  diversas  relações  com  o  Brincante  sempre  me  enriqueceram  muito.  O  que   tento  é   retribuir   à  Ele   como  posso.   Sei  que  é  bom   tudo  isso.      TALITA  GAVA  Desde  pequena  sempre  fui  envolvida  com  a  pratica  da  Dança  e  da  Musica,  através  das  aulas  que  fazia  na  escola  e  no  conservatório,  e  sempre  fui  apaixonada  especialmente  pela  Dança.  Deixei  esse  caminho  quando  entrei  na  faculdade  e  comecei  a  trabalhar  em  outra  área,    fiquei  um  certo  tempo  afastada,  porém  a  inquietação  e  a  busca  por  esse  mundo  sempre  permaneceram  em  paralelo.  E  nesse  processo,  com  19  anos  conheci  a  Cultura  Popular  Brasileira  e  me  descobri  nesse  universo,  em  especial  nas  Danças.  Foi  como  se  tivesse  encontrado  o  Norte  de  um  caminho  a  seguir.  Então,  em  2007  entrei  nos   Cursos   Livres   do   Instituto   Brincante   de   Dança   e   Percussão,   nos   anos   que   se  seguiram   continuei   no   curso   de   Formação   para   Jovens   Brincantes,   e   dessa   forma  encontrei   o   impulso   e   o   conhecimento   que   precisava   para   definir   um   objeto   de  trabalho,  o  que  possibilitou  a  criação  de  um  numero  de  Dança  que  considero  o  ponto  de   partida   do   meu   fazer   artístico.   Em   2010,   tive   uma   experiência   muito   rica  participando   do   Núcleo   Pedagógico   do   Instituto,   realizando   um   trabalho   de  acompanhamento   e   registro   escrito   das   aulas   de   Dança   ministradas   por   Rosane  Almeida  em  todos  os  cursos,  e  isso  proporcionou,  entre  outras  coisas,    o  entendimento  do   processo   de   ensino-­‐aprendizagem   pelo   qual   passei.   O   material   gerado   nesse  processo   foi   fundamental,  pois   tivemos  a  oportunidade  de  uma  vivencia  no   Instituto  que   nos   possibilitou   o   aprofundamento   da   nossa   visão   enquanto   artistas,   arte-­‐educadores,  e  principalmente  como  ser  humano.  Ao  mesmo  tempo  esse  ano  foi  muito  importante   artisticamente,   pois   participando   do   Núcleo   de   Pesquisa   do  Movimento  pude  aprofundar  o  conhecimento  e  a  pratica  na  técnica  de  Dança  que  acredito  e  que  tenho   por   base   de  minha   pesquisa,   e   pude   colocá-­‐la   em   prática   nos   trabalhos     que  realizei.  

Considero   que   o   que   vivemos   foi   um   ciclo   de   formação,   pois   passamos  gradativamente  pelos  processos  de  descoberta,  encantamento,  aprendizagem,  busca,  transformação,   experimentação,   criação,   até   chegar   a   esse   momento   de   análise,  reflexão  e  síntese.    E  agradeço  ao  Instituto  pela  oportunidade.        BEATRIZ  MIGUEZ  A   participação   no   Núcleo   Pedagógico   me   possibilitou   enxergar   a   metodologia   do  brincante   através   de   uma   lupa,   bem   como   o   caminho   que   venho   construindo  enquanto  artista.    Passar   pelo   brincante   foi   fundamental   para   que   eu  montasse   um   quebra-­‐cabeça   de  mim  mesma,  o  que  antes  pareciam  peças  soltas  foram,  aos  poucos,  se  encaixando.  

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O  que  me  seduzia  no  teatro  que  eu  fazia  na  escola  aos  13  anos  era  a  possibilidade  de  dar   continuidade  à  brincadeira  que  por   convenção   social   estava  por   ser   abortada.  O  teatro  era  uma  poesia  brincada.   Por   gostar   tanto  dessa  brincadeira,   escolhi   o   teatro  como  meio  de  vida,  quando  entrei  na  faculdade  de  artes  cênicas.    Na   faculdade  de  artes   cênicas...   o   teatro,   pra  mim,  neste  momento,  não  passava  de  uma   atividade   adolescente,   em   faze   de   transição,   meio   criança   meio   adulto,  desengonçado,   sem  conexão  entre  mim,  o  conteúdo  apreendido  e  o  mundo  ao  meu  redor.   Durante   quatro   anos   fui   colecionando   teorias,   conceitos   e   princípios   que  constituíam   aquela   arte   tão   complexa.   Eu   não   dava   conta   de   tanta   informação,   a  técnica  não  dialogava  com  o  meu  corpo,  e  eu  era  um  ponto  de  interrogação.  O  brincante...  Sem   que   eu   percebesse,   lá   estava   eu   brincando,   numa   roda,   cantando,   girando   e  fazendo  movimentos  nunca  antes  visitados  pelo  meu  corpo...  me  deixei  envolver  por  aquele  universo  sedutor,  uma  ciranda  de  cores  que  compunham  o  riquíssimo  universo  da  cultura  popular.  E  eu  me  perguntava:  Por  que  não  conheci  isso  antes?  Aos   poucos,   as   danças,   as   brincadeiras,   as  músicas,   os   ritmos,   as   figuras   e   a   poesia,  começaram   a   dialogar   com   os   meus   anseios   como   artista.   Eu   encontrava   nesses  elementos  respostas  para  as  dúvidas  que  trazia  no  bolso,  e  as  fichas  foram  caindo.  O  recheio  das  aulas  do  brincante  possibilitavam  um  encaixe  perfeito  entre  as  peças  do  meu  quebra-­‐cabeça.  Lancei  mão  desse   repertório   e   dessas   ferramentas   que   se   tornaram  aliadas   à  minha  busca  como  atriz  e  arte-­‐educadora.  Ainda  faltava  uma  terceira  peça  deste  quebra  cabeça  que  era  a  peça  da  criação  de  um  discurso   próprio,   a   capacidade   de   enxergar   o   teatro   e   a   vida   por   um  outro   olhar.   A  capacidade   de   fazer   “poesia”   através   do   caminho   traçado   com   a   formação   do  brincante.  Enfim,  chegamos  aos  núcleos  de  formação  continuada,  entre  os  quais  se  enquadra  o  núcleo   pedagógico.   Registrar,   refletir,   re-­‐criar,   re-­‐elaborar   fazem   parte   deste   novo  contexto  que  estamos  vivendo.  A  terceira  peça  é:  como  o  encaixe  das  duas  primeiras  peças  podem  re-­‐significar  o  meu  fazer  artístico  seja  ele  como  atriz,  dançarina  ou  artista  orientadora?  Finalizo   meu   depoimento   concluindo   que   outras   peças   ainda   podem   surgir   nesse  quebra-­‐cabeça,  basta  estar  aberto  para  o  mundo.                    

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BIBLIOGRAFIA    ACSELRAD,   Maria.   Viva   Pareia!   –   A   arte   da   brincadeira   ou   a   beleza   da   safadeza:   uma  abordagem  antropológica  da  estética  do  Cavalo  Marinho.  Rio  de  Janeiro,  2002.  Dissertação  de  mestrado.  Pós-­‐graduação  em  Sociologia  e  Antropologia,  UFRJ.      ALMEIDA,  Rosane.  A  Mais  Bela  História  de  Adeodata.  São  Paulo:  Salamandra,    2006.        ANDRADE,  Mario  de.  "Introdução"  In:  Danças  Dramáticas  do  Brasil.  1ºTomo.  2ª  Ed.    Belo  Horizonte:  Itatiaia,  1982.    BARBATO,  Roberto.  Missionários  de  uma  utopia  nacional-­‐popular:  os   intelectuais  e  o  Departamento  de  Cultura  de  São  Paulo.  São  Paulo:  Annablume/Fapesp,  2004.    BEZERRA,  Amilcar  Almeida.  Movimento  Armorial  X  Tropicalismo:  dilemas  brasileirs  sobre  a  questão  nacional  na  cultura  contemporânea.  V  Encontro  de  Estudos  Multidisciplinares  em  Cultura,  Bahia:  UFBa,  2009.    CANDUSSO,  Marina   Abib,   e   ALMEIDA,  Maria   Eugenia.   Estudos   de   uma   Pesquisa   em  Dança.  São  Paulo,  2009.  Monografia  desenvolvida  pelo  ProAC  da  Secretaria  de  Cultura  do  Estado  de  São  Paulo.    CHAUÍ,   Marilena.   “Seminário   I”.   In:   Seminários:   o   Nacional   e   o   Popular   na   Cultura  Brasileira.  São  Paulo:  Brasiliense,  1983.    CRUZ,   Maria   Cristina   Meirelles   Toledo.   Para   Uma   Educação   da   Sensibilidade:   a  experiência   da   Casa   Redonda   Centro   de   Estudos.   São   Paulo,   2005.   Dissertação   de  Mestrado,  USP.    GARCIA,   Miliandre.   A   Questão   da   Cultura   Popular:   as   políticas   culturais   do   centro  popular   de   cultura   (CPC)   da   União   Nacional   dos   Estudantes   (UNE).   Rio   de   Janeiro,  2004.Dissertação  de  Doutorado  em  História,  UFRJ.    GALVÃO,   Isis   Barbero.   Brincante:   teatro,   escola   e   vida.   São   Paulo,   2009.   Trabalho   de  conclusão  de  curso  UNESP.      HUIZINGA,  Johan.  Homo  Ludens.  4.  ed.  São  Paulo:  Perspectiva,  2000.    MARCHETTI,   Joana.   A   Dança   Popular   e   a   Formação   da   Identidade   Brasileira:   como   o  corpo  vivido  do  brincante  integra  o  si  mesmo  e  o  ser-­‐com  através  da  dança.  São  Paulo,  2002.   Trabalho   de   conclusão   de   curso   como   exigência   para   a   graduação   no   curso   de  psicologia.  PUC.    

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 ORTIZ,  Renato.  A  Moderna  Tradição  Brasileira.  Cultura  brasileira  e  indústria  cultural.  3a  ed.  São  Paulo:  Brasiliense,  1991.        ____________.   Cultura   Brasileira   e   Identidade  Nacional.   5ª   Ed.   São   Paulo:   Brasiliense,  1994.    PELEGRINI,  Sandra  C.  A.  FUNARI,  Pedro  Paulo  A.  O  que  é  Patrimônio  Cultural  Imaterial.  São  Paulo:  Brasiliense,  2008.      RIBEIRO,  Darcy.  "Introdução"  e  "O  Novo  Mundo"  In:  O  Povo  Brasileiro.  5ª  Ed.    São  Paulo:  Companhia  de  Bolso,  2008.    ROSA,  Guimarães.  Grande  Sertão:  Veredas.  Rio  de  Janeiro:  Nova  Fronteira,  2001.    STRINATI,  Dominic.  Cultura  Popular  Uma  Introdução.  1ª  Ed.    São  Paulo:  Hedra,  1999.    Revistas  e  Publicações:    ALMEIDA,   Rosane   (coord.).   Um  Olhar   Brincante   para   o  Mundo.   São   Paulo:   publicação  Instituto  Brincante,  2009.    TOLEDO,   Caio   Navarro   de.   50   Anos   de   Fundação   do   Iseb.   S˜åo   Paulo:   Jornal   da  UNICAMP,  2005.  

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