mecanismo da função produção

Upload: leunardo

Post on 17-Feb-2018

224 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/23/2019 Mecanismo Da Funo Produo

    1/14

    PRODU O

    o Mecanismo da Fun.o de Produo: a Anli-

    se

    dos Sistemas Produtivos do Ponto de Vista

    de um Rede de Processos e Operaes

    Jos Antnio Valle Antunes Jr.

    Mestre em Engenharia de Produo - UFSC

    Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo

    Praa Argentina s/n

    CEP

    90040-020 - Porto Alegre -

    RS

    Palavras Chaves : Gerncia de Produo, Sistema Toyota, Mecanismo Funo de

    Produo

    Key-words : Production and Operations Management, Toyota System, Mechanism

    of

    the Production Function

    RESUMO

    Muitos artigos tm sido escritos e muitos debates tm sido realizados no mundo ocidental, versando

    sobre a problemtica do Sistema Toyota de Produo, tando do ponto-de-vista macoeconmico do de

    senvolvimento das cadeias produtivas, como do ponto-de-vista mais estrito da Engenharia Industrial.

    Porm, o que se percebe, na maioria das vezes, a simplificao do Sistema Toyota de Produo,

    ora tratando-o como sinnimo da idia do Just-in-Time , ora tratando-o como sinnimo da idia do Just

    In-Time/controle da Qualidade Total, passando a idia de que perfeitamente possvel adaptar com fa

    cilidade o JIT,

    ou

    o modelo japons de gesto, ao ocidente.

    No nosso ponto-de-vista, a realidade bem outra, e o que se passa que os gerentes ocidentais es

    to experimentando algumas caractersticas do Sistema Toyota de Produo, tais como, por exemplo, o

    Kanbane

    o JIT, sem compreender em profundidade as razes conceituais do sistema Toyota de Produ

    o e suas implicaes em amplos campos do conhecimento industrial.

    o objetivo central deste trabalho consiste em discutir criticamente um mtodo de anlise para com

    preenso

    de

    sistemas produtivos proposto por Shigeo Shingo; o Mecanismo da Funo de Produo.

    BSTR CT

    Different papers have been presented and many discussions have been realized conceming

    about

    the

    Toyota Production System, from a macroeconomics point of view as well from an Industrial Engineering

    point of view.

    The problem is that most of the time what is shown is a narrow understanding of the Toyota System,

    which is seen as a simple synonymy of Just-in-Time or Just-in-Time/ Total Quality Control. As a result, it

    seems that the Toyota System can be easily implemented

    in

    westem companies.

    In fact, what happens is that westem managers do not understand deeply the main concepts behind the

    Toyota System and its relationship with wide fields of Industrial knowledge.

    The

    main purpose of this pa

    per is to present critically an analysis for the understanding of Production Systems, proposed by Shigeo

    Shingo : the Mechanism of the Production Function.

    33

  • 7/23/2019 Mecanismo Da Funo Produo

    2/14

    PRODUO

    o

    Mecanismo da Funo de

    Produo uma Rede de

    Processos e Operaes

    "Todas

    as

    produes podem ser com

    preendidas como uma rede funcional

    de processo e operaes Naturalmen

    te, o Sistema Toyota de Produo no

    uma exceo" (Shigeo Shingo).

    O

    ponto de

    partida

    para

    a apresentao

    do Mecanismo da Funo de Produo a

    diferenciao entre as funes Processo e

    Operao.

    E x i s t e ~

    basicamente

    u a s

    ~ i ~ a s

    bsicas que permItem a observaao e a n a l ~ s e

    dos fenmenos que ocorrem na produao,

    seja ela industrial ou de servios: observar o

    fluxo do objeto de trabalho (material) no

    tempo e no espao e observar o fluxo

    ~ o

    su

    jeito

    de

    trabalho (homens-trabalho

    VIVO

    e

    mquinas e e q u i p a m e n t o ~ - t r a b a l h < ? morto)

    no tempo e no espao. E a partIr destas

    duas ticas

    de

    visualizao que surgem os

    conceitos

    de

    processo e operao.

    Processo refere-se ao fluxo de materiais

    ou produtos de um trabalhador

    p ~ l f a

    outros,

    nos diferentes estgios nos quaIs pode-se

    observar a transformao gradativa das ma

    trias-primas e produtos acabados. Ou ain

    da, os processos podem ser simplesmente

    defmidos como: o fluxo de materiais para

    os produtos, que modifica-se de acordo com

    o curso simultneo do tempo e do espao"

    SHINGO,

    1981)

    1

    Operao refere-se anlise dos dife

    rentes estgios, no qual os trabalhadores po

    dem

    estar trabalhando em diferentes produ

    tos, ou seja, representa uma anlise do com

    portamento humano na produo, no tempo

    e no espao.

    Como

    obviamente as pessoas utilizam-se

    de

    mquinas, equipamentos, ferramentas

    etc

    ..,

    para

    trabalharem, pode-se dizer mais

    amplamente que o fluxo do sujeito do traba

    lho no consiste somente das pessoas (tra

    balho vivo) mas, tambm, dos equipamentos

    e ferramentas (trabalho morto)

    para

    a exe

    cuo dos procedimentos operativos no

    tempo e no espao.

    Shingo (SHINGO, 1986) define sinteti

    camente operao como sendo: "Operado

    res e mquinas que so assistentes dos ho

    mens) que modifica-se

    de

    acordo com o

    curso simultneo

    do tempo e do espao".

    No caso de anlise da operao, a tica

    de

    observao distinta do processo. Assim,

    por exemplo: um t r a ~ a l h a d o r

    r e t i ~ a

    um ~ a -

    terial A do almoxanfado de

    matena-pnma

    at uma dada mquina A, posteriormente

    descansa um certo tempo depois, transporta

    um material at a mquina A, vai

    ao

    lava

    trio, posteriormente leva um material C do

    almoxarifado at a mquina A, etc .. esta se

    ria uma tpica anlise da operao.

    Os estudos originais que enfocam a lgi

    ca da

    p e r a ~

    foram .historicamente

    ~ e s e n

    volvidos a partIr de Gdbreth, que analIsou o

    estudo dos movimentos e Taylor,

    que

    efeti

    vou o estudo dos tempos.

    A lgica de visualizao do Mecanismo

    da Funo de Produo, descoberta e

    pr

  • 7/23/2019 Mecanismo Da Funo Produo

    3/14

    Observa-se tambm, que em outros pon

    tos localizados no tempo e no espao no

    existir a interseo do objeto e dos sujeitos

    da produo. Por exemplo, uma anlise para

    um certo tempo e espao especfica poder

    identificar que um lote de material est es

    perando para ser processado anlise do

    processo) enquanto as pessoas esto execu

    tanto uma preparao de uma certa mqui

    na

    para

    oa processamento deste mesmo lote

    anlise de operao).

    Como exemplo das discusses acima,

    uma sntese didtica da tica da estrutura

    de produo vista como uma rede entre os

    processos e operaes, apresentado por

    Shingo na figura a seguir.

    rodutos

    FIGURA 1 -

    Estrutura

    de Produo: Uma rede de

    Processos

    e

    Operaes

    Retirado

    das

    Obras de Shigeo

    Shingo

    Um processo um fluxo integrado de

    materiais no qual iro aparecer pessoas e

    mquinas;

    por

    exemplo, trabalhadores de

    transporte, operadores de torno mecnico,

    operadores de inspeo. De um ponto-de

    vista das operaes, de outro lado, vrios

    produtos exemplo: eixos e buchas) apare

    cem do lado dos trabalhadores e mquinas.

    Ou

    seja,

    os

    pontos-de-vista de anlise so

    distintos e autnomos, embora interrelacio

    nados.

    o Mecanismo

    da

    Funo de

    Produo:

    Elementos Bsicos

    de

    Anlise

    Feita a apresentao da estrutura de

    produo, proposta por Shingo como uma

    35

    PRODUAO

    rede de processos e operaes, preciso

    identificar

    os

    elementos bsicos de anlise

    destes processos e operaes.

    Elementos Bsicos

    para

    Anlise dos

    Processos

    Todos os aspectos que constituem um

    processo, fluxo de materiais no tempo e no

    espao, podem ser observadas a partir das 4

    categorias de anlise, abaixo expostas:

    - processamento ou trabalho em

    si

    signi

    ficam basicamente a transformao das ma

    trias primas e materiais; como exemplo,

    pode-se citar: fabricao usinagem, pintu

    ra, etc ..), mudanas de qualidade do produ

    to

    montagens e desmontagens;

    - inspeo: significa basicamente a com

    parao de materias contra determinado s)

    padro es);

    - transporte: significa basicamente deter

    minada mudana de posio ou de localiza

    o dos materiais;

    - estocagem ou espera: significa basica

    mente

    os

    perodos de tempo onde no est

    ocorrendo nenhum tipo de trabalho, trans

    porte ou inspeo.

    O processo de estocagem ou espera est

    dividido segundo quatro subcategorias de

    anlise qualitativamente distintas: as esperas

    entre processos ou mais sucintamente, es

    pera de processo) e as esperas devido ao ta

    manho dos lotes ou mais sucintamente, es

    pera dos lotes), a armazenagem de matrias

    primas e de armazenagem de produtos aca

    bados.

    A espera do processo implica que um

    lote inteiro est em situao de espera, en

    quanto o s) lote s) que se segue est sendo

    processado, inspecionado, ou transportado.

    Ou seja, todo o lote est aguardando at o

    prximo processo ser completado.

    A espera do lote tem uma caracterstica

    completamente diferenciada. Relaciona-se

    ao fato de que, enquanto uma pea do lote

    est sendo processada, as demais peas do

    mesmo lote esto em condies de espera.

    As peas que esto em condies de es-

  • 7/23/2019 Mecanismo Da Funo Produo

    4/14

    PRO UO

    pera I?odem encont ar-se em d u a s s i t ~ a e s

    ~ e n n c a s "peas nao processadas e peas

    J processadas". Observa-se que quando re

    fere-se ao processo, ele tanto pode ser o

    processamento em si (fabricao, monta

    gem, etc

    ..

    ), como nos processos de inspeo

    e transporte.

    Tem-se ainda a armazenagem de mat

    rias-primas e produtos acabados. Estas duas

    estocagens so fenmenos ligados a fatores

    externos fabrica. Os dois fenmenos mais

    importantes de serem analisados, do ponto

    de-vista interno empresa, so

    os

    estoques

    entre processos e estocagens dos lotes.

    Elementos Bsicos para nlise das

    Operaes

    A seguir apresentar-se- detalhadamen

    te os elementos constitutivos bsicos das

    operaes,

    fluxo

    dos homens e mquinas no

    tempo e no espao, que podem ser reduzi

    dos s categorias de anlise (os contedos

    das operaes) mostrados abaixo.

    1) Preparao, operao de ajustes de

    pois da operao (operaes ligadas ao tem

    po de preparao: set-up):

    Refere-se basicamente a mudana de

    ferramentas e dispositivos; referem-se s ati

    vidades operativas que ocorrem desde que a

    ltima pea boa do lote precedente produ

    zido, at a fabricao da primeira pea boa

    do lote que se

    s e ~ e ;

    dou seja, referem-se

    basicamente 10gIca do tempo de prepara

    o (set-up).

    2) Operao principal

    So as funes essenciais diretamente li-

    ~ a d a s operaes de processamento em si,

    mspeo, transporte e espera.

    A operao pode ser dividida em duas

    subcategorias: operaes essenciais e opera

    es auxiliares.

    As

    operaes essenciais

    constituem-se na

    execuo dos processos de produo em si.

    So os pontos da rede onde as operaes

    e os processos encontram-se num dado tem

    po e espaO. Nestes pontos encontram-se os

    homens, a mquinas e dispositivos, (sujeito

    36

    ao trabalho) e os materiais (objeto de traba

    lho).

    Divide-se em:

    o erao

    essencial

    e

    processamento

    constituem-se na fabricao e montagem de

    produtos;

    o erao

    essencial

    de

    inspeo - consti

    tuem-se na observao no cho-de-fbrica

    da qualidade dos produtos;

    o erao

    essencial

    e

    transporte -

    consti

    tue-ie na mudana de posio dos produtos

    a nvel do ch-de-fbrica;

    o erao

    essencial

    de

    estocagem -

    refere

    se a estocagem de produtos em prateleira,

    etc

    ..

    As operaes auxiliares constituem-se na

    execuo de atividades que se encontram

    imediatamente antes e imediatamente de

    pois da realizao das operaes ess,?nciais.

    So atividades operativas que realaclOnam

    se diretamente com as operaes essenciais,

    suportando, por assim dIzer as mesmas.

    Podem ser divididos em:

    o erao

    auxiliar

    e

    Drocessamento - re

    fer-se alimentao e desalimentao das

    mquinas e linha de montagem; por exem

    plo, fIxar e desatarrachar os produtos das

    mquinas;

    o erao

    auxiliar

    e jns eo

    -

    refere-se

    s atividades que

    rrecedem

    e antecedem a

    operao. principa d ~ inspeo. Por e x ~ m -

    pIo,

    maOlpulao de IOstrumentos, eqUIpa

    mentos e produtos, visando a efetivao da

    inspeo;

    operao auxiliar de transporte - refere-se

    basicamente aos c a r r e ~ a m e n t o s que prece

    dem ao transporte efetIvo em si e os descar

    regamentos que sucedem o transporte efeti

    vo em

    si,

    ou seja, operaes auxiliares de

    transporte implicam no carregamento e des

    carregamento dos equipamentos de trans

    porte;

    operao auxiliar de estocagem - refere

    se basicamente s atividades de colocao e

    retirada dos produtos dos locais especfIcos

  • 7/23/2019 Mecanismo Da Funo Produo

    5/14

    de estocagem, tais como: prateleiras, etc

    3) Folgas no ligadas ao pessoal

    So

    folgas, ou seja, tempos onde os ope

    radores no esto realizando as atividades

    fim.

    As

    causas destas folgas encontram-se

    em

    operaes

    irregulares (no previstas)

    que ocorrem

    de forma inesperada na produ

    o.

    Ou seja, so f o l ~ a s cujas causas funda

    mentais no esto ligadas ao direta das

    pessoas.

    Podem

    ser divididas em duas subcatego

    rias g e r a i s ~ folgas na operao e folgas entre

    operaoes

    As folg s n oper o referem-se a tra

    balhos irregulares que ocorrem e so liga

    dos diretamente operao. Como exemplo

    desta folga no ligadas ao pessoal, pode-se

    citar: lubrificao, renovao de ferramen

    tas, recolocao de ferramentas danificadas,

    limpeza de chips utilizados na indstria

    eletrnica.

    As folg s entre oper es so trabalhos

    irregulares que ocorrem entre operaes

    consecutivas. Como exemplo, pode-se citar:

    espera para suprimento de materiais, reco

    locao de

    produtos

    em paIlets.

    Enquanto as folgas nas operaes ligam -

    se s operaes

    de

    processamento em SI,

    inspeo, transporte, e espera, as folgas en

    tre

    operaes ligam-se a problemas de sin

    cronizao

    entre

    diferentes operaes (pro

    cessamento em si, inspeo, transporte e es

    pera).

    4) Folgas ligadas ao pessoal

    As folgas ligadas ao pessoal caracteri

    zam-se por trabalhos irregulares ligados di

    retamente pessoas e no conectadas com

    as mquinas e operaes.

    As folgas ligadas ao pessoal podem ser

    divididas em duas subcategorias gerais: as

    foI as

    por

    fagiga e as folgas fsicas (higini

    cas

    PRODUO

    As folg s por f dig caracterizam-se em

    tempo de no atividade produtiva dos

    ope-

    radores relacionados necessidade de recu

    perao das fadigas

    de

    origem fsica

    ou

    mental;

    As folg s fsic s ou higinicas caracteri

    zam-se por um tempo de no atividade pro

    dutiva relacionada com a satisfao de suas

    necessidades fisiolgicas, tais como:

    beber

    gua, ir ao banheiro,

    etc

    Crticas Gerais Lgica de

    Anlise Hegemnica na

    Engenhari l Industrial a

    Partir da

    Otica do Mecanismo

    da Funo de Produo:

    Algumas Consideraes

    Quais so as melhorias mais importan

    tes: as associadas funo processo ou

    funo operao?

    Aps uma anlise da estrutura

    da

    produ

    o a partir da tica

    do

    mecanismo

    da

    fun

    o de produo, uma pergunta parece ne

    cessria:

    quais so as melhorias mais relevantes na

    estrutura de produo: aquelas ligadas aos

    dos processos, aquela associada s opera-

    es ou estas melhorias so indiferentes

    quanto ao seu grau de importncia?

    Esta discusso particularmente impor

    tante na medida em que pretende-se anali

    sar as raizes centrais da constituio

    do

    me

    canismo

    da

    funo de produo.

    A resposta proposta por Shigeo Shingo

    pragmtica: as principais melhorias esto

    necessariamente assoicadas ao processo.

    Assim Shigeo Shingo (1986) enuncia

    que: funo processo, em verdade, que

    permite atingir as principais metas

    de

    pro-

    duo, enquanto as operaes desempe

    nham um papel suplementar .

    2 Nos textos escritos por Shigeo Shingo aparecem duas expresses em ingls para designar golgas da operao que

    so Job Allowance e Operation Allowance j a folga entre operaes

    chamada por Shigeo Shingo de Works-

    37

  • 7/23/2019 Mecanismo Da Funo Produo

    6/14

    PRODUO

    Ainda

    Shi&eo

    Shingo (1986) atribui

    as

    diferenas bsIcas existentes entre os princ

    pios de produo ocidentais e japonesas,

    compreenso no nvel mais bsico, do que

    significa a estrutura de produo. O ponto

    de-vista

    de

    Shingo (1988) que a produo

    contitui uma rede

    de

    processos e operaes,

    fenmenos que podem ser colocados ao lon

    go de eixos que se interseccionam. Na

    me-

    lhoria de produo deve ser dada alta Pfori

    dade aos fenmenos ligados ao processo

    De

    acordo com Shingo, sem a com

    preenso do significado do mecanismo da

    funo de produo e da necessriua priori

    zao das melhorias do processo imposs

    vel

    compreender o significado dos sistemas

    de

    produo em geral, e do Sistema Toyota

    de Produo, em particular.

    Assim Shingo (1986) afirma que:

    O Sis-

    tema Toyota de Produo representa uma

    tentativa pioneira desta nova filosofia de

    produo, mas nenhuma inovao funda

    mental na produo pode vir meramente

    pela imitao

    d,ps

    aspectos superficiais

    do

    Sistema Toyota

    Observe aqui que outros modelos de

    produ

  • 7/23/2019 Mecanismo Da Funo Produo

    7/14

    b)

    H

    relao de prioridade possvel entre a

    padronizao de produtos e o ataque a questo

    dos tempos de preparao

    set-up time ?

    Tomemos

    uma indstria que fabrica m

    veis

    do

    tipo dormitrios (camas, guarda

    roupas, escrivaninhas). No caso de guarda

    roupas, por exemplo, produz-se mveis mo

    dulados com diferentes alturas e larguras

    para cada

    tipo

    de

    produto. Observa-se, tam

    bm,

    que

    os tempos de preparao so ele

    vados na produo, bem como ocorre muita

    necessidade

    de

    trocas para a fabricao des

    tes diferentes lotes.

    O

    gerente

    de produo prope um signi

    ficativo esforo na rea de reduo dos tem

    pos

    de

    preparao para aumentar a capaci

    dade

    real das mquinas gargalo e

    para

    ga

    nhar flexibilidade de respostas a demanda

    do mercado.

    O responsvel de pesquisa e desenvolvi

    mento

    prope

    o ataque padronizao dos

    produtos.

    Os recursos financeiros disponveis per

    mitem

    que

    os dois problemas sejam aborda

    dos simultaneamente.

    Seria lgico, do ponto-de-vista econmi

    co efetivar estes esforos simultaneamente?

    Novamente, as noes da funo proces

    so e

    da

    funo operao permitem uma

    abordagem lgica do problema.

    A padronizao influencia diretamente

    no

    fluco

    de

    materiais no cho-da-fbrica.

    Trata-se de

    um problema que atinge direta

    mente

    a problemtica do processo.

    J a reduo dos tempos de preparao

    relacioam-se mais diretamente com a pro

    blemtica

    da

    operao.

    Observa-se que efetiva-se a padroniza

    o

    (anlise

    de

    processo) das alturas e lar

    guras dos guarda-roupas, imediatamente o

    PRODUO

    fluxo de materiais na fbrica se simplifica e

    muitas preparaes, anteriormente necess

    r as, simplesmente tornam-se desnecess

    fias.

    Ou seja, do ponto-de-vista econmico

    observa-se grandes melhorias

    quando do

    ataque ao procedimento de padronizao,

    dado que ele interfere diretamente

    na

    fun

    o processo.

    Como ressalva pode-se dizer

    que

    proje

    tos-piloto na

    rea de

    reduo

    de

    tempos

    de

    preparao podem ser executados paralela

    mente,

    ror

    que representam uma seqncia

    natuara de melhoria no sistema produtivo.

    Caso o ataque aos tempos

    de preparao

    seja priorizado e feito massiva mente, obser

    va-se que uma parte do trabalho mostrar-se

    desnecessria quando a padronizao dos

    produtos for levada a efeito.

    c) exemplos

    de

    influncias na funo

    processo em virtude da padronizao dada

    a melhoria na funa operao.

    Shingo (1986) exemplifica trs casos tpi

    cos de preocupao com melhorar o lado

    da

    funo operao, sem uma real preocupa

    o com a funo processo.

    I) Caso na lgica

    de

    agrupamento

    de

    mquinas na fbrica priorizando-se somente

    a funo operao, as mquinas sero agru

    padas por grupos similares (Iay-out funcio

    nal). Porm em termos

    da

    lgica

    de

    funo

    processo isto acarretar um aumento dane

    cessidade de t r n s p o r ~ e o que certamente

    ir aumentar os custos .

    11

    Esforos localizados para levar todas

    mquinas ao limite de suas capacidades

    de

    produo. Isto do ponto-de-vista

    da

    lgica da

    funo processo ir somente gerar desbalan

    ceamente entre as mquinas. Por conseqn

    cia as esperas entre os processos ir

    ~ m e n t r

    com a elevao dos custos associados .

    5 Alm disso muitos outros problemas, alm do transporte devem ser considerados. Aumento do tempo de atraves

    sarnento na produo ("Iead-time") incremento do nvel de defeitos e retrabalhos, etc

    ..

    6 Ou seja, atravs da anlise do Mecanismo da Funo de Produo chegar-se- as mesmas consluses propostas

    por lly Goldratt GOLDRATI, 1992) no que conceme a teoria das restries. assim, pode-se facilmente concluir

    que o balanceamento no processo o fundamental dada que a somados timos locais do sistema (otimizar,

    por

    exemplo, as capacidades individuais das mquinas) diferente do timo global do sistema.

    39

  • 7/23/2019 Mecanismo Da Funo Produo

    8/14

    PRODU O

    I1I) A conduo da otimizao da funo

    operao, no que concerne a produo de

    grandes lotes de produo para minimizar o

    tempo perdido com tempos de preparao

    (set-up s) excessivos, levar a um IDcremento

    do inventrio.

    A partir dos exemplos acima discutidos

    torna-se claro que uma vez que os sistemas

    produtivos sejam vistos como rede de pro

    cessos e operaes, deve-se dar uma nfase

    prioritria s melhorias da funo processo,

    complementando estas melhorias atravs da

    funo operao.

    Como concluso destes itens, algumas

    observaes feitas por Shingo (1986) so es

    senciais.

    Em primeiro lugar preciso observar

    que necessrio pensar os processos como

    operaes que servem os chentes, e opera

    es como aes executadas para obter efi

    cincia das partes (SHINGO, 1986). Isto

    exige uma necessidade permanente de har

    monizar as aes no campo do processo e

    da

    operao. No entanto, sempre deve-se

    ter em mente que

    a funo processo, de

    fato, que permite alcanar os objetivos prin

    cipais da produo, enquanto as operaes

    desempenham um papel suplementar

    (SHINGO, 1986).

    Assim, possvel que, mesmo que as

    operaes localizadamente possam apresen

    tar

    resultados excepcionais, como por exem

    plo, a compra de algumas mquinas de con

    cepo muito modernas e eficazes, o sistema

    produtivo em sua globalidade pode no es

    tar otimizado caso as funes processo es

    tejam inadequadas (SHINGO, 1986).

    Ou seja, se houverem incorrees na or

    ganizao dos processos, produtos defeituo

    sos e com custos elevados sero produzidos,

    no interessando o grau de perfeio com

    que as operaes individualmente estejam

    sendo efetivados (SHINGO, 1986).

    Em segundo lugar, preciso modificar

    alguns aspectos da cultura tcnica dos enge

    nheiros e supervisores, no que concerne a

    postura e visualizao das necessidades de

    priorizao entre as funes processo e ope

    rao.

    40

    Fica claro, a partir dos exemplos expos

    tos arteriormente, que existe uma precedn

    cia da funo processo sobre a funo ope

    rao na melhoria dos sistemas produtivos.

    No entanto, Shingo (1986) postula que

    no mundo real as atividades produtivas que

    so mais comumente observadas relacio

    nam-se a funo operao e que, de forma

    geral, as funes relacionadas ao processo

    deixam uma impresso bastante frgil no

    pessoal ligado fbrica. Isto porque a lgica

    da funo processo fica escondida pelas

    operaes, que por sua vez so muito mais

    explcitas.

    Assim, existe uma necessidade premente

    de envitar esforos no sentido de chegar a

    uma cultura tcnica de Engenharia Indus

    trial que faa vir tona a compreenso da

    importncia da funo processo na melhoria

    dos sistemas produtivos.

    Crticas Viso Hegemnica

    nos EUA e Europa Sobre os

    Conceitos de Processo e

    Operao

    Um tpico muito importante para a

    compreenso do Mecanismo da Funo de

    Produo consite em confrontar os concei

    tos apresentados neste trabalho, com os

    conceItos usualmente aceitos no ocidente

    (EUA e Europa) sobre o significado do

    conceito de processo e

    da

    operao.

    Em geral, no ocidente os conceitos de

    processo e operao so imaginados como

    pertencentes a um mesmo eixo de anlise.

    Dentro desta concepo linear, qual se

    ria a diferenciao entre estes dois concei

    tos?

    A idia de operao estaria diretamente

    relacionada com estudos feitos a partir de

    pequenas unidades de anlise.

    J os processos so visualizados a partir

    de grandes unidades de anlises.

    Assim os processos seriam constitudos,

    em sua essncia, de um grupo de operaes.

    Ou seja, o somatrio de vrias operaes

    (unidades de anlise memorial) contituiriam

  • 7/23/2019 Mecanismo Da Funo Produo

    9/14

    um dado processo unidade de anlise agre

    gada).

    Deriva, diretamente, deste tipo de racio

    cnio que, uma vez obtidas as melhorias nas

    operaes, nvel micro) automaticamente

    est obtendo-se melhorias em um dado pro

    cesso do qual faz parte este conjunto de

    operaes.

    Dentro desta viso, os sistemas de pro

    duo so vistos a partir de uma tica linear

    onde no existem diferenciao de fundo

    entre os conceitos de operaes e processos.

    Shingo 1988) ainda ressalta que tambm

    no Japo certos livros de Engenharia Indus

    trial copiaram as concepes ocidentais so

    bre os conceitos de operao e processo.

    Neste ponto, observa-se uma grande di

    ferenciao do pensamento de Shingo rela

    tivamente aos ocidentais.

    Isto porque na tica hegemnica de an

    lise nos

    EU

    a Europa no faz-se a neces

    sria separao na anlise do processo e das

    operaes. Estas duas anlises so vistas

    numa relao de dependncia, onde o pro

    cesso uma somatria de operaes.

    Na Viso de Shingo, estas duas anlises

    devem ser feitas de forma independente em

    bora necessariamente interrelacionadas.

    A razo bvia. Enquanto na anlise da

    funo processo acompanha-se o objeto de

    trabalho materiais) no tempo e no espao,

    na anlise

    da

    funo operao acompa

    nham-se o sujeito de trabalho homens e

    equipamentos) no tempo e no espao.

    Portanto, a diferenciao entre operao

    e processo no apresenta nenhum relaciona

    mento com o tamanho da unidade de anli

    se grande ou pequenas unidades de anli

    se).

    Assim, preciso observar estas diferen

    as caso deseje-se entender em

    profundida

    de as bases de construo do sistema Toyota

    de produo.

    Shingo categrico e amplo quando

    afirma que a distino clara entre os concei

    tos de funo processo e funo operao

    41

    PRODUO

    constituem-se em um ponto chave para o

    desenvolvimento de novos sistemas produti

    vos SHINGO, 1988).

    Finalmente, cabe questionar as razes

    porque durante longo tempo deu-se priori

    zao anlise das operaes na literatura

    de Engenharia Industrial Ocidental. Shingo

    1?88) prope as seguintes explicaes ge

    raIs:

    a)

    as operaes so executadas em luga

    res especficos e bem determinados de tal

    forma que os trabalhadores, supervisores,

    gerentes intermedirios e a alta gerncia

    tem acesso direto e visual s mesmas;

    j

    os

    processos envolvem a movimentao de ma

    teriais e produtos semi-acabados por toda a

    fbrica, tornando difcil a avaliao mais di

    reta da mesma;

    b) uma razo mais importante a aceita

    o, sem questionamento, da tese segundo a

    qual o processo constitui-se de uma unidade

    de anlise grande, enquanto as operaes

    seriam constitudas de unidades de anlises

    pequenas; isto leva a assumir-se erronea

    mente que, melhorando as operaes, auto

    maticamente os processos sero melhora

    dos.

    Agrava-se esta problemtica na medida

    em

    que raros acadmicos e gerentes no oci

    dente reconhecem que na verdade os siste

    mas produtivos constituem-se uma rede de

    operaes e processos. Mais, ainda, poucos

    reconhecem que a anlise de funo proces

    so essencial para as melhorias, sendo su

    plementada pelas melhorias na funo.

    Exemplos de Utilizao do

    MFP para a Compreenso de

    lguns Pontos do Sistema

    Toyota de Produo

    A seguir apresentar-se-o dois exemplos

    da utilizao do MFP para a compreenso

    de alguns pontos constitutivos bsicos do

    sistema Toyota de Produo.

    1) O MFP e o conceito de Automao e

    Pokayoke

    muito

    bem compreendida no

    Sistema

    Toyota

    de

    Produo a separao entre

  • 7/23/2019 Mecanismo Da Funo Produo

    10/14

    PRO UO

    mquina e homem.

    Se

    estes pensamen

    tos no so perfeitamente entendidos,

    uma compreenso correta do sistema

    Toyota de Produo no pode ser con

    seguida"

    (SHINGO, 1981)

    Em

    uma dada fbrica de alto desempe

    n.ho

    que comea a operar logo aps o pres

    sIOnar de uma dada chave

    ..

    Se algo aconte

    ce, por exemplo, a ferramenta macho que

    bra e comeam a aparecer defeitos que po

    dem transformar-se rapidamente em deze

    nas ~ > U mesmo centenas de produtos com

    defeito. como pode-se prevenir isto?

    A soluo tradicional em fbrica que no

    a.dotam modernos sistemas produtivos con

    siste em designar um operrio especfico

    para cada mquina com o intuito exlusivo de

    c lidar a p ~ s s i b i l i d a d e eventual de ocorrn

    cia do defeito e, portanto, de agir localmen

    te para parar a mquina e impedir o alastra

    mento da produo de artigos defeitusosos.

    Se generalizarmos este tipo de soluo

    para toda a fbrica, ter-se- incansavelmen

    te, a idia de que a cada mquina est asso

    ciado, no mnimo, um operador.

    Neste sentido pode-se dizer a partir da

    lgica histrica de Taylor - um homem/um

    posto/uma tarefa, que existe uma relao in

    separvel entre a mquina e o homem.

    Vamos observar a problemtica a partir

    da tica do MFP.

    o

    ponto-de-vista da anlise da funo

    processo observa-se que a eventual garantia

    ~ e que o fluxo de m

  • 7/23/2019 Mecanismo Da Funo Produo

    11/14

    a retomada

    de

    prticas consagradas ante

    riormente em outras fbricas japonesas que

    no

    a automobilstica.

    Ohno

    (1988) perguntou-se "Por que

    uma pessoa na Toyota

    Motor

    Company ope

    ra

    apenas uma mquina enquanto na Toyota

    Txtilorigem histrica

    da

    Toyota, uma mu

    lher capaz

    de

    cuidar

    de 40

    a

    50

    teares au

    tomatizados?

    E Ohno percebe que uma razo inicial

    que

    as mquinas na Toyota automobilstica

    no

    estavam

    preparadas

    em seu evidente

    projeto do sistema produtivo

    para parar

    quando

    a operao se completasse.

    Surge, ento, a idia

    de

    elaborar teorica

    mente uma prtica inicalizada e criada na

    Toyota Txtil por Toyota Sakiichi que con

    sistia em criar dispositivos que permitissem

    a

    parada

    automtica das mquinas caso a

    quantidade

    produzida fosse alcanada, ou

    algum tipo

    de

    anormalidade fosse detecta

    da.

    criada, a part ir

    da

    prtica industrial da

    Toyota Txtil, a noo terica de Automa

    o.

    A automao consiste em facultar ao

    operador ou

    mquina a "autonomia" de in

    terromper

    a

    operao

    sempre

    que

    ocorrer

    alguma situao anormal na mquina ou

    quando a quantidade planejada

    de

    produ

    o

    for atingida.

    A operacionalizao do conceito de au

    tomao segue vrios caminhos: um destes

    caminhos operacionais a construo de

    dispositivqs do tipo "Poka-Yoke" ou a prova

    de

    falhas.

    o Poka-Yoke pode ser conceituada

    como

    um sistema composto de dispositivos

    (um ou mais)

    que

    so capazes de detectar a

    ocorrncia de anormalidades (falhas ou de

    feitos) e/ou de identificar quando a quanti-

    PRO UO

    dade de peas planejada

    j

    foi produzida.

    Neste sentido constitue-se, na prtica,

    em um sistema inspeo 100%,

    que propor-

    ciona uma imediata retroalimentao aos

    operadores e supervisores

    quando da ocor

    rencia

    de

    anormalidades ou

    de

    alcance

    da

    produo desejada.

    Assim, quando as mquinas dispem

    de

    dispositivos do tipo Poka-Yoke, uma vez ali

    mentada a mquina posta em operao, o

    operador pode

    dirigir-se a outras mquinas

    para realizar outras tarefas,

    dado que

    existe

    segurana completa

    quando

    a deteco ime

    diata e "autnoma"

    de

    anormalidades e

    do

    alcance da produo desejada.

    Na Toyota isto acarretou:

    1

    diminuio dos tempos

    de espera

    dos

    trabalhadores com conseqnte reduo/eli

    minao da chamada

    perda por

    espera,

    como conseqncia, incrementou-se em

    muito a taxa de ocupao

    da

    mo-de-obra;

    2) eliminao ou reduo a um valor m

    nimo das perdas

    por superproduo

    e das

    perdas por superproduo e das perdas por

    fabricao de produtos defeituosos;

    3) abrir portas concretamente para in

    troduo do conceito

    de

    multifuncionalida

    de

    na medida em que possibilitou a separa

    o entre a mquina e o homem, neste senti

    do, uma anlise da funo

    operao

    aps a

    introduo do Poka-Yoke mostra um incre

    mento substancial do p r o v e i t m ~ n t o do

    tempo produtivo dos trabalhadores

    Um outro aspecto importante

    que

    os

    sistemas do tipo

    Poka-Yoke propiciam a re

    duo da espera dos trabalhadores.

    Isto ocorre na medida em

    que

    a mquina

    pra

    quando um defeito detectado. Neste

    sentido observa-se que somente peas no n

    vel especificado de qualidade enviado

    7 A conceituao de "Poka-Yoke", bem como suas ligaes com a poltica da produo com Zero-defeitos e suas

    prticas operacionais, amplamente discutida por Shingo (1986) em seu livro "Zero Quality Control: Source Inspe

    cion

    and The

    Poka-Yoke System"

    8

    Na verdade o conceito de automao em geral, e dos sistemas Poka-Yoke em particular,

    pode

    ser analisado como

    uma proposta

    do

    capital visando incrementar aprodutividade via intensificao do trabalho.

    Ou

    seja, com as mes

    mas mquinas e trabalhadores,

    aumentar

    a produtividade atravs de procedimento de reorganizao da produo e

    43

  • 7/23/2019 Mecanismo Da Funo Produo

    12/14

    PRO UO

    para as prximas mquinas. Alm disso, a

    mquina tambm programada para parar

    automaticamente quando a quantidade re

    querida ou a operao completada. Desta

    forma, uma dada mquina fornecer s pr

    ximas mquinas ou postos de trabalhos pe

    as nas quantidades especificadas. Isto per

    mitir a execuo da produo no tempo

    certo, ou seja, segundo a lgica JIT (MO

    DEN,1981).

    Caso as peas no cheguem na qualida

    de e na quantidade certa, as prximas ope

    raes de processamento no podem ser

    efetuadas, portanto, os operadores tero um

    maior tempo de espera. Isto levar ao incre

    mento das perdas por espera. Neste sentido

    a produo JIT t o r n ~ s ~ praticamente im-

    possvel de ser efetivada

    Uma anlise das funes operao e

    processo identificar claramente estes fatos.

    O MFP e o conceito de 7 perdas propos

    to por Ohno e Shingo

    Shingo (1988) prope que sejam cons

    trudas melhorias na produo a partir da

    seguinte lgica bsica:

    12

    conceitos bsicos de anlise dos siste

    mas produtivos;

    22

    construo de sistemas a partir dos

    conceitos bsicos;

    3

    2

    ) tcnicas para a implantao do siste

    ma.

    Dentro deste contexto, a lgica de anli

    se do Mecanismo de Produo, do conceito

    de perdas em geral e de 7 perdas em parti

    cular e as condies de contorno econmico

    se interrelacionam para a gerao dos con

    ceitos bsicos que levaro definio dos

    sistemas de produo em geral e do Sistema

    Toyota de Produo em particular.

    Porm, como estabelece-se este relacio

    namento?

    Neste ponto importante diferenciar os

    planos onde situam-se estes trs elementos:

    Mecanismos da Funo de Produo, per-

    das e condies de contorno scio-economi

    coso

    O Mecanismo da Funo de Produo

    uma ferramenta de anlise de sistemas Pro

    dutivos. Utiliza-se dos mtodos de anlise

    da funo processo e da funo operao.

    Neste sentido, independente das condi

    es econmicas que cercam o Sistema Pro

    dutivo em Anlise. Em outros palavras, o

    elementos mais invariante na discusso

    aqui feita.

    O Mecanismo da Funo de Produo

    permite uma anlise tcnica dos sistemas de

    produo. Portanto, possibilita comprar sis

    temas de produo entre

    si.

    O conceito de perdas e de 7 perdas sur

    ge a partir da lgica de redues de custos.

    Neste sentido, est preso diretamente

    questo das necessidades de reduo de

    custos na empresa em funo de suas neces

    sidades no merdado. Portanto, esto intima

    mente relacionados a uma

    dada

    realidade

    econmica e social.

    Esta realidade econmica e social repre

    senta o terceiro plano da discusso e refere

    se s condies de contorno do sistema pro

    dutivo.

    Por exemplo, no Japo o custo horrio

    da mo-de-obra de

    3

    a

    5

    vezes superior ao

    custo-horrio das mquinas, enquanto no

    Brasil o custo-horrio da mo-de-obra

    menor do que o custo-horrio das mqui

    nas.

    Outro exemplo interessante refere-se s

    preocupaes econmicas e sociais dentro

    do dito socialismo real. Neste caso parte-se

    da necessidade social de usar intensivamen

    te o recurso mo-de-obra visando manter

    um alto nvel de emprego. Obviamente, es

    tas condies de contorno so diferentes da

    racionalidade econmica do tipo capitalista.

    9 A anlise de um caso de implantao do JIT no Brasil, mostra claramente que a inobservncia dos aspectos aqui

    descritos

    torna

    muito difcil a implantao do JIT, dado que ela absolutamente sustentada pelo conceito de auto

    mao e sistemas do tipo Poka-Yoke. Tem-se, a nvel da produo, a lgica da inspeo 100% nos postos de traba

    lho.

  • 7/23/2019 Mecanismo Da Funo Produo

    13/14

    Dentro deste contexto geral, a gerao

    dos conceitos bsicos para construo do

    Sistema Toyota de Produo devem ser

    compreendidos a partir desta lgica de rela

    o entre o Mecanismo da Funo de Pro

    duo o conceito de 7 perdas e as condi

    es de contorno scio econmicos.

    No caso especfico do STP isto pode ser

    visto na figura

    2

    a seguir:

    Troca

    de

    Ferramentas

    e Dispositivos

    PRODUO

    O objeto de trabalho pode ser o couro

    em uma indstria de calados, o ao em

    uma empresa metal-mecnico, o prprio

    nibus em uma empresa de nibus, algum

    tipo de processo de lei em uma Assemblia,

    etc

    ..

    Porm, embora exista uma enorme di

    versificao do objeto de trabalho, a lgica

    da funo processo permanecer inclume.

    A

    funo operao, por sua

    vez,

    tambm

    contar genericamente com as preparaes,

    Operao { E ~ n c l a l

    Principal tUXIliar

    Folgas W o ~ k s h o p

    {

    TnlbalhO

    Fadiga

    Fisica

    SISTEMA SMEO

    MELHORIA NO MOVIMENTO REDUO OAS FOLGAS

    lnspe.o

    l ~ : ~ ~ ~ ~ f : ~ O S

    100 de inspeo

    POKAYOKES

    Tr a n .p o r t a - , - - 4 ~ ~ t ~ o

    Armazenagem

    ~ : : ~ ~ ~ ~ ~ : . m O l 4 SIncn>nlzaAo

    Armazenagem

    para o lote

    pequenos lotes

    PADRONIZAO \ ~

    \

    3) Perda. no

    processamento

    emal

    ~ : : , e ~ ~ : u :

    defeituosos

    (2) Perdas por

    - transporte

    1) Perda. por

    superpcoduo

    8) Porda. por

    7) Porda. no 5) Perda. por

    movimento espera

    SISTEMA DE

    PRODUO

    TOYOTA

    7 PERDAS

    Produto.

    ~

    ~ ~ ~ S : a ~ g : ~ ~ e a .

    R a d u l ~ r ~ ~ ~ ~ ~ O d O do

    . . oquo

    no tempo de passagem)

    Figura 2 -

    Sistema

    de

    Produo

    Toyota - 7

    perdas

    Shingo)

    Concluso

    A lgica bsica de construo terica do

    Mecanismo da Funo de Produo abso

    lutamente geral para a gerao de sistemas

    de produo.

    Na verdade em todos os sistemas de pro

    duo, seja ele fbrica em

    eral

    sapatos,

    metal-mecnica, mveis, etc ..

    ),

    uma empre

    sa

    de

    nibus ou uma secretana de governo,

    ns teremos presentes todos os elementos

    bsicos do processo. Isto significa que o ob

    jeto de trabalho estar alternadamente sen

    do transportado, ou estar sendo verificado

    a ocorrncia de defeitos inspeo), ou esta

    r

    em alguma forma de processamento, ou

    simplesmente estar estocado.

    45

    operaes principal e secundria, folgas no

    ligadas ao pessoal. O contedo das opera

    es pode ser bastante diversificado, como

    nos casos dos processos, porm sua forma

    geral comum.

    Por outro lado, preciso deixar claro

    que a lgica de melhorias propostas por Shi

    geo Shingo, via Mecanismo

    da

    Funo de

    Produo, no refere-se a tcnincas de ma

    nufatura, mas sim a melhorias concretas em

    sistemas de produo. Ou seja, perguntas

    tais como: como fazer para curtir o couro?

    como fazer para melhorar uma dada usina

    gem? como fabricar um dado mvel? so

    questes e problemas de manufatura.

    Estas, por sua vez, do ponto-de-vista tc-

  • 7/23/2019 Mecanismo Da Funo Produo

    14/14

    PRODUO

    nico, no

    podem

    ser generalizadas. No en

    tanto, a lgica do Mecanismo

    da

    Funo de

    Produo trata da

    problemtica, esta sim

    generalizvel,

    da

    obteno

    de

    melhorias

    de

    sistemas

    de

    produo.

    Assim sendo,

    para

    o estabelecimento de

    uma lgica

    de

    melhoria em Sistemas Produ

    tivos essencial partir

    de

    um forte ferra

    mental analtico. O Mecanismo

    da

    Funo

    de

    Produo um ferramental analtico ro

    busto que

    permite .analisar

    e m p ~ o f u n d i d a d e

    a produo a partIr de uma

    10gIca

    de redes

    de

    processos e operaes.

    O fato

    de

    Shigeo Shing atuar diretamen

    te ligado,

    em

    sua tragetria de consultoria,

    problemtica industrial, no deve obscure

    cer o fato

    de

    sua base conceitual via MFP

    ser geral.

    Neste sentido, abrem-se importantes

    oportunidades

    de

    investigao no sentido

    da

    montagem de sistemas de

    m e l h o ~ i a

    de pro

    duo adaptveis a

    rea de

    serVios, tendo

    como elemento de base o prprio Mecanis

    mo da

    Funo de

    Produo - uma rede ge

    nrica

    de

    processos e operao.

    A anlise do Mecanismo da Funo

    de

    Produo permite, em tese, a construo do

    embasamento para o debate sobre pontos

    to amplos quanto:

    a)

    compreender

    a lgica de montagem

    do Sistema Toyota de Produo;

    b) esclarecer ~ I?todo

    de

    a n l ~ s e

    da

    produo que

    possibilita a construao

    de

    outros sistemas

    de

    produo alternativos ou

    complement.ares ao Sistema T o y o ~ a . caso

    outras

    condies

    de

    contorno economlco e

    sociais sejam propostas;

    c) a anlise

    s i s t e m t i . c ~

    de

    o u t r o ~ m o d ~ -

    los de produo competItIvos com o Japones

    como

    por

    exemplo, o modelo Sueco;

    d) a critica social do ponto de vista dos

    trabalhadores, dos alicerces scio-econmi

    cos

    de

    construo

    do

    Sistema Toyota,

    que

    tem o MFP como um dos pilares das suas

    bases conceituais;

    e) uma anlise sistemtica dos conceitos

    de perdas propostos por Taylor, Ford, Taii-

    chi

    Ohno

    e Shigeo Shingo.

    Finalmente, como ltima concluso,

    pode-se afirmar que preciso, na anlise

    de

    sistemas

    de

    produo, deixar claro a

    n e c e ~ -

    sidade

    de

    hierarquizar as aes de melhona

    a partir

    da

    lgica

    da

    funo operao. Isto

    essencial

    para

    que se possa criar uma c u ~ t u -

    ra tcnica

    de

    melhorias fortemente enraiza

    da

    na visualizao

    da

    estrutura de produo

    enquanto uma rede.

    Referncias ibliogrficas

    GOLDRATT,

    Eliahu. M

    COX,

    Jeff-

    A Meta,

    Editora

    do IMAN

    (Educador), So

    Paulo, 1992.

    OHNO, Taiichi. Toyota Production Sys

    tem. Productivity Press. Cambridge, Massa

    chussets

    and

    Norwalk, Connecticut, 1988.

    SEPEHRI

    Mehram. Just-In-Time Not

    Just in Japan: 'Case studies of m e r i ~ a m pio

    neers

    in

    JIT implementation. The

    L l b r a r ~

    of

    American Production-APICAS

    EducatIon

    and Research Foundation, 1986.

    SHINGO, Shigeo. Study ?f

    TOY ?ta

    P ~ o -

    duction System, from Industnal Engmeen lg

    View Ponint, Japan Management Assocla

    tion, 3-1-22, Shiha-Park Minatu-Hu, Tokyo,

    Japan,

    1981.

    SHINGO, Shigeo. A Revolution in M ~ -

    nufacturing - The SMED System, ProductI

    vity Press, Cambridge, Massachussets, Nor

    walk, Connecticut,

    1985.

    SHINGO, Shigeo.

    Zero

    Quality Control;

    Source Inspection and the Poka-Yoke Sys

    tem. Productivity Press, Cambridge, Massa

    chussets

    and

    Norwalk, Connecticut,

    1986.

    SHINGO, Shigeo. The Saying

    of S ~ i g e o

    Shingo. Productivity Press, C a m b n ~ g e

    Massachussets

    and

    Norwlk, ConectIcut,

    1987.

    SHINGO, Shigeo. Non-Stock. Produc-

    tion:

    The

    Shingo, System for

    Contmuos

    Im

    provement. Productivity Press, 1988.