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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE DIREITO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL CONTEMPORÂNEO MEDIAÇÃO FAMILIAR: UMA SOLUÇÃO DE CONFLITOS NO DIREITO DE FAMÍLIA CONTEMPORÂNEO CUIABÁ MT

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE DIREITO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL CONTEMPORÂNEO

MEDIAÇÃO FAMILIAR: UMA SOLUÇÃO DE CONFLITOS NO DIREITO DE

FAMÍLIA CONTEMPORÂNEO

CUIABÁ – MT

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ELAINE CRISTINA FARIA DA COSTA ARRUDA

MEDIAÇÃO FAMILIAR: UMA SOLUÇÃO DE CONFLITOS NO DIREITO DE

FAMÍLIA CONTEMPORÂNEO

Monografia apresentada à Especialização em

Direito Civil Contemporâneo da Faculdade

de Direito da Universidade Federal de Mato

Grosso como requisito final para a obtenção

do título de especialista em Direito Civil

Contemporâneo

Orientadora: Profª Me. Vivian Gerstler Zalcman

CUIABÁ - 2017

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DEDICATÓRIA

A Deus,

Meu esposo,

Minhas filhas

A Família começa no Casamento.

Gn 2:24 – Bíblia Sagrada

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AGRADECIMENTOS

A Deus primeiramente, autor e consumidor da minha fé e existência.

Ao meu esposo, amigo e intercessor Marcelo Arruda, por ter acreditado no meu potencial,

sempre dizendo que sou mais que vencedora..

Minhas filhas Ana Beatriz e Isabella, minhas princesas, joias raras que amo..

Minha Orientadora Vivian Zalckman, até nas palavras de orientação era elegante,

incentivadora em tudo, muito obrigada.

Aos funcionários do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, em especial da pessoa da

Dra.Clarice Claudino.

A técinca administrativa Senhora Eliane, por todos os abraços e cafés.

A minha amiga Anne Mattos, acreditou que seria capaz, sempre dizendo que eu era

inteligente e admirável.

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RESUMO

O estudo realizado neste trabalho nos abre a mente sobre a implantação e aplicabilidade da

mediação através da Resolução 125/2010 do Conselho Nacional de Justiça e a inserção no

Código de Processo Civil. O Poder Judiciário atualmente enfrenta alguns problemas

significativos, principalmente no que tange o direito de família, dentre outros aspectos, à

proximidade entre os tribunais e a sociedade em geral. As relações que envolvem relações

familiares carecem de um cuidado especial e maior dedicação a quem tem o dever de

decidir, principalmente resguardando o princípio da afetividade. O acesso à Justiça tem sido

um dos motivos de insatisfação devido à morosidade judiciária. A abordagem histórica da

construção do conceito de mediação e especificamente na área do direito de família trouxe

um olhar mais amplo nos resultados dos métodos alternativos de resolução de conflitos no

atual cenário brasileiro. E sobre isso, procura transformar o Direito de Família tradicional,

inovando-o de forma a acompanhar inovações diante de reflexos não positivos. A História

da mediação no Brasil trouxe inovação ao Judiciário, e seu papel não se limita a realização

de acordos, mas para atuação em reduzir a litigiosidade na sociedade. O Poder Judiciário de

Mato Grosso obteve resultados positivos, alcançando 78% de acordos homologados entre

2013/2017 (até o mês de maio) na mediação em geral, porém como todos os tribunais

brasileiros sofrem alguns reflexos negativos em seus dados estatísticos, observa-se essa

mudança no Poder Judiciário Matogrossense.

Palavras chaves: Mediação, Conflitos familiares, Direito de família, Pacificação social,

Poder Judiciário.

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ABSTRACT

The study carried out in this work opens the mind on the implementation and applicability of

mediation through Resolution 125/2010 of the National Council of Justice and the insertion

in the Code of Civil Procedure. The Judiciary currently faces some significant problems,

especially in relation to family law, among other aspects, the proximity between the courts

and society in general. The relationships that involve family relationships need special care

and dedication to those who have a duty to decide, especially safeguarding the principle of

affection. Access to justice has been one of the reasons for dissatisfaction due to lengthy

legal proceedings. The historical approach to the construction of the concept of mediation

and specifically in the area of family law has brought a broader perspective to the results of

alternative methods of conflict resolution in the current Brazilian scenario. And on this, it

seeks to transform traditional Family Law, innovating it in order to accompany innovations

in the face of non-positive reflexes. The History of Mediation in Brazil brought innovation

to the Judiciary, and its role is not limited to agreements, but to act in reducing litigation in

society. The Judiciary branch of Mato Grosso obtained positive results, reaching 78% of

agreements ratified between 2013/2017 (up to May) in mediation in general, but as all

Brazilian courts suffer some negative effects on their statistical data, it is observed this

change in the Matogrossense judiciary branch.

Keywords: Mediation, Family conflicts, Family law, Social pacification, Judiciary branch.

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LISTA DAS SIGLAS

Art. Artigo

CNJ Conselho Nacional de Justiça

CPC Código de Processo Civil

ECA Estatuto da Criança e Adolescentes

IBDP Instituto Brasileiro de Direito Processual

IBGE Instituto Brasileiro Geografia e Estatística

ICEC Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura

NUPEMEC Núcleo Permanente Medição e Conciliação

RADS Resolução Alternativa de Disputas

UNIC Universidade de Cuiabá

UNCITRAL Comissão das Nações Unidas

UNIRONDOM Universidade Cândido Rondon

UFMT Universidade Federal de Mato Grosso

TJMT Tribunal de Justiça de Mato Grosso

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01: Quantidade de Audiências Agendadas e Realizadas Entre 2013 a 2017........ 68

Gráfico 02: Percentual de Homologações de Procedimento Pré – Processual .................. 69

Gráfico 03: Percentual Acumulado de Homologações de Procedimento Pré –

Processual .......................................................................................................................... 69

Gráfico 04: Custo Procedimento Pré – Processual ............................................................ 70

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Comparativo dos Princípios Informadores .............................................. 29

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 13

1.1 CONCEITO E ASPECTOS GERAIS DA MEDIAÇÃO ................................... 13

1.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA MEDIAÇÃO .................................................. 14

1.2.1 Evolução Da Mediação no Brasil ................................................................. 14

1.2.2 Evolução na Mediação no Âmbito Internacional ......................................... 15

1.3 PRINCÍPIOS DA MEDIAÇÃO ......................................................................... 16

1.3.1 Princípio da Voluntariedade e Liberdade das Partes .................................... 17

1.3.2 Principio da Boa Fé e Confidencialidade ..................................................... 17

1.3.3 Principio da Imparcialidade .......................................................................... 18

1.3.4 Princípio da Oralidade .................................................................................. 18

1.3.5 Principio da Não Competitividade ............................................................... 19

1.4 A MEDIAÇÃO NO ÂMBITO INTERNACIONAL ......................................... 19

1.4.1 Direito Comparado na Argentina ................................................................. 20

1.4.2 Mediação nos Estados Unidos ...................................................................... 20

1.4.3 Mediação na Europa e América Latina ........................................................ 21

1.5 NÚMERO DO PODER JUDICIÁRIO FRENTE AOS CONFLITOS .............. 22

1.5.1 Mediação Judicial ......................................................................................... 22

1.6 ASPECTOS JURIDÍCOS: RESOLUÇÃO Nº125 DO CNJ ............................... 25

1.6.1 Panorama Geral ............................................................................................ 25

1.6.2 Mediadores e Conciliadores ......................................................................... 28

2. DIREITO DE FAMÍLIA .................................................................................... 31

2.1 A EVOLUÇÃO DO DIREITO DE FAMÍLIA E SEUS REFLEXOS ............... 31

2.2 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DE PROTEÇÃO FAMILIAR ................. 32

2.2.1 Princípio da Dignidade Humana .................................................................. 33

2.2.2 Principio da Afetividade ............................................................................... 36

2.3 FORMAÇÕES FAMILIARES NO DIREITO CIVÍL CONTEMPORÂNEO .. 38

2.3.1 Família Matrimonial ..................................................................................... 39

2.3.2 Família Informal ........................................................................................... 40

2.3.3 Famílias Paralelas ou Simultâneas .............................................................. 41

2.3.4 Família Poliafetiva ........................................................................................ 43

2.3.5 Família Monoparental .................................................................................. 43

2.3.6 Família Homoafetiva .................................................................................... 44

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2.3.7 Família Anaparental ..................................................................................... 45

2.3.8 Família Composta Ou Mosaica .................................................................... 46

2.3.9 Família Substituta ......................................................................................... 46

2.4 O CÓDIGO CIVIL E SUAS MODIFICAÇÕES NO DIREITO DE FAMÍLIA 47

2.4.1 Pensão Alimentícia ou Alimentos ................................................................ 47

2.4.2 Igualdade Dos Conjugues .............................................................................. 48

2.4.3 O Uso do Sobrenome .................................................................................... 49

2.4.4 Nulidade Absoluta do Casamento ................................................................ 49

2.4.5 Adoção .......................................................................................................... 50

2.4.6 Guarda dos Filhos ......................................................................................... 50

2.4.7 Conflitos Familiares ..................................................................................... 51

3. MEDIAÇÃO E DIREITO DE FAMÍLIA .......................................................... 53

3.1 OS AVANÇOS NA MEDIAÇÃO FAMILIAR ................................................. 53

3.2 A SEPARAÇÃO E AÇÕES EXISTENTES, DIVÓRCIO, GUARDA E

VISITAS ............................................................................................................. 56

3.2.1 Execução de Alimentos ............................................................................... 56

3.2.2 Divórcio ....................................................................................................... 58

3.2.3 Guarda dos Filhos e Visitas .......................................................................... 60

3.3 O PRINCÍPIO DA CONFIDENCIALIDADE NA MEDIAÇÃO FAMILIAR . 63

3.4 A MEDIAÇÃO DENTRO DO ESTADO DE MATO GROSSO ...................... 65

3.4.1 Estrutura Organizativa .................................................................................. 66

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 73

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ................................................................... 75

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1. INTRODUÇÃO

A presente pesquisa tem por objetivo abordar a questão da aplicação da mediação

no direito de família como método consensual de resolução de conflitos nos problemas

envolvendo o núcleo familiar. Importante resaltar que abordaremos essa técnica, além de

buscar a resolução do litígio que envolve pessoas de uma mesma família, busca resolver a

questão sentimental face ao conflito, os quais carregam em si uma forte carga afetiva

emocional.

Com a Lei 13.140/2015 sancionada em 26 de Junho de 2015 que trouxe no

Ordenamento Jurídico Brasileiro a efetivação do meio de solução de controvérsias e sobre

auto composição de conflitos no âmbito da administração pública, a Resolução 125 CNJ trás

uma legislação especifica por ausência de políticas publicas e que houve uma estagnação da

efetividade da mediação no sistema e essa adequação foi necessária para a divulgação dessa

legislação específica e ter acesso a justiça.

O Direito de Família surge no meio jurídico como o mais humano, pois trás

valores do meio jurídico, pois trás valores estes considerados personalíssimos de cada ser

humano, visando dar segurança e proteção desde o nascimento, por isso são regidos por

princípios que são basilares e que dão diretrizes. Com novas formações familiares surgindo

em nossa sociedade, aumentam os conflitos e os problemas, podemos afirmar que a sociedade

acompanha o direito, e assim as varas de famílias ficam com uma demanda grandiosa,

trazendo a mediação familiar de forma pacífica a serem sanadas através da via Poder

Judiciário.

Com as principais alterações dentro da estrutura familiar podem ser

acompanhadas através da legislação civil pátria, bem como no ordenamento constitucional,

devido profundas transformações foram inseridas dentro do direito de família, iremos abordar

a mediação familiar nas ações existentes por esses novos conflitos elencados no código civil e

na lei especifica da mediação junto ao Conselho Nacional de Justiça.

A mediação familiar tem o objetivo de entendimento entre os envolvidos, em

todos os sentidos, principalmente no emocional, sentimental e afetivo do ser humano, todavia

o principio da efetividade fundamenta criando estabilidade nas relações socioafetivas e na

comunhão da vida em comum. Os tipos de ações serão mencionados e o divórcio por sua vez

é o qual trás mais indagação em casos que abordem a guarda de filhos, pois trazem perdas

emocionais e irreparáveis. Importante resaltar sobre a Lei da Igualdade Parental

(13.058/2014) que teve uma alteração com um significado avançado dentro do código civil.

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Por fim esse trabalho trás menção também sobre a mediação familiar dentro do

Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso,com pesquisa in loco, trazendo números da

demanda desses conflitos dentro dos núcleos de solução de conflitos e algumas conquistas.

1.1 CONCEITO E ASPECTOS GERAIS DA MEDIAÇÃO

Para Tartuce a mediação pode ser definida como meio de solução de conflitos, a

partir da atuação das partes, onde se tornam aptas a compor uma solução rápida, com eficaz,

ponderada e satisfatória para os envolvidos (2016, p.178).

Segundo Barbosa, existe uma diferença na mediação, sob a perspectiva de não se

confundir com conciliação, arbitragem, intermediação, negociação e nem meditação, por hora

a mediação tem uma linguagem própria que dá validade da própria linguagem da

interdisciplinaridade, e obtenha assim a amplitude necessária para a sua manifestação plena,

afirmando assim que a ela se dá o privilégio de mistura de um todo em pensamentos,

sentimentos, em uníssono (2015, p.1).

Rocha e Salomão (2015), afirmam que a mediação desenvolve um Instituto

caracterizado pela não adversidade através da voluntariedade, imparcialidade, independência

e sigilo, porém envolve a intervenção requerida e aceita de um terceiro que não possui

obrigação, cujas tomadas de decisões continuam sobre a responsabilidade dos envolvidos no

conflito, todavia, o mecanismo ocorre por meio da colaboração de um terceiro, onde a função

e o objetivo é facilitar a comunicação entre as pessoas em litígios.

Tartuce relata que Carnelutti (1944), descreve o conflito de interesses como uma

qualificada por uma pretensão resistida, vale ressaltar que o interesse propriamente não

significa um juízo, mais sim a posição favorável á satisfação de uma necessidade.

Para Goretti (2016, p. 64), mediação é um instrumento de realização da justiça

coexistencial, que tem muito a contribuir no sentido de resultados, defendendo que a

mediação esta longe de ser de segunda classe, que são até mesmo melhores em

qualitativamente, do que os de processo contencioso em relação aos resultados.

Importante conceituar a mediação nos termos da Lei n.13.140/2015 do art.1,

parágrafo único, que a mediação é a atividade técnica exercida por terceiro imparcial sem

poder decisório que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e incentiva a identificar

soluções consensuais para a controvérsia. Visando essas controvérsias a mediação autoriza

aos envolvidos um conhecimento ampliado e os habilita a construir, por si, a composição do

litígio de forma mais aceitável (ou menos aceita) á sua realidade interna e externa.

Ressalta-se ainda que a mediação ainda esta em construção doutrinária, por sua

vez é útil retornar a certos recortes de suas características fundamentais, ainda que a

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legislação brasileira a prevê formalmente através da Lei da Mediação, Resolução nº125 e no

Código de Processo Civil.

Segundo o civilista Jean Carbonier, na década de 1960, primeiro jurista

interdisciplinar surgira a doutrina pós-moderna, onde associando o conhecimento da

Sociologia e reconhecendo a intimidade que existe entre Direito e biologia, relata o jurista que

o relacionamento de ambos é indissociável ou seja inseparável entre o direito e os avanços das

ciências, especialmente as ciências biológicas, meditando assim nas mudanças paradigmáticas

ocorridas ao longo da historia, principalmente no direito de família (BARBOSA, 2015, p.

34).

O conflito foi visto por muito tempo de forma negativa, algo a ser negado no

inicio, pois as dificuldades inerentes à abordagem dos conflitos são muitas pelo motivo de

haver diversos fatores aptos a não permitir a eficácia da atuação gerada para eliminar a

controvérsia. E atualmente o Código de Processo Civil faz uso frequentemente o vocabulário

“composição”, que trás a ideia de normatização pelas partes, pois regido pelo art, 333, §4º,

onde dispensa a realização da audiência inicial quando por fim não admitirem

autocomposição, isto é, quando as próprias partes não puderem estabelecer a norma taxativa

para julgar aquele caso, sendo indispensável, portanto, a intervenção do juiz.

Por fim, o único objetivo da mediação é aproximar as pessoas para que as mesmas

possam entender melhor as mais diversas circunstâncias da controvérsia, favorecendo alívio

de pressões irracionais ou elementos emocionais complicadores que assim impeçam a

visualização realista do conflito, preparando as partes para proceder a uma analise mais

ponderado da situação, de forma a estabelecer um possível acordo.

Ressaltando assim a Resolução n° 125 do Conselho Nacional de Justiça, desde

2010, vêm exercendo um essencial papel no Brasil sobre as instituições da “Política Judiciária

Nacional” de tratamento de conflitos, percebendo e expressando a necessidade de oferta,

pelos tribunais, de meios consensuais às pessoas em conflito.

1.2 EVOLUÇÃO HISTORICA DA MEDIAÇÃO

1.2.1 Evolução da mediação no Brasil

A evolução histórica da mediação brasileira começa a partir da distinção desse

instituto jurídico com a conciliação e arbitragem, por sua vez os legislativos brasileiros

encontram-se bem distantes por refletirem a ausência de construção teórica, e por hora tem

uma formação legislativa alicerçada em rigorosa construção da natureza jurídica da mediação.

No final da década de 90 a deputada Zulaiê Cobra Ribeira propôs um Projeto de

Lei nº 4.827/98 que teve como base o modelo Francês. O mesmo era divido em 07 artigos

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16

(MEURER, 2008). Embora seja uma proposta simples, o mesmo é o marco inicial do nosso

país, visando ao reconhecimento do conceito legal de mediação.

art. 1º: Asseverava o que é a Mediação

art. 2º: Quem pode ser mediador

art. 3º: Mediação judicial ou extrajudicial

art. 4º: Mediação endoprocessual

art. 5º: Acordo como título executivo judicial;

art. 6º, Audiência de Tentativa de Conciliação; e

art. 7º: A publicação da lei.

Posteriormente é apresentada uma nova proposta do Instituto Brasileiro de direito

processual, de iniciativa legislativa coordenada por Ada Pellegrini Grinover e Kazuo

Watanabe e demais juristas, sobre influência da mediação norte americana. (MEUER, 2008).

Para Barbosa (2015), descreve que este movimento teve influência Norte

Americana como o objetivo de desafogar o Judiciário, adotando um modelo de resolução de

conflitos.

Após 08 anos de debates no congresso federal o projeto de Lei nº 4.827/98, que

adotou o modelo europeu, buscava o reconhecimento legal de mediação para que passasse a

ser recomendada pelo Poder Judiciário. Com isso é aprovado no senado federal, além dos 07

artigos originais, foram incorporados outros 40 artigos, contabilizando assim 47. (TARTUCE,

2016, p. 262).

Descreve Tartuce (2016, p. 72) que na década de 1990 em legislação esparsas

houve uma busca por meios diferenciados de composição de conflitos, destaca se a Lei

9.099/1995 que instituiu os Juizados Especiais Cíveis Estaduais, porém, intensificou as

previsões por meios consensuais no Novo Código de Processo Civil - CPC e na Lei de

mediação (Lei n.13.140/2015).

O Novo Código de Processo Civil que foi promulgado em 16.03.2015, traz regras

sobre a mediação em dezenas de dispositivos, tornando então a sua entrada em vigor,

posteriormente a vacatio legis, trazendo regras dentro da Lei de mediação nos âmbitos

judicial e extrajudicial, entrando em vigor em dezembro de 2015, (TARTUCE, 2016, p. 268).

1.2.2 Evolução na Mediação no Âmbito internacional

Na cultura oriental a mediação integra os povos antigos, judeus, chineses e

japoneses. A mediação faz parte da cultura, usos e costumes, muitas vezes integrando os

rituais religiosos. (BARBOSA, 2015, p.08).

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17

A mediação no Ocidente surge no século XX, apontando uma profunda mudança

nos modos de regulação social, dando origem em dois movimentos simultâneos dentro da Grã

Bretanha e nos Estados Unidos. Posteriormente o Canadá e a França, trazendo assim a

descrição do desenvolvimento da mediação nesses países (BARBOSA, 2015 p.09).

Desde 1976, a mediação nos EUA faz parte do sistema de soluções de conflitos,

como também em outros países como China, França, Inglaterra, Noruega, Nova Zelândia,

Austrália, Canadá, Bolívia, El Salvador, Costa Rica, Venezuela, Chile, Equador, Paraguai,

Peru e na Colômbia.

Devido à imigração da população Chinesa para os Estados Unidos da América,

obteve uma influência cultural significativa. Os estadunidenses implantaram a pratica milenar

na mediação em tempos modernos, apropriada ao mundo ocidental (BARBOSA, 2015 p. 11).

A Colômbia se destaca dentre os países da America Latina por ter uma

experiência na mediação, desde 1983 houve um avanço do setor privado comercial.

Segundo Ludwing (2012), especificamente desde 1991, por meios de Juízes e

advogados a Argentina se destaca pela criação do RADSs (Resolução Alternativa de

Disputas), que posteriormente teve a aprovação da Lei de mediação no ano1996.

Na década de 80, no Canadá a mediação chega inicialmente pelo setor público de

natureza gratuita, não obrigatória, global e fechada, nem juiz e advogados não tem acesso ao

conteúdo das sessões de mediação. Importante lembrar que os canadenses possuem a cultura

da estrutura de pensamento originário dos ingleses e dos franceses convivem com dois

idiomas oficiais, trazendo assim um modelo próprio para a mediação dentro do país.

(BARBOSA, 2015, p. 13).

No início da década de 70 é criado na França o Mediador da República. Porém no

inicio da década de 80 a França toma como o modelo aplicado na América do Norte e na Grã-

Bretanha. Contudo o aprendizado ocorre no Canadá (devido à facilidade da língua)

(BARBOSA, 2015, p. 14).

1.3 PRINCÍPIOS DA MEDIAÇÃO

Os princípios norteadores da mediação são responsáveis pelas diretrizes e bases

de sustentação e expansão como tem sido ao longo do tempo. Essa observância é de extrema

importância para que a pratica seja concretizada de forma adequada em prol de pessoas em

crise.

Para GORETTI (2016, p.243), esses princípios foram oriundos da conciliação e

mediação conforme art.166 do CPC. Com exceção dos princípios da informalidade e da

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oralidade os demais foram contemplados pelo art.1º do código de Ética de conciliadores e

mediadores judiciais anexos à Resolução nº 125/2010 do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

Consideramos que princípios são mandamentos de otimização munida de elevado

grau de generalidade, que a Resolução e o novo código semelhantemente disciplinam a

prática da mediação no âmbito do Poder judiciário (GORETTI, 2016, p. 244).

1.3.1 Princípio da Voluntariedade e Liberdade das Partes

Esse princípio defende que a mediação é voluntaria e que as pessoas podem ter a

liberdade de escolher esse método como forma de solução de conflitos. E que no percurso do

processo de mediação terão liberdade de tomar decisões que melhor lhe convierem

(TARTUCE, 2016, p. 190).

Para Tartuce (2016 p.191) menciona o princípio da dignidade é um dos principais

direitos fundamentais, pois sobreleva a consideração da dignidade do individuo sobre o seu

destino e o encaminhamento de seus conflitos.

Ainda sobre esse olhar Tartuce (2016, p. 190) define que a autonomia da vontade

só é permitida na certeza de deliberação expressa de uma pessoa plenamente capaz, com

liberdade e regras dos cânones legais.

Vale resaltar que nesse principio dentro da mediação dá essa liberdade ao

individuo, permitindo que ele decida os rumos da controvérsia, trazendo assim uma saída

consensual para o conflito. Essa autonomia da vontade está ligada á dignidade da pessoa

humana e à liberdade. (TARTUCE, 2016, p. 69).

1.3.2 Princípio da Boa Fé e Confidencialidade

O Novo Código de Processo Civil em seu art.166, § 1º reconhece a importância

do Principio da Confidencialidade, que trás todas as informações necessárias e produzidas no

curso do procedimento, cujo teor poderá ser utilizado num momento oportuno por expressa

deliberação das partes.

Por tanto foi abordado na Lei de mediação em diversos dispositivos frisando a

maior atenção ao sigilo, tal procedimento afirma que o mediador deverá alertar as partes desse

princípio no que tange a confidencialidade empregáveis ao procedimento.

Todavia o mediador no uso de suas atribuições deverá fazer um acordo entre as

pessoas em conflitos, ou seja, as partes de conformidade entre si, trazendo um clima de

confiança e respeito.

Essa confidencialidade é atribuída também aos advogados, assessores técnicos e

demais pessoas de sua confiança , seja direta ou indiretamente, tendo assim participado da

mediação.

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No § 1º do art.30 da Lei n.13.140/2015 que menciona que não só os participantes,

mas a norma dispõe todo o conteúdo expressamente mencionado durante a mediação, tais

como: declaração, opinião, sugestão, promessa ou proposta formulada por uma parte e a outra

visando o entendimento para o conflito. (TARTUCE, 2016).

A Resolução n° 125 do CNJ menciona que as informações relatadas durante o

processo de mediação, deverão ser protegidas sobre sigilo, dando enfoque a confidencialidade

das partes.

1.3.3 Princípio da Imparcialidade

Nesse princípio iremos abordar o papel do terceiro imparcial, primeiramente cabe

ao mesmo analisar se os envolvidos no conflito conhecem os dados relevantes para soluções

eventuais.

Importante ressaltar que o terceiro imparcial se apresente de modo adequado,

trazendo assim aos litigantes pontos produtivos a serem trabalhados, incentivando os mesmos

a encontrar respostas para seus impasses.

O terceiro imparcial assume um compromisso com a imparcialidade, tem o dever

de colaborar para que os litigantes alcancem um acordo real e durável, com a finalidade e

comprometimento da mediação (TARTUCE, 2016, p. 218).

Por fim entendem se que o papel do terceiro imparcial se dá através de seu

desempenho em diferentes intervenções, entretanto adquirindo conhecimento será importante

e válido no processo de mediação para serem sanados.

1.3.4 Princípio da Oralidade

O Princípio da Oralidade possui na mediação um procedimento informal e

simples, onde valoriza a oralidade e a maioria das intervenções são realizadas através do

diálogo (Salles, 2003, p.61).

A mediação nesse princípio desenvolve uma técnica por meios de conversações

ou negociações entre as pessoas, incluindo a comunicação, iniciativas verbais, através de

expressões, questionamentos e afirmações.

Segundo Tartuce (2016, p.201), o indivíduo tem a liberdade e formalidade de falar

a respeito de situações controvertidas, afirmando que a tendência da linguagem jurídica tenha

um impacto pequeno.

A Lei de mediação brasileira subscreve a tendência de limitar por escrito o

encaminhamento final dando por encerrado com a lavratura do termo final, em casos de

acordos ou não se justificarem os esforços para obtenção de consenso, através de declaração

do mediador ou através de manifestação de qualquer das partes.

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20

A imparcialidade segundo os nos termos da Resolução n° 125/2010 do CNJ, é

retardada com o a obrigação de agir com ausência de favoritismo, preferência ou preconceito,

não se valendo desses valores e conceitos pessoais (TARTUCE, 2016, p. 206).

1.3.5 Princípio da Não Competitividade

Para Salles (2003) esse princípio não há uma determinação de haja ganhador e

outra parte perdedora e sim estimular um espírito colaborador entre as partes. Existe uma

preocupação de amenizar eventuais sentimentos negativos entre as partes em conflito.

A técnica consensual na mediação é formada por reuniões que visam promover

conversações para os envolvidos (TARTUCE, 2016, p.207).

Outra técnica que esta sendo utilizada é as cooperações. Quando uma das partes

do processo ligado de forma positiva a outro, de forma a aumentar suas chances de alcançar o

objetivo, promovendo o outro a fazer também.

O mediador deve se valer de técnicas e estratégicas, para produzir de forma

positiva. O mediador atuará para que as partes negociem e possam avançar, assim

contribuindo para que a conversa evolua e esteja atento para as barreiras que as impedem

(TARTUCE, 2016, p. 208).

O principio da busca do consenso é inseparável à autocomposição, causando a

pauta de atuação do facilitador do dialogo, essa diretriz não consta no Código de Processo

civil, mas foi mencionada como princípio na Lei de Mediação.

Essa diretriz trás uma nova previsão criticável no Novo Código Civil em seu

art.167, §3º incentivando a busca pelo consenso, exclusivo quantitativo (TARTUCE, 2016,

p.209).

1.4 A MEDIAÇÃO NO ÂMBITO INTERNACIONAL

Para BARBOSA (2015, p. 10), a mediação é fenômeno universal, atingindo o

sistema da Common Law e o sistema tradicional de direito, onde o movimento de mediação

tem sido bastante desenvolvido.

Em virtude do crescimento gigantesco do número de conflitos, a mediação tem

sido disciplinada no âmbito internacional, principalmente com o fenômeno da globalização,

aliado á formação de blocos econômicos, se deu o surgimento de meios jurídicos permitindo a

utilização de técnicas e soluções econômicas para os conflitos.

A criação de procedimentos personalizados em um foro neutro não é um método

somente a esfera do Brasil e sim de outros países considerados desenvolvidos, houve uma

evolução internacional para solucionarem com mais celeridade os conflitos.

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Segundo Tartuce (2016, p. 255) a UNCITRAL (Comissão das nações Unidas),

sobre o Direito do Comércio Internacional teve o modelo de mediação aprovado pela

assembleia geral em 2002, o Brasil estava presente e participou da aprovação.

1.4.1 Direito Comparado na Argentina

A mediação na Argentina trás um exemplo de incorporação da mediação por força

de lei. Dentro do direito comparado existem importantes e relevantes iniciativas das cortes de

Justiça para a institucionalização da mediação.

Tartuce (2016, p. 260) descreve que houve na Argentina um caso muito

problemático, onde foi implantado um Programa Nacional de Mediação, por iniciativa

conjunta do Poder Judiciário, Ministério da Justiça, magistrados, escolas, empresas e

organização não governamentais. Diante desse marco que a mediação através da legislação foi

implementada e desenvolvida na Argentina.

Conforme a Lei Argentina nº 24.573, de 04 de outubro de 1995, se torna

obrigatória à mediação na Província de Buenos Aires, a ser realizada antes da propositura da

ação. Destacando se como principal característica da lei de mediação o caráter compulsório,

permitindo primeiramente que o autor deverá demonstrar a tentativa de resolução do conflito

pela mediação, perante o Judiciário.

Foi elaborado um anteprojeto de Lei pelo Instituto Brasileiro de Direito

Processual (IBDP), precisamente serviu de inspiração desse diploma legal argentino provido

desse anteprojeto (ALMEIDA, 2002).

1.4.2 Mediação Nos Estados Unidos

Atualmente a Mediação nos Estados Unidos apresenta em seu sistema formal duas

raízes distintas dissociadas, tais como: O desenvolvimento da Justiça comunitária e a

resolução de conflitos trabalhistas, lembrando que recentemente houve a incorporação a

mediação de forma sistemática, através da Corte (TARTUCE, 2016, p. 184).

Essa junção entre norte americano e colonos, na cultura dos nativos, a construção

da paz era a principal forma de resolução de conflitos, para aquele momento histórico a

justiça era sagrada, as disputas sempre eram conduzidas de forma questões ocultas aos

conflitos e reconstruir relacionamentos.

Porém no século XVII, o uso de forma não legais de solução de disputas entrou

em decadência, por tais fatos:

Aumento da população e posteriormente a dissipação do sentimento de

comunidade;

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Desenvolvimento da Indústria e do comércio, tornando assim uma

complexidade de disputas e documentos, trazendo a necessidade de

contratação de advogados especialistas em questões comerciais;

Aumento de admissibilidade de muitas common laws;

Troca da cooperação pela competitividade.

Historicamente os Estados Unidos a mediação na área trabalhista como o começo

da industrialização norte americana, validando assim as disputas entre as partes e dando uma

solução rápida e eficaz que a obrigasse (TARTUCE, 2016, p. 184).

Na década de 80, a institucionalização de várias formas de mediação e negociação

facilitadas, prosseguiu trazendo a teoria da prática pela convergência.

Segundo Press (1997), atualmente a institucionalização das formas de resolução

de disputa tem se apresentado como uma experiência com bons resultados, extraindo duas

raízes distintas e desagregando do sistema em um todo, devido ao alto índice de informação

de que dispõem os usuários do sistema judicial, afirmando que o processo de integração da

mediação e outras formas de resolução de disputa ao meio jurídico têm no mínimo, cinquenta

anos de evolução. Formando assim uma grande preocupação nos estudiosos e profissionais, se

referindo a uma possibilidade de engessamento de processos,

Mostra se um grande receio de que esse procedimento possa que se desenvolver

uma duvida de que o procedimento obrigatório não atenda ao interesse das partes e que venha

corresponder aos interesses somente e exclusivo dos tribunais, visando tão somente reduzir o

volume de trabalhos (PRESS, 1997).

Em período de colonização dos Estados Unidos, uns grupos de colonos de forma a

salientar a manutenção de paz contribuíram para aproximação dos povoados e fazendo assim

necessário a junção de esforços para sobrevivência (TARTUCE, 2016, p. 184).

Os Estados Unidos teve um avanço notável no setor público, na negociação, seara

privada e nas relações internacionais.

1.4.3 Mediação na Europa e América Latina

No ano de 1978, impulsionada pelo movimento “Parants Forever” a assistente

social Lisa Parkinson, tratava de um projeto universitário que focava a composição de

conflitos entre pais e mães separados e ensejou a fundação do primeiro serviço de mediação

na Grã-Bretanha. Contou com a colaboração de estudantes de variadas localidades,

posteriormente expandiu se por toda a Inglaterra.

O desenvolvimento de Meios alternativos de solução de conflito na América

Latina se expandiu e ganhou força na década de 1990. No ano de 1996 um documento técnico

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editado pelo Banco Mundial foi descentralizado na administração da justiça com a adoção de

políticas e justiça restaurativa (TARTUCE, 2016, p. 187).

Entretanto uma série de conferências em diferentes localidades da América Latina

passou a ser realizada com vistas a sensibilizar os gestores de conflitos, devido as iniciativas

obtiveram efeitos.

A Lei nº. 23/1991 na Colômbia criou se mecanismo para desafogar o Poder

Judiciário, criando centros de mediação sobre jurisdição do Ministério da justiça, obrigou se

ainda Faculdades de Direito a organizar Centros próprios e previu a mediação comunitária

(TARTUCE, 2016, p. 188).

1.5 NÚMEROS DO PODER JUDICIÁRIO FRENTE AOS CONFLITOS

O método de mediação é inserido no âmbito do Poder Judiciário brasileiro, como

uma forma de desafogar sistema jurisdicional e disponibilizar uma maior celeridade na

resolução dos dissensos.

A prática da mediação é de importância relevância para diminuir as demandas

judiciais, pois no Poder Judiciário existe uma morosidade sem fim, onde se percebe a

deficiência de funcionários qualificados, de investimentos, presença de uma cultura atrasada,

onde acredita que a solução de um conflito só se extingue através e por meio de uma sentença

normativa, com a presença de um magistrado, onde poderá impor e determinar os interesses

das partes (TARTUCE, 2008, p.162).

Para Barbosa (2015, p.97) a reforma do Judiciário tem sido debatida há anos,

tornando oportuno transformar a vertente da mediação. O eminente Juiz Renato Nalili

publicou um artigo relatando que intitulado “Partir do Zero” que menciona esta reforma.

“[...] O Judiciário trabalha de forma empírica, sufocado pelo acúmulo de serviço e

perplexo diante das adversidades postas como empecilho ao cumprimento de sua

missão constitucional. O segredo é investir em eficácia, em multiplicar a capacidade

produtiva, em reciclar, em recrutar melhor. Outros países têm apostado na

necessidade de uma formação integral e contínua para seus juízes. O juiz não

vocacionado é uma fonte autônoma de injustiças. O trabalho judicial angustia e

somente pessoas equilibradas e devidamente preparadas conseguem se desvencilhar

dele sem multiplicar os conflitos ou comprometer a própria higidez mental”.

1.5.1 Mediação Judicial

É de se destacar que a mediação referida e regulada é aquela que venha a ser

desenvolvida em colaboração com a jurisdição estatal, conhecida como mediação judicial ou

pré-judicial, não afetando diretamente as mediações comunitárias ou realizadas no âmbito de

relações privadas, extrajudiciais; não judicializadas (VASCONCELOS, 2014, p. 86).

Segundo a Constituição Federal, trouxe em seu preâmbulo o destaque baseando na

harmonia social e comprometida, seja na ordem interna e internacional, com a solução

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pacífica das controvérsias como diretrizes de nosso sistema, assim ensejando de novos meios

de iniciativas de acesso à justiça (TARTUCE, 2016, p. 157)

Por meio desta afirmação originaram-se algumas importantes legislações

específicas, tendo em vista à implementação de instrumentos mais pacificadores de conflitos;

entre outras tais com:

Os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, Lei nº 9.099/1995;

Arbitragem, Lei 9.307/96;

Mensalidades Escolares, Lei nº 9.870/1999;

Participação nos Resultados das Empresas, 10.101/2000.

Ainda assim a inserção da mediação em leis esparsas, não definindo o instituto,

apenas ensejando o seu procedimento para aquela situação da lei que a possibilita.

Para Sadek (2005, p. 281), houve um crescimento nos índices à procura pela

Justiça oferecida pelo judiciário e altamente ligado às taxas de industrialização e ao processo

de urbanização; com isso o incremento desses indicadores gera um aumento no número de

conflitos, assim sendo tendo a probabilidade deque se convertam em uma demanda judicial.

Essa demanda por serviços judiciais exige que as partes tenham total consciência

de seus direitos e que tenham confiabilidade na máquina judicial, apesar de algumas criticas

em relação ao Poder judiciário em processos entrados e apreciados, para solução judicial de

conflitos, nota se uma satisfação extraordinária e crescente (TARTUCE, 2016, p. 161).

Importante resaltar que o Conselho Nacional de Justiça em 2004 indicava que

havia 57 milhões de demandas de demandas em andamento nas diversas esferas do Poder

judiciário. Destaca se que em menos de dez anos depois a progressão houve um avanço no

volume de processos em 2013 de 95,14 milhões. Em 2014 números impressionantes de 99,7

milhões de processos e em setembro 2015 um volume de 105 milhões de processos no poder

judiciário brasileiro (TARTUCE, 2016, p. 161, 162).

Portanto Tartuce (2016) relata que devido á essa progressão geométrica está

instituindo tentativas empreendidas para sanar a crise enfrentada pelo poder judiciário.

Em 2012 o conselho nacional de justiça elaborou um relatório com os 100

maiores litigantes, que tinham como objetivo identificar os maiores litigantes do Brasil e que

permitiam que fossem adotadas medidas especifica para redução da litigância. As

informações obtidas foram em relação à 1º instância, apartando entre o 1º grau e os Juizados

especiais, com o cuidado de haver uma dupla contagem de processos que eventualmente

poderiam prejudicar ou atingir o 2º grau de jurisdição (GORETTI, 2016, p.72).

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Ressaltando que foram excluídos da contagem os processos eleitorais, criminais e

militares devido à formação do polo passivo que é formado por particulares e o ativo pelo

Estado. Também foi excluído O Ministério público, pois atua em maior parte abordando a sua

função interveniente, ocasião pertinente que também é possível observar outras partes

(GORETTI, 2016, p. 72).

Porém na Justiça do trabalho em razão da ausência dos números de processos,

apenas partes foram considerada.

Alguns dados foram disponibilizados através desse relatório, no âmbito da Justiça

Estadual o setor público e os bancos ficaram com 34%, deixando 12,4% para o setor publico

municipal e 68,8% no âmbito da justiça federal (GORETTI, 2016, p. 73).

Com isso o Poder Judiciário torna pública essa crise nacional de administração

traduzida em números, uma compilação de dados relativos à estrutura, recursos financeiros,

recursos humanos, litigiosidade, justiça digital, produtividade de juízes, servidores e tribunais

brasileiros. Porém, em âmbito nacional a medição e outros métodos alternativos de gestão de

conflitos, se torna um dos reflexos da incidência misturado de obstáculos que atinge o nosso

sistema de justiça (GORRETI, 2016, p. 9).

O Projeto de Lei nº 4.827/98, em seus arts. 3º e 4º, dispõe, in verbis:

Art. 3º - A mediação é judicial ou extrajudicial, podendo versar sobre todo o

conflito ou parte dele.

Art. 4º - Em qualquer tempo ou grau de jurisdição, pode o juiz buscar convencer

as partes da conveniência de se submeterem a mediação extrajudicial, ou, com a concordância

delas, designar mediador, suspendendo o processo pelo prazo de até 3 (três) meses,

prorrogável por igual período.

Parágrafo único. O mediador judicial está sujeito a compromisso, mas pode escusar-

se ou ser recusado por qualquer das partes, em cinco dias da designação. Aplicam-se lhe, no

que caibam, as normas que regulam a responsabilidade e a remuneração dos peritos.

Art. 5º - Omissis.

Art. 6º - Antes de instaurar o processo, o interessado pode requerer ao juiz que, sem

antecipar-lhe os termos dos conflitos e de sua pretensão eventual, mande intimar a parte

contrária para comparecer à audiência de tentativa de conciliação ou mediação. A distribuição

do requerimento não previne o juízo, mas interrompe a prescrição e impede a decadência.

Nada impede que os conflitos submetidos aos equivalentes jurisdicionais ou os

conflitos por eles resolvidos possam ser apreciados, posteriormente, também pelo Estado, mas

em geral não há tal necessidade.

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Diversas novas formas de resolver conflitos por vias alternativas vêm reforçando

a ideia de equivalência entre o Estado (jurisdição) e estes métodos (equivalentes

jurisdicionais). O interessante em relação ao assunto é a busca pela pacificação de pessoas e

grupos, no sentido de resolver conflitos (DINAMARCO, 2002).

Atualmente essas espécies de mecanismos de resolução que eram consideradas

extraprocessuais e, portanto, tipicamente equivalentes da jurisdição, foram inseridas no texto

legal, de forma a serem utilizadas durante um processo judicial, como a conciliação, por

exemplo.

1.6 ASPECTOS JURÍDICOS: RESOLUÇÃO N° 125 DO CNJ

1.6.1 Panorama Geral

Primeiramente é importante ressaltar que no Brasil a mediação começou a se

desenvolver a partir do ano de 1990 com a notícia das primeiras experiências canadenses,

francesas e norte americano, encorajando a sua implantação em nosso ambiente jurídico

(Barbosa, 2015, p. 187).

Com essa implantação em nosso sistema jurídico, houve certa estagnação da

efetividade da mediação em nosso sistema, devido à decorrência da ausência de políticas

públicas adequadas para divulgação deste meio de acesso à justiça. Devido á este movimento,

muitos atribuíram esta lentidão à necessidade de uma legislação especifica que a definisse.

As políticas públicas obtêm um potencial pragmático, pois se destinam com a

implementação de ações capazes de realizar a efetividade da inclusão social, melhorando os

mecanismos de formação de cidadania, correspondendo à cultura de um povo e a recursos

aptos para tais mudanças de uma sociedade. (BARBOSA, 2016, p. 188).

O marco legal da mediação em 29 de novembro de 2010, contemplada pela

política pública instituída pela Resolução n° 125 do CNJ, sendo assim anunciada em seu

primeiro capítulo:

“[...] Aos órgãos judiciários incumbe, além da solução adjudicada mediante

sentença, oferecer outros mecanismo de soluções de controvérsias, em especial os

chamados meios consensuais, como a mediação e a conciliação, bem assim

prestarem atendimento e orientação ao cidadão [...].”

Segundo Barbosa (2015, p. 188), esse parágrafo transcrito acima deve ser

interpretado de forma de três comandos: reconhecer, ressignificar e respeitar. Observa se

primeiramente que a norma reconhece que essa atividade de tribunal do Estado é equivalente

jurisdicional, em paralelo com a mediação e a conciliação.

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No entanto, já o segundo comando é ressignificar, que corresponde ao

reconhecimento do lugar da mediação, dá se um novo significado da mediação na atividade de

distribuição de justiça.

Já para o terceiro comando eleva a mediação a uma oitava superior na escala da

conquista de reconhecimento de seu conceito, assim fazendo valer o equivalente jurisdicional

ao lado dos outros meios de acesso a justiça, instituindo entre as partes a isonomia plena

(BARBOSA, 2016, p. 188).

Vale ressaltar que a resolução n° 125 tem a função de usar os três comandos, no

entanto é importante ressaltar a recomendação de que toda a atividade de implementação

desta política pública faça a distinção entre a mediação e a conciliação, diferenciando também

os institutos diferentes. (BARBOSA, 2015, p.188).

Para Tartuce (2016, p. 255), atualmente a situação da mediação no Brasil revela

dupla face em termos de normatização, pois a mediação vinha sendo realizada assim:

Por programas de acesso à justiça desenvolvida por tribunais (que promoviam

a mediação judicial);

Por entidades não governamentais (promoviam a mediação comunitária);

Por câmaras de mediação e arbitragem (prestadoras de serviços privados de

mediação);

Por mediadores privados independentes (profissionais prestadores de serviços

nas áreas familiar, cível e empresarial).

Vale ressaltar que até 2015, os mediadores judiciais tinham regras especificas para

atuarem (definidas pela Resolução n° 125/2010 do CNJ), embora não havia norma oficial que

regulasse tal atuação dos medidores privados.

No entanto o Brasil sofreu inegável influência do movimento norte americano,

com técnicas inerentes à mediação comercial e ao sistema de disputas (TARTUCE, 2016, p.

255).

Essa perspectiva é direcionada ao Estado sobre normas (legais ou infralegais),

para permitir ou até mesmo obrigar órgãos do Estado á disponibilizar mediação á população,

logo se pensa no Poder Judiciário, a seara tradicional dos conflitos, mas havendo interesse

também de diversas entidades interessadas como Procons (Programa de Proteção e Defesa do

Consumidor), Defensoria Pública e Ministério Público (TARTUCE, 2016, p. 257).

Vezzulla (2013 p.63-93) propõe um quadro comparativo entre heterocomposição

e mediação. Assim, a primeira teria procedimento formal; o tratamento seria indireto; é

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centrada em causas; o meio é a leitura; vale-se da burocracia e imposição; tem como

protagonistas juiz e advogado; parte da lei; foca o passado; o objetivo é decidir quem tem

razão; o método é impositivo; o paradigma é patriarcal, ordem, exclusão e poder; conclui-se

com uma sentença; baseia-se na ideologia do juiz ou tribunal; a justiça é cumprir lei e

assegurar o prêmio ou castigo; resulta em dependência; e o limite é habilidade do advogado e

a interpretação ideológica judicial.

Para Tartuce (2016, p. 56), a heterocomposição é um meio de solução de conflitos

em que um terceiro imparcial, com caráter define a resposta.

Essa forma de solução de controvérsias foi marcada pela redução paulatina e pelo

fato de via consensual.

De modo que a heterocomposição pode ser vista por duas vias: a arbitral, onde o

terceiro, de confiança das partes (por elas escolhido para decidirem), e a jurisdicional

(somente uma das partes acessa o Poder Judiciário), para obter uma decisão proferida através

de uma autoridade com poder coercitivo (TARTUCE, 2016, p 56).

Conforme Brito descreve (2013), a abordagem do conflito consagrada na

Resolução, se conduzida com técnica apropriada, tende a ser um importante meio de

conhecimento, amadurecimento e aproximação de seres humanos. Além disso, quando

adequadamente impulsionada pelo Judiciário, vai estimular relevante alteração no seu papel e

nos níveis de satisfação da população, pois, segundo o autor, já constatado que o ordenamento

jurídico processual se organiza em processos destrutivos, lastreados no direito positivo.

A Resolução expressa como objetivo dar efetividade ao direito constitucional de

acesso à justiça, com ensejo de alcançar a ordem jurídica correta, portanto, uma perspectiva

formal e material, atribuindo assim ao Judiciário a política pública permanente, visando

adequar os conflitos de interesses e organizando nacionalmente um mecanismo de soluções

alternativas de controvérsias.

A Resolução foi objeto de atualização em 31 de janeiro de 2013. Assim, na

vigente configuração, a política judiciária objetiva expressamente assegurar a todos o direito à

solução das controvérsias por meios adequados à respectiva natureza e peculiaridade, devendo

os órgãos judiciais, no prazo de 12 (doze) meses, ofertar instrumentos de composição, em

especial os chamados meios consensuais como a mediação e a conciliação, bem como

atendimento e orientação ao cidadão (BRITO, 2013).

Segundo GORETTI (2016 p 281), conforme art.41 da Lei de Mediação houve

uma divulgação do instituto da mediação de transparência ás suas práticas, onde estabelece

que o Ministério da Justiça, por meio da Escola Nacional de Mediação e Conciliação poderá

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criar banco de dados sobre boas práticas de mediação, além de manter a relação de

mediadores e instituições de mediação, conforme a resolução nº125 do CNJ, seção IV(art.13 e

14).

Com isso incluem se outras formas consensuais de resoluções de conflitos, como

mediações comunitárias, escolares perante serventias extrajudiciais, desde que obedeça no

âmbito de suas competências, lembrando que não se aplica em conflitos do âmbito do

trabalho, pois já tem a sua própria legislação conforme art.42 da lei de mediação e do art.18-B

da resolução nº 125/2010 do CNJ (GORETTI, 2016, p 218).

1.6.2 Mediadores e Conciliadores

A Resolução nº125/2010 do CNJ, em seu art.8º estabelece a obrigatoriedade de

criação, pelos tribunais, de Cejuscs responsáveis pela prática de sessões e audiências de

mediação e conciliação, a cargo de seus conciliadores e mediadores, entretanto, pela prestação

de atendimento e orientação ao cidadão (GORETTI, 2016, p. 233,234).

Há uma disciplina uniforme entre Mediação e conciliação, conforme a Resolução

nº 125/2010 o Código de Ética que fixa os princípios e regras que impõe ao mediador e

conciliador dentro dos termos de compromisso e submissão, sobre as orientações do Juíz

Coordenador.

Segundo Watanabe (2003 p 58), há uma distinção entre ambos: na mediação, o

terceiro neutro instiga a criar condições necessárias para as partes encontrarem a solução, no

sentido de intervir na proposta de solução; já na conciliação, o terceiro interfere e tenta

tranquilizar as partes, tentando trazer solução ao conflito.

Importante resaltar que o papel do mediador deve ser alguém que estabeleça a

comunicação entre as partes, ser paciente, sensível, despido de preconceitos, hábil para

formular perguntas aos envolvidos no conflito (TARTUCE, 2016, p. 275).

Por isso a interdisciplinaridade torna se diretriz basilar na mediação,

especialmente ao conflito familiar, o mediador tem que ter um preparo científico com essa

característica, por envolver elementos que comprometem as respectivas pessoais (TARTUCE,

2016, p. 276).

O Código, em sintonia com a teoria da mediação, estabelece os seguintes

princípios e diretrizes que devem formar a consciência dos terceiros facilitadores e

representam imperativos de conduta.

Na Tabela 01 são apresentados os comparativos dos princípios da mediação,

segundo a Resolução nº125/2010 do CNJ,o CPC e o Marco Legal da Mediação (GORETTI,

2016, p. 257).

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Tabela 01: Comparativo dos princípios informadores.

RESOLUÇÃO Nº 25/2010 DO

CNJ CPC/2015 LEI DE MEDIAÇÃO

Confidencialidade Confidencialidade -

Decisão informada Decisão informada -

Competência - -

Imparcialidade Imparcialidade Imparcialidade do mediador

Independência Independência -

Autonomia Autonomia da vontade Autonomia da vontade das partes

Respeito à ordem pública e as leis - -

Empoderamento - -

Validação - -

- Oralidade Oralidade

- Informalidade -

- -

Voluntariedade dos mediados

quanto à escolha ou aceitação do

mediador

- - Isonomia das partes

- - Boa fé

Fonte: GORETTI, 2016.

Conforme observa se na Tabela 01, elaborado por Goretti (2016 p 257), os

princípios informadores da mediação no seu art.166 do CPC/2015 diferem parcialmente o rol

de princípios do art.1º do código de Ética de conciliadores judicial anexo a Resolução

nº125/2010 do CNJ, que por fim também pode observado em relação à Lei de Mediação.

Portanto as regras regem o processo de conciliação e mediação, que visa um único

objetivo, de modo a engajar os envolvidos, alcançar a pacificação e obter o comprometimento

cujo acordo entabulado.

a) Informação - dever de esclarecimento sobre o método de trabalho empregado,

apresentando-o de forma completa, clara e precisa, e sobre os princípios deontológicos, as

regras de conduta e as etapas do processo.

b) Autonomia da vontade – respeito aos diferentes pontos de vista de forma a

assegurar uma decisão voluntária e não coercitiva aos envolvidos, que detêm liberdade para

tomar as próprias decisões.

c) Ausência de obrigação de resultado - dever de não impor um acordo e de não

tomar decisões pelos envolvidos, podendo, no máximo, criar opções no caso da conciliação.

d) Desvinculação da profissão de origem - dever de esclarecer aos envolvidos que

atuam desvinculados de sua profissão de origem, informando a possibilidade de convocação

de um profissional, caso haja necessidade de orientação ou aconselhamento, com a

concordância de todos.

e) Compreensão quanto ao método de composição - assegurar que os envolvidos,

ao chegarem a um acordo, compreendam perfeitamente as cláusulas.

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Como visto, a defesa do esgotamento do monopólio jurisdicional na função de

pacificação da sociedade aponta diversas razões para tanto: sobrecarga dos tribunais, custos

elevados com as demandas, excessivo de formalismo, volume de ações ajuizadas, crescimento

populacional, multiplicação de litígios, morosidade, falta de meios orçamentários, excesso de

recursos, número inadequado de juízes e servidores, legislação ultrapassada e demandas

inúteis ou desnecessárias.

Assim, a conciliação, a arbitragem e a mediação, como meios alternativos de

solução de litígios, serem apresentados pela doutrina numa perspectiva de sistema

pluriprocessual e com múltiplas portas, que confere amplitude ao princípio constitucional de

acesso à justiça de modo.

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2. DIREITO DE FAMÍLIA

2.1 A EVOLUÇÃO DO DIREITO DE FAMÍLIA E SEUS REFLEXOS

Inicialmente, convém ressaltar que o Direito de Família pode ser considerado o

mais humano do meio jurídico, pois trabalha com valores personalíssimos e busca dar

segurança e proteção à pessoa desde o nascimento, todavia assegurando o respeito à sua

dignidade (TARTUCE, 2016, p. 330).

Segundo Pereira (2004, p.170) a família é considerada a mais importante das

instituições civilistas, sendo tutelada pelo Direito de Família, e é através dela que surgem as

primeiras formações e impressões do indivíduo. Porém, importante resaltar que nem sempre

esse instituto foi observado na perspectiva do afeto, e veio sofrendo, ao longo da história,

alterações estruturais, partindo do momento em que compreendia as pessoas agrupadas em

torno de um chefe comum.

O Código de 1916 afirma que a família matrimonizada era vista sob um enfoque

discriminatório, devido essa afirmação “a dissolução do casamento era vetada, havia distinção

entre seus membros, a discriminação às pessoas unidas sem os laços matrimoniais e aos filhos

nascidos destas uniões, era positivada” (DIAS, 2011, p.28).

A Família do século XX, cujo modelo era patriarcal, hierarquizado com influência

a Revolução Francesa, afirma se que naquela ambientação familiar, imperava uma frase

necessariamente matrimonizada “até que a morte nos separe”, com isso os membros da

família acreditava que existia um sacrifício a ser aferido, ou seja,em nome da manutenção do

vínculo do casamento (CHAVES DE FARIAS, 2011, p.4).

Para Tartuce (2016, p.330), o individuo deve estar pronto para definir os rumos de

seu destino, tendo ciência de identificar o melhor para si, contudo sem a intervenção de um

terceiro que por sua vez não conhece detalhes de sua relação controvertida, importante

ressaltar que nas relações familiares o afeto revela se como ponto nuclear.

Tendo em vista as significativas mudanças verificadas no tecido social, as

relações passam a conceber índole afetiva, onde nasce uma constante tensão entre configurar

a família como relação de poder e por ora como de afeto, com isso os civilistas abordam os

valores subjetivos relevantes ao afeto e proteção. (TARTUCE, 2016, p.330).

Atualmente o modelo de família é baseado nos pilares da repersonalização, da

afetividade, da pluralidade familiar e do eudemonismo, ou seja, tem por base a felicidade e o

afeto. O indivíduo é visto como sujeito imprescindível para a relação familiar, e não os bens

que possui. Assim, Guazzelli descreve: a família – instituição foi substituída pela família-

instrumento, ou seja, ela existe e contribui tanto para o desenvolvimento da personalidade de

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seus integrantes como para o crescimento e formação da própria sociedade, justificando, com

isso, a sua proteção pelo Estado (2004, p. 331).

Por hora existe essa visão plural do instituto família, de modo que venha abarcar

os mais diversos tipos familiares, desde que haja um elo de afetividade, independente do

modo de formação da mesma. Nessa perspectiva, as categorias legais atuais vislumbram o

afeto, a interação entre os indivíduos que fazem parte de uma família, trazendo conceitos

ampliados de família, como é o caso, por exemplo, da Lei Maria da Penha e da Nova Lei da

Adoção.

Com base nessa nova visão da família, Lôbo (2008, p.36) afirma que: a família

atual está formada em paradigma que conceitua sua função atual: a afetividade. Assim,

enquanto houver affectio haverá família, unida por laços de liberdade e responsabilidade, e

desde que consolidada na simetria, na colaboração, na comunhão de vida.

Segundo Barros Monteiro, civilista contemporâneo, relata de seu curso de direito

civil, já em 1962, diz a respeito da família: “realmente, no seio desta originam-se e

desenvolvem-se os hábitos, as inclinações e os sentimentos que decidirão, um dia, da sorte do

indivíduo”.

Segundo Verônica e Cezar (2011, p.59), afirma que a família, como instituição,

tem sofrido sérias modificações e assim dotado diferentes formas de organização social e

jurídica, em nosso ordenamento jurídico há duas formas de estabelecimento de família, são

eles o casamento e a união estável.

Na constituição Federal de 1988, relata sobre o casamento e a entidade familiar, o

que demonstra um avanço, e que tem algo inovador da conversão da união estável em

casamento, o que indica uma conservadora preferência por esse instituto, de qualquer modo,

existe o fato de se manter o interesse das pessoas pelo casamento, como também do fato de se

estabelecerem novas formas de organização familiar, com isso afirma-se que a família não

perdeu seu valor e peso para a sociedade (VERÔNICA, 2011, p.59,60).

2.2 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DE PROTEÇÃO FAMILIAR

A Jurista Venosa (2005, p.26), descreve que direito de família é integrado pelo

conjunto de normas que regulam as relações jurídicas familiares, tem como pilar os princípios

constitucionais e numerosas leis complementares que eliminam outros fenômenos e fatos

jurídicos.

Os princípios do Direito das Famílias são fundamentais para melhor compreensão

da transformação social porque vem passando as relações familiares, bem como porque eles

abrem caminho para que sejam aplicados referidos Princípios no cotidiano.

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Através do preâmbulo que os princípios constitucionais são o fundamento

material das normas de direito fundamental, necessário analisarem a valia dos mesmos para a

tutela do direito de família.

Para Dias (2005, p.44), Não tem como quantificar ou tentar nominar todos os

princípios que norteiam o direito das famílias. Com isso vários autores trazem quantidade

diferenciada de princípios, não conseguindo encontrar um número mínimo em que haja

consenso.

2.2.1 Princípio Da Dignidade Humana

Primeiramente, mencionaremos sobre o Princípio da dignidade da pessoa humana,

que esta no artigo previsto3º, inciso III, da Constituição Federal de 1988, onde prescreve que

o nosso Estado Democrático de Direito tem como fundamento a dignidade da pessoa humana.

Segundo Alexandre de Moraes (2004, p. 52): a dignidade da pessoa humana:

concede unidade aos direitos e garantias fundamentais, sendo inerente a personalidades

humanas. Esse fundamento afasta a ideia de predomínio das concepções transpessoalistas de

Estado e Nação, em detrimento da liberdade individual. A dignidade é um valor espiritual e

moral inerente à pessoa, que se manifesta singularmente na autodeterminação consciente e

responsável da própria vida e que traz consigo a pretensão ao respeito por parte das demais

pessoas, constituindo-se um mínimo invulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar,

de modo que, somente excepcionalmente.

Barbosa (2015, p.136), descreve que houve uma necessidade de elaboração

jurídica, que nasceu no século XX, decorrente de duas decorrências. O Nazismo foi o

primeiro evento, motivando a necessidade de construção do conceito universal de crime

contra a humanidade, ou seja, colaborando para a qualidade jurídica; No entanto a segunda

ocorrência, no final do século, dá um avanço da Ciência a propósito da bioética, colaborando

assim para elaboração de leis capazes de proteger a humanidade do ser humano.

Anuncia Bernard Edelman, que há uma mudança recente de paradigma para os

direitos, por sua vez centrado sobre a dignidade e não mais sobre a propriedade, no entanto, é

necessário distinguir que a dignidade exige liberdade, porém a liberdade não é toda a

dignidade (BARBOSA, 2015, p.137).

O preâmbulo relata em seu artigo 5º da nossa Carta Magna nos asseguram o

tratamento e a proteção igualitária a todos os cidadãos, afirmando ainda no inciso I do

mencionado artigo que “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações”. Acrescente-

se, assim, o princípio da igualdade entre cônjuges e companheiros, embasada no parágrafo 5º

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do artigo 226 da Carta Maior, e no artigo 1.511 do Código Civil, que assim dispõem. Art.

226, CF - A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.

O Civilista Washington de Barros Monteiro resalta algumas considerações sobre

esse conceito de família Monogâmica.

Em todos os países em que domina a civilização cristã, a família tem base

estritamente monogâmica, que, no dizer de Clóvis, é o modo de união conjugal mais puro,

mais conforme os fins culturais da sociedade e mais apropriados à conservação individual,

tanto para os cônjuges como para a prole. A monogamia constitui a forma natural de

aproximação sexual da raça humana. (MONTEIRO, 2001, v.2, p.54)

Em outro entendimento, da visão social, a monogamia está edificada na ideia da

importância da família. Por isso afirma-se que o Direito de Família é a tentativa de organizar

as relações de afeto e das consequências sobre os bens deles decorrentes. Seguindo uma forte

influência cristã, um dos pilares da sociedade ocidental é o princípio da monogamia. Boa

parte das discussões jurídicas sobre a vida em casal gira em torno da fidelidade, que funciona

também como um ponto prioritário das ligações éticas e morais. Falar em monogamia,

portanto, significa ressaltar os valores mais importantes de uma vida conjugal: amor,

honestidade, promessa, confiança, respeito e culpa.

Segundo Tartuce (2016, p.330) o direito de família pode ser considerado o mais

humano dos ramos jurídicos, pois trabalha com valores personalíssimos e busca dar segurança

e proteção à pessoa desde o seu nascimento, assegurando o respeito à sua dignidade, princípio

primordial no direito de família.

Nas atuais relações familiares a partir de significativas mudanças verificadas no

tecido social, passaram se a conceber tais relações em sua índole afetiva, pois inicialmente

eram focadas na relação de poder e ora agora é de afeto e proteção. (TARTUCE, 2016,

p.330).

Com esse novo apontamento, a presença de tantos elementos sentimentais, exige-

se dos operadores do direito envolvidos no tratamento de controvérsia familiar, uma formação

diferenciada para lidar eficazmente com as perdas e as frustrações das pessoas relacionadas

nos projetos sociais. (TARTUCE, 2016, p.331).

Para Verônica e Cezar, as ciências sociais e humanas, de um todo, enfatizam a

importância da família como meio de desenvolvimento do ser humano. A família funciona

como uma pré-escola desse exercício, pois é o lugar onde são dadas as primeiras informações,

estabelecidas as primeiras regras e os primeiros limites (MOTTA, FERREIRA, 2011, p. 58 e

59).

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Em 1988, a Constituição da República do Brasil realizou grande avanço e

contribuição à sociedade e ao ramo do Direito de Família, ao definir em seu artigo 226 as

seguintes palavras: Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.

1. O casamento é civil e gratuita a celebração.

2. O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.

3. Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem

e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.

4. Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por

qualquer dos pais e seus descendentes.

5. Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente

pelo homem e pela mulher.

6. O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio.

7. Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e

da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao

Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada

qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.

8. O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a

integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.

Vale ressaltar que a Carta Magna de 1988 dispõe sobre casamento e a entidade

familiar, o que é um avanço, e com certeza estimula a conversão da união estável em

casamento. (MOTTA, FERREIRA, 2011, p.59).

De qualquer modo, o fato de manter o interesse das pessoas pelo casamento, como

o fato de se estabelecerem novas formas de organização familiar, e assim confirmar que a

família, enquanto instituição sociafetiva, não perdeu seu peso para a sociedade. (MOTTA,

FERREIRA, 2011, p.61).

O Brasil há anos vem sofrendo com impacto das transformações social

internacional comparado a suas diversas influências cultural, conforme comenta Souza

(1994): “os ideais igualitários que se fizeram sentir em todo o mundo nos últimos trinta anos

foram então novamente absorvidos de forma particular, pela família brasileira” (MOTTA,

FERREIRA, 2011, p.60).

Com a promulgação em 05 de outubro de 1988, a Constituição Brasileira

consagrou algumas transformações sociais, de forma especial equiparou homem e mulher

(art.226,§5º), e ampliou o conceito de família (art.226,§4º). Com essas mudanças no direito de

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família, vieram também sérias preocupações no poder judiciário. (MOTTA, FERREIRA,

2011, p.60).

Segundo Verônica e Cezar, relata que surge também na área da psicologia, a

família vem sendo objeto de atenção sob diferente ponto de vista psicológico de cada

indivíduo, com essa visão tornou se objeto de estudo na medida do raciocínio continuo, dando

assim uma visão internacional circular das relações (2011, p.61).

Recentemente afirma se que a importância psicológica da família em

particularmente, pelo menos as alusões deixou de ser indiretas, tornando assim a entidade

familiar como eixo em que se considera o desenvolvimento à saúde e a doença psíquica de

seus membros.

Motta e Ferreira, afirmam que na década de cinquenta, conforme Lynn Hoffman

(1987), com um grupo de Palo Alto, liderado por Gregory Bateson, iniciou se uma mudança

significativa, que enfatizou a priorizar a família, frisando assim o estudo da saúde mental.

(2011, p.61).

Com isso considera- se essa mudança como terapia. Considerando o

comportamento que enfoca nas relações das pessoas e em grupos vivos.

2.2.2 Princípio da Afetividade

O princípio da afetividade é o qual fundamenta o direito de famílias, dando

estabilidade das relações sociafetivas e na comunhão de vida, dando prioridade no caráter

patrimonial ou biológico. O afeto é um laço que alcança e envolve todos os integrantes da

família, porém sendo também externo, entre as famílias, colocando humanidade em cada

família. (DIAS, 2016, p.54 e 55).

É necessário que o Estado priorize essa obrigação com seus cidadãos aqui regidos

no principio da afetividade, por isso a Constituição elenca o rol imenso de direitos individuais

e sociais, com objetivo de garantir a dignidade de todos.

Para Verônica Motta (2011, p.112) a maior dificuldade atualmente nas soluções

de conflitos das causas de família está relacionada aos conflitos emocionais, referente aos

litigantes, assim dando substrato à disputa.

A doutrinadora Maria Berenice Dias (Manual de Direito das Famílias, 2010, p.

68-69), trás um novo olhar sobre a sexualidade, valorizou os vínculos conjugais, sustentando-

se no amor e no afeto. Com a evolução no direito de famílias concede uma nova ordem

jurídica para a família, inserindo o valor jurídico ao afeto.

E ainda que a palavra afeto não seja expressa na Constituição, a afetividade

encontra se enlaçada no âmbito de sua plena proteção, pois o direito ao afeto este muito ligado

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ao direito fundamental da felicidade. E assim nascem uma necessidade do Estado criar

instrumentos, políticas públicas que contribuem para o desejo das pessoas. (DIAS, 2016,

p.55).

Um exemplo a ser citado seria a união estável que se tornou reconhecida como

entidade familiar, merecedora de tutela jurídica, afetividade nessa relação enlaça as pessoas,

adquirindo assim um reconhecimento e inserção no sistema jurídico.

Vale a pena ressaltar também que o princípio da afetividade faz despontar a

igualdade entre irmãos biológicos e adotivos.

Para Paulo Lobo as relações familiares no principio da afetividade são

fundamentos essenciais, pois o sentimento de solidariedade recíproca não pode ser perturbado

pela preponderância de interesses patrimoniais, com isso vale que resaltar alguns de seus

direitos:

1. A igualdade de todos os filhos independentemente de origem (CF 227 §6º);

2. A adoção, como escolha afetiva com igualdade de direitos (CF 227 §§ 5º E 6º);

3. A comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes, incluindo

assim os adotivos, com mesma dignidade de família (CF 226 §4º);

4. O direito à convivência familiar como prioridade integral da criança, do

adolescente e do jovem (CF 227).

Para Águida Barbosa (2015, p.57), a Constituição Federal de 1988 veio resgatar o

principio ético de moral universal, assegurando a mais ampla igualdade entre os filhos,

desviando definitivamente, uma injusta classificação que atribua hierarquia à filiação, tendo

como critério o regime jurídico.

Segundo Maria Berenice os laços de afeto e de solidariedade derivam da

convivência familiar e não de sangue, com isso a relação de afetividade e afinidade servem

como elementos para o direito a ser alcançado e assim ter a garantia da felicidade. (2016,

p.56).

Segundo Belmiro Welter existe alguns apontamentos de valoração de afeto em

nosso Código civil brasileiro – CC, tais como:

Ao estabelecer comunhão plena de vida no casamento (1.511, CC);

1. Quando admite outra origem à filiação além do parentesco natural e civil

(1.593 CC); 2 Na consagração da igualdade na filiação (1.596, CC); 3 Ao fixar a

irrevogabilidade da perfilhação (1.604, CC);4 Quando trata do casamento e de sua dissolução,

menciona antes das questões pessoais do que dos seus aspectos patrimoniais.

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A família transforma-se na proporção em que as relações de sentimentos entre os

membros, todavia valorizando se as funções afetivas da família. (DIAS, 2016, p.56).

Para João Baptista Villela, as relações de família, formais ou informais, indígenas

ou exóticas, ontem como atualmente, por mais complexas que se apresentem todas elas se

alimentam de substâncias triviais e ilimitadamente disponíveis a quem delas queira tomar

afeto, perdão, solidariedade, paciência, devotamento, enfim tudo aquilo que possa ser

devolvido à virtude do viver em comum. (DIAS, 2016, p.56).

2.3 FORMAÇÕES FAMILIARES NO DIREITO CIVIL CONTEMPORÂNEO

Historicamente a família sempre esteve ligada à ideia de instituição sacralizada e

indissolúvel. A ideologia patriarcal reconhecia somente a família matrimonializada,

hierarquizada, patrimonializada e heterossexual, atendendo assim a moral conservadora de

outra época.

Houve o afastamento do Estado em relação à igreja, portanto revolucionou os

costumes e especialmente os princípios que regem o direito das famílias, causando profundas

mudanças no próprio conceito de família. (Dias, 2016, p.59).

Segundo Maria Berenice, com toda essa revolução o direito de família ainda

assim é um campo do direito mais protegido e influenciado por ideias morais e religiosas.

(2016, p.59).

Tais transformações se deram porque a ideologia da família patriarcal converteu-

se na ideologia do Estado, levando-o a invadir a liberdade individual, para um único objetivo

o de impor condições que constrangem as relações de afeto. Portanto o Estado escolhe um

modelo de família e o consagra como única forma aceitável de convívio. (Dias, 2016, p.60)

Segundo Rodrigo da Cunha Pereira, em nome da moral e dos bons costumes a

história do direito das famílias é uma história de exclusões, em nome dessa moral, muitas

injustiças foram realizadas, os exemplos são diversos em que a legislação anteriormente regia,

tais como: (Dias, 2016, p.60).

1. Rejeição dos filhos, a negativa de reconhecer os filhos;

2. A escolha do regime de bens para pessoas que tiver idade a partir dos 70 anos;

Entretanto no conceito de entidade familiar houve uma mudança principalmente

nas relações afetivas, pois havia uma enorme dificuldade de visualizar como família as uniões

que se afastam do modelo convencional.

Para a doutrinadora Maria Berenice há uma dificuldade de extrair consequências

jurídicas a determinados relacionamentos, pois houve uma sensível mudança quando foi

inserido o afeto como traço identificador dos vínculos familiares. (2016, p.61).

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Na visão de Àguida Barbosa (2015, p.78) compreende–se que quando menciona

afeto nas relações de direito de família, precisa ampliar o conceito para entendê-lo no plano

da emoção em diversos e diferentes graus de complexidade, como amizade, amor, ira, paixão

etc.

Tendo o amor e as relações afetivas como objeto principal do direito de família,

pode se afirmar que as relações patrimoniais oriundas dessas relações devem ser

fundamentadas, obrigatoriamente no afeto, ou seja, garantir a responsabilidades nas

potencialidades humanas (BARBOSA, 2015, p.78).

O juiz é o responsável em nortear todas as decisões que envolvam vínculos

afetivos que tenham origem em atitudes reprováveis, ou seja, em se tratando em sede de

direito de família não pode deixar de aplicar o principio ético, para não deixar de substituir

esse principio pelos ultrapassos moralismo (2016, p. 61).

Maria Berenice (2016, p. 61) afirma por esse motivo se dá a importância da

jurisprudência, que sensível às necessidades práticas postas pela comunidade, os princípios

latentes no ordenamento vai revelando e conferindo lhes o necessário brilho, até que eles

adquiram uma postura mais precisa.

Rodrigo da Cunha Pereira afirma um cenário contemporâneo nos tempos de hoje,

que “são os restos de amor que batem as portas do judiciário”. Para isso alerta que os

profissionais como magistrados, promotores, advogados e defensores públicos sejam mais

sensíveis e tenham formação diferenciada, todavia quem não acompanha a evolução social,

jurídica e cientifica se conduz em desarmonia com as necessidades das partes envolvidas

(DIAS, 2016, p. 66).

2.3.1 Família Matrimonial

Primeira família a ser constituída, sob a justificativa de manter a ordem social.

Tanto o Estado como a igreja sempre intrometeram na vida das pessoas, entretanto na

tentativa de limitar o livre exercício da sexualidade e garantir a perpetuação da espécie,

impondo padrões de moralidade.

Naquele tempo a igreja consagrou a união entre homem e uma mulher como

sacramento indissolúvel, eram somente dessa forma, unicamente que as relações afetivas eram

aceitas decorrentes do casamento entre ambos, com objetivo de procriação. (Dias, 2016,

p.139).

A percepção de família para muitos deriva da lógica judaíca-cristã, que atribui o

núcleo familiar a uma junção de homem, mulher e filhos, sobre isso Fiúza (2008, p.43). A

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escrita religiosa mais difundida na história, a Bíblia, diz em sua literalidade que “no princípio

da criação Deus os fez homem e mulher”.

Segundo Maria Berenice, o legislador reconheceu a juridicidade apenas à união

matrimonial, pois o Estado teve uma grande influência e no inicio do século passado.

A lei reproduziu o perfil de família como: matrimonializada, patriarcal,

hierarquizada, patrimonializada e heterossexual, somente eram reconhecidas a família

constituída pela chancela estatal. O Homem tinha o papel de líder, do casal e tinha a função de

exercer a chefia da sociedade conjugal. (DIAS, 2016, p.139).

A Família matrimonial tinha a finalidade de conservação do patrimônio, gerar

filhos como força de trabalho, pois a mulher e os filhos deviam lhe obediência.

Vale ressaltar que nesse período, somente a família decorrente do vínculo

matrimonial formal – casamento - era considerada legítima, as demais uniões eram

consideradas ilegítimas e imorais, ficando totalmente desprovidas de proteção jurídica e de

reconhecimento social.

Portanto, o conceito de família era o da “instituição-fim em si mesmo”, ou seja,

afirmando se que o indivíduo que deveria servir à família.

Com força da Lei nº 6.515/77 concedeu a possibilidade de um novo casamento,

mas somente por uma vez, sendo que essa determinação foi abolida pela Lei nº 7.841/89,

possibilitando os divórcios sucessivos.

Para Maria Berenice por esse motivo o Estado sempre resistiu em admitir vínculos

de convivência formados sem o selo da oficialidade, pois houve repúdio da legislação em

reconhecer outras uniões, e com a chegada da Lei do divórcio em 1977, consagrou a

dissolução do vínculo matrimonial, mudando o regime legal de bens para comunhão parcial e

tornando assim facultativa adoção do nome do marido. (2016, p.140).

Embora houvesse essas mudanças, até 1988 o casamento era a única forma

admissível de formação de família, com a entrada em vigor da Constituição Federal que se

reconheceu outras entidades familiares.

2.3.2 Família Informal

Para Giselda Hironaka, são conceituadas Famílias conhecidas através de suas

estruturas familiares, que embora rejeitada pela lei, acabaram sendo aceitas pela sociedade e

sendo reconhecida pela Constituição como entidade familiar, chamando assim como União

Estável.

A legislação infraconstitucional que validou essa nova espécie de família, que se

considera cópia do modelo oficial do casamento. A lei cedeu juridicidade à família constituída

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pelo casamento, proibindo quaisquer direitos às relações nominadas de adulterinas ou

concubinárias, pois somente a família legítima existia juridicamente (DIAS, 2016, p.140).

Embora houvesse combate entre o Estado e principalmente pela igreja, esta forma

de relação se apresentava de maneira mais acentuada e com mais liberdade, mesmo havendo

uma supremacia da força cultural e dos costumes local sobre o clero. A igreja exercia o seu

papel em contrapartida, mas não poderia formalmente combater, pois a desordem social

reinava, pois o Estado era ausente e omisso.

Houve transformações também sobre a filiação, assim ela estava condicionada ao

estado civil dos pais, tendo o reconhecimento somente à prole nascida dentro do casamento,

afirmando que os filhos havidos em relações extramatrimoniais com caráter discriminatório e

pejorativo, afirma Maria Berenice (2016, p.140).

Com isso as relações extramatrimoniais não eram regulamentadas pelo legislador,

com veemência negava as consequências jurídicas a vínculos afetivos fora do casamento,

eliminando qualquer direito da concubina.

Vale resaltar que com o rompimento dessas uniões, os juízes viram se a

necessidade de criar alternativas para evitar flagrantes injustiças, porém com o

reconhecimento dos direitos das concubinas a rejeição dessa ideia de ver essas uniões como

família que a jurisprudência foi utilizada.

Com a regulamentação da união estável, as formações de novas famílias

escolheram seus próprios caminhos e não desejavam qualquer interferência, cabendo assim a

legitimidade de sua judicialização (DIAS, 2016, p.141).

2.3.3 Famílias Paralelas ou Simultâneas

Conceitua se núcleos conjugais concomitantes à simultaneidade familiares, os

quais apresentam um membro em comum. Para validade desse arranjo familiar e por

consequência a atribuição da eficácia jurídica adequada é necessária à verificação da boa-fé

objetiva.

Segundo Carlos Eduardo Pianovski, uma família seja constituída paralelamente a

outra, tendo como elemento comum um componente que mantém relações de conjugalidade

em ambos os núcleos, incidem sobre a hipótese deveres éticos de respeito e proteção à esfera

moral e patrimonial dos componentes da outra entidade familiar. “Entre esses deveres, pode

estar o de tornar ostensiva a nova relação em face do núcleo original, de modo a não permitir

que os componentes daquela primeira entidade familiar incorram em engano (RUZYK apud

PEREIRA, 2006, p. 212)”.

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Para Maria Berenice, a origem judaico-cristã da sociedade ocidental repudiou esta

realidade que sempre existiu, segundo a autora a fidelidade no casamento e a lealdade na

união estável não prevê determinação legal. (Dias, 2016, p.142).

As propostas de atribuições de efeitos de direito de família às uniões paralelas ou

simultâneas, foram todas rejeitadas, ou seja, às uniões que uma pessoa casada ou que viva em

união estável mantém no mesmo tempo com outra pessoa.

Importante resaltar que o Código Civil atribui requisitos para o reconhecimento da

união estável, gerando deveres e criando direitos também, tais como: alimentos, estabelece o

regime de bens e garante aos sobreviventes direitos sucessórios. (Dias, 2016, p.141).

Importante resaltar conforme Maria Berenice afirma que não há como deixar de

reconhecer a existência da união estável sempre que o relacionamento for público, continuo

duradouro e com finalidade de constituir família, o fato de o homem ter família não quer dizer

que ele não deseja constituir outra. (2016, p.143).

Deste modo a união estável tem seu conceito previsto no artigo 1.723 do Código

Civil Brasileiro, em que define que é reconhecida como entidade familiar a união estável entre

homem e mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida

com o objetivo de constituição de família. A respeito desses requisitos, comenta o professor

Flávio Tartuce “os requisitos, nesse contexto, são que a união seja pública (no sentido de

notoriedade, não podendo ser oculta, clandestina) contínua (sem que haja interrupções, sem o

famoso “dar um tempo” que é tão comum no namoro) e duradoura, além do objetivo de os

companheiros ou conviventes de estabelecerem uma verdadeira família (animus familiae). A

lei não exige que os companheiros residam sob o mesmo teto, uma vez que continua em vigor

a Súmula 382 do STF (SIMÃO; TARTUCE, 2010, p.273)”.

Maria Berenice (2016, p. 241) narra que o jurista Paulo Lôbo descreve que

existem características formadoras da família que são importantes para o conceito de união

estável, são elas: ostencidade, estabilidade e afetividade.

A título exemplificativo, visualizando o que foi exposto há casos em que os filhos

se conhecem e as mulheres sabem da existência da outra, que por fim satisfaz o arranjo a

todos. Para a esposa o marido a ostenta socialmente, já a companheira acaba não exigindo

nada e se conforma em não compartilhar com o companheiro todos os momentos, mas o

acolhe com afeto sempre que ele tem disponibilidade (DIAS, 2016, p.142).

É notório que existem vários problemas práticos decorrentes da diferenciação

entre união estável, concubinato e famílias paralelas, “em casos tais, a boa-fé objetiva é útil

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para resolver a problemática decorrente dessa entidade familiar bastante frequente na

realidade (SIMÃO; TARTUCE, 2010, p.287)”, qual seja, as famílias paralelas.

2.3.4 Famílias Poliafetiva

União poliafetiva são aquelas formadas por uma única entidade familiar, ou seja,

são todos os integrantes morando sobre o mesmo teto, para Maria Berenice é como ter um

verdadeiro casamento, com uma única diferença: o número de integrantes. (2016, p.143).

São muitos os termos usados para conceito dessa família, seja poliamor,

poliafetiva ou poli amorosa, no entanto todas as formas de amar que fogem do modelo

convencional da heteronormatividade e da singularidade, da religião e da repulsa social.

Maria Berenice Dias em sua obra, Manual de Direito das famílias diz: “a

afetividade é o princípio que fundamenta o direito de família na estabilidade das relações

socioafetivas e na comunhão de vida, com primazia em face de considerações de caráter

patrimonial ou biológico”. O afeto não é somente um laço que envolve os integrantes de uma

família. Mesmo que a apalavra afeto não esteja ligada no texto constitucional, a constituição

enlaçou o afeto no âmbito de sua proteção (Dias, p.55).

Para Guilherme Calmon Nogueira da Gama as relações familiares são

funcionalizadas em razão da dignidade de cada participe, pois passam a viver em uma

sociedade mais tolerante e com mais liberdade, pois buscam realizar o desejo de serem felizes

e permanecer em estruturas preestabelecidas e engessadoras. (Dias, 2016, p.144).

Por isso nossa Justiça brasileira, no papel do legislador expressa a exclusão de

direitos, permitindo que uma vã tentativa de condenar à invisibilidade desse modelo

monogâmico.

2.3.5 Famílias Monoparental

São formas de famílias que a constituição federal em seu artigo 226 §4.º elencou

como qualquer dos pais e seus descendentes. Da se através de qualquer de uns de seus

genitores com seus filhos, no âmbito da especial proteção do Estado, ou seja, resaltando a

presença de somente um dos pais na titularidade do vínculo familiar. (Dias, 2016, p.144).

Para Maria Berenice ela ressalta que existe essa afirmação de forma injustificável,

o legislador omitiu-se em regular esta estrutura de família, que acabou sendo eliminada ou

alijada do código civil, apesar de ser um terço das famílias brasileiras. (2016, p.144).

Devemos resaltar que quando um casal com filhos rompe o vínculo de convívio,

haja vista que a prole fique residindo com um dos pais, não se pode afirmar que eles ainda

constituem uma família monoparental, esses encargos do poder familiar são necessários a

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ambos os pais e através do regime legal de conveniência impõe a guarda compartilhada.

(Dias, 2016, p.144).

Nas palavras de Lobo a responsabilidade é de uns dos pais da criança,

principalmente na responsabilidade de criar o filho ou filhos. Isso acontece, por exemplo,

quando o pai não reconhece o filho e abandona a mãe,quando uns dos pais morrem ou quando

os pais dissolvem a família pela separação ou divórcio. Após a separação do casal, os filhos

ficam sobre os cuidados ou da mãe ou raramente do pai (2011, p. 88 e 89).

Importante ressaltar que na adoção de filho por apenas uma pessoa, os efeitos

jurídicos são os mesmos, notadamente quando ao poder familiar e ao estado de filiação.

E por força da Constituição Federal, art.227, parágrafo 6º, também é incluído

nessa categoria a mãe ou o pai que vive só com seu filho adotivo, merecem também proteção

do Estado como entidade familiar.

2.3.6 Família Homoafetiva

São famílias formadas por pessoas do mesmo sexo, para Maria Berenice houve

um preconceito em que a constituição emprestou de modo expresso, juridicidade somente às

uniões estáveis entre homem e mulher, a autora afirma que nenhuma espécie de vínculo que

tenha afeto pode-se deixar o status de família, merecedora da proteção do Estado, afirma a

constituição (1º. III), respeitando assim em norma pétrea, o respeito à dignidade da pessoa.

(Dias, 2016, p.141).

As questões das uniões formadas entre pessoas do mesmo sexo, mesmo sendo

amplamente discutido pela sociedade, ainda não encontrou espaço nas legislações brasileiras,

seja em sede constitucional ou infraconstitucional. Por causa desse conceito as inúmeras

decisões judiciais atribuindo consequências jurídicas a essas relações levou o supremo

tribunal federal a reconhecê-las como união estável com iguais direitos e deveres. (Dias,

2016, p, 142).

Portanto a partir dessas decisões como foi mencionada acima, a justiça passou a

admitir a conversão da união estável em casamento e de imediato o Supremo tribunal de

justiça admitiu tal habilitação para o casamento diretamente ao Registro civil. (Dias, 2016,

p.142).

Sabemos que novos contornos de família foram modificados em virtude das

urgentes demandas, principalmente nos valores, estruturas e composições, entretanto a família

homoafetiva é uma das protagonistas destas novas configurações familiares insurgidas na

sociedade, porém, é ainda cercada de estigmas.

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Para Maria Berenice negar a realidade não soluciona as questões que emergem

quando do rompimento dessas uniões. (Dias, 2016, p.142).

Por essa questão deve ser analisada sobre prismas livres de preconceitos para ser

efetivamente reconhecida como entidade familiar, uma vez que, como mencionado, a

transformação do conceito de família se fundamenta no pluralismo familiar.

Maria Berenice afirma que o Conselho Nacional de justiça proibiu que fosse

negado acesso ao casamento e reconhecida à união homoafetiva como união estável. (2016,

p.142).

2.3.7 Família Anaparental

Família Anaparental é aquela que embora as pessoas não sejam parentes e haja a

convivência no mesmo ambiente familiar,em uma estrutura com identidade será reconhecida

como entidade familiar.

Para Rodrigo da Cunha Pereira distingue família conjugal do que se chama

família parental, afirmando que quando as pessoas movidas pelo desejo de terem filhos

escolhem alguém para assim o fazer. Distinguindo qualquer vínculo de natureza amorosa ou

sexual, assim concebem o filho e registram em nome de ambos. (Dias, 2016, p.144).

Para Maria Berenice a diferença de gerações não pode servir de parâmetros para o

reconhecimento de uma estrutura familiar, pois para ela a verticalidade ou as qualidades

desses vínculos parentais se apresentam em dois planos que autoriza reconhecer a presença de

uma família merecedora de proteção jurídica. (Dias, 2016, p.144).

Por sua vez o legislador omitiu regular, a convivência entre pessoas, ainda que

não parentes, até mesmo dentro de uma estruturação com identidade de propósito, impõe o

reconhecimento de uma entidade familiar, um exemplo a ser mencionado seria de duas irmãs,

convivendo no mesmo teto durante muitos anos, junto unem esforços para a formação do

acervo patrimonial, constituindo assim uma entidade familiar. (Dias, 2016, p.144).

Já a família anaparental, para o mencionado autor é a composta somente pelos

filhos, não há a presença de nenhum dos genitores nessa constituição familiar

(GONÇALVES, 2014, p. 34).

Ao conceituar forma de família, Vianna cita, por exemplo, a convivência entre

irmãos, primos, ou ainda a coabitação entre tios e sobrinhos e explana: Família Anaparental é

a relação que possui vínculo de parentesco, mas não possui vínculo de ascendência e

descendência (2011, p. 521 e 522).

[...] A família anaparental é aquela constituída basicamente pela convivência

entre parentes dentro de uma mesma estrutura organizacional e psicológica, visando a

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objetivos comuns, que residem no mesmo lar, pela afetividade que os une ou por necessidades

financeiras ou mesmo emocionais, como o medo de viver sozinho.

2.3.8 Família Composta Ou Mosaica

São famílias caracterizadas pela multiplicidade de vínculos, ambiguidade das

funções dos novos casais e um forte grau de interdependência, de forma que se considera a

estrutura familiar originada no matrimônio ou união de fato de um casal, no qual um ou

ambos de seus integrantes têm filhos provenientes de um casamento ou relação prévia. (Dias,

2016, p.145).

A especificidade decorre da peculiar organização do núcleo, que reconstruído por

casais onde um ou ambos são egressos de casamentos ou uniões anteriores, pois eles trazem

para a nova família seus filhos, e muitas vezes, têm filhos em comum. E com a formação

dessas novas famílias considera-se equivocada a tendência de conceituá-las de monoparental

o vínculo do genitor com seu filho, considerando que com o novo casamento dos pais não

implicaria em restrições aos direitos e deveres com relação ao filho, conforme afirma o artigo

1.579,§ único do código civil brasileiro. (Dias, 2016, p.146).

No caso de adoção a lei a possibilita pelo companheiro do cônjuge do genitor,

também chamada de adoção unilateral (ECA 41§1.º), a lei alega que seria indispensável à

concordância do pai registrar, o que prontamente, inviabilizaria esta possibilidade. (Dias,

2016, p.146).

Segundo Maria Berenice (2016, p. 146) relata-se que sobre o nome de paternidade

alimentar é reconhecido ao filho do cônjuge ou companheiro direito a alimentos, certamente

se comprovada à existência de vínculo afetivo entre ambos.

2.3.9 Família Substituta

São famílias que tem caráter excepcional, ou seja, crianças e adolescentes que

serão adotadas por essa família, claramente a preferência estabelecida pela ECA (19§3.º) é

pela reinserção na família biológica: a natural ou a família extensa. Para o Estatuto da Criança

e do Adolescente ainda não define claramente o que seja família substituta, mas a tendência

serão que sejam aquelas cadastradas à adoção, pois receberá a guarda firmado o compromisso

sobre aquela criança e o adolescente. (DIAS, 2016, p.147,148).

No art. 227 da Constituição Federal com o art. 4º do Estatuto da Criança e do

Adolescente repetem, recomendando sua efetivação. Portanto a Constituição fala do Estado e

o Estatuto, do Poder Público.

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente,

com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à

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profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e

comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,

exploração, violência, crueldade e opressão".

Para o caso de colocação em família substituta prevê três possibilidades: tutela

guarda e adoção.

Por tanto se conceitua a Família substituta como aquela que se propõe trazer para

dentro dos umbrais da própria casa, uma criança ou um adolescente que por qualquer

circunstância foi desprovido da família natural, para que faça parte integrante dela.

Por exemplo, interessando-se para saber que crianças precisam de família

substituta, onde elas estão, podem estar nas diversas instituições há meses e meses... e

ajudando de todos os modos que estiverem ao nosso alcance, pelo simples prazer de servir,

àquelas pessoas que se dispõem ao magnânimo gesto de grandeza traduzido pela adoção.

No caso de adoções internacionais, serão expressamente observados no sentido,

todos os termos da Convenção de Haia, sendo atribuição das CEJAIs ao final, certificar que

esta ou aquela adoção internacional.

2.4 O CÓDIGO CIVIL E SUAS MODIFICAÇÕES NO DIREITO DE FAMÍLIA

Dentre as diversas mudanças ocorridas, as mais significativas podem ser notadas

no âmbito da família, uma vez que o novo texto busca incorporar as mudanças sociais havidas

no decorrer destes mais de oitenta anos. Diante de críticas e elogios, o novo texto modifica

itens importantes do atual código, aprovado em 1916.

2.4.1 Pensão Alimentícia ou Alimentos

Maria Berenice chama atenção para o capítulo das ações de família quanto às

demandas litigiosas de divórcio, separação, reconhecimento e extinção de união estável,

guarda do filho, visitação e filiação, pois alega que não se trata de uma enumeração exaustiva,

pois não há como excluir do rito especial demandas outras como, por exemplo, de anulação de

casamento. (Dias, 2016, p.73).

Para o Código de Processo Civil no que diz a respeito da Pensão alimentícia, os

parentes, cônjuges (qualquer dos dois) ou conviventes, podem pedir pensão de alimentos

perdendo esse direito somente com um novo casamento, união estável ou concubinato, pois o

dever de pagar pensão é transferido aos herdeiros.

Importante resaltar que as ações de alimentos são as que versam sobre interesse de

crianças e adolescentes, essas foram relegadas à Lei de alimentos (L5. 478/69) e ao Estatuto

da criança e do adolescente (L8. 069/90), a lei de alimentos é ainda surpreendente porque a

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execução dos alimentos está regulada na lei processual, sendo assim revogados parte de seu

dispositivo. (Dias, 2016, p.73).

Importante resaltar que com a Lei do divórcio (l6. 515/77), o dever alimentar entre

os cônjuges passou a ser recíproca, assim a legislação que regulamentou a união estável

(L.8.971/94 art.1.º e L.9.278/96 art.7.º) concedeu aos conviventes situações privilegiadas, se

confrontando ao do casamento, entretanto a ausência do elemento culpa pelo término do

convívio limitava o âmbito de cognição da demanda de alimentos. Com a extinção da

separação (EC 66\10), deu-se por eliminado o instituto de culpa no do âmbito do direito das

famílias.(Dias, 2016, p.546 e 547).

No entendimento de Cesar-Ferreira, Verônica Motta, que o legislador afirma que

independentemente do fim do casamento ou demais formas de entidade familiar, sempre os

filhos dependentes precisam e necessitam serem mantidos. (Ferreira-Motta, 2011, p.112).

2.4.2 Igualdade dos Cônjuges

A Nova lei civil declara iguais os direitos e deveres do homem e da mulher no

comando da sociedade conjugal, desvinculado assim o "pátrio poder", ou seja, a figura do

homem como o chefe da família, surgindo o "poder família", que indica a ação simultânea e

igual dos pais na criação, educação, guarda, representação e assistência dos filhos.

De acordo com os artigos 1.509 e 1.565 do NCC em consonância com o

estabelecido na Constituição Federal - que estabelece no art. 5º, inciso I, a igualdade de

direitos e obrigações entre homem e mulher, reafirmando-a, no direito de família em seu

art.226, § 5º - o art. 1.509 do NCC prevê que: “O casamento estabelece comunhão plena de

vida, com base na igualdade dos cônjuges, e institui a família legítima”.

Com essas mudanças principalmente no que diz respeito à trajetória da Mulher

que foi por muito tempo relegado de cena pública e política, entretanto a sua força produtiva

sempre foi desconsiderada, não sendo reconhecida, mas a busca da igualdade deu reflexos de

imposição no âmbito das relações familiares. Atualmente é parte fundamental da estrutura

social e com isso passou a exercer funções relevantes para sua emancipação pessoal e

profissional, para família e a sociedade. (Dias, 2016, p.104).

Segundo Paulo Lôbo foi necessários 462 anos para a mulher casada deixar de ser

considerada relativamente incapaz (Estatuto da Mulher Casada – L4. 121/62) e também mais

26 anos para consumar a igualdade de direitos e deveres na família (Constituição de 1988).

(Dias, 2016, 105).

Observando à ordem constitucional, o código civil consagra o principio da

igualdade no âmbito do direito de famílias e afirma que não deve ser pautado apenas pela pura

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e simples igualdade entre iguais, mas pela solidariedade entre ambos, tais como: 1, Direitos e

deveres dos conjugues (CC 1.511); 2. Sociedade conjugal em mútua colaboração (CC 1.567);

3. Deveres recíprocos igualitariamente tanto ao marido como para mulher (CC 1.566); 4.

Nome de igualdade é permitido a qualquer dos nubentes adotarem o sobrenome do outro (CC

1.565 §1.º); 5. Direitos e deveres paritários do pai e da mãe no respeitante à pessoa (CC

1.631); 6.E aos bens dos filhos (CC.1.690); e 7. Guarda dos filhos em casos de preferência

(CC 1.583 e 1.584);

2.4.3 O USO DO SOBRENOME

Conforme art.1.565 do NCC, qualquer dos nubentes, poderá adotar o nome do

outro. No casamento por qualquer dos nubentes foi direito adquirido pela Justiça desde a

vigência da igualdade constitucional, permitindo assim ao marido utilizar o sobrenome da

mulher. Embora a lei fale em “nubente”, utilizado na condição de alguém antes do casamento,

se tratando como de direito novo, pode ser consultado posteriormente às núpcias. (Dias, 2016,

p.127)

Segundo Maria Berenice, para tanto embora a lei concessiva lhe dê benefícios,

nada impede a mudança em momento posterior, basta haver a concordância da mulher, não

importando com o fato de ela ter aderido ao nome do marido quando no casamento. (Dias,

p.127).

A Jurisprudência de alguns tribunais já vinha admitindo a possibilidade de o

marido incorporar ao seu nome, se assim desejasse o sobrenome da esposa, considerando um

grande avanço. (ver artigo).

2.4.4 Nulidade Absoluta do Casamento

O Código de 1916 de forma anterior enumerava os impedimentos no art.183,

totalizando dezesseis impedimentos, bem diferente do Código Civil os impedimentos

matrimoniais teve uma redução dos motivos e das hipóteses para óbice matrimonial,

restringindo-se a sete no total, conforme art, 1.521 CC.

Para Maria Berenice, anulado o casamento, os efeitos desconstitutivos retroagem

à data da sua celebração (CC 1.563), afirmando assim como se não tivesse existido (2016, p.

127).

Por fim, obtendo uma eventual alteração do nome, levada por efeito por um ou

ambos os cônjuges, também se desfaz e assim ambos retornam o nome de solteiro, porém se

tratando de casamento putativo, no qual é reconhecida a boa fé do conjugue,considera se o

matrimônio eficaz da data de sua celebração até o trânsito em julgado da sentença anulatória

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(CC 1.561). Permitindo assim que o conjugue de boa fé mantenha o nome de casado. (Dias,

2016, p.127).

2.4.5 Adoção

O Estatuto da Criança e Adolescente (42), afirma que a idade para adotar é de 18

anos, e ainda existe um requisito de idade entre adotante e adotado será de 16 anos (ECA

42§3), e mesmo havendo este distanciamento temporal, o processo é de diferença em anos

para a procriação.Em se tratando de dois os adotantes, basta somente à diferença de idade com

referência a apenas um deles.(DIAS, 2016, p.482).

Conforme art.1.623, o processo judicial obedecerá a processo judicial,

observando os requisitos estabelecidos por lei. Em caso de adoção com maiores de 18 anos,

cabe ao Ministério Público (§ único, do art.1.623 CC), sua intervenção.

A Obrigatoriedade de todas as adoções deve ser resolvida via jurisdicional, não

mais podendo o interessado se valer da escritura pública, quando em situações especiais assim

é determinado pela legislação atual.

A Lei 4.655/65, trás um respaldo em admitir a legitimação adotiva, qual é aquela

que dependia de decisão judicial e era irrevogável e fazia assim cessar o vínculo de parentesco

com a família natural, porem o Código de Menores (L.6.697/79), substituiu a legitimação

adotiva pela Adoção Plena, todavia mantém o mesmo espírito. Desse modo, o vínculo de

parentesco foi estendido à família dos adotantes, incluindo o nome dos avós no registro de

nascimento do adotado, independendo da autorização expressa dos ascendentes. (Dias, 2016,

p.475 e 476).

2.4.6 GUARDA DOS FILHOS EM CASO DE SEPARAÇÃO

A Constituição Federal através do principio da igualdade assegura ao homem e à

mulher os mesmos direitos e deveres referentes à sociedade conjugal (CF 226 §5.º), trazendo

reflexos marcantes no poder familiar. Com essa mudança o Estatuto da Criança e do

Adolescente com prioridade total a crianças e adolescentes, transformou-os em sujeito de

direito. (DIAS, 2016, p.511).

O Código civil de 2002, após cuidar da separação judicial e do divórcio, traz as

regras referentes à “Proteção das Pessoas dos Filhos”, em especial nos seus arts.1.583 e 1.584,

tais artigos foram modificados pela Lei 11,698, de 13 de junho de 2008 que sucessivamente

alterada por meio da Lei 13.058, de 22 de dezembro de 2014.

A Lei de Igualdade Parental (13.058/2014),foram alterados alguns dispositivos do

código civil, mantendo a nomenclatura e as definições de guarda unilateral e a guarda

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compartilhada (CC 1.583 §1.º), porém respeitando as condições fáticas e os interesses dos

filhos (CC 1584 §2.º). (DIAS, 2016, p.520).

Segundo o entendimento de Maria Berenice Dias, houve um significado avançado

da alteração legal e ter esclarecido que o compartilhamento da guarda não depende da

convivência harmônica dos pais, porém essas restrições foram impostas pela jurisprudência

equivocamente e não pela Lei. (DIAS, 2016, p.521).

E por fim trouxe ao entendimento que conforme a demanda em que um dos

genitores reivindica a guarda do filho, comprovado que um dos dois demonstra condições de

tê-lo em sua companhia, assim deverá determinar a guarda compartilhada. Caso haja

manifestação de um dos genitores que não queira ou deseja o compartilhamento da guarda é

que o juiz não o impõe (CC 1.584 §2.º), (DIAS, 2016, P.521).

2.4.7 CONFLITOS FAMILIARES

Para Verônica e Cezar, o fato da família ser conceituada como um sistema Vivo

vulnerável a situações critica vivido por alguns de seus membros, mesmo sem notar-se dentro

do grupo familiar vai estabelecendo regras de convivência e influenciando padrão de

estrutura. (2011, p.69).

Segundo Rodrigo da Cunha Pereira, as separações trazem perdas emocionais,

lutos afetivos pela morte de um projeto a dois, por sonhos não realizados, e desta forma o

direito e psicanálise giram em torno das questões de direito de família, sendo assim girando

em torno do eterno desafio que é a essência da vida: dar e receber amor. (Dias, 2016, p.67).

Prova disso são as desavenças familiares que estão resultando na superlotação nas

varas de família. Para tanto se observa que é imprescindível à qualificação de forma

interdisciplinar dos agentes envolvidos nos conflitos, tais como: Magistrados, promotor e

defensor, para compreensão das emoções e do grau de complexidade das relações das partes,

não valendo assim somente conhecimento técnico. (Dias, 2016, p.67).

Muito se falou sobre o principio da igualdade de direitos e deveres de homem e

mulher, nesse sentido podemos apontar a equalização de poder entre ambos que já se tornou

uma questão história, desenvolvendo ao longo de muitas décadas, tendo resultados de muitos

progressos assimilados por lei e usos e costumes. Em decorrência dessas mudanças resalta

Àguida Barbosa sobre o empoderamento da mulher nas participações das decisões que

interferem na qualidade da vida da família.(Barbosa, 2015, p.131).

Para a autora exige-se um cuidado aos profissionais das carreiras jurídicas em ser

cautelosos nas questões de direito de família, devido à natureza de afeto, buscando um ponto

de equilíbrio entre razão e emoção, sobre a ótica interdisciplinar.

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Lembrando que quando há litígio em que a prestação jurisdicional contém uma

dose de violência, devem-se redobrar essa cautela, vamos elencar quatro hipóteses (Barbosa,

2015, p. 132):

1. Separação de corpos para afastamento de um cônjuge do lar conjugal;

2. A prisão por inadimplemento de alimentos;

3. Apreensão de menor e congênere; e

4. Interdição.

Todas essas hipóteses são munidas de violência em que as medidas causam

traumas indeléveis à criança, e vem se cessado com mecanismo jurídico que podem assistir

mais de perto aquela família (Barbosa, 2015, p.133).

Sobre a visão de Fernanda Tartuce, prioriza a importância da mediação em

conflitos familiares, pois o sistema jurídico brasileiro fomenta a realização de atos negociais

pelos indivíduos com situações jurídicas, exemplos disso é o consenso que permite a

celebração de escrituras públicas de divórcio e inventário que envolva pessoas maiores e

capazes representadas por advogado. (2016, p.330).

Para a psicologia do direito os maiores conflitos no direito de família é a

separação, pois essa família precisará de uma estrutura viável para desempenhar tarefas

essenciais, tais como: facilitar a individuação de seus membros, propiciar-lhes sentimento de

pertinência. Essa dificuldade de percepção de sentir-se pertencente a ela, e considerar-se

sempre como unidade, ou seja, em um toldo em interação com outras unidades. (Motta-

ferreira, 2011, p.69).

Para Verônica Motta, em se tratando de conflitos familiares afirma, que em

situações de crise, a família e sua estrutura ficam abalada, com isso a dor aparecerá, sobre

diversas formas, virá sofrimento, terá mudanças e será preciso mudar a qualidade de suas

relações. Novamente o afeto predomina nas relações familiares, pois as pessoas ficam

fragilizadas, tenderão de regredir e seus impulsos tenderão a agravar-se. (2011, p.70).

A Família é um sistema social e tentando entender esses conflitos principalmente

na separação, podemos afirmar que pode estabelecer uma conexão sim entre, o princípio da

interpendência e o desenvolvimento familiar. E a função desse princípio no que diz respeito

ao eventual separação conjugal é requerer cuidados no sentido da família se adaptar à nova

situação. (Motta-ferreira, 2011, p.72).

E tais atitudes, em princípio serão necessárias minimizar os efeitos emocionais

desfavoráveis nos filhos, principalmente os menores, ou seja, os interpendentes mais

dependentes, por serem frágeis, vulneravam a família (Motta, Ferreira, 2011, p.72).

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3. MEDIAÇÃO E DIREITO DE FAMÍLIA

3.1 OS AVANÇOS NA MEDIAÇÃO FAMILIAR

Inicialmente tomando-se como ponto de partida sobre a mediação familiar, pode

se afirmar que com o Novo Código de Processo Civil a contento, segundo Águida Barbosa

constam muitas previsões no que diz respeito à mediação, sendo apropriadas e suficientes,

pois é muito importante que haja essa distinção para não serem confundidos com a

conciliação, os métodos são interdisciplinar e flexível (2015, p.02).

O projeto de Lei nº 2.285/2007, do Estatuto das famílias, consagra a mediação

familiar interdisciplinar nos arts. 128 e 129 do PL, onde descreve um comportamento que

amplia a jurisdição, sugerindo assim uma atividade em sede extrajudicial (BARBOSA, 2015,

p.19).

Para Motta e Ferreira o advento no novo código civil não significou um

rompimento e sim integrar valores e princípios nos novos tempos (2011, p.98).

Segundo Águida Barbosa a mediação familiar interdisciplinar reflete um novo

olhar para o conflito humano nas relações jurídicas oriundas do direito de família, pois tem

obtido um resgate de harmoniosa na convivência humana (2015, p.52).

Para o Instituto da mediação, o conceito que vem sendo desenvolvido na doutrina,

será legislado acolhendo assim essa atividade como um conhecimento organizado de modo a

aceitar a linguagem interdisciplinar, trazendo a compreensão dos valores pós-modernos, tais

como: pluralismo das fontes, permissão para expressar os sentimentos e alegria de viver,

narrativa e comunicação. (BARBOSA, 2015, p.52).

Atualmente há um grande questionamento no que diz respeito à queixa em

relações parentais pós-separação e divórcio, onde submeter os filhos a situações de in

segurança física e psíquica decorrente da convivência com o genitor. Em virtude dessas

situações que envolvem agressões físicas, preocupa se sobre a violência desse filho e exige

uma observação especial sobre o poder familiar de um dos genitores (BARBOSA, 2016,

p.53).

Importante salientar e ter em mente que esses danos emocionais, tanto no presente

como futuramente, levam o sofrimento dos menores no que diz respeito a sentimentos

negativos dos pais, que através de interesse financeiro ou raiva, estamos falando do

egocentrismo de um dos genitores, que coloca seus interesses acima dos filhos, que poderão

prejudica-los para sempre (MOTTA, FERREIRA, 2011, p.88, 89).

Segundo Fernanda Tartuce, em ações como de divórcio e nas de causas relativas

como interesse de capazes (como guarda de filhos), as partes tem que conscientizarem sobre

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direitos e obrigações recíprocas e celebrem os acordos válidos. Um exemplo comum é de um

pai que poderá reconhecer voluntariamente o vínculo de filiação em ato de autocomposição

unilateral e no direito de família isso é possível seja unilateral por reconhecimento jurídico ou

renúncia (alguns casos), já por autocomposição bilateral através de realização de acordo

(2016, p.30).

Podemos afirmar que há dificuldades sim em soluções das causas de família

justamente no quesito emocional, principalmente entre os litigantes, que geralmente dão

substrato, ou seja, parte essencial a disputa. Através desses conflitos emocionais não

elaboradas que se comanda a ação em casos de dupla parental (MOTTA E FERREIRA, 2011,

p.116).

Importante resaltar que a mediação foi atribuída em grande relevância dentro do

nosso ordenamento, prova disso que uma lei foi dedicada à mesma com vistas disciplinar no

âmbito jurídico (Lei n.13.140/2015, arts. 24 a 29) e na extrajudicial (Lei n.13.140/2015, arts.

21 a 23). Entretanto, revela-se compreender muito bem os meios adjudicatórios, embora a

imposição de decisões por um julgador seja recorrente os meios consensuais para fim do

processo. (TARTUCE, 2016, p.56).

Vale a pena resaltar que atualmente em nossos tribunais seja o mediador

advogado, juiz de direito, psicólogo, assistente social, é necessário que não confunda o oficio

de mediador do conflito exposto (GORETTI, 2016, p.261).

No caso de um Juiz da Vara da família, por exemplo, em ação de alimentos,

tentam ajudar as partes a acordarem e encerrar a pendência, dentro da sua função judicante

mostrando que as melhores soluções com certeza são ais quais os próprios interessados dão ao

seu problema (MOTTA, FERREIRA, 2011, p.143).

Em casos que tenha ocorrido violência, existe, por exemplo, as tentativas de se

passar da cultura do litígio para a de pacificação, praticas elaboradas para resolução para

conflitos, utilizando a forma não adversarial, tratando assim os conflitantes como indivíduos,

de um lado, porém do outro um todo em interação (MOTTA. FERREIRA, 2011, p.141).

Segundo Aguida Barbosa, essa pacificação mencionada acima, se dá pela

homogeneização dos conflitos e claro das pessoas, sem mencionar privilégios as diferenças

individuais, reivindicando a partir da recepção do principio constitucional da dignidade da

pessoa humana (2015, p.62).

Para Motta e Ferreira, afirma-se que na rigidez das relações que surgem os

conflitos insolúveis, para os autores rígidos é ser duro na posição tomada e não abrir mão

dela, pois existe uma tendência cultural de se apegar a algumas posições e almejar negociar a

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partir delas, automaticamente encobrem os verdadeiros interesses das pessoas, entretanto será

positivo ou negativo a um bom acordo (2011, p.145).

Na mediação familiar existem inúmeras possibilidades de inclusão de ideias, de

respeito mútuo e de reconhecimento das diferenças entre os mediandos, exemplo disso é

transformar em terapia de casal ou de família, em terapia individual, para uma reconciliação

ou até mesmo um adiamento da decisão de divórcio dentro do contexto familiar (BARBOSA,

2015, p.64).

Importante resaltar que a mediação tem a natureza a não comportar imposição, em

sua linguagem ternária diz-se sugestão, em lugar de determinação, de convite, em lugar de

intimação, deixa livre o respeito de liberdade de escolha e com isso sentem respeitados e

valorizados o mediando (BARBOSA, 2015, p.64).

Nas palavras de Fernanda Tartuce, há certa perspectiva do poder estatal,

principalmente no sentido de desigualdade entre os litigantes, para isso é importante a

utilização da via jurisdicional para que o magistrado protagonize a proteção dos interesses

socialmente salientes e por fim garantir a isonomia das partes (2016, p.134).

NA visão da autora mencionada acima, pondera que as premissas baseada na

Resolução n.125/2010 do CNJ instituiu “Política Judiciária Nacional” de tratamento dos

conflitos de interesses, assegurando todos os direitos à solução dos conflitos através de sua

natureza e peculiaridade (TARTUCE, 2016, p.160).

As transformações da sociedade têm demandado uma expansão cada vez maior da

atuação do Judiciário, Ministério Público e profissional da área do Direito no Brasil e no

mundo. A globalização muito facilitou o acesso à informação e, consequentemente, a

população tem maior conhecimento de seus direitos e deveres, aumentando assim as buscas

por soluções de conflitos de interesses, em sua grande maioria pela via judicial.

Em contrapartida, as situações necessitam cada vez mais de soluções pacíficas e

consensuais, de forma a buscar a melhor resolução para todos os envolvidos, evitando

desgastes e gastos desnecessários.

Embora esse movimento da sociedade na busca por soluções alternativas para a

solução de conflitos está desatando uma transformação estrutural e funcional do Judiciário.

Apesar de inúmeras criticas a atuação do Poder Judiciário, os números de

processos são grandiosos, a demanda pela solução judicial de conflitos tem mostrado

extraordinária e crescente (TARTUCE, 2016, p.161).

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Pelas palavras de Ricardo Goretti no atual cenário de ampliação das vias de

efetivação do direito fundamental, dá-se o acesso integral à justiça e perante essa pratica de

gestão gerada de conflitos, exigirá virtudes e critérios do gestor de conflitos (2016, p.106).

3.2 A SEPARAÇÃO E AÇÕES EXISTENTES, DIVÓRCIO, GUARDAS E VISITAS.

Certamente que as questões relacionadas no direito de família são as mais aceitas

à mediação, pois sua natureza tem um fundamento nas relações de afeto, citaremos algumas

manifestações de conflitos nesse âmbito.

3.2.1 Execução de Alimentos

No que se diz quesito em matéria de família, existem graves causas de processos

quando mencionamos às execuções de alimentos, pois há um entendimento jurisprudencial no

acolhimento no pedido de prisão do devedor com três meses de inadimplência, no máximo,

embora os juízes não tenham conhecimento nas distribuições e nos desdobramentos do litígio.

E embora não tenha dimensão do que poderá gerar de um conflito maior o importante para ele

é executar o cumprimento da execução de alimentos (BARBOSA, 2015, p.99).

Neste caso específico, o objeto desse conflito envolve a sobrevivência de um dos

envolvidos em ações de alimentos e a morosidade na solução deste.

Para Motta e Ferreira o fim do vínculo conjugal não altera direito e deveres dos

pais em relação aos filhos, pois não há um fim ou qualquer de seus predicados em relação à

parentalidade, pelo contrário, os direitos e deveres dos filhos permanecem protegidos em lei

(2011, p.112).

Importante mencionar que os alimentos especialmente são fundamentais as

necessidades das pessoas que necessitam garantir sua própria sobrevivência e o Poder

Judiciário representante do Estado cabe garantir e preservar esse direito.

Como bem enfatiza Aguida Barbosa que o amor esta para o direito de família, por

isso a mediação familiar se conceitua com um instrumento para a compreensão dos litígios de

família, baseado no código civil brasileiro e na principiologia norteadora das relações

jurídicas privadas (BARBOSA, 2015, p.110).

Mas nem sempre foi assim e a mediação nas ações de família enfrenta alguns

obstáculos quando não resulta na solução amigável do litígio, auxiliando para a vida das

partes, instruindo no momento onde podem ser ouvidas mutuamente, sem que isso constitua

meio de prova em seu desfavor.

A maioria das decisões judiciais ao contrário das demais, em se tratando de

hipótese de inexistência de recursos, a ação de alimentos é sempre passível de revisão,

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embora sejam definidas em sentença não recorrida, portanto cabe à mãe ou o pai, pedir

revisão de alimentos (MOTTA E FERREIRA, 2011, p.113).

Embora exista a realização da mediação como meio de buscar um acordo, o juiz

permitirá a liberação da pauta de audiências, através de audiências de instrução e julgamento,

apenas poderão ser conduzidas pelo juiz de direito.

Como bem enfatiza Aguida Barbosa, o juiz e advogado estarão legitimados para

instruir as partes a uma mediação, livrando a tradução de seu sofrimento pela palavra do

advogado ou da sentença (BARBOSA, 2015, p.110).

A resolução de conflitos jurídicos é o maior objetivo do judiciário e tem como

regra dar solução e cumprir o objetivo, os juízes, portanto reconhecem a inevitabilidade de

algumas ações referentes a alimentos que vêm dominar à situação econômica atual (MOTTA,

FERREIRA, 2011, p.123).

E infelizmente a difícil realidade econômica do país tem trazido preocupação para

os pais em relação às necessidades dos filhos, cada dia se agrava mais conforme a realidade

interpessoal construída pelo litigante.

Importante resaltar que as causas judiciais de família existem uma delicadeza em

razão dos conflitos emocionais que são abordados, a solução de conflitos procura um acordo

entre os pais justamente para melhor solução possível.

Para Maria Berenice a responsabilidade dos pais é objetiva, conforme art.933 do

código civil brasileiro lhe cabem plena atuação aos princípios da paternidade responsável e do

interesse da criança e do adolescente, trazendo a importância em desempenhar no processo de

educação e desenvolvimento da personalidade dos mesmos (DIAS, 2016, p.463).

A previsão legal de obrigação alimentar do Código Civil, o Código de Ritos, do

artigo 732 até o artigo 735, menciona da execução de sentença que condena ao pagamento de

prestação alimentícia, prevendo a execução por expropriação de bens e prisão civil, esta

última, amparada pela Constituição Federal Brasileira, artigo 5º, LXVII2, artigo 7333 do

Código de Ritos e na Lei de alimentos, (L. 5.478/68).

Para Maria Helena Diniz, afirma que ao se interpretar a norma, deve-se procurar

compreendê-la em especial atenção aos seus fins sociais e aos valores que pretende garantir

(2007).

Destaca ainda Maria Berenice que para o código civil o poder familiar é exercido

em igualdade de condições, tanto para o pai como para a mãe na forma da legislação civil

(ECA 21), pois ainda que o estatuto menorista conceitue os deveres dos pais o código civil

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(1.630) afirma que os filhos estão sujeitos ao poder familiar, enquanto menores (DIAS, 2016,

p.459).

3.2.2 Divórcio

A Promulgação da Lei 6.515 de 26 de dezembro de 1977 rege a matéria

permanecendo a lei do divórcio sobre o regime de separação regida em 1916 pelo código

civil, grande marco para o Brasil as disposições processuais da lei atual sobre o divórcio.

A mediação familiar interdisciplinar torna-se um instrumento imprescindível

como resultado de acesso à Justiça.

Na Lei maior contém uma renovação muito ampla que mera eliminação para a

dissolução da sociedade e do vínculo matrimonial e o que se destaca é o grande mérito desta

conquista está na extinção do sistema de culpa em prol da dissolução da sociedade conjugal,

convulsionando o ordenamento jurídico pátrio (BARBOSA, 2015, p.124).

Segundo destaca-se Maria Berenice em quesito de culpa, com o fim da separação

acabam-se também os questionamentos, o conjugue poderá manter o nome quando do

divórcio e posteriormente abandoná-lo, a qualquer tempo (DIAS, 2016.p.126).

Para Fernanda Tartuce em suas preciosas palavras já dizia que pacificar com

Justiça é o mais elevado escopo social dentro das atividades jurídicas do Estado, em se

tratando de insatisfações encontradas no tecido social (TARTUCE, 2016.p.157).

Em tempos atuais é comum que os divorciados venham a constituir outras

famílias, com o surgimento de novas organizações familiares a rejeição tem um papel

marcante, em diferentes graus, pois temos os filhos do casamento anterior tanto do pai quanto

da mãe, importante salientar que no segundo casamento os níveis são diferentes, no que diz

respeito à competição emocional em relação às mulheres.

A esse propósito importante mencionar que cada conjugue, em parceria com seu

ex-conjugue tem a responsabilidade primária em disciplinar os filhos biológicos, pois

conforme art.1.579 do código civil menciona que “o divórcio não modificará os direitos e

deveres dos pais em relação aos filhos” e afirma no parágrafo único que “o novo casamento

de qualquer dos pais, ou de ambos, não poderá importar restrições aos direitos e deveres

previstos nesse artigo” (MOTTA, FERREIRA, 2011, p.125).

Evidencia-se Aguida Barbosa que em decorrência da Emenda constitucional nº

66, de 13 de Julho de 2010, que alterou o art.226 § 6º da Constituição Federal, centralizado no

divórcio, em uma só ação, sendo o instrumento de dissolução da sociedade conjugal e do

vínculo matrimonial, em especial a mediação familiar ganha um destaque em um momento

histórico de evolução do direito de família brasileiro (BARBOSA, 2015, p.125).

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Os problemas emocionais e relacionais continuarão existindo, no caso de ex-

casais que têm filhos incapazes ou menores, são existenciais e independentes de leis esses

conflitos, para isso vem sendo oferecido à mediação familiar para dirimência ou redução dos

conflitos.

Segundo afirma Motta e Ferreira, vale observar que o divórcio ocorre entre um (1)

ou dois (2) anos, após a separação, no momento em que já foi sentenciado, no Brasil fala-se

mais em crise de separação do que em crise de divórcio (2011, p.109).

Portanto, o prazo mínimo de casamento será de dois (2) anos para a separação

judicial consensual, conforme previsto em relação ao prazo elencado no art. 4º. Da Lei de

Divórcio, se na data da entrada em vigor do Código Civil (12.01.2003) já houver transcorrido

mais da metade do tempo (mais de um ano) estabelecido na lei revogada (L ei de Divórcio,

6.515/1977).

Para Motta e Ferreira o Brasil ocupa de forma diferente de outras sociedades,

menciona-se crise da separação do que crise de divórcio, pois tanto a separação consensual

quanto a litigiosa são distinguível de reconciliação, retornando assim a condição anterior

(2011, p.109).

Os avanços na mediação familiar ganha respaldo nas ações referentes a família,o

Código de Processo civil/2015 abre a possibilidade em sede de procedimentos de tutela

antecipada e cautelar, requerida em caráter antecedente.O parágrafo único do art.694,

prestigia a prática da autocomposição interdisciplinar nas ações de família em audiência de

mediação ou conciliação, conforme afirmação abaixo: (Goretti, 2016, p.254 e 255).

“Nas ações de família, todos os esforços serão compreendidos para solução consensual

da controvérsia, devendo o juiz dispor do auxílio de profissionais de outras áreas de

conhecimento para a mediação e conciliação. O dispositivo legal em questão permite,

inclusive, que o juiz determine, mediante pedido das partes, a suspensão do processo

enquanto os litigantes se submetam a mediação extrajudicial ou atendimento

multidisciplinar”.

Para Rogério Goretti (2016, p. 255) executadas as providências relativas a uma

eventual tutela provisória, a autocomposição poderá ser dividida em tantas sessões forem

necessárias para solução consensual do conflito familiar.

Sob a mesma direção, Maria Berenice dispõe que não há necessidade na ação de

divórcio a causa de pedir, o autor da ação não precisa declinar o fundamento do pedido,

quesitos como culpas, responsabilidades, eventuais descumprimentos dos deveres do

casamento não compõe a demanda, não há necessidade de serem mencionados, discutidos e

nem reconhecidos na sentença (DIAS, 2016, p.227).

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Vale resaltar que é uma prática que vem sendo adotada a titulo de tutela

antecipada, ainda que o autor da ação não tenha pedido de sua concessão liminar.

O divórcio trás alguns sinais na área afetiva, principalmente em casos que haja

filhos, essas crianças começam uma vivência de luto pela perda da condição anterior de

vivência com os pais, começam a revelar sentimentos de tristeza, rejeição, privação, medos,

desnorteamento, inibições, agressividade, regressar e doenças como depressão, consequências

tão sérias (MOTTA E FERREIRA, 2011, p.90).

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ), esta disponibilizando oficina de

parentalidade e divórcio, em prol de contribuir na redução das sequelas relacionadas ao

divórcio.

Segundo os dados de 2014 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –

IBGE, o Brasil registrou cerca de um milhão de casamentos civis contra 341 mil divórcios.

Considerada uma das fases árduas para homens e mulheres, a separação se torna impactante

para crianças e jovens, tendo um cenário de que cada três casamentos, um divórcio assinado.

O Plenário do CNJ aprovou a Recomendação n. 50/2014 ,legitimando aos

tribunais de Justiça a adoção das oficinas de parentalidade como política pública na resolução

e prevenção de conflitos familiares.São destinadas aos pais e aos filhos em uma única sessão

de quatro (4) horas. Os instrutores durante a oficina conversam com as famílias, exibem

vídeos e produzem dinâmicas que levam os pais a refletirem sobre o problema da

parentalidade. E apesar desses conflitos familiares a ideia primordial é que os pais ajudem os

filhos a se desenvolverem saudáveis.

Importante salientar, que as oficinas conscientizam os genitores, mostra como eles

devem ajudar os filhos a se adaptarem a nova realidade e identificar como reconhecer

situações de alienação parental.

Soluções consensuais têm apresentado sinais positivos, de cada 10 (dez)

demandas litigiosas encaminhadas para as oficinas de parentalidade, 06 (seis) são resolvidas

com soluções consensuais conforme relata um membro do comitê gestor de movimento

nacional pela conciliação. Houve uma redução de 30% no número de demandas litigiosas que

chegam às Varas de Família, com esses resultados a solução dos conflitos tem contribuído

para desafogar a Justiça brasileira.

3.2.3 Guarda dos Filhos e Visitas

Em decorrência da aprovação da Lei nº. 11.698 de 13 de junho de 2008, o direito

de família contemporâneo conquista o reconhecimento da guarda compartilhada pelo

ordenamento jurídico.

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Nas palavras de Aguida Barbosa a prática da guarda compartilhada foi implantada

há mais de dez anos, através de experiências estrangeiras dentro da modalidade de

organização familiar, portanto inseriu no convívio familiar em virtude da crescente

conscientização dos benefícios aos novos projetos desenhados pelos casais, após ruptura da

vida conjugal (BARBOSA, 2015, p.166 e 167).

Os genitores masculinos cada dia que passa tem adquirido espaço na educação dos

menores, tirando a visão que a sociedade impôs de que de forma exclusiva a mulher teria o

dever da criação dos filhos. Conclua-se que com a dissolução da conjugalidade não significa o

término da parentalidade.

Pois com o fim do vínculo conjugal não isenta os direitos e deveres dos genitores,

ou seja, os pais, os direitos dos filhos permanecem protegidos pela Lei, pois eles precisam

continuar a ser mantidos (MOTTA, FERREIRA, 2011, p.112).

Nas palavras de Aguida Barbosa, esses diferentes papeis insertos no sistema

familiar: mãe, pai, marido, mulher, filho e filha, irmão e irmã, exige-se uma condição Sine

qua non (do latim “sem a/o qual não pode ser”), com a possibilidade de acolher a guarda

compartilhada, compreendendo que pai e mãe são sujeitos de direito e manterão este vínculo

de afeto, com respeito, dignidade e reciprocidade, ou seja, uma ação irrevogável (BARBOSA,

2015, p.167).

Decorrente de separação, divórcio, ou dissolução de união estável o sofrimento da

ruptura conjugal vem sendo objeto na mediação, sobre essa visão torna-se possível o

desenvolvimento da responsabilidade parental (BARBOSA, 2015, p.167).

Para a Constituição Federal ao relatar sobre o principio da igualdade, assegura ao

homem e à mulher direitos e deveres iguais no que diz respeito a sociedade conjugal em ser

art. 226 §5º,trazendo reflexos no poder familiar,já o código civil deslembrou de incorporar ao

principio do melhor interesse mencionado pelo Estatuto da Criança e do adolescente (DIAS,

2016, p.511).

A guarda compartilhada, ou conjunta, classifica como regime perfeito para reger

as relações entre pais e crianças após a ruptura do casal parental, com algumas experiências

advindas do direito comparado e de doutrina, sua organização envolve algumas limitações

sobre sua existência para comunicação entre os genitores (BARBOSA, 2015, p.167).

No art.1.584, II, do Código civil prevê que o juiz poderá decidir diferentemente

do que as partes acordarem, pois de forma especial considera o interesse dos filhos, em

atenção a necessidades especificas do filho, ou em virtude da distribuição de tempo ao

convívio com o pai e com a mãe (MOTTA, FERREIRA, 2011, p.113).

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Conforme art.1.583 §1º. Define que é atribuída a somente um dos genitores ou

alguém que possa o substituir, exige-se que haverá um consenso de ambos ou um dos

genitores não desejar ficar com a guarda compartilhada. Porém o não guardião pode ter os

filhos em sua companhia, fixados pelo juiz em períodos estabelecidos pelo mesmo (DIAS,

2016, p.514).

A Lei Federal nº 13.058 de dezembro de 2014, deu nova redação ao parágrafo 2º

do artigo 1.584 do código civil que foi alterada no regramento do direito de família brasileiro,

onde passa o regime da guarda compartilhada de exceção à regra do ordenamento jurídico

nacional.

Importante resaltar que a guarda compartilhada dá garantias de uma convivência

mais igualitária com ambos os genitores, amenizando a angústia e o sofrimento tanto dos

filhos quanto do genitor que destituído da guarda, em virtude da separação. Entretanto facilita

a inclusão dos filhos no convívio com os pais e seus novos relacionamentos com objetivo de

reconstrução da vida afetiva (BARBOSA, 2015, p.168).

O tempo de convívio com os filhos são importantes porque terá que ser dividido

de forma equilibrada entre o pai e a mãe, considerando as condições fáticas e priorizando os

interesses dos filhos.

Nas palavras de Fernanda Tartuce exige-se que os operadores do direito

envolvidos nesse tipo de controvérsia familiar terão que ter uma formação diferenciada, além

da sensibilidade acentuada, pois irão lidar com as perdas e as frustrações no que diz respeito

aos projetos pessoais (TARTUCE, 2016, p.331).

Os filhos não podem ser utilizados em disputas, precisam ser preservados de

rancores e sentimentos de ruptura, precisam se sentir amados e protegidos mesmo diante do

desenlace conjugal, pois a criança jamais se divorciará de seus pais,segundo entendimento de

Fernanda Tartuce (2016, p.333).

O grande interesse que haja a preferência legal no compartilhamento sem dúvida

seja que garanta participação de ambos os pais no crescimento e desenvolvimento da prole,

pois a ideia de posse propicia a continuidade da relação dos pais com os filhos (DIAS, 2016,

p.517).

O Direito de Convivência ou visita são condições dos direitos e deveres de visitas

asseguradas ao genitor não detentor da guarda, a mediação tem um papel importante então no

sentido de validar o acordo entre eles.

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Deve-se ser especificados os dias, intervalo, horário de retirada e entrega da

criança, datas importantes como aniversário dos filhos, dos pais, dia dos pais, das mães, festas

religioso, ano novo e férias escolares (MOTTA E FERREIRA, 2011, p.112).

É direito fundamental de crianças e adolescentes garantidos pela Constituição

Federal em seu artigo 227 e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a convivência

familiar.

A Constituição Federal em seu artigo art. 227 menciona: É dever da família, da

sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta

prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização,

à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de

colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência,

crueldade e opressão. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010).

Porém o art.1.583,§ 5º do código civil atribui a guarda a terceiros, mantendo a

obrigação dos pais de supervisionarem os interesses de seus filhos, não impedido de forma o

exercício do direito de convivência (Dias, 2016, p.524).

O Judiciário tem um papel importante na conscientização do genitor pouco

preparado em assumir a responsabilidade parental, ele pode aceitar a ajuda ofertada pelo juiz

desde que tenha conhecimento e domínio no método da mediação (BARBOSA, 2015, p.168).

3.3 O PRINCIPIO DA CONFIDENCIALIDADE NA MEDIAÇÃO FAMILIAR.

O artigo 166 do código de processo civil elenca o principio da confidencialidade

como informador da mediação, contempla também no art.1º do código de ética de

conciliadores e mediadores judiciais nexo à Resolução nº125/2010 do CNJ.

A resolução e o código de processo civil disciplinam a ação e pratica da mediação

no âmbito jurídico, pois os princípios que o norteiam são mandamentos elevados em grau de

generalidade (GORETTI, 2016, p.244).

O principio da confidencialidade obtém todas e quaisquer informações confiadas

ao mediador no decorrer do procedimento, pois essas informações confidenciadas das partes

não poderão ser utilizadas para fim do processo conforme artigo 166,§1º. Entende-se que as

informações confiadas ao mediador só poderá ser compartilhada mediante prévia autorização

da parte (GORETTI, 2016, p.244).

Para Fernanda Tartuce o mediador examinará a confidencialidade, no que diz

respeito ao teor comunicado na sessão e ao após ter adquirido confiança das partes das partes,

deverá comunicar de forma positiva os dados colhidos (2016, p.244 e 255).

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Segundo avalia Goretti,com certo prestigio em seu artigo 166,§2º veda qualquer

tipo de socialização de informações no percurso do procedimento adotado na

mediação,inclusive em juízo, pois não poderão citar fatos ou elementos provenientes de

procedimento que tenha participado ou atuado (2016, p.244).

O mediador terá um conhecimento razoável e delicado em vínculos que diz

respeito às relações familiares, por serem mais complexas,segundo Águida Barbosa (2015,

p.176).

Nesse mesmo sentido afirma Maria Berenice sobre o principio da

confidencialidade, que conceitua como dever de confiança, lealdade e respeito à expectativa

alheia, pode ainda afirmar que são clausulas gerais que impõe todos os conceitos

mencionados acima e que existe a reciprocidade entre as partes (DIAS, 2016.p.62).

E para relações que tratam de família, impõe comportamento coerente, ético,

honestidade, lealdade e cooperação no dever jurídico das relações patrimoniais de família,

também às relações de conteúdo pessoal. Para Cristiano Chaves ele conceitua esse principio

como a materialização no afeto (DIAS, 2016, p.63).

O mediador toma rol de auxiliadores da Justiça, o CPC/2015 incorporou a sua

figura e a definição da composição e organização dentro da mediação. Conforme artigos 167

do CPC terão que ser habilitados somente os quais estiver escritos em cadastro nacional ou os

cadastrado pelo Tribunal de Justiça, tribunal Regional Federal ou qualquer um que estiverem

vinculados (GORETTI, 2016, p.235).

Para Motta e Ferreira os operadores jurídicos dentro da justiça da família podem

agir de forma sensível em relação às questões sentimentais da família, pois não implica em

afastarem de suas atividades ou funções, porém, observando os temas que aparecem como

objeto do conflito (2011, p.96).

O mediador de modo primordial, imparcial e de boa fé e confidencialidade,

cumprem os princípios a seu posto responsabilizado. Restando aos demais buscar do consenso

e conhecimento jurídico pleno.

Na avaliação de Goretti,o dever de confidencialidade no que diz respeito ao

mediador, não se restringe somente a ele e igualmente as partes,advogados,assessores

técnicos,prepostos ou qualquer pessoa de confiança o qual tenha participado do procedimento

da mediação, seja direta ou indiretamente, conforme §1º do art.30 do Marco legal da

mediação (2016, p.274).

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E segundo as palavras de Maria Berenice Dias, princípios são mandamentos

nucleares de um sistema e que na mesma visão Celso Antonio Bandeira de Mello afirma que

viola-los e muito mais que transgredir uma norma (2016, p.44).

Importantíssimo ressaltar o que Fernanda Tartuce avalia nas negociações de má –

fé, as partes se encontram emocionalmente instáveis, pois aquele sentimento de irá já se

transformou em ódio e se uma das partes desejar punir o outro, portanto, violando o principio

da boa-fé e confidencialidade que rege na mediação valorizando a lealdade e

confidencialidade para atuar nas negociações (2016, p.210).

3.4 A MEDIAÇÃO DENTRO DO ESTADO DE MATO GROSSO

Em 29 de novembro de 2010 o Conselho Nacional de Justiça publicou a

Resolução nº 125/2010, com base em tais premissas, instituiu no âmbito do Poder Judiciário e

uma Política Judiciária Nacional para o tratamento dos conflitos de interesse, com objetivo

em assegurar o direito de soluções dos conflitos mais adequadas a cada tipo de litígio, por

meio da participação dos envolvidos e abordando seus interesses e a preservação de

relacionamentos, natureza e peculiaridade (Tartuce, 2016, p.160).

Conforme Goretti menciona as palavras de Azevedo, estabelece três (3) diretrizes

para cumprimento desses objetivos, são eles: 1. centralização das estruturas judiciárias; 2.

adequada formação e treinamento de servidores,conciliadores e mediadores e 3.

acompanhamento estatístico específico. Essas diretrizes são base que revelam a formação de

uma cultura da gestão autocompositiva pelo Conselho Nacional de Justiça, nos âmbito dos

tribunais (2016, p.196).

Iremos abordar o histórico de processo de institucionalização da mediação no

âmbito nacional, pelas palavras de Goretti entende-se por meio de sistematização do instituto

por meio de norma reguladora própria, seja de qualquer natureza, tais como: portaria,

resolução, lei etc. Que a sua prática no âmbito judicial ou extrajudicial sejam formalizadas

mediante os órgãos estatais (Conselho Nacional de Justiça e tribunais), para que haja difusão

da mediação diante da via de facilitação ao acesso perante uma política pública (2016, p.184).

Conforme Tartuce elenca sobre o artigo 8º da Resolução n.125/2010 do CNJ, que

estipulou aos tribunais o dever de abrir Centros Judiciários de Solução de conflitos e

cidadania (“Centros” ou “Cejuscs”), para os Juizados ou varas, atendendo os juízos e

competências em esferas cível, previdenciária, fazendárias e de família (2016, p.290).

O Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso conforme Publicado em 07 de

julho de 2011 a Resolução nº 12 do Tribunal Pleno27 do TJMT instituiu o Núcleo Permanente

de Métodos Consensuais de Solução de Conflito como Órgão Gestor da política estadual nos

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termos e estrutura definidos pela Política Pública de Tratamento Adequado de Conflitos

através da Resolução nº 125/210 do CNJ, com Interesse no âmbito do sistema Judiciário

nacional.

O Judiciário do Estado de Mato Grosso por meio da Resolução nº 12/2011/TJMT

institui 18 o Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflito

(NUPEMEC), como órgão gestor da política estadual e com a responsabilidade de implantar e

implementar a política nacional.

Sua instalação se deu em 20 de Julho de 2011, o Núcleo Permanente de Métodos

Consensuais de Solução de Conflito do TJMT tem a seguinte estrutura: 01 (um) 27 O

Tribunal Pleno é formado por todos os Desembargadores sendo 83 Desembargador ativo ou

inativo; 02 (dois) juízes de direito e 01 (uma) equipe multidisciplinar formada por

magistrados ativos ou inativos e servidores do quadro do Poder Judiciário.

Essa resolução mencionada acima tem como principal objetivo ajustar as

atribuições do Núcleo, embora ela mesma determine autoridades, competências e

responsabilidades para os membros. Por cumprimento da Política Judiciária de Tratamento

Adequado para a solução dos conflitos de interesses, permite a realização de capacitação para

os Magistrados e servidores, assim como treinamento e atualização nas técnicas para

Mediação e Conciliação.

Logo após a instalação foi elaborado e aprovado do órgão, o Regimento Interno, o

Manual de Rotinas Padronizadas dos Centros Judiciário de solução de Conflitos e Cidadania,

e foi realizado capacitações para os voluntários, preocupado com o treinamento das técnicas e

métodos para a realização das conciliações e das mediações.

A 1ª Sessão de Conciliação/Mediação foi realizada no dia 21 de outubro de 2011,

segundo os documentos, três meses após a instalação. E há Primeira Semana Nacional da

Conciliação em Mato Grosso, ocorreu no período de 28 de novembro a 02 de dezembro de

2011, a primeira organizada pelo Núcleo, tendo como demandantes conciliações bancárias,

fiscais, entre outras.

3.4.1 Estrutura Organizativa

Através da Lei nº 9.853, criada em 2011 e regulamentado em 20 de dezembro de

2012, aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso, a Estrutura

Organizativa do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos no

âmbito do Poder Judiciário de Mato Grosso, e sancionada pelo Governador é aprovada.

Estabelece a Lei que o NUPEMEC deve ser composto pelas seguintes Unidades

Administrativas: uma Central de Conciliação e Mediação de 2º Grau Jurisdição; uma Central

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de Conciliação e Mediação da Capital; e 32 (trinta e dois) Centros Judiciários de Solução de

Conflitos e Cidadania. E também é designado as seguintes funções de confiança:

1 – Um de Gestor Geral da Secretaria Permanente e Métodos Consensuais de

Solução de Conflitos (Gestor Administrativo 1),

2 – Segunda instância de 2º grau (Gestor Administrativo e uma de gestor da

Central de conciliação);

3 – Segunda Instância de 2º grau (Um Gestor das centrais de 1º grau e centros

judiciários (Gestor administrativo 2);

4 – Segunda Instância, um Gestor Judiciário do centro Judiciário de Solução de

Conflitos e Cidadania da Capital (Gestor Judiciário);

5 – Primeira Instância, 32 Funções de Gestores Judiciário de Solução de Conflitos

e Cidadania (Gestor Judiciário).

Com fulcro no novo CPC (Lei nº 13105/2015) e com a Lei de Mediação (Lei

nº13140/2015), o incentivo à mediação na fase judicial torna-se obrigatório. Diante do

exposto, torna-se perigoso aumentar o número de capacitações realizadas no estado para o

atendimento das exigências legais. E esse Provimento sobre pressão é estabelecido em Mato

Grosso.

Conforme as palavras e a visão de Hillesheim (2015), que afirma sobre a

problematiza em tipos de convênio com as universidades, onde há um fenômeno da

precarização do trabalho e os estagiários passam serem mediadores ou conciliadores sem

remuneração, pois se enquadram na função de voluntários (2015, p.246).

E com esse foco mencionado acima o Tribunal de Justiça do Estado de Mato

Grosso juntamente com NUPEMEC teve um passo importante em 2012, reunindo assim com

os reitores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), da Universidade de Cuiabá

(UNIC), do Centro Universitário de Várzea Grande (UNIVAG), UNIRONDON E ICEC,

objetivando parcerias relativas a estágios dos alunos a serem realizados nas Centrais e Centros

Judiciários, firmando futuramente criar uma instalação de Câmaras de Mediação e

Conciliação nas dependências das universidades, (Ata nº 05/2012/NPMCSC).

No ano de 2014 foi emitida duas ordens de serviço, a primeira foi a

regulamentação do programa de formação e supervisão de mediadores judiciais nas centrais e

Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania; e em seguida a segunda instituindo

o Programa de Gestão de Qualidade dos Serviços de Conciliação e Mediação nas Centrais de

Conciliação e Mediação e nos Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania do

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Estado de Mato Grosso.Todavia ,o objetivo é aferir a qualidade técnica, social,ambiental,dos

serviços prestados.

Dessa forma, em 2015 a primeira Ordem de Serviço regulamenta a então seleção

de mediadores para participação nos cursos de formação de instrutores em conciliação e

mediação judicial, credenciado e ministrado pelo CNJ, e a atuação desses instrutores no

âmbito do Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso. E com a OS nº 02/2015, houve a

regulamentação da escala das atividades de supervisão o deslocamento dos supervisores para

as Centrais e Centros Judiciários.

Segue estatística demonstrada no Gráfico 01, de resultados do NUPEMEC do

Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso.

Gráfico 01: Quantidade de Audiências Agendadas e Realizadas Entre de 2013 a 2017.

Fonte: TJMT, 2017

Em 2013 foram agendadas 57.047 audiências e destas foram realizadas 51.750.

Enquanto em 2014 foram agendadas 33.296 audiências e realizadas 22.599. Essa aparente

redução se deve à quantidade de mutirões realizados TJMT em 2013. Já no ano de 2015 foram

agendadas 47.692 audiências e realizadas 32.513. Em 2016 os agendamentos foram de 59.226

e destes realizadas 37.178. Vale ressaltar que os dados referentes ao ano de 2017 são até o

mês de Maio. Neste período foram agendadas 16.678 e realizadas 10.818.

No Gráfico 02 são apresentados os percentuais de acordos (com ou sem), entre os

anos de 2013 a maio de 2017.

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Gráfico 02: Percentual de Homologações de Procedimento Pré - Processual

Fonte: TJMT, 2017

Verifica-se que o percentual de acordos homologados foram superiores aos não

homologados deste a origem do procedimento pré-processual até 2016. Contudo em 2017 as

homologações sem acordo obtiveram um maior percentual. Para o Poder Judiciário a não

homologação não o favorece, porque as partes retornem para o tribunal que exercerá aos

poderes de conciliação, encaminhando os autos aos termos legais. No Gráfico 02 a

consequência, de uma não homologação, ou seja, sem acordo, ocasiona mais números de

processos em nossos tribunais. No Gráfico 03 é apresentado o percentual acumulado de

homologações de procedimentos pré – processuais.

Gráfico 03: Percentual Acumulado de Homologações de Procedimento Pré - Processual

Fonte: TJMT, 2017

No decorrer de 5 anos os resultados com acordos foram de 78%, sendo este um

cenário positivo para o ordenamento jurídico.

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No Gráfico 04 são demonstrados os custos dos procedimentos pré-processual

entre 2013 a 2017.

Gráfico 04: Custo Procedimento Pré – Processual

Fonte: TJMT, 2017

No Gráfico 04, tratando-se dos valores envolvidos nos acordos homologados

observa-se que no ano de 2016 teve um aumento progressivo, saímos dos 400 (quatrocentos)

milhões de reias no ano de 2015 e avançamos no ano seguinte com 450 (quatrocentos e

cinquenta) milhões de reais ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso.

Importante mencionar que na data de 22/08/2017 dentro da mediação familiar

realizado pela Primeira Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar Contra a

Mulher de Cuiabá, foi considerado inovador o uso da mediação como método adequado de

solução de conflitos, pois tem sido aplicada essa ferramenta para resolver casos

judicilializados principalmente às ações de direito de família. O caso mencionado foi de uma

criança que ganha dois pais, onde o objeto principal envolveu reconhecimento de paternidade

socioafetiva, tendo como objeto de solucionar inclusão do nome do pai biológico, fixação de

guarda compartilhada e convivência, pensão alimentícia e execução de alimentos provisórios,

considerada mediação de sucesso para o Tribunal de Justiça de Cuiabá.

No caso mencionado acima, resalva mencionar que o desenvolvimento das

técnicas especifica foi primordial para que fosse restabelecida a comunicação entre as partes,

demonstrando a importância na solução do conflito, se faz necessário nesse caso dar atenção

peculiar para mediar interesses das partes, o pai biológico e o pai socioafetivo considerado

inovadora dentro da mediação, após 9 horas e meia de sessão de mediação, sendo dividido em

dois dias (14 e 15 de agosto) e preservando o bem do menor o resultado foi inovador dentro

das sessões de mediação já realizadas nesse tribunal.

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Em caso como dessa mediação realizada pelo Tribunal de Justiça do Estado de

Mato Grosso, o objeto principal é resguardar o convívio saudável dentro da relação familiar,

com foco de manter um diálogo que seja incluso cada parte e a família envolvida, pois as

partes previram construir um acordo que verdadeiramente atendesse os interesses de ambos os

envolvidos.

Sobre o número de processos que tramitam no sistema Judiciário, a Associação

dos Magistrados do Brasil (AMB) relata que em tempo real a demanda dos números de

processos são numerosos e que a cada cinco segundo soma-se uma nova ação. Cria-se um

movimento chamado “Não deixe o Judiciário parar”, com o objetivo de mitigar a cultura da

litigiosidade. Afirma ainda que 40% dos processos não estariam na justiça se as leis fossem

cumpridas.

Conforme os dados CNJ analisam quais Justiças aderiram às ações, pesquisa-se

como está o nível de adesão dos operadores do direito, o conciliador e o mediador, de maneira

que se tornam subsídio para as decisões de cúpula e respectivos planejamentos. E também que

o ranqueamento materializa e dá visibilidade à forma de promoção instituída para os

magistrados, seja por produtividade, correspondente ao número de acordos homologados.

Outra ferramenta utilizada nas ações de família é a Constelação familiar,inseridas

no judiciário brasileiro em pelo menos 11 estados (Goiás, São Paulo, Rondônia, Bahia, Mato

Grosso, Mato Grosso do sul, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, Alagoas, Amapá e Distrito

Federal), estão sendo muito utilizadas para facilitar as conciliações e resolução de conflitos

em diversas áreas. O Brasil é o primeiro país do mundo a utilizar no âmbito jurídico, essa

prática está em conformidade com a Resolução CNJ n.125/2010 do Conselho Nacional de

Justiça, que incentiva práticas que proporcionam esse tipo de tratamento adequado dos

conflitos de interesse do Poder Judiciário.

Em uma sessão de constelação os conflitos mais abordados são questões de

origem familiar, como violência doméstica, guarda de filhos, inventário, divórcio litigiosos,

adoção, endividamento, execução de alimentos, maus tratos de menores e abandono.

Essa metodologia de constelação familiar vem sendo utilizada pelo Poder

Judiciário de Mato Grosso, está sendo recebido pelas partes que se encontram em litígio como

um olhar diferente a respeito do seu conflito judicial, esse trabalho é realizado através de

representação de cada figura parental e de componentes importantes no processo.

Para o Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso as constelações é um programa

educacional interdisciplinar desenvolvido com base em diretrizes do Conselho Nacional de

Justiça (CNJ), que visa apenas dar apoio às famílias parentais e auxiliar os pais e filhos na

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superação da fase de reorganização familiar. “Tem a visão de encarar a ruptura familiar e,

através do Direito Sistêmico, ordenar o papel e a figura de cada um, tendo como base as leis

das relações humanas”.

O uso das novas tecnologias, no âmbito do Poder Judiciário também tem um

marco na mediação no Tribunal de Justiça de Mato Grosso, e trás uma evolução para o

Judiciário Matogrossense.

O Conselho Nacional de Justiça ao estabelecer a competência para “[...] criar

Cadastro Nacional de Mediadores Judiciais e Conciliadores visando interligar os cadastros

dos Tribunais de Justiça e dos Tribunais Regionais Federais, nos termos do art.167 do Código

de Processo Civil combinado com o art.12,§ 1º, da Lei de Mediação” (art.6º, IX). Para Goretti

essa Resolução sinaliza que esse exercício do oficio do mediador serão sempre realizado

apenas por profissionais cadastrados nos tribunais, conforme legislação vigente (2016, p.200

e 201).

Para o Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso, em especial a Comarca de

Sorriso considera-se inédita a primeira mediação virtual internacional, realizada no dia 07 de

Agosto de 2015 em Madri na Espanha, tratava-se de um conflito entre um casal que estava

separado há oito (8) anos e que de modo consensual e adequado ao conflito familiar obteve

sucesso e foi assinado o divórcio.

Nas palavras do magistrado Anderson Candiotto ele afirma: "Além de representar

um caminho irreversível para a racionalidade dos serviços judiciários, o uso da mediação

virtual neste caso significou a possibilidade de solução adequada e célere do conflito familiar.

A julgar pela experiência nacional, demoraria mais de um ano tão somente para a fase de

tradução juramentada da documentação e citação por carta rogatória”.

Outro caso de mediação virtual no Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso

envolvendo a mediação familiar ganha as páginas do CNJ, trazendo em questão o beneficio da

pensão alimentícia (ação de alimentos) do filho (menor), guarda e o divórcio, o pai da criança

já estava preso há 2 anos e foi realizado dentro do presídio pelo TJMT.

A tendência de informatização do Judiciário brasileiro, já é realizada em diversos

Estados, pois essas audiências são realizadas com réus presos por meio da mediação virtual,

buscando acordo consensual sem a necessidade de judicializar o conflito.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em virtude do que já foi mencionado no presente trabalho, a mediação familiar

tem uma complexibilidade a ser explanado dentro do nosso Ordenamento jurídico,

principalmente por se tratar de direito de família e seus aspectos jurídicos. Atualmente a

mediação familiar tem inserido um papel importante devido suas características e isso foi

mencionado por se tratar de um procedimento extrajudicial de solução de conflitos, utilizando

assim um terceiro denominado mediador em busca de uma solução para desenvolverem

através do diálogo uma solução para o problema.

Levando em consideração o Marco na Lei de Mediação nº. 13.140/2015, inseridos

os princípios norteadores, observa-se um avanço positivo, utilizando os procedimentos legais

como informal, flexível e celebre para formalizar o acordo.

Em vista ao que foi argumentado para a solução de conflitos dentro da mediação

familiar, correto afirmar que é uma relação continuada, ou seja, existe um vínculo pré-

existente que permanecerá depois de resolvido a demanda, pois estimula a busca do consenso

e da solução. Em especial nos conflitos de família são bastante complexos, pois envolve

sentimentos como mágoa, emoções, entre outros, especificamente nesses casos a mediação

familiar encontra sua aplicação adequada a cada conflito.

Levando em conta o que foi observado na mediação familiar na seara

internacional trouxe uma visão para o Brasil que a mediação brasileira se constrói de práticas

do instituto Jurídico de mediação e conciliação. E esse desenvolvimento encontra-se em

evolução promissora ainda, conforme as perspectivas de sua composição.

Somos levados a acreditar que através de inúmeros conceitos de famílias dentro

do direito de família, as relações familiares se transformaram por serem o primeiro grupo

social do qual o individuo faz parte,juntamente com o forte convívio entre os membros, o que

torna suscetível de gerar conflitos.

Percebemos que o uso da ferramenta da mediação familiar ou outros tipos de

mediação, trás ao Judiciário certa diminuição nas demandas judiciais, isso tem sido relevante

aos números de acordos homologados no Judiciário Brasileiro.

É imprescindível que os princípios de direito de família não sejam mencionados

como direito fundamental, pois trata de transformação social na vida de pessoas e nas relações

familiares, faz parte do preâmbulo constitucional.

Importante salientar que obtive certa dificuldade ao fazer a pesquisa quantitativa

dos dados do NUPEMEC do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, no que diz respeito aos

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dados individuais da mediação familiar, ou seja, o objeto do conflito a ser mediado, embora

tenha utilizado os dados da mediação em geral.

Diante das considerações finais podemos afirmar que a mediação familiar é um

caminho alternativo e comprovadamente eficaz que pode ampliar inúmeros benefícios aos

indivíduos e a sociedade. A mediação não é uma resposta efetiva de acesso à justiça e sim um

instrumento de mudança e não de uma simples reforma.

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