metodologia da pesquisa

105
CURSO DE COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA METODOLOGIA DA PESQUISA CENTRO DE ESTUDOS DE PESSOAL Maria Christina Zentgraf Rio de Janeiro

Upload: edpinhal

Post on 03-Jul-2015

4.806 views

Category:

Documents


10 download

TRANSCRIPT

Page 1: Metodologia da Pesquisa

CURSO DECOORDENAÇÃO PEDAGÓGICA

METODOLOGIA DA PESQUISA

CENTRO DE ESTUDOS DE PESSOAL

Maria Christina Zentgraf

Rio de Janeiro

Page 2: Metodologia da Pesquisa

É vedada a reprodução integral ou parcial do material do EAD sem apermissão escrita do CEP ou do autor.

Page 3: Metodologia da Pesquisa

Sumário

AO ALUNO ........................................................................................................................................5VISÃO GERAL DA DISCIPLINA ................................................................................................................7

UNIDADE I - TÉCNICAS DE ESTUDO.....................................................................................................9Texto 1 O Ato de Estudar .................................................................................................................. 10Texto 2 Técnicas de Leitura .............................................................................................................. 13Texto 3 A Leitura Analítica ................................................................................................................ 18Texto 4 A Documentação Pessoal .................................................................................................... 21Esquematizando ... .............................................................................................................................. 25

UNIDADE II - O CONHECIMENTO COMO FORMA DE COMPREENSÃO E TRANSFORMAÇÃO DA REALIDADE .......27Texto 5 Concepções e Formas de Conhecimento ............................................................................ 28Texto 6 Fatos e Teorias na Construção do Conhecimento ............................................................... 34Esquematizando ... .............................................................................................................................. 38

UNIDADE III - A PRODUÇÃO E TRANSMISSÃO DO CONHECIMENTO ATRAVÉS DA PESQUISA CIENTÍFICA .........39Texto 7 Pesquisa Científica: conceito e modalidades ....................................................................... 40Texto 8 Paradigmas Metodológicos da Pesquisa Científica ............................................................. 44Esquematizando ... .............................................................................................................................. 46

UNIDADE IV - ETAPAS DO PROCESSO DE PRODUÇÃO DE PESQUISAS CIENTÍFICAS ...................................47Texto 9 A Lógica da Concepção do Projeto de Pesquisa .................................................................. 38Texto 10 A Pesquisa Bibliográfica ....................................................................................................... 54Texto 11 Pesquisas Descritivas e Experimentais ............................................................................... 62Texto 12 Pesquisas Qualitativas ......................................................................................................... 67Esquematizando... ............................................................................................................................... 70

UNIDADE V - A COMUNICAÇÃO DE TRABALHOS CIENTÍFICOS: AS MONOGRAFIAS ......................................73Texto 13 A Comunicação dos Resultados da Pesquisa: a monografia ............................................... 74Texto 14 Estrutura de Trabalhos Acadêmicos Segundo a ABNT ....................................................... 78Texto 15 Estilo para a Redação de Trabalhos Acadêmicos ................................................................ 84Texto 16 Apresentação de Citações em Trabalhos Acadêmicos ........................................................ 87Texto 17 Como Elaborar as Referências de um Documento .............................................................. 90Esquematizando ... .............................................................................................................................. 94

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................96APÊNDICES .....................................................................................................................................99

Page 4: Metodologia da Pesquisa
Page 5: Metodologia da Pesquisa

Ao

alu

no

Ao

alu

no

O módulo Metodologia da Pesquisa tem caráter instrumental, uma vez que se destinaa orientá-lo no sentido de ampliar seus procedimentos de estudo e iniciá-lo naprodução de trabalhos científicos. Proporciona condições de levá-lo a desenvolver origor metodológico exigido pela pesquisa e o espírito crítico necessário a todo equalquer estudo.

Na primeira parte deste módulo, encontram-se indicações sobre os melhoresprocedimentos de estudo, tais como os passos para realizar uma leitura analítica,fazer resumos, esquemas e fichamentos, o que o transformará (se ainda não o for) emum leitor crítico, não limitado a uma “educação bancária”, termo cunhado por PauloFreire ao comparar a aprendizagem tradicional à situação de depósito e retirada queocorre nos bancos.

Prosseguindo na leitura, você iniciará o estudo da metodologia da pesquisa através detextos sobre o conhecimento, objeto das pesquisas científicas. Encontrará, demaneira bastante simplificada, orientações metodológicas para planejar, executar ecomunicar os resultados de trabalhos científicos.

A execução dos exercícios é o único meio de que você dispõe para verificar como seencontra o seu conhecimento sobre os temas propostos; assim, é imprescindível quevocê os realize. Eles lhe permitirão se autoavaliar e decidir prosseguir ou fazerrecapitulações.

Ao final de cada texto, na seção Enriqueça seu estudo, sugerimos leiturascomplementares, com o objetivo de aprofundar o conhecimento de determinadosassuntos ou introduzir itens não abordados.

Muitos cursistas residem em regiões longínquas, o que dificulta o acesso a livrarias ebibliotecas. A internet também não é acessível a todos. Por este motivo, estoufornecendo, ao final deste módulo, o telefone, endereço eletrônico ou indicação de“sites” de algumas editoras. A maioria atende pelo reembolso postal.

Agora, algumas recomendações para que o estudo seja o mais proveitoso possível:

a) este módulo, além de conteúdos conceituais que exigem leitura e reflexão, requerexercícios práticos para que a metodologia e as técnicas de investigação sejamdominadas pelo pesquisador;

Page 6: Metodologia da Pesquisa

b) para realizar com sucesso o trabalho final, é necessário a dedicação de uma aduas horas ao estudo diário;

c) os trabalhos técnicos, tais como artigos, livros e monografias devem seguir asnormas da Associação Brasileira da Normas Técnicas (ABNT). No ano de 2000 eagora em 2002, as normas mais utilizadas para a elaboração de trabalhosacadêmicos foram atualizadas. Em decorrência, praticamente todas aspublicações e livros se tornaram desatualizados, o que dificulta o trabalho dosestudantes e pesquisadores. Assim, inseri, neste material, textos que abordameste assunto;

d) para servir de exemplo a você, segui as normas da ABNT ao fazer citações nostextos, ao indicar as fontes pesquisadas, ao elaborar a lista de referências ao finaldo módulo e nos gráficos que se encontram no apêndice;

e) é importante alertar, entretanto, que a linguagem coloquial por mim utilizada nestematerial é específica da didática da educação a distância, não devendo seradotada nos relatórios de pesquisas e trabalhos acadêmicos.

Finalizo esta mensagem, colocando-me à disposição para solucionar possíveis dúvidasque venham a ocorrer e desejando-lhe muito sucesso.

A autora

Page 7: Metodologia da Pesquisa

Vis

ão

gera

l d

a d

isci

plin

aV

isão

gera

l d

a d

isci

plin

a

Unidade II: O Conhecimento como Forma de Compreensão e Transformação da Realidade

Objetivo: Distinguir o conhecimento científico de outros tipos de conhecimento.

odúetnoC rartnocneednO

eocifósolif,ocifítneic,ralupop:otnemicehnocedsamrofeoãçpecnoCocigóloet

anotafodeairoetadlepaP.airoeteonemônef,otaf:aicnêiCotnemicehnocodoãçurtsnoc

6e5sotxeT

:airárohagraC h40

Objetivo geral: Aplicar métodos e técnicas de estudos e pesquisas para a elaboração detrabalhos técnicos e científicos.

Unidade I: Técnicas de Estudo

Objetivo: Demonstrar aquisição do instrumental teórico-metodológico para o aperfeiçoamentodas habilidades de leitura, de fichamento e de organização de estudos.

odúetnoC rartnocneednO

radutseedotaO

rimusererazitameuqse,rahnilbus:arutieledsacincéT

avitaterpretnieacitámet,lautxetesilána:acitílanaarutielA

,aruturtse,osuodsnegatnav:sahciF.laossepoãçatnemucodAsopitesedadilanif

4a1sotxeT

:airárohagraC h60

Unidade III: A Produção e Transmissão do Conhecimento Através da Pesquisa Científica

Objetivos: Identificar diferentes concepções de pesquisaAnalisar as questões que envolvem a pesquisa científica como forma de produção etransmissão do conhecimento

odúetnoC rartnocneednO

acifítneicasiuqsepedsedadiladomeodacifingis,edadilaniF

samgidarap;acifítneicasiuqsepadacigólodotemmegadrobAedadilautaansetnatilfnoc

8e7sotxeT

:airárohagraC h50

Page 8: Metodologia da Pesquisa

Unidade IV: Etapas do Processo de Produção de Pesquisas Científicas

Objetivo: Caracterizar as etapas do processo de produção de pesquisas científicas desde aelaboração do projeto à execução da pesquisa

odúetnoC rartnocneednO

,amet:asiuqsepedotejorpmuedoãçurtsnoceoãçpecnocadacigólA,odutseedseõtseuq,sovitejbo,sociróetsotsopusserp,amelborp

otnemaçroeamargonorc,aigolodotem

uo/esacifárgoilbibsasiuqsepedoãçucexeaeotnemajenalpOsiatnemucod

esavitircsedsasiuqsepedoãçucexeaeotnemajenalpOsiatnemirepxe

savitatilauqsasiuqsepedoãçucexeaeotnemajenalpO

21a9sotxeT

:airárohagraC h02

Unidade V: A Comunicação de Trabalhos Científicos: as monografias

Objetivo: Demonstrar aquisição do instrumental técnico para a elaboração de relatórios detrabalhos acadêmicos.

odúetnoC rartnocneednO

oãçurtsnocaeaifargonomadaruturtsea:ocifárgonomohlabartOotxetodacigól

TNBAadsamronsaodnugessocimêdacasohlabartedaruturtseA

socimêdacasohlabartedoãçaderaarapolitsE

saicnêreferedoãçarobaleeseõçaticedoãçatneserpaaarapsamroNTNBAaodnuges

71a31sotxeT

:airárohagraC h01

Page 9: Metodologia da Pesquisa

Un

idad

e I

Un

idad

e I

Técnicas de Estudo

Guia de estudo Carga horária: 06h

OTNUSSA SOCIFÍCEPSESOVITEJBO SATSIVERPSAFERAT

radutseedotaO.1odutseedsotibáhrevlovneseDonaimonotuaàmazudnoceuq

megazidnerpaedossecorp

1otxetododutsE"radutseedotaO"

soicícrexE

:arutieledsacincéT.2,razitameuqse,rahnilbus

rimuser

arutieledsacincétrazilitUodutsemuasadauqeda

osotievorp

2otxetododutsE"arutieledsacincéT"

soicícrexE

:acitílanaarutielA.3eacitámet,lautxetesilána

avitaterpretni

edesilánaedsacincétracilpAsotxetedodutseonarutiel

3otxetododutsE"acitílanaarutielA"

soicícrexE

oãçatnemucodA.4snegatnav:sahciF.laossep

,aruturtse,osuodsopitesedadilanif

sedadiladomsetnerefidriugnitsiDoãçatnemucodadoãçazinagroed

sahcifsa,laicepseme,laossep

4otxetododutsE"laossepoãçatnemucodA"

soicícrexE

odutseuesaçeuqirnE

Page 10: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

1010

Texto 1Texto 1O Ato de Estudar

Os cursos de graduação e de pós-graduação têm como um de seus objetivos desenvolvernos estudantes o espírito científico e a prática de trabalhos técnicos. Entretanto, nada se conseguiráneste sentido, se os iniciantes em trabalhos intelectuais não tiverem adquirido hábitos de estudosistemáticos e eficientes através da utilização de métodos e técnicas adequadas.

Salomon, autoridade no assunto, declara:

Imaginamos o iniciante no trabalho científico como aquele que, implicado num processode auto-desenvolvimento, vai paulatinamente se transformando: terá que ser antesestudioso para, em seguida, tornar-se trabalhador intelectual, pesquisador e, finalmente,autor. Essas fases, claro, não se excluem nem cessam pela aparição ulterior; antes, secompletam e se superpõem a partir de determinado momento de cada uma. (SALOMON,2001, p. 26).

O que significa estudar?

Medeiros (2000, p. 13) explica que o estudo começa com a elaboração de um pequenotexto e atinge a produção de vários volumes de uma obra. E conclui “estudar é realizar experiênciassubmetidas à análise crítica e à reflexão, com o objetivo de apreender informações que sejamúteis à resolução de problemas.”

Para realizar essas experiências citadas por Medeiros, o estudante necessita estar atento adois aspectos: recorrer a procedimentos adequados para buscar as informações, bem comoestabelecer uma organização para seus estudos.

Complementando tal posição, Severino (2000) adverte que o ensino superior exige dosuniversitários:

• autonomia no processo de aprendizagem e postura de auto-atividade didática rigorosa,crítica e criativa;

• projeto de trabalho intelectual individualizado, apoiado em material didático e científicoque se constitui, basicamente, na bibliografia especializada.

A bibliografia especializada de metodologia da pesquisa é considerada difícil por muitosestudantes. Isto ocorre porque ela parte da suposição de que aqueles que a ela recorrem dominamas técnicas adequadas de estudo e leitura, uma vez que já concluíram um curso superior.

Desse modo, para se iniciar nas questões da pesquisa científica, o estudante precisaconhecer e utilizar procedimentos adequados para fazer uma leitura proveitosa, fichamentos,citações, paráfrases, esquemas e resumos, dentre outras técnicas.

Isso leva à questão da formação da biblioteca pessoal. Os livros são caros, tornam-seultrapassados com alguma rapidez (pelo menos as edições), e o hábito de utilização de cópias

Page 11: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE I

1111

dificulta a formação de acervos pessoais. Apesar do exposto, os estudantes devem se conscientizarde que existem livros fundamentais nas diferentes áreas do conhecimento e que devem seradquiridos. A assinatura de revistas especializadas é um hábito a ser cultivado, uma vez que osrelatórios de pesquisa e as descobertas nas diferentes áreas do conhecimento, antes deaparecerem em livros, são publicados em revistas e jornais. As revistas também oferecem aoportunidade de ampliar a bibliografia sobre determinado assunto com novas referências.

Além dessas fontes, a internet, rede mundial de computadores, oferece hoje um acervoextraordinário para estudiosos das mais diferentes áreas; poderá ser bastante utilizada peloscursistas que dela dispõem.

As universidades e outras instituições possuem bibliotecas, embora em algumas delas oacervo seja limitado e pouco renovado. De qualquer maneira, o estudante deve freqüentá-las,explorá-las. Lá se encontram obras de referência geral, periódicos, livros, dissertações de mestrado,teses de doutorado, dentre outras. Algumas universidades mantêm, em seus acervos, CD-ROMs,disquetes e outros recursos de multimídia disponíveis para pesquisadores.

As bibliotecas são organizadas no sentido de auxiliar os leitores e pesquisadores. Assim,seu acervo se apresenta classificado por assunto, título e autor, em fichas individuais reunidas emfichários por ordem alfabética. Nas fichas, além de dados sobre a obra e o autor, está registradaa referência da obra (código da biblioteca), através da qual ela é localizada nas prateleiras. Muitasbibliotecas estão hoje informatizadas oferecendo uma alternativa de organização mais moderna.As técnicas especiais de leitura e fichamento para utilização desse instrumental serão abordadasnos próximos textos.

Além do estudo através de fontes bibliográficas, outras modalidades de aprendizagem sãoos encontros, seminários, congressos, palestras, mesas-redondas etc., que devem acompanharo estudioso pela vida toda. A princípio como participante, em seguida fazendo pequenascomunicações e, no decorrer da vida profissional, integrando mesas-redondas e fazendo palestras.

Outro aspecto a considerar, principalmente por todos aqueles que estudam e trabalham, éa programação das atividades de estudo e a divisão adequada do tempo. Não se pode fazerum curso superior se não houver tempo disponível para estudar, para refletir. “O conhecimentoforma-se por fases e a quantidade de informação transforma-se em qualidade de conhecimento.”(GALLIANO, 1986, p. 53).

Observe as recomendações de Galliano sobre a utilização do tempo:- Planeje seu tempo – essa é a forma correta de “ganhar” tempo para o estudo.- Programe a utilização de períodos vazios em sua atividade.- Substitua o horário de uma ou mais atividades não-essenciais para obter tempo de estudo.- Reserve ao menos um período mínimo para estudar todos os dias.- Não estabeleça períodos muito longos de estudo sem pausas para descanso.

Ao se estabelecer um cronograma de estudos, deve-se escolher um horário em que oestudioso apresente um melhor rendimento; deixar as atividades de leitura e reflexão para o finaldo dia, por exemplo, pode levar a um aproveitamento nulo.

Page 12: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

1212

Enriqueça seu estudo

⇒ Recomendo o texto “O leitor no ato de estudar a palavra escrita”, onde os autores discutem o processode estudar e a postura do leitor no ato de ler: leitor-objeto, aquele submisso ao que lê, e o leitor-sujeito, quando realiza uma leitura crítica e consegue ir além do texto (LUCKESI, 2000).

⇒ No texto “Considerações em torno do ato de estudar”, o autor faz reflexões bastante oportunas sobreo ato de estudar, que considera um trabalho difícil por exigir disciplina intelectual que não se adquirea não ser praticando (FREIRE, 2001).

O sucesso da aprendizagem, apontam as pesquisas, depende da organização do aluno, doambiente adequado, da assiduidade e cumprimento do cronograma estabelecido e da utilizaçãode técnicas de estudo.

Em resumo, utilizando procedimentos adequados de estudo, de posse de uma boa bibliografiae organizando o seu tempo, você estará em condições de ser um aluno e profissional estudioso eatualizado em seus conhecimentos.

Exercícios

No sentido de contribuir para a consecução de seu projeto de trabalho científico, respondaàs questões a seguir:

1. Além de livros e publicações sobre o conteúdo específico de sua área deconhecimento, que livros e revistas você possui sobre METODOLOGIA CIENTÍFICA?

2. Existem bibliotecas especializadas na sua cidade? Em que instituições? Quais seriammais acessíveis para sua utilização?

3. Visite as bibliotecas que considera mais adequadas a seu curso e verifique no ficháriode assuntos o tema: metodologia científica, técnicas de estudo e pesquisa etc. Anoteas 5 obras que considera mais adequadas ao conteúdo desta disciplina. Não esqueçade registrar nas anotações os dados sobre a obra, autor e a localização na estante.

4. Sabemos que aqueles que não residem nas grandes cidades têm dificuldade naaquisição de livros por falta de livrarias, acesso a catálogos de editoras etc. Qual asituação de sua cidade neste aspecto? A que livrarias você pode recorrer para adquirirlivros básicos? O livreiro aceita encomendas?

5. Faça uma proposta de programação semanal de suas atividades essenciais, de modoa reservar 1 ou 2 horas diárias para estudo.

6. Cumpra a programação traçada de modo experimental e procure realizar umaavaliação da semana, registrando as modificações que considera necessárias.

Page 13: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE I

1313

Texto 2Texto 2Técnicas de Leitura

Prosseguindo na temática iniciada no texto “O Ato de Estudar”, onde, dentre outras coisas,você aprendeu que existem procedimentos específicos para um estudo proveitoso, neste textoserão abordadas algumas técnicas de leitura, pré-requisitos para um estudo aprofundado.

Ao fazer contato com o material de leitura, a sua tarefa inicial é examiná-lo no todo. Comoproceder?

Para fazer o reconhecimento de um livro, algumas questões deverão ser feitas: De quetrata o livro? Quem é o autor? Que informações o autor fornece sobre o livro? Quais os temasabordados? Quando o livro foi publicado pela primeira vez?

As respostas a estas questões serão obtidas verificando-se o título e o subtítulo; a capa e acontracapa; o sumário, o prefácio, a introdução, o resumo (nas monografias) e as referências.Nos artigos de revistas, matérias de jornal e textos acessados na internet, preocupação semelhantedeve ocorrer.

Estes procedimentos permitem constatar se o assunto tratado na obra interessa aospropósitos do leitor. Além disso, evitará perda de tempo com leituras injustificáveis face ao objetivodo estudo ou pesquisa.

Concluída esta exploração inicial e constatado o interesse pelo material, procede-se a sualeitura.

Toda leitura é feita com um propósito que pode ser a investigação, a crítica, a comparação,a verificação, a ampliação ou integração de conhecimentos. Para atingir esses propósitos devemosidentificar as idéias principais do autor.

Como proceder?

Mandam os especialistas que se proceda, inicialmente, a uma leitura integral do texto e sedetermine a unidade de leitura a ser estudada. Para se estabelecer a unidade de leitura, é precisoentender que a unidade é uma parte do texto que apresenta uma totalidade de sentido. O texto fica,assim, dividido em partes que vão sendo sucessivamente estudadas. É um estudo analítico, findo oqual o leitor refaz o sentido total do livro, sintetizando-o.

Estabelecida a unidade de leitura, como procurar a idéia principal que ela encerra?

Em algumas ocasiões a idéia principal está explícita e é facilmente identificada. Em outras,ela se confunde com idéias secundárias.

Veja a seguir como identificar a idéia principal em um parágrafo.

Page 14: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

1414

Na maioria dos casos, o parágrafo se inicia por uma frase importante que traz a idéia principal,acompanhada de frases que a explicam e detalham. A frase final do parágrafo sintetiza a idéia.Pode acontecer, entretanto, que a frase que expressa a idéia principal venha ao final do parágrafo.Lembra Salomon (2000) que a idéia principal pode estar apenas nos elementos essenciais deuma oração, isto é, o sujeito e o predicado.

Como identificar a idéia principal em um artigo, livro ou capítulo de livro?

Já foi visto que o primeiro contato com o material de leitura consiste em fazer seureconhecimento. Este exame inicial levará o leitor a captar o plano da obra. Explica Salomon:

É comum os autores dedicarem uma parte introdutória e/ou a parte final para dar a idéiaprincipal. Quem escreve obedece a um plano, desenvolve idéias dentro de uma ordemhierárquica: a mais geral para todo o trecho e as menos gerais apresentadas logo abaixodestas. Procura distribuir as idéias específicas pelos parágrafos. (SALOMON, 2001, p. 97)

Na produção científica, o autor, ao expor o seu trabalho, procura justificá-lo para o leitor. Eleinforma, analisa, demonstra. Expõe seu trabalho através de proposições nas quais são essenciaiso sujeito (elemento causa) e o predicado (atributo do sujeito). Ao desenvolver o seu raciocínio,utiliza o método dedutivo, uma vez que não está investigando, e sim comunicando.

Deduzirá de idéias mais gerais as mais específicas. Faz isto através de proposições quese relacionam dentro duma estrutura lógica de demonstração: numa proposição colocaráa idéia principal e, noutras, os argumentos de sua comprovação. Em torno dessa relação,as demais atribuições funcionarão como detalhes importantes ou como simplesacessórios. (SALOMON, 2001, p. 100).

Nos trabalhos científicos, as afirmativas, as teses, os pontos de vista estão sempre comprovadosou justificados. Este fato levará o leitor a identificar a idéia principal e as proposições que a comprovamou justificam.

Como proceder ao encontrar as idéias principais? Como destacá-las no texto? Observe aseguir as principais técnicas para tal: sublinhar, esquematizar e resumir.

A técnica de sublinhar

Sublinhar é sinônimo de pôr em relevo, destacar ou salientar. É um procedimento muitousado pelos leitores. No entanto, exige cuidados para que possa ser útil. A primeira recomendaçãoa ser feita é não sublinhar durante a primeira leitura.

É necessário que se tenha um primeiro contato com a unidade de leitura – parágrafo, capítulo,livro – fazendo-se alguns sinais à margem. Quando for feita a segunda leitura, buscar a idéiaprincipal, os detalhes significativos, os conceitos, classificações etc. que deverão ser, então,sublinhados.

Segundo Rickards apud Boruchovitch e Mercuri (1999, p. 37) “o sublinhar é uma estratégiaque permite focalizar a atenção da pessoa no material que está lendo, bem como revisar as idéiasessenciais, num momento posterior.”

Page 15: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE I

1515

Pesquisas têm demonstrado que a compreensão do texto aumenta quando são sublinhadostrechos relevantes, enquanto que a aprendizagem fica prejudicada com marcações secundárias.Explicam Boruchovitch e Mercuri quais são os objetivos da técnica de sublinhar:

• reforçar a atenção para os elementos principais do texto;• destacar o importante do acessório;• facilitar a releitura.

Não devem ser sublinhados detalhes, nem deve haver um excesso de informações.

Os objetivos da técnica de sublinhar são específicos, variando de uma matéria para outra.Além disso, sofrem a influência das crenças e atitudes do leitor. Outro aspecto a observar é queas técnicas de estudo, para produzirem resultados, dependerão não só de sua utilização adequada,como também do conhecimento que o leitor tenha das tarefas. É imprescindível que o leitor sepergunte:

Por que e para que estou fazendo a leitura desse texto?

A técnica de esquematizar

O esquema é uma representação sintética do texto através de gráficos, códigos e palavras.Deve ser organizado segundo uma seqüência lógica onde aparecem as idéias principais, aquelasa elas subordinadas e o inter-relacionamento de fatos e idéias.

A elaboração de esquemas exige a participação ativa do leitor na assimilação do conteúdo,levando-o, também, a uma avaliação sobre a lógica do texto.

Salomon destaca as seguintes características de um bom esquema:• fidelidade ao texto• estrutura lógica• adequação ao assunto estudado• utilidade• cunho pessoal

O esquema é útil para destacar o propósito do leitor, facilitar a captação e compreensão dalógica do conteúdo e permitir uma rápida consulta ao conteúdo do texto. Pode apresentar listagensde conteúdo ou chaves como você verá no esquema apresentado ao final desta e de outrrasunidades, ou usar numeração progressiva como no esquema elaborado na Unidade 7 destemódulo.

Pode ainda ser subdividido por algarismos romanos, letras ou simplesmente diferenciadopor espaços. Alguns cuidados devem ser tomados para sua elaboração:

• só construir o esquema após a compreensão profunda do texto;• seguir um critério lógico, ordenando idéias principais e secundárias;• fazer esquemas que facilitem a compreensão do conteúdo.

Page 16: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

1616

A técnica de resumir

O resumo é uma condensação do texto. Apresenta as idéias essenciais e pode tambémtrazer a interpretação do leitor, desde que este o faça separadamente. Para elaborar o resumodevem ser usados os mesmos procedimentos indicados para sublinhar e para elaborar esquemas.

O objetivo do resumo é abreviar as idéias do autor sem, contudo, a concisão de um esquema.Quando você considerar relevante, faça transcrições de palavras do próprio autor, colocando-asentre aspas e o número da página entre parênteses.

Saber resumir é uma técnica essencial para quem estuda e cumpre tarefas intelectuais.Para se fazer um resumo é imprescindível a compreensão do texto lido. É de suma importânciasaber encontrar as idéias principais e secundárias, sublinhar e esquematizar, como já foi expostoneste texto.

A principal diferença entre o esquema e o resumo reside no fato de que o esquema apresentao texto em seqüência lógica e em ordem de subordinação, e o resumo apresenta o texto demaneira condensada.

São normas práticas para elaborar um resumo:• só resumir após preparar o esquema ou anotações;• usar frases diretas e curtas;• fazer as apreciações críticas e observações pessoais em separado;• apresentar sempre a referência completa do texto resumido.

Veja, a seguir, resumo apresentado por Galliano (1986) correspondente a um trecho deduas páginas:

Método e técnica não são a mesma coisa. Método é uma orientação geral constituídapor um conjunto de etapas, ordenadamente dispostas, a serem vencidas na investigaçãoda verdade, no estudo de uma ciência ou para alcançar determinado fim. Técnica é ummodo de realizar uma atividade, arte ou ofício, de maneira mais hábil, mais segura eperfeita. Em linhas gerais, a técnica é a maneira mais adequada de se vencer as etapasindicadas pelo método. Por isso diz-se que o método equivale à estratégia, enquanto atécnica equivale à tática. (GALLIANO, 1986, p. 14).

O resumo esquemático

Como o nome está dizendo, é uma técnica intermediária entre o resumo e o esquema.

Observe o exemplo que se segue, também extraído de Galliano (1986. p. 75):

A orientação prática para a seleção prévia da leitura adequada ao estudo pode resumir-se nos seguintes passos principais:1) Examinar o livro que desperta o interesse. Verificar título, autor, informações nascapas, sumário ou índice, prefácio ou introdução, bibliografia, editora, número da ediçãoe data da publicação.2) Tratando-se de livro recente e havendo dúvida quanto a sua validade, consultar seçõesde resenhas de livros em revistas especializadas e jornais. Tratando-se de obra clássica,consultar enciclopédias ou a opinião de um especialista no assunto.

Page 17: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE I

1717

Exercícios

Com o objetivo de levá-lo a colocar em prática as técnicas recomendadas no texto“Técnicas de Leitura”, solicitamos que faça o seguinte exercício usando um texto de suapreferência dentre os indicados para o curso.

1. Fazer a 1ª leitura.

2. Delimitar as unidades de leitura.

3. Sublinhar as idéias principais e detalhes importantes.

4. Elaborar um esquema em chave.

⇒ No capítulo I de Severino (2000), intitulado “A organização da vida de estudos na Universidade”,você encontrará considerações sobre os instrumentos de trabalho, a disciplina do estudo e até umfluxograma de um plano de trabalhos acadêmicos. Analise-o.

Enriqueça seu estudo

Finalizo este texto esclarecendo que, uma vez selecionada a unidade de leitura, destacadasas idéias principais e secundárias, e utilizadas as técnicas de sublinhar, esquematizar e resumir,tenho certeza de que você estará preparado para fazer uma leitura analítica, objeto do próximotexto.

Page 18: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

1818

Texto 3Texto 3A Leitura Analítica

No texto “Técnicas de Leitura” você se familiarizou com a maneira de delimitar a unidade deleitura e com as técnicas de sublinhar, esquematizar e resumir. De posse desses conhecimentos,encontra-se, agora, em condições de fazer uma leitura analítica, isto é, um estudo de texto emprofundidade, de modo a compreendê-lo, apreender a mensagem do autor e fazer um julgamentosobre o mesmo.

Veja, a seguir, como fazer a leitura analítica, aplicando as técnicas de leitura. Inicialmentegostaria de esclarecer que existem diferentes nomenclaturas para designar as etapas da leituraanalítica e que optei pela classificação usada por Severino (2000).

Ele divide a leitura analítica em três etapas: a análise textual, a análise temática e a análiseinterpretativa.

Análise textual

A primeira leitura (você viu no texto anterior, lembra-se?) é o contato inicial com a unidade deleitura. Nela se adquire uma visão de conjunto do pensamento e do estilo do autor. Nesta leituranada se sublinha, mas devem-se assinalar, nas margens, os pontos que exigem esclarecimentospara compreensão do texto: informações sobre o autor, sentido das palavras desconhecidas, fatoshistóricos, outros autores citados etc. É a análise textual.

Concluída a leitura, faz-se uma investigação para buscar as informações, consultando-seobras de referências tais como dicionários, enciclopédias, atlas geográficos e históricos.

Esta investigação é necessária pois a compreensão do texto depende não só doconhecimento do significado das palavras, como também dos termos geográficos, históricos etc.,o que pode ser verificado em obras de referência. Segundo Medeiros (2000, p. 23),

[...] em princípio, pode-se recomendar buscar no dicionário toda palavra desconhecidaque aparece num texto. Outro procedimento é experimentar descobrir o sentido da palavrano contexto. Às vezes, o significado de uma palavra desconhecida vem logo a seguir porum termo de sentido equivalente. O esforço, portanto, para descobrir o sentido de umvocábulo parece constituir-se em valioso exercício para a ampliação do vocabulário.

Você tem o hábito de consultar obras de referência? Elas são ferramental essencial para ofornecimento de informações.

Em suma, em relação aos vocábulos, a técnica a seguir, ao se fazer a análise textual, é:• não sublinhar, fazer algumas anotações à margem;• tentar encontrar o sentido dos termos novos pelo próprio texto;• se não conseguir, ao terminar a leitura, consultar as obras de referência.

Page 19: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE I

1919

E, como bem diz Salomon (2001, p. 70): “nunca se acomodar diante do termo desconhecido[...] considere-o um desafio; deixar de esclarecer a dúvida no momento oportuno é sempreprejudicial.”

Quando se faz a análise textual, é mais importante esclarecer o vocabulário e as dúvidassobre os termos do que mesmo a própria compreensão do texto.

O segundo passo, após esclarecidas as dúvidas, deverá ser procurar dados sobre o autor da obra.

A análise textual oferece, dentre outras, as seguintes vantagens:• diversificar as atividades de estudo, tornando-as menos cansativas;• oferecer informações e ampliar o conhecimento;• tornar o texto mais acessível e a leitura mais enriquecedora.

Análise temática

É feita com o objetivo de levar o leitor a uma compreensão da mensagem veiculada peloautor na unidade de leitura. Nessa etapa procura-se apreender o pensamento do autor sem neleintervir. Este procedimento é facilitado fazendo-se uma série de perguntas:

• De que trata o texto?• Como está problematizado? Qual a dificuldade a ser resolvida?• Qual a posição do autor sobre o problema? Que idéia defende? (a resposta a esta questão

revela a idéia principal, a tese do autor).• Qual a argumentação, o raciocínio do autor para demonstrar a tese?• Existem subtemas ou temas paralelos na unidade de leitura?

Observe o que diz Galliano sobre a análise temática:

[...] nela o estudante não “discute” com o texto, não debate seus conceitos ou idéias,somente interroga-o e deixa que fale em resposta. Esse “escutar”, no entanto, nada temde mecânico. Seria passivo, mecânico, se o propósito do estudo se restringisse àmemorização das palavras ou frases. Mas, como o propósito da leitura é apreender oconteúdo, o ato de “escutar” o texto envolve descoberta e reflexão por parte do leitor(GALLIANO, 1986, p. 92).

Somente quando o estudioso estabelece o esquema de pensamento do autor, a análisetemática estará terminada.

A análise temática, além de permitir a elaboração de um esquema mais coerente e rigoroso,é a base para a obtenção de resumos que sintetizam as idéias do autor ao invés de serem apenasreduções de parágrafos.

Análise interpretativa

Interpretar, explica Severino, (2000, p. 56), é “tomar uma posição própria a respeito dasidéias enunciadas, é superar a estrita mensagem do texto, é ler nas entrelinhas, é forçar o autora um diálogo, é explorar toda a fecundidade das idéias expostas, é cotejá-las com outras, enfim,é dialogar com o autor.”

Page 20: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

2020

Diferentemente das análises textual e temática, nas quais o leitor “ouve o autor” mas nãointerfere, não assume uma posição pessoal perante o texto em estudo, na análise interpretativao leitor assume uma posição própria.

A análise interpretativa tem papel primordial na construção do leitor sujeito, do leitor crítico.Severino subdivide-a nas seguintes etapas:

• situar o pensamento desenvolvido na unidade, na esfera mais ampla do pensamentogeral do autor;

• situar o autor no contexto mais amplo da cultura filosófica;• explicitar os pressupostos que o texto implica;• formular um juízo crítico, uma avaliação do texto em função de sua coerência interna e

da originalidade e contribuição à discussão do problema;• fazer crítica pessoal às posições defendidas no texto, fase mais delicada da interpretação

e que exige maturidade intelectual do leitor, cuja vivência pessoal do problema deveráter alcançado nível que possibilite o debate da questão.

Concluídas todas as etapas da leitura analítica, o leitor encontra-se em condições de se tornarum leitor-autor, um produtor de conhecimento; poderá ampliar os aspectos que a análise do textosuscitou e fazer novas proposições. Estará apto a elaborar uma síntese pessoal que se apóia naretomada de pontos levantados nas etapas anteriores e culmina com a contribuição pessoal doleitor para o tema, desde que ele se fundamente em argumentos convincentes, com base científica.

⇒ Recomendo o texto “Processo de leitura crítica da palavra escrita”. Neste texto os autores trazemsubsídios que aprofundam o tema “Leitura analítica” (LUCKESI, 2000).

Enriqueça seu estudo

Exercícios

No texto “A Leitura Analítica” você obteve uma visão sobre a leitura analítica. Tudo indicaque se encontra em condições de aplicar em situações concretas os conhecimentosapreendidos. Selecione um texto de sua preferência e realize a seguinte atividade:

· leitura analítica do texto, cumprindo todas as etapas e procedimentos indicados naanálise textual, temática e interpretativa, concluindo o exercício com uma síntesepessoal. Não esqueça de colocar no início do trabalho a referência do texto lido.

Page 21: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE I

2121

Texto 4Texto 4A Documentação Pessoal

Chegamos à última etapa desta unidade, tendo até agora abordado as técnicas paraaperfeiçoar suas habilidades de estudo e leitura; este último texto trata especificamente dadocumentação pessoal, em especial as fichas e sua organização em fichários.

A documentação é a ciência que trata não só da organização como do manuseio dainformação. Explica Chizzotti (2000, p. 109) que “documentação é [também] toda informaçãosistemática, comunicada de forma oral, escrita, visual ou gestual, fixada em um suporte material,como fonte durável de comunicação.”

Nesse sentido, toda informação apresentada sob a forma de textos, sinais, imagens ououtros meios, armazenada em papel, madeira, pedra ou outros recursos, através de técnicas deimpressão, pintura, gravação etc., é um documento.

Existem centros especiais de documentação, tais como bibliotecas, mapotecas, arquivos,museus, bancos de dados, hoje enriquecidos com a chegada da informática, dos computadores,das redes mundiais de informação.

Apesar de os estudiosos terem a sua disposição as editoras, as livrarias, os arquivos dasinstituições, as informações da rede de computadores, recomenda-se sempre que forme suaprópria biblioteca e organize a sua documentação pessoal.

A documentação pessoal supre a necessidade da informação prévia até mesmo paraorientar a pesquisa em outras fontes de consulta, estabelece um diálogo permanentecom a memória e estimula constantemente a criatividade intelectual. A tudo isso,acrescenta ainda a vantagem de ser prática (quando bem feita) e estar sempre àdisposição. (GALLIANO, 1986, p. 99).

O que deve ser documentado?

Tudo que for do interesse e que oferecer importância e utilidade na área acadêmica ouprofissional do estudante pode ser documentado: leituras, idéias pessoais, debates, palestrasetc.

Como documentar?

A maneira mais indicada é fazer registros em fichas e organizá-las em fichários. Atualmente,a informática está introduzindo novos procedimentos; estes procedimentos variam de pessoa apessoa. Vou dar, apenas, algumas sugestões de ordem geral. Se for do seu interesse, procureampliar as informações, nas leituras indicadas.

Page 22: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

2222

As fichas permitem ao estudante guardar com exatidão dados coletados em diferentesfontes e que servirão para o seu estudo. É preferível o uso de fichas a cadernos, devido àsfacilidades que elas oferecem para manipulação e arquivamento. Existem diferentes tipos defichas segundo os objetivos a que se destinam e que recebem diferentes denominações. Nestetexto, adotei a nomenclatura usada por Lakatos (2001): ficha de citações, de resumo e analítica.

A utilização de fichas e sua organização em fichários é de importância excepcional para osestudiosos que nelas encontrarão os subsídios necessários à elaboração de suas tarefas e seusestudos.

Veja o que diz Cervo (1996, p. 73) sobre a técnica de fichamento: “Aquele que tiver suficientepaciência para realizar estas tarefas cansativas com esmero terá a grande satisfação de constatarque seu esforço será compensado ante a facilidade com que poderá proceder à redação de seutrabalho: basta dispor todas as fichas referentes a um mesmo assunto sobre a mesa.”

Lakatos (2001) faz um estudo bastante detalhado sobre fichas e fichários. Aborda a questãodo aspecto físico, da composição, dos respectivos conteúdos, tipos de fichas (com exemplosconcretos dos mesmos) etc. Apresenta, ainda, procedimentos e modelos de fichamentos.

A seguir você terá oportunidade de analisar diferentes tipos de fichas adaptadas de Lakatos:

a) Ficha de citações

Neste tipo de ficha são reproduzidas frases e parágrafos inteiros ou parte deles. O sinal [...]indica a supressão de partes do texto.

MARCONI, Marina de Andrade. Garimpos e garimpeiros em Patrocínio Paulista. São Paulo: ConselhoEstadual de Artes e Ciências Humanas,1978, 152 p.

“Entre os diversos tipos humanos característicos existentes no Brasil, o garimpeiro apresenta-se,desde os tempos coloniais, como um elemento pioneiro, desbravador e, sob certa forma, como agente deintegração nacional.” (p. 7).

“Os trabalhos no garimpo são feitos, em geral, por homens, aparecendo a mulher muito raramente eapenas no serviço de lavação ou escolha de cascalho, por serem mais suaves do que o de desmonte.” (p.26).

“[...] indivíduos [os garimpeiros] que reunidos mais ou menos acidentalmente continuam a viver etrabalhar juntos. Normalmente abrangem indivíduos de um só sexo [...] e sua organização é mais oumenos influenciada pelos padrões que já existem em nossa cultura para agrupamentos dessa natureza.”(p. 47) (LINTON, Ralph. O homem; uma introdução à antropologia. 5. ed. São Paulo: Martins, 1965, p.111).

“O garimpeiro [...] é ainda um homem rural em processo lento de urbanização, com métodos de vidapouco diferentes dos habitantes da cidade, deles não se distanciando notavelmente em nenhum aspecto:vestuário, alimentação, vida familiar.” (p. 48).

“A característica fundamental no comportamento do garimpeiro [...] é a liberdade.” (p. 130).

Page 23: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE I

2323

Ao elaborar a ficha devem-se tomar alguns cuidados:• aspear as citações;• indicar, após cada citação, o número da página;• quando forem suprimidos parágrafos de uma mesma página, deixar uma linha em branco

com o sinal [...]. Só colocar o número da página ao final da última citação, conforme oexemplo a seguir:

[...]

“As universidades e outras instituições possuem bibliotecas, embora em algumas delas o acervo sejalimitado e pouco renovado. De qualquer maneira, o estudante deve frequentá-las, explorá-las. Lá seencontram obras de referência geral, periódicos, livros, dissertações de mestrado, teses de doutoradoetc.”

[...]

“Este instrumental de trabalho do estudante é utilizado através de técnicas especiais de leitura efichamento que serão vistas nos próximos textos.” (p.14).

Quando a frase transcrita tiver sido extraída de outra obra, deve-se citar entre parênteses areferência bibliográfica, como se pode observar no exemplo de ficha citação.

b) Ficha resumo (de conteúdo)

MARCONI, Marina de Andrade. Garimpos e garimpeiros em Patrocínio Paulista. São Paulo: ConselhoEstadual de Artes e Ciências Humanas, 1978, 152 p.

Pesquisa de campo que se propõe a dar uma visão antropológica do garimpo em Patrocínio Paulista.Descreve um tipo humano característico, o garimpeiro, em uma abordagem econômica e sócio-cultural.

Enfoca aspectos geográficos e históricos da região, desde a fundação do povoado até a constituiçãodo município. Enfatiza as atividades econômicas da região em que se insere o garimpo, sua correlaçãoprincipalmente com as atividades agrícolas, indicando que alguns garimpeiros do local executam o trabalhodo garimpo em fins de semana ou no período de entressafra, sendo, portanto, em parte, trabalhadoresagrícolas, apesar da maioria residir na área urbana.

Dá especial destaque à descrição das fases da atividade de garimpo incluindo as ferramentas utilizadas.Apresenta a hierarquia de posições existentes e os tipos de contrato de trabalho que diferem do rural e orespeito do garimpeiro à palavra empenhada. Aponta o sentimento de liberdade do garimpeiro e justificaseu nomadismo, como conseqüência de sua atividade.

A análise econômica abrange ainda o nível de vida como sendo, de modo geral, superior ao do egressodo campo e a descrição das casas e seus equipamentos, indicando as diferenças entre ranchos da zonarural e casas da zona urbana.

Sob o aspecto sócio-cultural demonstra a elevação do nível educacional e a mobilidade profissionalentre as gerações: dificilmente o pai do garimpeiro exerceu essa atividade e as aspirações para os filhosexcluem o garimpo. Faz referência ao tipo de família mais comum – a nuclear – aos laços de parentescoe ao papel relevante do compadrio. Considera adequados a alimentação e os hábitos de higiene, tantodos garimpeiros quanto de suas famílias. No que respeita à saúde, comprova a predominância da consultaaos curandeiros e aos medicamentos caseiros.

Faz um levantamento de crendices e superstições, com especial destaque ao que se refere à atividadede trabalho. Aponta a influência dos sonhos nas práticas diárias.

Finaliza com um glossário que esclarece a linguagem especial dos garimpeiros.

A ficha de resumo apresenta a essência do texto numa sintaxe elaborada pelo leitor. Emboraseja mais detalhada do que a ficha bibliográfica, não é longa. Os verbos devem ser ativos.

Page 24: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

2424

c) Ficha analítica (de comentário ou crítica)

MARCONI, Marina de Andrade. Garimpos e garimpeiros em Patrocínio Paulista. São Paulo:Conselho Estadual de Artes e Ciências Humanas, 1978, 152 p.

Caracteriza-se por uma coerência entre a parte descritiva, entre a consulta bibliográfica e apesquisa de campo. Tal harmonia difícil e às vezes não encontrada em todas as obras dá umafeição específica ao trabalho e revela sua importância.

Os dados, obtidos por levantamento próprio, com o emprego do formulário e entrevistas,caracterizam sua originalidade.

Foi dado especial destaque à fidelidade das denominações próprias, tanto das atividades degarimpo quanto do comportamento e atitudes ligadas ao mesmo.

O principal mérito é ter dado uma visão global do comportamento do garimpeiro, que difere daapresentada pelos escritores que abordam o assunto, mais superficiais em suas análises, eevidenciando a colaboração que o garimpeiro tem dado não apenas à cidade de Patrocínio Paulista,mas a outras regiões, pois o fruto de seu trabalho extrapola o município.

Carece de uma análise mais profunda da inter-relação entre o garimpeiro e o rurícola, em cujoambiente às vezes trabalha, e o citadino, ao lado de quem vive.

Essencial na análise das condições econômicas e sócio-culturais da atividade de mineração doNordeste Paulista.

Como está claro no exemplo, o leitor realiza uma interpretação crítica neste tipo de ficha.Esta análise pode ser feita em relação:

• ao conteúdo• à forma de apresentação• a outras obras etc.

Foi intenção, nesta primeira unidade, conscientizar você da necessidade de utilizar umametodologia de trabalho especialmente voltada para o ensino individualizado e fundamentada emtécnicas de estudo; elas ajudarão a desenvolver estudos com maior racionalidade, sistematizaçãoe aproveitamento. Esta postura é particularmente necessária nos cursos a distância, nos quais,embora você possa recorrer ao tutor, o seu processo de aprendizagem ocorre na maioria dasvezes de maneira solitária.

Exercícios

1. Elabore três diferentes tipos de fichas (citação, resumo e analítica) com base em umdos textos indicados para o curso ou outro mais acessível a você.

⇒ Se você desejar conhecer mais sobre o tema documentação, faça a leitura da parte III(Documentação) do livro de Chizzotti (2000).

⇒ Muito oportuna também é a leitura do texto Fichas, encontrado no livro de Lakatos (2001).

Enriqueça seu estudo

Page 25: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE I

2525

Esquematizando...

O Ato de Estudar

Para desenvolver { o espírito crítico a prática de trabalho técnico { é necessário adquirir o hábito de estudos sistemáticos e eficientes

através da utilização de métodos e técnicas adequados

O ensino superior exige do estudante:autonomia no processo de aprendizagem e postura de auto-atividade didática rigorosa, crítica e criativaprojeto de trabalho intelectual individualizado, apoiado em material didático e científico

Recursos de aprendizagem:bibliotecas de universidades, de outras instituições etc.rede de computadoresbiblioteca pessoalpalestrasencontrosseminárioscongressosmesas-redondasoutros

Aspectos a considerar no ato de estudar:domínio das técnicas de leituraprogramação das atividadesdivisão do tempo

Técnicas de LeituraPropósito da leitura:

investigaçãocríticacomparaçãoverificaçãoampliação/integração de conhecimentos

Procedimentos para identificar as idéias principais do autor:fazer leitura integralestabelecer unidades de leiturasublinharesquematizarresumir

A Leitura Analítica

A Documentação Pessoal

Documentação pessoal

Documentação pessoal: fichas e ficháriosVantagens da documentação pessoalO que documentarComo documentar

Leitura analítica Classificação das etapas da leitura analíticaEstudo aprofundado do texto: compreensão apreensão julgamento

Análise: textual temática interpretativa

Page 26: Metodologia da Pesquisa
Page 27: Metodologia da Pesquisa

O Conhecimento como Forma de Compreensão eTransformação da Realidade

Guia de estudo Carga horária: 04h

Un

idad

e I

IU

nid

ad

e I

I

OTNUSSA SOCIFÍCEPSESOVITEJBO SATSIVERPSAFERAT

edsamrofeoãçpecnoC.1,ocirípme:otnemicehnoc

eocifósolif,ocifítneicocigóloet

otnemicehnocoriugnitsiDsedadiladomsartuoedocifítneicaraplaicnesse,otnemicehnocod

edadilaerarednetne

5otxetododutsEedsamrofeseõçpecnoC"

"otnemicehnoc

soicícrexE

onemônef,otaf:aicnêiC.2eairoetadlepaP.airoete

odoãçurtsnocanotafodotnemicehnoc

euqlepaporecehnoceRansairoetesotafmahnepmesed

otnemicehnocodoãçurtsnoc

esotaF"6otxetododutsEodoãçurtsnocansairoet

"otnemicehnoc

soicícrexE

odutseuesaçeuqirnE

Page 28: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

2828

Texto 5Texto 5Concepções e Formas de Conhecimento

Os primeiros textos deste módulo mostraram que o estudioso necessita se apoiar eminstrumental teórico-metodológico para desenvolver seus conhecimentos não somente durante ocurso universitário, mas também por toda a vida profissional.

Nesta unidade (adaptada de Zentgraf, 1997b), você refletirá sobre o papel do conhecimentopara a compreensão e transformação do mundo.

Se não tivéssemos a capacidade de conhecer e de compreender, viveríamos submetidos àsleis da natureza, impossibilitados de transformar o mundo para atender às nossas necessidades.

A compreensão do mundo ocorre tanto em situações simples do cotidiano quanto nas complexas,em instituições e laboratórios científicos. O conhecimento se revela de forma teórico-prática.

Luckesi (2000) destaca os seguintes aspectos em relação ao conhecimento:• é social, é o indivíduo relacionado a outros que encontra saídas para os problemas da

realidade;• é histórico, para solucionar impasses da atualidade contamos com a contribuição do

passado;• é um modo de “iluminação da realidade”, mesmo quando se dá através de uma explicação

mágica;• é necessário para o progresso, para o atendimento às necessidades do ser humano;• pode ter uma função de libertação ou de opressão.

A realidade pode ser abordada de diferentes maneiras. Veja um exemplo adaptado deCervo (1996) que ilustra o que acabo de afirmar: se desejássemos obter um maior conhecimentosobre o homem, como deveríamos proceder?

Poderíamos analisar o seu aspecto externo, a sua aparência e dizer coisas a partir denossa experiência cotidiana ou do bom senso; ou então, investigar experimentalmente as relaçõesentre seus órgãos e respectivas funções; ou ainda, questionar a sua origem, sua liberdade e,finalmente, o que dele foi dito por Deus.

Neste exemplo, o pesquisador se depara com quatro diferentes abordagens do conhecimento:• conhecimento empírico ou popular• conhecimento científico• conhecimento filosófico• conhecimento teológico

Vamos analisar, a seguir, algumas características dessas diferentes abordagens.

Page 29: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE II

2929

O conhecimento empírico

Também chamado vulgar, é obtido ao acaso, baseado na experiência da vida cotidiana.Pode resultar de experiências repetidas, casuais, sem observação metódica ou de simplestransmissão de geração em geração. Apresenta as seguintes características:

• é superficial, conforma-se com a aparência, não chegando à essência das coisas;• é sensitivo, refere-se a vivências, a emoções da vida cotidiana;• é subjetivo, isto é, o próprio sujeito organiza suas experiências;• é assistemático, não se pretende uma organização das idéias;• é acrítico, não há a preocupação de análise, de chegar à verdade.

Apesar dessas restrições, o conhecimento vulgar, o senso comum, não deve sermenosprezado; constitui a base do saber e é bastante anterior ao aparecimento da ciência.

O conhecimento científico

A revolução científica, propriamente dita, ocorreu nos séculos XVI e XVII com Copérnico,Bacon, Galileu, Descartes e outros estudiosos. Daí para cá o desenvolvimento da ciência foi-seacelerando continuamente e hoje, com sua metodologia objetiva e rigorosa, abrange pesquisasem todas as áreas do mundo físico e humano. É um conhecimento real, lida com fatos. Difere doconhecimento filosófico porque suas proposições ou hipóteses são testadas pela experimentação,não só pela razão. É sistemático, é um saber ordenado logicamente, formando teorias. É verificável,as hipóteses não comprovadas não constituem conhecimento científico, e é falível, uma vez quenão é um conhecimento definitivo; novas pesquisas e proposições podem rever a teoria existente.

Difere também do conhecimento popular pelos métodos e instrumentos de apreensão doconhecimento. Explica Lakatos (1995, p. 14):

Saber que determinada planta necessita de uma quantidade “X” de água e que, se nãoa receber de forma “natural”, deve ser irrigada, pode ser um conhecimento verdadeiro ecomprovável, mas, nem por isso, científico. Para que isso ocorra, é necessário ir maisalém: conhecer a natureza dos vegetais, sua composição, seu ciclo de desenvolvimentoe as particularidades que distinguem uma espécie de outra.

Verifica-se, assim, que a diferença entre o conhecimento popular e o científico, no exemplodado, é basicamente a forma de observação.

O conhecimento filosófico

Difere do científico pelo objeto de investigação e pela metodologia. Como vimos, o objetoda ciência são os dados próximos, perceptíveis pelos sentidos ou por instrumentos, e verificáveispela experimentação. Quanto ao objeto da filosofia, explica Cervo (1996, p.10), “é constituído derealidades mediatas, não perceptíveis pelos sentidos e que, por serem de ordem supra-sensível,ultrapassam a experiência.”

Page 30: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

3030

O conhecimento filosófico é valorativo, pois parte de hipóteses não verificáveis; é racionalporque seus enunciados são logicamente relacionados; e é sistemático, pois suas hipótesesconstituem uma representação coerente da realidade. Procura compreender a realidade no contextomais universal e o sentido de tudo que envolve o homem. A filosofia questiona os conhecimentoscientíficos e técnicos, os fatos e problemas que envolvem o homem concreto: O progresso técnicobeneficia a humanidade? O que é valor, hoje?

O conhecimento teológico

É um conjunto de verdades aceitas pelos homens a partir da revelação divina. É o resultadoda fé humana na existência de uma ou mais divindades.

Apresenta respostas a questões não respondidas pelas outras modalidades do conhecimento.Apóia-se em doutrinas cujas proposições são sagradas por terem sido reveladas pelo sobrenatural;são verdades infalíveis, evidências nunca postas em dúvida nem verificáveis.

Lakatos (1995, p. 17) exemplifica a abordagem dos teólogos em contraposição à doscientistas frente à evolução das espécies, da seguinte maneira: “de um lado, as posições dosteólogos fundamentam-se nos ensinamentos de textos sagrados; de outro, os cientistas buscam,em suas pesquisas, fatos concretos capazes de comprovar (ou refutar) suas hipóteses.”

Sabedor das diferentes maneiras de aquisição do conhecimento, o estudioso terá condiçõesde refletir e se posicionar sobre o mesmo. Mas, para isso, necessita saber como chegar à verdade,tema da próxima seção.

Verdade-Evidência-Certeza

Ao tratar do conhecimento, vimos que a realidade é misteriosa, enigmática e através dacompreensão do entendimento ela se revela ao homem. Vimos também que o homem procuraentendê-la de diferentes maneiras e suas limitações dificultam a compreensão da realidade queé múltipla e complexa. Como, então, pode o homem chegar à verdade?

Vejamos o que diz Cervo (1996, p. 12):

Todos falam, discutem e querem estar com a verdade. Nenhum mortal, porém, é o donoda verdade. Isto porque o problema da verdade radica na finitude do homem, de umlado, e na complexidade e ocultamento do ser da realidade, de outro lado. [...] Aquilo quese manifesta, que aparece em dado momento, não é, certamente, a totalidade do objetoda realidade investigada. [...] Isto, porém, não invalida o esforço humano na busca daverdade, na procura incansável de decifrar os enigmas do universo. [...] Pode-se dizerque, em certas áreas, o homem já entendeu bastante daquilo que o ser é e manifesta: aconquista tecnológica, as viagens espaciais mostram quanto já foi aprendido, e isto graças,certamente, aos instrumentos científicos de que o homem se serviu para perceber e vero que os sentidos jamais teriam visto. [...] O desvelamento do ser das coisas supõe, eisto é inegável, a capacidade do homem de receber as mensagens; isto implica atenção,bons sentidos, bons instrumentos. [...] O método e os instrumentos são a alma de toda apesquisa científica, rumo à abertura do ser, à manifestação do ser ao conhecimento daverdade. [...]

Page 31: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE II

3131

Este trecho de Cervo leva-nos a refletir sobre o conhecimento científico e seus condicionantes:o rigor e o método, a utilização de instrumentos adequados e o espírito científico, essencial aopesquisador.

E continua Cervo (p. 13):

O que é, pois, a verdade? É o encontro do homem com o desvelamento, com odesocultamento e com a manifestação do ser. [...] Pode-se dizer que há verdade quandoo homem (inteligência) percebe e diz o ser que se desvela, que se manifesta. Há umacerta conformidade (grifo nosso) entre o que o homem julga e diz e aquilo que doobjeto se manifesta.

Como está claro, o homem pode conhecer o objeto de modo humano, imperfeito, atravésda representação do mesmo e das impressões que ele provoca. À medida que novas impressõesforem aparecendo, novos aspectos do objeto vão se tornando claros mas a totalidade nunca seráatingida, a verdade absoluta e total nunca será conhecida pelo homem.

Em muitas ocasiões, o homem, utilizando uma metodologia e instrumentos inadequados,chega a conclusões que não correspondem aos fatos e incide em erro. Ao longo da história sãomuitos os exemplos de erros, como o de Ptolomeu, ao afirmar o geocentrismo.

Para que a verdade, mesmo parcialmente, apareça, é necessário que ocorra a evidência. Oque é a evidência?

Evidência é manifestação clara, é transparência, é desocultamento e desvelamento doser. A respeito daquilo que se manifesta do ser, pode-se dizer uma verdade. Mas, comonem tudo se desvela de um ente, não se pode falar arbitrariamente sobre o que não sedesvelou. A evidência, o desvelamento, a manifestação do ser é, pois, o critério daverdade. (CERVO, 1996, p. 14).

O que entender pelas palavras de Cervo? Analise a partir de um exemplo: muitas vezes, oiniciante em pesquisas desenvolve um trabalho e, ao chegar aos resultados e conclusões domesmo, faz afirmações que não se referem às questões que pesquisou: portanto, não temevidências que demonstrem a veracidade de suas palavras e está falando de maneira arbitráriasobre o que não desvelou na sua pesquisa.

Por outro lado, se o pesquisador tiver chegado a evidências, poderá fazer afirmativas sem temorde engano, terá certeza sobre o que estudou; terá chegado à verdade sobre um determinado objeto.

E o que é a certeza? Explica Cervo (p. 14)

A certeza é o estado de espírito que consiste na adesão firme a uma verdade, sem temorde engano. Esse estado de espírito se fundamenta na evidência, no desvelamento do ser.[...]Relacionando o trinômio [verdade, evidência, certeza] poder-se-ia concluir dizendo:havendo evidência, isto é, se o objeto se desvela ou se manifesta com suficiente clareza,pode-se afirmar com certeza, isto é, sem temor de engano, uma verdade.

O espírito científico requer do pesquisador uma mente objetiva, crítica e racional. Soluçõesparciais, meias verdades, não condizem com a ciência. Muitas vezes, por falta de evidências queconduzam à certeza, outras situações se manifestam: a ignorância, a dúvida e a opinião.

Page 32: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

3232

Veja como Cervo se manifesta sobre esses estados de espírito:

Ignorância é um estado puramente negativo, que consiste na ausência de todoconhecimento relativo a qualquer objeto por falta total de desvelamento. [...]A dúvida é um estado de equilíbrio entre a afirmação e a negação. A dúvida é espontâneaquando o equilíbrio entre a afirmação e a negação resulta da falta do exame do pró e docontra. A dúvida refletida é o estado de equilíbrio que permanece após o exame dasrazões pró e contra. A dúvida metódica consiste na suspensão fictícia ou real, massempre provisória, do assentimento a uma asserção tida até então por certa para lhecontrolar o valor. A dúvida universal consiste em considerar toda asserção como incerta.É a dúvida dos céticos. (p. 14).

As definições de Cervo sobre os diferentes tipos de dúvida deixam bastante claro que ela éum estado de espírito bastante útil e necessário para o conhecimento científico. Quer seja adúvida refletida, quer seja a dúvida metódica, trata-se, sem dúvida, de uma etapa essencial àcompreensão do conhecimento, da evidência, da verdade.

A opinião é uma afirmativa sobre um objeto, mas sem certeza. Quem emite uma opinião temmedo de se enganar porque os argumentos em contrário são fortes e o sujeito não tem evidênciassuficientes para refutá-los. Imbuído do espírito científico que se constrói ao longo da vida, de possede instrumental metodológico e pesquisando a verdade com rigor e seriedade, o estudante tornar-se-á apto a enfrentar e solucionar os problemas que se apresentam na vida profissional.

Finalizando este texto, é oportuno trazer à nossa reflexão alguns trechos retirados de Morin(1999):

A evolução do conhecimento científico não é unicamente de crescimento e de extensãodo saber, mas também de transformações, de rupturas, de passagem de uma teoria paraoutra. As teorias científicas são mortais e são mortais por serem científicas. A visão quePopper registra com relação à evolução da ciência vem a ser a de uma seleção natural emque as teorias resistem durante algum tempo, não por serem verdadeiras, mas por seremas mais adaptadas ao estado contemporâneo dos conhecimentos. (p. 22).[...]Então, o que faz que uma teoria seja científica, se não for a sua “verdade”? Poppertrouxe a idéia capital que permite distinguir a teoria científica da doutrina (não científica):uma teoria é científica quando aceita que sua falsidade possa ser eventualmentedemonstrada. Uma doutrina, um dogma, encontram neles mesmos a autoverificaçãoincessante (referência ao pensamento sacralizado dos fundadores, certeza de que atese está definitivamente provada).[...]O conhecimento científico é certo, na medida em que se baseia em dados verificados eestá apto a fornecer previsões concretas. O progresso das certezas científicas, entretanto,não caminha na direção de uma grande certeza. (p. 23).[...]Podemos até dizer que, de Galileu a Einstein, de Laplace a Hubble, de Newton a Bohr,perdemos o trono da segurança que colocava nosso espírito no centro do universo:aprendemos que somos, nós cidadãos do planeta Terra, os suburbanos de um Solperiférico, ele próprio exilado no entorno de uma galáxia também periférica de um universomil vezes mais misterioso do que se teria podido imaginar há um século. O progressodas certezas científicas produz, portanto, o progresso da incerteza, uma incerteza “boa”,entretanto, que nos liberta de uma ilusão ingênua e nos desperta de um sonho lendário:é uma ignorância que se reconhece como ignorância. (p. 24).

Page 33: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE II

3333

Para orientá-lo em suas reflexões, leia as três questões a seguir:a) Você concorda com Morin quando ele afirma que a evolução do conhecimento científico pode não ser

apenas crescimento do saber, uma vez que, em muitas ocasiões, ocorre uma ruptura com o conhecido?b) A idéia defendida durante a Idade Média ocidental de que a Terra era plana era um dogma ou uma

teoria?c) Como o progresso das certezas científicas pode produzir o progresso da incerteza?

⇒ Para complementar os conteúdos relativos ao objetivo desta unidade, leia o texto “O conhecimentocientífico”, encontrado no livro de Köche (2001).

⇒ Recomendo também a leitura de Zaluar et al. (2000), matéria publicada no Jornal do Brasil, que levao leitor a refletir sobre questões éticas ligadas à pesquisa.

Enriqueça seu estudo

Exercícios

Com o auxílio do texto responda às questões:1. De que maneira o Homem desafia os mistérios que o Mundo lhe oferece tornando-o

um mundo cultural e transformando-o para atender as suas necessidades?2. Quais as características do conhecimento, segundo Luckesi?3. O que distingue o conhecimento popular do conhecimento científico? Exemplifique.4. Quais as principais diferenças entre o conhecimento filosófico e o científico e como

essas diferenças repercutem na metodologia empregada por filósofos e cientistas?5. Por que o conhecimento religioso é considerado infalível para os crentes e suas

evidências não são verificáveis?6. De que maneira diferentes formas de conhecimento podem coexistir na mesma pessoa?7. Jornal é uma fonte de conhecimentos em suas diferentes modalidades. Procure e

recorte exemplos das quatro modalidades que você analisou no texto estudado.8. Analise a situação apresentada a seguir, à luz do referencial teórico no texto:

“No século II, Claudio Ptolomeu formulou a teoria de que a Terra era o centro douniverso, com os planetas e o Sol girando ao seu redor. Somente no século XV,Nicolau Copérnico contestou a teoria de Ptolomeu, fundamentando-se em suaspróprias observações e analisando estudos de astrônomos. Copérnico concluiu queo Sol estava no centro do universo e a Terra juntamente com os demais planetasestavam envolvidos por uma ‘esfera de estrelas fixas’. A teoria de Ptolomeu é chamadade geocentrismo e a de Copérnico, de heliocentrismo. Hoje sabemos que o Sol não éo centro do universo, mas a Terra e os demais planetas giram ao seu redor”.

Concluída a análise, apresente por escrito suas conclusões. Se desejar, siga o seguinteroteiro:- conhecimento- conhecimento científico- verdade - evidência – certeza

Page 34: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

3434

Fatos e Teorias na Construção doConhecimento

No texto anterior foi abordado o conhecimento, em especial o conhecimento científico, objetodesta disciplina. Neste texto você e eu faremos algumas reflexões sobre ciência, fenômenos,fatos, leis e teorias.

Dentre os autores adotados neste curso, Lakatos (1995) serviu de orientação para odesenvolvimento deste texto. Ela apresenta e analisa diversos conceitos de ciência, dentre osquais o de Ander-Egg: “A ciência é um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis,obtidos metodicamente, sistematizados e verificáveis, que fazem referência a objetos de umamesma natureza.” (LAKATOS, 1995, p. 19)

Entretanto, devemos ter em mente o que afirma Morin (1999, p. 58):

A ciência não é uma operação de verificação das realidades triviais, ela é a descobertade um real escondido ou, como diz Espagnat, velado. Em contrapartida, é preciso citarque, no diálogo que a atividade científica estabelece com o mundo dos fenômenos, como mundo real que se oculta, há um problema de sacrifício de ambas as partes. Para quehaja uma aproximação e um diálogo entre a inteligência do homem e a realidade ou anatureza do mundo, são precisos sacrifícios enormes [...].

São características das ciências:a) objetivo ou finalidade - distinguir características comuns, leis e princípios que regulam

os eventos;b) função - ampliar e aperfeiçoar a relação do homem com a realidade através do

conhecimento;c) objeto

• material - tudo aquilo que se pretende conhecer ou verificar;• formal - enfoque especial das diversas ciências frente ao mesmo objeto material.

A grande diversidade de fenômenos que ocorrem no universo levou o homem a estudá-losdividindo-os em diversos ramos ou ciências específicas que têm sido grupadas de acordo comsua complexidade ou de acordo com seu conteúdo. Augusto Comte foi um dos primeiros aapresentar uma classificação para as ciências; a ele outros cientistas se seguiram. Lakatos (1995),baseando-se em Bunge, apresenta a seguinte classificação para as ciências:

a) formais - a lógica e a matemáticab) factuais - divididas em dois grupos

• naturais - física, química, biologia e outras• sociais - antropologia cultural, direito, economia, política, psicologia social, sociologia

e outras.

Texto 6Texto 6

Page 35: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE II

3535

A diferença básica entre os dois grandes grupos reside no objeto de estudo; as ciênciasformais estudam as idéias e as ciências factuais estudam os fatos. As primeiras, como amatemática, por exemplo, não têm relação com fatos da realidade e em conseqüência “não podemvaler-se dos contatos com essa realidade para convalidar suas fórmulas” (LAKATOS, 1995, p.25). Em conseqüência, usam a lógica. As segundas, como a física, estudam fatos que se supõeocorrer na realidade e, então, podem usar a observação e a experimentação para testar suashipóteses.

Outro aspecto a destacar é que as ciências formais podem demonstrar ou provar, enquantoas factuais verificam, comprovando ou refutando suas hipóteses. A demonstração é final, enquantoa verificação é provisória.

As reflexões já desenvolvidas ao longo desta unidade encontram-se resumidas na seguintepassagem:

[...] a finalidade da atividade científica é a obtenção da verdade, através da comprovaçãode hipóteses que, por sua vez, são pontes entre a observação da realidade e a teoriacientífica, que explica a realidade. O método é o conjunto de atividades sistemáticas eracionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo –conhecimentos válidos e verdadeiros –, traçando o caminho a ser seguido, detectandoerros e auxiliando as decisões do cientista. (LAKATOS, 1995, p. 40).

Não se pode falar dos ramos das ciências sem enfocar a posição de cientistas que seopõem a um excesso de especializações. Observe o que escreve Morin (1999, p. 10):

A pré-história da ciência ainda não está morta no fim do século 20. Mas, em toda parte,cada vez mais tende-se a ultrapassar, abrir, englobar as disciplinas, e elas aparecerão,pela ótica da ciência futura, como um momento de sua pré-história. Isso não significaque as distinções, as especializações, as competências devam dissolver-se. Isso significaque um princípio federador e organizador do saber deve impor-se.

Não é outra a posição do cientista Edward. O. Wilson, como mostra Godoy (1999), aocomentar o livro traduzido do cientista “A unidade do conhecimento. Consiliência”. O termoconsiliência é antigo, representava a idéia de uma só ciência defendida por iluministas na metadedo século XIX. Wilson afirma que há condições de superar a situação atual e reunir os várioscampos do conhecimento. Segundo Godoy, o argumento central do cientista é de que o trabalhomental é produto de atividades psicoquímicas do cérebro e suas interações com o corpo humano.Nesse sentido, as ciências exatas são necessárias para o desenvolvimento das ciências sociais ehumanas.

As ciências factuais, através do estudo metódico, sistemático e racional dos fatos, chegamao conhecimeto da realidade. O que são fatos?

Segundo Cohen e Nagel, citados por Lakatos (1995, p. 27), a palavra fato pode referir-se acoisas diferentes, dentre as quais interessam ao presente estudo: “coisas que existem no espaço

Page 36: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

3636

e no tempo (assim como as relações entre elas), em virtude das quais uma proposição é verdadeira.A função da hipótese é chegar aos fatos. [...]”

Veja o exemplo a seguir: a convivência de indivíduos heterogêneos, durante longo tempo,no seio de uma comunidade, leva à estratificação.

Existem exemplos clássicos de fatos que deram origem a leis e teorias. Arquimedes, porexemplo, ao se banhar percebeu que seu corpo perdia peso quando mergulhava na água. Estefato levou a uma lei da hidrostática.

Em suma, a realidade empírica se revela através de fatos; fato é qualquer coisa que existana realidade.

A ciência não se preocupa com casos individuais e sim com generalizações. Verifica osfatos particulares para, através deles, chegar a proposições gerais denominadas leis. A lei procuraexplicar os fenômenos da realidade, os aspectos invariáveis comuns a diferentes fenômenos.Quando o conhecimento a respeito de fatos ou de relações entre eles é amplo, temos uma teoria.

Explica Lakatos (1995, p.89) que, se o fato é uma observação empiricamente verificada, “ateoria se refere a relações entre fatos ou, em outras palavras, à ordenação significativa dessesfatos, consistindo em conceitos, classificações, correlações, generalizações, princípios, leis, regras,teoremas e axiomas”.

Esta conceituação leva a concluir que teoria e fato são os objetos de estudo dos cientistas;a teoria se baseia em fatos e a justaposição de fatos sem “um princípio de classificação (teoria),não produziria a ciência.” (p. 89). Logo, o desenvolvimento cientifico é “uma inter-relação constanteentre teoria e fato.” (p. 89).

Goode e Hatt, citados por Lakatos, estudaram o papel da teoria em relação aos fatos queapresento esquematicamente:

a) a teoria serve como orientação para restringir a amplitude dos fatos a serem estudados;

b) a teoria serve como sistema de conceptualização e de classificação dos fatos;

c) a teoria serve para resumir sinteticamente o que já se sabe sobre o objeto de estudo,através das generalizações empíricas e das inter-relações entre afirmações comprovadas;

d) a teoria serve para, baseando-se em fatos e relações já conhecidos, prever novos fatose relações;

e) a teoria serve para indicar os fatos e as relações que ainda não estão satisfatoriamenteexplicados e as áreas da realidade que demandam pesquisas.

Os fatos, por sua vez, também podem desempenhar função significativa na construção dateoria. Veja o que diz Lakatos:

a) um fato novo, uma descoberta, pode provocar o início de uma nova teoria;b) os fatos podem provocar a rejeição ou a reformulação de teorias já existentes;

Page 37: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE II

3737

Exercício

1. Realize uma leitura analítica deste texto, resumindo-o.

c) os fatos redefinem e esclarecem a teoria previamente estabelecida, no sentido de queafirmam em pormenores o que a teoria afirma em termos bem mais gerais;

d) os fatos descobertos e analisados pela pesquisa empírica exercem pressão paraesclarecer conceitos contidos na teoria.

Vimos, assim, que fatos e teorias se integram e se completam em função do objetivo daciência: a procura da verdade.

Chegamos ao final da Unidade II cujo tema foi o conhecimento. Você deve ter-sefamiliarizado com suas diferentes modalidades, bem como com a importância e característicasdo conhecimento científico como forma de libertação do Homem em relação ao mundo. Iniciou-se, também, no entendimento do modo específico que a ciência adota para conhecer a realidade:a verificação de fatos e a inter-relação entre os mesmos (leis e teorias). Na próxima Unidadevamos aprofundar os procedimentos científicos para a produção do conhecimento.

⇒ A leitura do capítulo 2 de Köche (2001) “Ciência e método: uma visão histórica” propiciará umaanálise das ciências grega, moderna e contemporânea.

⇒ A leitura do texto “O problema metodológico da pesquisa”, itens 1 e 2, levará o leitor a fazer umarevisão dos conceitos de fato, fenômeno, leis e teorias. (Rudio, 2000).

Enriqueça seu estudo

Page 38: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

3838

Esquematizando...

Concepções e Formas de ConhecimentoConhecimento - forma teórico-prática e prático-teórica de compreender a realidade que nos cerca.

é socialé histórico

Aspectos do conhecimento é um modo de iluminação da realidadeé necessário para o progressopode ter função de libertação ou de opressão

Abordagens do conhecimentoempírico (vulgar ou popular) - superficial, sensitivo, subjetivo, assistemático, a-críticocientífico - real, sistemático, verificável, falívelfilosófico - valorativo, racional, sistemáticoteológico - verdades aceitas pelos homens a partir da revelação divina

Verdade-Evidência-CertezaVerdade - é o encontro do homem com o desvelamento do serEvidência - é a manifestação clara do ser; é o critério da verdadeCerteza - é a adesão firme a uma verdadeIgnorância - é a ausência de conhecimento relativo a um objeto por falta de desvelamentoDúvida - estado de equilíbrio entre afirmação e negaçãoOpinião - afirmativa sobre um objeto, mas sem certeza

Fatos e Teorias na Construção do ConhecimentoCiência - conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente, sistematizados e

verificáveis, que fazem referência a objetos de uma mesma natureza.

objetivo - distinguir características comuns aos eventosCaracterização das ciências função - ampliar e aperfeiçoar a relação homem x realidade

objeto - material e formal

Classificação das ciências

estudam as idéiasFormais Exemplos: Lógica e Matemática

podem demonstrar ou provar

estudam os fatos

Ciências Naturais Exemplos: Física, Química

Factuais Ciências Sociais Exemplos: Antropologia Cultural,

Psicologia, Sociologia, Direito

Fato - qualquer coisa que exista na realidadeFenômeno - percepção que se tem do fatoTeoria - relações entre fatos, isto é, sua ordenação significativa - conceitos, classificações, generalizações, princípios, leisDesenvolvimento científico - inter-relação constante entre teoria e fato• Papel da teoria em relação aos fatos• Papel dos fatos na construção da teoria

Page 39: Metodologia da Pesquisa

A Produção e Transmissão do ConhecimentoAtravés da Pesquisa Científica

Guia de estudo Carga horária: 05h

Un

idad

e I

IIU

nid

ad

e I

II

OTNUSSA SOCIFÍCEPSESOVITEJBO SATSIVERPSAFERAT

eodacifingis,edadilaniF.1asiuqsepedsedadiladom

acifítneic

riugnitsideasiuqseprautiecnoCsedadiladomsetnerefidsaus

asiuqseP"7otxetododutsEeotiecnoc:acifítneic

"sedadiladom

soicícrexE

megadrobA.2asiuqsepadacigólodotem

samgidaraP.acifítneicedadilautaansetnatilfnoc

samgidarapsetnerefidracifitnedIasiuqsepadsocigólodotem

acifítneic

samgidaraP"8otxetododutsEasiuqsepadsocigólodotem

"acifítneic

soicícrexE

odutseuesaçeuqirnE

Page 40: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

4040

Pesquisa Científica: conceito e modalidades

O conhecimento científico, como ficou evidente na Unidade II, é essencial para que o Homementenda a realidade e a transforme.

Como obter, então, o conhecimento científico?

A maneira específica utilizada pela ciência para a obtenção do conhecimento científico éatravés da pesquisa.

Cabe, então, perguntar: o que é pesquisa?

Pode-se definir pesquisa como o procedimento racional e sistemático que tem comoobjetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa é requeridaquando não se dispõe de informação suficiente para responder ao problema, ou entãoquando a informação disponível se encontra em tal estado de desordem que não possaser adequadamente relacionada ao problema. A pesquisa é desenvolvida mediante oconcurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos, técnicase outros procedimentos científicos. Na realidade, a pesquisa desenvolve-se ao longo deum processo que envolve inúmeras fases, desde a adequada formulação do problemaaté a satisfatória apresentação dos resultados (GIL, 1996, p. 19).

A produção do conhecimento científico, como ficou claro na definição acima, parte daproblematização de uma situação que é investigada através da pesquisa; para esta investigaçãoempregam-se metodologia e técnicas científicas e utilizam-se como pressupostos iniciaisconhecimentos já existentes sobre a questão.

A pesquisa tem diferentes objetivos. A pesquisa pura é aquela realizada por questões deordem intelectual; amplia o saber, estabelece princípios científicos.

A pesquisa aplicada é realizada por questões imediatas, de cunho prático; busca soluçõespara problemas concretos.

São elementos essenciais à pesquisa: a dúvida ou problema, método científico e a respostaou solução.

A pesquisa varia de acordo com a qualificação do investigador; o objetivo daqueles que seiniciam é aprender a metodologia e as técnicas, seguindo os passos dos pesquisadoresprofissionais. Neste caso, a pesquisa será um resumo de assunto, diferente da pesquisa originalelaborada pelo pesquisador profissional. Apesar de não se tratar de pesquisa original, a pesquisaresumo exige a utilização dos métodos científicos empregados naquela.

Quanto à pesquisa original, caracteriza-se por apresentar resultados que são novasconquistas para a área de conhecimento investigada.

Texto 7Texto 7

Page 41: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE III

4141

Neste ponto, aproveito para lembrar que incentivar o espírito crítico, a curiosidade, o hábitoda pesquisa é papel do professor; veja o que diz Demo sobre o assunto:

Pesquisar não é somente produzir conhecimento, é sobretudo aprender em sentidocriativo. É possível aprender escutando aulas, tomando nota, mas aprende-se de verdadequando se parte para a elaboração própria, motivando o surgimento do pesquisador,que aprende construindo. [...] Dialogar com a realidade talvez seja a definição maisapropriada de pesquisa, porque a apanha como princípio científico e educativo. Quemsabe dialogar com a realidade de modo crítico e criativo faz da pesquisa condição devida, progresso e cidadania. Não faz sentido dizer que o pesquisador surge na pós-graduação, quando, pela primeira vez na vida, dialoga com a realidade e escreve trabalhocientífico. Se a nossa proposta for correta, ou pelo menos aceitável, a pesquisa começana infância e está em toda a vida social. Educação criativa começa na e vive da pesquisa,desde o primeiro dia de vida da criança. (DEMO, 1992, p. 44).

Métodos e técnicas na pesquisa científica

Existem diferentes maneiras de conceituar métodos e técnicas. Neste trabalho adoto aposição de Cervo, para quem as técnicas são procedimentos científicos empregados por umaciência determinada. Como exemplo, cito as técnicas específicas para testes de laboratório, paralevantamento de opinião de massa, para determinar a antigüidade em função do carbono etc.

Há, entretanto, procedimentos que são utilizados pela totalidade ou quase totalidade dasciências; neste caso, estamos na presença do método. Diz Cervo (1996, p. 46), “métodos sãotécnicas suficientemente gerais para se tornarem procedimentos comuns a uma área das ciênciasou a todas as ciências”.

Desse modo, existem procedimentos que são idênticos em todas as ciências e que sãoutilizados em quase todas as pesquisas. São eles:

a) formular questões ou propor problemas e levantar hipóteses;

b) efetuar observações e medidas;

c) registrar tão cuidadosamente quanto possível os dados observados com o intuito deresponder às perguntas formuladas ou comprovar a hipótese levantada;

d) elaborar explicações ou rever conclusões, idéias ou opiniões que estejam em desacordocom as observações ou com as respostas resultantes;

e) generalizar, isto é, estender as conclusões obtidas a todos os casos que envolvemcondições similares; a generalização é tarefa do processo chamado indução;

f) prever ou predizer, isto é, antecipar que, dadas certas condições, é de se esperar quesurjam certas relações.

Esta metodologia é complementada com técnicas que são específicas para as diferentesciências.

Page 42: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

4242

Modalidades ou tipos de pesquisa

O homem pode investigar a realidade sob os mais variados aspectos, em diferentes níveis deprofundidade e com diferentes objetivos. Em conseqüência, existem diferentes tipos de pesquisaque são classificados pelos autores segundo diferentes critérios. Assim, as pesquisas podem sergrupadas segundo a área do conhecimento em pesquisas históricas, educacionais etc.; segundo olugar em que se desenvolvem, em pesquisas de laboratório, de campo; segundo a sua utilização,em pesquisa pura ou aplicada; segundo o caráter dos dados coletados, em pesquisa quantitativa ouqualitativa; segundo a forma de raciocínio, em pesquisa indutiva ou dedutiva etc.

Cervo adota como critério para classificação o procedimento geral utilizado. De acordo comeste critério, ele apresenta os seguintes tipos de pesquisa: bibliográfica, descritiva e experimental.

A pesquisa bibliográfica investiga o problema a partir do referencial teórico existente emdocumentos e publicações. Ela é a pesquisa por excelência na área das ciências humanas; alémde pesquisa original é também utilizada como pesquisa resumo para os iniciantes. Desde agraduação os alunos devem ser iniciados nesta modalidade de pesquisa, uma vez que ela étambém a primeira etapa das pesquisas descritiva e experimental. Nas próximas unidades voltareia tratar deste tipo de pesquisa.

A pesquisa descritiva caracteriza-se por estudar fatos e fenômenos físicos e humanossem que o pesquisador interfira. Procura evidenciar, com a precisão possível, a ocorrência de umfenômeno, sua relação e conexão com outros e suas características. O pesquisador utiliza técnicasde observação, registro, análise e correlação de fatos sem manipulá-los.

Esta modalidade de pesquisa é utilizada, principalmente, pelas ciências sociais e humanas;permite investigar e conhecer situações e relações que se desenvolvem na vida política, social,econômica etc. Cervo destaca as seguintes subdivisões ou formas de pesquisa descritiva:

a) estudos exploratórios, também chamados de pesquisa quase científica, não elaboramhipóteses a serem testadas; definem objetivos e buscam maiores informações sobredeterminado assunto em estudo. Recomenda-se esta forma de pesquisa quando seprecisa ampliar conhecimentos sobre o problema a ser investigado.

b) estudos descritivos ocupam-se do estudo e descrição das propriedades ou relaçõesexistentes na realidade pesquisada; assim, como os estudos exploratórios, auxiliam aformulação clara de um problema e de hipóteses, em pesquisas mais amplas.

c) pesquisa de opinião abrange uma gama muito grande de investigações visando descobrirtendências, interesses, procedimentos etc. com o objetivo de tomada de decisões.

d) pesquisa de motivação procura as razões ocultas que determinam a preferência pordeterminado produto, certas atitudes etc.

e) estudo de caso, pesquisa sobre determinado indivíduo, grupo ou comunidade com oobjetivo de investigar vários aspectos da vida cotidiana do investigado.

f) pesquisa documental estuda a realidade atual, sendo, portanto, diferente da pesquisahistórica; investiga documentos com o objetivo de descrever e comparar diferentestendências, usos e costumes etc.

Page 43: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE III

4343

⇒ Através da leitura do texto “Pesquisa descritiva e pesquisa experimental” (Rudio, 2000), você teráoportunidade de ampliar a noção de “variáveis” e suas diferentes modalidades, bem como aprofundaras noções sobre os tipos de pesquisa estudados.

Enriqueça seu estudo

Em todas essas formas, a coleta de dados da realidade presente é a técnica por excelência;para tanto, o pesquisador utiliza como instrumentos a observação, o questionário e a entrevista,que serão abordados na Unidade IV.

A pesquisa experimental caracteriza-se por manipular diretamente as variáveis relacionadascom o objeto de estudo. São criadas situações de controle e interfere-se na realidade, “manipulando-se a variável independente a fim de observar o que acontece com a dependente.” (Cervo, 1996, p. 51).

Enquanto a pesquisa descritiva procura explicar e interpretar os fenômenos que ocorrem, apesquisa experimental pretende explicar as causas e a maneira pela qual o fenômeno é produzido.Modernamente, a tecnologia oferece ao pesquisador aparelhos e instrumentos que permitematingir os seus objetivos, tornando perceptíveis as relações existentes entre as variáveis.

Concluímos aqui este texto esperando que você adote a pesquisa como forma de conhecera realidade que o cerca e desenvolva, em seus alunos, hábitos de estudo que favoreçam osurgimento do espírito científico.

Exercícios

1. Enumere três características da pesquisa científica.

2. Você concorda com a afirmativa de que o estudante universitário que se inicia napesquisa e o pesquisador profissional têm objetivos distintos? Justifique.

3. Que características precisa ter um trabalho científico para ser considerado pesquisapura ou pesquisa aplicada?

4. Qual a diferença entre a pesquisa original e a pesquisa resumo?

5. Uma das características da pesquisa científica é o emprego de procedimentoscientíficos. Que nome recebem esses procedimentos e como Cervo os define?

6. Qual o objetivo da pesquisa bibliográfica?

7. Cite uma diferença entre a pesquisa descritiva e a pesquisa experimental.

8. Faça um esquema representando as subdivisões da pesquisa descritiva citadas porCervo.

9. Os cientistas usam diferentes critérios para classificar as pesquisas. Que critérioadota Cervo para classificar as pesquisas em bibliográfica, descritiva e experimental?

Page 44: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

4444

Texto 8Texto 8

Paradigmas Metodológicos daPesquisa Científica

Vimos no texto anterior que a pesquisa é o meio por excelência de se obter o conhecimentoe que a mesma se apresenta sob diferentes modalidades, em conseqüência da amplitude eenfoque da realidade investigada pelas ciências. Chizzotti (2000, p. 11) explica que “Transformaro mundo, criar objetos e concepções, encontrar explicações e avançar previsões, trabalhar anatureza e elaborar as suas ações e idéias são fins subjacentes a todo esforço de pesquisa.”

A pesquisa científica, entretanto, distingue-se de outras modalidades de investigação pelosmétodos e técnicas utilizados, por estar voltada para a realidade empírica e pela maneira de transmitiro conhecimento obtido.

No século atual, duas tendências conflitantes predominam na comunidade científica; umparadigma adota a pesquisa utilizada nas ciências naturais para explicar os fatos e fazer previsõesem outras áreas; o outro, defende uma metodologia, uma lógica própria para a investigação dosfenômenos humanos e sociais a partir do contexto concreto em que os mesmos ocorrem.

A fundamentação do primeiro paradigma se encontra no Positivismo de A. Comte para oestudo dos fatos sociais e no Empirismo de Mill para a investigação de fenômenos psicológicos.Nesta linha, Pareto e Durkheim estenderam este paradigma experimental à análise da sociedade.

[...] As interpretações de Parsons (1902-1979) sobre Pareto, Durkheim e Weber, a respeitodos fatos sociais, desdobraram-se em uma concepção estrutural, funcionalista dasociedade. Essa concepção se difundiu nos meios acadêmicos norte-americanos econstituiu-se em um método de análise e explicação dos fenômenos sociais (CHIZZOTTI,2000, p. 131).

Apesar da grande influência desse paradigma, outras concepções se desenvolveram. Já nocomeço do século XX, nos meios acadêmicos alemães incentivam-se as discussões metodológicassobre as ciências humanas, critica-se a adoção de modelos das ciências da natureza para explicar asciências do homem e novos caminhos vão surgir para a compreensão das ciências humanas e sociais.

No Brasil, a partir da década de oitenta, pesquisadores começaram a mostrar insatisfaçãocom a utilização de métodos experimentais na área humana, uma vez que não levavam à soluçãode problemas prementes. Era necessário encontrar formas alternativas de investigação que,partindo de outros pressupostos, adotassem um paradigma que se adaptasse às especificidadesda área. As pesquisas quantitativas – descritivas e experimentais –, embora importantes e

Page 45: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE III

4545

prestando grandes serviços à pesquisa social, não eliminaram os desafios da realidade fluida domundo das variáveis neste campo. Começa-se, então, a adotar novas abordagens e metodologiasde investigação ligadas ao paradigma das Ciências Humanas, visando superar limitações nãosuperadas pelas pesquisas até então desenvolvidas. São as metodologias qualitativas; sobreelas, explica Lüdke:

Apesar da crescente popularidade dessas metodologias, ainda parecem existir muitasdúvidas sobre o que realmente caracteriza uma pesquisa qualitativa, quando é ou nãoadequado utilizá-la e como se coloca a questão do rigor científico nesse tipo deinvestigação. Outro aspecto que também parece gerar ainda muita confusão é o uso determos como pesquisa qualitativa, etnográfica, naturalística, participante, estudo de casoe estudo de campo, muitas vezes empregados indevidamente como equivalentes.(LÜDKE, 2001, p. 11).

Bogdan e Biklen, citados por Lüdke, afirmam que a pesquisa qualitativa ou naturalísticautiliza dados descritivos obtidos pelo pesquisador no contato com a situação em estudo, enfatizao processo e leva em consideração a perspectiva dos participantes. Citam as pesquisas do tipoetnográfico e o estudo de caso como pesquisas qualitativas que vêm tendo grande aceitaçãona área educacional.

Em síntese, podemos afirmar que a pesquisa qualitativa envolve várias correntes depesquisa baseadas em pressupostos contrários ao modelo experimental e emprega métodos etécnicas muitas vezes diferentes daqueles adotados neste modelo. Os cientistas favoráveis àpesquisa qualitativa são contrários ao paradigma positivista que adota um padrão único de pesquisacalcado no modelo das ciências naturais para todos os ramos da ciência. Afirmam que aespecificidade das ciências humanas é o estudo do comportamento humano e social, o quejustifica uma metodologia própria. “Em oposição ao método experimental, estes cientistas optampelo método clínico (a descrição do homem em um dado momento, em uma dada cultura) e pelométodo histórico-antropológico, que capta os aspectos específicos dos dados e acontecimentosno contexto em que acontecem.” (CHIZZOTTI, 2000, p. 79).

Entre a polêmica suscitada pelos que defendem uma só metodologia científica calcada nasciências naturais e aqueles que consideram o fenômeno humano tão específico que necessita demetodologia totalmente diferente daquela das ciências naturais, acompanho Demo (1985), queadota uma posição intermediária, explicando que muito da abordagem das ciências naturaisvale igualmente para as humanas, como, por exemplo, as regras lógicas do conhecimento. Estefato não invalida a necessidade de que as ciências humanas tenham uma metodologia específica“porque o fenômeno humano possui componentes irredutíveis às características da realidadeexata e natural.” (p. 13).

Existem procedimentos comuns a todas ou quase todas as ciências e procedimentosespecíficos decorrentes das características particulares de cada uma. Na próxima Unidade, serãoabordados os procedimentos comuns às ciências e que se concretizam nos projetos de pesquisa.

Page 46: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

4646

Exercícios

1. Faça uma consulta a obras de referência, livros de Filosofia ou História das Ciênciase transcreva o significado dos termos “positivismo” e “empirismo”.

2. Localize, em livros de Sociologia, o significado de “concepção funcionalista dasociedade”.

3. Discorra sobre os dois paradigmas da ciência que se contrapõem na atualidade.

4. Você concorda com a posição de Demo sobre os atuais paradigmas? Justifique.

5. Discorra sobre a tendência predominante nas pesquisas educacionais realizadas naatualidade.

Esquematizando...

Pesquisa Científica: conceitos e modalidadesPesquisa - procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que

são propostos para obtenção do conhecimento científico.Pesquisa pura - realizada por questões de ordem intelectual.Pesquisa aplicada - realizada por questões imediatas, práticas.Elementos essenciais da pesquisa - a dúvida ou problema, o método científico e a resposta ou solução.Técnicas - procedimentos científicos empregados por uma determinada ciência.Métodos - técnicas gerais, comuns a uma área das ciências ou a todas as ciências.Modalidades ou tipos de pesquisa:

bibliográfica - investiga o problema a partir do referencial teórico existente em publicaçõesdescritiva - estuda fatos e fenômenos físicos e humanos sem que o pesquisador interfiraexperimental - manipula diretamente as variáveis relacionadas com o objeto de estudoqualitativa - envolve várias correntes de pesquisa que empregam técnicas específicas das ciências humanas e sociais.

Paradigmas Metodológicos da Pesquisa CientíficaPesquisa científica - difere de outras modalidades de investigação pelos métodos e técnicas utilizados, pela maneira

de transmitir o conhecimento obtido e por estar voltada para a realidade empírica.Paradigmas:a) utilização da pesquisa nas ciências naturais para explicar os fatos e fazer previsões;b) metodologia própria para a investigação dos fenômenos humanos e sociais a partir do contexto concreto em que

os mesmos ocorrem. Nessa linha encontra-se a pesquisa qualitativa.Pesquisa qualitativa ou naturalística - utiliza dados descritivos, enfatiza o processo e a perspectiva dos participantes.Posição intermediária entre os dois paradigmas - muito da abordagem das ciências naturais vale igualmente para

as ciências humanas que a isto somam a necessidade demetodologia específica.

⇒ Para aprofundamento desta Unidade muito contribuirá a leitura de dois textos de Demo (1985):

1 - Introdução ao ensino da metodologia da ciência.

2 - A construção científica.

Enriqueça seu estudo

Page 47: Metodologia da Pesquisa

Etapas do Processo de Produção dePesquisas Científicas

Guia de estudo Carga horária: 20h Un

idad

e I

VU

nid

ad

e I

V

OTNUSSA SOCIFÍCEPSESOVITEJBO SATSIVERPSAFERAT

eoãçpecnocadacigólA.1edotejorpodoãçurtsnoc

,amelborp,amet:asiuqsep,sociróetsotsopusserp

,seõtseuq,sovitejboeamargonorc,aigolodotem

sosrucer

euqacigólarecehnoceRedsetrapsetnerefidsaassaprepritrapa,asiuqsepedotejorpmu

zirtamamuedoãçurtsnocad

adacigólA"9otxetododutsEedotejorpodoãçpecnoc

"asiuqsep

soicícrexE

aeotnemajenalpO.2sasiuqsepedoãçucexe

esacifárgoilbibsiatnemucod

asiuqseparaziretcaraCaarapsacincétsaeacifárgoilbib

oãçazilaeraus

01otxetododutsE"acifárgoilbibasiuqsepA"

soicícrexE

aeotnemajenalpO.3sasiuqsepedoãçucexe

siatnemirepxeesavitircsed

sasiuqsepraziretcaraCsaesiatnemirepxeesavitircsed

oãçazilaerausaarapsacincét

sasiuqseP"11otxetododutsE"siatnemirepxeesavitircsed

soicícrexE

aeotnemajenalpO.4sasiuqsepedoãçucexe

savitatilauq

sasiuqsepsaraziretcaraCaarapsacincétsaesavitatilauq

oãçazilaeraus

sasiuqseP"21otxetododutsE"savitatilauq

soicícrexE

odutseuesaçeuqirnE

Page 48: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

4848

Texto 9Texto 9

A Lógica da Concepção doProjeto de Pesquisa

Ficou claro no texto “Paradigmas Metodológicos da Pesquisa Científica” que atualmentedois grandes paradigmas se contrapõem no estudo das ciências, um primeiro, seguido pelasciências naturais e que pretende estender os procedimentos usados nestas ciências às ciênciashumanas e um segundo, que vem ganhando corpo entre os cientistas sociais e que pretende umametodologia de pesquisa totalmente diferente para as ciências do homem. Esta segunda posturaainda apresenta muitos pontos obscuros, principalmente frente ao rigor e sistematizaçãotradicionalmente exigidos nas pesquisas científicas. Diante desta situação, muitos pesquisadorestêm adotado uma postura intermediária, eliminando o exagero que caracteriza as pesquisaspositivistas, sem contudo abandonar totalmente os procedimentos para elaboração edesenvolvimento de projetos de pesquisa científica.

Seguindo esta posição intermediária, apresentarei a você a lógica de concepção de umprojeto de pesquisa.

A 1ª etapa na concepção de uma pesquisa a ser realizada é a escolha do tema. Diz Castro(in Zentgraf, 1997b) que uma escolha mal feita torna a pesquisa inviável.

Desse modo, o pesquisador necessita adotar critérios na seleção do tema. Inicialmente,deve-se considerar como pré-requisito que o tema da pesquisa esteja relacionado à áreaprofissional do investigador. Na sua própria área, ele terá experiência e visão mais detalhada dasquestões, limitações e problemas que ocorrem no cotidiano.

Muito interessante também é seguir o roteiro que Castro sugere para discussão do assuntoda pesquisa e que se resume no seguinte: uma tese deve ser original, importante e viável. Eexplica ele que, embora seja relativamente fácil atender a um ou dois desses critérios, o mesmonão ocorre quando se trata dos três. Veja os exemplos que ele dá:

Um projeto de pesquisa que buscasse descobrir o elixir da juventude seria importante eoriginal, porém de viabilidade duvidosa. Uma pesquisa que buscasse medir a deserçãono ensino primário estaria tratando de um tema importante e viável não trazendo, contudo,qualquer originalidade; uma pesquisa sobre a cor da roupa que os alunos trajam para irfazer exame vestibular seria original e viável, porém destituída de importância (CASTRO,in ZENTGRAF, 1997b, p. 49).

Quando se pode afirmar que um tema é importante?

De modo geral isto ocorre em duas situações: a) quando diz respeito a um segmentorelativamente grande da sociedade; b) quando se relaciona a uma questão teórica cuja solução éuma contribuição para a literatura especializada.

Page 49: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE IV

4949

O que significa um tema original?

Um tema é original quando seus resultados nos surpreendem. Neste aspecto convém destacarque, quanto mais investigado for um problema, menos chance haverá de revelar novas facetas. Oexemplo transcrito de Castro em relação a um tema de pesquisa que abordasse a evasão do ensinoprimário mostra claramente se tratar de um tema que dificilmente apontará fatos novos.

E quanto à viabilidade?

Este critério é facilmente operacionalizado; é decorrência da análise de alguns itens tais como:prazos, recursos financeiros, disponibilidade de informações, teorias já existentes a respeito etc. Nãosendo possível o atendimento a esses itens, pode-se concretamente afirmar que o tema é inviável.

Feitas essas considerações sobre a escolha do tema, será abordada a seguir a definição doproblema. Sim, porque um tema ainda não é um problema.

O que é então um problema?

Um problema é uma questão não resolvida e que é objeto de discussão, em qualquerdomínio do conhecimento. O pesquisador, no entanto, precisa verificar se o problema que pretendeinvestigar se enquadra na categoria de científico. Gil (1996, p. 27) afirma que “um problema é denatureza científica quando envolve variáveis que podem ser tidas como testáveis.”

Ele dá algumas “dicas” para a formulação de problemas científicos. Assim, aconselhareflexão sistemática sobre o objeto, consulta à literatura que trata do tema, discussão e entrevistasenvolvendo especialistas no assunto. E mais: elaborar questionamentos em torno do problema;formular o problema de maneira clara, objetiva; escolher problemas concretos e passíveis de solução.

Muitas vezes, para clarificar o problema realizam-se estudos exploratórios e descritivos,modalidades da pesquisa descritiva que você já estudou na Unidade III.

Um iniciante em pesquisa que desejasse investigar o ensino fundamental estaria enfocandoum tema demasiado genérico. Como problematizá-lo?

Se levantasse alguns questionamentos em torno do assunto, tais como: de que maneira éfeita a distribuição de vagas e a absorção do alunado? Qual a integração dos currículos com ocontexto social nas escolas públicas do ensino fundamental no município do Rio de Janeiro? etc.estaria começando a delinear diferentes problemas relacionados ao ensino fundamental atravésde perguntas precisas e definidas.

Muitas vezes o problema está formulado de maneira a levar a conclusões subjetivas e nãoobjetivas como devem ser as investigações científicas. É o caso, por exemplo, de se pesquisar aqualidade do ensino das universidades públicas.

Devem-se transformar os conceitos abstratos, como qualidade, em indicadores empíricosque caracterizem a qualidade de ensino. Por exemplo: o nível de formação de professores, a produçãocientífica etc., que, pesquisados, serão indicadores da qualidade do ensino nas universidades.

Page 50: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

5050

Escolhido o tema e tornado o assunto pesquisável através da problematização, devem-seestabelecer os pressupostos teóricos que servirão de fundamento à pesquisa, terceira etapana concepção do projeto.

Os pressupostos são as teorias, as teses, os pontos de vista já existentes sobre a questãoa ser pesquisada e que servirão de base ao estudo.

Para conhecer e optar pelos pressupostos que direcionarão o estudo, o pesquisador deveráfazer uma pequena pesquisa bibliográfica sobre o problema.

A etapa seguinte é estabelecer o objetivo da pesquisa, isto é, até onde o pesquisador pretendechegar com sua investigação. Veja-se a lógica que envolve as várias etapas aqui expostas. O tema(o que investigar) foi desdobrado em um problema que pressupõe estudos teóricos que servirão debase ao objetivo que o pesquisador pretende alcançar. Para alcançar o objetivo final, o pesquisadortrabalhará com questões ou objetivos específicos que, respondidos, levarão ao alcance do objetivofinal da pesquisa. Poderá também trabalhar com hipóteses respostas provisórias ao problema emestudo que poderão ser confirmadas ou refutadas.

Sobre as hipóteses, algumas considerações de Gil (1996) explicam ser a hipótese umaproposição ou expressão verbal suscetível de ser declarada verdadeira ou falsa; é, portanto, uma“proposição estável que pode vir a ser a solução do problema.” (p.35).

Prosseguindo, o pesquisador explicita no projeto como vai trabalhar para chegar ao quepretende: a metodologia que adotará e as técnicas que utilizará.

Na pesquisa descritiva faz-se a exposição detalhada de todos os passos da coleta eregistro de dados. Quem? Quando? Onde? Como? Expõem-se também as dificuldades, asprecauções, o controle e as técnicas a serem usadas, tais como entrevistas e questionários.

Se a pesquisa for experimental, detalham-se os procedimentos de observação, amanipulação das variáveis, tipo de experimento e registro de resultados.

Nas pesquisas qualitativas, entretanto, as técnicas se estabelecem durante a pesquisa,num processo de idas e voltas. Não há um rígido planejamento prévio. (THIOLLENT, 2002).

A pesquisa bibliográfica será objeto de um texto em separado. O necessário agora é passar-lhe a idéia da lógica das diferentes partes de um projeto e, também, um fato importante, que éfazê-lo entender que esses itens não são rígidos, variam de pesquisa a pesquisa.

A matriz para montagem e avaliação de projetos

Com a finalidade de facilitar a montagem de projetos de pesquisa, Moulin (in Zentgraf,1997b) recomenda que primeiramente seja construída uma matriz, onde, de forma esquemática,o pesquisador registra as etapas do projeto, podendo verificar a lógica e coerência entre elas.

Observe o modelo de matriz contendo as etapas essenciais do projeto.

Page 51: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE IV

5151

Matriz analítica para montagem e avaliação de projetosTema:Título:

Fonte: Moulin, [1996], p. 81.

Agora, você terá oportunidade de analisar uma matriz preenchida com os dados fundamentaisde um projeto. É apenas um exemplo, existem inúmeras outras maneiras igualmente válidas.

Tema: Educação e currículo

Título: Projeto de reformulação curricular das escolas técnicas federais

Situação-problema

Pressupostosteóricos

Definição dosobjetivos do estudo

Questões do estudoe/ou hipóteses

Procedimentos(metodologia)

Quereformulaçõesserãonecessáriaspara que osatuaiscurrículos dasescolastécnicasatendam aoavançotécnico-científicodesse final deséculo?

Autores comoLibâneo (1996) eSnyders (1981),dentre outros,vêm defendendoa idéia de serever a questãocurricular dentrodo enfoquehistórico-críticoda educação. Ocurrículo dequase todas asescolas hojesegue o modelotécnico-linearproposto porRalph Tyler(1978).

1) Evidenciarabordagens teóricasque fundamentemum currículo voltadopara a formaçãotécnico-profissionalem consonância comos avanços técnico-científicos do final doséculo.

2) Elaborar umaproposta dereformulaçãocurricular para asEscolas TécnicasFederais quecontemple umaformação técnico-profissionalconectada com osnovos paradigmas domundo do trabalho ea perspectiva de umaeducação voltadapara a construção docidadão/trabalhador.

Questões:

1) Quais as diferentesabordagensteóricasencontradas noscurrículos dasatuais EscolasTécnicas Federais?

2) Quais as mudançasfundamentais nocurrículo paratorná-lo mais atual?

3) Que pressupostosdeverão subsidiaros currículos dasescolas técnicas,tendo em vista asmudançasocorridas nomundo?

1) Pesquisabibliográfica edocumental -técnicas:

• levantamento eseleção debibliografia

• leitura analítica• fichamento• análise comparativa• análise dos

currículos atuais• levantamento e

análise da legislaçãopertinente ao ensinotécnico

2) Pesquisa descritiva:• entrevista com

diretores,professores,coordenadores ealunos.

• análise dosresultados

3) Conclusões

4) Elaboração dorelatório final(monografia)

*Adaptado de matriz elaborada por cursista do CEP (in ZENTGRAF, 2000, p. 47).

Definição dasituação-problema

Pressupostosteóricos

Definição dosobjetivos do estudo

Questões do estudo e/ou hipóteses

Procedimentos

Page 52: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

5252

A construção do projeto de pesquisa

Uma vez preenchida a matriz de montagem e avaliação de projetos, você estará de possedos dados essenciais para a construção do projeto de pesquisa.

Severino destaca as vantagens de um projeto bem elaborado. Veja algumas:

Define e planeja para o próprio orientando [aluno] o caminho a ser seguido nodesenvolvimento do trabalho de pesquisa e reflexão, explicitando as etapas a seremalcançadas, os instrumentos e estratégias a serem usados. Este planejamentopossibilitará ao pós-graduando/pesquisador impor-se uma disciplina de trabalho não sóna ordem dos procedimentos lógicos mas também em termos de organização do tempo,seqüência de roteiros e cumprimento de prazos. (SEVERINO, 2000, p. 159).

Como está bastante claro, o projeto é um documento que deve acompanhar o pesquisadordurante todo o processo da pesquisa; é uma diretriz a ser, na medida do possível, seguida. Como,então, estruturá-lo?

A disposição dos diferentes itens no projeto não se reveste de caráter rígido, varia de autorpara autor.

A seguir sugiro uma estrutura que você poderá seguir ao elaborar um projeto de pesquisa.

• Folha de rosto - contendo dados de identificação do projeto.

• Sumário - enumeração das principais divisões e seções do projeto.

• Introdução - onde de forma dissertativa é apresentado o tema, sua delimitação, a origem doproblema, como o pesquisador chegou a ele, a justificativa, os pressupostos teóricos e oobjetivo que pretende alcançar.

• Hipóteses ou questões a investigar - de maneira clara e objetiva, explicitar hipóteses,ou então, questões a serem pesquisadas.

• Procedimentos/Metodologia - aqui, também de forma dissertativa, o autor anuncia otipo de pesquisa, os métodos de raciocínio (facultativo) e as técnicas a serem empregadas(procedimentos mais restritos).

• Cronograma de execução - formulário onde são registradas as etapas e atividades daexecução da pesquisa segundo o tempo previsto.

• Orçamento - detalhamento dos recursos humanos (pessoal), materiais e financeirosnecessários.

• Referências - listagem das fontes utilizadas no planejamento e elaboração do projeto.

• Apêndice - onde deve constar texto ou documento elaborado por você, consideradonecessário.

• Anexo - onde deve constar texto ou documento não elaborado por você, mas queconsidere necessário.

Page 53: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE IV

5353

Exercícios

1. Segundo Castro, um projeto de pesquisa que medisse a deserção no ensinofundamental estaria tratando de um tema importante e viável, não trazendo, contudo,qualquer originalidade. Em que argumentos ele se baseou para fazer tal afirmativa?

2. Além da originalidade, que outros dois critérios Castro considera necessários naescolha de um tema de pesquisa? Caracterize-os.

3. A partir de sua vivência profissional, reflita sobre um tema que considere adequado auma pesquisa. Verifique se o tema escolhido se enquadra nos critérios definidos porCastro.

4. Você teve oportunidade de ler sobre os critérios para selecionar um tema para umtrabalho científico. Entretanto, o tema ainda não é o problema do qual se origina umapesquisa. Perguntamos, então: O que é um problema?

5. Conclua esta tarefa procurando preencher uma matriz com os dados de um tema deseu interesse.

⇒ Os capítulos 1 e 2, respectivamente, “Como encaminhar uma pesquisa” e “Como formular umproblema de pesquisa,” encontrados em Gil (1996), trarão grande contribuição para sua aprendizagem.

Enriqueça seu estudo

Page 54: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

5454

Texto 10Texto 10

A Pesquisa Bibliográfica

Neste texto (adaptado de Zentgraf, 1997a) será apresentado um tipo especial de trabalhocientífico: a pesquisa bibliográfica. Ela é particularmente importante porque, além de ser umapesquisa independente, é pré-requisito para qualquer pesquisa científica.

Como você vê, o iniciante precisa conhecer e praticar este tipo de pesquisa, essencial paraque se desenvolva profissionalmente. Ao fazer tal afirmativa não me dirijo apenas a futurospesquisadores, mas a qualquer profissional, uma vez que o espírito científico possibilita umavisão da realidade menos dependente do conhecimento popular. O propósito deste texto éfamiliarizá-lo com as atividades de planejamento e execução da pesquisa bibliográfica edocumental.

Qualquer pesquisa exige coleta de dados de fontes variadas que se processa através dedocumentação direta ou indireta. O pesquisador pode recolher dados através de observações,entrevistas e questionários nos locais em que o fenômeno ocorre (pesquisa de campo ou delaboratório); é o processo de documentação direta. Mas pode também utilizar dados levantadospor outras pessoas. Neste caso, ocorre o processo de documentação indireta.

A maioria dos autores subdivide o processo de documentação indireta em dois grupos:

a) pesquisa documental, quando se trata de material de 1ª mão proveniente de fontesdiversificadas e dispersas encontradas em arquivos, igrejas, partidos políticos,correspondência pessoal etc.

b) pesquisa bibliográfica, que é constituída por material já elaborado, analisado e publicadosob a forma de livros, artigos e outros impressos, em geral localizados em bibliotecas.

A pesquisa bibliográfica tem a finalidade de levantar as contribuições culturais e científicasjá existentes sobre um determinado tema. Manzo, citado por Lakatos (2001, p. 44), assim serefere à contribuição da pesquisa bibliográfica: “oferece meios para definir, resolver, não somenteproblemas já conhecidos, como também explorar novas áreas, onde os problemas ainda não secristalizaram suficientemente.

Não é outra a posição de Galliano (1986, p. 109), quando diz:

Pesquisa bibliográfica é a que se efetua tentando resolver um problema ou adquirir novosconhecimentos a partir de informações publicadas em livros ou documentos similares(catálogos, folhetos, artigos etc.). Seu objetivo é desvendar, recolher e analisar asprincipais contribuições teóricas sobre um determinado fato, assunto ou idéia.

Diante do exposto, é oportuno trazer, para a sua reflexão e análise, este estudo que engloba asetapas do planejamento e execução da pesquisa bibliográfica. Para facilitar o seu estudo, o texto está

Page 55: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE IV

5555

dividido em duas partes. A 1ª parte trata do planejamento da pesquisa bibliográfica e a 2ª parte, daexecução da pesquisa bibliográfica.

I O Planejamento da Pesquisa Bibliográfica

Esta seção subdivide-se em duas, apresentando-se, na primeira, um quadro com asatividades a serem desenvolvidas durante o planejamento da pesquisa e, na segunda, uma pequenaexplicação sobre cada uma das atividades.

Quadro-síntese do planejamento

Você deve ter observado que a elaboração do projeto de pesquisa é a última atividade doquadro. Ela é precedida de uma série de atividades que demandam muita reflexão, consulta alivros e outros documentos e registro de anotações em rascunhos e fichas. Vamos elaborar umprojeto?

Escolha do tema

A escolha do tema deve atender a alguns aspectos. O pesquisador deve levar emconsideração sua formação e experiência profissional, bem como suas tendências e inclinaçõespessoais. A disponibilidade de tempo e muitas vezes de recursos financeiros são outros fatoresque devem ser lembrados.

Para facilitar esta seleção deve-se recorrer a leituras, observações, análise de situaçõesdiscrepantes etc. Nunca é demais lembrar os três aspectos destacados por Castro e já de seuconhecimento: importância, originalidade e viabilidade.

Suponhamos que você tenha escolhido como tema de pesquisa “O ensino fundamental”.Da maneira como está apresentado, é tão abrangente e genérico que se torna impossível fazerum estudo aprofundado, importante e original. O que você deseja pesquisar: currículo, formas deavaliação do rendimento, acesso, escola pública, escola particular, administração escolar,competência dos professores? Como vê, é necessário restringir, delimitar o tema.

Etapa Atividades

Planejamentoda pesquisabibliográfica

• Escolha do tema• Delimitação do tema• Problematização• Justificativa• Pressupostos teóricos• Objetivos• Hipóteses/Questões• Procedimentos (Metodologia)• Construção da matriz• Cronograma de execução• Orçamento• Elaboração final do projeto

Page 56: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

5656

Delimitação do tema

A delimitação torna o tema viável para a pesquisa. Ela restringe o tema, não só no conteúdoa ser investigado, como também em relação ao tempo e ao espaço. Voltemos ao tema “O ensinofundamental”. Considerando sua vivência e interesse, poderia investigar os conteúdos dos livrosde Didática da Matemática utilizados pelas escolas públicas de formação de professores domunicípio do Rio de Janeiro, na atualidade. O tema ficou bem mais delimitado, mas pode ocorrerque ao longo do estudo ainda sofra reformulações porque o processo se caracteriza pelodinamismo.

O passo a seguir é colocar o tema delimitado sob a forma de problema, o que significaexplicitar a questão que deverá ser investigada e, possivelmente, elucidada.

Problematização

A formulação do problema pode ser feita de maneira interrogativa ou afirmativa. Énecessário que se redija de maneira clara e objetiva a questão a ser solucionada através dapesquisa. Para isto, uma revisão de literatura inicial seguida de reflexão do pesquisador éimprescindível. No exemplo que estamos seguindo, a problematização poderia ser a seguinte:

Em que medida os livros de Didática da Matemática usados nas escolas públicas de formaçãode professores de 1ª a 4ª série do município do Rio de Janeiro influenciam no baixo nível doensino da Matemática?

Ou então:

As dificuldades demonstradas pelos alunos de 1ª a 4ª série na aprendizagem da Matemáticasão conhecidas. Considerando que a grande maioria dos professores de 1ª a 4ª série são egressosdas escolas públicas de formação de professores, os livros de Didática da Matemática utilizadosna sua formação são responsáveis pelo baixo nível do ensino da Matemática.

Justificativa

Na justificativa cabe ao pesquisador apontar as razões de sua escolha. Por que razãoescolhi tal tema?

Relevância

Neste item você mostrará a importância da pesquisa. Trará constribuição para solucionaras questões do ensino da Matemática na atualidade?

Pressupostos teóricos

O pesquisador, ao selecionar um tema e problematizá-lo, precisa conhecer o que já foiescrito sobre o assunto sob pena de estar simplesmente repetindo o que outros já fizeram. Alémdisso, necessita conhecer pontos de vista, teses e teorias que possam fundamentar o seu trabalhoe de onde possa extrair alguns pressupostos teóricos que o direcionem. Para isso, terá que

Page 57: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE IV

5757

fazer uma revisão de literatura preliminar e responder à questão: o que dizem os especialistassobre este problema?

Objetivos

Nesta parte, o pesquisador vai explicitar aonde quer chegar; para que fazer a pesquisa. Osobjetivos que pretende atingir guardam relação com a contribuição que espera dar para ampliaçãodo conhecimento.

No exemplo que vimos apresentando, os objetivos poderiam ser:

a) identificar as abordagens do ensino da Matemática, passadas aos futuros professores,nos livros de Didática da Matemática utilizados nas escolas públicas de formação de professoresde 1ª a 4ª série;

b) evidenciar as abordagens do ensino da Matemática mais adequados aos alunos de 1ª a4ª série do ensino fundamental.

Hipóteses/Questões

Como explica Luckesi (2000), a hipótese é uma tese ou ponto de vista a ser demonstrado,defendido ou explicitado. Qual a resposta provisória ao problema?

No nosso tema-problema-objetivo, eis a hipótese:

As abordagens de ensino levadas aos futuros professores nos livros de Didática daMatemática adotados nas escolas públicas de formação de professores do município do Rio deJaneiro influenciam no baixo nível do ensino da Matemática.

Realizada a pesquisa, se esta hipótese for confirmada, se transformará em uma tese ouponto de vista. Não é fácil para o iniciante a elaboração de uma hipótese; por esse motivo, emmuitas pesquisas são usadas questões a investigar em substituição às hipóteses.

As questões do nosso exemplo poderiam ser:- Que abordagens de ensino são mais adequadas ao ensino da Matemática de 1ª a 4ª

série?- Que abordagens de ensino são encontradas nos livros de Didática da Matemática

adotados nas escolas públicas de formação de professores, no município do Rio deJaneiro?

Procedimentos (Metodologia)

Para realizar a pesquisa em torno de nosso tema-problema-objetivo-hipótese, queprocedimentos adotar? Como fazer para realizar a investigação? Que passos dar?

No nosso caso específico já sabemos tratar-se de uma pesquisa bibliográfica. Ametodologia é um tema muito controvertido. Métodos são os procedimentos mais amplos deraciocínio e técnicas os procedimentos mais restritos que se concretizam através de instrumentos

Page 58: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

5858

adequados. A nossa pesquisa utiliza o método indutivo e as técnicas serão: levantamento eseleção da bibliografia, leitura analítica e fichamento. O instrumento a ser usado serão as fichas.

Construção da matriz

Antes de se iniciar a montagem do projeto de pesquisa, partindo das anotações realizadas,elabora-se uma matriz a fim de constatar se as partes planejadas guardam a lógica e coerêncianecessárias. Explica Moulin:

O emprego da matriz auxilia na sistematização dos elementos do projeto, ao mesmotempo que permite visualizar o todo e suas partes devidamente caracterizadas quantoàs suas definições e inter-relações. Desse modo, pode ser evidenciada a coerência doplano, sendo possível constatar de imediato se os procedimentos adotados permitemobter os dados necessários para responder às questões e/ou testar as hipóteses e,ainda, se uma vez respondidas as questões e/ou testadas as hipóteses, estarão atingindoos objetivos pretendidos. (MOULIN, [1996], p. 81).

Você teve oportunidade de analisar uma matriz e fazer um exercício de preenchimento damesma. É um exercício que exige reflexão, mas, após dominar a técnica, você estará apto aplanejar uma pesquisa.

Cronograma de execução

De quanto tempo necessitamos para desenvolver a pesquisa? Como distribuir o tempopara a realização da pesquisa após elaborado o projeto?

Estas indagações são respondidas construindo-se um cronograma de execução ondeapareça o tempo destinado às diversas atividades. Como se pode observar, o cronograma éformado por linhas que indicam as atividades e por colunas que indicam o tempo previsto. É umaestimativa que pode sofrer alterações.

Cronograma de execução da pesquisa Períodos Atividades

Orçamento

Como calcular os custos do projeto? Fazer um orçamento dos gastos que envolvem apesquisa?

Por mais simples que seja a pesquisa, é necessário uma previsão dos custos que envolve.Faz-se, então, um orçamento considerando os custos com pessoal (recursos humanos), com

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Page 59: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE IV

5959

material (de consumo e permanente) e os recursos financeiros que serão necessários para cobriressas despesas.

Elaboração do projeto

Concluídas as reflexões e anotações feitas até aqui para a construção do projeto,procederemos a sua elaboração final e poderemos passar à etapa seguinte: a execução dapesquisa.

II A Execução da Pesquisa Bibliográfica

Na primeira seção deste texto, você identificou todas as etapas do planejamento de umapesquisa bibliográfica. Na segunda seção vamos tratar da execução da pesquisa. Esta seçãoestá igualmente subdividida em duas, aparecendo na primeira um quadro das atividades segundoa sucessão em que ocorrem e, na segunda, uma explicação sobre as mesmas.

Quadro-síntese da execução

O quadro apresenta passo a passo os procedimentos operacionais para a realização dapesquisa. Em cada item existem diferentes técnicas a serem adotadas, dependendo não só dopesquisador como também do próprio contexto.

Levantamento da bibliografia

Ao se iniciar a pesquisa bibliográfica, o primeiro passo é a identificação das fontes quepossam fornecer respostas ou esclarecimentos ao nosso problema. Procede-se, então, à coletade material ou levantamento bibliográfico que é feito de várias maneiras: através de buscas emcatálogos de livros e outras publicações; consulta a fichários de bibliotecas; análise de bibliografiascitadas em livros e revistas técnicas; consulta a internet e a especialistas na área. Aconselho queesta coleta seja cuidadosamente registrada em fichas bibliográficas. Note que nesta fase vocêainda não está fazendo leitura analítica. No máximo, você verifica o sumário, as orelhas do livro,prefácio etc., a fim de constatar se o seu tema é abordado naquela publicação. A ficha bibliográficavai registrar apenas as referências bibliográficas (autor, título, local da publicação, editora e data),acrescidas de palavras-chave relacionadas ao seu tema e o local onde você poderá encontrar aobra. Importante, também, sempre que possível, registrar o código da prateleira em que a obra se

Etapa Atividades

Execução da pesquisabibliográfica

Levantamento da bibliografiaSeleção da bibliografiaLeitura analíticaFichamento

− fichas de citação− fichas resumo− fichas analíticas ou interpretativas

Análise comparativa, interpretação dos dados econclusões

Page 60: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

6060

encontra (no caso de se tratar de uma biblioteca). Na maioria das vezes, o pesquisador só temacesso direto à obra na etapa de seleção.

Seleção da bibliografia

Concluída a etapa de levantamento, caberá a você fazer a seleção das publicações queinteressam a sua pesquisa. É possível consultar o material em instituições, obtê-lo por empréstimonas bibliotecas ou até adquirir livros e revistas em livrarias. Uma pesquisa bibliográfica realizadacom o objetivo de conclusão de curso de graduação ou mesmo de especialização pode ser bemfeita, demonstrar que o aluno iniciou-se na metodologia científica, apreendeu o espírito científicofrente à realidade, sem que seja, necessariamente, trabalho de grandes proporções.

Leitura analítica

De posse do material, o pesquisador mergulha na sua leitura. Para isso recomenda-se quesiga as técnicas da leitura analítica.

Você travou conhecimento com a leitura analítica, ao aprender diferentes técnicas de estudo.

Se achar necessário, volte à Unidade I e reestude-a.

Fichamento

Este assunto foi estudado no texto “A Documentação Pessoal”, na Unidade I.

Análise comparativa, interpretação dos dados e conclusões

A ficha analítica ou interpretativa tem o objetivo de registrar a sua posição em relação aotexto lido. É uma ficha crítica. Entretanto, ainda resta ao pesquisador realizar uma análisecomparativa entre os autores lidos e registrados nas fichas, interpretar os dados em função desua hipótese/questões e estabelecer suas conclusões e recomendações. Finda esta etapa, opesquisador acha-se em condições de preparar um roteiro para a elaboração do relatório oumelhor, monografia, apresentando a sua pesquisa. Inicia-se, então, a etapa final da pesquisa queé a comunicação dos resultados, que veremos na Unidade V.

O presente texto teve como objetivo levá-lo a caracterizar a metodologia do planejamento eas técnicas de execução da pesquisa bibliográfica. Espero, com isso, ter contribuído para arealização do seu trabalho monográfico.

Page 61: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE IV

6161

Exercícios

Ao final da realização desta tarefa, você verá que está com um projeto de pesquisadelineado. Não esqueça de preencher primeiramente a matriz de montagem, o que lhedará uma visão sistemática de seu projeto.

1. Selecione um tema a partir dos critérios de Castro e que possa ser investigado atravésde uma pesquisa bibliográfica.

2. Procure delimitar o tema de modo que se torne claro, objetivo e não muito amplo. Senecessário, delimite-o no tempo e no espaço.

3. Faça alguma leitura em torno do tema escolhido e com o auxílio do que apreendeu,transforme o tema em um problema. (problematização)

4. Por que você escolheu este tema para pesquisa? Justifique. Aponte a importância econtribuição que a investigação trará ao conhecimento. (relevância)

5. Você conhece a posição de especialistas no assunto? Resuma o ponto de vista ou atese de pelo menos dois deles e que servirão de fundamentação a seu estudo.(pressupostos teóricos)

6. O que você pretende com a investigação? Aonde quer chegar? Qual é o seu propósito?(objetivo)

7. Para chegar ao objetivo, que hipótese ou mesmo questões você deverá investigar?(questões ou hipóteses)

8. Que procedimentos você deverá seguir para realizar a pesquisa bibliográfica em tornodo tema que escolheu? (metodologia da pesquisa)

9. Como dispor do tempo para executar as atividades da pesquisa? (cronograma deexecução)

10.De que recursos você deverá dispor? (orçamento)

11.Que título você considera adequado para o seu projeto?

Enriqueça seu estudo

Embora tenha sido apresentado um texto minucioso sobre o planejamento e a realização da pesquisabibliográfica, é sempre recomendável indicar algumas leituras que abordarão o tema a partir de outrosenfoques.

⇒ Recomendo a leitura do texto “Pesquisa bibliográfica” (LAKATOS, 2001). Lembre-se que o itemFichas já é seu conhecido.

⇒ Muito oportuno também é a consulta ao capítulo 13 “Como calcular o tempo e o custo do projeto?”,de Gil (1996).

Page 62: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

6262

Pesquisas Descritivas e Experimentais

Como você já sabe, foi adotada neste módulo a nomenclatura de Cervo (1996) que classifica aspesquisas em bibliográficas, descritivas e experimentais. Neste texto, você tomará conhecimentode algumas características e conceitos gerais das pesquisas descritivas e experimentais.

I A pesquisa descritiva

Na pesquisa descritiva, o pesquisador procura conhecer, descrever e interpretar a realidade,isto é, as características de uma determinada população ou fenômeno, sem interferir nestarealidade.

A elaboração de projetos desse tipo de pesquisa exige grande conhecimento do problema.O pesquisador precisa saber o que pretende, ou seja, quem ou o que deseja medir, quando eonde o fará, como o fará e por que deverá fazê-lo. Você poderá planejar uma pesquisa descritivaseguindo as mesmas etapas apresentadas para as pesquisas bibliográficas. Até mesmo ashipóteses poderão ser substituídas por questões.

Quais serão, então, os aspectos específicos da pesquisa descritiva?

Posso afirmar que são principalmente os procedimentos, as técnicas diretas de coleta dedados – totalmente diferentes das pesquisas bibliográficas – e o tratamento estatístico que sofremos dados coletados.

A pesquisa científica não se interessa por casos particulares; seu propósito consiste emestabelecer generalizações. Para tal, nas pesquisas descritivas e experimentais são utilizadas,dentre outras, as técnicas de observação de grupos de indivíduos chamados de população. Namaioria das vezes, apenas parte da população é observada, é o que se chama de amostra.

Rudio (2000) afirma que é melhor trabalhar com a amostra do que com a população, não sópela economia de recursos e tempo, mas também por ocorrer maior controle e precisão de dados.E explica:

Amostra é, portanto, uma parte da população, selecionada de acordo com uma regra ouplano. O mais importante, ao selecioná-la, é seguir determinados procedimentos, quenos garantam ser ela representação adequada da população, donde foi retirada, dando-nos assim confiança de generalizar para o universo o que nela foi observado. (RUDIO,2000, p. 62)

Além das observações, os questionários e as entrevistas são técnicas muito utilizadasnas pesquisas descritivas. Quais são suas características mais gerais? Veja algumas.

Texto 11Texto 11

Page 63: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE IV

6363

Técnicas diretas de coleta de dados

Para estudar as técnicas de documentação direta, será seguido o esquema de Chizzotti(2000), que apresenta o tema em duas partes:

• coleta de dados quantitativos;

• coleta de dados qualitativos.

Para realizar a coleta de dados e reunir informações necessárias à comprovação dashipóteses ou respostas às questões da investigação, é necessário que o pesquisador selecioneas técnicas mais adequadas e elabore instrumentos para registro e análise dos dados colhidos.

A coerência e a lógica que caracterizam o projeto de pesquisa se estende à coleta dedados; esta etapa decorre das etapas anteriores, especialmente do problema formulado.

No texto “Paradigmas Metodológicos da Pesquisa Científica”, foi visto que, em relação aosdados coletados, bem como à análise dos mesmos, as pesquisas se dividem em quantitativas equalitativas.

Que são pesquisas quantitativas? São aquelas que “prevêem a mensuração de variáveispreestabelecidas, procurando verificar e explicar sua influência sobre outras variáveis, mediantea análise da freqüência de incidências e correlações estatísticas. O pesquisador descreve, explicae prediz” (CHIZZOTTI, 2000, p. 52).

Que são pesquisas qualitativas? São aquelas que se fundamentam em dados coletadosnas interações interpessoais analisadas a partir da significação que os informantes dão aos seusatos. O pesquisador participa, compreende e interpreta, conclui Chizzotti.

Coleta de dados quantitativos

As principais técnicas para a coleta de dados mensuráveis utilizam como instrumento aobservação, o questionário e a entrevista.

A observação pode ser estruturada ou sistemática e consiste na coleta e registro deeventos observados que foram previamente definidos.

A análise dos eventos observados produz descrições baseadas na freqüência dasincidências. Chizzotti explica que as observações sistemáticas procuram superar as incertezasdas percepções imediatas e construir conceitos que permitam formular hipóteses para investigação.Rudio (2000) considera as observações sistemáticas, estruturadas e controladas comosinônimos; são as observações que se realizam sob controle para responder a objetivos pré-definidos.

O questionário é um conjunto de perguntas dispostas seqüencialmente; é elaborado emfunção dos objetivos da pesquisa, das hipóteses ou questões que se investigam e com base nospressupostos teóricos.

De acordo com sua construção, os questionários podem ser de perguntas fechadas, deperguntas abertas ou mistos.

Page 64: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

6464

No questionário de perguntas fechadas, as afirmações apresentam alternativas de respostasfixas e previamente estabelecidas.

No questionário de perguntas abertas, o entrevistado responde com frases, havendo, assim,maior elaboração nas respostas.

O questionário misto apresenta os dois tipos de questões elaboradas em função dosinteresses da pesquisa.

Chizzotti faz as seguintes observações sobre o questionário:

• em relação ao pesquisador, é necessário que saiba:- as informações que busca (o objetivo da pesquisa)- o objetivo de cada questão- o que pretende medir- como pretende confirmar as hipóteses

• em relação ao informante, deve-se compreender:- as questões que lhe são propostas- o conteúdo sobre o qual dará informações

• em relação ao questionário, é necessário que contenha:- estrutura lógica:

· seja progressivo· seja preciso· seja coerentemente articulado· as questões e subquestões formem um todo lógico e ordenado

- linguagem simples, clara, sem ambigüidades

A entrevista é um diálogo preparado com objetivos definidos. É uma técnica que permiteque se concretize uma relação estreita entre pessoas. A entrevista estruturada é uma modalidadede comunicação entre o pesquisador que deseja colher informações sobre determinado fato e apessoa que detém a informação. É uma comunicação bidirecional. Uma pessoa com perguntaspreestabelecidas leva a outra a responder às perguntas.

Quando o entrevistador não deseja impor a sua visão, utiliza a entrevista não estruturada.O tema é previamente estabelecido, mas o conteúdo da entrevista e os diálogos vão sendoescolhidos livremente. As informações vão sendo manuscritas ou gravadas e devem ser codificadaspara serem transformadas em indicadores objetivos das variáveis.

Se você optou por realizar uma pesquisa descritiva, o seu projeto poderá seguir os moldesapresentados para a pesquisa bibliográfica acrescido das especificidades dos procedimentos dapesquisa descritiva. Ao iniciar o processo de investigação direta, deverá selecionar a amostra dapopulação que irá ser consultada, construir, testar e aplicar os instrumentos para a coleta dedados. Após a fase de aplicação, as respostas são tabuladas e os resultados analisados einterpretados. A pesquisa termina com as conclusões a que você chegou frente aos objetivos e

Page 65: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE IV

6565

questões. Inicia-se, então, a fase de redação do relatório da pesquisa através do qual você comunicao estudo realizado.

II A pesquisa experimental

A pesquisa experimental manipula a realidade através de experimentos. É essa a diferençabásica entre ela e a pesquisa descritiva. Entretanto, assim como ocorre na pesquisa descritiva,na pesquisa experimental, o planejamento pode seguir as mesmas etapas que apresentei notexto sobre a pesquisa bibliográfica, com exceção dos procedimentos, em especial, das técnicas.As pesquisas experimentais são muito usadas para identificar relações de causa e efeito entrevariáveis.

O pesquisador precisa estar muito atento às características da pesquisa experimental, umavez que ele deverá manipular e controlar uma ou mais variáveis independentes e ao mesmotempo observar as mudanças que ocorrerão com a variável ou variáveis dependentes.

Você sabe o que é variável? Idade , estatura, peso, sexo, classe social são variáveis.Todas as coisas que podem assumir diferentes valores, aspectos ou categorias são variáveis. Otermo se origina da matemática, onde designa uma quantidade que pode tomar diversos valores.(RUDIO, 2000, p. 69)

E variável independente? São aquelas variáveis tais como preço, marca de um produto,embalagem, etc., que são manipuladas pelo pesquisador com o objetivo de se medir o efeitosobre a variável dependente.

Já as variáveis dependentes tais como vendas, imagem etc. são as variáveis cujos efeitos,sofridos em função da manipulação da variável independente, deseja-se medir.

Os projetos experimentais podem-se desenvolver em laboratório ou no campo. A coleta dedados se realiza mediante a manipulação de determinadas condições utilizando-se a técnica deobservação dos efeitos produzidos.

Tanto no planejamento dos projetos experimentais quanto nos projetos descritivos,recomendo que seja construída uma matriz analítica antes de detalhar o projeto. A matriz permitiráa você estabelecer a coerência e a lógica essenciais entre as partes do projeto, evitando perda detempo e reformulações desnecessárias.

Page 66: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

6666

Exercícios

1. Após o estudo do texto, faça um resumo do mesmo.

2. O que você entende por pesquisa descritiva?

3. Faça a distinção entre população e amostra.

4. Represente, em um esquema, as técnicas de observação e de entrevista utilizadasnas pesquisas quantitativas, registrando suas principais características.

5. Qual a diferença básica entre pesquisas descritivas e experimentais?

6. O que você entende por variáveis independentes e variáveis dependentes?

Enriqueça seu estudo

⇒ Você encontrará informações úteis sobre esta Unidade nos seguintes textos de Richardson(1999): “A observação”, “Questionários” e “Entrevistas”.

Page 67: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE IV

6767

Texto 12Texto 12Pesquisas Qualitativas

Ao estudar, na Unidade III, os dois grandes paradigmas metodológicos da pesquisa científica,você tomou conhecimento das pesquisas quantitativas e qualitativas. Neste texto, você e euvamos refletir um pouco mais sobre as metodologias qualitativas, importantes na área das ciênciashumanas e sociais.

As raízes da pesquisa qualitativa se encontram nas práticas cotidianas dos antropólogos edos sociólogos sobre a vida das comunidades. Posteriormente, os pesquisadores da áreaeducacional se juntaram aos demais.

Os pesquisadores que adotam a abordagem qualitativa nas suas pesquisas, se contrapõema um padrão único de pesquisas para todas as ciências, calcado nas ciências naturais e noparadigma positivista. Eles não aceitam que o paradigma das ciências naturais seja diretriz paraas ciências humanas e sociais. Não aceitam também que processos quantificáveis e técnicas demensuração sejam o único caminho para legitimar os conhecimentos da área humana e social;elas têm especificidades próprias que determinam metodologias e procedimentos próprios paraatingir seus objetivos.

O pesquisador é integrante fundamental e participante dessa modalidade de pesquisa.

Deve, preliminarmente, despojar-se de preconceitos, predisposições para assumir umaatitude aberta a todas as manifestações que observa, sem adiantar explicações nemconduzir-se pelas aparências imediatas, a fim de alcançar uma compreensão global dofenômeno. (CHIZZOTTI, 2001, p. 82).

Mas em que consistem as pesquisas qualitativas?

A pesquisa qualitativa é uma designação que abriga correntes de pesquisa muito diferentes.Em síntese, essas correntes se fundamentam em alguns pressupostos contrários ao modeloexperimental e adotam métodos e técnicas de pesquisa diferentes dos estudosexperimentais. Os cientistas que partilham da abordagem qualitativa em pesquisa se opõem,em geral, ao pressuposto experimental [...] (CHIZZOTTI, 2001, p. 78).

Quais as principais características das pesquisas qualitativas?

Bogdan e Biklen, citados por Lüdke e André (2001), destacam cinco características básicas,a saber:

1. A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e opesquisador como seu principal instrumento. [...] a pesquisa qualitativa supõe o contatodireto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendoinvestigada, via de regra através do trabalho intensivo de campo.

2. Os dados coletados são predominantemente descritivos. O material obtido nessaspesquisas é rico em descrições de pessoas, situações, acontecimentos; inclui

Page 68: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

6868

transcrições de entrevistas e de depoimentos, fotografias, desenhos e extratos devários tipos de documentos.

3. A preocupação com o processo é muito maior do que com o produto. O interesse dopesquisador ao estudar um determinado problema é verificar como ele se manifestanas atividades, nos procedimentos e nas interações cotidianas.

4. O “significado” que as pessoas dão às coisas e à sua vida são focos de atençãoespecial pelo pesquisador. Nesses estudos há sempre uma tentativa de capturar a“perspectiva dos participantes”, isto é, a maneira como os informantes encaram asquestões que estão sendo focalizadas.

5. Aanálise dos dados tende a seguir um processo indutivo. Os pesquisadores não sepreocupam em buscar evidências que comprovem hipóteses definidas antes do iníciodos estudos. As abstrações se formam ou se consolidam basicamente a partir da inspeçãodos dados num processo de baixo para cima. (LÜDKE E ANDRÉ, 2001, p.12-13).

Quais as principais abordagens metodológicas qualitativas?

São elas:- a pesquisa participante- a pesquisa-ação- a pesquisa etnográfica ou naturalística- o estudo de caso

O objetivo do pesquisador nas três primeiras abordagens é adotar uma postura de observadorcrítico e participante ativo através da qual coloca a ciência a serviço do movimento social. Aspessoas que participam da pesquisa possuem o conhecimento empírico, popular, despojado deespírito crítico não relacionando as suas experiências individuais com o contexto social.

A finalidade prioritária da pesquisa qualitativa, segundo os pesquisadores da área, é dedesenvolver a consciência crítica e ampliar o conhecimento da comunidade envolvida na pesquisa.Favorece-se, assim, o processo de mudança e transformação da comunidade, levando-a a assumirum novo papel como ator social.

Quanto à abordagem do estudo de caso caracteriza-se por ser bem delimitado, referindo-se a uma situação particular que pode se limitar, por exemplo, à observação das práticaspedagógicas de uma professora ou ao cotidiano de uma escola. O estudo de caso qualitativo “sedesenvolve numa situação natural, é rico em dados descritivos, tem um plano aberto e flexível efocaliza a realidade de forma complexa e contextualizada.” (LÜDKE e ANDRÉ, 2001, p. 19).

Quais as técnicas mais utilizadas nas pesquisas qualitativas?

A coleta de dados qualitativos se realiza num processo de idas e voltas, nas diversasetapas da pesquisa e na interação do pesquisador com os pesquisados.

Durante a pesquisa, os dados colhidos em diferentes etapas são continuamente analisadose avaliados.

São técnicas de coleta de dados nesta modalidade de pesquisa: a observação participante,a entrevista individual e coletiva. Chizzotti aponta ainda o jogo dos papéis, a história de vidaautobiográfica e a análise de conteúdo, dentre outras técnicas.

Page 69: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE IV

6969

Considerando que os dados coletados não são quantificados, que cuidados tomar paragarantir a veracidade dos fatos?

Os dados coletados deverão ser validados segundo os critérios de:- fiabilidade (independência de análises ideológicas do autor);- credibilidade (garantia de qualidade relacionada à exatidão e quantidade das observações

efetuadas);- constância interna (independência dos dados em relação à ocasionalidade etc.);- transferibilidade (possibilidade de estender as conclusões a outros contextos).

Veja a seguir algumas características da observação participante, da entrevista não-diretiva e da análise de conteúdo.

Observação participante: é feita através do contato direto do pesquisador com o fatoobservado visando captar as ações dos atores em seu próprio contexto. A atitude do observadorparticipante pode se caracterizar por uma identificação total com os participantes, vivenciandotodas as ações de sua vida. O observador partilha de uma interação completa nas situaçõesespontâneas e formais, acompanha a vida cotidiana, as circunstâncias e sentido das ações.

A observação participante necessita ser revestida de cuidados para que elimine dados deemoções, deformações e interpretações destituídas de comprovação.

Entrevista não-diretiva: é uma maneira de coletar dados a partir do discurso livre doentrevistado. Apresenta limitações, tais como a grande quantidade de dados e a emocionalidadedo entrevistado. Além disso, é necessário que seja cercada de cuidados para garantir a cientificidadeda técnica e a credibilidade das informações recebidas.

Análise de conteúdo: é uma técnica de tratamento e análise de informações coletadasatravés de documentos escritos ou de outras formas de comunicação: oral, visual, gestual.

Através da análise de conteúdo chega-se à compreensão crítica do sentido das comunicaçõese seu conteúdo claro ou implícito. Existem diferentes procedimentos para explicitar o significadodas comunicações. O procedimento a ser utilizado depende dos objetivos da investigação, do tipode material a ser analisado e também da ideologia do analisador.

Neste texto você adquiriu noções gerais sobre as características e procedimentos daspesquisas qualitativas. Esses conteúdos poderão ser aprofundados através da leitura de livros demetodologia científica na medida em que você precise utilizá-los.

Enriqueça seu estudo

⇒ Para enriquecimento desta unidade é importante a leitura dos textos de Lüdke (2001): “Evolução dapesquisa em educação” e “Abordagens qualitativas da pesquisa: a pesquisa etnográfica e o estudode caso.”

⇒ Se você tiver interesse em conhecer mais sobre a técnica de análise de conteúdo, leia o artigo deGomes “A análise de dados em pesquisas qualitativas”, in Minayo (2001).

Page 70: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

7070

Exercícios

1. Qual o posicionamento dos pesquisadores que utilizam a metodologia qualitativa?

2. Explique duas características da pesquisa qualitativa.

3. Colete alguns dados que explicitem o que é a pesquisa-ação.

4. Caracterize a técnica da observação participante.

5. Reflita sobre um problema a ser pesquisado através de um estudo de caso e façauma síntese do mesmo.

Esquematizando...

A Lógica da Concepção do Projeto de PesquisaPassos da concepção de projeto de pesquisa (construção da matriz analítica)

originalidade1) escolha do tema – critérios importância

viabilidade- reflexão sistemática sobre o objeto- consulta à literatura sobre o tema

2) definição do problema – critérios para a formulação de problemas científicos - elaboração de questionamentos- formulação clara e objetiva- escolha de problemas concretos epassíveis de solução

3) pressupostos teóricos – critérios para o estabelecimento de pressupostos – fazer pesquisa bibliográfica preliminar

4) definição do objetivo da pesquisa – critérios para o estabelecimento do objetivo - manter a lógica entre as etapasanteriores e o objetivo a alcançar

- questões: objetivos menores específicos5) questões e/ou hipóteses – critérios para o estabelecimento de questões/hipóteses - hipóteses: respostas provisórias que poderão ou não ser confirmadas

6) metodologia / técnica – obedecer aos procedimentos específicos dos diferentes tipos de pesquisa

A Pesquisa BibliográficaQualquer pesquisa exige coleta de dados através de:documentação direta – dados recolhidos através de observações, entrevistas e questionários nos locais em que o

fenômeno ocorre;documentação indireta – dados recolhidos através de documentos e bibliografia.Finalidade da pesquisa bibliográfica – levantar as contribuições científicas e culturais já existentes sobre um

determinado tema.Etapas do planejamento da pesquisa bibliográfica. escolha do tema. delimitação do tema. problematização. justificativa. relevância. pressupostos teóricos. objetivos. hipóteses / questões

Page 71: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE IV

7171

. procedimentos / metodologia

. construção da matriz

. cronograma de execução

. orçamento

. elaboração do projeto

Etapas da execução da pesquisa bibliográficalevantamento da bibliografiaseleção de bibliografialeitura analíticafichamentoanálise comparativa, interpretação dos dados e conclusões

A Pesquisa DescritivaFinalidade da pesquisa descritiva: conhecer, descrever e interpretar a realidade sem interferir na mesma.Planejamento das pesquisas descritivasProcedimentos gerais semelhantes à pesquisa bibliográfica

Procedimentos específicos técnicas diretas - observação- questionários- entrevistas

tratamento estatístico

Pesquisa quantitativa – coleta de dados quantitativos; observação sistemática e controlada da freqüência de incidênciados fenômenos; ambiente experimental

Pesquisa qualitativa – coleta de dados através da interação entre pesquisador e sujeitos da pesquisa; observação eanálise interpretativa, favorecendo aspectos subjetivos e a realidade dos sujeitos

Principais técnicas para a coleta de dados quantitativosObservação - estruturada ou sistemáticaQuestionário - perguntas fechadas, perguntas abertas, mistoEntrevista - estruturada/não estruturada

A Pesquisa ExperimentalFinalidade da pesquisa experimental: manipular a realidade através de experimentos.Pesquisa experimental na área de marketing: identificação de relações de causa e efeito entre variáveis.Variáveis: todas as coisas que podem assumir diferentes valores: idade, peso etc.

Tipos de variáveis - independentes- dependentes

Coleta de dados - em laboratório- no campo

Pesquisas qualitativas

Origem das pesquisas qualitativas - antropológica - sociológica- a um padrão único de pesquisa- à utilização do paradigma das ciências naturais

A corrente qualitativa se opõe nas ciências humanas e sociais- à utilização de processos quantificados e técnicasde mensuração como único procedimento

Posição do pesquisador: integrante e participante da pesquisaPosição do pesquisado: sujeitos que produzem práticas para intervir nos problemas que identificam

Pesquisas qualitativas - diferentes correntes de pesquisa que têm em comum pressupostoscontrários ao modelo experimental.

- ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como principal instrumento- dados coletados descritivos na maioria- preocupação maior com o processo- o significado que as pessoas dão às coisas e à vida sofre atenção especial do pesquisador- análise dos dados segundo processo indutivo

Características daspesquisas qualitativas

Page 72: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

7272

Abordagens metodológicas - pesquisa participante pesquisa-açãoqualitativas - pesquisa etnográfica ou naturalística

- estudo de caso

Principais técnicas para a - observação participantecoleta de dados qualitativos - entrevista não-diretiva

- análise de conteúdo

Page 73: Metodologia da Pesquisa

A Comunicação de Trabalhos Científicos:as monografias

Guia de estudo Carga horária: 10h Un

idad

e V

Un

idad

e V

OTNUSSA SOCIFÍCEPSESOVITEJBO SATSIVERPSAFERAT

.ocifárgonomohlabartO.1aifargonomadaruturtseA

odacigóloãçurtsnocaeotxet

riugnitsid,aifargonomrautiecnoCaeuqsetrapsetnerefidsa

euqsoipícnirpsoemeutitsnocotxetodoãçurtsnocamaietron

A"31otxetododutsEadsodatlusersodoãçacinumoc

aifargonoma:asiuqsep

soicícrexE

sohlabartedaruturtseA.2saodnugessocimêdaca

TNBAadsamron

sohlabartedaruturtsearacifitnedIsamronsaodnugessocimêdaca

TNBAad

edaruturtsE"41otxetodarutieLodnugessocimêdacasohlabart

"TNBAa

soicícrexE

edoãçaderarapolitsE.3socimêdacasohlabart

olitseedsacisábsargerracilpAsohlabartedoãçaderan

socimêdaca

arapolitsE"51otxetodesilánAsohlabartedoãçadera

""socimêdaca

soicícrexE

aarapsamroN.4seõçaticedoãçatneserpasohlabartmesaicnêrefere

socimêdaca

TNBAadsezirteridsaracifitnedIeseõçaticedoãçatneserpaarap

sohlabartmesaicnêreferocimêdaca

71e61sotxetsodesilánAmeseõçaticedoãçatneserpA"

e"socimêdacasohlabartsaicnêrefersararobaleomoC"

"otnemucodmued

soicícrexE

odutseuesaçeuqirnE

Page 74: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

7474

A Comunicação dos Resultados da Pesquisa:a monografia

Salomon (2001) vai buscar em 1855 as origens históricas da monografia quando Le Play,sociólogo francês, publicou 57 monografias descrevendo minuciosamente a vida dos operáriosfranceses e o orçamento de uma família-padrão daquele grupo.

A especificação encontrada nos trabalhos de Le Play caracteriza até nossos dias os trabalhosmonográficos. É a investigação, o estudo de um só tema, o que confirma o sentido etimológico dapalavra: monos (um só) e graphein (escrever).

Costa (1998, p. 213) dá a seguinte definição para monografia: “Estudo minucioso que propõeesgotar um determinado tema relativamente restrito. O relatório de pesquisa é editorado sob aforma de uma monografia que, conforme o grau de profundidade, pode ser um trabalho de iniciaçãocientífica, uma dissertação ou uma tese.”

Esta definição permite esclarecer alguns pontos confusos em relação ao termo. Assim,pode-se afirmar que a monografia é um relatório de uma pesquisa sobre determinado tema eque, por conseguinte, é decorrência de uma investigação. Para haver monografia, deve ter havidopesquisa, quer seja bibliográfica, de campo ou de laboratório.

Salomon faz um alerta àqueles que realizam monografias científicas, no sentido de queprivilegiem a reflexão, sem a qual a monografia se reduz a um simples relatório de procedimentosde pesquisa ou compilação de obras de terceiros.

A própria estrutura da monografia conduz a uma reflexão coerente e lógica. A introduçãoexpõe e delimita o tema, a relevância do problema, os objetivos e os procedimentos de abordagem;o desenvolvimento traz a fundamentação lógica do trabalho, expõe e demonstra. A conclusão,por sua vez, é a síntese de toda a reflexão que se faz ao longo do trabalho.

Severino (2000) destaca que, além de precedidos de um trabalho de pesquisa, os relatórioscientíficos devem apresentar um processo de reflexão cujas características são ser pessoal,autônomo, criativo e rigoroso.

Veja o que ele entende por estes aspectos qualitativos:

• pessoal - a problemática deve estar ligada à vivência do pesquisador, ser relevante esignificante para ele, frente a sua visão de mundo;

• autônomo - o estudo é o resultado do esforço do pesquisador e de sua capacidade deinter-relacionamento dialético com outros pesquisadores;

Texto 13Texto 13

Page 75: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE V

7575

• criativo - nos trabalhos de iniciação científica prevalece a apropriação da ciênciaacumulada, mas à medida que o pesquisador prossegue na sua caminhada, passa acolaborar na produção da ciência;

• rigoroso - no trabalho científico não há lugar para o senso comum e o espontaneísmo.

E conclui:

Além da disciplina imposta pela metodologia geral do conhecimento e pelas metodologiasparticulares das várias ciências, exige-se ainda a disciplina do compromisso assumidopela decisão da vontade. Não se faz ciência sem esforço, perseverança e obstinação.Ao pós-graduando, como a qualquer pesquisador, impõem-se um empenho e umcompromisso inevitáveis, sem os quais não há ciência e nem resultado válido.(SEVERINO, 2000, p. 148).

Em suma, a monografia é um relatório através do qual o pesquisador comunica os resultadosde seu estudo sobre um tema específico, cujo grau de profundidade vai variar em função do nívelde conhecimento do próprio pesquisador: iniciante ou profissional.

Abordei aqui os objetivos e características de um trabalho monográfico. Resta, agora, orientá-lo sobre o processo de elaboração deste tipo de relatório científico, bem como sobre a montagemdo mesmo, segundo a estrutura indicada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

É oportuno destacar que a ABNT evita o termo genérico monografia, preferindo adotar anomenclatura “Trabalhos acadêmicos” que ela subdivide em:

Teses - trabalho acadêmico elaborado nos cursos de doutorado;

Dissertação - trabalho acadêmico elaborado ao final dos cursos de mestrado;

Trabalho de conclusão de curso - elaborado no final da graduação e na especialização.

Neste módulo estou dando ao termo “monografia” um sentido genérico que se refere atodas essas modalidades.

Redação provisória da monografia

Vimos no texto “A Pesquisa Bibliográfica” que, após a conclusão do fichamento, análise,interpretação dos dados e conclusões, o pesquisador estará em condições de organizar um roteiropara relatar o seu estudo. A construção lógica desse roteiro é feita a partir dos dados coletados edas reflexões e conclusões do pesquisador.

Nas pesquisas de campo ou de laboratório, bem como nas pesquisas qualitativas, opesquisador, além de passar pelos procedimentos próprios da pesquisa bibliográfica, realiza outrosprocedimentos de coleta e análise de dados, tais como observações, questionários e entrevistas.Isso implica uma série de análises, sínteses e conclusões que antecedem a redação da monografia.

A primeira redação deve ser feita sob a forma de rascunho e orientada pelas fichas, roteiroe demais anotações, além, é claro, do próprio projeto.

Destaca Luckesi (2000, p. 191): “Em cada parte, capítulo, item, parágrafo, vamos expressaras nossas idéias, cuidando da seqüência, da relação com o que vem antes e o que virá depois, a

Page 76: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

7676

fim de que a expressão do nosso pensamento, de nossa reflexão seja facilmente percebida peloleitor de nosso escrito.”

Na redação provisória, o corpo do trabalho – isto é, o texto propriamente dito – já pode serestruturado em três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão.

Introdução - onde o autor coloca de maneira dissertativa todos os itens que constituíram oseu projeto, com exceção apenas do cronograma, do orçamento, das referências e dos anexos.Lendo a introdução, conhece-se o problema pesquisado, as teorias já existentes sobre o mesmoe que subsidiaram a pesquisa, os objetivos e questões do estudo, relevância, contribuição emetodologia utilizada. Muitos terminam a introdução detalhando a estrutura das demais seções.

Desenvolvimento - é a parte mais extensa do trabalho e onde o pesquisador comunica afundamentação teórica, o processo e o resultado da pesquisa. É dividido em seções e em subseçõesse a organização lógica do pensamento o exigir. As seções devem receber títulos temáticosassim como as subseções. Títulos temáticos significa que devem ser portadores de sentido, istoé, que dêem ao leitor idéia exata do conteúdo daquela seção ou subseção.

Durante a realização da pesquisa, as questões ligadas aos objetivos da investigaçãodirecionam o processo e, ao elaborar o relatório monográfico, essas questões podem se transformarnos títulos das seções. O termo desenvolvimento não precisa ser usado.

Para comunicar as suas idéias, o autor, em alguns pontos deverá explicar, em outros discutirou mesmo demonstrar. Salomon, Severino e Luckesi já citados dão a seguinte definição paraesses termos:

a) explicar: tornar evidente, explícito o que está obscuro ou complexo;b) discutir: comparar posições que se entrechocam dialeticamente;c) demonstrar: aplicar argumentação própria à natureza do trabalho; partir de premissas,

verdades garantidas, para novas verdades.

Conclusão - é o fecho do trabalho. É neste momento que o pesquisador toma uma posiçãoque poderá ser uma síntese das idéias explicadas, discutidas ou demonstradas ou, como destacaLuckesi (1995), “poderá ser a abertura de uma nova problemática, ou o encaminhamento depossível solução ao problema levantado.” (p.190). Em outras palavras, a conclusão resumirá osresultados que levaram à comprovação ou rejeição da hipótese ou questões de estudo, faráinferências que o estudo venha a permitir e recomendará pontos que devam ser reestudados ouaprofundados.

Redação definitiva da monografia

Terminada a redação provisória, esta deverá ser analisada, retocada, aperfeiçoada noconteúdo e na redação. Deve ser clara, objetiva, sóbria e precisa como convém a um trabalhocientífico.

Page 77: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE V

7777

Exercícios

1. Após a execução da pesquisa, o autor comunica o seu estudo através de um relatório.Qual a estrutura básica deste relatório?

2. De modo geral o que vem apresentado na introdução?

3. E no desenvolvimento?

4. O que deve figurar nas conclusões?

Existem diretrizes para a elaboração do relatório, mas elas sofrem adaptações segundo otipo de pesquisa e características do pesquisador. As regras básicas a serem seguidas estão nasnormas da ABNT.

No próximo texto serão apresentadas as regras básicas de formatação da monografia, deacordo com o que estabelecem as normas da ABNT.

Enriqueça seu estudo

⇒ Se você desejar fazer alguma leitura para ampliar este tema, recorra ao texto “Análise e relatóriofinal”, de Goldenberg (1999), ou ao capítulo 6 “Trabalhos científicos”, do livro de Marconi (1999).

Page 78: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

7878

Estrutura de Trabalho Acadêmico –segundo a ABNT

Neste texto você irá se deter na estrutura da monografia de acordo com as regras da ABNT,que é, no Brasil, o órgão regulamentador das normas e procedimentos para elaboração eapresentação de trabalhos técnicos e científicos. Explica Spector (1997) que na redação de umtrabalho científico, o autor precisa se ater a dois tipos de normas: as de formato e as de estilo.Elas são estabelecidas internacionalmente e têm como objetivo facilitar a troca de informações edar objetividade às comunicações científicas.

Existe um órgão internacional responsável pela normatização. É a International Organizationfor Standartization (ISO), sediada em Genebra. Esse órgão é hoje uma federação mundial deorganizações nacionais, na qual o Brasil é representado pela ABNT (Santos, 2000).

Existem diferentes padrões de trabalhos científicos, decorrentes de simplificações usadaspor variadas instituições brasileiras. Por ser a ABNT o órgão que representa o Brasil nacional einternacionalmente, os cursos coordenados pelo CEP seguem as suas diretrizes. Esta opçãoevita também que os cursistas utilizem procedimentos heterogêneos e, muitas vezes, inadequados.

Veja, a seguir, o esquema proposto pela norma NBR 14724/2002 (p. 3) que apresenta aestrutura da monografia.

I Estrutura do trabalho

Partes Elementos integrantesCapa (obrigatório)Lombada (opcional)Folha de rosto (obrigatório)Errata (opcional)Folha de aprovação (obrigatório)Dedicatória(s) (opcional)Agradecimento(s) (opcional)Epígrafe (opcional)

Pré-textuais Resumo na língua vernácula (obrigatório)Resumo em língua estrangeira (obrigatório)Lista de ilustrações (opcional)Lista de tabelas (opcional)Lista de abreviaturas e siglas (opcional)Lista de símbolos (opcional)Sumário (obrigatório)Introdução

Texto DesenvolvimentoConclusãoReferências (obrigatório)Glossário (opcional)

Pós-textuais Apêndice(s) (opcional)Anexo(s) (opcional)Índice(s) (opcional)

Texto 14Texto 14

Page 79: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE V

7979

Como você verificou na tabela, a estrutura da monografia apresenta três grandes divisões.A seguir darei algumas explicações sobre elas.

II Pré- texto ou pré-textuais

São os elementos apresentados antes do texto e que trazem informações necessárias àidentificação do trabalho. Alguns desses elementos são obrigatórios e outros são opcionais. Vejaa seguir.

Capa

É essencial para a proteção e identificação do trabalho, por isso é obrigatória. A ABNTrecomenda a apresentação das informações na ordem que se segue:

• nome da instituição• nome do autor• título do trabalho e subtítulo, se houver• número de volumes quando houver mais de um• cidade onde se localiza a instituição recebedora• ano em que foi entregue o trabalho.

Lombada

É a parte dorsal, isto é, as costas da obra, que seguram a parte interna das folhas. É facultativa.Quando usada, nela aparecem o nome do autor, o título da obra e elementos alfanuméricos.

Folha de rosto

Deve figurar logo após a capa e constitui-se na fonte principal de identificação. Além doselementos que aparecem na capa, no anverso da folha de rosto deve figurar:

• natureza do trabalho, isto é, trabalho de conclusão de curso, dissertação de mestrado, tesede doutorado e outros; objetivo do trabalho, isto é, aprovação em disciplina, curso etc. ;nome da instituição e área de concentração

• nome do orientador e do co-orientador.

No verso da folha de rosto deve figurar a ficha catalográfica, de acordo com o Código deCatalogação Anglo-Americano.

Errata

Corrigenda. É opcional. Quando se fizer necessário faz-se a lista dos erros e indicam-se ascorreções.

Page 80: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

8080

Folha de aprovação

É obrigatória e vem logo após a folha de rosto trazendo os mesmos elementos acrescidosda data de aprovação e de dados de identificação dos componentes da banca, tais como nome,titulação, instituição a que pertencem e assinatura.

Dedicatória (s)

É opcional e aparece quando o autor presta homenagem a pessoas relevantes em sua vidaparticular ou profissional.

Agradecimento(s)

Aparece quando o autor deseja demonstrar gratidão a pessoas que contribuíram direta ouindiretamente para a elaboração do trabalho.

Epígrafe

É opcional e pode figurar após a folha de agradecimentos e no início das seções primárias.Consiste numa citação correlacionada com o assunto abordado e seguida da indicação do autor.

Resumo na língua vernácula

Apresentação concisa e obrigatória dos elementos de maior importância do texto não devendoultrapassar 500 palavras. Abaixo do resumo, colocar as palavras-chave (NBR 6028).

Resumo em língua estrangeira

Elemento também obrigatório, consiste em uma versão para o inglês (abstract) ou para oespanhol (resumen) ou para o francês (résumé), com as mesmas características do resumo emlíngua vernácula.

Lista de ilustrações e lista de tabelas

São opcionais ; só deverão ser elaboradas se houver tais elementos no texto. Cada itemdeverá constar com seu nome específico seguido do número da página.

Lista de abreviaturas e siglas

Relação alfabética de abreviaturas e siglas que aparecem no trabalho, com os respectivossignificados. É opcional.

Lista de símbolos

Relação opcional de símbolos utilizados no texto com as respectivas significações.

Page 81: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE V

8181

Sumário

É obrigatório e consiste na enumeração das seções, subseções e demais divisões do trabalho,obedecendo à ordem em que se apresentam, seguindo-se o número das páginas. Recomenda-se usar a mesma grafia do interior do trabalho.

III Texto ou textuais

Consiste no estudo propriamente dito e se divide em três partes: a introdução, odesenvolvimento e a conclusão, como você já viu no Texto 13. Vejamos um pouco mais.

Introdução

É a etapa inicial do texto. Geralmente é feita a partir do projeto e nela constam, além dotema do estudo e sua delimitação, a justificativa, os pressupostos teóricos, os objetivos, as hipótesesou as questões do estudo e, finalmente, a abordagem metodológica utilizada e a relevância dotrabalho. A introdução não é uma repetição do resumo, não deve detalhar a fundamentaçãoteórica, nem antecipar os resultados e conclusões.

Desenvolvimento

Parte mais importante do texto. Deve ser dividida em tantas seções e subseções quantasforem necessárias para o detalhamento do relatório da pesquisa ou estudo realizado. Sãoapresentadas teorias, descrição de métodos, procedimentos e discussão de resultados, dentreoutras partes.

As descrições apresentadas devem ser suficientes para permitir a compreensão das etapasda pesquisa. Minúcias ou provas matemáticas ou procedimentos experimentais, por exemplo, senecessário devem constituir material anexo ou apêndices.

Conclusão

Nesta seção, devem figurar, clara e ordenadamente, as evidências e deduções tiradas dosresultados do trabalho ou levantadas ao longo da discussão do tema, em função dos objetivos ehipóteses ou questões.

Dados quantitativos não devem aparecer na conclusão, nem tampouco resultadoscomprometidos e passíveis de discussão. Recomendações devem ser feitas para que novaspesquisas e estudos prossigam no sentido de investigar os resultados não esclarecidos.

IV Pós-textuais ou pós-texto

O trabalho é finalizado com os elementos pós-textuais a seguir apresentados.

Page 82: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

8282

Referências

É um elemento obrigatório que permite a identificação individual de documentos que possuaminformação registrada incluindo impressos, manuscritos, registros audiovisuais e sonoros, dentreoutros. A elaboração das referências obedece à norma NBR 6023/2002 sobre a qual trataremosno Texto 17.

Glossário

Lista opcional de palavras de sentido restrito acompanhadas da respectiva definição.

Apêndice

É opcional e consiste em textos ou documentos elaborados pelo próprio pesquisador com oobjetivo de complementar sua argumentação. São identificados por letras maiúsculas, seguidasdos respectivos títulos.

Anexo

É opcional e consiste em textos ou documentos não elaborados pelo pesquisador, maisimportantes para o estudo. São também identificados por letras maiúsculas e respectivos títulos.

Índice

É opcional e segue a NBR 6034 para a sua elaboração.

V Apresentação de trabalhos acadêmicos

Formato• papel branco, formato A4, impresso na cor preta, (exceção para as ilustrações), digitado no

anverso da folha (exceção da folha de rosto)• fonte tamanho 12 para o texto, tamanho menor para citações longas, notas de rodapé,

paginação e legendas

Margem• superior e esquerda: 3cm• direita e inferior: 2cm

Espaço• duplo• espaço simples: citações longas, notas, referências, legendas, ficha catalográfica, natureza

do trabalho• dois espaços duplos: separação dos títulos das subseções, dos textos que os precedem e

os sucedem

Page 83: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE V

8383

Indicativos de seção• o número da seção vem alinhado à esquerda separado do título por um espaço de caractere• os títulos sem indicativo numérico são centralizados• a folha de aprovação, a dedicatória e a epígrafe não têm título

Paginação• numeração arábica colocada a partir da primeira folha da introdução, mas contada a partir

da folha de rosto (não se usam mais os algarismos romanos)• localização do número no canto superior direito da folha, a 2 cm da borda superior e da

borda direita da folha

Numeração progressiva• nas seções e subseções do texto• os títulos das seções primárias devem iniciar folha• os títulos das seções e subseções são destacados através de negrito, itálico ou grifo e redondo

Siglas

Quando aparecer pela primeira vez no texto, usa-se o nome completo seguido pela siglaentre parênteses.

VII Observações Finais

No apêndice deste módulo, são encontrados modelos de formatação de páginas que podemservir de exemplo por ocasião da redação da monografia. O estilo coloquial da redação, entretanto,não deve ser seguido.

Exercícios

1. Utilizando os dados de sua pesquisa, organize uma proposta de capa e de folha de rosto.

2. Em que consiste e onde deve figurar o resumo em língua vernácula?

3. Fale sobre a parte textual da monografia.

4. Explique a diferença entre apêndices e anexos.

Enriqueça seu estudo

⇒ Recomendo a análise da Norma NBR 14724/2002. Ela trata, em detalhes, dos princípios para aelaboração de trabalhos acadêmicos. Apesar de ter procurado, neste texto, abordar os aspectosgerais da norma, se você tiver algumas dúvidas tenho a certeza de que irá solucioná-las fazendouma consulta à mesma.

Page 84: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

8484

Estilo para a Redação deTrabalhos Acadêmicos

O pesquisador, ao preparar a comunicação dos resultados de sua pesquisa, além do conteúdo,parte substantiva de seu trabalho, deve se preocupar com dois aspectos: a formatação e o estiloque usará na redação. Sobre a formatação foram apresentados os dados essenciais, e vocêpoderá recorrer à própria norma da ABNT.

Serão feitas neste texto algumas considerações sobre o estilo.

Spector (1997, p. 43) explica que, num manual de estilo, é encontrado um conjunto dediretrizes que auxiliam a redação inteligível e agradável. E conclui “ainda que o ato de escreverseja profundamente individual, os textos não-literários devem seguir uma série de normas [...]”

Quais são as normas básicas de estilo para que se produza um bom texto técnico?

No trabalho científico, a informação vem estruturada através de divisões e subdivisõesobrigatórias. Assim é que as informações aparecem divididas em seções e estas subdivididas emsubseções. Caberá ao autor decidir o número de seções necessárias para que os resultados desua pesquisa sejam comunicados. Dentro das seções ele também deverá decidir onde se tornanecessário abrir subseções. Estas decisões não são aleatórias. Estão ligadas ao conteúdo eseqüência das informações, à dimensão total do trabalho e às unidades de pensamento.

Os autores que tratam de estilo, tais como Salomon, Galliano, Severino, Medeiros, Spectore Beaud, consultados para a redação deste tema, são unânimes em afirmar a importância daclareza, unidade, coerência e concisão ao se redigir um parágrafo, unidade menor dopensamento. Veja o que eles afirmam a respeito desses tópicos:

- clareza: capacidade de transmitir com exatidão uma idéia em uma frase;- unidade: relevância de cada frase para o tema do parágrafo;- coerência: relação lógica das frases que constituem o parágrafo;- concisão: capacidade de se expressar sem uso redundante de palavras que prejudicam

a objetividade do texto.

A construção do parágrafo é um dos momentos mais importantes da redação, pois eleexpressa as etapas do raciocínio do autor. Por esta razão, as dimensões, a seqüência e a maiorou menor complexidade do parágrafo decorrem do raciocínio expresso. Deve-se evitar o usoexcessivo dos parágrafos ou a sua ausência quase total. A estrutura do parágrafo acompanha aestrutura da própria monografia: introdução, desenvolvimento e conclusão.

Quando o autor de um trabalho não-literário expressa seu pensamento, embora sem apreocupação de um trabalho artístico, ele tem por obrigação cumprir o objetivo de se fazer entender,

Texto 15Texto 15

Page 85: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE V

8585

de comunicar aos seus pares os resultados de sua pesquisa. Para tal, ele, obrigatoriamente, teráde utilizar os códigos da lingüística, respeitar as leis da gramática.

Spector (1997), a partir de sua experiência em bancas examinadoras e orientação de teses,destaca as dificuldades que o pesquisador apresenta ao redigir seus relatórios; veja algumas:

• concordância verbal - a maior parte dos erros de concordância ocorre em frases longas,geralmente após a interpolação de frases que separam o sujeito do verbo;

• tempo do verbo - deve-se manter homogeneidade no tempo dos verbos: o trabalho científicorelata uma investigação já realizada, o que obriga o autor a fazer o seu relato no pretéritoperfeito; quando, no entanto, o fato demonstrado ainda é aceito, não deve ser escrito nopassado. Observe o exemplo que ele dá: “Einstein demonstrou que a velocidade da luz éconstante.” (p. 53).

• gerúndio - deve-se evitar o seu uso nos casos em que a ação já foi concluída;

• coloquialismo - na linguagem técnica não se deve usar expressões coloquiais nemexpressões técnicas imprecisas;

Obs.: Aqui, abro parênteses para lembrar aos leitores deste módulo que a linguagem por mimusada se aproxima do coloquial, da familiaridade com o estudante, por se tratar de um cursodado dentro das técnicas da educação a distância, que recomendam ao autor procurar travarum diálogo com o aluno, através do material. Você não deverá seguir a linguagem por mimusada ao elaborar sua monografia.

• etc. e e/ou - não devem ser usados nas monografias. Fogem ao rigor do trabalho científico,são expressões imprecisas;

• uso de numerais nos textos técnicos - não há consenso sobre o seu uso; alguns manuaisrecomendam que todos os números acima de dez sejam escritos com algarismos e nãocom palavras;

• abreviaturas - no texto, define-se a abreviatura quando o termo aparece pela primeira vez,colocando-a entre parênteses após o termo por extenso; a partir daí, pode ser usada apenasa abreviatura; quando são usadas muitas abreviaturas, costuma-se fazer uma lista deabreviaturas e colocá-la no pré-texto;

Finalizando, faço as seguintes recomendações:- observe as regras gramaticais ao fazer sua redação;- evite linguagem coloquial;- exponha as idéias com clareza, precisão e objetividade;- prefira frases curtas que contenham uma só idéia;- utilize linguagem direta.

Releia o texto quantas vezes se fizerem necessárias; todas as vezes que o fizer aumentaráo seu entendimento do mesmo, alcançará maior clareza e a redação ganhará em qualidade.Spector diz que o trabalho deverá ser revisto continuamente pelos seguintes motivos:

Page 86: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

8686

Exercício

Localize, em uma revista técnica, um artigo de seu interesse e faça uma leitura críticasobre o estilo adotado pelo autor. Use o Texto 15 como referência.

- detectar erros tipográficos;- rever frases e parágrafos pouco claros;- verificar a seqüência lógica do texto;- conferir os dados nas tabelas, nas referências etc.;- cortar o excesso de adjetivos, informações repetitivas, tabelas desnecessárias;- evitar desproporção entre as seções.

Espero que as considerações aqui apresentadas sobre questões de estilo despertem emvocê a preocupação em apresentar as suas pesquisas numa linguagem técnica correta eagradável.

Enriqueça seu estudo

⇒ A Parte 3, “Manual de Estilo”, de autoria de Spector (1997), traz muitos exemplos sobre os tópicosexplanados no texto; é uma leitura proveitosa.

⇒ Beaud (2000), no capítulo 24, “Alguns conselhos muito práticos para a redação do manuscrito”,apresenta “dicas” interessantes.

Page 87: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE V

8787

Apresentação de Citações nosTrabalhos Acadêmicos

Esta Unidade tratou especificamente da elaboração de monografias chamadas pela ABNTde trabalhos acadêmicos. Estes trabalhos têm uma estrutura própria, como você já viu, e devemser redigidos obedecendo a determinadas regras de estilo. Restam ainda dois aspectos prioritáriosna redação dessa modalidade de trabalhos: são eles as citações e as referências. Este textotratará das citações.

Que são citações e como e quando usá-las?

Segundo a ABNT, citação é a “menção de uma informação extraída de outra fonte.”(ASSOCIAÇÃO, 2002b, p.1).

As citações têm o objetivo de dar maior credibilidade às idéias e pontos de vista que opesquisador está defendendo uma vez que ele vai buscar em outros autores – especialistas noassunto tratado – argumentos favoráveis a sua proposição.

Ao longo deste módulo você teve oportunidade de conviver com diferentes tipos de citações.Você percebeu que algumas citações vêm inseridas no texto que escrevi, enquanto outras vêmdestacadas do texto com uma formatação específica?

Retorne ao Texto 1, “ O ato de estudar”. Observe que, logo na primeira página, aparecem doistipos de citações. A primeira, de Salomon, está destacada do texto, apresenta um recuo de 4 cm emrelação à margem esquerda, foi digitada com espaço de entrelinha simples e a fonte é menor doque a utilizada no texto. Veja que ela não está entre aspas. Dois parágrafos abaixo, ainda no Texto1, vem uma citação de Medeiros escrita no próprio texto, com a mesma fonte e entre aspas.

Por que isso ocorre?

Em primeiro lugar, deve ficar claro que ambas são denominadas de citações diretas porqueutilizam as próprias palavras do autor consultado; no caso, Salomon e Medeiros.

A ABNT (ASSOCIAÇÃO, 2002b, p.2) assim define a citação direta: “transcrição textual departe da obra do autor consultado.”

Ocorre, entretanto, diferentes maneiras de apresentá-las graças, principalmente, a um fatorestético. A citação de Salomon tem mais de três linhas e por essa razão é apresentada emdestaque; ela é uma citação direta longa. Já a citação de Medeiros não ultrapassa três linhas,motivo pelo qual vem inserida no próprio texto, entre aspas. É uma citação direta curta. Veja quepor se tratar de citações textuais, que repetem exatamente as palavras do autor, eu indiquei a

Texto 16Texto 16

Page 88: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

8888

fonte, isto é, o sobrenome do autor, acompanhado da data e do número da página do livro deonde ela foi extraída. Esse procedimento de indicação da fonte é chamado de autor-data. Existeum outro procedimento que é denominado de numérico. Se você desejar conhecê-lo, consulte aNorma NBR 10520/2002.

Uma outra maneira de você se remeter ao pensamento de um autor é a citação indiretatambém chamada por alguns de paráfrase. Consulte o Texto 13 “A Comunicação dos resultadosda pesquisa – a monografia”; logo no primeiro parágrafo você encontra uma citação indireta.Repare que eu digo com as minhas palavras que Salomon (2001) foi buscar em 1855 as origenshistóricas da monografia. No sétimo parágrafo você pode verificar procedimento semelhante quandome refiro a Severino (2000). A ABNT define esta situação como “texto baseado na obra do autorconsultado.” (ASSOCIAÇÃO, 2002b, p.2).

Muitas vezes consideramos relevante transcrever o pensamento de um autor que vem citadonuma obra escrita por outro. A isso denomina-se de citação de citação. Acompanhe a definiçãodada pela ABNT “ citação direta ou indireta de um texto em que não se teve acesso aooriginal.”(ASSOCIAÇÃO, 2002b, p.1). Você encontra um exemplo de citação de citação no Texto6 – “Fatos e Teorias na Construção do Conhecimento”, quando eu explico que: “Segundo Cohene Nagel, citados por Lakatos (1995, p.27), a palavra fato pode referir-se a coisas diferentes [...]” Oque significa isso? Simplesmente que eu tive acesso ao livro de Lakatos onde obtive a informaçãode Cohen e Nagel.

Em muitas ocasiões o pesquisador não necessita transcrever os textos em sua totalidade,deseja fazer supressão de um trecho, acrescentar algo ou enfatizar determinados aspectos. Comoproceder? Observe no parágrafo anterior que eu concluí a frase com o sinal [...]. É este o sinalque você deve usar quando desejar fazer a supressão de um trecho na citação.

Por outro lado quando você desejar enfatizar alguma expressão ou trecho da citação, deverádestacá-la e ao transcrever os dados da fonte acrescentar a expressão “grifo nosso”.

Na explicação que darei a seguir você verá um exemplo de destaque em citação. Acompanheo próximo parágrafo.

Uma maneira usual de obter informações ocorre através de depoimentos, palestras etc.Veja o que a ABNT recomenda fazer nesta situação. “Quando se tratar de dados obtidos porinformação verbal [...] indicar, entre parênteses, a expressão informação verbal, mencionando-se os dados disponíveis, em nota de rodapé. (ASSOCIAÇÃO, 2002, p.2, grifo nosso).

Você viu, no parágrafo anterior, que inseri o símbolo [...] significando a supressão de umtrecho, bem como negrito para a expressão informação verbal; junto à indicação da fonte foifeito o acréscimo explicativo “grifo nosso”. Se o destaque tivesse sido do próprio autor, a expressãoa ser acrescida junto à fonte seria “grifo do autor.”

Na indicação da fonte que precede ou acompanha a citação ocorrem duas situações;

Page 89: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE V

8989

Exercícios

Analise, neste módulo, exemplos das seguintes situações:

1. citações diretas longas

2. citações diretas curtas

3. citações indiretas

4. citação de citação

5. uso do símbolo [...]

Enriqueça seu estudo

⇒ Recomendo a leitura da NBR 10520/2002, onde encontrará informações preciosas para a redaçãode citações em sua monografia.

a) o sobrenome do autor ou autores poderá vir totalmente dentro de parênteses e nessecaso em letras maiúsculas. Ex. (SALOMON, 2001, p.26).

b) o sobrenome do autor ou autores, devido à maneira de redigir, vem na sentença emletras maiúsculas e minúsculas. Ex. Conforme explica Salomon (2001), a monografia éum estudo aprofundado de um tema.

As situações mais comuns no uso de citações foram por mim expostas. Na NBR 10520/2002, você encontrará inúmeras outras ocorrências num nível de detalhamento bem expressivo.Você poderá consultar esta e outras normas na própria sede da ABNT que fica situada na Av.Treze de Maio, 13 - 28º andar. Rio de Janeiro – RJ – CEP 20 003-900 – telefone (21) 3974 2300ou, se preferir, adquiri-las.

Page 90: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

9090

Como Elaborar as Referências de um Documento

Neste último texto você vai se familiarizar com a questão das referências. Até pouco tempoera usual a expressão referências bibliográficas, mas a partir do ano 2000, quando a ABNTatualizou a NBR 6023, ela adotou apenas o termo referências. Há uma razão para isso. É queatualmente, com as possibilidades oferecidas pelas novas tecnologias, a coleta de dados dapesquisa não se limita às informações provenientes das bibliotecas; atinge os meios eletrônicos.

O que é exatamente referência?

É a seguinte a definição de referência adotada atualmente pela ABNT: “conjunto padronizadode elementos descritivos, retirados de um documento, que permite sua identificação individual.”(ASSOCIAÇÃO, 2002a, p.2).

Os elementos a serem incluídos na referência são de dois tipos: elementos essenciais quesão indispensáveis para a identificação do documento e complementares que permitem umamelhor identificação dos mesmos.

Em que parte do trabalho devem-se localizar as referências?

A localização das referências está na dependência do tipo de documento. Se você preparaum resumo de um texto numa ficha, por exemplo, a referência vem no início do trabalho. Emoutras ocasiões ela vem em nota de rodapé ou no fim do capítulo ou seção, mas nesse caso deveser repetida em lista ao final do trabalho. Esta lista é um elemento pós-textual obrigatório. Nestetexto vamos dar a você algumas orientações gerais sobre a apresentação das referências nosistema alfabético, adotado neste trabalho. Para tanto, utilizei como exemplo diversas referênciaspor mim organizadas na lista que se encontra no final deste módulo. Se você tiver necessidade deaprofundar a análise deste tema, deverá consultar a norma NBR 6023/2002.

Como deve ser feita a apresentação das referências?

Na lista, as referências devem estar alinhadas junto à margem esquerda, em espaço simplese separadas umas das outras por espaço duplo. Os títulos podem ser destacados por negrito,itálico ou grifo mas uma vez escolhida uma dessas formas, deve ser seguida em toda a lista. Nocaso de obra sem autoria em que o título inicia a referência, ele virá em maiúsculas não seusando, assim, negrito, itálico ou grifo. A pontuação segue regras internacionais.

Texto 17Texto 17

Page 91: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE V

9191

Quais os elementos essenciais de um documento e como apresentá-los?

No caso de livros, folhetos e trabalhos acadêmicos são elementos essenciais o autor ouautores, título, edição, local, editora e data de publicação. Veja, na lista de referências destemódulo, os exemplos de Chizzotti (um autor) e de Lakatos e Marconi (dois autores).

Quando se tratar de parte de uma obra com autores ou títulos próprios, são elementosessenciais o autor ou autores e título da parte, seguida da expressão latina “In”, da referênciacompleta da obra e da paginação da parte destacada. Veja, na lista de referências, o exemplo deGomes.

Quando se tratar de referência de matéria de revista ou boletim, os elementos essenciaissão autor ou autores, título da matéria, título da publicação (em destaque), numeraçãocorrespondente ao volume, fascículo, paginação da matéria e data. Veja, na lista de referências,o exemplo de Boruchovitch e Mercuri.

Quando se tratar de matéria de jornal, são elementos essenciais da referência, além doautor ou autores e título da matéria, o título do jornal (em destaque), local, paginação correspondentee data da publicação. Veja, na lista de referências, a referência de Zaluar. No caso de haverseção, caderno ou parte, a data da publicação precede o nome da seção, caderno ou parte e areferência finaliza com a paginação.

Quando se tratar de legislação, são essenciais jurisdição, título, numeração, data e dadosda publicação. Veja a seguir a referência de uma resolução do Conselho Nacional de Educação.

BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CP 2, de 19 de fevereiro de 2002.Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 4 mar. 2002. Seção 1, p.9.

Quando se tratar de documentos eletrônicos (disquetes, CD-ROM, internet etc.), alémdos elementos já indicados nos parágrafos anteriores, acrescentar as informações relacionadasà descrição física do meio. Nas obras consultadas online, o endereço eletrônico deve vir entre ossinais < >, precedido da expressão “Disponível em”, bem como a data de acesso ao documento.Veja, na lista de referências deste módulo, o exemplo de Godoy.

Como fazer a transcrição dos elementos na referência?

Até aqui procurei chamar a sua atenção para aspectos gerais da apresentação de referências.É importante também passar-lhe algumas noções sobre as regras para transcrição dos elementosde autoria, título e subtítulo, edição, local, editora e data, dentre outros. Prossiga consultando alista de referências.

Em relação à autoria, ocorrem as seguintes situações:• autor pessoal: ver Costa, nas referências deste módulo;• até três autores: ver Cervo e Bervian;• mais de três autores: indica-se o primeiro e a expressão et al. Ver Luckesi;• um dos autores é responsável pelo conjunto: ver Minayo;

Page 92: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

9292

• obra traduzida: ver Beaud;• autor entidade: ver Associação Brasileira de Normas Técnicas.

Em relação ao título e subtítulo:• devem ser transcritos separados por dois pontos destacando-se apenas a primeira parte,

como se pode ver em Goldenberg.

Em relação à edição:• a edição deve vir logo após o título e subtítulo, conforme se vê na lista, em várias

referências; quando se tratar de obra traduzida, fazer como em Beaud.

Em relação ao local:• deve-se transcrever o nome da cidade como, por exemplo, na referência de Cervo e

Bervian;• quando se tratar de homônimos, acrescenta-se o nome do estado ou do país, conforme

o caso. Observe a referência de Santos, na lista de referências.No caso de não aparecer na obra o nome da cidade, deve-se usar a expressão sine locoentre colchetes: [S.l.].

Em relação à editora:• indica-se o nome da editora, abreviando-se os prenomes e eliminando-se palavras que

designam a natureza jurídica e comercial, sempre que possível. Como exemplo cito areferência de Demo.

• No caso de a editora não estar identificada, utilize a expressão sine nomine abreviada[s.n.]. Em algumas ocasiões a editora é a pessoa ou instituição responsável pela autoria,já tendo sido mencionada na referência. Nesse caso não se deve indicar a editora.

Em relação à data:• é transcrita em algarismos arábicos. Quando no documento não aparece a data, mas se

conhece a data provável, coloca-se o sinal [ ]. Veja a referência de Moulin. Nas publicaçõesperiódicas os meses são indicados de forma abreviada (três primeiras letras), com exceçãodo mês de maio, que se escreve por extenso. Veja a referência de Boruchovitch e Mercuri.

Em relação a notas:• informa a ABNT que, “sempre que necessário à identificação da obra, devem ser incluídas

notas com informações complementares, ao final da referência, sem destaque tipográfico”(ASSOCIAÇÃO, 2002a, p. 19) e apresenta o exemplo a seguir:

ARAUJO, U. M. Máscaras inteiriças Tukúna: possibilidades de estudo de artefatos de museupara o conhecimento do universo indígena. 1985. 102 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais)-Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, São Paulo, 1986.

Page 93: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE V

9393

Exercício

Procure em bibliotecas de instituições de ensino superior algumas monografias e façauma análise das listas de referências que apresentam. Compare-as com as normas daABNT e redija um parecer a respeito. Pontos principais a serem analisados:

- o sistema de referência utilizado

- o recurso tipográfico utilizado para destacar o título

- o alinhamento das referências

- a apresentação de periódicos e jornais

- a apresentação de referências eletrônicas

- a apresentação da edição, editora, local e data

Enriqueça seu estudo

⇒ Recomendo a leitura da NBR 6023/2002 que complementará o que você estudou neste texto.

De que maneira devem ser ordenadas as referências dos documentoscitados em um trabalho?

Os sistemas mais adotados para a ordenação das referências são o sistema alfabético, noqual se obedece à ordem alfabética na confecção da lista, e o numérico, no qual a lista é organizadade acordo com a ordem de citação no texto. Como já foi aqui comentado, a lista elaborada nestemódulo segue o sistema alfabético. Faça uma análise da lista e verá que sigo rigorosamente aordem alfabética. Além disso, as chamadas no decorrer dos textos, obedecem à mesma entradaque utilizei nas referências. Observe também que, na lista, algumas vezes, ao invés de aparecero sobrenome do autor, aparece um traço (seis espaços). Isso pode ocorrer quando na mesmapágina aparece o nome de um autor de várias obras. Veja os exemplos das referências daAssociação Brasileira de Normas Técnicas e de Demo, dentre outras.

Procurei apresentar a você, neste texto, as ocorrências mais usuais ao se redigirem asreferências nos trabalhos acadêmicos. Foi também minha intenção mostrar-lhe que este módulofoi organizado de maneira a servir de exemplo na elaboração de trabalhos acadêmicos,principalmente no que concerne às citações, utilização de fontes e apresentação de referências.

Termino aqui a minha contribuição para os seus estudos de metodologia da pesquisalembrando que você poderá sempre aprofundar e ampliar os seus conhecimentos recorrendo àsleituras complementares e às normas da ABNT.

Page 94: Metodologia da Pesquisa

METODOLOGIA DA PESQUISA

9494

Esquematizando...

1 A COMUNICAÇÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA: A MONOGRAFIA1.1 Monografia: estudo minucioso que propõe esgotar um tema relativamente restrito. O relatório da pes-

quisa é editorado sob a forma de uma monografia que, conforme o grau de profundidade, pode serum trabalho de iniciação científica, uma dissertação ou uma tese. A ABNT evita o uso do termo ge-nérico monografia, substituindo-a na NBR 14724/2000 pela expressão trabalhos acadêmicos.

1.2 Relatório da pesquisa: processo de reflexãopessoalautônomocriativorigoroso

1.2.1 Montagem da monografia1.2.1.1 Redação provisória1.2.1.2 Redação definitiva

2 ESTRUTURA DOS TRABALHOS ACADÊMICOS SEGUNDO A ABNT2.1 Pré-textuais2.2 Textuais2.3 Pós-textuais

3 ESTILO PARA A REDAÇÃO DE TRABALHOS CIENTÍFICOS3.1 Manual de estilo: conjunto de diretrizes para auxiliar a redação3.2 Estrutura redacional dos trabalhos acadêmicos: seções e subseções e outros3.3 Normas de redação

clarezaunidadecoerênciaconcisão

3.4 Importância do parágrafo3.5 Cuidados a tomar no ato de redigir

concordância verbaltempos de verbouso de numeraisabreviaturascoloquialismo

4 APRESENTAÇÃO DE CITAÇÕES NOS TRABALHOS ACADÊMICOS4.1 Definição de citação: menção de uma informação extraída de outra fonte4.2 Tipos de citação4.2.1 Citação direta4.2.1.1 citação direta longa – mais de três linhas, destacada fora do texto4.2.1.2 citação direta curta – até três linhas, inserida no próprio texto4.2.2 Citação indireta – texto baseado na obra do autor consultado4.2.3 Citação de citação – citação direta ou indireta de um texto em que não se teve acesso ao original4.3 Informações importantes:4.3.1 Supressão de trechos da citação: usar o sinal [...]4.3.2 Destaque de expressões na citação: incluir a expressão “grifo nosso” ao transcrever os dados da

fonte4.3.3 Dados obtidos por informação verbal: indicar entre parênteses a expressão “informação verbal”4.3.4 Formas de indicação de fontes nas citações

5 COMO ELABORAR AS REFERÊNCIAS DE UM DOCUMENTO5.1 Definição de referência: conjunto padronizado de elementos descritivos, retirados de um documentoque permite sua identificação individual.5.1.1 Elementos de uma referência5.1.1.1 elementos essenciais5.1.1.2 elementos complementares5.2 Localização das referências

Page 95: Metodologia da Pesquisa

UNIDADE V

9595

5.3 Apresentação das referências5.4 Como apresentar os elementos essenciais de um documento5.4.1 Livros, folhetos e trabalhos acadêmicos5.4.2 Parte de uma obra5.4.3 Revista ou boletim5.4.4 Jornal5.4.5 Legislação5.4.6 Documentos eletrônicos5.5 Transcrição dos elementos na referência5.5.1 autoria5.5.2 título e subtítulo5.5.3 edição5.5.4 local5.5.5 editora5.5.6 data5.5.7 notas5.6 Sistemas de ordenação das referências5.6.1 Sistema alfabético5.6.2 Sistema numérico

Page 96: Metodologia da Pesquisa

9696

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: Informação e documentação:referências–elaboração. Rio de Janeiro, 2002a.

______. NBR 10520: Informação e documentação: citações em documentos–apresentação. Riode Janeiro, 2002b.

______. NBR 14724: Informação e documentação: trabalhos acadêmicos–apresentação. Rio deJaneiro, 2002c.

BEAUD, Michel. Arte da tese: como redigir uma tese de mestrado ou de doutorado, uma monografiaou qualquer outro trabalho universitário. Tradução de Glória de Carvalho Lins. 3. ed. Rio deJaneiro: Bertrand Brasil, 2000.

BORUCHOVITCH, E.; MERCURI, E. A importância do sublinhar como estratégia de estudo detextos. Tecnologia Educacional. Rio de Janeiro, v. 28, n. 144, 37-40, jan./fev./mar. 1999.

CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia científica. 4. ed. São Paulo: Makron Books, 1996.

CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa em ciências humanas e sociais. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2000.

COSTA, Antônio F. G. da. Guia para elaboração de relatórios de pesquisa e monografias. Rio deJaneiro: UNITEC, 1998.

DEMO, Pedro. Introdução à metodologia da ciência. São Paulo: Atlas, 1985.

______. Pesquisa: princípio científico e educativo. 3. ed. São Paulo: Cortez, 1992.

FREIRE, P. Ação cultural para a liberdade. 9. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001.

GALLIANO, A. G. O método científico: teoria e prática. São Paulo: Harbra, 1986.

GIL, Antonio. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1996.

GODOY, Norton. O neo-iluminista. O famoso cientista Edward O. Wilson prega em livro a polêmicaunião de todas as ciências. ISTO É. São Paulo, 21 out. 1998. Disponível em <http://www.istoe.com.br>. Acesso em: 25 mar. 1999.

GOLDENBERG, Mirian. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em ciências sociais.3. ed. Rio de Janeiro: Record, 1999.

GOMES, Romeu. A análise de dados em pesquisa qualitativa. In: MINAYO, Maria C.S. (Org.).Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 14. ed. Petrópolis: Vozes, 2001. p. 67-80.

KÖCHE, José Carlos. Fundamentos da metodologia científica: teoria da ciência e prática dapesquisa. 19. ed. Petrópolis: Vozes, 2001.

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia do trabalho científico. 5. ed. São Paulo: Atlas,2001.

______. Metodologia científica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1995.

LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da escola pública: a pedagogia crítico-social dosconteúdos. 13. ed. São Paulo: Loyola, 1996.

Page 97: Metodologia da Pesquisa

9797

LUCKESI, Cipriano C. et al. Fazer universidade: uma proposta metodológica. 11.ed. São Paulo:Cortez, 2000.

LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas 6. impr. São Paulo:EPU, 2001.

MARCONI, M. A.; LAKATOS, E.M. Técnicas de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2000.

MAZZOTTI, Alda J.; GEWANDSZNAJDER, Fernando. O método nas ciências naturais e sociais:pesquisa qualitativa. 2.ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2001.

MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos , resenhas.3.ed. São Paulo:Atlas, 2000.

MINAYO, Maria Cecília de S. (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 14. ed.Petrópolis: Vozes, 2001.

MORIN, Edgar. Ciência com consciência. Tradução de Maria D. Alexandre e Maria Alice SampaioDória. 3. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.

MOULIN, Nelly M. O uso da matriz na montagem e análise de projetos de estudo. In: ZENTGRAF,Maria Christina. Técnica de estudos e pesquisa em educação: leituras complementares. Rio deJaneiro: CEP/UFRJ, [1996]. p. 81-85.

RICHARDSON, Roberto Jarry (Org.). Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. São Paulo:Atlas, 1999.

RUDIO, F. V. Introdução ao projeto de pesquisa científica. 28. ed. Petrópolis: Vozes, 2000.

SALOMON, D. V. Como fazer uma monografia. 10. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

SANTOS, Gildenir Carolino. Manual de organização de referências e citações bibliográficas paradocumentos impressos e eletrônicos. Campinas, SP: Unicamp, 2000.

SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 21. ed. São Paulo: Cortez, 2000.

SNYDERS, G. Para onde vão as pedagogias não diretivas. Lisboa: Moraes, 1987.

SPECTOR, Nelson. Manual para a redação de teses, dissertações e projetos de pesquisa. Riode Janeiro: Guanabara Koogan, 1997.

THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. 11. ed. São Paulo: Cortez, 2002.

TYLER, Ralph E. Princípios básicos de currículo e ensino. Tradução de Leonel Vallandro. 5.ed.Porto Alegre: Globo, 1978.

ZALUAR, Alba; PEREIRA, Luiz F.; MONTEIRO, Rodrigo. Pesquisa e liberdade de pensamento.Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, p. 9, 7 ago. 2000.

ZENTGRAF, Maria Christina. Monografia objetiva. Rio de Janeiro: ZTG, 2002. No prelo.

______. A pesquisa bibliográfica: planejamento, execução e comunicação. Rio de Janeiro: EDU/UERJ, 1997a. Apostila.

______.Pesquisa em educação. Rio de Janeiro: CEP/UFRJ, 2000. Módulo de ensino do Cursode Especialização em Docência Superior.

______. Técnicas de estudo e pesquisa em educação. Rio de Janeiro: CEP/UFRJ, 1997b. Módulode ensino do Curso de Especialização em Supervisão Escolar.

Page 98: Metodologia da Pesquisa
Page 99: Metodologia da Pesquisa

Ap

ên

dic

eA

pên

dic

e

CAPA FOLHA DE ROSTO

....................................................................

....................................................................(INSTITUIÇÃO)

AUTOR

TÍTULO DO TRABALHO

CIDADEANO

....................................................................

....................................................................(AUTOR)

TÍTULO DO TRABALHO

CIDADEANO

Trabalho finalapresentado àInstituição X comorequisito paraobtenção docertificado de ...

FOLHA DE APROVAÇÃO

AUTOR

TÍTULO DO TRABALHO

Natureza doTrabalho

Data da aprovação

Banca Examinadora______________________________________________________

RESUMO EM LÍNGUA ESTRANGEIRA

ABSTRACT

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

Apêndice A - Formatação de Página

Page 100: Metodologia da Pesquisa

100100

LISTA DE ILUSTRAÇÕES (se houver)

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Aurora Boreal, ......................... 32FIGURA 2 Eclipse Solar, .......................... 40

LISTA DE TABELAS (se houver)

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 Custos do projeto A, ............... 45TABELA 2 Custos do projeto B, ............... 71

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS(se houver)

LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

CEP Centro de Estudos de Pessoal

DEDICATÓRIA (opcional)

Dedico esteestudo a meuspais Maria eJ o a q u i mOliveira

Page 101: Metodologia da Pesquisa

101101

AGRADECIMENTOS

AGRADECIMENTOS (opcional) EPÍGRAFE (opcional)

[...] somos os únicosseres que, social ehistoricamente, nostornamos capazes deaprender.(Freire, 1999, p. 77)

RESUMO

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

RESUMO EM LÍNGUA VERNÁCULA SUMÁRIO

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................... 52 REFERENCIAL TEÓRICO .................... 102.1 Considerações iniciais ......................... 102.2 Histórico ............................................... 123 .......................3.1 .....................4 CONCLUSÃO............................................. REFERÊNCIAS APÊNDICES ANEXOS

Page 102: Metodologia da Pesquisa

102102

1 INTRODUÇÃO

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

INTRODUÇÃO DEMAIS CAPÍTULOS

2 ........................................ (título)

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

CONCLUSÃO

[...] CONCLUSÕES

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

....................................................................

REFERÊNCIAS

REFERÊNCIAS (obrigatório)

Page 103: Metodologia da Pesquisa

103103

APÊNDICES A, B, C etc. (opcional)

APÊNDICE A - Plano de Ação ANEXO A - Modelo de Capa

ANEXOS A, B, C etc. (opcional)

MARGENS

superior3 cm

direita2 cm

esquerda3 cm

inferior2 cm

Page 104: Metodologia da Pesquisa

104104

Apêndice B - Editoras

Associação Brasileira de TecnologiaEducacional (ABT)

(0XX 21) 2553-2123

[email protected]

Atlas

(0XX 11) 221-9144

www.edatlas.com.br

Bertrand Brasil

(0XX 21) 2263-2082

Cortez

(0XX 11) 3864-0111

[email protected]

EPU

(0XX 11) 3168-6077

Guanabara Koogan

Travessa do Ouvidor, 11.

Centro – Rio de Janeiro, RJ.

Harbra

(0XX 11) 5549-2244, 5571-0276 e 5571-9777

Livraria Martins Fontes

(0XX 11) 3241-3677

[email protected]

Makron Books do Brasil

(0XX 11) 3845-6622

[email protected]

Papirus

(0XX 19) 3234-6422

Caixa Postal 736

13001-970 - Campinas - SP

Pioneira

(0XX 11) 3858-3199

[email protected]

Record

(0XX 21) 2585-2000

Saraiva

(0XX 11) 36133000

televendas - (11) 36133344

www.editorasaraiva.com.br

Vozes

(0XX 24) 2237-5112

www.vozes.com.br

Page 105: Metodologia da Pesquisa

105105

Autora

Maria Christina Santos Rocha Zentgraf

Mestre e Doutora em Educação pela UFRJ.

Livre Docente pela UERJ.

Professora adjunta da UERJ.

Docente nos cursos de pós-graduação da UERJ e UNICARIOCA.

Especialista em Educação a Distância, tem participado do planejamento, produção e execução deprojetos na área.

Tem trabalhos publicados em revistas especializadas, no Brasil e no exterior.

É autora do presente Módulo.

Digitação e editoração eletrônica

Guido da Silva Godinho