material de estudo – tema 17 entendendo a dor ... · como acontece com o animal após longos anos...
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ENTENDENDOADOR WILSONDACUNHA
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Material de Estudo – Tema 17
Entendendo a Dor – principalmente a dor moral
ENTENDENDOADOR WILSONDACUNHA
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ÍNDICE
CONSIDERAÇÕESGERAIS 3
ENTENDENDOADOR 6
DOR,REMÉDIODAALMA 20
PARAQUESERVEMADOR,APACIÊNCIA,AOBEDIÊNCIAEARESIGNAÇÃO? 25
TRAJETÓRIADEUMAALMA–CHICOXAVIER 28
CONSIDERAÇÕESFINAIS 34
ENTENDENDOADOR WILSONDACUNHA
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CONSIDERAÇÕES GERAIS
Uma coisa eu aprendi ao longo dos anos foi que o palestrante
fala primeiro para si mesmo, externa as suas necessidades e é o
primeiro a aprender, ou a curar-se. Esse material de estudo serve
primeiramente para me fortalecer, mas espero que seja útil para você
também.
O desabrochar da consciência é um trabalho lento e contínuo,
que constitui o desafio do processo da evolução. Desenvolve-se de
dentro para fora através do esforço da vontade concentrada, como
meta essencial da vida.
Da mesma forma que, para atingir a finalidade, a semente deve
morrer para libertar o vegetal que lhe dorme em latência, assim é a
consciência rompendo a obscuridade do inconsciente para conseguir a
plenitude do ser espiritual.
O grande desafio da existência humana está na capacidade de
explorar esse mundo desconhecido. O ser deve deixar de ignorar o seu
mundo interior, o seu inconsciente, mergulhando no abismo de si
mesmo, e buscar se auto revelar, sem traumas ou choques, sem
ansiedade ou inquietação, em um processo de individualização. É
indispensável enfrentar o inconsciente dominador com serenidade,
descobrindo-o e integrando-o ao consciente, pelos melhores caminhos
que estejam ao alcance.
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Tornar-se um ser total, homem integral, originário e único, é a
proposta da individuação, que liberta a consciência das constrições
mais vigorosas do inconsciente dominador. Cada ser descobre a sua
própria rota que deve seguir confiantemente, trabalhando sempre, sem
culpa, sem ansiedade, sem receios injustificáveis, sem conflitos
responsáveis por remorsos.
O despertar da consciência saindo da obscuridade é
acompanhado pelo sofrimento, qual parto que proporciona o
desabrochar da vida.
Por excelência, nesse esforço profundo de auto identificação, o
amor deve ser trabalho consciente, a fim de transformar em luz o
nosso coração, já que é inerente à natureza humana, esse Amor
proveniente de Deus, para que a nossa presença, onde quer que
venhamos a estar, seja sempre uma fonte de reconforto e esperança,
serviço e benevolência, exalando para aqueles que nos rodeiam o
abençoado nome do divino carpinteiro.
Não há como negar que o amor seja a realidade mais pujante da
vida que deve envolver o nosso coração e pensamento, sempre a
irradiar-se pelo Criador.
Todos os homens e mulheres que edificaram os ideais da
felicidade humana abasteceram-se do pleno e incondicional amor, o
qual transcende qualquer definição. O amor é vida exuberante; é a
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razão básica da manifestação do ser que pensa e sente. O despertar e
realização desses anseios são oriundos de uma ação muito dolorida.
Esse é o caminho que conduz o homem a se sentir feliz, contudo
não podemos esquecer a advertência de Jesus: A mim coube a cruz e a
quem quiser seguir os meus passos, a luta é árdua e cheia de tropeços,
é caminhar por caminhos estreitos, cheios de pedregulhos. A estrada
larga é a estrada das facilidades, que o homem conhece muito bem.
Jesus sintetizou todo o código da Sua Doutrina de amor quando
disse: amar á Deus, e ao próximo como a ti mesmo. Amar é o grande
desafio.
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ENTENDENDO A DOR
DOR - Liberdade ou prisão?
A vida do ser humano está mais para a prisão do que para a
liberdade, e é nesse passo que surge a educação transcendental. Há
vários tipos de cadeia para a alma, assim como para o corpo, no
sentindo de disciplinar as más tendências.
Muitos pensam que a dor prolongada é um castigo, mas como se
enganam! É ao contrário, uma proteção, porque ela nos livra de novas
quedas e ainda abranda os impulsos dos sentimentos, ataca o orgulho
e o egoísmo, ligando-nos mais as nossas amizades terrenas ou
espirituais, pelo fato de precisarmos deles nas nossas necessidades.
O sofredor se encontra, por vezes, mais perto da liberdade, pois
a dor abre caminho para novas realizações e alegrias. A dor é um
chamado dos céus para alguns consertos na intimidade da alma ou
alguma missão a cumprir: ela tem o poder de acordar a criatura, como
também de despertar os dons em estado de sono, para o trabalho com
Jesus. Também é importante entender que, na maioria das vezes, o
espírito renasce sem intenção de progredir, mas desejando viver
simplesmente, isto é, passar o tempo sem cuidados com o próprio
adiantamento.
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Como entender essa inércia? Essa indiferença habitual do
espírito?
A resposta é fácil: porque esse ser ainda não experimentou o
sofrimento em grande escala.
É nesse sofrimento maior que desperta a humildade e o homem
diz: Jesus o que queres que eu faça? Foi essa a pergunta que Saulo fez
a Jesus na entrada da cidade de Damasco. Logo mais conhecido e
respeitado com o nome de Paulo, o apóstolo de Jesus. A lapidação foi
o sofrimento imposto pelos sacerdotes e mandatários do império
romano.
Somente ele e Maria Madalena, conseguiram naquela existência
alcançar a plenitude espiritual. Quanto a Paulo, ele foi além ao dizer:
Não sou eu quem falo, e sim o cristo que fala em mim.
Realmente, a dor suportada com sabedoria é o estímulo às mais
altas realizações, é o agente do progresso espiritual.
Quem estiver sofrendo, não deve se desesperar, pois que tudo
tem uma razão de ser, na pauta da própria vida. Observe com atenção
os grandes homens os grandes religiosos, os grandes médiuns e verá
os sofrimentos suportados das mais variadas formas.
Seria “castigo/maldição” palavras em voga em muitos templos
dos nossos dias?
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Claro que não! Antes de tudo, é uma verdadeira proteção. Não
procure imaginar Deus retirando a dor, seja moral ou física, “quando
ainda se necessita dela”. Como seria o mundo se amanhã não
tivermos mais a dor, nem física, nem moral? Alguém consegue
imaginar o volume da tragédia?
A dor é como o cárcere, que nos prepara para bem usufruir a
liberdade de logo mais. Tudo tem suas limitações organizadas pela
natureza, como amparo e equilíbrio da vida. Não pensemos em
demasia na liberdade, coloquemos em mente o cumprimento dos
deveres, ante os compromissos na Terra e no Céu, que Deus não se
esquece de ninguém. A lei da justiça se encarrega de tudo, repartindo
para cada um, o que for de sua responsabilidade.
A independência da alma vai chegando aos poucos com o nosso
crescimento espiritual, só não ficamos independentes em relação a
Deus, pois ele é a vida universal.
Se está preso pela dor e aos processos de educação comuns a
todos, não desdenhe a vida, tenha paciência. Se o sofrimento o
acompanha na Terra, mesmo assim não esmoreça, pois que à sua
procura virá a felicidade. Que proceda, enfim, como o fez Jó,
personagem do Antigo Testamento: esperando no Senhor, pois que
Ele não faltará com a Sua mão protetora. A dor é uma qualidade da
natureza humana, preparando-nos para logo sermos convocados para
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maiores responsabilidades, em servir a Jesus ao exemplificar o seu
cristianismo.
A prisão nunca é um mal. A prisão a qual nos referimos são as
dores físicas ou morais, as quais oferecemos a nós mesmos quando
desrespeitamos as leis máximas do criador.
Ao amanhecer de cada dia, concluímos o preenchimento da
nova folha do nosso diário de vida, com anotações felizes ou infelizes.
Motivo que nos faz dizer: Somos o arquiteto da nossa felicidade ou
infelicidade. Se não bastasse, o homem com facilidade cria os
tormentos voluntários, ou seja, quando diz: A vida se apresenta assim,
mas eu quero que seja assim.
É necessário entender que a terra é um grande educandário e que
estamos matriculados onde merecemos. É aconselhável que sejamos
um aluno aplicado para não termos que repetir as lições quantas vezes
forem necessárias.
Quem não se lembra do americano Carol Cherman, condenado a
morte na câmara de gás. Para defender-se da morte na câmara de gás,
ele se formou em direito e até o último instante da sua vida ele
afirmou não ter praticado tal crime.
Carol Cherman, que após alguns anos da sua execução,
apresenta-se a uma Casa Espírita em Irece-BA, década de 1.970
ofereceu o seu depoimento:
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A câmara de gás, que a humanidade detestava era, para mim, o
último forno a expelir os últimos resíduos de um metal que por muitos
e muitos fornos já havia passado e em cada um deles deixava um
pouco de suas impurezas, sem que, em nenhum deles, achasse o calor
necessário para purificar o metal que há milênios vinha resistindo sem
a capacidade de tornar-se maleável para cunhar-se numa peça de que
o mundo reconhecesse seu valor.
Foi esta câmara última que, para o mundo inteiro serviu de
comércio, à imprensa, ao rádio, aos criminalistas e para os
observadores serviu de pena e, muitas vezes, de tédio, e, para quem
nela ia sentar-se, via ali o final dos seus pecados e o caminho direto
da purificação, porque ali, era a última provação que lhe foi
designada.
Acrescentamos ainda que: ninguém poderá deixar de enfrentar
problemas de auto aprimoramento, agora ou no futuro, neste ou em
outro mundo, na condição de exilado. Assim sendo, deixemos que se
instale a dor sem nos abater pela silenciosa solidão. É difícil, eu bem
o sei.
Não estamos no mundo para ficarmos sem os problemas, mas
sim para administrá-los com sabedoria. A dor será o remédio a atuar
nas nossas imperfeições. Não percamos o fruto por causa da nossa
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insatisfação excessiva. Temos o direito de sentir, de refletir, mas logo
mais devemos nos levantar, sacudir a poeira e seguir em frente.
Nesse dia da aceitação, seremos um discípulo do Evangelho; no
começo da nossa regeneração, não por virtude, mas impelidos pela
dor. É um momento decisivo que chega para todos.
Importante: a vida é movimento e o espírito não pode parar
nunca, sem graves danos. Jamais devemos nos tornarmos um ser
estagnado porque a dor se apresentou. Lembrando sempre que quem
está passando pela dor está se libertando do problema, enquanto que
aquele que está vivendo como um turista, usufruindo dos prazeres da
vida, estará entrando na bendita dor do aprendizado, necessária para o
despertar da consciência.
Aquele homem sábio, não corria em desespero, antes caminhava
firme, não se desesperou como as pessoas daquele lugarejo que
estavam assustados com a invasão do exército inimigo, e quando
questionado: você não vai levar nada dos seus pertences? Ele disse:
estou levando tudo que tenho, ou seja: o meu saber.
A paz que o homem busca e pensa conhecer é a do corpo, e
quando chega à aposentadoria, o corpo descansa, mas o espírito
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inquieta-se, pois ele sente que não está progredindo. A vivência
transcendental, ainda é coisa nova para o homem.
Se está aposentando ou aposentaram-te do convívio familiar,
como acontece com o animal após longos anos de trabalho com a
carroça, busque a movimentação mental e desenvolva os sentimentos,
plante simpatia mediante o serviço ao próximo. Se não tens um amor
terreno para apoiar-te, para alimentar-te, lute para elevar-se ao amor
sublimado, dos espíritos superiores que transcendem ao amor da
presença física de alguém.
Toda idade tem a sua beleza, ontem corríamos a todo o instante
em atendimento às nossas necessidades diárias inadiáveis, hoje fomos
dispensados dessas obrigações, e surge assim a bendita oportunidade
da desintoxicação do nosso psiquismo, oportunizando-nos a atender à
outras necessidades, como a reforma íntima, através de viagens
silenciosas dentro da nossa intimidade psíquica, caminho seguro para
a espiritualização.
Lembrando sempre que tudo é energia e, assim sendo: nós nos
alimentamos com o nosso hálito mental, assim como do de outras
mentes, sejam de encarnados ou desencarnados, que nos alimenta da
mesma forma, que mesmo sem percebermos, atraímos para junto de
nós. Diante do exposto, apenas uma pergunta devemos fazer a nós
outros: Se na busca de uma emissora de rádio de qualidade,
manejamos o botão do rádio até estabelecer à sintonia desejada, não
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devemos ter o mesmo cuidado com o nosso hálito mental, para
sintonizarmos com mentes de qualidade saudáveis?
Até agora não diversificamos o entendimento quanto a dor,
motivo de acrescentarmos: sofre a terra, sofre o animal, sofre a
natureza e sofre o homem. É lei do progresso, pois este planeta ainda
não está pronto, o criador não deu ainda como terminado a sua
construção. Quantas vezes a geografia dos continentes não sofreram
mudanças? Como será o Ártico, logo mais? O sertão voltará a ser
mar, nas palavras do poeta nordestino, Catulo da Paixão Cearense,
que canta: O sertão voltará a ser mar.
Vamos deixar de lado por enquanto essas leis naturais
(aparentemente rígidas) e buscar na poesia do Evangelho, Capítulo IX
- itens 7 e 8 – o alimento para o nosso espírito em relação a
necessidade do nosso progresso:
• A dor é uma benção que Deus envia a seus eleitos; não vos
aflijais...
• Sede paciente. A paciência também é uma caridade...
• A vida é difícil, bem o sei. Compõe-se de mil nadas...
• Coragem amigos! Tendes no Cristo o vosso modelo...
É muito difícil fazer entender aos homens que o sofrimento é
bom. A doutrina espírita nos convoca a ampliar a visão referente à
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dor. Incompreendida pelas religiões nos momentos em que o coração
está no terra a terra.
Vamos entender a dor, lenitivo para os corações. Se não
experimentamos:
• Conflitos íntimos;
• Tentações;
• Obstáculos no lar;
• Um dia de solidão;
• Desânimo ou aflições;
• Trabalho intensivo.
Que tristeza, com certeza um motivo de preocupação, pois
estaremos (provisoriamente) estacionados. Precisamos de lutas para
alcançar a luz interna em nossas almas.
Joana de Angelis, conduzida ao circo Romano com seu filho por
ser cristã, afirma: nos homens atribulados dos nossos dias, a
espiritualidade deposita muita confiança.
Pedra bruta que ainda somos, atolados no lamaçal do nosso
personalismo doente, necessitamos de lapidação para tornarmo-nos,
diamante de muito valor. Mas toda lapidação é sempre dolorida no
decorrer da retirada da impureza. Vamos a exemplos simples:
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• O soldado que, para receber divisas, deverá deixar o abrigo
tranquilo do quartel e ir ao campo de batalha. A luta mais
difícil do homem é vencer a si mesmo e conhecer a si mesmo.
• O aço que para ser rígido passa por alta temperatura. Assim
deve acontecer conosco.
Os mundos felizes já conheceram a dor. Já estagiaram na dureza
dos seus corações na prática do sacrifício dos animais. Criaram
indústrias sofisticadas e poder econômico em função do animal
indefeso. Já levantaram estátuas em praças públicas dos seus heróis de
Guerra.
A dor e o prazer são as duas formas extremas da sensação. Para
suprimir uma ou a outra seria preciso suprimir a sensibilidade, e elas
são inseparáveis, pois ambas foram necessárias por muitos séculos.
Feliz é aquele que está na colheita dos seus erros, infeliz daquele
que está semeando a dor. Não devemos esquecer do sofrimento
psíquico daqueles que trouxeram responsabilidade de trabalho com o
Cristo até encontrar o caminho ou até se decidirem, exemplos:
Francisco de Assis – até soldado foi; deixou as armas após
acidentado em combate.
Mediunidade comprometida com a caridade;
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Temos o sofrimento das almas que muitos sofreram no serviço
da caridade. Conhecidos dos brasileiros estão:
• Madre Tereza de Cálcuta;
• Irmã Dulce;
• Chico Xavier.
No ideal cristão, eles se tornaram gigantes e seus exemplos, com
o passar do tempo, avultam aos nossos olhos, ficam mais imponentes,
exalam beleza e entusiasmo, ajudando as almas indecisas a encontrar
a rota para o exercício dos compromissos assumidos antes de se
reencarnarem.
Nós não podemos esquecer as dores dos escravos em nosso
rincão brasileiro. Foram esquecidos por Deus? Era uma maldição?
Palavra horrível pronunciada a todo instante por dirigente de alguns
Templos Religiosos, diante dos que sofrem.
Esse entendimento equivocado em torno da palavra maldição
numa mente bem doente poderá criar o entendimento de que é o ser
mais amaldiçoado entre os homens, por ser o que mais sofreu, sendo
que esse foi apenas o doce Rabi da Galileia. Pasmem, eis a época dos
falsos profetas, cegos guiando cegos.
Em relação ao sofrimento dos escravos, os espíritos nos
informam:
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- Nem maldição!
-Nem esquecidos por Deus.
Vamos conhecer o porquê dos seus sofrimentos:
Esses espíritos eram muito comprometidos com as leis de causa
e efeito e estavam em muito sofrimento na espiritualidade em que se
encontravam. Jesus então incumbiu o Anjo Ismael a ir até eles e dizer:
Uma oportunidade de libertação dos seus erros surge: Naturalmente
reencarnar-se-ão, na África, Luanda, Angola, Moçambique, etc. e no
momento oportuno virão para as Terras do Cruzeiro do Sul, e com os
seus braços fortes, contribuirão com o despertar desse gigante
adormecido, o qual tem como missão tornar-se Brasil, Coração do
Mundo Pátria do Evangelho, e em seu solo, a marca o Centro
Geodésico da América do Sul. Um dia saberemos o que representa tal
realidade perante os planos do criador. Acredito ser essa região
amazônica a matar a fome do mundo, nos conflitos que se está
alinhavando em torno da Europa e do velho mundo. O que sabemos é
que a espiritualidade já tem um local reservado para receber os que
conseguirem deixar a tempo sua pátria, regiões de conflito. Esses
refugiados trarão progresso tecnológico para essa pátria e saberão
agradecer pela acolhida.
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E assim, esses seres africanos foram chegando ao nosso solo e
enfrentando a terrível escravidão. Escravidão em que a
responsabilidade não é do Brasil e sim da Coroa Portuguesa.
Já há algum tempo instalados em nossas fazendas, o Anjo
Ismael, emocionado, vai até Jesus e diz: é grande o sofrimento
daqueles homens, vindos da África, com a missão de acordar esse
gigante adormecido, ajudando a prepará-lo para cumprir no futuro a
sua missão de evangelizar o velho mundo abatido e cansado de
guerras. Mas esses africanos foram transformados em escravos, mais
escravos do que foram em suas terras, pela ganância dos grandes
proprietários de imensas áreas de terra.
Calmamente, Jesus diz: Ismael acalma o seu coração, as
rogativas deles chegam até mim, em forma de lamento, não se
esqueça da lei de causa e efeito. Esses escravos foram os padres
inquisidores, foram proprietários de muitas terras, foram há bem
pouco tempo, senhores de escravos e até feitores. No porvir, muitos
desses escravos estão reservados ao lugar de destaque na sociedade,
como: estadistas, médicos e poetas.
Deixo uma pergunta para cada um de vocês: como adquirir
radiação psíquica do amor?
Através do sofrimento suportado sem revolta, que produz
radiações psíquicas, produzindo o entendimento do amor. O Amor
nos faz ver, ouvir e sentir mil coisas, que o homem feliz com o seu
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egoísmo, não pode perceber. Suprimir a dor é suprimir ao mesmo
tempo o que é mais digno de admiração neste mundo. A coragem de
homens sublimados na fé, nada iguala a essa postura moral.
Para a maturação moral de um homem, para que ele venha
adquirir grandeza de radiações psíquicas, é necessário:
- Dor;
- Paciência;
- Resignação.
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DOR, REMÉDIO DA ALMA
Um filho terreno, quando doente, é levado ao hospital por seu
pai, que o interna para a cirurgia. Ele diz: mas pai, vai doer. O pai
responde: Meu filho, tenha paciência, obediência e resignação, pois é
necessário para você viver, ser feliz e saudável.
Assim é o criador, que diz: Filho, conheço as suas dores,
participo dos seus tormentos, mas tenha paciência. Pois sua alma tem
que sofrer essa cirurgia. É o medicamento a ser tomado em dose
homeopática, lentamente. Jamais devemos fazer como o filho ingrato,
que o pai coloca o remédio em sua boca, mas ele põe para fora. Toda
dor torna-se um precioso medicamento moral.
• A dor física é, em geral, um aviso da natureza que procura
preservar-nos de nossos excessos. Sem ela, abusaríamos de
nossos órgãos até o ponto de destruirmos a vida antes do
tempo.
• A dor física também atinge os homens de bem. Jesus ensinou
que havemos de estar sempre sós nos ríspidos momentos do
testemunho, na bendita hora do calvário de cada um.
No dia do calvário de Jesus, onde estavam os paralíticos, os
cegos, os leprosos, curados por ele, aqueles que diziam que muito o
amavam, aqueles que no dia da sua entrada em Jerusalém estendiam
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tapetes, perfumes e aplausos, na sua passagem triunfal? Ninguém,
ninguém! Somente o jovem João Evangelista, Maria sua mãe, a outra
Maria e a pecadora de Magdala, - sempre as mulheres!
• Não podemos esquecer das dores silenciosas encravadas no
fundo do coração, daquele que sente uma vaga lembrança da
sua família espiritual. Nada pode distrair e consolar os
corações dos que por muito erros foram transferidos do seu
planeta de origem, planeta superior, para a terra planeta
inferior.
Como podemos observar, a dor vem através de muitos
caminhos, motivos da terra ainda ser um planeta de provas e
expiações. Um verdadeiro hospital atendendo a todos nós, doentes da
alma que ainda somos, uns mais outros menos. Assim sendo, vamos
sintetizar em:
1. Dor-expiação: Vem de dentro para fora, tendo como causa
erros de vidas passadas, Erros já consumados e quase
sempre repetidos.
Um caso típico é o caso do paralítico da piscina de Betesaida
(João 5.1 a 17), que quando curado, ouviu de Jesus “Vá e não peques
mais para que não te aconteça o pior”
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2. Dor-auxílio: É a dor que vem em nosso auxílio,
previamente avaliada antes da reencarnação, com
conhecimento prévio, servindo como medida preventiva
para evitar desvios na nova jornada física, ou repetição dos
mesmos erros do passado.
É necessário saber que muitos espíritos pedem a Dor-auxílio
com a finalidade de destilar equívocos que poderiam vir à tona,
novamente.
3. Dor-evolução: Vem de fora para dentro, um sacrifício, sem
que o agente tenha dado causa ao sofrimento, é o caso dos
espíritos missionários. Muitas vezes são simples provas
buscadas pelo Espírito para concluir sua depuração e ativar
seu progresso.
Não são conceitos apenas do espiritismo. É o caso do cego de
nascença (João 9,1 a 12), que aceitou a cegueira a fim de cooperar
com a causa do Messias, para que as escrituras se cumprissem, sendo
por Ele curado. Ele sofreu pela causa do Mestre e não por causa de
um erro cometido. É o caso dos missionários que aceitam sofrer males
físicos, a fim de exemplificarem a resignação, adquirindo mais luz
para o seu espírito.
Agora posso gritar: Onde está essa dor que chamam de
maldição? Exploradas por falsos profetas, os quais Jesus nos alertou
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que viriam. Não estou falando de religião, pois todas são santas, estou
falando de quem as dirigem.
Miguel Angelo nos dá também a sua cooperação, sintetizando a
sua forma de administrar a DOR. Adoto como norma, diz ele:
• Eu me concentro na minha obra;
• Vou eliminando o supérfluo;
• Vou aclarando o obscuro;
• Nunca largo o cinzel.
Nossa alma é nossa obra. Todavia, temos dificuldades e quantas
vezes desanimamos? Quantas vezes abandonamos o cinzel? Nesses
momentos Deus interfere, mandando a Dor-auxílio, eliminando o
supérfluo, aclarando o obscuro, modelando os contornos, destruindo o
inútil e ruim, fazendo surgir a estatua viva, OBRA-PRIMA. Em
outras palavras: o homem integral/saudável, o homem sentimento.
Falando de dor, não podemos deixar de registrar as palavras de
Jesus: Bem-aventurados os aflitos, pois serão consolados. É na dor
que o ser adquire, através dos árduos aprendizados, uma luz, um
magnetismo sublime que exala do íntimo do seu ser.
Agora esse homem enquadra-se nos dizeres de Jesus, ao dizer a
Samaritana no poço de Jacó:
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-Oh! Mulher, quem tomar dessa sua água terá novamente sede,
mas a água que eu tenho a lhe oferecer, quem tomar dessa água nunca
mais terá sede. Essa água oferecida por Jesus é a fonte do seu
Evangelho, e quem dele se abastecer, terá as suas palavras como essa
fonte, sempre a jorrar, sempre terá uma palavra certa nas necessidades
aos necessitados do caminho.
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PARA QUE SERVEM A DOR, A PACIÊNCIA, A OBEDIÊNCIA E A RESIGNAÇÃO?
• Para polir a pedra bruta que ainda somos.
• Lapidando-se, para que um dia esse diamante possa brilhar.
Léon Diniz nos diz: -Vivemos em tempos de crise. Para que as
inteligências se abram às novas verdades, para que os corações falem,
serão necessários avisos ruidosos; serão precisas duras lições,
adversidade. A dor aproximará os homens; fazendo-os sentir que são
irmãos.
Pietro Ubaldi afirma: -A dor obriga o espírito a dobrar-se sobre
si mesmo, prepara o caminho para as profundas introspecções,
desperta e desenvolve as suas qualidades. A cada golpe de dor que
parece mutilar a vida, algo se reconquista. Levanta-te óh alma, tua dor
está vencida! Morta entre as coisas mortas. É bom frisar que, fomos
criados para as lutas e sacrifícios, mas a Dor, vem em função da nossa
rebeldia. Exemplo: Para que suportar a família difícil, se hoje sou
formada e independente financeiramente? Diante do exposto, fica
fácil o entendimento da afirmação: Somos o arquiteto da nossa
felicidade ou infelicidade.
Os grandes benfeitores da humanidade pediram existências
humildes. Em vez de buscarmos a felicidade na paz do coração, única
felicidade real no mundo, nós nos mostramos ávidos de tudo que agita
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e turba o nosso coração. Criando para nós tormentos que estão em
nossas mãos evitar, por exemplo:
• A inveja
• O ciúme
• A prepotência
• A inquietude
• O orgulho
• A falta de fraternidade
• Criamos o jeitinho brasileiro
• O crente, criando o sono eterno e ressureição
• O católico criando a remissão dos pecados, apenas
comungando e confessando, e com dinheiro, comprando um
lugar no céu.
• Alimentamos a incompatibilidade.
Os infortúnios e as angústias, dão a alma uma veludada beleza
moral, despertam os sentidos adormecidos. Por exemplo:
Um velho oleiro, muito delicado ao trabalho, adoeceu
gravemente e entrou a passar enorme dificuldade.
Sem ninguém que o auxiliasse, passou a viver da caridade
pública, mas, quando esmolava, caiu na via pública e quebrou uma
das pernas, sendo obrigado a recolher-se à cama, por longo tempo.
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Chorando, amargurado, fez uma prece e rogou a Deus alguma
consolação para os seus males. Então dormiu e sonhou que um anjo
lhe apareceu, trazendo a resposta pedida.
O mensageiro do Céu conduziu-o até o antigo forno em que
trabalhava, e, mostrando-lhe alguns formosos vasos de sua produção,
perguntou: como você faz isso?
Orgulhoso, ele fala: usando o fogo com muito cuidado, para
obter a perfeição. Mas mesmo assim, algumas peças têm que retornar
ao calor intenso várias vezes.
E sem o fogo você realizaria a sua tarefa? Nunca!!! Assim
também, esclareceu o anjo bondoso, o sofrimento e o trabalho, são as
chamas invisíveis que nosso Pai Celestial criou para o embelezamento
de nossas almas que, um dia, serão sublimes e perfeitas à serviço do
Céu.
A dor não fere somente os culpados. Em nosso mundo, o
homem honrado sofre tanto como o homem mau, o que é explicável,
pois a alma virtuosa é mais sensível.
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TRAJETÓRIA DE UMA ALMA – CHICO XAVIER
A trajetória dessa alma é de muitos milênios, mas vamos nos
fixar no tempo de D. João III. Acompanhemos o grande missionário,
no barco que o transportou à Índia portuguesa, por ordem de desse
mesmo Rei. Ao descer o Rio Tejo, sua roupa é remendada. Sábio aos
22 anos de idade, o já consagrado professor de Filosofia na
Universidade de Paris, que tudo abandonava para acompanhar um
amigo. Durante o dia trabalhava com os marinheiros, à noite, dormia
no convés, tendo como travesseiro um rolo de cordas. Em Gôa se
encontra com uma população miserável. Sua principal preocupação:
liberta-la da miséria moral e material.
Funda uma Igreja, na costa de Comorim e outra no Cabo.
Depois encontramo-lo em Malaca, no Japão, enfrentando um rosário
de sofrimentos:
• Sofrimentos físicos para as conquistas do espírito.
• Fome, sede, torturas.
Tudo vencia, caminhava avante, dizia: seja qual for a morte, ou
o suplício que me reservem, estou disposto a sofrê-los mil vezes pela
salvação de uma só alma. A febre e a morte detiveram-no na fronteira
com a China.
Vamos ao Chico dos nossos dias:
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Filósofo e cientista espírita, médium do amor, para suportar tal
responsabilidade ele passou por toda lapidação através de milhares de
anos. Essa pedra preciosa foi lapidando-se, tornando diamante
precioso, culminando no momento em que ele foi notificado que
deveria estar entre nós, personificado em Chico Xavier.
Naquele conclave, início do século XX, na região mais elevada
da espiritualidade acontecia importante reunião. Discutia-se a volta do
apóstolo espírita às lides terrenas. Época difícil na Doutrina Espírita.
Controvérsia estéril entre os adeptos, ideias de exclusividade da
investigação cientifica e filosófica.
Clima de emoção. Recolhimento e Expectativa.
Venerável preposto de Jesus, envolto de luz, dirigiu-se a Kardec
e falou com bondade:
-Chegou a tua hora meu filho (...).
Logo mais a terra recebia o Kardec, corporificado em Chico
Xavier, para dar continuidade a sua obra, nas seguintes condições:
o Renascerá em condições adversas...
o Obedecerei á vontade do Senhor.
o Começaras muito novo, entre aflições e dificuldades. E
trabalharás com sacrifício e renúncia por longo tempo...
o Dedicarei a cada minuto à seara do bem.
o Não possuirás títulos acadêmicos.
o O único título que almejo é o de ser fiel servidor do Cristo.
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o Encontrarás desconfianças e agressões...
o Buscarei na fé e na humildade a força para resistir.
o Terás a dor por companhia constante...
o Saberei aceitá-la com o amparo do alto.
o Companheiros não te entenderão e se voltarão contra ti...
o Cumprirei o meu dever e guardarei a consciência em paz.
o Não farás nada por ti mesmo, serás, apenas instrumento...
o Agradecerei a Deus a oportunidade de servir.
o Não, gozarás as alegrias e o aconchego dum lar constituído,
o A humanidade será minha família.
o Assumiras espinhosa missão no desdobramento da codificação
Espírita...
o Serei leal aos princípios doutrinários, ciente de que o
Espiritismo é o Consolador prometido por Jesus.
o A tarefa te exigira devotamento e abnegação...
o Não hesitarei viver em plenitude o Evangelho e a Doutrina
Espírita.
O iluminado benfeitor interrompeu o colóquio e, após
elucidativos comentários sobre a nova etapa de trabalho, rogou as
bênçãos do Senhor ao missionário que partia.
Seguiram-se calorosas demonstrações de solidariedade e, no
final da primeira década do século passado, em doce atmosfera de
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esperança, Allam Kardec retornou ao plano físico, renascendo em
pequena cidade do interior brasileiro, no estado de Minas Gerais.
Diz Chico a todos nós:
-Meus amigos, eu não sei quais são os meus privilégios perante
os Céus, pois:
Ø Fiquei órfão aos cinco anos de idade;
Ø Fui entregue a uma senhora, que durante quase dois anos, graças
a Deus, me favorecia com três surras de vara de marmelo por
dia;
Ø Aos oito anos trabalhava em uma fábrica de tecidos à noite e
durante o dia estudava;
Ø Trabalhei como auxiliar de cozinha;
Ø Empreguei-me numa repartição do Ministério da Agricultura, e
lá trabalhei durante trinta e dois anos;
Ø Quando me aposentei, sofri moléstia de pele, fui operado no
calcanhar de um tumor;
Ø Sofri quinze anos do mal de São Guido;
Ø Fui operado em l.951 de uma hérnia estrangulada;
Ø Sofri um processo público em 1.944, de muitos lances difíceis e
amargos, por causa de uma mensagem do Humberto de Campos;
Ø Em 1.958, passei por escandalosa perseguição, obrigando-me a
sair da vida familiar em Pedro Leopoldo;
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Ø Em l968 fui operado, cirurgia de muita gravidade;
Ø E agora aos cinquenta anos de minhas pobres faculdades
mediúnicas, agravou-se em mim o processo de angina, angina
essa com a qual estou lutando muito...
Vamos buscar uma pausa, buscando como gotas de amor
palavras encontradas em diversos livros espíritas:
(...) Quanto mais dolorosa a marcha, maior o auxilio do Senhor para
os que edificam o bem;
(...) Trabalho, solidão, renúncia ao conforto pessoal, firmeza na fé e
serenidade na construção do bem, foram igualmente os marcos do
caminho do Mestre Divino (Paulo 42);
(...) O caminho de ascensão espiritual é a trilha pedregosa do
sacrifício que muitas vezes, se misturam ansiedade e solidão.
Prossigamos com a firmeza de todos os dias, fazendo o melhor e
esquecendo agressões e pedradas, à maneira do semeador que remove
em silêncio os detritos da gleba, a fim de ambientar a boa semente.
(Paulo 41).
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O livro Renúncia, através das mãos impares de Chico Xavier,
paternal Bezerra de Menezes, nos diz: Aprendamos a ceder,
recolhendo com Jesus a lição da renúncia, como ciência divina de paz.
Como exercício incessante de se burilar, é imperioso ceder
diariamente as nossas opiniões, nossos pontos de vistas, nossos
preconceitos e nossos hábitos, principalmente na relação familiar,
caso se pretenda realmente assimilar com Jesus nossa reforma íntima
no Evangelho.
Toda natureza é escola, a exemplo da madeira bruta que aceita o
burilar do serrote, da plaina, do martelo, para realçar a sua beleza.
Finalizando:
A. A anulação da dor é feita corajosamente através da dor.
B. O sofrimento no evangelho embeleza o coração e a alma.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Meus filhos, aqui está um roteiro seguro, quando o ânimo se
tornar escasso.
Esse trabalho eu fiz para mim, em fevereiro de 2.003, foi o
amparo e o entendimento que eu necessitava quanto a Dor.
Abraços Wilson.