memorial descritivo casa de mel

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INTRODUÇÃO A Fazenda Boa Vista situa-se na Avenida Marechal Rondon (Maceió, Alagoas). Possui uma área de 10,4 hectares. Sendo que em 17760 m 2 são cultivadas melancias, enquanto que os melões ocupam uma área de 18400 m 2 e os eucaliptos, 7000 m 2 . O proprietário José Carlos Alves, pretende produzir mel, pois as culturas na sua propriedade dependem da polinização das abelhas para que possam aumentar a produtividade. Serão implantadas 40 colméias e com a construção da casa do mel será possível extrair, em média, 200 kg de mel por mês. Assim, este investimento, além de aumentar o rendimento das culturas, irá complementar a renda do produtor com a venda do mel. A produtividade das colméias poderá ser aumentada com manejo adequado e a casa do mel permite uma maior quantidade de processamento de mel com a substituição dos equipamentos por outros de capacidade maior. Durante a implantação da Casa do Mel no terreno é importante a observação das características físicas do local como o movimento solar, a direção predominante dos ventos, a declividade do terreno, localização das vias de acesso, nascentes e cursos d’água. A Casa do Mel é uma construção simples constituída de áreas destinadas a cada etapa da extração do produto. Portanto, são componentes da construção: área de recepção do material do campo (melgueiras), de manipulação e de processamento do mel, área de envase e de armazenagem do produto final e banheiro com o acesso do lado externo. A construção deve obedecer às normas sanitárias do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA (portaria número 006/986). Características gerais da construção da casa do mel A edificação deve apresentar alguns requisitos de construção que favoreçam a higienização do local e evitem a contaminação do ambiente por agentes externos (insetos, poeira, etc.) ou por contaminação cruzada: Pisos : Devem ser de material antiderrapante, resistente e impermeável e de fácil higienização, 1

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Page 1: Memorial Descritivo Casa de Mel

INTRODUÇÃO

A Fazenda Boa Vista situa-se na Avenida Marechal Rondon (Maceió, Alagoas). Possui uma área de 10,4 hectares. Sendo que em 17760 m2 são cultivadas melancias, enquanto que os melões ocupam uma área de 18400 m2

e os eucaliptos, 7000 m2. O proprietário José Carlos Alves, pretende produzir mel, pois as culturas na sua propriedade dependem da polinização das abelhas para que possam aumentar a produtividade. Serão implantadas 40 colméias e com a construção da casa do mel será possível extrair, em média, 200 kg de mel por mês. Assim, este investimento, além de aumentar o rendimento das culturas, irá complementar a renda do produtor com a venda do mel. A produtividade das colméias poderá ser aumentada com manejo adequado e a casa do mel permite uma maior quantidade de processamento de mel com a substituição dos equipamentos por outros de capacidade maior.

Durante a implantação da Casa do Mel no terreno é importante a observação das características físicas do local como o movimento solar, a direção predominante dos ventos, a declividade do terreno, localização das vias de acesso, nascentes e cursos d’água. A Casa do Mel é uma construção simples constituída de áreas destinadas a cada etapa da extração do produto. Portanto, são componentes da construção: área de recepção do material do campo (melgueiras), de manipulação e de processamento do mel, área de envase e de armazenagem do produto final e banheiro com o acesso do lado externo. A construção deve obedecer às normas sanitárias do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA (portaria número 006/986).

Características gerais da construção da casa do mel

A edificação deve apresentar alguns requisitos de construção que favoreçam a higienização do local e evitem a contaminação do ambiente por agentes externos (insetos, poeira, etc.) ou por contaminação cruzada:

Pisos: Devem ser de material antiderrapante, resistente e impermeável e de fácil higienização, apresentando declividade adequada e evitando o acúmulo de água; Paredes: Construídas e revestidas com material não absorvente, lavável e de cor clara. Devem apresentar superfície lisa, sem fendas que possam acumular sujeiras, e cantos arredondados entre piso/parede/teto, facilitando a higienização;

Teto (forro): Construído de forma a se evitar o acúmulo de sujeiras; Janelas: Construídas com material resistente, não absorvente e de fácil

limpeza (não apresentando pontos inacessíveis, que possam acumular sujeiras). Devem ser providas de telas protetoras de insetos, de material resistente e com sistema que permita a sua limpeza efetiva;

Portas: Devem ser de material resistente, não absorvente e de fácil limpeza;

Banheiros: Devem ser separados da área de manipulação, ou seja, sem acesso interno e nenhuma comunicação com a mesma.

Instalações hidráulicas: É recomendável a instalação de caixas d’água (com capacidade que não comprometa o abastecimento do prédio e a sua higienização), em local que permita uma boa vazão d’água e devidamente

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cobertas, evitando assim, a contaminação do reservatório. O projeto deve conter um sistema de distribuição para todos os recintos. Não é recomendável o uso de caixas d’água de amianto;

Iluminação e instalações elétricas: O projeto deve favorecer a entrada de luz natural. No caso da iluminação artificial, deve-se dar preferência a luminárias de luz fria, sendo que qualquer tipo de luminária deve apresentar proteção contra quedas e explosões; Ventilação: O projeto arquitetônico deve favorecer a ventilação e a circulação de ar no ambiente (interno), evitando temperaturas altas internamente, que são prejudiciais, às condições de trabalho e à qualidade do mel.

Mel

O mel é a substância viscosa, aromática e açucarada obtida a partir do néctar das flores e/ou exsudatos sacarínicos que as abelhas melíficas produzem.

Seu aroma, paladar, coloração, viscosidade e propriedades medicinais estão diretamente relacionados com a fonte de néctar que o originou e também com a espécie de abelha que o produziu.

O mel é constituído principalmente de glicose e frutose, proteínas, enzimas, ácidos orgânicos, substâncias minerais, pólen, sacarose, maltose e melezitose, vitaminas; assim pode cristalizar com o tempo e a baixa temperatura, para liquidificá-lo novamente, basta aquecê-lo em banho-maria, nunca ultrapassar a 45ºC.

A utilização do mel na nutrição humana não deveria limitar-se apenas a sua característica adoçante, como excelente substituto do açúcar, mas principalmente por ser um alimento de alta qualidade, rico em energia e inúmeras outras substâncias benéficas ao equilíbrio dos processos biológicos de nosso corpo. Embora o mel seja um alimento de alta qualidade, apenas o seu consumo, mesmo em grandes quantidades, não é suficiente para atender a todas as nossas necessidades nutricionais.

Dentre as inúmeras propriedades medicinais atribuídas ao mel pela medicina popular e que vêm sendo comprovadas por inúmeros trabalhos científicos, sua atividade antimicrobiana talvez seja seu efeito medicinal mais ativo (Sato et al., 2000), sendo que não apenas um fator, mas vários fatores e suas interações são os responsáveis por tal atividade.

Segundo Adcock (1962), Molan (1992) e Wahdan (1998), os responsáveis por essa habilidade antimicrobiana são os fatores físicos, como sua alta osmolaridade e acidez, e os fatores químicos relacionados com a presença de substâncias inibidoras, como o peróxido de hidrogênio, e substâncias voláteis, como os flavonóides e ácidos fenólicos.

De maneira geral, destinam-se ao mel inúmeros efeitos benéficos em várias condições patológicas.

Propriedades antissépticas, antibacterianas também são atribuídas ao mel, fazendo com que ele seja utilizado como coadjuvante na área terapêutica em diversos tratamentos profiláticos (Stonoga & Freitas, 1991).

Sua propriedade antibacteriana já foi amplamente confirmada em diversos trabalhos científicos (Adcock, 1962; White & Subers, 1963; White, Subers & Schepartz, 1966; Smith et al., 1969; Dustmann, 1979; Molan et al., 1988; Allen et al., 1991; Cortopassi-Laurino & Gelly, 1991), como também sua

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ação fungicida (Efem et al., 1992), cicatrizante (Bergman et al., 1983 e Efem, 1988; Green, 1988 e Gupta et al., 1993) e promotora da epitelização das extremidades de feridas (Efem, 1988).

Popularmente, ao mel ainda se atribuem outras propriedades como antianêmica, emoliente, antiputrefante, digestiva, laxativa e diurética (Veríssimo, 1987).

Atualmente alguns países, como a França e a Itália já vêm objetivando a produção de mel com propostas terapêuticas específicas, como nos tratamentos de úlceras e problemas respiratórios (Yaniv & Rudich, 1996).

Processamento de extração do mel

Existem procedimentos no processamento do mel que devem ser seguidos para que se mantenha a qualidade e as características intrínsecas do produto. As melgueiras, ao chegarem na casa do mel, devem ser depositadas em área isolada do recinto onde ocorrerá a extração do mel e as outras etapas do beneficiamento; devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plástico) devidamente limpos, que impeçam seu contato direto com o solo. São necessários os seguintes materiais e equipamentos:

- Garfo ou faca desoperculadora manual, automática ou semi-automática, de acordo com o volume; - Mesa para desoperculação; - Centrifuga do tipo facial ou radial, fabricada conforme as recomendações da portaria 006/85 – MA; - Peneira com malha n. 10, para fazer a filtragem do mel que cai da centrifuga, ou seja, para separar as impurezas maiores, tais como: pedaços de cera, larvas, abelhas, etc.- Homogeneizador, usado para situações em que a origem do mel é de apiários e floradas diferentes;- Tanque decantador, com torneira tipo facão, em tamanho e número proporcionais as necessidades; - Vasilhames higiênicos, para a estocagem ou venda do mel.

Fluxograma de processamento de mel

A desoperculação é a abertura dos alvéolos fechados dos favos, com garfo ou faca desoperculadora, necessária à extração de mel pela centrífuga. O quadro é apoiado sobre a mesa desoperculadora, fixado com a mão esquerda. Com o garfo desoperculador, que é operado com a mão direita, os opérculos vão sendo retirados. O garfo é passado contra a superfície dos favos, fazendo com que as hastes penetrem sob os alvéolos, pressionando-se

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DecantaçãoArmazenamentoEnvaseComercialização

FiltragemExtraçãoDesoperculaçãoRecepção

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apenas o suficiente para que a tampa de cera que recobre o mel seja retirada. À medida que a desoperculação vai sendo feita, a cera acumulada no

garfo deve ser retirada e depositada no recipiente para opérculos, visando a um posterior aproveitamento. Periodicamente o mel acumulado no reservatório da mesa desoperculadora deverá ser recolhido, passando por filtração e depois, por decantação. O processo de retirada de opérculo é fundamental para a extração do mel. Se essa operação é mal feita, o rendimento da extração cai muito.

A centrifugação também é conhecida como “desmelar” ou “melar”, sendo comum ouvir-se “vou melar as minhas colméias”. É feito obedecendo à seguinte seqüência: Desoperculados, os quadros são colocados um por um na centrifuga na posição certa, com o vértice do lombo para fora, junto á parede do tambor da centrifuga radial, até completar a carga, que pode ser de oito ou mais quadros;

Quando não há quadros para completar a carga da centrifuga ou quando esta é de grande capacidade, distribuir-los para evitar a trepidação, ou desequilibro, durante a alta rotação;

Completada a carga, inicia-se a rotação da centrifuga em velocidade lenta, para evitar o rompimento dos favos, aumentando vagarosamente á medida que o mel está sendo expelido das células e jogando contra a parede do tambor, de onde vai escorrendo para o fundo até sair pela abertura da máquina.

A filtragem consiste na colocação de uma peneira de aço inox com malha de 2 x 3 mm (n. 10), que é colocada na abertura da centrifuga, e destina-se a eliminar impurezas maiores, como: pedaços de favos, abelhas mortas, pedaços de própolis, larvas e outros detritos. Se a malha da tela for menor impede a passagem do mel que, quando não aquecido, é pouco fluido. Para melhorar a filtragem, pode-se usar uma segunda tela com malha de 1 x 1 mm, que separa as impurezas que conseguiram passar pela primeira peneira, isto porém, desde que o mel seja suficientemente fluido.

A próxima etapa é a decantação, quando o mel depois de centrifugado e filtrado deve descansar por 48 horas, num tanque, mais alto que largo, onde fica submetido ao processo de decantação natural, para separação das impurezas que escaparam durante a filtragem. Após as 48 horas de descanso, o mel decantado está pronto para ser embalado em: embalagem de estoque ou embalagem de consumidor. Esta etapa é conhecida como envasamento.

Para o mel, devem-se utilizar apenas embalagens próprias para o acondicionamento de produtos alimentícios e preferencialmente novos, pois não se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentícios (margarina, óleo, etc.). Em embalagens a granel (23,5 kg), os baldes de plástico têm relação custo-benefício superior ao da lata de metal, além de proporcionar facilidade no transporte (presença de alças). Já para capacidades superiores (300 kg) destinadas à exportação, a embalagem usada é o tambor de metal com revestimento interno de verniz especial.

Cuidados especiais devem ser tomados em relação ao armazenamento, tanto do mel a granel (baldes plásticos e tambores) como do fracionado (embalagens para o consumo final), em relação à higiene do ambiente e, principalmente, em relação ao controle da temperatura. Altas temperaturas durante todo o processamento e estocagem são prejudiciais à qualidade do produto final, uma vez que o efeito nocivo causado ao mel é acumulativo e irreversível. Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de

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madeira ou outro material, impedindo o contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilização de empilhadeiras (EMBRAPA).

HistóricoO mel, é usado como alimento pelo homem desde a pré-história, por

vários séculos foi retirado dos enxames de forma extrativista e predatória, muitas vezes causando danos ao meio ambiente, matando as abelhas. Entretanto, com o tempo, o homem foi aprendendo a proteger seus enxames, instalá-los em colmeias racionais e manejá-los de forma que houvesse maior produção de mel sem causar prejuízo para as abelhas. Nascia, assim, a apicultura. Essa atividade atravessou o tempo, ganhou o mundo e se tornou uma importante fonte de renda para várias famílias. Hoje, além do mel, é possível explorar, com a criação racional das abelhas, produtos como: pólen apícola, geléia real, rainhas, polinização, apitoxina e cera. Localização dos Apiários

A boa localização de um apiário é um dos principais fatores a influenciar a produção, o manejo e também os custos na atividade.

No apiário fixo, o principal fator determinante na produção é a duração e a variedade das floradas ao seu redor. Assim, quanto mais variadas e duradouras as floradas, maior a produção.

Apiário Fixo O apiário fixo é mantido sempre num mesmo local. Por isso, tem como

principal fator determinante de produção a duração das floradas e a variedade da vegetação (fontes de néctar e pólen) presente em seu entorno. O apiário fixo é composto por colmeias Langstroth, suportes de madeira e cobertura das caixas com um pedaço de telha. A área entre as colmeias é mantida limpa, sem mato, para facilitar o trânsito das abelhas, e melhorar as condições de visualização e manejo para o apicultor.

A produção de mel nos apiários fixos, na maior parte do Brasil, normalmente está concentrada na primavera e verão, de setembro a março. Na utilização da florada de eucalipto ou de outras espécies, o período de colheita é diferente, mas ainda é anual. Nas floradas silvestres, podem ocorrer também, diferenças na época de produção que chegam a meses. Em algumas regiões, a produção de mel estende-se por mais tempo, por causa da presença de várias espécies de plantas nectaríferas que produzem flores em meses subseqüentes. Geralmente nas condições de floradas da maior parte do Brasil, uma colméia fixa pode produzir 20 kg de mel por ano.

Apiário migratórioEsse tipo de apiário deve atender à maioria das características de um

apiário fixo, entretanto, é usado na prática da apicultura migratória, em que as abelhas são deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais

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abundantes. Como a necessidade de deslocamento é freqüente, a maioria dos apicultores prefere não cercar esses apiários, o que acarretaria um aumento dos custos (já consideráveis em uma apicultura migratória) e de mão-de-obra para a instalação das cercas.

Flora Apícola

A flora apícola é caracterizada pelas espécies vegetais que possam fornecer néctar e/ou pólen, produtos essenciais para a manutenção das colônias e para a produção de mel. O conjunto dessas espécies é denominado "pasto apícola ou pastagem apícola".

Para que se obtenha sucesso na criação de abelhas, é fundamental uma avaliação detalhada da vegetação em torno do apiário, levando-se em conta não apenas a identificação das espécies melíferas, mas também a densidade populacional e os seus períodos de floração. Essas informações serão fundamentais na decisão do local para a instalação do apiário, assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisão, alimentação suplementar e de estímulo, etc.) para os períodos de produção e para os períodos de entressafra (épocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais).

O pasto apícola pode ser natural, ou seja, formado a partir de espécies nativas ou proveniente de culturas agrícolas e reflorestamentos da indústria de madeira e papel. Nesses casos, a dependência de monoculturas não é aconselhável, pois, além de as abelhas só terem fontes de néctar e pólen em determinadas épocas do ano, há o risco de contaminação dos enxames e dos produtos pela aplicação de agroquímicos nessas áreas (prática comum na agricultura convencional). No caso dos grandes reflorestamentos de eucalipto, nem sempre podem ser considerados bons pastos apícolas, pois, apesar de existirem várias espécies com grande potencial apícola, na maioria dos casos, o corte das árvores ocorre antes da sua maturidade reprodutiva e conseqüente floração.

A diversidade do pasto apícola é uma situação que deve ser buscada. Nesse sentido, o apicultor pode e deve melhorar, sempre que possível, seu pasto apícola, introduzindo na área em torno do apiário espécies apícolas que sejam adaptadas à região, de preferência que apresentem períodos de floração diferenciados, disponibilizando recursos florais ao longo de todo o ano.

O tamanho de um pasto apícola, assim como a sua qualidade (variedade e densidade populacional das espécies, tipos de produtos fornecidos, néctar e/ou pólen e diferentes períodos de floração) irão determinar o que tecnicamente denomina-se "capacidade de suporte" da área. É a capacidade de suporte que irá determinar o número de colmeias a serem locadas em uma área, levando-se em conta o aspecto produtivo. Dessa forma, o potencial florístico dessa área será explorado pelas abelhas, de forma a maximizar a produção, sem que ocorra competição pelos recursos disponíveis.

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiência uma área de 2 a 3 Km ao redor do apiário (em torno de 700 ha de área total

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explorada), quanto mais próximo da colmeia estiver a fonte de alimento, mais rápido será o transporte, permitindo que as abelhas realizem um maior número de viagens contribuindo para o aumento da produção.

Situação Atual do mercado do mel

O Brasil ocupa hoje a décima primeira posição no ranking dos países produtores de mel, com cerca de 40 mil toneladas/ano, o primeiro lugar é da China com uma produção de 230 mil toneladas/ano. Mas, quando o assunto é exportação, o Brasil sobe para a quinta posição, com um total de 14 mil toneladas, que tem como principais destinos aos Estados Unidos e União Européia.

O ano de 2008, mesmo cheio de desafios para o setor apícola brasileiro, terminou com valores positivos e preço recorde. O setor dobrou o valor das exportações, alcançando US$ 43,57 milhões, e aumentou em 42% - 18,27 mil toneladas - o volume negociado com o externo em relação a 2007, quando foram comercializadas 12,9 mil toneladas, com faturamento de US$ 21,2 milhões.

A meta do setor é ampliar o consumo de mel, principalmente no mercado interno, onde o consumo ainda é muito baixo de 60 a 100 gramas per capta/ano, enquanto na Europa chega a 1,5 quilos per capta/ano.

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DIMENSIONAMENTO E CÁLCULO ESTRUTURAL

Cálculo da fundação direta contínua:

Telhado:2,325m2Carga e sobrecarga: 200kg/m2Peso sobre 1m de parede: 200 kg/m2 x 2,325m2 = 465 kg

Alvenaria tijolos maciços:1600 kg/m3 x 0,15mx 1m x 3m = 720 kg

Baldrame (concreto ciclópico):1800 kg/m3 x 0,20m x 1m x 0,20m = 72 kg

Peso próprio da fundação (concreto ciclópico):1800 kg/m3 x 0,5m x 1m x Xm = 900X kg

Resistência do solo: 12000 kg/m2

Peso total sobre o solo: (465 + 720 + 72 + 900X) kg = (1257 + 900X) kg

12000 kg/m2 = (1257 + 900X) kg Xm2X = 0,40m

Dimensão da fundação direta contínua: 0,40 x 0,50m

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Page 9: Memorial Descritivo Casa de Mel

MEMORIAL DESCRITIVO

Construção: Casa do MelLocal: Maceió, Alagoas – Fazenda Boa VistaProprietário: José Carlos Alves

Características gerais: Unidade de processamento de mel, com capacidade para recebimento de até 200 kg de mel por mês. Área total de 31,68 m2. Com orientação leste/oeste no sentido da cumeeira.

01- Serviços preliminares: O terreno será roçado manualmente. As instalações provisórias serão constituídas de barracão de madeirit e telha de fibrocimento (2,44 x 0,50) com 30 m2 contendo, escritório, depósito de material, ferramentas e pessoal, com ligações elétricas e hidráulicas. A confecção de gabarito será feita logo após a construção do abrigo provisório e a seguir serão abertas a valas manualmente até meio metro de profundidade em solo.

02 - Serviços de execução2.1- Fundação: A taxa do terreno para efeito de cálculo das fundações foi considerada de 12000 Kg/m2 a 0,50 m de profundidade para o dimensionamento da fundação direta contínua. Nas valas (dimensões: 50 cm de altura e 40 cm de largura) serão removidos os pontos fracos como lixo, formigueiros, restos vegetais, preenchendo-os com pedra ou terra apiloada. O enchimento das valas será feito com concreto ciclópico (1:3: 6 e 30% de pedra de mão), sem fôrmas de madeira com a utilização da própria vala como fôrma. 2.2 - Estrutura: A viga baldrame (20 x 20) será executada em concreto ciclópico (1:3: 6 e 30% de pedra de mão), semelhante à sapata contínua, sem betoneira, em fôrmas de tábuas de pinho de terceira, estas serão aproveitadas três vezes.2.3 - Alvenarias: As paredes terão espessura de 0,15m, ½ tijolo,sendo utilizados tijolos maciços, de dimensões 21x10x5 cm, assentados em argamassa, sem betoneira, de traço 1:3.2.4 - Piso: A caixa formada pelo interior dos baldrames será aterrada com terra, sem matéria orgânica e depois apiloada em camadas de 10cm. O contrapiso terá 5 cm de largura e será executado em concreto 1:3:6. Será revestido com argamassa pré-fabricada e cerâmica. O piso terá declividade no sentido dos ralos.2.5 - Revestimento: Primeiramente, as paredes internas serão chapiscadas com traço 1:3, depois revestidas com argamassa pré-fabricada e azulejadas. Os azulejos devem permanecer imersos em água limpa por um período de 30 minutos, antes de serem assentados. As paredes externas não possuirão revestimentos, uma vez que as alvenarias de tijolos maciços dispensam revestimento.2.6 - Telhado: Estrutura em madeira paraju, telha de cerâmica colonial plana em duas águas e inclinação de 40%. Serão utilizadas três tesouras, de acordo com as dimensões determinadas pelo projeto, contraventamento e beiral de 55 cm. 2.7 - Forro: Em toda a edificação, de PVC branco.

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3.0 - Trabalhos de acabamento3.1 - Esquadrias: Portas em alumínio, com fechamento automático. Aos pés das portas da sala de processamento e de recepção serão colocados rodos para vedação das mesmas.As janelas serão em alumínio com vidro liso transparente e receberão quadro metálico com fechamento em tela milimétrica, na sala de recepção o quadro metálico terá escape para as abelhas.3.2 - Instalações hidráulicas: A tubulação será em PVC e terá uma caixa d’água cilíndrica de fibra com capacidade para 500 litros.3.3 - Instalações elétricas: Deverão existir diversos pontos de tomada 110V e 220V na sala de processamento, a 1,20m do piso, sendo que a tubulação de 220V poderá ser feita através de tubulação aparente.A iluminação artificial das instalações deverá ser feita através de lâmpadas protegidas e com luz fria.3.4 - Limpeza: Os entulhos serão retirados com carrinho de mão e as instalações serão lavadas e desinfetadas com produtos próprios.

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Page 11: Memorial Descritivo Casa de Mel

ORÇAMENTO

Item ServiçosUnid

.Quant

.P. Unit. P. Total Total do Item

Constução Civil

1.0 Serviços Preliminares m2 72

1.1 Limpeza do terreno (servente) h 21,6 2,50 54,00

1.2 Canteiro de obra m2

Madeirit folha 13 33,00 429,00Telha Fibrocimento un 24 7,00 168,00Pregos Kg 2 5,00 10,00Pontalete m 33 7,00 231,00Tábua Pinho m2 39 5,40 210,60Carpinteiro h 7 5,50 38,50Servente h 10 2,30 23,00

1.164,10

Encargos Sociais % 122 115,50 140,91BDI % 40 1.305,01 522,00

1.827,01

2.0 Fundação2.1.

1Escavação m3 7,1

Servente h 19,17 1,94 37,19

2.1.2

Fundação direta contínua m3 7,1

Areia m3 5 20,00 100,00

Brita m3 4 45,00 180,00

Brita 2 m3 4 45,00 180,00Cimento sc 30 17,50 525,00Pedreiro h 11,51 4,85 55,82Servente h 71 1,94 137,74

2.2 Baldrame2.2.

1Forma para Baldrame m2 3,52

Tábua de pinho de 3º m2 2 5,40 10,80Prego 18 x 30 Kg 1 5,00 5,00Pontaletes m 6 7,00 42,00Capinteiro h 4,23 5,50 23,27Sevente h 4,23 2,30 9,73

2.2.

2Baldrame m3 1,42

Areia m3 1 20,00 20,00

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Page 12: Memorial Descritivo Casa de Mel

Brita m3 1 45,00 45,00

Brita 2 m3 1 45,00 45,00Cimento sc 6 17,50 105,00Pedreiro h 2,3 4,85 11,16Servente h 14,2 1,94 27,55

 2.3Apiloamento e compactação-10cm

m3 2,95

Servente h 10,33 1,94 20,041.580,29

Encargos Sociais % 122 322,50 393,45BDI % 40 1.973,74 789,50

2.763,24

3.0 Alvenaria m2 96Tijolos maciços mil 8 210,00 1.680,00Areia m3 2 20,00 40,00Cimento sc 17 17,50 297,50Pedreiro h 82,44 4,85 399,83Servente h 41,22 1,94 79,97

2.497,30

Encargos Sociais % 122 479,80 585,36BDI % 40 3.082,66 1.233,06

4.315,72

4.0 Estrutura - concreto armado

4.1.1

Forma para Verga m2 3,72

Tábua de pinho de 3º m2 2 5,40 10,80Prego 18 x 30 Kg 1 5,00 5,00Pontaletes m 6 7,00 42,00Capinteiro h 4,47 5,50 24,59Sevente h 4,47 2,30 10,28

4.1.2

Verga m3 0,54

Areia m3 1 20,00 20,00

Brita m3 1 45,00 45,00Cimento sc 4 17,50 70,00Ferragem - 3/8 Barra 2 24,00 48,00Ferragem - 1/4 Barra 11 12,00 132,00Arame kg 1 5,00 5,00Pedreiro h 2,18 4,85 10,57Servente h 2,72 1,94 5,28

4.2 Cinta de amarração m3 0,96Cimento sc 6 17,50 105,00Areia m3 1 20,00 20,00Arame kg 1 5,00 5,00Ferragem - 1/4 Barra 6 12,00 72,00Pedreiro h 4,35 4,85 21,10

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Servente h 5,5 1,94 10,67662,28

Encargos Sociais % 122 82,49 100,64BDI % 40 762,92 305,17

1.068,09

5.0 Aluguel Cavalete dias 60 1,00 60,0060,00

6.0 Revestimento de parede m2 95,34Cimento sc 29 17,50 507,50Areia m3 7 20,00 140,00Pedreiro h 177,27 4,85 859,76Servente h 288,54 1,94 559,77Cal sc 39 4,90 191,10

6.1 Revestimento com azulejo m2 95,34Pedreiro h 34,32 4,85 166,45Servente h 19,07 1,94 37,00Argamassa sc 21 6,50 136,50Azulejo m2 105 13,90 1.459,50

4.057,57Encargos Sociais % 122 1.419,53 1.731,83BDI % 40 5.789,40 2.315,76

8.105,16

7.0 Pavimentação m2 29,5

7.1 Contrapiso m3 2,68

Areia m3 2 20,00 40,00

Brita m3 2 45,00 90,00

Brita 2 m3 2 45,00 90,00Cimento sc 12 17,50 210,00Servente h 26,64 1,94 51,68Pedreiro h 5,33 4,85 25,85

7.2 Pavimentação com cerâmica m2 29,5Argamassa pré-fabricada sc 7 8,00 56,00Piso cerâmico 30x30cm m2 36 11,76 423,36Servente h 6,49 1,94 12,59Pedreiro h 12,98 4,85 62,95

1.062,44Encargos Sociais % 122 133,07 162,35BDI % 40 1.224,79 489,92

1.714,71

8.0 Telhado m2 46,048.1 Estrutura

Ajudante de carpinteiro h 55,25 2,30 127,08Carpinteiro h 55,25 5,50 303,88Prego Kg 12,00 6,20 74,40Madeira Paraju m3 1,00 2.100,00 2.100,00

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8.2 Cobertura m2 46,035Telha cerâmica colonial plana un 1318 0,49 645,82Pedreiro h 23,02 4,85 111,65Servente h 46,035 1,94 89,31

3.452,12Encargos Sociais % 122 631,92 770,94BDI % 40 4.223,06 1.689,22

5.912,28

9.0 Forro PVC m2 27,15Montador h 20,36 6,00 122,16Ajudante h 20,36 3,00 61,08Arremate para Forro PVC m 11,00 2,35 25,85Forro PVC m2 28 15,00 420,00

629,09Encargos Sociais % 122 183,24 223,55BDI % 40 852,64 341,06

1.193,70

10.0 Esquadrias alumínioPortas un 5 586,00 2.930,00Janelas un 2 330,00 660,00Janela banheiro un 1 232,00 232,00Pedreiro h 16,14 4,85 78,28Ajudante h 26,9 1,94 52,19

3.952,47Encargos Sociais % 122 130,47 159,17BDI % 40 4.111,64 1.644,66

5.756,30             

Sub Total 19.117,6

732.716,22

Encargos Sociais % 122 3.498,52 4.268,20

BDI % 4023.385,8

79.330,35

Instalação Elétrica Vb 5 1.635,81 1.635,81

Instalação Hidráulica Vb 5 1.635,81 1.635,81

Limpeza Vb 1 327,16 327,16

  Total Construção Civil         36.315,00

EquipamentosPeneira un 1 110,00 110,00Balde aço inox un 1 160,00 160,00Centrífuga 8 quadros un 1 630,00 630,00

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Decantador Aço Inox 80kg un 1 490,00 490,00Mesa Desorpeculadora un 1 890,00 890,00Garfo Desoperculador un 3 15,00 45,00Descristalizador un 1 1.370,00 1.370,00Torneira aço inox un 2 105,60 211,20Pia Aço Inox un 2 205,90 411,80Torneira banheiro un 1 40,90 40,90

Total Equipamentos 4.358,90

CRONOGRAMA FÍSICO-FINANCEIRO

Obra: Casa do Mel para Extração de 200 kg/mêsLocal: Av. Marechal Rondon, s/n - Fazenda Boa Vista - Maceió - AlProprietário: José Carlos Alves

Item

Serviços Meses     

    1 2 3 Total por Item (R$) % por Item

   1 Serviços Preliminares 100 1.827,01 5,15  2 Fundações 100 2.763,24 7,6  3 Alvenaria 20 80 4.315,72 11,84  4 Estrutura Concreto Armado 100 1.068,09 2,94  6 Aluguel de cavalete 100 60,00 0,16  7 Revestimento de parede 100 8.105,16 22,31  8 Pavimentação 50 50 1.714,71 4,72  9 Telhado 100 5.912,28 16,25  10 Forro 100 1.193,70 3,29  11 Esquadrias 100 5.756,30 15,84  12 Instalações elétricas 10 40 50 1.635,81 4,5  13 Instalações hidráulicas 10 40 50 1.635,81 4,5  14 Limpeza 100 327,16 0,9     

 Previsão de Faturamento Mensal (R$)

5.840,56 12.598,95 17.875,49     

     TOTAL (R$)       36.315,00                 

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REFERÊNCIAS

Criar e Plantar. Disponível em: <http://www.criareplantar.com.br/noticia/ler/?idNoticia=13145>. Acessado em: 20 jun. 2009.

Baêta, Fernando da Costa. Custos de Construçoes. Viçosa: UFV, 2002.

EMBRAPA. Sistemas de Produçao. Disponível em: <http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Mel/SPMel/index.htm>. Acessado em: 20 jun. 2009.

Fábrica do Agricultor. Apicultores discutem a organização do mercado Disponível em: <www.fabricadoagricultor.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=140>. Acessado em: 20 jun. 2009.

MELLO, Nei Bandeira de. Guia prático do apicultor. São Paulo: Ground, 1989.

Wiese, H. Novo Manual de Apicultura. Guaíba: Agropecuária. Guaíba, 1995. 292p.

TCPO 2003 – Tabelas de Composição de Preços para Orçamentos. São Paulo, 2003.

Bueno, Frederico Hermeto. Técnicas Construtivas ENG 350. UFV, 2000.

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