medo - edições tinta da china pavor está gravada em mim como uma tatuagem escondida. há no medo...

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Medo NúMERO 8

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Medo

núMero 8

c a l ç a d a d o d u q u e , 3 1 ‑ br u a d o d u q u e , 2 2 t e l : 2 1 3 4 2 0 7 3 9

revista seMestral

Bárbara Bulhosa

Carlos vaz Marques

Madalena alfaia

rute Dias

vera tavares

eDitora

DireCtor

assistente eDitorial

assinaturas

paginação

r. Francisco Ferrer, 6a|1500 ‑461 lisboa|portugaltels. (0051) 21 726 90 28/9|email: [email protected]

© svetlana alexievich, Clara Ferreira alves, ana luísa amaral, alexandra lucas Coelho,rachel Cusk, Janine Di giovanni, antónio gregório, robert Macfarlane,

pedro rosa Mendes, paulo Moura, rosa oliveira, gustavo pacheco,valério romão, aman sethi, Helena vasconcelos

© ensaio fotográfico de Daniel Blaufuks© ilustrações de João Fazenda

© capa de Jorge Colombo

publicado sob licença de granta publications,12 addison avenue, london W11 4Qr

© 2016, granta publications © outubro de 2016, edições tinta ‑da ‑china

issn 2182 ‑916

isbn 978‑989‑671‑47‑8

Depósito legal: 74466/14

1.ª edição: outubro de 2016

í n D i C e

7 Editorial Carlos Vaz Marques

1 Mas faz sentido, não faz? Ana Luísa Amaral

25 Enciclopédia médica da família Valério Romão

5 O que o medo faz Clara Ferreira Alves

47 Dos blocos de notas (na guerra) Svetlana Alexievich

65 Hylophobia Daniel Blaufuks

77 Os militantes Alexandra Lucas Coelho

85 Caminhar na Cisjordânia Robert Macfarlane

107 Histórias da Babilónia Paulo Moura

12 Depois da hora zero Janine Di Giovanni

14 A Jihad do Amor Aman Sethi

16 Ambystoma mexicanum ou o labirinto invisível Gustavo Pacheco

185 Coventry Rachel Cusk

205 Transporte Pedro Rosa Mendes

22 Sem tento nem cobiça Helena Vasconcelos

245 Dia de eleições António Gregório

257 Uma família feliz Rosa Oliveira

260 Autores

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Editorial

e agora o que sou? sou: estar de pé diante de um sustosou: o que vi

ClariCe lispeCtor, in A Paixão Segundo G.H.

ainda mal falava e a minha mãe levava‑me com ela quando ia trabalhar. Foi nesse lugar que aprendi o que era o medo.

tenho a imagem difusa de uma casa muito grande, aumentada pela minha imaginação por não estar autorizado a transpor certas portas fechadas. para lá delas haveria outras e depois dessas ainda mais, numa sucessão infinita. recebia instruções rigorosas e repe‑tidas para ficar a uma mesa larga com um papel e alguns lápis de cor ou, em alternativa, com um pequeno número de peças de lego, fazendo e desfazendo infindáveis construções.

tudo isto se passa em silêncio, por detrás do vidro fosco da me‑mória, como num quadro de noronha da Costa: linhas imprecisas, contornos mal definidos, figuras esbatidas. perderam‑se as vozes, os sons extinguiram‑se — a memória é um filme mudo.

sou eu, ali. vejo‑me sentado junto a uma mesa alta, os pés pen‑dendo como badalos, quieto, inquieto, a cabeça demasiado colada ao desenho. não há ninguém a repreender‑me a postura, os olhos podem procurar livremente o traço, aproximando‑se dele até o tor‑nar nítido. sou só eu, ali, adivinhando por detrás das portas fecha‑das um mundo de que teria de me aproximar muito para poder vê‑lo com nitidez. ainda ninguém percebera a minha miopia e para mim o mundo era mesmo assim: impreciso e indefinido como uma recordação longínqua.

De vez em quando, a minha mãe aparecia para verificar se es‑tava tudo bem. saía de dentro de uma daquelas salas, de trás de uma das portas que davam para o infinito, e vinha ver‑me. a minha inquietação interior desvanecia‑se na exacta proporção em que a

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minha quietude exterior, à mesa, era substituída por uma feliz agi‑tação, antecipando imediatamente o momento de regressar a casa. Mas ainda não eram horas, é só mais um bocadinho, faz mais um desenho sossegadinho enquanto a mãe vai acabar o que tem para fazer.

Desaparecia de novo, deixando‑me a sós na sala enorme, onde havia uma lareira apagada, um piano a um canto e, numa parede, uma fotografia emoldurada de um jovem fardado. ou talvez não te‑nha sido ali que vi o retrato, mas noutra casa, já não posso garantir, embora soubesse, sem mais pormenores, não sei bem como, que lhe estava associada uma tragédia.

Fosse ali ou noutro sítio, aquele rosto era uma assombração. vigiava‑me ininterruptamente, e a dona da casa teria com certeza forma de lhe perguntar que tal me tinha portado enquanto ali está‑vamos só ele e eu.

além da minha mãe, passavam pela sala ocasionalmente outras mulheres. eram várias, tenho a certeza, de idades diferentes. vi‑nham sempre uma de cada vez. abriam um armário, traziam qual‑quer coisa para colocar num aparador, ajeitavam um tapete. em geral não me dirigiam a palavra. ignoravam‑me do mesmo modo que não prestavam a mínima atenção ao rapaz na parede.

É uma dessas mulheres a protagonista da primeira lição na mi‑nha educação para o medo. vem arrumar qualquer coisa e pergun‑to‑lhe pela minha mãe. Quero ir embora. Quero ir, embora ainda não seja a hora. Quero saber onde está a minha mãe. Quero fugir ao olhar do rapaz na parede. Quero ir andar de triciclo. Quero ir para minha casa, onde não há portas para o infinito e onde já conheço os contornos de tudo, já vi tudo de muito perto, com os olhos a to‑carem as linhas exactas de tudo o que me rodeia, tudo nítido como um girassol.

a mulher parece surpreendida pela minha presença. De cada vez que lhe pergunto pela minha mãe, a surpresa é sempre igual. ao longo da vida pergunto‑lhe repetidamente pela minha mãe, a ponto de já não saber quantas vezes terei ouvido a mesma resposta.

É sempre a mesma resposta, pela vida fora. sempre a mesma porta escancarada para o medo. a tua mãe foi pela pia abaixo.

Já não são só as portas que se abrem umas atrás das outras para o infinito. abre‑se agora também uma goela imensa, a pia, mons‑truosa e enigmática, capaz de tragar a minha mãe. a tua mãe foi pela pia abaixo.

Quero ser capaz, também eu, de ir pela pia abaixo, de ir atrás da minha mãe, de a seguir, mas isto já sou eu hoje, não o eu desse momento de terror, porque o medo paralisa. revejo a cena, uma e outra vez, até me ser impossível saber se ela aconteceu numa única ocasião ou se se tornou uma brincadeira cruel e repetida. a minha mãe foi pela pia abaixo, ad loca infecta, e a memória desse momento de pavor está gravada em mim como uma tatuagem escondida.

Há no medo qualquer coisa de íntimo. não é de se andar a exi‑bir por aí, sem mais nem menos. nunca confessaremos a ninguém todos os nossos medos. nem a nós próprios. alguns, de tão recôn‑ditos, manifestam‑se por caminhos ínvios.

são múltiplas as suas declinações. no texto de abertura deste número da Granta, ana luísa amaral conjuga a dimensão pessoal com a dimensão política também presente no medo, como mais adiante se verá. por exemplo, no conto assinado por alexandra lu‑cas Coelho, encenando o confronto de pontos de vista entre quem está sitiado pelo medo e quem o visita por dever de ofício. também Clara Ferreira alves ficciona a partir da experiência de repórter, in‑quirindo o que o medo faz a quem se relaciona com ele na fronteira ténue entre a coragem e a bravata.

o Médio oriente é ainda o palco escolhido por paulo Moura, outro escritor com a escola da reportagem, para uma memória do regime de terror de saddam Hussein, numa região que parece con‑denada a viver mergulhada no medo. pedro rosa Mendes conduz‑‑nos a um tempo e lugar diferentes: a segunda guerra, os Balcãs e a certeza de que «o crime maior [na guerra] reside na impossibilidade de os que vêm a seguir voltarem alguma vez a relacionar‑se como antes».

Carlos vaz marques editorial

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o escritor brasileiro gustavo pacheco entrega‑se, fascinado, ao fascínio do axolotl, a quase mítica salamandra mexicana, numa fic‑ção que tem como patrono um dos grandes autores da segunda metade do século xx, o argentino Julio Cortázar. antónio gregório convoca memórias de infância num conto sobre o que já há de fu‑turo no passado de certas vidas.

os textos de Helena vasconcelos e valério romão são mais pessoais; ambos evocam a trasladação a que os autores foram sujeitos em idades sensíveis: valério romão na adolescência, de França para portugal, Helena vasconcelos na infância, de portugal para a índia.

João Fazenda lê visualmente cada um dos textos nas ilustrações que os antecedem, e Daniel Blaufuks, num ensaio fotográfico obs‑curo e onírico, conduz‑nos, também ele, a uma dimensão política do medo, ao afirmar que «é normal ter medo mas não é normal deixar o medo controlar o sistema».

a fechar, a poeta rosa oliveira, desta vez em prosa, recupera a dimensão íntima onde tudo começa e termina, muitas vezes como condenação perpétua.

Condenados ao medo, é o que soubermos fazer dele que ditará o desastre ou a salvação. a protagonista do romance A Paixão Segundo G.H. sabe que só há uma saída: ir em frente. Sabia que teria que comer a massa da barata, mas eu toda comer, e também o meu próprio medo comê-la.

Como uma flor carnívora, o medo fascina e repugna.

Carlos Vaz Marques

Carlos vaz marques

apontamento 1. À varanda: o gigante e o fogo. O passado dos medos

eu era muito pequena, teria uns quatro anos. «imagina, minha filha, que, sem o sabermos, vivemos no canto mais pequeno da unha de um gigante.» o braço do meu pai sobre os meus ombros, o calor do seu braço, nós os dois olhando o céu. a varanda da casa, em sintra, onde então morávamos. a serra apagada pela noite, o meu fascínio de me imaginar parte da unha do gigante e o terrível medo de cair — para cima, para dentro das estrelas. nunca me abando‑naria, esse medo, que é ainda hoje misturado de maravilhamento. Cair do avesso, e para dentro do universo, assemelhado, aos nossos olhos, a uma abóbada perfeita de luz.

ou cair na cama de cansaço, mas, mesmo antes de adormecer, supor ‑me nada, e ficar ali, desperta. escondia uma pequena lan‑terna eléctrica por debaixo dos cobertores, tentando afastar o meu terror, pensando como seria ser nada, o medo de adormecer e não voltar a acordar. isso seria mais tarde, quando me mudei, quase aos dez anos, para norte e um outro rio, e passei a ouvir outros acentos nas palavras, a olhar outras tonalidades de céu, águas mais escuras, ruas mais estreitas, o granito de uma cidade que então me amedrontava, por aquilo que me parecia ser a sua rispidez, o fio

Mas Faz sentiDo, não Faz?

Ana Luísa Amaral

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autores

Svetlana Alexievitch (1948) nasceu em ivano‑Frankovsk, ucrânia, mas cresceu na Bielorrússia. trabalhou como jornalista, es‑creve sempre em russo e, com cinco livros de não‑ficção, ganhou em 2015 o prémio nobel da literatura. tem três livros tradu‑zidos e publicados em portugal: O Fim do Homem Soviético, Vozes de Chernobyl — His-tória de Um Desastre Nuclear e A Guerra Não Tem Rosto de Mulher.

Clara Ferreira Alves (1956) é escritora e jornalista. Foi directora da Casa Fernando pessoa e da revista Tabacaria. É autora de programas culturais e de documentários para televisão, além do programa de comen‑tário político Eixo do Mal. publicou vários livros, entre ficção, crónica e ensaio. o mais recente é o romance Pai Nosso.

Ana Luísa Amaral (1956) nasceu em lisboa. É autora de quase três dezenas de livros, entre poesia, teatro, ficção e infantis, sendo os mais recentes o romance Ara e o livro de poemas E Todavia. traduziu emily Dickinson e William shakespeare. os seus livros estão publicados em vários países. recebeu, entre outros, o prémio literá‑rio Correntes d’escritas, o premio di poe‑sia giuseppe acerbi, o grande prémio de poesia ape e o prémio pen de narrativa. É professora na Faculdade de letras da universidade do porto.

Daniel Blaufuks (1963) nasceu em lis‑boa. expôs em vários museus e galerias em portugal e no estrangeiro. recebeu o pré‑mio Bes photo em 2007. publicou, mais re‑centemente, os livros This Business of Living, Toda a Memória do Mundo, Parte Um, Rio (Hoje é sempre ontem) e Fábrica.

Alexandra Lucas Coelho (1967) nasceu em lisboa. estudou teatro e comunicação. trabalhou dez anos na rádio, e entre 1998 e 2012 no Público. recebeu vários prémios de jornalismo. É autora de cinco livros de reporta‑gem‑crónica‑viagem, sendo o mais recente Vai, Brasil, e publicou três romances — E a Noite Roda grande prémio de romance e novela ape), O Meu Amante de Domingo e Deus-dará.

Jorge Colombo (1963) nasceu em lisboa e vive nos eua desde 1989. tem trabalhado como ilustrador, fotógrafo e designer gráfi‑co. em 2009, começou a pintar paisagens com o dedo num ecrã de iphone, e hoje em dia é tudo o que usa para desenho ou para pintura (ou um ipad, em metade dos casos). tem trabalhado para publicações como The New York Times, Vanity Fair, Village Voice, Fast Company ou The New Yorker.

Rachel Cusk (1967) nasceu no Canadá, cresceu em los angeles e mudou‑se em 1974 para o reino unido, onde foi leitora em oxford. publicou oito romances e três livros de não‑ficção, um dos quais, Country Life, distinguido com o somerset Maugham award. em 2003, foi incluída na lista dos melhores jovens romancistas britânicos da granta.  em portugal, está traduzido e pu‑blicado o livro Arlington Park.

Janine Di Giovanni nasceu em Caldwell, nos estados unidos, e trabalha há 25 anos como jornalista de guerra. editora para o Médio oriente da Newsweek, é também consultora do alto Comissariado das na‑ções unidas para os refugiados e recebeu dois prémios da amnistia internacional. em portugal está publicado Testemunha da Loucura: A Tragédia dos Balcãs como Nun-ca Ninguém a Descreveu. o seu livro mais recente é The Morning They Came For Us, sobre a síria.

João Fazenda (1979) nasceu em lisboa. vive e trabalha entre lisboa e londres. É ilustrador desde 1999, colaborando com diversos jornais e revistas nacionais e inter‑nacionais, e expõe regularmente em por‑tugal e no estrangeiro. ilustra livros para crianças, é autor de banda desenhada, de‑senha cartazes de cinema e capas de discos. recebeu em 2007 o grande prémio stuart de Desenho de imprensa para a melhor ilustração da imprensa portuguesa, e em 2015 o prémio nacional de ilustração.

António Gregório (1970) nasceu em lei‑ria. publicou a colectânea de poemas Ame-rican Scientist e a novela O Condómino.

Robert Macfarlane (1976) nasceu em Halam, uma pequena povoação inglesa. es‑tudou em Cambridge e em oxford. escre‑veu três livros de viagens, todos premiados, nenhum traduzido em portugal: Mountains of the Mind (somerset Maugham award), The Wild Places (scottish non‑Fiction Book of the Year award e grand prize Banff Mountain Festival) e The Old Ways (Dol‑man Best travel Book award). o seu livro mais recente é Landmarks (2015).

Pedro Rosa Mendes (1968) é autor de ficção, ensaio e reportagem, incluindo os romances Baía dos Tigres e Peregrinação de Enmanuel Jhesus, distinguidos com o prémio pen de narrativa (2000 e 2011). trabalha em direitos humanos e segurança, após uma carreira de jornalista centrada em África, nos Balcãs e no sudeste asiático. vive em genebra. Transporte foi escrito na sérvia, no âmbito de um programa do Centro de língua portuguesa do instituto Camões em Belgrado e do Festival Krokodil.

Paulo Moura (1959) nasceu no porto. es‑tudou história e jornalismo e foi jornalista do Público durante 23 anos, diário com que man‑tém uma colaboração regular. recebeu mais de uma dezena de prémios pelo seu trabalho. É professor de jornalismo na escola superior de Comunicação social. publicou sete livros, sendo o mais recente Extremo Ocidental: Uma Viagem de Moto pela Costa Portuguesa, de Ca-minha a Monte Gordo.

Rosa Oliveira (1958) nasceu em viseu e vive em Coimbra. publicou os ensaios Paris 1937 e Tragédias Sobrepostas: Sobre «O Indesejado» de Jorge de Sena. Foi leitora

na universidade de Barcelona e é profes‑sora no ensino superior politécnico. Com Cinza, o seu primeiro livro de poesia, re‑cebeu em 2013 o prémio pen Clube pri‑meira obra.

Gustavo Pacheco (1972) nasceu no rio de Janeiro. É diplomata e tradutor. Ambysto-ma mexicanum ou o labirinto invisível é o seu primeiro texto publicado.

Valério Romão (1974) nasceu em França. licenciou‑se  em  Filosofia. É autor de ro‑mances, contos e peças de teatro. publicou os livros Autismo, O da Joana,  Da Família,  Facas, A Mala e Dez Razões para Aspirar a Ser Gato. Colabora regularmente com diver‑sos artistas em projectos multidisciplinares.

Aman Sethi (1983) nasceu em Bombaim e estudou em nova Deli. Foi para nova ior‑que estudar jornalismo, na universidade de Columbia, e é actualmente correspondente em adis abeba. o seu romance de estreia, A Free Man, valeu‑lhe consagração crítica internacional e o Crossword Book award. não está publicado em portugal.

Helena Vasconcelos nasceu em lisboa e cresceu na índia e em Moçambique. É escritora e crítica literária. Dedica‑se à promoção da leitura, em colaboração com bibliotecas, universidades e instituições como a Culturgest e a Fundação Calouste gulbenkian. Com o livro de contos Não Há Horas para Nada recebeu o prémio revela‑ção do Centro nacional de Cultura. Mais recentemente publicou o romance Não Há Tantos Homens Ricos como Mulheres Bonitas Que os Mereçam.

a granta foi composta em caracteres

plantin e impressa na guide, artes gráficas, em arcoprint Milk de 85 g e

X ‑per premium White 120 g, em outubro de 2016.