mercosul jÁ tem seu parlamento · do parlamento do mercosul. na foto inferior, parlamentares...

8
Órgão de divulgação do Senado Federal Ano XIII – Nº 2.587 – Brasília, terça-feira, 8 de maio de 2007 Tasso Jereissati (ao centro, ao lado de Lúcia Vânia) preside a audiência pública no Senado sobre a reforma tributária Secretários debatem reforma tributária e fazem críticas O projeto de reforma tri- butária que o governo deve enviar ao Congresso foi discutido ontem por secre- tários estaduais de Fazenda em audiência na Subcomis- são Temporária de Reforma Tributária. Os participantes fizeram críticas às idéias em estudo. Página 3 MERCOSUL JÁ TEM SEU PARLAMENTO Na posse dos 81 integrantes do órgão legislativo do bloco, em Montevidéu, o presidente do Senado brasileiro afirma que a representação parlamentar servirá como garantia de um processo de integração “mais aberto, participativo e transparente” Na foto superior, Renan Calheiros discursa no Plenário do Parlamento do Mercosul. Na foto inferior, parlamentares brasileiros posam na sessão que marca o início das atividades legislativas do bloco C om a posse de 81 inte- grantes, entre deputados e senadores, o Parlamento do Mercosul começou a funcionar, ontem, em Montevidéu. Os cinco países que compõem o bloco – Ar- gentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela – enviaram delegações de parlamentares. O senador paraguaio Alfonso González Núñez foi eleito para presidir o novo Parlamento, que tem quatro vice-presidentes, entre eles o deputado Dr. Rosinha, do Brasil. O presidente do Senado, Renan Calheiros, afirmou que o Parlamento do Mercosul poderá ser a “melhor ponte” entre as deman- das das populações dos países que compõem o bloco e as suas instân- cias decisórias. A representação parlamentar, segundo Renan, servirá como garantia de um processo de integração “mais aberto, participati- vo e transparente”. Página 4 Subcomissão discute regras para energia Um debate sobre normas para o se- tor de energia elé- trica abriu ontem as audiências sobre marcos regulató- rios. Página 3 Senado homenageia Enéas Vários senadores destacaram ontem a trajetória do deputado federal Enéas Carneiro, falecido domingo. Página 8 Márcia Kalume Moreira Mariz Moreira Mariz

Upload: others

Post on 15-Oct-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: MERCOSUL JÁ TEM SEU PARLAMENTO · do Parlamento do Mercosul. Na foto inferior, parlamentares brasileiros posam na sessão que marca o início das atividades legislativas do bloco

Órgão de d ivulgação do Senado Federa l Ano XIII – Nº 2.587 – Brasília, terça-feira, 8 de maio de 2007

Tasso Jereissati (ao centro, ao lado de Lúcia Vânia) preside a audiência pública no Senado sobre a reforma tributária

Secretários debatem reforma tributária e fazem críticas

O projeto de reforma tri-butária que o governo deve enviar ao Congresso foi discutido ontem por secre-tários estaduais de Fazenda

em audiência na Subcomis-são Temporária de Reforma Tributária. Os participantes fizeram críticas às idéias em estudo. Página 3

MERCOSUL JÁ TEM SEU PARLAMENTONa posse dos 81 integrantes do órgão legislativo do bloco, em Montevidéu, o presidente do Senado brasileiro afirma que a representação parlamentar servirá como garantia de um processo de integração “mais aberto, participativo e transparente”

Na foto superior, Renan Calheiros

discursa no Plenário do Parlamento

do Mercosul. Na foto inferior,

parlamentares brasileiros posam na

sessão que marca o início das atividades legislativas do bloco

Com a posse de 81 inte-grantes, entre deputados e senadores, o Parlamento

do Mercosul começou a funcionar, ontem, em Montevidéu. Os cinco países que compõem o bloco – Ar-gentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela – enviaram delegações de parlamentares. O senador paraguaio Alfonso González Núñez foi eleito para presidir o novo Parlamento, que tem quatro vice-presidentes, entre eles o deputado Dr. Rosinha, do Brasil. O presidente do Senado, Renan Calheiros, afirmou que o Parlamento do Mercosul poderá ser a “melhor ponte” entre as deman-das das populações dos países que compõem o bloco e as suas instân-cias decisórias. A representação parlamentar, segundo Renan, servirá como garantia de um processo de integração “mais aberto, participati-vo e transparente”. Página 4

Subcomissão discute regras para energia

Um debate sobre normas para o se-tor de energia elé-trica abriu ontem as audiências sobre marcos regulató-rios. Página 3

Senado homenageia Enéas

Vários senadores destacaram ontem a trajetória do deputado federal Enéas Carneiro, falecido domingo. Página 8

Márc

ia Kalu

me

More

ira Mariz

More

ira Mariz

Page 2: MERCOSUL JÁ TEM SEU PARLAMENTO · do Parlamento do Mercosul. Na foto inferior, parlamentares brasileiros posam na sessão que marca o início das atividades legislativas do bloco

2

MESA DO SENADO FEDERAL

Presidente: Renan Calheiros1º Vice-Presidente: Tião Viana2º Vice-Presidente: Alvaro Dias1º Secretário: Efraim Morais2º Secretário: Gerson Camata3º Secretário: César Borges4º Secretário: Magno MaltaSuplentes de Secretário: Papaléo Paes, Antônio Carlos Valadares, João Claudino e Flexa Ribeiro

Diretor-Geral do Senado: Agaciel da Silva MaiaSecretária-Geral da Mesa: Claudia Lyra

COMUNICAÇÃO SOCIAL

Diretor da Secretaria Especial de Comunicação Social: Weiller DinizDiretor de Jornalismo da Secretaria Especial de Comuni-cação Social: Helival RiosDiretor do Jornal do Senado: Eduardo Leão (61) 3311-3333Editores: Djalba Lima, Edson de Almeida, Iara Altafin, Janaína Araújo, José do Carmo Andrade e Juliana SteckDiagramação: Henrique Eduardo Lima de Araújo e Iracema F. da SilvaRevisão: Eny Junia Carvalho, Lindolfo do Amaral Almeida e Miquéas D. de MoraisTratamento de imagem: Edmilson Figueiredo e Humberto Sousa LimaArte: Cirilo Quartim e Bruno BazílioArquivo fotográfico: Elida Costa (61) 3311-3332Circulação e atendimento ao leitor: Shirley Velloso Alves (61) 3311-3333

AGÊNCIA SENADO

Diretora: Valéria Ribeiro (61) 3311-3327Chefia de reportagem: Denise Costa, Davi Emerich e Moi-sés de Oliveira (61) 3311-1670Edição: Rafael Faria e Rita Nardelli (61) 3311-1151O noticiário do Jornal do Senado é elaborado pela equipe de jornalistas da Secretaria Agência Senado e poderá ser repro-duzido mediante citação da fonte. Impresso pela Secretaria Especial de Editoração e PublicaçõesSite: www.senado.gov.br - E-mail: [email protected].: 0800 61-2211 - Fax: (61) 3311-3137Praça dos Três Poderes, Ed. Anexo I do Senado Federal, 20º andar - Brasília - DF. CEP 70165-920

PRESIDÊNCIA DA SESSÃO

A sessão de ontem do Senado Federal foi presidida pelo se-nador Tião Viana

Brasília, terça-feira, 8 de maio de 2007

Ajuste nas atividades não prevê demissões e reforça a posição de liderança de banco estatal, afirma senador

O senador Edison Lobão (DEM-MA) afirmou em Plená-rio que as medidas de ajuste que foram anunciadas ontem pelo Banco do Brasil correspondem a “ações que procuram antecipar-se a movimentos do mercado e que objetivam reforçar a posi-ção da instituição, garantir sua sustentabilidade e manter sua posição de líder do mercado”, conforme teria lhe informado o presidente do banco, Antônio Lima Neto.

De acordo com informações divulgadas no site do Banco do Brasil, serão feitas as seguintes modificações: aperfeiçoamento do modelo de gestão, com me-lhoria no processo decisório; implantação de novo modelo de relacionamento com clientes; centralização dos processos de suporte operacional, com racio-nalização de recursos de infra-estrutura e logística; e reforço da estrutura de 415 agências de pequeno porte.

Temor Lobão procurou esclarecer

dúvidas expressas na última semana pelo senador Heráclito Fortes (DEM-PI), que, baseado em nota veiculada pela imprensa, manifestou o temor quanto ao risco de as referidas medidas implicarem demissões ou enfra-quecimento da empresa perante o mercado internacional.

De acordo com Lobão, o pre-sidente do banco, Antônio Lima Neto, explicou que serão em-preendidas ações de ajuste em atividades e áreas com serviços sobrepostos. Lima Neto asse-gurou, segundo o senador, que ninguém será prejudicado, e que todas as pessoas terão a oportuni-dade de se realocarem, caso isso seja necessário.

O senador se disse tranqüilo quanto à forma como a institui-ção está sendo conduzida.

– A diretoria é dotada de alto senso de responsabilidade e está tomando decisões, como aconte-ceu nos últimos dois anos, que não só elevaram a lucratividade do banco e o conduziram à lide-rança na concessão do crédito, como o transformaram numa referência no mercado – afirmou Edison Lobão.

Lobão defende medidas adotadas

pelo Banco do Brasil

Para Lobão, atuação do BB o torna referência no mercado financeiro

Comissão analisa criação de instituto

Está prevista para hoje, às 10h, a instalação da comissão mista destinada a analisar a medida provisória que dispõe sobre a criação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (MP 366/07).

Saúde do estudante

A Comissão de Educação (CE) reúne-se às 11h e deve examinar, entre outros, projeto que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional para garantir atendimento médico e odontológico aos estudantes do ensino fundamental público.

A sessão deliberativa de hoje co-meça às 14h e tem a pauta trancada por duas medidas provisórias (MPs)

e 11 projetos de lei de conversão. O primeiro item na agenda é a MP 338/06, que abre crédito extraordi-

nário ao Orçamento da União, no valor de R$ 7,457 bilhões, em favor de empresas estatais.

Medidas provisórias trancam a pauta do Plenário

A Comissão de Assuntos Eco-nômicos (CAE) realiza reunião hoje, às 10h. Na pauta, entre outras matérias, a proposição que modi-

fica a Lei 9.250/05, para incluir a dedução de doações de livros a bibliotecas públicas no cálculo do Imposto de Renda Pessoa Física.

De autoria do então senador Ro-berto Saturnino, a proposta tem parecer favorável, com emendas, de Edison Lobão (DEM-MA).

Será realizado hoje, na Comissão Mista de Orçamento (CMO), às 15h, debate com o ministro do Planeja-

mento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, sobre projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2008.

Na quinta-feira, o colegiado realiza audiência com o secretário do Tesou-ro Nacional, Tarcísio Godoy.

A agenda completa, incluindo o número de cada proposição, está disponívelna internet, no endereço www.senado.gov.br/agencia/agenda.aspx

Paulo Bernardo discute Lei de Diretrizes Orçamentárias

A Subcomissão Temporária de Resíduos Sólidos, após reunião da Comissão de Meio Ambiente (CMA), vota requerimento de audiência pública destinada a debater os problemas sociais e ambientais decorrentes dos depósitos de lixo ao ar livre, conhe-cidos por lixões. Serão convidados para o encontro o secretário nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades, Sérgio Antônio Gonçalves; o presidente da Confederação Na-cional dos Municípios, Paulo Ziulkoski; e o diretor-executivo da organização Compromisso Empresarial para Reciclagem, André de Vilena, entre outros.

CAE examina incentivo para doação de livros a bibliotecas públicas

Requerimento solicitando que seja convidado o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore para participar de audiência sobre o aquecimento global pode ser votado hoje pela Comissão de Meio Ambiente

(CMA), às 11h30. O colegiado examina ainda projeto que institui no Senado o programa Carbono Zero, destinado a promover ações para neutrali-zar a emissão de carbono nas dependências da Casa.

Al Gore pode ser convidado para debate

Audiência deve examinar impactos dos lixões

Gerald

o Mage

la

Page 3: MERCOSUL JÁ TEM SEU PARLAMENTO · do Parlamento do Mercosul. Na foto inferior, parlamentares brasileiros posam na sessão que marca o início das atividades legislativas do bloco

3 Brasília, terça-feira, 8 de maio de 2007

Projeto de Expedito Júnior aguarda emendas na Comissão de Educação

Expedito quer nome de Rondon no Livro dos Heróis da PátriaO senador Expedito Júnior

(PR-RO) apresentou projeto de lei determinando a gravação do nome do marechal Cândido Rondon no Livro dos Heróis da Pátria, localizado no Panteão da Pátria, em Brasília. O nome do marechal seria incluído no livro em 19 de janeiro de 2008, data do cinqüentenário da morte de Rondon. O projeto é mais uma da série de homenagens que o marechal vem recebendo.

O Congresso Nacional, res-ponsável pela inclusão de nomes no livro, confeccionado em aço, tem que respeitar um prazo mí-nimo de 50 anos após a morte de uma pessoa até incluí-la na lista de heróis da pátria. Atualmente, tramitam no Congresso projetos para colocar outros nomes no Livro de Heróis da Pátria, entre eles o de Frei Caneca, participan-te da Revolução Pernambucana e um dos líderes da Confederação do Equador (PLS 306/04), e o de Ildefonso Pereira Correia, o barão de Serro Azul (PLS 354/04).

Conforme Expedito Júnior, aquele livro acolhe atualmente os nomes de dez personagens da história brasileira: Joaquim José da Silva Xavier – o Tiradentes, mártir da Inconfidência Mineira; marechal Deodoro da Fonseca, responsável pela proclamação da República; Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares; dom Pedro I, proclamador da Independência; duque de Caxias, patrono do Exército brasileiro; José Plácido de Castro, que lutou pela anexação do território do Acre ao Brasil; almirante Taman-daré, patrono da Marinha brasi-leira; almirante Barroso, coman-dante da força naval brasileira na batalha do Riachuelo, da Guerra do Paraguai; Santos Dumont, patrono da Aeronáutica; e José Bonifácio de Andrada e Silva, Patriarca da Independência.

O projeto (PLS 218/07) de ini-ciativa de Expedito Júnior encon-tra-se na Comissão de Educação (CE) aguardando emendas.

Renan participa defórum sobre setor público de televisão

O presidente do Senado, Renan Calheiros, deve participar hoje do I Fórum Nacional de TVs Públicas – um debate entre governo, Parlamento e sociedade civil sobre os rumos da televisão pública brasileira.

Uma iniciativa da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura e da Casa Civil com as entidades representativas do setor público de televisão, o fórum se realizará de hoje até sexta-feira, no Hotel Nacional, em Brasília. As discussões vão focar-se na situação das cerca de 200 emissoras públicas existentes no Brasil e seus desafios no cenário da comunicação social contemporânea.

De acordo com informações do Ministério da Cultura, na fase preparatória do evento – iniciada em setembro do ano passado com uma série de reuniões entre membros do governo e representantes de associações do setor – foi elaborado um diagnóstico da situação dos diversos segmentos do campo público de televisão.

Grupos de trabalhoTal trabalho teve em sua

segunda etapa a implantação de oito grupos de trabalho para a discussão de temas concernentes às TVs públicas. Formados por representantes de ministérios, agências reguladoras, universidades e organizações da sociedade civil, os grupos discutiram os seguintes temas: Missão e Finalidade das TVs Públicas; Configuração Jurídica e Institucional; Legislação e Marcos Regulatórios do Setor; Programação e Modelos de Negócio; Financiamento das TVs Públicas; Tecnologia e Infra-Estrutura; Relações Internacionais; e Migração Digital – assunto considerado estratégico pelo presidente Lula.

A partir de hoje, os envolvidos no fórum dedicam-se à terceira e última etapa do trabalho: as plenárias finais com o propósito de elaborar formulações de base para um plano de desenvolvimento da televisão pública no Brasil e de sua preparação para os desafios da comunicação social no mundo da TV digital. Desse encontro, deverá resultar um documento com recomendações estratégicas para uma maior articulação entre os canais públicos de televisão e para o planejamento do futuro das emissoras públicas.

Falta de clareza na proposta do governo quanto ao novo pacto federativo e às regras de transição do ICMS para o imposto em estudo é criticada por representante dos estados

Secretários estaduais de Fazenda discutem a reforma tributária

Secretários estaduais de Fa-zenda debateram ontem com os senadores da Subcomissão Tem-porária de Reforma Tributária o projeto de reforma tributária que o Executivo deverá encaminhar ao Congresso Nacional no segun-do semestre. A audiência pública foi realizada em conjunto com a Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR).

Durante a reunião, a secretá-ria de Fazenda do Rio Grande do Norte e coordenadora do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), Lina Maria Vieira, reclamou da falta de de-talhamento de uma pré-proposta do governo federal de reforma tributária apresentada pelo se-cretário-executivo do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, aos membros do Confaz.

Lina Maria alertou para a ne-cessidade de se definirem regras claras de transição do ICMS para um imposto de valor adicionado

dos estados (IVA-E), as quais permitam aos governadores man-terem compromissos já firmados com investidores de concessão de incentivos fiscais por meio do ICMS.

O secretário de Fazenda de Minas Gerais, Simão Cirineu Dias, também criticou a falta de esclarecimento na proposta do Executivo de pontos considerados

fundamentais para os estados como o estabelecimento de novo pacto federativo que impeça a concentração de recursos nos cofres da União.

Mauro Ricardo Machado Cos-ta, secretário de Fazenda de São Paulo, propôs a rediscussão das responsabilidades atribuídas a estados e municípios e os recursos para o seu atendimento.

Ao lado de Lúcia Vânia, Tasso Jereissati (C) preside audiência pública com secretários

O debate sobre a regulação do setor de energia elétrica abriu on-tem a série de audiências públicas promovidas pela Subcomissão Temporária da Regulamentação dos Marcos Regulatórios, no âmbito da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). De acordo com o presidente da subcomissão, senador Delcidio Amaral (PT-MS), o estabelecimento desses marcos é imprescindível para o desenvolvimento do país, que depende da segurança a ser dada aos investimentos privados.

A necessidade de clareza no plano legal para o setor de in-fra-estrutura foi reforçada por todos os expositores – o diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman; o subchefe de Análise e Acom-panhamento de Políticas Go-vernamentais, Luiz Alberto dos Santos; e o presidente do Instituto Acende Brasil, órgão que congre-ga investidores privados, Cláudio Sales – e pelos senadores Eliseu Resende (DEM-MG) e Garibaldi Alves (PMDB-RN), relator da subcomissão.

– Não há como brigar contra a percepção de risco por parte dos investidores, mas mostrar que

estamos diminuindo os riscos, fazendo o dever de casa persis-tentemente – opinou Kelman. Segundo ele, em razão do medo de perdas, em decorrência da legislação ou de decisões pelo poder público, os investidores têm exigido do Brasil uma taxa de retorno da ordem de 15%, com repasses aos consumidores, enquanto no Chile essa taxa não passaria de 8%.

De acordo com o diretor da Aneel, o risco é percebido em vá-rias esferas, como no Judiciário, por decisões que podem se basear em deficiência de informação, e no Legislativo, por meio da apro-

vação de leis que elevem tributos. Kelman apontou ainda a percep-ção de risco pelo estabelecimento de metodologias, na opinião dele, questionáveis de licenciamento ambiental; e no âmbito das agên-cias, em ações que lhes retirem o papel de “árbitros”, vinculando-as a interesses de governo e não de Estado.

Eliseu Resende manifestou-se favoravelmente a uma definição clara entre o papel das agências e dos ministérios, de modo que o governo formule políticas e as agências regulem e fiscalizem cada setor, com o que concordou Delcidio Amaral.

Delcidio, Garibaldi (20 e 30 à esq.) e Cláudio Sales (D) ouvem apresentação de Luiz Alberto

Regulação para setor de energia elétrica abre debates

Roose

welt Pi

nheiro

Márc

ia Kalu

meM

árcia K

alume

Page 4: MERCOSUL JÁ TEM SEU PARLAMENTO · do Parlamento do Mercosul. Na foto inferior, parlamentares brasileiros posam na sessão que marca o início das atividades legislativas do bloco

4 Brasília, terça-feira, 8 de maio de 2007

Com sede em Montevidéu e presidido pelo senador paraguaio Alfonso Núñez, novo legislativo se reúne hoje para definir seu regimento interno

Parlamento do Mercosul começa a funcionarO Parlamento do Mercosul

já está em pleno funcionamen-to. Tomaram posse ontem, em Montevidéu, os 81 deputados e senadores indicados pelos cinco países que compõem o bloco – Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela. Em segui-da, foi eleito presidente o senador paraguaio Alfonso González Núñez, que exercia interinamente o cargo desde a realização, em dezembro, da sessão especial de constituição do novo parlamento, em Brasília.

Além de Núñez, compõem a Mesa Diretora quatro vice-pre-sidentes: os deputados Alberto Balestrini, da Argentina; Dr. Rosinha (PT-PR), do Brasil; Roberto Conde, do Uruguai; e Saúl Ortega, da Venezuela. Dos cinco países, quatro enviaram delegações de 18 parlamentares cada; apenas a Venezuela indicou nove deputados.

Regimento InternoAinda será definida a extensão

do mandato de Alfonso Núñez à frente do parlamento. Uma decisão nesse sentido pode ser to-mada durante a sessão de hoje do Parlamento do Mercosul, quando também estarão em pauta temas como o estabelecimento de uma comissão para analisar o regimen-to interno do novo órgão.

Na manhã de ontem, durante reunião preparatória, a delegação brasileira havia decidido apoiar uma candidatura do Uruguai para a presidência do parlamento. O presidente da delegação, senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS), de-fendeu o apoio a um candidato uruguaio ao lembrar que o novo órgão está em fase de instalação e que a sede do parlamento ficará em Montevidéu. Como neste pri-meiro semestre o Paraguai exer-ceria o comando pro tempore da Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul, agora substituí-da pelo parlamento, Zambiasi considerou justa a reivindicação paraguaia de pelo menos dirigir o novo órgão até o final de junho. Em seguida, então, assumiria o

uruguaio.Depois disso, porém, a delega-

ção paraguaia – com o apoio da Argentina – pressionou para que Núñez fosse confirmado presi-dente do Parlamento do Mercosul já ontem, e que somente depois se discutisse a extensão total de seu mandato. Ele tanto poderá permanecer até junho como até dezembro.

Em seu discurso de posse, Núñez disse que o Parlamento do Mercosul se estabelece em um “momento crucial” para o bloco, em que “ameaças reais que escurecem o horizonte envolto em constantes turbulências impedem a consolidação de uma integra-ção real e eqüitativa”. Pediu, em seguida, que se “descongele” o Mercosul e que se corrijam as “assimetrias” a seu ver existentes entre os sócios.

– Nós nos constituímos em Par-lamento do Mercosul para acabar com o déficit democrático do projeto regional, porque a integra-ção sustentável reclama e precisa de decisões políticas. Porque o grande objetivo da democracia no Mercosul consiste em obter uma governabilidade que assegure os equilíbrios macroeconômicos, promova a segurança jurídica e o desenvolvimento humano e proteja o meio ambiente.

Sérgio Zambiasi considerou justo o pleito do Paraguai para dirigir órgão até junho

O Parlamento do Mercosul poderá ser a “melhor ponte” entre as demandas da população dos países que compõem o bloco e as suas instâncias decisórias, segundo o presidente do Senado, Renan Calheiros. Em pronuncia-mento na sessão de instalação do novo órgão, em Montevidéu, o senador disse que a representa-ção parlamentar regional servirá como garantia de um processo de integração “mais aberto, partici-pativo e transparente”.

Na opinião de Renan, o parla-mento deverá acelerar a incorpo-ração aos ordenamentos jurídicos internos das normas do Mercosul. Além disso, previu, atuará como instrumento fundamental para fortalecer a identidade política e institucional do bloco.

O relacionamento do Brasil com os países vizinhos, na ava-liação do presidente do Senado, nunca foi tão denso e intenso. Não

foi fácil, como recordou, superar décadas de distanciamento entre os países da região. E alertou que não há outro caminho para a América do Sul que não seja o da construção de um espaço econômico, político e social integrado.

Para Renan, o novo legislativo viverá seu grande desafio em 2010, quando serão eleitos – em conjunto com os deputados fede-rais e senadores – os deputados brasileiros que assumirão em 2011 no Parlamento do Mercosul. Ele lembrou ainda que, em 2014, os deputados dos países do bloco escolherão seus representantes no parlamento, no mesmo dia.

– Até lá, precisamos somar esforços para que o Parlamento do Mercosul seja percebido pela opinião pública como institui-ção transparente, com ampla interação com a sociedade. Uma instituição capaz de aproximar

culturas, desfazer eventuais cri-ses de desconfiança e debater os diferentes interesses de cada Estado-parte.

ChinagliaTambém presente, o presidente

da Câmara, Arlindo Chinaglia, afirmou que o novo Parlamento será um importante instrumento de ampliação da participação dos cidadãos no processo de integra-ção. Ele previu a realização de reuniões públicas do novo órgão, com a participação de entidades de representação popular, empre-sários e trabalhadores.

Renan: instituição fortalecerá a identidade política do bloco

Entidade dará mais transparência ao processo de integração, afirma Renan

Célio A

zevedo

Gerald

o Mage

la

O ministro das Relações Exte-riores do Brasil, Celso Amorim, criticou os “mercocéticos” du-rante a sessão de instalação do Parlamento do Mercosul ontem, em Montevidéu. Ele citou a ampliação de investimentos re-cíprocos entre os países do bloco e o expressivo crescimento do comércio regional como prova de que a integração continental está obtendo mais sucesso do que admitem os seus críticos.

Para Amorim, embora existam críticos da integração na América do Sul, empresários e trabalhado-res dos países do bloco têm de-monstrado interesse na ampliação do intercâmbio econômico.

Ministro Celso Amorim critica “mercocéticos”

SENADORES

TitularesSérgio Zambiasi (PTB-RS)Pedro Simon (PMDB-RS)Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC)Efraim Morais (DEM-PB)Romeu Tuma (DEM-SP)Marisa Serrano (PSDB-MS)Aloizio Mercadante (PT-SP)Cristovam Buarque (PDT-DF)Inácio Arruda (PCdoB-CE)

SuplentesNeuto de Conto (PMDB-SC)Valdir Raupp (PMDB-RO)Adelmir Santana (DEM-DF)Raimundo Colombo (DEM-SC)Eduardo Azeredo (PSDB-MG)Flávio Arns (PT-PR)Fernando Collor (PTB-AL)Jefferson Péres (PDT-AM)

DEPUTADOS

TitularesCezar Schirmer (PMDB-RS)Dr. Rosinha (PT-PR)George Hilton (PP-MG)Max Rosenmann (PMDB-PR)Claudio Diaz (PSDB-RS)Geraldo Resende (PPS-MS)Germano Bonow (DEM-RS)Beto Albuquerque (PSB-RS)José Paulo Tóffano (PV-SP)

Suplentes

Iris de Araújo (PMDB-GO)Nilson Mourão (PT-AC)Renato Molling (PP-RS)Valdir Colatto (PMDB-SC)Fernando Coruja (PPS-SC)Gervásio Silva (DEM-SC)Júlio Redecker (PSDB-RS)Vieira da Cunha (PDT-RS)Dr. Nechar (PV-SP)

Os representantes do Brasil no novo órgão

Terão mandato de quatro anos os nove senadores e nove de-putados que tomaram posse ontem, em Montevidéu, como os primeiros parlamentares bra-sileiros do Mercosul. Eles serão substituídos, no início de 2011, por deputados eleitos em con-junto com os deputados federais e senadores no pleito de 2010. Em 2014, os eleitores dos países do bloco – Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela – irão às urnas no mesmo dia para eleger os deputados que tomarão posse em 2015.

Ao abrir, ontem, a primeira reunião de trabalho da delegação brasileira no novo parlamento, Sérgio Zambiasi (PTB-RS) lem-brou que todos os senadores e deputados presentes passariam também a ser deputados do Mer-cosul, com prerrogativas especí-ficas da função.

Por sua vez, o deputado Dr. Rosinha (PT-PR) ressaltou que o Congresso Nacional deve votar, em breve, resolução estabelecen-do que a presença em reuniões do Parlamento do Mercosul tenha o mesmo tratamento que a presença nas sessões do Congresso.

Além de Zambiasi, a delegação brasileira presente em Montevi-déu foi composta por todos os senadores titulares do novo órgão, com exceção de Efraim Morais (DEM-PB), que foi substituído pelo suplente Adelmir Santana (DEM-DF).

Mandato dos parlamentares

será de quatro anos

Page 5: MERCOSUL JÁ TEM SEU PARLAMENTO · do Parlamento do Mercosul. Na foto inferior, parlamentares brasileiros posam na sessão que marca o início das atividades legislativas do bloco

5 Brasília, terça-feira, 8 de maio de 2007

Estão prontos para entrar na pauta de votações da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) dois projetos, que tramitam em conjunto e têm caráter termina-tivo, com o objetivo de aumentar o tempo máximo de cumprimento de pena privativa de liberdade, que, atualmente, é de 30 anos. A primei-ra proposta, de autoria do senador Alvaro Dias (PSDB-PR), amplia para 60 anos o tempo máximo na prisão e a segunda, do então sena-dor Luiz Estevão, aumenta para 50 anos esse período.

Pelo Código Penal, mesmo que o réu seja condenado por crimes diferentes, a soma dos períodos que deve passar preso não poderá ultrapassar 30 anos. Ao justificar seu projeto (PLS 310/99), Alvaro Dias afirmou que, ao cumprir a determinação do Código Penal, o Estado tem abdicado de seu direito de continuar punindo os condena-dos após o cumprimento contínuo de 30 anos de prisão.

– Atingido esse limite máximo de 30 anos, o condenado, a partir da imposição de tal pena, obtém completa impunidade no tocante

ao excesso – ressaltou.A proposta de Alvaro prevê que,

em caso de condenação por período superior a 60 anos, resultado da soma de diversos crimes, as penas devem ser unificadas para atender a esse limite máximo. No entanto, na hipótese de condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, uma nova unificação deve-rá ser feita, no limite de 60 anos.

Além disso, caso o réu tenha 50 anos de idade ou menos, deverá ficar no presídio até completar 80 anos, mas, se já tiver ultrapassado

os 50 anos de idade, o tempo de cumprimento da pena não poderá ser superior a 30 anos.

Alvaro argumenta que o aumento do tempo máximo “desencorajará delinqüente a cometer uma infi-nidade de crimes, na certeza da impunidade parcial”.

Pacote antiviolência A Comissão de Justiça está

apreciando, desde o início do ano, uma série de propostas destinadas a combater a escalada da violên-cia no país. Até o final de abril, já foram votados 24 projetos do chamado pacote antiviolência, que ainda não está concluído. Essas duas matérias que aumentam o tempo máximo de cumprimento da pena privativa de liberdade e várias outras que estão prontas para entrar na pauta da CCJ não figuram como parte desse pacote, embora possam ser votadas nas próximas reuniões do colegiado, a critério dos senadores.

A pauta da reunião de amanhã da CCJ deverá ser fechada ainda hoje pelo presidente do colegiado, senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA).

Proposta eleva para 60 anos o tempo máximo na prisão

Ampliação do período máximo de permanência no presídio, que atualmente é de 30 anos, desencorajará delinqüentes a cometer novos crimes, segundo o autor do projeto, Alvaro Dias

Tramita na Comissão de Justiça projeto de lei que reinstitui o exa-me criminológico como um dos critérios a serem utilizados pela Justiça nas decisões sobre progres-são de pena (do regime fechado ao semi-aberto, e deste ao aberto), livramento condicional, indulto e comutação de pena.

A Lei de Execução Penal (Lei 7.210/84) previa a obrigatoriedade do exame criminológico – o qual avalia itens como a personalidade, a conduta social e o comportamen-to carcerário do preso –, a ser ela-borado por uma comissão. Fariam parte dessa equipe, entre outros, o diretor do estabelecimento prisio-nal e especialistas das áreas de Psi-quiatria, Psicologia e Assistência Social. Mas a exigência foi abolida em 2003 pela Lei 10.792/03, a qual alterou vários itens da Lei de Execução Penal.

O fim do exame gera até hoje controvérsias entre os que são favoráveis à medida – como o ex-secretário de Administração Pe-nitenciária de São Paulo, Nagashi Furukawa, que havia defendido a

medida em audiência pública reali-zada no Senado em 2003 – e os que lhe são contrários, como Maria do Carmo Alves (DEM-SE), a autora do PLS 190/07.

CorrupçãoA senadora afirma que a Lei

10.792/03 cometeu um erro ao acabar com o exame criminoló-gico. Ela argumenta que “a mera comprovação do bom compor-tamento carcerário pelo diretor do estabelecimento penal, como ocorre atualmente, não alcança a avaliação por técnicos das áreas psiquiátrica, psicológica e social”.

Maria do Carmo também diz que isso “estimula a corrupção, com a ‘venda’ de atestados de bom com-portamento carcerário”.

Além da proposta apresentada por Maria do Carmo, há outra (PLS 75/07), de autoria de Gerson Camata (PMDB-ES), que deter-mina o restabelecimento do exame criminológico quando se tratar de preso condenado por crime pratica-do com violência ou grave ameaça à pessoa. Aprovada em março pela CCJ, essa proposição deverá ser encaminhada ao exame da Câmara dos Deputados.

Mercadante: agentes são os primeiros alvos de amotinados

Mais rigor para crime contra agente

penitenciárioAguarda emendas na

Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) projeto de lei do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) que inclui circunstân-cia agravante genérica nos casos de crimes praticados contra agentes penitenci-ários. A proposição (PLS 197/07) tem o objetivo de adequar outro projeto de lei semelhante já aprovado pelo Senado em 1999 e que cria circunstância genérica agravante no caso de crime cometido contra policiais, magistrados e membros do Ministério Público no exer-cício de suas funções.

– A proposta inclui a categoria dos agentes peni-tenciários, que merecem o mesmo tratamento dispen-sado aos policiais, já que trabalham em presídios e penitenciárias e encontram-se em situação sensível, considerando que as pri-sões estão superlotadas e muitas vezes não possuem as condições estabelecidas na Lei de Execução Penal.Nos casos de eventual mo-tim ou rebelião, os agentes penitenciários são os pri-meiros alvos dos amotina-dos – argumenta o senador na justificação.

Dornelles quer coibir influência política sobre a nova instituição

Projeto atribui direção da Super-Receita a auditor

As funções de secretário da re-cém-criada Secretaria da Receita Federal do Brasil e de procura-dor-geral da Fazenda Nacional – estratégicas para a administração federal – devem ser cargos priva-tivos de servidores de carreira de cada um desses órgãos. A idéia é defendida pelo senador Francis-co Dornelles (PP-RJ), autor de propostas que estão começando a tramitar no Senado Federal com esse objetivo.

Para o senador, que foi secretá-rio da Receita Federal no governo João Figueiredo (1979-85), as duas funções estão entre aquelas que, no espaço da administração pú-blica, devem “sofrer o mínimo de influência de interesses políticos de ocasião”. Os dois cargos integram as funções da alta administração federal, cujos titulares são nome-ados diretamente pelo presidente da República.

Auditor no comandoFrancisco Dornelles propõe que

o secretário da Receita Federal do Brasil seja escolhido entre os integrantes da carreira de auditor fiscal desse órgão, vinculado ao Ministério da Fazenda. O projeto apresentado (PLS 133/07) está na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), onde será relatado pelo se-nador Romero Jucá (PMDB-RR). Depois, seguirá para a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), para decisão terminativa.

Já o titular da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PLS 128/07-Complementar), órgão também vinculado ao Ministério da Fazenda, deve sair do quadro de membros efetivos da carreira de procurador da Fazenda Nacional. O projeto foi encaminhado à Comis-são de Justiça, onde ainda aguarda designação de relator.

Tanto o secretário da Receita Federal como o procurador-geral da Fazenda Nacional, reforça Dornelles, desempenham atribui-ções ligadas à Constituição e à cobrança de créditos públicos que exigem “condução técnica” das atividades.

Exame criminológico para a progressão de pena

Maria do Carmo diz que lei errou ao acabar com avaliação a cargo de psiquiatras

Projeto semelhante de Gerson Camata deverá seguir à apreciação da Câmara

Proposição de Alvaro Dias fixa novos critérios para unificação de penas

Célio A

zevedo

Roose

welt Pi

nheiro

Jane A

raújo

Gerald

o Mage

la

Roose

welt Pi

nheiro

Page 6: MERCOSUL JÁ TEM SEU PARLAMENTO · do Parlamento do Mercosul. Na foto inferior, parlamentares brasileiros posam na sessão que marca o início das atividades legislativas do bloco

6 Brasília, terça-feira, 8 de maio de 2007

Audiências a serem realizadas nesta semana devem reunir os ministros da Saúde e da Agricultura e analisar os cenários projetados para o futuro do setor de biocombustíveis

Subcomissão quer analisar os problemas causados por lixões

Os problemas ambientais e sociais decorrentes dos chamados lixões poderão ser debatidos em audiência pública pela Subco-missão Temporária de Resíduos Sólidos, que funciona no âmbito da Comissão de Meio Ambiente (CMA). Requerimento com essa finalidade, de autoria de Cícero Lucena (PSDB-PB), presidente da subcomissão, será votado hoje pelo colegiado.

Além de propor a análise dos problemas, Lucena sugere que, a partir desse estudo, sejam apresentadas alternativas de apro-veitamento e reciclagem dos resíduos sólidos e outras propos-tas para solucionar as questões relacionadas ao acúmulo de lixo e, com a definição de parâmetros,

metodologias e obrigações a se-rem adotados pelos entes públicos e privados.

O senador propõe que sejam convidados para o debate o se-cretário nacional de Saneamento

Ambiental do Ministério das Ci-dades, Sérgio Antônio Gonçalves; o diretor da Área de Resíduos Sólidos do Ministério do Meio Ambiente, Rudolf de Noronha; o presidente da Confederação Nacional de Municípios, Paulo Roberto Ziulkoski; o presidente da Associação Brasileira de En-genharia Sanitária e Ambiental (Abes), José Aurélio Boranga; o coordenador nacional do Comitê de Resíduos Sólidos, José Dantas de Lima; o diretor-executivo da entidade Compromisso Empre-sarial para Reciclagem (Cempre), André Teixeira de Vilena; e o pro-fessor da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP) Edson Martins de Aguiar.

Lucena propõe o estudo de soluções para questões relacionadas ao acúmulo de lixo

A Subcomissão Permanente dos Biocombustíveis realizará, amanhã, audiência pública para debater as perspectivas de mercado e projeções de cenários futuros para o setor de biocom-bustíveis.

Deverão estar presentes à audiência o diretor de Abas-tecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa; o presidente

da Coimex Trading, Clayton Miranda; o subsecretário-geral de Assuntos Econômicos e Tecnológicos do Ministério das Relações Exteriores, Roberto

Azevedo; e o diretor do De-partamento de Relações Inter-nacionais e Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e presidente da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exte-rior (Funcex), Roberto Gianetti da Fonseca.

A reunião está marcada para as 9h. A audiência será realizada atendendo a pedido do presi-dente da subcomissão, senador João Tenório (PSDB-AL). A subcomissão funciona no âmbi-to da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária.

João Tenório recomenda análise das perspectivas de mercado para o setor

Audiência pública avaliará uso de

biocombustíveis

O ministro da Agricultura, Pe-cuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, deverá participar de audiência na Comissão de Agri-cultura e Reforma Agrária (CRA) nesta quinta-feira, às 10h. Ele foi convidado, a partir de requeri-mento de Osmar Dias (PDT-PR), para prestar informações sobre o funcionamento e os aportes fi-nanceiros referentes ao Fundo de Estabilidade do Seguro Rural.

O requerimento também solicita que o ministro fale sobre o anda-mento, a execução e o orçamento para 2007 dos programas do go-verno sobre sanidade animal, es-pecialmente o Programa Nacional

de Erradicação da Febre Aftosa. Pede, ainda, que Stephanes expli-cite as ações que tomou no sentido de adotar uma política sanitária homogênea para os países pro-dutores de bovinos que mantêm fronteira com o Brasil.

Kátia Abreu (DEM-TO), em adendo também aprovado pela CRA, solicita informações ao mi-nistro sobre uma prova aplicada a candidatos ao cargo de fiscal agropecuário do Ministério da Agricultura que incluía um artigo do presidente da Associação Bra-sileira da Química Fina.

– O texto classifica como pre-juízo para o agronegócio a pro-

dução de defensivos genéricos e vai contra o pensamento de muitos técnicos do ministério. De onde saiu a autorização para uma prova dessas? Na minha opinião, é um crime de lesa-pátria você trabalhar contra a produção de defensivos genéricos para o país – opinou a senadora.

Ministro debaterá seguro rural com a Comissão de Agricultura

Osmar pede a Stephanes informações sobre o programa contra aftosa

Temporão, que sugeriu descriminalizar o aborto, deve participar de reunião

Audiência vai discutir aborto e

projetos para saúdeA Comissão de Assuntos So-

ciais (CAS) e a Subcomissão Permanente de Promoção, Acom-panhamento e Defesa da Saúde marcaram reunião conjunta para amanhã, às 11h, quando ouvirão o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, sobre os projetos que pretende desenvolver. O re-querimento foi apresentado por Papaléo Paes (PSDB-AP).

Temporão provocou polêmi-ca ao sugerir que o Congresso convoque um plebiscito sobre a descriminalização do aborto. O ministro sustentou que o aborto se tornou uma “questão de saúde pú-blica, uma ferida aberta na socie-dade, pois milhares de mulheres morrem todos os anos em abortos inseguros”. A Frente Parlamentar em Defesa da Vida e Contra o Aborto pediu ao presidente Lula que fizesse uma censura a Tempo-rão. O presidente declarou que é contra o aborto, mas que não vai se envolver no assunto.

Parlamentares relançam frente sobre fruticultura

A busca de alternativas e recursos para aprimorar o segmento fruticultor do agronegócio do país ganhará reforço com o relançamento da Frente Parlamentar da Fruticultura Brasileira. A cerimônia será realizada amanhã, às 9h, na Câmara dos Deputados.

O grupo é integrado por 210 parlamentares, entre eles os senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE), Inácio Arruda (PCdoB-CE), Patrícia Saboya (PSB-CE), Sibá Machado (PT-AC), Sérgio Zambiasi (PTB-RS), Pedro Simon (PMDB-RS), Romero Jucá (PMDB-RR) e Flávio Arns (PT-PR).

A frente pretende atuar na busca de recursos orçamen-tários para o Plano Nacional de Fruticultura a serem aplicados em assistência técnica e em investimentos em centros e instituições de pesquisa. Também deve voltar-se para a garantia de desoneração da fruticultura, com ações focadas na irri-gação, produção integrada, certificação de qualidade da produção, apoio às agroin-dústrias pequenas e médias, comércio exterior e seguro rural, entre outros temas.

CoordenaçãoA coordenação da frente é

feita pelo deputado Afon-so Hamm (PP-RS), que também esteve no comando do seu primeiro lançamen-to, em fevereiro de 2006, quando assumiu naquela Casa como suplente. Com o afastamento do parlamen-tar, a frente perdeu força, mas sua eleição em outubro do ano passado o levou a retomar o projeto.

Participarão da cerimônia órgãos representativos do segmento, como o Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf) e a Câmara Setorial de Fru-ticultura. Também estarão presentes representantes da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e dos ministérios da Agricultura; do Desen-volvimento Agrário; e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio; da Associação Brasileira de Desenvol-vimento Industrial; e da Associação Gaúcha dos Produtores de Maçã.

Proposta obriga a divulgação do valor

calórico de alimentosA Comissão de Ciência, Tec-

nologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) poderá votar amanhã projeto de Papaléo Paes (PSDB-AP) que obriga a divulgação do valor calórico dos alimentos anunciados em propa-ganda. Após votação pela CCT, a proposta será examinada pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS) em decisão terminativa.

A relatora, Maria do Carmo Alves (DEM-SE), apresentou voto favorável à aprovação do projeto (PLS 121/05). A CCT poderá tam-bém analisar requerimento solici-tando a instituição, no Senado, da Semana de Ciência e Tecnologia, a ser celebrada anualmente em ou-tubro. Fazem parte da pauta, ainda, dez projetos de decreto legislativo autorizando o funcionamento de emissoras de rádio e TV.

José C

ruz

J. Frei

tasRo

osewe

lt Pinh

eiro

Roose

welt Pi

nheiro

Page 7: MERCOSUL JÁ TEM SEU PARLAMENTO · do Parlamento do Mercosul. Na foto inferior, parlamentares brasileiros posam na sessão que marca o início das atividades legislativas do bloco

7 Brasília, terça-feira, 8 de maio de 2007

Para conscientizar o infrator a respeito da importância da proteção à natureza, proposta obriga-o a assistir, no mínimo, nove horas-aula sobre preservação

Crime ambiental poderá ter como pena freqüência a curso educativo

A Comissão de Meio Am-biente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) deverá votar na reunião de hoje projeto de lei que cria uma nova modalidade de pena restritiva de direito no caso de crime ambien-tal: a freqüência a curso presen-cial de educação ambiental. A proposição, do senador Valter Pereira (PMDB-MS), também será examinada pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), onde receberá decisão ter-minativa.

O projeto (PLS 44/07) altera a Lei dos Crimes Ambientais (Lei 9.605/98) para incluir, entre as penas restritivas de direito, a obrigatoriedade de assistência a curso presencial, que deverá ter carga horária mínima de nove horas-aula e duração de, pelo menos, uma semana. A proposta também determina que tais cursos devem ser oferecidos por entida-des públicas ou privadas creden-ciadas para esse fim perante os órgãos ambiental e educacional competentes.

A medida, destaca o relator, senador Raimundo Colombo (DEM-SC), em seu parecer, visa promover a conscientização do

infrator a respeito da necessida-de de se proteger a natureza. Já o autor afirma, na justificação do projeto, que, “a par das demais possibilidades, entendemos que a imposição ao infrator da obrigatoriedade de freqüência em curso presencial de educa-ção ambiental, formulado em conformidade com os princípios e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental (Lei 9.795, de 27 de abril de 1999), constituirá uma importante opção quando da aplicação de penas restritivas de direito a in-divíduos que tenham praticado crimes ambientais”.

De acordo com a sistemática

adotada pela lei vigente, as penas restritivas de direito são autô-nomas e substituem, por igual período, as privativas de liberdade quando se tratar de crime culposo ou for aplicada pena privativa de liberdade inferior a quatro anos e ainda quando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circuns-tâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime.

As demais penas restritivas de direito são prestação de serviços à comunidade, interdição tempo-rária de direitos, suspensão total ou parcial de atividades, presta-ção pecuniária e recolhimento domiciliar.

FlorestasNa mesma reunião, a CMA

ainda poderá votar requerimento do senador Renato Casagrande (PSB-ES) que convida Tasso Re-zende de Azevedo, diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro, do Ministério do Meio Ambiente, para que apresente aos senadores da comissão o primeiro Relatório Anual da Gestão das Florestas Públicas.

Projeto de Valter Pereira cria uma nova modalidade de pena restritiva de direito

Para estimular, em todo o terri-tório nacional, a reposição flores-tal nas propriedades rurais, o se-nador Jonas Pinheiro (DEM-MT) apresentou projeto que concede incentivos fiscais e creditícios às pessoas físicas e jurídicas que promovam reposição florestal em imóveis de sua propriedade.

Conforme a proposta, o pro-prietário poderá ficar isento do Imposto sobre Propriedade Ter-ritorial Rural referente a quatro vezes a área sob processo de repo-sição florestal, e poderá deduzir, do Imposto de Renda, no mesmo período-base, o valor correspon-dente ao produto da alíquota do imposto multiplicada pelo mon-tante dos dispêndios realizados com o plantio e a manutenção da floresta. Pela proposta (PLS 131/07), essa dedução do IR não poderá exceder, em cada período-base, a 25% do imposto devido.

A reposição florestal defen-dida pelo senador inclui plantio de árvores para produção de madeira e de matéria-prima para uso industrial; preservação e recuperação das matas ciliares e de nascentes; formação de áreas de refúgio para a fauna local; plantio e preservação de espécies frutíferas e medicamentosas, bem como cultivo de espécies para preservação do solo e produção de alimentos, lenha e carvão.

ProjetoA reposição, segundo a propos-

ta, deverá ser implementada con-forme projeto técnico elaborado por profissional legalmente habi-litado, permitindo a identificação precisa da área sob processo de reposição, com cronograma físi-co-financeiro de execução, bem como aprovação e registro no órgão ambiental competente.

Esse projeto técnico deverá ser

elaborado gratuitamente pelo po-der público para os proprietários que exploram imóvel rural em regime de economia familiar.

Em sua justificação, o senador argumenta que o objetivo maior de seu projeto é oferecer uma alternativa viável à política de sanções pelo não cumprimento das exigências de recomposição da floresta, em decorrência da legislação ambiental, criando condições favoráveis para que a reposição florestal se efetive na maior parte dos imóveis rurais do país.

Incentivos fiscais para proprietário que promover reposição florestal

Jonas Pinheiro: proposta cria condições favoráveis para que reposição se efetive

Comissão vota convite a Al Gore para debater aquecimento globalO primeiro item da pauta de

votações da reunião de hoje da Co-missão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor, Fiscalização e Controle (CMA) é o requerimento que convida o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore para participar de audiência pública sobre o aquecimento global. A proposta é de autoria da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT).

Recentemente, o filme Uma verdade inconveniente, dirigido por Davis Guggenheim e apre-sentado pelo ex-vice-presiden-te, recebeu o Oscar de melhor documentário. O filme mostra de maneira didática como a emissão de dióxido de carbono provocada pelos seres humanos está alterando o clima da Terra de forma tão alarmante que, se nada for feito, há riscos de uma catástrofe global.

Outra matéria que pode ser apreciada é o projeto de resolução

do Senado (PRS 17/07), também de Serys, que institui o programa Carbono Zero, “para neutraliza-ção total ou parcial das emissões de carbono geradas em todas as dependências e atividades” do Se-nado. O voto do relator, senador Renato Casagrande (PSB-ES), é pela aprovação da matéria.

Também na pauta da CMA projeto de lei da Câmara (PLC 76/06), de autoria da Presidência da República, que amplia os limi-tes originais do Parque Nacional de Jericoacoara, situado nos mu-nicípios de Jijoca de Jericoacoara e Cruz, ambos no Ceará. O proje-to, que recebeu voto favorável da relatora, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), amplia a área do parque de 8.416 para 8.850 hec-tares. Com a mudança, serão in-cluídas no parque as áreas da foz do rio Guriu, onde se localiza um manguezal que abriga diversas espécies aquáticas.

Casagrande quer propostas para minimizar mudanças climáticas

Durante audiência pública da Comissão Mista Especial sobre Mudanças Climáticas realizada ontem na Assembléia Legisla-tiva do Pará, o senador Renato Casagrande (PSB-ES), relator do colegiado, disse esperar que as atividades da comissão resultem em um relatório que, além de apresentar um diagnóstico dos problemas, também proponha soluções para diminuir o impacto das mudanças climáticas e do de-sequilíbrio ecológico no Brasil.

Para Casagrande, a realização do debate em Belém é simbólica em razão da grande cobertura vegetal do estado e, também, pela importância econômica da região, que ainda enfrenta “grandes pro-blemas de desmatamento”.

A audiência teve o objetivo de promover debate, com técnicos, representantes de órgãos gover-

namentais e do setor produtivo, sobre o uso da terra e a biodiver-sidade da Amazônia, pesquisas e mudanças climáticas, o avanço da fronteira agrícola e desmata-mento. Além de Renato Casa-grande, participaram do evento os deputados federais Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), Augusto Carvalho (PPS-DF) e Eduardo Gomes (PSDB-TO), presidente da comissão mista especial.

Também estiveram no debate pesquisadores da Embrapa e da Universidade Federal do Pará (UFPA); deputados estaduais; o secretário de Agricultura do Pará, Cássio Alves Pereira; Valmir Gabriel Ortega, da Secretaria do Meio Ambiente; e representantes do Museu Emílio Goeldi, do Ins-tituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e do Fórum da Amazônia Oriental (Faor).

Casagrande (E), Eduardo Gomes e Rodrigo Rollemberg em audiência pública no Pará

Jane A

raújo

Célio A

zevedo

Gerald

o Mage

la

Page 8: MERCOSUL JÁ TEM SEU PARLAMENTO · do Parlamento do Mercosul. Na foto inferior, parlamentares brasileiros posam na sessão que marca o início das atividades legislativas do bloco

8 Brasília, terça-feira, 8 de maio de 2007

“Que o exemplo de Enéas, um grande defensor da pátria brasileira, não seja esquecido por nós, parlamentares, nem pelo povo brasileiro.” A frase foi pro-nunciada pelo senador Papaléo Paes (PSDB-AP) ao justificar seu requerimento propondo inserção em ata de voto de profundo pesar e apresentação de condolências à família e ao estado de São Paulo pela morte do deputado federal Enéas Carneiro (PR-SP), ocorrida no último domingo. A sessão do Senado foi suspensa em home-nagem ao deputado, que tinha leucemia.

Papaléo contou que Enéas foi quem o convenceu a ingressar na política. Em 1989, quando estava trabalhando para fundar o Prona, Enéas o convidou para ajudar na filiação de militantes no Amapá e em Mato Grosso do Sul. Nesse mesmo ano, quando se candida-tou à Presidência da República, tornou-se conhecido em todo o país com o bordão “Meu nome é Enéas!”.

– Fui amigo íntimo dele. Du-rante nossas conversas, demons-trei curiosidade com o fato de, após concluir mestrado em car-diologia, ele ter se formado em Física e Matemática. Enéas, que também era mestre em língua por-tuguesa, justificou ter estudado Física para poder interpretar com perfeição os eletrocardiogramas – afirmou Papaléo.

O requerimento do senador, também subscrito por Tião Viana (PT-AC), Paulo Paim (PT-RS),

Fátima Cleide (PT-RO) e Mão Santa (PMDB-PI), propôs ainda a observação de um minuto de silêncio, no Plenário, e a suspen-são da sessão de ontem. Com a aprovação da proposição, as ho-menagens foram cumpridas.

Paulo Paim classificou como justa a homenagem prestada pelo Senado Federal a Enéas Carneiro. O senador pelo Rio Grande do Sul abdicou de fazer um pronuncia-mento que tinha preparado para a tarde de ontem, sobre educação, agricultura, idosos e previdência, em homenagem ao deputado.

– O dr. Enéas Carneiro, além de ter sido candidato a presidente da

República, foi o deputado federal mais votado do país – ressaltou.

Fátima Cleide também mani-festou em Plenário seu pesar pela morte do deputado e solidarizou-se com a família de Enéas.

EnsinamentosPor sua vez, Mão Santa, médico

como Enéas, afirmou que muito aprendeu nos livros escritos pelo homenageado, sobretudo na área de cardiologia e eletrocardio-grafia.

– Como médico, fez da ciên-cia médica a mais humana, foi um benfeitor da Humanidade. Como político, já foi analisada a sua importância, a sua coragem.

Enéas foi um fenômeno de votos – destacou.

Mão Santa também lembrou que Enéas Carneiro, após uma acusação “injusta” de ter vendido espaço na chapa do Prona para a eleição de deputado federal, foi inocentado pela investigação.

– Por maldade, acharam que ele tinha ganho dinheiro para, com sua liderança, eleger deputados federais donos de pequena vota-ção. Suas contas bancárias foram vasculhadas e nenhum depósito estranho foi encontrado. Enéas representou esse exemplo de honestidade e probidade na vida política – declarou Mão Santa.

Enéas Carneiro nasceu em Rio Branco, capital do Acre, em

1938. Formou-se em Medicina na Universidade Federal Fluminense, aos 27 anos. Sua entrada na política se deu em 1989, ao lançar candida-

tura a presidente da República pelo Partido da Reedificação da Ordem Nacional (Prona).

Disputou as eleições presiden-ciais por três vezes, em 1989, 1994 e 1998. Em 1994 foi o terceiro candidato mais votado, ao rece-ber mais de 4 milhões de votos. Sempre dispondo de pouco tempo de exposição no horário eleitoral, Enéas era conhecido pela fala rápida e pelo bordão “Meu nome é Enéas!”. Em 2002 foi candidato a deputado federal por São Paulo, quando recebeu o recorde de mais de 1 milhão de votos.

Mesmo lutando contra a leuce-mia, ele foi reeleito deputado em 2006, tendo que se afastar do cargo com o agravamento da doença.

O deputado federal Enéas Ferreira Carneiro, que morreu no domingo, foi homenageado ontem em Plenário pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e por Tião Viana (PT-AC). Viana, que presidia os trabalhos, de-terminou a suspensão da sessão, em respeito ao parlamentar falecido.

Jucá ressaltou que Enéas “era um fenômeno político, um deputado e um candidato a presidente da República peculiar, o qual, mesmo com pouco tempo na televisão, levava uma mensagem de forma diferente, a qual, sem dúvida, chegava à população”.

– Em nome do governo federal, apresento minhas con-dolências a sua família e aos seus companheiros – declarou Romero Jucá.

Tanto o líder do governo como Tião Viana destacaram a votação expressiva com a qual Enéas se elegeu em 2002 – a maior obtida na história do país para o mandato de deputado federal. Viana ressaltou ainda a atuação de Enéas Carneiro como cardiologista e professor universitário, e determinou que fosse realizado um minuto de silêncio em sua homena-gem, antes de suspender a sessão.

Ao mesmo tempo em que citava reportagem destacando o estado do Piauí como referência nacional em Oftalmologia, Mão Santa (PMDB-PI) registrou ontem as precárias condições de funcionamento do Hospital Getúlio Vargas (HGV), em Teresina. O senador fez um apelo ao ministro da Saúde, José Gomes Temporão, para que retome os convênios com o hospital e faça uma visita à instituição, com o atual secretário de Saúde, João Orlando.

– O hospital está falido por causa das tabelas do SUS – lamentou o parlamentar, referindo-se às baixas remunerações pagas pelo Sistema Único de Saúde aos hospitais conveniados.

Mão Santa afirmou que até mesmo crianças têm dificuldades de atendimento no HGV. Ele pediu ainda ajuda às autoridades sanitárias de São Paulo para o combate a uma epidemia de dengue hemorrágica no Piauí.Evolução

O senador frisou que a medicina de seu estado é hoje referência no Brasil porque, no período da ditadura militar, foi o único a ser administrado por um médico e, com isso, evoluiu em termos de implantação de medicina de qualidade e de corpo médico profissionalizado.

Ele lembrou também que, durante a gestão de Heráclito Fortes (DEM-PI) como prefeito de Teresina, a saúde recebeu reforço. Mão Santa elogiou ainda a atuação de Francisco Ramos e de José Pergentino na direção do Hospital Getúlio Vargas.

O parlamentar recordou que, durante o período em que governou o Piauí, recebeu uma comenda da mais antiga instituição de medicina e cirurgia do Rio de Janeiro, por “ações políticas em favor da medicina”.

Senado suspende sessão plenária em homenagem ao deputado morto no domingo, aos 69 anos, vítima de leucemia

Pesar pelo falecimento de Enéas Carneiro

Senadores fazem um minuto de silêncio em homenagem a Enéas, lembrado como o deputado federal mais votado do país, em 2002

Médico e recordista de votos na Câmara dos Deputados

Jucá e Viana lembram poder de comunicação do homenageado

Mesmo lutando contra a leucemia, Enéas Carneiro foi reeleito deputado em 2006

Baixos valores pagos pelo SUS inviabilizam Hospital Getúlio Vargas, afirma Mão Santa

Mão Santa faz apelo por melhorias em hospital de Teresina

Gerald

o Mage

la

Gerald

o Mage

laCâm

ara do

s Dde

putad

os