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Universidade de Aveiro
Ano 2019
Departamento de Economia, Gestão, Engenharia Industrial e Turismo
Mariana Craveiro Soares
MELHORIA DA GESTÃO OPERACIONAL DE UMA LINHA DE MONTAGEM
Universidade de Aveiro
Ano 2019
Departamento de Economia, Gestão, Engenharia Industrial e Turismo
Mariana Craveiro Soares
MELHORIA DA GESTÃO OPERACIONAL DE UMA LINHA DE MONTAGEM
Relatório de Projeto apresentado à Universidade de Aveiro para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Engenharia e Gestão Industrial, realizada sob a orientação científica da Professora Doutora Ana Maria Pinto de Moura, Professora Auxiliar no Departamento de Economia, Gestão, Engenharia Industrial e Turismo da Universidade de Aveiro.
Dedico este projeto aos meus pais e irmã pelo incansável apoio.
o júri
presidente Prof. Doutor João Carlos de Oliveira Matias professor catedrático da Universidade de Aveiro
Prof. Doutor Luís Gonçalo Rodrigues Reis Figueira professor auxiliar da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Prof. Doutora Ana Maria Pinto de Moura professora auxiliar da Universidade de Aveiro
agradecimentos
Em primeiro lugar, agradecer à PREH Portugal que me concedeu esta oportunidade de estágio. A toda a sua equipa que me recebeu de forma excecional e apostou em mim e naquilo que eu pude trazer de novo. Um especial agradecimento à Engenheira Sara Cardoso, a minha orientadora da instituição, que sempre esteve disponível para me esclarecer dúvidas, que me deu oportunidade de dar a minha opinião e de crescer como profissional. Ao Engenheiro Paulo Matos, um enorme obrigada, por toda a sua disponibilidade, apoio e conhecimentos transmitidos. Ao Engenheiro Manuel Castro que sempre se mostrou disponível para responder às minhas questões. À professora Ana Moura, minha orientadora da Universidade, pelo interesse demonstrado, disponibilidade e orientação indispensável durante a realização deste Projeto. Procurou sempre ter um papel ativo ao longo de todo o meu estágio através de sugestões e recomendações de melhoria. Aos meus pais, pela educação, pelos valores transmitidos e por todo esforço e dedicação. Por nunca deixarem de acreditar em mim e nas minhas capacidades, uma fonte de inspiração e motivação. À minha irmã que, em momentos de maior angústia, sempre soube a palavra certa a dizer e a melhor forma de me tranquilizar e pela confiança constante que depositou em mim. Ao meu namorado por toda a paciência, apoio incondicional e pelas palavras reconfortantes nos momentos mais difíceis. Aos meus amigos, que sempre estiveram disponíveis para me ajudar e que nunca me falharam quando precisei de alguma coisa. O meu muito obrigado a todos os que me acompanharam ao longo deste percurso académico, de altos e baixos, mas sobretudo de aprendizagens, quer a nível académico, profissional e pessoal.
palavras-chave
lean, indústria automóvel, gestão operacional, modelo de afetação, linha de produção.
resumo
Num setor altamente competitivo como é a indústria automóvel, os desafios com que se confrontam os operadores são constantes e exigem, a cada momento, capacidade de inovação. Melhorar produtos, adaptar processos, aumentar qualidade e reduzir custos são algumas das preocupações que se impõem, implacavelmente. A gestão aplicada a segmentos de ponta, onde os concorrentes se digladiam com argumentos poderosos, numa incessante busca de superação, determina que a decisão se inspire no mais ínfimo detalhe. Destarte, o presente projeto visou alcançar a melhoria da gestão operacional de uma linha de montagem da indústria automóvel. Para tanto, desenvolveu-se uma metodologia com base na análise e observação de práticas e comportamentos. Vários tipos de desperdícios foram detetados, o que ocasionou a implementação de práticas de Lean, permitindo, deste modo, melhorar o desempenho, mormente nos postos identificados como sendo mais críticos. Simultaneamente, recorreu-se a um processo de tentativa-erro com vista a maximizar a eficiência de uma determinada operação. Suscitou-se também a necessidade de promover uma alteração no que à disposição da linha concerne, pelo que, atento o conhecimento genérico do processo e de acordo com as tipologias de layouts existentes, implementou-se o layout em formato de “U”, mais adequado ao processo produtivo em questão. Até ao momento, a organização não apresentava qualquer critério e/ou modelo para realizar a distribuição dos seus colaboradores pelas diferentes operações. Surgiu então a necessidade de desenvolver um modelo de afetação, recorrendo ao software IBM ILOG CPLEX, por forma a promover uma melhor alocação de recursos humanos. Considerando cada caso concreto, o modelo desenvolvido permite que a escolha do trabalhador para ocupar determinado posto resulte da ponderação entre as exigências das funções e as qualificações do trabalhador, potenciando o desempenho individual. De um modo geral, os resultados alcançados demonstraram que a adoção das práticas Lean e o desenvolvimento de um modelo de Programação Linear Inteira Binária contribuem para a melhoria da performance operacional de uma linha de produção.
keywords
lean, automobile industry, operational management, affectation model, line of production.
abstract
In a highly competitive industry such as the automotive industry, the challenges faced by operators are constant and require innovation at all times. Improving products, adapting processes, increasing quality and reducing costs are some of the pressing concerns, relentlessly. The management applied to cutting-edge segments, where competitors fight with powerful arguments, in an incessant search for overcoming, determines that the decision is inspired by the smallest detail. Thus, the present project aimed at achieving the improvement of the operational management of an automotive assembly line. For that, a methodology was developed based on the analysis and observation of practices and behaviours. Various types of wastes were detected, which led to the implementation of Lean practices, thereby improving performance, especially at the locations identified as being more critical. Simultaneously, a trial-error process was used to maximize the efficiency of a given operation. It was also raised the need to promote an alteration in the layout of the line concerned, so that, considering the generic knowledge of the process and according to the typologies of existing layouts, the layout was implemented in a "U" format, more appropriate to the production process in question. At the moment, the organization did not present any criterion and / or model to carry out the distribution of its employees by the different operations. There was a need to develop an affectation model using IBM ILOG CPLEX software to promote a better allocation of human resources. Considering each specific case, the developed model allows the choice of the worker to occupy a given position results from the balance between the requirements of the functions and the qualifications of the worker, enhancing the individual performance. In general, the results showed that the adoption of Lean practices and the development of a Binary Whole Linear Programming model contribute to the improvement of the operational performance of a production line.
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
I
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................1
1.1. Objetivos ........................................................................................................................1
1.2. Metodologia seguida no projeto ......................................................................................1
1.3. Estrutura do documento ..................................................................................................2
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................................5
2.1. Toyota Production System ..............................................................................................5
2.2. Lean Production..............................................................................................................5
2.3. Lean Thinking .................................................................................................................7
2.4. Desperdício e Valor ........................................................................................................9
2.5. Tipos de Layout ............................................................................................................ 12
2.5.1. Layout por Posição Fixa ........................................................................................ 12
2.5.2. Layout por Processo ............................................................................................. 12
2.5.3. Layout por Produto ................................................................................................ 13
2.5.4. Layout Celular ....................................................................................................... 13
2.6. Programação Linear ..................................................................................................... 15
2.6.1. Programação Linear Inteira ................................................................................... 17
2.6.2. Problemas de Afetação ......................................................................................... 17
3. CASO DE ESTUDO ............................................................................................................. 19
3.1. Apresentação da Empresa ............................................................................................ 19
3.1.1. PREH Portugal ...................................................................................................... 19
3.2. Apresentação do projeto ZBE ZBF ................................................................................ 21
3.3. Descrição do Processo Produtivo ................................................................................. 21
4. OPORTUNIDADES DE MELHORIA ..................................................................................... 25
4.1. End Of Line .................................................................................................................. 25
4.2. Operação 200 ............................................................................................................... 28
4.3. Operação Swarovski ..................................................................................................... 31
4.4. Operação Pré-Check .................................................................................................... 33
4.5. Novo Projeto de Layout................................................................................................. 34
5. DISTRIBUIÇÃO DE TAREFAS PELOS COLABORADORES ................................................ 37
II
5.1. Descrição do Problema ................................................................................................. 37
5.2. Metodologia Aplicada.................................................................................................... 37
5.2.1. Levantamento e Tratamento de Dados .................................................................. 37
5.2.2. Balanceamento ..................................................................................................... 38
5.2.3. Matriz de Qualificações ......................................................................................... 41
5.3. Formulação do Problema .............................................................................................. 42
5.4. Testes computacionais ................................................................................................. 43
5.5. Análise dos Resultados ................................................................................................ 43
5.6. Conclusões................................................................................................................... 44
6. CONCLUSÕES E TRABALHO FUTURO .............................................................................. 45
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................. 49
ANEXOS ..................................................................................................................................... 51
A - Fluxograma da versão High ................................................................................................ 51
B - Fluxograma da versão Low ................................................................................................. 52
C - Duração de cada reteste automático................................................................................... 53
D - Atribuição de cada colaborador ao número correspondente do Modelo ............................... 54
E - Qualificações dos colaboradores para os diferentes grupos de máquinas ........................... 55
F - Modelo desenvolvido no CPLEX ......................................................................................... 58
G - Resultados obtidos do CPLEX ............................................................................................ 60
H - Layout da triplicação da linha a ser implementado .............................................................. 63
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
III
Índice de Figuras
Figura 1 – Objetivos do Toyota Production System ........................................................................5
Figura 2 – Os princípios do Lean Thinking ......................................................................................9
Figura 3 – Tipo de atividades de trabalho ..................................................................................... 10
Figura 4 – Layout por Posição Fixa .............................................................................................. 12
Figura 5 – Layout por Processo .................................................................................................... 12
Figura 6 – Layout em Linha .......................................................................................................... 13
Figura 7 – Layout Celular ............................................................................................................. 13
Figura 8 – Configurações básicas de células de manufatura ........................................................ 15
Figura 9 – Países onde o grupo PREH tem unidades de produção ............................................... 19
Figura 10 – Sede da PREH Portugal ............................................................................................ 20
Figura 11 – Exemplo do produto ZBE ZBF aplicado ao serie 8 ..................................................... 21
Figura 12 – Layout inicial ............................................................................................................. 22
Figura 13 – Botão rotativo: subconjunto obtido da OP40 .............................................................. 22
Figura 14 – Tampa: subconjunto obtido da OP150 ....................................................................... 23
Figura 15 – Placa Base: subconjunto obtido da OP200 ................................................................ 23
Figura 16 – End Of Line da linha ZBE ZBF ................................................................................... 25
Figura 17 – Atividades realizadas na operação 200 ...................................................................... 28
Figura 18 – Sequência de atividades realizadas na operação 200 ................................................ 29
Figura 19 – Placa base e pivot, da esquerda para a direita ........................................................... 29
Figura 20 – Versão anterior do housing com orifícios VS versão atual .......................................... 30
Figura 21 – Sequência do processo de encaixe com o auxílio da prensa ...................................... 30
Figura 22 – Operação Swarovski ................................................................................................. 31
IV
Figura 23 – Estágios do Swarovski: Sem cola, Com cola e excessos, Com cola e sem excessos da
esquerda para a direita ................................................................................................................ 32
Figura 24 – Recorte dos excessos de cola ................................................................................... 33
Figura 25 – Remoção do excesso de cola do jig ........................................................................... 33
Figura 26 – Operação Pré-Check ................................................................................................. 33
Figura 27 – Layout intermédio ...................................................................................................... 35
Figura 28 – Escala de qualificação ............................................................................................... 41
Figura 29 – Metal sheets .............................................................................................................. 46
Figura 30 – Operação 90 ............................................................................................................. 47
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
V
Índice de Tabelas
Tabela 1....................................................................................................................................... 27
Tabela 2....................................................................................................................................... 28
Tabela 3....................................................................................................................................... 32
Tabela 4....................................................................................................................................... 34
Tabela 5....................................................................................................................................... 38
Tabela 6....................................................................................................................................... 39
Tabela 7....................................................................................................................................... 41
Tabela 8....................................................................................................................................... 55
Tabela 9....................................................................................................................................... 56
Tabela 10. .................................................................................................................................... 57
Tabela 11. .................................................................................................................................... 57
Tabela 12. .................................................................................................................................... 60
Tabela 13. .................................................................................................................................... 61
Tabela 14. .................................................................................................................................... 62
Tabela 15. .................................................................................................................................... 62
VI
Índice de Gráficos
Gráfico 1 – Distribuição do tempo de processamento teórico das máquinas ................................. 40
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
VII
Índice de Equações
Equação 1 ................................................................................................................................... 16
Equação 2 ................................................................................................................................... 16
Equação 3 ................................................................................................................................... 18
Equação 4 ................................................................................................................................... 18
Equação 5 ................................................................................................................................... 18
Equação 6 ................................................................................................................................... 18
Equação 7 ................................................................................................................................... 26
Equação 8 ................................................................................................................................... 42
Equação 9 ................................................................................................................................... 42
Equação 10.................................................................................................................................. 42
Equação 11.................................................................................................................................. 42
Equação 12.................................................................................................................................. 43
VIII
Lista de Abreviaturas, Siglas e Acrónimos
ZBE – Zentral Bedieneinheit
BMW – Bayerische Motoren Werke
TPS – Toyota Production System
JIC – Just in Case
JIT – Just in Time
LT – Lead Time
WIP – Work in Progress
FMS – Flexible Manufacturing System
CNC – Computer Numeric Control
PCB – Printed Circuit Board
PL – Programação Linear
PLI – Programação Linear Inteira
EOL – End Of Line
Auto – Automatic
HS – Hand Shift
SWK – Swarovski
CLT – Comunidade de Lean Thinking
OP – Operação
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
1
1. INTRODUÇÃO
Com a crescente competitividade e a constante evolução tecnológica, nos dias de hoje, torna-se
impraticável ignorar a voz dos stakeholders, se o objetivo das organizações consistir em
manterem-se no mercado. Desta forma a necessidade de se conhecer até ao mais ínfimo detalhe
os recursos e processos produtivos existentes numa organização, em particular, na área de
produção, onde é criado e agregado valor ao produto final, torna-se fundamental.
Com este conhecimento e recorrendo a práticas do Lean, é possível diminuir os seus consumos e
direcionar o essencial para as tarefas principais, através da eliminação de desperdícios e
introdução de melhorias constantes nos processos e/ou componentes. Na impossibilidade da
eliminação total dos desperdícios procura-se minimizá-lo, tanto quanto possível, podendo recorrer-
se a correções de layouts, a eficiências ao nível do planeamento da produção e sistemas de
transportes mais flexíveis.
O constante crescimento da PREH Portugal, em conjugação com a sua diversidade de
encomendas, implica uma maior atenção na eficiência dos processos e gestão dos recursos
humanos tornando-se essencial descobrir soluções que garantam a produção necessária e em
simultâneo aumentem a sua eficiência.
1.1. Objetivos
O departamento de Produção, no qual decorreu o estágio, é responsável pelo controlo da entrada
e consumos das matérias-primas, servindo de suporte ao departamento de logística, gestão do
uso e da manutenção das máquinas e equipamento e, ainda, pelo acompanhamento dos níveis de
produtividade e desempenho da organização. Em suma, abrange toda a gestão do processo de
transformação dos inputs no produto final.
O presente relatório teve como principal objetivo a melhoria da performance operacional do projeto
ZBE ZBF da BMW, conseguida através do estudo e aplicação de práticas Lean e recorrendo a
metodologias de Investigação Operacional conducentes à afetação de pessoal a diferentes
tarefas. Um dos principais problemas que o projeto ZBE ZBF enfrenta, prende-se com tempos de
processamento elevados.
1.2. Metodologia seguida no projeto
A metodologia seguida ao longo deste projeto englobou várias etapas que, em conjunto,
permitiram a concretização do objetivo em estudo. Numa primeira fase de integração foram
caracterizadas e mapeadas as operações desenvolvidas no projeto ZBE ZBF, para que assim se
identificasse e descrevesse os pontos críticos sobre os quais atuar. De seguida, adotou-se uma
estratégia de recolha e análise de dados com o propósito de perceber quais as oportunidades de
melhoria.
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
2
Os principais problemas identificados centraram-se, (1) nos elevados tempos de processamento
de algumas operações; (2) na inadequação do layout inicial face as necessidades e ao processo
produtivo; e, ainda, (3) numa ineficiente utilização dos recursos disponíveis, em especial, do fator
Humano. Expostos os pontos de intervenção, foram desenvolvidas e implementadas as seguintes
medidas:
(1) No caso dos elevados tempos de processamento das operações, através da análise e
observação das operações realizadas e da aplicação de práticas lean, foi possível diminuir todo o
tipo de desperdícios associados a estas operações. Juntamente com esta ação, em alguns casos,
recorreu-se a pequenas alterações de engenharia (processo ou componentes), e/ou pequenos
investimentos destinados à aquisição de novos equipamentos.
Num caso particular, na operação swarovski, para além da metodologia de análise e observação,
ainda com o objetivo de reduzir o tempo de processamento, recorreu-se uma metodologia de
tentativa-erro. Todo este processo resultou na obtenção da melhor combinação de fatores que
mais influenciavam o desempenho do processo de nivelamento associado a esta operação.
(2) A adequação do layout às características da produção foi fundamental para minimizar os
custos e incrementar a produtividade com a máxima eficiência. Deste modo, com base no
conhecimento genérico do processo e de acordo com os tipos de layout existentes, implementou-
se aquele que o tornava mais eficiente. Objetivamente no processo de montagem do produto
obteve-se uma minimização de todo o tipo de desperdício, um fluxo continuo, uma velocidade de
processamento do produto de acordo com a procura do cliente, e uma minimização do impacto do
fator abstinência dos recursos humanos de produção.
(3) Finalmente, para uma melhor gestão dos recursos humanos disponíveis, desenvolveu-se um
modelo de afetação com base nas suas qualificações recorrendo à programação linear.
1.3. Estrutura do documento
No que respeita à organização do presente relatório, o mesmo encontra-se estruturado da
seguinte forma:
• No capítulo 2 é feita uma exposição da revisão de literatura, onde é realizado um
levantamento do estudo bibliográfico, que serviu de suporte à tomada de decisões ao
longo do projeto.
• O capítulo 3 inicia-se com uma breve introdução ao Grupo PREH e uma caracterização
mais detalhada da PREH Portugal, Lda.. Ainda no presente capítulo, realiza-se a
apresentação do caso de estudo e descrição de todo o seu processo produtivo.
• O capítulo 4 tem por base a apresentação e implementação de propostas de melhoria
como resposta às inconformidades que foram sendo identificadas ao longo do processo e
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
3
respetivos resultados. Neste segmento é, também, apresentada a proposta de um novo
layout com a duplicação da linha inicial.
• No capítulo 5 é descrito todo o processo envolvido para o desenvolvimento do modelo de
afetação sendo apresentada e analisada a solução obtida do software CPLEX.
• Finalmente, no capítulo 6, é concretizada a sintetização das conclusões obtidas ao longo
deste projeto e possíveis ações futuras.
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
5
QUALIDADE
TPS
CUSTO ENTREGA
Figura 1 – Objetivos do Toyota Production System
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A seguinte revisão bibliográfica pretende servir de base à estruturação de conhecimento ao longo
do projeto desenvolvido, possibilitando o apoio e fundamento das metodologias e processos
utilizados.
2.1. Toyota Production System
O conceito Toyota Production System (TPS), desenvolvido por Taiichi Ohno, consiste num sistema
de produção capaz de acompanhar as constantes mudanças do mercado e, simultaneamente,
satisfazer as necessidades dos seus consumidores através de uma diversificada oferta de
produtos com elevada qualidade ao menor custo possível (Pinto, 2008; Womack & Jones, 2003;
Womack, Jones, & Roos, 1992).
Assim sendo, os objetivos do Toyota Production System (Figura 1), segundo (Pinto, 2014) passam
pelo:
• Aumento da Qualidade através da redução da variabilidade;
• Eliminação ou redução de tudo o que é desperdício com o objetivo de diminuir os Custos
associados à produção;
• Redução do Lead Time, isto é, do tempo de entrega ao cliente final.
Resumidamente, conceber um produto com a melhor qualidade ao menor custo e no menor tempo
de entrega possível.
2.2. Lean Production
A designação de Lean Production também conhecido como Lean Manufacturing, concebido e
aplicado inicialmente no Japão, prioriza a redução e eliminação, quando possível, do muda
(desperdício em Japonês) independentemente do local onde este se encontra.
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
6
O conceito de Lean Production consiste em usar “menos de tudo” no processo de conceção do
produto, quando comparado com sistema de produção em massa. Este método japonês traduz-se
em menos esforço humano, menos espaço fabril, menos investimento em ferramentas, menos
horas para se desenvolver um novo modelo e/ou produto, menos stocks, menos custos
associados (Womack et al., 1992). A ideia base deste “sistema passa pela manutenção de um
fluxo contínuo de produtos que facilmente se possa adaptar a alterações da procura” (L. F. C.
Ferreira, 2011, p.6), ou seja, um fluxo que permita uma resposta rápida às necessidades do
cliente.
Com a intenção de difundir as melhores práticas desenvolvidas na Toyota, Fujio Cho, desenhou
uma representação simples do TPS - Casa do TPS (Liker, 2004). A filosofia TPS é o fundamento a
partir do qual todo o edifício TPS é desenvolvido pois assenta em princípios e valores imutáveis.
Os dois pilares fundamentais, primeiramente acoplados ao edifício TPS (telhado), desenvolvido
por Taiichi Ohno e Shingeo, com o objetivo de explicar a evolução e a estabilidade do sistema a
todos os colaboradores são o Just in Time e Jidoka.
Just in Time traduz-se em produzir apenas o que é preciso, quando é preciso, na quantidade
necessária (Pinto, 2014).
Esta técnica, que leva à melhoria permanente, recorre à dinâmica do Pull; ao Kanban,
para controlar e disciplinar o fluxo de materiais, pessoas e informação; a sistemas de
armazenamento e abastecimento dinâmicos (supermercados, bordos de linha e comboio
logístico); e ao nivelamento da produção (L. F. C. Ferreira, 2011, p.7).
O termo Jidoka, também conhecido como Autonomação, surge com a finalidade de fazer emergir
os problemas. Jidoka sugere à criação de “mecanismos e automatismos que evitem que o erro
aconteça ou se propague” (Pinto, 2014, p.74) através da transferência de inteligência humana
para máquinas automáticas de modo a serem capazes de detetar e pararem de imediato na
ocorrência de anormalidades como mau funcionamento do equipamento ou problemas com a
qualidade.
Subjacentes a estes pilares, existem outros três aspetos fundamentais: (1) Heijunka, conceito que
surge como resposta à instabilidade da procura dos clientes que converte essa instabilidade num
processo nivelado de produção; (2) Trabalho padronizado, segundo Thomaz (2015), consiste em
identificar a forma mais eficiente de realizar determinada tarefa e/ou processo. Para isto, é
necessário possuir um elevado conhecimento de todo o processo de forma a identificar e definir a
melhor sequência de trabalho a por em prática; (3) Kaizen, termo japonês que significa melhoria
contínua, tem como objetivo eliminar desperdícios contínua e gradualmente de modo a aumentar a
produtividade. O processo de melhoria continua incluí todas as ações que visam a melhorar os
processos e desempenhos da organização e envolvam investimentos de valor pouco significativo
(Thomaz, 2015).
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
7
Por fim, na base do edifício TPS, encontra-se a Estabilidade imprescindível a qualquer sistema.
Processos estáveis conseguem garantir proximidade à ideia Zero Defeitos uma vez que existe a
possibilidade de padronizar, com maior facilidade, estes processos.
2.3. Lean Thinking
Com a crescente competitividade, nos dias de hoje, torna-se impraticável deixar de parte a voz
dos stakeholders se o objetivo das empresas for manterem-se no mercado. Ou seja, estas
deixaram de ter qualquer controlo no preço praticado. Assim sendo, a única forma de garantir-se
margem de lucro é através do controlo da gestão de custos de suporte, logísticos e operacionais.
O Lean Thinking surge, então, como metodologia de liderança e gestão empresarial capaz de dar
resposta a este problema. Esta filosofia, sustenta-se no aumento da competitividade das
organizações e, por sua vez, na necessidade de diminuição dos seus consumos, direcionando o
essencial para as tarefas principais, a par de um acréscimo de valor ao produto ou serviço. Ou
seja, pretende com isto eliminar desperdícios e criar valor ao cliente final (Monden, 1998).
No livro Lean Thinking, Womack e Jones identificaram os cinco princípios fundamentais do
pensamento Lean: especificação do valor, cadeia de valor, fluxo, sistema Pull e perfeição.
Especificação do Valor
Para a aplicação do pensamento Lean, a primeira coisa a definir é sem dúvida o conceito de Valor.
A dificuldade em definir corretamente Valor decorre de uma certa acomodação de quem produz,
por quererem produzir apenas o que já é produzido; e, dos consumidores, por quererem apenas
variações do que já existe (Womack & Jones, 2003).
“O Valor só pode ser definido pelo consumidor final e só é significativo quando expresso em
termos de um produto específico, que satisfaz as necessidades dos consumidores a um preço
específico num determinado momento” (Womack & Jones, 2003, p.16).
Cadeia de Valor
Entende-se como Cadeia de Valor o conjunto de todas as atividades essenciais para a conceção
de um produto ou serviço que acrescentam valor ao consumidor. Desta forma, independentemente
do tipo de organização é indispensável definir para cada um dos seus stakeholders as respetivas
cadeias de valor.
Nesta fase realiza-se a identificação de todas as atividades de um produto para detetar os
desperdícios em cada processo e implementar ações para eliminá-los, criando assim um novo
fluxo de valor otimizado (Rother & Shook, 1998).
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
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Fluxo
No que respeita ao Fluxo, o objetivo é estabelecer um fluxo contínuo de materiais e informação,
sem interrupções, de forma a que não subsistam stocks intermédios e, por sua vez, um lead time
reduzido seja alcançado.
Sistema Pull
Neste tipo de sistema é a procura por parte do cliente pelos serviços ou produtos que deve
despontar o processo produtivo (filosofia Just in Time). Com a aplicação de um sistema Pull
apenas é produzida a quantidade correspondente ao necessário, o que permite a existência de
níveis de stock bastante reduzidos.
Procura pela perfeição
Este princípio assenta na procura ininterrupta de melhoria através da eliminação de todo tipo de
desperdício. Sendo este processo continuo e infinito, incentivar um compromisso no sentido de
alcançar a perfeição torna-se fundamental. Esta perfeição deve refletir as necessidades dos
clientes pois de outra maneira torna-se impossível alcançar este princípio de melhoria continua e o
sucesso da implementação da filosofia Lean.
“Ao interagirem entre si, os princípios atrás referidos criam um círculo de melhoria contínua e um
fluxo de valor que expõe os desperdícios ocultos na cadeia, podendo então ser removidos” (Reis,
2015, p.24) dando, ainda, a possibilidade de se realizar novas melhorias (Silva, 2009).
Anos mais tarde foram sugeridos a adição de outros dois princípios uma vez que os anteriores não
contemplavam toda a abrangência da evolução do Lean Thinking.
Conhecer quem servimos
Para além de concentrar a atenção nas necessidades do cliente, para alcançar-se um futuro
promissor é, efetivamente, inconcebível deixar as demais partes envolvidas, incluindo o ambiente,
fora do cerne principal da organização.
Inovar sempre
Devido à evolução tecnológica, o mercado atual encontra-se em constante mudança e, por isso,
torna-se impossível não haver uma adaptação sistemática às suas alterações. Tendo em
consideração estas condições, para além da eliminação do desperdício é fulcral as organizações
direcionarem parte da sua atenção para o processo de criação de novos produtos, serviços,
processos e tecnologias para uma constante criação de valor.
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
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Na Figura 2 é possível visualizar, de uma forma sucinta, a versão mais completa dos princípios
Lean.
2.4. Desperdício e Valor
Segundo Hines e colaboradores (2004), o valor só está presente nas ações ou processos que são
necessários para a transformação dos produtos concebidos em conformidade com as
necessidades dos clientes.
Por outro lado, entende-se por Desperdício (em japonês, Muda) “qualquer atividade humana que
consome recursos, mas não cria valor” (James Peter Womack & Jones, 2003, p.15). Fujio Cho,
antigo presidente da Toyota, define desperdício como “tudo o que está para além da mínima
quantidade de equipamento, materiais, peças, espaço e mão-de-obra estritamente essencial para
acrescentar valor ao produto” (Suzaki, 2010).
No ambiente industrial, segundo Womack e Jones (2003) e Pinto (2014), 95% do tempo
despendido com atividades subjacentes à conceção de um produto são consideradas desperdício.
Habitualmente, as empresas focam-se somente no aumento de produtividade dos 5% de valor, ao
invés de agirem sobre os 95%.
Estes autores classificaram, então, as atividades presentes na conceção de um produto ou serviço
como: as que adicionam valor, cerca de 5%; as que não adicionam valor, contudo necessárias, 30-
35%; e, finalmente, as como puro desperdício que representam entre 60 a 65% das atividades e,
por esta razão, devem ser as primeiras a ser eliminadas (Figura 3).
Conhecer os Stakeholders
Definir Valor
Definir a(s) cadeia(s) de valor
Otimizar fluxos
Implementar o sistema Pull
Perfeição
Inovar sempre
5(+
2)
Prin
cíp
ios L
ea
n T
hin
kin
g
Quem servimos?
O objetivo de todos
Campo de intervenção
Os meios a aplicar
O sistema a usar
Insatisfação
A atitude certa
Figura 2 – Os princípios do Lean Thinking (CLT, 2008)
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
10
ATIVIDADES DE TRABALHO
VALOR
Atividades que não acrescentam valor
MUDA
Puro desperdício Atividades necessárias
Figura 3 – Tipo de atividades de trabalho
Abaixo encontram-se sistematizadas as sete formas de desperdício que, segundo Taiichi Ohno e
Shigeo Shingo, são responsáveis por 95% dos custos totais nos ambientes non-Lean.
Sobreprodução
Entende-se como produzir em quantidades superiores às requeridas antes de uma necessidade
ser efetivamente solicitada. Esta prática conduz a uma filosofia JIC que contrapõe os princípios
JIT. Desta forma, associado à prática desta filosofia encontram-se a alocação desnecessária de
recursos, um maior consumo de energia, aumento dos tempos de espera, níveis de stock
elevados e, ainda, a eliminação da flexibilidade do planeamento produtivo.
Por acréscimo, este desperdício pode propiciar o aumento dos níveis de stocks intermédios
traduzindo-se num afastamento físico dos postos de trabalho e, consequente, na degradação de
comunicação (Hines & Rich, 2004).
Espera
Em ambiente fabril, este desperdício ocorre quando operadores e/ou equipamentos encontram-se
inativos como consequência da falta de algum recurso imprescindível à realização da sua
atividade. Estes períodos de espera, por norma, advêm de problemas a jusante, atrasos dos
transportadores, layouts problemáticos e avarias.
Transporte
Corresponde a todos os movimentos quer de pessoas, materiais e informação realizados de forma
excessiva e, por isso, desnecessária. Na impossibilidade da eliminação total deste desperdício
procura-se minimizá-lo ao máximo através da correção de layouts, eficiência do planeamento da
produção e sistemas de transportes mais flexíveis.
Processo
Ocorre em situações onde a execução de uma determinada operação é realizada de forma
incorreta ou com uma complexidade excessiva. Traduz-se num incremento da taxa de defeituosos
podendo, desta forma, comprometer a qualidade do produto. Estas situações podem ser resultado
de uma insuficiente formação dos colaboradores ou falta de uniformização dos processos.
60-65% 30-35% 5%
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
11
O ideal consiste em optar por equipamentos de menores dimensões capazes de cumprir os
requisitos em termos de qualidade e quantidade tendo em atenção à sua disposição. Isto é,
colocá-los o mais próximo da máquina subsequente (Hines & Rich, 2004).
Stock
O inventário desnecessário implica uma maior área de armazenamento de matéria-prima, produto
em vias de fabrico e acabado; promove a degradação da comunicação; incrementa o custo do
produto e, por isso, resulta numa menor competitividade da organização (Hines & Rich, 2004).
Adoção de um sistema Pull ao invés do sistema JIC é uma prática positiva uma vez que minimiza
este tipo de muda.
Defeitos (Qualidade)
Este tipo de desperdício implica custos de qualidade que aumentam à medida que o tempo de
deteção se prolonga. Correspondem a situações onde a qualidade ou a não conformidade dos
produtos é posta em questão exigindo frequentemente o seu reprocessamento.
A redução dos defeitos pode ser alcançada através da implementação de dispositivos à prova de
erros (Poka-yoke), controlo sistemático e um processo de melhoria contínua. Estes defeitos devem
ser detetados antes do produto ser colocado no mercado pois, de outra forma, o defeito será
percecionado pelo cliente. Quando assim o é, além dos custos associados com garantias e
entregas adicionais, a imagem da marca junto do cliente sai prejudicada comprometendo, desta
forma, negócios futuros e impactando negativamente a sua cota de mercado (Hines & Rich, 2004).
Movimento
Traduz-se em movimentações desnecessárias e que não acrescem valor às atividades de um
processo. Se os operadores têm que se esticar, dobrar, pegar, mover ou realizar outra atividade
indevidamente, numa primeira instância, a vítima é o operador. No entanto, estes movimentos
terão impacto na qualidade do produto que, num último momento, refletir-se-á no cliente (Bicheno
& Holweg, 2009 e Hines & Rich, 2004).
Conhecimento
Womack e Jones (2003) identificaram um oitavo desperdício que corresponde à subutilização dos
operadores, ou seja, ao não aproveitamento do potencial das pessoas, mais concretamente da
sua criatividade, conhecimento, experiência e inteligência.
Resumidamente, “All we are doing is looking at the time line from the moment the customer gives
us an order to the point when we collect the cash. And we are reducing that time line by removing
the non-value added wastes.” (Ohno, 1997).
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
12
2.5. Tipos de Layout
Independentemente do contexto suscetível a análise, que pode variar entre meio empresarial,
académico ou até mesmo doméstico, a gestão eficiente do espaço disponível para determinado
fim constituí uma questão relevante a ser explorada. Os pequenos desperdícios, quando
considerados de forma isolada, tendem a ser, numericamente, irrelevantes. No entanto, o
somatório de todos estes irrisórios desperdícios de tempo traduz-se num avultado tempo sem
valor acrescentado. Desta forma, ter em atenção ao design da área produtiva é uma questão
extremamente importante para se obter o maior lucro e menor desperdiço possível (Askin, Selim,
& Vakharia, 1997).
Entende-se por layout o desenho e disposição de uma linha de produção concebido com o
propósito de maximizar a flexibilidade da mesma sem comprometer o fluxo normal de materiais e
pessoas. Por outras palavras, os movimentos entre postos de trabalho devem-se traduzir no
menor número de movimentações passível de se executar.
Segundo Drira e colaboradores (2007), a escolha do layout depende de certas características da
produção como a variedade do produto e dos volumes de produção. Existem quatro tipos básicos
de layout pelo qual a produção pode ser organizada: posição
fixa, processo, produto e celular.
2.5.1. Layout por Posição Fixa
Este tipo de layout está associado a projetos onde o volume é
baixo e a variedade do produto é elevada (Drira et al., 2007).
Além disso, este é frequente em indústrias de produtos de
grandes dimensões, como edifícios ou aeronaves, onde não
existe possibilidade do produto se mover e, por esta razão, são
os recursos que se deslocam em torno do produto (Figura 4).
2.5.2. Layout por Processo
Também conhecido por Job Shop ou layout funcional, este
sistema de organização tende a ser o mais frequente nas
indústrias. A produção neste tipo de layout caracteriza-se por
grande variedade e volume (Drira et al., 2007).
No layout por processo, os equipamentos e processos são
organizados em secções homogéneas, isto é, em locais
partilhados por equipamentos e pessoas que desempenham
funções similares (Figura 5).
Figura 4 – Layout por Posição Fixa
Figura 5 – Layout por Processo
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
13
2.5.3. Layout por Produto
Este tipo de sistema de manufatura, também conhecido como layout em linha ou Flow Shop,
identifica-se pelo seu grande volume e baixa variedade de produtos (Figura 6). Com o objetivo de
maximizar a utilização dos recursos a linha é organizada segundo a sequência de fabrico dos
produtos ou serviços, idealmente, num fluxo linear. Este fluxo de produção lógico resulta num
reduzido stock de WIP, tempo de ciclo curto e controlo de produção simplificado. Em
contrapartida, a especificidade das máquinas-ferramentas traduz-se numa inflexibilidade da linha.
Exemplos incluem restaurantes self-service e linhas de montagem (Drira et al., 2007).
Figura 6 – Layout em Linha
2.5.4. Layout Celular
A ideia base da manufatura celular, ou tecnologia de grupo, (Figura
7) é melhorar a eficiência do sistema de produção a partir da
decomposição em subsistemas autónomos agrupados por produto
ou família de produto (Angra, Sehgal, & Samsudeen Noori, 2008;
Balakrishnan & Cheng, 2007). Este tipo de layout caracteriza-se
pela sua flexibilidade para além de conjugar os aspetos positivos do
layout por processo e do layout por produto (Balakrishnan & Cheng,
2007; Xing, Hao, Wang, & Luan, 2014).
Neste sistema de organização da produção o tempo de processamento das operações é idêntico
ao tempo de ciclo da linha. Isto acontece pela proximidade existente entre as máquinas ou
processos que tornam possível a sobreposição de operações (Suresh & Meredith, 1985).
Acrescente-se o facto de existir uma previsão dos tempos de produção, os níveis de WIP
diminuem e os prazos de entrega tornam-se mais previsíveis (Suresh & Meredith, 1985).
Este tipo de sistemas requererem que as máquinas sejam divididas em células especializadas e,
daí limitadas a um conjunto de produtos. Se duas operações exigirem a mesma máquina e não
pertencerem à mesma célula é necessário adquirir-se duas máquinas. Este é o aspeto negativo
associado a este tipo de layout.
As configurações básicas para as células de manufatura dividem-se em: células de uma máquina,
células de máquinas agrupadas e transporte manual (em formato de U), células de máquinas
agrupadas e transporte semi-integrado (em linha ou em loop) e Sistema Flexíveis de Manufatura
(SFM).
Figura 7 – Layout Celular
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
14
A configuração célula de uma máquina é comum em produções de produtos simples, por norma,
compostos por um componente tido como principal e um acessório.
Layout em U
As células de máquinas agrupadas e transporte manual são organizadas segundo um
determinado conjunto de componentes ou produto completo, onde as máquinas encontram-se de
acordo com uma ordem sequencial, e no qual não existe qualquer tipo de mecanismos
automáticos de manuseamento e transporte das peças entre as estações de trabalho. Células que
apresentam reduzidas dimensões, a adoção de um layout em formato de U consiste na disposição
mais eficiente. Aqui, o fluxo de materiais ocorre sempre no mesmo sentido, isto é, a entrada e
saída dos materiais encontram-se bem definidos e são isolados um do outro.
Layout em linha
Na situação de um layout em linha, a célula de máquinas agrupadas e transporte semi-integrado
apresenta algum sistema de transporte automático retilíneo das peças entre os diferentes postos
de trabalho.
Layout em loop
O layout em loop aplica-se, também, a célula de máquinas agrupadas e transporte semi-integrado,
no entanto, para situações onde a sequência de máquinas das peças processadas é diferente.
Sistema Flexível de Manufatura
Um Sistema Flexivel de Manufatura é composto por um sistema de processamento e transporte
automático, um instrumento de manuseamento do material e, ainda, um sistema microprocessado
com a função de controlo destes instrumentos. Por outras palavras, o FMS investe na
automatização do hardware como robôs, veículos de transporte e máquinas CNC (Luong, He,
Abhary, & Qiu, 2002).
Na Figura 8, encontra-se representado as configurações básicas de células de manufatura
exposta até então.
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
15
Figura 8 – Configurações básicas de células de manufatura
2.6. Programação Linear
A Programação Linear, abrangida na área da Investigação Operacional, baseia-se em modelos
matemáticos para alcançar uma condição de similaridade com o sistema real objeto de estudo.
Recorrendo à Programação Linear é possível formular problemas onde se pretenda distribuir um
conjunto de recursos limitados da forma mais eficiente possível e de acordo com um objetivo
previamente definido.
O termo programação encontra-se associado à programação computacional, isto é, ao
planeamento de atividades para que de entre os resultados possíveis seja alcançado o melhor,
enquanto que o adjetivo linear se traduz na necessidade de que todas as funções matemáticas do
modelo sejam lineares.
A Programação Linear dedica-se à resolução linear de três tipos de problemas podendo ser
classificados como: transporte, composição e formação-produção.
1. Transporte: resume-se na otimização de sistemas de distribuição tendo o conhecimento
à priori dos custos associados ao transporte, a procura prevista para cada destino e as
capacidades máximas de produção de cada origem (Carvalho, 2014). “Cannery Exemple”
descreve um exemplo concreto de um sistema de distribuição para suprir as necessidades de
cinco armazéns de diferentes cidades a partir de três unidades de produção. Tendo informação
relativa à quantidade máxima produzida por cada unidade produtiva e, as necessidades dos
armazéns e respetivo custo de transporte, é possível otimizar a distribuição da produção entre os
pontos de origem e destino.
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
16
2. Composição: neste tipo de problemas o objetivo consiste na otimização da composição
de uma dieta com o menor custo possível e satisfazendo os níveis mínimos de calorias e
vitaminas fundamentais numa alimentação. Como exemplo, “Housewife’s Problem” tendo o
conhecimento da composição vitamínica e calórica dos alimentos e os preços associados, de
acordo com as necessidades mínimas de vitaminas e calorias, pretende-se otimizar a dieta com o
menor custo possível.
3. Formação-Produção: aqui, é pretendido otimizar os programas de contração e formação
de pessoal, a produção e armazenamento, de modo a minimizar os custos e a maximizar os
lucros. O caso “On-the-job Training” retrata a situação em que uma organização não apresenta
capacidade de resposta aos seus clientes (procura ˃ oferta) e, é por isso, obrigada a contratar e
formar trabalhadores. Neste caso, o objetivo pretendido consiste em minimizar os custos advindos
do período de formação destes colaboradores e o número de trabalhadores contratados.
Estrutura de um Problema de PL
Um problema de Programação Linear comtempla: as variáveis de decisão (𝑥1,𝑥2,…,𝑥𝑛) em que os
seus valores correspondem ao output do modelo; a função objetivo (Equação 1) que serve como
medida de avaliação da solução obtida (𝐹=𝐴𝑥1+𝐵𝑥2+⋯+𝐶𝑥𝑛 em que 𝐴, 𝐵, 𝐶 pertencem aos
números racionais); as restrições que representam as limitações e/ou especificações do problema
geralmente em forma de inequações (Equação 2); e os parâmetros que correspondem às
constantes presentes na função objetivo (neste caso A, B e C). Com este modelo é possível definir
os valores que as variáveis de decisão irão tomar de maneira a minimizar ou maximizar o valor da
função objetivo considerando as restrições impostas.
Genericamente, segundo Carvalho (2014), um problema de PL equaciona-se do seguinte modo:
Função objetivo (MÁX. ou min.): 𝑍 = ∑ 𝑐𝑗𝑥𝑗
𝑛
𝑗=1
Equação 1
Satisfazendo as restrições: 𝑟𝑗 ≡ ∑ 𝑎𝑖𝑗𝑥𝑗
𝑚
𝑗=1
𝑏𝑗 Equação 2
Sendo x1, …, x2 ≥ 0 a restrição de não negatividade.
xj – nivél de atividade j (para j = 1, 2, …,n), representando as variáveis de decisão;
cj – coeficientes da funçao objetivo;
aij – coeficientes técnicos. Coeficiente da variável xj na restrição de ordem i, representando a
quantidade do recurso i consumido por unidade de atividade j;
≤
=
≥
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
17
bi – termo independente da i-ésima restrição, sendo a quantidade do recurso i que se encontra
disponível para alocação nas atividades xj (para i = 1, 2, …, m).
Estas restrições podem variar entre “≤”, “≥” ou “=”. Em conjunto com as restrições funcionais é
necessário assegurar a não negatividade das variáveis (xj ≥ 0). Este tipo de modelo assume que o
índice i refere-se ao número da linha e o índice j ao número da coluna.
Existem três tipos de soluções: não admissíveis, isto é, que não cumprem todas as especificações
do problema; admissíveis que se localizam na região admissível no formato de um poliedro
convexo; e ótima, incluída na região admissível que, tal como o nome indica, otimiza a função
objetivo.
2.6.1. Programação Linear Inteira
Os problemas de Programação Linear Inteira correspondem a uma subclasse da Programação
Linear onde a grande maioria dos problemas se enquadram na categoria dos NP-difícil.
Este tipo de problemas, caracterizam-se por uma ordem de complexidade exponencial, isto é, o
esforço computacional necessário para a sua resolução aumenta de acordo com o tamanho do
problema. Na prática, isto traduz-se numa impossibilidade de resolução até à otimalidade. Num
modelo de PLI todas as variáveis do problema pertencem ao conjunto de números inteiros. Um
caso particular, corresponde a um problema de Programação Linear Binária onde as variáveis
apenas assumem os valores de zero e um.
2.6.2. Problemas de Afetação
O problema de afetação é um dos problemas mais frequentemente resolvidos recorrendo à
Programação Linear. De um modo sucinto, um problema de afetação consiste em afetar n
indivíduos a n tarefas com o objetivo de minimizar o custo total destas associações. Estes custos
são conhecidos à priori e representados como cij, resultando das diferentes associações do
individuo i (i=1, 2, …n) à tarefa j (j=1, 2, …n).
O problema de afetação enquadra-se num caso particular de um problema de transportes em que
os valores de oferta e procura são todos iguais a um. Aqui, as variáveis de estudo são binárias,
isto é, assumem apenas o valor de 0 e 1, que se traduz num problema de programação binária.
Abaixo encontra-se representado um pequeno exemplo do exposto.
1 se o indivíduo i desempenhar a tarefa j
0 se o indivíduo i não desempenhar a tarefa j xij =
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
18
Minimizar z = ∑ ∑ 𝑐𝑖𝑗𝑥𝑖𝑗
𝑗𝑖
Equação 3
Sujeito a,
∑ 𝑥𝑖𝑗
𝑗
= 1 (𝑖 = 1,2, … , 𝑛) Equação 4
∑ 𝑥𝑖𝑗
𝑖
= 1 (𝑗 = 1,2, … , 𝑛) Equação 5
𝑥𝑖𝑗 = 0 ⋁ 𝑥𝑖𝑗 = 1 Equação 6
As equações 4 e 5 representam restrições que asseguram a afetação de apenas uma
tarefa a cada indivíduo e que apenas um indivíduo desempenha uma determinada tarefa,
respetivamente. Finalmente, a Equação 6, traduz os valores que a variável de decisão pode
assumir.
Gestão de Recursos Humanos
Tudo o que envolva capital humano é necessário ter um especial acréscimo de atenção sobre o
mesmo e a forma como este é abordado. Sendo que a maioria dos problemas de afetação
envolvem a gestão de recursos humanos torna-se relevante explorá-lo.
No estudo desenvolvido por Nishii e Wright (2007) é evidenciado o impacto da perceção das
práticas de recursos humanos na organização nomeadamente através da sua satisfação e
consequente aumento do nível de motivação dos mesmos. A par disto, para uma contínua e
crescente motivação, é importante investir, por exemplo, em formações.
Resumidamente, as políticas de gestão de recursos humanos devem ter em consideração esta
variabilidade e diferenciação como tendo um impacto significativo direto nos ganhos da
organização.
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
19
3. CASO DE ESTUDO
3.1. Apresentação da Empresa
O grupo PREH, fundado em 1919, consiste num consórcio internacional com sede na Alemanha
representado em vários países como os Estados Unidos da América, China e México (Figura 9). O
principal setor deste grupo é a indústria automóvel, tendo como principais clientes a Mercedes, a
BMW e a Audi. Os produtos abrangem sistemas de controlo de condução, unidades de controlo
eletrónicas e sistemas de controlo climático.
Na última década, tem apresentado um crescimento gradual e continuo contando, atualmente,
com mais de 7.000 colaboradores e vendas num valor superior a € 1.283 M.
Figura 9 – Países onde o grupo PREH tem unidades de produção
3.1.1. PREH Portugal
A PREH Portugal, Lda. fundada em 1969, é uma sociedade por quotas com um capital social de €
2.763.000.001, a sua sede social e área industrial situam-se no concelho da Trofa, distrito do Porto
(Figura 10). Atualmente emprega cerca de 1.125 colaboradores e produz, maioritariamente,
componentes plásticos e eletrónicos destinados à indústria automóvel.
Para o desenvolvimento e conceção de produtos e processos inovadores, a PREH segue uma
metodologia de Gestão de Projetos, uma estruturação sistematizada e standardizada de
procedimentos e processos que providenciam um alto grau de flexibilidade.
1 Informações disponibilizadas pelo departamento de Recursos Humanos
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
20
Figura 10 – Sede da PREH Portugal
A PREH Portugal encontra-se dividida em quatro grandes secções:
Eletrónica
O objetivo desta secção passa pela colocação de componentes eletrónicos em Printed Circuit
Boards. Além disto, são ainda efetuados testes elétricos e funcionais às placas, bem como, é
realizada a programação de microprocessadores.
Injeção Plástica
A injeção plástica corresponde à produção de elementos plásticos que fazem parte da estrutura do
produto final, como por exemplo, blendas, condutores de luz e botões.
Pintura
Tal como o nome indica, incluí todos os processos de pintura de componentes que integrarão o
produto final e que tem como destinatário a montagem final. Todos os componentes plásticos
injetados internamente são, aqui, pintados e gravados a laser.
Montagem Final
Nesta secção todos os componentes, produzidos nas secções anteriores, são agregados
passando a constituir o produto final a ser entregue ao cliente. Além de atividades de montagem,
esta secção é composta por diversos testes de conformidade do produto, que podem variar de
produto para produto. Esses testes estão divididos em dois grupos: testes visuais e testes EOL
(End Of Line) – teste de forças, deslocamento, iluminação, presença de componentes, entre
outros.
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
21
Nesta secção incluí inúmeros projetos, aproximadamente 23, onde se realiza a montagem final
dos produtos desenvolvidos.
3.2. Apresentação do projeto ZBE ZBF
O projeto ZBE ZBF consiste na produção de um sistema de apoio à condução. O produto
desenvolvido neste projeto será implementado no próximo BMW serie 8 (Figura 11) e, atualmente,
apresenta 10 modelos diferentes agrupados em 2 versões: Low e High.
Figura 11 – Exemplo do produto ZBE ZBF aplicado ao serie 8
A versão Low caracteriza-se por um design mais básico e simples, com menos funcionalidades e
de acionamento mecânico, apresentando-se apenas em acabamento matte. Já a versão High,
existe em dois tipos de acabamento, matte e brilhante (high gloss), mais funcionalidades e é
acionado por sensor touch.
Para além destas pequenas diferenças, os modelos são distinguidos de acordo com o tipo de
caixa de mudanças de velocidade – automática (também designada por Auto derivado de
Automatic) ou manual (HS sigla de Hand Shift).
Outro ponto de diferenciação dos 10 modelos existentes é o tipo de botão. A versão Low está
associada um botão “fake”, isto é, sem qualquer função apenas mera estética. Na versão High
existem dois tipos de botão, o normal e o swarovski.
3.3. Descrição do Processo Produtivo
A linha de produção incorpora 22 postos de trabalho sendo que algumas das máquinas são
alocadas somente a cada uma das versões, Low e High, tendo ciclos de funcionamento distintos.
Através da observação da Figura 12, poder-se-á observar o layout inicial dividido em 8 partes,
estando assinaladas a diferentes cores, com a seguinte correspondência cor-área:
• Azul escuro – Swarovski;
• Cor de laranja – Botão Rotativo;
• Azul claro – Tampa;
• Amarelo – Placa Base;
• Verde – Montagem Final;
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
22
• Cinzento – End Of Line;
• Roxo – Área da Qualidade;
• Cor de rosa – Recuperação.
Figura 12 – Layout inicial
Para uma melhor compreensão da linha onde o produto em estudo é desenvolvido apresenta-se
uma breve descrição das diversas áreas.
Swarovski
Esta operação caracteriza-se pelo nivelamento da base do cristal swarovski, através da injeção de
cola. Com efeito, a cola aqui utilizada permite, em virtude das suas características de condução, o
acionamento do botão ao toque.
Botão Rotativo
A conceção do botão inicia-se pela montagem do rolamento e da
mola no anel rotativo, conforme se pode observar pelos
fluxogramas em anexo (anexo A e B), obtendo-se a base do
botão. Em paralelo é realizada a pré-montagem do botão, isto é,
o subconjunto onde se inclui a placa eletrónica (PCB), o
condutor de luz, destinado à iluminação das setas do botão, e a
colagem do disco tátil sensível ao toque permitindo o
acionamento do botão.
Para um acabamento esteticamente mais atrativo, numa fase final é acoplado um anel cromado
em seu redor. Por fim, é realizada a montagem destes dois conjuntos, superior e inferior, e a
verificação do seu funcionamento antes de seguir para a montagem completa do ZBE (Figura 13).
Figura 13 – Botão rotativo:
subconjunto obtido da OP40
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
23
Figura 14 – Tampa: subconjunto
obtido da OP150
Tampa
Este subconjunto, também designado por blenda, é iniciado com
o corte dos elétrodos (metal sheets) para posteriormente serem
incorporados no carrier em conjunto com os condutores de luz.
Em seguida, no guiding frame são acoplados o atuador, que irá
estabelecer o contacto com a PCB, e o subconjunto do carrier
constituindo assim a base da tampa.
Numa segunda fase é colado um filme de sensor (vulgarmente
conhecido por foil) à blenda, sendo de seguida, emparelhada à
base da tampa. Finalmente, realiza-se a montagem da placa eletrónica, que permitirá o
funcionamento das teclas, e o respetivo aparafusamento (Figura 14).
Placa Base
A montagem da placa base ou housing, ocorre apenas num posto
de trabalho onde são agregados o condutor de luz, o pivot e a
placa base. Este subconjunto corresponde à base do produto
ZBE (Figura 15).
Montagem Final
Nesta fase, realizam-se duas operações: a junção dos 3 subconjuntos acima descritos através de
um processo de aparafusamento e acabamentos finais, que incluem a colocação do back over e
do batente. Ainda, na situação de se tratar de uma versão High, é efetuado um pré-check para
verificação do funcionamento da peça em situações onde a estabilidade não é total. Em seguida é
submetida ao EOL e enviada para a área da Qualidade antes de ser enviado para o cliente.
End Of Line
O End of Line consiste num teste de linha final onde são efetuados testes mecânicos e elétricos às
diferentes funcionalidades da peça.
Área da Qualidade
Antes do processo de embalamento, primeiramente, são analisadas características estéticas,
sonoras e de iluminação, isto é, se existem anomalias e/ou defeitos nomeadamente picos, riscos,
ruídos metálicos, etc. Em seguida realiza-se um teste ao funcionamento da peça através da
Figura 15 – Placa Base:
subconjunto obtido da OP200
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
24
conexão a um sistema VISU, este sistema consiste num simulador da conexão estabelecida no
produto final. Depois de embaladas estas são enviadas para a expedição em paletes.
Recuperação
As peças não conformes encontradas em todo o processo de fabrico, desde o início da linha até à
área da Qualidade, são encaminhadas para a zona de recuperação, designada na Figura 12 como
Rework. Dependendo de cada caso, estas podem ser totalmente desmontadas e libertadas para
percorrerem, novamente, toda linha ou, então, proceder-se à substituição do componente
danificado ou não conforme neste mesmo posto, realizando-se apenas a operação de Pré-check
(no caso de se tratar de uma versão High), End Of Line e, finalmente, área da Qualidade.
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
25
4. OPORTUNIDADES DE MELHORIA
Numa fase inicial, após uma observação direta dos processos, foi possível identificar e ordenar os
diferentes postos de trabalho nos quais seria necessário intervir. As ações corretivas foram
orientadas atendendo ao maior grau de impacto no output da linha.
Como oportunidade de melhoria surgiu, numa primeira fase, o bottleneck da linha de produção,
isto é, a operação que determina o tempo de ciclo da linha. Posteriormente foram exploradas mais
três operações de linha, igualmente com um impacto significativo no output. Por fim, foi
implementada toda uma reestruturação do layout inicial (secção 4.5.).
4.1. End Of Line
Figura 16 – End Of Line da linha ZBE ZBF
Identificada como a operação com o ciclo mais longo, tornou-se necessário centrar na mesma
particular atenção, tendo em vista que qualquer ação que visasse a sua diminuição tinha, como
consequência direta, a redução do tempo de ciclo da linha.
O End of Line compreende um conjunto de testes a que são submetidas as peças, com uma
duração inicial de 50 segundos, distribuído por 9 estações, onde se processa a simulação do
funcionamento mecânico e elétrico (Figura 16). Com a concretização deste teste, é assegurado
um rigoroso controlo da qualidade do desempenho do produto. De seguida são identificadas as
atividades desenvolvidas em cada uma das estações:
Estação 1 – Conexão da peça ao ninho (cavidade) do EOL;
Estação 2 – Medição da altura e do torque (força de aparafusamento) dos parafusos
agregados na montagem final da peça;
Estação 3 – Calibração da peça;
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
26
Estação 4 – Medição da força necessária para o acionamento e libertação do botão
(PushForce e PushRelease) e da diferença (Delta) entre as duas posições de todas as
teclas;
Estação 5 – Medição do torque dos parafusos acoplados ao housing (ForceDeflection
Joystick);
Estação 6 – Mensuração do torque do knob, isto é, da força de enroscamento do parafuso
associado ao knob (também conhecido como botão rotativo);
Estação 7 – Teste visual à iluminação da blenda e setas do knob;
Estação 8 – Verificação do software da PCB e da comunicação elétrica da peça;
Estação 10 – Colagem da etiqueta do resultado do teste – NOK ou OK.
Ações implementadas
a) Aquisição de uma nova estação de teste
Com o objetivo de reduzir-se o tempo de processamento desta operação, avaliou-se a duração de
cada estação. Constatou-se que a estação 3 apresentava a duração mais extensa de todo o teste.
Assim sendo, a solução passou pela divisão do teste de calibração em duas estações, a 3 e a 4.
Todas as atividades anteriormente realizadas na estação 4 passaram a ser executadas numa nova
estação.
O investimento com a aquisição da nova estação rondou os 45.000 euros. A avaliação do
investimento inicial teve em linha de conta duas variáveis: o impacto ao nível do tempo de ciclo e o
tempo necessário para que o investimento tivesse retorno (payback do investimento). O payback
trata-se de um critério de avaliação de risco que tem como expressão de cálculo a seguinte
fórmula (Equação 7):
𝑃𝑎𝑦𝑏𝑎𝑐𝑘 = 𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 (€)
𝑅𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑚𝑒𝑛𝑠𝑎𝑙 (€/𝑚ê𝑠) Equação 7
Tendo em conta a discrepância de preços de venda e o volume mensal de encomendas das
versões do produto, realizou-se uma análise da procura tendo como base amostral os meses de
janeiro a abril para a estimação da procura média mensal.
Relativamente aos preços dos 10 modelos, foi possível agrupá-los em versão matte, high gloss
com botão normal, high gloss com botão swarovski e low. A percentagem de vendas de cada
versão foi obtida com base no mesmo período de referência para o cálculo da procura. O preço de
venda foi determinado com base no preço de venda médio de cada uma das 4 versões (Tabela 1).
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
27
Tabela 1.
Proporção de vendas mensais das versões e respetivo custo unitário
VERSÃO % de vendas Custo unitário (€)
Matte 45% 27,00
High Gloss 26% 28,00
Swarovski 26% 59,00
Low 3% 12,00
Considerando uma procura de 43.017 unidades e as percentagens de vendas das diferentes
versões acima mencionadas, o retorno médio (RM) mensal traduziu-se na seguinte expressão:
RM = 43.017 × (0,45 × € 27.00) + (0,26 × € 28,00) + (0,26 × € 59,00) + (0,03 × € 12.00)
= € 𝟏. 𝟓𝟎𝟔. 𝟎𝟏𝟔, 𝟒𝟐/ 𝒎ê𝒔
A partir do cálculo do retorno médio mensal foi possível estimar, com fiabilidade, o payback do
investimento.
𝑃𝑎𝑦𝑏𝑎𝑐𝑘 =
€ 45.000
€ 1.506.016,42= 0,03 𝑚𝑒𝑠𝑒𝑠 ≈ 2 𝑡𝑢𝑟𝑛𝑜𝑠
O resultado do payback, permitiu concluir que o investimento inicial teve um retorno quase
imediato e de reduzido risco atendendo ao facto de o valor do investimento ter sido recuperado
em, aproximadamente, 2 turnos de trabalho – 14,4 horas.
Esta análise assumiu os seguintes pressupostos:
• A linha trabalha em três turnos diários com duração de 8 horas, 5 dias por semana;
• Um mês é composto por 4 semanas.
Este tipo de métrica não incluí taxas de juro, nem a inflação do período ou o custo de
oportunidade, no entanto é particularmente útil como indicador auxiliar no processo de análise de
investimentos. É relevante referir que o payback considera um fluxo sempre constante, que na
prática, poderá não se verificar.
b) Averiguação das atividades realizadas fora do teste
A partir da análise de todas as atividades associadas a esta operação, constatou-se que a
operação de verificação do active haptic ou do haptic, dependendo do modelo high ou low, poderia
ser eliminada tendo em conta que a mesma seria repetida na área da qualidade. Esta atividade
consiste num teste de acionamento das teclas através do contacto manual realizado pelo
operador.
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
28
Tabela 2.
Tempos de Processamento após a implementação das ações de melhoria
Amostra 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 Tempo
(segundos) 34 33 32 33 34 33 33 33 58 30 34 34 68 32 40 39
Amostra 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32
Tempo (segundos)
33 32 33 41 34 33 34 31 34 31 33 31 31 28 30 41
Amostra 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48
Tempo (segundos)
33 32 34 34 31 54 34 63 68 33 34 32 44 33 33 36
Como é possível verificar pela amostra de valores correspondente a tempos de processamento do
end of line (Tabela 2), a média do tempo de processamento foi de 36,6 segundos contabilizando
todos os valores da amostra e de 33,7 segundos quando removidos os valores realçados. Os
valores realçados correspondem a retestes automáticos das estações que, apesar de se tratar de
algo esporádico não devem ser desconsiderados. Efetuando a média dos dois valores acima, 36,6
e 33,7 segundos, o tempo médio de processamento passou a ser de, aproximadamente, 35
segundos.
Em conjunto, estas duas ações, traduziram-se numa redução equivalente a 15 segundos no tempo
de processamento do EOL e, consequentemente, do tempo de ciclo da linha.
4.2. Operação 200
Esta operação consiste na montagem do íman no housing, que corresponde à “base” da peça
(Figura 17). A atividade de aparafusamento realizada nesta operação constitui um processo
moroso, implicando que esta seja uma das operações com o tempo de processamento mais
elevado na linha. Não sendo possível tornar a atividade de aparafusamento mais eficiente, o foco
centrou-se na análise de todas as atividades até então realizadas com a máquina parada.
Figura 17 – Atividades realizadas na operação 200
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
29
De forma a ser mais esclarecedor e compreensivo, em seguida é apresentado,
esquematicamente, a sequência das atividades inicialmente realizadas no processo de montagem
do íman (Figura 18).
Ações implementadas
a) Eliminação das atividades de limpeza do pivot e da placa base (Figura 19)
Com a execução de uma experiência teste à obrigatoriedade de limpeza do pivot e da placa base,
verificou-se que esta atividade não apresentava qualquer impacto positivo no output da linha.
Concluiu-se tratarem de atividades que não agregavam valor ao produto, consequentemente, ao
cliente e, por isso, sem motivo para a sua execução. Com esta medida foi possível reduzir,
aproximadamente, 7 segundos no tempo da operação.
b) Novo housing com os orifícios tapados
Uma segunda ação direcionada à melhoria do processo, consistiu na aposta no desenvolvimento
de um dos componentes utilizados nesta operação, o housing. O housing inicial apresentava
orifícios destinados a operações de laboratório, designadamente alterações ao nível do software.
Colar etiqueta branca
Colar etiqueta de rastreabilidade
Limpar pivotColocar housing no
ninho
Inserir pivot no housing e rodar no sentido anti-horário
até bloquear
Inserir condutor de luz no housing
Fechar máscaraAparafusar 4 parafusos no
housing
Abrir máscaraLimpar, orientar
e encaixar a placa base
Retirar subconjunto do
ninho
Colocar o subconjunto no transportador
Figura 19 – Placa base e pivot, da esquerda para a direita
1 2 3
5
4
6 7 8
10 9 11 12
Figura 18 – Sequência de atividades realizadas na operação 200
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
30
No entanto, contrabalançando as vantagens da presença desses orifícios face ao tempo
despendido na atividade de colagem de uma etiqueta branca destinada a ocultar os mesmos para
não serem identificados como não conformes (ver Figura 20), concluiu-se que a frequência com
que se recorria a estes orifícios não justificava a sua existência.
Assim sendo, desenvolveu-se uma atualização do componente consistindo, essencialmente, numa
melhoria visual. Com isto, o tempo de processamento da operação 200 diminuiu, sensivelmente, 4
segundos.
Figura 20 – Versão anterior do housing com orifícios VS versão atual
c) Aquisição de uma prensa para o encaixe da placa base
Para uma melhor centralização dos magnéticos, presentes na placa base e no pivot, realizou-se
um upgrade da placa base. No entanto, associada a esta nova atualização, surgiu uma nova
dificuldade no processo de encaixe.
Por forma a ultrapassar esta limitação, optou-se pela introdução de uma prensa (Figura 21) com o
intuito de tornar o processo mais ergonómico para os trabalhadores. Simultaneamente, garantiu-se
a correta posição dos magnéticos correspondente ao encaixe pré-definido. Como consequência,
obteve-se um acréscimo de 3 segundos ao tempo de processamento.
Figura 21 – Sequência do processo de encaixe com o auxílio da prensa
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
31
Com a implementação de todas as ações, acima mencionadas, o balanço final no tempo de
processamento da operação 200 traduziu-se numa redução de 8 segundos, correspondendo a um
tempo de processamento atual de 42 segundos.
4.3. Operação Swarovski
Através da análise do processo de cura da cola, necessário para o nivelamento do swarovski,
verificou-se que a sua eficiência se encontrava muito aquém do espectável. Por acréscimo,
constatou-se que um enorme tempo útil estava a ser despendido na limpeza do jig. O jig
corresponde ao local onde é acondicionado o cristal (Figura 22). Encontrando-se o jig pronto para
o processamento na máquina o mesmo é colocado no ninho do equipamento para ser realizado o
processo de injeção da cola.
Figura 22 – Operação Swarovski
Ação implementada
a) Análise do processo de cura da cola
Numa primeira instância, de forma a melhorar este processo, identificou-se os fatores que
influenciavam esta operação como o tempo de cura da cola, o material onde incide a luz da
JIG
NINHO
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
32
lâmpada, a potência da lâmpada e outros fatores de menor relevância. Após esta análise,
averiguou-se diferentes combinações entre esses fatores de forma a determinar-se quais os que
poderiam representar um maior impacto no tempo e eficiência do processo. Com isto, realizaram-
se um conjunto de alterações apresentadas na seguinte tabela (Tabela 3).
Tabela 3.
Valores dos parâmetros antes e após a análise do processo de cura
Parâmetro Antes Depois
Tempo de cura
(em segundos) 18 14
Material do jig Outro material Teflon (PTFE)
Material da parte superior
do jig Policarbonato PPMA
Localização da agulha
entre o ninho no eixo zz -4000 -4200
NOTA: Os valores acima apresentados foram obtidos tendo como base o valor médio de uma
pequena amostra.
Com base em algumas experiências, foi possível chegar a uma combinação mais eficiente dos
fatores, resultando na redução do tempo de processamento de 153 para 114 segundos,
equivalente a uma redução de 39 segundos.
Figura 23 – Estágios do Swarovski: Sem cola, Com cola e excessos, Com cola e sem excessos da esquerda para a direita
Outros aspetos positivos agregados a esta prática, além da diminuição do tempo de
processamento da operação swarovski, consistiram na redução do desperdício de cola e do tempo
gasto na limpeza do jig (Figura 23, 24 e 25). Apesar desta última atividade apresentar uma
duração inferior ao da cura da cola e, por isso, sem grande influência no tempo de processamento
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
33
total tornou-se relevante a sua diminuição, tendo em conta ser uma atividade sem valor
acrescentado.
Figura 24 – Recorte dos excessos de cola
Figura 25 – Remoção do excesso de cola do jig
4.4. Operação Pré-Check
Figura 26 – Operação Pré-Check
Esta operação, também conhecida como pré-calibração, consiste na simulação de vibrações e
atribulações semelhantes às que poderão ocorrer em ambiente real, ou seja, às vibrações
associadas à condução, tendo por objetivo garantir o seu funcionamento nestas condições (Figura
26).
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
34
Ação implementada
a) Análise da relação número de retestes e resultado do teste
Como ação de melhoria, realizou-se o estudo da correlação entre o número de retestes e o
resultado final da peça. Na pré-calibração são realizados entre 1 a 3 retestes automáticos até
obter-se um resultado, de aprovação ou não, do teste ao qual foi sujeito.
Tabela 4.
Estudo dos retestes automáticos
Tipo de
acabamento
1º
Reteste
2º
Reteste
3º
Reteste
Total
de OK
Total
de
NOK
Total de
peças
testadas
Peças OK
1º
Reteste
2º
Reteste
3º
Reteste
High Gloss 671 34 13 718 30 748 93,5% 4,7% 1,8%
Matte 279 23 6 308 23 331 90,6% 7,5% 1,9%
Pelos resultados obtidos na Tabela 4, torna-se percetível que a percentagem de peças aprovadas
quando realizados os 3 retestes é insignificante, cerca de 2%, contribuindo para a tomada de
decisão de eliminação deste terceiro reteste automático.
Esta medida traduziu-se numa diminuição de 16 segundos (ver anexo C). Ao nível da capacidade
de peças calibradas, verificou-se um incremento da quantidade mínima para 97 peças/hora, isto é,
assumindo que na pior das hipóteses todas as peças efetuam dois retestes automáticos, em
contraste com as 67 peças/hora iniciais.
De notar que a única característica relevante a diferenciar nesta operação é o tipo de acabamento
da blenda, high gloss ou matte, daí o estudo debruçar-se apenas sobre este aspeto.
4.5. Novo Projeto de Layout
A adequação do processo produtivo ao melhor tipo de layout tem como consequência direta a
máxima eficiência na diminuição dos custos de produção e no incremento da produtividade.
Assim, verificou-se que a concretização de um layout eficiente permitiu estabelecer um fluxo
contínuo e unitário que viabiliza o Just in Time (Anjos, 2009).
A elaboração de um novo layout teve como objetivo a conjugação da força de trabalho com as
características físicas do tipo de indústria em questão, de modo a alcançar o maior output de
Produto Acabado ou Serviço, acoplado de um nível de qualidade competitivo.
Atendendo que a procura prevista para a versão Low suportava-se na linha inicial, na elaboração
do novo layout, o foco centrou-se sobre as máquinas necessárias para a produção da versão
High. Apesar de o projeto se encontrar ainda numa fase intermédia, a duplicação das máquinas,
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
35
permitiu dar resposta à procura imediata do produto. Todavia, prevê-se que o pico da procura
venha a ser atingindo a médio prazo (Figura 27).
Figura 27 – Layout intermédio
Relativamente à disposição dos equipamentos, estes foram organizados, estritamente e de acordo
com a sequência de montagem do produto, tendo em vista minimizar qualquer tipo de desperdício
como setups, movimentos e transportes. Desta forma foi possível simplificar e balancear as
operações agregadas, e consequentemente, obter-se um fluxo continuo seguindo um padrão de
montagem one-piece flow em função das necessidades geradas pelo cliente.
Cada equipamento encontra-se provido de bordos de linha com recipientes onde são colocados os
materiais necessários para a realização de cada operação. Tendo em conta que a grande maioria
dos operadores apresentam uma maior facilidade de manuseamento da mão direita, optou-se na
generalidade que todos os bordos de linha se encontrassem à direita do operador de cada
máquina. As exceções à regra encontradas não representaram um grande impacto na ergonomia
dos trabalhadores, uma vez se tratarem de materiais de pequenas dimensões, peso insignificante
e/ou materiais não frágeis. Com esta medida foi possível maximizar as tarefas com valor
acrescentado através de um desenho e dimensionamento que minimizasse o muda tendo,
paralelamente, em atenção o fator ergonómico.
De forma a evitar impacto no output da produção diária, na ausência de algum dos colaboradores,
optou-se por dispor os postos de trabalho em “U”. Esta disposição tem, implicitamente, associada
uma polivalência dos trabalhadores, promovendo o trabalho de equipa. Aqui, todos são treinados
para desenvolver mais do que uma tarefa resultando numa melhor comunicação e motivação.
Este tipo de layout apresenta, aproximadamente, 1/3 do tamanho dos layouts convencionais
sendo por isso mais compacto e flexível. Desta forma, no que respeita ao fluxo de materiais,
houve uma diminuição substancial das distâncias percorridas pelos colaboradores, e
consequentemente, dos tempos e custos.
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
36
Outros ganhos obtidos de forma implícita com a implementação desta tipologia de layout, foram o
aumento da produção diária, redução do número de colaboradores e diminuição do lead time (LT).
De notar que a concretização deste layout baseou-se no conhecimento genérico do processo e
nas tipologias existentes.
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
37
5. DISTRIBUIÇÃO DE TAREFAS PELOS COLABORADORES
5.1. Descrição do Problema
Com a crescente competitividade, cada vez mais, as organizações se encontram forçadas a uma
constante readaptação ao mercado o que, muita das vezes, implica dotar os recursos humanos de
uma maior polivalência.
Para além disso, não existe qualquer automatização no processo de afetação de pessoal com
base nas suas qualificações, conduzindo com alguma frequência a uma menor eficiência do
processo produtivo. Assim, foi proposto a criação de um modelo de afetação destinado ao
planeamento de distribuição das tarefas aos colaboradores.
Para a sua concretização foi necessário definir a forma mais eficaz de organizar as informações
referentes aos colaboradores; conceber uma solução eficiente como resposta ao problema da
atribuição de máquinas aos colaboradores; e apresentar estes mesmos resultados em ficheiros
Excel.
5.2. Metodologia Aplicada
Depois de identificado o problema, estabeleceu-se uma metodologia de acordo com os seguintes
passos e pela seguinte ordem:
1. Recolha de todos os dados e informações relevantes para a conceção do modelo de
afetação;
2. Desenvolvimento do balanceamento da linha de montagem;
3. Criação de uma matriz para qualificar os colaboradores quanto à sua aptidão técnica para
cada grupo de máquinas.
5.2.1. Levantamento e Tratamento de Dados
Constatou-se que até então, todo o processo de recolha de dados técnicos dos operadores era
realizado a partir da disponibilização de um formulário em papel, permitindo aferir as respetivas
competências. O preenchimento deste documento fica a cargo dos responsáveis de linha,
comumente designados por Line Leaders. Posteriormente, essas avaliações são entregues ao
secretariado de Produção que tem a responsabilidade de transpor para suporte digital. Apesar de
todo este processo ser realizado, a frequência com que era executado, não seria a mais adequada
tendo em conta a elevada taxa de rotação de colaboradores. Por tal facto, frequentemente, o
ficheiro encontrava-se desatualizado.
Tendo em conta que a informação existente, por ineficácia de tratamento da mesma, não daria
resposta às necessidades, iniciou-se todo um novo processo, definindo uma nova escala de
qualificação e optando-se por atualizar toda a informação acerca de todos os operadores da linha.
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
38
A partir desta nova recolha de dados, à semelhança de uma base de dados, foi desenvolvido um
ficheiro em formato excel o qual reuniu todas as informações relevantes para a conceção do
modelo. Optou-se por desenvolver este ficheiro em formato xlsx, uma vez que disponibiliza
recursos uteis para apresentação de informação, análise e manipulação, sendo, por isso,
adequado para o armazenamento e tratamento dos dados de cada trabalhador. Para além do
mais, permite o acesso rápido e fácil, dispensando particulares conhecimentos para trabalhar os
dados ali inseridos. Todo este processo deu origem a uma nova matriz de qualificações útil e
atual.
5.2.2. Balanceamento
Para a definição dos grupos de máquinas foi necessário realizar-se o balanceamento de todas as
operações realizadas na linha. Desta forma, estabeleceu-se um conjunto de procedimentos e
práticas por etapas seguidamente descritas.
Numa primeira fase, procedeu-se ao agrupamento das máquinas consoante a distância entre elas
garantindo que o mesmo operador fosse capaz de realizar todas as operações de cada grupo
(Tabela 5).
Tabela 5.
Constituição dos grupos de máquinas com base no critério de proximidade
Grupo de máquinas Operações abrangidas
1 Rework
2 OP Swarovski & OP10
3 OP20, OP30, OP230 & Pré-Check
4 OP40, OP220 e Lubrificação & OP240
5 OP200, OP60 & OP80
6 OP130, OP140 & OP150
7 OP160, OP170 & OP180
8 EOL
9 OP90, OP100 & OP120
10 Área da Qualidade
O passo seguinte, consistiu em ordenar os tempos de processamento de cada máquina, por
ordem decrescente, após a implementação das ações de melhoria exploradas no capítulo 4
(Tabela 6). Optou-se, ainda, por não inserir o tempo de processamento da estação de rework
tendo em conta que consiste numa operação particular e na qual o tempo varia com o tipo de
trabalho desenvolvido e a necessidade do momento.
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
39
Tabela 6.
Tempos de processamento Teórico e considerando avarias de cada operação
Máquina Tempo teórico (em segundos)
Tempo considerando avarias (+10%) (em segundos)
Swarovski 103 114
30 43 48
80 40 44
40 40 44
200 38 42
220 e Lubrificação 38 42
100 34 38
170 34 38
130 34 38
60 32 35
10 32 35
230 e Pré-Check 32 35
Área da Qualidade 32 35
EOL 32 35
20 30 33
160 30 33
120 30 33
240 27 30
180 24 27
150 24 27
140 21 23
90 8 9
Tratando-se de máquinas semi-automáticas, isto é, que necessitam de intervenção humana,
tornou-se necessário analisar e quantificar o tempo em que as máquinas necessitavam da
intervenção do colaborador. Caso o tempo em que a máquina não necessita de apoio humano
seja suficiente para a execução da outra operação, estas operações poderiam ser agrupadas e
atribuídas a um mesmo operador.
Constata-se pela análise do Gráfico 1 que, em média as máquinas apresentavam uma
necessidade de auxílio do operador de 19 segundos. Em função deste espaço temporal, existia
alguma margem para a conjugação de diferentes dispositivos visto o tempo de ciclo da linha
corresponder a 35 segundos.
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
40
No Gráfico 1, a designação “Máquina” corresponde ao tempo em que o equipamento não
necessita de qualquer apoio por parte do operador, em oposição à referência “Homem”. Por
exemplo, um processo de aparafusamento realizado de forma automatizada no interior da
máquina versus um aparafusamento com base numa aparafusadora automática externa, que
necessita da intervenção do operador.
Gráfico 1 – Distribuição do tempo de processamento teórico das máquinas
Pela análise do gráfico acima todas as operações, com a exceção da 200, eram passiveis de se
agrupar tendo em conta este critério. No entanto, por se tratar de uma máquina critica e
problemática, a operação swarovski também não foi agrupada.
O próximo passo consistiu em, por tentativa erro e com base na proximidade, criar grupos de
máquinas que, no somatório de tempo “Homem”, o seu valor não ultrapassasse o tempo de ciclo
definido (35 segundos). Na tabela abaixo, é possível observar a constituição dos grupos de
máquinas e respetivos tempos de processamento total teórico (Tabela 7).
0
20
40
60
80
100
120
Tem
po
em
seg
un
do
s
Operação
Distribuição do tempo Homem-Máquina
Homem Máquina TC
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
41
Tabela 7.
Constituição dos grupos de máquinas e respetivas durações teóricas
Grupo de Máquinas Operações abrangentes Duração (segundos)
1 Rework Variável
2 OP 10 17
3 OP 20 & OP 30 19
4 OP 40 25
5 OP 220 e Lubrificação 28
6 OP 240
OP 230 e Pré-Check 25
7 OP 200 38
8 EOL 32
9 OP 90 & OP 100 24
10 OP 120 22
11 OP 130 22
12 OP 140 & OP 150 34
13 Área da Qualidade 32
14 Swarovski 103
15 OP 60 17
16 OP 80 25
17 OP 160 22
18 OP 170 & OP 180 35
5.2.3. Matriz de Qualificações
Procedeu-se à elaboração de uma matriz de qualificações com o objetivo de agrupar segundo o
grau de competências técnicas dos colaboradores. Este processo, numa primeira fase, passou
pela definição de uma escala numérica, variável entre 1 e 5, tendo como principal objetivo
simplificar o processo de análise dos dados qualitativos (Figura 28).
Figura 28 – Escala de qualificação
Não apresenta qualquer aptidão
Apresenta pouca aptidão
Apresenta uma aptidão intermédia que com a prática pode ser aprimorada
Apresenta aptidão
Apresenta excelente aptidão
1 2 3 4 5
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
42
Definida a escala, o objetivo seguinte consistiu em atribuir a cada operador um número pelo qual
fosse representado no modelo para ambas as linhas e respetivos turnos (ver anexo D). Este
mesmo procedimento não se realizou para o terceiro turno por impossibilidade de recolha de
informação.
Com o auxílio dos Line Leaders de cada turno, foi possível concretizar a qualificação de todos os
colaboradores que se encontra disponível para consulta no anexo E.
5.3. Formulação do Problema
Tendo em vista a representação matemática do problema da atribuição de equipamentos aos
trabalhadores da linha de produção, formulou-se um modelo de Programação Linear Binária
(PLB).
Linha 1
Esta área fabril integra um conjunto de grupos de máquinas M = {1,…gm} e um conjunto de
operadores O = {1,…co}. Neste caso, #M = 18 e #O = 18. Cada operador apresenta diferentes
competências para cada grupo de máquinas. Estas competências são quantificadas numa escala
numérica de 1 a 5 sendo representada no modelo pela letra Q.
Como em qualquer problema de afetação, temos a seguinte variável de decisão:
xom =
1, se o operador o é atribuído ao grupo de máquinas m
0, caso contrário
O problema pode, então, ser representado através do seguinte modelo:
Função Objetivo: 𝑚𝑎𝑥 𝑓(𝑥) = ∑ ∑ 𝑄 ∗ 𝑥𝑜𝑚
𝑔𝑚
𝑚=1
𝑐𝑜
𝑜=1
Equação 8
Sujeito a: ∑ 𝑥𝑜𝑚
𝑐𝑜
𝑜=1
= 1 ∀ 𝑚 ∈ 𝑀 Equação 9
∑ 𝑥𝑜𝑚
𝑔𝑚
𝑚=1
= 1 ∀ 𝑜 ∈ 𝑂 Equação 10
𝑥𝑜𝑚 ∈ {0; 1} ∀ 𝑜 ∈ 𝑂, 𝑚 ∈ 𝑀
Equação 11
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
43
A função objetivo (Equação 8) visa maximizar a qualificação do binómio operador-grupo de
máquinas, isto é, atribuir os operadores aos grupos de máquinas em função das suas melhores
aptidões. O conjunto de equações 9, 10 e 11 apresentadas, representam restrições do problema,
que vão condicionar esta afetação da seguinte forma:
• As restrições 9 e 10 dizem respeito à afetação dos operadores aos grupos de máquinas,
isto é, um operador para apenas um único grupo de máquinas (Equação 9) e vice-versa;
• A restrição 11 é referente ao domínio da variável de decisão.
Linha 2
Relativamente à linha 2, as únicas diferenças relevantes verificadas no modelo dizem respeito à
cardinalidade dos conjuntos (grupos de máquinas e operadores) e, consequentemente, a
alteração de uma das restrições.
Nesta linha, #M = 13 e #O = 16. Ao contrário do sucedido na linha 1 que atribuía grupos de
máquinas (m) a todos os operadores (o), nesta o operador (o) poderá ser ou não afeto a um grupo
de máquinas, uma vez que o problema está desequilibrado (Equação 12).
∑ 𝑥𝑜𝑚
𝑐𝑜
𝑜=1
≤ 1 ∀ 𝑚 ∈ 𝑀 Equação 12
Os operadores cuja a atribuição não foi determinada com base no modelo, o responsável de
produção tem como responsabilidade distribui-los pelas atividades e/ou máquinas de acordo com
as necessidades de momento da linha.
5.4. Testes computacionais
A grande maioria das organizações, inseridas no ramo industrial, deparam-se com inúmeros
problemas que, de um modo geral, podem ser resolvidos recorrendo a modelos de otimização.
Inicialmente, o modelo foi testado recorrendo ao Solver, suplemento do MS Excel, o qual se
baseia numa implementação simples do Simplex para determinar a solução ótima de diferentes
problemas. No entanto, devido à sua dimensão, foi necessário recorrer ao IBM ILOG CPLEX (ver
anexo F).
5.5. Análise dos Resultados
Os resultados são apresentados em formato de tabela de dupla entrada. A sua análise é
transversal ao diversos turnos e/ou linhas objeto de estudo, apresentando a mesma estrutura e
raciocino para a interpretação dos resultados.
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
44
A título de exemplo, no que diz respeito à distribuição dos colaboradores pelos diferentes grupos
de máquinas do primeiro turno na linha 1 é possível analisar a solução obtida recorrendo ao
CPLEX no anexo G. Aqui, o operador 1 ficou responsável por executar as operações referentes ao
grupo de máquinas 14 que incluí as atividades associadas à operação swarovski. O operador 2,
encontra-se afeto ao grupo de máquinas 2, isto é, às atividades associadas à OP 10. Estes são
dois exemplos concretos de resultados obtidos com o modelo.
Este modelo estendeu-se aos dois turnos e ainda, para a nova linha onde o número de operadores
e grupos de máquinas sofre uma pequena alteração (linha 2) como já foi abordado no ponto 5.3.
5.6. Conclusões
Com a oportunidade de um contacto direto com o mundo empresarial numa empresa da industrial
automóvel, foi possível realizar-se um estudo concreto de um Problema de Afetação de recursos
que até então, em ambiente universitário, só tinha sido testado numa dimensão hipotética.
Inicialmente, na organização objeto de estudo, o processo de afetação dos colaboradores não era
sustentado por qualquer modelo e/ou critério, realizando-se de forma totalmente aleatória.
Dispunha exclusivamente de um ficheiro excel com informações referentes às qualificações dos
operadores, no entanto sem grande utilidade para o processo devido à sua desatualização.
A introdução do CPLEX permitiu desenvolver um modelo capaz de dar resposta ao problema que,
devido à sua natureza combinatória, apresenta um maior grau de dificuldade na sua resolução.
Para além das fortes características no processo de afetação, este software apresenta a
possibilidade de trabalhar em conjunto com o excel. Torna-se possível definir como inputs
informação proveniente de um ficheiro excel assim como transpor os resultados obtidos do modelo
para este formato (outputs). Deste modo, este modelo consistiu num enorme apoio informático
para a área da Produção, em especial para os responsáveis pela distribuição dos colaboradores.
Adicionalmente, a implementação deste modelo, conduziu à maximização da eficiência no
processo de afetação de pessoal com um impacto bastante positivo ao nível do volume de produto
acabado que, por sua vez, se traduz num maior valor acrescentado para a organização.
Tendo em consideração o facto de a organização recorrer, em larga escala, ao trabalho
temporário, é importante realizar uma constante monitorização da informação tendo em vista um
documento sistematicamente atualizado.
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
45
6. CONCLUSÕES E TRABALHO FUTURO
Este trabalho objetivou analisar aspetos relacionados com o desperdício e a ineficiente gestão de
uma linha de montagem. O processo assentou na implementação de diversas medidas de ação
que resultaram em inúmeros contributos que iam de encontro com os objetivos iniciais
pretendidos.
Numa primeira etapa, procedeu-se à análise das operações críticas da linha, entre as quais o seu
bottleneck, tomando-se medidas Lean para maximizar a eficiência dos processos alcançando-se
uma redução dos seus desperdícios.
O desenvolvimento de um novo layout possibilitou dar resposta a questões de ergonomia nos
postos de trabalho; dispor as estações de trabalho de acordo com a sequência de montagem do
produto; e integrar o conceito one-piece flow, isto é, um fluxo determinado pelas necessidades do
cliente. Para além disso, a escolha de um layout em formato de “U” permitiu que a ausência de
algum operador não fosse repercutida no output da produção diária.
De um modo geral, as ações de melhoria implementadas, sem a necessidade de investimentos
significativos, provaram ser uma mais-valia na medida em que se traduziram num impacto positivo
comparativamente ao estado inicial.
Um dos problemas que se vinha a arrastar há algum tempo consistia no processo de afetação dos
colaboradores às diferentes atividades da linha. A criação de um modelo para este fim permitiu
uma simplificação e facilidade do processo para além da sua utilidade adjacente. Ainda, foi notória
a diminuição de desperdícios sob a forma de movimentos, conhecimento, processo e qualidade.
Na atualidade, para as organizações permanecerem no mercado não se podem focar unicamente
no fator quantidade. Em contrapartida, devem conjugá-lo com a dimensão qualidade dos seus
bens e/ou serviços. Neste sentido, torna-se imprescindível o recurso às técnicas e ferramentas do
Lean para aumentar a rentabilidade e eficiência empresarial. A maximização da componente
qualidade é indissociável do fator Humano dado a relevância no processo produtivo. Com isto, a
conceção e desenvolvimento de um modelo de afetação foi igualmente fundamental.
Os resultados obtidos foram bastante satisfatórios e demonstraram o enorme potencial das
práticas Lean e do desenvolvimento do modelo de afetação.
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
46
6.1. Trabalho futuro
Como ações de futura implementação, e com base no trabalho até então desenvolvido, surgem
três sugestões abrangentes que são descritas nos seguintes pontos.
✓ Alteração do conceito das máquinas
OP Swarovski
Numa ação futura, seria viável considerar uma alteração do conceito, uma vez que o atual é
demasiado limitativo para uma linha de produção em série. Uma opção passível de por em prática
consiste na injeção de plástico ou silicone ao invés do processo de cura da cola.
OP 90
Uma sugestão de melhoria para esta operação consiste na sua automatização. Nesta operação
apenas são cortadas as metal sheets (Figura 29) que chegam à linha em rolos. O operador
apenas tem a função de retirar as metal sheets, já cortadas pela máquina, de forma a que o
sensor detete a ausência de material e seja gerado um novo corte pela máquina (Figura 30).
Figura 29 – Metal sheets
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
47
Figura 30 – Operação 90
A criação de um sistema que faça cair as chapas do local onde são cortadas para um recipiente
abaixo das mesmas, por efeito da gravidade passa por uma solução viável a por em prática.
Para além desta ação, como medida de controlo do correto funcionamento do equipamento, o
desenvolvimento de uma verificação cíclica, sistemática e obrigatória em intervalos de tempo ou
quantidade pré-definidos (e.g. a cada 2h ou 500 peças) através da criação de um contador seria
uma solução passível de por em prática para um maior controlo da operação. Num exemplo mais
concreto, traduz-se, a cada 500 unidades cortadas é emitido um alerta sonoro para alguém
verificar o funcionamento da máquina dando o “OK” no caso de estar a funcionar corretamente.
Caso contrário, o procedimento passa por reparar antes de dar novo “OK”. Esta implementação
poderá ser desenvolvida numa colaboração futura com a Engenharia de Processo e de Software.
Outra vantagem associada à implementação desta melhoria é, sem dúvida, a redução do número
de colaboradores visto que não será necessário associar um colaborador a esta operação.
✓ Layout futuro
Tendo em conta que o ponto máximo de vendas do produto, ainda não atingido, não é satisfeito
com a produtividade obtida das duas linhas até então implementadas, surge a necessidade de
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
48
realizar-se uma triplicação do ZBE ZBF (anexo H). A implementação desta terceira linha está
prevista para a próxima estação e de acordo com a mesma tipologia de layout.
✓ Possíveis extensões do Modelo de Afetação
O problema de afetação encontra-se categorizado num problema do tipo dinâmico. Perante a
formulação desenvolvida, é possível realizar-se alterações por forma a flexibilizar e adaptar o
modelo a outras linhas da organização onde a realidade é variável.
Outra extensão do modelo passível de por em prática, passa pela implementação de dias de
descanso obrigatórios aos colaboradores após a realização de determinadas tarefas.
Melhoria da Gestão Operacional de uma linha de montagem
49
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51
ANEXOS
A - Fluxograma da versão High
52
B - Fluxograma da versão Low
53
C - Duração de cada reteste automático
Amostra Duração (em segundos)
1º Reteste 2º Reteste 3º Reteste
1 20 17 16
2 20 18 15
3 20 18 15
4 20 18 15
5 21 18 14
6 19 18 16
7 19 18 16
8 20 15 18
9 20 25 17
10 20 14 19
11 20 13 20
12 20 17 16
13 20 18 15
14 20 20 17
15 20 16 15
16 20 15 16
17 20 16 15
18 20 16 14
19 20 16 15
20 20 18 13
21 20 15 15
22 20 15 16
23 20 16 16
24 20 20 15
25 20 15 15
26 20 21 15
27 20 16 16
28 20 16 15
29 20 16 15
30 19 16 16
Média 19,9 17,0 15,7
Variância 0,13 5,52 2,01
54
D - Atribuição de cada colaborador ao número correspondente do Modelo
LINHA 1 NOME
1º TURNO 2º TURNO
1 Bruna Raquel Carneiro Sousa Fátima Alcaide
2 Vera Mónica Reis Ana Sofia Jesus
3 Isaura Fernanda Amorim Rute Alves Oliveira Castro
4 Florbela Pereira Sara Ferreira
5 Zildea Neri Santos Sónia Raquel Silva Monteiro
6 Andreia Sofia Almeida Isabel Maria Carneiro
7 Teresa Maria Pereira Silva Ana Rita Gonçalves Barbosa
8 Juliana Rodrigues Oliveira Sofia Pereira
9 Efigénia Conceição Maia Elsa Ferreira
10 Raquel Conceição Santos Maia Isolina Costa
11 Rita Maia Susana Lurdes Pimenta
12 Carla Brito Rafaela Sofia Paredes Costa
13 Ângela Patrícia Ferreira Silva Liliana Araújo Cruz
14 Cidália Conceição Coelho Paula Francinete Nunes Alves
15 Carla Manuela Ferreira Martins Patrícia Andreia Silva Dias
16 Carlos Bruno Pereira Martins Vítor Oliveira
17 Cristiana Andreia Dias Pereira Jéssica Pinto
18 Elisabete Maria Costa Vilaça Daniela Cristina Faria Bacelo
LINHA 2 NOME
1º TURNO 2º TURNO
1 Filipe Daniel Silva Freitas Ana Breica
2 Carla Alexandra Sousa Ribeiro Célia Couto
3 Sandra Regina Silva Maria Costa
4 Paula Cristina Dias Fernandes Alice Sousa
5 Sónia Renata Martins Ferreira Márcia Sousa
6 Márcia Filipa Oliveira Silva Bárbara Martins
7 Sofia Serra Diana Costa
8 José Diogo Lima Freitas Maria Prazeres Pinheiro
9 Rita Sá Marisa Silva
10 Daniela Filipa Reis Carvalho Sara Almeida
11 Cátia Dias Jéssica Faria
12 Cláudia Araújo Neusa Filipa Silva Marques
13 Marina Filipa Sousa Silva Bruna Costa
14 Tiago Santos Marta Sofia Torrié
15 Sónia Maia Sandra Faria
16 Tatiana Bastos Luciana Marques
55
E - Qualificações dos colaboradores para os diferentes grupos de máquinas
Tabela 8.
Competências dos colaboradores do 1º Turno na linha 1
Grupo de máquinas (m) | Operador (o)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
1 1 3 3 1 1 1 1 1 3 3 1 1 1 5 1 1 1 1
2 1 5 3 4 3 3 1 1 3 3 1 3 1 3 4 3 1 1
3 1 3 4 4 3 3 3 1 4 4 3 4 1 1 3 3 3 3
4 1 1 4 3 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1
5 1 1 2 3 3 2 4 1 4 4 3 4 1 1 1 4 1 1
6 1 1 4 4 3 3 4 1 3 4 1 3 1 1 1 1 3 3
7 1 3 3 1 3 3 3 1 3 4 5 4 1 1 3 3 3 3
8 1 1 3 3 3 3 1 1 4 3 1 3 3 4 5 5 4 4
9 1 3 2 3 3 1 4 1 3 3 1 3 3 1 1 3 3 3
10 1 3 3 3 3 3 2 5 4 2 1 3 5 1 4 4 2 2
11 1 1 1 1 4 3 4 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
12 1 1 2 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
13 1 3 3 3 4 4 4 1 3 3 1 3 1 4 1 1 3 3
14 1 3 4 4 4 2 4 4 2 1 1 3 1 1 3 1 3 2
15 4 1 3 3 3 3 4 1 2 1 1 2 1 1 3 3 3 2
16 5 1 3 1 3 3 4 5 4 3 1 3 1 1 1 1 1 3
17 1 3 3 3 4 4 4 1 4 4 4 4 5 1 3 3 3 3
18 1 3 1 1 3 3 1 3 4 5 5 5 5 1 1 1 5 3
56
Tabela 9.
Competências dos colaboradores do 2º Turno na linha 1
Grupo de máquinas (m) | Operador (o)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 3 1 1 1 1
2 1 4 1 1 1 1 1 1 1 1 1 4 1 1 1 1 1 1
3 1 1 4 5 5 5 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
4 1 1 4 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
5 1 1 4 4 5 5 5 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1
6 1 1 1 1 1 1 1 1 4 4 1 4 1 1 1 1 4 2
7 3 1 1 1 1 1 1 3 5 5 5 5 1 1 1 1 4 4
8 4 1 3 1 1 1 1 3 5 5 5 5 1 1 1 1 4 4
9 1 1 4 1 1 1 4 1 2 4 1 2 1 1 1 1 1 2
10 1 1 4 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
11 1 1 5 5 5 5 5 1 2 1 1 1 3 1 1 1 1 1
12 3 4 5 5 5 5 4 1 4 4 4 4 1 1 4 4 3 4
13 1 1 2 5 5 5 1 1 3 1 1 1 1 1 1 1 1 1
14 1 1 4 4 4 4 4 5 2 4 4 4 1 5 1 1 4 2
15 5 1 1 1 1 2 1 4 3 1 1 1 3 1 1 1 1 1
16 4 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
17 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 5 1 1 1 1 1
18 1 1 1 1 4 1 1 4 4 4 5 4 5 1 1 1 1 1
57
Tabela 10.
Competências dos colaboradores do 1º Turno na linha 2
Grupo de máquinas (m) | Operador (o)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
1 4 5 2 4 1 2 3 1 3 3 1 2 1
2 1 1 3 3 3 1 1 1 2 3 1 3 1
3 1 1 3 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
4 1 3 3 4 3 3 3 1 2 3 1 3 1
5 1 1 1 1 3 3 1 1 2 3 1 3 1
6 1 1 2 1 3 1 1 1 2 3 4 3 1
7 1 1 1 1 1 1 1 1 2 3 3 4 1
8 4 3 4 3 3 3 1 1 4 3 1 2 1
9 1 1 1 1 3 3 4 1 1 1 1 1 1
10 1 4 4 4 4 4 4 5 2 4 5 5 1
11 1 1 1 1 3 3 3 1 1 1 1 1 1
12 1 1 1 4 3 3 3 1 1 1 1 1 2
13 1 3 3 3 5 5 5 4 3 3 3 3 3
14 4 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
15 4 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
16 1 1 2 3 1 1 1 1 1 1 1 1 3
Tabela 11.
Competências dos colaboradores do 2º Turno na linha 2
Grupo de máquinas (m) | Operador (o)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
1 1 4 1 1 1 1 1 1 2 1 1 3 1
2 1 1 4 1 1 1 1 1 1 1 4 1 1
3 1 1 1 4 4 1 1 1 1 1 4 1 1
4 1 1 1 1 1 1 1 1 3 1 1 1 1
5 1 1 1 1 1 1 1 1 1 4 4 1 1
6 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 4 4 1
7 1 1 1 1 4 1 1 1 1 1 1 3 1
8 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 4 1
9 1 1 1 1 3 1 4 1 1 1 1 1 1
10 1 1 1 1 3 4 1 1 1 1 1 1 1
11 1 1 1 1 4 4 1 3 1 1 1 1 1
12 1 1 1 1 4 4 1 1 1 1 1 1 1
13 1 4 3 4 4 2 4 5 4 4 3 4 1
14 4 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
15 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 4
16 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 4
58
F - Modelo desenvolvido no CPLEX
Linha de montagem 1
//Número de Operadores int nOperadores = ...; range Operadores = 1..nOperadores; //Número de Grupos de Máquinas int nGruposMaq = ...; range GruposMaq = 1..nGruposMaq; //Qualificações float Qualificacoes [Operadores][GruposMaq]=...; //VARIÁVEIS DE DECISÃO - Se o Operador o é afeto ao Grupo de Máquina m ou não dvar boolean x [Operadores][GruposMaq]; //FUNÇÃO OBJETIVO - Maximizar o valor das Qualificações ("1" corresponde a sem experiência e "5" a excelente) maximize sum (o in Operadores, m in GruposMaq) Qualificacoes[o][m] * x[o][m]; //RESTRIÇÕES subject to { //cada Operador (o) é atribuído a um único Grupo de máquinas (m) forall (o in Operadores) sum (m in GruposMaq) x[o][m] == 1; //cada Grupo de máquinas (m) é atribuido a um único Operador (o) forall (m in GruposMaq) sum (o in Operadores) x[o][m] == 1; }
59
Linha de montagem 2
//Número de Operadores int nOperadores = ...; range Operadores = 1..nOperadores; //Número de Grupos de Máquinas int nGruposMaq = ...; range GruposMaq = 1..nGruposMaq; //Qualificações float Qualificacoes [Operadores][GruposMaq]=...; //VARIÁVEIS DE DECISÃO - Se o Operador o é afeto ao Grupo de Máquina m ou não dvar boolean x [Operadores][GruposMaq]; //FUNÇÃO OBJETIVO - Maximizar o valor das Qualificações ("1" corresponde a sem experiência e "5" a excelente) maximize sum (o in Operadores, m in GruposMaq) Qualificacoes[o][m] * x[o][m]; //RESTRIÇÕES subject to { //o Operador (o) pode ou não ser atribuído a um Grupo de máquinas (m) forall (o in Operadores) sum (m in GruposMaq) x[o][m] <= 1; //cada Grupo de máquinas (m) é atribuido a um único Operador (o) forall (m in GruposMaq) sum (o in Operadores) x[o][m] == 1; }
60
G - Resultados obtidos do CPLEX
Tabela 12.
Afetação dos colaboradores do 1º Turno na linha 1
Grupo de máquinas (m) | Operador (o)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0
2 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
3 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
4 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0
6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0
7 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0
8 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0
9 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0
10 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
11 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
12 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
14 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
15 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
16 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
17 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0
18 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0
61
Tabela 13.
Afetação dos colaboradores do 2º Turno na linha 1
Grupo de máquinas (m) | Operador (o)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0
2 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
3 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
4 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0
6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0
7 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0
8 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0
9 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0
10 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
11 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
12 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
14 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
15 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
16 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
17 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0
18 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0
62
Tabela 14.
Afetação dos colaboradores do 1º Turno na linha 2
Grupo de máquinas (m) | Operador (o)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0
3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
4 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0
6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0
7 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0
8 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0
9 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0
10 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0
11 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
12 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
13 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0
14 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
15 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
16 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Tabela 15.
Afetação dos colaboradores do 2º Turno na linha 2
Grupo de máquinas (m) | Operador (o)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
2 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
3 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
4 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0
5 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0
6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0
7 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
8 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0
9 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0
10 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0
11 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0
12 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
13 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0
14 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
15 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
16 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
63
H - Layout da triplicação da linha a ser implementado