memórias de um tempo_ política de assistência social em bagé_governo municipal de bagé

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Construímos, entre 2001 e 2008, época em que estávamos à frente da Prefeitura de Bagé, ...uma consistente política social que, em determinado momento, foi responsável por retirar das ruas todas as crianças e adolescentes que perambulavam pelo centro da cidade pedindo esmolas, cometendo pequenos delitos ou submetidas à exploração do trabalho infantil. Política integrada por ações transversais que envolviam, fundamentalmente, as secretarias da Educação, de Assistência Social, de Esporte e Turismo e de Saúde. Num final de ano, que agora não recordo qual, recebi o melhor presente de Natal daquele período. Era a notícia que dos seis adolescentes que abrigávamos na Casa de Passagem, para onde eram levados menores que tinham problemas no convívio familiar e que foram convencidos a retomar os estudos, cinco passaram no colégio. Nossos esforços eram coroados com o desempenho dos jovens que, graças ao trabalho dos profissionais da prefeitura, haviam retomado suas vidas e se reintegravam ao Memórias de um tempo Política de assistência social não assistencialista convívio social. Estas políticas começavam desde o trabalho junto às adolescentes, a quem conscientizávamos de todas as implicações de uma gravidez precoce, passavam pelo acompanhamento das gestantes com o bem estruturado serviço de pré-natal e tinham sequência com o Amigos do Bebê, que acompanhava os recém-nascidos até o sexto mês de idade. Implementamos o Primeira Infância Melhor. A partir de acordos firmados com a Vara da Infância e da Juventude e com a Promotoria Pública, associamo-nos à Urcamp para assegurar a continuidade do funcionamento da Casa da Menina. Aqui ficavam as meninas com idade entre zero e 18 anos que estavam em situação de risco, vítimas de maus tratos, abandono doméstico, violência ou qualquer tipo de exploração. Para completar este serviço, a prefeitura criou, depois, a Casa do Guri, que atendia os meninos com as mesmas características do público da Casa da Menina. Nas Casas da Família instaladas nos bairros tínhamos o Programa de Assistência Integral às Famílias, que dava um atendimento mais direto aos

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Page 1: Memórias de um Tempo_ Política de Assistência Social em Bagé_Governo Municipal de Bagé

Construímos, entre 2001 e 2008,

época em que estávamos à frente da

Prefeitura de Bagé,

...uma consistente política social que,

em determinado momento, foi responsável

por retirar das ruas todas as crianças e

adolescentes que perambulavam pelo

centro da cidade pedindo esmolas,

cometendo pequenos delitos ou

submetidas à exploração do trabalho

infantil. Política integrada por ações

transversais que envolviam,

fundamentalmente, as secretarias da

Educação, de Assistência Social, de

Esporte e Turismo e de Saúde.Num final de ano, que agora não

recordo qual, recebi o melhor presente de

Natal daquele período. Era a notícia que

dos seis adolescentes que abrigávamos

na Casa de Passagem, para onde eram

levados menores que tinham problemas

no convívio familiar e que foram

convencidos a retomar os estudos, cinco

passaram no colégio. Nossos esforços

eram coroados com o desempenho dos

jovens que, graças ao trabalho dos

profissionais da prefeitura, haviam

retomado suas vidas e se reintegravam ao

Memórias de um tempo

Política de assistência social não assistencialista

convívio social.Estas políticas começavam desde o

trabalho junto às adolescentes, a quem

conscientizávamos de todas as

implicações de uma gravidez precoce,

passavam pelo acompanhamento das

gestantes com o bem estruturado serviço

de pré-natal e tinham sequência com o

Amigos do Bebê, que acompanhava os

recém-nascidos até o sexto mês de idade.Implementamos o Primeira Infância

Melhor. A partir de acordos firmados com

a Vara da Infância e da Juventude e com a

Promotoria Pública, associamo-nos à

Urcamp para assegurar a continuidade do

funcionamento da Casa da Menina. Aqui

ficavam as meninas com idade entre zero

e 18 anos que estavam em situação de

risco, vítimas de maus tratos, abandono

doméstico, violência ou qualquer tipo de

exploração.Para completar este serviço, a

prefeitura criou, depois, a Casa do Guri,

que atendia os meninos com as mesmas

características do público da Casa da

Menina. Nas Casas da Família instaladas

nos bairros tínhamos o Programa de

Assistência Integral às Famílias, que dava

um atendimento mais direto aos

Page 2: Memórias de um Tempo_ Política de Assistência Social em Bagé_Governo Municipal de Bagé

moradores dos bairros, atuando de forma

preventiva e encaminhando soluções para

problemas eventualmente detectados.Também implantamos a Casa da

Mulher, local destinado a receber

mulheres vítimas da violência doméstica,

construído numa parceria com a

Secretaria Especial de Políticas Pública

para a Mulher, vinculada à Presidência da

República, Programa Cidadão Bajeense

(Prociba) e Gabinete da Primeira-Dama.

Com a Carmem Vargas, na primeira

Memórias de um tempo

*Esse texto faz parte de Memórias de Um Tempo, uma série publicada no Jornal Minuano de Bagé, em que procurei resgatar fatos de nossa gestão de oito anos na Prefeitura Municipal.

gestão, reativamos o albergue municipal.Tudo isso, combinado com a execução

de programas como o Esporte e Lazer e

Segundo Tempo, permitiram-nos

desenvolver uma política de assistência

social que não tinha caráter

assistencialista. A ampla rede de

abrigagem que montamos eram espaços

destinados a proteger e, ao mesmo tempo,

ofertar possibilidades de reintegração

social.