mestrado em ambiente e saÚde luciana goes campelo e … · 5 agradecimento À deus pela vida e...

104
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE CONTATOS DE HANSENÍASE EM MENORES DE 15 ANOS: DETERMINANTES SOCIOAMBIENTAIS, EPIDEMIOLÓGICOS E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL CUIABÁ MT 2018 LUCIANA GOES CAMPELO E CERQUEIRA

Upload: others

Post on 03-Jul-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

0

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU

MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE

CONTATOS DE HANSENÍASE EM MENORES DE 15 ANOS:

DETERMINANTES SOCIOAMBIENTAIS, EPIDEMIOLÓGICOS E

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL

CUIABÁ – MT

2018

LUCIANA GOES CAMPELO E CERQUEIRA

Page 2: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

1

LUCIANA GOES CAMPELO E CERQUEIRA

CUIABÁ-MT

2018

CONTATOS DE HANSENÍASE EM MENORES DE 15 ANOS:

DETERMINANTES SOCIOAMBIENTAIS, EPIDEMIOLÓGICOS E

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL

Dissertação de Mestrado apresentada ao programa de Pós-Graduação Stricto Senso de Mestrado em Ambiente e Saúde da Universidade de Cuiabá, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Ambiente e Saúde – Área de concentração: Ambiente e Saúde na Amazônia Legal. Orientadora: Prof(a). Pós-Dra. Silvana Margarida Benevides Ferreira

Co - Orientador: Prof. Dr. Emerson Soares dos Santos

Page 3: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

2

Dados internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

C416c CERQUEIRA, Luciana Goes Campelo e

Contatos de hanseníase em menores de 15 anos: determinantes socioambientais, epidemiológicos e distribuição espacial / Luciana Goes Campelo e Cerqueira – Cuiabá, MT 2018 / Departamento de Pós-Graduação

Xi. f.; cm. 103 p. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-graduação em Stricto Senso em Ambiente e Saúde – Área de concentração: Ambiente e Saúde na Amazônia Legal. Orientadora: Prof.ª Dra. Silvana Margarida Benevides Ferreira Co. Orientador: Dr. Emerson Soares dos Santos 1. Controle de Hanseníase. 2. Epidemia. 3. Determinantes Socioambientais

CDU: 614.4

Terezinha de Jesus de Melo Fonseca - CRB1/3261

Page 4: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

3

Page 5: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

4

DEDICATÓRIA

À minha linda família!

Amo vocês!

Page 6: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

5

AGRADECIMENTO

À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada.

Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio incondicional, a paciência e a força nas

horas alegres e nos momentos difíceis, para a concretização deste sonho.

Ao meu filho Arthur pelo amor, o auxílio e a compreensão para realização desta

conquista.

Aos meus pais Campelo Jr e Maria Helena que são minha fonte de inspiração e

me incentivaram neste desafio.

A minha irmã Mônica pelas orações e o amparo nesta caminhada.

À professora Renata Bini que me motivou e deu guarida para iniciar está trajetória.

Aos amigos que apoiaram esta caminhada.

À minha orientadora professora Pós Dra. Silvana Margarida Benevides Ferreira

pela oportunidade e o aprendizado.

Ao meu co-orientador professor Dr. Emerson Soares dos Santos pela confiança e

pelas contribuições para construção deste trabalho.

À professora Dra. Denise da Costa Boamorte Cortela pela cooperação nesta

pesquisa.

À Luciane Cardoso Gomes pela gentiliza e a colaboração com os dados e as

análises estatísticas.

Aos membros da banca que colaboraram com sugestões para enriquecimento

desta pesquisa.

Ao corpo docente e aos mestrandos do Programa de Pós-Graduação em

Ambiente e Saúde da Universidade de Cuiabá pela construção de conhecimento.

À Secretaria de Saúde do Estado de Mato Grosso pela autorização e a

disponibilização das informações relacionadas às fichas de notificação do SINAN

utilizadas na pesquisa.

À Universidade Federal de Mato Grosso por ceder o instrumento de coleta

de dados geográficos e pela capacitação para compreensão de mapas temáticos.

E aos Participantes da pesquisa pelas informações que foram fundamentais para o

desenvolvimento deste trabalho.

Page 7: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

6

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Participantes da pesquisa.........................................................................32

Figura 2 - Distribuição espacial dos bairros de Cuiabá-MT.......................................33

Figura 3 - Teste Natural Disaccharide Octyl - Leprosy IDRI Diagnostis 1 (NDO-

LID).............................................................................................................................36

Figura 4 - Global Positioning System (GPS)/MAP versão 5.00 da marca Garmin,

modelo 76Cx..............................................................................................................38

Figura 5 - Leitura de satélites com GPS.....................................................................38

Figura 6 - Distribuição dos contatos de hanseníase doentes e não doentes menores

de 15 anos no município de Cuiabá e associação com teste

sorológico...................................................................................................................47

Figura 7 - Distribuição dos resultados sorológicos anti-NDO-LID em contatos de

hanseníase doentes e não doentes menores de 15 anos no município de Cuiabá e a

presença de casos da doença na família...................................................................48

Figura 8 – Distribuição do grau de incapacidade funcional (GIF) no diagnóstico dos

casos cujos contatos apresentaram sorologia positiva para NDO-

LID..............................................................................................................................49

Page 8: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

7

LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Dados demográficos, socioeconômicos, epidemiológicos e resultado do

teste sorológico anti-NDO-LID dos contatos de hanseníase menores de 15 anos,

residentes em Cuiabá, MT; 2016...............................................................................35

Quadro 2. Dados socioambientais e espaciais, dos contatos de hanseníase menores

de 15 anos, residentes em Cuiabá, MT; 2017............................................................36

Page 9: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

8

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Distribuição de casos e controles de hanseníase menores de 15 anos,

Odds Ratio bruto (OR), Intervalo de Confiança (IC) de 95% e p-valor, segundo

variáveis demográficas e por região de residência; Cuiabá - Mato Grosso,

2018............................................................................................................................64

Tabela 2. Distribuição de casos e controles de hanseníase menores de 15 anos,

Odds Ratio bruto (OR), Intervalo de Confiança (IC) de 95% e p-valor, segundo

variáveis sociais; Cuiabá - Mato Grosso, 2018..........................................................65

Tabela 3. Distribuição de casos e controles de hanseníase menores de 15 anos,

Odds Ratio bruto (OR), Intervalo de confiança (IC) de 95% e p-valor, segundo

variáveis ambientais; Cuiabá - Mato Grosso, 2018....................................................66

Tabela 4. Distribuição de casos e controles de hanseníase menores de 15 anos,

Odds Ratio bruto (OR), Intervalo de confiança (IC) de 95% e p-valor, segundo

variáveis epidemiológicas; Cuiabá - Mato Grosso, 2018...........................................67

Tabela 5. Regressão logística segundo fatores preditivos à ocorrência de

hanseníase em casos e controles menores de 15 anos, Cuiabá-Mato Grosso,

2018............................................................................................................................67

Page 10: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

9

LISTA DE SIGLAS

Anti-LID - Antígeno Leprosy IDRI Diagnostic

Anti-NDO-LID - Antígeno Natural Disaccharide Octyl - Leprosy IDRI Diagnostis 1

Anti-PGL-I - Antígeno Phenolic Glycolipid -1

BCG - Bacilo de Calmette Guerin

CPA - Centro Político Administrativo

CEP - Comitê de Ética em Pesquisa

DNA - Ácido Desoxirribonucléico

ELISA - Enzyme Linked Immunosorbent Assay

GIF – Grau de Incapacidade Funcional

GPS - Global Positioning System

IBGE - Instuto Brasileiro de Geográfia e Estatística

IDH - Índice de Desenvolvimento Humano

LID- 1 - Leprosy IDRI Diagnostic- 1

M. leprae - Mycobacterium leprae

MEDLINE - National Library of Medicine

MS - Ministério da Saúde

NCBI-PubMed - National Center for Biotechnology Information

NDO-LID - Natural Disaccharide Octyl – Leprosy IDRI Diagnostis 1

NDO-HSA - Natural Disaccharide Linked to human sérum albumin via Octyl

OR - Odds Ratio

PGL-1 - Phenolic Glycolipid 1 ou Glicolipídeo Fenólico 1

SCIELO - Scientific Electronic Library Online

SIG - Sistema de Informações Geográficas

Page 11: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

10

SINAN - Sistema de Informação de Agravos de Notificação

SINAN/MT - Sistema de Informação de Agravos de Notificação de Mato

Grosso

SPSS - Statistical Package for the Social Sciences

UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso

WHO - World Health Organization

Page 12: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

11

RESUMO

Objetivo: Analisar os determinantes socioambientais, epidemiológicos e a

distribuição espacial dos contatos de hanseníase menores de 15 anos, em Cuiabá,

Mato Grosso. Método: Estudo epidemiológico observacional composto por 167

contatos de hanseníase menores de 15 anos divididos em contatos doentes (n=30) e

não doente (n=137), para análise da distribuição espacial e identificação de fatores

preditivos à ocorrência de hanseníase em um estudo caso controle, sendo os

contatos doentes denominados casos (n=30); e os não doentes definidos como

controles (n=128). Utilizou-se dados do Sistema de Informação de Agravos de

Notificação de Mato Grosso (SINAN/MT), entrevistas e testes sorológicos. Para

análises foram construídos mapas temáticos, calculadas frequência, Odds Ratio

bruto e ajustado e significância estatística (p ≤ 0,05). Resultados: Observou-se

distribuição heterogênea dos contatos infectados pelo Mycobacterium leprae, com

predomínio na região Norte; e os fatores preditivos à ocorrência da doença

relacionaram-se à faixa etária (OR ajustado= 4,5; IC: 1,68;12,10) e a existência de

casos de hanseníase na família (OR ajustado=5,1; IC: 1,92;13,96). Conclusão:

Verificou distribuição heterogênea da infectividade pelo M. Leprae no município, com

predomínio em área de exclusão social, e associados à idade e a fatores

epidemiológicos.

Descritores: Controle de Hanseníase. Endemia. Determinantes Socioambientais.

Distribuição Espacial

Page 13: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

12

ABSTRACT

Objective: To analyze the socioenvironmental, epidemiological and spatial

distribution of leprosy contacts under 15 years old, in Cuiabá, Mato Grosso. Method:

An observational epidemiological study of 167 leprosy contacts less than 15 years of

age divided into patients (n = 30) and non-diseased (n = 137) contacts to analyze the

spatial distribution and identification of factors predicting the occurrence of leprosy in

a study case control, with the patient contacts being called cases (n = 30); and non-

diseased controls (n = 128). Data from the Mato Grosso Notification Aggravation

Information System (SINAN / MT), interviews and serological tests were used. For

the analyzes, thematic maps were constructed, calculated frequency, gross and

adjusted Odds Ratio and statistical significance (p ≤ 0.05). Results: A

heterogeneous distribution of contacts infected with Mycobacterium leprae was

observed, with predominance in the Northern region; (adjusted OR = 4.5, IC: 1.68,

12.10), and the presence of leprosy cases in the family (adjusted OR = 5.1, IC: 1.92,

13.96). Conclusion: Heterogeneous distribution of infectivity by M. leprae in the

municipality, with predominance in the area of social exclusion, and associated with

age and epidemiological factors.

Keywords: Leprosy Control. Endemic. Socioenvironmental Determinants. Spatial distribution.

Page 14: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

13

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................16

2. REVISÃO DE LITERATURA...............................................................................18

2.1. A HANSENÍASE...............................................................................................18

2.2. A TRANSMISSÃO DA DOENÇA......................................................................22

2.3. CONTATOS DE HANSENÍASE........................................................................23

2.4. EPIDEMIOLOGIA DA HANSENÍASE...............................................................25

2.5. DETERMINANTES SOCIAIS EM SAÚDE........................................................26

2.6. A DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA HANSENÍASE............................................27

3. OBJETIVOS........................................................................................................29

3.1. OBJETIVO GERAL...........................................................................................29

3.2. OBJETIVO ESPECÍFICO.................................................................................29

4. MÉTODO.............................................................................................................30

4.1. TIPO DE ESTUDO............................................................................................30

4.2. POPULAÇÃO DE ESTUDO E CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE....................30

4.3. A ÁREA DE ESTUDO.......................................................................................33

4.4. FONTE DE DADOS E VARIÁVEIS ESTUDADAS............................................34

4.5. PROCESSAMENTO E ANÁLISE DE DADOS..................................................39

4.6. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS............................................................................39

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO..........................................................................41

5.1. MANUSCRITO 1 - ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA DETECÇÃO

DO MYCOBACTERIUM LEPRAE EM CONTATOS DOENTES E NÃO DOENTES

DE HANSENÍASE MENORES DE 15 ANOS, SEGUNDO O RESULTADO DO

TESTE NDO-LID E CARACTERÍSTICAS SOCIOAMBIENTAIS POR REGIÃO DE

RESIDÊNCIA...........................................................................................................41

5.2. MANUSCRITO 2 - FATORES PREDITIVOS DE CASOS E CONTROLES NA

OCORRÊNCIA DE HANSENÍASE EM MENORES DE 15 ANOS...........................59

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................76

REFERÊNCIAS........................................................................................................77

Page 15: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

14

APÊNDICE.................................................................................................................83

APÊNDICE 1..............................................................................................................84

IMAGEM 1A - CASA DE ALVENARIA.......................................................................84

IMAGEM 1B - CASA DE MADEIRA...........................................................................84

IMAGEM 2A - ACESSIVÉL SEM BARREIRA PARA VEÍCULO/ PEDESTRE...........84

IMAGEM 2B - ACESSÍVEL COM BARREIRA PARA VEÍCULO/ PEDRESTRE.......85

IMAGEM 2C - ACESSÍVEL PARA PEDRESTRE......................................................85

IMAGEM 3A - HIGIENE PRESENTE/LIMPO.............................................................85

IMAGEM 3B - HIGIENE AUSENTE/SUJO.................................................................85

IMAGEM 4A - COLETA DE LIXO PÚBLICA..............................................................86

IMAGEM 4B - LIXO LANÇADO EM TERRENO BALDIO..........................................86

IMAGEM 5A - APENAS UMA CASA NO TERRENO.................................................86

IMAGEM 5B - MAIS DE UMA CASA NO TERRENO.................................................86

IMAGEM 6A - COM PAVIMENTAÇÃO ASFÁLTICA..................................................87

IMAGEM 6B - SEM PAVIMENTAÇÃO ASFÁLTICA..................................................87

IMAGEM 7A - REVESTIMENTO/REBOCO PRESENTE...........................................87

IMAGEM 7B - REVESTIMENTO/REBOCO AUSENTE.............................................87

IMAGEM 8A - ACABAMENTO/PINTURA PRESENTE..............................................88

IMAGEM 8B - ACABAMENTO/PINTURA AUSENTE................................................88

IMAGEM 9A - COBERTURA/TELHADO DE AMIANTO............................................88

IMAGEM 9B - COBERTURA/TELHADO DE BARRO................................................88

IMAGEM 9C - COBERTURA/TELHADO MISTO.......................................................89

IMAGEM 10A - ARBORIZAÇÃO PRESENTE............................................................89

IMAGEM10B - ARBORIZAÇÃO AUSENTE...............................................................89

IMAGEM 11A - VEGETAÇÃO ARBÓREA.................................................................89

IMAGEM 11B - VEGETAÇÃO ARBUSTIVA..............................................................90

IMAGEM 11C - VEGETAÇÃO MISTA........................................................................90

IMAGEM 12A - SEM ARBORIZAÇÃO.......................................................................90

IMAGEM 12B - PRESENÇA DE UMA A DUAS ÁRVORES......................................90

IMAGEM 12C - PRESENÇA DE TRÊS A QUATRO ÁRVORES...............................91

IMAGEM 12D - PRESENÇA DE CINCO OU MAIS ÁRVORES.................................91

IMAGEM 13 - ORGANIZAÇÃO DOS ENDEREÇOS.................................................91

IMAGEM 14 - GOOGLE EARTH................................................................................91

Page 16: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

15

APÊNDICE 2..............................................................................................................92

APÊNDICE 3..............................................................................................................93

ANEXO.......................................................................................................................94

ANEXO 1 - PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP...........................................95

ANEXO 2 - MODELO DA FICHA DE NOTIFICAÇÃO/INVESTIGAÇÃO DA

HANSENÍASE/SINAN................................................................................................98

ANEXO 3 - QUESTIONÁRIO PARA PARTICIPANTES.............................................99

Page 17: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

16

1. INTRODUÇÃO

A hanseníase é uma patologia infecto-contagiosa, milenar, que permanece

endêmica. As estatísticas epidemiológicas indicam redução mundial do número de

casos novos da doença nas últimas décadas, mas o Brasil permanece como

segundo maior contingente de casos de hanseníase do mundo. Os maiores

coeficientes de detecção da doença se concentram nas microrregiões da Amazônia

legal, principalmente nos Estados de Mato Grosso, Pará e Maranhão; e são

associados a determinantes socioambientais.1,2,3,4

O Estado de Mato Grosso permanece hiperendêmico, e a capital Cuiabá está

entre os municípios prioritários para o controle do agravo, devido às altas taxas de

detecção da doença em menores de 15 anos nos últimos anos. Estas favorecem a

transmissão ativa da doença na comunidade e a perpetuação do problema de saúde

pública.5,6

O doente multibacilar sem tratamento, as condições de vida desfavoráveis da

população, o modo de ocupação territorial e os contatos de hanseníase vem sendo

apontados como elo da cadeia epidemiológica da doença; pois apesar do declínio

nas taxas de detecção de casos novos da doença, existem pessoas infectadas pelo

bacilo sem a manifestação dos sintomas, devido ao período de encubação da

doença e da resposta imunológica do hospedeiro ao microrganismo.7,8

O Mycobacterium leprae possui um ciclo evolutivo lento, com tempo de

incubação prolongado e pode permanecer viável no meio ambiente em condições

abióticas favoráveis.1,8,9,10,11

Os contatos de hanseníase infantis podem favorecer a persistência da doença

na comunidade, devido à exposição precoce ao bacilo, ao período de encubação da

doença, a sobrecarga do sistema imunológico imaturo e o convívio com doentes

sem tratamento.12

Os estudos de distribuição espacial da hanseníase vêm demonstrando

associação entre as altas taxas de detecção da doença em menores de 15 anos e

os fatores socioambientais; com destaque para as más condições de vida e higiene

da população, o crescimento desordenado das cidades, o garimpo, a expansão das

fronteiras agrícolas, a densidade de vegetação, a temperatura, a umidade e o relevo

Page 18: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

17

de áreas endêmicas.4,13,14

Neste sentido o processo saúde doença de uma população é mediado por

diversos fatores que são denominados determinantes em saúde; estes fatores

podem ser biológicos, ambientais, comportamentais e sociais.15

Os determinantes sociodemográficos, ambientais e epidemiológicos tais como

a idade, as condições de moradia, a vegetação, a higiene, a imunização e o contato

com caso de hanseníase podem estar associados à distribuição espacial da doença

em contatos menor de 15 anos, sugerindo que a doença possa estar atrelada não só

ao agente e ao hospedeiro, mas também ao ambiente.14,16

Em virtude dos diversos fatores que contribuem para hiperendemicidade da

hanseníase em Mato Grosso e as altas taxas de detecção em menores de 15 anos

no município de Cuiabá, os gestores estaduais vêm desenvolvendo ações para o

fortalecimento da linha de cuidado, do diagnóstico precoce, da busca ativa de novos

casos e da investigação dos contatos com vistas ao alcance das metas da

Estratégia Global de Hanseníase da World Health Organization (WHO) 2016-2020.2,6

Este estudo se justifica pela persistência do cenário da endemia em Mato

Grosso, sendo a capital do estado, Cuiabá, um dos municípios prioritários para o

controle da endemia, devido as altas taxas de detecção da doença em menores de

15 anos, bem como a influência dos determinantes socioambientais na distribuição

espacial da doença.2,6,14

Está pesquisa tem como objetivo analisar os determinantes socioambientais,

epidemiológicos e a distribuição espacial da hanseníase em contatos menores de 15

anos, no município de Cuiabá, Mato Grosso, e que poderá corroborar com os

conhecimentos, para a identificação das áreas de risco no município e dos fatores

preditivos à ocorrência da doença nesta população mais vulnerável.

Page 19: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

18

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. A HANSENÍASE

A hanseníase é uma doença infectocontagiosa, causada pelo M. leprae, ou

Bacilo de Hansen; caracteriza-se por lesões de pele com alteração de sensibilidade

e neuropatias, podendo levar a incapacidade funcional.1,2,3

O agente etiológico da patologia foi identificado por Gerhard Henrik Armauer

Hansen em 1873, que deu nome à doença. Hansen demonstrou o caráter infeccioso

da morbidade, que até então era associada a hereditariedade.17

A hanseníase também possui outras denominações em outros idiomas como

lepra, leprosy, krushta, lépre, ausssatz, judham, prokaza, mafung e raibyo.18

A primeira citação da doença está na bíblia, com o termo tsara ath, originado

do grego, que significa impuro, desonra, desgraça; pois na época desconhecia - se o

agente etiológico da patologia. Esta denominação traz até a atualidade o estigma

sobre a doença, tanto pelo doente quanto pela sociedade.18

O diagnóstico da hanseníase ainda constitui preocupação tanto para o

paciente, quanto para família, em virtude das divergências entre as avaliações da

equipe de saúde, que contribuem para o diagnóstico tardio, a angústia pela demora

no início da poliquimioterapia (PQT), a pouca compreensão do paciente e da família

sobre a doença e seu tratamento, bem como o comportamento da família frente à

doença.19

O M. leprae é um bacilo álcool-acidorresistente, intracitoplasmático de

macrófagos, com afinidade pela célula de schawnn. O microrganismo possui um

ciclo evolutivo lento, com tempo de incubação prolongado e permanece viável no

meio ambiente dependendo das condições de temperatura e umidade. O grau de

imunidade do indivíduo influencia a capacidade de defesa e o prognóstico para o

desenvolvimento da doença.1

O bacilo atravessa o tecido epitelial e atinge os gânglios linfáticos, onde em

forma de embolo micobacteriano, direciona-se para periferia do corpo humano,

atingindo a pele e nervos periféricos, onde iniciam os sintomas da doença.1

Segundo a WHO o indivíduo é definido como caso de hanseníase quando

Page 20: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

19

apresenta uma ou mais características da patologia que consiste em: lesão de pele

associada alteração de sensibilidade; comprometimento neural com espessamento

e/ou baciloscopia positiva.1,2,3

As lesões cutâneas da hanseníase podem variar em cor, volume, delimitação,

quantidade e apresentam déficit ou ausência de sensibilidade. O comprometimento

neural pode apresentar parestesia, hipoestesia ou anestesia, comprometimento

motor, com ou sem espessamento neural, dependendo da forma clínica da doença

que se desenvolve no indivíduo.1

A patologia pode ser classificada segundo a forma clínica, determinada após

a avaliação dermatoneurológica; e/ou a classificação operacional, segundo o

resultado do índice baciloscópico.1,20,21

A classificação de Madri de 1953 identifica a hanseníase em dois tipos,

denominados estável e instável, sendo que o primeiro corresponde a formas

clínicas: virchowiana e tuberculóide; e instável que pode evoluir para outras formas

clínicas da doença denominadas: indeterminada e dimorfa.1,20,21

A forma clínica indeterminada é considerada a forma inicial da doença e

manifesta-se com poucas lesões hipocrômicas e hipoestésicas. A forma tuberculóide

caracteriza-se por poucas placas bem delimitadas assimétricas hipoestésicas,

podendo apresentar neurite. As formas clínicas dimorfa e virchowiana são

consideradas as mais graves da doença. A dimorfa apresenta manchas assimétricas

infiltradas com coloração variada associada ao comprometimento neural; e a

virchowiana caracteriza-se por múltiplas lesões cutâneas simétricas infiltradas, bem

delimitadas geralmente hipercrômicas, com polineurite e comprometimento de

múltiplos órgãos.21

Na infância a hanseníase pode se desenvolver nas quatro formas clínicas,

porém a forma tuberculóide pode apresentar uma variação denominada hanseníase

nodular infantil, que afeta geralmente crianças entre 1 e 4 anos de idade e se

caracteriza por uma lesão tuberculonodular, comumente na face, podendo

apresentar outras lesões com as mesmas características em outras áreas do corpo,

com inoculação espontânea e cicatrização atrófica. Já a forma virchowiana pode

acometer órgãos e comprometer o desenvolvimento da criança. A hanseníase em

contatos infantis vem sendo apontada, na literatura especializada, como indicador de

transmissão ativa da doença na comunidade, a partir de casos não diagnóstico e,

consequentemente não tratamento; favorecendo a persistência do bacilo na

Page 21: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

20

comunidade.1,16,21,22,23

A baciloscopia consiste em um raspado dérmico das lesões, que por meio do

método de Ziehl-Neelsen, e expressa a viabilidade do bacilo, por meio de

percentagem de bacilos íntegros do campo avaliado. A baciloscopia possui uma

escala de zero a seis; e é considerada negativa para pacientes paucibacilares e

positiva para pacientes multibacilares. A baciloscopia é utilizada para orientar a

seleção da PQT, para o tratamento da doença.20,21

A WHO utiliza desde 1988 preferencialmente a classificação operacional com

base no número de lesões de pele e do índice baciloscópico, categorizando a

hanseníase em paucibacilar para casos com até 05 lesões de pele e/ou baciloscopia

negativa; e multibacilar para casos com mais de 05 lesões e/ou baciloscopia

positiva.12,20

A hanseníase é uma patologia cujo diagnóstico é predominantemente clínico,

porém os exames complementares auxiliam no diagnóstico da doença.12,21,24

Os indivíduos com infecção subclínica pelo M. leprae podem ser identificados

precocemente por meio dos testes sorológicos.25,26

A descoberta do antígeno na parede celular do M. leprae, o glicolipídeo

fenólico 1 (PGL-1) na década de 1980, altamente imunogênico, estimulou a

realização de estudos com o glicolipídeo e seus derivados semissintéticos, para

avaliar a imunidade humoral na hanseníase.24

O PGL-1 é um dos componentes da cápsula que recobre externamente a

micobacteria, associado a lipoglicanas e fosfolipídio; este glicolipídeo compõe a

parede celular do M. leprae dando a ele especificidade imunológica.1

O estudo do genoma do bacilo identificou diversos antígenos de proteínas no

M. leprae; e estes antígenos vem sendo utilizados nos testes sorológicos para

investigação da infecção pela micobacteria em indivíduos saudáveis e para avaliar a

eficácia da PQT.26,27

Dentre os antígenos de proteínas estudados, o antigênico Leprosy IDRI

Diagnostic- 1 (LID- 1) vem demostrando maior sensibilidade para detecção do M.

leprae, mesmo em pacientes que não apresentam as características clínicas da

doença.27

A literatura evidência que os testes sorológicos auxiliam no diagnóstico, na

classificação operacional da hanseníase, e são ferramentas importantes para o

monitoramento e a vigilância da patologia.28

Page 22: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

21

Os testes sorológicos antigênicos Leprosy IDRI Diagnostic (anti-NDO-LID) e

antigênico Phenolic Glycolipid 1 (anti-PGL-I), são utilizados para identificar a

infecção por M. leprae, principalmente a subclínica.26

Silvestre et al (2012)24 realizaram pesquisa com 179 contatos de hanseníase,

para avaliar a sensibilidade do teste de Enzyme Linked Immunosorbent Assay

(ELISA) anti-PGL-1, utilizando dois glicolipídeos semissintéticos; o dissacarídeo e o

trissacarídeo como instrumentos para auxiliar no diagnóstico da doença e;

verificaram que os aspectos soro-epidemiológicos são instrumentos adequados para

o diagnóstico e a vigilância da patologia.

Fabri (2015)25 realizou pesquisa para analisar a reatividade dos antígenos:

Leprosy IDRI Diagnostic (anti-LID-1), Natural Disaccharide Octyl – Leprosy IDRI

Diagnostis 1 (NDO-LID), Natural Disaccharide Linked to Human Sérum Albumin via

Octyl (NDO-HSA) e PGL-1, para identificar o melhor antígeno no diagnóstico

sorológico de hanseníase em casos novos, contatos intradomiciliares e da

população em geral de áreas endêmicas no Estado de Minas Gerais.

A autora observou melhor performance dos testes anti-LID e NDO-LID para

identificação do M. leprae em contatos domiciliares e na população em geral, bem

como melhor desempenho do NDO-LID para identificação dos casos paucibacilares

e da população geral estudada. O estudo verificou maior soropositividade na

população em comparação as taxas de detecção da doença em toda área estudada,

demonstrando a importância do exame complementar de reatividade antigênica para

auxiliar as ações de vigilância em saúde.25

Gomes (2016)26 realizou testes sorológicos anti-NDO-LID e anti-PGL-I em 250

menores de 15 anos e identificou maior sensibilidade do teste anti-NDO-LID para a

detecção do M. leprae em contatos; com positividade do anti-NDO-LID 2,21 vezes

maior que anti-PGL-I, demonstrando maior eficácia do teste anti-NDO-LID em

comparado ao anti-PGL-I na população estudada.

Para mesma autora a detecção do M. leprae encontrada em maior proporção

entre contatos de vizinhança, do que nos contatos domiciliares demonstra a

transmissão do bacilo no ambiente, possivelmente pela alta concentração da doença

na região; e as exposições e re-exposições ao bacilo nas relações sociais.26

Page 23: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

22

2.2. A TRANSMISSÃO DA DOENÇA

Para Adriaty et al., (2010)29, a transmissão da doença está relacionada ao

agente etiológico; a resposta imunológica do hospedeiro; e ao ambiente, que em

condições favoráveis viabilizam a sobrevivência do microorganismo.

Azulay et al., (2015)1 relatam que apesar o agente etiológico ter sido

encontrado em animais sob condições ambientais, a principal fonte de transmissão é

o doente multibacilar, sem tratamento, por meio da eliminação do bacilo pelas vias

respiratórias.

Segundo Silva et al., (2010)7 em populações desfavorecidas, o doente

multibacilar sem tratamento é a principal fonte de contaminação, que pode ser

influenciada pela resposta do hospedeiro ao M. leprae.

Outras pesquisas sugerem que os contatos dos doentes de hanseníase agem

como elo da cadeia epidemiológica da doença contribuindo para persistência da

endemia.30,31,32

As condições de vida precárias e o modo de ocupação territorial

desordenado, também vem sendo apontados como fatores que influenciam o

coeficiente de detecção da doença.7

Para Magalhães e Rojas, (2007)4 e Silva et al., (2010)7 a hanseníase está

associada às premissas sociais como as condições de vida e ocupação territorial; e

ambientais como o clima, relevo, tipo de vegetação e o ecossistema.

A literatura contém relatos da viabilidade do M. leprae no solo, como fonte

ambiental de transmissão da doença.33,34,35

Segundo a revisão literária de Valois et al., (2015)13 o M. leprae está presente

no ambiente e fatores meteorológicos como a temperatura e a umidade intensificam

a transmissão da doença.

Santos et al., (2010)14 observaram aumento das taxas de detecção da

hanseníase em menores de 15 anos em regiões que apresentavam situação

socioeconômica desfavorável, relevo acidentado com arbustos de médio porte,

vegetação predominante de floresta amazônica, com temperaturas amenas, em

áreas migratórias por atividade garimpeira, áreas periféricas das cidades e fronteiras

agrícolas.

A literatura evidência a influência da temperatura na multiplicação do M.

leprae na pata do camundongo; que a temperatura entre 15 e 35 °C é um fator

Page 24: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

23

ambiental para a multiplicação do M. leprae e o desenvolvimento da doença em

camundongos e humanos; e a temperatura ótima para o crescimento do bacilo

ocorre preferencialmente de 5 a 10°C acima e abaixo de 20°C.9

O bacilo cresce melhor em temperatura de aproximadamente 30 °C, que está

abaixo da temperatura central do corpo humano, o que justifica o predomínio das

lesões neurais próximas às extremidades do corpo, onde as áreas são mais frias.10

Belda Júnior et al., (2014)11 relatam que o M. leprae permanece viável fora do

organismo humano em temperatura ambiente por até 36 horas; e de 7 a 9 dias em

temperatura de 36,7°C, com umidade de 77,6%.

O efeito da temperatura e da umidade do ar tem sido observado em diversos

ciclos biológicos. Em muitos casos considera-se que o fenômeno não ocorre abaixo

de um determinado valor da variável abiótica, nem acima de um outro valor, e ocorre

preferencialmente num determinado valor situado dentro do intervalo de ocorrência.

Frequentemente os limites extremos são denominados valor basal inferior e basal

superior. E o valor em que se dá a maior ocorrência é o valor ótimo da variável para

o fenômeno.9,36

Ferreira et al., (2011)16 relatam que a hanseníase pode sofrer recidiva e essa

associa-se às condições de moradia, aos hábitos de vida, ao tratamento irregular e à

falta de orientação sobre a doença e seu tratamento.

2.3. CONTATOS DE HANSENÍASE

Segundo o Ministério da Saúde (MS), contato se caracteriza por toda pessoa

que convive ou conviveu com doente de hanseníase, antes de iniciar a PQT,

independente do tempo de convívio e da classificação operacional do doente.37

Os contatos são classificados como domiciliares, de vizinhança e sociais

como colegas de trabalhos e de escola, bem como outras pessoas que convivam ou

tenham convivido com o doente antes do tratamento.37

Os contatos infantis da hanseníase, vem sendo apontados na literatura

especializada como indicador da transmissão ativa da doença na comunidade, a

partir de casos não diagnóstico e não tratamento; favorecendo a persistência da

transmissão do microorganismo na comunidade.1,16,21,22,23

O MS preconiza a avaliação dos contatos de pacientes, independente da

classificação operacional e do tempo de convívio com o doente.37

Page 25: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

24

As avaliações dermatoneurológicas devem ser realizadas periodicamente,

durante cinco anos para todos os contatos. Os contatos que não apresentarem

sinais e sintomas da hanseníase após este exame, devem ser vacinados com Bacilo

de Calmette Guerin (BCG); orientações devem ser dadas quanto aos sinais e

sintomas da doença; a necessidade do retorno a unidade básica de saúde para

realização do exame dermatoneurológico semestral ou anualmente; a vigilância de

todos os contatos sociais por meio do exame dermatoneurológico; bem como o

monitoramento do histórico vacinal e/ou da presença de cicatriz da vacina BCG; e a

orientação sobre vacina BCG, que não é específica para hanseníase, mas aumenta

a resistência contra o M. leprae.32,37,38

Apesar dos avanços nas medidas terapêuticas para o controle da hanseníase,

a história da profilaxia da doença no Brasil, demonstra pouca atenção sobre a

vigilância dos comunicantes. O controle dos contactantes não vem sendo priorizados

pelos serviços de saúde, corroborando para perpetuação da endemia.30,38

Os contatos intradomiciliares, de vizinhança e sociais vem sendo apontados

como elo da cadeia epidemiológica da hanseníase e que a vigilância dos contatos

contribui para o controle da endemia, com ações constantes e mantidas para

assegurar a redução da ocorrência da doença.30

Temoteo et al., (2013)31 relatam que os contatos de hanseníase não realizam

o exame dermatoneurológico, devido à ausência de sinais e sintomas da doença, a

incompatibilidade de horário ou o trabalho, o medo, a vergonha, preconceito e a falta

de orientação dos profissionais de saúde sobre a necessidade do monitoramento

dos contatos com reavaliações dermatoneurológicas periódicas.

Cunha et al., (2017)39 verificaram durante pesquisa em área endêmica, que a

baixa escolaridade, a faixa etária mais jovem e as condições de moradia

desfavoráveis dos contatos podem ser fatores de risco para hanseníase.

Romanholo et al., (2018)32 em pesquisa realizada no município de Cacoal -

Rondônia identificaram baixa completude na realização da avaliação

dermatoneurológica dos contatos.

Os mesmos autores evidenciaram falhas na avaliação dos contatos, com a

indicação da vacina BCG sem considerar o resultado da avaliação clínica; falha nas

orientações quanto a mobilização dos contatos para investigação da doença nas

unidades básicas de saúde; deficiência na orientação quanto ao retorno dos

contatos para reavaliações dermatoneurológicas, bem como para orientações sobre

Page 26: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

25

indicação e o esquema de imunização; tornando as ações de vigilância

insuficientes.32

A falha no monitoramento dos contatos de hanseníase contribui para

persistência da endemia, e a vigilância dos mesmos é fundamental para o controle

da doença como problema de saúde pública.17,31,32

2.4. EPIDEMIOLOGIA DA HANSENÍASE

A prevalência dos casos da doença vem diminuindo mundialmente na última

década. No Brasil foram detectados, em 2017, 32.694 casos novos, sendo 1.619 em

menores de 15 anos.40

Os maiores coeficientes de detecção da doença estão nas microrregiões da

Amazônia brasileira, com destaque para os estados de Mato Grosso, Pará e

Maranhão, associados a fatores sociais como as condições de vida e ocupação

territorial; e ambientais como o clima, relevo, tipo de vegetação e o ecossistema.4,7

Segundo Ferreira et al (2007)5, Magalhães e Rojas (2007)4, Santos et al.

(2016)41 e WHO (2016)2 a endemia permanece elevada em Mato Grosso, com

hiperendemicidade em menores de 15 anos, e o comprometimento em menores

indica a transmissão ativa da doença na comunidade.

O aumento da taxa de detecção da hanseníase em menores de 15 anos em

Mato Grosso sofre influência dos fatores socioambientais como o relevo, a

vegetação, a temperatura, a condição socioeconômica e o aumento das cidades por

atividade garimpeira e agrícola.14

O estudo de tendência para ocorrência de hanseníase em menores de 15

anos, no período de 2001 a 2013, em Mato Grosso, indicou estabilidade da

endemia, visualizada pela maior proporção de casos multibacilares, com

incapacidade física grau 2, que favorece a permanência da fonte de infecção na

comunidade.42

A taxa de detecção da hanseníase em Mato Grosso em 2016 foi de

80,4/100.000 habitantes, sendo 18,2/100.000 habitantes em menores de 15 anos.6

Em 2016, Mato Grosso foi responsável por 93% das detecções de

hanseníase no Brasil, 83,6% dos casos novos de hanseníase notificados no Estado

realizaram a avaliação neurológica no diagnóstico, 4,5% dos casos apresentavam

Page 27: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

26

algum grau de incapacidade física no diagnóstico e 78,1% dos contatos dos casos

novos notificados foram avaliados no momento do diagnóstico do caso.6

Em 2017 essa taxa de detecção em Mato Grosso foi de 108,3(3.289) casos

novos de hanseníase por 100.000 habitantes, sendo 22,3(174) casos novos de

hanseníase por 100.000 habitantes em menores de 15 anos, indicando a

persistência da endemia no Estado.6

A capital Cuiabá, está entre os municípios prioritários para o controle do

agravo, cujo indicador global para o acompanhamento da doença e dos serviços de

saúde está atrelado à alta taxa de detecção da doença em menores de 15 anos.2,6

Entre 2014 e 2017 as taxas de detecção da hanseníase em Cuiabá foram de

65,1(359), 74,2(409), 59,7(329) e 60,1(331) casos por 100.000 habitantes

respectivamente, demonstrando a hiperendemicidade no município.40,43

As taxas de detecção em menores de 15 anos no município foram

consideradas altas, entre 2014 e 2016, 13,4(17), 18,9(24) e 15,0(19) casos por

100.000 habitantes respectivamente, com declínio em 2017 para nível médio devido

a taxa de 4,74(06) por 100.000 habitantes.40,43

Os dados indicam a persistência da endemia em Mato Grosso e na capital

Cuiabá.

2.5. DETERMINANTES SOCIAIS EM SAÚDE

O processo saúde doença de uma população é mediado por fatores

biológicos, ambientais, estilo de vida e pelo serviço de saúde.15

Os fatores biológicos estão relacionados à herança genética, como a

malformação congênita e as doenças hereditárias. 15

Os fatores ambientais podem ser naturais, construídos e psicossociais. Os

naturais referem-se ao relevo, a flora e a fauna do local onde habita uma

determinada população. Os fatores construídos estão relacionados às ações

antrópicas que transformam o local onde vive esta população, como por exemplo a

urbanização das cidades. E os fatores psicossociais estão associados às relações

entre os indivíduos em um determinado ambiente que transmitem padrões, valores,

hábitos e costumes e influenciam o comportamento de um grupo social.15

O estilo de vida está relacionado a estrutura social do local e as relações

entre as pessoas, que refletem no cotidiano, nas atitudes e na forma de viver de um

Page 28: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

27

grupo populacional, influenciadas pelo nível cultural, a renda, bem como pela

produção e consumo de bens e serviços.15

Os serviços de saúde influenciam o processo saúde doença de um grupo

populacional mediante o envolvimento e participação dos gestores, dos profissionais

de saúde e da população, sobre as condições de vida da localidade.15

Os determinantes sociais em saúde são os fatores sociais, econômicos,

culturais, étnicos/ raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam o

processo saúde doença. A saúde pública estuda como as condições de vida e

trabalho podem afetar a saúde humana, de modo a compreender suas relações para

que intervenções possam reduzir as iniquidades de saúde.44

Os indivíduos expostos a um ou mais determinantes sociais em saúde,

podem se beneficiar ou ter a saúde comprometida, podendo desenvolver doenças.15

Estes determinantes sociais em saúde podem estar relacionados ao indivíduo ou a

um grupo populacional de formas distintas, pois alguns fatores podem explicar as

diferenças no estado de saúde de um indivíduo, mas nem sempre justificam as

diferenças entre grupos populacionais distintos.44

2.6. DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA HANSENÍASE

O geoprocessamento em saúde vem sendo utilizado no Brasil desde a

década de 1950, inicialmente para auxiliar o planejamento urbano e a análise

ambiental. No final da década de 1980 se propagou com a produção de mapas

temáticos para integrar informações ambientais, espaciais e sociais, de modo a

auxiliar na compreensão da influência destes determinantes sobre os agravos à

saúde humana.15

O sistema de Informações Geográficas (SIG) vem sendo utilizado como

instrumento para caracterizar e quantificar a exposição a fatores socioambientais e

sua influência sobre os agravos à saúde humana.15

Diversas pesquisas realizadas em regiões distintas do Brasil demonstram a

importância dos estudos sobre a distribuição espacial nos processos patológicos e

os fatores predisponentes à disposição e a ocorrência da hanseníase.14, 41,45,46,47

A análise espacial pode estimar o risco da transmissão e da ocorrência da

doença, os padrões de distribuição da doença, as áreas de risco, contribui para o

aprimoramento das ações de saúde e vigilância, além de reduzir custos, com ações

Page 29: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

28

específicas de acordo com as condições epidemiológicas locais.41,47

Para Dias e Nobre (2005)45 os estudos de distribuição espacial através do

SIG, possibilitam o georreferenciamento dos casos de hanseníase, para o controle e

a vigilância da doença em áreas endêmicas e favorecem as ações em saúde.

Queiroz et al., (2010)48 realizaram pesquisa utilizando estatística espacial e

SIG, para identificar clusters de hanseníase no município de Mossoró-RN e

verificaram 2 áreas com alto risco para o adoecimento, bem como a correlação entre

a distribuição espacial da hanseníase e as variáveis sócio-econômicas relacionadas

a pobreza. Os resultados do estudo reforçam a contribuição da estatística espacial e

do SIG para as ações de vigilância em saúde e o controle da doença.

Em pesquisa realizada sobre a distribuição espacial da hanseníase em Mato

Grosso, Santos et al., (2010)14, observaram o aumento do coeficiente de detecção

da doença em menores de 15 anos, durante todo período do estudo, bem como a

influência do relevo, da vegetação, da temperatura, das condições socioeconômicas,

do crescimento das cidades, do garimpo e da expansão das fronteiras agrícolas.

Segundo Salomão, et al., (2013)46 a distribuição espacial da hanseníase no

Pará está associada a regiões de garimpo, as áreas metropolitanas e as rodovias.

Os autores relatam que a urbanização acelerada, associada as más condições de

vida propiciam a distribuição da doença na região estudada.

Monteiro, et al., (2015)47 realizaram estudo sobre a distribuição espacial da

hanseníase em Tocantins e verificaram hiperendemicidade em 77% dos municípios

no Estado; identificaram 2 clusters com alto coeficiente de detecção nas regiões

centro-norte e sudoeste do Estado; associação entre a distribuição espacial e os

indicadores dos municípios; e 26,6% dos municípios apresentavam alta taxa de

detecção com incapacidade funcional, demonstrando a transmissão ativa da doença

e o diagnóstico tardio.

Santos, A. et al., (2016)41 em estudo realizado no município de Tucano - BA

evidenciam tendência crescente dos coeficientes de detecção geral da hanseníase e

aumento das taxas de incidência da doença no município; com hiperendemicidade

durante todo o período do estudo, demonstrando a persistência da transmissão e da

detecção tardia da doença. O estudo também verificou predomínio da doença nas

proximidades das unidades básicas de saúde; e em áreas periurbanas, que podem

estar associadas a maior acessibilidade ao serviço de saúde e às condições

precárias de vida na periferia das cidades.

Page 30: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

29

3. OBJETIVOS

3.1. OBJETIVO GERAL

Analisar os determinantes socioambientais, epidemiológicos e a distribuição

espacial dos contatos de hanseníase menores de 15 anos, Cuiabá, Mato Grosso.

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1. Analisar a distribuição espacial da detecção do M. leprae em contatos de

hanseníase menores de 15 anos, segundo o resultado do teste sorológico

anti-NDO-LID e das características socioambientais por região de residência.

2. Determinar os fatores preditivos para ocorrência de hanseníase em contatos

menores de 15 anos;

Page 31: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

30

4. MÉTODO

4.1. TIPO DE ESTUDO

Trata-se de um estudo epidemiológico observacional para a investigação da

distribuição espacial e dos fatores preditivos para o adoecimento de contatos de

hanseníase menores de 15 anos.

A partir do estudo epidemiológico foram desenvolvidos 02 manuscritos

independentes.

A pesquisa de distribuição espacial foi realizada para verificar a disposição dos

contatos de hanseníase menores de 15 anos doentes e não doentes infectados pelo

M. leprae, segundo o resultado do teste sorológico anti-NDO-LID e as características

socioambientais por região de residência.

E o estudo caso controle foi desenvolvido para identificação dos fatores

preditivos para ocorrência de hanseníase em contatos menores de 15 anos.

Está pesquisa está atrelada a um projeto matricial intitulado “Vigilância em

Contatos de Hanseníase”, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da

Universidade de Cuiabá, sob o protocolo número: 443.830 de 11.10.2013.

4.2. POPULAÇÃO DE ESTUDO E CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE

Participaram do projeto matricial 250 menores de 15 anos residentes no

município de Cuiabá - MT e destes, foram elegíveis para o presente estudo 167

contatos.

Para o alcance do primeiro objetivo os contatos de hanseníase foram divididos

em dois grupos denominados doentes (30) e não doentes (137).

O grupo doente foi composto por 30 casos novos de hanseníase, menores de 15

anos, notificados no SINAN/MT, nos anos de 2014 e 2015, residentes no município

de Cuiabá – MT.

O grupo não doente foi composto por 137 contatos de vizinhança menores de 15

anos, com distância inferior a 100 metros da residência do caso notificado.

Os critérios de elegibilidade para o estudo de distribuição espacial foram:

contatos doentes e não doentes de hanseníase, com endereços completos no

Page 32: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

31

registro do SINAN-MT e/ou nas entrevistas, que realizaram o teste sorológico anti-

NDO-LID na primeira etapa do projeto matriz e, que foram localizados por

georreferenciamento por meio de Global Positioning System (GPS).

Para o estudo caso controle, os participantes foram definidos como grupo de

casos (n=30) os menores de 15 anos notificados com hanseníase no SINAN/MT,

nos anos de 2014 e 2015, residentes no município de Cuiabá – MT.

E os controles (n=128) foram considerados aqueles menores com ausência de

sinais e sintomas sugestivos da doença, com teste sorológico anti-NDO-LID

negativo, que residiam na vizinhança de origem dos casos, com distância inferior a

100 metros.

Do total dos casos elegíveis (n=167) foram excluídos: 09 participantes do grupo

controle com resultado positivo ao teste anti-NDO-LID (Figura 1).

Page 33: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

32

Page 34: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

33

4.3. A ÁREA DE ESTUDO

A pesquisa foi desenvolvida no município de Cuiabá, capital do Estado de

Mato Grosso; que está entre os municípios prioritários para o controle do agravo da

hanseníase, devido à alta taxa de detecção da doença em menores de 15 anos.

Cuiabá possui área de 3.538,17 Km², correspondendo 254,57 Km² à

macrozona urbana e 3.283,60 Km² à área rural.49

Está situada entre as coordenadas geográficas de 15º10’, 15º50’ de latitude

sul e 50º50’, 50º10’ de longitude oeste.49 Com altitude de 165 metros, no Centro

Geodésico da América do Sul.50

A área de estudo localiza-se na mesorregião norte de Mato Grosso, na

microrregião de Cuiabá; e esta microrregião é formada pelos municípios de Chapada

dos Guimarães, Cuiabá, Nossa Senhora do Livramento, Santo Antônio de Leverger

e Várzea Grande. 50

Cuiabá é composta pelo distrito-sede e pelos distritos Coxipó da Ponte,

Coxipó do Ouro e Nossa Senhora da Guia. 50

O distrito-sede do município é formado por 118 bairros, distribuídos em 04

regiões (Figura 2).

Figura 2 – Distribuição espacial dos bairros do município de Cuiabá – MT

Page 35: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

34

Segundo dados do último Censo realizado em 2010, o município abriga uma

população de 551.098 habitantes, sendo 126.425 menores de 15 anos; com

densidade demográfica de 157,66 hab/km²; sendo 540.814 pessoas na zona urbana

e 10.284 na zona rural; com média de 3,30 moradores por domicílio; tendo 80,2% de

cobertura adequada do escoamento sanitário; 34,3% de urbanização; 39,6% de

arborização das vias públicas e com índice de desenvolvimento humana (IDH) de

0,785.51

O IBGE estima que a população do município em 2017 seja de 590.118

habitantes. 49

4.4. FONTE DE DADOS E VARIÁVEIS DE ESTUDO

As informações foram obtidas em dois momentos: (I) dados demográficos,

socioeconômicos, epidemiológicos e o resultado do teste sorológico anti-NDO-LID

(Quadro 1), extraídos das entrevistas realizadas na primeira etapa do projeto matriz

realizadas por Gomes (2016) e (II) dados espaciais e socioambientais identificados

por meio de georreferenciamento e visita ao local das residências da população

estudada (Quadro 2).

Page 36: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

35

Quadro 1. Dados demográficos, socioeconômicos, epidemiológicos e o

resultado do teste sorológico anti-NDO-LID dos contatos doentes e não doentes de

hanseníase menores de 15 anos, residentes em Cuiabá, MT; 2016

Variáveis Categorias

Demográficas -Idade:0-7 anos ou 8-14 anos;

-Sexo: masculino ou feminino;

-Raça/cor: branca, preta, amarelo, parda ou indígena

Socioeconômicas -Condição de residência: própria ou alugada/cedida;

-Classe econômica: A, B, C, D ou E;

-Saneamento básico: rede coletiva de esgoto, fossa

ligada à rede de esgoto ou fossa não ligada à rede de

esgoto;

-Coleta de lixo: pública ou lançada em terreno baldio;

Epidemiológicas -Tipo de contato: caso ou de vizinhança;

-Classificação clínica da doença: Indeterminada,

Tuberculóide, Dimorfa ou Virchowiana;

-Classificação operacional da doença: multibacilar ou

paucibacilar;

-Cicatriz de BCG: ausente; presente uma cicatriz;

presente duas cicatrizes;

-Número de pessoas na residência: de 1 a 4 pessoas

ou ≥ a 5 pessoas;

-Tem casos de hanseníase na família: sim ou não;

-Positividade de anti-NDO-LID: negativo ou positivo;

-Grau de Incapacidade física no diagnóstico:

Grau 0; Grau 1; Grau 2; Não avaliado; Ignorado

Exame laboratorial - Teste Sorológico anti-NDO-LID: positivo; negativo

Nesta pesquisa foi utilizado apenas o resultado do teste anti-NDO-LID, para

identificação dos contatos infectados pelo M. leprae, em virtude da evidência de

maior eficácia do mesmo em comparação ao teste anti-PGL-I, para a população

estudada, na primeira etapa do projeto matricial.26

O teste sorológico anti-NDO-LID foi coletado em 2016, a partir do sangue

venoso ou digital, nos domicílios dos contatos, seguindo o protocolo da OrangeLife

Page 37: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

36

Comércio e Indústria LTDA. O teste foi considerado negativo quando apresentou

uma única linha colorida após 20 minutos da execução do mesmo; e positivo quando

surgiam duas linhas coloridas após o mesmo período.26,52

Teste NDO-LID negativo

Teste NDO-LID positivo Figura 3 - Teste Natural Disaccharide Octyl - Leprosy IDRI Diagnostis 1 (NDO-LID).

Fonte: ORANGELIFE, 2015; GOMES, 2016

Quadro 2. Dados espaciais e socioambientais dos contatos doentes e não

doentes de hanseníase menores de 15 anos, residentes em Cuiabá, MT; 2017

Variáveis Categoriais

Espaciais -Endereço por bairro do município;

-Região do município;

Socioambientais -Material de construção da residência;

-Acessibilidade ao local da residência;

-Higiene no entorno da residência;

-Coleta de lixo;

-Número de casas no terreno;

Pavimentação asfáltica;

-Revestimento/ reboco da residência;

-Acabamento/ pintura da residência;

-Cobertura/ telhado da residência;

-Arborização no local;

Tipo de arborização do local;

-Quantidade de arborização do local;

Para variáveis espaciais foram identificados o endereço e a região de

residência dos contatos de hanseníase menores de 15 anos no município de

Page 38: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

37

Cuiabá, por meio de visita aos locais de residência da população estudada entre os

meses de Agosto à Dezembro de 2017.

Foram detectados na pesquisa, contatos doentes e não doentes residentes

nos bairros: Novo Paraiso, Doutor Fábio, Altos da Serra, Nova Conquista, Centro

América, Serra Dourada, Centro Político Administrativo (CPA), Jardim Florianópolis,

Jardim Vitória, Pedra 90, Novo Terceiro, Jardim Fortaleza, Altos da Glória, Santa

Izabel, Areão, Goiabeiras, Jardim Brasil, Jardim Primeiro de Março, Residencial

Coxipó ou Distrito da Guia (Figura 2). As regiões Norte; Oeste; Leste; Sul do Distrito

sede, bem como o Distrito de Nossa Senhora da Guia foram identificados contatos

doentes de hanseníase menores de 15 anos.

Para variáveis socioambientais foram observados o material de construção

das residências (Imagem 1a alvenaria ou Imagem 1b madeira); a acessibilidade ao

local da residência (Imagem 2a sem barreira, Imagem 2b com barreira, Imagem 2c

sem acesso); a higiene no entorno da residência, considerando restos de lixo

doméstico ou de construção no local (Imagem 3a limpo/presente ou Imagem 3b

sujo/ausente); a coleta de lixo (Imagem 4a coleta pública ou Imagem 4b lançada em

terreno baldio); o número de casas no terreno (Imagem 5a uma casa ou Imagem 5b

duas e/ou mais casas) a pavimentação asfáltica (Imagem 6a presença ou Imagem

6b ausência); o revestimento/ reboco da residência (Imagem 7a presença ou

Imagem 7b ausência); o acabamento/pintura da residência (Imagem 8a presença ou

Imagem 8b ausência); a cobertura/telhado da residência (Imagem 9a amianto;

Imagem 9b barro e Imagem 9c misto); a presença de arborização no local (Imagem

10a presença ou Imagem 10b ausência); o tipo de arborização no local (Imagem 11a

arbórea; Imagem 11b arbustiva; Imagem 11c mista ou Imagem 12a sem

arborização); a quantidade de arborização no local (Imagem 12a sem arborização;

Imagem 12b de 1 a 2 unidades; Imagem 12c de 3 a 4 unidades; Ilustração 12d 5 ou

mais unidades) apresentados no apêndice 1.

Para identificação das coordenadas geográficas dos endereços foi utilizado

um GPS/ MAP versão 5.00 da marca Garmin, modelo 76Cx (Figura 4), cedido pelo

Departamento de Pós Graduação em Geografia da Universidade Federal de Mato

Grosso (UFMT) patrimoniado sob o número 174956.

Page 39: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

38

Figura 4 - Global Positioning System (GPS)/MAP versão 5.00 da marca Garmin, modelo 76Cx

Para demarcação de cada residência por meio de GPS, o endereço foi

confirmado pela verificação do número da rua, da quadra, do número da casa e do

bairro registrados previamente em uma ficha padrão (Apêndice 2) desenvolvida para

coleta de dados.

Posteriormente o GPS foi ligado e somente após a leitura de no mínimo 3

satélites, o ponto foi demarcado (Figura 5).

Figura 5 - Leitura de satélites com GPS

O local foi analisado segundo as variáveis espaciais e socioambientais

descritas anteriormente e o local fotografado.

Para organização dos dados espaciais, as informações foram registradas no

Page 40: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

39

programa Google Earth e no software SPSS. Foi elaborado um índice com o

número da notificação do SINAN/MT ao qual o contato estava atrelado,

posteriormente os contatos doentes e não doentes receberam um número de

identificação individual; e finalmente cada casa foi codificada com número de 01 a

05; sendo a casa 01 a casa notificada do contato doente e as casas de 02 a 05 as

casas dos contatos não doentes (Imagem 13 e 14).

4.5. PROCESSAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS

Para análise da distribuição espacial da detecção do M. leprae em contatos

doentes e não doentes segundo o resultado do teste sorológico anti-NDO-LID e as

características socioambientais por região de residência, os dados (n=167) foram

armazenados no programa Google Earth e no software SPSS versão 2.0; e os

mapas temáticos foram confeccionados no software ArcGis versão 10.5.

Para identificação dos fatores preditivos à ocorrência de hanseníase em

contatos casos e controles menores de 15 anos, os dados (n=158) foram

armazenados no software SPSS versão 2.0; analisados Odds Radio (OR bruto),

intervalo de confiança (IC) e significância estatística (p ≤ 0,05).

Para análise de regressão logística, foram selecionadas as varáveis com

resultados ≤ 20% na análise bivariada e calculados Odds Radio (OR ajustado),

intervalo de confiança (IC) e significância estatística (p ≤ 0,05).

4.6. ASPECTOS ÉTICOS

O presente estudo está atrelado a um projeto matricial intitulado “Vigilância

em Contatos de Hanseníase”, aprovado pelo CEP da Universidade de Cuiabá, sob o

protocolo número: 443.830 de 11.10.2013 e atende às determinações da Resolução

466/2012 do Conselho Nacional de Saúde para pesquisas que envolvem seres

humanos.

Nesta pesquisa não foi utilizado novo termo de consentimento livre e

esclarecido, pois o mesmo já havia sido assinado pelos responsáveis dos contatos

de hanseníase doentes e não doentes menores de 15 anos na primeira etapa do

projeto matricial.

Também não houve contato da pesquisadora com os menores para realização

Page 41: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

40

da coleta dos dados espaciais e socioambientais, apenas observação do local de

residência.

Page 42: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

41

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. MANUSCRITO 1

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA DETECÇÃO DO MYCOBACTERIUM LEPRAE EM

CONTATOS DE HANSENÍASE MENORES DE 15 ANOS EM ÁREA ENDÊMICA

Resumo:

Objetivo: Analisar a distribuição espacial da detecção do M. leprae em contatos de

hanseníase menores de 15 anos, segundo o resultado do teste sorológico anti-NDO-

LID e das características socioambientais por região de residência. Método: Estudo

epidemiológico observacional de distribuição espacial composto por 167 contatos de

hanseníase menores de 15 anos divididos em contatos doentes (n=30) e não doente

(n=137). A pesquisa foi realizada no município de Cuiabá/MT, considerado prioritário

para o controle da doença. Foram utilizados dados do SINAN/MT, de entrevistas

com os contatos e visitas ao local de residência dos contatos. Mapas temáticos

foram construídos a partir do software Google Earth e ArcGis versão 10.5; e

calculada frequência a partir dos programas SPSS versão 2.0 e Epi info website

versão 7.2.2.6. Resultados: A pesquisa possibilitou o georreferenciamento de

73,17% contatos de hanseníase menores de 15 anos, notificados nos anos de 2014

e 2015. Observou-se distribuição espacial heterogênea dos contatos infectados pelo

M. leprae no município, com predominância na região Norte. Observou-se maior

contingente da população estudada entre aqueles que residem com mais de cinco

pessoas no domicílio, cujas moradias não apresentavam acabamento, com fossa

rudimentar, com restos de construção civil e lixo doméstico no entorno da residência

e pertenciam à classe econômica C. Entre os contatos infectados pelo bacilo, 45,5%

tinham casos de hanseníase na família e 40% dos contatos não foram avaliados

quanto ao grau de incapacidade funcional (GIF) no diagnóstico. Conclusão: O

estudo demonstrou distribuição espacial heterogênea dos contatos de hanseníase

menores de 15 anos no município, com predomínio em região de exclusão social;

incompletude do GIF no diagnóstico dos contatos doentes; e infectividade dos

contatos pelo M. leprae, sugerindo a transmissão ativa do bacilo na comunidade.

Descritores: Hanseníase. Criança. Distribuição espacial. Endemia.

Page 43: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

42

Introdução

A hanseníase é uma moléstia infectocontagiosa, causada pelo M. leprae.1,2,3

A doença gera neuropatias, lesões tegumentares hipoestésicas ou anestésicas e

pode levar a incapacidade funcional.4,5

O diagnóstico da hanseníase é essencialmente clínico, mas testes

sorológicos vêm sendo utilizados para detecção precoce do M. leprae, para auxiliar

o diagnóstico e classificação operacional da doença. 6,7,8,9,10

O teste sorológico antigênico Leprosy IDRI Diagnostic (anti-NDO-LID), vem

sendo utilizado para identificar a infectividade pelo M. leprae, e demostra maior

sensibilidade para detecção do microorganismo em pacientes que não apresentam

as características clínicas da doença.11, 12

A hanseníase apresenta alta infectividade, evolução lenta, baixo poder

patogênico e o doente sem tratamento é apontado como a principal fonte de

transmissão do bacilo. 5,13,14

A doença afeta adultos, idosos e crianças, mas na infância pode causar

limitações estruturais e funcionais, assim como discriminação, estigma e baixa

estima.5,11,12

A hanseníase na infância é apontada como indicador de transmissão ativa da

doença na comunidade, justificada pela exposição precoce ao bacilo, o período de

encubação da doença, a sobrecarga do sistema imunológico e o convívio dos

menores com doente sem tratamento em suas relações sociais.5,13,14,15

O Brasil permanece como a segunda nação com o maior contingente da

doença no mundo e o estado de Mato Grosso concentra os maiores coeficientes de

detecção da doença na população em geral e em menores de 15 anos; que podem

ser atribuídos à fatores socioambientais como o garimpo, o crescimento

desordenado das cidades, a vegetação de médio porte e a temperatura amena.

3,16,17,18

Apesar da tendência mundial de declínio da incidência da doença, Mato

Grosso permanece hiperendêmico; e a capital do estado é considerada município

prioritário para o controle do agravo da hanseníase, devido às altas taxas de

detecção geral e, também, na população infantil. 7,19

A transmissão da doença vem sendo relacionada ao doente multibacilar sem

tratamento, as condições de vida desfavoráveis da população, o modo de ocupação

Page 44: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

43

territorial e aos contatos de hanseníase, considerados elo da cadeia epidemiológica

da doença.15,20

Contato de hanseníase é a denominação dada à pessoa que convive ou

conviveu com doente, antes de iniciar a poliquimioterapia, independente do tempo

de convívio e da classificação operacional do doente.16

O Ministério da Saúde (MS)8 preconiza as ações educação em saúde, de

busca ativa da doença na comunidade para o diagnóstico precoce, a prevenção e

tratamento das incapacidades, a vigilância e o acompanhamento dos contatos, a

quimioprofilaxia e o reforço da vacina Bacillus Calmette-Guérin (BCG) como

estratégia para o controle da endemia.5,8,16

Os estudos espaciais vêm sendo utilizados para estimar o risco da

transmissão e da ocorrência da doença, os padrões de distribuição da doença e as

áreas de risco; para reduzir custos com ações específicas às necessidades

epidemiológicas locais, aprimorando as ações de saúde.3,21

A sobreposição espacial das altas taxas de detecção da hanseníase vem

sendo associadas aos determinantes socioambientais.3,18,22

Queiroz et al., (2010)23 identificaram através da análise espacial áreas com

alto risco para o adoecimento e a correlação entre a distribuição espacial da

hanseníase relacionada a condições de vida desfavoráveis.

Santos et al., (2010)18, observaram o aumento do coeficiente de detecção da

hanseníase em menores de 15 anos associado ao relevo, a vegetação, a

temperatura, as condições socioeconômicas desfavoráveis, o crescimento

desordenado das cidades, o garimpo e a expansão das fronteiras agrícolas em Mato

Grosso.

O presente estudo tem por objetivo analisar a distribuição espacial da

detecção do M. leprae em contatos de hanseníase menores de 15 anos, segundo o

resultado do teste sorológico anti-NDO-LID e das características socioambientais

dos contatos por região de residência no município de Cuiabá – MT, notificados no

SINAN/MT nos anos de 2014 e 2015.

Método

Foi realizado um estudo epidemiológico observacional de distribuição

espacial, composto por 167 contatos de hanseníase menores de 15 anos, residentes

Page 45: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

44

no município de Cuiabá-MT; divididos em grupo doente (n=30) e grupo não doente

(n=137); segundo o resultado de positividade do teste sorológico anti-NDO-LID e das

características socioambientais por região de residência no município de Cuiabá –

MT, notificados no SINAN/MT nos anos de 2014 e 2015.

Está pesquisa está atrelada a um projeto matricial intitulado “Vigilância em

Contatos de Hanseníase”, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da

Universidade de Cuiabá, sob o protocolo número: 443.830 de 11.10.2013. Os dados

espaciais e ambientais foram coletados a partir de visita aos locais de residência da

população estudada entre os meses de Agosto à Dezembro de 2017.

A pesquisa foi desenvolvida no município de Cuiabá, capital do Estado de

Mato Grosso; considerada município prioritário para o controle do agravo da

hanseníase, devido à alta taxa de detecção da doença em menores de 15 anos.

Cuiabá possui área de 3.538,17 Km², correspondendo 254,57 Km² à

macrozona urbana e 3.283,60 Km² à área rural.53

Está situada entre as coordenadas geográficas de 15º10’, 15º50’ de latitude

sul e 50º50’, 50º10’ de longitude oeste (IBGE, 2018). Com altitude de 165 metros, no

Centro Geodésico da América do Sul.54

Segundo dados do último Censo, o município abriga uma população de

551.098 habitantes, sendo 126.425 menores de 15 anos; com densidade

demográfica de 157,66 hab/km²; sendo 540.814 pessoas na zona urbana e 10.284

na zona rural; com média de 3,30 moradores por domicílio; tendo 80,2% de

cobertura adequada do escoamento sanitário; 34,3% de urbanização; 39,6% de

arborização das vias públicas e com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de

0,785.53

Foram notificados no SINAN 41 casos novos de hanseníase em menores de 15

anos, residentes no município de Cuiabá-MT, nos anos de 2014 e 2015; destes

foram excluídos da pesquisa 11 contatos doentes, devido ao registro incompleto do

endereço no SINAN.

A pesquisa possibilitou o georreferenciamento de 73,17% (30) contatos de

hanseníase menores de 15 anos, residentes no município de Cuiabá-MT, nos anos

de 2014 e 2015.

Foram construídos para o estudo um grupo de contatos doentes, composto

por 30 casos novos de hanseníase menores de 15 anos; e um grupo de contatos

não doentes composto por 137 contatos de vizinhança menores de 15 anos, com

Page 46: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

45

distância inferior a 100 metros da residência do caso notificado e que realizaram o

teste sorológico anti-NDO-LID na primeira etapa do projeto matricial.

Foram excluídos da pesquisa os contatos doentes e não doentes com

registros incompletos dos endereços no SINAN-MT e/ou nas entrevistas que

impossibilitassem a localização das residências dos contatos e a identificação dos

fatores socioambientais no entorno das residências.

Durante as visitas às residências dos contatos doentes e não doentes foram

registradas as coordenadas geográficas dos endereços com um Global Position

System (GPS)/ MAP versão 5.00 da marca Garmin, modelo 76Cx e identificadas as

variáveis espaciais e socioambientais. O GPS foi ligado em frente a residência e

somente após a leitura de no mínimo 3 satélites, o ponto foi demarcado.

Para organização dos dados espaciais, demográficos, socioambientais e

epidemiológicos as informações foram registradas no software SPSS versão 2.0 e

para construção dos mapas temáticos foram utilizados no programa Google Earth e

o software ArcGis versão 10.5.

Também foram realizados cálculos de frequência para caracterização dos

contatos hanseníase menores de 15 anos doentes e não doentes infectados pelo M.

leprae residentes no município de Cuiabá/MT.

Resultados

Dos 167 menores estudados, foram georreferenciados 73,17% (30) contatos

doentes e subsequente 79,65% (137) dos contatos não doentes.

Observou-se proporções semelhantes ao teste sorológico anti-NDO-LID (6,6%)

entre os contatos doentes e não doentes, indicando a presença da infectividade em

ambos os contatos pelo do M. leprae.

O estudo identificou as características dos contatos de hanseníase menores

de 15 anos infectados pelo M. leprae, sendo que 72,7%(08) tinham idade entre 08 e

14 anos, 81,8%(09) eram do sexo feminino, 45,4%(05) da raça parda, 72,7%(08)

residiam na região Norte do município, 23,3%(03) no bairro Serra Dourada,

100%(11) pertencia a classe econômica C, 81,8%(08) residem em casa própria;

100% (11) com 01 casa de alvenaria no terreno, 72,7%(08) das residências

apresentavam reboco, 63,6%(07) não possuíam pintura, 54,5%(06) apresentavam

telhado em amianto, 81,8%(08) com fossa rudimentar, 63,6% (07) com asfalto e

Page 47: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

46

acessibilidade à residência sem barreiras, 100%(11) apresentava de coleta pública

de lixo, 63,6%(07) possuíam restos de construção civil e/ou lixo doméstico no

entorno da residência, 63,3%(07) possuíam árvores do tipo arbustiva no entorno da

residência, 100%(11) residia com mais de 5 pessoas no domicílio, 81,8%(09)

possuíam apenas uma cicatriz de BCG e 45,4%(05) tinham casos de hanseníase na

família.

As análises de distribuição espacial da detecção do M. leprae em contatos

segundo o resultado do teste anti-NDO-LID e das características socioambientais

dos contatos por região de residência demonstraram que 72,2% (08) dos contatos

doentes e não doentes com teste NDO-LID positivo estão concentrados na região

Norte do município, sendo 27,3%(03) desses contatos soropositivos moradores do

Bairro Serra Dourada (Figura 6).

Page 48: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

47

Figura 6 – Distribuição dos contatos de hanseníase doentes e não doentes menores

de 15 anos no município de Cuiabá e relação com teste sorológico anti-NDO-LID.

Dos contatos estudados infectados pelo M. leprae, 45,5% (05) tinham casos de

hanseníase na família; e a maioria residia na região Norte do município. Ainda dessa

população, com sorologia negativa ao teste anti-NDO-LID, 43,5% (67) tinham casos

de hanseníase na família (Figura 7).

Page 49: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

48

Figura 7 – Distribuição dos resultados sorológicos anti-NDO-LID em contatos de

hanseníase doentes e não doentes menores de 15 anos no município de Cuiabá e a

presença de casos da doença na família.

Page 50: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

49

O grau de incapacidade funcional (GIF) no diagnóstico dos casos cujos contatos

apresentaram sorologia positiva para o teste anti-NDO-LID variou entre 0, 1 ou não

foi avaliado, segundo os dados registrados nas fichas de notificação do SINAN/MT,

sendo que o maior GIF registrado era 1 e estava na região Norte, onde 72,2%(08)

dos contatos infectados foram identificados (Figura 8).

Figura 8 – Grau de incapacidade funcional (GIF) no diagnóstico dos casos cujos

contatos apresentaram sorologia positiva para o teste anti-NDO-LID.

Page 51: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

50

Discussão

O estudo demonstrou maior concentração de contatos de hanseníase doentes

e não doentes menores de 15 anos infectados pelo M. leprae na região Norte do

município.

Estudos semelhantes realizados no município corroboram com os resultados

do presente estudo ao identificar a distribuição heterogênea da patologia, com maior

concentração na região Norte. A região Norte é apontada como a área com a maior

concentração de casos da doença notificados no município há quase duas

décadas.26,27

Alencar (2014)28 observou os piores índices de exclusão social em bairros

situados nas regiões Norte e Sul do município de Cuiabá-MT. Segundo a autora,

este comportamento de exclusão social se deve ao aumento populacional, a partir

do movimento migratório e da infraestrutura desproporcional da cidade, que

desencadeou ocupações desordenadas nas regiões periféricas do município, por

populações menos favorecidas.

Santos, E (2012)26 demonstrou dependência espacial entre os casos de

hanseníase no município de Cuiabá-MT, com principal cluster espaço-temporal na

região Norte do município; com cluster ativo no bairro Novo Paraíso durante o

período do estudo, justificado pela aglomeração espaço-temporal entre os anos de

2008 a 2010 do local; tanto na escala de bairro, quanto na do setor censitário, com

risco relativo para o adoecimento relacionado à presença de muitos moradores no

domicílio, a maior densidade de casas, ao destino inadequado do lixo e às más

condições de saneamento.

O presente estudo possibilitou o georreferenciamento de 73,17% (30) dos

contatos doentes de hanseníase. Apesar da incompletude das informações

registradas nas notificações do SINAN relacionadas ao endereço, a falha vem sendo

reduzidas nos últimos anos. A melhora da completude das informações foi

constatada pelo aumento da proporção de casos georreferenciados no município de

Cuiabá, em comparação ao estudo realizado por Santos E (2012)26, onde foi

possível georreferenciar 64,1% dos casos novos da doença no município entre os

anos de 1999 e 2010.

As informações registradas nas notificações do SINAN/MT, são ferramentas

importantes para pesquisa científica sobre a distribuição espacial dos processos

Page 52: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

51

patológicos e dos fatores predisponentes a ocorrência da hanseníase, estima áreas

de risco, contribui para o aprimoramento das ações em saúde, além de reduzir

custos, com ações específicas de acordo com as condições epidemiológicas

locais.3,18,21,22,29

O estudo constatou maior contingente de contatos de hanseníase menores de

15 anos, que residem com mais de cinco pessoas no domicílio, cujas moradias não

apresentavam acabamento, com fossa rudimentar, com restos de construção civil e

lixo doméstico no entorno da residência e pertenciam à classe econômica C.

A literatura faz inferência à hanseníase, associada a populações

desfavorecidas, residentes em domicílios piores condições de higiene, com maior

número de pessoas, com fossas rudimentares e menor índice de desenvolvimento

humano (IDH); demonstrando que as condições de moradia dos contatos contribuem

manutenção da endemia.10,11,18,20,22,26,29,30,31,32,33,34,35,36

Dos contatos doentes e não doentes infectados pelo M. leprae, 45,5% tinham

casos da doença na família. Apesar do doente sem tratamento ser a principal fonte

de transmissão da hanseníase, esta pode não ser a única forma de transmissão do

bacilo, ratificando indícios científicos sobre a ocorrência da doença associada ao

agente etiológico; a resposta do hospedeiro e ao ambiente.5,18,20

Apesar das evidências científicas sobre a eficácia dos testes sorológicos para

identificação precoce de indivíduos infectados pelo M. leprae, o hospedeiro pode ou

não desenvolver a doença mediante a resposta imunológica do indivíduo ao

bacilo.5,10,37

Brasil et al (2003)38 realizaram uma coorte controlada prospectiva de quatro

anos, para verificar a associação entre o resultado do teste sorológico anti-PGL-1 e

a ocorrência de hanseníase em área endêmica; e constataram que 50% dos casos

novos diagnósticos no período do estudo foram de indivíduos sem contato com

casos da doença e com teste sorológico negativo, sugerindo que nem todo caso

novo de hanseníase teve contato com outro doente; ou apresente soropositividade

antigênica especifica ao M. leprae com antecedência.

Estudos sugerem que o M. leprae possa sobreviver em condições ambientais

favoráveis, com solo úmido, temperatura amena e maior umidade em áreas

endêmicas, como fator ambiental para perpetuação da doença. A associação da

transmissão da doença a outro fator que não seja o contato direto com o doente não

tratado é descrito na literatura e fundamentado pela identificação do ácido

Page 53: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

52

resoxirribonucleico (DNA) da micobactéria no meio ambiente de áreas

endêmicas.2,35,39,40,41,42,43,44

O GIF no diagnóstico observado na pesquisa variou entre 0, 1 ou não foi

avaliado.

Segundo a distribuição espacial visualizada na figura 3, os maiores GIF dos

contatos estavam situado na região Norte do município.

A literatura relata que o GIF no diagnóstico do doente de hanseníase reflete o

tempo de adoecimento do indivíduo, e é considerado um indicador de diagnóstico

tardio. Quanto maior GIF, maior o tempo que o individuo está doente e

consequentemente está transmitindo a doença para seus contatos; contribuindo

para manutenção da endemia.16

A maioria dos contatos doentes da pesquisa apresentou grau zero de

incapacidade no diagnóstico, contrapondo estudos anteriores que demonstravam

grau dois de incapacidade no diagnóstico para estudos realizados em Mato Grosso

e em outros estados brasileiros no período de 2001 a 2013.12,21,45

O resultado do GIF zero encontrado na pesquisa pode indicar a redução do

tempo para o diagnóstico da doença no município estudado, em comparação ao

estudo de tendência realizado em Mato Grosso, que demonstrava maior proporção

de casos com GIF 2.12 Entretanto aproximadamente 40% das notificações dos

contatos doentes não foram avaliados segundo o GIF no diagnóstico.

A incompletitude de dados epidemiológicos pode indicar a falha no

preenchimento das notificações pelos profissionais dos serviços de saúde ou da

vigilância epidemiológica; bem como a necessidade de sensibilização e capacitação

dos profissionais de saúde para auxiliar o monitoramento da doença no município.46

A avaliação do GIF visa à prevenção de danos físicos, emocionais e

socioeconômicos; e o agravo das limitações existentes em decorrência da lesão

neural provocada pelo bacilo. O GIF é classificado em 0,1 e 2, sendo que no GIF 0 o

doente não apresenta distúrbio sensitivo, nem motor nos olhos, mãos e pés; no GIF

1 já existe comprometimento sensitivo; e no GIF 2 há comprometimento sensitivo e

motor nos olhos, ou mãos ou pés.16 Os indivíduos que apresentam GIF 1 e 2 no

diagnóstico geralmente estão doentes há mais tempo e transmitindo o bacilo para

seus contatos, portanto o GIF no diagnóstico 1 e 2 são indicativos de diagnóstico

tardio da doença, que contribui para persistência da endemia, além de causar danos

Page 54: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

53

físicos, emocionais e socioeconômicos aos menores de 15 anos, interferindo em seu

aprendizado, autonomia e sua produtividade durante a vida adulta.16,47

A avaliação do GIF deve ser realizada no diagnóstico, durante o tratamento e na

alta da poliquimioterapia.16 As medidas preconizadas pelo MS são orientações, auto

cuidado, exercícios preventivos, órteses, adaptações de calçados e de instrumentos

de trabalho. Os pacientes com incapacidade funcional instalada devem ser

encaminhados à reabilitação e a médicos especialistas; e se necessário são

realizadas cirurgias corretivas.16

Conclusão

O estudo demonstrou distribuição espacial heterogênea dos contatos de

hanseníase menores de 15 anos, com maior concentração na região Norte do

município, onde as condições de vida da população são desfavoráveis, o diagnóstico

tardio e há maior número de doentes, que favorecem a persistência da endemia na

região.

Há incompletitude de dados relacionado ao registro dos endereços e do GIF,

indicando a falha no preenchimento das notificações pelo serviço de saúde; e a

necessidade da conscientização e capacitação dos profissionais de saúde para

importância dos dados para compreensão dos processos patológicos, para pesquisa

científica e o aprimoramento das ações em saúde do município.

E infectividade dos contatos, mesmo para contatos sem casos da doença na

família, sugerindo a exposição pelo M. leprae por outra fonte além do doente sem

tratamento e a transmissão ativa do bacilo na comunidade.

Referências

1.Sarmineto, A.P.A et al. Perfil Epidemiológico da hanseníase no período de 2009 a

2013 no município de Montes Claros(MG). Rev. Soc.Bras. CLin. Med. 2015.

2.Valois, E.M.S, et al. Prevalence of Mycobacterium Leprae in the environment: A

Review. African Journal of Microbiology Research. 2015; 9(40): 2103-2110.

Page 55: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

54

3.Santos, A. D. et al. Analise Espacial e Características Epidemiológicas dos Casos

de Hanseníase em Área Endêmica. Rev. Enferm. UFPE on line. 2016; 10(5):4188-97

4.Oliveira, A. R. et al. Atualização sobre critério de tempo para diagnóstico tardio da

hanseníase. Cadernos EST. 2014; 8(2):77-91

5.Azulay, R.D. et al. Dermatologia. 6.ed. rev.ampl. Rio de Janeiro: Guanabara

Koogan, p. 396-424, 2015.

6.World Health Organization. Chemotherapy of Leprosy for Control Programs: Report

of a WHO Study Group, Geneva. 1982.

7.Buhrer-Sekula, S. Sorologia PGL-I na Hanseníase, Revista da Sociedade

Brasileira de Medicina Tropical. 2008;(41):03- 05

8.Brasil. Ministério da Saúde. PORTARIA Nº 3.12-Diretrizes para Vigilância, Atenção

e Controle da Hanseníase, 2010.

9.Silvestre, M. P. S. A, et al., Sensibilidade do teste ELISA anti-PGL-1 com dois

antígenos sintéticos derivados do PGL-1 do Mycobacterium leprae, Rev Pan-Amaz

Saude. 2012; 3(4):9-16

10.Gomes, L. C. Infecção por Mycobacterium leprae em menores de 15 anos

contatos de casos de hanseníase. Cuiabá – MT. 2016. Dissertação (Mestrado em

Enfermagem e o Cuidado à Saúde Regional) – Faculdade de Enfermagem da

Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, Mato Grosso.

11.Cunha, M.H.C.et al. Fatores de Risco em contatos intradomiciliares de pacientes

com hanseníase utilizando variáveis clínicas, sociodemográficas e laboratoriais. Rev.

Pan. Amoz Saúde. 2017; 8(2): 23-30

12.Freitas, B.H.B. et al. Trend of leprosy in individuals under the age of 15 in Mato

Grosso (Brazil), 2001-2013. Rev. Saúde Pública.2017; 51

Page 56: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

55

13.Lastória, J.C.; Abreu, M.A.M.M. Hanseníase: diagnóstico e tratamento. Diagn

Tratamento. 2012; 17(4):173-9

14.Barreto,J.G. et al. Leprosy in children. Curr Infect Rep. 2017:19:23

15.Mendonça, V.A. et al. Immunology of leprosy. An. Bras. Dermatol. 2008;

83 (4):343-50

16.Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de

Vigilância das Doenças Transmissíveis. Diretrizes para vigilância, atenção e

eliminação da Hanseníase como problema de saúde pública: manual técnico-

operacional [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em

Saúde, Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. – Brasília:

Ministério da Saúde, 2016.

17.World Health Organization. Global Leprosy Strategy: Accelerating Towards a

Leprosy-Free World. 2016

18.Santos, E S. et al. Distribuição espaço-temporal da hanseníase em Mato Grosso.

HYGEIA, Revista Brasileira de Geografia Médica e da Saúde - www.hygeia.ig.ufu.br/

ISSN: 1980-1726.Hygeia. 2010; 6(10):53 - 62

19.Secretaria Estadual de Saúde de Mato Grosso. Departamento de Vigilância

Epidemiológica. SES/MT, 2017.

20.Silva, D. R. X. et al. Hanseníase, Condições Sociais e Desmatamento na

Amazônia Brasileira. Rev Panam Salud Publica. 2010; 27(4):268-275

21.Monteiro, l. D. et al. Padrões Espaciais da Hanseníase em um Estado

Hiperendêmico no Norte do Brasil, 2001-2012. Rev. Saúde Pública. 2015; 49(84)

22.Dias, M. C. F. S.; Nobre, M. L. Distribuição Espacial da Hanseníase no Município

de Mossoró/RN, utilizando o Sistema de Informações Geográficas-SIG, An. Bras.

Dermatol. 2005; (80): 289-94

Page 57: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

56

23.Queiroz, J. W. et al,. Geographic Information Systems and Applied Spatial

Statistics Are Efficient Tools to Study Hansen’s Disease (Leprosy) and to Determine

Areas of Greater Risk of Disease. Am. J. Trop. Med. Hyg. 2010; 82(2): 306–314

24.Instituto Brasileiro de Geografia e eEstatística - IBGE. Censo Demográfico. 2010.

Disponível em https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mt/cuiaba/historico. Acesso em

24/01/2018.

25.Cuiabá. Prefeitura Municipal. Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Urbano.

Perfil Socioeconômico de Cuiabá – Vol. II, 2004. Acesso em: 24 jan. 2018.

26.Santos, E S. Aspectos Geográficos e epidemiológicos da hanseníase em Cuiabá

e Várzea Grande – MT. 2012. (Tese de Doutorado). Departamento de Geografia,

Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo.

27.Rodrigues, T. S.V. Infecção por mycobacterium leprae em contatos sociais de

hanseníase em escolares. 2018. Dissertação (Mestrado em Enfermagem)

Universidade federal de Mato Grosso. (In Prelo)

28.Alencar, L.A.A. Desigualdades socioespaciais e a mortalidade da população com

60 anos ou mais em Cuiabá-MT, 2010. 2014. Tese (Doutorado em Demografia)-

Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas-

Campinas, São Paulo.

29.Salomão, L.E.P. et al. Análise da Distribuição Espacial da Hanseníase no

Município de Curionópolis no Pará. In: Congr. Bras. Med. Fam. Comunidade. Anais.

Belém. 2013;12(350)

30.Andrade, V.L.G. et al. Fatores asociados ao Domicilio e a Familia na

determinação da Hanseníase, Rio de Janeiro, Brasil, Cad. Saúde Públ., Rio de

janeiro.1994; 10(2):281-292

31.Carvalho, M.S. et al., Doenças infecto-contagiosas relacionadas as carências

habitacionais na cidade de Londrina – Paraná (Brasil) Universidad de Barcelona),

Page 58: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

57

Revista Electronica de Geografia y Ciências Sociales. 2003; 146(113)

32.Gauy, J.S. et al. Distribuição espacial dos casos de hanseníase no município de

Ribeirão Preto no ano de 2004. Rev. Latino-am Enfermagem. 2007; 15(3)

33.Sucupira, A.C.S.L. et al. Determinantes sociais da saúde de crianças de 5 a 9

anos da zona urbana de Sobral, Ceará, Brasil, Rev Bras Epidemiol. 2014: 160-177

34.Novakoski, I. R. S. et al. Casos de hanseníase entre os anos de 2010 e 2014 no

município de Alta Floresta, Mato Grosso, Brasil. Enciclopédia Biosfera, Centro

Científico Conhecer – Goiania. 2016; 13(23): 216-227

35.Negrão, G.N. et al. variáveis epidemiológicas interveninetes na ocorrência da

hanseníase no município de Guarapuava, PR, Geografia. 2016; 25(2): 110-129

36.Fernandes M.V.C. et al. Hanseníase na população juvenil e sua relação com a

desigualdade social: revisão integrativa, Scientia Amazonia. 2017; 6(1) :117-124

37.Fabri, A. C. O. Análise Comparativa da Reatividade ANTI-LID-1,NDO-LID,NDO-

HSA e PGL-1 em Hanseníase, BVS Hanseniase. Belo Horizonte 2015; 15(219)

38.Brasil, M. T. L.R.F. et al. Sorologia anti-PGL-1 e risco de ocorrência de

hanseníase em área de alta endemicidade do Estado de São Paulo; quatro anos de

seguimento, Rev. Bras. Epidemiol. 2003; 6(3)

39.Shepard, C. Temperatura Optima de Mycobacterium Leprae em Ratos, Journal of

Bacteriology. 1965; 90(5)

40.Lavania, M. et al. Detection of Mycobacterium leprae DNA from soil samples by

PCR targenting RLEP sequences. Commun. Dis. 2006; 38(3) :269-273,

41.Adriaty, D. et al. TTC Repeats variation of Mycobacterium Leprae Isolates for

Analysis of Leprosy Endemic Area in East Java, Indonesia, Journal of tropical and

Infections Disease. 2010; 1(1):38-43

Page 59: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

58

42.Turankar, R.P; et al. Dynamics of Mycobacterium leprae transmission in

environmental context: deciphering the role of enviroment as a potential reservoir,

Infetion, genetics and evolution. 2012; 12(1):121-126

43.Lahiri, R. e Adams, L.B. Cultivation and Viability Determination of Mycobacterium

leprae, In Scolland DM, Internacional textobook of leprosy, Set, 2016

44.Turankar, R.P; et al. Presence of viable Mycobacterium leprae in environmental

specimens around houses of leprosy patients, Indian Journal of Medical

Microbiology. 2016; 34(3):315-321

45.Gordon, A.S.A. et al. Incidência de hanseníase em menores de 15 anos

acompanhados no município de Imperatriz, Maranhão, entre 2004 e 2010. Arq. Ciên.

Saúde UNIPAR, Umuarama. 2017; 21(1):19-24

46.Abath, M.B. et al. Avaliação da completitude, da consistência e da duplicidade de

registros de violências do Sinan em Recife, Pernambuco, 2009-2012. Epidemiol.

Serv. Saúde. 2014; 23(1):131-142.

47.Araujo, A.E.R.A. et al. Complicações neurais e incapacidades em hanseníase em

capital do nordeste brasileiro com alta endemicidade. Rev bras epidemiol out-dez

2014; 17(4): 899-910

Page 60: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

59

5.2. MANUSCRITO 2

FATORES PREDITIVOS PARA OCORRÊNCIA DE HANSENÍASE EM CONTATOS

MENORES DE 15 ANOS: ESTUDO CASO-CONTROLE

Resumo

Objetivo: Determinar os fatores preditivos para ocorrência de hanseníase em

contatos menores de 15 anos. Método: Estudo do tipo caso-controle com 158

menores de 15 anos. O grupo de casos abrangeu 30 casos novos de hanseníase,

notificados SINAN/MT, nos anos de 2014 e 2015, residentes no município de Cuiabá

- MT; e foi comparado ao grupo controle formado por 128 contatos sadios de

vizinhança. Para o gerenciamento e análise dos dados foram utilizados o software

SPSS versão 2.0 e software Epi info website versão 7.2.2.6. Foram realizadas

análises bivariadas e regressão logística não condicional (p ≤ 0,05). Resultados:

Houve associação para ocorrência de hanseníase em contatos menores de 15 anos

relacionados à faixa etária de 8 a 14 anos (OR = 3,84; IC95%:1,53; 9,59); à fatores

ambientais relacionados a vegetação (OR = 3,25; IC95%: 0,092; 11,42); e a

presença de casos de hanseníase na família (OR = 6,06; IC95%: 2,41; 15,21) nas

análises bivariadas. Após as análises ajustadas observou-se chance de 4,5 vezes

para ocorrência de hanseníase em contatos menores de 15 anos com idade entre 08

e 14 anos (OR ajust: 4,50; IC95% 1,68; 12,10) e de 5,1 vezes para contatos com

caso de hanseníase na família (OR ajust:5,17; IC95% 1,92; 13,96). Conclusão: Os

fatores preditivos à ocorrência da hanseníase em menores de 15 anos estão

relacionados à idade e a presença de casos da doença na família.

Descritores: Hanseníase. Infância. Determinantes Sociais da Saúde. Endemia.

Introdução

A hanseníase é uma doença infectocontagiosa, causada pelo Bacilo de

Hansen ou M. leprae, caracterizada por neuropatias e lesões cutâneas com distúrbio

de sensibilidade.1,2,3,4,5

A hanseníase acomete crianças, adultos e idosos, mas na infância

compromete o crescimento, desenvolvimento e a vida escolar; gera limitações,

discriminação, estigma e baixa estima.6,7,8 E a ocorrência da hanseníase em

Page 61: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

60

crianças indica fonte de transmissão ativa da doença na comunidade.9

O diagnóstico da moléstia na infância pode ser prejudicado em virtude da

variedade clínica das lesões tegumentares e da dificuldade para realização da

avaliação neurológica, principalmente nas crianças mais jovens.9

Os maiores coeficientes de detecção da hanseníase no Brasil estão

concentram nas microrregiões da Amazônia, principalmente nos Estados de Mato

Grosso, Pará e Maranhão; e são associados a premissas socioambientais.10,11

A hanseníase ainda é considerada um problema de saúde pública em Mato

Grosso e a capital do Estado está entre os municípios prioritários para o controle da

endemia como problema de saúde pública.10,12,13,14

A transmissão da doença vem sendo relacionada ao agente etiológico, a

resposta imunológica do hospedeiro e ao ambiente; que em condições favoráveis

viabilizam a sobrevivência do microorganismo. 11,16,17

Azulay et al., (2015)6 relatam que apesar o agente etiológico ter sido

encontrado em animais sob condições ambientais, a principal fonte de transmissão é

o doente multibacilar, sem tratamento, através da eliminação do bacilo pelas vias

respiratórias.

Outras pesquisas sugerem que os contatos dos doentes de hanseníase agem

como elo da cadeia epidemiológica da doença contribuindo para persistência da

endemia.35,36,37

Segundo o Ministério da Saúde (MS) contato é toda pessoa que convive ou

conviveu com doente de hanseníase, antes de iniciar a poliquimioterapia,

independente do tempo de convívio e da classificação operacional do doente.24

E apesar dos avanços tecnológicos e terapêuticos para o controle da

hanseníase, a história da profilaxia da doença no Brasil, demonstra pouca atenção

sobre a vigilância dos contatos. 23, 25, 26, 27

A falha no monitoramento dos contatos de hanseníase contribui para

persistência da endemia e a vigilância dos contatos é fundamental para o controle

da doença como problema de saúde pública. 25, 26, 27

O MS preconiza avaliações dermatoneurológicas periódicas durante cinco

anos para todos os contatos; e aqueles que não apresentarem clínica para

hanseníase após a avaliação, devem receber o reforço da vacina Bacilo de Calmette

Guerin (BCG).11, 24

Segundo Cunha et al (2017)7 o monitoramento dos contatos de hanseníase

Page 62: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

61

na faixa etária muito jovem é fundamental, devido ao tempo de incubação da doença

e da probabilidade da geração de transtornos sociais e pessoais na idade produtiva

Para Magalhães e Rojas, (2007)10 e Silva et al., (2010)11 a hanseníase está

associada às premissas sociais como as condições de vida e ocupação territorial; e

ambientais como o clima, relevo, tipo de vegetação e o ecossistema.

Santos et al., (2010)17 observaram aumento das taxas de detecção da

hanseníase em menores de 15 anos em regiões que apresentavam situação

socioeconômica desfavorável, relevo acidentado com arbustos de médio porte,

vegetação predominante de floresta amazônica, com temperaturas amenas, em

áreas migratórias por atividade garimpeira, áreas periféricas das cidades e fronteiras

agrícolas.

Há evidencias sobre a viabilidade do M. leprae no ambiente influenciada por

fatores abióticos como a temperatura e a umidade.31,32,34

Belda Júnior et al., (2014)30 relatam que o M. leprae permanece viável fora do

organismo humano em temperatura ambiente por até 36 horas; e de 7 a 9 dias em

temperatura de 36,7°C, com umidade de 77,6%.

Para James et al., (2007)38 o bacilo cresce melhor em temperatura de

aproximadamente 30 °C, que está abaixo da temperatura central do corpo humano,

o que justifica o predomínio das lesões neurais próximas às extremidades do corpo,

onde as áreas são mais frias.

Tendo em vista as evidências da influência do agente etiológico, da resposta

imunológica do hospedeiro e do ambiente na transmissão da doença, este estudo

pretende determinar os fatores preditivos para ocorrência de hanseníase em

contatos menores de 15 anos.

Método

Estudo do tipo caso-controle com 158 menores de 15 anos residentes no

município de Cuiabá – MT, selecionados a partir das notificações do SINAN/MT

como casos novos de hanseníase, em 2014 e 2015 e seus contatos na mesma faixa

etária.

O grupo de casos (n=30) abrangeu casos novos de hanseníase menores de

15 anos, notificados no SINAN/MT, nos anos de 2014 e 2015, residentes no

município de Cuiabá – MT.

Page 63: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

62

Os controles (n=128) foram considerados menores com ausência de sinais e

sintomas sugestivos da doença, com teste sorológico anti-NDO-LID negativo, que

residiam na vizinhança de origem dos casos, com distância inferior a 100 metros.

Foram utilizados dados demográficos, socioeconômicos, epidemiológicos e o

resultado do teste sorológico anti-NDO-LID, extraídos das entrevistas realizadas na

primeira etapa do projeto matricial por Gomes (2016) e realizada visita ao local das

residências da população estudada para identificação dos dados espaciais e

ambientais.

Os dados foram tabulados e analisados no software SPSS versão 2.0 e

software Epi info website versão 7.2.2.6. Realizadas analises bivariadas e a

regressão logística não condicional para varáveis com resultados ≤ a 20% na análise

binária e significância estatística (p ≤ 0,05).

O presente estudo está atrelado a um projeto matricial intitulado “Vigilância

em Contatos de Hanseníase”, aprovado pelo CEP da Universidade de Cuiabá, sob o

protocolo número: 443.830 de 11.10.2013 e atende às determinações da Resolução

466/2012 do Conselho Nacional de Saúde para pesquisas com seres humanos.

Resultados

Dos 158 menores de 15 anos casos e controles, 19% pertenciam ao grupo caso

e 81% aos controles. Associaram-se significativamente aos fatores preditivos para

ocorrência de hanseníase em contatos menores de 15 anos na análise bivariada: a

idade entre 08 e 14 anos, a presença de vegetação no entorno da residência e a

presença de casos da doença na família (Tabela 1,3 e 4).

Verificou-se distribuição homogenia entre casos e controles para variáveis

relacionadas ao sexo, a raça, a região de residência, a classe econômica, condição

de moradia, número de casas no terreno, o saneamento básico, a higiene no

entorno da residência, a pavimentação asfáltica, a acessibilidade à residência, o

revestimento, acabamento e a cobertura do imóvel, o número de pessoas no

domicílio e a cicatriz da vacina BCG (Tabela 1,2,3 e 4).

Observou-se maior proporção dos menores, entre os casos, na faixa etária entre

08 a 14 anos 76,7%(n=23); sexo feminino 56,7%(n=17), raça parda 66,7%(n=20),

predominância de casos multibacilares 53,3% (n=16), na forma clínica dimorfa

50%(n=15), com grau zero de incapacidade funcional no diagnóstico 50%(n=15).

Page 64: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

63

Constatou-se que 40% (n=14) dos casos não foram avaliados quanto ao GIF no

diagnóstico e que 26,8% (n=11) não apresentavam o registro completo dos

endereços.

As analises bivariadas demonstraram maior chance para ocorrência de

hanseníase em contatos com idade entre 08 e 14 anos em comparação a faixa

etária de 0 a 7 anos (OR = 3,84; IC95%:1,53; 9,59); maior chance à ocorrência de

hanseníase em regiões com maior cobertura de vegetação em comparação a

ausência de vegetação (OR =3,25 ; IC95%: 0,92; 11,42); e maior chance para

contatos com casos de hanseníase na família em comparação aos contatos sem

caos da doença na família (OR = 6,06; IC95%: 2,41; 15,21) (Tabelas1, 3 e 4).

As demais variáveis relacionadas ao sexo, raça, região de residência, classe

econômica, condição de moradia, número de casas no terreno, saneamento básico,

higiene, acesso a residência, pavimentação asfáltica, revestimento, acabamento e a

cobertura do imóvel, número de moradores no domicílio, teste sorológico anti-NDO-

LID e a cicatriz de BCG não apresentaram associação para ocorrência de

hanseníase em contatos menores de 15 anos (Tabela 1,2, 3 e 4).

Page 65: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

64

Tabela 1. Distribuição da hanseníase em contatos (casos e controles) menores de 15 anos, Odds Ratio bruto (OR), segundo variáveis demográficas e por região de residência; Cuiabá - Mato Grosso, 2018

Variáveis

Demográficas

Contatos de hanseníase % total

OR

bruto

IC (95%) p-valor Casos Controles

N % N % N %

Idade

0 - 7 anos 7 23,3 69 53,9 76 48,1 1 8 - 14 anos 23 76,7 59 46,1 82 51,9 3,84 1,53-9,59 0,002

Sexo Feminino 17 56,7 58 45,3 75 47,5 1 Masculino 13 43,3 70 55,7 83 52,5 0,63 0,28-1,41 0,262

Raça/Cor* Branca 1 3,3 18 14,3 19 12,2 1 Preto 6 20 21 16,7 27 17,3 5,14 0,56-46,81 0,121 Amarelo 2 6,7 4 3,2 6 3,8 9,00 0,64-125,32 0,132 Pardo 20 66,7 83 65,9 103 66,0 4,33 0,54-34,44 0,115 Indígena 1 3,3 - - 1 0,6 - - 0,100

Região de

Residência*

Oeste 4 13,3 22 17,2 26 16,5 1 Norte 19 63,3 79 61,7 98 62,0 1,32 0,40-4,29 0,441 Leste 1 3,3 4 3,1 5 3,2 1,37 0,12-15,72 0,612 Sul 5 16,7 19 14,8 24 15,2 1,44 0,33-6,17 0,446 Distrito da Guia 1 3,3 4 3,1 5 3,2 1,37 0,12-15,72 0,612

*Teste de Exato de Fisher

Page 66: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

65

Tabela 2. Distribuição da hanseníase em contatos (casos e controles) menores de 15 anos, Odds Ratio bruto (OR), segundo variáveis sociais; Cuiabá - Mato Grosso, 2018

Variáveis

Sociais

Contatos de hanseníase % total OR

bruto IC (95%) p-valor Casos Controles

N % N % n %

Classe Econômica* A/B 3 10,3 17 13,3 20 12,7 1 C,D,E 26 89,7 111 86,7 137 87,3 1,32 0,36-4,86 0,472

Condição de

Moradia*

Própria 25 86,2 106 82,8 131 83,4 1 Alugada/Cedida 4 13,8 22 17,2 26 16,6 0,77 0,24-2,43 0,449

Número de Casas no Terreno

1 casa 25 83,3 113 88,3 138 87,3 1 2 ou mais casas 5 16,7 15 11,7 20 12,7 1,50 0,50-4,53 0,463

Saneamento Básico* Rede coletiva 3 10 24 18,8 27 17,1 1 Fossa ligada a

rede de esgoto 10 33,3 28 21,9 38 24,1 2,85 0,70-11,59 0,114

Fossa não ligada a rede de esgoto

17 56,7 76 59,4 93 58,9 1,78 0,48-6,63 0,287

Saneamento Básico Agrupado*

Rede coletiva 3 10,0 24 81,3 27 17,1 1 Fossa rudimentar 27 90,0 104 18,7 131 82,9 2,07 0,58-7,41 0,417

Higiene domiciliar Presente 5 16,7 34 26,6 39 24,7 1 Ausente 25 83,3 94 73,4 119 75,3 1,80 0,64-5,10 0,257

Acessibilidade domiciliar *

Sem barreiras 18 3,3 64 50,4 82 51,9 1 Com barreiras 11 36,7 64 49,6 75 47,5 0,61 0,26-1,39 0,240 Sem acesso 1 3,3 - - 1 0,6 - - 0,228

Acessibilidade domiciliar Agrupada

Sem barreiras 18 60,0 64 50,0 82 51,9 1 Com barreiras 12 40,0 64 50,0 76 48,1 0,66 0,29-1,49 0,323

*Teste de Exato de Fisher

Page 67: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

66

Tabela 3. Distribuição da hanseníase em contatos (casos e controles) menores de 15 anos, Odds Ratio bruto (OR), segundo variáveis ambientais; Cuiabá - Mato Grosso, 2018

Variáveis

Ambientais

Contatos de hanseníase % total OR

bruto

IC (95%) p-valor

Casos Controles Total

N % N % N %

Pavimentação Asfáltica

Presente 18 60 63 49,2 81 51,3 1 Ausente 12 40 56 50,8 77 48,7 0,75 0,33-1,69 0,487 Revestimento/ Reboco domiciliar

Presente 23 76,7 107 83,6 130 82,3 1 Ausente 7 23,3 21 16,4 28 17,7 1,55 0,58-4,07 0,371 Acabamento/ Pintura domiciliar

Presente 20 66,7 73 57,0 93 58,9 1 Ausente 10 33,3 55 43,0 65 41,1 0,66 0,28-1,53 0,334

Cobertura Residencial*

Barro 14 46,7 62 48,4 76 48,1 1 Misto 1 3,3 6 4,7 7 4,4 0,73 0,08-6,62 0,628 Amianto 15 50,0 60 46,9 75 47,5 1,10 0,49-2,48 0,805

Cobertura Residencial Agrupada

Barro 14 46,7 62 48,4 76 48,1 1 Amianto/Misto 16 53,3 66 51,6 82 51,9 1,07 0,48-2,38 0,861

Vegetação no Entorno*

Ausente 3 10,0 34 26,6 37 23,4 1 Presente

27 90,0 94 73,4 121 76,6 3,25 0,92-11,42 0,058

Tipo Vegetação*(n=121)

Arbustiva 15 55,6 58 61,7 73 60,3 1 Mista 1 3,7 6 6,4 7 5,8 0,64 0,07-5,76 1,000 Arbórea 11 40,7 30 31,9 41 33,9 1,41 0,58-3,46 0,443

Tipo Vegetação Agrupada(n=121)

Arbustiva/ Mista 16 59,3 64 68,1 80 66,2 1 Arbórea 11 40,7 30 31,9 41 33,8 1,46 0,60-3,54 0,393

Densidade de vegetação

Sem vegetação 3 10,0 34 26,6 37 23,4 1

1 a 2 unidades 13 43,3 57 44,5 70 43,3 2,58 0,68-9,72 0,253

3 a 4 unidades 4 13,3 11 8,6 15 9,5 4,12 0,79-21,33 0,172

5 ou mais unidades 10 33,3 26 20,3 36 22,8 4,35 1,08-17,45 0,035

Densidade de vegetação Agrupada

Escassa/ausente 16 53,3 91 71,1 107 67,7 1 Densa 14 46,7 37 28,9 51 32,3 2,15 0,95-4,85 0,051 *Teste de Exato de Fisher

Page 68: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

67

Tabela 4. Distribuição da hanseníase em contatos (casos e controles) menores de 15 anos, Odds Ratio bruto (OR), segundo variáveis epidemiológicas; Cuiabá - Mato Grosso, 2018

Variáveis

Epidemiológicas

Contatos de hanseníase Total OR

bruto IC (95%) p-valor Casos Controles

N % n % n %

Número de pessoas no domicílio

1 a 4 pessoas 14 48,3 56 43,8 70 44,6 1

5 ou mais 15 51,7 72 56,2 87 55,4 0,83 0,37-1,86 0,657

Hanseníase na Família Não 7 23,3 83 64,8 90 57,0 1

Sim 23 76,7 45 35,2 68 43,0 6,06 2,41-15,21 0,000

Cicatriz de BCG* 2 cicatrizes 4 13,8 7 5,6 11 7,1 1 1 cicatriz 21 72,4 113 90,4 134 87,0 0,32 0,08-1,20 0,097

Sem cicatriz 4 13,8 5 4,0 9 5,8 1,40 0,23-8,46 0,535

Cicatriz de BCG Agrupada

Com cicatrizes 25 13,8 120 96 145 94,2 1 Sem cicatrizes 4 86,2 5 4 9 5,8 3,84 0,96-15,32 0,065 *Teste de Exato de Fisher

Após as análises ajustadas (Tabela 5) permaneceram preditivos a ocorrência

de hanseníase em contatos as variáveis idade entre 08 e 14 anos (OR ajustado=

4,50; IC: 1,68; 12,10), e contatos com caso de hanseníase na família (OR

ajustado=5,17; IC: 1,92; 13,96).

Tabela 5. Regressão logística dos fatores preditivos à ocorrência de hanseníase (casos e controles) menores de 15 anos, Cuiabá - Mato Grosso, 2018

Variáveis

OR a

Bruta OR

b

ajustado IC

c

(95%)

p-valor

Idade 0 - 7 anos 1,00 1,00 8 - 14 anos 0,60 4,50 1,68 - 12,10 0,003

Vegetação no Entorno* Ausente 1,00 1,00 Presente 3,25 2,47 0,50 - 12,07 0,270

Densidade de vegetação Agrupada Escassa/ausente 1,00 1,00 Densa 2,15 1,29 0,49 - 3,41 0,610

Hanseníase na Família Não 1,00 1,00 1,92 - 13,96 0,001 Sim 6,06 5,17

Cicatriz de BCG Agrupada Com cicatrizes 1,00 1,00 Sem cicatrizes 3,84 4,76 0,87- 26,22 0,073

** p<0,05; a OR:Odds Ratio bruto; b Odds Ratio ajustado, c IC 95%: Intervalo de Confiança de 95%.

Page 69: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

68

Discussão

O declínio no número de casos de hanseníase em menores de 15 anos em

todo o mundo; e o município de Cuiabá-MT vem acompanhando está tendência,

evidenciada pela redução nas taxas de detecção da doença de altas para médias

nos últimos anos na população estudada; em consonância às metas da estratégia

global para hanseníase 2016 - 2020.2, 3, 7

O perfil dos contatos doentes de hanseníase menores de 15 anos no

município de Cuiabá-MT ratifica a predominância do contágio na faixa etária entre 08

a 14 anos; justificada pela a exposição precoce ao bacilo, o longo período de

encubação da doença e o convívio com adultos contaminados não diagnosticados

no local de moradia ou de convívio social destes menores.6, 28, 29

O estudo identificou a preponderância do sexo feminino nos contatos doentes

menores de 15 anos, concordando com pesquisas recentes que evidenciaram a

soberania feminina, contrapondo a literatura clássica que historicamente indicava o

sexo masculino como o gênero mais suscetível a adoecer. 30, 31

A raça parda identificada no estudo como a mais frequente é

reconhecidamente a mais acometida pela doença; relatada em diversos trabalhos

sobre o tema, em regiões e faixas etárias distintas.2, 29

Os contatos doentes apresentaram maior proporção da forma clínica dimorfa

e operacional multibacilar, que contribuem para manutenção da endemia no

município. Historicamente o doente multibacilar é apontado como a principal fonte de

transmissão da doença, devido à grande carga bacilífera das formas dimorfa e

virchowiana. A forma multibacilar é apontada como indicador de diagnóstico tardio

da moléstia, cooperando para manutenção da transmissão do bacilo na comunidade.

2, 6, 7, 32

O estudo verificou maior concentração de contatos de hanseníase casos e

controles na região Norte do município. A região é apontada em estudos anteriores

realizados no município como a área de maior concentração de casos da doença

notificados no município na última década.33, 34

Alencar (2014)35 identificou os piores índices de exclusão social nos bairros

situados nas regiões Norte e Sul do município de Cuiabá-MT, devido ao aumento

populacional a partir do movimento migratório e da infraestrutural desproporcional da

Page 70: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

69

cidade, que desencadeou ocupações desordenadas nas regiões periféricas pela

população desfavorecida.

O estudo evidenciou associação para ocorrência de hanseníase em contatos

menores de 15 anos, relacionada à idade, com chance de 4,5 vezes para o

adoecimento de contatos com idade entre 08 e 14 anos; e concorda com a literatura

que sugere a maior proporção de adoecimento nesta faixa etária, devido à

exposição precoce ao bacilo, ao longo período de encubação da doença e o

convívio dos menores com adultos contaminados não diagnosticados, no local de

moradia ou de convívio social.3,7,18,19,20

A idade dos contatos doentes sugerem a transmissão ativa da doença na

comunidade, a partir de indivíduos infectados pelo bacilo, cujo sistema imunológico

interrompeu o desenvolvimento da doença ou de indivíduos que apesar da

imunidade insuficiente ainda não manifestaram os sintomas, favorecendo o contágio

dos menores de 15 anos.3,6,9,21,22,23

Evidências científicas demonstram maior chance para o adoecimento da faixa

etária mais jovem, em decorrência a exposição precoce ao bacilo, a sobrecarga do

sistema imunológico do menor e o longo período de incubação da moléstia. As

manifestações clínicas da doença ocorrem geralmente durante a adolescência e a

fase adulta, considerada produtiva ou economicamente ativa do indivíduo.3,7,18,19,20,21

O estudo demonstrou associação da hanseníase à vegetação como fator

ambiental na análise bivariada (p<0,05), sugerindo que a maior concentração de

árvores no entorno da residência de área endêmica possa favorecer o conforto

térmico, tornando o ambiente pertinente à subsistência do M. leprae.

Um estudo de distribuição espacial da hanseníase em MT verificou

associação do fator ambiental às altas taxas de detecção da doença em áreas

específicas do estado. As áreas apresentavam relevo acidentado, vegetação

arbustiva de médio porte ou de floresta amazônica, com temperaturas amenas.17

Shams et al (2009)24 realizou estudo de revisão bibliográfica e descreveu a

melhora do conforto térmico das cidades em virtude da arborização, devido ao

aumento da umidade e a redução da temperatura do local.

Cuiabá possui clima tropical semi-úmido, com duas estações bem definidas e

com temperatura anual média em torno de 25° a 32°C.25,26,27 Estudos realizados no

município observaram em áreas com maior cobertura de vegetação temperatura

Page 71: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

70

amena e umidade elevada, que proporcionam maior conforto térmico; em relação a

superfícies revestidas por concreto e asfalto.27,28,29,30

Estudo realizado por Jesuz e Santos (2015)26 observaram outro problema

socioambiental na região Norte do município de Cuiabá, próximo ao bairro Novo

Paraíso, relacionado ao uso e ocupação irregular do solo, bem como o descarte e a

depredação do ambiente, na nascente e nas margens do córrego Vassoral,

considerada área de preservação permanente.

O bairro Novo Paraíso surgiu no final da década de 1980 a partir da

implementação de um loteamento para abrigar pessoas de baixa renda vindas de

áreas de despejo do próprio município e de ocupações irregulares próximas ao limite

urbano da capital e as margens do córrego Vassoral, onde há presença de maior

cobertura de vegetação devido à proximidade com a mata ciliar e a área de

preservação permanente, que contribuem para o maior conforto térmico e pode

favorecer a viabilidade do bacilo.26

A literatura vem demonstrando a influencia da temperatura como fator

ambiental para multiplicação do M. leprae.31 A variável abiótica também é

evidenciada em outro ciclo biológico, o do Phlebotominae, cuja abundância é

otimizada em temperatura amena e umidade elevada.32 A multiplicação do

microorganismo é atribuída a variável abiótica, onde o fenômeno ocorre

preferencialmente em determinada temperatura, e não ocorre abaixo do valor basal

inferior e acima do valor basal superior.31,32

Estudo clínico desenvolvido na década de 1960 observou a multiplicação do

Mycobacterium leprae ocorre principalmente entre 15 e 35°C.31 A literatura relata

favorecendo a viabilidade do bacilo fora do organismo humano em temperatura

ambiental amena, com alta umidade; por até 36 horas e de 7 a 9 dias.33

Estudos sugerem que o Mycobacterium leprae possa sobreviver em

condições ambientais favoráveis, com solo úmido, temperatura amena e maior

umidade em áreas endêmicas, como fator ambiental para perpetuação da doença;

fundamentados pela identificação do DNA da micobactéria no meio ambiente de

áreas endêmicas.2,16,18,31,34,35,36,37

Este estudo demonstrou que 43%(68) contatos casos e controles tinham

casos de hanseníase na família, demonstrando que apesar do doente sem

tratamento ser a principal fonte de transmissão da hanseníase, esta pode não ser a

única forma de transmissão do bacilo, ratificando indícios científicos sobre a

Page 72: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

71

ocorrência da doença associado ao fator ambiental.6,11,17

A associação ao adoecimento para contatos com casos da doença da família

demonstrada na análise multivariada, com chance de 5,1 vezes para contatos com

caso de hanseníase na família reforçam a principal teoria para o contágio, a partir do

doente sem tratamento, como fonte de transmissão da doença, contribuindo para

perpetuação da endemia.3,7,18,19,20,21

Conclusão

O estudo evidenciou que os fatores preditivos a ocorrência de hanseníase em

menores de 15 anos, em área endêmica estão associados à idade e a presença de

casos da doença na família.

A maior concentração de vegetação em áreas endêmicas pode favorecer a

viabilidade do Mycobacterium leprae no ambiente.

E os contatos de hanseníase menores de 15 anos estão sujeitos ao adoecimento

em áreas endêmicas, devido aos determinantes demográficos, ambientais e

epidemiológicos e o monitoramento dos mesmos contribui para o diagnóstico

precoce, a prevenção de incapacidade e o controle da endemia no município.

Referências

1.Sarmineto, A.P.A et al. Perfil Epidemiológico da hanseníase no período de 2009 a

2013 no município de Montes Claros(MG). Rev. Soc.Bras. CLin. Med. 2015.

2.Valois, E.M.S, et al. Prevalence of Mycobacterium Leprae in the environment: A

Review. African Journal of Microbiology Research. 2015; 9(40): 2103-2110.

3.Santos, A. D. et al. Analise Espacial e Características Epidemiológicas dos Casos

de Hanseníase em Área Endêmica. Rev. Enferm. UFPE on line. 2016; 10(5):4188-97

4.World Health Organization. Global Leprosy Strategy: Accelerating Towards a

Leprosy-Free World. 2016

5.Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação-

Page 73: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

72

Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. Guia de Vigilância em

Saúde: volume 2 / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde,

Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. - 1. ed.

atual. – Brasília: Ministério da Saúde, 2017.

6.Azulay, R.D. et al. Dermatologia. 6.ed. rev.ampl. Rio de Janeiro: Guanabara

Koogan, p. 396-424, 2015.

7.Cunha, M.H.C.et al. Fatores de Risco em contatos intradomiciliares de pacientes

com hanseníase utilizando variáveis clínicas, sociodemográficas e laboratoriais. Rev.

Pan. Amoz Saúde. 2017; 8(2): 23-30

8.Freitas, B.H.B. et al. Trend of leprosy in individuals under the age of 15 in Mato

Grosso (Brazil), 2001-2013. Rev. Saúde Pública.2017; 51

9.Barreto,J.G. et al. Leprosy in children. Curr Infect Rep. 2017:19:23

10.Magalhães, M.C.; Rojas, L.I. Diferenciação territorial da hanseníase no Brasil.

Epidemiol. Serv. Saúde. 2007; 16(2)

11.Silva, D. R. X. et al. Hanseníase, Condições Sociais e Desmatamento na

Amazônia Brasileira. Rev Panam Salud Publica. 2010; 27(4):268-275

12.Ferreira, S.M.B. et al. Magnitude da hanseníase no estado de Mato Grosso:

Situação Epidemiológica. Hansen. Inst. 2007; (32)

13.Novakoski, I. R. S. et al. Casos de hanseníase entre os anos de 2010 e 2014 no

município de Alta Floresta, Mato Grosso, Brasil. Enciclopédia Biosfera, Centro

Científico Conhecer – Goiania. 2016; 13(23): 216-227

14.Secretaria Estadual de Saúde de Mato Grosso. Departamento de Vigilância

Epidemiológica. SES/MT, 2017.

15.Brasil. Ministério da saúde. Departamento de Informática do SUS – DATASUS-

MS, 2018. Disponível em: www.datasus.gov.br. Acesso em: 16 abr. 2018.

Page 74: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

73

16.Adriaty, D. et al. TTC Repeats variation of Mycobacterium Leprae Isolates for

Analysis of Leprosy Endemic Area in East Java, Indonesia, Journal of tropical and

Infections Disease. 2010; 1(1):38-43

17.Santos, E S. et al. Distribuição espaço-temporal da hanseníase em Mato Grosso.

HYGEIA, Revista Brasileira de Geografia Médica e da Saúde - www.hygeia.ig.ufu.br/

ISSN: 1980-1726.Hygeia. 2010; 6(10):53 - 62

18.Negrão, G.N. et al. variáveis epidemiológicas interveninetes na ocorrência da

hanseníase no município de Guarapuava, PR, Geografia (Londrina). 2016; 25(2):

110-129

19.Fernandes M.V.C. et al. Hanseníase na população juvenil e sua relação com a

desigualdade social: revisão integrativa, Scientia Amazonia. 2017; 6(1) :117-124

20.Gordon, A.S.A. et al. Incidência de hanseníase em menores de 15 anos

acompanhados no município de Imperatriz, Maranhão, entre 2004 e 2010. Arq. Ciên.

Saúde UNIPAR, Umuarama. 2017; 21(1):19-24

21.Brasil. Ministério da Saúde. PORTARIA Nº 3.12-Diretrizes para Vigilância,

Atenção e Controle da Hanseníase, 2010.

22.Ferreira, S.M.B. et al. Fatores associados à recidiva em hanseníase em mato

Gorsso. Rev. Saúde Pública. 2011; 45(4):756-64

23.Ferreira, S.M.B. et al. Características clínico-laboratoriais no retratamento por

recidiva em hanseníase, São Paulo, Rev. Bras. Epidemiol. 2012; 15(3)

24.Shams, J.C.A. et al. Emprego da Arborização na melhoria do conforto térmico

nos espaços livres públicos. Rev. Sociedade Brasileira de Arborização Urbana,

Piracicaba-SP. 2009; 4(4):1-16

25.Oliveira, A. S et al. Microclima urbano - praças públicas em Cuiabá/MT/Brasil.,,

CAMINHOS DE GEOGRAFIA - revista on line. 2012; 13(43):311–325.

Page 75: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

74

26.Jesuz, C.R, e Santos, A. J. C. Problemática socioambiental urbana da nascente

do córrego Vassoural em Cuiabá – MT. Geographia Opportuno Tempore. 2015; 2(1):

93-113.

27.Nince, P. C. C. et al. Conforto térmico dos usuários em vegetação e revestimento

urbanos no campus da UFMT em Cuiabá-MT. REMOA/UFSM. 2014; 13(4):3529-

3541.

28.Oliveira, A.S. et al. Variáveis meteorológicas e cobertura vegetal de espécies

arbóreas em praças urbanas em Cuiabá, Brasil. Rev. Brasileira de Meteorológia.

2013; 28(4): 389-400.

29.Machado, N.G et al. Temperatura e umidade relative do ar na estação seca em

diferentes usos do solo no campus Cuiabá- Bela Vista do IFMT, Rev. Elet. Em

Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental. 2013; 9(9) :2018-2015

30.Santos, F. M. M. Clima urbano de Cuiabá-MT-Brasil: ocupação do solo e suas

influências. Revista Monografias Ambientais – REMOA. 2013; 12(12):2749 – 2763

31.Shepard, C. Temperatura Optima de Mycobacterium Leprae em Ratos, Journal of

Bacteriology. 1965; 90(5)

32.Campelo Júnior, J. H. et al. Spatial distribution and temporal variability of

phlebotominae at the Cuiabá campus of the Federal University of Mato Grosso,

Brazil. Rev Patol Trop. 2014; 43(4) :470-482

33.Belda Júnior, W. et al. Tratado de Dermatologia. 2.ed. São Paulo: Atheneu,

2014:1269-1304.

34.Lavania, M. et al. Detection of Mycobacterium leprae DNA from soil samples by

PCR targenting RLEP sequences. Commun. Dis. 2006; 38(3) :269-273,

35.Turankar, R.P; et al. Dynamics of Mycobacterium leprae transmission in

environmental context: deciphering the role of enviroment as a potential reservoir,

Page 76: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

75

Infetion, genetics and evolution. 2012; 12(1):121-126

36.Lahiri, R. e Adams, L.B. Cultivation and Viability Determination of Mycobacterium

leprae, In Scolland DM, Internacional textobook of leprosy, Set, 2016

37.Turankar, R.P; et al. Presence of viable Mycobacterium leprae in environmental

specimens around houses of leprosy patients, Indian Journal of Medical

Microbiology. 2016; 34(3):315-321

38.Pinto neto, J.M. et al. Análise do controle dos contatos intradomiciliares de

pessoas atingidas pela hanseníase no Brasil e no Estado de São Paulo de 1991 a

2012. Hans Int. 2013; 38:68-78

39.Temoteo, R.C.A. et al. Hanseníase: avaliação em contatos intradomiciliares,

ABCS Health Sci. 2013; 38(3): 133- 141

40.Romanholo, H.S.B. et al. Vigilância de contatos intradomiciliares de hanseníase

perspectiva do usuário em município hiperendêmico. Rev Bras Enferm. 2018;

71(1):175-81

41.James, W.D, et al. Andrews: Doenças da Pele – Dermatologia Clínica. 10. Ed. Rio

de Janeiro: Elsevier, 2007: 343-352.

Page 77: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

76

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa identificou diferenças entre os contatos de hanseníase doentes e não

doentes menores de 15 anos, relacionada à idade, ao sexo e a presença de casos

da doença na família.

Os menores infectados apresentaram idade entre 08 e 14 anos, sexo feminino,

raça parda, localizados na região Norte do município, residentes em casa própria, de

alvenaria, sendo 01 casa do terreno, com pavimentação asfáltica e acessibilidade à

residência, com coleta pública de lixo, fossa rudimentar, com restos de construção

civil e lixo doméstico no entorno da residência, com revestimento, sem acabamento,

com telhado de amianto, onde residem mais de 05 pessoas por domicílio,

pertencentes à classe econômica C, com 1 cicatriz de BCG, em sua maioria não tem

casos de hanseníase na família; e as moradias possuem em seu entorno vegetação

do tipo arbustiva em pequena quantidade.

A doença apresentou distribuição espacial heterogênea no município, com

predomínio na região Norte, onde as condições de vida da população são

desfavoráveis, o diagnóstico tardio e há maior número de doentes, que favorecem a

persistência da endemia na região.

O estudo evidenciou a influência dos determinantes demográficos, ambientais e

epidemiológicos na ocorrência de hanseníase em contatos menores de 15 anos,

residentes no município de Cuiabá/MT.

Os fatores idade, vegetação e a presença de casos da doença na família foram

associados à ocorrência de hanseníase em contatos menores de 15 anos.

Os contatos doentes e não doentes apresentaram infectividade ao M. leprae,

sugerindo que os contatos possam agir como elo da cadeia epidemiológica da

hanseníase; contribuindo para transmissão do bacilo na comunidade e a

persistência da endemia no município.

O estudo sugere a busca ativa da doença em todo o município, principalmente

na região Norte, onde foi encontrado maior número de contatos notificados e de

contatos infectados pelo bacilo, bem como o monitoramento dos contatos menores

de 15 anos, para o controle da doença como problema de saúde pública no

município.

Page 78: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

77

REFERÊNCIAS

1.Azulay, R.D. et al. Dermatologia. 6.ed. rev.ampl. Rio de Janeiro: Guanabara

Koogan, p. 396-424, 2015.

2.World Health Organization. Global Leprosy Strategy: Accelerating Towards a

Leprosy-Free World. 2016

3.Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação-

Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. Guia de Vigilância em

Saúde: volume 2 /- 1. ed. atual. – Brasília: Ministério da Saúde, 2017.

4.Magalhães, M.C.; Rojas, L.I. Diferenciação territorial da hanseníase no Brasil.

Epidemiol. Serv. Saúde. 2007; 16(2)

5.Ferreira, S.M.B. et al. Magnitude da hanseníase no estado de Mato Grosso:

Situação Epidemiológica, Hansen. Inst. 2007, 32(special).

6.Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso. Plano estratégico de

enfrentamento da hanseníase em mato grosso, SES-MT, 2018.

7.Silva, D. R. X. et al. Hanseníase, Condições Sociais e Desmatamento na

Amazônia Brasileira. Rev Panam Salud Publica. 2010; 27(4):268-275

8.Mendonça, V.A. et al. Immunology of leprosy. An. Bras. Dermatol. 2008;

83 (4):343-50

9.Shepard, C. Temperatura Optima de Mycobacterium Leprae em Ratos, Journal of

Bacteriology. 1965; 90(5)

Page 79: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

78

10.James, W.D, et al. Andrews: Doenças da Pele – Dermatologia Clínica. 10. Ed. Rio

de Janeiro: Elsevier, 2007: 343-352.

11.Belda Júnior, W. et al. Tratado de Dermatologia. 2.ed. São Paulo: Atheneu, 2014

12.World Health Organization. Chemotherapy of Leprosy for Control Programs:

Report of a WHO Study Group, Geneva. 1982.

13.Valois, E.M.S, et al. Prevalence of Mycobacterium Leprae in the environment: A

Review. African Journal of Microbiology Research. 2015; 9(40): 2103-2110.

14.Santos, E S. et al. Distribuição espaço-temporal da hanseníase em Mato Grosso.

HYGEIA, Revista Brasileira de Geografia Médica e da Saúde - www.hygeia.ig.ufu.br/

ISSN: 1980-1726.Hygeia. 2010; 6(10):53 - 62

15. Brasil. Ministério da saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Fundação

Osvaldo Cruz. Abordagens Espaciais na Saúde Pública - Brasília: Ministério da

Saúde, 2006.

16.Ferreira, S.M.B. et al. Fatores associados à recidiva em hanseníase em Mato

Grosso, Rev. Saúde Pública. 2011; 45(4):756-64

17.Pinto neto, J.M. et al. O controle dos comunicantes de hanseníase no Brasil: uma

revisão da literatura. Hansen Int. 2000; 25 (2) :163-176

18.Belda Júnior, W. et al. Tratado de Dermatologia. 2.ed. São Paulo: Atheneu, 2014:

1269-1304.

19.Pelizzari, V. D. Z. V. et al. Percepções de pessoas com hanseníase acerca da

doença e tratamento. Rev Rene. 2016; 17 (4):466-74

20.Lastória, J.C.; Abreu, M.A.M.M. Hanseníase: diagnóstico e tratamento. Diagn

Tratamento. 2012; 17(4):173-9

Page 80: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

79

21.Brasil. Ministério da Saúde. PORTARIA Nº 3.12-Diretrizes para Vigilância,

Atenção e Controle da Hanseníase, 2010.

22.Ferreira, S.M.B. et al. Características clínico-laboratoriais no retratamento por

recidiva em hanseníase, São Paulo, Rev. Bras. Epidemiol. 2012; 15(3)

23.Barreto,J.G. et al. Leprosy in children. Curr Infect Rep. 2017:19:23

24.Silvestre, M. P. S. A, et al., Sensibilidade do teste ELISA anti-PGL-1 com dois

antígenos sintéticos derivados do PGL-1 do Mycobacterium leprae, Rev Pan-Amaz

Saude. 2012; 3(4):9-16

25.Fabri, A. C. O. Análise Comparativa da Reatividade ANTI-LID-1,NDO-LID,NDO-

HSA e PGL-1 em Hanseníase, BVS Hanseniase. Belo Horizonte 2015; 15(219)

26.Gomes, L. C. Infecção por Mycobacterium leprae em menores de 15 anos

contatos de casos de hanseníase. Cuiabá – MT. 2016. Dissertação (Mestrado em

Enfermagem e o Cuidado à Saúde Regional) – Faculdade de Enfermagem da

Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, Mato Grosso.

27.Souza, M. M. Rastreamento da hanseníase e infecção do Mycobacterium leprae

utilizando os antígenos recombinantes LID - 1 e PADL. 2013. (Tese de Doutorado) -

Universidade Federal da Bahia, Bahia.

28.Buhrer-Sekula, S. Sorologia PGL-I na Hanseníase, Revista da Sociedade

Brasileira de Medicina Tropical. 2008;(41):03- 05

29.Adriaty, D. et al. TTC Repeats variation of Mycobacterium Leprae Isolates for

Analysis of Leprosy Endemic Area in East Java, Indonesia, Journal of tropical and

Infections Disease. 2010; 1(1):38-43

30.Pinto Neto, J.M. et al. Análise do controle dos contatos intradomiciliares de

pessoas atingidas pela hanseníase no Brasil e no Estado de São Paulo de 1991 a

2012. Hans Int. 2013; 38(1-2):68-78

Page 81: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

80

31.Temoteo, R.C.A. et al. Hanseníase: avaliação em contatos intradomiciliares,

ABCS Health Sci. 2013; 38(3): 133- 141

32.Romanholo, H.S.B. et al. Vigilância de contatos intradomiciliares de hanseníase

perspectiva do usuário em município hiperendêmico. Rev Bras Enferm. 2018;

71(1):175-81

33.Lavania, M. et al. Detection of Mycobacterium leprae DNA from soil samples by

PCR targenting RLEP sequences. Commun. Dis. 2006; 38(3) :269-273,

34.Turankar, R.P; et al. Dynamics of Mycobacterium leprae transmission in

environmental context: deciphering the role of enviroment as a potential reservoir,

Infetion, genetics and evolution. 2012; 12(1):121-126

35.Turankar, R.P; et al. Presence of viable Mycobacterium leprae in environmental

specimens around houses of leprosy patients, Indian Journal of Medical

Microbiology. 2016; 34(3):315-321

36.Campelo Júnior, J. H. et al. Spatial distribution and temporal variability of

phlebotominae at the Cuiabá campus of the Federal University of Mato Grosso,

Brazil. Rev Patol Trop. 2014; 43(4): 470-482

37.Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de

Vigilância das Doenças Transmissíveis. Diretrizes para vigilância, atenção e

eliminação da Hanseníase como problema de saúde pública: manual técnico-

operacional [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em

Saúde, Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. – Brasília:

Ministério da Saúde, 2016.

38.Pinto Neto, J.M. et al. O controle dos comunicantes de hanseníase no Brasil: uma

revisão da literatura. Hansen Int. 2000; 25(2):163-176.

39.Cunha, M.H.C.et al. Fatores de Risco em contatos intradomiciliares de pacientes

com hanseníase utilizando variáveis clínicas, sociodemográficas e laboratoriais. Rev.

Page 82: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

81

Pan. Amoz Saúde. 2017; 8(2): 23-30

40.Brasil. Ministério da saúde. Departamento de Informática do SUS – DATASUS-

MS, 2018. Disponível em: www.datasus.gov.br. Acesso em: 16 abr. 2018.

41.Santos, D. A. S. et al. Educando para o diagnóstico precoce da hanseníase no

município de Rondonópolis – Mato Grosso. Extensio: R. Eletr. De Extensão.

Florianópolis. 2016; 13(23) :45-61

42.Freitas, B.H.B. et al. Trend of leprosy in individuals under the age of 15 in Mato

Grosso (Brazil), 2001-2013. Rev. Saúde Pública.2017; 51

43.Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso. Departamento de Vigilância

Epidemiológica. SES/MT, 2017.

44.Buss, M.P.; Pellegrini Filho, A. A Saúde e seus Determinantes Sociais, Psysis:

Revista de Saúde Coletiva. 2007;17(1) :77-93

45.Dias, M. C. F. S.; Nobre, M. L. Distribuição Espacial da Hanseníase no Município

de Mossoró/RN, utilizando o Sistema de Informações Geográficas-SIG, An. Bras.

Dermatol. 2005; (80): 289-94

46.Salomão, L.E.P. et al. Análise da Distribuição Espacial da Hanseníase no

Município de Curionópolis no Pará. In: Congr. Bras. Med. Fam. Comunidade. Anais.

Belém. 2013;12(350)

47.Monteiro, l. D. et al. Padrões Espaciais da Hanseníase em um Estado

Hiperendêmico no Norte do Brasil, 2001-2012. Rev. Saúde Pública. 2015; 49(84)

48.Queiroz, J. W. et al,. Geographic Information Systems and Applied Spatial

Statistics Are Efficient Tools to Study Hansen’s Disease (Leprosy) and to Determine

Areas of Greater Risk of Disease. Am. J. Trop. Med. Hyg. 2010; 82(2) :306–314

49.Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Cidades. 2017.

Page 83: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

82

https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mt/cuiaba/panorama. Acesso em 25.01.2018.

50.Cuiabá. Prefeitura Municipal. Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Urbano.

Perfil Socioeconômico de Cuiabá – Vol. II, 2004. Acesso em: 24 jan. 2018.

51.Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Censo Demográfico. 2010.

https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mt/cuiaba/historico. Acesso em 24/01/2018.

52.Orange life comércio e indústria ltda. Teste Rápido OL Hanseníase. Rio de

Janeiro: 2015.

53.Araujo, A.E.R.A. et al. Complicações neurais e incapacidades em hanseníase em

capital do nordeste brasileiro com alta endemicidade. Rev bras epidemiol out-dez

2014; 17(4): 899-910

54.Abath, M.B. et al. Avaliação da completitude, da consistência e da duplicidade de

registros de violências do Sinan em Recife, Pernambuco, 2009-2012. Epidemiol.

Serv. Saúde. 2014; 23(1):131-142.

55.Oliveira, A.S. et al. Variáveis meteorológicas e cobertura vegetal de espécies

arbóreas em praças urbanas em Cuiabá, Brasil. Rev. Brasileira de Meteorologia.

2013; 28(4): 389-400.

56.Nince, P. C. C. et al. Conforto térmico dos usuários em vegetação e revestimento

urbanos no campus da UFMT em Cuiabá-MT. REMOA/UFSM. 2014; 13(4):3529-

3541.

57. Jesuz, C.R, e santos, A. J. C. Problemática socioambiental urbana da nascente

do córrego Vassoural em Cuiabá – MT. Geographia Opportuno Tempore. 2015; 2(1):

93-113.

58.Sucupira, A.C.S.L. et al. Determinantes sociais da saúde de crianças de 5 a 9

anos da zona urbana de Sobral, Ceará, Brasil, Rev Bras Epidemiol. 2014: 160-177

Page 84: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

83

APÊNDICE

Page 85: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

84

APÊNDICE 1 – ILUSTRAÇÕES DAS VARIAVÉIS SOCIOAMBIENTAIS

Imagem 1a – Casa de alvenaria

IImagem 1b – Casa de madeira

Imagem 2a - Endereço acessivél sem barreira para veículo e pedestre

Page 86: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

85

Imagem 2b – Endereço acessível com barreira para veículo e pedestre

Imagem 2c - Sem acessível apenas para pedrestre

Imagem 3a – Limpo

Imagem 3b – Sujo

Page 87: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

86

Imagem 4a – Coleta de lixo pública

Imagem 4b – Lixo descartado em terreno baldio

Imagem 5a – Apenas uma casa no terreno

Imagem 5b - Mais de uma casa no terreno

Page 88: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

87

Imagem 6a - Com pavimentação asfáltica

Imagem 6b - Sem pavimentação asfáltica

Imagem 7a – Revestimento/ reboco presente

Imagem 7b – Revestimento/ reboco ausente

Page 89: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

88

Imagem 8a – Acabamento/ pintura presente

Imagem 8b – Acabamento/ pintura ausente

Imagem 9a – Cobertura/ telhado de amianto

Imagem 9b – Cobertura/telhado de barro

Page 90: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

89

Imagem 9c – Cobertura/ telhado misto

Imagem 10a – Arborização presente

Imagem 10b – Arborização ausente

Imagem 11a – Vegetação arbórea

Page 91: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

90

Imagem 11b – Vegetação arbustiva

Imagem 11c - Arborização mista

Imagem 12a – Sem arborização

Imagem 12b – Presença de uma a duas árvores

Page 92: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

91

Imagem 12c – Presença de três a quatro árvores

Imagem 12d – Presença de cinco ou mais árvores

Ilustração 13 - Organização dos endereços

Ilustração 14 – Google Earth

Page 93: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

92

APÊNCIDE 2 - FICHA PARA COLETA DE DADOS SOCIOAMBIENTAIS DOS CONTATOS DE HANSENÍASE

Número da notificação SINAN:

Nome do caso: ID:

Endereço:

Número do GPS:

Coordenada X

Coordenada Y

Características do local:

Características do acabamento da residência: Material de construção: ( ) alvenaria ( )madeira ( ) outros Número de casas no terreno: ( )1 ( )2 ( )3 ( )outros Revestimento/Reboco: ( ) sim ( ) não Acabamento/Pintura: ( ) sim ( ) não Cobertura/Telhado: ( ) amianto ( )barro ( )zinco ( )laje ( ) outro_________ Condições de saneamento: ( )esgoto ( )a céu aberto ( )outro__________ Coleta de Lixo: ( )pública ( )em terreno baldio ( )incinerado ( ) outros ___ Higiene do local: ( )sujo ( ) limpo Pavimentação asfalfática: ( )asfaltado ( )não asfaltado Acessibilidade ao local de residência: ( )sem barreiras ( ) com barreiras ( ) sem acesso Arborização ao redor da residência: ( )sim ( )não Tipo de árvore do entorno: ( )arbórea ( ) arbustiva ( )mista Quantidade de árvore do entorno:______________

Page 94: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

93

APÊNDICE 3 – Anuência

Page 95: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

94

ANEXOS

Page 96: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

95

Page 97: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

96

Page 98: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

97

Page 99: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

98

Page 100: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

99

Page 101: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

100

Page 102: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

101

Page 103: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

102

Page 104: MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE LUCIANA GOES CAMPELO E … · 5 AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pelos ensinamentos ao longo desta jornada. Ao meu esposo Marcelo pelo amor, o apoio

103