me dê motivos para aprender história [livro 2013]

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MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa

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CCaappaa:: Iluminura do século XV que mostra uma cena de aula na Universidade de Bolonha (Itália). [Domínio público]. Disponível em: http://professorsamuka.blogspot.com.br/2010/06/igreja-medieval-cultura-e-poder.html

CCoonnttrraa ccaappaa:: Iluminura medieval de uma reunião de médicos da Universidade de Paris. A partir de um manuscrito medieval de "Chants royaux". Bibliothèque Nationale, Paris. [Domínio público]. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Meeting_of_doctors_at_the_university_of_Paris.jpg

Ficha Catalográfica Elaborada pelo.

Centro de Estudos e Biblioteca Escolar Prof. Américo de Oliveira Costa Secretaria de Estado da Educação e da Cultura do Rio Grande do Norte

Bibliotecária: Maria do Socorro Silva Félix – CRB-15ª/410

A663m Araújo, Maxuel Batista de.

Me Dê Motivos para Aprender História / Maxuel Batista de Araújo. Natal, Edição do Autor, 2012. 14cm. 92 p.

1. Motivação-aprendizagem. 2. Motivação-professor/ aluno 3. Psicopedagogia-motivação. 4. História- motivação-aprendizagem Escolar. I. Título

RN/SEEC-CEBE CDU 37.015

© MMXII Maxuel Batista de Araujo

ISBN: 978856262848-1

Este trabalho está licenciado sob a Licença Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada da Creative Commons. Para ver uma cópia desta licença, visite http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/ ou envie uma carta para Creative Commons, 444 Castro Street, Suite 900, Mountain View, California, 94041, USA.

PPrrooiibbiiddaa aa rreepprroodduuççããoo ttoottaall oouu ppaarrcciiaall ddeessttaa oobbrraa,, sseemm aa ppeerrmmiissssããoo eexxpprreessssaa ddoo AAuuttoorr

((LLeeii nnºº 99..661100,, ddee 1199//0022//11999988))

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Maxuel Batista de Araujo Turismólogo, Historiador, Especialista em História

Do Rio Grande do Norte, Psicopedagogo e

Mestre em Ciências Sociais

MMEE DDÊÊ MMOOTTIIVVOOSS PPAARRAA

AAPPRREENNDDEERR HHIISSTTÓÓRRIIAA

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SUMÁRIO

Introdução 4

1. Posicionamentos teóricos 7

2. Me Dê Motivos 31

2.1 – A motivação 33

2.2 – A aprendizagem 37

2.3 – O Ensino da História 61

3. O Papel Auxiliar do Psicopedagogo na relação professor-aluno

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Considerações Finais 80

Referências 88

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Introdução

“Se o Mestre for verdadeiramente sábio,

não convidará o aluno a entrar na mansão

de seu saber, e sim, estimulará o aluno a

encontrar o limiar da própria mente”.

(Khalil Gibran)

No Brasil há muito tempo discute-se sobre os males da Educação, dos problemas crônicos, da falta de investimos, dos baixos salários de seus profissionais, das más condições das Escolas dentre outros, porém muito se discutiu nos gabinetes oficiais cujos resultados foram programas, resoluções normativas, Leis, acordos, compromissos, propagandas governamentais, etc., observa-se que sempre de forma linear (de cima para baixo), acreditando em soluções finais e certas para a melhoria da educação no País.

Evidencia-se que não se trata de menosprezar as Leis e regulamentos do nosso sistema educacional e sim buscar uma reflexão sobre o que é dito nas Leis e o seu efetivo cumprimento, pois é necessário que a preocupação com a educação e em especial o ensino da História e demais componentes regionais deva sair dos gabinetes oficiais e, junto com a família, a escola, os professores e demais profissionais da educação encontrem uma maneira (didática, pedagógica, motivacional, financeira, etc.) que realmente promova o aluno e o faça novamente se encantar com a Escola e o conteúdo histórico, cultural e econômico regional e, contribua para que a escola não seja apenas mais um espaço para conversas, brincadeiras, namoros, alimentação, etc. e, sim um lugar de sociabilização e aprendizagem maior.

O aprendizado educacional é hoje formado como um fator de mudança, renovação e progresso. A educação é um investimento indispensável à globalização, passa-se nas últimas décadas, a merecer maior atenção do governo, legisladores e educadores. Tendo, amparado em uma legislação pertinente, está sendo desencadeado

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processo de aceleração, principalmente no que diz respeito à expansão e melhoria da rede escolar e preparação de recursos humanos. Entretanto, o aluno, o principal interessado, muitas vezes fica alheio a essas mudanças que, normalmente produzidas nos gabinetes oficiais.

Diante desse modelo educacional implantado no Brasil, onde a crença nas Leis e projetos é que vão desenvolver plenamente a educação e que os alunos realmente terão um eficaz aprendizado nos leva a refletir sobre o porquê da falta de motivação e interesse pelos estudos nas disciplinas escolares em especial, aqui neste estudo, representado pela disciplina História, portanto, a temática de estudo aqui é escolha sobre o processo motivacional do ensino-aprendizagem da disciplina História na educação básica.

Refletindo sobre a prática docente pessoal na Escola Estadual Imperial Marinheiro (Zona Oeste de Natal/RN) entre os anos de 2006 a 2008 e na Escola Municipal Irmã Arcângela (Zona Norte de Natal/RN) entre 2009 e 2010 no nível fundamental II - 6ºs anos (antiga 5ª série), pode-se observar por indagações orais e desempenho nas avaliações a “falta de motivação” em aprender os conteúdos transmitidos pelos alunos.

Diante dessa constatação, surgiu a seguinte hipótese: Que os conteúdos da História, nesse momento, não interessam e/ou quase não faz falta a maioria dos alunos neste nível de ensino (fundamental – 6º ano) e o que se aprende desses conteúdos é mais devido ao “sistema de compensação baseado em notas”, ou seja, na verdade os alunos só veem a disciplina História porque são obrigados e precisam de uma nota para ter progressão nos estudos. Motivos estes que levaram a elaborar e apresentar inicialmente como Trabalho de Conclusão de Curso da Pós Graduação em Psicopedagogia Institucional da Universidade Gama Filho, entre 2009 a 2010, a presente obra.

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Objetivou-se com este estudo a reflexão maior, por parte dos docentes (principalmente), alunos e demais membros da escola, bem como correlacionar o papel do Psicopedagogo, como profissional auxiliar na motivação dos mesmos, criando mecanismos que despertem principalmente o gosto e interesse pela disciplina História. Especificamente visa mostrar os elementos do processo motivacional na escola; Revelar a breve trajetória do ensino da História no Brasil; Demonstrar os recursos pedagógicos auxiliares como fonte de motivação no aprendizado; Discutir o papel do Docente e do Psicopedagogo como grandes motivadores para o aprendizado em geral e especificamente da disciplina História.

Pautou-se em procedimentos metodológicos como: leitura de textos de orientação teórico-metodológica; fontes secundárias foram a observação e avaliação de vídeos e documentários relacionados à Motivação, Ensino e Aprendizagem e dessa forma partindo de eixos centrais como Aprendizagem e Motivação correlacionados a relação professor-aluno no espaço escolar, procura fazer um dialogo com autores como Pedro MORALES; Jésus Alonso TAPIA & Enrique Caturla FITA; Abrahan MASLOW; Lev VYGOSTSKY; Jean PIAGET; Luiz MARINS; Evely BORUCHOVITCH, Angela Munhoz MALUF; Maria Aparecida CÓRIA-SABINI, ressaltando que ao desenvolver da monografia outros autores poderão fazer parte do embasamento teórico.

Os conceitos essenciais são a Motivação e o aprendizado da disciplina História, assim o dialogo entre os autores que tratam da motivação nos campos da Psicologia com os estudos do ensino da História, dessa forma a perceber o papel do professor de História no processo motivacional dos alunos do Sexto Ano do ensino fundamental (alunos com a faixa etária entre 10 e 11 anos).

Quanto ao título desta obra, antes que um colega que leciona a Língua Portuguesa me corrija quanto ao uso da “ênclise”, esclareço que foi usado aqui propositalmente de forma a não obedecer a Língua Padrão, “numa espécie de liberdade poética”, assim MMee ddêê mmoottiivvooss... como na antiga música do Tim Maia.

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Capítulo I

DDooss PPoossiicciioonnaammeennttooss tteeóórriiccooss

"Aqui, a educação é entendida como um processo

sequenciado de ajuda recíproca para o

crescimento pessoal dos indivíduos, para que, a

partir de uma abordagem crítica, sejam pessoas

que amadureçam sua capacidade integral e que

possam, assim, ser úteis para uma sociedade em

contínua mudança". (Sequeiros)

Pode-se dizer que o homem adquire conhecimentos através da cultura, de técnicas necessárias à sua sobrevivência física e social, podendo dominar e controlar, na medida do possível, o seu meio ambiente. A maneira de viver das pessoas implica normas de comportamento, muita delas estabelecidas há tempos atrás. Mas o que realmente determina muito do futuro comportamento e das reações que o homem haverá de ter frente as mais diversas situações é a forma como ele será ensinado a viver, a forma como ele aprenderá todos os requisitos básicos para a sua boa sobrevivência.

A aprendizagem é fruto da criação do indivíduo e da sociedade numa integração recíproca. Não há indivíduo humano desprovido de cultura, seja ela qual for todos os seres humanos possuem sua própria cultura e seu modo de viver.

O ser humano nasce com determinadas possibilidades e potencialidades. Logo percebemos nossa fragilidade e indigência biológica que será, em parte, suprida pela ação lenta e socializadora da cultura.

A personalidade do homem, o que ele vai ser quando crescer, qual sua profissão, sua reação frente às dificuldades da vida, com que tipo de pessoa irá se relacionar, o local onde escolherá morar, todos

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esses são fatores que serão determinados, direta ou indiretamente, pela educação, cultura e o processo de aprendizagem pelo qual o homem deverá passar.

Este processo de aprendizagem acima citado não deve ser entendido como sendo um processo rápido e de tempo limitado, deve sim, ser contínuo e pacientemente cultivado, mesmo diante de fracassos e derrotas, o homem deve manter-se sempre com a mente voltada para aprendizagem, pois nunca se encerra o processo de busca do saber.

Como o homem nasce e vive em uma sociedade. O ambiente humano em que ele nasce, e garante-lhe a subsistência nos períodos iniciais da vida, pode causar um impacto forte e permanente em todo o percurso de vida que ele terá.

É ainda esse ambiente humano, o responsável pelo desenvolvimento, nos indivíduos, de características essenciais, através da aprendizagem de padrões, valores, sentimento e modos de expressão. A essa internalização de modelos do comportamento, que se dá através da associação e interação colocando o novo ser em contato com as características humanas, que denominamos socialização.

A escola possui papel fundamental no que diz respeito à ambientação dos seres humanos, pois não somente indica o caminho do saber didático, mas influencia nos comportamentos na medida em que na grande maioria das vezes as crianças passam na escola, boa parte do seu tempo, senão quando passam o dia inteiro.

No que diz respeito à aprendizagem escolar vemos que a questão do aprender não pode ser visto como mera acumulação de conhecimentos ou aquisições, mas como uma construção ativa e uma transformação das ideias, uma modificabilidade cognitiva estrutural, um processamento de informação mais diversificado, transcendente e

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plástico, consubstanciado a função de facilitação e de mediatização intencional do professor e do aluno.

Quando o ser humano não está bem afetivamente, sua ação como ser social fica comprometida, sem expressão e sem força em qualquer idade ou sexo. Por isso, ao receber uma criança na sala de aula deve-se ter a convicção de que ela traz todas as impressões vivenciadas durante a vida. Assim pais e professores tem o papel de preparar a criança para a vida, mas isso só se consegue com limites e afetividade acima de tudo.

Diante do crescente aumento das dificuldades de aprendizagem por parte dos educadores vem se observando que o comportamento das crianças é influenciado pela afetividade e esta pode contribuir para que a criança aprenda ou não. Um ambiente harmonioso favorece a aprendizagem. Assim, também, as ações partilhadas e mediadas pela linguagem e pela instrução são reconhecidas como estimuladoras da aprendizagem. A interação entre adultos e crianças e entre os grupos de iguais, portanto, é fundamental na aprendizagem.

O ser humano adquire conhecimentos através da cultura, da interação e sociabilização do individuo com o seu meio circundante, bem como de técnicas necessárias à sua sobrevivência física e social, podendo dominar e controlar, na medida do possível, o espaço em que está inserido. A maneira de viver das pessoas implica normas de comportamento, muita delas já pré-estabelecidas pela sociedade. Mas o que realmente determina muito do futuro comportamento e das reações que o homem haverá de ter frente as mais diversas situações é a forma como ele será ensinado a viver, a forma como ele aprenderá todos os requisitos básicos para a sua boa sobrevivência.

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A aprendizagem é fruto da criação do indivíduo e da sociedade numa integração mútua. Não há indivíduo humano desprovido de cultura, seja ela qual for, todos os seres humanos possuem sua própria cultura e seu modo de viver. O homem nasce com determinadas possibilidades e potencialidades, mas logo se percebe sua fragilidade e indigência biológica que será, em parte, suprida pela ação lenta e socializadora da cultura.

O processo de aprendizagem não deve ser entendido como sendo um processo rápido e de tempo limitado, deve sim, ser contínuo e pacientemente cultivado, mesmo diante de fracassos e derrotas, deve-se manter a mente voltada para aprendizagem, pois nunca se encerra o processo de busca do saber.

A escola possui papel fundamental no que diz respeito à ambientação dos seres humanos, pois não somente indica o caminho do saber didático, mas influencia nos comportamentos à medida que na grande maioria das vezes as crianças passam na escola, boa parte do seu tempo, senão quando passam o dia inteiro.

Ao compreender o modo como os indivíduos aprendem e em que circunstancias e condições ocorre à aprendizagem, além de identificar o papel de um professor no ensino fundamental das séries finais, por exemplo, pode possibilitar a seus educandos um interesse, um gosto e uma motivação maior para o real aprendizado de uma disciplina, como a História, onde as atitudes e habilidades desse docente podem contribuir ou não pela motivação da disciplina em tela.

As teorias de aprendizagem buscam reconhecer a dinâmica envolvida nos atos de ensinar e aprender, partindo do reconhecimento da evolução cognitiva do homem, e tentam explicar a relação entre o conhecimento pré-existente e o novo conhecimento. A aprendizagem não seria apenas inteligência e construção de conhecimento, mas, basicamente, identificação pessoal e relação através da interação entre as pessoas.

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Não se pode negar que o século XXI trouxe uma nova dinâmica para o sistema educacional e o ensino passou a exigir do educador uma reflexão maior sobre seu papel, sua participação aos novos paradigmas impostos pela sociedade, decorrentes principalmente pelo avanço científico e tecnológico. Portanto, hoje o espaço escolar é visto como um centralizador sistemático dos processos educacionais integrados na comunidade da qual faz parte, ressalta-se que ainda cabe à escola oferecer situações que possam oferecer meios e maneiras que permitam aos alunos desenvolver suas potencialidades de acordo com a fase evolutiva em que se situam e com os interesses que os impelem à ação.

O discurso educacional atual prega que a escola prepare “pessoas de mentalidade flexível e adaptável para enfrentar as rápidas transformações do mundo, pessoas que aprendem a aprender e, consequentemente, estejam aptas a continuar aprendendo sempre”. Pois bem, percebe-se que as equipes docente e pedagógica das escolas estão se esforçando na formação contínua, onde a participação de Psicopedagogos em muitos estabelecimentos educacionais tem dado ótimos resultados para uma educação de qualidade.

Por outro lado, a diferenciação de funções da escola pode se dar sem que exista uma correlativa diferenciação de unidades concretas que as realizem, em suma a escola é um sistema social que deve persistir, é indispensável que nela se cumpram funções e estas se cumprirão segundo as estruturas existentes no sistema. Dessa forma, vista a escola como um sistema social, deve analisar agora a mudança. Todo sistema social está sujeito a mutações, dado que existe no tempo e é integrado por homens.

A escola, isoladamente e como sistema é uma instituição essencialmente social, pertence à sociedade que deu a ela origem e mantêm com sua estrutura global relações de mútua influência e, constantemente se tem discutido o papel do sistema educacional como agente de mudança social. Uma posição

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excessivamente otimista a respeito, que deve ser olhada com reservas, pois supõe por parte da escola um grau de independência em relação à sociedade maior do que aquele que na realidade tem, e implica uma confiança provavelmente excessiva em suas possibilidades de ação.

A transcendência social do papel da escola se vê limitada por fatores existentes no contexto da sociedade em geral. Em sociedades estáveis, onde a mudanças são lentas, não se percebem tão agudamente as exigências sociais e as limitações que estas impõem ao sistema escolar. Porém, onde as mudanças são rápidas, crescem as exigências da sociedade para com a escola e, por sua vez, entram em crise as limitações de origem social com que se depara a escola ao cumprir sua tarefa.

Não se pode deixar de observar que dentro do espaço escolar se inter-relacionam uma pluralidade de agentes como diretor, professores, alunos, secretário etc. As relações que mantêm entre si estão sujeitas a normas ou regras que permitem prever a conduta da cada pessoa dentro de certos limites. Tais regras definem o comportamento adequado para cada um dos papéis em cada situação, onde em cada situação, as regras são observadas, pois seu cumprimento ou violação está sujeita a sanções.

Dos posicionamentos teóricos, inicialmente, faz necessário destacar as observações do teórico motivacional, Abrahan MASLOW (1908-1970), norte americano, doutor em psicologia, que entre as décadas de 1930 a 1960 desenvolveu seus trabalhos sobre a motivação humana, onde produziu diversos artigos sobre este tema que culminaram com a sua mais conhecida obra: a Teoria a respeito da Hierarquia das Necessidades Humanas, elaborada entre 1943-54.

Para MASLOW (1987), as motivações constituem uma das classes determinantes do comportamento, que é motivado e influenciado biológica e culturalmente. Ele afirmou que o homem é movido pelas necessidades de deficiência e crescimento. As

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necessidades mais básicas dizem respeito à deficiência, enquanto que as de desenvolvimento remetem ao crescimento, a valores do ser.

O autor coloca que o ser humano é "um todo integrado, organizado (...)" é na pessoa completa que se opera a motivação.

Maslow propôs um sistema de categorização de necessidades, começando com aquelas que geram comportamentos mais simples e imaturos e terminando com as geradoras de comportamentos mais amadurecidos e realizadores. É constatado aqui que é inerente à condição humana, o desejo de saber e compreender, sendo este o impulsionador do desenvolvimento da personalidade no sentido de sua auto-atualização ou desenvolvimento maduro. Um mínimo de satisfação é necessário em cada uma das etapas, antes que se passe para a outra em termos de necessidades, que são fontes de motivação. Este processo é dinâmico e integrativo, porém permanece a ideia de que se a satisfação de uma determinada necessidade está bloqueada ou é indevidamente retardada, o indivíduo não se tornará plenamente consciente das outras, mais altas na hierarquia.

Ir transpondo os níveis de carências parece o caminho mais seguido, porém, se a privação for muito longa ou traumática, o sujeito pode continuar fixado naquele ponto, pois pelo menos em sua percepção (aspectos cognitivos) nunca esteve completamente satisfeita, dessa forma pode se dar uma frustração e/ou iniciar outro processo para saciar as necessidades.

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A figura mostrada revela que na base da pirâmide estão aquelas necessidades que refletem interesses fisiológicos e de segurança, como conforto físico, abrigo, vestuário, alimento, etc. Mesmo quando o sujeito tem garantido a satisfação básica destas necessidades (o que em nossa sociedade está longe de ser atingido pela maioria das pessoas).

Vendo a Pirâmide de Maslow e, transpondo para o ambiente escolar como se processariam essas necessidades no ambiente escolar? Como pré-adolescentes absorveriam essa pirâmide de necessidades? Tais indagações é o ponto de partida para a reflexão sobre aquilo que desperta interesse no aluno para determinado comportamento que leve a um aprendizado de uma disciplina, como a História.

Normalmente, os comportamentos que vão adicionados por essas necessidades e que servem para satisfazê-los são menos amadurecidos e construtivos do que muita ação voltada para o trabalho propriamente dita, e que envolvem outros motivos. Assim num ambiente da escolar o aluno espera oportunidades de satisfação, como obtenção de boas notas e progresso, mas também se frustra quando não as encontra. Portanto, observar se o aluno tem suas satisfações realizadas e uma vez que já tenha sido alcançado algum

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lugar de aceitação e conforto no grupo, aparece o desejo de destacar-se, obter reconhecimento sobre aquilo que se produz (seja tangível ou intangível) que impele os sujeitos a comportamentos que demonstrem competência, na esperança de recompensas.

Em resumo, esses motivos nos levam a contribuir da melhor maneira para a organização, em troca de reconhecimento. Se ele não vem, há frustração e a possível regressão a pontos anteriores na hierarquia, todavia, apenas a Pirâmide de Necessidades de Maslow não explica a falta de motivação do alunado com a aprendizagem, uma vez que há fatores externos a simples satisfação das necessidades individuais dos mesmos que interferem nesse processo, dessa forma e dependendo de fatores externos e subjetivos se fazem necessários para se conjugarem de modo mais consistente e duradouro e a tendência é desejar satisfação pessoal, amadurecimento, aprendizado e crescimento.

Para a Psicopedagoga Angela Cristina M. MALUF (2006) traz a ideia de conhecer bem as crianças e jovens se pode oferecer uma educação melhor, fato muitas vezes ignorado nos planejamentos, nos projetos políticos pedagógicos e até mesmo na pratica docente. Conforme diz:

Na verdade, de crianças e jovens conhecemos muito pouco. [...] Crianças e jovens não entendem nossa fala. E, pelo que me parece, os adultos não querem aprender a linguagem deles. Nossa primeira preocupação é alfabetizar, é fazer com que a criança deixe de ser criança o quanto antes. (MALUF, 2006, p. 9)

A autora se debruça em sua obra a preocupação em compreender primeiro o universo da criança, do adolescente, antes de impor valores imperativos de aprendizagem, tendo a devida atenção e preocupação com as particularidades e individualidades dos mesmos, onde suas características peculiares, aptidões, dificuldades dentre outros fatores torne o trabalho do educador mais fácil e faça com que se desenvolva um bom trabalho educativo e proporciono ao aluno o desenvolvimento de suas potencialidades.

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A mesma ainda traz a preocupação sobre o ambiente e a maneira dos pais e educadores desenvolve e estimulam o educando ao aprendizado, considerando “instrumentos fundamentais nesse processo”, assim se faz necessário que haja consciência do papel e da responsabilidade de cada um, a as funções da educação (social e psicológica) se interajam e se complementem.

Atualmente, na dinâmica da sociedade moderna e problemas em instituições como Família e Escola, revela a baixa qualidade nos índices educacionais, uma estagnação generalizada e os valores morais, os bons costumes, os princípios éticos estão a cada dia mais distante da realidade dessas duas instituições e assim provocando o desestímulo na relação professor-aluno.

Por outro lado começa o desafio de muitos educadores e profissionais como o Psicopedagogo em quere dar sua contribuição na melhoria e solução desses problemas que prejudicam a educação e assim ao considerar nosso próprio potencial e experimentar o desejo de testar nossas capacidades em transformar essa realidade. Dessa forma experiências de um trabalho mais criativo, no qual se possa obter um sentido de realização pessoal permite que haja motivação, entusiasmo e êxito no aprendizado.

Conforme atesta ainda Angela Maluf:

O que mais falta na criança e no jovem hoje é a vontade de obedecer tanto aos pais quanto aos educadores. A vontade deles é sempre indecisa, fraca, atrapalhada pela fragilidade do organismo, pela instabilidade do pensamento. [...] não existe um método educativo que se possa chamar de modelo. [...] contudo, indo mais intensamente ao assunto, cada criança e jovem devem ser educados segundo suas tendências pessoais e naturais. É necessário que pais e educadores observem o desabrochar de sua inteligência fazendo com que devagar eles percam as más tendências e desenvolvam as mais adequadas. [...] nunca devemos exigir obediência, sem antes fazê-los ver as razões. (MALUF, 2006, p. 29).

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Já o norteamento das atividades na sala é algo inerente e diferente de professor para professor, assim não existe formulas prontas e eficazes uniformemente para todos, mas se pode classificar que, o educador em sala, pode ser visto como “tradicional” ou “moderno”. Por outro, lado observa-se que na prática, a maioria dos docentes age num “meio termo”, ou seja, dependendo da situação são exigentes, noutras são mais flexíveis e práticos.

Não se pode deixar de falar sobre a forma, o “estilo de ensino” de cada docente, que é muito mais uma característica peculiar de cada um, embora técnicas de didática e metodologia auxiliem sua postura, mas de maneira em geral, o professor impõe sua personalidade e por isso determina e “imprime sua marca” na condução da classe.

Os estudos dos autores Evely BORUCHOVITCH & José Aloyseo BZUNECK reunidos na obra: Motivação do Aluno, editora vozes, 2001 nos traz, neste atual momento do estágio da educação brasileira, a análise sobre este problema do baixo rendimento de vários alunos, por causa principalmente de sua baixa motivação pelos estudos.

Na pratica docente e com a convivência com outros colegas de profissão percebeu-se a constante reclamação generalizada da falta de interesse dos alunos para com os conteúdos escolares, gerando uma frustração no exercício da profissão, por outro lado, há também uma certa acomodação e sentimento de impotência em lidar com tal situação das equipes docente, pedagógica e gestora. Diante dessa situação, o mais agravante é o desconhecer desses agentes em concentrar maiores esforços e estudos na área da motivação no espaço da escola, uma vez que:

Tornou-se um problema de ponta em educação, pela simples constatação de que, em paridade de outras condições, sua ausência representa queda de investimento pessoal de qualidade nas tarefas de aprendizagem. Alunos desmotivados estudam muito pouco ou nada e, consequentemente, aprendem muito pouco. Em última instância, ai se configura uma situação educacional que impede a formação de indivíduos mais competentes para exercerem a cidadania e

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realizarem-se como pessoas, além de se capacitarem a aprender pela vida afora.

(BORUCHOVITCH; BZUNECK, 2009, p.13).

Conforme a afirmação feita pelos professores José Aloyseo Bzuneck e Evely Boruchovitch, nos mostra que, apesar de a motivação estar no aluno, as condições ambientais interferem muito também nesse processo, portanto, é equivocado inferir que a motivação ou os problemas decorrentes são apenas do estudante. Daí a importância dos professores em conhecer os possíveis fatores externos que estão interferindo na motivação dos alunos. É importante ver em suas palavras que o fenômeno da desmotivação dos alunos precisa de destaque maior e assim nos revela, abordando esse problema sob dois aspectos o quantitativo (intensidade) e o qualitativo (tipos) e assim desmitifica algumas concepções erradas sobre a forma de pensar que um aluno “é desmotivado” ou que ainda a crença de que quanto mais uma “pessoa estiver motivada melhor será o desempenho em tarefas complexas, como as aprendizagens escolares”.

Embora, o tema sobre a motivação e aprendizado ser algo já discutido alguns anos no meio acadêmico, mas ainda, se ver que é algo meio secundário ou é tratado por muitos educadores como “é natural à desmotivação dos alunos”, assim o autor José Aloyseo Bzuneck apresenta uma visão de teorias e pesquisas em motivação que possam auxiliar e nortear o trabalho docente. Uma vez que se faz também necessário ficar atentos que mesmo os componentes afetivos envolvidos na relação motivo-aprendizado entre professor e aluno é importante focar os componentes cognitivos, crenças, atribuições e percepções dos envolvidos neste processo.

Contudo, ainda persiste a ideia tão comumente encontrada de que os professores podem fazer muito pouco pela motivação, porque as condições contextuais são adversas e depende apenas do aluno querer aprender alertando, todavia que:

A motivação do aluno esbarra na “motivação do próprio professor e que esta depende do nível de sua crença de auto-

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eficácia, ou seja, na crença de que pode exercer ações destinadas a produzirem certos resultados” (BZUNECK, 2009, p.29).

É preciso ainda distinguir duas funções distintas e complementares a serem cumpridas pelo professor, sendo a primeira de caráter remediador, que consiste em recuperar os alunos com problemas de motivação, e a segunda é mais preventiva e de caráter permanente que seria a implementação e a manutenção otimizada motivação para aprender pelos alunos da classe.

Não se pode deixar de lado que o papel do professor e da escola na motivação dos alunos, deve abordar aspectos gerais e estratégias de ensino que visam favorecer a motivação dos alunos, meios esses que devem ser aprofundados e de amplo conhecimento dos fatores que interferem no aprendizado dos alunos.

Para o pesquisador Jean PIAGET (1896-1980), sua preocupação central foi o desenvolvimento humano cujo tema central dos seus estudos concentrava no pensamento lógico-matemático, seus construtos teóricos científicos procura explicar o princípio do conhecimento são a base de uma teoria denominada Psicogênese.

Ele defendia que o homem constrói o conhecimento pela interação entre o mundo material e o exercício da razão, processo este denominado de interacionismo, onde a adaptação à realidade externa depende basicamente do conhecimento.

Embora Piaget não fosse um educador e não tinha preocupações pedagógicas, é estudado na pedagogia porque falava sobre crianças. O termo construtivismo (se refere a como a criança elabora formas de conhecimento mais eficazes para dar conta da realidade) foi elaborado por Piaget, mas ele não propôs um método construtivista. Tanto na Europa, quanto nos Estados Unidos e no Brasil surgiram práticas pedagógicas com “inspiração” construtivista que possuem tanto críticos quanto adeptos e defensores.

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As contribuições do Construtivismo1 inspirou o “método construtivista” baseados em fatores como: possibilita a valorização do indivíduo, faz a criança romper seus limites (desequilibrar), valoriza-se o esforço da criança na construção do conhecimento, tornando-a ativa no processo de conhecimento no qual há necessidade de reflexão e de elaboração pessoal na teoria da Psicogênese Piaget enfocou seu olhar sempre na questão da inteligência como o “motor” do desenvolvimento humano. Já as questões como a linguagem, afetividade, desenvolvimento do juízo moral e a aplicação da sua teoria à educação foram discutidos por ele, porém não foram seus temas centrais de preocupação.

Não se discute aqui o mérito da contribuição deste autor a compreensão da aprendizagem e de fatores condicionantes e motivacionais, uma vez, que as pretensões iniciais de Piaget não estavam diretamente ligadas a educação e sim ao comportamento (mais do ponto de vista da Psicologia do que da Pedagogia). Uma vez que suas preocupações nesses estudos, era perceber e compreender melhor como as crianças, principalmente, aprendiam e assimilavam o aprendizado, conforme diz:

as situações nas quais a criança age são engendradas pelo contexto social (...) A criança não assimila objetos puros, definidos por seus parâmetros empíricos. Ela assimila situações nas quais os objetos cumprem certas funções e não outras. (Piaget & Garcia, 1983, p.274).

Dos inúmeros problemas enfrentados pela educação no Brasil, um problema constante que interfere na relação professor/aluno é falta de motivação nesse processo. Quando se ver alunos desmotivados, alheio a escola, ao aprendizado e muitos contaminados pela indisciplina e assim surge um sentimento de frustração, não há um avanço educacional e assim se depara numa melancolia e conformismo e pensar que não há solução que reverta esse quadro de desmotivação.

1 Termo que se refere a como a criança elabora formas de conhecimento mais

eficazes para dar conta da realidade, proposto inicialmente por Jean Piaget.

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Na obra A motivação em sala de aula, o que é e como se faz (Loyola, 2009) traz os professores Jésus Alonso TAPIA & Enrique Caturla FITA a preocupação de compreender melhor sobre esse problema e refletir sobre soluções possíveis e não apenas o apontamento do problema.

Alonso TAPIA (2009) mostra que o interesse escolar, o desejo de aprender não depende de um e único exclusivo fator (seja pessoal ou contextual), uma vez que a motivação está ligada à interação dinâmica entre os fatores pessoais e os contextos que se processam e desenvolvem as tarefas escolares.

Caturla FITA (2009) centraliza suas preocupações no papel do professor como agente motivador dos alunos, ressaltando que saber motivar alguém para aprendizagem no âmbito escolar não é tarefa fácil, tampouco, receitas prontas ou sucessos individuais de motivação possam ser generalizados para todas as escolar, pois a chave aqui é conhecer bem a realidade, os envolvidos, o que interfere e, portanto, criar mecanismos próprios que levem a reflexão e tragam soluções viáveis. Uma vez que “o aluno motivado a aprender tende a perceber as tarefas a realizar com um convite a conseguir algo, como um desafio” (TAPIA & FITA, 2009, p.31).

Dentro desse pensamento, o educador pode, no inicio de suas aulas, estimular seus alunos, motivando-os, despertando o interesse, mantendo atenção, a curiosidade a novidade, ao desejo de alcançar objetivos e metas, onde o aluno possa perceber também o poder da realização de sua tarefa.

É necessário conhecer logo no início, as variáveis pessoais que influem na motivação com que os alunos enfrentam as tarefas escolares e nas mudanças que se produzem à medida que uma atividade transcorre, e como as diferentes formas de atuação que os professores podem adotar interagem com tais características, contribuindo para a motivação ou desmotivação dos alunos.

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Lev Vygotsky (1896-1934) desenvolveu a teoria socio-cultural do desenvolvimento cognitivo. A sua teoria tem raízes na teoria marxista do materialismo dialético2, onde bordou o desenvolvimento cognitivo por um processo de orientação. Em vez de olhar para o final do processo de desenvolvimento, ele debruçou-se sobre o processo em si e analisou a participação do sujeito nas atividades sociais. Ele propôs que o desenvolvimento não precede a socialização. Ao invés, as estruturas sociais e as relações sociais levam ao desenvolvimento das funções mentais.

O processo básico pelo qual isto ocorre é a mediação (a ligação entre duas estruturas, uma social e uma pessoalmente construída, através de instrumentos ou sinais). Quando os signos culturais vão sendo internalizados pelo sujeito é quando os humanos adquirem a capacidade de uma ordem de pensamento mais elevada.

Ao contrário da imagem de Piaget em que o indivíduo constrói a compreensão do mundo, o conhecimento sozinho, Vygostky via o desenvolvimento cognitivo como dependendo mais das interações com as pessoas e com os instrumentos do mundo da criança.

O uso desses sentimentos e ações são necessárias para consolidação dessas interações, bem como associa-las as da motivação. Assim sendo, é preciso entender quais são as características fundamentais dos processos motivacionais e como elas se relacionam visando tanto a elaboração de atividades e modos de desenvolvê-las em sala de aula, quanto o desencadeamento de interações sociais que possam ser realmente significativas para a aprendizagem dos alunos, pois eles não só devem pensar e assimilar, mas devem sentir a aprendizagem.

2 Termo referente às mudanças históricas na sociedade e a vida material produzem mudanças na natureza humana.

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“Os gregos diziam que a filosofia nasce da surpresa. Em termos psicológicos isso é verdadeiro se aplicado a qualquer conhecimento no sentido de que todo conhecimento deve ser antecedido de uma sensação de sede. O momento da emoção e do interesse deve necessariamente servir de ponto de partida a qualquer trabalho educativo.”

(VIGOTSKI, Psicologia Pedagógica, p145)

Em suma, se pode dizer que a obra de Vigotski se fundamenta na precedência da cultura sobre o desenvolvimento cognitivo de uma pessoa. A idéia de que a instrução, entendida como interação de crianças ou aprendizes com adultos ou parceiros mais capazes, é necessária para o desenvolvimento cognitivo, é consequência dessa fundamentação. Para tanto se faz necessário também uma compreensão e extensão maior do conceito de zona de desenvolvimento proximal, proposto por ele, mas poucos têm enfatizado o papel das emoções nas interações sociais voltadas à aprendizagem.

O Processo motivacional não depende só de uma parte, é necessário o interesse mútuo, o professor e o aluno precisam acreditar naquilo que estão construindo é importante compreender o papel de cada um no processo motivacional para que surta o aprendizado na escola, especificamente na disciplina História, que exige uma leitura de mundo maior, da compreensão de textos, de transpor-se para o passado e fazer a ponto com o conhecimento histórico, processá-lo e construir um significado para o presente/futuro.

O Antropólogo Luiz Almeida Marins Filho, célebre palestrante no meio empresarial, onde há mais de duas décadas fala sobre motivação e sucesso, amplamente propagado no ramo da Administração de Empresas principalmente, entretanto, entende-se também aqui que a Escola é uma organização, quer seja pública ou privada, a mesma segue (mesmo implicitamente) mecanismos de empresas, como planejamento, administração, controle, supervisão, além de oferecer o produto que é o ensino, o aprendizado e o

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cliente/publico alvo é os alunos, então, por que não ver este espaço escolar como uma empresa?

Portanto, as palavras do Prof. Marins também se encaixam aqui, principalmente quando fala de motivação, onde diz:

O que é motivação? Há dois tipos de motivação: Emocional e Cognitiva : A emocional usa a emoção por meio de depoimentos, de casos e situações. já a Cognitiva discute as razões de ordem lógica, racional e cartesiana. Uma pessoa desmotivada é Uma pessoa sem objetivos próprios. Para se ter sucesso e vencer as barreiras impostas neste mundo globalizado em que vivemos é preciso conhecer a realidade e reconhecer seus próprios limites para poder ultrapassá-los. (MARINS, 1994, p. 24)

Não se pode esquecer que o ambiente escolar é dinâmico, as mudanças ocorrem e transforma esse espaço a cada ano letivo que se inicia, cada dia mais se precisa de mais outros profissionais como administradores, psicólogos, assistentes sócias e psicopedagogos e juntos promovam com os tradicionais agentes escolares (Professores, Gestores, Equipe Técnica, Pedagógica e de Apoio) uma revolução na melhoria da qualidade do ensino.

Um dos mais fortes argumentos a favor da educação em casa é que ela provê uma educação individualizada e que a criança pode aprender de acordo com seu próprio ritmo de aprendizagem em vez de ter que aprender no ritmo de uma "maioria" da classe. Outro argumento – dos mais fortes – é o de que com a educação doméstica os pais podem passar a seus filhos os valores que realmente desejam que seus filhos tenham e não deixar que eles fiquem à mercê dos valores de professores com formação duvidosa. Enfim, eles acreditam que uma educação doméstica é, simplesmente, melhor que uma educação pública.

O Professor Marins mais uma vez nos alerta, quando:

Os dias atuais, de extrema mudança e competitividade, exigem que nossos objetivos pessoais e profissionais estejam bastantes claros e em total envolvimento e comprometimento com as coisas e com as

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causas da empresa em que trabalhamos. Há pessoas que não se envolvem e não se comprometem. Elas tem a idéia falsa e errônea de que não se envolvendo e não se comprometendo ficam isentas dos problemas. Nada mais falso! Pessoas que preferem? Morrer sentadas? com medo de participar ficam à margem do caminho,nunca são promovidas e são vistas como não-comprometidas. (MARINS, 2008, p.42)

É preciso refletir a escola, o aprendizado de forma sistêmica, se faz necessário intervir, participar, transformar, deixar a “zona de conforto”, culpar o outro pela baixa qualidade educacional em nosso país, por que:

As pessoas de sucesso são aquelas que não têm medo de se comprometer e compreendem que o sucesso exige de nós a coragem para correr riscos, assumir compromissos e lutar por nossos objetivos. A diferença fundamental entre ganhadores e perdedores está na medida do comprometimento, do envolvimento, da participação e da capacidade de fazer e de empreender. (MARINS, 2008, p.49).

Não se pode deixar de ressaltar a importância de sempre transformar nossa realidade, os agentes educacionais precisam rever conceitos, mudar posturas, aprender novos paradigmas, além de oferecer mecanismos que reconheçam atitudes e ações positivas. Para tanto o Marins (2010) ainda nos faz refletir que não basta a motivação é preciso também entusiasmo pelas coisas, onde nos fala:

Permita-me apenas fazer uma observação aqui: Platão dizia que educar é ensinar o indivíduo a querer fazer o que ele deve fazer. Isso é motivar. Já “entusiasmar” é diferente. O termo vem de theos (em grego), que significa “deus”. Como os gregos eram panteístas e politeístas, usavam a palavra enthousiasmos ( ), que significa “ter um deus dentro de si”, para dizer que o indivíduo estava arrebatado pelos deuses. Eles iam então a Delfos para que, entusiasmados pela vidente, fossem capazes de fazer a colheita, apesar das adversidades do tempo, ou para que a batalha fosse vencida, apesar das forças inimigas. Ou seja, o entusiasmado acredita menos nas forças externas – nas notícias, nas opiniões alheias – e mais em si próprio, isto é, na sua capacidade de transformar a realidade. também distinto de otimismo. O otimista é reativo: “Ouvi o discurso do presidente ontem e fiquei otimista; li o jornal hoje e fiquei pessimista”. Portanto, a motivação exige

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entusiasmo, mas não otimismo, que é apenas uma reação a um estímulo externo. (MARINS, 2010, p. 9-10)

O século XXI já trouxe da segunda metade do século XX no Brasil um forte desgaste e falta de clareza nos rumos da educação brasileira, onde a escola publica é vista totalmente desacreditada pela sociedade, onde muitos alunos perderam o “brilho no olhar” para o aprendizado, já os professores por outro lado convivem com os baixos salários e as péssimas condições de trabalho. E aí? Entregar os pontos? Desistir? Ou viver uma farsa de fingir ensinar e aprender? Neste momento é preciso parar, pensar, planejar e voltar a acreditar na educação e recorrer a ajuda, ajuda por exemplo do Psicopedagogo e juntos encontrar novos motivos para não desistir da luta, pois a viva é recomeçar todos os dias e que as dificuldades como desmotivação de alunos e docentes, a indisciplina e a violência no espaço escolar sejam levadas a sério e encontrar meios que as superem.

Assim o prof. Marins nos lembra:

Motivação significa encontrar os motivos, isto é, as razões para que eu faça mais e melhor aquilo que é esperado de mim. Viver motivado significa viver sabendo e desejando os motivos que me façam vencer os desafios do mundo. Equipes desmotivadas pelo constante reconhecimento são capazes de realizar feitos incríveis. (MARINS, 1994, p.9).

Já a professora Maria Aparecida CÓRIA-SABINI faz seu trabalho, Iniciando seus estudos a partir da evolução histórica da Psicologia do Desenvolvimento, numa ótica de concentra-se nos aspectos do desenvolvimento cognitivo, emocional e social, com referência de que a personalidade do indivíduo é consequência da interação desses três fatores.

A investigação sobre o desenvolvimento humano iniciou-se pelo estudo da infância. Estimulados pelas ideias de Darwin (1809-1882) sobre a evolução das espécies e do comportamento, os pensadores passaram a ver a criança como fonte rica de informação potencial sobre a natureza humana. (CÓRIA-SABINI, 1997, p.22)

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Ela traz a discussão que a Escola é um ambiente social ativo, onde direitos e deveres devem ser observados e alvo de reflexão quando há choques de interesses, principalmente entre as crianças a partir dos sete anos que ingressam em escolas do ensino fundamental, suas expectativas e sua socialização.

Assim:

Frequentar a escola de ensino fundamental representa a oportunidade de descobrir todas as coisas conhecidas pelas crianças mais velhas e pelos adultos. Aprender a ler, a escrever, a fazer contas ampliar o aparecimento de novos campos de interesse. [...] é preciso enfatizar que neste período a criança já possui grande parte das habilidades dos adultos, algumas das quais bastante especializadas. No entanto, seu desenvolvimento, de maneira geral, é mais lento e uniforme [...]. (CÓRIA-SABINI, 1997, p.75)

Segue-se a historiografia da evolução dos pensamentos a cerca da Psicologia do Desenvolvimento numa interação como o aprendizado nos estudos de CÓRIA-SABINI (1997), marcada pela divisão de “idades psicobiológicas” didaticamente divididas em infância, adolescência, fase adulta e velhice. Onde a mesma afirma:

No processo de desenvolvimento não há revoluções ou tempestades. As mudanças no modo pelo qual o indivíduo percebe o mundo que o cerca e a ele responde são resultantes de contínuas adaptações aos eventos físicos e sociais. [...] O desenvolvimento de um sistema de valores, que envolve o respeito aos outros e a si mesmo, é essencial para a formação do ser humano, pois não existe uma única resposta correta para as diversas situações da vida em sociedade. As escolhas são múltiplas, assim como as infinitas situações sobre as quais se deve agir, considerando as diversas possibilidades de respostas em função das diferentes instituições.

(CÓRIA-SABINI, 1997, p.91-100)

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A autora ainda defende que o desenvolvimento e por tabela o aprendizado é algo sempre retroalimentado, não apenas da criança ao adolescente, pois o “adulto [...] na sua mente, presente e passado constituem uma realidade psicológica, que é organizada a partir de diferentes sistemas de valores” (CÓRIA-SABINI, 1997,p.113). Daí a importância dos docentes sempre terem a preocupação com sua formação contínua e fazendo do seu labor, sempre uma forma de evoluir e aprender.

Por fim, outro autor priorizado nesta revisão teórica é o doutor em pedagogia, Prof. Pedro MORALES VALLEJO, onde traz apontamentos sobre a relação professor-aluno (Edições Loyola, 2009). Logo chama atenção para a dimensão que envolve esse tipo de relação, tanto pessoal como profissional, passando também pela eficácia desse relacionamento.

Na prática educativa, professor e aluno devem estar dispostos ao diálogo, não cabe mais ao educador uma postura inflexível, “detentor perpétuo do saber”, ele agora deve estar pautado ao dialogo, ao novo, as novas experiências é preciso ter a humildade para sempre estar aprendendo, com os mais e menos sábios do que ele, uma vez que se estar inserido no circulo do aprendizado, que é continuo e sempre retroalimentado, observando que este círculo de relacionamento exige uma relação de respeito e igualdade, como atesta o Morales:

Provavelmente estamos de acordo a respeito de que os efeitos desejáveis (e indesejáveis...) nos alunos, sobretudo aqueles que vão além do mero aprendizado dos conhecimentos, dependem (ao menos em boa parte) de nossa relação com eles.

(MORALES, 2009 p.29).

Conforme ainda Morales (2004, p.54), “podemos ser bons professores e ao mesmo tempo diferentes, embora haja um perfil claro do bom professor, não se tratam de um perfil rígido, os próprios alunos reconhecem que seus bons professores não são todos iguais”. É preciso estabelecer uma relação no mínimo cordial e respeitadora,

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onde os docentes e os discentes respeitem seus limites. Bem como se faz necessária a devida limpeza nos canais de comunicação, para que o dialogo seja perfeitamente compreendido e apreendido.

Este relacionamento no tocante a comunicação entre o emissor e receptor e vice-versa tem dimensões diferentes para este autor, que a entende e a subdividem duas partes:

A relação-comunicação pessoal: reconhecer êxitos, reforçar a autoconfiança dos alunos, manterem sempre uma atitude de cordialidade e de respeito. A orientação apropriada para o estudo e o aprendizado: criar comunicar uma estrutura que facilite o aprendizado. (MORALES, 2009, p.50)

Observa-se que a pratica docente na primeira década do século XXI, houve grandes avanços, o aluno não é mais visto como uma “folha em branco”, as relações autoritárias e imperativas se modificaram, mas por outro lado, muitos docentes confundem e extrapolam uma relação de afetividade e que o profissional é considerado excelente quando ele é “bonzinho”, amável e trata bem os alunos. Nesse sentido, segundo ainda MORALES (2009), após pesquisa realizada com alunos:

Emergem duas grandes categorias de traços ou condutas: alguns dizem respeito à competência do professor para ensinar, controlar a classe, outros, ao seu relacionamento com os alunos (por exemplo: é compreensivo, paciente, está disponível para ajudar etc.). (MORALES, 2009, p.31)

Como se pode melhorar essa relação, que funcione de forma equilibrada? Percebe-se que realmente se trata de medidas corretas e pontuais, uma vez que cada situação envolve um determinado tipo de comportamento e assim a prudência e o bom senso entre educadores e educandos fazendo da sala de aula um dos lugares por excelência de uma relação humana enriquecedora para os atores nela envolvidos.

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É interessante notar que a relação professor-aluno se torna mais sólida no momento que um percebe a importância do outro e constroem uma ponte de respeito, confiança e consideração mútua, dessa forma problemas podem ser superados deste que haja disposição e interesse de ambas as partes, mas nada impede que se possa recorrer a outros canais de ajuda, como a intervenção de um pedagogo, por exemplo.

MORALES (2009) ressalta que relacionamos com outros “a partir da maneira que os percebemos”, ou seja, age-se com os alunos buscando formalidade e respeito, por achar que eles nos veem de maneira espontânea e informal. Mas, o docente é um formador de opinião, busca através do ensino criar uma atmosfera onde as ideias possam fluir de forma natural e que se crie condições favoráveis para que haja realmente mudanças na sociedade. E, sendo a conduta do professor, sem sombra de dúvidas, fonte de inspiração e motivação dos alunos, seu papel, sua didática, sua carisma podem despertar o entusiasmo e a motivação na classe discente, uma vez que os alunos precisam de “motivos para aprender”.

A aula não pode ser vista apenas como uma simples “transmissão de palavras ao vento”, assim como uma empresa procura ouvir seus potencias clientes, a escola, o professor deve também se preocupar com seu público-alvo, o aluno, observar seus anseios, desejos, medos e dificuldade, contribuindo de forma que surta o efeito da aprendizagem.

No processo de motivação, há empatia e a afetividade, se as mesmas forem conjugadas em sintonia, o aprendizado e a relação docente/discente fluirá de forma melhor e mais rentável, onde LIBÂNEO nos lembra também que o professor não transmitem apenas informações ou faz perguntas, ele também deve ouvir os alunos:

Não estamos falando da afetividade do professor para com determinados alunos, nem de amor pelas crianças. A relação maternal ou paternal deve ser evitada, porque a escola não é um lar. Os alunos não são nossos sobrinhos e muito menos filhos. Na sala de aula, o professor se relaciona com o grupo de alunos. Ainda

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que o professor necessite atender um aluno especial ou que os alunos trabalhem individualmente, a interação deve estar voltada para a atividade de todos os alunos em torno dos objetivos e do conteúdo da aula. (LIBÂNEO, 1994, p. 251)

Além do mais, a educação sofre com professores e funcionários desmotivados, gestões desastrosas, recursos financeiros mal investidos ou desviados e assim, verifica-se que a escola foi banalizada e esvaziada de sentidos, de significação.

Capitulo II

MMee DDêê MMoottiivvooss......

O espaço escolar é palco para que se estabeleça as relações de motivação mútua entre o educador e o educando, dessa forma se faz necessário conhecer antes e revelar qual a situação que se encontra essa relação, procurar ver no público-alvo (o aluno) que potencialidades podem ser despertadas, utilizando as devidas estratégias e meios.

Não é tarefa fácil “transmitir conhecimentos” uma vez que implica em determinar a aprendizagem uma devida direção de classe que está interligada a situação de ensino. Assim administrar o aprendizado e a motivação são fatores hiperimportantes que leva corpo discente a formar, sistematizar e trazer para si determinados conhecimentos.

Contudo, persiste ainda várias falácias que o “aluno aprende o que quer e na hora que estiver disposto”, devido ter que se levar em considerações as individualidades de cada aluno, pois bem, se não há uma direção, objetivos a serem alcançados, metas, para que serve a Escola? O professor? O aprendizado? Portanto, conduzir e mediar o aprendizado não significa intransigência ou ditadura do saber, alunos e

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professores tem obrigações e papeis a desempenhar e assim cada um respeitando seu espaço e colaborando reciprocidade.

Sobre as posições teóricas mencionadas anteriormente sobre motivação, pode-se concluir que: se todo motivo, veio de uma necessidade e essa necessidade gera um comportamento no individuo, logo “todo comportamento é motivado”, todavia, mesmo que não haja consenso na universalidade da ideia, fato é que não se pode negar, de que os motivos formam o aspecto propulsor no processo educacional e revela um dos pré-requisitos mais importantes no processo de aprendizagem no âmbito escolar.

O Aluno, em sala de aula, muitas vezes, se depara em situações que se questiona: Me dê motivos.... para ficar nesta aula, a tolerar este professor, esta escola, estes colegas de sala que só bagunçam..., por outro lado, quase nunca ninguém socorre este aluno neste momento de tédio, pelo contrário, muitas vezes de forma arbitraria há é uma cobrança em cima desse alunos por resultados, por notas, por um bom comportamento.

Das políticas publicas ao planejamento escolar, quase nunca se levou em conta o papel da motivação humana no espaço escolar, onde se possa melhorar a convivência e torne a aprendizagem e o ensino de forma mais prazerosa e divertida. É importante destacar que o professor exerce o papel de mediador, ao orientar os alunos nas atividades, entre o que espera alcançar e o que se alcançar. Além do papel de mediador, o mestre é também uma agente socializador, formador de opiniões, induz novos comportamentos e posturas e aquele que dar motivos para que os alunos possam ter uma vida melhor.

Não se pode negar que parte das dificuldades da escola tem sua origem nos problemas da motivação, isto é, na tarefa de diagnosticar os interesses e necessidades dos alunos; na consideração das diferenças individuais, nesse aspecto; na organização das atividades extracurriculares; no atendimento dos casos de

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desajustados, pela descoberta dos motivos determinantes, e, afinal, nos problemas de aprendizagem, propriamente ditos.

Para tanto é essencial o uso e compreensão de técnicas motivadoras que despertem a concentração e atenção dos alunos a fim que se torne eficiente o aprendizado em classe. No entanto, a falta de motivação conduzirá a aumento de tensão emocional, problemas disciplinares, aborrecimento, fadiga e aprendizagem pouco eficiente da classe. Sabendo-se que para aprender é necessário agir e, por outro lado, que a atividade se inicia graças à atuação de um ou vários motivos, conclui-se que a educação não pode prescindir da motivação.

2.1 – A MOTIVAÇÃO

A palavra motivação pode ter vários significados, mas até hoje não se tem um significado correto para esta palavra. Ela vem do latim movere e significa deslocar-se; o mover-se faz parte da semântica da expressão. Pode-se dizer também que ela descreve a força, o impulso que nos move e impele a um dado comportamento que buscará a satisfação de uma necessidade. É um processo interno, que vem de dentro para fora, e tem a ver, numa primeira análise, com interesse, vontade, desejo.

Quando fala em motivação podemos pensar em vários lugares onde ela possa estar presente, como por exemplo: motivação para viajar, sair de férias, estudar, trabalhar, jogar bola, sair com os amigos, ir para uma entrevista numa empresa onde sempre quis trabalhar e etc. Pensando nesses assuntos que estão presente no nosso dia a dia, posso dizer que a motivação é um impulso que leva os indivíduos a agirem de forma específica.

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O Ser humano na sua trajetória está sempre buscando e desejando muitas coisas, desde algo tangível, como bens materiais até algo intangível como sentimentos. A estrutura neurofisiológica dos seres humanos, as influências vividas, as relações e as percepções do mundo circundante influenciam seu comportamento e por consequente a motivação. Todavia, a simples excitação motivacional externa não é suficiente para levar a uma atitude ou ação do individuo, se faz necessária a vontade interna do sujeito.

Nota-se que as necessidades ou motivos humanos não são estáticos, ao contrário, são forças dinâmicas e persistentes que provocam comportamentos. Se o comportamento for eficaz, o indivíduo encontrará a satisfação da necessidade e descarregará a tensão que ela provoca, livrando-o do desconfortável desequilíbrio.

O termo motivação tem cativado ao longo dos tempos a atenção de muitos estudiosos, que tentam entender os comportamentos e as atitudes dos empregados nas organizações, para que seja possível prever e controlar os seus desempenhos. Assim, surgiram um certo número de ideias, dando origem a diferentes teorias e perspectivas de encarar a motivação no trabalho.

De acordo com LASHEY E LEE-ROSS (2003, p. 93) essas “teorias podem ser separadas em dois grupos dependendo se focam a satisfação das necessidades dos indivíduos ou o processo cognitivo envolvido quando da criação de prioridades com as suas necessidades motivacionais”.

As teorias procuram explicar o processo de motivação partindo do princípio de que existe uma necessidade (motivo) que desencadeia uma ação, dando-lhe direção para alcançar um objetivo. Sendo assim, o motivo pode ser considerado um constructo criado para explicar a origem dos comportamentos dirigidos para algum objetivo (WINTERSTEIN, 1992).

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NÉRICI (1993) ainda diferencia motivação de incentivo, definindo incentivo como: o estímulo exterior que visa despertar no indivíduo vontade ou interesse para algo. Logo, a definição de motivação voltada para a educação pode incluir também o conceito de incentivo, sendo entendida como: o processo de incentivo destinado a predispor os alunos ao aprendizado e à realização de esforços para alcançarem certos objetivos. E assim, motivação seria:

O processo que se desenvolve no interior do indivíduo e o impulsiona a agir, mental ou fisicamente, em função de algo. O indivíduo motivado encontra-se disposto a despender esforços

para alcançar seus objetivos. (NÉRICI, 1993, p. 75).

Segundo, AQUINO (1970, p.239), “a motivação é a gasolina interior para enfrentarmos os desafios. A motivação é a paixão que o indivíduo exerce uma missão, alcançando satisfação quando os objetivos são alcançados”.

Partindo deste pressuposto, a motivação é a força, o impulso que nos move e direciona ao comportamento que busca a satisfação de uma determinada necessidade, por isso não podemos considerá-la como um simples impulso para as nossas ações, pois são as influências internas e externas geradas pelo consciente ou inconsciente que irão dizer isso.

Motivação deriva originalmente da palavra latina movere, que significa mover. Essa origem da palavra encerra a noção de dinâmica ou de ação que é a principal tônica dessa função particular da vida psíquica. O caráter motivacional do psiquismo humano abrange, portanto os diferentes aspectos que são inerentes ao processo, por meio do qual o comportamento das pessoas pode ser ativado. (BERGAMINI, 1997, p.. 31).

De acordo com FELIPPE (1999) a motivação ainda é um grande desafio para as instituições, inclusive as de ensino e cada vez mais deve ser fator de preocupação, pois é o “combustível” que nos faz funcionar. Por meio da motivação há melhoria nos processos internos, melhoria dos produtos, envolvimento e comprometimento.

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Quando qualquer instituição realiza pesquisas de satisfação, é visível que os resultados aumentam na medida em que os envolvidos no processo são motivados de forma particular por meio do desenvolvimento de suas capacidades, do reconhecimento dos objetivos, das tarefas e de seu valor, tanto por parte da chefia como do grupo a que pertencem.

LUTHANS (1998, p.161) define-a como sendo “um processo que começa com uma deficiência, necessidade física ou psicológica, que ativa um comportamento que estará direcionado para um objetivo ou incentivo”.

ROLLINSON et al. (1998, p. 148) interpretam-na como o “estado que surge nos processos internos e externos aos indivíduos, no qual cada um destes percebe que é apropriado seguir um certo percurso de ação, direcionado para alcançar um resultado específico no qual a pessoa decide perseguir aquele resultado com um determinado grau de vigor e persistência”.

A motivação é então, sem sombra de dúvida, responsável pela dinamização e canalização dos comportamentos humanos com o objetivo de atingir uma determinada meta e que neste contexto os estímulos servem de impulsionadores da ação humana. Assim a motivação terá um papel determinante na forma e intensidade que será empregue por um indivíduo para a realização de uma determinada tarefa.

Assim sendo é de suma importância do motivar para as atividades de ensino e aprendizagem, onde tem sido reforçada por psicopedagogos, pedagogos e psicólogos, bem como o estudo sobre a importância do educador nesse processo, levando em conta também, sempre que necessário, respeitar as características individuais dos alunos.

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22..22 –– AA AAPPRREENNDDIIZZAAGGEEMM

Inicialmente, escolheu-se o conceito da Professora Amélia Hanze Castro, onde diz: Aprendizagem é um processo de mudança de comportamento obtido através da experiência construída por fatores emocionais, neurológicos, relacionais e ambientais. Aprender é o resultado da interação entre estruturas mentais e o meio ambiente. Dessa forma, uma nova abordagem na educação deve focar o professor como corresponsável do processo de aprendizagem dos alunos e assim os conhecimentos e aprendizados são constituídos e reconstituídos mutuamente e permanente.

Muito já se tem escrito sobre os processos de aquisição de conhecimento, seja propondo definições do conceito de aprender, seja traçando o perfil do aprendiz à luz de algum viés teórico. No presente estudo, toma-se como referencial a definição de aprendizagem como a possibilidade de se internalizar conhecimentos e de expressá-los na prática, sob a forma de competências.

Este processo é basicamente relacional, na medida em que o conhecimento nos é viabilizado pelo outro, construído na e pela relação com nosso(s) interlocutor(es), ficando na dependência de que possamos dar-lhe significado através da reflexão, agregando valor às novas experiências.

Dar significado é algo mais que atribuir uma definição, é a definição somada ao componente pessoal de quem define. Existe uma incorporação do social no individual de forma complementar e interdependente. Ao se falar em aprendizagem pensa-se logo em alunos, escola e conteúdos sistematizados. Entretanto, a aprendizagem é bem mais ampla que a aquisição de conceitos escolares e está presente na vida de todos os seres humanos, o tempo todo, até o último suspiro. Aprende-se a ser filho(a), irmão(ã), pai, mãe, vizinho, amigo, empregado, patrão, profissional, sem falar nas competências específicas, como andar de bicicleta, nadar, cantar,

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tocar um instrumento. Aprende-se adaptação e aprende-se a aprender.

É comum associar a aquisição de conhecimentos intelectuais, como é o caso de conteúdos acadêmicos, somente a competências de ordem cognitiva. Entretanto, afeto e cognição são duas faces da mesma moeda e toda e qualquer aprendizagem necessita de ambos para se efetivar como competência, sobretudo quando se trata de aprendizagem não sistematizada. (PIAGET, 1975: 113)

A grande diferença existente entre os animais e o homem é a capacidade de aprender, sendo esta a aptidão mais importante que o homem possui. Nos animais essa aptidão é limitada e restrita porque não transpõe as barreiras do instinto.

A capacidade de aprender do ser humano, sua educabilidade, resulta, em grande parte, dessa independência relativa da inteligência e da vontade dos fatores hereditários. Entretanto este processo ainda é motivo para muitas discussões entre educadores e pensadores que tentam compreender e explicar como este processo de aprendizagem se efetua. Menciona HILGARD:

...a aprendizagem é um processo pelo qual uma atividade tem origem ou é modificada pela reação a uma situação encontrada, desde que as características de mudanças da atividade não possam ser explicadas por tendências inatas de resposta, maturação ou estados temporários do organismo. (HILGARD, 1973, p.3)

Entender o processo de aprendizagem, o que ele compreende e como se manifesta na vida de um criança e até de um adulto, é relevante destacar que o processo de aprendizagem não é um fato consumado nem um processo de uma única etapa e sim um fato que acompanha a crinça em toda a sua vida, desde a mais tenra idade até o momento de sua morte.

Desta forma o ser humano é caracterizado como um ser em desenvolvimento constante cujas situações vivenciadas servem de alicerce para a sua formação. Assim sendo é desde os primeiros dias da vida da criança, que acontecimentos refletem com aspectos

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positivos ou negativos do mesmo. À medida que a criança desenvolve habilidades vai ficando notória onde é que a aprendizagem e o desenvolvimento estão deixando falhas.

É preciso definir também, que aprendizagem é uma tarefa pedagógica que exige um espaço de tempo para que possa concretizar-se, ou seja, todo objeto em estudo precisa ser manipulado e compreendido em seus pormenores. Somente assim, na relação sujeito-objeto, teoria e prática será possível caracterizar o processo de aprendizagem.

Como salienta VASCONCELLOS (1994, p. 63), “O aluno vai construir o conhecimento a partir do seu contato, de sua interação com a realidade....O aluno não aprende só na escola...”

Segundo FREIRE (1999, p.77), “Aprender para nós é construir, reconstruir, constatar para mudar, o que não se faz sem abertura ao risco e à aventura do espírito.”

Com estas declarações iniciamos dizendo que o processo de aprendizagem é como uma construção, contínua e mutável, onde requer de nós constantes adaptações para que possamos retirar deste processo o melhor e aproveitar todas as suas etapas. Conforme afirma SEVERINO:

...tudo é constituído de múltiplas partes que se relacionam entre si, a unidade é sempre resultado e resultante de uma interação e de equilíbrio das partes que interagem entre si. Ela nunca é uma massa uniforme, monolítica e homogênea de uma identidade pura. (SEVERINO, 2000, p. 85).

A aprendizagem em si é um processo composto de variadas partes e etapas, a família colabora, a escola influencia e nós damos continuidade no processo no momento em que nos dispomos a continuar aprendendo. Segundo JOSÉ & COELHO (1995, p.11), “aprendizagem é o resultado da estimulação do ambiente sobre o indivíduo já maduro que se expressa diante de uma situação-

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problema, sob a forma de mudanças de comportamento em função de experiências”.

Já GAGNÉ (1974, p.03) define a aprendizagem como “...uma modificação na disposição ou na capacidade do homem, modificação essa que pode ser retida e que não pode ser simplesmente atribuída ao processo de crescimento”.

Diante de tais abordagens a aprendizagem é considerada uma mudança na forma de comportamento, sendo esta decorrente do estágio de maturação de cada indivíduo. Mas é preciso mencionar que a aprendizagem deve ser entendida como comportamento no sentido mais amplo que esta palavra possa ter.

O termo não se aplica somente às ditas aprendizagens escolares, que o estudante deve, através de uma prova, demonstrar que adquiriu. Aprendizagem é fenômeno do dia-a-dia, que ocorre desde o início da vida.

Não é qualquer mudança comportamental, no entanto, que será considerada aprendizagem. Reserva-se termo aprendizagem àquelas mudanças provenientes de algum tipo de treinamento, como o que ocorre nas aprendizagens escolares. Treinamento supõe repetições, exercícios, prática. Em certos casos, porém, uma única ocorrência parece ser suficiente para modificar o comportamento do indivíduo.

O processo de aprendizagem, desta forma, vai tornando-se cada vez mais amplo, considerando que existe uma diversidade enorme de oportunidades que nos induzem para a apropriação do saber. Na escola, por exemplo, o que acontece é a sistematização dos conteúdos com o propósito de promover a aprendizagem pelo educando.

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A aprendizagem é algo interativo que ocorre através da pesquisa, da mobilização para o conhecimento e por meio da construção do saber através das oportunidades práticas que são desencadeadas. Sem dúvidas, a aprendizagem é resultante do esforço humano aplicado para atribuir significados nas suas relações com o mundo, o que determinará a organização destes em estruturas cognitivas.

Por si a organização dos significados sofre modificações contínuas tendendo sempre para formas mais complexas e amplas, constituindo os aspectos estruturais da inteligência e caracterizando os diferentes estágios de desenvolvimento.

Durante a ação da criança torna-se essencial a interação da mesma com outras crianças, permitindo a ação coletiva e dando início a formação das atitudes de cooperação e socialização, um modo prático de aprendizagem.

No momento em que se fala de aprendizagem logo essa palavra se une a palavra educação, onde se vê o processo de aprendizagem sendo executado através da educação.

A educação familiar, social ou educacional, estar sempre ligada a aprendizagem. E tanto o processo de educação como o processo de aprendizagem executam-se no decorrer da vida, continuamente, e no decorrer das ações que praticamos no nosso dia a dia. Desta forma se pode dizer que falar de educação é falar do cotidiano. É através dela que o ser humano se torna capaz de criar e recriar as invenções de uma cultura em uma sociedade e é a partir dela que aprende a interagir socialmente. Todavia cada povo, cada cultura apresenta um tipo de educação de acordo com o grau de desenvolvimento de um país. Por ela se formam e se transformam indivíduos.

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De modo geral, se pode ater a educação sendo mencionada ao nível de educação escolar ou aprendizagem educacional, processo no qual torna-se fundamental uma motivação tanto de familiares, amigos, professores e principalmente dos governantes do nosso país.

A educação requer mais cuidado e atenção, necessita de incentivos e de preparo para ser aplicada nas nossas crianças. Esse preparo e incentivo deve ser mantido através de particulares e principalmente do governo.

O ponto básico reflete na condição de que a educação deveria ser prioridade para qualquer governo, no entanto a sua prática não condiz com o discurso, pois ela atravessa graves problemas e em especial os recursos a ela destinados que além de serem insuficientes, são mal aplicados e distribuídos, deixando muito a desejar.

O Sistema Educacional Brasileiro ainda nas primeiras décadas do século XXI carrega em si inúmeros problemas, entretanto, o que chama mais atenção é o mal gerenciamento dos recursos públicos por inúmeros prefeitos e governadores que, embora recebam recursos financeiros da União, através do Ministério da Educação, não cumprem também o seu dever constitucional de repassar parte dos recursos próprios do Estado e/ou Município para compor o orçamento da Educação, causando enormes transtornos de desmotivação de pais e alunos em frequentarem uma escola pública.

O ensino básico que deveria ser prioridade cada vez mais, pois como o próprio nome já diz é à base de toda a educação escolar e por vezes até da educação existencial, vem perdendo seu espaço para o ensino médio e outros setores da educação. Fato este, revelador da gravidade e da fragilidade do sistema, pois é no ensino fundamental que se constrói a base para toda a vida escolar do educando. (DAMKE, 1996, p.32).

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As mudanças que a educação está necessitando devem partir da ação coletiva, de todos que consideram a educação uma das prioridades sociais. Faz-se necessário traçar metas e objetivos, elaborar planos, criar leis e acima de tudo cumpri-las. Deve-se ainda envolver a sociedade num grande projeto social, que venha atender ainda questões básicas como saúde, habitação e educação. É preciso priorizar a educação para assegurar a continuidade do progresso e desenvolvimento da nação, uma vez que educar é uma das tarefas mais complexas que atormenta toda uma sociedade que se diz crítica e preocupada com a formação do homem cidadão.

Não se pode deixar de comentar o processo ensino-aprendizagem, pois o aprender não esta desassociada do ensino, assim, para FERNÁNDEZ (1998), as reflexões sobre o estado atual do processo ensino-aprendizagem permite identificar um movimento de ideias de diferentes correntes teóricas sobre a profundidade do binômio ensino e aprendizagem.

Entre os fatores que estão provocando esse movimento se aponta as contribuições da Psicologia atual em relação à aprendizagem, que nos leva a repensar nossa prática educativa, buscando uma conceituação do processo ensino-aprendizagem.

As contribuições da teoria construtivista de Piaget, sobre a construção do conhecimento e os mecanismos de influência educativa têm chamado a atenção para os processos individuais, que têm lugar em um contexto interpessoal e que procuram analisar como os alunos aprendem, estabelecendo uma estreita relação com os processos de ensino em que estão conectados. (FERNÁNDEZ, 1998).

“Os mecanismos de influência educativa têm um lugar no processo de ensino-aprendizagem, como um processo onde não se centra atenção em um dos aspectos que o compreendem, mas em todos os envolvidos.” (DALBEN, 1997). Se for feita uma analise sobre a situação atual da prática educativa nas escolas logo se identifica problemas como: a grande ênfase dada a memorização, pouca

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preocupação com o desenvolvimento de habilidades para reflexão crítica e auto-crítica dos conhecimento que aprende; as ações ainda são centradas nos professores que determinam o quê e como deve ser aprendido e a separação entre educação e instrução. A solução para tais problemas está no aprofundamento de como os educandos aprendem e como o processo de ensinar pode conduzir à aprendizagem.

O processo de ensino-aprendizagem tem sido historicamente caracterizado de formas diferentes, que vão desde a ênfase no papel do professor como transmissor de conhecimento, até as concepções atuais que concebem o processo de ensino-aprendizagem com um todo integrado que destaca o papel do educando. Nesse último enfoque, considera-se a integração do cognitivo e do afetivo, do instrutivo e do educativo como requisitos psicológicos e pedagógicos essenciais.

A concepção defendida aqui, é que o processo de ensino-aprendizagem é uma integração dialética entre o instrutivo e o educativo que tem como propósito essencial contribuir para a formação integral da personalidade do aluno. O instrutivo é um processo de formar homens capazes e inteligentes. Entendendo por homem inteligente quando, diante de uma situação problema ele seja capaz de enfrentar e resolver os problemas, de buscar soluções para resolver as situações. Ele tem que desenvolver sua inteligência e isso só será possível se ele for formado mediante a utilização de atividades lógicas. O educativo se logra com a formação de valores, sentimentos que identificam o homem como ser social, compreendendo o desenvolvimento de convicções, vontade e outros elementos da esfera volitiva e afetiva que junto com a cognitiva permitem falar de um processo de ensino-aprendizagem que tem por fim a formação multilateral da personalidade do homem.

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A eficácia do processo de ensino-aprendizagem está na resposta em que este dá à apropriação dos conhecimentos, ao desenvolvimento intelectual e físico do estudante, à formação de sentimentos, qualidades e valores, que alcancem os objetivos gerais e específicos propostos em cada nível de ensino de diferentes instituições,conduzindo a uma posição transformadora, que promova as ações coletivas, a solidariedade e o viver em comunidade.

A concepção de que o processo de ensino-aprendizagem é uma unidade dialética entre a instrução e a educação está associada à ideia de que igual característica existe entre ensinar e aprender. Esta relação nos remete a uma concepção de que o processo de ensino-aprendizagem tem uma estrutura e um funcionamento sistêmico, isto é, está composto por elementos estreitamente inter-relacionados.

VIGOTSKI (2000) nos diz que todo ato educativo obedece a determinados fins e propósitos de desenvolvimento social e econômico e em consequência responde a determinados interesses sociais, sustentam-se em uma filosofia da educação, adere a concepções epistemológicas específicas, leva em conta os interesses institucionais e, depende, em grande parte, das características, interesses e possibilidades dos sujeitos participantes, alunos, professores, comunidades escolares e demais fatores do processo.

Todas estas influências exercem sua ação inclusive nos pequenos atos que ocorrem na sala de aula, ainda que não sejam conscientes. Ao selecionar algum destes componentes para aprofundar deve-se levar em conta a unidade, os vínculos e os nexos com os outros componentes.

O componente é uma propriedade ou atributo de um sistema que o caracteriza; não é uma parte do sistema e sim uma propriedade do mesmo, uma propriedade do processo docente-educativo como um todo. Identificamos como componente do processo de ensino-aprendizagem:

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Aluno deve responder a pergunta: "quem?

Professor elemento que é determinado a partir da necessidade do aprendiz.

Objetivo deve responder a pergunta: "Para que ensinar?"

Conteúdo deve responder a pergunta: "O que aprender?"

Métodos deve responder a pergunta: "Como desenvolver o processo?"

Recursos deve responder a pergunta: "Com o quê? "

Avaliação deve responder a pergunta: “o quê? Para quê?”

Observa-se ainda que, o item Avaliação - é o elemento regulador, sua realização oferece informação sobre a qualidade do processo de ensino aprendizagem, sobre a efetividade dos outros componentes e das necessidades de ajuste, modificações que o sistema deve usufruir.

Segundo LITTO (1996), duas abordagens da avaliação escolar vêm se contrapondo com muita freqüência nesta década: uma que insiste em definir o sucesso ou fracasso do aluno no processo ensino-aprendizagem e outra que considera que a avaliação incide sobre todo o processo de ensino-aprendizagem.

A educação formal, predominante na maioria de nossas escolas tem sido baseada na transmissão de conhecimentos historicamente acumulados, no ensino baseado em exercícios repetitivos que levam a um adestramento em técnicas e habilidades, privilegiando assim a primeira abordagem.

“A adoção de uma nova postura educacional, a busca de um paradigma da educação tem substituído no processo ensino-aprendizagem, uma relação obsoleta de causa e efeito para um modelo que enfatiza o exercício de investigação e construção de

conhecimento.” (LITTO, 1996: 111)

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A nossa prática e estudos relacionados ao processo de avaliação do processo ensino-aprendizagem tem apontado contradições nesse processo. A interação do sujeito com o mundo social acontece de fora para dentro, isto é , o professor é o agente que exerce sua ação sobre o aluno, orienta sua prática segundo uma concepção de ensino caracterizado pela transmissão de algo externo, pela instrução de objetivos e de conteúdos específicos. Esse conteúdo é o centro do processo educativo. Ele está "sobre" os sujeitos que ensinam e aprendem.

Os educadores, em nome da apreensão do conhecimento, exercem uma pressão sobre os alunos. O problema está na relação descontextualizada dos conteúdos escolares que devem ser assimilados e admitidos como pronto e acabados, deixando de possuir a dimensão de um produto histórico e social. Assim, os alunos vão ficando à margem da história, sem a oportunidade de desenvolver o seu raciocínio crítico e sua criatividade.

Para D’AMBRÓSIO (1999, p.89), "aprendizagem é a aquisição de capacidades de explicar, de apreender e compreender, de enfrentar criticamente, situações novas. Não é o mero domínio de técnicas, habilidades e muito menos de memorização de algumas explicações."

O grande erro de muitas escolas tem sido de avaliar habilidades cognitivas fora do contexto cultural, desconhecendo que a capacidade cognitiva é própria de cada indivíduo.

Cada indivíduo organiza seu processo intelectual ao longo de sua trajetória de vida. Para se compatibilizar as organizações intelectuais dos indivíduos com o objetivo de criar comportamentos socialmente aceitáveis, não é necessário eliminar a autenticidade e a individualidade de cada um no processo. O grande desafio da educação é o de ser capaz de interpretar as capacidades e a própria ação cognitiva na forma linear, estável e contínua que caracterizam as práticas educacionais atuais. D’AMBRÓSIO (1999), propõe ainda, o reconhecimento de que o indivíduo é um todo integral e integrado e

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que suas práticas cognitivas e organizativas não são desvinculadas do contexto histórico no qual o processo se dá, contexto esse em permanente evolução.

O mesmo conhecimento que está na escola para ser produzido é ao mesmo tempo tratado como conhecimento objeto, que faz com que o aluno esqueça que ele é um sujeito histórico, produtor de cultura e fator fundamental para a estruturação dos vínculos, sentidos e significados de sua relação no mundo, com a sociedade da qual faz parte.

Para LITTO (1996), o atual sistema educacional é um espelho do sistema de produção industrial em massa, no qual as crianças passam de uma série a outra, numa sequência de matérias padronizadas como se fosse uma linha de montagem industrial.

Os fatos são despejados em suas cabeças. Crianças com maior capacidade de absorção de fatos e comportamentos mais submissos são colocados na trilha mais veloz, enquanto outras são colocadas na trilha de velocidade mediana. "Produtos defeituosos" são tirados da linha de montagem e devolvidos para conserto.

A estrutura rígida da escola dificulta essa visão, uma vez que insiste na organização seriada, determinada por tempos bem definidos e subdividindo as disciplinas em conteúdos escolares, prestigiando o caráter cumulativo do processo.

Nesta ótica, o processo avaliativo não está a serviço do processo ensino-aprendizagem, mas de um fator externo proveniente das relações existente na sociedade.

A segunda abordagem da avaliação escolar se apoia na necessidade de estabelecer vínculos significativos entre as experiências de vida dos alunos, os conteúdos oferecidos pela escola e as exigências da sociedade, estabelecendo também relações

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necessárias para compreensão da realidade social em que vive e para mobilização em direção a novas aprendizagens com sentido concreto.

A avaliação como tradicionalmente tem sido usada na escola mediante testes e exames dizem muito pouco sobre aprendizagem. Na verdade os alunos passam por testes para os quais são treinados.

A avaliação tem tudo a ver com a filosofia de educação que orienta a prática educativa. É interessante notar que o fenômeno aprendizagem é reconhecido em todas as espécies e está relacionado diretamente à busca da sobrevivência. As três características da avaliação são:

QQuuee éé?? É um fato pedagógico;

PPoorr qquuêê?? Para verificar progresso;

PPaarraa qquuêê?? Para, se necessário, aplicar métodos alternativos para atingir progressos.

Ao afirmar que a avaliação é um fato pedagógico, reconhece-se que ela está ligada a todo um processo que se desenvolve continuamente, e não pode ser feita com instrumentos externos dados ao professor, tais como provas e testes.

De acordo ainda D’Ambrósio (1999) não há testes que respondam "ao que o aluno deve saber nessa idade ou nesta etapa de escolaridade". Cada aluno é um indivíduo com estilos próprios de aprendizagem.

Quando se afirma que pela avaliação se verifica continuamente o progresso da aprendizagem reconhece-se que este se manifesta na capacidade que o aluno tem de, quando desejar ou necessitar, enfrentar uma nova situação. Não no que o aluno é capaz de repetir, através de memorização ou de uma verdadeira "musculação" cerebral. “Progresso significa capacidade de realizar tarefas envolvendo crescente grau de sofisticação.” (LITTO, 1996:206). O professor dever ter oportunidade e capacidade de decidir o que é

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mais adequado fazer se a classe não estiver progredindo adequadamente.

Desta forma, a avaliação mediadora ganha destaque dentro de um paradigma que tem como objetivo promover a aprendizagem, mediação que significa movimento, provocação, mediação em direção a. A avaliação mediadora é aquela que não está no término de um período das tarefas dos alunos, no término de um período escolar, mas numa ação educativa do professor, de reflexão teórica e de ação educativa provocativa entre uma e outra tarefa do aluno. Onde está a ação avaliativa do professor? Ela deve partir da atividade do aluno, ela é o ponto de partida para análise da produção.

O professor deve analisar a atitude do aluno diante da atividade, analisar o resultado apresentado, refletir teoricamente e, através de sua ação como professor, provocar, desafiar a descobrir melhores soluções para aquelas hipóteses que ele vem construindo gradativamente. É a mediação entre o conhecimento inicial e o saber enriquecido, através da ação, da provocação e do desafio.

Cabe ressaltar também que o processo de aprendizagem é próprio de cada individuo, fruto da construção e das experiências passadas que influenciam as aprendizagens futuras. Portanto a aprendizagem numa perspectiva cognitivo-construtivista é como uma construção pessoal resultante de um processo experimental, interior à pessoa e que se manifesta por uma modificação de comportamento.

Ao aprender, o aluno soma aos conhecimentos que já possui novos conhecimentos, fazendo ligações e inter-ligações entre os mesmos. E durante sua jornada educativa se ver na possibilidade de adquirir e construir uma estrutura cognitiva clara, estável e organizada de forma adequada, tendo a vantagem de poder consolidar conhecimentos novos, complementares e relacionados de alguma forma. Não se pode fugir do foco principal da aprendizagem que é o de levar ao aluno com um certo estágio a um determinado nível de aprendizagem final e ao se verificar o retorno (feedback) desse

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processo nota-se que houve progresso e aquilo que fora transmitido surtiu efeito no aprendizado do aluno quando o mesmo internalizou, correlacionou e o ulilizou no seu fazer diário.

O grande desafio ao educadores é fornecer situações interativas que consigam despertar no aluno a devida motivação, atenção, interesse para interagir com aquilo que esta sendo transmitido. Pois, mesmo que a aprendizagem se processe na intimidade do aprendendo, há de se verificar que o caminho para a construção do saber se dá pela diversidade e pela qualidade das interações.

A aprendizagem é algo complexo e que envolve aspectos cognitivos, emocionais, orgânicos, psicossociais e culturais. É resultante do desenvolvimento de aptidões e de conhecimentos, bem como da transferência destes para novas situações, onde cada sujeito, aprende a sua maneira, ritmo e modo.

Pode-se considerar que a aprendizagem acontece por um processo cognitivo imbuído de afetividade, relação e motivação. Consequentemente, para aprender é imprescindível “poder” fazê-lo, o que faz referência às capacidades, aos conhecimentos, às estratégias e às destrezas necessárias, para isso é necessário “querer” fazê-lo, ter a disposição, a intenção e a motivação suficientes.

Embora exista vários estudos sobre a aprendizagem e o ensino, cabe ainda uma atenção especial sobre os fatores e dificuldades que interferem na aprendizagem e as ideias atualmente em vigor no Brasil a respeito das dificuldades de aprendizagem escolar têm uma história. Para entender o modo de pensar as coisas referentes à escolaridade vigente entre nós precisamos entender o modo dominante de pensá-las que se instituiu em países do Leste europeu e da América do Norte durante o século XIX.

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Partindo do modo materialista histórico de pensar esta relação é que afirmamos a necessidade de conhecer, pelo menos em seus aspectos fundamentais, a realidade social na qual se engendrou uma determinada versão sobre as diferenças de rendimento escolar existente entre crianças de diferentes origens sociais. É inevitável o encontro com o advento das sociedades industriais capitalistas, dos sistemas nacionais de ensino e das ciências humanas especialmente da psicologia, para encaminharmos uma reflexão a respeito da natureza das concepções dominantes sobre o Fracasso Escolar numa sociedade de classes.

O século XIX é filho legítimo da dupla revolução que se deu na Europa Ocidental no final do século XVIII: a revolução política francesa (1789 – 1792) e a revolução industrial inglesa. Ambas vêm coroar o surgimento de relações de produção inéditas na historia.

Segundo HOBSBAWM (1982), a grande revolução de 1789-1848 foi o triunfo não da indústria como tal, mas da indústria capitalista; não da liberdade e da igualdade em geral, mas da classe média ou da sociedade burguesa liberal; não da economia moderna ou da sociedade ou do estado moderno mas das economias e estados em uma determinada região geográfica do mundo (parte da Europa e alguns trechos da América do Norte).

A passagem do modo de produção feudal para o modo de produção capitalista não se fez sem grandes convulsões sociais, que culminaram no período de 1789 – 1848; em termos sociais e políticos, o advento do capitalismo mudou a face do mundo até o final do século XIX praticamente varreu da face da terra a monarquia como regime político dominante, destituiu a nobreza e o clero do poder econômico e político, inviabilizou a relação servo-senhor feudal enquanto relação de produção dominante, empurrou grandes contingentes das populações rurais para os centros industriais, gerou os grandes centros urbanos com seus contrastes, veio coroar o processo de constituição dos estados nacionais modernos e engendrou uma nova classe

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dominante - a burguesia – e uma nova classe dominada - o proletariado – explorada economicamente.

Para garantir a soberania nacional e popular, que então se supunha possível numa sociedade de classes, à educação escolar recebe, segundo ZANOTTI, uma fundamental missão.

a ilustração do povo, a instrução pública universal, obrigatória, a alfabetização como instrumento-mãe que atingirá o resultado procurado. A escola universal, obrigatória, comum – e para muitos, leiga será também o meio de obter a grande unidade nacional, será o caminho onde se fundirão as diferenças de credo e de raça de classes e de origem. (ZANOTTI, 1972, p. 21).

Daí para a concepção da escola como instituição redentora da humanidade foi um passo pequeno, o que não significa afirmar que os sistemas nacionais de ensino tenham assumido proporções significativas de imediato ao contrário, do final do século XVIII até meados do século seguinte a escola é muito mais intenção de um grupo de intelectuais da burguesia do que realidade.

A inexistência de uma efetiva política educacional neste período, se deveu a várias circunstâncias: 1) a pequena demanda de qualificação de mão de obra no advento do capitalismo e as maneiras alternativas de supri-la; 2) a desnecessidade de acionar a escola enquanto aparato ideológico; 3) as pressões inexpressivas das classes populares por escolarização; 4) a própria marcha do nacionalismo e suas contradições.

A transferência de mão-de-obra do campo para a cidade foi o resultado da passagem para uma economia industrial que implica uma diminuição da população agrícola e aumento crescente da população urbana – com estas transformação os camponeses ficaram reduzidos, a uma massa expropriada, o que levou HOBSBAWM (1982) a afirmar que “em termos de produtividade econômica esta transformação social foi um imenso sucesso; em termos de sofrimento humano, uma tragédia” (p. 66). A industrialização beneficiou-se do contingente de camponeses erradicados que se amontoavam nos centros industriais e

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se transformavam, segundo IGLÉSIAS (1981), em “farta mão-de-obra disponível que se sujeita a qualquer salário, vivendo em condição de miséria, promiscuidade, falta de conforto e higiene, em condições sub-humanas” e constituindo “variantes do que Marx chamou de exército industrial de reserva.” ( p. 77).

Mesmo quando a especialização técnica do operário passa a ser uma necessidade, seu treinamento é feito no próprio trabalho; por isso, cabe afirmar que a fábrica foi, nos anos de consolidação do capitalismo, a escola profissionalizante por excelência.

Neste período, a escola não é necessária enquanto instituição sua dimensão reprodutora das relações de produção, via manipulação de e domesticação da consciência do explorado, também era dispensável num momento em que se constituíra como força de oposição ao estado de coisas vigentes e enquanto as instituições religiosas davam conta do papel justificador das desigualdades existentes. É somente em torno de 1830 que a classe operária começa a se organizar e a engrossar as fileiras dos descontentes, porém antes das últimas décadas desse século e dos primeiros anos do século XX que as organizações operárias se tornaram ativas como forças antagônicas nos países industriais capitalistas. Entre 1780 e 1748, os trabalhadores compartilham da ilusão da chegada de um mundo novo, livre de opressão e pleno de oportunidades e formam uma espécie de comunidade do destino com as demais parcelas sociais insatisfeitas com a dominação da nobreza.

É somente nos países capitalistas Liberais, estáveis e prósperos, que a partir de 1848, a escola adquire significados diferentes para diferentes grupos e segmentos de classes, em função do lugar que ocupam nas relações sociais de produção. Neles, a escola é valorizada como instrumento real de ascensão e de prestígio social pelas classes médias e pelas elites emergentes. Como instituição a serviço do desenvolvimento tecnológico necessário para enfrentar as primeiras crises do novo de produção, de modo a racionalizar, aumentar e acelerar a produção, ela interessa aos empresários.

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Como manutenção do sonho de deixar a condição de trabalhador braçal desvalorizado e de vencer na vida, ela é almejada pela grande massa de trabalhadores miseráveis de uma forma ainda frágil e pouco organizada.

Os sistemas de ensino não são portanto, uma realidade durante os setenta primeiros anos do século passado. Mesmo nos países que já contavam com um sistema público de ensino, a educação primária, segundo Hobsbawm (1982, p. 211-12) era negligenciada e onde existia limitava-se a ensinar rudimentos de leitura, aritmética e obediência moral.

A crença no poder da escola foi fortemente abalada pela primeira guerra mundial. O século XX tem início desmentindo a ideia de que a escola obrigatória e gratuita viera para transformar a humanidade, para redimi-la da ignorância e da opressão. Esse conflito desferiu um duro golpe nos liberais que acreditavam nos superpoderes da escola e os levou a investirem contra a pedagogia tradicional, na elaboração de uma pedagogia que promovesse espiritualmente o ser humano.

Em 1920, o acesso à escola estava restrito à classe fundiária dominante, à burguesia industrial em ascensão e as classes médias emergentes que reivindicaram um certo nível de escolarização. Neste momento, 81,9% da população brasileira era analfabeta, foi nessa época, também que se divulgou nos Estados Unidos, uma estatística sobre analfabetismo no mundo, na qual o Brasil aparecia como país líder, situação que incomodou os educadores e políticos da época, iniciando um processo de luta pelo acesso à escola.

Na reforma constitucional de 1925, o governo federal determinou que se auxiliasse o ensino primário nos estados, mas não adotou nenhuma medida operacional que efetivasse esse auxílio. Com a instalação do governo provisório, a partir da revolução de 1930, a educação continuou sendo discutida, aparecendo o questionamento

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da seletividade escolar. Em 1934, Lourenço Filho assim descreveu a seletividade escolar da época:

Para oito milhões de crianças em idade escolarizável, pouco mais de dois milhões estão na escola e a freqüência destas crianças não chega a 70%. A taxa de alunos que chega a concluir o ensino primário não chega a 6%. (FILHO apud FREITAG, 1934, p. 8).

Em 1945, com a redemocratização do país frente às pressões para a ampliação do acesso à escola, ocorreu, na prática, a primeira grande expansão da rede pública do país. O problema da repetência e evasão começou a aparecer mais claramente e a preocupar os educadores da época. Em 1950, os índices oficiais referentes ao número de repetentes andavam em torno de 54% da população escolar. As causas da repetência reduzidas a desajustamentos familiar, a valores da escola ou a problemas individuais dos alunos.

Em 1956, no I Congresso Estadual de Educação, em Ribeirão Preto, Almeida Júnior, ao discutir a proposta de promoção automática, assim se manifestava:

Temos atribuído a essa educação primária, até agora, uma função seletiva, analógica à que tem a escola secundária clássica e os cursos universitários. Num grande estado brasileiro vi, há poucos anos que as autoridades escolares se comportam exatamente como os inspetores ingleses do começo do século: em novembro de cada ano saíam de escola em escola, armados de testes de conhecimento e, submetidos os alunos à prova, os que não alcançassem determinados mínimos deviam repetir o ano. A Hecatombe era grande, tão grande que cheguei a perguntar a mim mesmo se, em vez de reprovar os alunos, não conviria reprovar os testes.

(ALMEIDA JÚNIOR, 1956, p. 8).

Em 1956, a repetência já era denunciada como mecanismo seletivo da escola e colocada como questão preocupante da educação brasileira. A promoção automática, era analisada com muitas reservas, considerando-se o sistema escolar não preparado para tal medida.

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Com o golpe de estado de 1964, um novo contexto político e econômico se delineou: a penetração mais intensa das multinacionais permitiu o desenvolvimento amplo da acumulação capitalista que implica tanto a concentração de renda da burguesia, quanto o pauperismo da classe popular.

Toda a movimentação que fez em torno da situação deficitária de ensino primário naquele momento partiu de uma necessidade econômica, ou seja, da necessidade que o governo tinha de, segundo seus objetivos desenvolvimentistas, proporcionar às empresas uma economia de mão-de-obra requerida, oferecendo-lhes recursos humanos qualificados. (FOINA, 1982, p. 24).

A escola tem funcionado como legitimadora do sistema capitalista, mantendo a reprodução de classes; Como aparelho legitimador, utiliza mecanismo de exclusão e seleção dos alunos. Essa exclusão progressiva é funcional e necessária dentro do modelo capitalista brasileiro para a manutenção das diferenças de classes.

O tema em questão, requer uma análise abrangente e uma visão contextualizada sobre as causas que levam ao fracasso escolar. Estudando os aspectos fundamentais da história do fracasso escolar, constatamos que a escola tem funcionado como legitimadora do sistema capitalista, reproduzindo as diferenças sociais, utilizando-se de mecanismos de exclusão e seleção da clientela escolar, principalmente das crianças oriundas de camadas populares, impondo normas e padrões não compatíveis com a sua realidade sócio-econômica-cultural. Chegando a deduzir que a exclusão progressiva é “necessária” como forma de manutenção das diferenças de classes dentro do modelo capitalista brasileiro.

No Brasil e na maioria dos países latino-americanos se percebe ainda um grande contingente da população em idade escolarizável é atingido, tanto pela evasão como pela repetência escolar. A seletividade caracteriza-se pela exclusão, pela discriminação

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dentro do sistema escolar e pela marginalização das que não têm acesso à escola.

Já, diante do fracasso escolar do aluno, Maria Lúcia Leme WEISS, nos mostra que não se pode desconsiderar as relações significativas existentes entre a produção escolar e as oportunidades reais que determinada sociedade possibilita aos representantes das diversas classes sociais.

Caso essas relações não forem consideradas, os alunos provenientes das camadas de baixa renda que apresentam dificuldades de aprendizagem serão considerados possíveis deficientes mentais, sendo que, na realidade lhes faltam oportunidades de crescimento cultural, a valorização de suas experiências de vida, respeitando o nível de desenvolvimento cognitivo da linguagem, da leitura e da escrita.

É necessário levar em consideração alguns aspectos fundamentais, para construir uma visão de conjunto sobre o fracasso escolar, como:

AASSPPEECCTTOOSS OORRGGÂÂNNIICCOOSS – a construção das estruturas cognitivas se processa num ritmo diferente entre indivíduos normais e os portadores de deficiências, pelas diferenças nas experiências físicas e sociais vívidas. Crianças portadoras de alterações orgânicas recebem, na maioria das vezes uma educação diferenciada por parte da família, o que pode causar problemas emocionais, gerando dificuldades na aprendizagem escolar.

AASSPPEECCTTOOSS CCOOGGNNIITTIIVVOOSS – na visão Piagetiana, o desenvolvimento cognitivo é um processo de construção que dá na interação entre organismo e meio. O processo de construção sofrerá alterações caso a crianças apresente problema desde o nascimento.

AASSPPEECCTTOOSS EEMMOOCCIIOONNAAIISS – ligados ao desenvolvimento afetivo e sua relação com a construção do conhecimento. Remete aos

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aspectos inconscientes envolvidos no ato de aprender. Na prática pode-se exprimir por uma rejeição ao conhecimento escolar.

AASSPPEECCTTOOSS SSOOCCIIAAIISS – O fato de agrupar crianças de classe média com ampla base cultural com crianças de camadas menos favorecidas da população, não significa que a escola esteja oferecendo as mesmas condições e oportunidades de aprendizagem, pelo contrário é uma falsa democratização. Observa-se que sem as devidas modificações curriculares e pedagógicas que auxiliam a criança menos favorecida a ter uma ascensão no conhecimento, a escola constrói a baixa auto-estima e o sentimento de inferioridade, pois, a escola finge aceitar a diversidade cultural.

AASSPPEECCTTOOSS PPEEDDAAGGÓÓGGIICCOOSS – Estão incluídas as questões ligadas à metodologia do ensino, à avaliação, a dosagem de informações, à estruturação de turmas, à organização geral, entre outros fatores que, incluindo na qualidade de ensino, interferem no processo ensino-aprendizagem.

A Família e a Escola são os maiores contribuintes para o fracasso escolar e não pode ser vistas de forma isolada do contexto social, o sistema de ensino, seja público ou particular, reflete sempre a sociedade em que está inserido e a maneira como a escola está organizada é o resultado da organização da sociedade, justa e desigual da qual a escola é parte integrante, excluindo e marginalizando os mais pobres, que além de serem explorados nas relações de trabalho são impedidos de participarem nas decisões, já a instituição familiar vem negligenciando seu papel no educar, transferindo para a escola toda a responsabilidade na educação. A aprendizagem é um processo de construção que se dá na integração permanente do sujeito com o meio que cerca família – escola – sociedade. Assim “a aprendizagem da criança começa muito antes da aprendizagem escolar e esta única parte do zero. Toda aprendizagem da criança na escola tem uma pré-história.” (VIGOTSKI – 1989).

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Outro fator que contribui para o fracasso escolar e que merece uma profunda reflexão é a falta de estrutura nas escolas, seguida de recursos humanos despreparados frente à rápida evolução científica e tecnológica, enquanto que os alunos independentemente de sua classe social ou situação sociocultural, têm contato direto ou indiretamente através dos meios de comunicação com as mudanças e transformações que vão ocorrendo na sociedade.

Muitas vezes a escola parece estar parada no tempo ou voltada para o passado, enquanto seus alunos vivem intensamente o pressente e o futuro com novos critérios de valor no contexto cultural, se vê em muitas o não acompanhamento do mundo de hoje, ignorando aquilo que seu aluno já vivência fora dela. Transforma aquele que inteligentemente a questiona e que saudavelmente se recusa a buscar um conhecimento parado no tempo num portador de problema de aprendizagem.

A sobrecarga e a desvalorização do trabalho do professor, os baixos salários, as classes superlotadas, a falta de condições de trabalho, entre outras inúmeras dificuldades, são situações que levam o professor muitas vezes a assumir uma atitude autoritária em relação aos alunos, ou então, a sentir-se cansado, não podendo desempenhar sua função com competência e de forma prazerosa que possibilite o nascimento do prazer de aprender. A má qualidade de ensino provoca um desestímulo na busca do conhecimento.

Qualquer escola precisa ser organizada sempre em função da melhor possibilidade de ensino e ser permanentemente questionado para que seus próprios conflitos, não resolvidos, não apareçam nas salas de aula sob a forma de distorções do próprio ensino. Nestas situações fica o aluno como depositário desses conflitos e, consequentemente, apresentando perturbações em seu processo de aprendizagem (BLEGER, 1960).

Outras falhas escolares estão na qualidade e na quantidade de informações a serem transmitidas e na cobrança ou avaliação da

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aprendizagem. Tais situações, se mal conduzidas, são geradoras de uma ansiedade insuportável para o aluno, chegando a desorganização de sua conduta por não agüentar o excesso de ansiedade.

Uma boa escola deveria ser estimulante para o aprender, sendo que, a função básica dos profissionais da área de educação deveria ser:

Melhorar as condições de ensino para o crescimento constante do processo de ensino-aprendizagem e assim prevenir dificuldades na produção escolar;

Fornecer meios dentro da escola, para que o aluno possa superar dificuldades na busca de conhecimento anteriores ao seu ingresso na escola;

Atenuar, ou no mínimo contribuir para não agravar os problemas de aprendizagem nascidos ao longo da história pessoal do aluno e sua família.

22..33.. OO EENNSSIINNOO DDAA HHIISSTTÓÓRRIIAA

Viver numa sociedade onde para muitos, principalmente os das classes dominantes, não interessa despertar nas demais pessoas uma visão global da vida mais crítica e semiótica, faz com que todo o conhecimento seja visto apenas como algo cada vez mais compartimentalizado, perdendo-se no mundo moderno capitalista, tecnológico, o conhecimento do todo, gerando com isso uma sociedade desconexa, sem integração, alienada, conveniente apenas a um determinado grupo social, onde se corre o risco de repetir erros de sua história.

A escola, determinada pela classe dominante, infelizmente reproduz esse esquema, separando razão de emoção. Visa a padronização do pensamento, para que a sociedade não se modifique.

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Como cita o autor DUARTE JUNIOR, “daí o desinteresse da escola pela situação de cada um e a imposição de conceitos desvinculados de situações vividas” (1985, p. 35).

É nesse contexto que o ensino de História tenta, sem muito sucesso, levar não só os fatos passados, distantes, mas explicar a realidade e, ao mesmo tempo, contribuir para transformá-la.

O conhecimento histórico contribui para fazer entender as condições de nossa realidade, tendo em vista a nossa atuação nela. O objetivo, desde o seu surgimento, foi o de dar à sociedade explicações de suas origens, e hoje ela se coloca cada vez mais próxima de outras áreas do conhecimento, procurando explicar a existência do homem em sociedade. Mas, essa visão maior exige um trabalho interdisciplinar.

O ensino de História só faz sentido quando se analisa o passado remoto com indagações de suas relações para o hoje. “O passado nos interessa hoje, pela sua permanência no mundo atual”. (BORGES, 1980, p. 52).

Para a historiadora Vavy Pacheco Borges, a última finalidade do conhecimento histórico é proporcionar o desenvolvimento das transformações da sociedade, tornando-a mais consciente de si mesma. O ensino da História leva a uma interpretação dos fatos históricos que procura explicar o desconhecido.

Como todas as outras áreas do conhecimento, ela está sempre se renovando, buscando novos caminhos, pois escrever história não é estabelecer certezas, mas diminuir as incertezas, estabelecendo probabilidades. Porém, o método atual de ensino de história leva a maioria dos professores a utilizar apenas o convencional para levar o conhecimento histórico centrado apenas no trio quadro, giz e fala, condicionando-o à memorização dos fatos.

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Sempre se condicionou a disciplina de História a um feixe de fórmulas cansadas, sem sentido algum, com uma infinidade de fatos isolados esquematizados e encadeados pela narrativa cansativa dos professores, da pré-história aos dias atuais. Sendo assim, para se saber história exige-se muito pouco: decorar fatos, nomes de personagens, datas, sendo necessário apenas ter “boa memória”. Ser professor é ainda mais fácil: como já “decorou” todos os conteúdos, é só vencê-los no livro didático. Muitas vezes, nem o professor de História é capaz de encaixar esses fatos históricos isolados, pois até a ele não é dado motivo para acreditar que essas peças possam se encaixar e formar a história da humanidade.

Outro grave problema nesse círculo vicioso é que o aluno se encontra numa posição passiva de aprendizagem, numa constante reprodução do conhecimento, numa relação constante de causas e consequências, onde a História é somente o conhecimento do passado.

O ensino da História, até recentemente, na década de 70, era muito fragmentado, tanto numa mesma série, quanto de uma série para outra. Essa fragmentação do saber encontra paralelo na fragmentação do processo produtivo capitalista. As informações fragmentadas tomam a forma de verdade e o aluno passivo não reflete, apenas consome as informações mas não as assimila. Isso conduz à distorção do conhecimento e da consciência e permite a manipulação do aluno. Trazendo também graves implicações para a formação do ser humano, que não consegue estabelecer relações dos fatos históricos, apenas recebendo informações isoladas, não conseguindo refletir criticamente sobre as experiências históricas.

A forma de trabalhar mecanicista, repetitiva e fragmentada, acabou por inviabilizar aos alunos uma visão articulada de espaço e tempo, não lhes permitindo perceber a totalidade social como uma transformação constante.

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Para Silva Guimarães Fonseca, outro grande problema é a passividade deles frente à História e frente ao conhecimento, pois sendo um espectador da história, o será também em sala de aula. Por estar acostumado a receber o conteúdo pronto, sem exigir reflexão ou pesquisa, produziram-se alunos passivos diante do conhecimento, que simplesmente anotam fatos e questionários, para depois serem cobrados em provas. (1993, p. 72). O desinteresse dos alunos pela História mostra o grande sucesso do ensino excludente. É através dele que trabalhadores e proprietários aprendem a não pensar sobre a dimensão histórica de suas vidas, alerta o historiador Marcos A. da Silva (1982, p. 19). Para ele, “não há espaço nesse modo de conceber a aprendizagem de História para a consideração do aluno como agente capaz de propor questões ou dispor de conhecimento a partir de sua própria experiência pessoal”. (1982, p.21).

A partir da década de 70, e mais especificamente na década de 80, deu-se início a um repensar no campo do ensino da História, buscando-se novos temas, ganhando espaços em todos os setores da sociedade escolar, na tentativa de romper o processo reprodutivo do 1º e 2º Graus. Surgiram novas experiências utilizando-se novos recursos de linguagem, como a música, a literatura, a TV, os filmes e outros documentos. Procurou-se resgatar o papel da História no currículo escolar, juntamente com a transformação do papel da escola, que também deixa de ser mera reprodutora ideológica do Estado e passa a assumir seu verdadeiro papel – o de produtora do saber. Professores e alunos deixam de serem apenas espectadores e assumem seu trabalho com reflexão e pesquisa.

O ensino da História passou a preocupar-se em acabar com o discurso que levava à memorização pura e simples, e fazia a História ter uma imagem negativa. Começa uma preocupação em repensar o trabalho do conhecimento, abrindo caminho para o regate de outras possibilidades do processo histórico.

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Segundo professores preocupados com a educação, é preciso renovar o ensino de história, aprendê-la como ciência, de maneira crítica, entendê-la como a construção do homem, tomar a história como resultado da ação prática e concreta de todos os homens, de toda a humanidade através dos tempos, o entendimento de que a História não acontece de forma linear, mas pela análise da ação dos homens em tempos e espaços diferentes.

A História é um processo contínuo, dinâmico, contraditório, em constante transformação, cujo objetivo é estudar a vida das sociedades em seus vários aspectos, com sua própria dinâmica, entre rupturas e continuidades.

Como ciência, ela pesquisa, pergunta, investiga o passado, através de uma profunda relação com o presente. As transformações das sociedades levam a uma questão difícil de ser resolvida: que conteúdos devem ser ensinados hoje; como escolher entre os diversos temas que devem ser tratados na escola hoje, para que não seja simples reprodutora dos valores da sociedade atual? A História deveria ser crítica, e o professor deveria levar os alunos a compreenderem que história é mudança, transformação, mas com a permanência de alguns valores e o porquê dessa permanência.

O professor de História deve ter a capacidade de romper com o saber enciclopédico, desenvolvendo o senso crítico. Deve conseguir ultrapassar da simples reprodução do conhecimento, à compreensão das formas como esse conhecimento se produz, formando um homem que seja capaz da compreensão das estruturas do mundo onde ele vive e possa nele interferir.

O educador precisa ser um mediador no processo de aprendizagem, pois ele não é um simples “repassador de informações” – isso os meios de comunicação o fazem, e muito bem, por sinal. O seu trabalho é muito maior: é o de capacitar o aluno para que lhe possibilite uma constante organização e reorganização do conhecimento que vai adquirindo. Nas suas relações sociais, o

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professor sabe – ou deveria saber – lidar com as informações recebidas, analisando-as para o aluno sob este ou aquele aspecto. Porém, o aluno deve ter uma participação ativa nesse processo (de aprendizagem), através da vivência e das observações do mesmo. O professor encaminha o aluno do conhecimento do senso comum, obtido pela observação, para o conhecimento organizado e sistematizado. Por isso, o professor deve ser orientador, para que os conceitos empíricos adquiridos pelos alunos se transformem em conceitos científicos.

Hoje, as crianças e os adolescentes têm acesso a um grande número de informações através dos meios de comunicação de massa e do convívio social, mas não têm a capacidade de selecionar ou comparar com informações de outras fontes, acreditando em tudo o que ouvem como verdades absolutas, cabendo ao professor criar situações desafiadoras par que eles possam fazer essas comparações e expressar suas opiniões próprias e investigar outras possibilidades de explicações para os acontecimentos vistos em sala de aula.

Para que se melhore o ensino de História é preciso garantir que o professor seja alguém que domine o processo de produção do conhecimento histórico (que conheça História) e que tenha uma visão crítica do trabalho histórico e com isso seja capaz de levar o aluno aos caminhos da produção histórica e que ele (o aluno) também possa ter uma relação crítica com o saber. Para isso, é preciso discutir a dimensão social do trabalho do professor de História.

O conhecimento histórico, no ensino fundamental e médio, deve levar o aluno ao exercício de reflexão histórica, que certamente o levará a outras reflexões de natureza similar em sua vida, e não só na escola, pois a história produz um conhecimento que nenhuma disciplina consegue e que é fundamental para a vida do homem (CABRINI, et al, 1994, p. 23). Assim, a história hoje ensinada nas escolas, de forma linear progressiva, não dá oportunidade ao aluno de ser sujeito da produção de seu próprio conhecimento.

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Como o aluno de hoje tem uma grande dificuldade em escrever e é muito importante que ele expresse a sua reflexão, propõe-se um registro que pode ser feito de outras formas, como o desenho, as colagens, etc. Nas aulas de História, a escrita pode ser secundária, podendo eventualmente ser feito através da compreensão do texto.

É preciso dar liberdade de expressão ao aluno, para que ele participe de forma concreta do processo de aprendizagem. Inicialmente, a sua expressão pode acontecer de forma confusa; mas no decorrer dos trabalhos, com as orientações devidas, eles encontrarão sua melhor forma de apreensão. A sua linguagem deve ser entendida como a de um sujeito que está refletindo, e o professor não deve se preocupar com exigências formais, pois poderá bloqueá-lo em suas reflexões.

Os professores precisam considerar o aluno como alguém que pensa, que vive e que é ativo, capaz de abrir seu próprio caminho rumo ao objeto de conhecimento. Tem que haver lugar para a descoberta e para a criação. Isso implica ao professor que observe, ouça, proponha uma metodologia de acordo com a vivência do aluno. E ao aluno, que se torne crítico e consciente do que lhe é passado. O aluno precisa livrar-se da preguiça de pensar, comum nesta sociedade, que o leva a consumir como mercadoria o conhecimento pronto e acabado. Na maioria das vezes, é o próprio aluno que oferece mais resistência às novas metodologias, pressionando para aulas expositivas, para que ele não seja levado à leitura e a uma reflexão maior.

O conhecimento histórico só se tornará significativo para os alunos, quando eles próprios puderem contribuir com reflexões sobre as vivências e produções humanas e tiverem um papel ativo na elaboração do conhecimento e novas formas de estudar o passado. Esse conhecimento atua na construção do saber histórico.

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A ampliação dos temas de estudos e de possibilidades teórico-metodológicas tem ajudado o professor a refletir mais sobre os fatores que interferem na construção do saber histórico. Os estudos da cultura e das representações, das obras de arte, artefatos, textos e imagens, por exemplo, estão repletos de significações que complementam ou são contraditórias, cada uma no seu tempo, lugar, valores e ideologias próprias. Todas expressando um contexto histórico muito maior, de processos contínuos e descontínuos, e de realidades diferentes.

No terceiro milênio, é importante resgatar a necessidade de se construir uma escola voltada para a cidadania, nesta sociedade altamente marcada pela competitividade, em que a tecnologia avança cada vez mais e exige profissionais cada vez mais qualificados, com uma visão diferente da escola, com currículos mais modernos, que formem alunos mais habilitados e que se sintam capazes e completos.

Há uma exigência muito grande de profissionais com sensibilidade, com humanidade, que compreenda o todo, e somente a escola tem capacidade para prepara-lo para esta realidade que o espera. Nos Parâmetros Curriculares Nacionais, podemos perceber a importância da arte na vida do ser humano, quando afirma ser necessário “utilizar as diferentes linguagens – verbal, musical, matemática, gráfica, plástica e corporal – como meio para produzir, expressar e comunicar as suas ideias, interpretar e usufruir as produções culturais, em contextos públicos e privados, atendendo a diferentes intenções e situações de comunicações” (1998, p. 07).

Cada escola tem a sua realidade própria e é no dia-a-dia das salas de aula, a partir das próprias condições de cada uma, de seus recursos, que os professores podem formular e colocar em prática a arte no ensino de História. Exemplo: se o professor está ensinando Primeira ou Segunda Guerra Mundial, pode dar sua aula em forma de debates, observação de fotografias ou figuras da época e depois pedir aos alunos que façam uma poesia ou um desenho sobre o tema estudado. Este é apenas um dos exemplos da nova proposta de

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metodológica, sem qualquer custo para a escola e para os alunos, uma vez que se utilizará apenas papel branco, lápis preto carvão, ou grafite. Da mesma forma, se os alunos optarem por uma dramatização sobre o tema, os custos podem ser os mínimos possíveis, utilizando materiais do dia-a-dia.

A nova metodologia de ensino vem contribuir para que o professor tome uma nova posição frente ao desafio de ensinar História, principalmente quanto às suas finalidades e possibilidades de transformações. Neste processo, o professor tem um papel ativo na elaboração do conhecimento e de novas formas de estudar o passado, atuando na construção do saber histórico.

Há uma necessidade muito grande de descobrir novos caminhos pedagógicos para a sala de aula, uma ânsia do “como ensinar” que assume novas formas e proporções. O problema da metodologia é o grande problema deste século. Segundo a educadora Maria Eugênio Castanho, “esse problema está tomando, às vezes, caminhos contraditórios. A técnica pela técnica não vale nada, ao mesmo tempo em que a ausência dela leva a um trabalho que também não tem valor” (CASTANHO, in FELTRAN et al, 1999).

Por isso, a escolha da metodologia para trabalhar em sala de aula é fundamental, pois é preciso ter a consciência de que ela tem que acrescentar, e não apenas ser mais uma experiência entre tantas, tanto para o aluno, quanto para o professor, adverte Castanho.

Não se pode usar as metodologias de forma aleatória. É preciso pensa-las e introduzi-las com critério, tendo sempre claro que o objetivo é o conhecimento e a criatividade e não a bagunça, a agitação. Assim cabe refletir no que diz Aquino:

É presumível, portanto, que uma nova espécie de disciplina possa despontar em relações orientadas desta maneira: aquela que denota tenacidade, perseverança, obstinação, vontade de saber. [...] Anteriormente, disciplina evocava silenciamento, obediência, resignação. Agora, pode significar movimento, força afirmativa, vontade de transpor os obstáculos. [...] Disciplina torna-se, então,

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vetor de rebeldia para consigo mesmo e de estranhamento para com o mundo – qualidades fundamentais do trabalho humano de conhecer (AQUINO, 1996, p. 53).

Ao se propor novas metodologias é importante lembrar que o objetivo maior é levar o aluno a fazer comparações e estabelecer diferenças, sem padronização, orientando todos e cada um, debatendo com os alunos, numa lição criadora. E para criar é essencial ter informações, pois o processo criativo começa com informação, pesquisa de outros materiais e possibilidades e que só leva ao crescimento cada vez maior da criatividade.

A discussão e o debate exercitam os alunos para a independência intelectual e daí para a criação de novas produções de conhecimento. E o bom professor se empenha sempre em preparar o aluno para essa independência. Mas é preciso que o professor firme uma posição e ao mesmo tempo incentive os alunos a questionarem mais, construindo uma relação mútua de interação.

Como afirma Paulo Freire:

Há uma relação entre a alegria necessária à atividade educativa e a esperança. A esperança de que professor e alunos juntos podemos aprender, ensinar, inquietar-nos, produzir e juntos igualmente resistir aos obstáculos à nossa alegria. Na verdade, do ponto de vista da natureza humana, a esperança não é algo que a ela se justaponha. A esperança faz parte da natureza humana. (FREIRE, 2002, p.80)

Na melhoria da relação professor/aluno, o docente, ao se deparar com a necessidade de encontrar técnicas para utilizar no desenvolvimento de seus conteúdos, precisa ser criativo, sempre vai procurando inovações e caminhos para tornar dinâmica sua atividade em sala de aula, variando as técnicas de ensino ou inovando técnicas já conhecidas.

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Ainda segundo LIBÂNEO:

O professor não apenas transmite uma informação ou faz perguntas, mas também ouve os alunos. Deve dar-lhes atenção e cuidar para que aprendam a expressar-se, a expor opiniões e dar respostas. O trabalho docente nunca é unidirecional. As respostas e opiniões mostram como eles estão reagindo à atuação do professor, às dificuldades que encontram na assimilação dos conhecimentos. Servem, também, para diagnosticar as causas que dão origem a essas dificuldades. (LIBÂNEO, 1994, p.250).

A aula expositiva se contrapõe a uma grande variedade de técnicas de ensino. Com o surgimento de novas técnicas de ensino, a aula expositiva passou a ser considerada ultrapassada e os professores que a utilizam são taxados de conservadores. A aula expositiva tem um caráter autoritário e não participativo do aluno.

A Pedagogia Nova vem reverter um processo, uma vez que o centro passa a ser o aluno, e não mais o professor. As atividades dos alunos passam a ter mais importância com as novas técnicas de ensino onde a aula expositiva se torna insignificante.

Porém, mesmo que tenha se implantado nas salas de aulas novas técnicas de ensino, ainda continua presente no fazer docente dos educadores em geral, as aulas expositivas, adverte Dermeval SAVIANI, citado por Antonia Osima LOPES (1999, p. 36). A maioria dos professores interrelacionam as várias práticas de ensino, em diferentes momentos do seu trabalho.

A mesma autora ainda diz:

“é consenso geral entre os autores que a técnica mostra-se mais eficiente à medida que são atendidos os objetivos a que se propõe: introduzir um novo assunto do programa de ensino; permitir uma visão global e sintética de um assunto; apresentar e esclarecer conceitos básicos de determinada unidade de estudo; concluir estudos” (LOPES 1999, p. 39).

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Capítulo III

OO PPaappeell AAuuxxiilliiaarr ddoo PPssiiccooppeeddaaggooggoo

nnaa rreellaaççããoo pprrooffeessssoorr--aalluunnoo

A palavra Psicopedagogia teve suas origens em meados da metade da década de 1940, na Europa, quando houve as primeiras tentativas de se aproximar a Psicologia, Psicanalise e Pedagogia numa tentativa de entender o comportamento socialmente inadequado de crianças na escola e no lar, bem como compreender o grau de dificuldade de algumas crianças em aprender, embora demonstrassem inteligência e capacidade para tanto.

Nas décadas seguintes esses estudos se aprofundaram e se espalharam pelo mundo, chegando na América Latina e no Brasil por volta da década de 1970, fortemente ligado ainda a questões psicológicas e neurológicas apenas. Com o passar do tempo passou, conceitos modificaram, aprofundou-se os debates sobre essa nova área, mas, pode-se observar ainda no Brasil e quiçá no mundo, um problema de identidade e espaço, pois tanto a Psicologia (Medicina) quanto a Pedagogia (Educação) não conseguem lidar ainda muito bem que, o "filho deles” (a Psicopedagogia) cresceu e ficou independente e, sem falar que ambos os “pais” são egoístas e procuram trazer para cada um a total paternidade e maternidade dessa criança que está sempre buscando aprender e suas dificuldades.

Assim a Psicopedagogia como a intersecção entre a PEDAGOGIA e a PSICOLOGIA visando a compreensão maior e melhor sobre o processo de aprendizagem nos seres humanos, tendo como foco de estudo as dificuldades, analises, estudos e possíveis soluções psicológicas e pedagógicas sobre a Aprendizagem.

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O fracasso escolar é um dos grandes e graves problemas da educação brasileira, muitas vezes, fruto de um grande desarranjo social, familiar, econômico que assola nossa sociedade, constitui um verdadeiro somatório de erros e equívocos cometidos no processo de ensino-aprendizagem, que embora reflita a conjuntura política, social e econômica do País, é agravado pela dificuldade pessoal que muitos alunos tem a aprender determinado assunto.

O fracasso escolar tem também as dificuldades de aprendizagem como parcela para agravar este problema, onde se pode considerar como dificuldade qualquer fator que interfira no objetivo final do processo ensino-aprendizagem, ou seja, é qualquer distúrbio mental que atrase ou dificuldade o individuo a aprender, provocado por desordens auditivas, de escrita, de leitura, de fala e de raciocínio matemático.

É de suma importância para o Psicopedagogo estudar e propor saídas para que as Dificuldades de Aprendizagem não engrosse o caldo do fracasso escolar, pois ele se dá muitas vezes pela própria omissão de nós professores em pragmatizar a educação e não procurar enxergar possíveis fatores que estejam prejudicando o desenvolver do aprender de nossos alunos, pois estamos preocupados com diversos fatores externos que interferem na educação.

Muitas vezes a ajuda psicopedagógica depara com a seguinte indagação: Por que não se surte os efeitos do aprendizado? Tal questionamento incomoda bastante a todos os envolvidos (professores, coordenadores, pedagogos, gestores, psicopedagogos entre outros) comprometidos com a aprendizagem, uma vez que surge também no momento deste questionamento um sentimento de frustração, de dever docente falho, que faltou alguma coisa para que o nosso receptor para o seu êxito, por outro lado também gera um desejo de descobrir os principais fatores impeditivos da aprendizagem.

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Ao se perceber que não houve um feedback (retorno) esperado do que foi transmitido e discutido no processo ensino-aprendizagem do aluno, é necessário que o professor não só fique lamentando a sua pratica pedagógica e procure também compreender fatores alheios a sua capacidade docente e que também contribuem para dificultar que a criança aprenda como as de ordem física ou psicológica, as sociais (renda, família, escola, etc.).

Quando se identifica ou percebe-se que a criança apresenta sinais claros de alguma dificuldade ao aprender, independente da origem, logo queremos saber o que provoca e assim combater a causa e consequentemente resolver o problema, pois bem, não se trata de uma tarefa fácil, pois outros fatores podem interferir no aprendizado da criança e assim crianças tidas como normais podem apresentar dificuldades, dessa forma não se pode apenas rotular ou atribuir possíveis dificuldades a meramente ordens psicológica ou física, mas também considerar a realidade sócio-econômica e a sua motivação em aprender.

O professor quando não consegue ou simplesmente ignora alguma dificuldade de aprendizagem da criança no ambiente escolar é necessário a intervenção do Psicopedagogo (profissional capacitado) que procurará fazer um prognóstico, identificando possíveis causas, analisando as dimensões biológica, psicológica, física, institucional, sócio-econômica, ideológica, ecológica e histórico-culturais onde a criança está inserida, ressaltando que o ponto de culminância dessas dimensões se processam na escola, dessa forma é crucial o papel da psicopedagogia nesse espaço como forma de auxiliar, resolver ou no mínimo amenizar interferências no processo de aprendizado das crianças, que são muitas vezes ignoradas pela família, professores, a própria criança e assim num sistema artificial e falho atesta-se erroneamente esta criança como apta para progredir seus estudos na escola e ao tardiamente ao término do ensino médio, vimos que algumas DA’s podem ter sido causadora de algum fracasso escolar.

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Nos últimos anos observou-se que no Brasil aumentaram os esforços para a melhoria da educação em geral, entretanto ainda verificamos a palavra fracasso escolar, de forma imperativa, definitiva refletindo uma espécie de sentença condenando inúmeras vítimas nesse país. Causas e culpados logo são apontados, porém, uma solução plausível não é criada; apenas paliativos, novas desculpas e uma muito comum: é atribuir o péssimo rendimento dos alunos e consequentemente os péssimos índices da educação as meras dificuldades de aprendizagem aos mesmos.

O fracasso escolar, traduzido em rendimentos escolares pífios, alunos e professores desmotivados, descrença no sistema educacional é muitas agravado por ser fruto de um grande desarranjo social, familiar, econômico que assola nossa sociedade, constitui um verdadeiro somatório de erros e equívocos cometidos no processo de ensino-aprendizagem, que embora reflita a conjuntura política, social e econômica do País, é agravado pela dificuldade pessoal que muitos alunos enfrentam ao aprender determinado assunto.

A dificuldade de aprendizagem é entendida pode ser como qualquer fator que interfira no objetivo final do processo ensino-aprendizagem, ou seja, é qualquer distúrbio mental que atrase ou dificuldade o individuo a aprender, provocado por desordens auditivas, de escrita, de leitura, de fala e de raciocínio matemático, principalmente.

Entretanto, não se pode apenas rotular ou determinar que o fracasso ou o baixo desempenho escolar é fruto exclusivo das Dificuldades de Aprendizagem, cabendo assim o real e correto do papel do psicopedagogo, devido ser o profissional que deve estudar e propor saídas para que as Dificuldades de Aprendizagem não engrosse o caldo do fracasso escolar, pois ele se dá muitas vezes pela própria omissão de nós professores em pragmatizar a educação e não procurar enxergar possíveis fatores que estejam prejudicando o desenvolver do aprender de nossos alunos, pois estamos preocupados com diversos fatores externos que interferem na educação.

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Ao se perceber que não houve um feedback (retorno) esperado do que foi transmitido e discutido no processo ensino-aprendizagem do aluno, é necessário que o professor não só fique lamentando a sua pratica pedagógica e procure também compreender fatores alheios a sua capacidade docente e que também contribuem para dificultar que a criança aprenda como as de ordem física ou psicológica, as sociais (renda, família, escola, etc.), recorrendo, sempre que possível a ajuda de um psicopedagogo.

Quando se identifica ou percebe-se que a criança apresenta sinais claros de alguma dificuldade ao aprender, independente da origem, logo se quer saber o que provoca e assim combater a causa e consequentemente resolver o problema, pois bem, não se trata de uma tarefa fácil, pois outros fatores podem interferir no aprendizado da criança e assim crianças tidas como normais podem apresentar dificuldades, dessa forma não se pode apenas rotular ou atribuir possíveis dificuldades a meramente ordens psicológica ou física, mas também considerar a realidade sócio-econômica e a sua motivação em aprender.

Quando o professor não consegue ou simplesmente ignora alguma dificuldade de aprendizagem da criança no ambiente escolar é necessário a intervenção do Psicopedagogo que procurará fazer um prognóstico, identificando possíveis causas, analisando as dimensões biológica, psicológica, física, institucional, sócio-econômica, ideológica, ecológica e histórico-culturais onde a criança está inserida, ressaltando que o ponto de culminância dessas dimensões se processam na escola, dessa forma é crucial o papel da psicopedagogia nesse espaço como forma de auxiliar, resolver ou no mínimo amenizar interferências no processo de aprendizado das crianças, que são muitas vezes ignoradas pela família, professores, a própria criança e assim num sistema artificial e falho atesta-se erroneamente esta criança como apta para progredir seus estudos na escola e ao tardiamente ao término do ensino médio, vimos que algumas DA’s podem ter sido causadora de algum fracasso escolar.

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Já a Taxonomia (termo que designa descrição, identificação e classificação dos organismos, individualmente ou em grupo), sendo assim é fundamental para que se possa desenvolver um trabalho de identificar uma possível Dificuldade de Aprendizagem e assim num trabalho de sistematizar, classificar, identificar sintomas ou características que possam comprometer o aprendizado a taxonomia é um importante instrumento do trabalho do psicopedagogo.

Dessa forma conhecendo as principais características das dificuldades de aprendizagem primárias e secundárias se pode, num primeiro instante, analisar e/ou determinar características de dificuldades de aprendizagem, cabendo ainda ser necessário fazer um pequeno retrospecto sobre o que é aprendizagem.

Jean Piaget (1991), escreveu sobre o tema:

A aprendizagem é um processo que ocorre na relação. É dialético, pois necessita de um sujeito e um objeto em embate para que aconteça, para que ocorra a síntese. Necessita que haja essa interação para que os processos de assimilação e acomodação se desenvolvam. (PIAGET, 1991, p.13).

Observa-se que qualquer coisa ou fato que interfira no processo do aprender caracterizaria uma desaprendizagem, sendo assim as Dificuldades de aprendizagem quer sejam primárias ou secundárias devem e é necessárias serem analisadas de forma bem cuidadosa e detalhada. Quando se classifica as DA’s e distribui-se em categorias (primárias e secundárias), sendo as primárias ligadas às disfunções cerebrais (linguagem falada, escrita, quantitativa) e a problemas perceptivos (auditivos e visuais), já as secundárias envolvem as afecções biológicas (sistemas nervoso e sensorial), a problemas de comportamento (reativo, neurótico e psicótico) e a fatores ecológicos e sócio-econômicos que envolvem o individuo, como envolvimento afetivo, má Nutrição, Privação cultural, Dispedagogia (problemas de ensino).

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Conforme diz G. M. Fenelon (1994):

No problema de aprendizagem o que acontece, particularmente, é que a inteligência e o corpo ficam aprisionados pelos desejos inconscientes. O sintoma é um nó que se dá na trama dos fios que tecem a aprendizagem. (FENELON, 1994, p.20).

Vale ressaltar que a Dificuldade de Aprendizagem (DA) quer seja qualquer uma agindo em conjunto ou isoladas não nos dar o direito de rotular ou determinar que as DA’s sejam as únicas fontes do fracasso escolar e do não aprender do individuo.

O papel do profissional da Psicopedagogia na relação entre aluno/professor, ao ter que diagnosticar um possível quadro de dificuldades de aprendizagem, mesmo fazendo inferência ao trabalho de um Psicólogo Clinico, não pode se precipitar em diagnosticar sobre qualquer distúrbio ou dificuldade de aprendizagem, mas sim para o contínuo estudo, seriedade e dedicação do Psicopedagogo para identificar possíveis DA’s que estão interferindo no processo de ensino-aprendizagem.

Há de se considerar que, normalmente o Psicopedagogo é um Educador que se aprofunda em questões da Psicologia e tenta fazer uma ponte desses ramos do saber, e ao fazer uma analise de cada caso detalhada é primordial e nunca se pode desprezar o trabalho do Psicólogo no âmbito escolar e mesmo o Psicopedagogo habilitado e competente ao diagnosticar as Dificuldades de Aprendizagem, não se pode ter a arrogância profissional e não solicitar uma ajuda externa de um Psicólogo, por exemplo.

Mas, mesmo quando é feito a intervenção psicopedagógica e os resultados da aprendizagem não são atingidos, primeiramente, precisamos entender e saber o que são as Dificuldades de Aprendizagem (DA’s), pois não podemos generalizar e atribuir ou reduzir o fracasso escolar, termo que particularmente considero tenebroso, principalmente se formos analisar apenas as Dificuldades de Aprendizagem como grande causadora desse mal, não que as mesmas não contribuam, com certeza as DA’s tem papel fundamental nesse processo, porém o mais agravante reside na omissão ou

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desconhecimento da família, da escola, dos gestores públicos sobre esse fator que influência, contudo sozinho não pode determinar o fracasso da escolar.

Por outro lado, verifica-se que para conseguir bons resultados, os alunos precisam ter a boa disposição, voluntariedade e habilidade para que possam somar aos aspectos cognitivos e motivacionais. Entendendo a motivação como uma engrenagem que se dá no interior do sujeito, estando, entretanto, intimamente ligado às relações de troca que o mesmo estabelece com o meio.

Para a autora Ana Mercês B. Bock (1999, p. 120) a motivação continua sendo um complexo tema para a Psicologia e, particularmente, para as teorias de aprendizagem e ensino. A motivação é um fator que deve ser equacionado no contexto da educação, ciência e tecnologia, tendo grande importância na análise do processo educativo. Ela também afirma que a preocupação do ensino tem sido a de criar condições tais, que o aluno “fique a fim” de aprender.

O que leva ao aluno a se interessar e despertar o gosto pelos estudos, principalmente como a disciplina História? Com seu carater mais crítico, analitico, onde as leituras e interpretações dos fatos históricos envolvem cada dia mais os alunos dos sextos anos do ensino fundamental a terem uma nova postura, portanto, ao se trabalhar a motivação no ambiente escolar se tem agora uma nova postura dinâmica da ação que leva o aluno a agir, devido se ter um objetivo, uma meta a alcançar e cabe ao professor e ao psicopedagogo ao interagir nessa relação, promover mecanismos que facilitem a ação do aprender. Ao perceber que é essencial ouvir os alunos e conhecer suas necessidades e dificuldades, se pode estabelecer uma base para a motivação e que se possa criar estratégias para o aprendizado, enfatizando que uma das beneces da motivação é melhorar a concentração e atenção dos enducandos nos estudos e, nesse patamar, pode-se deduzir que a força que leva ao individuo a fazer algo é a motivação.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vejo a vida como uma constante caminhada

dirigida para esse horizonte do homem completo,

lutando contra tudo o que em nossa sociedade

constitui uma barreira a essa caminhada. Espero

sempre continuar em busca do conhecimento (a

força do pensamento), procurando não esmorecer

na luta pelos valores que defendo (a força da

vontade). Conclamar as pessoas a acabarem com as

ilusões acerca de uma situação é conclamá-las a

acabarem com uma situação que precisa de ilusões.

A crítica não retira das cadeias as flores ilusórias

para que o homem suporte as sombrias e nuas

cadeias, mas sim para que se liberte delas e brotem

flores vivas. ( KARL MARX)

O ensino de História vive atualmente, uma conjuntura de crise, devido às múltiplas e diferenciadas demandas sociais e a incapacidade da instituição escolar em atendê-la ou responder a ela.

A História tem sido temática e as propostas de ensino variam desde aquelas que propõem, numa perspectiva da dialética marxista, o estudo das formações sociais, das totalidades contraditórias, até aquelas que têm como pressuposto a abordagem a partir do cotidiano, da micro-história, onde não se guarda nenhuma hierarquia nos assuntos.

A disciplina História vive ainda uma conjuntura de “crise historicista”, onde velhos dogmas e preconceitos permeiam nas mais diversas propostas de ensino e as práticas docentes, por outro lado, essa crise têm ajudado a viabilizar outras concepções de História, mais comprometidas com a libertação e a emancipação do homem, tornando-a mais interessante e prazerosa de se estudar.

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A compreensão de que alunos e professores são sujeitos da História (do processo escolar, do trabalho comum, da vida movimento social). Assim, as propostas têm procurado viabilizar a compreensão da História, enquanto movimento social e enquanto memória, enquanto discurso construído sobre o passado e o presente.

Quando um professor de História pergunta algo sobre o passado, ele não está simplesmente querendo obter respostas prontas e que já conhece, pois incentivar o pensamento filosófico é querer que o educando reflita de maneira nova, considere métodos alternativos de pensar e agir.

Ressalta-se que a tarefa do educador no contexto escolar não é de apenas transmitir conteúdos e sim fazer dos alunos, seres capazes de intervir e conhecer o mundo, ensinando-os a pensar o certo.

A educação do século XXI traz em seus alunos diversas informações prévias da “leitura de mundo”, como por exemplo, o uso das tecnologias da informação, o que faz com que o professor ou até mesmo a escola, tenha que saber como lidar e aceitar as experiências de vida dos alunos traz, pois os mesmos não são “folhas em brancas”, mesmo alguns dos seus conhecimentos sejam do senso comum e sempre interessante respeitar, estimular e despertar um conhecimento mais critico e cientifico, onde a curiosidade é uma excelente porta para despertar o aprendizado.

Uma educação de qualidade, infelizmente no Brasil, ainda está restrita a algumas “ilhas” como experiências de algumas escolas ou municípios, entretanto, ainda é um grande desafio transformar essas ilhas de qualidade num verdadeiro continente que é o Brasil. De fato, a primeira década do século XXI trouxe muitos avanços para a educação brasileira, os investimentos dobraram, o acesso se tornou mais fácil e amplo, planejadores e teóricos redobraram as atenções para a qualidade, pois não basta encher as escolas de alunos, sem que haja a preocupações com os professores, funcionários, diretores e gestores públicos, além do próprio espaço físico das escolas, onde se vê muitas escolas construídas de forma não adequadas (sem

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ventilação e iluminação corretas, instalações elétricas desproporcionais e outros fatores, não parecendo que houve planejamento arquitetônico e/ou que não foram pensados para que trabalha ou estuda nesses espaços.

Os erros ou enganos não são exclusividade dos atores diretos da educação como docentes, onde comumente é fácil atribuir culpa apenas pelos maus da educação, estes por sua vez se justificam nos péssimos salários e condições de trabalho, bem como o não reconhecimento e valorização da sociedade por seu trabalho. Mas, esse cenário de “jogo de culpas” não interessa mais a sociedade, uma vez que uma nação que almeja um futuro melhor, uma sociedade mais justa e solidária se faz necessariamente primeiro buscar soluções viáveis e não mais se lamentar sobre os problemas.

Segundo especialistas em educação, aponta-se que os males da educação reside num conjunto composto por desacertos, equívocos, ingerências e outras dificuldades, contudo, os recursos investidos são altos para os pífios resultados da educação brasileira. Daí se questiona: o que houve de errado? O que faltou? Pode-se dizer que além desse conjunto de desacertos, falta um comprometimento maior da sociedade, da família, dos profissionais e governos.

Por outro lado, pesquisas tem revelado que é necessário também ter uma nova abordagem na questão da gestão direta das escolas públicas, isto é, o que vem sendo feito por diretores, coordenadores, professores e o envolvimento da clientela atendida (alunos e pais). Exemplo são os dados publicados na edição de agosto de 2008 da Revista Nova Escola (grupo editorial Abril) que coletou dados e opiniões de mais de 3 mil dirigentes de escolas, onde as questões centrais abordadas estavam relativas a gestão escolar (no tocante as habilidades necessárias a um bom gestor) e quais os maiores desafios.

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# Da Gestão Escolar - habilidades necessárias:

43% Gestão de Pessoas

21% Gestão de Recursos Financeiros

19% Domínio da Legislação

17% Gestão Administrativa

11% Liderança

10% Capacidade de motivar e mobilizar

9% Planejamento e Estratégia

8% Ética e Transparência

Fonte: Revista Nova Escola – ago.2008

# Dos desafios a serem enfrentados...

26% Desmotivação do corpo docente

22% Falta de envolvimento da família

14% Deficiência na formação dos professores

14% Escassez de recursos financeiros

14% Gestão dos recursos humanos (faltas dos professores, ausências, licenças)

13% Indisciplina dos alunos

12% Desmotivação e desinteresse dos alunos

11% Violência

Fonte: Revista Nova Escola – ago.2008

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Outro dado preocupante, segundo ainda outra pesquisa divulgada pelo jornal Estado de São Paulo no ano de 2007, mostrava que 80% dos professores sentiam-se desvalorizados pela sociedade. Dado ainda bem atual.

Enumerar os problemas e dificuldades da Educação é fácil apontar, tai as estatísticas para comprovar, porém apontar soluções viáveis parece que tem sido o maior desafio daqueles que almejam uma educação de qualidade neste país.

Com a introdução de índices para avaliar e medir a Educação como IDEB e do próprio Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e outros meios de avaliação do rendimento das redes educacionais brasileiras revelam um esforço de promover a melhoria na educação, entretanto, é preciso em sintonia com o que vem sendo desenvolvendo em sala de aula, como por exemplo, saber as necessidades e carências dos alunos.

Na construção do saber, o educador estará apto a entender as indagações e questionamentos de seus educandos, é salutar respeitá-los no seu modo de pensar, agir e se comportar. O bom senso do educador é de vital importância para esta relação. E estar sempre aberto a percepção e a realidade do meio em que vivem é vital para melhorar cada vez mais a construção do conhecimento. Todavia, nos planejamentos, nos Projetos Políticos Pedagógicos, na pratica docente, e no dia a dia de muitas escolas, acontece o contrário, gestões pedagógicas e administrativas ortodoxas, autoritárias e que não levam em consideração as aspirações, conhecimentos e dificuldades de seus alunos.

Portanto, é de fundamental importância conhecer e encontrar soluções que pelo menos amenize os efeitos das Dificuldades de Aprendizagem que o aluno possa apresentar e somente assim num esforço conjunto Família + Escola + Governo + Sociedade em geral, possa reverter esse mal da educação brasileira, não apenas o discurso demagógico, mas com ações práticas de todos.

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No ato de ensinar, o educador deve procurar transparecer uma postura motivadora, confiante no que faz e transmitir esperança para seus alunos.

O docente com a ajuda do psicopedagogo revela uma boa parceria para bons resultados, protagonistas do novo, revendo, prevendo e organizando, só assim podemos apresentar aos alunos situações didaticamente estruturadas no sentido de auxiliá-los a perceber, generalizar e formar o conhecimento, transformando-o num conhecimento cientificamente estruturado.

O professor carrega em si as preocupações em ser: incentivador e orientador. Não se pode esquecer que “fórmulas prontas” não garantem sucesso, uma vez que depende muito da postura de cada professor, das condições circundantes, sem mencionar da política da diretoria de ensino da unidade escolar.

Conseguir que os alunos se sintam motivados para aprender é o primeiro passo para a prevenção da indisciplina, e um grande desafio para o professor e a escola. Os professores desejam alunos que saibam respeitar os seus colegas e que consigam se engajar em atividades que exijam concentração e esforço para aprender. Porém, isso não é sinônimo de aluno passivo e silencioso o tempo todo.

É provável que a indisciplina observada nas escolas esteja diretamente relacionada à falta de motivação dos alunos diante do fato de se verem obrigados a estar numa sala de aula sem entender o porquê e para quê daquilo, considerando os conteúdos inúteis ou, mesmo que sejam úteis, não compreendendo bem para que servem. Falta prestar aos discentes maiores informações e clareza sobre o que será estudado.

Entretanto, o silêncio, tão desejado em sala de aula, nem sempre é garantia de aprendizagem, pois o aluno aprende quando participa ativamente de uma atividade, executando alguma tarefa, ouvindo as diferentes formas de percepção dos demais frente a um

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assunto e tendo a oportunidade de argumentar as suas idéias através de grupos de discussão ou debates. Silêncio e agitação devem ser algo medido e equacionado, e necessário canalizar as agitações, as conversas, para uma participação mais ativa do aluno, resultando numa aprendizagem mais significativa, mas o fator da disciplina do aluno.

A indisciplina é o grande desafio do professor para que se tenha sucesso na sua pratica docente e descobrir estratégias, recursos para fazer com que o aluno queira aprender, fornecendo estímulos para que o aluno se sinta motivado a aprender e estimular o aluno implica em desafia-lo sempre, para que ele possa superar a indisciplina e a falta de interesse na disciplina e agora com os devidos motivos, se interessem para com aquilo que vai ser aprendido.

É fundamental que o aluno queira dominar alguma competência. O desejo de realização é a própria motivação, assim o professor deve fornecer sempre ao aluno o conhecimento de seus avanços, captando a atenção do aluno.

Por fim, conclui-se que motivar passa a ser, também, um trabalho de atrair, encantar, prender a atenção, seduzir o aluno, utilizando o que a criança gosta de fazer como forma de engajá-la no ensino. E, assim dicas abaixo para o professor pode desenvolver a motivação e o interesse do aluno em aprender a disciplina História:

O aluno deve ser desafiado, despertar a curiosidade;

Desenvolver nos alunos uma atitude de investigação;

Utilizar uma linguagem acessivel e de fácil compreensão, mais proxima a realidade do aluno;

Propor exercicios moderados, nem tão fáceis tampouco muito complexos;

Compreender a utilidade do que se está aprendendo é também fundamental, isto é “para que serve estudar os fatos históricos”.

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Não se objetiva aqui elaborar um “tratado” e/ou esgotar o debate sobre a motivação do aluno a aprendizagem da disciplina história, pelo contrário, trata-se de uma preocupação inicial, sujeita a criticas e a complementos para que se possa ter uma relação ensino-aprendizagem de melhor qualidade e com resultados positivos, assim a preocupação em discutir e ampliar o debate em torno da motivação na relação ensino-aprendizagem (de alunos e docentes da disciplina História).

Se cada professor de História souber ouvir e sentir as necessidades de seus alunos, antes de tudo, com certeza encontrará caminhos, meios e metodologias que tragam bons motivos para que o aluno se interesse pelas suas aulas, não se trata de copiar experiências bem sucedidas por um professor ou “formulas prontas de teóricos educacionais” que despertará o brilho e interesse do aluno, uma vez que cada mestre tem seu dom de encantar seu público alvo e assim os planejamentos e planos de aulas deixaram de ser frios e vazios e passaram a refletir os anseios, desejos e esperanças dos alunos. Lembrando que as trocas de experiências docentes e o constante espírito de busca pelo conhecimento e aprimoramento didático tornarão as aulas mais divertidas, dinâmicas e interessantes de se aprender tanto para o aluno como para o professor.

Pense nisso! Felicidades e Sucesso.

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