médio oriente

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O Médio Oriente 2016 /17 O Médio Oriente é uma região que se destaca pela riqueza do Petróleo, predominância de climas áridos e semiáridos, pela diversidade étnica, religiosa e cultural dos povos e pelo facto de ser o berço das três mais importantes religiões monoteístas. Tudo isto que faz desta, uma região que se torna no centro de todas, ou pelo menos muitas, as regiões. Geografia C

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O Médio Oriente

2016

/17O Médio Oriente é uma região que se destaca pela riqueza do Petróleo, predominância de climas áridos e semiáridos, pela diversidade étnica, religiosa e cultural dos povos e pelo facto de ser o berço das três mais importantes religiões monoteístas. Tudo isto que faz desta, uma região que se torna no centro de todas, ou

pelo menos muitas, as regiões.

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Introduçã o

O Médio Oriente, que se encontra no sudoeste da Ásia, beneficia, em muito, da sua localização

estratégica, sendo que se encontra entre os três continentes que constituem o "Velho Mundo"

- Europa, Ásia e África - beneficiando das mais fluentes rotas comerciais. Para além disto,

destaca-se pela riqueza do Petróleo, predominância de climas áridos e semiáridos, pela

diversidade étnica, religiosa e cultural dos povos e pelo facto de ser o berço das três mais

importantes religiões monoteístas: judaísmo, islamismo e cristianismo. Tudo isto faz, desta,

uma área cheia de conflitos e ódios, muitas vezes, seculares, sendo o Médio Oriente chamado

muitas vezes de "Barril de Pólvora", sempre prestes a explodir.

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Índice

I. Conflito Israel x Palestina………………………………………………. A. Conflito Israel x Palestina: A História do Conflito……………………………..

B. Conflito Israel x Palestina: A Libertação da Palestina……………………….

C. Conflito Israel x Palestina: Intifada………………………………………………….

D. Conflito Israel x Palestina: Resolução do Conflito.……………………………

II. Faixa de Gaza.....................................................................................

III. O Rio Jordão……………………………………………………………………

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I. Conflito Israel x Palestina

A. Conflito Israel x Palestina: A História do Conflito

O conflito israelo-palestiniano é a designação dada à luta armada entre israelenses, judeus, e palestinos, os árabes, e é o mais importante e aclamado conflito do Médio Oriente, sendo que através da criação de grupos, muitas vezes terroristas, afeta não só a área do conflito - A Palestina - mas abrange, também, o panorama internacional. Tendo em conta um contexto mais generalizado, pode

designar-se de conflito israelo-árabe. O início do conflito remonta aos fins do século XIX, quando os colonos judeus começaram a migrar para a região e a juntar-se a outros judeus sobreviventes de outras invasões históricas. Sendo os judeus um dos povos do mundo que não tinha um Estado próprio, tendo sempre sofrido várias perseguições, foram movidos com o objetivo de criar na Palestina um estado judeu. Entretanto, a Palestina habitada há milénios por judeus, nos últimos séculos tem sido habitada por uma maioria árabe, muitos oriundos da Síria e de outros locais vizinhos. Tudo isto, cria um longo conflito onde se disputam territórios e ideologias e onde a história já é muita, ainda que se trate de um conflito recente e que se mantém na atualidade. As tensões entre judeus e árabes começaram a surgir a partir da década 1890, após a fundação do movimento sionista - que defende a autodeterminação do povo judeu e a criação de um estado judaico na Palestina - e, principalmente quando judeus provenientes da Europa começaram a emigrar e a formar comunidades judaicas na Palestina. No século XIX, quando se propagava a ideia da migração em massa para o Médio Oriente, o movimento sionista difundiu um slogan famoso: "a Palestina é uma terra sem povo para um povo sem terra". A ideia não era a de um local que estava vazio, mas sim a de que 500 mil habitantes do local (350 mil árabes, 80 mil judeus e outros grupos), até meados do século XIX, nunca haviam formado um estado soberano naquele território que tinha sempre sido tido como colónias de grandes impérios.

Em 1917 foi emitida a Declaração de Balfour, que se refere, basicamente, à intenção do governo britânico de facilitar o estabelecimento do Lar Nacional Judeu na Palestina, caso o Reino Unido conseguisse vencer o Império Otomano, que até então dominava aquela região, e, a 26 de setembro de 1923, o Reino Unido passa a administrar a Palestina depois da entrada em vigor do Mandato Britânico - que procurava administrar os territórios do extinto Império Otomano "até que esses fossem capazes de se tornar independentes". Já em 1931, com a crescente insatisfação dos grupos sionistas, surge o primeiro grupo militante conhecido como Irgun. Esta força paramilitar1 consistia em apressar a criação do

1 Associações civis, muitas vezes com fins políticos , armadas e com estrutura semelhante à militar

Mapa 1: A Palestina ao longo dos anos

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estado de Israel pela imposição da força, resistindo aos ataques árabes e, ao mesmo tempo, forçando a expulsão dos britânicos que os haviam "traído" - ao mudarem a ideia de se dividir a Palestina e procurarem a criação de um estado onde árabes e judeus vivessem comummente. O Irgun, como que, abre as hostilidades do conflito sendo, por muitos, tido como grupo terrorista. De 1939 a 1945, com a ascensão do Nazismo e as perseguições aos judeus a aumentarem, muitos procuravam migrar para a Palestina e Mohammad Amin al-Husayni2 entra na propaganda antijudaica e decide fechar os portos da Palestina, chegando mesmo a expulsar emigrantes judeus para a Alemanha nazi. O Reino Unido encontrava-se enfraquecido pela guerra e debilitado pela ação dos grupos militantes judaicos que, após uma trégua durante a guerra, regressam mais ativos no apoio à emigração clandestina e à luta armada e de grupos militantes árabes, igualmente ativos, na campanha de povoar o território palestino com o maior número de árabes possível. Assim, a Inglaterra entrega a administração da região palestina à recém-criada Organização das Nações Unidas - ONU - começando a dar-lhe grande importância enquanto estabilizadora da segurança mundial.

A 29 de Novembro de 1947, devido ao crescente conflito entre judeus, ingleses e árabes, uma reunião da Assembleia Geral da ONU foi realizada, sendo decidida a repartição da região da Palestina em dois estados, um judeu e outro árabe, que deveriam formar, ainda assim, uma união económica e aduaneira. A 14 de Maio de 1948 David Ben-Gurion3 declara o nascimento do Estado de Israel, ao assinar a Declaração de Independência. Em 15 de Maio de 1948, um dia depois da fundação do Estado de Israel, tropas da Transjordânia, Egito, Síria, Líbano e Iraque atacaram o recém-criado Estado de Israel, indo contra a criação do mesmo. Os estados árabes consideravam que o plano da repartição da Palestina das Nações Unidas era ilegal por ser oposto à vontade da população árabe da Palestina. Forma-se a Guerra da Independência, estimulada pelos países árabes, durante a qual, a maioria da população árabe da região da Palestina se vê na esperança de que destruíssem o estado judeu e fogem para os países vizinhos - como o Líbano, Jordânia, Síria e Egito - em busca de segurança, para retornarem quando o território estivesse "limpo". Com a inesperada e surpreendente vitória de Israel, a maioria desses refugiados, cerca de 750 mil, que continuaram a não aceitar o estado de Israel, ficam impedidos de regressar às suas casas, sendo que a esperança de que pudessem conquistar a terra novamente transforma-se no oposto. Israel consegue, assim, superiorizar-se em termos demográficos e, consequentemente, armados. Após um período inicial de estadia nos países árabes vizinhos, muitos destes refugiados, traídos pelos seus próprios aliados, são expulsos dos países que o acolheram, fazendo-os dirigir-se para o sul do Líbano, onde permanecem em campos de refugiados até hoje, não sendo integrados pelos países onde estão e passando o estatuto de refugiado de pais para filhos.

É então necessário que se conclua e dê importância à ONU, que é a única organização legítima que consegue tomar conta de territórios sem estados formados que os administrem, o que evita o surgimento de conflitos regionais e que podem, contudo, afetar a segurança nacional. Não conseguiram evitar o conflito porque ao tentarem implementar a paz e a igualdade no território, o nacionalismo exacerbado das duas culturas não o permitiu.

2 Líder fortemente oponente ao domínio britânico 3 Chefe de governo de Israel entre 1948 e 1953

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B. Conflito Israel x Palestina: Libertação da Palestina

Depois dos judeus declararem a independência de Israel, milhões de árabes palestinos foram expulsos das suas casas pelo exército de Israel e, assim, refugiaram-se na Cisjordânia (Jordânia), Faixa de Gaza (Egito), ou em outros países como o Líbano. Em 1952, as Nações Unidas riscam a questão da Palestina da sua ordem de trabalhos e, aí, os palestinos percebem que não têm outra solução, se não organizarem-se para retomarem o seu Estado. Com o alargamento de território e influência de Israel, surge, então, a luta pela libertação da Palestina, consagrada pela Organização para a Libertação da Palestina4. O grande objetivo desta organização é a implantação de um estado palestino independente e a retomada de territórios ocupados por dois povos, afirmando que o acordo5 imposto pela ONU "não tinha sido cumprido pelos israelenses”. Sendo, esta, uma organização política e paramilitar, que reúnia várias fações, ia crescendo com uma frente de grupos extremistas dedicados à destruição de Israel atavés do uso de terrorismo, formando-se, efetivamente, grupos terroristas, assim considerados pelo panorama internacional. Apresentam-se, então, 6 grupos militares e políticos que participam na luta armada em Israel ou na região da Palestina, todos com o mesmo objetivo - lutar pela libertação da Palestina e fazer retornar os refugiados palestinos espalhados pelo Médio Oriente:

- Al-Fatah - O Movimento de Libertação Nacional da Palestina é o nome completo do movimento político e militar, criado na década de 50 para defender os palestinos. Embora esse seja o nome oficial, o mesmo ficou mundialmente conhecido pela sigla Fatah. O nome do grupo guarda curiosidades, sendo que, posto na ordem reversa resulta em Hataf, que significa morte em árabe. Sob a liderança de Yasser Arafat, morto em 2004, o Al-Fatah tornou-se a mais forte e organizada fação palestina. O grupo adota como estratégia a luta de guerrilhas com ações pequenas e isoladas, sendo o principal objetivo eliminar o controlo do exército israelense na Palestina. O partido é menos radical que o Hamas, com quem mantem vários conflitos, inclusive, armados, o que mostra a conflitualidade entre os próprios grupos. Atualmente o grupo defende a reconciliação entre os palestinos e os israelenses, sendo cada vez mais aceite no contexto internacional. Ação famosa: em 1972, a Organização Setembro Negro, uma das fações mais extremistas do Fatah, sequestrou e assassinou onze atletas israelenses em plenos Jogos Olímpicos de Munique, na Alemanha. - Frente Democrática para a Libertação da Palestina - Criado na década de 60, esta organização política e militar é tida como moderada ao defender a existência de um estado palestino que conviva com o de Israel. Envolvido em ações armadas nos anos 70 e 80, a FDLP, hoje, critica o terrorismo – principalmente o internacional, opondo-se a atentados fora do Médio Oriente. Ação famosa: em maio de 1974, a organização assumiu a autoria do sequestro e morte de mais de 20 crianças israelenses na cidade de Maalot. - Frente Popular para a Libertação da Palestina – Criada na década de 60, considerado grupo terrorista pelos EUA e UE, a organização política e militar rejeita acordos com o governo israelense e é contra as atuais negociações de paz. Ação famosa: sequestros internacionais de aviões de passageiros entre 1968 e 1974.

4 Criada em 1964, no 1º Congresso Nacional Palestino, realizado em Jerusalém 5 Realizado em 1947, que definia 53% do território para os 700 mil judeus, e 47% aos 1 milhão e 400 mil

árabes sendo que desses, 900 mil emigraram durante o início do século XX e, 500 mil viviam no local

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- Jihad Islâmica Palestina - Criado na época de 70, apontado como o grupo armado palestino mais radical, opõe-se á existênca de Israel e luta contra a presença de israelenses no território palestino, procurando a implementação de um Estado Islâmico na Palestina. Ação famosa: os militantes da organização já participaram em vários atentados suicidas com carros-bomba. - Hezbollah - Criado na época de 80, tem uma grande força na política do libanesa, sendo no Líbano que se sedeia e é nele que se centra. Defendia a implementação de um Estado Islâmico mas tem vindo a deixar de fazer referência a esta meta. É considerado um movimento de resistência legítimo por grande parte do mundo islâmico e árabe, no entanto é considerado uma organização terrorista pelos Estados Unidos, Argentina, Israel, Canadá e Países Baixos, sendo que a UE concorda não desconsiderando a organização enquanto organização política. Ação famosa: ativação de uma bomba num autocarro que transportava cidadãos israelenses, na Bulgária. - Hamas - Surge na época de 80, é o que gera mais dúvidas no panorama internacional sendo que faz trabalhos educacionais e beneficentes e participa em atividades políticas pacíficas, mas tem um braço militar que já realizou mais de 20 ataques suicidas contra civis israelenses no século XXI. Ação famosa: assumiu a responsabilidade pelo atentado suicida contra civis em Israel, quando um homem-bomba matou cinco pessoas numa paragem de autocarro, em 1994.

A existência destes grupos extremistas, uns mais que outros, que recorrem à repressão para impor uma ideologia, fomentam ainda mais o conflito sendo que não se conseguem organizar de forma coesa para libertar a Palestina e estabelecem, ainda, conflitos entre si. Portanto, a Palestina tende a desaparecer, o que pode enfurecer cada vez mais os grupos que se assumem como terroristas.

C. Conflito Israel x Palestina: Libertação da Palestina

A palavra árabe intifada tem um significado geral de revolta e é o termo que representa a revolta dos palestinos contra os abusos promovidos pelos israelenses. Os objetivos estão sujeitos a debate: uns afirmam que tem como objetivo combater a ocupação dos territórios ocupados por Israel, e outros afirmam que o objetivo de fundo é a destruição de Israel e, com ela, a sua fé. Surgiram duas intifadas, tendo sido, ambas, utilizadas como campanha de resistência dos palestinos, seguidas de represálias dos israelitas, o que gerou um ciclo de progressos cumulativos, assentes na violência, sendo parte integrante do conflito israelo-árabe. A primeira intifada, também intitulada da "guerra das pedras", surgiu de modo espontâneo e, aparentemente, sem um poder organizado por trás, sendo que tratava apenas da manifestação do povo palestino contra os abusos e a opressão do exército israelense. Os manifestantes, num ato de coragem e revolta, partiram para cima dos militares israelenses munidos, apenas, de paus e pedras, ao gritarem palavras de ordem. O conflito agravou-se, tendo iniciado a 9 de dezembro de 1987 e durado até fins de 1993 com a assinatura dos Acordos de Paz de Oslo.

No início de 1990, a OLP e Israel assinaram acordos de paz que incluíam, além do reconhecimento mútuo, o compromisso dos israelenses de devolver territórios aos palestinos.

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No entanto, em 1996, o processo de paz foi suspenso e o escritório da OLP, em Jerusalém, fechado, dando recomeço aos ataques e, em 2000, teve início uma nova Intifada. A segunda intifada teve início em setembro de 2000 e durou até meados de 2005 e trata do conjunto de eventos que marcou a revolta civil dos palestinos frente à política administrativa e à, novamente, ocupação israelense na Palestina, caraterizando-se por manifestações violentas. Dispultou quando Ariel Sharon6 foi protegido por um grande aparato de seguranças numa ida a Jerusalém, o que os palestinos consideraram uma provocação. O conflito provocou centenas de mortos em ambas as frentes.

D. Conflito Israel x Palestina: Resolução do Conflito

Os EUA assumem-se como apoiantes de Israel, sendo que os ajudam, inclusive, financeiramente e dentro do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o apoio dos EUA garantiu que várias intervenções, muitas vezes que pudessem ir contra os interesses israelenses, não fossem aprovadas, graças ao direito de veto de que os EUA beneficiam. Ao longo dos anos, os vários presidentes dos EUA têm tentado manter acordos de paz, forjados pelos interesses inconvergíveis dos israelenses e palestinos, e Barack Obama já veio afirmar que “há limites para a quantidade de tempo e esforços que os EUA podem dedicar, se as duas partes não estão dispostas a tomar medidas construtivas para que possam existir progressos” não é possível o término do conflito, apenas se houver "conversação entre as duas partes". A resolução do conflito é urgente porque a realidade do mesmo é a destruição de territórios e a morte de pessoas, tudo isto em massa. O empasse de uma negociação moderada por um ator, claramente, não neutro - os EUA - torna quase impossível que a situação se resolva com ganhos para ambas as partes, israelenses e palestinos. Além do problema da moderação, a resolução do conflito passa também pelo fato da resistência de Israel, junto com os Estados Unidos, contra o Hamas e enquanto os termos das resoluções não atenderem, também, aos interesses do Hamas, dificilmente haverá uma negociação com todo o povo palestino, que também reside na Faixa de Gaza. E mais que isso, os interesses e reivindicações do Hamas e do Fatah devem convergir e ser voltados para a população, não para agendas políticas próprias. Somente quando essas barreiras forem ultrapassadas será possível pensar numa resolução para o conflito Israel-Palestina, de modo a alcançar uma situação de paz positiva.

6 Militante e parlamentar de Israel

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II. A Faixa de Gaza

A Faixa de Gaza é um território palestino composto por uma estreita faixa de terra localizada na costa oriental do Mar Mediterrâneo, no Oriente Médio. O território tem um área total de 365 quilómetros quadrados e é uma região que apresenta condições de vida precárias onde não há infraestruturas adequadas e, consequentemente, a economia é extremamente debilitada. Apenas 13% das terras da Faixa de Gaza são aráveis. Mesmo sem oferecer condições, a Faixa de Gaza é um dos territórios mais povoados do Médio Oriente, sendo que conta com 1,7 milhões de habitantes. Apesar da maior parte da população ter nascido na Faixa de Gaza, uma grande percentagem trata de refugiados palestinos, que fugiram para Gaza durante o êxodo palestino que ocorreu após a guerra israelo-árabe de 1948. A população é

extremamente marcada pela religião islâmica, sendo mais de 99% dos habitantes fiéis muçulmanos.

A região foi tomada por Israel durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967, e entregue de volta aos palestinos em 2005 para fazer parte do Estado da Palestina. Porém, a entrega foi feita de uma forma aparente, sendo que boa parte das fronteiras, territórios aéreos e marítimos de Gaza ainda são controlados pelos israelenses.

Após o Hamas assumir o controlo da região em 2007, as restrições impostas por Israel à população de Gaza ficaram ainda mais duras, com os bloqueios a criarem dificuldades de abastecimento de produtos básicos, como remédios e comida, para a população.

Os palestinos que vivem em Gaza estão sujeitos a uma rotina em que os movimentos são restritos, há cortes de energia frequentes e a economia local está devastada. Há, ainda, restrições para atividades, como a agricultura e a pesca, que são das poucas que sustentam a população.

A Faixa de Gaza acaba, então, por ser palco da demonstração de força do Estado de Israel frente às forças palestinas, o que levou a formar as origens de grupos extremistas que utilizam o fundamentalismo religioso como forma de obter o apoio das massas para a realização de atos terroristas, como por exemplo, o Hamas, que tem utilizado Gaza como um dos seus principais centros de organização, aproveitando a situação de miséria social para incrementar os seus ideais e recrutar a população jovem e desprovida de perspetivas.

Mapa 2: Controlo de Is rael na Fa ixa de

Gaza

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III. O Rio Jordão

Das principais fontes de obtenção de água no Oriente Médio7, o foco principal é o rio Jordão que, para além de se tratar do rio onde Jesus foi batizado, dada a sua posição geográfica, é disputado por Israel, Líbano, Síria e Jordânia. Um rio que, ainda que afetado pela seca e pela poluição, constitui cerca de 1/3 da água consumida por Israel, além do consumo da Jordânia, Síria, Cisjordânia e da Faixa de Gaza. A falta de saneamento básico e o despejo de resíduos poluí cada vez mais este rio. Sendo Israel, e o Médio Oriente, uma das regiões com menos humidade do planeta, as reservas de água representadas pela bacia do Jordão sempre foram consideradas por Israel um elemento vital, de importância estratégica, uma vez que apostou no desenvolvimento de uma indústria agro-comercial

que utiliza a água de forma intensa.

Desde 1948, que Israel procura ter o controlo e a supremacia deste rio, conseguindo, ao realizar projetos, inclusive bélicos. Dentre estes:

– a construção do Aqueduto Nacional; – nos anos 60, anexou os territórios palestinos de Gaza e Cisjordânia e tirou da Síria as Colinas do Golã, durante a Guerra dos Seis Dias, para controlar os afluentes do Rio Jordão;

– em 2002, a construção do ‘Muro de Segurança’, que procurou acabar com a ida de refugiados palestinos para Israel, viabilizou o controlo israelense do Aquífero de Basin, um dos três maiores da Cisjordânia, que fornece 362 milhões de metros cúbicos de água por ano. A destruição de 996 quilómetros de tubulação de água deixou a população palestina que beneficiava dos mesmos sem água para beber; – antes de devolver a Faixa de Gaza, em 2005, Israel destruiu os recursos hídricos da região. A Faixa – estipulada como território palestino – conta com 1,7 milhões de habitantes sem água.

Embora Israel tenha sérios problemas com recursos hídricos, tornou-se – com as sucessivas invasões -, detentor do controlo dos suprimentos que lhe fornecem água, tanto os seus como os da Palestina. Num documento apresentado na Assembleia Geral das Nações Unidas, em 2010, Riyad H. Mansour8, disse que, durante 42 anos, os territórios ocupados sofreram “todo tipo de crueldade, destruição e abuso nas mãos de Israel. A potência ocupante que foi contra a vida, o sustento e os recursos dos palestinos”. Tem-se reclamado a violação ao direito dos palestinos de acesso à água, desde a ocupação dos seus territórios, em 1967, quando Israel assumiu o controlo de todos os recursos hídricos.

Frequentemente, surgem notícias sobre a destruição e bombardeio de poços de água dos palestinos, numa luta diária pela posse da água. Os israelenses bombardeiam tanques d’água, grandes ou pequenos (muitas vezes construídos nos telhados das casas), confiscam as bombas d’água ou destroem poços. A situação agrava-se sendo que, os poços de água, para serem

7 As bacias dos rios Jordão, Tigre e Eufrates 8 Observador permanente da Palestina da ONU

Mapa 3: O Rio Jordão

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abertos, precisam de autorização da administração militar de Israel. Assim, não é difícil compreender as intenções dos palestinos, ao exigirem a criação de um Estado independente, até porque não é possível a sobrevivência de qualquer estado, em particular da Palestina, sem o controlo efetivo do acesso e da distribuição dos recursos hídricos que necessita.

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Conclusã o

No fundo, toda a questão que engloba e resulta em terrorismo trás patamares muito mais

complexos do que a generalizada afirmação de que se deve acabar com o terrorismo. A

verdade é que para que ele acabe têm que se tomar medidas drásticas e muitas vezes

responde-se ao terrorismo com o próprio, o que acaba por dar continuação a si mesmo. Então

como acabar com ele? Só haveria uma forma, a consciencialização de todos os que defendem

que só através de atos terroristas se obtém o que quer de que há outras formas, como a

conversação, sendo os terroristas pessoas sem capacidade de entender muito mais do que

lhes foi impingido, esta torna-se numa missão profundamente impossível.

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Bibliografia

Internet:

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