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Mesa 01: Projetos Políticos Pedagógicos

Coordenador mesa: Heliodoro Sampaio

Relatoria: Izarosara Rahy

Proposta de Criação do Curso Noturno

Solange Araújo [ex-Diretora Faculdade de Arquitetura]

Anna Karla Trajano de Arruda [Colegiado Arquitetura Curso Noturno]

Projeto Pedagógico do Curso Diurno

Susana Olmos [professora Faculdade de Arquitetura]

SUSANA OLMOS

Refere-se ao termo “polis” do grego = política + lugar (?); ao arquiteto = casa + cidade

Cidade é um objeto de história secular, o ensino não pode deixar de considerar a história do

lugar.

O ensino acadêmico aqui:

- instâncias superiores decidem metas, calendário, etc;

- pensamento que rege – “os que sabem ensinam aos que ignoram”, é unidirecional e o espaço

físico colabora para atitude passiva do alunato;

- as aulas teóricas com conceitos que não, necessariamente, abordam as necessidades do

aluno;

- com a ideia de que para ensinar projeto não é necessário estudar.

Sobre a revolução do ensino no início do século XX:

- avaliações participativas - docentes e alunos;

- projetar ouvindo opiniões diferentes;

- permaneceram atividades teóricas tradicionais, mas a aula teórica vinha com o problema;

- cita método de trabalho de Lúcio Costa.

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Questionamento sobre o uso do computador. Deveria minimizar tarefas enfadonhas, priorizar

tarefas de criação. Mas diz que o uso do Power Point é retrocesso do sistema de ensino, pois

impões um ritmo de venda e, com esse ritmo, nivela coisas importantes e banais.

Democracia e política para se discutir o ensino:

- Anos 60 – poder militar altera o sistema de ensino;

- Anos 80 – arquitetura é definida como mistura das ciências exatas + ciências sociais +

tecnologias;

Sobre a reforma político-pedagógica de 1996:

- no Atelier ficaram 15 alunos para cada docente com 1 docente coordenador e cada atelier

formulou sua própria sistemática;

- o grupo docente foi ruim (Atelier, 1, Atelier 2 e Atelier Vertical). No Atelier 1 os professores

queriam desenho arquitetônico e representação gráfica fora do atelier – para não ser assim,

criaram-se exercícios com abordando esses conteúdos. Exemplo do Objeto Maluco (sem

utilidade) para estudar a coerência entre as partes e a relação parte x todo. A representação

do objeto era requisitada para iniciar a teoria da representação gráfica;

- Cidade e Bairro – 3 ou 4 alunos construíam um espaço ocupado pelo homem, questiona-se,

por exemplo, o porquê do povoado estar perto do rio. Alunos separavam lotes para a análise

do parcelamento do solo. Usando-se 2 palitos de dentes e 1 cordão fracionava-se a cidade de 5

em 5 metros de cota. Pelo cadastro do lugar com trena se desmistificava a tecnologia,

mostrando que toda a estrutura podia ser medida por triangulação. Os croquis eram feitos

com lâmina transparente e com giz molhado;

- premissa de que a Arquitetura tem que surpreender pela maneira como ela se relaciona com

pessoas, pelo lugares que cria;

- na execução de Maquete histórica e desmontável, estava implícito que o projeto estrutural

de maquete deveria ser visto por dentro;

- pretensão de formar bons arquitetos, não de formar gênios;

- transmissão da ideia de maquete como instrumento de análise e não de apresentação para

vender o projeto. No terreno havia o “buraco” para encaixar as maquetes de estudo;

- nunca houve avaliações privadas, eram convidados professores e o aluno podia se defender,

não se queria autoritarismo.

Sobre as questões e temas frequentes sobre o ensino:

- O que acontece no hiato entre aquele que sabe e aquele que aprende?

- O Construtivismo oscila entre três elementos: ser, saber, saber fazer.

- Muitos professores que passavam pelo atelier, viajavam para debater o ensino de projeto.

O atelier era participativo e os professores transitavam entre as turmas.

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- A aula teórica técnica pode ficar na biblioteca. As aulas magistrais podem ser ligadas aos

contextos.

- Refere-se ao período entre 1996 a 2007, e sabe que os documentos desapareceram.

SOLANGE ARAÚJO

De 1994 a 2006 houve encontros de áreas: encontravam-se os coordenadores do curso. Na

época, área era dirigida para as Federais. O Curso passou por duas grandes reformas:

- 1968, tornou-se divido em departamentos;

- 1996, enquanto ela era coordenadora do Colegiado. Houve discussões constantes na

Mastaba. Discutiu-se: a Arquitetura e o Urbanismo – “atividade de propor projetiva e

construtivamente os espaços individuais e coletivos que as atividades humanas, socialmente

organizadas, demandam” – texto do Colegiado / A formação do currículo / O sistema de

avaliação, com 1 professor interno e 2 externos davam a nota no Atelier, o que depois mudou

para cada atelier se avaliar, pois alegava-se que o processo anterior era cansativo.

Quando foi eleita para direção em 2007, na época surgiu o Reuni, surge a proposta do curso

noturno, o qual foi criado em 2009. O curso cresceu à noite, pois não havia espaço físico de

dia. Sentia-se falta de conteúdos que deveriam estar nos Ateliers diurnos, assim, inserem-se

disciplinas independentes: Topografia, Desenho de Observação, História da Arte,

Geoprocessamento, Paisagismo, etc. Os novos professores deveriam ser de projeto e de mais

uma disciplina técnica. Foram criadas disciplinas com nomes diferentes das do curso diurno.

Acompanhou a adaptação até 2011, quando saiu da direção. Mostrou slide com disciplinas do

noturno e fluxograma, chamando atenção para:

- Tempo mínimo de 6 anos;

- Não são dois cursos, pois têm a mesma estrutura.

ANNA KARLA T. de ARRUDA

Curso noturno aprovado pelo MEC em 2008 e começa em 2009. As disciplinas são equivalentes

às do diurno, mas não são iguais. A metodologia do noturno é diferente da metodologia do

diurno. No Colegiado do curso noturno, não existe representação por campo de saber. Há

muita discussão se são 1 ou 2 cursos, mas se reconheceu pela congregação que são 2 cursos

com projetos pedagógicos diferentes. No curso noturno há docente arquitetos, mas também

há engenheiros. Os professores ministram projeto mais a uma disciplina técnica, buscando

atividades integradas entre suas disciplinas. A interação entre os cursos noturno e diurno

ocorre através de discentes e docentes. Havia uma quota de docente que não foi preenchida e

o quadro não se completou, assim, alguns professores que eram só do diurno foram para o

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noturno. Professores concursados e substitutos participam do Colegiado. Encontro de

estratégias: os professores que acumulam disciplinas restringem o foco na sua experiência.

Hoje os professores novos entram para os dois cursos.

Estudantes do diurno buscam disciplinas no noturno: Topografia, Geoprocessamento,

Arquitetura Efêmera, Sistema Viário e Parcelamento do Solo. Colegiado diurno quer

implementar tabela de equivalência de noturno para noturno. No TFG buscam-se orientadores

pelo interesse do tema, buscam professores do diurno ou da pós-graduação.

Os alunos do noturno vincularam-se aos projetos de iniciação científica ligados ao LCAD, ao

RUP e coordenados pela professora Ana Fernandes. Também se interessam pelo programa

Ciências sem Fronteiras.

HELIODÓRIO SAMPAIO

Referindo-se ao tempo que está em contato com a FAUFBA, declara que entrou como aluno

em 1963; como professores havia Assis Reis, Benito Sarno, Ary Pena Costa e o curso era uma

linha de Belas Artes. Os alunos reivindicaram mudança e daí se recorda das várias mudanças

de currículos que acompanhou e os pontos importantes que foram levantados:

- discussões inflamadas (“quebra-pau”) decorrentes das diferentes concepções do que é

ensinar arquitetura;

- discussão sobre a quantidade de alunos a serem atendidos, pois na sua época eram 30

alunos, depois passaram a 60 e hoje são 120 do diurno e 45 do noturno – pois quando se muda

“escala” é importante discutir o “como ensinar”, tanto em turmas pequenas que e como nas

condições atuais, quando há muitas vias e muitos alunos.

Quando montou o Atelier 5 pensou em várias questões:

- seria urbanismo, arquitetura da cidade ou planejamento urbano e regional?;

- qual seria a pedagogia?;

- é possível ensinar projeto?

- modelo de ensino x modelo de aprendizagem.

No seu trabalho com Ana Fernandes num Atelier houve divergência política e conceitual, que

não impediu o trabalho conjunto.

Sobre o ensinar arquitetura, defende que se o aluno não está interessado, não há como

ensinar, destacando que:

- há um problema que merece ser analisado na seleção pelo vestibular, pois se o indivíduo não

tem inteligência espacial, não pode ser arquiteto;

- é um ensino no qual a experimentação é muito importante.

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Revela que sua formação é de arquiteto e que foi buscar conhecimentos sobre urbanismo na

pós-graduação, salientando que a pós-graduação não dá qualificação técnica. Buscou estudos

complementares na área de Geografia porque sentia-se ignorante quanto aos temas

relacionados à cidade, ao clima, aos ventos.

Levanta questões sobre o ensino nas escolas de arquitetura/urbanismo:

- Ensinar o quê?;

- Arquitetura ou arquitetura e urbanismo?;

- Fazer arquitetura para quem?;

- Ensino para atender às demandas do mercado imobiliário: escola pública é o espaço

adequado?;

- Estamos formando que profissional: arquiteto ou urbanista?

Fez uma pesquisa: quantos arquitetos de renome que nunca foram à escola de Arquitetura?

A grade curricular de um curso pode limitar o ensino, aprisioná-lo. No curso de formação

pedagógica que fez, os melhores cursos têm muitas disciplinas extracurriculares. Acredita que

até mesmo um professor ruim pode ensinar algo, pode mostrar uma bibliografia que desperte

interesse e que solucione problemas.

Pensou em fazer uma exposição no Atelier 5, mas sentiu que muitos não queriam. Acha que é

preciso discutir “o que é o arquiteto e urbanista” e “como formar um arquiteto e urbanista”.

Não acha que a escola forma arquiteto e urbanista, mal forma arquitetos, mas pelas exigências

do CAU, que regulamenta o Urbanismo como competência do arquiteto, os diplomas se

tornaram assim.

DEBATE

André (estudante) – Currículo atual forma arquitetos. Urbanismo é visto como projeto urbano.

Há um modelo de profissional sobre o que é ser arquiteto; há um pensamento hegemônico de

como formar esse profissional; há grande imposição sobre a tarefa de projetar; há pretensão

de alguns professores de fazerem uma “triagem” para estabelecer quem pode ser arquiteto. O

século XX foi o século dos grandes “modelos” de ideologias, mas deve-se lembrar que essa fase

passou. Às vezes o aluno que cumpre o prazo para entregar um trabalho da disciplina de

projeto, não teve o tempo necessário de pensar o habitante do projeto, pois há quem precise

de mais tempo para reflexão sobre o “uso x função”, assim, o professor não pode fazer essa

triagem com base na “produtividade x prazo do plano de curso”.

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Marcelo (estudante) – Atelier não contempla conforto e estrutura. Quanto ao crescimento da

quantidade de alunos, no SIAC pode-se verificar que a maioria está fora do semestre conforme

grade do curso, se forem contados os semestres cursados desde o ingresso.

Acha que a faculdade encurta a jornada para quem quer ser arquiteto, mas que não é

organizada.

Baeta (professor) – Não entende porque entram 120 no 1º semestre e 0 no 2º semestre. Com

a divisão do ingresso dos alunos em 2 semestres, não haveria problema de demanda para as

disciplinas que são especialidade de determinados professores; esse docente teria sua

disciplina o ano todo. Defende o professor tem que ser especialista na sua área de interesse,

lembrando que os concursos são feitos para especialistas. Essa proposição não é compatível

com Atelier anual, acreditando que torná-lo semestral não é um problema e ainda colocaria o

aluno em contato com vários professores. Fala da experiência da UFMG, na qual a disciplina

equivalente ao Atelier é bimestral.

Susana (professora) – Nenhum curso abarcará todo o conhecimento. Tarefa do educador é

mostra ao aluno que ele deve aprender o que sabe e o que ignora. Aluno criar o próprio

roteiro. Não acredita que exista qualquer área do conhecimento na qual o aluno saia sabendo

tudo. Propões uma estrutura permanente para analisar o ensino. Alega que os alunos não vão

mais ao cinema e ao teatro, preferindo festas de axé com artistas famosos – cita Ivete Sangalo.

Acha que o aluno deve ter direito de escolha.

Solange (professora) – Diz em resposta a fala de André: não existe perfil de arquiteto a formar,

o que há são “campos de saber” e a formação generalista. Quando o aluno tem liberdade de

fazer seu percurso, ele caminha para suas afinidades, suas carências, suas necessidades.

Quando acabam as “caixinhas” obrigatórias, liberam-se os alunos. Nos Ateliers deveriam ser

chamados mais especialistas. Diz em resposta a Baeta: optou-se pelo Atelier anual por causa

do 1º nível de formação, pela crença na necessidade de aprofundar o nível básico do projeto,

foi uma demanda dos professores de projeto.

Lucas (aluno) – Declara que é do 4º semestre e diz que o problema fundamental no Atelier é

que o professor cobra exequibilidade numa disciplina que não é exequível. Não vê como

formar arquiteto e urbanista generalista se a grade do curso não é interdisciplinar. Não se dá

valor ao interesse do aluno, nem ao o levou a tal interesse. Antes os alunos eram elite, agora

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não são mais: como o aluno atual que não é da elite pode se interessar em projetar

apartamentos de luxo? Diz que é o que se exige na faculdade.

Thais (professora) – Revela ter encontrado resumos de Susana (de 1994 e 1996) sobre o

caminho da interdisciplinaridade, mas acredita que algo se perdeu. Deve-se questionar: como,

quando e por que.

Gabriel (aluno) – relembrou a fala de Heliodório: “ninguém ensina o que não sabe, ninguém

aprende o que não quer”. Hoje a grade tem obrigatórias que são soltas, que não servem para

ele – cita física. Diz que o aluno precisa de foco e que a grade não os deixa procurar as

alternativas. Mesmo que o curso seja “Arquitetura e Urbanismo” não há informações pontuais

de urbanismo. Pensa que o Atelier na teoria é lindo, mas na realidade não funciona; faltam

conteúdos técnicos que deveriam estar ali; a boa formação depende do professor que pega;

absorve muito tempo e deixa as demais disciplinas em 2º plano; a anualidade deve ser

reavaliada. Questiona: por que o aluno é obrigado a trabalhar sozinho em atividades que, no

mercado, são feitas em grupo?

Igor (aluno) – Retoma a fala de Heliodório sobre a formação do Arquiteto e Urbanista: não há

disciplinas suficientes de urbanismo na grade atual. Diz que seus colegas que buscam

conhecimento de plástica na EBA ou no IAC. Pensa que não há problema quando alunos

buscam professores menos exigentes, pois a grade dificulta escolhas. Sugere o aumento da

carga horária em optativas e diminuição da carga horária de Atelier, para haver mais tempo

para desenvolvimento dos trabalhos.

Marcos Queiros (professor) – Diz que, dentro do que vivenciou em Atelier, seria bom se 90%

do planejado tivesse sido feito. Defende desde o início um “clima” para o Atelier funcionar.

Questões que vigoraram até hoje: deve haver aula teórica no Atelier? Como motivar o aluno?

Pensa que o aluno não se motiva se o professor não estiver motivado. Diz que na mudança

para o currículo atual não houve tempo para discutir a parte metodológica, pois gastou-se

muito tempo com a grade curricular. Acredita que uma habilidade específica pode ser

“treinada” e “trabalhada”; que as capacidades necessárias ao profissional de arquitetura

podem ser desenvolvidas em processos e aprofundamentos. Pensa que o ensino de desenho

arquitetônico e plástica devem ser integradas ao projeto.

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Lua (aluna) – Devem haver mais optativas. Deveriam ser estimulados cursos com ex-alunos,

como uma monitoria com pessoas de fora, com temas complementares.

Igor (aluno – não é o mesmo da fala anterior) – Deveria haver mais liberdade: as obrigatórias

deveriam ser revistas e as optativas aumentadas. Na sua experiência no Atelier, fez

detalhamento de um projeto em menos de um semestre, então questiona: por que não ser

semestral? Rever o padrão imposto aos alunos: não se pode escolher o que projetar.

Heliodório (professor) – Explica que quando disse “[...], ninguém aprende o que não quer”,

entende que habilidades específicas podem ser aprendidas, mas não se ensina alguém a ter

“inteligência espacial”. Lembra que não fez música porque dependia de talento. Acredita que

para as questões complexas chamam-se especialistas, lembrando que a sua formação foi

aprimorada porque permitiu-se discussão com os especialistas. Qualquer projeto pode ser

bom por mais simples que seja: uma casa de cachorro, uma cerca em gradil, etc. Refere-se a

pensamentos que atribui a de Lelé: não existe arquitetura para projetar hospitais, existe

arquiteto disposto a aprender; por que especializar, se a tecnologia muda tanto? Pensa que no

início da faculdade predominava o estilo Bauhaus – sala de trabalho com barro, madeira, etc. –

e que hoje a informática domina o processo, portanto, a tecnologia muda os recursos

didáticos. A burocracia “desmantela” a dinâmica do Atelier, porque é difícil agenciar os

horários dos consultores.

Solange (professora) – Declara estar feliz pela presença de muitos alunos nessa discussão.

Revela que a maior dificuldade, como coordenadora do colegiado, na mudança do currículo

em 1996 foi com os horários e exigências dos professores da época da sua coordenação. Os

professores participavam pouco, apareciam apenas nas discussões lhes atingiram. O professor

Ladislau (Politécnica) ajudou muito no que se refere às questões de estrutura no Atelier e

trouxeram professor de topografia. Acredita que a colaboração do coordenador do Atelier é

fundamental, pois às vezes um ou outro se acha dono da disciplina.

Acha que o curso noturno conseguiu pôr o conteúdo de física aplicado às estruturas e ao

conforto ambiental. No diurno as matemáticas passaram a ser dadas dentro da faculdade, mas

física não. A ideia do currículo atual era a da integração: desenho integrado ao Atelier, etc.

Concorda com as monitorias e em haver mais flexibilidade no próximo currículo.

Susana (professora) – O objetivo do Atelier era despertar o interesse sobre as coisas, descobrir

as falhas. Na sua época: fizeram visitas às obras de arquitetura de referência - Hospital Sara;

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Capela de Itapetinga (Katsuki); estimulava as maquetes de estudo, lembrando que Frank Gehry

as fazia e depois passava para que fossem desenvolvidas. O Atelier ensina a saber o que não se

sabe. Lembra um professor da Espanha que sugeria aos alunos que faltassem a aula para ir à

biblioteca aprender com os mestres. Cita ideia que atribui a Walter Benjamin: inverter o que se

aprendeu para ensinar.

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Mesa 02:Experiências PPP

Coordenador mesa: Naia Alban

Relatoria: Marta Alves

Projeto pedagógico USP

Marina Teixeira

[Professora FAUFBA]

Projeto pedagógico UFMG Curso Diurno

Patrícia Farias

[Professora FAUFBA]

Projeto pedagógico UFRJ

Igor Queirós

[Estudante PPGAU/FAUFBA]

Lídia Quièto

[Professora FAUFBA]

A sessão tem início às 18hs20min. A coordenadora de mesa, Profª Naia Alban, abre a sessão

citando a fala de Gustavo Scheps, diretor da Faculdade de arquitetura, em Montevideu, que

diz: “O arquiteto que queremos formar é uma utopia”. Considerando as falas apresentadas na

mesa anteriores, a Profª Naia diz acreditar que mais do que o arquiteto que queremos formar,

há que se pensar o arquiteto que podemos formar e isso estaria relacionado diretamente ao

quadro de professores de que dispõe a universidade, com as práticas de uma universidade

pública, com o corpo discente, com a infraestrutura. E todos esses elementos são

fundamentais para definir o arquiteto que se pode formar. A Profª Naia fala ainda da relação

que se estabelece entre professores, a qual é fundamental para o sucesso e pleno

funcionamento dos ateliês. E relata ainda, a dificuldade em conseguir que os professores

assumam os horários estipulados para eles e reforça a necessidade de um constante diálogo

para que mudanças nessa estrutura comecem a ocorrer. Em seguida, Profª Naia convida a

Profª Marina Teixeira para iniciar as apresentações sobre os planos pedagógicos de outras

instituições tema desta mesa.

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MARINA TEIXEIRA

A Profª Marina (UFBA) inicia a fala se apresentando como professora formada em arquitetura

pela UFBA e com mestrado também desenvolvido na UFBA. A Profª Marina foi convidada para

falar sobre o projeto pedagógico da faculdade de arquitetura da USP. Afirma que recebeu da

professora Thais um projeto datado de 2013, com vigência por 4 anos. Tendo sido iniciado a

partir de 2014, deve ser reformulado em 2018. O documento é estruturado em 10 grandes

tópicos: 1) Historia; 2) Edifícios; 3) Conceito e princípios gerais; 4) A missão do Curso; 5) Perfil e

campo de atuação do estudante egresso; 6) Dados Gerais (a Profª Marina esclarece que não se

deterá sobre esse tópico); 7) Estrutura do curso e seu espaços didático; 8) Diretrizes político

pedagógicas; 9) Grade curricular; 10) Perspectivas e desafios futuros e estratégias. Afirma que

o documento muitas vezes é repetitivo, mas que buscou realizar um exercício de síntese do

documento. Em seguida, a Profª Marina discorre sobre cada um dos tópicos, mais

detalhadamente como segue:

1) História: Fundada em 1948, no contexto de pós-guerra, criada a partir da escola

Politécnica da USP, por conseguinte havia um peso muito grande das disciplinas

técnicas e também das disciplinas relacionada a urbano. No entanto, essa matriz

extremamente técnica ou politécnica estava estruturada em um modelo pedagógico

de Belas Artes, o qual trazia algumas disciplinas como modelo artístico, plástica, assim

como, outras disciplinas de desenho. Desde 1950 a USP vem organizando o índice da

arquitetura brasileira em formato analógico e, a partir de 2006, esse acervo vira um

grande banco de dados. Em 1952 é formada a 1ª geração de arquitetos. A reforma do

projeto pedagógico teve como foco a flexibilização da estrutura curricular,

metodologia de ensino mais integrada, com um deslocamento deste carácter teórico,

fragmentado ou extremamente formalista vindo da politécnica, buscando um ensino

voltado às novas coordenadas sociais, técnicas, espaciais e territoriais que começavam

a se impor. No ano de 1968, há um novo fórum de ensino nacional. As reformas dentro

da FAU, se adequavam a reformas nacionais. Nesse momento foram incorporadas

novas disciplinas como comunicação visual, desenho industrial e paisagismo. O plano

não informava se as disciplinas eram obrigatórias ou optativas. Foram criados, ainda,

laboratórios, necessários ao fomento da pesquisa e criado ateliê interdepartamental

em um museu que funciona junto com uma biblioteca. Desde então foram

estabelecidos três departamentos: História, Projeto e Tecnologia. Em 1948 a Escola

passa a funcionar na Vila Penteado. Ao mudar-se em 1969 para o prédio de Artigas,

possibilitou um número maior de alunos e uma nova estrutura curricular. Em 1970 há

uma afirmação da pesquisa. Em 1971 o prédio da Vila Penteado continua como parte

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da faculdade de arquitetura, mas passa a funcionar como integrante da pós-

graduação; 1972 são criados os cursos de mestrado e doutorado; 1982 acontece o

tombamento do edifício da FAU; a partir de 1970 é melhor estruturado os laboratórios

de pesquisa; em 2006 é criado um curso de design vinculado ao curso de arquitetura;

2009 se instaura um processo de planejamento participativo e cria-se um plano

diretor, num caráter mais permanente.

2) Edifícios: se detêm sobre o patrimônio edificado; existe um conselho curador e um

grupo executivo de gestão dos espaços físicos da faculdade de arquitetura que tem a

função de tratar da conservação e restauro; há os laboratórios vinculados aos

departamentos e às disciplinas, e não são estanques, dialogam com os cursos de

graduação e não só com a pós.

3) Conceitos e princípios gerais: intenção de ser um processo permanente de revisão e

renovação. Currículo busca uma sinergia entre artes, tecnologia e humanidades;

Articulação de ensino, pesquisa e extensão, ponto chave da formação da graduação.

Foco na formação de arquitetos e urbanistas humanistas, em que pese a questão da

crítica, da pluralidade e o compromisso social e permanente através da articulação

entre conteúdos teóricos e práticos.

4) Missão do Curso: Identificar as necessidades da sociedade contemporânea;

Capacidade de formular planos e projetos; inovação no interesse público e social;

Caráter de formação humanista.

5) Perfil e campo de atuação do egresso: entende a arquitetura e urbanismo como

territórios que são partícipes da produção da história da cidade, e esses campos

devem ser redefinidos constantemente.

Profª Marina, opta por não se ater ao 6º tópico, e segue para o 7º, seguindo com a seguinte

explanação:

7) Estrutura do curso e seus espaços didático – Está dividido em três departamentos:

história, projeto e tecnologia. Existe as Disciplinas interdepartamentais, as quais

dialogam com os 3 departamentos, e que seriam obrigatórias; As obrigatórias

garantem o conteúdo mínimo de formação, as optativas buscam trazer novos

conteúdos, métodos e problemas mais atuais, e são frutos da pós-graduação também.

Existe uma grade ideal a ser seguida, porém a estrutura do curso permite um caminho

que o próprio estudante pode escolher. Existe uma comissão organizadora, que

funciona como uma instância articuladora que busca minimizar o desperdício de

energia, para que as ações não se percam. Essa comissão atua a cada semestre ao lado

da coordenação contribuindo no planejamento. Há um processo de desnaturalização

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do conhecimento. A grade curricular nesse projeto específico de 2013 não houve

mudança. Houve nova supressão de pré-requisitos. O curso está organizado por

semestres. A Profª Marina destaca algumas disciplinas que na UFBA poderiam receber

uma ênfase maior como topografia, arquitetura da paisagem, estudos de urbanização.

Algumas, destas, aparecem no curso noturno, algumas como optativas, mas acredita

ser importante aprofundar estudos nessa grade.

8) O plano vai ser rediscutido a cada 5 anos com fóruns periódicos e paritários, tanto na

avaliação, na proposição e nas decisões. Em todos os quesitos que fazem parte do

novo projeto.

A Profª Marina identificou 6 etapas que são: 1) Sensibilização; 2) Leitura e crítica da realidade

do ensino; 3) Redação dos documentos e análises prévias; 4) Realização de fóruns paritários

para deliberação dos temas; 5) Debates nos colegiados; 6) Realização de novo fórum para

deliberação.

Uma pessoa na plateia solicitou maior esclarecimento sobre o que significaria a quebra de pré-

requisitos. A Profª Marina, afirma que não estudou muito sobre os pré-requisitos, mas que

existe um grupo de disciplinas que tem que ter pré-requisito, mas que é importante estudar

quais podem ter o pré-requisito de fato quebrado.

A Profª Marina termina sua explanação afirmando que, de maneira geral, é necessário

aprimorar o canal de informação. A questão da permanência, entender que o plano, o projeto

político pedagógico não é, e não deve ser um documento estanque e que poderia estar

disponível ao estudante no ingresso da faculdade. É importante que seja algo que todo mundo

participe, que todos se envolvam.

Após o término da fala da Profª Marina, Profª Naia faz uma complementação informando que

a USP passou por um processo para eliminar aprovação de currículos pelo, o que é hoje o CAI

da UFBA. Com isso, a USP deliberou para cada unidade esse poder sobre a aprovação dos

currículos de seus cursos, conferindo liberdade e tempo, além de dinamismo para a

universidade.

PATRÍCIA FARIAS

Em seguida a Profª Patrícia Farias começa a discorrer sobre o projeto pedagógico da Faculdade

de Arquitetura da UFMG como se segue.

O curso surgiu em 1930, foi a primeira instituição na América do Sul, criada sem nenhuma

vinculação a uma Politécnica ou Escola de Belas Artes ou Filosofia. Tem duração de 8 década e

somente a partir de 2009 foi aberto o curso noturno, devido uma demanda do REUNI. O curso

noturno e diurno são bastante distintos.

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Os projetos pedagógicos estão calcados nas resoluções do MEC. O processo iniciou em março

de 2007 e a versão aqui apresentada data de 2011.

A Profª Patrícia detalha da seguinte forma a construção do projeto na UFMG: A diretoria

montou uma comissão especial, a qual construiu a reforma curricular, que por sua vez, foi

submetido ao Colegiado e à Congregação. Houve a discussão da reforma curricular através de

debates internos na escola e nos departamentos e discussões mais amplas focados na

arquitetura e no urbanismo. O documento foi aprovado em 2010, após três anos de

construção. Mesmo após a definição do documento final, foram necessárias revisões, assim

como havia uma exigência de redução da carga horária. Por fim, o Colegiado ficou responsável

pela formatação do documento final e a carga horária final ficou em 3600horas.

As Diretrizes do MEC de 2006 e 2010 não geram alterações significativas no currículo, ao

contrário da Resolução de 2001 do Conselho Ensino, Pesquisa e Extensão, a qual traz

mudanças de grande envergadura e muita complexidade. O projeto pedagógico mostra como

a Faculdade de Arquitetura da UFMG conseguiu se adequar à Resolução do MEC mantendo o

corpo docente, realizando a criação de novas disciplinas, o ajuste de conteúdos, a exclusão de

algumas disciplinas e incorporação de outras. As Resolução de 2006 e 2010 trazem apenas

questões como a inclusão de estágio supervisionado obrigatório e a substituição do TFG em

um único período, pela realização do mesmo em dois períodos que são: introdução ao

trabalho de conclusão de curso e trabalho de conclusão propriamente dito em outro período.

O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão de 2001 traz uma versatilidade na construção dos

cursos. As diretrizes trazem um fluxo articulado de aquisição de saber. Alternativas de

trajetória, onde o aluno possa ter liberdade para complementar atividades com disciplinas

obrigatórias, optativas, complementares e de formação livre. Acesso simultâneo de

conhecimento, integralização curricular e aproveitamento de atividades acadêmicas para

pontuar como crédito.

As novas diretrizes trazem os seguintes formatos: núcleo de formação específica, formação

complementar e um conjunto de atividades livres. O núcleo de formação específica representa

a base que o aluno precisa, para depois poder direcionar com as optativas; a formação

complementar que são as disciplinas de qualquer curso da UFMG, mas não da arquitetura.

Para que o aluno contemple essa formação complementar é necessário apresentar um plano

de trabalho do que pretende fazer. E as atividades livres que são outras disciplinas da UFMG,

mas que não precisam estar vinculadas ao plano de trabalho ou ter relação com a arquitetura.

Exemplo Coral. As disciplinas de atividades livres têm servem ao desenvolvimento de uma

habilidade pessoal do aluno.

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Esses três elementos não precisam estar condicionados ao período letivo ou sequenciamento

do curso. Existe uma grade, mas as disciplinas de projeto têm uma ementa única e elas não

tem ordem, o aluno pode se matricular em qual disciplina ele desejar. Esse projeto buscou

solucionar pequenos problemas do projeto anterior e incorporar novas experiências didáticas.

O objetivo do curso é fortalecer de forma constante este destacado papel de excelência na

formação de arquitetura e urbanismo no Brasil e investir numa formação que ultrapasse a

questão mercadológica. Conferir uma formação bem equilibrada em termos humanísticos e

tecnicista, afim de que o aluno domine o processo produtivo, mas que tenha uma análise

crítica do que está sendo produzido no mercado.

A pedagogia está balizada na solução de problemas e na interface com projetos de pesquisa e

extensão, onde o professor desenvolve uma pesquisa e traz essas discussões e projetos para a

sala de aula na graduação.

Segundo a Profª Patrícia a ideia apresentada de interdisciplinaridade consiste em trazer essa

UFMG ampla, com todos as unidades e todos os cursos disponíveis ao aluno para este possa

sair um pouco da arquitetura e vislumbrar outros aprendizados.

O perfil do egresso é colocado em três pilares, de forma que, o aluno tenha condições de

reproduzir conhecimentos, competências e habilidade na área de edificações, urbanismo e

paisagismo. Houve uma modificação para dar mais ênfase ao urbanismo e ao paisagismo que

não tinha antes. Conforme o perfil do egresso, foram estabelecidos quatro eixos: Teoria e

história da arte, da arquitetura e do urbanismo; Tecnologia da arquitetura e do urbanismo;

Urbanismo; Projeto arquitetônico, urbanístico e paisagístico onde se traz a ideia de

interdisciplinaridade.

Foram criados 4 departamentos: 1) Análise crítica e histórica da arquitetura e do urbanismo; 2)

Tecnologia da arquitetura e do urbanismo; 3) Urbanismo; e 4) Projetos.

Para dar conta dessa formação generalista e considerando a limitação da carga horária, foram

realizadas mudanças como estagio supervisionado obrigatório, substituição do TFG, formação

complementar com o mínimo de 10 créditos, formação livre, flexibilização do núcleo especifico

a critério do aluno dependendo de seus interesse através da escolha de disciplinas optativas,

diminuição da carga horária, proposição de ajustes internamente, podendo excluir, condensar

e/ou criar novas disciplinas, manutenção de encargos didáticos objetivando não contratar

novos professores. Houve a preocupação de manter o curso diurno no período matutino e não

se estender ao período vespertino para possibilitar aos alunos realizar outras atividades nesse

horário. Algumas disciplinas optativas são dadas à noite para promover a integração do aluno

do diurno com o noturno.

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Quanto a resolução dos problemas em relação a proposta anterior, eles colocam o

desmembramento de alguns conteúdos e a realocação das disciplinas nos períodos;

flexibilização das atividades de projetos; há a desintegração da carga horária de 220hs das

disciplinas de projeto integrado para oferecer um horário para projeto urbanístico e projeto

paisagístico. E inserção de outras formações básicas como tutoriais, formação livre, que não

estão previstas nas disciplinas.

A estrutura do curso segue a seguinte característica: 150hs formação complementar, 45hs

formação livre e 300hs estágio supervisionado. O projeto pedagógico busca distribuir mais

equitativamente os créditos entre os quatro departamentos existentes, sendo que a maior

transformação acontece nas disciplinas de projeto. Nos dois primeiros períodos há duas

disciplinas de projeto que representam a fundamentação para o projeto de arquitetura e

urbanismo e que são obrigatórias. Após cursada essas disciplinas o aluno fica livre para

escolher as disciplinas de projeto que desejar, não existe ordem ou sequência pré-

estabelecida; As disciplinas de projeto são organizadas em módulos flexíveis de 60hs, onde o

aluno tem a opção de fazer em um bimestre (8hs aula/semana) ou um semestre inteiro (4hs

aula/semana). Aluno deve fazer o mínimo de 9 módulos.

A disciplina de projeto integrado de arquitetura passa a contar com uma disciplina de projeto

urbano de 60hs e uma disciplina de projeto paisagístico 45hs, enquanto o projeto integrado de

arquitetura e urbanismo diminui para 120hs, antes era 225hs. As disciplinas de projeto

possuem uma ementa única e permitem conteúdos variados de acordo com a experiência do

professor e a especialidade dele.

O curso de Arquitetura da UFMG se estrutura da seguinte forma: tem as disciplinas

obrigatórias que são as teóricas, práticas ou mistas; atividades de projeto de arquitetura, que

corresponderiam ao ateliê da FAUFBA, mas que na UFMG são os módulos de projeto;

disciplinas optativas livres que são também teóricas, práticas ou mistas; atividades

complementares que são essas atividades que os alunos podem pontuar como essas viagens

de estudo e pesquisa; formação complementar que são aquelas cursadas em outros cursos da

UFMG, mas que devem ser complementares à formação do aluno, corresponde justamente

àquelas em que o aluno deve apresentar um plano de trabalho; e a formação livre consiste

naquelas que os alunos podem cursar com o objetivo de desenvolver outras habilidades; e o

estágio curricular a partir do 6º período;

O curso apresenta um total de 10 períodos letivos, não tem disciplinas anuais, a maior carga

horária é no início do curso, a distribuição de disciplinas optativas, formação complementar e

formação livre se dá a partir do meio do curso, quando o aluno já tem uma visão melhor do

que pretende cursar. A escolha dos percursos acontece antes do término do 6º período,

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quando, então, o aluno passa a direcionar sua formação. Carga horária máxima por período

são de 405hs, o estágio supervisionado acontece a partir do 6º período; as disciplinas de pré-

requisitos se concentram especialmente no 1º semestre, depois há uma diminuição de pré-

requisitos a fim de possibilitar maior liberdade.

Finalizado o projeto pedagógico foi criado um plano de acompanhamento. Há uma comissão

de estagio supervisionado obrigatórios e uma comissão de trabalho final de curso que avaliam

os processos de aprendizados dos alunos. Estas comissões estão sobre coordenação do

colegiado. E uma comissão de módulos flexibilizados que ficam sobre coordenação do

departamento de projetos. Há, ainda, uma Comissão maior que avalia o geral e essa comissão

é formada por um professor de cada departamento. Um documento que serve de referência

para essa avaliação consiste no TFG e o retorno desses alunos do estágio supervisionado. Esse

acompanhamento é realizado por seminários anuais nos departamentos, reuniões semestrais

em cada período do curso e seminários bianuais junto com o corpo discente.

O curso tenta dar uma maior liberdade ao aluno, nesse sentido a Profª Patrícia afirma ter

conversado com o Profº José Cabral da UFMG para saber como é lidar com essa dinâmica onde

numa disciplina de projeto há alunos em diferentes estágios de formação. Segundo a Profª

Patrícia a resposta que recebeu foi que o aluno traz o seu instrumental para a sala de aula, no

entanto, os professores têm percebido que alguns alunos estão se formando com grande

deficiência em sua formação acadêmica. Diante dessa realidade os professores da UFMG têm

questionado a formação que está sendo construída a partir desse projeto pedagógico mais

livre e em função dessa crítica a universidade estuda a possibilidade de agrupar as disciplinas

de projeto por nível de complexidade.

Profª Patrícia finaliza sua fala fazendo as seguintes observações quanto ao projeto pedagógico

da UFMG: Trata de forma bem equilibrada a formação tecnicista e humanista e isso confere ao

aluno liberdade junto com essa formação complementar e livre que lhes possibilita

desenvolver muitos caminhos. A reestruturação de algumas disciplinas e a criação de muitas

disciplinas optativas ajudam o aluno a construir esse perfil.

IGOR QUEIRÓS e LIDIA QUIÈTO

Após a Profª Patrícia, foi a vez de Igor Queirós, aluno da pós-graduação da UFBA realizar a

apresentação do projeto pedagógico da UFRJ. Igor conta que foi convidado pela professora

Thais Portela para falar sobre o projeto político pedagógico devido ao desenvolvimento de

uma pesquisa do PPGAU, na UFRJ, onde passou uma semana na instituição e pode conversar

com os alunos do local. Igor afirma que irá se deter mais nas peculiaridades do projeto, o que

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considerou de mais relevante, enquanto as críticas ao modelo por uma pessoa que vivenciou

esse projeto seriam abordadas pela Profª Lidia Quièto, formada pela UFRJ.

Igor inicia sua apresentação fazendo a sugestão da formação de uma mesa com os professores

recém ingressos na Universidade, dado que o projeto pedagógico atende a história da

Universidade, também deve atender às especificidades dos alunos e às especificidades dos

professores. Igor saliente que os professores recém contratados acabam tendo que se adaptar

a esses planos de trabalhos, nas disciplinas ou não.

Segundo Igor é importante considerar que na UFRJ existe uma história de independência da

escola de arquitetura em relação a escola de Belas Artes. Segue o detalhamento do projeto

pedagógico por Igor.

Existe uma organização horizontal das disciplinas nessa grade. Há quatro eixos de

conhecimento: Discussão, concepção, representação e construção.

Eixo de discussão: abordará os aspectos histórico, teóricos, estéticos e sócio-econômicos da

arquitetura e da cidade a fim de exercitar a capacidade de formulação crítica, gerar capacidade

de formular um discurso conceitual sobre a sua prática projectual.

Concepção: atividades sintetizadoras de projeto nas diferentes escalas da cidade do bairro, da

rua e do lote, incluindo a arquitetura de interiores, paisagismo e detalhamento.

Representação: compreende tanto a representação geométrica dos espaços quanto os meios

de sua representação criativa na criação projetual.

Construção: abrange os diferentes aspectos técnicos e de tecnologia da execução dos objetos

arquitetônicos e da cidade. Estão presentes aqui as disciplinas de conforto ambiental,

estruturas e do próprio canteiro de obras enquanto gestão de canteiro.

Os eixos falados anteriormente encontram-se na horizontal, então em cada semestre há duas

disciplinas de cada eixo e verticalmente há os ciclos que são três fases bem delimitadas.

O primeiro ciclo é de fundamentação e se estende até o quarto período, é de caráter

predominantemente introdutório, combina com o primeiro trabalho de integração que é esse

trabalho geral onde várias disciplinas se juntam para construção de um único projeto e esse

projeto será avaliado de maneira conjunta, assim como, acredita Igor, é feito no trabalho final

de graduação da FAUFBA, mas de uma maneira mais organizada dentro dos departamentos

onde os professores por afinidade, avaliam aquele projeto que é único. Os trabalhos são

individuais e um é em grupo. Esse primeiro ciclo conforma uma panorâmica desse conteúdo

disciplinar da arquitetura e urbanismo. E trabalha com diversas escalas de atuação. Essas

disciplinas são obrigatórias.

O segundo ciclo que é de aprofundamento, se estende até o 6º período e visa o

aprofundamento e detalhamento das questões esboçadas no ciclo inicial, as atividades

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disciplinares, obrigatórias e optativas e de extensão. O ciclo de aprofundamento tem como

objetivo a valorização na profundidade nos diversos campos da atuação disciplinar. Então

mesmo que tenham uma lógica sequencial, tem uma diferença na profundidade do

tratamento dos trabalhos, pois este 2º ciclo seria uma preparação para esse trabalho

integrado 2, que precede ao trabalho final.

O primeiro ciclo tem esse caráter de conformar um arcabouço conceitual em relação à

arquitetura e um primeiro arcabouço técnico e no segundo ciclo um aprofundamento e

detalhamento maior, nessas diversas escalas de rua, lote, bairro, cidade. No primeiro ciclo

segundo o plano, os professores devem ter um conhecimento mais generalista em relação às

disciplinas ao campo da arquitetura. No segundo ciclo os professores devem ter conhecimento

específico em determinadas áreas de conhecimento que vão ser cobradas no trabalho

integrado.

O terceiro ciclo, que corresponde ao ciclo de síntese que fica no 9º e 10º período, conforma o

trabalho final divido em 2 semestres. Igor finaliza sua fala e coloca como crítica ao plano da

UFRJ, onde enxerga uma autonomia dos alunos em relação a escolhas desses projetos, de

como eles deverão ser tratados e desenvolvidos.

A Profª Lidia é a última a realizar a apresentação e começa sua fala explicitando que foi

convidada para contar sobre a experiência na UFRJ, onde fez a graduação, o mestrado e o

doutorado e foi professora substituta das disciplinas de introdução ao projeto e da disciplina

de representação gráfica, sendo que uma delas fazia parte do Ateliê Integrado.

A Profª Lidia faz o seguinte relato: Sua experiência na graduação é de um currículo que não

funcionava, mas que já vinha com um desejo que esse currículo tem, e na última tentativa de

mudança também tinha, de tentar integrar as disciplinas. No currículo por ela estudado já não

tinham disciplinas como física, estatística e as disciplinas de estruturas, tecnologia dos

materiais já eram aplicadas por professores da universidade, mas eram disciplinas ainda

estavam fragmentadas ou foram unificadas ou tiveram sua carga horária aumentada. Às vezes

funcionava, mas em outras os conteúdos lhes pareciam equivocados, como a disciplina de

expressão gráfica que agregava um conteúdo de desenho de observação e um conteúdo de

desenho técnico que considera que são conteúdos opostos. As disciplinas de projeto eram

organizadas a partir de temas de programas arquitetura e eram sequenciais. Eram seis

disciplinas de projeto, e a UFRJ traz dessa raiz da Belas Artes, dentro de um prédio onde

funciona também todos os cursos da Belas Artes, disciplinas de estudo da forma que hoje se

chamam concepção da forma arquitetônica e atualmente elas têm como foco introduzir

conteúdos e problemas de projeto, mas de uma forma simplificada. A questão do aluno é

construir volumetricamente a forma a partir de uma série de processos que são diferentes. São

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disciplinas puxadas em termos de trabalho e conteúdo e que basicamente trabalham com

maquete. O aluno no primeiro período não tem nada de representação gráfica agregada ao

modelo, ele trabalha basicamente a construção da forma e entendimento do espaço em sua

escala, alguma introdução de princípios, ressaltando que a escola de arquitetura da UFRJ tem

forte influência da escola moderna e da formação do Lucio costa. A questão da composição é

uma questão muito forte. Os terrenos trabalhados são ainda imaginários, são colagens, uma

série de coisas abstratas, geométricas e bastante rígidos na sua composição. Não são

processos criativos tão soltos. São um total de 5 exercícios/modelos. E essa era uma disciplina

semestral.

Em seguida vinha uma segunda disciplina que trabalhava não tanto a questão de princípios,

composições e procedimentos, mas mais como expressar nos volumes e nos objetos, certas

temáticas ou certos parâmetros. Para uma casa usava-se às vezes textos como base, o livro:

Seis propostas do próximo milênio do Italo Calvino, a Casa da Multiplicidade, A casa da

Exatidão e tinha uma questão muito forte de como o objeto expressa certas ideias. Depois

tinha uma disciplina de introdução ao projeto, chamada de Composição da Arquitetura, e

então entrava-se no ciclo das disciplinas de projeto e o ultimo era projeto executivo. O TFG era

dividido em dois semestres, o 1º semestre de fundamentação, pesquisa, pesquisa legislação,

terreno, análises, história, contexto. E no 2º semestre fazia-se propriamente o projeto.

Quando o aluno terminava o 1º semestre de TFG, ele precisava ter o terreno escolhido, a

legislação entendida, um programa básico e um estudo de ocupação de massa.

Nos primeiros semestres observa que carga horária é bastante pesada, e depois essa carga

horária vai diminuindo e criando espaços para que o aluno curse disciplinas optativas. O curso

na UFRJ tem muitas disciplinas optativas e algumas são oferecidas todos os semestres, têm

professores que passam às vezes 2 ou 3 anos dando umas disciplinas optativa e depois

mudam. As disciplinas optativas são temáticas e complementares no aprofundamento de

algumas questões e não tem problema com códigos. Qualquer outra disciplina cursada no

campus da UFRJ é considerada optativa. O aluno tinha uma quantidade mínima de disciplinas

optativas a cursar. Profª Lidia recorda que quando era aluna de graduação era obrigatório

cursar algo em torno de 7 disciplinas optativas obrigatoriamente até o final do curso.

Quanto ao percurso do aluno, ele não é flexível. As disciplinas são sequenciais e se prendem

umas às outras. O aluno tem como liberdade apenas escolher a sua complementação, como a

faculdade de Belas Artes acontece no mesmo edifício é comum os alunos buscarem disciplinas

na Belas Artes. Com a mudança curricular a integração se colocou como uma grande questão,

como integrar as disciplinas e os conhecimentos. Os primeiros semestres os alunos fazem

trabalhos a partir de modelos e tem uma carga muito grande de geometria descritiva,

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representação gráfica, onde os alunos vão testar algumas coisas, testar a rigidez pela forma,

modelagens e sistemas estruturais. Neste último trabalham conhecimentos de estrutura de

uma maneira mais intuitiva. Com a integração entre desenho arquitetônico e concepção da

forma havia exercícios cruzados, onde os alunos trabalham alguns modelos e representam

alguns desses modelos, fazendo uma ponte entre o que ele constrói enquanto volume e como

aquilo pode se transformar. Começa-se também a trabalhar dimensionamento.

No segundo período essa disciplina de concepção da forma, vira uma disciplina que é uma

introdução ao projeto. As disciplinas de representação trabalham muito com a criação e

repertório, alguns exercícios são de redesenho de algumas obras como uma maneira melhor

de compreender o projeto e dar repertório para os alunos. Tem um exercício de análise e ao

fim do exercício um projeto simples, com um programa muito pequeno, mas que trabalha a

questão da concepção da forma, a escolha de um partido arquitetônico e a adaptação do

edifício em um terreno inclinado, isso é o final do 1º ano.

Depois o aluno entra em disciplina de projeto onde trabalha temas de habitação mais

simplificados. O aluno tem que cursar ateliê integrado no 4º e 8º período, são quatro

disciplinas juntas e se ele reprova uma, automaticamente está reprovado em todas. Na prática

não funciona assim, pois existe um diálogo entre os professores e não é uma avaliação

dissociada, os trabalhos são todos apresentados em banca, os projetos são quase como uma

sequência de TFG. Profª Lidia considera os trabalhos puxados.

No 1º ateliê integrado as disciplinas que são cursadas juntas são projeto de arquitetura, uma

disciplina de gráfica digital, ressaltando que a faculdade não ensina nenhum programa, apenas

discute questões de diagramação, tipografia e como o aluno trabalha a organização do

trabalho dentro do laboratório; uma disciplina de estrutura onde o aluno vai trabalhar noções

estruturais do projeto que está fazendo e conforto ambiental.

Considera os ateliês um caos. Por causa da integração nas disciplinas de projeto o aluno tem

uma aula com seu professor de projeto e as outras aulas são conjuntas com vários professores.

Porém a relação de afinidade ou não entre os professores interfere no bom funcionamento do

ateliê.

No ateliê 1 os professores costumam ter um relacionamento tranquilo. No ateliê 2 é mais

complicado por motivos como, a falta de afinidade entre os professores, maior nível de

complexidade dos trabalhos, porque junta projeto de urbano, projeto de paisagismo e projeto

de arquitetura e técnicas de representação de projeto. Um ponto positivo apontado pela Profª

Lidia é que apesar das divergências entre professores das disciplinas de projetos, eles precisam

chegar a um acordo, visto que, por exemplo o exercício que é dado em todas as disciplinas de

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projeto 1, é o mesmo exercício, é o mesmo terreno. E dentro de sala de aula cada um

direciona a partir da expertise do professor.

Com o passar dos períodos iniciais vai se trabalhar uma área que é comum, mas a escolha dos

terrenos a serem trabalhados podem variar, até mesmo dentro da mesma turma, com

programas diferentes, mas que precisam ter a mesma complexidade. Nos períodos iniciais as

aulas teóricas de concepção da forma são dadas juntas, todos os alunos que têm aula de

manhã no auditório e a cada aula um professor monta uma aula. As aulas são discutidas antes

entre professores, ondem debatem e colaboram, mas cada professor fica responsável por uma

aula onde existe uma problemática comum e se sabe que todos os alunos estão passando pela

mesma problemática. Para Profª Lídia o interessante desse processo é que os professores

devem chegar a um consenso sobre o que deve ser ensinado, o que o aluno deve sair dali

sabendo e como deve chegar no próximo semestre. Isso obriga um conjunto de professores a

pensar sobre que aluno é esse que a instituição está formando.

A FAU-UFRJ sempre teve uma ênfase em projeto e na concepção da forma, tanto que até hoje

ela ainda começa o seu primeiro ano sem falar no assunto projeto, a concepção da forma é um

foco e irá amarrar a faculdade toda. Outro ponto é que são oferecidas muitas disciplinas de

urbano. A Profª Lidia recorda que quando foi aluna teve 7 disciplinas de urbano sendo três

semestres de projeto urbano, mais uma disciplina de história, disciplina de história do

urbanismo e meio ambiente, mais uma outra que falava de planejamento regional. Para ela

isso era positivo porque obrigava o aluno a olhar o contexto com outros olhos e entender o

projeto dentro de um lugar real, ter uma visão crítica em conhecer a sua cidade, entender

minimamente o que está acontecendo à sua volta.

Outra mudança foi inserir nas disciplinas de história, uma disciplina que faz um panorama bem

geral, focando na produção contemporânea e depois o aluno vai vendo as demais questões

históricas sequencialmente ao longo do curso. Outra questão é que a faculdade tem todos os

dias, dois tempos de aula, chamado de horário extracurricular em que não há aula para

nenhum aluno, assim podem acontecer eventos, palestras, discussões, onde a escola inteira

pode participar.

Ao final da fala da Profª Lidia, seguem-se as perguntas da plateia.

DEBATE

Marcia Freire: gostaria de ter acesso a ementa do ateliê de ementa única da faculdade de

arquitetura da UFMG.

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João: surpreendeu-se com as discussões constantes dos ateliês, pensar um novo modelo

requer também um entendimento do aprender hoje. Entende que temos um novo sistema de

aprendizado. Vê a flexibilidade da UFMG com bons olhos, a quebra de pré-requisitos em

algumas universidades, assim como o BI na UFBA. Coloca uma proposição: a UFBA é a única

faculdade de arquitetura que se encontra na área de exatas.

Alex: acredita ser importante para a construção do projeto pedagógico identificar as

necessidades contemporâneas, ou seja, pensar quais são as necessidades contemporâneas.

Qual a demanda que impulsiona determinados temas. Definição de eixos e temas que

abrangem o alunato. Um ponto positivo da UFMG consiste na integração de humanas e

técnicas. Participou do projeto pedagógico do Sergipe, dependendo do período em que o

aluno se encontrava, era pensado um tema central e um terreno era o mesmo para todas as

disciplinas daquele período. O aluno articulava essa integração. Ressaltava que urbano e

conforto determinavam as práticas de projeto de arquitetura. Pensar porque o urbano não se

integra desde o início com as várias disciplinas.

Igor: acredita que deve ser revisto as lacunas que existem na formação dos alunos e estas

revistas.

Patrícia: não tem as ementas. A UFMG pretende dar maior foco ao urbanismo. Também

buscaram não contratar novos professores para abranger essa flexibilidade.

Naia: acredita que o perfil não seja uma questão, mas rever as lacunas assim como foi

colocado por Igor. Os alunos devem ser responsáveis pela integração do conhecimento e

devem provocar os professores para essa integração. O aluno é um grande construtor de seu

currículo e não a instituição. Deve-se observar, no entanto se os conhecimentos estão

amadurecendo. Gosta muito da proposta dos ateliês integrados da UFRJ, que são momentos

de checar como andam esses conhecimentos, algo que falta na proposta flexível de UFMG.

Muito mais que necessidade, é dar ao aluno a possibilidade de perceber necessidades.

Thais: Qual a diferença de Projeto Político Pedagógico e projeto pedagógico? Quais as cargas

horárias? No caso da USP, como se dá a integração da pós com a graduação? Laboratórios

urbanos propondo disciplinas?

NAIA: faz um esclarecimento, todos projetos pedagógicos estão enquadrados no que são as

diretrizes do MEC.

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Akemi: a UFMG tem dois cursos, noturno e diurno, qual a diferença e porque diferenciar?

Sente necessidade dos alunos do noturno fazerem atividades no período vespertino, por uma

demanda da própria disciplina. Como define a carga horária das atividades de extensão?

Atividades práticas como isso é extensível à sociedade? Integração da pós-graduação e da

graduação como acontece? Como se dá a escolha dos professores para o TFG para que não

fiquem alunos sem orientador.

Daniel: Acha difícil essa liberdade de formação, falou-se muito de integração entre as

disciplinas e na busca por essa formação ampla e o mais completa possível. Menos carga

horária implica em menos conhecimento; falta de integração com a Belas Artes é ponto

negativo, deficiente o entendimento de formas, a abstração do desenho é muito importante e

sentiu falta enquanto aluno da UFBA. Acha que não deve buscar um perfil de arquiteto que se

quer formar e dar uma base para instrumentalizar o aluno. A UFMG é uma escola de

arquitetura e design como acontece essa formação?

Patrícia: São distintos noturnos e diurnos, mas não é claro no projeto como são essas

diferenças. Em relação à pesquisa, o projeto pedagógico não deixa isso claro. Entende que o

professor deve levar sua pesquisa de extensão para a sala de aula. Não existe integração entre

pós-graduação e graduação. A carga horária é a mínima estabelecida pelo MEC. Não vê

interdisciplinaridade na UFMG.

Naia: o noturno na UFMG não tem nada a ver com o diurno. O noturno é todo focado para a

habitação de interesse social e completamente informatizado. Foi organizado por Maria Lucia

Malard. Entende que o rebatimento nos projetos de extensão parte de uma ponte entre a

pesquisa de determinado professor que a leva para a graduação.

Marina: não deixam claro se político ou apenas pedagógico. Carga horária de 5800hs; existem

os laboratórios de graduação e os laboratórios que são os grupos de pesquisa. O que está

sendo discutido na pós-graduação deve motivar disciplinas na graduação.

Lidia: existe pouca relação entre a pós-graduação, extensão e a graduação na UFRJ; Pouco foco

em questões sociais. Um ponto positivo é que nos últimos anos a faculdade inteira trabalha

uma mesma área.

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Bonfim: Fala positivamente sobre o ateliê e considera, como ex-aluno da UFBA, que foi uma

experiência positiva. Fica preocupado com uma mudança muito radical. E acredita ser

importante questionar o que está acontecendo atualmente dentro dos ambientes dos ateliês.

Cibele: o curso noturno da UFMG tem um currículo mais aberto. Os alunos da pós-graduação

podem propor disciplinas para o noturno, havendo inclusive uma bolsa para ministrar essas

disciplinas no noturno. A integração de design e arquitetura na USP se dá no primeiro ano.

Relata que há uma Universidade, aqui no Brasil, onde as atividades do escritório modelo

entram como disciplina.

Professora Naia finaliza-se a mesa.

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Mesa 03: o arquiteto urbanista visto pela sociedade

Coordenador mesa: DEA

Relatoria: Nayara Cristina Rosa Amorim

CAU

José Roberto Geraldine Junior

[Conselheiro Federal e Coordenador da Comissão de Ensino e Formação do CAU/BR]

Raul Nobre Martins Jr

[Vice Presidente e Coordenador da Comissão de Exercício Profissional e Fiscalização]

Valdinei Lopes do Nascimento

[Comissão de Ensino e Formação]

IAB

Solange Araújo

[Presidente IAB-BA]

Residência AU+E/UFBA

Maurício Ramos

[Coordenador da disciplina Técnicas e Metodologias para Projetos Participativos]

Experiências em Escritórios de Arquitetura

Floriano Freazza

[SSA Arquitetura LTDA.]

Experiência em Governo

Maria Teresa Gomes do Espírito Santo

[Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia – SEDUR]

DEA

A coordenadora de mesa Lúrian Sodré inicia a sessão as 14:50h apresentando todos os

componentes da mesa, agradece a participação de todos e esclarece que cada instituição

representada terá 30 minutos para tecer sua fala. Passa a palavra para o coordenador de mesa

Lucas Castro que coloca três pontos para nortear as falas e discussões dos convidados:

Legislação: Os preços mínimos das tabelas de preços de projetos de arquitetura não

contribuem para excluir parte da sociedade que não pode pagar por esses preços?

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Perfil do Egresso: Abordando o fato de que não se é perguntado a sociedade nem ao

aluno que perfil de arquiteto eles precisam ou/e querem ser.

A sociedade conhece o arquiteto urbanista? Abordando a questão de a sociedade não

ter contato com o profissional arquiteto e a imagem que a mesma tem da profissão é

baseada no que a mídia apresenta.

Representante do IAB: Solange Araújo

SOLANGE ARAÚJO

A representante inicia sua fala a partir de alguns depoimentos que respondem à questão: “O

que se espera do profissional arquiteto? ”, tendo como fonte um texto do site Archdaily

(http://www.archdaily.com.br/br/780549/25-profissionais-contam-o-que-esperam-da-

arquitetura-em-2016).

Solange defende a habitação para todos, uma necessidade da passagem do discurso político

para um discurso de ação. Que a arquitetura se torne mais politicamente engajada. Que a

faculdade forme profissionais que tenham uma visão crítica da cidade e com sensibilidade para

perceber os processos e artimanhas aos quais estamos submetidos, profissionais capazes de

produzir uma arquitetura de interesse público nas diversas áreas (habitação, saúde,

educação...).

A representante aborda problemas como os interesses da classe alta se sobreporem as

necessidades da população, burlando leis como a LOOS (Lei de Ordenamento e Ocupação do

Solo), o PDDU (Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano) e as leis de proteção do Patrimônio

Histórico. Como por exemplo na área de borda marítima de Salvador, descrita como APCP

(Área de Proteção Cultural e Paisagística) pelo PDDU onde a verticalização deveria ser

controlada. No texto da lei consta uma área e na poligonal apresentada no mapa essa área é

bem menor, abrindo margem para infrações. Solange indaga se os profissionais que se

submetem a fazer esses projetos que infringem as leis urbanísticas não deveriam ser punidos.

A questão do tamponamento dos rios em Salvador em um momento onde o mundo vem

fazendo o movimento inverso, abrindo os rios. Os arquitetos estão se impondo contra essas

ações? O arquiteto precisa assumir o protagonismo na transformação das cidades, ditando

padrões, demandas e modelos e não se submeter a situação. É necessária uma relação com a

natureza, menos romântica e mais sustentável, abordando aspectos como a escolha dos

materiais, uso da iluminação natural, reciclagem, reaproveitamento de água e tecnologias

sustentáveis.

A preocupação do IAB para que os projetos públicos sejam todos feitos a partir de concursos

de projetos, de maneira mais democrática. E que as obras não sejam feitas através de RDC

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(Regime Diferenciado de Contratação), onde grandes construtoras ganham a obra sem

apresentarem previamente um projeto.

Finaliza sua fala defendendo que é a partir do PROJETO que podemos reestruturar o país pós

crise, tendo qualidade nas obras, controle de gastos públicos e técnicas construtivas de

qualidade. Arquitetura é uma postura social.

JOÃO MAURÍCIO RAMOS

Representante da Residência Em Assistência Técnica

João Mauricio inicia apresentando o processo histórico da assistência técnica no Brasil.

Mostrando a importância da Lei 11.888/08 que garante assistência técnica pública e gratuita

para a população de baixa renda diante da segregação socioespacial e exclusão urbanística em

que vivemos, principalmente nas metrópoles brasileiras, como é o caso de Salvador onde 70%

da ocupação é informal. A população está tomando consciência do direito a cidade, vemos isso

nos manifestos sociais de 2013 por cidades melhores.

Nesse contexto histórico em 2013 foi fundada na FAUFBA a Residência em Assistência Técnica

em Habitação e Direito a cidade. O representante apresenta a lista de disciplinas do curso, a

metodologia de abordagem e de funcionamento das mesmas, além dos docentes

credenciados. A residência tem contribuído para desmistificação da arquitetura e do

urbanismo nas comunidades em que tem trabalhado, a turma de 2013/2014 trabalhou em 8

comunidades desenvolvendo 20 projetos, a turma de 2015/2016 trabalhou com 7

comunidades e desenvolveu 24 projetos. Esses projetos são doados a comunidade.

A Residência em Assistência Técnica aborda o conceito de moradia para além da casa, o direito

a cidade. Somando TEORIA, PRÁTICA e PROJETO.

João Mauricio finaliza sua fala enfatizando a necessidade de cada vez mais a Assistência

técnica estar presente nas disciplinas da graduação e apresenta alguns exemplos onde isso

vem acontecendo: Escritório Modelo (Curiar), Empresa Jr. (Projecta), Workshop “Que cidade é

essa?”, disciplinas de ACCS (Ação Curricular em Comunidade e em Sociedade), atividades de

extensão e alguns componentes curriculares.

FLORIANO FREAZZA

Representante Dos Escritórios De Arquitetura

Floriano inicia sua fala lembrando que não existe uma entidade que represente os escritórios

de arquitetura, existe apenas o sindicato que os representa enquanto profissionais

autônomos.

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Referindo-se a pouca adesão dos profissionais nas causas coletivas Floriano pontua que é

necessário que os arquitetos deixem de lado o ego e parem de se comportar como

“semideuses” para uma desmistificação da profissão.

Direcionado sua fala para o IAB Floriano afirma que com relação aos concursos de projetos

públicos é necessário criar mecanismo para que os escritórios pequenos também tenham

condições de concorrer e não só as grandes empresas. Como a possibilidade de contratação

através de consórcios. Outra coisa pontuada com relação aos concursos é que o usuario não

participa dessa escolha, não seria o caso de trazer sempre os melhores projetos do concurso

para um debate aberto com a comunidade.

Com relação a disputa entre mercado e academia é necessária uma aproximação mais

saudável de ambos os lados, para que o os profissionais do mercado possam contribuir com a

academia e a academia com o mercado. Sobre as demandas de formação para que o

estudante venha a atuar nos escritórios Floriano observa que os estudantes saem da faculdade

esperando um retorno financeiro muito rápido, sem passar pela maturação profissional.

Com relação ao Projeto Político Pedagógico aponta a necessidade de garantir que as disciplinas

complementares (topografia, conforto...) sejam contempladas nos projetos. E que questões

burocráticas de aprovação e implementação de projetos também sejam abordadas.

MARIA TERESA GOMES DO ESPÍRITO SANTO

Representante da SEDUR

A respeito das demandas para o arquiteto atuar no poder público, as principais são: análise e

aprovação de projeto, compatibilização de projetos, execução de políticas públicas,

planejamento urbano, relações paisagísticas, patrimônio histórico e conforto ambiental.

Mobiliário de interiores não é uma demanda presente no poder público.

Sobre o projeto Escola Sem Partido a representante afirma que a universidade precisa se

posicionar politicamente. Estamos vivendo um processo não consolidado de democratização, a

universidade é o espaço da execução das políticas públicas, precisamos assumir um

compromisso com a mudança da sociedade. O processo de cotas foi um ganho para quebrar

um pouco dessa exclusão, trazendo mudanças na estrutura das universidades.

Sobre como a sociedade vê o arquiteto que atua no poder público, nesse setor os profissionais

de várias áreas perdem um pouco da identidade, e os arquitetos também passam por isso. A

sociedade vê os servidores públicos apenas como representantes do governo, não vê as

diferentes profissões, as únicas exceções são os engenheiros (geralmente homens) e as

assistentes sociais (geralmente mulheres), essas duas profissões ainda conseguem manter um

pouco da identidade enquanto profissional.

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A respeito dos elementos que devem ser pensados e introduzidos no PPP e nas disciplinas:

assistência técnica, arquitetura popular, saberes tradicionais, gestão participativa, estudo e

elaboração de planos diretores e legislação urbanística, uma maior abordagem da escala

urbana, possibilidade de continuidade e manutenção de projetos, estética (e suas

possibilidades de execução) e maior multidisciplinariedade, maior contato com outras

profissões.

RAUL NOBRE MARTINS JR.

Representante do CAU

O representante afirma haver um excesso de academicismo nas faculdades e uma carência de

profissionais com experiência de projeto e conhecimento prático. Pontua que não podemos

deixar de lado a constante falta de recursos a que as faculdades públicas estão sujeitas.

Aponta a necessidade de diferenciar o TFG (Trabalho Final de Graduação) de uma monografia.

O TFG precisa apresentar projetos, deve ser um trabalho do oficio. A teoria tem o papel de

complementar o projeto, ela não deve ser o elemento principal.

O EAD é um problema eminente para o ensino de arquitetura, nem todas as disciplinas podem

ser ensinadas a distância, como as disciplinas de projetos. Já algumas disciplinas, como as de

história por exemplo poderiam até ganhar com esse tipo de ensino, pois alguns recursos

visuais ajudariam muito na visualização de alguns conteúdos.

Sobre a questão de como o arquiteto é visto pela sociedade, é necessário apresentar a

profissão a sociedade, construir essa imagem.

FERNANDO JOSÉ DE MEDEIROS COSTA

Representante do CAU

Fernando Costa inicia pontuando a necessidade de unirmos docentes e discentes para

discutirmos um novo Projeto Pedagógico, depois esclarece sobre os trabalhos que o conselho

vem desenvolvendo.

O CAU nos seus primeiros anos de Conselho de desdobrou na tarefa de cadastramento doas

arquitetos urbanistas para saber quantos somos e onde estamos, não tínhamos esses dados.

Agora o CAU está em um outro momento, de fazer com que sociedade saiba quem é o

arquiteto, contratamos uma pesquisa do Jornal Data Folha, 2015 para entender como a

sociedade vê a profissão.

O CAU está trabalhando em um projeto que visa avaliar as faculdades de arquitetura que se

candidatarem a essa avaliação para saber como esse profissional arquiteto está chegando no

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mercado de trabalho. Não é intenção do CAU fazer o papel do MEC, mas colaborar com a

academia.

Sobre o ensino a distância, ela é uma realidade que precisa ser discutida e revista. Como esse

EAD vai ser implementado? Qual a qualidade desses cursos? As instituições para oferecerem o

curso vão precisar estar credenciadas.

Fernando Costa cita a experiência da integração curricular nas disciplinas de ateliê na

Universidade Federal do Pernambuco- UFPE, como um exemplo de inovação que vem sendo

bem-sucedida.

VALDINEI LOPES DO NASCIMENTO

Representante do CAU

Valdinei sede seu tempo de fala para que Fernando Costa possa complementar sua fala.

Depois fala brevemente que atualmente demos 21 cursos de arquitetura na Bahia, destes 10

estão em Salvador, a maior parte desses cursos é oferecido por instituições privadas (18

cursos) e nessas instituições os PPP não são discutidos, o assunto não chega aos estudantes,

nem a comunidade e isso é bem problemático.

DEBATE

Lúrian (Presidente do DEA e estudante de graduação) - Retomando a frase: “mais que um

arquiteto um engenheiro”, a campanha de ACM Neto negligenciou a profissão dos arquitetos

quando propôs a criação de um escritório de engenheiros para ajudar a população em

questões de infraestrutura urbana. Qual a posição do Conselho, do IAB e da SEDUR em relação

a isso?

Naia Alban (Diretora da FAUFBA) - Sobre o TFG não poder ser teórico por ser uma

representação do “oficio” em quanto projeto, como colocado pelo CAU, discordo. Existe uma

grande relação do oficio com o pensar. E para dominar o oficio completamente, todas as

atribuições, seriam necessários no mínimo 5.000 horas, ou seja, não existe essa carga horaria

aqui na FAUUFBA e seriam necessários anos de profissão para se atingir isso. Apoio a

possibilidade de TFG’s teóricos sim! E baseado nas pesquisas que apontam para onde estão

indo nossos arquitetos, observasse que apenas 10% se torna arquiteto de prancheta. Gostaria

de saber qual a posição do CAU em relação a isso?

Isabel (Professora da FAUFBA) - Gostaria de colocar que a Resolução de CAU coloca o TFG

como técnico-cientifico e não é só técnico. Gostaria se saber sobre a escala do urbanismo no

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CAU, assunto pouco colocado pela mesa. E sobre a resolução 2 do MEC, que prevê um exame

da ordem para o exercício da profissão da ordem, mais uma vez é uma redução da profissão ao

projeto. Não atuo na área de projeto e nem por isso não sou arquiteta. Se não mudarmos

nossa posição, somos nós que vamos acabar com nossa profissão diante da sociedade.

Lucas Castro (Estudante de Graduação) - Gostaria de direcionar minha pergunta

principalmente a Maria Teresa, como eu enquanto estudante de arquitetura posso intervir no

espaço da universidade e também fora dela nos projetos da prefeitura, do Estado ou União?

Como participar desses projetos ou dessas ações?

Gabriela Gaia (Professora da FAUFBA) - Sobre o que foi colocado pelo CAU a respeito do ensino

de arquitetura por EAD, especificamente das disciplinas de história, esse tipo de ensino não vai

contribuir ainda mais para que muitos discursos e perspectivas da história, além da análise

crítica sejam ainda mais visibilizados? Sobre a residência em assistência técnica pergunto

porque não está mais presente na graduação. Sobre o CAU estar querendo assumir um espaço

que não é dele, e atualmente é do MEC, porque a academia não está sendo consultada?

Ligia Quieto (Professora da FAUFBA) - Essa mesa é para tratar como o arquiteto urbanista é

visto pela sociedade, mas a sociedade não está representada na mesa o que temos são vários

arquitetos dando um panorama de onde atuar na sociedade. A função social do arquiteto na

cidade tem se restringido ao ensino na academia, é preciso a construção dessa dimensão, uma

politização do campo, mais mobilização, o que não vem sendo uma questão para o CAU. Sobre

a produção da cidade: “qual é o lugar do arquiteto urbanista em um planeta de favelas? ”, o

encolhimento do campo de atuação é reflexo desses direcionamentos, por isso também coloca

a necessidade de uma maior aproximação entre a assistência técnica e a graduação.

Eduardo Rocha (Professor da FAUFBA): Sobre o CAU dizer que existe um excesso de

academicismo, me parece contraditório porque na cidade o que temos é um mínimo de

pensamento e de academia. Sobre as disciplinas de histórias serem colocadas como as mais

possíveis de serem ensinadas a distância, discordo. Assim estamos reforçando a ideia do

professor como dono da razão, e detentor no conhecimento, não ensinando o aluno a pensar,

a questionar, a ter um pensamento crítico. Se esse é o posicionamento do CAU a respeito do

ensino das disciplinas de história, esse conselho não me representa.

André O’Dwyer (Estudante de Graduação): Sobre a discussão se o TFG dever ou poder ser

totalmente teórico é preciso antes pensar qual profissional esse aluno quer ser, em que área

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do mercado ele quer atuar. Estamos condicionando os TFG’s a projetos e detalhamentos e

quando o aluno decide fazer uma análise urbana acaba ficando condicionado a fazer

detalhamentos que nada contribuem com a escada de abrangência do trabalho, como por

exemplo projetar um grande parque e ter que fazer detalhamento de um quiosque. Essa

imagem do arquiteto como centralizador de decisões sobre a cidade, a obra, o projeto, o

detentor do conhecimento tem que ser revista. Esse papel do arquiteto como o que traz as

respostas e não como quem faz as perguntas. E o TFG tem que contribuir para aa mudança

dessa imagem, se abrindo para possibilidade como por exemplo experimentação de

metodologias, arquitetura participativa, experimento de novos materiais.

RESPOSTAS DA MESA

Devido ao tardar da hora a mesa foi fechada para mais perguntas e as respostas precisaram ser

mais sucintas e breves.

Solange Araújo (Representante do IAB): Sobre a pergunta de Lúrian, a área de infraestrutura

tem campos que são da engenharia, quando o edital de um concurso é aberto em uma área

onde o arquiteto pode atuar e mesmo assim a profissão não está contemplada no edital o IAB

atua e recorre contra esse edital.

Historicamente o CAU dita as atribuições da profissão, e o ensino da arquitetura sempre veio

sendo direcionado ao projeto. Sempre ocorreu essa ruptura entre a graduação e a pós-

graduação, entendendo a pós como o espaço das experimentações teóricas e metodológicas.

O ensino a distância de arquitetura e urbanismo não é possível e o MEC não tem o poder de

decidir isso, as entidades tem que se envolver para que isso não venha a acontecer.

Raul Nobre (Representante do CAU-BA): Quando a arquitetura é esquecida nos editais o CAU

também vem se posicionado e atuando contra. Caso alguém tenha se deparado com uma

situação dessas pode comunicar ao CAU que o conselho toma as providências.

Sobre a fala sobre o “oficio”, o representante se refere a esse termo como o conhecimento

necessário para exercer a profissão, não foi uma tentativa de reduzir a profissão a parte

prática. A respeito do TFG o aluno tem que demonstrar essa habilidade projetual sim, mesmo

que não use depois na profissão, essa é uma questão legal, para ser habilitado pelo conselho.

O TFG é o colamento do conhecimento do curso, é fundamental não formarmos arquitetos

teóricos, é isso que nos diferencia das outras profissões que também analisam a cidade.

Retifico minha fala sobre o ensino a distância das disciplinas de história, realmente o

pensamento crítico não se ensina a distância. O que quis dizer foi que alguns recursos visuais,

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como por exemplo o projeto de uma catedral, poderiam ser bem trabalhados no ensino a

distância.

Fernando Costa (Representante do CAU-BR): É importante lembrar que o CAU não tem uma

posição formal ainda sobre o EAD, o que foi colocado aqui na mesa foi o parecer de alguns

conselheiros, existem 11 conselheiros com opiniões distintas, quando o CAU se manifesta ele

faz isso através de resoluções. De qualquer forma a questão do EAD é importante de ser

discutida para não sermos pegos de surpresa. O CAU ainda não se posicionou, mas uma coisa é

certa não apoiamos o ensino de arquitetura totalmente por EAD.

Maria Teresa (Representante SEDUR): A representante pede ao aluno Lucas Castro para

explicar melhor sua pergunta, e depois de uma melhor reformulação da pergunta por parte do

aluno ela responde.

Para conseguir vencer a burocracia e conseguir atuar ou participar dos projetos do governo se

tem um limite, estamos falando de um estudante, ele ainda não tem as atribuições

profissionais. Mas essas parcerias entre a faculdade e o Estado ou município são possíveis,

temos alguns exemplos como os Planos de Bairro que foram requisitados a UNEB, UFBA e

UNIFACS, os planos foram elaborados, mas nesse caso não chegaram a ser executados, por

problemas de descontinuidade política. Mas exemplo existem e é possível sim estabelecer

essas parcerias.

A presidente da mesa agradece a participações de todos e encerra a mesa as 18:30h.

Salvador 01 de dezembro de 2016.

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Mesa 04: Campos de saber e a grade atual

Coordenador mesa: Gabriela Soriano

Relatoria: Edson Fernandes

Campos de saber e o Curso Noturno

[Colegiado Noturno: Anna Karla Trajano de Arruda]

Campos de saber e o Curso Diurno

[Colegiado Diurno: Thais de Bhanthumchinda Portela]

Escuta aos alunos Curso Noturno

[Núcleo Docente Estruturante: Arivaldo Leão de Amorim; Márcia Rebouças Freire; Márcia

Genésia de Sant’Anna]

A sessão tem início às 18h30min. A Coordenadora da Mesa cumprimenta os presentes e passa

a palavra ao NDE para que apresente o trabalho de avaliação do curso noturno que vem sendo

realizado. Em seguida, as coordenadoras dos colegiados irão apresentar dados sobre Projeto

Pedagógico e funcionamento dos cursos noturno e diurno.

ARIVALDO LEÃO DE AMORIM, MÁRCIA REBOUÇAS FREIRE e MÁRCIA GENÉSIA DE

SANT’ANNA

Com a palavra, o professor Arivaldo Amorim explica, primeiramente, em linhas gerais, o que é

o Núcleo Docente Estruturante, sua composição, e resume as atividades realizadas pelo NDE

desde a sua constituição, em abril de 2016, conforme a seguir:

O professor Arivaldo relata o seguinte:

a) que o NDE é formado por cinco professores (Ana Fernandes, Arivaldo Amorim, Márcia

Freire, Márcia Sant’Anna e Nivaldo Andrade) e tem a função de contribuir com a

Direção da FA com avaliação e diretrizes para o adequado funcionamento dos cursos

de graduação, o que, no seu entendimento, significa um esvaziamento do papel dos

colegiados.

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b) que o NDE da FA surge sob a demanda MEC, pois a existência e funcionamento deste

núcleo é um item a ser avaliado pela comissão de avaliação do MEC que virá avaliar o

curso noturno.

c) que nesse contexto foram realizadas reuniões com um número expressivo de

discentes do curso noturno, em duas noites do mês de junho de 2016. Na primeira

noite com os alunos que ingressaram entre 2009 e 2012 e, na segunda noite, com os

que ingressaram entre 2013 e 2015.

d) que nestas reuniões foram apresentadas as mais diversas queixas por parte dos

alunos, como: preços praticados pela Cantina e pelo serviço de Reprografia; Segurança

dentro da FA; problemas com os professores; etc.

e) que o NDE ainda não realizou o seu Relatório destas reuniões, pois teve dificuldades

em se reunir; dois professores que compõem o núcleo entraram em afastamento e o

núcleo precisa se recompor.

A professora Márcia Sant’Anna complementa informando que ainda foram constatados os

seguintes problemas:

a) elevada evasão do curso noturno;

b) demora para os alunos chegarem à formatura por conta de atraso significativo no

andamento do curso decorrente, de estrutura (curricular?) e disciplinas anuais;

c) obrigatoriedade de repetir disciplina sempre com o mesmo professor, por conta do

número reduzido de professores;

d) queixas de relacionamento entre professores e alunos.

E relata que é preciso repensar a estrutura do curso noturno no Projeto Político Pedagógico

com uma grade curricular próxima/semelhante entre os dois cursos. Adverte que tudo isso

precisa de reflexão e amadurecimento e que existem questões que não podem continuar

como estão.

O professor Arivaldo complementa dizendo que todas as disciplinas (dos dois cursos?) devem

ser as mesmas; que disciplinas anuais prejudicam os alunos e que é preciso ter mais disciplinas

optativas para tornar a grade menos rígida.

A professora Márcia Freire apresenta uma compilação dos relatórios das comissões discentes

de cada ano, apresentadas ao NDE em seguida às duas reuniões de junho. Esta compilação é

uma síntese do que fizeram os alunos, mas contém repetição de conteúdos das diversas

comissões em todos os temas abordados.

Os relatórios identificam Pontos Fortes e Pontos Fracos de itens como Grade Curricular,

Recursos Humanos; Planejamento Acadêmico, etc.

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A síntese ainda é muito extensa e foi lida integralmente pela Prof. Márcia Freire que afirma

que não tabulou os dados para dão distorcer o que foi dito pelos alunos; que existem grandes

dicas nos relatos que podem contribuir para melhorias e que é preciso realizar avaliação nos

mesmos moldes com os alunos do curso diurno.

Recomenda-se que uma cópia deste documento seja anexada a esta relatoria, mas, a título de

exemplo, entre os Pontos Fortes é apontado que a Grade Curricular “é bem avaliada, porém há

muito a ser feito” e entre os Pontos Fracos na Grade Curricular estão “disciplinas de projeto

anuais”, “baixa carga horária de urbanismo”, “elevada carga horaria de atividades

complementares”, “grade curricular amarrada”, etc. Em Recursos Humanos, com Ponto Fraco

está a questão de relacionamento entre alguns docentes e discentes.

O professor Arivaldo, encerrando a exposição do NDE, complementa reafirmando que as

queixas dos alunos são de naturezas diversas e que o NDE deverá encaminhá-las para os

órgãos competentes. Dentre as queixas, o alegado assédio professor versus aluno deverá ter

encaminhamento imediato para providências a quem de direito.

ANNA KARLA TRAJANO DE ARRUDA

Em seguida, a Coordenadora da Mesa passa a palavra para a Coordenadora do Colegiado do

Curso Noturno, professora Anna Karla, que faz a sua exposição relacionando Campos do Saber

e a Grade Atual do Curso com a seguinte estruturação:

1- Curso Noturno – Dados Gerais do Curso: titulação; número de vagas; base legal;

duração, etc.;

2- Proposta de Criação do Curso Noturno (2008/2009): Projeto Pedagógico; estrutura;

grade curricular. Apresenta gráficos da grade curricular e cargas horárias dos Núcleos

de Conhecimentos de Fundamentação; de Conhecimentos Profissionais e de Trabalho

de Conclusão de Curso, que totalizam 4.010 horas.

3- Base Legal: Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Arquitetura

e Urbanismo (MEC);

4- Material disponível na PROGRAD: sobre Projeto Pedagógico do Curso, este deve ser de

construção coletiva - o que está sendo seguido, a começar por este workshop.

Também se deve apresentar síntese de princípios, diretrizes e prioridades

estabelecidas de forma contextualizada no âmbito institucional e (?);

5- Avaliação para Reconhecimento do Curso Noturno: requisitos legais e normativos:

devem ser atendidos para atender às cotas previstas, de toda natureza.

6- Criação do Curso Diurno/ criação do Curso Noturno: discutir o melhor curso; os dois

tem qualidades e defeitos e é preciso avançar.

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7- Importância da relação do NDE com os alunos: os alunos e a Representação Estudantil

devem colocar as suas demandas, pois algumas questões expostas ao NDE não foram

colocadas ao Colegiado e o que que foi apresentado pelos alunos ao Colegiado teve

seu encaminhamento devido.

THAIS DE B. PORTELA

Após a exposição da professora Ana Karla, a Coordenadora da Mesa passou a palavra para a

Coordenadora do Colegiado do Curso Diurno, professora Thaís Portela, que iniciou a sua

exposição falando sobre a importância de se conhecer os regulamentos do Colegiado, da FA e

da UFBA e:

a) que se deve interpretar a organização institucional da FA para incluir o NDE e que o

NDE deve ser o mentor do processo (do Projeto Político Pedagógico?);

b) que é preciso entender se é viável fazer um único PPP para os dois cursos;

c) que o PPP compete ao Colegiado, mas deve-se incluir toda a estrutura da FA em sua

discussão;

A apresentação da professora Thaís Portela segue com uma explanação sobre a estrutura

do Colegiado, com as características curriculares do Curso Diurno e com uma comparação

com estruturas curriculares de outros cursos de arquitetura e urbanismo de outras

instituições:

1- A representação no Colegiado é por Campos de Saber (cada campo do saber vai

compor o colegiado);

2- Os Campos do Saber, pela Resolução 02/2010 CES/CNE, estão nos Núcleos de

Conhecimentos de Fundamentação e de Conhecimentos Profissionais, que,

juntamente com o Trabalho de Investigação Técnico-científica, constituem os

núcleos de formação;

3- Na representação do Colegiado há, atualmente, algumas lacunas;

4- O curso é de Formação Generalista, com oferta de 120 vagas anuais;

5- Há divergência, em documentos diversos sobre a carga horária do curso, a saber;

a. 4.050 horas no site na FAUFBA;

b. 4.390 horas no Projeto Pedagógico;

c. 4.672 horas no sistema e-mec;

d. 4.774 horas na soma das cargas horárias efetivas das 38 disciplinas da

grade curricular (análise feita pela professora Thaís)

6- Dados comparativos:

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a. USP: 5.880 horas (créditos aula/créditos de trabalho) + 300 horas de

estágio curricular;

b. UFMG (diurno): 3.780 horas

7- Grade Atual FAUFBA:

a. as disciplinas de Matemática e Física Geral não são contempladas em

Campos do Saber;

b. Alguns dados de carga horária atual: Disciplinas do Grupo de Tecnologia –

442horas (9,3% do total); disciplinas de Sistemas Estruturais – 7,9% do

total; Disciplinas Projeto - 34,2% do total;

c. Número de professores efetivos: 89; número de professores substitutos:

15.

8- Sistemas de Avaliação do MEC: Planejamento e Avaliação Institucional: temos que

ter um instrumento efetivo de avaliação interna.

Em seguida, a professora Gabriela Soriano, mediadora da mesa, abriu as inscrições

para o público presente para iniciar a discussão.

DEBATE

Mônica - professora da UFJF e doutoranda cujo projeto de Tese trata do tema do workshop;

participou da reestruturação do Projeto Pedagógico do curso de Arquitetura e Urbanismo da

UFJF por ocasião da avaliação do MEC, em 2012; na UFJF foi realizado um Plano Estratégico

com vistas a aprofundar o diagnóstico para a visita do MEC; reflexões e busca de soluções:

Perguntas:

a) A FAUFBA realiza PIT? Funciona?

Resposta do Prof. Arivaldo Amorim. A FAUFBA realiza PIT, mas não funciona.

b) Existe horário fixo para as disciplinas ao longo dos anos?

As professoras Anna Karla e Naia se manifestaram apresentando o

funcionamento dos horários das disciplinas dos cursos diurno e noturno. No

diurno, os horários podem variar em função das necessidades dos professores;

no noturno, os horários variam em função da oferta anual de disciplinas e de

restrições pelo número reduzido de professores versus carga horária do

professor;

A professora Mônica relata que o mesmo ocorria com a UFJF e foram identificados problemas

em função dos horários que variavam; as soluções foram na seguinte direção: 1) Discutir o PIT;

2) Definir horários fixos para as disciplinas. Com isso, foi feita uma discussão aberta, mas se

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constatou baixa presença dos alunos. O mesmo problema a professora Mônica identifica no

workshop da FAUFBA e propõe uma análise crítica sobre essa baixa participação.

Felipe Tavares (professor FA) – sobre a localização de Matemática e Física referida pela

professora Thaís, argumenta que esta é uma característica de cursos de outras épocas e que

deve haver uma adequação das disciplinas à realidade da FA.

Lucas (aluno da FA) – questiona o Sistema de Avaliação Docente pelos discentes (SIAV) dizendo

que este é meramente ilustrativo; informa que a palestra de um professor sobre o SIAV diz que

somente 5% dos alunos respondem ao SIAV. Afirma não ter um feedback para os professores

sobre a avaliação discente.

Naia Alban (diretora da FA) – pergunta aos alunos do curso noturno que se queixam da grade

rígida e de que ficam "dessemestralizados" se o seu entendimento sobre a questão está

correto: querem ter mais flexibilidade e fazer o curso no tempo mínimo de seis anos? Entende

a professora que para ter mais flexibilidade e fazer o seu próprio caminho no curso é preciso

estar disposto a fazer o curso em mais tempo.

RESPOSTAS À 1ª RODADA DE QUESTÕES

Márcia Freire – a) A estrutura atrapalha; b) Professores de Matemática e Física perguntam

como melhorar o ensino para Arquitetura.

Arivaldo Amorim – a) Falta autocrítica aos alunos: não dá para trabalhar 8 horas por dia;

estudar e folgar nos finais de semana; b) Não se discute o PIT: tem que ter cobrança aos

professores; não é problema de currículo (os currículos sãos bons), o modelo institucional tem

que ser mais forte.

Thaís Portela – a) deve-se construir em conjunto o Projeto Pedagógico, fazendo avaliação da

situação atual e propondo melhoria.

CONTINUAÇÃO PERGUNTAS / DISCUSSÃO

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Iago (aluno da FA) – Há muito trabalho em Oficina de Projeto (curso noturno) em relação a

Atelier de Projeto (curso diurno). Há mais exercícios e as cargas horárias em sala de aula são

inferiores.

Maicon (aluno da FA) – As disciplinas de Matemática no curso noturno, do jeito que estão

situadas em termos de conteúdo, são inúteis.

Bruno (aluno da FA) – Alienação dos estudantes quanto ao que acontece na instituição. Baixa

participação nas discussões.

Gabriela (professora FA) – Assédio também o corre no curso diurno. Há falência na relação

ética professores versus alunos.

Alexsandro (professor UFS e doutorando PPGAU) – Na UFS e na UFAL há separação nas

disciplinas de projeto de arquitetura; projeto de urbanismo e projeto de paisagismo;

Rudá (aluno da FA) – Auto avaliação de alunos é nota.

Lucas (aluno da FA) – Avaliação SIAV

Fernando Ferraz (professor FA) – Dá depoimento sobre a importância do ensino de

Matemática para Programação e de Matemática e Física para Estruturas, entre outras.

A sessão foi encerrada às 22h30min.

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Mesa 05: Formação Grupos de Trabalho

Coordenador mesa: Maurício Chagas

Relatoria: Gabriela Leandro

Mesa 06: Encaminhamentos

Coordenadores mesa: Colegiados Diurno e Noturno

Relatoria: Akemi Tahara

[A Mesa 05 propõe a abertura de Grupos de Trabalho sobre temas que o corpo da Faculdade

de Arquitetura entenda ser de fundamental importância para subsidiar a elaboração do(s)

Projetos Políticos Pedagógicos da FAUFBA]

Início: 15h

MAURÍCIO CHAGAS

1. Apresentação da Sessão (Prof. Maurício Chagas)

Proposta de que a sessão se centre em encaminhamentos mais operacionais:

Definição dos temas de grupos de pesquisa e apresentação da pré-proposta já

pensadas pela comissão. Sugestão de 6 grupos para que tais relatórios possam ser

apresentados para o coletivo em um Seminário de Apresentação de Relatórios de

duração de 2 dias a serem programados (proposta de data inicial: 15 de março)

Temas sugeridos pela comissão:

1- Análise crítico-comparativa da Grade Curricular (componentes, conteúdos,

carga horárias, periodicidades, pré-requisitos)

2- Cidade, Arquitetura e Paisagem: novas tecnologias e o ensino do Projeto de

Construção (tecnologias de apreensão da realidade, de representação,

modelagem e simulação de projeto, planejamento, construção e monitoração)

3- O Modelo Atelier: condicionantes, deficiências e potencialidades

(semestralização, integração de conteúdos disciplinares, avaliação)

4 – TFG: objetivo, amplitudes e circunscrições (disposições normativas, temas,

conteúdo, orientadores, examinadores, defesa)

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5 – Novo Regimento e Novo PPP (integração entre modelo de operação

acadêmico-administrativo e modelo didático pedagógico)

6 - FAUFBA: espaço físico, infra-estrutura, equipamentos e apoio operacional

Apresentação da proposta de Seminário de Grupos de Trabalho desenvolvida pela

Comissão

o DIA 01: Apresentações dos relatórios em 20 minutos

o DIA 02: Síntese dos relatórios com as contribuições dos debates +

Apresentação Relatório Final + Encaminhamentos

DEBATE

Gaia: sugestão da inserção das relações éticas entre professores e alunos enquanto GT

Marcia Freire: questionamento sobre o que seria essas novas tecnologias

Mauricio Chagas: esclarece que quando era estudante utilizava outras tecnologias (régua T,

etc.). Hoje, com as mudanças e inserção de novos instrumentos digitais, existe uma

necessidade de dialogar com essa nova realidade (aplicativos e instrumentos que já são

incorporados). Hoje em dia se faz levantamentos digitalizados em modelos tridimensionais em

áreas consolidadas com identificação de diversas propriedades. Ênfase em novas tecnologias.

Marcia Freire: Questiona se se trataria também de Tecnologias de Informação.

Thais Rosa: Pedindo esclarecimento e objetivos de como as questões que foram discutidas no

workshop dialoga com os grupos. As propostas dos grupos têm características diferentes e

abrangentes e outras mais específicas (como espaço físico). Do que surgiu no workshop, como

integração de ensino, pesquisa e extensão, também não estão inseridos, assim como também

não estão colocadas a relação e teoria e prática.

Thais: a ideia da mesa é discutir o que é importante discutir para discutir, para depois cada um

propor o que é importante. Tem que ter um responsável que vá tocar junto com quem vai

fazer a elaboração do projeto pedagógico. Esse momento é o de colher esses vários temas e os

encaminhamentos é de como a gente vai tocar esses temas. O lugar do urbano.

Naia: Se cada um for colocando as questões a gente pode construir uma lista.

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Rodrigo: a partida seria uma proposta dos professores e não do estudante? Como poderíamos

fazer para despertar o interesse dos estudantes. As organização dos estudantes, CURIAR e

DEA, precisa de mais organizações envolvidas? E qual o papel dos ex-alunos? Esse universidade

já formou um monte de gente não vem aqui. Onde essa discussão poderia entrar nesses

grupos de trabalho?

Gabriel: não viu algo que já foi discutido, a relação/formação do arquiteto voltado para

questões sociais e não para o mercado, que entraria também a questão do urbanismo.

Sugestão de criação de sub-grupo para inserir a discussão dos alunos cotista. Flexibilização da

grade e liberdade de escola do aluno. Produção FAUFBA: desde entrada, durante e egresso ser

melhor visibilizada e organizados eventos que pudessem agregar a participação do estudante e

do professor.

Naia: questão que surgiu na disciplina de Solange sobre a demanda dos alunos vinculados à

PROAE. Qual o custo de um ateliê 1? O aluno inscrito na PROAE recebe um valor para custear

os gastos de plotagem, impressão, material, etc. A faculdade tem que parar para pensar,

otimizar os custos, criando parâmetros que tornem viáveis o acesso aos alunos. Relação entre

Matemática, Física e Matemática. Discutir o que é esse conteúdo e que se de fato a gente

pode fazer essa ponte e dar um feedback. Os professores Fernando e Felipe colocaram que

esses conteúdos, aplicados à arquitetura poderiam ter.

João: estranhamento em ter o PPP como um grupo enquanto os GT’s serão para definir o rumo

do PPP. Precisa ter um grupo de trabalho que precisa definir o perfil do regresso.

Ana Karla: Endossa as questões colocadas por João. A necessidade de pensar transversalmente

uma postura filosófica de urbanismo, de arquitetura, mas a gente não tem uma formação

pedagógica. A gente não tem pedagogia. Na proposta que Maurício traz precisa da

participação de alguém da pedagogia, de alguém que possas dar apoio psicológico aos

estudantes e professores também. Nos grupos e temáticas, aonde couber.

Eduardo: Necessidade pensar o urbanismo para além de desenho urbano, mas pensar em

solciologia urbana, antropologia urbana, arte urbana (dialogando com a proposta maus

humanista), não só na questão tecnológica. Pensar a dimensão política, estética, cultural,

social do urbanismo.

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Naia: sugestão: mapear todas as disciplinas da UFBA que trabalham com o urbano para

promoção de aproximação e oferta de disciplinas para o curso de arquitetura. Começar por

construir algumas optativas que dialoguem com essas áreas.

Eduardo: foi falado sobre formação generalista, mas pelo que foi escutado, essa

multidisciplinaridade vai para um âmbito bem maior. Como pensar essa generalidade quando

os alunos estão pensando bem mais, esse perfil do egresso.

Marcos Queiroz: na estrutura proposta, os grupos de trabalho apresentam e depois a síntese e

encaminhamentos. Pode ter um momento de levantamento de questões. Reivindica um

momento de discussão para cada um dos grupos de trabalho. O GT para discutir currículo,

poderia ser depois dos GT’s todos. A necessidade de pensar um GT de metodologia.

Marcelo: em relação à como fiscalizar e seguir o PPP após ele ser decido. Existia um projeto,

mas nada foi seguido. Pode acontecer de decidir um projeto e também não ser seguido. O

aluno reclamaria à quem? Sobre a flexibilização da grade do curso, talvez valesse a pena

separar área de interesse dentro do curso. Se as pessoas não conseguem amarrar isso durante

a formação, pode ser que física e matemática não estejam sendo dadas de formas corretas.

Existem programas e softwares muito desenvolvidos. Ver como esses cursos estão sendo

dados dentro da grade, separando arquiteto de urbanista inclusive.

Érica: questiona sobre o termo “grade”. Propõe a necessidade de pensar “matriz curricular”,

como percurso formativo que traz embutida questões que estão sendo pedidas: distribuição

do aluno em um certo numero de matérias e percursos. Outra sugestão, pensar em 3 eixos:

conhecimento, habilidade e atitude relacionados com a formação do estudante. Outra questão

é pensar no método de aprendizagem, orientar o estudante a aprender. Que métodos

desejamos que sejam desenvolvidos aqui na escola.

Gabriel: Em relação à metodologia com que esses grupos funcionariam. Como seriam

organizados esses grupos e como eles conversariam entre sim para articular. A proposta é que

os grupos tenham uma relação e uma comunicação.

Maurício: a proposta é que sejam feitos encaminhamentos que tenha prazo para entrega de

relatório, um coordenador e cada grupo terá uma metodologia e procedimentos de ação. As

pessoas são diferentes.

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Gaia: sugestão de momentos intermediários

Marcia Freire: em um primeiro momento, discussão geral para uma “matriz”, em uma primeira

instância, e depois outros momentos. O PPP seria uma consequência, poderia ser discutido em

um segundo momento. Até o TFG. Sugestão: discutir o que será discutido em um primeiro

momento e depois, um segundo passo, a gente segue discutindo outras coisas.

Maurício: Está propondo agregar todos os temas e depois ir desenhando.

Naia: (em resposta à Marcelo) O PPP vai ser o que essa escola decidir realizar. Então, qual o

sentido de pensar de antemão quem vai fiscalizar? A universidade é isso. Tudo o que funciona

dentro de uma estrutura pública, é porque um professor tocou fazer. Tudo é assim.

Paula: inquietações. Em relação à humanização do curso, concorda com a fala de Eduardo. No

BI tem uma área chamada “Estudos das Cidades”. Sugestão que seja aberta como optativa

para arquitetura. Incomodo em relação à compartimentação dos campos. Como ver

arquitetura, urbanismo, paisagismo de forma separada? Outra questão, o lugar da extensão na

FAUFBA e o trabalho de Assessoria Técnica. Não há aproximação entre a RAU+E da extensão.

Gabriela Caldas: Ensino das questões Afro-brasileiras e outros saberes e epistemologias

Lurian: Resposta à fala de Paula da necessidade de pensar também nas particularidades em

arquitetura, urbanismo e paisagismo. Crítica em relação ao aproveitamento do espaço da

universidade para apoio aos estudantes que passam tempo considerável no cotidiano na

universidade. Deficiência da estrutura física.

Prof. Pedro: O que é política, princípios, alcance e depois partir para estruturar

especificamente a matriz curricular que responderia ao político que está sendo proposto. A

faculdade tem 50 anos e claro que um novo projeto pode ter rupturas. Sugere um

encaminhamento.

Maurício: está proveitoso assim para captar o que paira em relação as questões que

atravessam o curso

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Isa: representante do colegiado do curso e tem uma pendência discutir a reforma pedagógica

do curso. Todos do colegiado dividiram tarefas, leram, discutiram, etc. Colegiado é uma

instancia legal e tem a competência de discutir os caminhos pedagógicos do curso. Isso tudo

está acontecendo desde quarta-feira porque isso se tornou prioridade. Nós decidimos otimizar

a parte burocrática do colegiado para priorizar a análise do curso de arquitetura. Esse é o

primeiro dos grandes movimentos. Sugestão: fazer um colegiado com discussões mais abertas.

O colegiado é a instância democrática. Quem vai fiscalizar somos nós mesmos no colegiado. A

instância deliberativa depois, vai opinar.

Marcelo: ressalta de entender as instâncias e espaços onde o aluno pode recorrer. É

necessário que o aluno saiba a quem recorrer quando o projeto não for cumprido. Sobre a

separação do curso, a proposta é reduzir para me aprofundar mais (flexibilidade da grade).

Ariadne: reforço na dimensão da participação: formalizar uma garantia de participação

discente em todos os núcleos em todos os espaços. Outra sugestão: ocupar espaços fora da

sala de aula e articular mais os ateliês e disciplinas. Os laboratórios acabaram se tornando

núcleos isolados de alguns professores. Os laboratórios precisam se articular mais.

Necessidade de ocupar mais os espaços da faculdade e da UFBA com a sociedade. Abrir mais

aulas, workshops, etc. Necessidade das atividades complementares estarem inseridas na

matriz curricular, em uma agenda da escola onde os alunos possam participar. Articulação com

os órgãos de classe, disputar os lugares. Grupos como Curiar, DEA, Projecta são fundamentais

para formalizar essa relação com a comunidade. Sobre a RAU+E: como pode estar articulada

com a formação e discussão metodologia sobre processos participativos e outras plataformas.

Sobre a infra-estrutura, a necessidade de ter uma central de plotagem do estudante (infra-

estrutura). Trazer dimensões utópicas ou outras construções estéticas: aparecer a esfera da

arte.

Fernanda (ex-aluna): a importância de ter uma formação completa em todos os campos,

porque para enfrentar o mercado. A faculdade, na formação dela, deu instrumental suficiente

para trabalhar nos vários segmentos que permitiram trabalhar com diversos trabalhos. “Saí

daqui sabendo o que era ser arquiteto”. A formação passou por relação com fornecedores,

outros cursos, outros espaços que não a universidade. Você constrói informação. Hoje eu

forneço informação. “Vê esse arquiteto como um todo”.

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Lua: flexibilização e possibilidade de se especializar ainda na graduação (cursos

complementares de extensão, monitoria, etc.). O tempo na universidade poderia ser suprido

por cursos que estimulasse o aluno a estar na faculdade, mas não só na sala de aula.

Igor: Sobre as experiências com as disciplinas fora, foram muito variadas. As matérias da grade

que são dadas fora da arquitetura são da Poli (em sua maioria) e em geral são marginalizadas.

As matérias fora que são boas, são ofertadas para os próprios grupos. Sugestão que seja

dialogada com os outros cursos. Lacunas da discussão do urbano e do planejamento,

concentrada na disciplina Estudos Sócioambientais. Necessidade de ter ofertas de mais

disciplinas mas de forma mais flexibilizadas. Uma forma seria dar mais flexibilidade. Ênfase do

que seria esse currículo mínimo também para o urbanista.

Lucas: dimensão ético-profissional e como se relaciona com a efetividade do ensino.

Necessidade de discutir prática política e pedagógica. Necessidade de avaliação efetiva e

rebatimento disso na conduta e de atitudes. Sobre a flexibilização, pensar também para

ensino, pesquisa, extensão e empreendedorismo. Porque os alunos não podem propor suas

próprias pesquisas e empreendedoreismo de tecnologias criativas e tecnologias sociais. Como

a unidade pode adentrar as estruturas da universidade e intervir para que haja flexibilização.

Sobre a experiência de campo do arquiteto e urbanista, a ênfase que se dá é em viagens e

contato através de viagens, etc. Porque a arquitetura não pode ter viagem de campo?

Proposta de mapear as especificidades dos professores para que seja mais fácil propor ou

pensar em arranjos outros potentes no aproveitamento do conhecimento do professor na

faculdade. Outro ponto, democratização dos espaços. Que LCAD ou Marcenaria possam ser

mais abertos aos estudantes.

Eduardo Rocha: 3 propostas a partir do incomodo a partir da reclamação dos alunos. Tem um

número de matérias que são instrumentais para que o aluno possa fazer, por exemplo, ateliê.

O conteúdo programático dessas matérias precisam ser retirados do ateliê. São instrumentos

para trabalhar projeto no ateliê. Não se trata de aumentar a carga-horária. Proposta: professor

itinerante. E que urbanismo seja dado lá no início do curso.

Thais Portela: diagrama (ao invés de grade e matriz). Indicação de um tópico “pedagogia”

como um tema de relevo.

Any: entendendo que esse momento é um momento onde as questões represadas estão

sendo colocadas. Necessidade dentre as questões discutidas no PPP, é preciso articulação com

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a conjuntura política atual, redução de recurso, falta de perspectiva de novos concursos para

professores nos próximos 20 anos. PPP como o lugar da função social. A função social se dá no

ensino, pesquisa e extensão na formação do profissional (necessidade de ser problematizada

dentro da grade). Necessidade de buscar contribuições de outros campos de conhecimento

que apresentam outras experiências e modelos (como o curso de direito na UEFS que tem um

curso para assentados 15 dias na faculdade, e 15 em campo). Necessidade também de

incorporar a dimensão do bacharelado, que não está contemplado na formação atual.

Jamile: impacto da questão da segurança com o aprendizado (receio de se deslocar com

notebook). Relação de parcerias possíveis, como a TeTO.

Isa: Discorda da necessidade de dissociar a dimensão do político do pedagógico. Passa pelo

que a universidade vai construir como proposta que vai repercutir na dimensão pedagógica.

Sobre as questões relacionadas às queixas dos alunos que não são ouvidas, acha injusto

porque existe o departamento, o colegiado. “Precisa ter coragem de assumir”. Se trata de blá

blá blá. Acho que estamos no mesmo time. Núcleos como instâncias de ensino voltadas à

questões políticas inclusive essas discussões pedagógicas. O núcleo já uma instância que

existe, aberta á esse tipo de discussão. Em relação à metodologias, não é uma coisa nova, mas

funciona bem em outras disciplinas: “problem/learning”. Pega os problemas e discute

enquanto metodologia. Relacioná-las com as disciplinas técnicas.

Lara: sugestão de pensano processo contínuo de espaços como esse construído no Workshop

PPP, para garantir contínuas atualizações.

Lurian: sobre a participação dos alunos, utilização dos tempos “livres” para atividades tocadas

pelos grupos que atuam na faculdade (CURIAR, DEA, Projecta).

Daniel: necessidade de entender o que é O Projeto Político Pedagógico. Articulação entre Perfil

do Egresso e como é que se alcança esse Perfil (que é o que vai dar norte para a grade

curricular, as disciplinas, a flexibilidade, etc.). Só então, faz sentido que os GT’s específicos se

debruçaram para refinar e encaminhar o PPP.

Renata: Questão sobre o espaço físico que prejudica o processo de trabalho dos alunos (tanto

no horário das disciplinas quanto fora dele).

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Akemi: Sobre os grupos a Tektônica, existe o desejo de que o espaço seja acessível a todos os

estudantes. O próprio processo de conquista do espaço demandou um esforço grande das

pessoas e estão todos convidados a conhecer o espaço. Mas existe na Tektônica uma série de

equipamentos perigosos e também precariamente instalado.

Rodrigo: sobre o corte de verba da universidade, pensar em arrecadação como doação de

livros para a biblioteca, piso novo, pintura de parede, sem depender do governo.

Thais: Propor GT “Políticas de Coletividade”

Ariadne: Sobre o perfil do egresso, em referência à fala de Daniel Sabóya: o perfil pode ser

amplo. Se a gente tivesse um leque maior de optativas, o aluno vai criando sua própria

trajetória, a partir de sua própria subjetividade. A gente precisa garantir uma

instrumentalidade mínima. Sobre as lacunas, referência à Escola da Cidade que tem aulas

abertas. Poderia haver um núcleo de apoio para produção de eventos, que apoiasse

criativamente nessa produção. Outra questão, mecanismos de compra e acesso à bibliografias

novas e a limitação do acervo atual. Outro problema é a comunicação (mão temos um mural).

Maurício encerra as falas. Informa que tentou agrupar as informações em 4 gts.

João Maurício interrompe informando que um aluno estava inscrito e não pode falar.

Wilker: sobre a dificuldade dos alunos em participarem das atividades extras da faculdade

(eventos, por exemplo), em função da não liberação em disciplinas. Também sobre a

possibilidade de pegar matérias fora da faculdade de arquitetura – questão da especificidade

do enfoque para a arquitetura e urbanismo, como pensar essa relação? De que forma o aluno

pode fazer esse trânsito de fato? Aluno que quer contemplar um perfil diferente do oferecido

pelo curso (por exemplo urbanismo), não deveria ter que fazer isso por conta.

Isa: sugestão de excluir espaço físico como GT

Maurício Chagas: Apresenta as tentativas de agrupamento dos temas e é debatido com o

auditório e ajustados os temas dos Grupo de Trabalhos a serem discutidos e encaminhados.

Foram criados 4 Grupos de Trabalho e definidos o professor coordenador para cada grupo (ver

conteúdo no material em anexo).

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Gaia: Sugere que cada grupo de trabalho possa ter autonomia para incorporar mais temas e

ajustá-los.

Thais Portela: Encaminhamentos:

- Propoem que o Colegiado junto com NDE dê continuidade a esse processo e apresente o que

é o PPP a partir do resultado de tudo que foi levantado e debatido neste momento. E

novamente abrir a todos e novamente discutir para os ajustes e melhorias.

- Criar momentos intermediários para esclarecimentos de termos, significados. O que é um

projeto político pedagógico. (Martha)

- Criar um debate para definição do perfil do egresso e formado.

Gaia: sugere a ordem das reuniões: PPP / GTs (cada grupos de reunem de forma aberta que

possam acontecer até a o dia da apresentação) / Apresentação dos Resultados dos GTs

Foi passado uma lista de inscrições para cada GT.

Ficou definido que os Coordenadores do GT se reunião para definir as datas dos encontros

com a premissa de que não haja superposição de horários para que aqueles que tem interesse

em participar de mais de um GT possam participar.

Agenda:

- 15/03 encontro só com os GTs

- Entre Janeiro e Fevereiro: Conversa específica sobre o PPP

- Inicio do semestre 2017.1: realização do Workshop para apresentação dos resultados para

todos (a ser apresentada como Proposta na congregação)