metodologia da pesquisa científica - aula 07

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1 AULA 07 - ANÁLISE, DISCUSSÃO E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS. AULA 07 ANÁLISE, DISCUSSÃO E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS. METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA

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Metodologia da Pesquisa Científica - aula 07

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1AULA 07 - ANÁLISE, DISCUSSÃO E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS.

AULA 07 ANÁLISE, DISCUSSÃO E

INTERPRETAÇÃO DOS DADOS.

METODOLOGIA DA PESQUISA

CIENTÍFICA

2 METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA

ANÁLISE DE DADOS

Apartirdesteitem,entra-seemfasedecisivadaelaboraçãodotrabalhocientífico,pois se trata da análise e interpretação dos dados reunidos. Desta forma, a análise concerne a uma primeira etapa da organização do material catalogado, de modo a fornecer as respostas ao problema pesquisado. Deve ser dividida em partes com as suas devidas inter-relações em um padrão mais abstrato, onde se observam os princípios teóricos do estudo e seu desenvolvimento ao longo da construção do trabalho.

Cabe ressaltar que a análise é um processo criativo que exige grande rigor intelectual e muita dedicação do pesquisador, pois não existe forma melhor ou mais correta. O que se exige é a sistematização e a coerência do esquema escolhido, com o que se pretende estudar (Patton, 1980), bem como, no início do trabalho, a importância do grau de experiência do pesquisador, dado que ele deverá observar as questões pertinentes à análise a ser feita.

Outro fator que merece destaque é a forma de registro utilizada pelo pesquisador. Nesta etapa encontra-se uma opção particular, pois alguns preferem fazer anotações no próprio registro ou em suas margens, outros utilizam esquemas e diagramas. Portanto, a organização dos dados coletados é uma etapa que conduz o trabalho científico.Neste processo, após a análise deles e das leituras correspondentes, o pesquisador pode encontrar novas questões que poderão ter surgido no percurso. Para tanto se faz necessário que o pesquisador saiba distinguir:

• Análiseconceitual.

• Análisecrítica.

• Análiseinferencial.

AANÁLISECONCEITUAL

A análise conceitual tem como objetivo clarear o sentido e as possibilidades de aplicaçãodeumconceito/noção,identificandoseusconstituintesdocamposemânticoesuas interações com outros campos, ou seja, conhecer qual a intenção ou a compreensão do conceito e a sua extensão ou seu alcance:

• Porintençãoentende-seonúcleodesignificaçõesqueelepodetrazer.

• Por alcance ou extensão entende-se aquilo que um conceito pode dizer a mais, assim que ele é utilizado em certas situações.

A esse propósito, a análise conceitual é uma base de teorização, porque permite melhor delimitar aquilo que um conceito quer dizer, em relação a qual assunto pode ser

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aplicadoequaissignificaçõesconduzemessasaplicações.Comefeito,aela incumbedelimitar o conceito teórico, ou seja, o problema que desejamos examinar, não interessando conceitos cuja extensão é restrita somente à intenção.

AsPerspectivaseosNíveisdaAnálise

As comparações de textos deverão ser feitas segundo várias perspectivas: Numa perspectiva histórica-evolutiva, no nível dos discursos teóricos, bem como no nível da operacionalização.

A primeira fase consiste em levantar a história do conceito a ser estudado, ou seja, o conceito-chave, em que efetuamos as comparações examinando relações entre diversas ocorrências teóricas do conceito.

Trata-se de traçar as primeiras utilizações, de modo a examinar a possibilidade de transformações importantes entre os usos originais e os usos contemporâneos. Coloca-se, portanto, a questão do momento e do contexto no qual as transformações ou os desvios semânticos se produziram. É útil analisar de maneira comparativa as associações doconceito-chave comosprocedimentosdescritospelosautoresafimdeobservaras possíveis mudanças. O exame dos sistemas de inscrição, utilizados para delimitar o conceito, permitirá também estabelecer o mapa ou a rede conceitual. Em seguida trabalhamos suas relações: Quais elementos a definição do conceito-chave tomaemprestados de outro conceito e quais elementos são comuns a outros conceitos.

4 METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA

Será,muitasvezes,pelaclassificaçãodassemelhançasedasdiferentesassociações,seguidasdarelaçãodessaclassificaçãocomosdiferentescontextosdesuaprodução,quesurgirão as intuições, permitindo ao pesquisador ter clareza e construir uma representação queidentificaaintençãoeaextensãodoconceitoanalisado.

OsMétodosdeAnáliseConceitual

Lembre-se de que todos os métodos de análise de conteúdos manifestos, integrais ou selecionados, são utilizáveis em análise conceitual. A escolha de um ou vários desses métodosdependerádaamplitudedomaterialaseranalisado,dorefinamentodapesquisae do nível pretendido pela análise conceitual.

ANÁLISECRÍTICA

Aanálisecríticatemporfimavaliarumconjuntodeenunciadosteóricosafimdecolocar em evidencia suas lacunas, suas contradições, seus paradoxos, suas condições, seus pressupostos, suas implicações e suas consequências.

Com efeito, essa análise crítica, tem muitas vezes como objetivo condenar uma teoria, para ser trocada por outra, ou propor melhorias, reformulações e complementos.

AsTáticasdaAnáliseCrítica

Na primeiraetapa é necessário examinar a qual tipo teórico pertence para poder escolher a teoria de suporte para precisar as exigências que impomos à teoria que será examinada.

A segunda etapa consistirá em reconhecer os conceitos mais frágeis, mais ingênuos, aqueles que são mais vulneráveis.

A terceiraetapa consiste, em propor novos conceitos, substituindo os conceitos frágeis e demonstrando como esses novos conceitos complementam com consistência a teoria e como eles respeitam o modelo-suporte que permitiu a crítica aos conceitos iniciais.

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ANÁLISEINFERENCIAL

Trata-se da extensão interna de uma teoria, a análise inferencial se processa efetuandoumexamedasignificação,doencadeamento,dasimplicaçõeseconsequênciasdos conceitos e de suas operacionalizações, assim como da sua pertinência a esses últimos.

Procedemos segundo uma ou mais das seguintes estratégias:

1. O exame dos encadeamentos com os outros conceitos.

2. O exame da correspondência com as exigências essenciais impostas pelo modelo de suporte.

3. O exame da correspondência com as formas e as aplicações de uma teoria próxima do campo.

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No caso de uma extensão externa, as inferências procedem, sobretudo, sobre o modo analógico, isto é, a semelhança e a possibilidade de exprimir (A) pelos termos (B), delimitando-se a formulações hipotéticas.

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AsArmadilhasdaAnáliseInferencial

Existem três armadilhas que se apresentam na análise inferencial por extensão externa na base da analogia.

A primeira reside numa má compreensão pelo pesquisador do campo de conhecimento (A) das teorias no campo de conhecimento (B).

A segunda armadilha se observa assim que os pesquisadores do campo (B) colocam inferências teóricas a partir do seu campo em outro campo (A) que eles consideram semelhantes ao seu, ou cujo campo eles pensam que poderá ser mais que uma inferência do seu.

A terceira armadilha consiste em o pesquisador, tendo realizado uma transferência cujapotêncialhepareceevidente,nãosecertificardisso.Eledeveassegurarapertinênciadessatransferência,adificuldadedeexaminaravalidadeesuaeficácia.

INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

A interpretação deve encontrar o sentido mais amplo das respostas, fazendo a ligação destas com conhecimentos anteriores, tais como os conhecimentos teóricos (Silva, 2005). Nesta etapa o pesquisador precisa ter cuidado e disciplina para não interpretar respostasquenãoforamdadaspelorespondente,cabendorefletirsobrequaisdadossão relevantes de fato, o que será escrito sobre os resultados, como apresentá-los etc.

Cabe ressaltar que a interpretação dos resultados nada mais é do que realizar a identificaçãodosaspectosmaisimportantes.Nestafase,éimportanteadiscussãocomoutras pessoas, porém com o devido cuidado para que esta discussão tenha caráter crítico e não um simples “achismo”.

Como se pode observar, a partir desse momento, o pesquisador deverá estar seguroparaquerealizearedaçãodapesquisacientífica.Assim,a interpretaçãovariaconforme o plano de pesquisa, onde o pesquisador deve observar a sequência de passos, tais como:

• Estabelecimentodecategorias.

• Codificação.

• Tabulação.

• Análiseestatísticadedados.

8 METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA

ESTABELECIMENTODECATEGORIAS

Na pesquisa utilizam-se perguntas abertas ou entrevistas para se encontrar uma variação de respostas. Cabe ressaltar que neste caso não se utilizam questões fechadas, pois tais respostas devem ser organizadas “por categorias”, estabelecendo um princípio declassificação.Paraissosefaznecessárioagrupargrandenúmeroderespostasparaumdeterminado item em um pequeno número de categorias.

Dessa forma, Gil (1994) apresenta o seguinte exemplo:

Umapesquisaverificaaatitudedaspessoasemrelaçãoaosintegrantesdeumadeterminada seita religiosa, cujas respostas dadas foram:

• Sãopessoasignorantes.

• Sãocomotodasasoutraspessoas.

• Sãopessoasboas.

• Nãotenhooquereferendarsobreelas.

• Nãogostodelas.

• Sãomuitoapáticas.

• Nãoseioquedizer.

• Sãovagabundas.

• Sãoantipáticas.

• Sãopessoasrespeitosas.

• Nãotenhoopiniãoformada.

Nesse exemplo, vale ressaltar, o estabelecimento de classificação das opiniõescomo: favoráveis, desfavoráveis e neutras.

Desse modo, segundo Silva (2005), além destas categorias pode-se apresentar mais uma, chamada de “outras” para aquelas respostas que não se enquadrem nas anteriores.

Ograudedificuldadedapesquisadependedoestabelecimentode categorias,como também o modo como foram formuladas as questões e hipóteses.

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Registra-se que no estabelecimento de “categorias” é necessário incluir todas as respostas obtidas, tomando o cuidado de não estabelecer um número grande de categorias,dificultandoaanáliseestatísticaeainterpretação.

CODIFICAÇÃO

Acodificaçãoéaferramentaqueauxiliaatabulaçãodosdados,poissetratadeenumerarasperguntaseasrespostas.Ressalta-sequeparaacodificaçãoénecessáriaaformulação de perguntas fechadas, como no exemplo abaixo:

Marque as respostas relevantes:

1) Vocêusaocomputadorparaensinara:

a) Editar textos

b) Elaborar banco de dados

c) Efetuar cálculos numéricos

d) Solucionar problemas

No exemplo apresentado, o número da questão e as letras alternativas são os códigos.

TABULAÇÃO

A tabulação é o agrupamento e a contagem dos dados escolhidos, ela pode ser feita manualmente ou utilizando softwares especializados.

Entre os pesquisadores a forma mais utilizada é a tabulação manual, pois é

( )

( )

( )

( )

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utilizada sem o conhecimento prévio de softwares e sem necessitar do auxílio de técnicos em pesquisas.

Vale ressaltar que para um número elevado de amostragens, a tabulação manual é considerada inadequada, pois vai fazer com que o pesquisador leve um tempo muito grande para efetuar tal tabulação. Para cada questão tabulada em questionário somam-se as respostas.

ANÁLISEESTATÍSTICADOSDADOS

Após a conclusão da fase de tabulação, deve-se realizar a análise estatística, onde se pode utilizar porcentagem ou média, pois são as mais comuns existentes. Aqui também se pode utilizar de softwares especializados para a análise, como o Microsoft Excel.

OS RESULTADOS DA PESQUISA

Vale registrar que umdosmaiores desafios da pesquisa é a sua redação. Paratanto,cabeaquirefletircomoserealizaaescrita.Redigirimplicarefletir,pensaretomardecisões.SegundoMoreiraeCaleffe(2006),osbonstextossãoescritoscomideias,que,por sua vez, podem ser recheadas com informações.

Dessa forma dependerá da redação e da postura do pesquisador realizar um bom trabalho que ofereça resultados satisfatórios, pois a forma como os resultados são dispostossãodesumaimportância.Exemplificando:Sóterãoobjetivoastabelas,quadros,gráficosoufiguras, se forempara ilustraçãodotexto,poisestedeveaparecersempreapós os resultados. Para tanto, vale ressaltar que atingir o objetivo de atrair atenção do leitor é uma arte e não será na primeira redação que isso se alcançará.

Quantoàdiscussão,outrofatorimportantedotrabalho,MoreiraeCaleffe(2006)apresentam muito bem a questão:

É melhor começar esta seção com a reapresentação do problema antes de discutir como os resultados afetam o conhecimento existente na área. Se a pesquisa objetivou testar hipóteses, esta seção deverá demonstrar se elas foram ou não corroboradaspelaevidência.Qualquerdeficiêncianodelineamentoda pesquisa deverá ser mencionada com sugestões sobre diferentes abordagens que possam ser mais apropriadas. As implicações para o melhoramento da prática educacional, se houver, devem ser apresentadas nesta seção.

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Leia o pequeno texto abaixo e responda: Por que a mudança é importante na ciência?

“É um fato elementar da história intelectual da humanidade este que o ‘conhecido’ em certa época se revelou, posteriormente, incompatível com o constatado. Em consequência,éumerrogravetentaroquemuitoscientistasefilósofostentaramfazer,istoé,demonstraraverdadedeumateoriaoujustificarnossacrençaemcertateoria–pois isso é lógicamente impossível. O que se pode fazer, porém, e isto sim é de grande importância,éjustificarnossapreferênciaporumateoria,emdetrimentodeoutra.[...]Inteiramente errônea é a concepção popular de que a ciência engloba corpus e fatos estabelecidos. Nada na ciência está permanentemente estabelecido, coisa alguma, nela, éinalterável.Emverdade,aciênciaestáclaramenteemconstantemodificação–eestamodificaçãonãoseprocessaporsimplesacréscimodenovascertezas.[...]Admitimosa ‘verdade’ dos nossos conhecimentos para efeito prático, pois que eles são a menos insegura base disponível. Sem embargo, não se pode perder de vista o fato de que a experiência pode atestar, a qualquer momento, que aqueles conhecimentos são errôneos e necessitam de revisão.”(p. 28-29)

MAGEE, B. As ideias de Popper. 2. ed. São Paulo: Cultrix, 1977.