método global de leitura

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RECONTANDO HISTÓRIAS… Tal como o próprio nome indica, a arte de recontar histórias implica o ato de tornar a contar algo, e, o jardim-de-infância tem também o papel de contribuir para isso mesmo. Morrow afirma que “recontar uma história é contar o que se lembra da mesma após sua leitura ou audição” (Morrow in revista do professor, 2003, p.5). As crianças, ao ouvirem uma história, percebem a sua sequência, e, quando a reconstroem mentalmente para a recontar desenvolvem um esquema de histórias, isto é, uma representação mental das suas partes. A educadora deve ser capaz de envolver as crianças e fazê-las identificarem-se com os personagens; ao interagirem com as histórias, as crianças passam a despertar emoções e sentimentos como se estivessem a viver a história das personagens, permitindo que, através da imaginação, desenvolvam a capacidade de resolução de situações e problemas que vivem no dia-a-dia. O reconto, ao ser trabalhado nos jardins-de-infância, irá, de algum modo, desenvolver, nas crianças, o prazer pela leitura, fazer com que apreciem as histórias, que compreendam o seu enredo, que identifiquem personagens, que possam, quem sabe, memorizar as histórias e o vocabulário nelas envolvidas e, assumindo o desafio de tornarem-se contadoras de histórias. A apresentação dos livros, a

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Page 1: Método Global de Leitura

RECONTANDO HISTÓRIAS…

Tal como o próprio nome indica, a arte de recontar histórias implica o ato de

tornar a contar algo, e, o jardim-de-infância tem também o papel de contribuir para isso

mesmo.

Morrow afirma que “recontar uma história é contar o que se lembra da mesma

após sua leitura ou audição” (Morrow in revista do professor, 2003, p.5). As crianças,

ao ouvirem uma história, percebem a sua sequência, e, quando a reconstroem

mentalmente para a recontar desenvolvem um esquema de histórias, isto é, uma

representação mental das suas partes. A educadora deve ser capaz de envolver as

crianças e fazê-las identificarem-se com os personagens; ao interagirem com as

histórias, as crianças passam a despertar emoções e sentimentos como se estivessem a

viver a história das personagens, permitindo que, através da imaginação, desenvolvam a

capacidade de resolução de situações e problemas que vivem no dia-a-dia.

O reconto, ao ser trabalhado nos jardins-de-infância, irá, de algum modo,

desenvolver, nas crianças, o prazer pela leitura, fazer com que apreciem as histórias, que

compreendam o seu enredo, que identifiquem personagens, que possam, quem sabe,

memorizar as histórias e o vocabulário nelas envolvidas e, assumindo o desafio de

tornarem-se contadoras de histórias. A apresentação dos livros, a perceção de que os

livros trazem histórias, informações e conhecimentos, e que estimulam a imaginação

completará o incentivo à leitura.

Ora, depois do professor, ou contador de histórias, apresentar uma história às

crianças, várias atividades podem ser realizadas, entre elas está o incentivar as crianças

a recontá-la, sem contudo, utilizá-la como pretexto para ensinar conteúdos. No entanto,

é importante e essencial que a criança seja orientada no seu recontar, pois isso auxilia-a

a prestar atenção aos elementos importantes, como o cenário - onde e quando ocorreu a

história - as personagens, os eventos iniciais, intermediários e finais. Claro que há

formas de ajudar as crianças neste reconto, pois umas vão mostrar mais dificuldades do

que outras. Perguntas como: “O que aconteceu depois?”, auxiliam as crianças as

relembrarem-se da história e a terem a oportunidade de continuarem. Nos casos em que

a criança não consegue, por algum motivo, iniciar a história, podem ser feitas perguntas,

Page 2: Método Global de Leitura

pelo educador, mais gerais, tais como: “Sobre o que era essa história?”; “Quando,

como e onde a história começou?”; “Quais eram os personagens?”; “O que aconteceu

na história?”; “Como a história terminou?” No entanto, pode ser o educador a dar

início à história e pedir às crianças para a continuarem.

Por outro lado, a criança pode não se lembrar da história e, deste modo, o

educador deve auxiliar a relembrar, dando pistas ou, mesmo em alguns casos, reconta a

história e conjunto com a ela. É de facto notório, que à medida que a criança reconta as

mais variadas histórias, comece a ser uma tarefa mais fácil e entusiasmante para ela,

melhorando, desta forma, o seu recontar, particularmente se se tratar da sua história

favorita.

Ainda que seja uma atividade importante, é necessário assegurar que o reconto

não cause aversão.

Como suscitar o reconto em grupo

- Um ou dois alunos ajudam o educador;

- A história vai sendo contada pelas crianças e o educador só interfere quando

necessário;

- As crianças contam a história em grupos de dois ajudando-se mutuamente;

- Uma turma conta a história a outra turma;

- Cada criança escolhe o momento preferido e conta-a em pormenor acrescentando o

que quiser;

- As crianças são convidadas a contar a história muito rapidamente e referindo apenas o

essencial.

Page 3: Método Global de Leitura

Método Sintético

O método sintético é a correspondência entre o oral e o escrito, entre o som e a

grafia, através da aprendizagem da letra por letra; da sílaba por sílaba ou da palavra por

palavra.

O ensino deste método inicia-se com um grau de dificuldade mais simples,

percorrendo um caminho até chegar a um mais complexo, ou seja, parte das partes para

um todo – da letra para a palavra. Com isto pode-se dizer que o enfoque deste método

baseia-se em processos de descodificação, análise fonológica, relações entre fonemas

(sons) e grafemas (letras).

Um aluno para iniciar este método de alfabetização, primeiro tem de dominar o

alfabeto (letra por letra), depois as sílabas, as palavras, seguindo-se as frases e

finalmente os textos. Para se obter resultados positivos com este método o discente tem

de passar todas as fases de aprendizagem corretamente senão não conseguirá atingir o

objetivo: leitura corrente e interpretação de um texto (Faculdade de Caldas Novas,

Pereira, Vitória, Santos e Machado, 2013, p.5)

O método sintético é divido em três tipos: alfabético; fónico e silábico. O

primeiro é um dos mais antigos sistemas de alfabetização e tem como princípio que a

leitura parte da memorização oral das letras do alfabeto, seguido de todas as suas

combinações silábicas e, por fim, as palavras. Por este processo, a criança vai soletrando

as sílabas até decodificar a palavra, como se pode ver no seguinte exemplo: a palavra

escola soletra-se assim: e + s = es > c + o = co > l + a = la { escola }.

O segundo consiste na aprendizagem através da associação entre fonemas e n

grafemas, ou seja, sons e letras. O método é baseado no ensino do código alfabético de

forma dinâmica, ou seja, as relações entre sons e letras devem ser feitas através do

planeamento de atividades lúdicas para levar os alunos a aprender a codificar a fala em

escrita e a decodificar a escrita (ver figura 1 nos anexos como exemplo deste método).

Por fim, o terceiro parte da sílaba para o ensino da leitura. O aluno aprende inicialmente

as sílabas, a combinação entre elas e chega à palavra. Exemplos: “A” de Andorinha; “E”

de Egipto; “I” de Igreja; “O” de Ovo; “U” de Uva.

Também se apresenta as sílabas canónicas, utilizando palavras e ilustrações destacando

a sílaba na palavra. Exemplos: MA > de macaco; CA > de caderno; ES > de escola.

Surge-nos, então, uma questão: “Qual a finalidade da aplicação deste método?”.

Este método aplica-se de forma a que os alunos comecem a reconhecer todas as letras

Page 4: Método Global de Leitura

do alfabeto e, posteriormente, saber associar as letras, passando ao reconhecimento das

sílabas que, por sua vez associadas, levam ao reconhecimento das palavras que formam

frases.

Vantagens e desvantagens do método sintético

Este método que já é utilizado há muitos anos nas instituições e apresenta várias

vantagens nomeadamente: é considerado um dos mais rápidos, simples e antigos de

alfabetização; pode ser aplicado a qualquer criança; o manual indica a sequência das

lições; permite realizar o trabalho com grandes grupos; os resultados, na sua maioria,

são positivos; estimula o auto conceito rapidamente e também previne problemas

ortográficos.

Contudo também tem vindo a revelar algumas desvantagens: ênfase excessiva

dos mecanismos de codificação (escrita) e descodificação (leitura); memorização e falta

de compreensão; pouco motivador, dado que se torna cansativo por ser apenas por

repetição; não se dá atenção ao significado pois as palavras são trabalhadas fora de um

contexto; imagens por vezes desajustadas da realidade das crianças e falta de

compreensão das crianças, quando confrontadas com situações como o nome da letra e

o respetivo valor fonético.

Proposta de actividade

Com a atividade que vamos propor ao grupo, o nosso principal objetivo é que

haja uma progressão desde as unidades menores (letra, fonema e sílaba) a unidades mais

complexas (palavra, frase e texto).

O primeiro exercício consiste apenas na aprendizagem das letras (vogais e

consoantes) em que, a partir de um exemplo dado, os alunos têm de copiar o tracejado

da letra indicada (ver anexos – figuras 3 e 4). Seria dado a cada aluno uma folha que

contivesse estes exercícios.

O segundo exercício abrange a escrita dos ditongos a partir das vogais ou

consoantes abordadas (ver anexos figuras 5 e 6). Seria dado a cada discente uma folha

que contivesse estes exercícios.

Page 5: Método Global de Leitura

No terceiro exercício espera-se que os aprendizes, a partir, de sílabas de palavras

colocadas em duas caixas diferentes, consigam uni-las e formar palavras.

No quarto exercício os alunos têm de pintar as palavras que estão na cartolina

que são diferentes de lupa e paleta (ver exemplo nos anexos – figuras 7 e 8).

Por fim, no último exercício, os discentes não só têm de ler as frases escritas no

quadro pela professora, mas também têm de sublinhar as frases que estão de acordo com

as imagens, através de uma folha fornecida pela docente (ver anexos – figura 9).

Page 6: Método Global de Leitura

Método Jean Qui Rit

História do método Jean-Qui-Rit

O método Jean-Qui-Rit surgiu nos finais do século XIX, a 1954 em França,

tendo como finalidade ajudar as crianças disléxicas. Ao longo dos anos, este método

ganhou força e sustentação e, graças ao seu sucesso este passou a ser utilizado no ensino

normal como um meio de preparação das crianças para a aquisição de pré-requisitos

indispensáveis à iniciação da leitura.

Quais as características

As vogais e consoantes são ensinadas e trabalhadas com as crianças através de

gestos, seguindo, obviamente, uma sequência lógica do próprio método (Lemaire e

Marlier, 2009). Assim sendo, este método consiste na ilustração de cada som através de

um movimento de mímica. Como foi referido, este método serve-se dos gestos para

facilitar a pronúncia e a memorização de letras, como também faz uso de canções

infantis ou histórias cantadas.

Este método utilizado na aprendizagem da leitura, recorre aos sentidos visuais,

auditivos, tácteis, articulando-se em dois momentos: preparação através de exercícios de

mímica e ritmo; e introdução da letra a partir de uma breve história e pelo gesto que lhe

está associado (Bellenger, 1979). Os alunos fazem acompanhar o som a um gesto até

que, aos poucos, vão-se libertando dele, sendo já então capazes de ler e escrever.

Existem 4 elementos constituintes do método Jean Qui Rit, sendo estes:

Formação do gesto e do ritmo - neste elemento é trabalhada a

psicomotricidade, o caso do canto e do gesto. Desenvolve o campo sensorial, a

educação do movimento e a harmonização do gesto;

Leitura – a utilização do gesto, para o estudo dos fonemas, ou seja, a

fonomímica, “olhar, ouvir e fazer o gesto”;

Ditado – antes de escreverem, as crianças fazem o gesto das letras aprendidas,

“escuta, faz o gesto e escreve”;

Page 7: Método Global de Leitura

Escrita - O gesto, o ritmo e o canto são contributos para a aprendizagem da

forma e da inter-relação entre as letras de uma sílaba.

Processo de aprendizagem

A fonomímica propõe um gesto para o estudo de cada fonema e de cada som.

Este gesto serve de apoio e utiliza uma memória suplementar: a memória motora. Este

método é caracterizado por ser dinâmico e espontâneo no princípio do estudo da leitura,

o gesto desaparece quando as letras e os sons já estão devidamente estabilizadas na

memória visual e auditiva.

A aprendizagem das letras segue um “guião” para todo o alfabeto, porém

existem os chamados “casos especiais” e é, na aprendizagem dessa mesma letra que a

professora refere quais as exceções existentes.

Assim sendo, inicialmente os alunos estão sentados e a professora faz a revisão

das letras já aprendidas, recorrendo à imagem, à história e ao gesto; posteriormente, é

apresentada a nova gravura e é feita uma observação silenciosa por parte dos alunos,

trabalhando assim, a memória visual; seguidamente é dito o nome da criança que está

presente na imagem e os alunos repetem, apelando à memória auditiva; por último a

professora conta a história que irá terminar com um gesto e um som.

Já de pé, as crianças fazem o gesto, colectivamente, com a mão direita, desta

forma os alunos estão a trabalhar a memória motriz; o professor mostra a letra de

impressa na gravura e diz: “Esta letra diz…”, fazendo o gesto; os alunos olham para a

letra, fazem o gesto e dizem o som, inicialmente em conjunto e depois individualmente;

é nesta fase que a professora escreve no quadro a letra de impressa e manuscrita e pede

aos alunos que, individualmente desenhem no quadro a nova letra.

Nesta fase da aprendizagem, os alunos estão novamente sentados e, a professora

mostra imagens com figuras que tenham a letra que estejam a aprender; é pedido aos

alunos que pensem também em palavras que contenham a palavra estudada e dizem, um

a um a palavra que escolheram. O professor escreve 3 palavras manuscritas e impressas

e pede às crianças que sublinhem nas palavras que foram escritas onde se encontra a

letra que estão a estudar, após seleccionarem a letra, estes dizem o nome acompanhado

do gesto.

Page 8: Método Global de Leitura

Na leitura de sílabas, o professor escreve no quadro as duas maneiras de

representar a letra e constrói todas as sílabas com as vogais, mandando ler com os

respectivos gestos. Os dois gestos (relativos às duas letras que compõe a sílaba) devem

ser muito bem executados.

Na leitura de palavras novas, o professor escreve no quadro algumas palavras

que contêm a nova letra e as crianças lêem primeiramente com gestos e em voz baixa,

seguidamente sem gestos e lendo como falam. O professor vai fazendo questões com o

intuito de esta perceber se os alunos aprenderam o que leram. Se o professor achar

pertinente constrói uma nova frase com a palavra lida.

Na leitura de pequenas frases, os alunos tentam ler, auxiliados de gestos, ou não,

a frase toda ou parte dela. Nesta fase, cada aluno lê de acordo com o seu ritmo e em voz

baixa; assim que compreender o que leu, levanta o braço e le-a em voz alta. Caso o

aluno não saiba ler, o professor incentiva o aluno a recorrer ao gesto sempre que

necessitar.

Dado que os manuais escolares contêm pouca variedade de palavras e frases, o

professor deve escrever outras palavras e frases no quadro, com o objetivo de enriquecer

o vocabulário.

Vantagens e Desvantagens

Como já foi referido anteriormente, este método tem variadas vantagens, tais como:

Apela diferentes sentidos, o que leva à maioria das crianças a fazer um

trabalho preciso e sem erros;

Quer os destros, como também os esquerdinos aprendem sem dificuldade;

O gesto, o ritmo e o canto captam o interesse das crianças;

O canto repousa e acalma.

Graças ao gesto, toda a classe progride, já não existem os piores alunos; a

alegria e a disciplina reinam graças ao canto;

A leitura e a escrita adquirem-se em alguns meses, as bases são sólidas;

Page 9: Método Global de Leitura

Desenvolve vários tipos de memória como a auditiva, visual e motora.

Nem sempre este método é bem visto por algumas pessoas, apontando como

desvantagens:

As imagens serem desactualizadas, o que pode não motivar as crianças para a

aprendizagem;

Alguns alunos poderão não largar os gestos ao longo da aprendizagem da

leitura;

Como a aprendizagem deste método é feita com a mão direita e também com

a mão esquerda, alguns pais e até mesmo professores rejeitam este método pelo facto de

“incentivar” o aluno a escrever com a mão esquerda.

Page 10: Método Global de Leitura

Método das 28 Palavras

Características

O método que estamos a abordar trata-se de um método global que parte do

geral para o particular, ou seja, baseia-se no conhecimento de vinte e oito palavras e não

de letras, como tradicionalmente se ensinava. Essas palavras são apresentadas às outras

crianças através de uma história que se vai contando ao longo do ano. Em parcela do

texto saem uma ou mais palavras que as outras crianças irão memorizar globalmente e

que aprenderão a distinguir e depois a analisar. Com sucessivos exercícios de

decomposição dessas palavras e com a ajuda de processos ideográficos, elas associarão

o desenho à palavra e vice-versa.

Este método será mais atraente para as crianças, quanto mais elas descobrirem o

que lhe é proposto e tiverem interesse em trabalhar, descobrindo palavras, recortando

Page 11: Método Global de Leitura

desenhos, colando-os no espaço em branco… Depois do contacto inicial, em que os pais

e professores serão guias, tudo se tornará mais fácil e, em pouco tempo, elas começarão

a ler primeiro palavras e depois pequenas frases. Só no final, surgirá o alfabeto, já

depois das crianças saberem ler.

Vantagens e Desvantagens

O método estudado apresenta vantagens e desvantagens que devem ser

tidas em consideração pelo docente, face ao grupo em que leciona.

Após alguma pesquisa, facilmente constatamos que existem diversas

vantagens na utilização deste método, uma vez que, este se baseia numa pedagogia

ativa, ou seja, a criança participa ativamente no seu processo de aprendizagem. Neste

seguimento, podemos considerar como vantagem a globalização quanto à observação e

à linguagem que se resume numa base global visto que a palavra é sempre acompanhada

pela imagem, recorrendo assim ao universo visual da criança. Outra das vantagens está

relacionada com o desenvolvimento das sensações a que as crianças ainda se encontram

muito ligadas, isto é, a perceção visual e auditiva. O espírito criativo, juntamente com o

interesse e a oralidade, são também aspetos que este método é capaz de explorar no

aluno, uma vez que, é inevitável este não participar ativamente nas atividades

decorrentes na sala de aula. Outro ponto favorecido nas crianças expostas ao método das

vinte e oito palavras é o enriquecimento precoce e um vocabulário alargado

estimulando, deste modo, o raciocínio e o uso da memória. Por fim, acrescentar que este

é um método que parte do geral para o particular, pois primeiramente surge a palavra e

só mais tarde a letra e que, apesar de pouco usual, este método contém uma grande

variedade de exercícios de aplicação. Este método surgiu com o intuito de auxiliar a

aprendizagem de crianças com necessidades educativas especiais daí a aplicação deste

método ser benéfico.

Embora o leque das vantagens seja extenso, também existem algumas

desvantagens que podem ser condicionantes na escolha da utilização deste método de

ensino, entre elas surge a duração que este exige, ou seja, estende-se por muitas

semanas, tornando o processo de aprendizagem lento e exigente quanto à concentração

das crianças. Outro ponto negativo é o facto de este método partir do complexo para o

simples, por exemplo, partem da palavra para a letra e da letra para o som. Em suma, é

Page 12: Método Global de Leitura

interessante realçar que o método pode ser prejudicial se não for conhecido pelos pais

ou outros encarregados de educação, impossibilitando, deste modo, a ajuda e

acompanhamento em casa.

Fases da aplicação do método

A aplicação do método das vinte e oito em contexto de sala de aula

envolve a passagem por várias fases, no entanto, a duração de cada uma delas depende

do ritmo de aprendizagem dos alunos. A primeira fase inicia-se pelo conto de uma

história, canção ou atividade da expressão plástica que tem de ser previamente

selecionada e pensada, tendo em conta a palavra que vamos abordar, a qual os alunos se

devem manter bastante atentos. Seguidamente, surge a apresentação de um cartaz ou

desenho da imagem da palavra que o docente pretende trabalhar, sendo que ainda nesta

fase os alunos devem ser capazes de copiar para o seu caderno a respetiva imagem. A

terceira fase consiste na apresentação da palavra, tanto em letra manuscrita como em

letra de imprensa, (que pode ser uma das seguintes vinte e oito palavras: menina,

menino, sapato, bota, uva, mamã, leque, casa, janela, telhado, escada, chave, galinha,

gema, rato, cenoura, girafa, palhaço, zebra, bandeira, caracol, árvore, quadro,

passarinho, peixe, cigarra, fogueira, flor) e também na escrita da palavra através de

vários movimentos, por exemplo, escrever a palavra com o dedo no tampo da mesa, na

areia, entre outros. Ainda nesta fase as crianças são incentivadas a procurar

desenhos/imagens que representem a palavra para de seguida tentarem copiar a palavra

para o próprio caderno. Posteriormente, surge a decomposição da palavra em sílabas,

associando as sílabas a gestos, sons, palmas, entre outros. A quinta fase é a formação de

novas palavras através das sílabas que anteriormente foram trabalhadas. Na fase

seguinte, são apresentadas às crianças as vogais que apesar de já conhecerem não as

identificam como tais. Consequentemente e numa nova fase começam a formar frases

com as palavras que aprenderam. A oitava fase consiste na articulação das sílabas com

as vogais, ou seja, o treino oral de repetição. Seguidamente, surge a nona fase a

apresentação de algumas palavras novas. Por fim, a fase de noção de singular e plural.

Passo a passo

Como pretendemos abordar a palavra “menina”, selecionamos um texto no qual tenha

repetidamente essa mesma palavra.

Page 13: Método Global de Leitura

Após a leitura realizada pela docente, esta tenta envolver os alunos de modo a motivá-los para que estes sejam capazes de estar atentos à história e “entrarem” num mundo imaginário.

De seguida, a professora mostra à turma a imagem que representa a menina da

história e posteriormente os alunos devem copiar a imagem para o seu caderno.

Na terceira fase, a docente expõe à turma a palavra menina tanto em letra manuscrita

como em imprensa.

Ainda nesta fase, os alunos devem praticar a motricidade fina, escrevendo a palavra na

areia, no ar, em pincéis molhados e até no tampo da mesa. Assim, posteriormente será mais

fácil os alunos iniciarem a cópia da escrita da palavra para o caderno. Como exercício de

treino, existem professores que pedem às crianças para procurar nas revistas, jornais ou

Era uma vez uma boneca de trapos, feita pelas mãos de uma

menina.

A menina era filha da Paula e morava junto da escola.

Era feita de trapos azuis, vermelhos, verdes, amarelos, rosa, violeta, cor de laranja.

Tinha dois olhos bordados com duas contas de vidro a servirem de meninas dos olhos.

E a menina cantava para a adormecer.

Matilde Rosa Araújo

(Adaptado)

Page 14: Método Global de Leitura

internet, fotos/desenhos de meninas e recortar para colar no caderno para, mais uma vez,

escreverem a palavra menina.

Posteriormente, alguns docentes optam por realizar exercícios de grafismo, a fim de

melhorar a motricidade fina e assim, futuramente, mais facilmente escreverão a palavra

menina. Como se pode observar no seguinte exemplo:

No passo seguinte, o

objetivo é trabalhar a divisão silábica,

neste sentido, o professor leva os

alunos a visualizarem a palavra menina e a dizê-la de forma silábica, associando palavras,

gestos, sons à contagem das sílabas. Também nesta etapa os alunos recortam a palavra

menina em sílabas e brincam com estas, a fim de montar e desmontar a palavra, até o fazerem

com toda a certeza.

Na fase seguinte, o professor deve orientar os alunos de forma a conseguirem formar

novas palavras através das sílabas que foram trabalhadas que, neste caso, é com a palavra

menina. Assim, são criadas novas palavras, como se pode constatar a seguir:

Page 15: Método Global de Leitura

Posteriormente, o docente apresenta às crianças as vogais, que apesar de já

conhecerem e terem visto na palavra, não as identificam como tais. No final desta etapa e

após os alunos terem repetido as fases anteriores com diversas palavras, os alunos começam a

formar frases com as palavras que aprenderam até então. Esta fase pode consolidar-se por

exercícios como o seguinte:

Na oitava fase os alunos treinam oralmente e de modo repetido a articulação das

silabas com as vogais. Depois, compõem novas palavras e aprendem algumas palavras novas

segundo a intenção da docente. Para finalizar, adquirem a fase de noção de singular e plural,

temos os seguintes exercícios para esta última fase:

Page 16: Método Global de Leitura

Aplicação do método: palavra “chave”

1º) Leitura do texto: “A chave do baú” de Bruno Veiga (texto inédito)

A chave do baú

Na cave está um velho baú. A menina olha.

Ele é muito pesado e não é pequeno.

- O que está no baú?

-Vá lá, mamã, dá-me a chave!

- Tucha, o baú está velho! É só pó!

- Eu sei…mas vale a pena.

A Tucha vê o pequeno chinelo, já velho, e pede-o à mãe.

- Este chinelo usei-o de pequenina. Toma, é teu!

2º) Os alunos deveram copiar a imagem da chave para o caderno:

Page 17: Método Global de Leitura

3º) De seguida, a docente expõe a palavra “chave” no quadro, tanto em manuscrito como em imprensa.

4º) Para trabalhar a motricidade fina, a docente propõe aos alunos, treinar a escrita da palavra no tampo da mesa.

5º) Os alunos devem copiar para debaixo da imagem (que desenharam) a palavra “chave”. Tal como no exemplo:

Page 18: Método Global de Leitura

6º) Resolução de exercícios:

1- Lê as palavras. Desenha.

2- Lê as seguintes frases e sublinha a palavra “chave”.

7º) Para trabalhar a divisão silábica, o docente tenta que os alunos visualizem a palavra “chave” e tentem dizê-la de forma silábica, associando gestos e sons à contagem das sílabas. Recortando a palavra “chave” em sílabas.

Page 19: Método Global de Leitura

8º) Exercícios:

9º) Como os alunos já deveram saber as vogais que estão inseridas na palavra chave, os

alunos começam a formar frases com as palavras que aprenderam até então. Esta fase pode

consolidar-se por exercícios como o seguinte:

1- Ordena as seguintes palavras e forma frases.

Page 20: Método Global de Leitura

Para terminar, a docente propõe os seguintes exercícios para consolidar a escrita de outras

palavras já dadas e para relembrar a noção de singular e plural.

1- Observa a imagem. Passa com o lápis por cima do tracejado das chaves.

Quantas chaves vês na imagem?

Completa a frase.

Na imagem,

vejo____________________.