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FACULDADE DE MEDICINA DE MARÍLIA BRUNA DOS SANTOS CARMO MEDO DE QUEDA EM INDIVÍDUOS COM ARTRITE REUMATOIDE: PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS MARÍLIA 2018

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Page 1: MEDO DE QUEDA EM INDIVÍDUOS COM ARTRITE ......BAI (Beck Anxiety Inventory – Inventário Beck de Ansiedade) e BDI (Beck Depression Inventory – Inventário Beck de Depressão)

FACULDADE DE MEDICINA DE MARÍLIA

BRUNA DOS SANTOS CARMO

MEDO DE QUEDA EM INDIVÍDUOS COM ARTRITE REUMATOIDE:

PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS

MARÍLIA

2018

Page 2: MEDO DE QUEDA EM INDIVÍDUOS COM ARTRITE ......BAI (Beck Anxiety Inventory – Inventário Beck de Ansiedade) e BDI (Beck Depression Inventory – Inventário Beck de Depressão)

Bruna dos Santos Carmo

Medo de queda em indivíduos com artrite reumatoide: prevalência e fatores

associados

Dissertação apresentada ao Programa de

Mestrado Acadêmico em “Saúde e

Envelhecimento”, da Faculdade de Medicina de

Marília, para obtenção do título de Mestre.

Área de concentração: Saúde e Envelhecimento.

Orientador: Prof. Dr. Marcos Renato de Assis.

Coorientador: Prof. Dr. Pedro Marco Karan

Barbosa.

Marília

2018

Page 3: MEDO DE QUEDA EM INDIVÍDUOS COM ARTRITE ......BAI (Beck Anxiety Inventory – Inventário Beck de Ansiedade) e BDI (Beck Depression Inventory – Inventário Beck de Depressão)

Autorizo a reprodução parcial ou total deste trabalho, para fins de estudo e

pesquisa, desde que citada a fonte.

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Faculdade de Medicina de Marília

C287m Carmo, Bruna dos Santos.

Medo de queda em indivíduos com artrite reumatoide:

prevalência e fatores associados / Bruna dos Santos

Carmo. - - Marília, 2018.

46 f.

Orientador: Prof. Dr. Marcos Renato de Assis.

Coorientador: Prof. Dr. Pedro Marco Karan

Barbosa.

Dissertação (Mestrado Acadêmico em Saúde e

Envelhecimento) - Faculdade de Medicina de Marília.

1. Artrite Reumatoide. 2. Reumatologia. 3. Psicologia.

4. Acidentes por quedas. 5. Medo.

Page 4: MEDO DE QUEDA EM INDIVÍDUOS COM ARTRITE ......BAI (Beck Anxiety Inventory – Inventário Beck de Ansiedade) e BDI (Beck Depression Inventory – Inventário Beck de Depressão)

Bruna dos Santos Carmo

Medo de queda em indivíduos com artrite reumatoide: prevalência e fatores

associados

Dissertação apresentada ao Programa de

Mestrado Acadêmico em “Saúde e

Envelhecimento”, da Faculdade de Medicina de

Marília, para obtenção do título de Mestre.

Área de concentração: Saúde e Envelhecimento.

Comissão Examinadora:

____________________________

Prof. Dr. Marcos Renato de Assis

Faculdade de Medicina de Marília

____________________________

Prof Dr Milton Marchioli

Universidade Estadual Paulista

____________________________

Prof. Dr. Zamir Calamita

Faculdade de Medicina de Marília

Data da aprovação: 19/02/2018

Page 5: MEDO DE QUEDA EM INDIVÍDUOS COM ARTRITE ......BAI (Beck Anxiety Inventory – Inventário Beck de Ansiedade) e BDI (Beck Depression Inventory – Inventário Beck de Depressão)

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela oportunidade para realização desse trabalho. Agradeço

Nossa Senhora, Santíssima Virgem, pelo amparo e proteção.

À minha família pelo apoio e amor.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)

pelo auxílio com a bolsa concedida.

Ao meu orientador, Professor Doutor Marcos Renato de Assis, e ao meu

coorientador, Professor Doutor Pedro Marco Karan Barbosa.

Agradeço a cada profissional que colaborou para realização deste trabalho.

Aos participantes do estudo.

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RESUMO

O medo de queda é fator associado ao declínio funcional, pior qualidade de vida e

de saúde mental, com potencial para suscitar aumento da dependência e da

institucionalização. A literatura traz informações acerca de quais fatores estão

significativamente correlacionados ao medo de queda na população geral, contudo

são escassos os estudos realizados em pacientes com artrite reumatoide (AR),

população que apresenta alta risco de quedas. O presente estudo teve como

objetivo verificar a prevalência do medo de queda em pacientes com AR. Os

objetivos secundários foram avaliar a relação entre preocupação em sofrer queda e

sintomas de ansiedade e de depressão em pacientes; e comparar grupo AR e

controle quanto a dados clínicos, prevalência de medo e de ocorrência de queda. O

estudo é quantitativo do tipo caso-controle. A amostra foi composta por mulheres

provenientes do Ambulatório de Especialidades Governador Mario Covas da

Faculdade de Medicina de Marília (FAMEMA). Foram utilizados os seguintes

instrumentos: FES-I-Brasil (Falls Efficacy Scale-International-Brasil – Escala de

eficácia de quedas-Internacional-Brasil), HAQ (Health Assessment Questionnaire),

BAI (Beck Anxiety Inventory – Inventário Beck de Ansiedade) e BDI (Beck

Depression Inventory – Inventário Beck de Depressão). Para análise dos resultados

foi utilizada estatística descritiva, análise de variância ANOVA, teste de Igualdade de

Duas Proporções e correlação de Pearson, sendo estabelecido o nível de

significância de P < 0,05. A prevalência de medo de queda foi de 73% para grupo

AR e 35% para controle. A preocupação em sofrer queda de pacientes com AR

associou-se ao número de quedas, nível de incapacidade, sintomas de ansiedade e

de depressão. Comparado ao grupo controle o grupo AR apresentou maior número

de comorbidades e maior uso de medicações, assim como piores escores em nível

de incapacidade, sintomas de ansiedade e de depressão.

Palavras-chave: Artrite Reumatoide. Reumatologia. Psicologia. Acidentes por

quedas. Medo.

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ABSTRACT

The fear of falling is associated with functional decline, worse quality of life and

mental health, increasing dependence and institutionalization. The literature provides

information about which factors are significantly correlated with fear of falling in the

general population, however few studies were conducted in patients with rheumatoid

arthritis (RA), a population with a high risk of falls. The present study aimed to verify

the prevalence of fear of falling in patients with RA. Secondary objectives were to

evaluate the relationship between concern about falling and symptoms of anxiety and

depression in RA patients; and to compare RA group and control group regarding

clinical data, prevalence of fear of falling and occurrence of falls. This is a case-

control study. Women with RA were recruited from the Mario Covas Outpatient Clinic

at the Marília Medical School (FAMEMA) as a convenience sample. The following

instruments were used: FES-I-Brasil (Falls Efficacy Scale-International - Brasil), HAQ

(Health Assessment Questionnaire), BAI (Beck Anxiety Inventory) and BDI (Beck

Depression Inventory). Descriptive statistics, ANOVA variance analysis, Two

Proportions Equality test and Pearson's correlation were used with a level of

significance of P < 0.05. The prevalence of fear of falling was 73% for RA group and

35% for control group. The concern about falling of RA patients was associated with

the number of falls, level of disability, anxiety and depression symptoms. Compared

to the control group, RA group presented higher number of comorbidities and

medications and worse scores in the level of disability, anxiety and depression

symptoms.

Keywords: Arthritis rheumatoid. Rheumatology. Psychology. Accidental Falls. Fear

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Características sociodemográficas e de saúde de grupo AR e

controle

21

Tabela 2 Características clínicas de grupo AR e controle 22

Tabela 3 Comparação de grupo AR e controle quanto escores nos

instrumentos de avaliação utilizados

23

Tabela 4 Comparação de dados clínicos de pacientes com AR com e

sem medo de queda

24

Tabela 5 Comparação de pacientes AR com e sem medo de queda

quanto escores nos instrumentos de avaliação FES-I-Brasil,

HAQ, BDI, BAI

25

Tabela 6 Medo de queda e caracterização de quedas de grupo AR e

controle

26

Tabela 7 FES-I-Brasil: associação com variáveis clínicas e instrumentos

de avaliação HAQ, BAI, BDI

27

Tabela 8 Matriz de correlação 27

Page 9: MEDO DE QUEDA EM INDIVÍDUOS COM ARTRITE ......BAI (Beck Anxiety Inventory – Inventário Beck de Ansiedade) e BDI (Beck Depression Inventory – Inventário Beck de Depressão)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACR American College of Rheumatology – Colégio Americano de

Reumatologia

ANOVA Análise da variância

AR Artrite reumatoide

BAI Beck Anxiety Inventory – Inventário Beck de Ansiedade

BDI Beck Depression Inventory – Inventário Beck de Depressão

CAAE Certificado de Apresentação para Apreciação Ética

CEP Comitê de Ética em Pesquisa

DP Desvio Padrão

DSM-V Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – Manual

Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – quinta edição

EULAR European League Against Rheumatism – Liga Europeia Contra o

Reumatismo

FAMEMA Faculdade de Medicina de Marília

FES-I Falls Efficacy Scale-International

FES-I-Brasil Falls Efficacy Scale-International-Brasil – Escala de eficácia de

quedas-Internacional-Brasil

HAQ Health Assessment Questionnaire

IMC Índice de massa corporal

SPPB Short Physical Performance Battery

TC6M Teste de Caminhada de 6 Minutos

TUG Timed Up and Go

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................11

1.1 Artrite reumatoide................................................................................................11

1.2 Artrite reumatoide e quedas................................................................................11

1.3 Medo de queda....................................................................................................12

1.4 Medo de queda e artrite reumatoide...................................................................13

2 OBJETIVOS..........................................................................................................15

3 MATERIAL E MÉTODOS.....................................................................................16

3.1 Tipo de estudo.....................................................................................................16

3.2 Local de estudo...................................................................................................16

3.3 Critérios de elegibilidade.....................................................................................16

3.4 Amostragem........................................................................................................16

3.5 Procedimentos das coletas de dados..................................................................17

3.6 Instrumentos de avaliação...................................................................................17

3.6.1 Questionário de identificação..........................................................................17

3.6.2 FES-I-Brasil (Falls Efficacy Scale-International-Brasil – Escala de eficácia de

quedas-Internacional-Brasil)...........................................................................17

3.6.3 HAQ (Health Assessment Questionnaire).......................................................18

3.6.4 BAI (Beck Anxiety Inventory – Inventário Beck de Ansiedade).......................18

3.6.5 BDI (Beck Depression Inventory – Inventário Beck de Depressão)................18

3.7 Análise dos resultados.........................................................................................18

3.8 Aspectos éticos...................................................................................................19

4 RESULTADOS......................................................................................................20

4.1 Análises descritivas e comparativas: grupo AR e controle .................................21

4.2 Análises descritivas e comparativas: grupo AR com medo e sem medo de queda

....................................................................................................................................24

4.3 Medo e ocorrência de queda em grupo AR e controle.........................................26

4.4 Correlações..........................................................................................................27

5 Discussão................................................................................................................28

REFERÊNCIAS......................................................................................................... 30

APÊNDICES...............................................................................................................34

ANEXOS.....................................................................................................................37

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11

1 INTRODUÇÃO

1.1 Artrite Reumatoide

A artrite reumatoide (AR) é uma doença inflamatória crônica caracterizada por

dor e edema em articulações sinoviais, que pode levar a destruição cartilaginosa e

óssea, incapacidade grave e morte prematura.1,2

A AR é uma condição que acomete cerca de 0,5% a 1% da população mundial

adulta, e sua ocorrência é observada com predomínio no sexo feminino (2 a 3 vezes

em relação ao sexo masculino), ocorrendo sobretudo em indivíduos entre a quarta e

sexta décadas de vida, embora exista registro em todas as faixas etárias. Estudo

multicêntrico brasileiro realizado em 1993 com amostras populacionais das

macrorregiões do país – norte, nordeste, centro-oeste e sul – encontrou prevalência

de AR em até 1% da população adulta, o que corresponderia a uma estimativa de

1.300.000 pessoas acometidas.1,2

Além de dificuldades inerentes à doença, tais como dano articular irreversível,

fadiga e perda de capacidade laboral2, pacientes com AR apresentam alto risco de

quedas, fator cuja prevalência apontada em recente revisão sistemática varia de

10% a 50%3, ocorrendo independentemente da idade ou da duração da doença.

1.2 Artrite reumatoide e quedas

A queda é definida como um evento não intencional que tem como resultado a

mudança de posição do indivíduo para um nível mais baixo em relação a sua

posição inicial.4,5

Quedas em adultos e idosos são um desafio de saúde pública a nível mundial,

cuja ocorrência pode representar alto custo econômico em função das lesões físicas

agudas, fraturas e risco de morte.6,7 As complicações decorrentes das quedas

tendem a aumentar com a idade e o conhecimento de seus fatores multicausais é de

fundamental importância para a abordagem adequada do paciente de risco.8

As razões sugeridas para o alto risco de quedas em pacientes com AR

incluem: número de articulações dolorosas9,10, número de edemas nas

articulações11,12, dor nas extremidades inferiores13, intensidade da dor11,13, pior

escore de funcionalidade no HAQ (Health Assessment Questionnaire)9–11,13,14,

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12

baixos níveis de atividade física11, saúde geral prejudicada9,11, uso de

antidepressivos15, visão prejudicada11, prejuízos para andar e se movimentar15,

tempo de caminhada16, diminuição do equilíbrio12, número de medicamentos15,

número de comorbidades16 e histórico de quedas no último ano14.

Além do alto risco de queda, pacientes com AR tendem a apresentar alta

prevalência de medo de queda, que varia de 20,6%9 a 74,2%17. Embora exista

diversos motivos para a alta prevalência de queda e de medo de queda nessa

população, parece não haver relação direta entre as ocorrências desses dois

eventos.13,16,18

1.3 Medo de queda

O medo, de acordo com o DSM-V (Diagnostic and Statistical Manual of Mental

Disorders - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais)19, é a resposta

emocional a ameaça iminente, seja ela real ou percebida. O medo é frequentemente

associado a períodos de excitabilidade autonômica aumentada, pensamentos de

perigo imediato e comportamentos de fuga com frequência induzidos por estresse19.

Medo de queda caracteriza-se pela ansiedade ao caminhar ou preocupação

excessiva em cair, o que pode conduzir à menor confiança na capacidade de

caminhar e alterações comportamentais que afetam a mobilidade funcional,

promovem dependência física e institucionalização precoce.20

As quedas que resultam em lesões físicas, perdas funcionais ou períodos

prolongados de permanência do indivíduo no chão são as mais associadas ao medo

significativo de queda.6,21 Tal medo pode progredir e se tornar debilitante, pois o

indivíduo pode sentir-se desmoralizado e apresentar sentimentos de fragilidade,

insegurança, vulnerabilidade e ansiedade com relação à doença e à morte, de

maneira que essas manifestações podem ser um fator de agravamento e aceleração

dos efeitos deletérios do envelhecimento. 6,21

Dessa forma, sugere-se que o medo de queda seja uma síndrome

multifatorial resultante da interação complexa e dinâmica entre fatores físicos,

psicológicos e sociais, que encontra-se associado com restrição de atividades

físicas, pior qualidade de saúde e de vida e maior número de quedas, de maneira

que pode se relacionar a fatores como declínio do nível de autocuidado, piora no

relacionamento familiar e social, sintomas de ansiedade e de depressão.6,22–24

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13

Para fins de melhor compreensão do presente trabalho, estes últimos

conceitos – ansiedade e depressão – serão descritos de acordo com o estabelecido

pelo DSM-V. De acordo com o manual, a ansiedade é a antecipação da ameaça

futura, sendo mais frequentemente associada com tensão muscular, vigilância e

preparação ante perigo futuro, comportamentos de cautela ou esquiva.19 Já a

depressão ou os transtornos depressivos, apresentam como característica comum a

presença de humor triste, vazio ou irritável, acompanhado de alterações somáticas e

cognitivas que afetam significativamente a capacidade de funcionamento do

indivíduo.19

1.4 Medo de queda e artrite reumatoide

A literatura apresenta dados acerca de quais fatores estão relacionados ao

medo de queda e sua prevalência na população geral, preferencialmente na

população idosa, de modo que tais dados a respeito da população com AR são

escassos.

Fessel, Nevitt13 em estudo pioneiro publicado em 1997, examinaram o medo

de queda em 570 adultos com AR de idade a partir de 50 anos, e encontraram como

fatores associados ao medo de queda: sexo feminino, pior capacidade funcional,

pequenas lesões relacionadas com quedas, maior número de articulações dolorosas

e dor mais severa. Os autores afirmam que adultos mais velhos com AR relatam

evitar ou modificar atividades devido ao medo de queda, de modo que as atividades

mais afetadas são caminhar e subir degraus.

Posteriormente, estudo de Jamison et al16 corrobora com tais achados ao

constatar que pacientes com medo de queda apresentavam mais comorbidades,

maior prejuízo na execução de atividades diárias e relatavam sentir mais dor, de

modo que, no estudo, 27,3% dos pacientes reconheceram alterar ou evitar

atividades devido a tal medo, e as atividades mais afetadas foram trabalhos pesados

e escalar/subir.

A única pesquisa brasileira publicada que apresenta dados sobre o medo de

queda na AR17 afirma que pacientes com medo apresentam maior prejuízo funcional

no HAQ e pior desempenho nos testes físicos TC6M (Teste de Caminhada de 6

Minutos), TUG (Timed Up and Go) e SPPB (Short Physical Performance Battery)

quando comparados àqueles que negam ter medo.

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14

Os estudos sobre medo de queda em pacientes com AR têm mostrado sua

relação com aspectos clínicos e físicos, no entanto, a presença de sintomas de

ansiedade e depressão têm sido pouco exploradas.

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15

2 OBJETIVOS

Objetivos principal

Verificar prevalência de medo de queda em pacientes com AR.

Objetivos secundários

Verificar a associação dos sintomas de ansiedade e depressão com

preocupação em sofrer queda avaliada pelo instrumento FES-I-Brasil (Falls Efficacy

Scale-International-Brasil – Escala de eficácia de quedas-Internacional-Brasil).

Comparar grupos AR e controle quanto a dados clínicos, prevalência de medo

e de ocorrência de queda, e escores nos instrumentos de avaliação utilizados.

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16

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Tipo de estudo:

Estudo quantitativo tipo caso-controle.

3.2 Local do estudo

As coletas de dados foram realizadas no Ambulatório de Especialidades

Governador Mário Covas da Faculdade de Medicina de Marília – FAMEMA.

3.3 Critérios de elegibilidade

Para o grupo AR foram recrutados indivíduos com diagnóstico de AR de

acordo com os critérios do ACR (American College of Rheumatology – Colégio

Americano de Reumatologia (ANEXO A) ou EULAR (European League Against

Rheumatism – Liga Europeia Contra o Reumatismo) (ANEXO B) 1,2, provenientes do

setor de Reumatologia do Ambulatório de Especialidades Governador Mário Covas.

O grupo controle foi constituído por indivíduos sem diagnóstico de AR ou

outras doenças reumáticas, acompanhantes de pacientes do ambulatório de

especialidades Governador Mário Covas, de modo que foram pareados com

pacientes AR de acordo com o sexo e idade.

Foi estabelecido que seriam excluídos indivíduos que apresentassem déficit

de compreensão que dificultasse responder aos questionários, deficiência física ou

que no momento estivessem em uso de cadeira de rodas.

3.4 Amostragem

Para cálculo do tamanho da amostra tomou-se como base a prevalência de

medo de quedas em pacientes com AR encontrada em publicação oriunda do Brasil,

equivalente a 74,2%17.

O cálculo do tamanho da amostra foi feito pelo software Lee

(http://www.lee.dante.br/index.html), definindo-se os parâmetros erro tipo I de 5%,

Page 17: MEDO DE QUEDA EM INDIVÍDUOS COM ARTRITE ......BAI (Beck Anxiety Inventory – Inventário Beck de Ansiedade) e BDI (Beck Depression Inventory – Inventário Beck de Depressão)

17

poder de teste de 95%, número de 1 controle para cada caso. Foram estimados 37

casos e 37 controles.

3.5 Procedimentos das coletas de dados

Os dados foram coletados pela pesquisadora em um único momento, sem

período de acompanhamento, de modo que todas as avaliações foram realizadas no

Ambulatório de especialidades Governador Mário Covas da FAMEMA. O período de

coleta de dados estendeu-se de dezembro de 2016 a julho de 2017.

3.6 Instrumentos de avaliação

Todos os questionários foram lidos na íntegra pela pesquisadora que

preencheu as fichas com as respostas fornecida pelas pacientes. A escolha por não

utilizar a maneira autoaplicável foi baseada na frequente baixa escolaridade dos

participantes.

3.6.1 Questionário de identificação (APÊNDICE A)

Questionário elaborado para coleta de dados sociodemográficos, clínicos,

sobre medo de queda e quedas.

3.6.2 FES-I-Brasil (Falls Efficacy Scale-International-Brasil – Escala de eficácia

de quedas-Internacional-Brasil) (ANEXO C)

O instrumento, que avalia a preocupação em sofrer queda em 16 atividades

diárias distintas, é a versão da escala FES-I (Falls Efficacy Scale-International)

adaptada e validada para a população brasileira25.

Os resultados da escala variam de 16 a 64 pontos. A preocupação com queda

é classificada da seguinte maneira: 16 a 19 pontos= preocupação baixa em sofrer

queda; 20 a 27= preocupação moderada e 28 a 64 = preocupação alta.26

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18

3.6.3 HAQ (Health Assessment Questionnaire) (ANEXO D)

Questionário que avalia o estado funcional por meio de oito categorias, de

modo que para cada uma dessas categorias o paciente indica o grau de dificuldade

para realização de atividades entre quatro possíveis respostas, que variam de

“nenhuma dificuldade” até “incapaz de fazê-lo”. 27,28

O impacto da AR nas funções de vida diária é classificado da seguinte

maneira: HAQ 0 a 1 = impacto leve; HAQ > 1 a 2 = impacto moderado e HAQ > 2 a 3

= impacto elevado.27,28

3.6.4 BAI (Beck Anxiety Inventory – Inventário Beck de Ansiedade) (ANEXO E)

Esse inventario é composto por uma lista de 21 itens que abrangem os sintomas

mais frequentes de ansiedade. 29

A soma dos escores individuais representa o escore total, que pode variar entre 0

e 63, de modo que a classificação do BAI deve seguir a seguinte pontuação: 0 a 10

= nível de ansiedade mínima; 11 a 19 = ansiedade leve; 20 a 30 = ansiedade

moderada e 31 a 63 = ansiedade grave.29

3.6.5 BDI (Beck Depression Inventory – Inventário Beck de Depressão)

(ANEXO F)

Esse inventario, composto por 21 categorias de sintomas, consiste em uma

forma objetiva de medir as manifestações relacionadas à depressão. 29

O escore total é o resultado da soma dos escores individuais dos itens, e

permite a classificação do nível de depressão, onde considera-se: 0 a 11 =

depressão mínima; 12 a 19 = depressão leve; 20 a 35 = depressão moderada e 36 a

63 = depressão grave.29

3.7 Análise dos resultados

A análise dos dados foi realizada no software SPSS V20. Foi feita estatística

descritiva e foram utilizados os testes estatísticos Análise de Variância (ANOVA),

Page 19: MEDO DE QUEDA EM INDIVÍDUOS COM ARTRITE ......BAI (Beck Anxiety Inventory – Inventário Beck de Ansiedade) e BDI (Beck Depression Inventory – Inventário Beck de Depressão)

19

Teste de Igualdade de Duas Proporções e Teste de Correlação de Pearson, com

significância estatística de P < 0,05.

3.8 Aspectos éticos

O projeto de pesquisa referente ao presente estudo foi encaminhado ao

Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina de Marília – FAMEMA para

análise e aprovação, com Certificado de Apresentação para Apreciação Ética

(CAAE) sob o número 57266216.8.0000.5413.

A coleta de dados teve início após aprovação do presente estudo pelo comitê

de ética sob parecer número 1.785.325. (ANEXO G)

Com a devida compreensão e a concordância do participante em fazer parte da

pesquisa, foi assinado um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE).

(APÊNDICE B)

Page 20: MEDO DE QUEDA EM INDIVÍDUOS COM ARTRITE ......BAI (Beck Anxiety Inventory – Inventário Beck de Ansiedade) e BDI (Beck Depression Inventory – Inventário Beck de Depressão)

20

4 RESULTADOS

Foram incluídas no estudo o total de 74 mulheres, sendo 37 com diagnóstico

de AR de acordo com os critérios do ACR ou EULAR1,2 e 37 controles saudáveis, de

modo que todas foram pareadas por idade e foram provenientes do Ambulatório de

Especialidades Governador Mário Covas da Faculdade de Medicina de Marília –

FAMEMA.

Page 21: MEDO DE QUEDA EM INDIVÍDUOS COM ARTRITE ......BAI (Beck Anxiety Inventory – Inventário Beck de Ansiedade) e BDI (Beck Depression Inventory – Inventário Beck de Depressão)

21

4.1 Descrição e análises comparativas – grupo AR e controle

Participantes de grupo AR eram em sua maioria casadas (56,8%), etnia

branca (54,1%), e com nível de escolaridade fundamental (64,9%). Entre as

comorbidades, a mais frequente em pacientes com AR foi hipertensão arterial

(40,5%), que se apresentou com maior frequência nos pacientes quando

comparados aos controles, conforme dados apresentados na Tabela 1.

Tabela 1 – Características sociodemográficas e de saúde de grupo AR e controle

Características AR (n=37)

n (%)

Controle (n=37)

n (%)

Valor de P*

Etnia

Branco 20(54,1%) 20(54,1%) 1,000

Pardo 14(37,8%) 12(32,4%) 0,626

Negro 3(8,1%) 2(5,4%) 0,643

Japonês 0(0,0%) 3(8,1%) 0,077

Estado Civil

Solteiro 5(13,5%) 19(51,4%) < 0,001

Casado 21(56,8%) 9(24,3%) 0,004

Viúvo 2(5,4%) 2(5,4%) 1,000

Divorciado 9(24,3%) 7(18,9%) 0,572

Escolaridade

Fundamental 24(64,9%) 6(16,2%) < 0,001

Médio 12(32,4%) 25(67,6%) 0,003

Superior 1(2,7%) 6(16,9%) 0,047

Hipertensão

Sim 15(40,5%) 7(18,9%) 0,042

Não 22(59,5%) 30(81,1%)

* Teste de Igualdade de Duas Proporções; P < 0,05 significativo; AR artrite reumatoide

A média de idade de pacientes com AR foi de 50,6(±6,9) anos. Grupos AR e

controle foram comparados quanto a média das variáveis clínicas, e não foi

detectada diferença estatisticamente significativa entre os grupos quanto: idade (P=

0,637), peso (P= 0,156), altura (P= 0,590) e IMC (P= 0,164). No entanto, foram

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22

encontradas diferenças estatisticamente significativas para número de comorbidades

(p< 0,001) e de medicações utilizadas (p< 0,001), dados apresentados na Tabela 2.

Tabela 2 – Características clínicas de grupo AR e controle

Variável Grupo Média Mediana DP Min Max Valor

de P*

Idade AR 50,6 52 6,9 33 61

0,637 Controle 49,8 49 8,7 36 64

Peso AR 73,1 72 15,9 47 120

0,156 Controle 68,1 65 13,7 42 110

Altura AR 1,60 1,60 0,07 1,45 1,80

0,590 Controle 1,59 1,57 0,07 1,49 1,74

IMC AR 28,4 27,9 5,4 18,4 41,5

0,164 Controle 26,8 26,6 4,6 18,7 38,1

Número de

Comorbidades

AR 2,38 2,00 2,25 0,00 11,00 < 0,001

Controle 0,43 0,00 0,83 0,00 3,00

Número de

Medicações

AR 7,11 7,00 3,57 1,00 15,00 < 0,001

Controle 0,65 0,00 1,14 0,00 4,00

*Teste ANOVA Análise da variância; P < 0,05 significativo; AR artrite reumatoide; DP desvio-

padrão; Min Mínimo; Max Máximo; IMC índice de massa corporal

Os grupos AR e controle foram caracterizados e comparados quanto escores

nos instrumentos de avaliação utilizados, e foi encontrada diferença estatisticamente

significativa entre grupos, visto que grupo AR apresentou piores pontuações no

FES–I–Brasil (P < 0,001), HAQ (P < 0,001), BAI (P < 0,001) e BDI (P < 0,001),

conforme mostra a Tabela 3.

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Tabela 3 - Comparação de grupo AR e controle quanto escores nos instrumentos de

avaliação utilizados

Instrumento Grupo Média Mediana DP Min Max Valor de

P*

FES-I-Brasil AR 29,59

20,47

27,00

18,00

9,97

6,35

17,00

16,00

49,00

36,00

< 0,001

Controle

HAQ AR 1,02

0,05

1,00

0,00

0,81

0,12

0,00

0,00

2,60

0,60

< 0,001

Controle

BAI AR 18,78

5,73

17,00

3,00

13,38

6,26

1,00

0,00

53,00

27,00

< 0,001

Controle

BDI AR 18,00

6,54

18,00

4,00

10,95

8,34

1,00

0,00

45,00

37,00

< 0,001

Controle

*Teste ANOVA Análise da variância; * P < 0,05 significativo; AR artrite reumatoide; DP

desvio-padrão; Min Mínimo; Max Máximo; FES-I-Brasil Falls Efficacy Scale-International

Brasil – Escala de eficácia de quedas-Internacional–Brasil; HAQ Health Assessment

Questionnaire; BAI Beck Anxiety Inventory – Inventário Beck de Ansiedade; BDI Beck

Depression Inventory – Inventário Beck de Depressão

A pontuação média do grupo AR no instrumento FES-I-Brasil indica

preocupação alta em cair, enquanto controles apresentaram preocupação

moderada.

No HAQ, o grupo AR apresentou prejuízo moderado da funcionalidade,

enquanto controle apresentou prejuízo leve.

No BAI e BDI, grupo AR apresentou nível leve de sintomas de ansiedade e de

depressão enquanto controles apresentaram nível mínimo.

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4.2 Descrição e análises comparativas – grupo AR com medo e sem medo de

queda

Foram comparados pacientes com AR com e sem medo de queda quanto a

variáveis de aspecto clínico, conforme apresentado pela Tabela 4.

Tabela 4 – Comparação de dados clínicos de pacientes com AR com e sem medo

de queda

Variável

Presença

de medo de

queda

Média DP Min Max N Valor

de P*

Idade Não 52,3 5,3 42 59 10

0,373 Sim 50,0 7,4 33 61 27

Peso Não 68,7 10,5 56 91 10

0,316 Sim 74,7 17,3 47 120 27

Num. de

Comorbidades

Não 1,10 1,20 0,00 3,00 10 0,034

Sim 2,85 2,38 0,00 11,00 27

Num. de

Medicações

Não 6,30 3,20 2,00 12,00 10 0,410

Sim 7,41 3,71 1,00 15,00 27

Num. Quedas Não 0,20 0,42 0,00 1,00 10

0,100 Sim 1,04 1,53 0,00 4,00 27

*Teste estatístico ANOVA; P < 0,05 significativo; DP Desvio Padrão; Min Mínimo; Max

Máximo; N número de pacientes; Num Número

Mulheres com AR com medo e sem medo de queda não apresentaram

diferença estatisticamente significativa quanto a idade (P =0,373), peso (P =0,316),

número de medicações (P =0,410) e número de quedas (P =0,100); no entanto,

apresentaram diferença estatisticamente significativa quanto ao número de

comorbidades (P =0,034).

A tabela 5 mostra dados que comparam pacientes AR com e sem medo de

queda quanto escores nos instrumentos de avaliação FES-I-Brasil, HAQ, BDI, BAI.

Pacientes com medo de queda apresentaram pior pontuação em todos os

instrumentos de avaliação utilizados.

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Tabela 5 – Comparação de pacientes AR com e sem medo de queda quanto

escores nos instrumentos de avaliação FES-I-Brasil, HAQ, BDI, BAI

Variável

Presença

de medo

de queda

Média DP Min Max N Valor

de P*

FES-I-Brasil Não 20,00 3,77 17,00 30,00 10 < 0,001

Sim 33,15 9,17 19,00 49,00 27

HAQ Não 0,43 0,50 0,00 1,50 10 0,005

Sim 1,25 0,80 0,10 2,60 27

BDI Não 10,30 7,82 1,00 24,00 10 0,007

Sim 20,85 10,66 2,00 45,00 27

BAI Não 9,60 8,51 1,00 28,00 10 0,009

Sim 22,19 13,35 3,00 53,00 27

* Teste estatístico ANOVA; *p< 0,05 significativo; AR artrite reumatoide; DP Desvio Padrão;

Min Mínimo; Max Máximo; N número de pacientes; FES-I-Brasil Falls Efficacy Scale-

International Brasil – Escala de eficácia de quedas-Internacional–Brasil; HAQ Health

Assessment Questionnaire; BAI Beck Anxiety Inventory – Inventário Beck de Ansiedade; BDI

Beck Depression Inventory – Inventário Beck de Depressão

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26

4.3 Medo e ocorrência de queda em grupo AR e controle

Os grupos AR e controle foram comparados quanto a medo de queda e

ocorrência de quedas.

Foi constatada diferença estatisticamente significativa quanto a prevalência

do medo de queda entre pacientes com AR (73,0%) e controles (35,1%) (P= 0,001),

assim como ocorrência de queda nos últimos 12 meses relatada por pacientes com

AR (35%) e controles (11%) (P= 0,013), conforme dados apresentados na Tabela 6.

Pacientes do grupo AR em sua totalidade afirmam nunca ter sido abordados a

respeito do tema medo de queda por profissionais de saúde.

Tabela 6 – Medo de queda e caracterização de quedas de grupo AR e controle

Variável AR (n=37)

n (%)

Controle (n=37)

n (%)

Valor de

P*

Medo de queda Sim 27(73,0%) 13(35,1%) 0,001

Não 10(27,0%) 24(64,9%)

Já foi questionado

sobre medo de queda

por profissionais de

saúde?

Sim 0(0,0%) 2(5,4%) 0,152

Não 37(100%) 35(94,6%)

Sofreu queda nos

últimos 12 meses?

Sim 13(35,13%) 4(10,81%) 0,013

Não 24(64,86%) 33(89,18%)

Motivo da queda Escorregou 3(23,07%) 2(50%) 0,643

Tropeçou 2(15,38%) 0(0,0%) 0,152

Desmaio 0(0,0%) 1(25%) 0,314

Fraqueza nas

pernas 6(46,15%) 1(25%) 0,047

Obstáculo súbito 1(7,69%) 0(0,0%) 0,314

Não lembra o

motivo da queda 1(7,69%) 0(0,0%) 0,314

Consequências da

queda

Dor intensa 0(0,0%) 2(50%) 0,152

Ferimentos 2(15,38%) 0(0,0%) 0,152

Fratura 1(7,69%) 1(25%) 1,000

*Teste de Igualdade de Duas Proporções; * P < 0,05 significativo; AR artrite reumatoide

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27

4.4 Correlações

Foi investigada no grupo AR a correlação entre escore na escala FES-I-Brasil

com variáveis clínicas, funcionalidade, sintomas de ansiedade e de depressão,

dados apresentados na Tabela 7.

Tabela 7– FES-I-Brasil: associação com variáveis clínicas e instrumentos de

avaliação HAQ, BAI, BDI

Variável Valor de

P*

Corr(r)

Idade 0,785 4,6%

IMC 0,262 18,9%

Número de comorbidades 0,061 31,1%

Número de medicamentos 0,463 12,5%

Número de quedas 0,002 50,2%

HAQ < 0,001 84,2%

BAI < 0,001 67,1%

BDI 0,001 51,0%

*Teste de Correlação de Pearson; P < 0,05 significativo; Corr(r) correlação; FES-I-Brasil

Falls Efficacy Scale-International-Brasil; HAQ (Health Assessment Questionnaire); BAI (Beck

Anxiety Inventory – Inventário Beck de Ansiedade); BDI (Beck Depression Inventory –

Inventário Beck de Depressão); IMC índice de massa corporal; AR artrite reumatoide

Os resultados foram analisados conforme a Matriz de Correlação abaixo:

Tabela 8 – Matriz de correlação

Classificação da correlação Valores

Péssima 0-20%

Ruim 20-40%

Regular 40-60%

Boa 60-80%

Ótima 80-100%

Pacientes com AR apresentaram preocupação em sofrer queda associada ao

número de quedas sofridas, funcionalidade, sintomas de ansiedade e de depressão.

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5 DISCUSSÃO

O presente estudo demonstrou que o medo de queda é comum em adultos

com AR. A amostra apresentou a prevalência de 73% para medo de queda, dado

similar ao encontrado na literatura nacional,17 e acima do relatado em estudos

oriundos de outros países.9,13,16,18,30,31 Ademais, a ocorrência de queda nos últimos

12 meses foi de 35%, semelhante ao encontrado em literatura nacional17 e

internacional.16

Idade elevada, semelhantemente ao encontrado em estudos

anteriores,13,16,17,31 não foi associada ao medo de queda. De acordo com Fessel,

Nevitt, é possível que a prevalência elevada de medo de queda em pacientes com

AR aconteça devido a condições associadas à doença, como alto número de

articulações dolorosas e comprometimento no funcionamento físico,13 não

apresentando dessa maneira relação com o aumento da idade.

Sintomas de ansiedade e de depressão se mostraram associados com

preocupação em sofrer queda avaliada pelo instrumento FES-I-Brasil. Até o

momento a literatura não apresentava tais dados a respeito de pacientes com AR,

principal colaboração do presente estudo, contudo, a literatura a respeito do medo

de queda na população idosa postula que a gravidade dos sintomas de depressão e

de ansiedade apresentam associação com medo de queda. 24,32

O desenho de estudo não permite dizer a relação causal entre medo de

queda e sintomas de ansiedade e de depressão. Há autores que conjecturam que é

possível que, em alguns indivíduos, o medo de queda seja uma manifestação

ansiosa de depressão. Outra possível explicação é que a depressão pode ser uma

consequência da restrição de atividade ou isolamento social resultante do medo de

queda. Uma terceira relação possível é que a depressão e/ou o seu tratamento (uso

de antidepressivos) contribuam para as quedas o que, por sua vez, contribui para o

medo de queda. 32

Dessa forma, são necessários estudos longitudinais para esclarecer a relação

entre quedas, medo de queda, sintomas de depressão e de ansiedade, assim como

futuros estudos que possam avaliar a importância destes fatores no tratamento do

medo de queda de pacientes com AR.

No presente estudo, apesar da alta prevalência de relatos de medo de queda,

todos os pacientes relataram nunca ter sido abordados e/ou nunca ter conversado

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29

sobre o tema com profissionais de saúde. O profissional que lida com o paciente

deve estar atento à ocorrência do medo de queda e aos impactos negativos do

mesmo, de maneira que é recomendável que a avaliação de tal medo faça parte da

rotina de avaliação clínica do sujeito.

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30

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34

APÊNDICE A

Questionário de identificação

Nome: ______________________________________Data da entrevista: __ /__ /__

Sexo: (F) (M)

Local:_________________________________________

Estado Civil: _______________________Escolaridade: ________________

Idade: ___ anos Data nasc: __ /__ /__ Peso: ___ Kg Estatura: ___m IMC: ___ kg/m2

Itens que serão critério de exclusão:

- Déficit de compreensão que limite a execução dos testes (S) (N)

Doenças crônicas referidas: _____________________________________________

Medicações:_________________________________________________________

Uso de dispositivo assistido à marcha: ____________________________________

Uso de próteses/órteses:_______________________________________________

Informações sobre quedas:

Número de quedas no último ano: (0) (1) (2) (3) (4 ou mais)

Local da queda: ( ) dentro de casa ( ) rua ( ) outros ambientes______________

Motivo da queda: ( ) escorregou ( )tropeçou ( ) obstáculo súbito ( ) desmaio ( )

fraqueza nas pernas ( ) dor ( ) tontura ou vertigem ( ) outros_________________

Período do dia que ocorreu a queda: ( ) manhã ( ) tarde ( ) noite ( ) madrugada

Atividade desenvolvida no momento da queda: ______________________________

Tem medo de cair: ( ) Sim ( ) Não

Consequências da queda: ( ) fratura ( ) dor intensa ( ) ferimentos ( ) sem

consequências graves

Necessitou ( ) hospitalização ( ) visita ao médico ( ) pronto socorro ( ) outros

____________________

O(a) senhor(a) já foi abordado por algum profissional da área de saúde sobre o

assunto queda ou medo de queda? (S) (N)

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35

APÊNDICE B

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

Você está sendo convidado(a) como voluntário(a) para participar do estudo

MEDO DE QUEDA EM INDIVÍDUOS COM ARTRITE REUMATÓIDE:

PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS que tem como objetivo identificar a

prevalência do medo de queda e seus fatores correlacionados em adultos com

artrite reumatoide. Acreditamos que a presente pesquisa seja importante pois a

obtenção de tais dados poderá ser útil na criação de estratégias de prevenção e de

redução do medo de quedas.

A sua participação no referido estudo será para responder a questionários e

participar de entrevista semi-estruturada, de modo que tais atividades serão

realizadas no Ambulatório de Reumatologia da Faculdade de Medicina de Marília.

Salientamos que não há riscos envolvidos em tais atividades e que sua privacidade

será respeitada. É assegurada assistência durante toda pesquisa, bem como lhe é

garantido o livre acesso a todas as informações e esclarecimentos adicionais sobre

o estudo.

Você também pode se recusar a participar do estudo ou retirar seu

consentimento a qualquer momento, sem precisar justificar, e se assim o fizer não

sofrerá qualquer prejuízo à assistência que tem recebido pela FAMEMA.

Os pesquisadores envolvidos com o referido projeto são Bruna dos Santos

Carmo e Prof. Dr. Marcos Renato de Assis. Caso necessário poderá manter contato

com a pesquisadora Bruna dos Santos Carmo pelo telefone (14) 9 9750 5656.

Rubrica do Sujeito

Pesquisa

Rubrica do Pesquisador

Principal

Rubrica do Coordenador

CEP

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36

DECLARAÇÃO

Tendo sido orientado quanto ao teor de tudo aqui mencionado, manifesto meu

livre consentimento em participar, estando totalmente ciente de que não há nenhum

valor econômico, a receber ou a pagar, por minha participação.

Eu, ____________________________________________________ RG

_________________________, fui devidamente esclarecido em relação ao projeto

de pesquisa e concordo em participar

Dados do participante da pesquisa

Nome:

Telefone:

e-mail:

Marília, _____ de _____________ de _____.

Assinatura do participante da pesquisa Assinatura e carimbo do pesquisador

principal

Bruna dos Santos Carmo

RG: 46238105-5

CRP:06/119663

Tel: (14) 9 9750 5656

Email: [email protected]

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37

ANEXO A

Critérios de Classificação para AR do Colégio Americano de Reumatologia

(ACR) de 1987

Para a classificação como artrite reumatoide, o paciente deve satisfazer a pelo

menos 4 dos 7 critérios. Os critérios 1 até o 4 devem estar presentes por, no mínimo,

6 semanas

Critério Definição

1. Rigidez matinal Rigidez matinal com duração de pelo

menos 1 hora até a melhora máxima

2. Artrite de 3 ou mais áreas articulares Ao menos três áreas articulares

simultaneamente afetadas, observadas

pelo médico (interfalangeanas

proximais, metacarpofalangeanas,

punhos, cotovelos, joelhos, tornozelos e

metatarsofalangeanas)

3. Artrite das articulações das mãos Artrite em punhos ou

metacarpofalangeanas ou

interfalangeanas proximais

4. Artrite simétrica Envolvimento simultâneo de áreas de

ambos os lados do corpo

5. Nódulos reumatoides Nódulos subcutâneos sobre

proeminências ósseas, superfícies

extensoras ou em regiões justa-

articulares

6. Fator reumatoide sérico positivo Presença de quantidades anormais de

fator reumatoide

7. Alterações radiográficas Radiografias posteroanteriores de mãos

e punhos demonstrando rarefação

óssea justaarticular ou erosões

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ANEXO B

Critérios Classificatórios para AR do ACR/EULAR (European League Against

Rheumatism) de 2010

Pontuação maior ou igual a 6 é necessária para classificação definitiva de um

paciente como AR.

População-alvo (quem deve ser testado?)

Paciente com pelo menos uma articulação com sinovite clínica definida (edema).

* Sinovite que não seja explicada por outra doença.

* Os diagnósticos diferenciais podem incluir condições tais como lúpus eritematoso

sistêmico, artrite psoriásica e gota. Se houver dúvidas quanto aos diagnósticos

diferenciais relevantes, um reumatologista deve ser consultado.

Acometimento articular (0-5)

1 grande articulação 0

2-10 grandes articulações 1

1-3 pequenas articulações (grandes não contadas) 2

4-10 pequenas articulações (grandes não contadas) 3

> 10 articulações (pelo menos 1 pequena) 5

Sorologia (0-3)

FR negativo E ACPA negativo 0

FR positivo OU ACPA positivo em baixos títulos 2

FR positivo OU ACPA positivo em altos títulos 3

Duração dos sintomas (0-1)

< 6 semanas 0

≥ 6 semanas 1

Provas de atividade inflamatória (0-1)

PCR normal E VHS normal 0

PCR anormal OU VHS anormal 1

Legenda: FR = fator reumatoide; ACPA = anticorpos antiproteína/ peptídeo

citrulinados; VHS = velocidade de hemossedimentação; PCR = proteína C-reativa.

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ANEXO C

Falls Efficacy Scale-International-Brasil

Escala de eficácia de quedas – Internacional – Brasil (FES-I-Brasil)

Agora nós gostaríamos de fazer algumas perguntas sobre qual é sua preocupação a

respeito da possibilidade de cair. Por favor, responda imaginando como você

normalmente faz a atividade. Se você atualmente não faz a atividade (por ex.

alguém vai às compras para você), responda de maneira a mostrar como você se

sentiria em relação a quedas se você tivesse que fazer essa atividade. Para cada

uma das seguintes atividades, por favor, marque o quadradinho que mais se

aproxima de sua opinião sobre o quão preocupado você fica com a possibilidade de

cair, se você fizesse esta atividade.

Nem um

pouco

preocupado

Um pouco

preocupado

Muito

preocupado

Extremamente

preocupado

1. Limpando a casa (ex:

passar pano, aspirar ou

tirar a poeira).

1 2 3 4

2. Vestindo ou tirando a

roupa

1 2 3 4

3. Preparando refeições

simples

1 2 3 4

4. Tomando banho 1 2 3 4

5. Indo às compras 1 2 3 4

6. Sentando ou levantando

de uma cadeira

1 2 3 4

7. Subindo ou descendo

escadas

1 2 3 4

8. Caminhando pela

vizinhança

1 2 3 4

9. Pegando algo acima de

sua cabeça ou do chão

1 2 3 4

10. Indo atender o telefone

antes que pare de tocar

1 2 3 4

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11. Andando sobre

superfície escorregadia

(ex: chão molhado)

1 2 3 4

12. Visitando um amigo ou

parente.

1 2 3 4

13. Andando em lugares

cheios de gente

1 2 3 4

14. Caminhando sobre

superfície irregular (com

pedras, esburacada)

1 2 3 4

15. Subindo ou descendo

uma ladeira

1 2 3 4

16. Indo a uma atividade

social (ex: ato religioso,

reunião de família

ou encontro no clube)

1 2 3 4

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ANEXO D

HAQ (Health Assessment Questionnaire)

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ANEXO E

BAI (Beck Anxiety Inventory – Inventário Beck de Ansiedade)

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ANEXO F

BDI (Beck Depression Inventory – Inventário Beck de Depressão)

(continua)

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ANEXO G – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

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