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  • MEDITAO SEMANA A SEMANA 52 EXERCCIOS PARA VOC SE CONHECER MELHOR E TER UMA VIDA MAIS TRANQILA.

    David Fontana Publifolha, So Paulo, 2004

  • INTRODUO

    O ttulo deste livro no significa que a cada sete dias uma das 52

    meditaes deva ser praticada. No assim que se medita. Todos ns temos diferentes nveis de progresso, e a inteno que voc pratique estas meditaes no apenas uma ou duas vezes e depois as abandone, mas que as faa durante o tempo em que for adepto da meditao. Trabalhe no seu prprio ritmo.

    As sees prticas do livro so chamadas de meditaes completas, apesar de algumas delas, no captulo 1, serem consideradas exerccios introdutrios. O primeiro captulo lhe d a base para a meditao, e essas meditaes introdutrias so importantes. Uma das razes por que muitas pessoas desistem de meditar o despreparo inicial. Os demais captulos abordam os aspectos prticos e o desenvolvimento da meditao. Recomendo que voc siga as meditaes na ordem em que so apresentadas, mas isso no fundamental se as circunstncias no permitirem que voc trabalhe uma ou outra na primeira leitura, retome-as mais tarde. Pode ser que voc ache necessrio se concentrar em apenas uma meditao por algum tempo, at que consiga extrair seus benefcios. E pode ser que fique com vontade de ler o livro todo de uma vez antes de se sentir confiante para iniciar a prtica.

    Um ano parece muito tempo, mas h um velho ditado que diz que, na meditao, o tempo no tem significado. Ento, no ano que tem pela frente, ponha de lado idias convencionais de progresso, de medir quanto voc avanou a cada semana e a cada ms. Em vez disso, perceba com que freqncia voc parece percorrer um longo caminho em uma nica sesso de meditao, enquanto em outras parece retornar para antes at do ponto de onde comeou. No se glorifique com o primeiro tipo de experincia nem se desaponte com o segundo. Essas observaes so lies fundamentais sobre sua mente. Emoes que nos distraem, como alegria e decepo, so alguns dos obstculos que devem ser superados no caminho para o autoconhecimento.

    At a percepo do tempo pode mudar durante a meditao. Algumas sesses parecem mais curtas ou mais longas do que so na realidade, e outras parecem ocorrer fora do tempo, de modo que o relgio perde o significado e voc aprende como subjetiva a nossa percepo temporal.

    Este livro no foi escrito do ponto de vista de nenhuma das tradies espirituais, e, se algumas delas so mais mencionadas, apenas porque do mais nfase meditao.

    Quando alcanar o final do livro, use-o como referncia muito fcil esquecer o que aprendemos. Espero que descubra que a meditao foi feita

  • para voc, assim como para todas as pessoas (apesar de poucos perceberem isso).

    Se esta obra ajudar voc a encontrar o caminho, j ter cumprido o seu propsito.

  • CAPTULO 1

    Adquirindo autoconscincia

    O que meditao? Por que meditar? O estado de esprito: onde voc est agora? O eu fsico Movimento e imobilidade O eu mental Voc por inteiro Comece a meditar sentado Um momento e um lugar para meditar O que vestir O mundo em movimento Absorva o mundo O eu adormecido Meditao e espiritualidade Meditao e comportamento tico A autoconscincia inicia-se no terceiro ano de vida. At l, somos

    conduzidos por necessidades fsicas (alimentos, lquidos, conforto) e reaes intuitivas (medo, interesse, prazer). Mas o despontar da autopercepo traz consigo o reconhecimento daquilo de que gostamos e no gostamos e a iniciativa de tomar decises e fazer exigncias a fim de nos satisfazer. A partir desse momento, ficamos cada vez mais autnomos. O desenvolvimento do eu depende muito do temperamento e da experincia de vida.

    Dessa forma, desde a mais tenra idade, o eu nosso companheiro na vida. O que pensamos sobre ns mesmos e o que os outros pensam a nosso respeito ajudam a determinar a pessoa que nos tornamos. Mas at que ponto temos conscincia disso? Quanto nos conhecemos? Que grau de controle temos sobre ns mesmos? Que prticas nos tornam mais objetivos para mudar aquilo de que no gostamos em ns? O eu um processo dinmico, e os acontecimentos da vida mudam constantemente o modo como nos vemos. Podemos nos tornar responsveis por esse processo de mudana ou estamos merc do que a vida nos traz? A meditao um modo de responder a algumas dessas questes.

  • O que meditao?

    A meditao a percepo direta da mente. "E da?", voc pode pensar.

    Percebemos a mente continuamente, certo? Na verdade, no. Na maior parte de nossa vida desperta, atentamos apenas para os pensamentos, as emoes e as sensaes que preenchem nossa mente, um fluxo mutvel de distraes alegres e tristes, agradveis e desagradveis. Essa rpida torrente de pensamentos e impresses no a mente, assim como a gua de um copo no o copo. Na meditao, nos distanciamos desse fluxo em vez de nos identificarmos com ele. Tornamo-nos observadores, e no participantes. E, com a prtica, a torrente se transforma em gotejamento, que s vezes cessa por completo mesmo que brevemente , permitindo-nos reconhecer que a mente ainda est l, mesmo quando os pensamentos no esto. Em vez de distrao, h conscincia calma e clara, um sentimento de ser em vez de fazer, de tranqilidade em vez de confuso.

    Nada mais distante da verdade do que imaginar que meditar entrar em transe. A meditao um estado de alerta equilibrado, e no um estado de esquecimento sonolento. Conforme a mente se acalma, ela se liberta dos efeitos exaustivos de sua inquietude. A mente se concentra e, depois da meditao, permanece calma e tranqila. A prtica da meditao tambm no uma retirada para um estado de introverso que nos desconecta dos outros. A meditao, por ajudar a libertar a mente de preocupaes excessivas, permite-nos ser mais conscientes dos outros e de suas necessidades, alm de mais capazes de nos relacionarmos calorosamente e com compaixo. Por ajudar o desenvolvimento da concentrao, a meditao tambm nos permite atuar de forma mais eficiente e efetiva no mundo e encarar os desafios do dia-a-dia com mais clareza e tranqilidade.

    Muitos pensam que meditar requer sentar-se em uma almofada numa sala calma e silenciosa. Isso mais um equvoco. Certamente, sentar-se calmamente durante uma sesso essencial para o progresso, mas mesmo no incio da prtica voc pode meditar quando for conveniente ao andar de nibus, ao esperar um amigo ou ao caminhar. Alguns minutos de meditao acalmam os nervos antes de um acontecimento tenso, como falar em pblico, e depois de uma reunio cansativa ou de.um dia puxado de trabalho.

    Todas as grandes tradies espirituais do muita nfase meditao como um caminho para o crescimento pessoal. Recentemente, psiclogos tambm reconheceram seu valor como mtodo de relaxamento e de treinamento da mente. Para muitos orientais, meditar normal desde a infncia e, apesar de a prtica ter sido negligenciada no Ocidente por alguns sculos, todas as tcnicas ensinadas no Oriente foram resgatadas de forma ativa e abrangente pelas tradies ocidentais.

  • Por que meditar?

    A meditao no tanto a descoberta de uma nova habilidade, mas a redescoberta de um estado mental que est e sempre esteve ali, por trs da inquietao superficial que normalmente pede nossa ateno. Uma das melhores formas de ilustrar por que devemos meditar pensar em uma sala bagunada e cheia de gente, em que continuamente tentamos encontrar espao para coisas novas ao mesmo tempo em que relutamos em jogar fora as velhas. Uma sala em que sempre tropeamos nas coisas espalhadas pelo cho, onde nunca conseguimos nos sentar sem esvaziar as cadeiras e na qual nunca conseguimos encontrar o que queremos sem uma procura frustrante e demorada.

    Agora pense na mesma sala sem essa desordem, uma sala em que podemos agir com bem menos esforo e estresse. Uma sala em que podemos apreciar as cores e a decorao, na qual agora um prazer se sentar e relaxar. A sala nossa prpria mente, e sua transformao o resultado da meditao.

    Assim, a meditao uma espcie de faxina mental, ou, se preferir, uma forma de purificao mental. Ela descansa e relaxa a mente, desenvolve habilidades de concentrao e conscincia, ajuda-nos a lidar com mudanas dirias com mais tranqilidade e contribui para agirmos com mais eficincia. Mas muito mais do que isso. Em geral, somos estranhos para ns mesmos. Enfrentando as agitadas presses da vida moderna, temos pouco tempo para a auto-reflexo e menos ainda para vivenciar quem somos ou seja, o que existe por trs da atividade superficial que ocupa tanto nossa ateno. Desse modo, a meditao tambm um caminho para o autoconhecimento. Ela nos permite enxergar dentro de ns, quase como se uma janela, at ento coberta de poeira, tivesse sido lavada. Para muita gente, esse processo espiritual e psicolgico. Aprendemos que somos mais do que nossa matria, mais que um corpo e um crebro mortais.

    Essas so razes suficientes para aprender a meditar, mas tambm h benefcios fsicos. Conforme a mente se acalma, o corpo tambm aprende a relaxar, a redescobrir o equilbrio. Conforme nos tornamos mais capazes de lidar com o estresse e de experimentar o bem-estar que vem com a tranqilidade, muitas vezes a presso arterial e os batimentos cardacos se reduzem, mantendo-se assim depois da meditao. Livre das tenses, o corpo parece mais capaz de impedir infeces e talvez at outras doenas. H evidncias de que quem medita regularmente pode viver mais do que quem no medita, alm de sentir mais prazer com o mundo natural, com as maravilhas da terra e do cu.

    A meditao tambm pode ajudar no controle da dor e na cura. Torna-se assim uma forma de tratamento grtis, sem efeitos colaterais ou contra-indicaes para a maioria das pessoas.

  • O estado de esprito: onde voc est agora?

    Vivemos em um mundo essencialmente voltado para fora. Na maior parte do tempo, nossa ateno est direcionada para o local de trabalho, a tela da TV, os jornais e as revistas, o