metalinguagem visual: uma história da arte pintada

74

Upload: renata-gibson

Post on 11-Feb-2016

244 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

Trabalho de conclusão de curso da Analu Guimarães, na Belas Artes/UFMG, com habilitação em pintura. Para ver fotos do trabalho impresso, favor acessar: https://www.behance.net/gallery/4771237/Metalinguagem-Visual-Uma-Historia-da-Arte-Pintada

TRANSCRIPT

Page 1: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada
Page 2: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada
Page 3: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

Belo Horizonte

Escola de Belas Artes da ufmg

2012

Trabalho de Conclusão de Curso (tcc) apresentado ao Colegiado de Graduação em Artes Visuais da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial para a obtenção de título de Bacharel em Artes Visuais

Habilitação: Pintura

Professor da disciplina e Orientador: Mário Azevedo

Ana Luiza Guimarães dos Santos

Metalinguagem Visual:uma história da arte pintada

Page 4: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

A todos os familiares, em especial meus

pais, que educaram-me no gosto artístico

desde jovem, incentivando minhas escolhas e

compreendendo minhas formas de expressão.

A todos os professores da Escola de Belas Artes

da Universidade Federal de Minas Gerais,

especialmente os professores de pintura Mário

Zavagli e Mário Azevedo e aos professores de

fotografia.

Ao amigo filósofo Thiago Gomes, pela sua

contribuição teórica.

A todos os modelos que disponibilizaram suas

imagens para a criação destes trabalhos.

A todos os amigos que apreciam meu trabalho

e, por isso, sempre se dispõem em divulgá-lo.

Meus sinceros agradecimentos.

agradecimentos:

Em destaque, a Deus, concessor de meus

talentos, saúde e inteligência. A Ele, minha

Ação de Graças.

Page 5: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

4•5

Introdução: Misturando as partes

Justificativa: Uma experiência, uma vontade

Desenvolvimento: Relato dos processos

Método: Amplitude técnica

Objetivos: Daqui para frente

Conclusão: Reflexão possível

Referências

sumário:

Page 6: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada
Page 7: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

7

Durante toda a História da Arte, estilos

e movimentos se sobrepõem, negando

ou refazendo as ordens anteriores.

No século XX tivemos o maior exemplo disso

com uma tempestade de manifestos estilísticos.

Até que, fundamentada a Arte Contemporânea,

todos os estilos são permitidos, anteriores ou

não, concomitantemente. Metalinguagem Visual:

uma História da Arte pintada, como trabalho de

Conclusão de Curso em Artes Visuais, narra uma

história de aprendizado artístico através da prática

pictórica.

Baseada em uma operação metalinguística, a

minha produção pictórica tenta justapor uma

multiplicidade de estilos da história da pintura

em uma mesma peça. Mesmo tendo utilizado

de estudos prévios à execução das pinturas, fui

surpreendida no que se refere à expressão, ao poder

que os trabalhos adquiriram quando prontos.

introdução: misturando as partes

Page 8: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada
Page 9: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

9

M inha estadia na cidade de Nova

Iorque em 2011 significou

muito mais do que, até então,

havia percebido. Ali, tudo me pareceu muito

intimista e solitário, apesar da exuberância

visual. A felicidade parecia estar apenas dentro

de mim e sob o meu controle. Foi uma

viagem de poucos registros imagéticos e

muitos registros sensitivos e escritos; meu

único interesse era a poetização do tempo,

não passando de estar ali e simplesmente

viver. Portanto, em todos os sentidos,

minha vivência durante este período foi

imaterializada. As experiências pessoais de

contemplação de obras como “Princess

de Broglie” de Ingres, “Les Demoiselles

d’Avignon” de Picasso, o auto-retrato de

Van Gogh, o “Branco sobre branco” de

justificativa:uma experiência, uma vontade

“Princesse de Broglie”, 1851-53. Jean-Auguste-Dominique Ingres, França, 1780-1867. Óleo sobre tela, 121.3x90.8 cm Robert Lehman Collection, 1975, The Metropolitan Museum, Nova Iorque.

Page 10: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

Malevicth, ou a “Composição viii” de

Kandinsky, entre vários outros ícones

da história da arte ocidental, marcariam

de tal forma meu desejo artístico a

ponto de não me conter mais em

uma única maneira de pintar. Penso

ainda que o meu envolvimento prévio

com essas obras de forma intelectual,

potencializou a ansiedade e impacto

que obtive ao vislumbrá-las ao vivo. Em

algumas situações, isso foi como tocar

o inalcançável, o impossível, o irreal. As

longas histórias lidas nos livros deixaram

de ser apenas estudo de uma história ou

narrativa, para se tornar uma realidade

palpável, e porque não dizer, perfeita.

Meu único interesse era a poetização

do tempo, não passando de estar ali e simplesmente

viver.

“Lírios n’água”, 1914–26. Claude Monet, França, 1840–1926. Óleo sobre tela. 199 x 599 cm. The Museum of Modern Art, Nova Iorque. Detalhe de “Lírios n’água”, Claude Monet.

Page 11: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

10•11

Quadros Modernos

“Pode serFlores de MonetMar de girassóis

Tudo é tão comumSem ter você

Pode serTela de Guignard

Sol de RenoirCores de cristal

iluminando o dia

Pode serFilme de GodardTorres de Gaudi

Um desenho a gizVou ser feliz

1 Faixa 4 — CD “Quadros Modernos — Toninho Horta, Chiquito Braga e Juarez Moreira ”. Minas Records , Brasil — 2000

Pode serE que seja assimSe é pra sonharNão seja no fim

Pode serChuva da manhãCurvas de RodinTudo é tão comumSem ter você

Pode serSonhos de DaliTraços de MiróSó a sua luz me ilumina a vida

Pode serO AbaporuPortinari azulTudo é tão igualÉ tão comum

Pode ser o que imaginarSem você aquiSó resta sonhar”

Toninho Horta1 Detalhe da obra “Canal de Gravelins à noite”, Georges-Pierre Seurat.

“Canal de Gravelins à noite”, 1890. Georges-Pierre Seurat, França, 1859–1891. Óleo sobre tela, 65 x 81 cm. 1963, The Museum of Modern Art, Nova Iorque.

Page 12: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

“Auto-retrato com um chapéu de palha”, 1887 Vincent Van Gogh (Alemanha, 1853–1890). Óleo sobre tela, 40.6x31.8 cm. The Metropolitan Museum, Nova Iorque.

“A noite estrelada”, 1889. Vincent Van Gogh (Alemanha, 1853–1890). Óleo sobre tela, 73 x 92 cm, 1941. The Museum of Modern Art, Nova Iorque.

Todos esses acontecimentos tiveram como

cenário uma cidade submersa em neve,

durante um dos invernos mais rigorosos dos

últimos tempos (como noticiava o The New

York Times); vivi uma realidade também

inédita aos meus olhos, que passaram a

enxergar perfeitamente sem ajuda de lentes

corretivas após uma cirurgia feita dias antes

da viagem. Não duvido que, para quem

era alto-míope desde a infância, observar

beleza ao natural nestas proporções em um

ambiente de qualidade surreal para uma

brasileira tropical, tenha provocado uma

maior sensibilidade perceptiva.

A minha história de vida também

comporta essa multiplicidade. Cresci em

uma tradicional católica família mineira,

filha temporona entre dois irmãos homens.

A religiosidade e um certo machismo

tolheram minha liberdade de expressão,

em alguma medida, e penso que sempre

me senti moderna possuindo traços de

independência e autenticidade. Assim, minhas

percepções filosóficas sempre transitaram

sobre a linha divisória entre a tradição e

contemporaneidade. Acredito que, por isso,

estilos renascentistas, clássicos e barrocos, me

agradem tanto quanto a subversão pictórica

Page 13: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

12•13

“Composição 8”, Julho 1923, Kandinsky. Óleo sobre tela, 140x201 cm Guggenheim Museum, Nova Iorque.

“O retrato”, 1935. René Magritte, Bélgica, 1898–1967. Óleo sobre tela, 73,3 x 50,2 cm, 1956. The Museum of Modern Art, Nova Iorque.

“Les Demoiselles d’Avignon”. Pablo Picasso (Espanha, 1881–1973). Óleo sobre tela 243.9 x 233.7cm. MoMa. Nova Iorque.

Vivi uma realidade também inédita aos meus olhos

“A dança”, 1909. Henri Matisse, França, 1869–1954. Óleo sobre tela, 259 x 390 cm, 1963. The Museum of Modern Art, Nova Iorque.

Page 14: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

Detalhe da obra “Marilyn Monroe de ouro”, 1962. Andy Warhol, Estados Unidos, 1928–1987. Serigrafia e acrílica sobre tela. 211 x 144 cm, The Museum of Moder Art, Nova Iorque.

“Planos modulados sobre a face”, 1957. Lygia Clark, Brasil, 1920–1988. Fórmica e pintura industrial sobre madeira, 99 x 99 cm. 2008, The Museum of Modern Art, Nova Iorque.

“Estilo de vida”, 1963. Tom Wesselmann, Estados Unidos, 1931–2004. Técnica mista, 122 x 167 x 10 cm. 1970. The Museum of Modern Art, Nova Iorque.

do Cubismo ou do Neo-Expressionismo,

além das ironias recentes da Pop Art.

Considero esses como alguns dos principais

motivos para a realização desde projeto

metalinguístico, condizente com a definição

de Clement Greemberg para o Modernismo:

“O modernismo na arte representa o

limite antes do qual os pintores dedicaram-

se a representar o mundo como este se

apresentava (...). Com o modernismo,

as próprias condições de representação

tornaram-se centrais, de modo que a arte

de certa forma se tornou o seu próprio

assunto”.2

2 DANTO, Arthur DANTO, Arthur C. Após o Fim da Arte: A Arte Contemporânea e os Limites da História / Arthur C. Danto: trad: Saulo Krieger. São Paulo: Odyssseus Editora, 2006. p. 9.

Page 15: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

15

P enso que meu trabalho com a

pintura iniciou-se aos 12 anos

de idade, quando comecei a ter

aulas particulares de pintura.

Passei por dois ateliês, sempre executando

pinturas figurativas, como paisagens e

naturezas-mortas, utilizando a técnica óleo

sobre tela, sob a orientação de pintores mais

experientes.

desenvolvimento: relato dos processos

“Free Willy”. 1998, óleo sobre tela. 70 x 50 cm

“Natureza morta I”. 1999, óleo sobre tela. 40 x 50 cm

Page 16: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

Pinturas variadas,1998–2003

Page 17: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

16•17

Todas as peças eram baseadas em fotografias

ou cenas de revistas e livros, unicamente

com o objetivo mimético. No entanto, esta

prática contribuiu consideravelmente para o

domínio técnico do óleo sobre tela, para um

apuramento cromático e para uma evolução

no desenho básico. Pintei vários quadros

durante seis anos presenteando familiares

e amigos com eles; todos me pareceram

apreciar essas peças.

para um apuramento cromático e para uma evolução no

desenho básico

“Paisagem bucólica”, 2003, óleo sobre tela. 50 x 70 cm.

“Natureza morta II”. 2003. Óleo sobre tela. 90 x 70 cm

“Entardecer”. 2002. Óleo sobre tela. 90 x 60 cm

Page 18: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

“Ilustração de Al Pacino”. 2005, grafite sobre papel. 42 x 30 cm

Page 19: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

18•19

Aos 18 anos, planejando a minha inserção

em uma escola de arte de nível universitário,

estudei desenho a grafite também submetido

ao mesmo método de cópia de fotografias e

cenas reais.

Neste período, considero que evoluí

minha percepção de luz e sombra, técnicas

específicas de grafite sobre papel e ganhei

uma certa velocidade na produção. Outro

aspecto importante deste período foi

inclusão da representação da figura humana

entre as minhas habilidades. Desenvolvi

essa técnica de tal maneira que cheguei

a comercializar alguns retratos feitos por

encomenda. A partir de então, me voltei

quase que unicamente à representação da

figura humana.

inclusão da representação da figura humana entre as minhas habilidades

“Ilustração de Einstein”, 2006, grafite sobre papel. 30 x 42 cm

Page 20: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

A produção especificamente de pintura que

desenvolvi até agora na Escola de Belas Artes da

ufmg sofreu algumas interrupções desde 2006,

quando ingressei no curso. Comecei estudando

Fotografia, depois, Artes Gráficas, mas sempre

trabalhando com a figura humana.

Foi no ciclo básico que tive o primeiro contato

com a História da Arte e os grandes mestres

da pintura. Antes disso, meus conhecimentos

eram apenas como expectadora, pois desde mais

jovem tenho o hábito de frequentar espetáculos

e exposições artísticas. Este conhecimento

teórico muito me envolveu. Era um conteúdo

pelo qual eu realmente me interessava,

identificava e me dedicava com fervor.

Foi também no ciclo básico prático que fiz um

primeiro trabalho citacionista.

“Almoço sob às árvores” foi um trabalho que

dialogou a bidimensional e tridimensionalidade

pela sobreposição de placas de mdf coerentes

ao zoom aplicado ao recorte da imagem. Em

meio a esses frames de aproximação, o trabalho

cita Manet, com fragmento da obra “Almoço

na relva”, de 1863.

A partir de então, me voltei

quase que unicamente à

representação da figura humana

“Almoço na relva”, 1863. Édouard Manet. Óleo sobre tela. 208 x 264,5 cm. Museu de Orsay, Paris

Page 21: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

20•21

“Almoço sob às árvores”. 2007. Óleo sobre MDF. 80 x 55 cm

Page 22: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

Detalhe da obra “Retrato Documental !”.

Page 23: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

22•23

Comecei a visualizar um projeto próprio

de trabalho em minha prática pictórica

na escola, somente após um trabalho com

cianótipos e pintura, em 2010: os “Retratos

Documentais”, como denomino a série,

devido à pose documental dos personagens,

como que fotografados em formato 3 x 4.

Eles inauguraram uma produção carregada

pela estética da Pop Art, cheias de cores

vivas e grafismos. Neste trabalho, utilizei

fotografias antigas de familiares, valendo-

me da técnica de fotografia artesanal do

cianótipo3 e, posteriormente, trabalhando

com pintura sobre as mesmas.

3Cianótipo. Definição: Processo inventado pelo inglês Sir John Frederick William Herschel (1792-1871) em 1842, empregando sais de ferro como substância fotossensível. Esse processo, que produzia imagens de coloração azulada - razão pela qual também foi conhecido como blue print - era de execução muito simples, tendo sido bastante popular nas duas últimas décadas do século passado. Atualmente, a cianotipia também tem sido bastante utilizada pelos autores que empregam a fotografia com fins de expressão pessoal, como Kenji Ota (1952) em São Paulo e Regina Alvarez no Rio de Janeiro, em virtude da sedutora beleza de suas imagens. (Conforme Enciclopédia Itaú Cultural Artes Visuais – Disponível em: http://www.itaucultural.org.br. Data de atualização: 29/06/2005. Data de acesso: 02/05/2012)

Detalhe da obra “Retrato Documental !”.

Page 24: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

Detalhe da obra “Retrato Documental !”.

Page 25: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

24•25

“Retrato Documental !”. 2010, cianótipo e guache sobre papel, 30 x 42 cm

“Retrato Documental !II”. 2010, cianótipo e guache sobre papel, 30 x 42 cm

“Retrato Documental !V”. 2010, cianótipo e guache sobre papel, 30 x 42 cm

“Retrato Documental !!”. 2010, cianótipo e guache sobre papel, 30 x 42 cm

Page 26: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

Entretanto, no final do ano de 2010 e início

de 2011, vivendo na cidade de Nova Iorque

e experimentando uma overdose de história

da arte em cada visita a um novo Museu de

Arte, quando a visualização maciça de tantas

variações de arte e história, fez com que

eu me identificasse imediatamente com a

produção do ilustrador Saul Steinberg, que

personifica os estilos artísticos e os coloca em

diálogo numa mesma cena.

Ainda assim, recém chegada de viagem,

pintei outro cianótipo, desta vez uma

paisagem: novaiorquina.

“Paisagem do tempo”. 2011. Cianótipo e guache sobre papel, 30 x 42 cm

Page 27: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

26•27

Buscando conjugar humor e cor, as obras

“Diálogo histórico-pictórico” (óleo e têmpera

sobre tela, 133 x 141 cm), “Retrato de várias

maneiras” (aquarela sobre papel, 30 x 21 cm),

“Coletivo estilístico” (técnica mista sobre osb4,

122 x 110 cm) e “Mistura de etnias” (óleo e

têmpera sobre osb. 76 x 182cm) produzidas

por mim nos últimos anos de estudo e

experiência com a pintura, oficializaram o

início da formação de um estilo próprio,

montado sobre a exploração de outros estilos.

Planejando a primeira grande tela, fiz os

“Retratos de minha mãe” como exercício

técnico em pintura e experimentação das

cores dourada e prateada da tinta à óleo.

4Abreviatura da expressão inglesa Oriented Strand Board, material composto por lascas de madeiras orientadas segundo uma determinada direção e prensadas misturadas à resinas, formando painéis, que podem substituir a madeira em várias utilizações.

“Exercício de retrato a óleo”. 2011, óleo sobre tela. 70 x 100 cm

Page 28: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

Em “Diálogo histórico-pictórico”, retratei

um grupo de amigas, baseada em uma

fotografia com poses inusitadas e espontâneas

que tiramos na época. Eu estou na cena e

este é o primeiro auto-retrato em pintura.

Aos poucos, durante a execução da obra, as

pessoas conhecidas por mim deixaram de ser

Marina, Marla, Júlia, Isabelle, Thaiana e Ana

para se tornarem personagens tais como: a

personagem “renascentista”, a “pontilhista”,

a “expressionista”, a “impressionista”, a

“cubista” e a “pop”. Enfrentei dificuldades: a

tela de grande formato, e os muitos anos sem

pintar à óleo sobre tela em um alto nível de

dificuldade/diversidade com aquela técnica.

Page 29: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

28•29Detalhe da obra “Diálogo histórico-pictórico”.

Page 30: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

Detalhe da obra “Diálogo histórico-pictórico”.

Page 31: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

30•31Detalhe da obra “Diálogo histórico-pictórico”.

Page 32: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

Detalhe da obra “Diálogo histórico-pictórico”.

Page 33: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

32•33

“Diálogo histórico-pictórico”. 2010. Óleo e têmpera sobre tela, 133 x 141 cm

Page 34: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

Mas, mesmo assim, o resultado de “Diálogo

histórico-pictórico” foi surpreendente para

mim: cor, forma e texturas resolvidas e

equilibradas. O humor natural da cena, aliada

à “brincadeira” da mistura de estilos trouxe à

tona, de maneira diferente à dos cianótipos, a

estética Pop e seu caráter lúdico e irônico ao

transmitir um jogo de imagens e citações.

No final do semestre ainda fotografei oito

colegas do Ateliê em formato do tipo 3x4,

montei uma composição com todas as fotos

e pintei cada um deles em um estilo, com a

técnica de aquarela. Chamei este trabalho de

“Retratos de várias maneiras”.

“Retratos de várias maneiras”. 2010. Aquarela sobre papel, 30 x 21 cm

Page 35: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

34•35

Uma amiga que apreciou este trabalho,

encomendou uma aquarela seguindo a

mesma proposta partindo de imagens

fotográficas dela mesma.

Detalhe da obra “Retratos de várias maneiras”.

Page 36: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

Detalhe da obra “Retratos de várias maneiras”.

Page 37: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

36•37

“Retratos de várias maneiras”. 2010. Aquarela sobre papel, 30 x 21 cm

Page 38: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

Finalizando o semestre, o trabalho

denominado “Mistura de etnias” é baseado

em uma fotografia (também de minha

autoria) tendo como modelo uma amiga

natural de Hannover, Alemanha, filha de mãe

brasileira e residente no Brasil. Poliglota e

mestiça, a alemã tatuou uma ave brasileira

na metade de suas costas, em meio a um

cenário florestal. Vesti a sua figura com um

jeans americano e utilizei um ornamento de

acabamento de castelos alemães na lateral da

composição. Sobre estas citações relacionadas

às várias etnias, variei os tratamentos e

estilos pictóricos: carnação barroca, cabelo

expressionista, tatuagem hiper-realista, objeto de

assento pontilhista, vestimenta em desenho e

barrado tradicional.

Page 39: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

38•39Detalhe da obra “Mistura de etnias”

Page 40: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

Detalhe da obra “Mistura de etnias”

Page 41: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

40•41“Mistura de etnias”. 2011. Óleo e têmpera sobre OSB. 76 x 182 cm

Page 42: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

Minha passageira vivência na cidade de Nova Iorque, cosmopolita, e minha

natureza brasileira, mestiça, foram motivos preponderantes na criação desta obra.

Entrar em um vagão de metrô e ouvir pessoas conversando em cinco línguas

diferentes, ao mesmo tempo, bem como sentar em uma mesa de bar em Belo

Horizonte e testemunhar esta mesma amiga variar quatro, cinco vezes de idioma para

se comunicar com outros estrangeiros presentes também foi marcante para mim.

Essa mistura, união que gera infinitas combinações diferentes, cheias de cores,

sons e cheiros inusitados, é o que me atrai na multiplicidade.

Page 43: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

42•43

Minha passageira vivência na cidade

de Nova Iorque, cosmopolita, e minha

natureza brasileira, mestiça, foram motivos

preponderantes na criação desta obra. Entrar

em um vagão de metrô e ouvir pessoas

conversando em cinco línguas diferentes,

ao mesmo tempo, bem como sentar em

uma mesa de bar em Belo Horizonte e

testemunhar esta mesma amiga variar quatro,

cinco vezes de idioma para se comunicar

com outros estrangeiros presentes também

foi marcante para mim. Essa mistura, união

que gera infinitas combinações diferentes,

cheias de cores, sons e cheiros inusitados, é o

que me atrai na multiplicidade.

Continuando nesta direção, propus um

quadro diverso, “Coletivo de estilos”. Esse

foi um projeto sob a minha direção, mas

de execução coletiva em que fotografei

os alunos pintores do Ateliê da Escola de

Belas Artes em pose documental e convidei

para cada deles um pintar um outro colega

fotografado, em uma tela única. Cada pintor,

em seu espaço determinado, teve absoluta

liberdade para executar o retrato com seu

próprio estilo e palheta cromática. A peça

finalizada possui, além da variedade de estilos

pictóricos, outras variações de biotipos;

e o que mais desperta um interesse nos

expectadores pelo trabalho são exatamente as

diferenças assim estabelecidas.

Detalhe da obra “Coletivo estilístico”

Page 44: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

Detalhe da obra “Coletivo estilístico”

Page 45: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

44•45Detalhe da obra “Coletivo estilístico”

Page 46: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

Detalhe da obra “Coletivo estilístico”

Page 47: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

46•47

“Coletivo estilístico”, 2011. Técnica mista sobre madeira OSB, 122 x 110 cm. Concepção e direção: Analu GuimarãesExecução*: Analu Guimarães, Rosceli Vita, Daniel de Carvalho, Raimundo Brito, Gabriella Sousa, Thaís Lustosa, Cássio Ferreira, Cynthia Martins, Renata Languardia, Lúcia Latorre, Analu Guimarães, Leonardo Oliveira.*Da esquerda para a direita, de cima para baixo.

Detalhe da obra “Coletivo estilístico”

Page 48: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

Percebo, ao final destas obras, uma

relação direta entre a Pop Art americana,

intertextual, cheia de colagens e apropriações

e o movimento Tropicalista brasileiro,

citacionista e mais que antropofágico,

popular, ambos esteticamente coloridos

e críticos. Sinto que meu lugar está neste

paralelo.

Sinto que meu lugar está neste paralelo.

Page 49: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

48•49

Chiclete com Banana

“Só ponho bebop no

meu samba

Quando o tio Sam pegar

no tamborim

Quando ele pegar no pandeiro

e no zabumba

Quando ele entender que o

samba não é rumba

Aí eu vou misturar Miami com Copacabana

Chicletes eu misturo

com banana

E o meu samba vai ficar assim

Bebop, Bebop, BebopBebop, Bebop, BebopBebop, Bebop, Bebop

Quero ver a grande confusão

5 Faixa não informada, disco LP Jackson do Pandeiro, Columbia. 1959.

Bebop, Bebop, Bebop,Bebop, Bebop, Bebop,Bebop, Bebop, Bebop,É o samba-rock, meu irmão

Mas em compensação

Quero ver o boogie-woogie

de pandeiro e violão

Quero ver o tio Sam

de frigideira

Numa batucada brasileira

Quero ver o tio Sam

de frigideira

Numa batucada brasileira”

Jackson do Pandeiro5

Page 50: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

A ideia que agora me guia é a de retomar

certas marcas de movimentos da pintura e

recolocá-las em imagens próprias, a fim de

que o espectador experimente algo do sabor

visual das pinceladas criadas pelos grandes

mestres da pintura, de forma inusitada. Esta

é uma prática pertinente neste tempo que

inicia o século xxi, ainda conforme Arthur

Danto: “A meu ver, a principal contribuição

artística da década (1970) foi o surgimento

da imagem apropriada – apropriação

de imagens com sentido e identidade

estabelecidos, conferindo-lhes um sentido e

uma identidade novos.”

O trabalho que assim desenvolvi pretende,

pelo uso de estereótipos de alguns

dos principais movimentos pictóricos

paradigmáticos, comentar sobre a pintura

da contemporaneidade como o resultado da

experienciação de vários estilos reconhecidos

como movimentos significativos até hoje.

Da mesma forma que o ‘moderno’ veio denotar um estilo e mesmo um período, e não apenas recente, ‘con-temporâneo’ passou a designar algo mais do que simplesmente a arte do momento presente. Em meu ponto de vista, além do mais, designa menos um período do que o que acontece depois que não há mais períodos em alguma narrativa mestra da arte, e menos um estilo de fazer arte do que um estilo de usar estilos.6

A ideia que agora me guia é a de retomar

certas marcas de movimentos da

pintura e recolocá-las em imagens

próprias, a fim de que o espectador experimente algo

do sabor visual das pinceladas criadas

pelos grandes mestres da pintura, de forma inusitada.

6DANTO, Arthur C. Após o Fim da Arte: A Arte Contemporânea e os Limites da História / Arthur C. Danto: trad: Saulo Krieger. São Paulo: Odyssseus Editora, 2006. P.18-19

Page 51: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

50•51

Este trabalho funciona como um dispositivo metalinguístico tocando em conceitos como o Citacionismo e o Apropriacionismo.

7 DANTO, Arthur C. Após o Fim da Arte: A Arte Contemporânea e os Limites da História / Arthur C. Danto: trad: Saulo Krieger. São Paulo: Odyssseus Editora, 2006. p.13

Este trabalho funciona como um dispositivo

metalinguístico tocando em conceitos como

o Citacionismo e o Apropriacionismo. O

Citacionismo pode ser definido como:

Termo (que) se refere a um pro-cedimento nas artes plásticas, prin-cipalmente nas artes moderna e con-temporânea, em que o artista faz uso de imagens já consagradas na história da arte, como referência na composição de seu próprio trabalho. Essa citação, que pode ser implícita ou explícita, acaba por evocar um diálogo entre artistas e obras, de diferentes períodos e estilos, criando novos contextos para uma mesma imagem.7

Page 52: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada
Page 53: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

53

método: amplitude técnica

Utilizo alguns dos padrões do

Renascentismo, do Pontilhismo,

do Expressionismo, do Cubismo,

do Impressionismo e do Hiper-Realismo;

sobretudo estilos da arte moderna dominam

a maioria desses trabalhos. Em uma mesma

cena, figurativa ou abstrata, as técnicas

pictóricas são aplicadas sobre a composição

de uma maneira que considero harmônica

e equilibrada. Em “Indagações sobre a

Pintura Contemporânea”, Marco Giannotti

questiona se a “pintura contemporânea

surge como contraponto em relação à

arte moderna ou como resíduo de uma

continuidade?”. Este trabalho acrescenta à

sentença outra possibilidade: ele seria não

somente a continuidade, mas um resultado

da mistura de todos eles.

Page 54: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

A filosofia de Arthur Danto define o

momento atual (que ele não denomina

como contemporâneo, mas como pós-histórico)

como época pertinente ao Apropriacionismo

“que na verdade é a marca das artes visuais

desde o final do modernismo, que como

período se define pela falta de uma unidade

estilística (...)8 e ainda que “(...) um sinal

do fim da arte seria deixar de existir uma

estrutura objetiva, com um estilo definidor

(...)”9.

Em plena era da popularização da

informática, no provável ápice da

globalização, o pluralismo estético é cada

vez mais comum. Sem restrições, hoje,

tudo é permitido: criar novos resultados

com ferramentas e tecnologia de ponta ou

retomar estilos e tecnologias anteriores. São

os chamados neo-estilos que resultam em

produções contemporâneas baseadas em uma

época anterior. Sendo assim, hoje, a releitura

pictórica de forma múltipla se faz muito

pertinente, perfeitamente imersa em nossa

vida cultural.

A Arte Contemporânea em contra-partida, nada tem contra a arte do passado, nenhum sentimento de que o passado seja algo de que é preciso se libertar e mesmo nenhum sentimento de que tudo seja completamente diferente, como em geral a arte da arte moderna. (...) É parte do que define a arte contemporânea que a arte do passado esteja disponível para qualquer uso que os artistas queiram lhe dar. O que não lhes está disponível é o espírito em que a arte foi realizada. (...) Os artistas de hoje não veem os museus como repletos de arte morta, mas como opções artísticas vivas. (...) De alguma forma, o museu é causa, efeito e materialização das atitudes e práticas que definem o momento pós-hisórico da arte.10

Renascentismo, Pontilhismo, Expressionismo, Cubismo, Impressionismo e Hiper-Realismo

8DANTO, Arthur C. Após o Fim da Arte: A Arte Contemporânea e os Limites da História / Arthur C. Danto: trad: Saulo Krieger. São Paulo: Odyssseus Editora, 2006. p.15)2006, p.48.9DANTO, Arthur C. Após o Fim da Arte: A Arte Contemporânea e os Limites da História / Arthur C. Danto: trad: Saulo Krieger. São Paulo: Odyssseus Editora, 2006. p.1510DANTO, Arthur C. Após o Fim da Arte: A Arte Contemporânea e os Limites da História / Arthur C. Danto: trad: Saulo Krieger. São Paulo: Odyssseus Editora, 2006. p.7

Page 55: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

54•55

Este projeto me exigiu amplo domínio

técnico de pintura e o reconhecimento das

estratégias cromático-formais adotadas pelos

pintores selecionados, para citar os estilos

que escolhi. O trabalho é composto por

técnicas mistas usando a aquarela, a tinta

acrílica, o desenho em grafite, o nanquim e

a tinta a óleo, entre outras, que se tornaram

necessárias.

Para aplicar esses estilos de pintura de uma

maneira coerente, ou seja, sem que um

estilo fique desmerecido ou exagerado na

composição junto de outro tão diferente,

considerei em primeira instância o aspecto

matérico daquele jeito de pintar. Percebi

que o Pontilhismo possui peso visual

proporcional ao Impressionismo, e que

por isso, formas com esses tratamentos não

deveriam ficar próximas umas das outras na

composição, ou causariam certa confusão

visual. Tratamentos lisos e planos como

fotográfico, ou o renascentista, o barroco ou

o hiper-realistas deveriam separar tais áreas.

Meu processo de trabalho sempre foi muito

projetual e planejado. Por isso, trabalhar o

fundo das pinturas nunca foi simples. Sempre

exigiu de mim alguma espontaneidade e

criatividade imediata, ao acaso; esse desafio

me travou diversas vezes durante os trabalhos,

sobretudo em uma cena com personagens já

tão carregados de conceitos e informações.

Mas as exigências não me privaram de

trabalhar. Empenho-me, em todos esses

ciclos, em transpor tais dificuldades e realizar

os projetos de acordo com minha intenção.

Meu Projeto Pessoal:

Page 56: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada
Page 57: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

57

A produção “Metalinguagem Visual:

uma História da Arte pintada”,

tem como objetivo provocar

uma espécie de reflexão metalinguística: uma

pintura que comenta o lugar do próprio

ofício pictórico, no século xxi. Depois de

sobreviver ao Conceitualismo e a outros

movimentos de vanguarda que eram contra

o objeto de arte manufaturado, a pintura está

atravessando agora o início de uma era das

artes digitais. No entanto, o questionamento

sobre o que é a pintura de hoje ainda se faz

necessário. Só por isso, já se justifica o uso

de diversos estilos reunidos em uma mesma

obra ou coleção de obras.

Para a atual concretização do projeto, outras

três propostas foram concebidas: “Instalação

objetivos: daqui para frente

Page 58: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

de estilos”, um ambiente como uma sala ou

quarto, no qual todas as paredes, chão e teto

são pintados, cada um com uma técnica

diferente, inserindo o expectador dentro

da pintura e tornando-a um ambiente

pictórico; “Ecletismo sonoro”, uma série

de retratos dos grandes ícones da música

trabalhados de diferentes maneiras visuais; e

“Abstração histórica”, telas de média proporção

com composições abstratas e geométricas

trabalhadas com variações de pinceladas.

A dificuldade de representar a exuberância

do trabalho em um projeto visual (sem o

tratamento à mão propriamente dito) é

um dos objetos do meu exercício atual de

trabalho.

Para o primeiro, será necessária a criação

de um projeto descritivo e arquitetônico

para apresentação às possíveis instituições à

locação do espaço, entre centros culturais,

imóveis abandonados ou circuitos

artísticos. Para o segundo, esboços em

aquarela servirão de estudo prévio para a

montagem e adequação dos personagens

e seus tratamentos para em seguida, serem

produzidos em telas de maior proporção

com tinta à óleo ou acrílica. Já o terceiro

trabalho, exige apenas um estudo formal em

caderno de artista como preparação, pois a

Page 59: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

58•59

substância principal deste está na produção

da própria peça em si, incorporando os

obstáculos técnicos e as imprevisíveis

soluções dadas ao material pictórico na sua

montagem final.

Tanto o segundo quanto o terceiro projeto

foram executados este semestre, conforme as

reproduções a seguir:

A produção “Metalinguagem Visual: uma História da Arte pintada”, tem como objetivo provocar uma espécie de reflexão metalinguística: uma pintura que comenta o lugar do próprio ofício pictórico, no século XXI.

Detalhe da obra “Ecletismo sonoro”

Page 60: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

Detalhe da obra “Ecletismo sonoro”

Page 61: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

60•61

Detalhe da obra “Ecletismo sonoro”

Page 62: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

Detalhe da obra “Ecletismo sonoro”

Page 63: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

62•63Detalhe da obra “Ecletismo sonoro”

Page 64: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

Detalhe da obra “Ecletismo sonoro”

Page 65: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

64•65

“Ecletismo sonoro”, 2012. Acrílica sobre tela. 120 x 110 cm

Page 66: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

A novidade deste trabalho sobre os músicos

foi a utilização de tinta acrílica sobre tela,

que me permitiu efeitos aquarelados e

aperfeiçoamento da pintura em p&b, pela não

mistura destas cores e pela manutenção dos

contrastes.

Em “Abstração Histórica” também utilizei a

tinta acrílica sobre tela e experimentei pela

primeira vez, o método de douramento com

folhas metálicas. Também inaugurei o uso

do aerógrafo, instrumento para a obtenção

de degradês perfeccionistas feitos com tinta

acrílica. Gostei muito do resultado.

Esta peça marca meu acesso a um novo

espaço, abstrato e bem mais livre. Como dito,

“Abstração histórica”, 2012. Acrílica e folha de ouro sobre tela. 200 x 80 cm

Page 67: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

66•67

“Abstração histórica”, 2012. Acrílica e folha de ouro sobre tela. 200 x 80 cm

Page 68: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

ela não obteve extensos estudos prévios. Os

problemas apareciam e eram resolvidos ali

mesmo na tela e as exigências composicionais

eram iniciadas, percebidas e finalizadas ao

longo do processo. A abstração me permitiu

maior liberdade e intimidade com os

elementos da pintura propriamente ditos.

Mudei de técnica devido à alergia

respiratória dos solventes da tinta a óleo, mas

novas possibilidades se abriram tais como

refazer camadas quantas vezes fosse preciso

com a ajuda das propriedades de secagem

rápida da tinta acrílica.

O conceito do projeto “Metalinguagem

Visual: uma História da Arte pintada”

é amplamente aplicável, em diferentes

expressões, técnicas e contextos, conforme

já exemplificados: seja em um ambiente ou

sobre telas e papéis, de forma figurativa ou

abstrata. No entanto, exige pesquisa e estudo

prévio para sua execução. Por isso, julgo que

a concretização completa dos três projetos

exija cerca de um ano de dedicação.

Page 69: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

69

Posso dizer que concluí a

narração da gênese do meu

processo criativo, que despertou

conhecimento das produções de outros

artistas como de David Salle, Julião Sarmento

e Jorge Duarte, que também jogam com

a intertextualidade, cada um deles à sua

maneira.

Outro fato conclusivo de grande valia é

relacionado à expressão. Sempre planejando

previamente meus trabalhos de forma

racional e projetual, acreditava que os

trabalhos pudessem ser isentos de poesia ou

qualquer carga emocional ou conceitual

não prevista. No entanto, em “Mistura de

Etnias” não consegui prever os motivos pelos

quais fui levada a “projetar” e pintar aquela

conclusão: reflexões possíveis

Page 70: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

peça, somente percebidos depois de muito

tempo. Isso abriu meus olhos para a força

involuntária da expressão, a qual pode revelar

involuntariamente vários dos itens que

compõem o meu repertório experimental,

cultural e intelectual. Na verdade, meu

repertório de vida. Pois o mesmo aconteceu

com os cianótipos, feitos em uma época

em que enfrentava demasiada melancolia

em minha vida pessoal. O azul fechado e

frio, bem como as figuras sérias, acentuaram

essa conotação e deram força ao trabalho.

Assim, as obras se tornaram provas físicas de

minha própria expressão, evidências de que

nem eu mesma me conheço em minha total

profundidade humana.

Por isso, o fazer artístico é infinito e o

aprendizado segue os mesmo passos. E

assim deixo de ser aprendiz da Escola de

Belas Artes da ufmg para me tornar agora,

aprendiz da vida artística, assumindo meu

mundo aos outros em um novo nível de

experimentação.

Assim, as obras se tornaram provas físicas de minha própria expressão, evidências de que nem eu mesma me conheço em minha total profundidade humana.Por isso, o fazer artístico é infinito e o aprendizado segue os mesmo passos.

Page 71: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada

71

referências:

argan, Giulio Carlo Argan. Arte Moderna: Do iluminismo aos movimentos contemporâneos. Tradução: Denise Bottmann e Federico Carotti; São Paulo: Companhia das Letras, 1995. 709p

cauquelin, Anne. Arte contemporânea: uma introdução. São Paulo: Martins Fontes, 2005. 168p.

danto, Arthur C. Após o Fim da Arte: A Arte Contemporânea e os Limites da História / Arthur C. Danto: trad: Saulo Krieger. São Paulo: Odyssseus Editora, 2006.

Enciclopédia Itaú Cultural Artes Visuais – Disponível em: http://www.itaucultural.org.br. Data de atualização: 29/06/2005. Data de acesso: 02/05/2012

gombrich, e. h. (Ernst Hans). A história da arte. 15. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1993. 543 p.

Page 72: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada
Page 73: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada
Page 74: Metalinguagem Visual: Uma história da arte pintada