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Desenhar é uma atividade nata a Roberto Weigand. Começou a cursar arquitetura na FAU (Faculda- de de Arquitetura e Urbanismo), da Universida- de de São Paulo, deu aulas de linguagem arqui- tetônica para vestibulandos, voltou à USP para estudar artes plásticas. Até que um convite para cobrir férias no extinto jornal Notícias Populares começou a mudar as coisas. Era para ilustrar os fatos “de sangue e sexo” comuns no sensacio- nalismo do NP. Após o jornal, abriu um estúdio de arquitetura, design e ilustração com amigos, ilustrou para o Jornal da USP. Em 1993, recebeu um telefonema da revista Veja. Dez ilustrações para um especial da revis- ta. Foi ótimo para o portfólio de Weigand, mas acabou marcando o ilustrador como de lingua- gem mais pesada, para assuntos como política ou depressão. Weigand então decidiu que era hora de mudar, de novo. Foi ilustrar livros e fez ilustrações para a coluna sobre educação de Tatiana Belinky na Revista Sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo), por mais dois anos. E vem o convite para ilustrar o próximo livro de Tatiana Belinky, Dez Sacizinhos. A experiência deu tão certo que Weigand ganhou o Prêmio Jabuti de Ilustração Infanto-Juvenil em 1999. Porém as revistas ainda estariam (e estão) na vida de Roberto Weigand. Veja o chamou nova- mente, para ser infografista. O fruto foram algu- mas capas de Veja e, em paralelo, o Jabuti com o livro de Tatiana. “Descobri que ilustrar livros era uma paixão”, resume. Mas era aqui que o capista Roberto Weigand começava a crescer. A nova temporada em Veja rendeu bons frutos, como a capa sobre o Real nocauteado. Entre- tanto, após um ano e meio “frilando” na revis- ta, era hora de sair. Weigand soube por amigos que a Istoé procurava um capista. E deu certo. “A revista não tinha produção fotográfica para as capas, não havia um capista específico e o diretor de redação, Hélio Campos Melo, queria levantar essa parte do título”. Após três meses, o chamaram para trabalhar nas capas de Istoé. Tinha que criar um próprio LIVRE PARA CRIAR Matérial extraído da Revista Professional Publish

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Desenhar é uma atividade nata a Roberto Weigand. Começou a cursar arquitetura na FAU (Faculda-de de Arquitetura e Urbanismo), da Universida-de de São Paulo, deu aulas de linguagem arqui-tetônica para vestibulandos, voltou à USP para estudar artes plásticas. Até que um convite para cobrir férias no extinto jornal Notícias Populares começou a mudar as coisas. Era para ilustrar os fatos “de sangue e sexo” comuns no sensacio-nalismo do NP. Após o jornal, abriu um estúdio de arquitetura, design e ilustração com amigos, ilustrou para o Jornal da USP.Em 1993, recebeu um telefonema da revista Veja. Dez ilustrações para um especial da revis-ta. Foi ótimo para o portfólio de Weigand, mas acabou marcando o ilustrador como de lingua-gem mais pesada, para assuntos como política ou depressão. Weigand então decidiu que era hora de mudar, de novo. Foi ilustrar livros e fez ilustrações para a coluna sobre educação de Tatiana Belinky na Revista Sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo), por mais dois anos. E vem o convite para ilustrar o próximo livro de Tatiana Belinky, Dez Sacizinhos. A experiência deu tão certo que Weigand ganhou o Prêmio Jabuti de Ilustração Infanto-Juvenil em 1999.Porém as revistas ainda estariam (e estão) na vida de Roberto Weigand. Veja o chamou nova-mente, para ser infografista. O fruto foram algu-mas capas de Veja e, em paralelo, o Jabuti com o livro de Tatiana. “Descobri que ilustrar livros era uma paixão”, resume. Mas era aqui que o capista Roberto Weigand começava a crescer.A nova temporada em Veja rendeu bons frutos, como a capa sobre o Real nocauteado. Entre-tanto, após um ano e meio “frilando” na revis-ta, era hora de sair. Weigand soube por amigos que a Istoé procurava um capista. E deu certo. “A revista não tinha produção fotográfica para as capas, não havia um capista específico e o diretor de redação, Hélio Campos Melo, queria levantar essa parte do título”.Após três meses, o chamaram para trabalhar nas capas de Istoé. Tinha que criar um próprio

L i v r e p a r a c r i a rMatérial extraído da Revista Professional Publish

conceito dentro da redação, de acompanhar as reuniões de pauta, falar com os editores de tex-to, produzir as fotografias e, com algum resul-tado, trabalhar em cima dele para conseguir a capa. Fomos aprendendo isso”, avalia.De capa em capa, o assunto violência rendeu duas boas capas para Weigand nos últimos tem-pos. A primeira, que se refere ao incidente do seqüestro ônibus da linha 174, no Rio de Janei-ro, mostra pessoas reféns em um ônibus com a palavra “medo” na janela do veículo. “Vi na rua, pela TV, a cena do seqüestro do ônibus no Rio, e um dos reféns escrevendo ao contrário no vi-dro relatando a ameaça. Aquela imagem ficou na minha cabeça”, conta. Porém, para produzir a imagem da capa, o pessoal da Istoé tinha de conseguir um ônibus emprestado (cortesia da Viação Gato Preto), modelos e alguém para di-rigir os modelos.A idéia funcionou e a capa ganhou o Prêmio Esso de Criação Gráfica em 2000, com o prêmio dividido entre Weigand e João Carlos Alvaren-ga, editor de arte. Em 2002, Weigand e a equipe da Istoé receberam o Prêmio Esso novamen-te, com outra capa feita em base na violência. Para retratar “uma nação em pânico”, um mapa do Brasil serve de lençol para cobrir um corpo assassinado. Weigand dividiu a execução e o Prêmio com o diretor de estúdio Alex Soletto.Em Istoé, Weigand conseguiu algo que poucos profissionais – de qualquer área, não apenas de design – conseguem: liberdade de criação. Weigand foi colaborador da revista Publish es-crevendo sobre os bastidores das capas da Is-toé para Publish. Em 2002*, comemorou tam-bém dez anos de profissão e, por coincidência, produziu a capa da edição de aniversário.

Henrique Martin é Editor-assistente da revista Publish

*Esta matéria foi publicada na edição de aniversá-rio de 10 anos da revista Publish, em 2002, e foi ligeiramente alterada para entrar no site. Em 2004, Weigand saiu da revista Istoé para abrir seu estú-dio. Continua criando capas e ilustrações para re-vistas e livros infantis, além disso dá cursos e é palestrante convidado em diversos eventos, como PhotoImageBrazil e Senac.