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MEDALHA DA CRUZ VERMELHA – PRÉMIO POR SERVIÇOS DISTINTOS NA GUERRA E NA PAZ

Paulo Jorge Estrela Instituto Geográfico Português

Lusíada. História, Lisboa, nº 2/2005

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Resumo: Artigo de Falerística sobre a Medalha de Serviços Distintos da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP), sua criação, características, alterações de modelos e seu enquadramento histórico, incluindo um resumo de cada uma das 19 acções existentes em passadeira de fita.

Apresenta-se ainda uma pequena biografia de Afonso de Dornelas, Inspector do Corpo Activo e Secretário-Geral da CVP, imagens dos vários modelos da medalha, retratos fotográficos de alguns agraciados e ainda dois diplomas de concessão.

Palavras-chave: Cruz Vermelha Portuguesa / Condecoração / Medalha / Ordem

Honorífica / Dornelas

Abstract: Phaleristic article about CVP (Portuguese Red Cross) Distinguished Services Medal, creation, characteristics and model changes with an historical enlightening and brief description of all 19 actions and respective existing ribbon clasps / bars.

A brief biography of Afonso de Dornelas, CVP Inspector of Active Corps and General-Secretary is presented and illustrated with several models of the medal, photographic portraits of a few decorated servicemen and a couple of concession diplomas.

Key-words: Portuguese Red Cross / Decoration / Medal / Honorific Order /

Dornelas

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A História militar foi desde sempre, que me lembro, uma paixão na minha vida. Inicialmente, esse desejo de conhecer mais sobre esta temática começou pelo agrupar de informação o que, de uma forma natural, enveredou para uma pequena biblioteca especializada, que tem vindo a revelar-se fundamental para o aprofundar de conhecimentos, em especial na área da Falerística.

Em termos genéricos, a Falerística é o estudo (no meu caso também o coleccionismo), das Condecorações, especialmente as militares, que compreendem as Ordens Honoríficas, condecorações propriamente ditas e medalhas. Este coleccionismo passa também, por uma série de outras colecções tais como, a diplomática (alvarás, diplomas de concessão e cartas patentes entre outros documentos), a fotografia antiga (e demais iconografia de época), e em geral toda a chamada militaria.

Uma das medalhas menos estudada e menos conhecida, é a, actualmente, denominada Medalha de Serviços Distintos da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP). No entanto, e a meu ver, é uma das mais interessantes, pela particularidade de ser sempre concedida por acções históricas específicas e daí ser reconhecida publicamente pela atribuição de uma passadeira de fita cunhada, com a respectiva situação (local/acção e data).

A benemérita Sociedade Portuguesa da Cruz Vermelha (SPCV) foi oficialmente criada em 1887 (data da aprovação dos seus primeiros Estatutos). Graças à dedicação e mobilização da sociedade civil nacional, conseguiu impor-se, passando a estar apta a responder a solicitações, no âmbito do serviço de saúde, de uma forma voluntária e sem encargos para o Estado, em paralelo com as forças militares portuguesas (em situações de guerra como de calamidade pública).

Em 1891 é, pela primeira vez, solicitado à SPCV o levantamento de uma pequena unidade de campanha (genericamente denominada de Ambulância da CVP) destinada a acompanhar uma Coluna de Operações expedicionária a Moçambique, operação essa da responsabilidade do Ministério da Marinha e Ultramar.

Os seus serviços foram considerados relevantes e levaram a que, em 1892, a Comissão Central da SPCV avançasse com a proposta de criação de uma distinção específica para galardoar os bons serviços prestados aos militares feridos e doentes, nas ambulâncias e hospitais de campanha da SPCV.

Assim, o Rei D. Carlos I, através do Decreto de 31 de Janeiro de 1893, cria a Medalha da Cruz Vermelha.

Inicialmente, a Medalha da Cruz Vermelha era de bronze (sem graus ou classes), pendente de fita branca, com uma cruz vermelha bordada ao centro e usada no lado esquerdo do peito (como a generalidade das condecorações militares). Obrigatoriamente teria uma passadeira de igual metal, com indicação da campanha/localidade e ano do feito.

Apenas era permitida a concessão de uma medalha por campanha e, a uma nova “concessão” devida a outra acção, esta traduzia-se por uma outra passadeira para a medalha original.

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O Diploma de Concessão era passado pelo respectivo Ministério (Ministério da

Guerra, Ministério da Marinha e Ultramar ou Ministério do Reino) conforme a situação do agraciado.

Quando foi autorizada a criação da Medalha da Cruz Vermelha foi proposto a J. Leipoldt, do Banco de Portugal, a gravação dos respectivos cunhos. Este, por razões desconhecidas, encarregou dessa tarefa um seu conterrâneo da cidade alemã de Leipzig, cujo nome nunca foi revelado.

De Leipzig, para além dos cunhos, vieram também, 6 provas de medalha e 6 passadeiras “Moçambique, 1891”. Por serem em número insuficiente, foi solicitado à Casa da Moeda e Papel Selado a cunhagem de mais 20 conjuntos, o que acabou por ser feito pelo conhecido gravador Venâncio Alves, autor da chamada Medalha D. Carlos I. A Casa da Moeda, para além de não cobrar quaisquer honorários à SPCV pelo serviço prestado, permitiu ainda que os referidos cunhos ficassem à sua responsabilidade, garantindo a sua boa conservação e controlo de futuras cunhagens. Posteriormente, ficou também, responsável pela criação de outras passadeiras e tipos (módulos) das medalhas.

Com o Decreto de 7 de Maio de 1908, são aprovados os novos Estatutos da SPCV, que determinam a criação de um Quadro de voluntários para fazer face a futuras necessidades, juntando a sua acção à dos serviços militares de saúde e das sociedades similares estrangeiras, em caso de guerra ou calamidade, passando a ter uma tutela conjunta do Ministério da Guerra e do Ministério da Marinha e Ultramar.

No Capítulo VIII – “Recompensas e Distintivos”, desse decreto, além de serem criadas duas novas condecorações, a Cruz Vermelha de 1ª e 2ª classes, decretou-se uma nova regulamentação para a Medalha da Cruz Vermelha.

Desta forma, a mesma passa a ter 3 classes: ouro, prata e cobre. A de ouro destinada a médicos directores de hospitais e ambulâncias, a de prata destinada a médicos, farmacêuticos e às chamadas Damas da CV e as de cobre a enfermeiros, maqueiros, auxiliares, etc.

A fita de suspensão passa a ser branca e azul clara, com listas dispostas em diagonal, continuando a usar-se no lado esquerdo do peito. As concessões continuaram a ser representadas por passadeiras de igual metal da medalha.

Oficialmente, a Medalha da Cruz Vermelha só irá sofrer alterações em 1913. No entanto, acredita-se que nos três anos anteriores, a cor da fita tivesse sofrido, já, alteração, embora não regulamentada.

Em 5 de Outubro de 1910, o regime Constitucional monárquico é derrubado num movimento revolucionário sendo instaurada a República Portuguesa. No dia 15 do desse mês é determinado, por Decreto, que todos os símbolos reais fossem abolidos, assim como os títulos e ordens honoríficas (com excepção da antiga Ordem Militar da Torre e Espada). Pela Lei 635, de 28 de Setembro de 1916 (Constituição Política da República Portuguesa) também as medalhas militares oficiais foram extintas, com excepção da Medalha de prémio ao Mérito, Filantropia e Generosidade (vulgo Medalha D. Maria II) e da Medalha de Serviços no Ultramar.

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A Medalha da Cruz Vermelha, embora oficial não era da responsabilidade

directa do Estado e não apresentava qualquer simbologia do regime deposto. Assim, a mesma continuou a existir tendo somente mudado as cores da fita. Recorde-se que o branco / azul claro eram as cores da bandeira do Reino de Portugal.

As cores da fita poderão ter sofrido alterações nos primeiros tempos da implantação da República. Esta dedução baseia-se apenas em fotografias da época, não tendo até ao momento, sido encontrado qualquer regulamentação de suporte. No entanto, e por ser de mais fácil referenciação, passa-se a considerar essa mudança como oficial em 1913.

Com os novos Estatutos da SPCV, aprovados por Decreto de 31 de Maio de 1913, no seu Capítulo VIII – “Das Recompensas e Distintivos”, a Medalha não sofre grande alterações, a não ser o facto do padrão da fita passar a ser de cor vermelha, tendo a 4mm de cada bordo uma lista branca de 3mm.

Pelo Decreto 3.104, de 21 de Abril de 1917 – Regulamento Geral do Serviço de

Saúde da SPCV (elaborado à luz da I Guerra Mundial e atendendo ao esforço nacional de mobilização), o pessoal activo da SPCV é equiparado ao pessoal do Serviço de Saúde militar ficando sujeito às leis e regulamentos militares. No Capítulo “Recompensas”, são feitas novas alterações à Medalha da Cruz Vermelha, ao módulo em si, à fita e à forma de a usar. Quanto ao cunho da medalha somente o reverso sofre alteração, passando a ter a inscrição “Serviço de Saúde da Sociedade Portuguesa da Cruz Vermelha”. A fita passa a ser branca, tendo a 4mm de cada bordo, uma lista vermelha de 3mm, cujo padrão se mantém até hoje.

A medalha de ouro passa a ser concedida por serviços distintos prestados por Capitães e Oficiais Superiores (ou equiparados da SPCV) que tenham exercido funções de direcção e/ou chefia em campanha. A medalha de prata é destinada a Oficiais do quadro das Companhias de Saúde da SPCV e a de cobre a todos os outros postos (Sargentos e Praças) e a auxiliares. Fica igualmente estipulado que esta medalha só será concedida uma segunda vez se na fita da primeira já existirem 4 passadeiras.

Como medida transitória, os agraciados são informados que só deverão alterar a cor da fita e não providenciar a troca da medalha.

No entanto, acredita-se que este novo modelo, talvez, nunca tenha chegado a existir, pois não se conhece até ao momento qualquer exemplar (com reverso alterado) em colecção particular ou institucional. A ter existido, o modelo terá tido uma duração efémera, uma vez que em 1918 é novamente alterado. A dar força a esta dedução acresce o facto de terem sido muito poucas as concessões ocorridas durante este período (de cerca de um ano). Além que, a publicação do diploma de concessão, a vinda dos agraciados de campanha e a própria imposição de insígnias era um processo moroso.

Com o Decreto 4.551, de 22 de Junho de 1918, é criado o novo Regulamento de

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recompensas da SPCV que, basicamente, transforma as condecorações da CVP num sistema complexo, do tipo Ordem Honorífica, com 8 graus:

Placa de Honra Cruz Vermelha de Benemerência Cruz Vermelha de Mérito Cruz Vermelha de Dedicação Cruz de Assiduidade Medalha de Serviços Distintos Medalha de Louvor Medalha de Agradecimento No que respeita a este artigo, a até então Medalha da Cruz Vermelha passa a

denominar-se Medalha de Serviços Distintos da Cruz Vermelha. O anverso e reverso desta nova medalha (de 32mm de diâmetro) muda, assim

como o tipo de suspensão, deixando de ser do tipo barra horizontal para passar a ser do tipo anel.

O anverso apresenta a cruz da Convenção de Genebra tracejada ao alto entre as legendas “Inter Arma Caritas” e “Serviços Distintos”. O reverso tem inscrito dentro de uma coroa de folhas de oliveira a legenda “Sociedade Portuguesa da Cruz Vermelha”.

Todas as condições de concessão estabelecidas em 1917 mantêm-se, assim como o padrão da fita de suspensão. Continua igualmente em vigor a determinação de que, após uma 4ª concessão (1 medalha / 4 passadeiras), deverá ser concedida uma segunda medalha para albergar a 5ª passadeira. No entanto, outros pontos são esclarecidos tais como: os Oficiais agraciados anteriormente como Praças continuam a usar as passadeiras e medalhas em cobre; os Oficiais com medalhas de cobre só as deverão substituir por outras de prata quando forem novamente agraciados (já como Oficiais) continuando a usar as originais passadeiras de cobre. Se os Oficiais tiverem 4 passadeiras de cobre usarão sempre a medalha de cobre com essas passadeiras e caso sejam agraciados uma 5ª vez (prata) receberão então uma medalha e passadeira de prata.

Este é o modelo mais amplamente concedido para premiar diversas acções em Portugal e além fronteiras. No entanto, em 1925, este foi novamente alterado.

Pelo Decreto 11.015, de 30 de Julho de 1925, é aprovado o novo Regulamento de Condecorações da CVP que continua a prever os 8 graus. Em relação a 1918 não se verificam grandes alterações à regulamentação da Medalha de Serviços Distintos da CVP tendo sido somente decretado que a ordem das passadeiras teria que ser cronológica (das acções em si e não das concessões), de cima para baixo.

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A principal alteração na medalha ocorre no seu reverso, ou seja, entre as folhas

de oliveira apresenta, agora, a legenda “Cruz Vermelha Portugueza”, e a suspensão da fita passa a ser garantida pelo sistema do tipo bola, embora nos desenhos, em anexo, ao Regulamento, não constasse esta alteração.

Este Regulamento vai estar em vigor cerca de 75 anos ! No entanto, o último registo de concessão desta medalha ocorreu em 1933 e refere-se a uma medalha de prata com a passadeira “Moçambique 1916-1917”.

O novo Regulamento de Condecorações da CVP, actualmente em vigor, foi autorizado pelo Decreto-Lei 169/99, de 19 de Maio. Este diploma legal veio finalmente actualizar a concessão destas condecorações, de acordo com os novos Estatutos da CVP que sofreram várias alterações.

Assim, apesar de se manterem os mesmos 8 graus, a Medalha de Serviços Distintos da CVP vai agora ocupar o segundo grau da hierarquia, logo a seguir à Placa de Honra da CVP.

Esta medalha passa a ter somente dois graus: ouro e prata. O primeiro destinado aos Quadros da CVP com responsabilidades de direcção ou chefia e o segundo aos restantes elementos. O padrão da fita de suspensão mantém-se e nos desenhos anexos ao regulamento continua a constar uma passadeira, sem legenda. No entanto, a lei é omissa quanto à obrigatoriedade de passadeiras com a concessão desta medalha.

O módulo da medalha sofre mais uma alteração passando o anverso a ter somente a legenda “Serviços Distintos” por cima da cruz da Convenção de Genebra. O reverso mantem-se inalterado.

A Medalha de Serviços Distintos da CVP que, desde da sua origem tinha como objectivo premiar serviços distintos de excepcional mérito, cedo passou a ser de concessão generalizada e a funcionar mais como uma medalha comemorativa.

Ainda assim, esta continua a ser um marco na história da falerística portuguesa pelo facto de algumas dessas acções serem pouco conhecidas para a maioria dos portugueses e de nunca terem sido alvo de passadeiras similares na Medalha Comemorativa das Campanhas do Exército Português, exceptuando as referentes à Grande Guerra: “França 1917-1918”, “Angola 1914-1915” e “Moçambique 1914 a 1918” e a de duas campanhas coloniais, anteriores, que foram criadas para serem aplicadas na mais antiga Medalha Rainha D. Amélia: “Moçambique 1894-95” e “Índia 1895”.

Do que me foi dado a observar, o uso da medalha com um máximo de 4 passadeiras, nunca foi considerado – o Coronel Afonso de Dornelas, Inspector do Corpo Activo e Secretário-Geral da CVP, o elemento mais condecorado dos Quadros da CVP, usa as suas 10 passadeiras (nove de ouro e uma de prata) na mesma medalha. Existem outros exemplos que demonstram esta prática.

É de referir que o facto das passadeiras serem feitas na Casa da Moeda leva a que não existam muitos exemplares no mercado, como acontece quando as casas co-

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merciais são responsáveis pela sua produção. Exemplo disso, são algumas passadeiras referentes à Medalha Comemorativa das Campanhas do Exército Português.

Para se ter uma melhor percepção do número de concessões referentes a cada

uma das acções, apresenta-se um Quadro sinóptico com as cerca de 1950 concessões ocorridas durante o período de vida activa da medalha.

Bronze Ouro Prata Cobre Total

Moçambique, 1891 13 [ 1 ] [ 2 ] [ 10 ] 13

Moçambique, 1895 52 [ 1 ] [ 5 ] [ 46 ] 52

Índia, 1895 5 [ 4 ] [ 1 ] 5

Revolução, 5-Outubro-1910 1 8 32 41

Veronese, 1913 1 94 112 207

Castro Laboreiro, 1914 7 23 30

Operações em Mafra, 21-Outubro-1914 1 3 15 19

Revolução 14 Maio, 1915 1 45 162 208

Sul d' Angola, 1915 6 8 14

Moçambique, 1916-1917 12 11 23

Revolução 5-12-1917, Lisboa 1 30 139 170

Ambleteuse 1917-1919, França 1 56 25 82

Gripe pneumónica, 1918 2 90 410 502

Operações em Santarém, 16-Janeiro-1919 1 2 47 50

Tomada do Monsanto, 24-Janeiro-1919 1 16 112 129

Castelo de S. Jorge, 22-Fevereiro-1919 1 8 22 31

Operações no Norte, 1919 2 30 175 207

Revolta Militar de Lisboa, 18-4-1925 8 40 48

Revolução de Fevereiro, 1927 2 14 111 127

TOTAL 70 15 429 1444 1958

Observações: Os números entre os parênteses rectos indicam que as concessões originais em

bronze foram mais tarde, quando da alteração do regulamento, trocadas por outras de diferente metal (ou equivalente).

Este é um dos resultados de uma pesquisa detalhada e do cruzamento de

informações de várias fontes documentais, muitas delas às vezes contraditórias.

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Assim, tendo por base a publicação oficial das concessões (em Diários de

Governo, Ordens à Armada, Ordens do Exército e Boletins Militares do Ultramar), os 5 Livros de Registo da Medalha de Serviços Distintos da CVP e as respectivas fichas individuais (existentes no Serviço Histórico-Cultural da CVP) e os relatórios oficiais das ditas acções (maioritariamente publicados nos Boletins Oficiais da CVP), foi possível criar uma Base de Dados com os nomes (postos e funções) dos cerca de 1150 agraciados uma única vez com esta medalha e dos 275 agraciados com múltiplas atribuições (e que no conjunto partilharam 814 passadeiras). Casos há, em que a publicação oficial é enganosa, pois terá havido troca de passadeiras, para além de se terem verificado, também, erros tipográficos nos nomes dos agraciados. Com esta Base, é possível, igualmente, constatar o grau de raridade das várias passadeiras (e modelos de medalha), concedidas tanto a homens como a mulheres.

Algumas das passadeiras são verdadeiramente raras, quer sejam dos graus ouro, prata ou cobre. No entanto, mais raros ainda, são os respectivos Diplomas de concessão.

No topo destas pequenas raridades está a medalha de ouro, do Coronel equiparado da CVP, Afonso de Dornelas, que possui a excepcional combinação de 9 passadeiras de ouro e 1 de prata. Recorda-se que 2 de ouro foram-lhe concedidas por troca de outras em prata, já anteriormente recebidas.

Felizmente, esta medalha faz parte da minha colecção, assim como alguns dos seus Diplomas de concessão das passadeiras (entre outras peças curiosas), estando assim perservadas a sua integridade e memória.

É de referir uma outra medalha com a combinação de 2 passadeiras em prata e 8 em cobre (incluindo a referente ao distante “Sul d’Angola 1915”), do Tenente equiparado da CVP (Ambulâncias de Lisboa), Manuel Rodrigues e a uma medalha com a combinação de 9 passadeiras em cobre, do 1º Sargento Enfermeiro (Ambulâncias de Lisboa) Jorge Parreira, que entre outras inclui a referente à sua participação nos campos de batalha da Flandres, "Ambleteuse, 1917-1919, França".

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Coronel equiparado da CVP Afonso de Dornelas

(o sonho de qualquer coleccionador de Falerística)

Medalha de ouro de Serviços Distintos da CVP com nove passadeiras “ouro” e uma “prata” (modelo 1918) Coronel equiparado da CVP Afonso de Dornelas

Diploma de concessão da Medalha de ouro de Serviços Distintos da CVP com a

passadeira “Revolução Fevereiro 1927” Concedida ao Major equiparado da CVP

Afonso de Dornelas (Lisboa, 15 de Setembro de 1928)

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Comissário da CVP Artur Luís Pimenta (Medalha de Serviços Distintos da CVP (modelo 1917) com passadeira de cobre “Revolução 14 de Maio 1915”

Enfermeiro 1ª classe, Delfim Lyon (Medalha de Serviços Distintos da CVP (modelo 1913) com passadeira de cobre “Veronese 1913”

Diploma de concessão da Medalha de prata de Serviços Distintos da CVP com a passadeira “Revolução, 5-12-1917 - Lisboa” Concedida à Enfermeira Maria de Jesus Souza (Lisboa, 30 de Julho de 1918)

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Medalha (de bronze) da Cruz Vermelha com passadeira “Moçambique 1891” (modelo 1893)

Gravura anexa ao Boletim Oficial da CVP - Estatutos de 1908 –

Condecorações da SPCV, incluíndo a Medalha da Cruz Vermelha

com passadeira “Moçambique 891” (modelo 1908)

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Medalha de prata de Serviços Distintos da CVP com passadeira “Veronese 1913” (modelo 1913)

Medalha de prata de Serviços Distintos da CVP com passadeira

“Ambleteuse 1917-1919, França ” (modelo 1918)

Medalha de cobre de Serviços Distintos da CVP com passadeira “Revolução de Fevereiro, 1927 ” (modelo 1925)

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ACÇÕES / PASSADEIRAS DA MEDALHA DA CRUZ VERMELHA

“Moçambique, 1891”

Em Novembro de 1890, forças da British South African Company (da responsabilidade de Sir Cecil Rhodes), na sequência de outros pequenos episódios e tensões regionais, sairam de Fort Salisbury para ocupar militarmente a região de Manica, em Moçambique.

De imediato ocorreram levantamentos na metrópole e Lourenço Marques, como resposta a mais essa afronta da “velha-aliada” Inglaterra, que dizia-se, estar a preparar na cidade do Cabo, uma expedição de 5.000 homens para invadir também a Beira (Moçambique).

Portugal enviou um Corpo expedicionário a Moçambique (sob o Comando do Capitão-Tenente Azevedo Coutinho), do qual fazia parte a chamada Ambulância da CVP, tendo embarcado o seu primeiro contigente no Vapor Malange, no dia 15 de Janeiro de 1891, com destino à Beira. Mas foram os civis voluntários e algumas forças coloniais mobilizadas, genericamente chamados de Expedição de Voluntários de Lourenço Marques, sob o Comando do Major Caldas Xavier, que tiveram um papel preponderante na manutenção da integridade das nossas fronteiras. A sua intrepidez e rápida manobra surpreenderam as forças opositoras no terreno, e no chamado Combate de Macequece chegaram a haver confrontos com artilharia colonial britânica e alguns guerreiros negros sublevados pelos britânicos.

Os voluntários portugueses em número diminuto foram obrigados a retirar para a Beira (para se juntarem à coluna vinda da metrópole) mas entretanto Londres, decidiu intervir e Sir Cecil Rhodes recebeu ordens para suspender de imediato a expedição em terras portuguesas, tendo mais tarde, sido redefinidas as fronteiras coloniais.

“Moçambique, 1895”

No século XIX, o Império dos Vátuas era um dos mais importantes da África Oriental e, tinha uma extensão territorial muito dentro das fronteiras da colónia portuguesa de Moçambique. O seu Imperador, o famoso Gungunhama, numa primeira fase prestou vassalagem a Portugal. No entanto, alguns tempos depois, instigado por outras potências coloniais, revolta-se e intensifica os ataques aos colonos e tropas portuguesas, assim como às tribos cooperantes com Portugal.A metrópole começa então, a organizar uma grande expedição militar (onde foi incluida uma Ambulância da CVP, que prestou louváveis serviços) de reforço à guarnição provincial. Após alguns confrontos violentos e de incerto resultado, em 1895, nos campos de Chaimite, Mouzinho de Albuquerque derrota as forças de Gungunhama e acaba por o aprisionar, garantindo alguma estabilidade na região.

Referência ainda, para o facto da missão de SPCV ter sido facilitada pela completa abnegação de várias freiras da Congregação de S. José de Cluny, que se juntaram ao esforço de auxílio a feridos e doentes.

“Índia, 1895”

Os problemas inerentes à revolta dos soldados Maratas (do Exército português do Estado da Índia) e à rebelião dos chefes locais Ranes, acabaram por transbordar para o cenário político-partidário da metrópole. É decidido enviar uma expedição militar de Portugal comandada pelo Príncipe Infante D. Afonso Henriques (irmão do Rei D. Carlos I) e, entre outras unidades engloba um pequeno contigente da responsabilidade da CVP.

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Esta expedição militar vai-se mostrar difícil, tanto militar como politicamente (a

gigantesca Índia britânica estava atenta a qualquer falha que justificasse uma ocupação dos territórios por motivos de segurança) mas por fim, a calma é restaurada e o princípe, entretanto nomeadado Vice-rei da Índia, concede amnistia aos revoltosos e garante algum tempo de paz no território asiático.

“Revolução, 5-Outubro-1910”

Em 1910, após uma primeira tentativa frustada de revolta militar republicana (o movimento do 31 de Janeiro de 1891, no Porto) e toda uma série de pequenos pronunciamentos republicanos e do próprio regicídio de 1908, estavam reunidas as condições para uma nova e derradeira revolução para depor com o sistema constitucional monárquico em vigência.

Esta revolução militar, ocorrida de 4 para 5 de Outubro de 1910, assumiu em Lisboa e na margem Sul do rio Tejo (Barreiro) proporções deveras preocupantes raiando quase uma guerra civil onde além das forças do exército e marinha havia muitos civis envolvidos.

Em ambas as “frentes” a CVP esteve presente e montou hospitais de sangue, mas foi sem dúvida, uma das suas actuações mais marcantes aquela desempenhada no centro da capital, no Rossio, e em especial junto aos feridos dos combates da Rotunda.

“Veronese, 1913”

O Veronese era um cargueiro inglês que, além de muita mercadoria, trazia a bordo cerca de 200 pessoas entre tripulantes e passageiros e, devido a uma tempestade imensa, encalhou a meio da noite do dia 16 de Janeiro de 1913, nos rochedos da praia da Nª Srª da Boa Nova, em Leixões.

Este naufrágio e subsequente operação de salvamento foi considerado histórico e de referência por toda a Europa, nomeadamente pelo inovador uso do cabo vaivém, com a chamada “bóia-calção”.

Na madrugada desse mesmo dia, após ter sido dado sinal de alarme, ocorreram à dita praia, Bombeiros, elementos da CVP (ambulâncias do Porto), polícias, militares e povo em geral para ajudar nas operações de resgate. Em condições climatéricas extremamente difíceis, com ondulação de mais de 10 metros e no meio de rochedos a 300 metros da praia, após 52 horas ininterruptas de serviço do cabo vaivém, são salvos 98 náufragos, e outros 102 serão ainda recolhidos por 2 Salva-vidas do Instituto de Socorros a Náufragos – acabando somente por morrer 19 pessoas.

“Castro Laboreiro, 1914”

Em 1914, grassou no extremo norte do país, e mais concretamente na freguesia de Castro Laboreiro, uma terrível epidemia de febres tifoídes, que provocou dezenas de vítimas, até porque no início da mesma, as populações viram-se abandonadas e sem qualquer apoio médico local.

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O Governador Civil de Castelo Branco accionou os mecanismos necessários e

mobilizou a Coluna auxiliar (Ambulância da CVP de Castelo Branco), que rapidamente chegou ao terreno e instalou um Hospital de campanha para tifosos. Os seus serviços, que foram pioneiros no tipo de apoio e de organização, foram considerados de grande coragem, dedicação e altruísmo.

"Operações em Mafra, 21-Outubro-1914"

Na noite de 20 para 21 de Outubro de 1914, ocorrem movimentos revolucionários em Mafra e Bragança manifestado-se contra a participação de Portugal na Grande Guerra, que parecia estar eminente.

O pronunciamento militar de Mafra, por estar mais perto de Lisboa, acabou por preocupar mais as forças governamentais que rapidamente o tentaram subjugar. Para apoiar aos feridos foi mobilizada uma coluna automóvel da CVP.

“Revolução 14 Maio, 1915”

Em Maio de 1915, como resposta à “ditadura militar” do ministério do general Pimenta de Castro, muitos dos seus opositores, nomeadamente Unionistas e Democráticos, começam a articular uma forma de depor o sistema. As desordens, tumultos e greves sucedem-se e conspira-se publicamente para que fosse reposto o cumprimento da Constituição de 1911.

Alguns militares do Exército organizaram-se e formaram a chamada Junta Revolucionária, à qual se juntaram muitos militares da Armada.

Foi uma revolução particularmente violenta e com o apoio da sociedade civil e que ao fim de 3 dias conseguiu os seus intentos.

Mais uma vez, a CVP montou vários postos de socorro e hospitais de sangue em Lisboa o que provou ser providencial para a salvação de dezenas de feridos.

“Sul d’Angola, 1915”

Desde 1914 problemas fronteiriços entre esta colónia portuguesa e o chamado Sudoeste Africano Alemão (actual Namíbia) eram uma constante, o que provocou a mobilização em Portugal de algumas expedições militares de reforço à colónia africana.

Em 1915, a CVP, acompanhando a 2ª expedição militar, enviou para Moçâmedes (Angola) uma Formação Sanitária que ali permaneceu durante 5 meses até ao fim das hostilidades. A CVP organizou o Hospital Militar de Lubango, onde foi dado apoio a inúmeros doentes. Como o Hospital estava muito na rectaguarda da zona de operações, o número de feridos a assistir foi reduzido.

“Moçambique, 1916-1917”

Também em Moçambique, desde 1914, existiam problemas fronteiriços com a colónia alemã vizinha (África Oriental Alemã, actual Tanzânia), nomeadamente a ocupação da região do Quionga. Várias expedições militares se organizaram destinadas a defender as fronteiras e a combater as forças coloniais alemãs do mítico Von Lettow.

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A Ambulância da CVP acompanhando as tropas (3ª expedição militar) que iam

defender as fronteiras delimitadas pelo rio Rovuma (Norte de Moçambique), chegou a Lourenço Marques em Junho de 1916 tendo seguido para Porto Amélia onde cerca de 300 doentes já aguardavam a sua chegada. Esta Unidade permaneceu cerca de 6 meses no terreno cuidando perto de 1500 doentes.

Em 1917 a Delegação da CVP de Lourenço Marques procedeu à montagem de 5 hospitais de campanha situados em Palma, Mocimboa da Praia, Chomba, Patchitinembo e Nacature, onde foram hospitalizados cerca de 2000 homens e assegurado o transporte para os Hospitais de Lourenço Marques perto de 9000 doentes e feridos de guerra.

“Revolução 5-12-1917, Lisboa”

O movimento político-militar conhecido na História de Portugal como “Dezembrismo” ou “Sidonismo” foi protagonizado pela Junta Revolucionária (chefiada pelo Major Sidónio Pais), e essencialmente passou por um agrupar de forças leais a este Oficial na zona do Parque Eduardo VII, que acabaram por resistir aos ataques governamentais e bombardeamentos navais. Ao fim de 3 dias, Sidónio Pais é levado ao poder, substituíndo o Dr. Afonso Costa como Chefe de Governo e um pouco mais tarde, acaba também, por acumular as funções de Presidente da República, após a destituição do Dr. Bernardino Machado.

Sidónio Pais, Oficial do Exército, de reconhecido mérito académico, foi de 1912 a 1916, Embaixador de Portugal em Berlim e reconhecido Germanófilo, numa altura em que Portugal e Alemanha mantinham uma hostilidade latente. Sidónio é alvo de criticas dada a sua atitude germanófila, mas a verdade é que nunca mais marcharam tropas para França para recompletar e substituir as que já lá se encontravam com o Corpo Expedicionário Português, o que muito dificultou a sua acção, que acaba por culminar nas conhecidas consequências da batalha de La Lys.

“Ambleteuse 1917-1919, França”

Apesar do clima de tensão existente entre Portugal e os Impérios Centrais (até por força da longa aliança com Inglaterra) que estiveram na origem dos conflitos armados nas colónias africanas, a verdade é que a Alemanha só declarou guerra a Portugal em 1916. Essa declaração de guerra aconteceu após a apreensão dos navios mercantes alemães internados em portos nacionais, e que tão necessários eram para o esforço de guerra aliado.

Entre outras medidas, Portugal conseguiu mobilizar, num esforço titânico, um contigente militar de cerca de 55.000 homens que enviou para a frente francesa, o CEP (Corpo Expedicionário Português).

Com o CEP seguiu também a Formação Sanitária da SPCV, que ficou com a responsabilidade de instalar um Hospital com 300 camas na Base de Operações, em Ambleteuse (Pas de Calais). Este Hospital de Ambleteuse e outros hospitais chamados de sangue, estiveram activos de Abril de 1917 (data da inauguração do mesmo, edificado e mantido por subscrição pública aberta pela SPCV), até depois do armistício, tendo sido efectuadas várias operações cirúrgicas e milhares de internamentos. A SPCV ainda funcionou como organizadora do serviço de correspondência, encomendas e valores aos militares portugueses prisioneiros de guerra dos alemães.

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“Gripe pneumónica, 1918”

Este memorável e triste ano de 1918 não só foi o mais mortífero da Grande Guerra (em especial nos campos de batalha da Flandres e de Moçambique), mas também porque chegava a Portugal, a terrível epidemia de Gripe penumónica que irá grassar até 1919, fazendo cerca de 103.000 vitímas mortais. A nível mundial, uma estirpe virulenta de gripe (internacionalmente chamada Gripe espanhola), irá ter contornos de pandemia, sendo que em algumas regiões irá durar até 1921 e a estatística geral aponta para mais de 18 milhões de vitímas mortais !

Entre outro tipo de assistência médica, a CVP montou e organizou os dois Hospitais de epidemiados, um deles em Amarante (1918) e outro em Lisboa (1918-1919), além de ter assegurado as imensas evacuações sanitárias necessárias.

“Operações em Santarém, 16-Janeiro-1919”

Em Janeiro de 1919, ocorrem várias revoltas militares, nomeadamente, em Lisboa e Covilhã, que entretanto são dominadas. No entanto, a guarnição militar de Santarém, despoleta um movimento revolucionário de carácter republicano (que entre outras coisas pretendia restabelecer a Constituição de 1911), conduzindo a graves confrontos com o Exército, em toda a zona do Vale do Tejo e que duraram alguns dias, culminando no dia 16 de Janeiro com a rendição da cidade, após violentos bombardeamentos e as munições dos defensores se terem esgotado.

O CVP montou o Hospital de Sangue no Cartaxo, com o apoio das formações sanitárias da CVP de Lisboa e Coimbra, e como lhe competia estatutariamente, prestaram assistência aos feridos dos dois lados da contenda.

“Operações no Norte, 1919”

A 19 de Janeiro de 1919, com o apoio de algumas unidades militares, a Monarquia é proclamada no Porto sendo organizada a Junta Governativa do Reino, sob a direcção de Paiva Couceiro (que já em 1911-12, havia tentado 2 incursões monárquicas pelo Norte de Portugal). Este movimento político-militar ficará conhecido por “Monarquia do Norte” e cria uma autêntica situação de guerra civil, tendo sido declarado o estado de sítio em todo o território nacional.

De imediato, surgem alguns movimentos populares de apoio a ambas as causas, nomeadamente na capital onde a resposta é imediata, tendo sido criados os chamados Batalhões de Voluntários para combaterem a insurreição monárquica que, de uma forma depreciatória é chamada de “Traulitânia”.

Os confrontos militares são de alguma violência (recorda-se que havia um grande número de veteranos de guerra de França e África entre ambos os lados beligerantes), em especial em Trás-os-Montes e no litoral centro, onde a Armada Portuguesa participa com bombardeamentos da costa e de onde as forças governamentais dirigem-se para o Porto entram na cidade e terminam com a “Monarquia do Norte”

Além das colunas automóveis de apoio a evacuações, a SPCV vai montar e organizar vários hospitais de sangue em diversas localidades, como sejam, Coimbra, Aveiro, Águeda, Mealhada e Oliveira de Azeméis.

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“Tomada do Monsanto, 24-Janeiro-1919”

Aproveitando a situação de tensão vivida no Norte do País com a chamada “Monarquia do Norte”, acontecem outros levantamentos militares pró-monárquicos nos arredores de Lisboa. Este movimento (sob o liderança do ilustre Aires de Ornelas) acaba por ser controlado e derrotado no Forte do Monsanto e a 24 de Janeiro, as tropas governamentais conseguem a muito custo, e ao fim de muitos duelos de artilharia e ataques e contra-ataques, a tomada da posição fortificada e a revolta monárquica é subjugada em Lisboa.

A CVP que preparava uma coluna para ir para Coimbra, foi desviada da sua missão e juntamente com os seus aliados, os Bombeiros Voluntários Lisbonenses, cuidaram de centenas de feridos vitimados pelos violentos bombardeamentos e confrontos que ocorreram na zona do Monsanto.

“Castelo de S. Jorge, 22-Fevereiro-1919”

Ainda em sequência de todos os acontecimentos que se percipitavam a uma velocidade vertiginosa, e após a mudança de Governo (onde são afastados os ministros ditos Sidonistas), acontecem toda uma série de manifestações populares em Lisboa. Após uma troca de tiros com alguns polícias que estavam na Rua do Arsenal, o povo atacou as esquadras de polícia da Capital e obrigou o governo a determinar o desarmento dessa força. No dia seguinte, populares armados e marinheiros, atacaram o Regimento de Infantaria 33 (unidade rotulada como Sidonista e que estava aquartelado no Castelo de S. Jorge). Aconteceram bombardeamentos intensos mas, felizmente, sem grande número de vítimas até porque os efectivos da CVP presentes na cidade eram muito reduzidos (pois estavam praticamente todos para o Norte do país). Após intervenção do governo, a unidade foi transferida para o Algarve e voltou a acalmia relativa à cidade.

“Revolta Militar de Lisboa, 18-4-1925”

Nos finais de 1924 a I República agonizava e muitas forças pretendiam acabar com o ambiente caótico que se vivia em Portugal, no qual a classe política era o perfeito exemplo de ineficiência.

A 18 Abril de 1925 o General Sinel de Cordes organiza um golpe estritamente militar (sem civis armados), preparando a população através de uma campanha de propaganda jornalística, que acaba por eclodir em Lisboa. São poucas as unidades militares que se juntam aos revoltosos até porque o programa político era indefenido. A sociedade civil reagiu e radicalizou posições e rapidamente bandos de civis armados de bombas começam a cercar as unidades revoltosas, aos quais se juntaram unidades vindas da província.

Os encontros armados acontecem e após intensos bombardeamentos os revoltosos acabam por se render quando vêem que as restantes unidades previstas não se juntam.

No entanto, este movimento ocorrido em Lisboa, foi só o prenúncio da bem sucedida Revolução de 28 de Maio de 1926, que irá “criar” a ditadura militar conduzindo Portugal para o período do chamado Estado Novo.

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“Revolução de Fevereiro, 1927”

Após a instauração da ditadura militar, consequente da Revolução do 28 de Maio de 1926, alguns militares descontentes com a situação e liderados pelo General Sousa Dias, revoltam-se no Porto. Estes exigem a demissão do governo e o regresso à Constituição de 1911 e rapidamente conseguem que algumas outras unidades do Norte do País, Algarve e Lisboa (incluíndo unidades da GNR e Armada) se juntem ao seu movimento. No entanto, as forças leais ao governo vão ganhando posição com o apoio de bombardeamentos aéreos acabando por controlar a situação. Nestes confrontos morreram cerca de 70 pessoas no Porto e 50 em Lisboa. A CVP, mais uma vez, irá estar presente, através das suas Formações Sanitárias de Lisboa e Porto na assistência aos feridos e nas negociações de tréguas entre as partes.

BREVE BIOGRAFIA DE AFONSO DE DORNELAS

É dificil resumir em poucas palavras a intensa vida do ilustre Afonso de Dornelas visto

esta ter sido tão rica e activa em tantas áreas do conhecimento académico e da vida social da sua época.

A sua bibliografia inédita é composta por várias dezenas de trabalhos sobre Genealogia, Heráldica, História, Arqueologia entre outros científicos e artísticos, e é por si própria convidativa a outros tantos estudos temáticos sobre a sua valiosa biografia.

De uma forma sucinta, iremos realçar alguns momentos chaves da sua vida, bem como

algumas funções desempenhadas e situações de reconhecimento público de que foi alvo. Afonso de Dornelas, de nome completo Afonso de Dornelas Cisneiros, nasceu em

Lisboa a 29 de Fevereiro de 1880. Ainda como estudante, assentou praça no Regimento de Caçadores 6 (em Leiria) em 1897 e em 1899, já como Sargento, integrou esta unidade na sua deslocação a Moçambique, em consequência da guerra Anglo-Boer, e de onde regressou com a classificação de Atirador de 1ª classe.

Entrou ao serviço da SPCV em 1909, e desde 1913 passa a fazer parte das formações sanitárias desta benemérita instituição, onde acaba por chegar a Coronel equiparado e exercer as mais altas funções operativas, nomeadamente, como Inspector do Corpo Activo e Secretário-Geral.

Durante a Grande Guerra como Delegado da CVP no Ministério da Guerra procedeu à montagem de hospitais de sangue em Angola, Moçambique e França. Em 1918 é nomeado pelo mesmo Ministério, Vogal da Comissão Central de Informações sobre Prisioneiros de Guerra e ainda Delegado do Alto Comissariado de Saúde, com a missão de dirigir, em Lisboa, os transporte dos epidemiados de 1918. De salientar a sua participação activa junto aos Quartéis-Generais quando das tentativas de revoltas monárquicas, sem esquecer o seu protagonismo na montagem e funcionamento do Hospital para tifosos (Porto, 1918), Hospitais para epidemiados (em Amarante e Lisboa, 1918-1919), Hospital Militar em Lisboa (Junqueira, 1918-1919) e Orfanato em Lisboa (1918-1921).

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Nomeado representante português junto a várias comissões e instituições científicas

estrangeiras, além de ter fundado o Instituto Português de Heráldica e o Conselho Nobiliárquico de Portugal, foi ainda Presidente da Secção de Heráldica da Associação dos Arqueólogos Portugueses tendo literalmente modernizado esta forma do saber e de representar o simbólico.

Por várias vezes foi louvado, nomeadamente pelos serviços desempenhados quando da Revolta do Cruzador Vasco da Gama, pelo apoio ao o desembarque das tropas do CEP (Corpo Expedicionário Português), pelos serviços desempenhados na 2ª Guerra Mundial, tendo dirigido a montagem e funcionamento do Hospital provisório da Gare Marítima de Alcântara quando da realização da troca de Prisioneiros de guerra feridos e doentes, ingleses e italianos, realizada em 18 de Abril de 1943.

Afonso de Dornelas acabou por falecer em Fevereiro de 1944. Por ser um artigo de Falerística, procuraremos enfatizar as inúmeras condecorações

nacionais e estrangeiras com que foi agraciado, assim como as muitas insígnias e distintivos de instituições académicas e de benemerência com que foi igualmente distinguido. Alerta-se para o facto de poder haver outras Condecorações que foram concedidas a Afonso de Dornelas e por qualquer motivo não se tenha encontrado o averbamento oficial, quer nos arquivos do Exército quer nos da Cruz Vermelha Portuguesa.

Ordens Honoríficas e medalhas portuguesas:

Grande-Oficial da Ordem de Benemerência Comendador da Ordem de Instrução Pública Comendador da Ordem Militar de Cristo Comendador da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada Oficial da Ordem Militar de Cristo Medalha de ouro de Mérito, Filantropia e Generosidade Medalha de prata de Mérito, Filantropia e Generosidade Medalha Militar de prata da classe de Bons Serviços Medalha Militar de cobre da classe de Comportamento Exemplar

Condecorações da CVP:

Placa de Honra da CVP Cruz Vermelha de Benemerência da CVP Cruz Vermelha de Mérito da CVP Cruz Vermelha de Dedicação da CVP Cruz de Assiduidade de cobre da CVP Cruz de Assiduidade de prata da CVP Cruz de ouro de Comportamento Exemplar com Assiduidade da CVP Medalha de ouro de Serviços Distintos da CVP, com as passadeiras: "Operações em Mafra, 21-Outubro-1914" - ouro "Revolução 14-Maio, 1915" - ouro "Revolução 5-12-1917, Lisboa" - ouro "Gripe pneumónica, 1918" - ouro "Operações em Santarém, 16-Janeiro-1919" - ouro

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"Tomada do Monsanto, 24-Janeiro-1919" - ouro "Castelo de S. Jorge, 22-Fevereiro-1919" - ouro "Operações no Norte, 1919" - ouro "Revolta Militar de Lisboa, 18-4-1925" - prata "Revolução de Fevereiro, 1927" - ouro Medalha de Louvor da CVP (com número 11 na travinca) Medalha de Agradecimento da CVP Cruz Comemorativa do 60º aniversário da fundação da CVP

Condecorações espanholas:

Grande-Oficial da Ordem Civil de Alfonso XII de Espanha Comendador da Ordem de Mérito Militar, distintivo branco Comendador da Ordem de Mérito Naval, distintivo branco Comendador da Ordem de Isabel, a Católica Grande Placa de Honra e Mérito da CV Espanhola Medalha de prata comemorativa da coroação do Rei Alfonso XIII Medalha de ouro da CV Espanhola Medalha de prata da CV Espanhola Medalha de ouro comemorativa dos 200 anos do bombardeamento e assalto da Vila de Brihuega e batalha de Villaviciosa Medalha de prata comemorativa do 1º Centenário da reconquista da cidade de Vigo

Condecorações de outras nacionalidades:

Cuba - Medalha de Honra e Mérito da CV Cubana Chile - Medalha de prata do 4º centenário do descobrimento do Estreito de Magalhães Bélgica – Medalha de 1ª classe da CV Belga Alemanha (República de Veimar) - Condecoração de 2ª Classe, da CV Alemã

Insígnias e distintivos de Instituições Académicas e de Benemerência:

Medalha de ouro da Real Sociedade Humanitária do Porto Colar da Real Associação Central de Agricultura Portuguesa Colar da Comissão Central do 1º de Dezembro de 1640 Colar do Instituto de Coimbra Colar da Academia de Ciências de Lisboa Medalha da Academia Portuguesa de História Colar da Sociedade de Geografia de Lisboa Medalha de prata da Associação dos Arqueólogos Portugueses França - Cruz de Honra da Academia Latina das Ciências e Literatura de Paris Espanha - Colar da Real Academia de História de Madrid

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Agradecimentos:

Quero aproveitar para agradecer a todos aqueles que, de uma forma ou outra, têm contribuido para a minha constante pesquisa e o aprofundar de conhecimentos.

Assim, agradeço a excelente colaboração prestada pela Drª Leonor Brandão de Mello e Senhora Luísa Nobre, do Serviço Histórico-Cultural da CVP e ainda o apoio dos meus amigos e grandes coleccionadores de militaria, Dom Vasco Xavier Teles da Gama, Leonildo Ponçe de Almeida, José Manuel Trindade e João Pedro Teixeira, com quem tenho partilhado as minhas alegrias, dúvidas e anseios.

Os meus agradecimentos ao Doutor Humberto Nuno de Oliveira, meu Professor de História Política e Diplomática de Portugal e consócio da OMSA (Orders and Medals Society of America), por me ter possibilitado, agora, a oportunidade de publicar este artigo em português, uma vez que o mesmo iria ser editado numa revista norte-americana da especialidade (Journal of the OMSA).

Uma palavra, ainda, de reconhecimento para com alguns amigos e colegas do Instituto Geográfico Português, nomeadamente ao António Pereira, pela sua grande e constante disponibilidade, à colaboradora e amiga Drª Paula Camacho e à Drª Teresa Monteiro pelo grande e permanente incentivo para aceitar este pequeno desafio e outros...

Bem-hajam !

BIBLIOGRAFIA

ALLEGRO, José Luciano Sollari (1988) – Para a História da Monarquia do Norte. Lisboa: Livros Bertrand

BARATA, General Manuel Themudo e TEIXEIRA, Nuno Severiano (2004) – Nova História Militar de Portugal – Volume 5. Lisboa: Círculo de Leitores

GOMES, Luísa Costa e FIALHO, Gabriel Lobo (1992) – Salva-Vidas, 100 anos do Instituto de Socorros a Náufragos. Lisboa: Quetzal Editores

MARQUES, Capitão Rafael (2000) – Cruz Vermelha Portuguesa. Coimbra: Quarteto Editora MARTINS, General Ferreira (1934) – Portugal na Grande Guerra. Lisboa: Editorial Ática MARTINS, General Ferreira (1945) – História do Exército Português. Lisboa: Editorial

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Goa: Imprensa Nacional Diários de Governos – I e II séries Ordens do Exército – 1ª e 2ª séries Ordens à Armada – Séries A e B Boletins Militares do Ultramar Boletins Oficiais da Cruz Vermelha Portuguesa

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