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    1Trabalho apresentado aoXXIX EnANPAD- Associao dos Programas de Ps-Graduao em Administrao,Braslia, DF, 18 a 21 de setembro de 2005. A pesquisa que originou este trabalho foi resumidamente comunicada

    emA Falncia de Mau e Cia.: Uma Anlise da sua Exposio aos Credores 57a. Reunio Anual da SBPC-Sociedade Brasileira Para o Progresso da Cincia, Fortaleza, CE, 17 a 2 de julho de 2005.2Mestre em Administrao Pblica, EBAPE/FGV.3Professor Titular na EBAPE/FGV; Coordenador do Programa de Estudos de Administrao Brasileira.

    Mau e Cia.: a Autocrtica do Maior Empreendedor Brasileiro do Sculo XIX1

    Dav id Izecksohn Neto2

    Paulo Eml i o M atos Mart i ns3

    Resumo

    Este relato de investigao procura responder a questo: Teria sido o Governo, com seus atose omisses, o principal responsvel pela falncia dos empreendimentos de Mau e Cia., com

    base nas justificativas daquele empreendedor aos seus credores? Para a anlise dos motivosapresentados por Irineu Evangelista de Sousa para o insucesso de seus negcios utilizamostcnicas de anlise de contedo (BARDIN, 1979; VERGARA, 2005) no discurso daqueleempresrio no livro: Exposio do visconde de Mau aos credores de Mau & C e ao

    publico,Rio de Janeiro, Typ. Imp. e Const. de J. Villeneuve & C, 1878. Como conclusespropomos que, contrariamente ao que afirma a maioria de seus bigrafos, a falncia dasempresas Mau pode ser associada ao Governo apenas para os projetos com que este notvelempreendedor brasileiro participou como fundador e no generalizada para todos os seusnegcios.

    1. Introduo

    Irineu Evangelista de Sousa, grande empreendedor brasileiro do sculo XIX, condutor

    de projetos transformadores e dirigente de diversas companhias, muitas das quais fundadaspor ele mesmo, foi, ainda, um inovador em vrios setores da economia brasileira do SegundoReinado (1840-1889).

    Entre os empreendimentos que patrocinou e dirigiu, destacam-se os seguintes:Companhia Estaleiro de Ponta da Areia (1846); Companhia de Iluminao a Gs do Rio deJaneiro (1851); Banco do Brasil (1851); Companhia de Estrada de Ferro de Petrpolis(primeira ferrovia do pas, 1852); Estrada de Ferro Dom Pedro II (Central do Brasil, 1858);Banco Mau e Companhia (empresa holding do empreendedor, 1867); o primeiro cabosubmarino de comunicaes (1872), etc.

    Caldeira (1995b) ilustra bem a capacidade administrativa de Mau quando refere queele conseguiu criar 17 empresas em seis pases diferentes, gerindo-as por cartas enviadas em

    navios vela, mesmo operando no mercado financeiro de curto prazo. Como destaca FontesFilho (2003), Mau era o maior perito em Finanas e Contabilidade do pas, e no iniciavaqualquer empreendimento sem antes fazer um minucioso estudo de sua viabilidadeeconmico-financeira.

    Muito bem sucedido financeiramente, Mau tornou-se o grande pioneiro do nossoprocesso de industrializao. Entretanto, aos 62 anos de idade, teve que suspender ospagamentos do Banco Mau, por insolvncia, tendo sido decretada sua falncia trs anosdepois. No mesmo ano (1878) publicou seu livro Exposio do Visconde de Mau aos

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    Credores de Mau & C e ao Publicopara justificar as causas que teriam determinado suafalncia.

    De acordo com diversos bigrafos, o que se pode inferir que, tecnicamente, Mauno poderia ter falido. A sua fortuna no Brasil e no exterior cobria perfeitamente o seu

    passivo. Talvez por isso suas biografias apontam os atos e omisses do Governo como sendoa principal causa da sua falncia.Esta investigao analisa, utilizando tcnicas de anlise de contedo (BARDIN, 1979;

    VERGARA, 2005), a autocrtica que Mau faz na sua Exposio aos Credores, buscandooutras possveis causas, to ou mais relevantes do que o Governo, para explicao doinsucesso daquele notvel empreendedor.

    2. Ascenso e Queda do Baro de Mau

    Irineu Evangelista de Sousa nasceu em 28 de dezembro de 1813, em Arroio Grande(Rio Grande do Sul). O futuro homem de negcios torna-se rfo de pai aos quatro anos de

    idade, tendo sido separado da me aos nove anos - por imposio de seu padrasto - e enviadopara a capital do Imprio para trabalhar no comrcio. Mau contrai matrimnio com suasobrinha de 15 anos, quando completara 27 anos, tendo gerado 18 filhos. Sua fortuna pessoalalcanou o montante de 115.000 contos de ris, quase seis vezes e meia o oramento (18.000contos de ris) do Imprio. Ao cmbio da poca, essa fortuna equivalia a 12 milhes de librasesterlinas, ou 60 milhes de dlares. Irineu Evangelista de Sousa chegou a ser um dos homensmais ricos do mundo de ento, possuindo fortuna equivalente a quase um tero dos ativos doBanco da Inglaterra.

    Em 1854, como homenagem pela implantao da primeira ferrovia brasileira, recebeudo Imperador o ttulo de baro de Mau. Por influncia do baro do Rio Branco, foi eleitodeputado em 1857 e, em 1874, foi elevado ao grau de visconde.

    Ao invs de simplesmente usufruir os grandes lucros de seus investimentos, Mautorna-se um obcecado pelo progresso do Brasil, participando de diversos projetos, semprecom a crena de estar, assim, contribuindo para o desenvolvimento e modernizao de seu

    pas.Segundo Cropani (1987, p.33), Mau teve um momento de vacilao entre o egosmo

    de uma grande fortuna e a generosidade de uma grande misso. Entretanto, para Gaudncio(1987, p.66), avaliando a histria de Mau, constata-se que Irineu passou o resto de sua vidalutando por ascender aos olhos alheios (e aos seus prprios?), perseguindo um ego idealizado[...] O mesmo afirma Aquino (1987, p.113), quando diz que muitos empreendedores somotivados pelo dinheiro, mas outros pelo prazer de criar, de verificar o surgimento de novos

    negcios. E outros encontram na atividade empresarial uma excelente oportunidade deascenso e projeo social.Em 1875, Irineu Evangelista de Sousa suspendeu os pagamentos do Banco Mau, cuja

    falncia foi decretada em 1878. Neste mesmo ano publicou uma detalhada Exposio aosCredores, explicando as razes que, na sua opinio, determinaram a falncia dos seusnegcios.

    A maioria das anlises formuladas pelos estudiosos de Mau aponta atos do Governocomo sendo a principal razo das dificuldades que esse empresrio teria enfrentado. ParaArcher (1987) talvez Mau tivesse sido na poca a pessoa que mais tenha negociado com oEstado ou vivido de seus favores, tendo falido por razes que ultrapassavam suas capacidadee incontestvel honestidade.

    Cropani (1987), por sua vez, argumenta que Mau conseguiu lanar a base de suasindstrias em um perodo protecionista, tendo sofrido desastrosos efeitos quando essaproteo foi retirada. Pensamento semelhante encontrado em Saes (1987) argumentando que

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    apenas o Estado teria podido garantir encomendas em volume que pudesse assegurar o retornodaqueles investimentos. Com as instabilidades do mercado e das polticas pblicas da poca,Mau teria sofrido graves problemas.

    J para Gaudncio (1987) Mau possua grande conhecimento e inteligncia, alm de

    ter enxergado mais do que os seus contemporneos. Todavia, para este autor, o empreendedorcarecia do entendimento de que atuando sozinho e em condies adversas, seus projetosdificilmente conseguiriam obter sucesso efetivo.

    Para Fontes Filho (2003), Mau evidencia, nas suas Exposies aos Credores, umatransferncia de responsabilidade, eximindo-se das causas de seu insucesso, culpandoterceiros, particularmente o Governo.

    Caldeira (1995a) explica que Mau acusava diretamente o imperador Dom Pedro II det-lo derrotado. Segundo aquele autor, tal fato est claramente expresso nas palavras finais desuaExposio aos Credores,quando, ironicamente, cita o prprio Dom Pedro II: Pela parteque me toca, fui vencido, mas no convencido (MAU, 1878, p.165).

    O visconde de Mau teve declarado sua reabilitao em 1884, aps honrar todos os

    seus compromissos financeiros junto aos credores, inclusive com o sacrifcio de benspessoais. Cinco anos aps, em 21 de outubro de 1889, as vsperas do fim do Imprio e daproclamao da Repblica, Mau vem a falecer.

    3. Mau: um Autntico Empreendedor?

    Muito se tem escrito sobre as caractersticas que definem o perfil do empreendedor.Guzman-Cuevas (1994) atribui ao irlands Richard Cantillon a incluso, em 1734, do termoentrepreneur na literatura, quando examinava os agentes envolvidos nas atividadeseconmicas. Este autor prope a distino entre as figuras do proprietrio, do empreendedor,e do trabalhador, este ltimo participando do processo atravs do aluguel de sua fora detrabalho. A partir de ento, os tericos, de alguma forma, tm-se baseado nessa idia paradefinir os papis do empreendedor no processo produtivo.

    Para Kets de Vries (1977) o empreendedor um indivduo altamente complexo,imprevisvel, cujas aes nem sempre se pautam pela racionalidade econmica. Este mesmoautor, ao traar o perfil do empreendedor, destaca os seguintes traos de personalidade e

    papis desempenhados, que os distinguiriam dos demais atores econmicos: ser inovador;aceitar riscos e ser elaborador, implementador e administrador de novas idias.

    Mitchell e outros (2002) distinguem o empreendedor do no-empreendedor pelasestruturas de conhecimento utilizadas nas avaliaes, julgamentos e decises envolvendooportunidades e criao de riscos. Complementando esta idia, Keh e outros (2002)

    argumentam que o empreendedor v mais oportunidades do que as pessoas comuns,destacando ainda que, para identific-lo, temos que observar seu processo de avaliao deidias e como estas se transformam em oportunidades.

    Guzman-Cuevas (1994) assinala que o papel do empreendedor no devenecessariamente se confundir com o de capitalista (detentor do capital da empresa) nem,tampouco, com os de gestor (administrador do negcio), ou de inventor (de algum bem ouservio). Entretanto, aquele autor destaca que o trao essencial da personalidade doempreendedor estaria na sua capacidade de inovao, como j foi destacado por Kets deVries, e no fato de ser um impulsionador dos negcios. Ressalta ainda que o empreendedorno , obrigatoriamente, um dos fundadores de um determinado empreendimento, mas,apenas, aquele que o mantm vivo, ou o leva sua concluso.

    Ainda discorrendo sobre a figura do empreendedor, Drucker (1966) destaca que umaidia pode ser empreendedora mesmo que seja uma simples imitao de algo que funcionabem em outro pas ou em outro setor.

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    Aquele mesmo autor (1985, p.150) prope que o empreendedorismo no umfenmeno natural; tambm no criatividade. trabalho.

    Uma importante caracterstica do trabalho, ao qual Drucker se refere e que corroborada por Kets de Vries (1977) e Keh e outros (2002), que o mesmo envolve riscos,

    como qualquer outro. Entretanto, os empreendedores so vistos por estes autores como sendomais criadores do que aceitadores de riscos. Eles esto mais propensos a avaliar as idiascomo favorveis quando percebem que estas so menos arriscadas. Defendem, desse modo,no o risco propriamente dito, mas sim as oportunidades.

    Ainda enfocando esta questo, Kets de Vries (1977) ressalta que, embora oempreendedor muitas vezes no tenha que suportar pessoalmente riscos financeiros, expe-sea riscos de outra natureza como, por exemplo, os sociais e os psicolgicos. Tratando suassuposies como fatos, eles obteriam mais informaes de carter positivo e teriam suas

    projees mais ancoradas em planos e cenrios de sucesso do que baseadas em resultadospassados. Dessa maneira eles acabariam enfrentando maiores riscos, sem almej-losconscientemente. Com isso, at a eventual falncia no viria como uma surpresa, pois seria

    esperada, embora de forma inconsciente, pelo empreendedor. A falncia, inclusive, faria partedo cotidiano dos empreendedores. Para aquele autor (1977), existe um mito que enxerga oempreendedor como um heri popular, um indivduo que aps passar por muitos desafios,tentativas e aventuras nos negcios, finalmente parece ter alcanado seus objetivos.Entretanto, o autor adverte que a carreira do empreendedor est freqentemente condenada amemorveis sucesses de vitrias e derrotas. Contudo, as derrotas no os abateriam, poisaqueles teriam a habilidade de recomear quando as dificuldades chegassem, confiantes nasua experincia.

    Como explica Guzman-Cuevas (1994), necessrio considerar as caractersticaspessoais e os fatores sociolgicos que influenciam o empreendedor de forma positiva ounegativa. Para Kets De Vries (1977), muitas das estriasde grandes empreendedores contm

    por detrs um histrico familiar infeliz. O empreendedor teria sido no passado um indivduoque se sentia fora do lugar, enxergando um desajuste no seu ambiente particular. A causa maisfreqente para isso seria a figura do pai ausente do dia-a-dia do ncleo familiar, podendo amorte do mesmo representar, num extremo, essa ausncia. Com isso, seria criado nesteindivduo um forte sentimento de hostilidade figura paterna e, genericamente falando, atodos os indivduos em posio de autoridade. A falta de confiana nestas pessoas faria comque o empreendedor procurasse por situaes onde ele prprio possusse o controle, onde elefosse independente. Para atender a necessidade de contradizer antigos sentimentos deinferioridade e de desamparo, este indivduo tornar-se-ia ambicioso e hiperativo.

    Dessa forma, as criaes dos empreendedores seriam verdadeiros smbolos de

    prestgio e de poder, tornando-se mais do que meramente veculos voltados para amaximizao de lucros. Demonstrariam, portanto, a sua independncia dos caprichos e dosfavores de autoridades duvidosas. Seus projetos seriam, para eles, o fim do caminho, nohavendo outro lugar para ir, tendo em vista a profundidade da sua imerso no trabalho. Emgeral esta imerso total do empreendedor nos seus projetos resulta na perda da capacidade deaceitar o seu desligamento do negcio, o que pode se tornar prejudicial para o crescimento domesmo. Assim, o empreendedor seria, para Kets De Vries (1977), uma pessoa numaencruzilhada, um verdadeiro enigma, sendo altamente criativo por um lado, mas altamentergido por outro, se opondo s mudanas e sendo incapaz de enfrentar o processo de suasucesso.

    Entretanto, tendo em vista que o empreendedor usa o seu prestgio e poder para

    combater sua baixa auto-estima, qualquer sinal de fracasso significaria para ele que uma jesperada punio estaria ocorrendo, enquanto que qualquer sinal de sucesso poderia ser

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    interpretado como uma conquista no totalmente merecida, o que, tambm, seria umindicativo que uma punio no estaria longe de ocorrer.

    importante considerar que os membros de grupos minoritrios, tendo tido menoresoportunidades de alcanar status elevados na sociedade, freqentemente no tm outra

    escolha que no a de realizar algo novo, que ningum houvesse feito anteriormente.Entretanto, Kets De Vries (1977) afirma que no se pode criar uma relao causal nessesentido. Para ele, possvel que os empreendedores no se configurem como um grupohomogneo, apesar da sua afirmao de que as pessoas originrias de grupos minoritrios

    podem apresentar maiores chances de desenvolver caractersticas empreendedoras.Segundo Drucker (1966), a avaliao do grau de sucesso de uma idia no feita pela

    quantidade de votos que a mesma consegue obter, nem pelo fato dela ser aprovada pelosfilsofos, mas sim pelo seu desempenho econmico e a sua possibilidade de sobreviver nomundo dos negcios. Desta forma, o esprito empreendedor exige uma boa administraofinanceira. Por isso mesmo, para aquele autor, as idias que no abrangem toda a sociedadeseriam mais viveis de serem realizadas, tendo em vista que seria mais fcil focar as previses

    financeiras das companhias do que predizer o futuro de toda uma sociedade.Resumindo, os principais traos da personalidade do empreendedor so: um indivduo

    complexo (imprevisvel, cujas aes nem sempre se pautam pela racionalidade econmica);fora do lugar (desajustado em seu ambiente particular, em alguns casos traumatizado pelaausncia da figura paterna); inovador; propenso a assuno de riscos (embora mais criador doque aceitador dos mesmos); idealizador; implementador e administrador de inovaes;visionrio; impulsionador de negcios; intuitivo; trabalhador; hiperativo; ambicioso; rgido ecriativo.

    No parece haver dvida que, segundo esses critrios, quer no que concerne aos seustraos de personalidade como, tambm, sua histria de vida, Mau foi um autnticoempreendedor.

    4. Sobre a Investigao

    Como j referimos, as biografias de Irineu Evangelista de Sousa explicam a falnciadas empresas de Mau como conseqncias de atos e/ou omisses do Governo da poca, maisespecificamente do Segundo Reinado brasileiro. J uma leitura de carter exploratrio(BARDIN, 1979) do livro do prprio Mau (Exposio do visconde de Mau aos credores de

    Mau & C e ao publico, Rio de Janeiro, Typ. Imp. e Const. de J. Villeneuve & C, 1878)expondo as causas de seu insucesso, pode revelar novas realidades. Esta primeira leituraaponta no sentido de que a falncia de Mau pode ser atribuda, tambm, a outras causas alm

    do Governo. Seriam estas outras causas mais fortes do que o prprio Governo na explicaoda falncia daquele empreendedor, segundo o seu prprio relato? esta a questo que sepretende responder nesta investigao, utilizando a metodologia de anlise de contedo, aqual aquele autor define como sendo um conjunto de tcnicas de anlise das comunicaesvisando obter, por procedimentos sistemticos e objetivos de descrio do contedo dasmensagens, indicadores (quantitativos ou no) que permitam a inferncia de conhecimentosrelativos s condies de produo/recepo (variveis inferidas) destas mensagens(BARDIN, 1979, p.42). Complementarmente, Vergara (2005) acrescenta que estametodologia uma tcnica de tratamento de dados que objetiva a identificao do que estsendo dito sobre um determinado assunto, sendo til tanto para fins exploratrios quanto parafins de verificao, com a confirmao ou no de hipteses ou suposies preestabelecidas.

    Como explica Bardin (1979, p.28, grifos do autor):

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    Apelar para estes instrumentos de investigao laboriosa de documentos, situar-se ao lado daqueles que [...] querem dizer no iluso datransparncia dos fatos sociais, recusando ou tentando afastar os perigos dacompreenso espontnea. igualmente tornar-se desconfiadorelativamenteaos pressupostos, lutar contra a evidncia do saber subjetivo, destruir aintuio em proveito do construdo [...]

    As fases da anlise de contedo organizam-se em torno de trs plos seqenciais,conforme enumeradas por Bardin (1979):

    1) Pr-anlise;2) Explorao do material; e3) Tratamento dos resultados, inferncia e interpretao.Dentre estas etapas, Vergara (2005) sugere alguns procedimentos metodolgicos, os

    quais foram utilizados neste estudo.Em primeiro lugar, como j explicitado, foi efetuada uma reviso da literatura sobre a

    vida de Mau e sobre as caractersticas de indivduos empreendedores, o que resultou naformulao de uma suposio de que poderia haver outras explicaes, dentre as fornecidaspelo prprio Mau, que fossem consideradas relevantes para a sua falncia. Em seguidaoptou-se pela utilizao do livro j mencionado, sendo ento efetuada a coleta de dados domesmo.

    Para a leitura aprofundada do livro sob anlise, decidimos utilizar uma grade aberta,com categorias que surgiriam a posteriori, com a leitura do mesmo, o que recomendado

    para pesquisas de cunho exploratrio (VERGARA, 2005). Estas categorias seguiram as regrasgerais explicitadas por Bardin (1979) e Vergara (2005). Conforme explicam estes autores,

    boas categorias devem ser homogneas, exaustivas, exclusivas, objetivas e pertinentes aosobjetivos do estudo.

    A homogeneidade refere-se a categorias que tratem do mesmo assunto. Aexaustividade tem a ver com o contedo completo do que se est analisando. As categoriasdevem esgotar todo o seu contedo, no deixando lacunas. A exclusividade estabelecida seum mesmo elemento do contedo no puder ser alocado em duas categorias diferentes. Aobjetividade conseguida se dois estudos diferentes que utilizem as mesmas categoriascheguem aos mesmos resultados. Finalmente, uma categoria considerada pertinente se ela adequada ao contedo e ao objetivo da anlise.

    H ainda uma outra regra de criao de categorias, a qual tem um carter pragmtico:Um conjunto de categorias produtivo se fornece resultados frteis: frteis em ndices deinferncias, em hipteses novas e em dados exatos. (BARDIN, 1979, p.120-1).

    Resumidamente, Vergara (2005, p.18) explica: Categorizar implica isolar elementos

    para, em seguida, agrup-los.

    5. Anlise do Contedo do Livro Exposio aos Cr edor es

    Com a leitura aprofundada do livro e o surgimento das categorias, definimos asunidades de registo (BARDIN, 1979), tambm chamadas de unidades de anlise (VERGARA,2005). Dessa forma, surgiram dois conjuntos de categorias para a anlise: a) por forma de

    participao de Mau; e b) por fatores determinantes do insucesso de Mau.

    5.1. Categoria: Forma de Participao de Mau

    O texto de Mau abrange trs tipos de empreendimentos, dentre os 25 analisados, asaber:

    a) Empresas fundadas por Mau, totalizando 10 empreendimentos;

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    b) Empresas fundadas por terceiros, com a participao de Mau na sociedade, 11empreendimentos; e

    c) Outras formas de participao. Quatro outros projetos abordados no livro, sob aforma de: um emprstimo, dois estudos especializados e um arresto patrimonial.

    So estas as categorias forma de participao de Mau utilizadas nesta investigao.Dentre estas distintas formas de participao nos negcios, procuramos verificar aimportncia relativa das justificativas de Mau aos seus credores em cada empreendimento,com base na extenso dos captulos sobre os mesmos no livro em questo. Para tanto,adotamos como unidade de anlise a quantidade de pargrafos utilizados para descrever ascausas da falncia de cada empreendimento, conforme pode ser visto nos Quadros 1, 2 e 3. O

    postulado desta estratgia de anlise a de que a importncia de uma unidade tanto maiorquanto maior for sua freqncia de ocorrncia (BARDIN, 1979).

    Quadro 1 - Extenso do Relato, em Pargrafos, por Empresas Fundadas por Mau.

    Quantidade %

    Estabelecimento da Ponta da Areia 6 1,1%Companhia de Rebocadores a Vapor Para o Rio Grande 1 0,2%Companhia de Iluminao a Gs do Rio de Janeiro 6 1,1%Banco do Brasil 4 0,8%Estrada de Ferro de Petrpolis (vulgo Mau) 32 6,0%Navegao a Vapor do Rio Amazonas 36 6,8%Companhia Diques Flutuantes 4 0,8%Estrada de Ferro de Santos a Jundia 37 7,0%Estrada de Ferro do Rio Verde 12 2,3%Banco Mau & Companhia 218 41,2%Total

    356 67,3%

    EmpreendimentoExtenso da Anlise em Pargrafos

    Fonte: Elaborado com base em informaes deExposio aos Credores (MAU, 1878).

    Quadro 2 - Extenso do Relato, em Pargrafos, por Empresas Fundadas por Terceiros.

    Quantidade %

    Companhia Fluminense de Transportes 4 0,8%Estrada de Ferro do Recife a So Francisco 21 4,0%Estrada de Ferro da Bahia 3 0,6%Companhia de Cortumes 3 0,6%

    Companhia Luz Esterica 5 0,9%Montes ureos Brazilian Gold Mining Company 2 0,4%Estrada de Ferro D. Pedro II 10 1,9%Caminho de Ferro da Tijuca 9 1,7%Botanical Gardens Rail Road Company 3 0,6%Estrada de Ferro de Antonina Curitiba 5 0,9%Cabo Submarino 11 2,1%Total 76 14,4%

    EmpreendimentoExtenso da Anlise em Pargrafos

    Fonte: Elaborado com base em informaes deExposio aos Credores (MAU, 1878).

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    Quadro 3 - Extenso do Relato, em Pargrafos, de Outras Formas de Participao.

    Quantidade %

    Servios Prestados Poltica do Brasil no Rio da Prataa

    6 1,1%

    Estrada de Ferro do Paran a Mato Grosso 41 7,8%Abastecimento de gua Capital do Imprio

    c9 1,7%

    Servios Prestados Agricultura 41 7,8%Total 97 18,3%

    c Mau resolveu financiar um estudo.Tomou posse de fazendas, por meio de pagamentos ao Banco Mau, e antes da criao deste, a si prprio.

    EmpreendimentoExtenso da Anlise em Pargrafos

    aEmprstimo de dinheiro ao governo.

    bMau foi contratado apenas para fazer um estudo.

    Fonte: Elaborado com base em informaes deExposio aos Credores (MAU, 1878).

    Como parece lgico na sua Exposio aos Credores, Mau discorre muito mais

    longamente sobre os empreendimentos em que participou como fundador, do que sobre osdemais (variando seu relato de um nico at 218 pargrafos, com uma mdia de 21,2

    pargrafos por projeto).Mau descreve as companhias que fundou em 67,3% do total de pargrafos do livro.

    Aos empreendimentos em que no atuou como fundador, so dedicados 14,4%. Finalmente,as outras participaes so analisadas em 18,3% dos pargrafos da obra. importantedestacar que o captulo mais longo das suas Exposies aos Credores refere-se ao BancoMau & Companhia financiador de grande nmero de projetos do empreendedor e ao qualdedicou quase a metade da obra (41,2% dos pargrafos escritos).

    5.2. Categoria: Fatores Determinantes do Insucesso de Mau.

    O segundo conjunto de categorias que emerge da anlise de contedo realizada serelaciona aos fatores determinantes do insucesso de Mau em cada negcio listado no livro,segundo seu prprio autor. Foram identificados no texto trs fatores originando outras trscategorias:

    a) Problemas externos aos projetos. Atribudos pelo empreendedor, na sua totalidade,ao Governo;

    b) Problemas internos de administrao dos empreendimentos; ec) Falhas pessoais assumidas pelo prprio Mau.Para analisarmos as razes apontadas pelo autor para o seu insucesso, definimos como

    unidade de anlise o objeto/referente (BARDIN, 1979), uma regra qualitativa de recorte.Dessa forma, procurou-se um objeto em redor do qual o discurso do empreendedor seorganizou, recortando-se volta deste tudo o que foi exprimido a seu respeito, no contexto decada empreendimento.

    Ao mesmo tempo, os resultados encontrados foram cruzados com o outro conjunto decategorias encontrado, gerando os Quadros 4, 5 e 6.

    Mau associa 58% dos problemas enfrentados e que segundo ele prpriodeterminaram o fracasso de seus negcios, s companhias que fundou. Para as companhiasque no foi fundador, Mau associa 32% desses problemas. Finalmente, apenas 10% dessesfatores desfavorveis esto presentes na anlise que Mau faz de sua participao em outros

    projetos.

    Em geral, Mau aponta uma nica causa determinante do fracasso de cada projeto(valor modal). Para as companhias que fundou a mdia dessas causas de 1,8. J, para ascompanhias que no participou como fundador, essa mdia cai para 0,9 por empreendimento

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    e, finalmente, para as suas outras participaes em negcios, essa mdia deaproximadamente 0,8. Para efeitos comparativos, so atribudos, na mdia, 1,2 fatoresdeterminantes de insucesso para cada empreendimento.

    Quadro 4 - Freqncia das Dificuldades Atribudas a Fatores Externos (Governo) eDeterminantes do Insucesso de seus Empreendimentos.

    Fundados

    por Mau

    Fundados

    por

    Terceiros

    Outras

    Participaes

    Heteronomia na concesso de benefcios governamentais,prejudicando os empreendimentos

    1

    Quebra do monoplio concedido 2

    Problemas em conseguir a concesso 1 1

    Legislao financeira do pas 2 1

    Hostilidade do governo 1

    Interveno do poder executivo em questes legislativas 1

    Decises "equivocadas" dos tribunais 1

    Perda do principal cliente (governo) 1

    Subsdios prometidos mas no concedidos 1

    Financiamento de projetos governamentais de baixo retorno 1

    Foi "obrigado" a ajudar financeiramente 1

    Inveja de terceiros 2

    Total 12 2 3

    Empreendimentos

    "Dificuldades" Determinantes do Insucesso / Frequncia

    Fonte: Elaborado com base em informaes deExposio aos Credores (MAU, 1878).

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    Quadro 5 -Freqncia das Dificuldades Atribudas a Problemas Internos (Administrativos)e Determinantes do Insucesso de seus Empreendimentos.

    Fundados

    por Mau

    Fundados

    por

    Terceiros

    Outras

    Participaes

    Deslocamento do projeto original por influncias polticas("bairrismo")

    1

    Maus empreiteiros 1

    M direo da companhia 1

    Diretoria fraudulenta 1

    Administradores pouco escrupulosos 1

    Problemas entre empreiteiro e diretoria 1

    Assumo de taxa de risco inaceitvel por scio doempreendimento

    1

    Viso excessivamente otimista do negcio 1

    Descuidado na avaliao do negcio (com alto grau de"mistificao")

    1

    Reconhecimento de falha no planejamento por insuficincia dedados

    1

    Total 3 7 0

    "Dificuldades" Determinantes do Insucesso / Frequncia

    Empreendimentos

    Fonte: Elaborado com base em informaes deExposio aos Credores (MAU, 1878).

    Quadro 6 -Freqncia das Dificuldades Atribudas a Falhas do Prprio Empreendedor eDeterminantes do Insucesso de seus Empreendimentos.

    Fundados

    por Mau

    Fundados

    por

    Terceiros

    Outras

    Participaes

    Autoconfiana excessiva 2

    Participao compulsria em projeto invivel 1

    No inverso de capitais prprios por falta de financiamento deterceiros

    1

    Total 3 1 0

    "Dificuldades" Determinantes do Insucesso / Frequncia

    Empreendimentos

    Fonte: Elaborado com base em informaes deExposio aos Credores (MAU, 1878).

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    6. Concluses

    Comparando a freqncia das dificuldades atribudas aos insucessos dosempreendimentos, segundo a autocrtica de Mau, com as formas de participao desse

    empreendedor nos mesmos (fundador, no fundador e outras), chegamos ao Quadro 7.

    Quadro 7 -Freqncia das Dificuldades por Forma de Participao nos Empreendimentos.

    Externos (Governo)Internos

    (Administrativos)

    Falhas do Prprio

    EmpreendedorTotal

    Fundados por Mau 12 (67%) 3 (17%) 3 (17%) 18 (100%)

    Fundados por Terceiros 2 (20%) 7 (70%) 1 (10%) 10 (100%)

    Outras Participaes 3 (100%) 0 0 3 (100%)

    Total 17 (100%) 10 (100%) 4 (100%) 31 (100%)

    Empreendimentos

    Fatores Determinantes do Insucesso - Valores Absolutos e Percentuais

    Fonte: Organizado com base em informaes deExposio aos Credores (MAU,1878).

    Da anlise dos dados constantes do Quadro 7, podemos concluir o seguinte:a) 55% (17/31) das dificuldades totais que explicariam a falncia do empreendedor

    so de causa externa, isto , atribudas pelo prprio Mau ao Governo; 32% (10/31) destasdificuldades teriam origem nos problemas internos (de administrao dos negcios); eapenas 13% (4/31) dos fatores determinantes do insucesso seriam atribuveis s falhas do

    prprio empreendedor. Todas essas concluses com base na autocrtica que o empresrio fazem suaExposio aos Credores.

    Ressalta dessa anlise a concluso de que o empreendedor atribui a grande maioria dosfatores que o levaram falncia, como tendo sido causados por variveis exgenas, mais

    particularmente, pelas mudanas nas polticas/atos de Governo. Este fato corroborado pormuitos bigrafos como, por exemplo, Caldeira (1995a), quando sugere que empresas bemdirigidas e viveis tiveram de ser compulsoriamente liquidadas em funo de uma legislaoantiquada e/ou de outros atos governamentais.

    b) Por outro lado, comparando as companhias que o visconde fundou, com aquelas emque ele no participou como fundador, chegamos s seguintes concluses: Para as primeiras,67% (12/18) dos problemas so atribudos ao Governo; 17% (3/18) so relacionados a

    problemas internos e a mesma proporo s falhas do prprio Mau, nmeros estes quereforam a justificativa do empresrio de que o Governo teria sido o principal responsvel porsua bancarrota. Entretanto, nas companhias em que no participou da fundao, a principalcausa de insucesso se relaciona aos problemas internos (de administrao), sendo atribudo aestes 70% (7/10) das causas de fracasso, enquanto que o Governo seria responsvel porapenas 20% (2/10) dessas dificuldades, sendo 10% (1/10) das mesmas assumidas comoerros do prprio empresrio.

    Portanto, verifica-se assim que, apesar de Mau e seus bigrafos conclurem pelomaior peso dos fatores externos (polticas de Governo) como determinantes da falncia dosnegcios do empresrio, esta concluso desconsidera o fato de que tal justificativa no seaplica aos empreendimentos em que ele participou apenas como scio, situao em que 80%desses problemas no so imputados ao Governo.

    Assim, parece que havia, de fato, uma no sintonia entre as polticas de conduo dosempreendimentos de Mau com os atos do governo do Imprio, isto , uma no integrao

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    entre as polticas pblicas e as mais importantes iniciativas empresariais privadas do SegundoReinado, gerando barreiras intransponveis para aquele empreendedor.

    A anlise assim formulada sugere a possibilidade das polticas governamentais teremsido focadas muito mais contra a figura daquele empreendedor, do que propriamente contra os

    seus empreendimentos, j que aqueles que no o tiveram como fundador no sofreram tanto ainfluncia negativa dos atos de governo.Cumpre, finalmente, destacar que o discurso de Mau na sua Exposio aos Credores

    no conclusivo no que concerne afirmao de que o Governo brasileiro, de fato, teriaprocurado prejudic-lo pessoalmente.

    Certamente o cotejo das concluses a que chegamos com as sugeridas por outrosestudos, poder trazer novas concluses sobre a vida e a obra desse extraordinrioempreendedor brasileiro.

    Referncias Bibliogrficas

    AQUINO, Clber. O empreendedor e o empresrio. In: BIANCHI EDITORES (Org.). Barode Mau: empresrio & poltico. So Paulo: Bianchi, 1987, p. 107-121. (Coleo LivreIniciativa).

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    GAUDNCIO, Paulo. Mau: biografia psicanaltica. In: BIANCHI EDITORES (Org.).Baro de Mau: empresrio & poltico.So Paulo: Bianchi, 1987, p. 47-79. (Coleo LivreIniciativa).

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    KETS DE VRIES, Manfred F.R. The entrepreneurial personality: a person at the crossroads.The Journal of Management Studies, v. 14, n. 1, p. 34-57, 1977.

    MAU, Irineu Evangelista de Sousa. Exposio do visconde de Mau aos credores deMau & C e ao publico. Rio de Janeiro: Typ. Imp. e Const. de J. Villeneuve & C, 1878.

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    SAES, Flvio Azevedo Marques de. Mau e a sua presena na economia brasileira do sculo

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    VERGARA, Sylvia Constant. Mtodos de pesquisa em administrao. So Paulo: Atlas,2005.