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Ernesto Caruso
Mesmo não concluído o julga-mento no STF da Ação Penal 470, o mensalão do PT, sente a
nação brasileira pelo pulsar da razão um marco divisório entre o passado de impunidade na área da administração pública, em especial no contumaz desvio de conduta envolvendo os Executivos e Legislativos nos níveis municipal, estadual e federal. Outros fatores, no entanto, influenciaram o eleitor apre-sentando resultado desconcertante no último pleito restrito aos municípios, repudiando ou não ao petismo.
Por outro lado, ladrão por ladrão, costumeiramente alguns políticos se reelegem a despeito do envolvimento com o Judiciário, voto irresponsável e alienação do eleitor em analisar o passado do candidato. Esperança no “ficha limpa” paradoxalmente cria do eleitor, ou da parcela engajada.
Ficou nítida a diferença de trata-mento dado aos próprios políticos corruptos pelo PT e outros partidos, a citar por exemplo os democratas, que diante dos fatos desabonadores de um senador, fizeram questão de baní-lo do partido. O corporativismo do PT é intri-gante, repulsivo e ofensivo à instituição da Suprema Corte.
Embora a composição do STF tenha demonstrado aproximação maior com as teses dos governos FHC-Lula como na questão indígena, cotas raciais, união homossexual, enganaram-se os que esperavam uma aliança dos minis-tros com a falcatrua e absolvição de ladrões do Erário, mesmo a maioria (oito em onze) sendo nomeada por Lula-Dilma e que alguns dos seus in-tegrantes tenham tido afinidade com PT. O presidente da Corte, Ayres Brito, recém aposentado, foi candidato por esse partido.
A Nota da cúpula petista ao acusar o STF de fazer política ao definir o calendário coincidente com as elei-ções afronta o cidadão imaginar que tal colegiado iria contra o PT, que não fosse dentro do espírito da lei e para impedir a prescrição no limite, por firme posição do ministro Joaquim Barbosa, agora detestado, mas que fora nomeado por Lula.
Toda essa revolta diz respeito à condenação do núcleo político encabe-çado pelo PT: o subchefe do esquema José Dirceu (10 anos e 10 meses), José Genoino (6 anos e 7 meses) e Delúbio Soares (8 anos e 11 meses), penas consideradas elevadas para quem os defende. Interessante que as penas da cúpula do núcleo financeiro foram maiores, a ex-presidente do Banco Rural Katia Rabello e o ex-vice J. R. Salgado a 16 anos de prisão e do pu-blicitário mais ainda , Marcos Valério, 40 anos, Ramon Hollerbach, 29 anos, Cristiano Paz 25 anos, e Simone Vas-
concelos, 12 anos.Ora, qual a motivação dos crimes?
Ao que consta um esquema para a compra de votos de parlamentares em favor do governo petista, com desvio de dinheiro da Câmara dos Deputados e do Banco do Brasil e, formação de quadrilha envolvendo os núcleos so-bejamente citados. Quem concebeu o esquema? Gente do governo, não? Por que o núcleo político recebeu pena menor? J. Dirceu, 10 anos, enquanto a presidente do Banco, 16 anos e Marcos Valério, 40 anos, outros com 29, 25, 12 anos. Não parece razoável a alegação de que foi elevada a pena imposta ao grupo político.
Mas as lições escritas, verbalizadas e registradas com as feições e reações de cada ministro do Supremo con-denando os responsáveis pelos atos criminosos servem de advertência aos políticos de que a impunidade está sendo apagada dos anais da Justiça. Atentos, pois Congresso Nacional, As-sembléias Legislativas, Câmaras de Vereadores, políticos de um modo geral e servidores da gestão pública, a espada de Dâmocles pende sobre todas as cabeças, mas também há que pensar na balança da justa sentença e da espada que a defende e faz cumprir, mesmo perante as ameaças às institui-ções democráticas.
Daí, de acordo com o Art. 142/CF, as Forças Armadas além de se destinarem à defesa da Pátria, existem para a ga-rantia do Poder Judiciário, da lei e da ordem, por iniciativa do presidente do STF, no mesmo patamar constitucional e prerrogativas do Legislativo e Execu-tivo. Pátria entendida como concepção do Estado Brasileiro anterior à norma escrita e por juramento com risco da própria vida.
Lei sancionada pela presidente Dilma Rousseff garante aos pacientes com câncer o início do tratamento em,
no máximo, 60 dias após o diagnóstico da doença. Lamentavelmente, foi necessária a composição de mais uma lei para se fazer cumprir um dos preceitos básicos da Constituição Federal –que dá ao Estado responsabilidade pela saúde dos brasi-leiros, setor que hoje tem em sua linha de frente o SUS (Sistema Único de Saúde). A legislação, que serviria como um alívio para milhares de pessoas anualmente diagnosticadas com uma das diversas formas que o câncer se manifesta, entrará em vigor daqui a seis meses, ainda con-forme o texto assinado por Dilma.
O sistema de saúde público brasileiro é alvo de constantes ataques por parte da sociedade, devido a fatores continuamente noticiados em todas as cidades do país: má remuneração de profissionais –quando estes existem–, falta de remédios básicos, demora na obtenção de exames específicos e ausência de leitos para atender a toda a demanda são apenas alguns dos fatos que mais atingem aqueles que dependem do
SUS para obterem atendimento.O sistema nacional, apesar dos per-
calços, consegue superar o que está dis-ponível para a população de outros países, para as quais a garantia do atendimento está vinculada ao pagamento de seguros ou planos privados. Tal fato, porém, desman-cha-se ao constatarmos que o Brasil tem uma das cargas tributárias mais famintas do planeta, que dilapidam o dinheiro da população com impostos altíssimos. Por esse motivo, era de se esperar que os ser-viços mantivessem um padrão mínimo de qualidade, sem filas e com perspectivas de que a cura está à disposição.
A lei assinada por Dilma vem para tapar mais uma lacuna do SUS. Sob o olhar de uma lei mais detalhista, abrem-se precedentes para cobrar punição pela falta de atendimento, principalmente de uma doença ainda assustadora e, em muitos casos, silenciosa. Assim que entrar em vigor, a legislação cobrará prazos para o atendimento a partir da apresentação do diagnóstico. A espera deverá ainda ser menor, nos casos da necessidade terapêu-tica ou “manifestações dolorosas” –que
darão tratamento privilegiado e gratuito e acesso facilitado a medicamentos pró-prios aos pacientes.
Embora tal zelo do governo tenha seus méritos, não é apenas se apresentando novas legislações que o problema da saúde brasileira será solucionado. Neste ano, o governo federal reservou mais de R$ 70 bilhões para abastecer o setor –sendo que, com a municipalização, as despesas com saúde estão cada vez mais sob res-ponsabilidade das prefeituras. Paralela-mente, surgem denúncias sobre fraudes no setor, como direcionamento de licitações ou favorecimentos diversos, como o que foi revelado neste ano em um hospital público do Rio de Janeiro.
Tão importante quanto criar leis que ga-rantam o atendimento mínimo à população brasileira –principalmente em situações como a de pacientes de doenças graves– é garantir o seu pleno cumprimento. Isso vale também para as legislações que pregam punição àqueles que se valem do erário ou o mal aplicam, garantindo assim o destino adequado para recursos preciosos para a administração pública. A lei é para todos.
Editorial
A2 o EstadoMato Grosso do Sul
Sábado, 24 de novembro de 2012
Iguais perante à leiMarcos Borges
É militar reformado
Opinião do leitor a respeito da edição de ontem
1 CO LE TI VA MEN TE, A MAN CHE TE DE ONTEM “Mulher de MS paga R$ 300 e adota bebê pela internet”
FOI: 60% MUI TO IM POR TAN TE 35% IM POR TAN TE
5% POU CO IM POR TAN TE0% SEM QUALQUER IM POR TÂN CIA
2 OS TEX TOS DA PRI MEI RA PÁ GI NA CON TI NHAM AL GUM EXA GE RO EM RE LA ÇÃO ÀS PÁ GI NAS IN TER NAS?
3 A CHARGE DA EDIÇÃO DE ONTEM FOI:
35% INTERESSANTE 0% POUCO INTERESSANTE
0% INDIFERENTE65% NÃO VIU
4 NA SUA OPINIÃO QUAL FOI A NOTÍCIA MAIS IMPORTANTE DA EDIÇÃO DE ONTEM?
5 DÊ A SUA AVALIAÇÃO À EDIÇÃO DE ONTEM 40% ÓTIMO 60% BOM 0% REGULAR 0% RUIM
0% SIM 100% NÃO
“Mulher de MS paga R$ 300 e adota bebê pela internet”
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“Somos o que fazemos. No dia em que fazemos, realmente existimos; nos outros, apenas duramos.” Padre Antônio Vieira
Mensalão do PT, aspectos e consequências
Abdalla Maksoud Neto
A frase do Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, de que “se fosse para cumprir muitos anos em alguma prisão preferiria morrer” indica com clareza insofis-
mável uma estranha e repentina alteração na sensibilidade das autoridades brasileiras sobre o que ocorre com o sistema penitenciário. E essa mudança, colocada num contexto mais amplo, mostra como está sendo saudável o julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal, pois é graças a seus resultados concretos que poderemos agora ter esperança de que o sistema penal do País possa entrar finalmente em rota de transformação profunda nas próximas décadas.
À medida que a punibilidade de crimes antes protegidos por uma vasta teia de interesses garantia que corruptos e corruptores (na maioria dos casos figuras de proa do poder) ficassem protegidos e despreocupados com as decisões judiciais, com o julgamento da ação penal 470 novos paradigmas devem certamente ser adotados, ampliando assim a abrangência do risco de prisão daqueles que jamais imaginaram ser alcançados pelas mãos da Justiça.
Ironicamente, é impossível não concluir que, se figuras poderosas da República podem ocupar por algum tempo uma cela na penitenciária, nada mais lógico a insólita preocupação do Ministro da Justiça com a situação das cadeias do País. No pontual, podemos imaginar que o sentimento é o de solidariedade com aqueles companheiros que o ajudaram na chegada ao poder.
Por influência do julgamento do mensalão nossas autoridades parecem que começam a se mo-vimentar em relação à essência de nossas leis penais que, em função de arcaísmos e inadap-tabilidades sociais, pune rigoro-samente crimes e delinquências corriqueiras –superlotando o sis-tema penitenciário– enquanto é maleável e “generosa” com os verdadeiros criminosos, aqueles que são sempre protegidos pelos cargos, riqueza ou influência.
A frase do Ministro José Edu-ardo Cardozo coloca na pauta do debate as falhas de nosso sistema criminal e toca em pontos que a sociedade deve se conscientizar. Pergunta-se: de que adianta mandar para a cadeia autores de delitos leves quando se sabe que as condi-ções objetivas de nossas prisões transformam em pouco tempo jovens sem perspectiva de futuro em verdadeiros monstros? Ora, se o Sistema Penitenciário foi concebido para recuperar e ressocializar criminosos o que hoje ocorre é exatamente o contrário: as prisões nada mais são do que uma escola de aprimoramento da bandidagem, responsável pela formação de grupos criminosos.
Sem reformular o sistema penitenciário brasileiro não há como se pensar em políticas eficazes de segurança pública. O processo termina autogerando e ampliando a si próprio, sem que haja possibilidade de mitigação ao longo do tempo. Neste aspecto, nada mais correto do que unir esforços entre os po-deres para atacar três problemas básicos do setor: aprovar mudanças na legislação penal, reformular os papéis das polí-cias (criando inclusive uma polícia de fronteira) e modificar a estrutura “medieval” do sistema penitenciário.
Agindo nestas frentes de maneira planejada a sociedade brasi-leira poderá aspirar soluções para o problema da segurança pú-blica no futuro. Caso contrário, ficaremos manietados à mercê do crime e sacrificando uma geração de brasileiros que poderia estar trabalhando, criando e produzindo em vez de estar se diplomando em escolas de criminalidade espalhadas por todo o país.
Uma geração de brasileiros que poderia estar trabalhando, criando e produzindo está se diplomando em escolas de criminalidade espalhadas pelo país.
Advogado criminalista
Ernesto Caruso, militar reformado
O corporativismo do PT é intrigante, repulsivo e ofensivo à instituição da Suprema Corte.
As Forças Armadas além de se destinarem à defesa da Pátria, existem para a garantia do Poder Judiciário, da lei e da ordem, por iniciativa do presidente do STF.
Julgamento do mensalão e o sistema penitenciário