material de apoio terceiro setor -...

124
1 CONTABILIDADE TERCEIRO SETOR Material de Apoio Elaborado pelo Professor Olair Ferreira Nunes Atualizado com a legislação até dezembro de 2009.

Upload: doannga

Post on 12-Nov-2018

219 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

1

CONTABILIDADE TERCEIRO SETOR

Material de Apoio

Elaborado pelo Professor Olair Ferreira Nunes

Atualizado com a legislação até dezembro de 2009.

SUMÁRIO

2

1. CONCEITOS........................................................................................................................................5

1.1. Terminologias..............................................................................................................................6

1.2. Características do Terceiro Setor................................................................................................7

1.3. Classificação e Categoria das Entidades do Terceiro Setor .......................................................7

1.4. Entidade Filantrópica...................................................................................................................8

2. CONSTITUIÇÃO DE ASSOCIAÇÃO E FUNDAÇÃO PRIVADO..........................................................9

2.1. Associação..................................................................................................................................9

2.1.1 Aspectos Legais para criação da Associação.....................................................................10

2.1.2 Criação da Associação .......................................................................................................10

2.1.3 Conteúdo do Estatuto .........................................................................................................10

2.1.4 Direitos e deveres do associado .........................................................................................11

2.1.5 Competências da assembléia geral ....................................................................................11

2.1.6 Do patrimônio na dissolução...............................................................................................11

2.2. Fundação ..................................................................................................................................12

2.2.1 Criação da Fundação..........................................................................................................13

2.2.2 Controle das fundações ......................................................................................................14

2.2.3 Alteração do estatuto ..........................................................................................................14

2.2.4 Extinção da Fundação ........................................................................................................14

3. LEGISLAÇÃO ....................................................................................................................................15

3.1. Imunidade Tributária .................................................................................................................15

3.1.1 Distinção entre Imunidade e Isenção..................................................................................17

4. CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR.......................................................................................19

4.1. Plano de Contas........................................................................................................................19

4.2. Provisões de Férias...................................................................................................................23

4.2.1 Provisão deve ser constituída .............................................................................................23

4.2.2 Contabilização do pagamento das férias ............................................................................26

4.3. Provisão para 13º Salário..........................................................................................................27

4.3.1 Contabilização do adiantamento do 13º salário ..................................................................29

4.3.2 13º Salário Proporcional, por ocasião da rescisão contratual.............................................30

4.3.3 Pagamento da 2ª parcela do 13º salário.............................................................................30

5. APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONTABILIDADE .......................................32

5.1. Princípios Fundamentais de Contabilidade ...............................................................................34

5.1.1 O Princípio da Entidade ......................................................................................................34

5.1.2 O Princípio da Continuidade ...............................................................................................34

5.1.3 O Princípio da Oportunidade...............................................................................................35

5.1.4 O Princípio do Registro pelo Valor Original.........................................................................36

5.1.5 O Princípio da Atualização Monetária.................................................................................36

5.1.6 O Princípio da Competência ...............................................................................................37

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

3

5.1.7 O Princípio da Prudência ....................................................................................................38

6. GESTÃO CONTÁBIL PARA AS ENTIDADES SEM FINS LUCRATIVOS .........................................40

6.1. Dos Recursos............................................................................................................................40

6.1.1 Doações..............................................................................................................................41

6.1.2 Voluntariado........................................................................................................................43

6.1.3 Subvenção ..........................................................................................................................44

6.1.4 Doações com restrição .......................................................................................................45

6.1.5 Convênios ...........................................................................................................................45

7. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ....................................................................................................49

7.1. Demonstração do Superávit ou Déficit do Exercício .................................................................50

7.2. Balanço .....................................................................................................................................51

7.3. Demonstração das Mutações do Patrimônio Social - DMPS ....................................................52

7.4. Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos - DOAR...............................................53

7.5. Demonstração do Fluxo de Caixa – DFC..................................................................................54

7.6. Demonstração do Valor Adicionado – DVA...............................................................................58

7.7. Notas Explicativas .....................................................................................................................59

8. CONTROLE INTERNO......................................................................................................................62

9. OBRIGAÇÕES PRINCIPAIS E ACESSÓRIAS ..................................................................................65

9.1. Imposto de Renda – IR e Declaração do Imposto de Renda Pessoa Jurídica – DIPJ..............66

9.2. Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS.......................................................67

9.3. Contribuição para Financiamento da Seguridade Social – COFINS e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL..........................................................................................................................68

9.4. Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF).......................................................68

9.5. Declaração de Débitos e Créditos Federais (DCTF) e Demonstrativos de Contribuições Sociais (DACON) ................................................................................................................................................68

9.6. Obrigações Acessórias Referentes ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) ....................69

9.7. Consolidação das Leis do Trabalho – CLT ...............................................................................69

10. PRESTAÇÃO DE CONTAS ...............................................................................................................72

11. ANEXO I– (Constituição da Entidade) ...............................................................................................75

11.1. Ata de Criação da Associação ..................................................................................................75

11.2. Estatuto da Associação.............................................................................................................76

11.3. Escritura Pública de Constituição da Fundação........................................................................86

11.4. Estatuto da Fundação ...............................................................................................................88

12. ANEXO II – (Termos e ou recibos de doação).................................................................................100

12.1. Contrato de Doação ................................................................................................................100

12.2. Termo de Doação....................................................................................................................101

12.3. Termo de Doação....................................................................................................................102

12.4. Recibo de doação nos termos da IN-SRF 87/96.....................................................................103

13. ANEXO III ........................................................................................................................................104

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

4

13.1. Lei nº 8.212/1991 ....................................................................................................................104

13.2. Decreto nº 2.536/1998.............................................................................................................107

13.3. Lei nº 9.249/1995 ....................................................................................................................108

13.4. IN SRF nº 11/1996 ..................................................................................................................109

13.5. IN SRF nº 87/1996 ..................................................................................................................110

13.6. NBC T-10.19 – Entidades sem finalidade de lucros................................................................111

13.7. IN-RFB nº 971/2009 ................................................................................................................112

13.8. Decreto nº 3.048/1999.............................................................................................................114

13.9. Lei nº 12.101/2009 ..................................................................................................................121

14. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................123

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

5

1. CONCEITOS

Ultimamente, o Terceiro Setor1 vem ganhando atenção especial das autoridades. Têm-se criado leis que visam a atender e a defender seus interesses. Sabe-se também que, na realidade, o que hoje é chamado Terceiro Setor deveria ser conhecido como Primeiro Setor, pois, mesmo antes de sua regulamentação, nossos antepassados praticavam ações de ajuda às pessoas menos favorecidas e carentes, ações essas que hoje são prática das instituições sem fins lucrativos, as quais constituem o segmento denominado Terceiro Setor.

ARAÚJO (2009) argumenta que o Estado é considerado como primeiro setor, que, exerce múltiplas atividades, seja, política, administrativa, econômica e financeira, com finalidade de desempenhar funções básicas que são: “instituição de dinamização de uma ordem jurídica; resolução dos conflitos sociais por meio da aplicação das normas instituídas; e, administração e gerenciamento dos bens públicos para atender às necessidades da coletividade”.

Continua ARAÚJO (2009): “No segundo setor, situam-se as empresas privadas, que exercem suas atividades com o fim de obter lucros a serem distribuídos aos investidores como remuneração do capital aplicado”.

Terceiro Setor são as entidades de fins não econômicos, que a lei tipifica como entidade sem fins lucrativos a que não apresente superávit em suas contas ou, caso o apresente em determinado exercício, destine referido resultado, integralmente, à manutenção e ao desenvolvimento dos seus objetivos sociais (Lei nº 9.532, de 1997, art. 15, § 3º, alterado pela Lei nº 9.718, de 1998, art. 10).

PAES (2006, p.122) define Terceiro Setor como:

(...) o Terceiro Setor é composto por organizações de natureza privada (sem objetivo do lucro) dedicadas à consecução de objetivos sociais ou públicos, embora não seja integrante do governo (Administração Estatal).

Pode-se, assim, conceituar o Terceiro Setor como o conjunto de organismos, organizações ou instituições sem fins lucrativos dotados de autonomia e administração própria que apresentam como função e objetivo principal atuar voluntariamente junto à sociedade civil visando ao seu aperfeiçoamento.

Mas o objetivo das entidades do terceiro setor é provocar mudanças sociais, através da transformação do individuo.

O Terceiro Setor supre de maneira atenuante às lacunas deixadas pelo Governo (primeiro setor) em ações como a educação, assistência social, saúde, comunicação, profissionalização e outras ações que visa à melhoria da sociedade, transformando os indivíduos.

1 ROCHA (2003): “O nome Terceiro Setor indica os entes que estão situados entre os setores empresarial e estatal.

Os entes que integram o Terceiro Setor são entes privados, não vinculados à organização centralizada ou

descentralizada da Administração Pública, mas que não almejam, entretanto entre seus objetivos sociais, o lucro e

que prestam serviços em áreas de relevante interesse social e público”.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

6

Essas diferenças entre os três setores, Estado, Mercado e as Entidades de fins não econômicos parece encontrar um ponto de convivência harmônico conforme demonstra MACHADO (2008, p.32):

Vale também destacar a definição de RESENDE (2008) quando diz: “TERCEIRO SETOR é aquele que congrega as organizações que, embora prestem serviços públicos, produzam e comercializem bens e serviços, não são estatais, nem visam lucro financeiro com os empreendimentos efetivados, estando incluídas aqui, portanto, as associações, sociedades sem fins lucrativos e fundações”.

1.1. Terminologias

As entidades de fins não econômicas são conhecidas por várias terminologias, como: terceiro setor, organizações não governamentais (ONGs), organizações da sociedade civil, organizações sociais, entidades beneficentes, organizações filantrópicas etc.

O termo terceiro setor ganhou destaque no Brasil na década de 90, mas o mesmo já existia desde a época colonial.

Serão abordados os aspectos legais, ou fiscais das associações e fundações não entrará em detalhes sobre as: Organizações Civis de Interesse Público – OSCIP, Sindicatos, Associações de Classe, ou representação de categoria profissional, partidos políticos, fundações de direito público, cooperativas, religiões, ou seja, instituições religiosas e outras entidades sem fins lucrativos que não podem ser certificadas como Entidades Beneficentes de Assistência Social.

SETOR PÚBLICO – (ESTADO) Tem as ações organizadas e delimitadas por um arcabouço legal, é dotado de poderes em face da sociedade, para que possa atuar em seu benefício, devendo ter sua atuação dirigida a todos os cidadãos.

SETOR PRIVADO – (MERCADO) Tem como objetivo a troca de bens e serviços, busca o lucro e sua maximização.

TERCEIRO SETOR – (público, porém privado) É composto de organizações privadas de fins não econômicos, que visam o atendimento de necessidades coletivas da sociedade cf. art. 44 do Código Civil brasileiro (Lei 10.825, de 22 de dezembro de 2003).

Pertencem ao Terceiro Setor: associações, fundações, organizações religiosas, organizações sindicais e os partidos políticos.

A existência dos três setores é indispensável para a sociedade, visto que interagem entre si, onde um supre as necessidades do outro, buscando a harmonia entre ambos, reconhecendo a impossibilidade de atingirem seus objetivos de forma isolada.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

7

1.2. Características do Terceiro Setor

As características das entidades sem fins lucrativos sofrem alteração na forma de gestão, e outras particularidades que será destacado. O administrador das organizações do terceiro setor tem como principal objetivo e responsabilidade gerir a entidade de forma que alcance a diretriz proposta pela a organização cumprindo a missão a que a entidade se destina.

Para Freeman e Shoulders apud OLAK e NASCIMENTO (2008, p.3) existem algumas características que são peculiares ao terceiro setor, são:

� O lucro não é razão de ser dessas entidades;

� A propriedade pertence à comunidade;

� As contribuições não dão direito ao doador de participação nos bens e serviços da organização; e,

� As principais decisões são tomadas via assembléia geral, por membros de diversos segmentos da sociedade.

As entidades sem fins lucrativos têm na missão sua razão de ser, e é o motivo de sua existência. Seu objetivo é a transformação dos indivíduos de forma que afirma DRUGKER (1994, p.14) “Provoca mudanças sociais”, enquanto as entidades com fins lucrativos têm como objetivo o lucro.

O terceiro setor devido à concorrência de recursos tem buscado a profissionalização, que também é uma forma para atender uma outra exigência da sociedade que é transparência, ou seja, onde esta sendo aplicados os recursos conseguidos. E adquirindo técnicas para mensurar os resultados sociais, visto ser de difícil quantificação monetária.

É sabido que as principais fontes de recursos financeiros e de materiais são através de doações, contribuições e subvenções.

1.3. Classificação e Categoria das Entidades do Terceiro Setor

Quanto à classificação das entidades do terceiro setor, destacam-se as de Cultura que são museus, clubes sociais etc.; Educação as escolas; Saúde os hospitais; os de Serviços Sociais tem as entidades de assistência aos idosos, deficientes, crianças, etc.; e, temos ainda as Associações de Classe e outras.

Quanto à categoria será destacado das Associações e Fundações, sabendo que existem outra como as ONGs, etc.

Associação é uma organização resultante da reunião legal entre duas ou mais pessoas, com ou sem personalidade jurídica, para a realização de um objetivo comum. Já o código civil em seu

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

8

artigo 53, tipifica: Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos.

Fundação (fundação privado) sua criação é efetivada, segundo o novo código civil lei nº 10.406/2002, através de um escritura ou testamento, destina bens livres, especificando o fim a ser alcançado.

1.4. Entidade Filantrópica

Filantropia segundo o dicionário Aurélio significa Amor à humanidade. Mas é sabido também que a origem palavra filantropia é grega que ao pé da letra significa “amigo do homem”. E as entidades sem fins lucrativos, reconhecidas como filantrópicas, goza do benefício da isenção da cota patronal (INSS patronal).

Portanto, é considerada como Entidade Filantrópica, aquela que não visa lucro, e presta serviços à sociedade, não cobra os serviços prestados aos beneficiários carentes. Para ser reconhecida pelos órgãos públicos, precisa comprovar ter desenvolvido atividades em prol das pessoas carentes no mínimo pelo período de três anos, cumprir as determinações contidas no Código Nacional Tributário – CNT em seu artigo 14, conquistar o título de Utilidade Pública (federal, estadual ou municipal), adquirir junto ao Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS, o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEBAS.

Para se beneficiar da isenção da cota patronal diz Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil de nº 971 de 13 de novembro de 2009:

Art. 227. Fica isenta das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei

nº 8.212, de 1991, bem como das contribuições devidas a outras entidades

ou fundos, a pessoa jurídica de direito privado constituída como Entidade

Beneficente de Assistência Social (EBAS) que, cumulativamente comprove:

I - ser reconhecida como de utilidade pública federal; II - ser reconhecida como de utilidade pública estadual ou do Distrito Federal

ou municipal;

III - ser portadora do Registro e do Certificado de Entidade Beneficente de

Assistência Social (CEBAS), fornecidos pelo Conselho Nacional de Assistência Social, devendo o CEBAS ser renovado a cada 3 (três) anos;

IV - promover a assistência social beneficente aos destinatários da política

nacional de assistência social;

V - não remunerar diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores e não lhes conceder vantagens ou benefícios a qualquer título;

VI - aplicar integralmente o eventual resultado operacional na manutenção e

no desenvolvimento de seus objetivos institucionais, apresentando,

anualmente a RFB, relatório circunstanciado de suas atividades; VII - estar em situação regular em relação às contribuições sociais.

Quando da Prestação de Contas, será detalhado sobre Entidade Filantrópica.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

9

2. CONSTITUIÇÃO DE ASSOCIAÇÃO E FUNDAÇÃO PRIVADO

Conforme no novo código civil, as entidades do terceiro setor, ONGs, afirmou o promotor de justiça José Eduardo Sabo Paes que “Juridicamente nós só temos, sem fins lucrativos, duas pessoas jurídicas: as associações, onde o mais importante é a confiança, é a fidúcia do relacionamento pessoal, onde o mais importante são as pessoas (universitas personarum) e as fundações, onde o bem, o patrimônio é o principal”.

ESCRITURA - Segundo o dicionário Aurélio é documento autêntico de um contrato, feito por oficial público. Pode ser também, modo ou arte de se expressar num texto literário.

ESCRITURA PÚBLICA - É um documento elaborado em cartório, por agente que detém a função pública. Esse documento é apto a ser registrado no cartório de imóveis, transmitindo a propriedade de determinado bem imóvel. É essencial aos atos relativos aos bens imóveis com valor superior a trinta vezes o salário mínimo. Além desses casos, é utilizada em outros assuntos.

ESCRITURA PARTICULAR - É um documento não elaborado em cartório, cabível nos casos em que a lei não exige que o negócio ou a celebração do fato sejam feitos por escritura pública. Assim, é feito geralmente por advogados e comerciantes.

2.1. Associação

Associação é uma forma jurídica de legalizar a união de pessoas em torno de interesse comum sem finalidades lucrativas.

O estatuto da associação deverá tornar conhecido o funcionamento dos órgãos deliberativos e administrativos. A deliberação máxima é competência da Assembléia Geral, que possui competências tais como:

� Eleger os administradores;

� Destituir os administradores;

� Aprovar as contas; e,

� Aprovar e alterar o estatuto.

Quorum mínimo Competências

Voto concorde 1ª convocação 2ª convocação

Eleger os administradores * * *

Destituir os administradores 2/3 Maioria absoluta 1/3

Aprovar as contas * * *

Alterar o estatuto 2/3 Maioria absoluta 1/3

* Não especificado no Código Civil

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

10

2.1.1 Aspectos Legais para criação da Associação

A lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil Brasileiro), alterado pela lei nº 10,825 de 22 de dezembro de 2003, diz no seu artigo 44:

Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:

I - as associações;

II - as sociedades;

III - as fundações.

IV - as organizações religiosas;

V - os partidos políticos.

§ 1o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento.

§ 2o As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às sociedades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código.

§ 3o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei específica.

2.1.2 Criação da Associação

Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos.

Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos.

2.1.3 Conteúdo do Estatuto

Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá:

I - a denominação, os fins e a sede da associação;

II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados;

III - os direitos e deveres dos associados;

IV - as fontes de recursos para sua manutenção;

V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos;

VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

11

VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas.

2.1.4 Direitos e deveres do associado

Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com vantagens especiais.

Art. 56. A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário.

Parágrafo único. Se o associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio da associação, a transferência daquela não importará, de per si, na atribuição da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa do estatuto.

Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto.

Art. 58. Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou função que lhe tenha sido legitimamente conferido, a não ser nos casos e pela forma previstos na lei ou no estatuto.

2.1.5 Competências da assembléia geral

Art. 59. Compete privativamente à assembléia geral:

I – destituir os administradores;

II – alterar o estatuto.

Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os incisos I e II deste artigo é exigido deliberação da assembléia especialmente convocada para esse fim, cujo quorum será o estabelecido no estatuto, bem como os critérios de eleição dos administradores.

Art. 60. A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do estatuto, garantido a 1/5 (um quinto) dos associados o direito de promovê-la.

2.1.6 Do patrimônio na dissolução

Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art. 56, será destinado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes.

§ 1o Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados, podem estes, antes da destinação do remanescente referida neste artigo, receber em restituição, atualizado o respectivo valor, as contribuições que tiverem prestado ao patrimônio da associação.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

12

§ 2o Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território, em que a associação tiver sede, instituição nas condições indicadas neste artigo, o que remanescer do seu patrimônio se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União.

Passos para a constituição de uma associação:

Assembléia Geral de Criação da Organização

Reunião de interessados na criação da organização, onde são definidos os aspectos que irão nortear a associação, tais como: missão, objetivos, forma de atuação da diretoria e dos conselhos, principais atividades a serem desenvolvidas para o cumprimento da missão e consecução dos objetivos, entre outros aspectos que envolvem a criação da organização. Essa assembléia deverá ser presidida por um membro interessado e escolhido entre os presentes, devendo ser secretariado por um membro também escolhido entre os presentes, que irá transcrever para a ata de criação da associação todos os acontecimentos e decisões ocorridos naquela assembléia – assemelha-se muito a uma assembléia de condomínio residencial.

Aprovação dos Estatutos Depois de elaborados e lidos os estatutos da associação, a Assembléia de criação passa a discuti-los para sua aprovação formal, devendo ser transcritos na ata da fundação da organização o resultado da votação para aprovação dos estatutos e a conseqüente criação da associação.

Eleição dos Membros da Diretoria

A diretoria deve ser composta de, no mínimo, um presidente, um diretor secretário e um diretor financeiro, ou outros, em conformidade com regras impostas pelos órgãos a que a organização se sujeitará, tendo em vista que alguns tipos de organizações precisam eleger uma diretoria com um maior número de membros do que o exposto neste item. Sua eleição poderá se dar na Assembléia de Criação ou em outra, convocada para esse fim específico.

Posse dos Membros da Diretoria

Os diretores eleitos em conformidade com os estatutos aprovados em assembléia de constituição da organização serão empossados pelo presidente da assembléia de maneira formal, apondo sua assinatura no livro de ata que deverá conter espaços para esse fim.

Lavratura das Atas das Reuniões

Todas as atas de reuniões deverão ser lavradas em livro de atas apropriado, que conterá termos de abertura e de encerramento e deverá ser registrada no órgão competente (cartório de registro de títulos e documentos ou no Fórum Judicial); referida lavratura se dará pelo secretário da reunião, que assinará em conjunto com o presidente da sessão e todos os demais membros que dela participarem. Das atas serão extraídas cópias, digitadas, ou datilografadas, as quais serão assinadas e registradas, nos órgãos competentes.

Registro dos Atos Constitutivos

A organização só será reconhecida pelos órgãos públicos, de direito, após o registro de seu instrumento constitutivo (estatuto) em suas respectivas unidades. Assim, a associação deverá manter seu registro no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas ou no Fórum Judicial, Inscrição na Receita Federal para obtenção do número do CNPJ, Inscrição no Cadastro da Prefeitura e solicitação de Alvarás, Inscrição no Cadastro Estadual, Inscrição nas Secretarias de Ação Social, Inscrição no INSS, Inscrição na Secretaria da Educação ou outras conforme a natureza da organização etc.

Fonte: ARAÚJO (2009: 16 e 17) – Contabilidade para Organizações do Terceiro Setor

2.2. Fundação

Aspectos Legais para criação da Fundação:

A lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil Brasileiro), alterado pela lei nº 10,825 de 22 de dezembro de 2003, diz no seu artigo 44:

Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

13

I - as associações;

II - as sociedades;

III - as fundações;

IV - as organizações religiosas;

V - os partidos políticos.

§ 1o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento.

§ 2o As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às sociedades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código.

§ 3o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei específica.

2.2.1 Criação da Fundação

Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.

Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência.

Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante.

Art. 64. Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor é obrigado a transferir-lhe a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer, serão registrados, em nome dela, por mandado judicial.

Art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, em tendo ciência do encargo, formularão logo, de acordo com as suas bases (art. 62), o estatuto da fundação projetada, submetendo-o, em seguida, à aprovação da autoridade competente, com recurso ao juiz.

Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou, não havendo prazo, em cento e oitenta dias, a incumbência caberá ao Ministério Público.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

14

2.2.2 Controle das fundações

Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas.

§ 1o Se funcionarem no Distrito Federal, ou em Território, caberá o encargo ao Ministério Público Federal.

§ 2o Se estenderem à atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público.

2.2.3 Alteração do estatuto

Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma:

I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação;

II - não contrarie ou desvirtue o fim desta;

III - seja aprovada pelo órgão do Ministério Público, e, caso este a denegue, poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado.

Art. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, os administradores da fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público, requererão que se dê ciência à minoria vencida para impugná-la, se quiser, em dez dias.

2.2.4 Extinção da Fundação

Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil à finalidade a que visa à fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

15

3. LEGISLAÇÃO

O Terceiro Setor abrange vários segmentos como, a Saúde, Educação, Assistência Social e outros, portanto, não poderia ser diferente quanto às normas para regular o setor. Mas, o foco será Assistência Social. Veja algumas normas no Anexo III.

3.1. Imunidade Tributária

Tecendo comentários sobre Competência Tributária, ou melhor, conceituando o que venha a ser, reforça CARRAZZA (2006: 474) entre tantas definições editadas por ele, resume: “(...) Em suma, a competência tributária identifica-se com a permissão para criar tributos, isto é, com o direito subjetivo de editar normas jurídicas tributárias. Como vimos, a Constituição conferiu este direito subjetivo às pessoas políticas, sendo simples delegadas, não têm poderes para alterar as faculdades tributárias que lhes foram atribuídas pela Carta Suprema”.

De forma geral, é comum às publicações doutrinárias de direito apresentarem a conceituação e as diferenças existentes entre imunidade e isenção, alguns autores tratam ambas em conjunto, fazendo um paralelo por defender uma proximidade entre elas. Mas, CARVALHO (2003: 184) afirma:

O paralelo não se justifica de tal modo diferente na composição do ordenamento positivo que pouquíssimas são as regiões de contacto. Poderíamos sublinhar tão-somente três sinais comuns: circunstância de serem normas jurídicas válidas nos sistemas; integrarem a classe das regras de estrutura; e tratarem de matéria tributária. Quanto ao mais, uma distância abissal separa as duas espécies de unidades normativas. O preceito de imunidade exerce a função de colaborar, de uma forma especial, no desenho das competências impositivas. São normas constitucionais. Não cuidam da problemática da incidência, atuando em instante que antecede, na lógica do sistema, ao momento da percussão tributária. Já a isenção se dá no plano da legislação ordinária.

José Souto Maior Borges leciona que “A regra da imunidade é estabelecida em função de consideração de ordem extrajurídica. Através da imunidade, nos termos em que está disciplinada na Constituição Federal, torna-se possível à preservação de valores sociais das mais diversas naturezas: políticos, religiosos, educacionais, sociais e culturais” (in Isenções Tributárias, Sugestões Literárias, 5ª ed. São Paulo: Saraiva 1980, p. 172, apud VESPERO 2000: 206).

Observa-se que a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 prevê no seu artigo 150 inciso VI alínea c:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...);

VI - instituir impostos sobre: (...);

c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; (...).

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

16

As instituições consideradas do Terceiro Setor são imunes aos tributos sobre suas rendas. Contudo, a contabilidade dessas organizações é exigida por lei, bem como um bom controle pode induzir a gestão a tomar melhores decisões, tanto no sentido de otimizar seus resultados econômicos, quanto sociais.

Destaca-se aqui o texto da Lei Maior a Constituição Federal do Brasil de 1988 sobre a imunidade, onde diz:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:...

III - cobrar tributos:

...

b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou;

c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b;

...

VI - instituir impostos sobre:

...

c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;

...

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:

I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:

a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;

b) a receita ou o faturamento;

c) o lucro;

...

§ 6º - As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas depois de decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, "b".

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

17

§ 7º - São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei.

Já o Código Nacional Tributário – CNT, faz referencia as entidades sem fins lucrativos, onde há um destaque sobre a importância da contabilidade:

Art. 9º É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I - instituir ou majorar tributos sem que a lei o estabeleça, ressalvado, quanto à majoração, o disposto nos artigos 21, 26 e 65;

II - cobrar imposto sobre o patrimônio e a renda com base em lei posterior à data inicial do exercício financeiro a que corresponda;

III - estabelecer limitações ao tráfego, no território nacional, de pessoas ou mercadorias, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais;

IV - cobrar imposto sobre:

...

b) templos de qualquer culto;

c) o patrimônio, a renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, observados os requisitos fixados na Seção II deste Capítulo;

...

Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas:

I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título;

II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais;

III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão.

§ 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do artigo 9º, a autoridade competente pode suspender a aplicação do benefício.

§ 2º Os serviços a que se refere à alínea c do inciso IV do artigo 9º são exclusivamente, os diretamente relacionados com os objetivos institucionais das entidades de que trata este artigo, previstos nos respectivos estatutos ou atos constitutivos.

3.1.1 Distinção entre Imunidade e Isenção

Entende-se como imunidade tributária ou fiscal a proibição aos governos de tributar determinadas pessoas físicas ou jurídicas. É regra tipificada na Constituição Federal, enquanto

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

18

que a isenção é a dispensa do pagamento de um tributo, ou seja, é o poder que os governantes têm para permitir que certas pessoas fiquem desobrigadas de recolher certos tributos.

Quanto às características, ressalte-se que: “tributo é ônus compulsório, criado e gerido pelo Estado, visando ao custeio de serviços públicos”, e que o “o tributo é gênero, de que são espécies o imposto, a taxa e a contribuição de melhoria”.

O dicionário Aurélio define imunidade como: Condição de não ser sujeito a algum ônus ou encargo; isenção. (...) Direitos, privilégios ou vantagens pessoais de que alguém desfruta por causa do cargo ou função que exerce. E imunidade fiscal como sendo: Proibição da incidência de impostos, em casos determinados pela Constituição federal.

Já a Isenção Fiscal é definida como: “Dispensa do pagamento de um imposto, em casos determinados em lei”.

Já explicitado algumas particularidades das entidades sem fins lucrativos conhecidas também como Terceiro Setor, necessário se faz entrar na Contabilidade dessas instituições, sendo intercalado algumas outras minúcias de propriedade exclusiva das organizações de fins não econômicos.

Quando se fala em isenção, as Entidades Beneficentes de Assistência Social, na forma do art. 55 da Lei nº 8.212, de 1991, enquadram-se no código 639 da tabela Fundo de Previdência e Assistência Social – FPAS, independente da atividade desenvolvida. Não esquecendo que não há incidência de contribuições previdenciárias ou de terceiros a cargo da empresa. Porém, a obrigação de descontar e recolher as contribuições dos empregados e demais segurados que lhe prestem serviços, incidentes sobre seu salário-de-contribuição, e outras que a lei lhe atribua responsabilidade pelo recolhimento.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

19

4. CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR

A Contabilidade é uma ciência aplicada, ciência essa que encontra métodos para interpretar, analisar, registrar e demonstrar os fatos administrativos, expressos monetariamente, que modificam o patrimônio (conjunto de bens, direitos e obrigações) de uma entidade (pessoa física ou jurídica).

A Contabilidade é o instrumento que fornece informações úteis e confiáveis pautadas em documentos cabíveis que podem ser utilizados para a tomada de decisões. Em outras palavras, pode-se dizer que a função da Contabilidade demonstrar todas mudanças financeiras e econômicas que ocorrem no patrimônio das entidades.

Para as Entidades de Interesse Social no Brasil, a forma contabilizar as operações praticadas, em alguns aspectos, diferem dos utilizados para as demais entidades. Nesse sentido existe uma preocupação do CFC para disciplinar as particularidades inerentes às entidades sem fins lucrativos, como será visto ao longo do curso.

Também é uma exigência dos Órgãos fiscalizadores que a contabilidade das entidades filantrópicas também esteja em ordem, como é o caso a do Decreto nº 3.048/1999 art. 209 § 3º :

A pessoa jurídica de direito privado manterá, ainda, as folhas de pagamento relativas ao período, bem como os respectivos documentos de arrecadação que comprovem o recolhimento das contribuições ao Instituto Nacional do Seguro Social, além de outros documentos que possam vir a ser solicitados pela fiscalização do Instituto, devendo, também, registrar na sua contabilidade, de forma discriminada, os valores aplicados em gratuidade, bem como o valor correspondente à isenção das contribuições previdenciárias a que fizer jus.

4.1. Plano de Contas

O Plano de Contas é um guia para a realização dos trabalhos contábeis de uma empresa, onde registra os fatos e atos da entidade. Cada empresa tem suas particularidades e, portanto não deve utilizar plano de contas de uma outra empresa, o modelo aqui apresentado é de uma entidade do terceiro setor, ficando claro que é um MODELO.

O objetivo de um plano de contas é estabelecer os critérios para efetuar o registro das operações da entidade. O plano de contas deve atender as necessidades de informações da empresa; atender a legislação e as normas contábeis emitidas pelos órgãos reguladores.

O elenco de contas deve atender as reais necessidades da entidade, esse modelo atende a resolução dos exercícios apresentados até o momento.

Para maior eficiência impõe fazer a codificação das contas, isso contribui para a realização do trabalho, e é elemento necessário para execução do processamento de dados.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

20

Segue modelo hierárquico adotado para o modelo apresentado:

X. X. X. XX. XXX

5º grau (3 dígitos, indica a conta objeto de lançamento - analítica) Exemplo: Terrenos, Edificações, Veículos, etc...

4º grau (2 dígitos, indica as divisões da subcontas – sintética) Exemplo: Bens em operação, etc...

3º grau (1 digito, indica o sub-grupo) Exemplo: Disponibilidades, Clientes, Obrigações, etc...

2º grau (1 digito, indica o grupo) Exemplo: Ativo Circulante, Ativo Não Circulante, Passivo Circulante, etc...

1º grau (1 digito, indica a estrutura) Exemplo: Ativo, Passivo, Patrimônio Social Líquido, Receitas, etc...

Descrição Grau Natureza

1 ATIVO 1 DB

1.1 Ativo Circulante 2 DB

1.1.1 Disponível 3 DB

1.1.1.01 Caixa e Equivalentes de Caixa 4 DB

1.1.1.01.001 Caixa 5 DB

1.1.1.01.002 Bancos 5 DB

1.1.2 Créditos 3 DB

1.1.2.01 Valores a Receber 4 DB

1.1.2.01.001 Clientes 5 DB

1.1.2.01.002 ICMS a Recuperar 5 DB

1.1.3 Estoque 3 DB

1.1.3.01 Materiais Estocados 4 DB

1.1.3.01.001 Estoque de Madeiras 5 DB

1.2 Ativo Não Circulante 2 DB

1.2.1 Realizável a Longo Prazo 3 DB

1.2.1.01 Direitos a Receber 4 DB

1.2.1.01.001 Clientes a Receber Longo Prazo 5 DB

1.2.2 Investimentos 3 DB

1.2.3 Imobilizado 3 DB

1.2.3.01 Bens em Operação – Aquisição 4 DB

1.2.3.01.001 Terreno 5 DB

1.2.3.01.002 Edificações 5 DB

1.2.3.01.003 Máquinas e Equipamentos 5 DB

1.2.3.01.004 Móveis e Utensílios 5 DB

1.2.3.01.005 Equipamentos de Informática 5 DB

1.2.3.02 (-) Depreciações 4 CR

1.2.3.02.001 (-) Edificações 5 CR

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

21

1.2.3.02.002 (-) Máquinas e Equipamentos 5 CR

1.2.3.02.003 (-) Móveis e Utensílios 5 CR

1.2.3.02.004 (-) Equipamentos de Informática 5 CR

1.2.4 Intangível 3 DB

2 PASSIVO 1 CR

2.1 Passivo Circulante 2 CR

2.1.1 Obrigações com Instituições Financeiras 3 CR

2.1.1.01 Financiamentos 4 CR

2.1.1.01.001 Banco XY 5 CR

2.1.2 Obrigações com Fornecedores 3 CR

2.1.2.01 Fornecedores 4 CR

2.1.2.01.001 Fornecedores Nacionais 5 CR

2.1.2.01.002 ... 5 CR

2.1.3 Obrigações Empregatícias 3 CR

2.1.3.01 Salários e Remunerações 4 CR

2.1.3.01.001 Salários a Pagar 5 CR

2.1.3.01.002 ... 5 CR

2.1.4 Obrigações Fiscais, Previdenciárias, Tributárias e Sociais 3 CR

2.1.4.01 Fiscais 4 CR

2.1.4.01.001 IR Retido a Recolher 5 CR

2.1.4.01.002 INSS Retido a Recolher 5 CR

2.1.4.01.003 PIS a Recolher 5 CR

2.1.4.01.004 ICMS a Recolher 5 CR

2.1.4.02 Previdenciárias e Sociais 4 CR

2.1.4.02.001 INSS Patronal a Recolher 5 CR

2.1.4.02.002 FGTS a Recolher 5 CR

2.1.5 Provisões 3 CR

2.1.5.01 Provisões sobre as Férias 4 CR

2.1.5.01.001 Provisão para Férias 5 CR

2.1.5.01.002 Provisão para INSS sobre Férias 5 CR

2.1.5.01.003 Provisão para FGTS sobre Férias 5 CR

2.1.5.01.004 Provisão para PIS sobre Férias 5 CR

2.1.5.02 Provisão sobre o 13º Salários 4 CR

2.1.5.02.001 Provisão para o 13º Salários 5 CR

2.1.5.02.002 Provisão para INSS sobre 13º Salários 5 CR

2.1.5.02.003 Provisão para FGTS sobre 13º Salários 5 CR

2.1.5.02.004 Provisão para PIS sobre 13º Salários 5 CR

2.2 Passivo Não Circulante 2 CR

2.3 Patrimônio Social 2 CR

2.3.1 Fundo Patrimonial 3 CR

2.3.1.01 Fundo Patrimonial Subscrito 4 CR

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

22

2.3.1.01.001 Fundo Institucional 5 CR

2.3.1.01.002 Reserva de Superávit 5 CR

2.3.1.01.003 Déficit Acumulado 5 CR

2.3.1.02 Do Exercício 4 CR

2.3.1.02.001 Superávit ou (Déficit) 5 CR

3 RECEITAS 1 CR

3.1 Doações, Subvenções. 2 CR

3.1.1 Receitas Doações 3 CR

3.1.1.01 Doações 4 CR

3.1.1.01.001 Doações incondicionais 5 CR

3.2 Receitas de Vendas 3 CR

3.2.1 Receitas Vendas de Produtos e Serviços 3 CR

3.2.1.01 Receitas Vendas de Produtos e Deduções 4 CR

3.2.1.01.001 Vendas de Produtos 5 CR

3.2.1.01.002 (-) ICMS sobre Vendas 5 DB

3.2.1.01.003 (-) Custo Produtos Vendidos 5 DB

4 DESPESAS 1 DB

4.1 Recursos Humanos 2 DB

4.1.1 Remuneração de Pessoal com Vínculo e Sem Vínculo Empregatício 3 DB

4.1.1.01 Remuneração de Pessoal com Vínculo Empregatício 4 DB

4.1.1.01.001 Salários 5 DB

4.1.1.01.002 Férias 5 DB

4.1.1.01.003 Décimo Terceiro Salário 5 DB

4.1.2 Despesas Previdenciárias, Sociais e Tributárias 3 DB

4.1.2.01 Sociais e Previdenciários 4 DB

4.1.2.01.001 IR Retido 5 DB

4.1.2.01.002 INSS 5 DB

4.1.2.01.003 PIS sobre a Folha 5 DB

4.1.2.01.004 FGTS 5 DB

4.1.2.02 Tributárias 4 DB

4.1.2.02.002 FGTS 5 DB

4.2 Despesas Administrativas 2 DB

4.2.1 Manutenção, Ocupação, Serviços, Apoio e Financeiras. 3 DB

4.2.1.01 Despesas de Manutenção de Infra-estrutura 4 DB

4.2.1.01.001 Material de Limpeza 5 DB

4.2.1.02 Despesas de Ocupação 4 DB

4.2.1.02.001 Depreciação 5 DB

4.2.1.03 Despesas com Serviços de Comunicação 4 DB

4.2.1.04 Despesas com Apoio Administrativo 4 DB

4.2.1.05 Despesas Financeiras 4 DB

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

23

A apresentação das demonstrações contábeis deve estar adaptada em conformidade com a Lei 11.638/2007 e Medida Provisória 449/2008, as Normas Brasileiras de Contabilidade, especificamente a norma técnica T-19.18 resolução 1.152 de 23/01/2008, e também a resolução 1.157 de 13/02/2009. Ativo, Passivo e Patrimônio Social são composto de:

Ativo Circulante

Ativo Não Circulante

Realizável a Longo Prazo

Investimentos

Imobilizado

Intangível

Passivo Circulante

Passivo Não Circulante

Patrimônio Social

Fundo Institucional

Reservas de Superávit

Déficit Acumulado

4.2. Provisões de Férias

Atendendo a NBC T19. 7 e RIR/99 no seu art. 337, os procedimento para a constituição da provisão para férias de empregados e os respectivos encargos sociais, isso atendendo também aos princípios contábeis da oportunidade e da competência.

4.2.1 Provisão deve ser constituída

Hoje com os sistemas computadorizados não se fala em provisões trimestrais, devido à facilidade de gerar os dados para efetuarem os lançamentos contábeis, quando esses lançamentos não são automatizados.

Deve observar também os requisitos da CLT em seus artigos 130 e 130A. Na apropriação efetuada mensalmente, serão levados a débito das respectivas contas de resultado e a crédito da Provisão de Férias e Encargos Sociais, em cada mês, um doze avós, acrescido do adicional constitucional de um terço. As informações referente às provisões de férias deve ser fornecidas pelo departamento pessoal.

No exemplo será declarado algum nome e salário fictício, tendo como base o ano de 2008.

Contribuição Social - INSSEmpregados, trabalhadores avulsos e empregados domésticos

Salários de contribuição INSS %até 911,70 8,00de 911,71 até 1.519,50 9,00de 1.519,51 até 3.038,99 11,00

Tabela para cálculo do Imposto de rendaBase de cálculo (R$) Alíquota (%) Deduzir (R$)até 1.372,81 Isento - de 1.372,82 até 2.743,25 15,0 205,92acima de 2.743,25 27,5 548,82

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

24

Exemplo:

Salários Férias

Adicional Constitu- cional de

1/3 Total 1/12

Encargos previdenciários,

outras entidades e Risco de Acidente do Trabalho (25,5%)

PIS sobre a Folha (1,0%)

FGTS (8,0%)

Total dos Encargos

R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$José Felicidade 1.890,00 1.890,00 630,00 2.520,00 210,00 53,55 2,10 16,80 282,45João Correia 950,00 950,00 316,67 1.266,67 105,56 26,92 1,06 8,44 141,97Claudino Augusto 950,00 950,00 316,67 1.266,67 105,56 26,92 1,06 8,44 141,97Fernando Costa 950,00 950,00 316,67 1.266,67 105,56 26,92 1,06 8,44 141,97Cleide Costa 550,00 550,00 183,33 733,33 61,11 15,58 0,61 4,89 82,19

587,78 149,88 5,88 47,02 790,56

Demonstrativo dos para Provisão das Férias e Encargos

Empregado

Totais

Valor a ser Provisionado

Provisão para Férias 587,78INSS sobre a Provisão

Contribuição Previdenciária, outras entidades e RAT 149,88PIS sobre a Folha 5,88

FGTS sobre a Provisão 47,02Total 790,56

Contas

Lançamento 01: Provisão das Férias

Valor

587,78

HistóricoValor das férias mais o adiconal constitucional de 1/3 devidos, referente ao períodoaquisitivo.

Contas de Resultado

Passivo Circulante

DB

CR

Despesa de Férias

Provisão para Férias

Lançamento 02: Provisão dos Encargos Sociais

Valor

149,88

HistóricoValor para a contribuição ao INSS, Outras Entidades e Risco Acidente do Trabalho,incidente sobre férias mais o adiconal constitucional de 1/3 devidos, referente aoperíodo aquisitivo.

Contas de Resultado

Passivo Circulante

DB

CR

Despesa de INSS

Provisão INSS sobre a Provisão para Férias

Lançamento 03: Provisão do PIS.

Valor

5,88

HistóricoValor para a contribuição do PIS, incidente sobre férias mais o adiconal constitucionalde 1/3 devidos, referente ao período aquisitivo.

Contas de Resultado

Passivo Circulante

DB

CR

Despesa de PIS

Provisão PIS sobre a Provisão para Férias

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

25

Lançamento 04: Provisão do FGTS

Valor

47,02

HistóricoValor para FGTS, incidente sobre férias mais o adiconal constitucional de 1/3 devidos,referente ao período aquisitivo.

Provisão FGTS sobre a Provisão para Férias

Contas de Resultado

Passivo Circulante

DB

CR

Despesa do FGTS

Reversão da Provisão em face de perda do direito às férias:

Na hipótese de um empregado peça demissão, perdendo as férias proporcionais provisionado, bem como os encargos sociais correspondentes, deverá ser revertido, conforme exemplo abaixo:

Lançamento 05: Reversão da Provisão das Férias

Valor

210,00

CR

DB

HistóricoReversão do valor das férias mais o adiconal constitucional de 1/3 provisionados, porpedido de demissão.

Passivo Circulante

Despesas de Férias

Provisão para Férias

Contas de Resultado

Lançamento 06: Reversão da Provisão dos Encargos Sociais

Valor

53,55

CR

HistóricoReversão do valor para a contribuição ao INSS, Outras Entidades e Risco Acidente doTrabalho, incidente sobre férias mais o adiconal constitucional de 1/3 provisionados, porpedido de demissão.

Passivo Circulante

Provisão INSS sobre a Provisão para Férias

Contas de Resultado

Despesas INSS

DB

Lançamento 07: Reversão da Provisão dos Encargos Sociais

Valor

2,10

CR

HistóricoReversão do valor para a contribuição do PIS, incidente sobre férias mais o adiconalconstitucional de 1/3 provisionados, por pedido de demissão.

Passivo Circulante

Provisão PIS sobre a Provisão para Férias

Contas de Resultado

Despesas PIS

DB

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

26

Lançamento 08: Reversão da Provisão do FGTS

Valor

16,80

CR

HistóricoReversão do valor para FGTS, incidente sobre férias mais o adicional constitucional de1/3 provisionados, por pedido de demissão.

Passivo CirculanteProvisão FGTS sobre a Provisão para Férias

Contas de ResultadoDespesas FGTS

DB

4.2.2 Contabilização do pagamento das férias

Completado o período aquisitivo das férias, as importâncias pagas a título de férias serão debitadas à provisão, será levado à conta Provisão para Férias o valor total pago a qualquer empregado. Os mesmo tratamentos terão os encargos sociais incidentes sobre as férias pagas.

Para simplificação de procedimentos, recomenda-se que os valores pagos a título de férias, adicional constitucional e respectivos encargos sociais sejam diretamente debitados às contas de provisão.

Claro que, os valores debitados limitar-se-ão ao total provisionado; a parcela que ultrapassar o total da provisão será automaticamente levada à conta de custo ou despesa, sem transitar pelas contas de provisão.

No mês de dezembro, quando do fechamento do exercício, deverá ser feito à conciliação e fazer o ajuste se necessário, isso devido a aumento salarial.

Dando prosseguimento:

Lançamento 07: Pagamento das férias e da retenção do IR Fonte e da contribuição previdenciária.

Valor

2.112,30

130,50

277,20

2.520,00

Pagamento de férias mais o adiconal constitucional de 1/3 ao empregadoXXXXXXXXX, conforme recibo (valor líquido).

DBPassivo Circulante (Obrigações Trabalhistas e Previdenciárias)

Provisão para Férias

Ativo Circulante (Disponível)

Caixa (ou Bancos)

Valor do IR Fonte incidente sobre férias mais o adiconal constitucional de1/3 pagos, nesta data, ao empregado XXXXXXXXX, conforme recibo.

Valor da contribuição previdenciária (INSS) incidente sobre as fériasmais o adiconal constitucional de 1/3 pagos, nesta data, ao empregadoXXXXXXXXX, conforme recibo.

Passivo Circulante (Impostos e Contribuições a Recolher)

IR Fonte a RecolherCR

Passivo Circulante (Obrigações Previdenciárias)

INSS a RecolherHistórico

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

27

Lançamento 08: Registro dos encargos previdenciários nas contas a pagar e baixa na provisão.

Valor

642,60

DBPassivo Circulante (Obrigações Trabalhistas e Previdenciárias)

INSS sobre a Provisão para Férias

Valor da contribuição ao INSS, Outras Entidades e RAT, incidente sobreas férias mais o adicional constitucional de 1/3 pagos, nesta data, aoempregado XXXXXXXXX.

CRPassivo Circulante (Obrigações Previdenciárias)

INSS a Recolher

Histórico

Lançamento 09: Registro do FGTS na conta a pagar e baixa na provisão.

Valor

201,60

DBPassivo Circulante (Obrigações Trabalhistas e Previdenciárias)

FGTS sobre a Provisão para Férias

Valor da contribuição ao FGTS, incidente sobre as férias mais o adiconalconstitucional de 1/3 pagos, nesta data, ao empregado XXXXXXXXX.

CRPassivo Circulante (Obrigações Previdenciárias)

FGTS a Recolher

Histórico

Sobre as férias indenizadas (inclusive em dobro e proporcionais), na rescisão de contrato de trabalho, não incidem as contribuições ao INSS nem ao FGTS.

Nesse caso, a parcela referente às férias provisionadas, mas o adicional constitucional de 1/3 será debitada normalmente, pelo pagamento, mas os encargos sociais que já tenham sido provisionados deverão ser revertidos, conforme demonstrado nos lançamentos 5 e 6.

O não provisionamento das férias acarreta conseqüências danosas para a empresa, porque:

� O não-reconhecimento da despesa já incorrida aumenta o superávit;

� A renuncia fiscal (IR e CSSL);

� A inobservância do regime de competência faz o que o resultado (superávit) seja indevidamente majorado por uma despesa não contabilizada.

4.3. Provisão para 13º Salário.

A provisão para o 13º salário é calculada tomando-se por base a remuneração do empregado no mês em que ela estiver sendo constituída, excluindo-se, obviamente, os valores que não compõem a base de cálculo dessa remuneração. Assim, pode-se constituir tal provisão com base em 1/12 ao mês (completo) da remuneração mensal do empregado.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

28

Concomitantemente à constituição da provisão para o 13º salário, também devem ser provisionados os respectivos encargos sociais (contribuições previdenciárias e FGTS).

Exemplo:

Salários 1/12

Encargos

previdenciários,

outras entidades e

Risco de Acidente

do Trabalho

(25,5%)

PIS sobre

a Folha

(1,0%)

FGTS

(8,0%)

Total dos

Encargos

R$ R$ R$ R$ R$ R$

José Felicidade 1.890,00 157,50 40,16 1,58 12,60 211,84

João Correia 950,00 79,17 20,19 0,79 6,33 106,48

Claudino Augusto 950,00 79,17 20,19 0,79 6,33 106,48

Fernando Costa 950,00 79,17 20,19 0,79 6,33 106,48

Cleide Costa 550,00 45,83 11,69 0,46 3,67 61,65

440,83 112,41 4,41 35,27 592,92

Empregado

Demonstrativo dos para Provisão do 13º Salário e Encargos

Valor a serProvisionado

Provisão para 13º salário 440,83INSS sobre a Provisão para o 13º Salário:

Contribuição Previdenciária, outras entidades e RAT 112,41PIS sobre o 13º Salário 4,41

FGTS sobre a Provisão para o 13º Salário 35,27Total 592,92

Contas

Lançamento 01: Complemento da Provisão para 13º salário.

Valor

440,83

HistóricoComplementação do valor relativo ao 13º salário devido, até estadata, aos empregados.

Contas de Resultado

Passivo Circulante

DB

CR

13º Salário

Provisão para 13º Salário

Lançamento 02: Complemento dos encargos previdenciários (contribuição ao INSS, outras entidades, RAT) sobre a Provisão para 13º salário.

Valor

112,41

HistóricoComplementação do valor relativo a provisão para a contribuição aoINSS, outras entidades e RAT, incidentes sobre o 13º saláriodevido, até esta data, aos empregados.

Contas de Resultado

Passivo Circulante

DB

CR

INSS

INSS sobre Provisão para 13º Salário

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

29

Lançamento 03: Complemento do PIS sobre a Provisão para 13º salário.

Lançamento 04: Complemento do FGTS sobre a Provisão para 13º salário.

4.3.1 Contabilização do adiantamento do 13º salário

Por se tratar de "adiantamento" compensável com o valor efetivamente devido em dezembro, o valor pago a este título, seja por ocasião do gozo das férias do empregado, seja em 30 de novembro (data-limite para pagamento da 1ª parcela do 13º salário), deverá ser contabilizado em conta do Ativo Circulante ("Adiantamentos de 13º Salário" ou conta semelhante).

Exemplo:

Partindo da hipótese que o empregado solicita por escrito, em janeiro, o adiantamento de 50% do 13º salário, por ocasião do gozo de suas férias, no mês de maio. Considerando que nos termos do art. 145 da CLT, o pagamento das férias deve ser efetuado até 2 dias antes do seu início e que o pagamento tenha ocorrido, teremos:

Lançamento 04: Adiantamento de 50% do 13º salário do empregado XXXXXX.

Valor

4,41

HistóricoComplementação do valor relativo a provisão para o PIS, incidentessobre o 13º salário devido, até esta data.

Contas de Resultado

Passivo Circulante

DB

CR

PIS

PIS sobre Provisão para 13º Salário

Valor

945,00

HistóricoValor relativo adiantamento de 50% do 13º salário do empregadoXXXX, concedido por ocasião de suas férias.

Ativo Circulante (Adiantamento a Empregados)

Ativo Circulante (Disponível)

DB

CR

13º Salário

Caixa ou Bancos

Valor

35,27

HistóricoComplementação do valor relativo a provisão para o FGTS,incidentes sobre o 13º salário devido, até esta data, aosempregados.

Contas de Resultado

Passivo Circulante

DB

CR

FGTS

FGTS sobre Provisão para 13º Salário

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

30

Referente aos encargos sociais:

� O 13º salário (gratificação natalina) integra o salário de contribuição para efeitos previdenciários, mas a contribuição é devida somente no pagamento ou crédito da última parcela, ou na rescisão do contrato de trabalho;

� O empregador é obrigado a depositar, até o dia sete de cada mês, na conta do FGTS do trabalhador, o valor correspondente a 8% da remuneração devida ou paga, no mês anterior a cada empregado, inclusive sobre o 13º salário. Portanto, por ocasião do pagamento da 1ª parcela do 13º salário, a empresa deverá baixar, da conta FGTS sobre a Provisão para 13º Salário, até o limite desta conta, para a conta FGTS a Recolher, o encargo relativo ao 13º salário incidente sobre o adiantamento concedido.

Caso a provisão for insuficiente, a diferença será debitada em conta de resultado FGTS.

Lançamento 05: Transferência do valor do FGTS incidente sobre o adiantamento do 13º salário, da conta Provisão para o FGTS sobre 13º Salário, para a conta FGTS a Recolher.

4.3.2 13º Salário Proporcional, por ocasião da rescisão contratual.

Quando o empregado se desliga da empresa, por iniciativa própria ou do empregador, entre as verbas que lhe são asseguradas está o 13º salário proporcional.

A contabilização poderá ser feita na forma exposta no lançamento 4, observando-se, entretanto, nesse caso específico deverá ser transferido, da conta "INSS sobre Provisão pra 13º salário" (até o limite desta) para a conta "INSS a Recolher" (ambas no Passivo Circulante), o valor da contribuição previdenciária, pois o 13º salário pago na rescisão contratual integra o salário-de-contribuição do empregado, sujeitando a empresa ao recolhimento da parcela que lhe compete. Se o valor provisionado for insuficiente, a diferença será debitada às respectivas contas de resultado ("INSS").

4.3.3 Pagamento da 2ª parcela do 13º salário

Conforme art 1º do Decreto nº 57.155/65, o pagamento da 2ª parcela do 13º salário deverá ser efetuado pelo empregador até o dia 20 de dezembro do cada ano, de acordo com o tempo de serviço do empregado no ano em curso.

Valor

76,00

HistóricoFGTS incidente sobre o adiantamento da 1ª parcela do 13º salárioconcedido ao empregado XXXXXX por ocasião de suas férias.

Passivo Circulante

Passivo Circulante (Obrigações Previdenciárias)

DB

CR

Provisão para FGTS sobre 13º Salário

FGTS a Recolher

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

31

� O registro deve ser contabilizado o valor do 13º salário (deduzido do saldo da conta Provisão para 13º Salário) mediante débito da conta 13º Salário (conta de resultado) e crédito da conta Provisão para 13º Salário, no Passivo Circulante;

� Executa-se a transferência do saldo registrado na conta Adiantamento de 13º Salário no Ativo Circulante para a conta Provisão para 13º Salário, no Passivo Circulante;

� Contabiliza-se o valor dos encargos previdenciários (INSS, Terceiros e Seguro de Acidentes do Trabalho) mediante a transferência do saldo da conta "INSS sobre Provisão para o 13º Salário" para a conta "INSS a Recolher", ambas no Passivo Circulante. As diferenças de encargos (total incidente sobre o valor bruto da "Folha de Pagamento do 13º Salário" menos aquele transferido da provisão) deverão ser contabilizadas a débito da conta "INSS" (conta de resultado) e a crédito da conta "INSS a Recolher", no Passivo Circulante, perfazendo o total devido pela empresa;

� Contabiliza-se o valor dos encargos com o FGTS mediante a transferência do saldo da conta "FGTS sobre Provisão para o 13º Salário" para a conta "FGTS a Recolher", ambas no Passivo Circulante. A diferença (total do FGTS incidente sobre a segunda parcela do 13º salário menos aquele transferido da provisão) deverá ser contabilizada a débito da conta "FGTS" (conta de resultado) e a crédito da conta "FGTS a Recolher", no Passivo Circulante.

� Contabiliza-se o valor dos encargos que competem aos empregados (INSS e Imposto de Renda na Fonte) mediante débitos na conta "Provisão para 13º Salário" e créditos nas contas "INSS a Recolher" e "Imposto de Renda Retido na Fonte", todas no Passivo Circulante.

Adotados os procedimentos citados, existem dois aspectos importantes a serem observados:

1º) o reconhecimento da despesa com o 13º salário (e encargos sociais incidentes) do mês de dezembro é automático, tornando-se desnecessária a apropriação mensal, nesse mês, da despesa na forma abordada ao longo deste texto; e

2º) a contabilização do pagamento da 2ª parcela do 13º salário far-se-á mediante débito da conta "Provisão para 13º Salário", no Passivo Circulante, e crédito da conta "Caixa" (ou "Bancos Conta Movimento"), no Ativo Circulante, pelo valor líquido constante da folha.

Se existir saldo na conta Provisão em 31 de dezembro.

Nem sempre, após o pagamento da 1ª e da 2ª parcela do 13º salário, o saldo da provisão se apresentará "zerado". Se restar saldo, este, normalmente, decorrerá de complementação do 13º salário contabilizada em 31 de dezembro (a ser paga até o dia 10 de janeiro), em face de a empresa ter empregados que recebem salários variáveis.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

32

5. APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONTABILIDADE

É sabido que o objeto de estudo da Contabilidade é o patrimônio de uma entidade, que significa um conjunto de bens, direitos e de obrigações para com terceiros. Para melhor esclarecimento segue parcial a Resolução CFC nº 774/94.

(...) Na Contabilidade, o objeto é sempre o PATRIMÔNIO de uma Entidade, definido como um conjunto de bens, direitos e de obrigações para com terceiros, pertencente a uma pessoa física, a um conjunto de pessoas, como ocorre nas sociedades informais, ou a uma sociedade ou instituição de qualquer natureza, independentemente da sua finalidade, que pode, ou não, incluir o lucro. O essencial é que o patrimônio disponha de autonomia em relação aos demais patrimônios existentes, o que significa que a Entidade dele pode dispor livremente, claro que nos limite estabelecidos pela ordem jurídica e, sob certo aspecto, da racionalidade econômica e administrativa.

(...) Por aspecto qualitativo do patrimônio entende-se a natureza dos elementos que o compõem como dinheiro, valores a receber ou a pagar expressos em moeda, máquinas, estoques de materiais ou de mercadorias, etc. A delimitação qualitativa desce, em verdade, até o grau de particularização que permita a perfeita compreensão do componente patrimonial. Assim, quando falamos em “máquinas”, ainda estamos a empregar um substantivo coletivo, cuja expressão poderá ser de muita utilidade, em determinadas análises. Mas a Contabilidade, quando aplicada a um patrimônio particular, não se limitará às “máquinas” como categoria, mas, dependendo das necessidades de controle poderá descer a cada máquina em particular e, mais ainda, aos seus pormenores de forma que sua caracterização evite a confusão com quaisquer outras máquinas, mesmo de tipo idêntico.

O atributo quantitativo refere-se à expressão dos componentes patrimoniais em valores, o que demanda que a Contabilidade assuma posição sobre o que seja “Valor”, porquanto os conceitos sobre a matéria são extremamente variados.

Do Patrimônio deriva o conceito de Patrimônio Líquido, mediante a equação considerada como básica na Contabilidade:

(Bens + Direitos) – (Obrigações) = Patrimônio Líquido

Quando o resultado da equação é negativo, convenciona-se denominá-lo de “Passivo a Descoberto”.

O Patrimônio Líquido não é uma dívida da Entidade para com seus sócios ou acionistas, pois estes não emprestam recursos para que ela possa ter vida própria, mas, sim, os entregam, para que com eles forme o Patrimônio da Entidade.

O conhecimento que a Contabilidade tem do seu objeto está em constante desenvolvimento, como, aliás, ocorrem nas demais ciências em relação aos respectivos objetos. Por esta razão, deve-se aceitar como natural o fato da existência de possíveis componentes do patrimônio cuja apreensão ou avaliação se apresenta difícil ou inviável em determinado momento.

(...)

Os Princípios Fundamentais de Contabilidade representam o núcleo central da própria Contabilidade, na sua condição de ciência social, sendo a ela inerentes. Os princípios constituem sempre as vigas-mestra de uma ciência, revestindo-se dos

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

33

atributos de universalidade e veracidade, conservando validade em qualquer circunstância. No caso da Contabilidade, presente seu objeto, seus Princípios Fundamentais de Contabilidade valem para todos os patrimônios, independentemente das Entidades a que pertencem, as finalidades para as quais são usadas, as formas jurídicas da qual estão revestidos, sua localização, expressividade e quaisquer outros qualificativos, desde que gozem da condição de autonomia em relação aos demais patrimônios existentes.

(...) O objetivo científico da Contabilidade manifesta-se na correta apresentação do Patrimônio e na apreensão e análise das causas das suas mutações. Já sob ótica pragmática, a aplicação da Contabilidade a uma Entidade particularizada, busca prover os usuários com informações sobre aspectos de natureza econômica, financeira e física do Patrimônio da Entidade e suas mutações, o que compreende registros, demonstrações, análises, diagnósticos e prognósticos, expressos sob a forma de relatos, pareceres, tabelas, planilhas, e outros meios.

(...)

As informações quantitativas que a Contabilidade produz, quando aplicada a uma Entidade, devem possibilitar ao usuário avaliar a situação e as tendências desta, com o menor grau de dificuldade possível. Devem, pois, permitir ao usuário, como participe do mundo econômico:

� observar e avaliar o comportamento;

� comparar seus resultados com os de outros períodos ou Entidades;

� avaliar seus resultados à luz dos objetivos estabelecidos;

� projetar seu futuro nos marcos políticos, sociais e econômicos em que se insere.

E tudo isso, para que o usuário possa planejar suas próprias operações.

(...)

Os usuários tanto podem ser internos como externos e, mais ainda, com interesses diversificados, razão pela qual as informações geradas pela Entidade devem ser amplas e fidedignas e, pelo menos, suficientes para a avaliação da sua situação patrimonial e das mutações sofridas pelo seu patrimônio, permitindo a realização de inferências sobre o seu futuro.

Os usuários internos incluem os administradores de todos os níveis, que usualmente se valem de informações mais aprofundadas e específicas acerca da Entidade, notadamente aquelas relativas ao seu ciclo operacional. Já os usuários externos concentram suas atenções, de forma geral, em aspectos mais genéricos, expressos nas demonstrações contábeis.

Em países com um ativo mercado de capitais, assume importância ímpar a existência de informações corretas, oportunas, suficientes e inteligíveis sobre o patrimônio das Entidades e suas mutações, com vista à adequada avaliação de riscos e oportunidades por parte dos investidores, sempre interessados na segurança dos seus investimentos e em retornos compensadores em relação às demais aplicações. A qualidade dessas informações deve ser assegurada pelo sistema de normas alicerçadas nos Princípios Fundamentais, o que torna a Contabilidade em verdadeiro catalisador do mercado de ações.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

34

5.1. Princípios Fundamentais de Contabilidade

A resolução do CFC nº 750/93 que trata dos Princípios Fundamentais de Contabilidade tipifica 7 (sete) princípios, são eles: o da Entidade, Continuidade, Oportunidade, Registro pelo valor original, Atualização monetária, Competência e o da Prudência.

5.1.1 O Princípio da Entidade

Art. 4º O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por conseqüência, nesta acepção, o patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição.

Parágrafo único – O PATRIMÔNIO pertence à ENTIDADE, mas a recíproca não é verdadeira. A soma ou agregação contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova ENTIDADE, mas numa unidade de natureza econômico-contábil.

O Princípio da Entidade concede autonomia ao patrimônio a ela pertencente, isso vem esclarecer que a Entidade é capaz à aquisição de direitos e obrigações, e que o patrimônio da Entidade não pode confundir-se com os dos seus proprietários ou sócios.

5.1.2 O Princípio da Continuidade

Art. 5º A CONTINUIDADE ou não da ENTIDADE, bem como sua vida definida ou provável, devem ser consideradas quando da classificação e avaliação das mutações patrimoniais, quantitativas e qualitativas.

§ 1º A CONTINUIDADE influencia o valor econômico dos ativos e, em muitos casos, o valor de vencimento dos passivos, especialmente quando a extinção da ENTIDADE tem prazos determinados, previstos ou previsíveis.

§ 2º A observância do Princípio da CONTINUIDADE é indispensável à correta aplicação do Princípio da COMPETÊNCIA, por efeito de se relacionar diretamente à quantificação dos componentes patrimoniais e à formação do resultado, e de se constituir dado importante para aferir a capacidade futura de geração de resultado.

O Princípio da Continuidade, na sua essência depende das condições que são ou serão desenvolvidos as atividades da Entidade. Além de problemas internos, existem as variáveis externas, como mudanças políticas governamentais, como também mudanças econômicas que venha provocar alterações no mercado em que a Entidade atua, causas naturais, tudo isso poderá afetar a continuidade da Entidade.

É sabido que a Continuidade da Entidade é afetada quando são provocados atos ou fatos dos quais contribui para cessação das atividades da Entidade, cujo canal são os apresentados no parágrafo anterior.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

35

Mesmo com a suspensão temporária de suas atividades, a Entidade continuará a ser objeto da Contabilidade enquanto ter posse de patrimônio.

5.1.3 O Princípio da Oportunidade

Art. 6º O Princípio da OPORTUNIDADE refere-se, simultaneamente, à tempestividade e à integridade do registro do patrimônio e das suas mutações, determinando que este seja feito de imediato e com a extensão correta, independentemente das causas que as originaram.

Parágrafo único – Como resultado da observância do Princípio da OPORTUNIDADE:

I – desde que tecnicamente estimável, o registro das variações patrimoniais deve ser feito mesmo na hipótese de somente existir razoável certeza de sua ocorrência;

II – o registro compreende os elementos quantitativos e qualitativos, contemplando os aspectos físicos e monetários;

III – o registro deve ensejar o reconhecimento universal das variações ocorridas no patrimônio da ENTIDADE, em um período de tempo determinado, base necessária para gerar informações úteis ao processo decisório da gestão.

O Princípio da Oportunidade ordena o reconhecimento, o registro e a descrição de todas as alterações sofridas pelo patrimônio da Entidade, no momento que ocorrerem, isso posto, considera que a Entidade age com fidedignidade, transparecendo a representação fiel das informações sobre o patrimônio, e devem ser observadas algumas praticas consideradas pela Resolução CFC nº 774/94, como segue:

Transações realizadas com outras Entidades, formalizadas mediante acordo de vontades, independentemente da forma ou da documentação de suporte, como compra ou venda de bens e serviços;

Eventos de origem externa, de ocorrência alheia à vontade da administração, mas com efeitos sobre o Patrimônio, como modificações nas taxas de câmbio, quebras de clientes, efeitos de catástrofes naturais, etc.

Movimentos internos que modificam predominantemente a estrutura qualitativa do Patrimônio, como a transformação de materiais em produtos semifabricados ou destes em produtos prontos, mas também a estrutura quantitativo-qualitativa, como no sucateamento de bens inservíveis.

O Princípio da OPORTUNIDADE abarca dois aspectos distintos, mas complementares: a integridade e a tempestividade, razão pela quais muitos autores preferem denominá-los de Princípio da UNIVERSALIDADE.

O Princípio da OPORTUNIDADE tem sido confundido algumas vezes, com o da COMPETÊNCIA, embora os dois apresentem conteúdos manifestamente diversos. Na oportunidade, o objetivo está na completeza da apreensão das variações, do seu oportuno conhecimento, enquanto, na competência, o fulcro está na qualificação das variações diante do Patrimônio Líquido, isto é, na decisão sobre se estas o alteram ou não. Em síntese, no primeiro caso, temos o conhecimento da variação, e, na competência, a determinação de sua natureza.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

36

5.1.4 O Princípio do Registro pelo Valor Original

Art. 7º Os componentes do patrimônio devem ser registrados pelos valores originais das transações com o mundo exterior, expressos a valor presente na moeda do País, que serão mantidos na avaliação das variações patrimoniais posteriores, inclusive quando configurarem agregações ou decomposições no interior da Entidade.

Parágrafo único – Do Princípio do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL resulta:

I – a avaliação dos componentes patrimoniais deve ser feita com base nos valores de entrada, considerando-se como tais os resultantes do consenso com os agentes externos ou da imposição destes;

II – uma vez integrados no patrimônio, o bem, direito ou obrigação não poderão ter alterado seus valores intrínsecos, admitindo-se, tão-somente, sua decomposição em elementos e/ou sua agregação, parcial ou integral, a outros elementos patrimoniais;

III – o valor original será mantido enquanto o componente permanecer como parte do patrimônio, inclusive quando da saída deste;

IV – os Princípios da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA e do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL são compatíveis entre si e complementares, dado que o primeiro apenas atualiza e mantém atualizado o valor de entrada;

V – o uso da moeda do País na tradução do valor dos componentes patrimoniais constitui imperativo de homogeneização quantitativa dos mesmos.

O Princípio do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL reconhece os itens patrimoniais sejam registrados pelos valores das operações em suas respectivas datas. Quanto à doação recebida haverá um aumento do patrimônio social, o registro deve ser efetuado pelo valor de mercado do bem recebido no momento de sua ocorrência.

5.1.5 O Princípio da Atualização Monetária

Art. 8º Os efeitos da alteração do poder aquisitivo da moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros contábeis através do ajustamento da expressão formal dos valores dos componentes patrimoniais.

Parágrafo único – São resultantes da adoção do Princípio da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA:

I – a moeda, embora aceita universalmente como medida de valor, não representa unidade constante em termos do poder aquisitivo;

II – para que a avaliação do patrimônio possa manter os valores das transações originais (art. 7º), é necessário atualizar sua expressão formal em moeda nacional, a fim de que permaneçam substantivamente corretos os valores dos componentes patrimoniais e, por conseqüência, o do patrimônio líquido;

III – a atualização monetária não representa nova avaliação, mas, tão-somente, o ajustamento dos valores originais para determinada data, mediante a aplicação de indexadores, ou outros elementos aptos a traduzir a variação do poder aquisitivo da moeda nacional em um dado período.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

37

O Princípio da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA atualiza os valores dos componentes patrimoniais para que permaneçam equivalentes e isentos de erros. Isso ocorre devido à moeda ser uma medida de valor, não representa unidade constante de poder aquisitivo, ainda na Resolução CFC nº 774/94, encontra-se essa notável afirmativa:

Em diversas oportunidades no passado, o princípio foi denominado de “correção monetária”, expressão inadequada, pois ele não estabelece qualquer “correção” de valor, mas apenas atualiza o que, em tese, não deveria ter variado: o poder aquisitivo da moeda. Esta é, aliás, a razão pela qual o princípio, quando aplicado à prática, se manifesta por meio de índice que expressa a modificação da capacidade geral de compra da moeda, e não da variação particular do preço de um bem determinado.

O princípio diz respeito, dada sua condição de universalidade, a todos os componentes patrimoniais e suas mutações, e não somente às demonstrações contábeis, que representam apenas uma das modalidades de expressão concreta da Contabilidade, aplicada a uma entidade em particular. Mas, como as demonstrações contábeis são, em geral, a forma mais usual de comunicação entre a Entidade e o usuário, as normas contábeis alicerçadas no princípio em exame contêm sempre ordenamentos sobre como deve ser realizados o ajuste, o indexador utilizado e a periodicidade de aplicação.

5.1.6 O Princípio da Competência

Art. 9º As receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independentemente de recebimento ou pagamento.

§ 1º O Princípio da COMPETÊNCIA determina quando as alterações no ativo ou no passivo resultam em aumento ou diminuição no patrimônio líquido, estabelecendo diretrizes para classificação das mutações patrimoniais, resultantes da observância do Princípio da OPORTUNIDADE.

§ 2º O reconhecimento simultâneo das receitas e despesas, quando correlatas, é conseqüência natural do respeito ao período em que ocorrer sua geração.

§ 3º As receitas consideram-se realizadas:

I – nas transações com terceiros, quando estes efetuarem o pagamento ou assumirem compromisso firme de efetivá-lo, quer pela investidura na propriedade de bens anteriormente pertencentes à entidade, quer pela fruição de serviços por esta prestados;

II – quando da extinção, parcial ou total, de um passivo, qualquer que seja o motivo, sem o desaparecimento concomitante de um ativo de valor igual ou maior;

III - pela geração natural de novos ativos independentemente da intervenção de terceiros;

IV – no recebimento efetivo de doações e subvenções.

§ 4º Consideram-se incorridas as despesas:

I – quando deixar de existir o correspondente valor ativo, por transferência de sua propriedade para terceiro;

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

38

II – pela diminuição ou extinção do valor econômico de um ativo;

III – pelo surgimento de um passivo, sem o correspondente ativo.

O Princípio da Competência está ligada ao fato gerador que modificam a natureza dos componentes patrimoniais. Esclarece ainda a Resolução CFC nº 774/94:

(...)

Observa-se que o Princípio da Competência não está relacionado com recebimentos ou pagamentos, mas com o reconhecimento das receitas geradas e das despesas incorridas no período. Mesmo com desvinculação temporal das receitas e despesas, respectivamente do recebimento e do desembolso, a longo prazo ocorre a equalização entre os valores do resultado contábil e o fluxo de caixa derivado das receitas e despesas, em razão dos princípios referentes à avaliação dos componentes patrimoniais.

Quando existem receitas e despesas pertencentes a um exercício anterior, que nele deixarem de ser consideradas por qualquer razão, os componentes ajustes devem ser realizados no exercício em que se evidenciou a omissão.

(...)

Nas Entidades em que a produção demanda largo espaço de tempo, deve ocorrer o reconhecimento gradativo da receita, proporcionalmente ao avanço da obra, quando ocorre a satisfação concomitante dos seguintes requisitos:

Preço do produto é estabelecido mediante contrato, inclusive quanto à correção dos preços, quando houver;

Não há riscos maiores de descumprimento do contrato, tanto de parte do vendedor, quanto do comprador;

Existe estimativa, tecnicamente sustentada, dos custos a serem incorridos.

5.1.7 O Princípio da Prudência

Art. 10 O Princípio da PRUDÊNCIA determina a adoção do menor valor para os componentes do ATIVO e do maior para os do PASSIVO, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido.

§ 1º O Princípio da PRUDÊNCIA impõe a escolha da hipótese de que resulte menor patrimônio líquido, quando se apresentarem opções igualmente aceitáveis diante dos demais Princípios Fundamentais de Contabilidade.

§ 2º Observado o disposto no art. 7º, o Princípio da PRUDÊNCIA somente se aplica às mutações posteriores, constituindo-se ordenamento indispensável à correta aplicação do Princípio da COMPETÊNCIA.

§ 3º A aplicação do Princípio da PRUDÊNCIA ganha ênfase quando, para definição dos valores relativos às variações patrimoniais, devem ser feitas estimativas que envolvem incertezas de grau variável.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

39

O Princípio da Prudência procura obter o menor Patrimônio Social Líquido, este é motivo de sua aplicação ocorrer concomitantemente com a do Princípio da Competência. Tipifica a Resolução CFC nº 774/94:

A prudência deve ser observada quando, existindo um ativo ou um passivo já escriturados por determinados valores, segundo os Princípios do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL e da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA, surge dúvida sobre a ainda correção deles. Havendo formas alternativas de se calcularem os novos valores, deve-se optar sempre pelo que for menor do que o inicial, no caso de ativos, e maior, no caso de componentes patrimoniais integrantes do passivo. Naturalmente, é necessário que as alternativas mencionadas configurem, pelo menos à primeira vista, hipóteses igualmente razoáveis. A provisão para créditos de liquidação duvidosa constitui exemplo da aplicação do Princípio da PRUDÊNCIA, pois sua constituição determina o ajuste, para menos, de valor decorrente de transações com o mundo exterior, das duplicatas ou de contas a receber. A escolha não está no reconhecimento ou não da provisão, indispensável sempre que houver risco de não-recebimento de alguma parcela, mas, sim, no cálculo do seu montante.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

40

6. GESTÃO CONTÁBIL PARA AS ENTIDADES SEM FINS LUCRATIVOS

A gestão contábil das entidades de fins não econômicos é orientada também pelos Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade, algumas normas são específicas por tratar de entidades que não visão lucros, como é o caso das NBCs T 10.4 e T 10.19.

Para efeito de Prestação de Contas junto aos Órgãos Públicos existem relatórios que são confeccionados para atender a legislação pertinente, isso ocorre devido aos interesses do setor público.

6.1. Dos Recursos

As empresas sem fins lucrativos são mantidas por doações, colaboradores, voluntários, convênios. Até mesmo alguns projetos contam com financiadores. Por esse motivo a imagem da instituição é importantíssima, como afirmam KAPLAN e NORTON: “A dimensão de imagem e reputação reflete os fatores intangíveis que atraem um cliente para empresa”. Esse cliente, para as entidades de fins não econômicos, representa um futuro doador ou mantenedor.

É preciso manter a entidade em pleno funcionamento. Para isso, são captados recursos mediante incentivos fiscais, apoios, patrocínios, doações, auxílios, subvenções, etc., que se revestem de uma importância fundamental na manutenção e no aparelhamento da entidade (PAES, 2003).

Para melhor entendimento dos recursos destinados a uma entidade do terceiro setor, além, é claro, dos serviços por ela prestados visando a sua auto-sustentação, importa definir:

Doação: é a transferência gratuita em moeda, bens ou serviços, em caráter definitivo, que reverterá em benefício de outrem, vedado o uso de publicidade.

Incentivo fiscal: isenção ou redução de impostos estabelecidos em lei para estimular gastos privados em certos programas ou áreas que visam ao melhoramento da comunidade ou sociedade em geral.

Apoio: auxílio financeiro ou de qualquer outra natureza que visa a subsidiar a conclusão de uma ação benemérita.

Patrocínio: custeio parcial ou total de um programa de televisão, rádio, etc. de natureza cultural. O patrocínio auxilia na concretização do programa ou projeto, com finalidade promocional e institucional de publicidade.

Auxílio: é o que se pode dizer de ajuda, proteção, socorro, contribuição, etc.

Subvenção: auxílio pecuniário, por via de regra concedido pelos poderes públicos.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

41

Sobre a captação dos recursos financeiros, destaca o autor Custódio Pereira2 (apud PAES et al., 2003:467-468):

Tendo em vista que qualquer forma de captação de recursos passa pelo doador, seja ele pessoa física ou jurídica, deve-se ter em mente que para levar o doador a tomar a decisão de contribuir para uma causa ou organização é preciso sensibilizá-lo, convencê-lo da necessidade e da importância de sua contribuição. E, para convencê-lo, é preciso conhecer os fatores que podem motivá-lo a doar e influir em sua decisão de contribuir por uma causa.

6.1.1 Doações

As doações, para uma boa parte das entidades sem finalidade de lucro é a mais importante fonte de recursos. As doações podem ser em dinheiro, bens patrimoniais, gêneros alimentícios e ou em prestação de serviços.

As doações têm algumas características peculiares, podendo ser condicional ou incondicional, condicional quando o doador impõe algumas condições a ser cumpridas pela a entidade, já a incondicional é quando o doador não impõe nenhuma condição a ser cumprida. Existe também a doação com restrição que pode ser uma restrição permanente ou temporária, e doação sem restrição, ou seja, aquela que o doador não convenciona algo a ser cumprido pela a entidade.

Já as doações com restrição permanente ou temporária conceitua o Conselho Federal de Contabilidade (2007, p. 65-66):

A doação com restrição permanente diz respeito àquela que não possui prazo de validade e não permite a liberalidade na utilização da coisa doada. Essa doação tem especificado, no termo de doação, as condições para seu uso e impõe penalidades, incluindo a devolução do bem doado, caso as condições de uso não sejam satisfeitas. Uma universidade pode receber um terreno desde que o utilize para construir uma biblioteca. A doação foi condicionada para essa finalidade, sendo uma doação com restrição permanente.

A restrição temporária ocorre para aquelas doações em que a entidade pode satisfazer as imposições com o passar do tempo ou por meio de ações realizadas pela entidade. Para ser classificada como uma doação, com restrição temporária, o doador deve especificar, quando do ato de doação como o ativo deveria ser gasto ou utilizado pela entidade e qual o seu propósito. Para a situação em que as restrições impostas pelo doador são satisfeitas pela entidade no próprio exercício social da doação, esta pode ser considerada como sem restrição.

Quanto ao registro das doações deve obedecer aos Princípios Contábeis, onde diz a Resolução do CFC n°. 877/2000 no item “10.19.2.4 - As receitas de doações, subvenções e contribuições para custeio ou investimento devem ser registradas mediante documento hábil”.

2 PEREIRA, Custódio. Captação de recursos (fund raising): Conhecendo melhor porque as pessoas

contribuem. São Paulo: Editora Mackenzie, 2001, p. 24.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

42

Contabilização de doação para custeio sem restrição.

Atendendo a orientação da NBC T 10.19 no seu item “10.19.2.3 - As doações, subvenções e contribuições para custeio são contabilizadas em contas de receita. As doações, subvenções e contribuições patrimoniais, inclusive as arrecadadas na constituição da entidade, são contabilizadas no patrimônio social”.

Contabilização de subvenções ou bens patrimoniais.

Caso a Entidade recebe o perdão de uma dívida, isto se caracteriza, de forma indireta, como uma doação. Evento este exigirá uma pesquisa no registro da contrapartida da dívida, com a finalidade de obter informação sobre a aplicação do bem doado, se foi utilizado para custeio ou se para investimento. Conhecido o fato o registro da doação deverá ser efetuado em conta de resultado ou em conta do patrimônio social.

Se a dívida perdoada, os recursos foram aplicados para custeio.

Valor

500,00

HistóricoValor recebido em dinheiro/cheque para custeio das atividades fim.Doador José de Arimateia.

Ativo Circulante

Contas de Resultado (Receitas)

DB

CR

Caixa/Banco

Doações

Valor

2.750,00

HistóricoDoação de um (...) pela empresa XY no valor em referenciaconforme documento.

Ativo Não Circulante

Patrimônio Social

DB

CR

Imobilizado/Investimento (conta específica do bem doado)

Doações Patrimoniais/Subvenções

Valor

5.000,00

HistóricoValor referente perdão da dívida.

Passivo Circulante

Contas de Resultado (Receitas)

DB

CR

Conta Específica

Doações

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

43

É sabido que toda doação com restrição é condicional e nem toda doação condicional tem restrição, caso a condição seja cumprida dentro de um período curto e não ultrapasse o exercício, não caracteriza uma restrição.

Contabilização de doação com restrição.

6.1.2 Voluntariado

Quanto ao trabalho dos voluntários tipifica a lei 9.608/1998:

Art. 1º Considera-se serviço voluntário, para fins desta Lei, a atividade não remunerada, prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza, ou a instituição privada de fins não lucrativos, que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência social, inclusive mutualidade.

Parágrafo único. O serviço voluntário não gera vínculo empregatício, nem obrigação de natureza trabalhista previdenciária ou afim.

Art. 2º O serviço voluntário será exercido mediante a celebração de termo de adesão entre a entidade, pública ou privada, e o prestador do serviço voluntário, dele devendo constar o objeto e as condições de seu exercício.

Art. 3º O prestador do serviço voluntário poderá ser ressarcido pelas despesas que comprovadamente realizar no desempenho das atividades voluntárias.

Parágrafo único. As despesas a serem ressarcidas deverão estar expressamente autorizadas pela entidade a que for prestado o serviço voluntário.

A prestação de serviços voluntários pode ser mensurado obedecendo aos valores praticados no mercado, por exemplo: uma prestação de serviço voluntário de um profissional em odontologia, será mensurado pelo serviço realizado, conforme a tabela VRPO – Valores Referenciais para Procedimentos Odontológicos.

Valor

10.000,00

HistóricoValor recebido para reforma do ambulátorio da Entidade.

Ativo Circulante

Contas de Resultado (Receitas)

DB

CR

Banco (conta específica - com restrição)

Doações

Valor

1.200,00

HistóricoValor correspondente ao benefício concedido ao Sr. Fulano de Tal,pela obtençao de serviço voluntário do profissional em serviçosodontologicos.

Conta de Resultado

Conta de Resultado

DB

CR

Benefícios concedidos - Gratuidade

Obtenção de Serviços Voluntários

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

44

6.1.3 Subvenção

Subvenção é a concessão de recursos financeiros, previsto em lei, concedida por órgão público a entidades públicas ou privadas, para custeio com ou sem a contraprestação de bens ou serviços da entidade beneficiada com os recursos.

Quanto à prestação de contas dos valores recebidos a título de subvenção, “que poderá ser através da União, Estado e ou do Município”, obedece a suas respectivas normas. Quanto à subvenção diz a Lei Federal de nº 4.320/1964 em seus artigos 16 e 17 diz:

I) Das Subvenções Sociais

Art. 16. Fundamentalmente e nos limites das possibilidades financeiras a concessão de subvenções sociais visará à prestação de serviços essenciais de assistência social, médica e educacional, sempre que a suplementação de recursos de origem privada aplicados a esses objetivos, revelar-se mais econômica.

Parágrafo único. O valor das subvenções, sempre que possível, será calculado com base em unidades de serviços efetivamente prestados ou postos à disposição dos interessados obedecidos os padrões mínimos de eficiência previamente fixados.

Art. 17. Somente à instituição cujas condições de funcionamento forem julgadas satisfatórias pelos órgãos oficiais de fiscalização serão concedidas subvenções.

Quanto ao registro da Subvenção vale recordar o que diz a Resolução do CFC de nº 877/2000 NBC T 10.19 quando:

10.19.2.3 - As doações, subvenções e contribuições para custeio são contabilizadas em contas de receita. As doações, subvenções e contribuições patrimoniais, inclusive as arrecadadas na constituição da entidade, são contabilizadas no patrimônio social.

Exemplo: Recebimento de Subvenção Estadual no valor de R$ 5.000,00, para compra de alimentos.

No Recebimento da verba:

Valor

5.000,00

HistóricoValor recebido como subvenção para compra de gênerosalimentícios.

Ativo Circulante

Conta de Resultado

DB

CR

Banco (Restrição)

Subvenções Estaduais (Receita)

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

45

No Pagamento de gêneros alimentícios:

6.1.4 Doações com restrição

Quando se trata de restrição, alguns autores sugerem que seja criada conta de compensação, mas outros entendem que o mais adequado é informar em notas explicativas.

Supondo que um doador realizou a doação de um veículo no valor de R$ 35.000,00 e diz que esse veículo permaneça por um período de 2 anos e 6 meses no patrimônio da entidade, pois o mesmo será destinado ao transporte dos idosos assistidos.

No Recebimento do veículo:

Não esquecer de mencionar em nota explicativa o início e o fim da restrição.

6.1.5 Convênios

Os convênios são instrumentos jurídicos e operacionais realizados pelas Entidades de Interesse Social para ajudar no cumprimento de seus objetivos. Os convênios normalmente são firmados com entidades públicas e não admitem cláusula de remuneração.

1. No Recebimento dos recursos do convênio:

Valor

35.000,00

HistóricoDoação de um veículo conforme contrato, no valor em referencia.

Ativo Não Circulante (Imobilizado)

Patrimônio Social

DB

CR

Veículos

Doações e Subvenções

Valor

50.000,00

HistóricoValor recebido, recursos para serem aplicados no Projeto XY.

Ativo Circulante

Passivo Circulante

DB

CR

Banco (conta com restrição)

Projeto XY

Valor

5.000,00

HistóricoValor pago a empresa XY, dos gêneros alimentícios conformecontrato de subvenção.

Conta de Resultado

Ativo Circulante

DB

CR

Gêneros alimentícios

Banco (Restrição)

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

46

2. Na aplicação de recursos do convênio:

3. Aplicação financeira dos recursos do convênio (quando permitido):

4. Rendimento líquido da aplicação financeira dos recursos do convênio:

5. Resgate da aplicação financeira dos recursos do convênio:

6. Aplicação de recursos do convênio (duração do contrato):

Valor

10.000,00

HistóricoGasto na elaboração do Projeto XY conforme contrato.

Passivo Circulante

Ativo Circulante

DB

CR

Aplicação de Recurso do Projeto XY (Conta Redutora)

Banco (conta com restrição)

Valor

20.000,00

HistóricoValor aplicado conforme clausula contratual.

Ativo Circulante

Ativo Circulante

DB

CR

Aplicações Financieras de Liquidez Imediata (Restrição)

Banco (conta com restrição)

Valor

730,00

HistóricoRendimento do valor aplicado conforme comprovante.

Ativo Circulante

Passivo Circulante

DB

CR

Aplicações Financieras de Liquidez Imediata (Restrição)

Projeto XY

Valor

20.730,00

HistóricoValor do resgate conforme comprovante.

Ativo Circulante

Ativo Circulante

DB

CR

Banco (conta com restrição)

Aplicações Financieras de Liquidez Imediata (Restrição).

Valor

37.730,00

HistóricoGasto na elaboração do Projeto XY conforme contrato.

Passivo Circulante

Ativo Circulante

DB

CR

Aplicação de Recurso do Projeto XY (Conta Redutora)

Banco (conta com restrição)

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

47

7. Pela apropriação da remuneração do convênio, fixada em 5% sobre o valor aplicado (R$ 50.000,00 x 5% = R$ 2.250,00). a. Registro da remuneração do convênio (receita da entidade):

b. Pela transferência do valor referente à remuneração:

c. Registro da taxa de administração como aplicação de recursos do convênio:

8. Pela prestação de contas do convênio. Registra-se os recursos que foram aplicados mais a taxa de administração:

Valor

2.250,00

HistóricoValor provisionado conforme cláusula contratual.

Ativo Circulante

Conta de Resultado

DB

CR

Remuneração de Convênios a Receber

Taxas de Administração

Valor

2.250,00

HistóricoValor recebido conforme contrato.

Ativo Circulante

Ativo Circulante

DB

CR

Banco (Recursos livres)

Banco (Recursos com restrição)

Valor

2.250,00

HistóricoGasto de remuneração conforme contrato.

Passivo Circulante

Ativo Circulante

DB

CR

Aplicação de Recurso do Projeto XY (Conta Redutora)

Remuneração de Convêncios a Receber.

Valor

49.250,00

HistóricoPrestação de contas do convênio Projeto XY, conforme contrato.

Passivo Circulante

Passivo Circulante

DB

CR

Projeto XY

Aplicação de Recurso do Projeto XY (Conta Redutora)

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

48

9. Pela devolução de recursos não aplicados no convênio:

O recurso de convênio não constitui uma receita, o que eventualmente ocorre é quando no contrato houver alguma cláusula de remuneração pela administração dos recursos, tal remuneração caracteriza uma receita da entidade. Caso contrário trabalhará somente com as contas ativas e passivas e encerrando conforme exemplo acima.

Valor

750,00

HistóricoDevolução de recursos não aplicados conforme contrato.

Passivo Circulante

Ativo Circulante

DB

CR

Projeto XY

Banco (Recursos com restrição)

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

49

7. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

As Demonstrações Contábeis devem ser firmadas por contabilista habilitado pelo representante legal da entidade.

Quanto às demonstrações contábeis das entidades de fins não econômicos, normatiza o CFC na Resolução de n° 877/2000 quando diz:

10.19.3 - DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

10.19.3.1 - As demonstrações contábeis que devem ser elaboradas pelas entidades sem finalidade de lucros são as determinadas pela NBC T 3 - Conceito, Conteúdo, Estrutura e Nomenclatura das Demonstrações Contábeis, e a sua divulgação pela NBC T 6 - Da Divulgação das Demonstrações Contábeis.

10.19.3.2 - Na aplicação das normas contábeis, em especial a NBC T 3, a conta Capital deve ser substituída por Patrimônio Social, integrante do grupo Patrimônio Líquido, e a conta Lucros ou Prejuízos Acumulados por Superávit ou Déficit do Exercício.

10.19.3.3 - As demonstrações contábeis devem ser complementadas por notas explicativas que contenham, pelo menos, as seguintes informações:

a. o resumo das principais práticas contábeis;

b. os critérios de apuração das receitas e das despesas, especialmente com gratuidades, doações, subvenções, contribuições e aplicações de recursos;

c. as contribuições previdenciárias relacionadas com a atividade assistencial devem ser demonstradas como se a entidade não gozasse de isenção, conforme normas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS);

d. as subvenções recebidas pela entidade, a aplicação dos recursos e as responsabilidades decorrentes dessas subvenções;

e. os fundos de aplicação restrita e responsabilidades decorrentes desses fundos;

f. evidenciação dos recursos sujeitos a restrições ou vinculações por parte do doador;

g. eventos subseqüentes à data do encerramento do exercício que tenham, ou possam vir a ter efeito relevante sobre a situação financeira e os resultados futuros da entidade;

h. as taxas de juros, as datas de vencimento e as garantias das obrigações a longo prazo;

i. informações sobre os tipos de seguro contratados;

j. as entidades educacionais, além das notas explicativas, devem evidenciar a adequação das receitas com as despesas de pessoal, segundo parâmetros estabelecidos pela Lei das Diretrizes e Bases da Educação e sua regulamentação.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

50

k. as entidades beneficiadas com isenção de tributos e contribuições devem evidenciar, em Notas Explicativas, suas receitas com e sem gratuidade de forma segregada, e os benefícios fiscais gozados.

As demonstrações contábeis são apresentadas de acordo com as normas e leis vigentes, entre essas normas destaca-se o artigo 176 da Lei de nº 6.404 de 1976 atualizadas pela Lei nº 11.638 de 2007 e da Medida Provisória nº 449 de 2009, conforme segue:

Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício:

I - balanço patrimonial;

II - demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados;

III - demonstração do resultado do exercício;

IV – demonstração dos fluxos de caixa; e

V – se companhia aberta, demonstração do valor adicionado.

§ 1º As demonstrações de cada exercício serão publicadas com a indicação dos valores correspondentes das demonstrações do exercício anterior.

§ 2º Nas demonstrações, as contas semelhantes poderão ser agrupadas; os pequenos saldos poderão ser agregados, desde que indicada a sua natureza e não ultrapassem 0,1 (um décimo) do valor do respectivo grupo de contas; mas é vedada a utilização de designações genéricas, como "diversas contas" ou "contas-correntes".

§ 3º As demonstrações financeiras registrarão a destinação dos lucros segundo a proposta dos órgãos da administração, no pressuposto de sua aprovação pela assembléia-geral.

7.1. Demonstração do Superávit ou Déficit do Exercício

A demonstração do resultado procura evidenciar a composição das operações em um determinado período, obedecendo ao princípio de competência. É compreendido como a soma das receitas e ganhos subtraídos das despesas, custos, perdas e tributos, o resultado poderá ser positivo ou negativo.

A Demonstração do Resultado do Exercício – DRE (para o Terceiro Setor é conhecido como Demonstração do Superávit ou Déficit do Exercício – DSDE) tem sua exigência estabelecida pela Lei 6.404/1976, Lei 11.638/2007, RIR 3000/1999, Lei 10.406/2002, e atualizações da MP 449/2008.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

51

Para atender os requisitos das Legislações acima mencionadas, para o terceiro setor poderá adotar a seguinte estrutura:

Receitas Receitas totais provenientes de doações, subvenções, serviços prestados, patrocínios, venda de produtos etc.

(-) Impostos sobre a receita Valor total dos impostos incidentes sobre a receita, tais como PIS, COFINS, ICMS.

(-) Abatimentos e cancelamentos Total dos abatimentos e cancelamentos efetuados.

Receita Líquida

(-) Custos dos serviços/produtos Total dos custos incorridos com os serviços e produtos/mercadorias vendidos.

Superávit ou Déficit Bruto

(-) Despesas gerais e administrativas Total das despesas tais como água, telefone, energia elétrica, conservação e limpeza, pessoal e os demais, deste grupo, não incluídos nos custos dos serviços ou produtos vendidos.

(-) Despesas tributárias Total das despesas com tributos não incluídos nos custos dos serviços ou produtos vendidos.

(-) Outras despesas operacionais Total das despesas não incluídas nos outros itens.

Receitas Financeiras Total das receitas com descontos obtidos, rendimentos de aplicações financeiras e outras.

(-) Deduções das receitas financeiras Total das deduções havidas com originadas das receitas financeiras.

(-) Despesas financeiras Total das despesas com tarifas bancárias, juros, multas, variações cambiais e monetárias etc.

Resultado Parcial (-) Outras Despesas Total das despesas não relacionadas com as atividades

estatutárias/contratuais da Instituição.

Outras Receitas Total das receitas não relacionadas com as atividades estatutárias/contratuais da Instituição.

SUPERÁVIT OU DÉFICIT DO EXERCÍCIO

7.2. Balanço

O balanço deve ser apresentado obedecendo às novas alterações da Lei nº 6.404/76 (das Sociedades por Ações) introduzidas pela Lei nº 11.638/07 e pela Medida Provisória nº 449/08, após a normas emitidas pelo CFC, conforme a Resolução nº 1.157 de 2009. Adaptadas para as Entidades Sem Fins Lucrativos.

ATIVO PASSIVO + PATRIMÔNIO SOCIAL

Ativo Circulante Passivo Circulante

Ativo Não Circulante Passivo Não Circulante

Realizável a Longo Prazo Patrimônio Social

Investimento Fundo Social Subscrito

Imobilizado Reservas do Fundo Social

Intangível Reservas de Superávit

Doações Patrimoniais

Déficit Acumulados

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

52

Modelo Balanço Patrimonial

ATIVO 2008 2007 PASSIVO 2008 2007Ativo Circulante - - Passivo Circulante - -

Disponível - - Fornecedores - -

Caixa - - Financiamentos - - Bancos - -

Créditos - -

Clientes - -

... - - Passivo Não Circulante - -

Estoques - - Financiamentos - -

Estoque de Madeiras - -

Ativo Não Circulante - - PATRIMÔNIO SOCIAL - -

Realizável a Longo Prazo - - Fundo Institucional - -

Investimentos - - Doações Patrimoniais - -

Imobilizado - - Déficit Acumulado - -

Intangível - - Superávit (Déficit) do Exercício - - Total Ativo - - Total Passivo - -

Provisões p/Obrigações e Encargos Trabalhista - -

Obrigações e Encargos Trabalhista - -

7.3. Demonstração das Mutações do Patrimônio Social - DMPS

O CFC registra que a denominação Da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (item 3.5 da NBC T 3) é alterada para Demonstração das Mutações do Patrimônio Social, que deve evidenciar, num determinado período, a movimentação das contas que integram o seu patrimônio.

Essa demonstração atende a Lei nº 6.404/76 em seu artigo 186, portanto essas alterações deve ser adaptadas às nomenclaturas conforme instruções do próprio CFC.

Modelo da DMPS

Nome 2.008 2.007

SALDO DO INÍCIO DO EXERCÍCIO - -

Ajustes de exercícios anteriores - -

Reversões de reservas - -

Transferências de reservas - -

Aumento do fundo social - Patrimônio Social - -

Integralização de Patrimônio Social - -

(-) Patrimônio Social a integralizar - -

Superávit ou Díficit do Exercício - -

Aumento do Patrimônio Social por doações - -

Transferências recebidas - -

Outros - - - -

SALDO AO FINAL DO EXERCÍCIO - -

DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO SOCIAL

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

53

7.4. Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos - DOAR

A partir de Janeiro de 2008, a DOAR não é mais exigida pela Lei das S/As, por força da alteração dada pela Lei nº 11.638/2007, mas para as Entidades Sem Fins Lucrativos ainda é necessário a sua confecção, pois alguns Órgãos Públicos quando da prestação de contas, continua solicitar sua apresentação.

Os financiamentos estão representados pelas origens de recursos, e os investimentos pelas aplicações de recursos, sendo que o significado de recursos aqui não é simplesmente o de dinheiro, ou de disponibilidades, pois abrange um conceito mais amplo; representa capital de giro líquido que, na denominação dada pela lei, é Capital Circulante Líquido.

A DOAR mostra as mudanças ocorridas na posição financeira da Entidade conforme segue:

ORIGENS DOS RECURSOS:

� Superávit ou Déficit do Exercício, mais depreciações, amortização ou exaustão;

� Realização do Fundo Patrimonial e Contribuições para Reservas do Fundo Patrimonial;

� Recursos de Terceiros, provenientes do aumento do passivo não circulante, da redução do ativo realizável a longo prazo e da alienação de investimentos e direitos do ativo imobilizado.

APLICAÇÕES DE RECURSOS:

� Aquisição de direitos do ativo imobilizado e ou intangível;

� Aumento do ativo realizável a longo prazo e ou investimentos;

� Redução do passivo não circulante.

VARIAÇÃO DO CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO

� Apuração da diferença entre os totais das origens e das aplicações dos recursos.

VARIAÇÃO DO ATIVO CIRCULANTE e PASSIVO CIRCULANTE:

� Demonstração da variação do capital circulante líquido – demonstra o aumento ou a redução do capital circulante líquido, mediante indicação dos saldo iniciais e finais, do ativo e do passivo circulante, e sua respectivas variações líquidas, no período.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

54

� O Capital Circulante Líquido e a diferença entre o ativo circulante (disponível, contas a receber, estoques) e o passivo circulante (fornecedores, contas a pagar e outras exigibilidades).

Modelo da DOAR

2008 2007

AUMENTO (REDUÇÃO) DO CAPITAL CIRCULANTE - - Origem dos recursos - -

Das atividades sociais - - Superávit (déficit) do exercício - -

Itens que não afetam o capital circulante - - Depreciação, amortização e exaustão - - Variação monetária do realizável a longo prazo - - Ajuste o valor de mercado de investimentos - - Valor residual de ativo não circulante baixado - - Outros itens que não afetam o capital circulante - -

Recursos provenientes da realização de ativo perman ente - - Recursos do ativo não circulante - -

Recursos provenientes da realização de ativos de lo ngo prazo - - Recursos de ativos de longo prazo - -

Outras origens de recursos das atividades sociais - - Outros recursos - -

De terceiros - - Recursos provenientes de recurso de terceiros de longo prazo - - Doações e subvenções para investimentos - - Integralização de Patrimônio Social - - Venda de investimentos - - Outros recursos de terceiros - -

Aplicação dos recursos - - (-) No realizável a longo prazo - - (-) Em investimentos - - (-) No ativo imobilizado - - (-) No intangível - - (-) Recursos aplicados redução de obrigações de longo prazo - - (-) Transferência de dívidas do longo prazo para o curto prazo - - (-) Ajuste do exercício anterior - - (-) Outras aplicações de recursos - -

VARIAÇÕES DO CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO - - + Variação do ativo circulante - - (-) Variação do passivo circulante - -

DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÕES DOS RECURSOS

7.5. Demonstração do Fluxo de Caixa – DFC

A apresentação da DFC segundo a resolução nº 1.125 do Conselho Federal de Contabilidade – CFC, e já com as instruções e alterações da Lei nº 11.638/07 e a Medida Provisória nº 449/08, deve ser:

A entidade deve apresentar seus fluxos de caixa decorrentes das atividades operacionais, de investimento e de financiamento da forma que seja mais apropriada a seus negócios. A classificação por atividade proporciona informações que permitem aos usuários avaliar o impacto de tais atividades sobre a posição financeira da entidade e o montante de seu caixa e

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

55

equivalentes de caixa. Essas informações podem também ser usadas para avaliar a relação entre essas atividades.

Uma única transação pode incluir fluxos de caixa classificados em mais de uma atividade. Por exemplo, quando o desembolso de caixa para pagamento de um empréstimo inclui tanto os juros como o principal, à parte dos juros pode ser classificada como atividade operacional, mas à parte do principal deve ser classificada como atividade de financiamento.

Atividades Operacionais

(...) Os fluxos de caixa decorrentes das atividades operacionais são basicamente derivados das principais atividades geradoras de receita da entidade. Portanto, eles geralmente resultam das transações e de outros eventos que entram na apuração do lucro líquido ou prejuízo3. Exemplos de fluxos de caixa que decorrem das atividades operacionais são:

Recebimentos de caixa pela venda de mercadorias e pela prestação de serviços;

Recebimentos de caixa decorrentes de royalties, honorários, comissões e outras receitas;

Pagamentos de caixa a fornecedores de mercadorias e serviços;

Pagamentos de caixa a empregados ou por conta de empregados;

Recebimentos e pagamentos de caixa por seguradora de prêmios e sinistros, anuidades e outros benefícios da apólice;

Pagamentos ou restituição de caixa de impostos sobre a renda, a menos que possam ser especificamente identificados com as atividades de financiamento ou de investimento; e

Recebimentos e pagamentos de caixa de contratos mantidos para negociação imediata ou disponíveis para venda futura.

Algumas transações, como a venda de um ativo imobilizado, podem resultar em ganho ou perda, que é incluído na apuração do lucro líquido ou prejuízo4. Os fluxos de caixa relativos a tais transações são fluxos de caixa provenientes de atividades de investimento. Entretanto, pagamentos para a produção ou aquisição de ativos destinados a aluguel para terceiros e, em seqüência, serem vendidos, são fluxos de caixa das atividades operacionais. Os recebimentos de aluguéis e das subseqüentes vendas de tais ativos são também fluxos de caixa das atividades operacionais.

Uma entidade pode ter títulos e empréstimos para fins de intermediação que sejam semelhantes a estoques adquiridos especificamente para revenda. Portanto, os fluxos de caixa decorrentes da compra e venda desses títulos são classificados como atividades operacionais. Da mesma forma, as antecipações de caixa e os empréstimos feitos por instituições financeiras são comumente classificados como atividades operacionais, uma vez que se referem à principal atividade geradora de receita dessas entidades.

3 Leia-se superávit ou déficit

4 Para as entidade sem fins lucrativo, a nomenclatura é superávit ou déficit.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

56

A conciliação entre o lucro líquido e o fluxo de caixa líquido das atividades operacionais deve ser fornecida de forma que os usuários tenham elementos para avaliar os efeitos líquidos das atividades operacionais e de outros eventos que afetam o lucro líquido e os fluxos operacionais de caixa em diferentes períodos.

Atividades de Investimento

A divulgação em separado dos fluxos de caixa decorrentes das atividades de investimento é importante porque tais fluxos de caixa representam a extensão em que os dispêndios de recursos são feitos pela entidade com a finalidade de gerar resultados e fluxos de caixa no futuro. Exemplos de fluxos de caixa decorrentes das atividades de investimento são:

Pagamentos de caixa para aquisição de ativo imobilizado, intangível e outros ativos de longo prazo. Esses desembolsos incluem os custos de desenvolvimento ativados e ativos imobilizados de construção própria;

Recebimentos de caixa resultantes da venda de ativo imobilizado, intangível e outros ativos de longo prazo;

Pagamentos para aquisição de ações ou instrumentos de dívida de outras entidades e participações societárias em joint ventures (exceto desembolsos referentes a títulos considerados como equivalentes de caixa ou mantidos para negociação imediata ou venda futura);

Recebimentos de caixa provenientes da venda de ações ou instrumentos de dívida de outras entidades e participações societárias em joint ventures (exceto recebimentos referentes aos títulos considerados como equivalentes de caixa e os mantidos para negociação);

Adiantamentos de caixa e empréstimos feitos a terceiros (exceto adiantamentos e empréstimos feitos por instituição financeira);

Recebimentos de caixa por liquidação de adiantamentos ou amortização de empréstimos concedidos a terceiros (exceto adiantamentos e empréstimos de uma instituição financeira);

Pagamentos de caixa por contratos futuros, a termo, de opção e swap, exceto quando tais contratos forem mantidos para negociação imediata ou venda futura, ou os pagamentos forem classificados como atividades de financiamento; e

Recebimentos de caixa por contratos futuros, a termo, de opção e swap, exceto quando tais contratos forem mantidos para negociação imediata ou venda futura, ou os recebimentos forem classificados como atividades de financiamento.

Quando um contrato for contabilizado como proteção (hedge) de uma posição identificável, os fluxos de caixa do contrato devem ser classificados do mesmo modo como foram classificados os fluxos de caixa da posição que estiver sendo protegida.

Atividades de Financiamento

A divulgação separada dos fluxos de caixa decorrentes das atividades de financiamento é importante por ser útil para prever as exigências sobre futuros fluxos de caixa pelos fornecedores de capital à entidade. Exemplos de fluxos de caixa decorrentes das atividades de financiamento são:

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

57

Caixa recebido pela emissão de ações ou outros instrumentos patrimoniais;

Pagamentos de caixa a investidores para adquirir ou resgatar ações da entidade;

Caixa recebido proveniente da emissão de debêntures, empréstimos, títulos e valores, hipotecas e outros empréstimos de curto e longo prazos;

Amortização de empréstimos e financiamentos, incluindo debêntures emitidas, hipotecas, mútuos e outros empréstimos de curto e longo prazos; e

Pagamentos de caixa por arrendatário, para redução do passivo relativo a arrendamento mercantil financeiro.

Modelo da DFC

ATIVIDADES OPERACIONAIS 2.008 2.007 Lucro líquido - -

+ Despesas econômicas (não afetam o caixa):Depreciação, amortização e exaustão - -

- - Instituição da Fundação Aprendiz dos Anjos

Fundo Social Subscrito - - Doações Patrimoniais - -

- - Ativo Circulante

Clientes e outros Créditos - aumento (reduz caixa) - - Estoques - aumento (reduz caixa) - - Adiantamento de Diversos - aumento (reduz caixa) - -

- -

Passivo Circulante

(±) Fornecedores - - (±) Outros - -

- - (±) Aumento ou diminuição das atividades operaciona is - - ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS

Variação do Realizável a Longo Prazo - aumento (reduz caixa) - - Variação do Investimento - aumento (reduz caixa) - - Variação do Imobilizado - aumento (reduz caixa) - - Variação do Intangível - aumento (reduz caixa) - -

(±) Aumento ou diminuição das atividades de imvesti mentos - - ATIVIDADES DE FINANCIAMENTOS

(+) Empréstimos tomados - - (+) Financiamentos a Longo Prazo - (-) Juros pagos por empréstimos - - (-) Pagamentos de empréstimos - -

(±) Aumento ou diminuição das atividades de financi amentos - - Aumento ou diminuição do Caixa - - Saldo inicial do caixa - - Saldo final do caixa - -

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

58

7.6. Demonstração do Valor Adicionado – DVA

A apresentação da DVA é disciplinada pela resolução nº 1.138 do Conselho Federal de Contabilidade – CFC, também segue as alterações da Lei nº 11.638/07 e a Medida Provisória nº 449/08. Em sua definição diz a resolução:

(...) Valor adicionado representa a riqueza criada pela empresa, de forma geral medida pela diferença entre o valor das vendas e os insumos adquiridos de terceiros. Inclui também o valor adicionado recebido em transferência, ou seja, produzido por terceiros e transferido à entidade.

Receita de venda de mercadorias, produtos e serviços representam os valores reconhecidos na contabilidade a esse título pelo regime de competência e incluídos na demonstração do resultado do período.

Outras receitas representam os valores que sejam oriundos, principalmente, de baixas por alienação de ativos não-circulantes, tais como resultados na venda de imobilizado, de investimentos, e outras transações incluídas na demonstração do resultado do exercício que não configuram reconhecimento de transferência à entidade de riqueza criada por outras entidades.

Diferentemente dos critérios contábeis, também incluem valores que não transitam pela demonstração do resultado, como, por exemplo, aqueles relativos à construção de ativos para uso próprio da entidade (conforme item 19) e aos juros pagos ou creditados que tenham sido incorporados aos valores dos ativos de longo prazo (normalmente, imobilizados).

No caso de estoques de longa maturação, os juros a eles incorporados deverão ser destacados como distribuição da riqueza no momento em que os respectivos estoques forem baixados; dessa forma, não há que se considerar esse valor como outras receitas.

Insumo adquirido de terceiros representa os valores relativos às aquisições de matérias-primas, mercadorias, materiais, energia, serviços, etc. que tenham sido transformados em despesas do período. Enquanto permanecerem nos estoques, não compõem a formação da riqueza criada e distribuída.

Depreciação, amortização e exaustão representam os valores reconhecidos no período e normalmente utilizados para conciliação entre o fluxo de caixa das atividades operacionais e o resultado líquido do exercício.

Valor adicionado recebido em transferência representa a riqueza que não tenha sido criada pela própria entidade, e sim por terceiros, e que a ela é transferida, como, por exemplo, receitas financeiras, de equivalência patrimonial, dividendos, aluguel, royalties, etc. Precisa ficar destacado, inclusive para evitar dupla-contagem em certas agregações.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

59

Modelo da DVA APURAÇÃO DO VALOR ADICIONADO 2008 2007

Receita 0,00 0,00Receitas - - Outros Resultados - - Recursos públicos contabilizados como receitas - -

Insumos adquiridos de terceiros 0,00 0,00(-) Custos dos Produtos/Serviços/Transformação - - (-) Serviços de terceiros - - (-) Materiais, energia e outros - - (-) Perda na realização de ativos - - (-) Outros custos e despesas operacionais - -

Valor adicionado bruto 0,00 0,00(-) Depreciações, amortização e exaustão - -

Valor adicionado Líquido produzido pela Instituição 0,00 0,00Receitas financeiras - - Doações recebidas - - Aluguéis recebidos de terceiros - - Resultado de equivalência patrimonial e dividendos - -

Total do Valor Adicionado a distribuir 0,00 0,00DESTINAÇÃO DO VALOR ADICIONADO

Remuneração do trabalho (pessoal e encargos) - - Participação dos empregados - - Impostos, taxas e contribuições - -

Capital de terceiros - - Despesas financeiras (juros) - - Aluguéis pagosDistribuição do superávit - - Superávit ou déficit do exercício - -

Total do Valor Destinado ou Distribuído 0,00 0,00

7.7. Notas Explicativas

As notas explicativas são parte integrante das demonstrações contábeis, isso tanto para as Entidades com ou sem fins lucrativos. Nesse ponto destaca a Lei das S.A. em seu artigo 176 parágrafos 4 e 5 atualizada pela Lei de n° 11.041 de 27 de maio de 2009:

§ 4º As demonstrações serão complementadas por notas explicativas e outros quadros analíticos ou demonstrações contábeis necessários para esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do exercício.

§ 5o As notas explicativas devem:

I – apresentar informações sobre a base de preparação das demonstrações financeiras e das práticas contábeis específicas selecionadas e aplicadas para negócios e eventos significativos;

II – divulgar as informações exigidas pelas práticas contábeis adotadas no Brasil que não estejam apresentadas em nenhuma outra parte das demonstrações financeiras;

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

60

III – fornecer informações adicionais não indicadas nas próprias demonstrações financeiras e consideradas necessárias para uma apresentação adequada; e

IV – indicar:

a) os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais, especialmente estoques, dos cálculos de depreciação, amortização e exaustão, de constituição de provisões para encargos ou riscos, e dos ajustes para atender a perdas prováveis na realização de elementos do ativo;

b) os investimentos em outras sociedades, quando relevantes (art. 247, parágrafo único);

c) o aumento de valor de elementos do ativo resultante de novas avaliações (art. 182, § 3o );

d) os ônus reais constituídos sobre elementos do ativo, as garantias prestadas a terceiros e outras responsabilidades eventuais ou contingentes;

e) a taxa de juros, as datas de vencimento e as garantias das obrigações a longo prazo;

f) o número, espécies e classes das ações do capital social;

g) as opções de compra de ações outorgadas e exercidas no exercício;

h) os ajustes de exercícios anteriores (art. 186, § 1o); e

i) os eventos subseqüentes à data de encerramento do exercício que tenham, ou possam vir a ter, efeito relevante sobre a situação financeira e os resultados futuros da companhia.

Para as entidades de interesse social, as notas explicativas é uma ferramenta para aumentar o poder informativo, onde a entidade poderá explicar com maior riqueza de detalhes os que nas demais demonstrações foram ditam de forma macro, ou seja, números fechados.

Além é de divulgar os registros que a entidade possuem nos Órgãos Públicos, os projetos sociais realizados, as doações com restrição, os ganhos e perdas relevantes e outros itens monetários não vinculados a contas específicas de resultado, gratuidades concedidas e recebidas, etc.

Ainda sobre as Notas Explicativas o CFC na Resolução de n°. 976/2000 no item 10.9.4 diz:

10.9.4 - DAS NOTAS EXPLICATIVAS ÀS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 10.9.4.1 - A elaboração das notas explicativas deve observar a legislação pertinente, assim como a NBC T 6 – Da Divulgação das Demonstrações Contábeis, contemplando, ainda, os seguintes aspectos:

a. operações que levem risco às instituições, elencando no mínimo: montante envolvido, características das operações e o método de gerenciamento desse risco;

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

61

b. características dos créditos, tais como: qualidade, renegociações e seus resultados, prazos, garantias, concentração e provisionamentos; c. detalhamento de captações e aplicações, e seu correlacionamento de montantes, prazos e taxas;

d. detalhes das operações relacionadas com garantias concedidas (fianças e avais), clientes (porte, localização e área de atuação), garantias honradas no período (motivos, ações adotadas para recuperação), valores administrados (fundos e carteiras), benefícios ou obrigações decorrentes (efeitos no resultado, principais aspectos contratuais);

e. bases de apuração de impostos e contribuições, critérios de constituição dos créditos tributários e sua realização;

f. limites operacionais: situação da instituição quanto ao cumprimento dos limites determinados legalmente;

g. detalhamento das moedas e prazos, e seu correlacionamento entre operações ativas e passivas;

h. informações sobre agências e subsidiárias no exterior; e

i. operações com o Banco Central do Brasil: montantes (em aberto, média, média no período), efeitos no resultado, origens e encargos.

Portanto as notas explicativas são de suma importância para esclarecer os usuários das demonstrações contábeis. Portanto as entidades educacionais, além das notas explicativas, devem evidenciar a adequação das receitas com as despesas de pessoal, segundo parâmetros estabelecidos pela Lei das Diretrizes e Bases da Educação e sua regulamentação. Já as entidades beneficiadas com isenção de tributos e contribuições devem evidenciar suas receitas com e sem gratuidade de forma segregada, e os benefícios fiscais recebidos.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

62

8. CONTROLE INTERNO

Entende-se como controle interno, toda ferramenta utilizada pela organização para orientação, fiscalização e verificação dos procedimentos para minimizar os impactos que possa produzir algum reflexos no patrimônio.

Comitê de Procedimentos de Auditoria do Instituto Americano de Contadores Públicos Certificados, afirma que o significado de Controle Interno é: "O Controle Interno compreende o plano de organização e todos os métodos e medidas adotadas na empresa para salvaguardar seus ativos, verificar a exatidão e fidelidade dos dados contábeis, desenvolver a eficiência nas operações e estimular o seguimento das políticas executivas prescritas”.

Para JUND (2006, p.381) o controle interno tem como objetivo:

(...) garantir informações, visando à tomada de decisões; estimular o respeito e a obediência às políticas da administração; proteger os ativos; e promover a eficiência e eficácia operacional. (...) A finalidade dos controles internos é a de estabelecerem-se padrões, medir o desempenho real e agir preventivamente, assegurando que não ocorram erros potenciais, através do controle de suas causas, destacando-se, entre os objetivos específicos a serem atingidos, os seguintes:

� Observar as normas legais, instruções normativas, estatutos e regimentos;

� Assegurar, nas informações contábeis, financeiras, administrativas e operacionais sua exatidão, confiabilidade, integridade e oportunidade;

� Antecipar-se, preventivamente, ao cometimento de erros, desperdícios, abusos, práticas antieconômicas e fraudes;

� Propiciar informações oportunas e confiáveis, inclusive, de caráter administrativo e ou operacional, sobre os resultados e efeitos atingidos;

� Salvaguardar os ativos financeiros e físicos, quanto à sua boa e regular utilização, e assegurar a legitimidade do passivo registrado;

� Permitir a implementação de programas, projetos, atividades, sistemas e operações, visando à eficácia, eficiência e economicidade dos recursos;

� Assegurar a aderência às diretrizes, normas, aos planos e procedimentos do órgão e ou entidade.

Para as Entidades de Interesse Social, o controle interno visa também manter um relatório das atividades, visto que para a prestação de contas junto aos Órgão Públicos é de sua importância, são esses órgãos que propicia a essas entidades os Títulos, Certificados e outras qualificações, isenção de alguns tributos e para manterem esse títulos e se beneficiar das isenções é necessário uma série de controles, para prestação de contas, para manterem seus títulos e certificações.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

63

Registra o Conselho Federal de Contabilidade no Manual de Procedimentos Contábeis para Fundações e Entidades de Interesse Social (2007, p.88-90):

Entre as diversas formas utilizadas pelas entidades de interesse social para alavancar recursos, destaca-se a celebração de convênios, contratos e termos de parcerias. Esses recursos têm um tratamento especial devido ao controle que deve haver sobre eles, exigindo uma contabilização que possibilite a segregação por projetos. Essa individualização permite um maior controle e possibilita elaborar a prestação de contas com mais transparência e segurança.

É importante a diferenciação dessas três formas de ajustes entre partes. Primeiramente, vamos diferenciar os contratos dos convênios que, segundo Di Pietro5, são as seguintes:

a) No contrato, os interesses são opostos e contraditórios, enquanto no

convênio são recíprocos; por exemplo, em um contrato de compra e venda,

o vendedor quer alienar o bem para receber o melhor preço e o comprador

quer adquirir o bem pagando o menor preço; no convênio, também chamado de ato coletivo, todos os participantes querem a mesma coisa;

b) Os entes conveniados têm objetivos institucionais comuns e se reúnem,

por meio de convênio, para alcançá-los; por exemplo, uma universidade

pública — cujo objetivo é o ensino, a pesquisa e a prestação de serviços à comunidade — celebra convênio com outra entidade, pública ou privada,

para realizar um estudo, um projeto, de interesse de ambas, ou para prestar

serviços de competência comum a terceiros; é o que ocorre com os

convênios celebrados entre Estados e entidades particulares, tendo por objeto a prestação de serviços de saúde ou educação; é também o que se

verifica com os convênios firmados entre estados, municípios e União em

matéria tributária para coordenação dos programas de investimentos e

serviços públicos e mútua assistência para fiscalização dos tributos respectivos e permuta de informações;

c) No convênio, os partícipes objetivam a obtenção de um resultado comum,

ou seja, um estudo, um ato jurídico, um projeto, uma obra, um serviço

técnico, uma invenção etc., que serão usufruídos por todos os partícipes, o que não ocorre no contrato;

d) No convênio, verifica-se a mútua colaboração, que pode assumir várias

formas, como repasse de verbas, uso de equipamentos, de recursos

humanos e materiais, de imóveis, de know-how e outros; por isso mesmo, no convênio não se cogita de preço ou remuneração, que constitui cláusula

inerente aos contratos;

e) Dessa diferença resulta outra: no contrato, o valor pago a título de

remuneração passa a integrar o patrimônio da entidade que o recebeu, sendo irrelevante para o repassador a utilização que será feita deste; no

convênio, se o conveniado recebe determinado valor, este fica vinculado à

utilização prevista no ajuste; assim, se um particular recebe verbas do poder

público em decorrência de convênio, esse valor não perde a natureza de dinheiro público, só podendo ser utilizado para os fins previstos no convênio;

5 Di Pietro, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 14. Ed., 2002, p. 292/293.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

64

por essa razão, a entidade está obrigada a prestar contas de sua utilização,

não só ao ente repassador, como ao Tribunal de Contas; f) Nos contratos, “as vontades são antagônicas, se compõem, mas não se

adicionam, delas resultando uma terceira espécie (vontade contratual,

resultante e não soma) — ao passo que nos convênios, como nos

consórcios, as vontades se somam, atuam paralelamente, para alcançar interesses e objetivos comuns” (cf. Edmir Netto de Araújo, 1992: 145).

Destaque especial deve ser dado ao penúltimo item da citação anterior (letra “e”), onde informa que os recursos recebidos de convênios ficam vinculados à utilização prevista no ajuste, não perdendo a natureza de dinheiro público, ficando a entidade obrigada a prestar contas de sua utilização ao órgão que lhe repassou recursos (convenente), bem como ao Tribunal de Contas da União, ou do Estado, ou do Município, conforme a origem orçamentária dos recursos recebidos. Portanto, os recursos recebidos por meio de convênios não são considerados como receita, pois eles jamais perdem a natureza de dinheiro público, tanto que eventuais sobras são devolvidas.

Já no contrato, a entidade é contratada para prestar um serviço, e ao contratante interessa o cumprimento do que foi avençado, seja a prestação de um serviço ou a entrega de uma obra. O recurso é repassado à entidade e ela não sofre qualquer restrição na sua aplicação. Portanto, no caso de contrato, os recursos recebidos são de propriedade da entidade.

Importante ressaltar que pode acontecer que, em determinados ajustes que são tipicamente de convênio, se utilize o termo contrato. No entanto, o que interessa é a essência e não a simples nomenclatura.

O termo de parceria é firmado entre o Poder Público e entidades qualificadas como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público–OSCIP (Lei n° 9.790/99), destinado à formação de vínculo de cooperação entre as partes, para o fomento e a execução das atividades de interesse público como promoção da assistência social, promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico, entre outras previstas no art. 3º da Lei n° 9.790/99.

Veja que o termo de parceria muito se aproxima do convênio, pois é um acordo de cooperação entre as partes. Portanto, pode-se concluir que os recursos, como no convênio, não perderão sua característica de dinheiro público, não podendo ser considerado como receita da entidade parceira.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

65

9. OBRIGAÇÕES PRINCIPAIS E ACESSÓRIAS

As Entidades Beneficentes de Assistência Social – EBAS, assim como as Entidades de fins econômicos também precisam cumprir suas obrigações com Fisco, são obrigações que lhes são próprias, podendo ser acessórias como principais.

E sobre as obrigações Principal ou Acessória diz o CTN em seus Arts:

Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência.

Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na

forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não

configure obrigação principal. Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato

gerador e existentes os seus efeitos:

I - tratando-se de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem

as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios;

II - tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja

definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável.

Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do

fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da

obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em

lei ordinária.

Para compreender o que o Código Tributário Nacional diz quando menciona ‘legislação tributária’, segue Art. 96: “A expressão ‘legislação tributária’ compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes”. Fica claro que a obrigação acessória não tem fato gerador.

Para evidenciar as obrigações vale esclarecer que a Constituição Federal no art. 150, inciso IV, faz a menção:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é

vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

(...) VI – instituir impostos sobre:

(...)

b) templos de qualquer culto;

c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de

educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os

requisitos da lei;

Quando a Carta Magna usa o termo “atendidos os requisitos da lei” subentende tratar de leis complementares ou ordinárias, e, portanto, volta-se ao CTN Lei 5.172 de 1966 e atualizada pela Lei Complementar 104 de 2001, onde no artigo 9 repete o texto da Constituição citado acima, mas, no Art. 14 diz:

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

66

Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à

observância dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas: I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a

qualquer título;

II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos

seus objetivos institucionais; III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos

de formalidades capazes de assegurar sua exatidão.

§ 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do artigo 9º,

a autoridade competente pode suspender a aplicação do benefício. § 2º Os serviços a que se refere à alínea c do inciso IV do artigo 9º são

exclusivamente, os diretamente relacionados com os objetivos institucionais

das entidades de que trata este artigo, previstos nos respectivos estatutos ou

atos constitutivos.

Já a Lei 9.532 de 10 de dezembro de 1997, tipifica em seu artigo 12 §§ 1°, 2° e 3° que:

§ 1º Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de

capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável.

§ 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo,

estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos:

a) não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados;

b) aplicar integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvimento

dos seus objetivos sociais;

c) manter escrituração completa de suas receitas e despesas em livros revestidos das formalidades que assegurem a respectiva exatidão;

d) conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, contado da data da

emissão, os documentos que comprovem a origem de suas receitas e a

efetivação de suas despesas, bem assim a realização de quaisquer outros atos ou operações que venham a modificar sua situação patrimonial;

e) apresentar, anualmente, Declaração de Rendimentos, em conformidade

com o disposto em ato da Secretaria da Receita Federal;

f) recolher os tributos retidos sobre os rendimentos por elas pagos ou creditados e a contribuição para a seguridade social relativa aos

empregados, bem assim cumprir as obrigações acessórias daí decorrentes;

g) assegurar a destinação de seu patrimônio à outra instituição que atenda às

condições para gozo da imunidade, no caso de incorporação, fusão, cisão ou de encerramento de suas atividades, ou a órgão público;

h) outros requisitos, estabelecidos em lei específica, relacionados com o

funcionamento das entidades a que se refere este artigo.

§ 3° Considera-se entidade sem fins lucrativos a que não apresente superávit em suas contas ou, caso o apresente em determinado exercício, destine

referido resultado, integralmente, à manutenção e ao desenvolvimento dos

seus objetivos sociais.

9.1. Imposto de Renda – IR e Declaração do Imposto de Renda Pessoa Jurídica – DIPJ

Portanto para continuar tendo o direito à imunidade dado pela Constituição às entidades de fins não econômicos deve cumprir com a obrigação acessória que é fazer a Declaração do Imposto

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

67

de Renda da Pessoa Jurídica – DIPJ. Ainda sobre a imunidade o Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99 (Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999) menciona as regras em seus artigos 168 ao 173. Já no artigo 174 faz referencia quanto a Isenção das entidades sem fins lucrativos, que nesse aspecto acredito ter um equivoco, visto que a lei menor não poderá sobrepor a lei maior que é a Carta Magna em seu artigo 150.

OLACK & NASCIMENTO (2008, p.198) argumenta que:

Um dos requisitos que devem ser atendidos pelas entidades sem fins

lucrativos, para gozo da imunidade ou isenção, é a apresentação anual da Declaração de Rendimentos, em conformidade com o disposto em ato da

SRF. (Lei 9.532/97, arts. 12 e 15).

Esta declaração a que se refere à mencionada Lei é a DIPJ, instituída pela

Instrução Normativa (IN) da SRF 127/1998, sendo um importante instrumento informacional que deve ser entregue a SRF. É um documento exigido não só

para empresas, mas também para outros tipos de organizações, inclusive

para entidades sem fins lucrativos.

9.2. Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS

As entidades de fins não econômicos a contribuição do PIS é 1% sobre o total da folha de pagamento conforme determina a Medida Provisória de n° 2.158-35 de 24 de agosto de 2001 em seu artigo 13:

Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na

folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: I - templos de qualquer culto;

II - partidos políticos;

III - instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12

da Lei n° 9.532, de 10 de dezembro de 1997; IV - instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as

associações, a que se refere no art. 15 da Lei n° 9.532, de 1997;

V - sindicatos, federações e confederações;

VI - serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VII - conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas;

VIII - fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou

mantidas pelo Poder Público;

IX - condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e X - a Organização das Cooperativas Brasileiras - OCB e as Organizações

Estaduais de Cooperativas previstas no art. 105 e seu § 1° da Lei n° 5.764,

de 16 de dezembro de 1971;

As empresas que visam lucro recolhem o PIS sobre o valor de suas receitas e o percentual também é diferente.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

68

9.3. Contribuição para Financiamento da Seguridade Social – COFINS e Contribuição

Social sobre o Lucro Líquido – CSLL

Estão isentas da CSLL as entidades sem fins lucrativos conforme tipifica a Lei n° 9.532 de 1997 em seu artigo 15:

Art. 15. Consideram-se isentas as instituições de caráter filantrópico,

recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços

para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo

de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos. § 1º A isenção a que se refere este artigo aplica-se, exclusivamente, em

relação ao imposto de renda da pessoa jurídica e à contribuição social sobre

o lucro líquido, observado o disposto no parágrafo subseqüente.

§ 2º Não estão abrangidos pela isenção do imposto de renda os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de

renda variável.

§ 3º Às instituições isentas aplicam-se às disposições do art. 12, § 2°, alíneas

"a" a "e" e § 3° e dos arts. 13 e 14.

Já a COFINS sua isenção é sobre as receitas das atividades fins, conforme Medida Provisória 2.158-35 artigo 14: “ Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1o de fevereiro de 1999, são isentas da COFINS as receitas: (...) X - relativas às atividades próprias das entidades a que se refere o art. 13(...)”. O artigo 13 está citado no tópico do PIS.

9.4. Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF)

A DIRF também é uma obrigação acessória para as entidades de fins não econômicos, é uma declaração que na visão de OLAK & NASCIMENTO (2008, p. 199): “Essa declaração é disciplinada pela IN SRF 493/05, alterada pelas INs SRF 511/05 e 537/05, e deve ser apresentada por meio da Internet mediante a utilização de programa gerador da DIRF, disponibilizado pela SRF. Em geral, esse documento deve ser entregue anualmente, até o último dia do mês de fevereiro do ano subseqüente às retenções”.

9.5. Declaração de Débitos e Créditos Federais (DCTF) e Demonstrativos de

Contribuições Sociais (DACON)

A DCTF e o DACON também fazem parte das obrigações acessórias, nesse diapasão leciona OLAK & NASCIMENTO (2008, p. 200):

A DCTF deve ser entregue pelas pessoas jurídicas em geral, inclusive as

imunes e isentas, com periodicidade mensal ou semestral, dependendo do

valor da receita bruta e dos débitos declarados em DCTFs anteriores, via meio magnético, em programa especificamente desenvolvido, aprovado e

disponibilizado pela SRF.

O DACON foi instituído pela IN 387/2004, entretanto, atualmente as normas

disciplinadoras para sua apresentação são estabelecidas pela IN SRF 543/05. (...) Desse modo verificamos que as entidades sem fins lucrativos,

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

69

imunes ou isentas do imposto de renda, também, estão obrigadas à entrega

do DACON, no entanto, serão dispensadas deste compromisso, quando: o valor mensal das contribuições a ser informado do DACON, seja inferior a

R$10.000,00 (dez mil reais) (IN SRF 590/2005, art. 5°, inciso II).

9.6. Obrigações Acessórias Referentes ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)

As entidades sem fins lucrativos devem informar ao Ministério do Trabalho e Emprego toda movimentação incorrida com seus empregados, essas informações são prestadas através da:

RAIS – Relação Anual de Informações Sociais – Obrigação Acessória;

CAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – Obrigação Acessória;

FGT S – Fundo de Garantia sobre o Tempo de Serviço – Obrigação Principal.

A RAIS se não tiver empregado deve enviar a RAIS Negativa, o CAGED se houve movimentação de empregado(s) e o FGTS trata-se de obrigação principal, caso a Entidade tenha empregado(s), o FGTS disciplinada pela Lei de n° 8.036 de 11 de maio de 1990 em seu artigo 15 onde diz que todo empregador (isso fica claro com ou sem fins lucrativos) deve recolher 8% da remuneração paga ou devida, em conta da Caixa Econômica Federal para o empregado.

As pessoas jurídicas que não tiverem estas informações a prestar, devem entregar a GFIP sem movimento.

9.7. Consolidação das Leis do Trabalho – CLT

Se o valor do salário atingir a tabela do IR, deve efetuar o desconto e repassar a SRF e entre outros destacado por MACHADO (2008, p. 125):

As entidades beneficentes de assistência social têm obrigações para com

seus empregados, regidas pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. Todas as entidades que possuírem empregados, independente do número,

têm obrigações trabalhistas.

Entre estas obrigações estão:

a) Desconto na folha e repasse ao INSS da contribuição previdenciária sobre o pagamento dos empregados.

O devido recolhimento deve ser efetuado até o segundo dia do mês

subseqüente ao fato gerador.

A imunidade destas entidades não abrange o desconto da contribuição do trabalhador e o efetivo repasse destes valores, que deve ser efetuado no

prazo supracitado. Independentemente se a folha de pagamento for paga no

dia 05 ou dez do mês seguinte, o recolhimento da retenção será até o dia 2. O fato de não reter ou não repassar o valor, implica multas e juros, e ainda,

perder a isenção da cota patronal, pois é condição para esta isenção que a

entidade esteja em dia com suas obrigações junto ao INSS.

A retenção sem o devido repasse ainda, é considerado crime de apropriação indébita, por qualquer pessoa jurídica:

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

70

b) Pagamento de férias, décimo terceiro salário e demais cláusulas celetistas

ou advindas de convenção ou dissídios trabalhistas; c) Programa de Controle Médico Ocupacional – PCMSO; art. 168 da CLT;

d) Fornecimento e controle do uso de Equipamentos de Proteção Individual –

EPI; art. 157 CLT;

e) Programa de Prevenção de Riscos no Trabalho – PPRA; art. 175 da CLT; f) Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP; e

g) O cumprimento de todas as Normas Regulamentadoras, de Saúde,

Segurança e Medicina do Trabalho (NRs de SSMT).

h) (...) Como no Brasil a legislação é continuamente mudada conforme a

necessidade do fisco, ou simplesmente conforme o humor dos legisladores, e

apesar de a bibliografia, ser extremamente atualizada, a data de entrega

desta obrigação acessória comum a todas as pessoas jurídicas radicadas no Brasil, que tenham efetuado retenção de Imposto de renda na fonte, CSLL,

COFINS, e PIS, sobre terceiros, muda constantemente. Mais uma vez, nota-

se a constante necessidade de atualização do profissional da área contábil,

que geralmente é o responsável pela entrega das declarações.

Segue quadro apresentado por Rogério Gerlah Paganatto, Economista e Contabilista, e sócio da Quality Associados, com experiência de mais de 20 anos.

Entidades de Assistência Social, Educacionais e Filantrópicas. com CEBAS sem CEBAS Base legal Imposto de Renda NÃO pagam NÃO pagam artigo150, inciso VI da Constituição Federal; artigos 168 a 173 do Decreto

3.000/99; artigo 12, § 2º da Lei 9532/97

Contribuição Social

NÃO pagam NÃO pagam artigo150, inciso VI da Constituição Federal; artigos 168 a 173 do Decreto 3.000/99; artigo 12, § 2º da Lei 9532/97

PIS – Folha de Salários

Pagam Pagam artigo 9 e 47 da Instrução Normativa SRF 247/2002 e artigo 55 da Lei 8.212/1991; artigo 12, § 2º da Lei 9532/97

PIS - Cumulativo NÃO pagam Não pagam artigo 9 e 47 da Instrução Normativa SRF 247/2002 e artigo 55 da Lei 8.212/1991; artigo 12, § 2º da Lei 9532/97

PIS – Não Cumulativo

NÃO pagam NÃO pagam artigo 9 e 47 da Instrução Normativa SRF 247/2002 e artigo 55 da Lei 8.212/1991; artigo 12, § 2º da Lei 9532/97; artigo 8 Lei 10.637

Cofins – Cumulativa

NÃO pagam pagam sobre o total das Receitas Próprias

Lei nº 9.718, de 1998, arts. 2o e 3o; MP nº 2.158-35, de 2001, arts. 13, e 14, X; e PN CST nº 5, de 1992

Cofins – Não Cumulativa

pagam sobre o total das Receitas NÃO Próprias

pagam sobre o total das Receitas NÃO Próprias

Lei nº 9.718, de 1998, arts. 2o e 3o; MP nº 2.158-35, de 2001, arts. 13, e 14, X; e PN CST nº 5, de 1992; Lei 10.833/2004

Fonte: PAGANATTO, Nossa Entidade está recolhendo ou não adequadamente os tributos? (2008)

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

71

Entidades Recreativas, Cultural e Científico e as Associações. Base legal Imposto de Renda NÃO pagam artigos 174 a 181 do Decreto 3.000/99; artigo 15, § 2º da Lei 9532/97

Contribuição Social

NÃO pagam artigos 174 a 181 do Decreto 3.000/99; artigo 15, § 2º da Lei 9532/97

PIS – Folha de Salários

Pagam artigo 9 e 47 da Instrução Normativa SRF 247/2002; artigo 15, § 2º da Lei 9532/97

PIS - Cumulativo NÃO pagam artigo 9 e 47 da Instrução Normativa SRF 247/2002; artigo 15, § 2º da Lei 9532/97

PIS – Não Cumulativo

NÃO pagam artigo 9 e 47 da Instrução Normativa SRF 247/2002; artigo 15, § 2º da Lei 9532/97; artigo 1, § 3º, inciso I Lei 10.637

Cofins – Cumulativa

NÃO pagam Lei nº 9.718, de 1998, arts. 2o e 3o; MP nº 2.158-35, de 2001, arts. 13, e 14, X; e PN CST nº 5, de 1992

Cofins – Não Cumulativa

pagam sobre o total das Receitas NÃO Próprias

Lei nº 9.718, de 1998, arts. 2o e 3o; MP nº 2.158-35, de 2001, arts. 13, e 14, X; e PN CST nº 5, de 1992; Lei 10.833/2004

Fonte: PAGANATTO, Nossa Entidade está recolhendo ou não adequadamente os tributos? (2008)

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

72

10. PRESTAÇÃO DE CONTAS

A prestação de contas varia para cada tipo de entidade do terceiro setor, principalmente entre a entidade filantrópica e a não filantrópica. Vamos focar Associação e Fundação.

Anualmente todas as entidades devem prestar contas aos diversos órgãos fiscalizadores. Com a evolução tecnológica esse trabalho tem se tornado mais dinâmico, com suas modelos melhores elaborados e com isso passa ter um padrão, facilitando a vida dessas entidades, embora que ainda tenha um emaranhado de formulários e vários órgãos pedindo a mesma coisa em bases diferentes. Esse trabalho fica oneroso para as entidades que são mantidas somente com doações.

Obrigação Prazo Órgão Legislação TP

Plano de Ação ao INSS 30/jan SRFLei 8..742/1993; Decreto 2.536/1998; Decreto 3.048/1999; IN RFB 971/2009 Arts. 236 à 239.

*

Prestação de Contas Ministério da Justiça para manutenção da Utilidade Pública Federal.

30/abr MJ Portaria Secretaria Nacional de Justiça-SNJ n° 24/2007. *

Prestação de Contas INSS 30/abr SRFLei 8..742/1993; Decreto 2.536/1998; Decreto 3.048/1999; IN RFB 971/2009 Arts. 236 à 239.

*

Prestação de Contas CNAS 30/jun MDSCF Lei 12.101/2009 - aguardando regulamentação. ***

Pedido de Certidão do CNASa cada 6 meses

MDSCFEnquanto o processo não é julgado o órgão fornece uma certidão com validade de 6 meses

*

Prestação de Contas Minitério Público Estadual

30/jun MP Específico de cada estado. **

Prestação de contas dos Conselhos Municipais

Jan a Mai

Os Conselhos Municipais têm exigências diferentes de acordo com o Município.

**

* Entidades filantrópicas

*** Ver Anexo III - tópico 13.9

** Toda Associação e Fundação (Entidade sem fins lu crativos, independente de ser filantrópica)

SRF – Secretaria da Receita Federal MJ – Ministério da Justiça MDSCF – Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome MP – Ministério Público Plano de Ação O plano de ação é uma obrigação acessória, e sua apresentação é exigida pelo decreto de nº 3.048 de 1993, em seu art. 209 inciso II § 2º onde diz: “A pessoa jurídica de direito privado de

que trata o caput deverá apresentar, até 31 de janeiro de cada ano, plano de ação das atividades a serem desenvolvidas durante o ano em curso”.

Prestação de Contas Ministério da Justiça Já a prestação de contas junto ao Ministério da Justiça é determinado pela Portaria SNJ nº 24/2007, e é realizado se a Entidade de fins não econômicos for portadora do título de Utilidade Pública Federal.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

73

Prestação de Contas ao INSS A entidade que goza da isenção da cota patronal tem que prestar contas ao INSS todos os anos, conforme IN RFB 971/2009, onde diz:

Art. 236. A entidade beneficente de assistência social em gozo de isenção é obrigada a apresentar, anualmente, até 30 de abril, a unidade da RFB da jurisdição de sua sede, mediante protocolo, relatório circunstanciado de suas atividades no exercício anterior, em que constem, sem prejuízo de outros dados que a entidade ou a RFB julgarem necessários:

I - informações cadastrais, em conformidade com o Anexo X, relativas:

a) à localização da sede da entidade;

b) ao nome e à qualificação dos responsáveis pela entidade;

c) à relação dos estabelecimentos e das obras de construção civil vinculados à entidade, identificados pelos respectivos números do CNPJ ou da matrícula CEI;

II - resumo de informações de assistência social, com o valor da isenção usufruída, a descrição sumária dos serviços assistenciais, nas áreas de assistência social, de educação ou de saúde, a quantidade de atendimentos que prestou e os respectivos custos, conforme modelo constante do Anexo XI;

III - descrição pormenorizada dos serviços assistenciais prestados.

Art. 237. O relatório de atividades, previsto no art. 236, deverá ser instruído com os seguintes documentos:

I - cópia do Ceas vigente ou prova de haver requerido sua renovação, caso tenha expirado o prazo de validade desse Certificado;

II - cópia de certidão fornecida pelo Ministério da Justiça que comprove a regularidade da entidade naquele órgão;

III - cópia de certidão ou de documento que comprove estar a entidade em condições de regularidade no órgão gestor de assistência social estadual ou municipal ou do Distrito Federal;

IV - cópia de certidão ou de documento fornecido pelo órgão competente que comprove estar a entidade em condição regular para a manutenção da titularidade de utilidade pública estadual ou municipal ou do Distrito Federal;

V - cópia do acordo ou da convenção coletiva de trabalho, quando necessários;

VI - cópia do balanço patrimonial, demonstração de resultado do exercício com discriminação de receitas e despesas, demonstração de mutação de patrimônio e notas explicativas;

VII - cópia do convênio com o SUS, para a entidade que atua na área da saúde;

VIII - relação nominativa dos alunos bolsistas contendo filiação, endereço, telefone (se houver), Cadastro da Pessoa Física (CPF) (dos pais/responsáveis e bolsistas), custo e percentual da bolsa, para a entidade que atua na área da educação;

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

74

IX - cópia da planilha de custo de apuração do valor da mensalidade de que trata a Lei nº 9.870, de 23 de novembro de 1999, na forma estabelecida pelo Decreto nº 3.274, de 6 de dezembro de 1999, para a entidade que atua na área da educação;

X - cópia de certidão ou de documento expedido pelo Ministério da Educação que comprove o efetivo cumprimento das obrigações assumidas em razão da adesão ao Prouni.

Art. 238. A falta de apresentação à RFB do relatório anual circunstanciado ou de qualquer documento que o acompanhe, constitui infração à obrigação acessória prevista no inciso VI do art. 47, conforme § 2º do art. 33 da Lei nº 8.212, de 1991.

Art. 239. A simples entrega do relatório anual de atividades pela entidade e o respectivo protocolo na RFB não implica reconhecimento do direito à isenção.

Tal procedimento é uma obrigação acessória que se não for cumprida perde o benefício da isenção da cota patronal, um custo que se torna oneroso às entidades de fins não econômicos.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

75

11. ANEXO I– (Constituição da Entidade)

11.1. Ata de Criação da Associação

ATA DE CRIAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO (nome)6

Aos XX (por extenso) dias do mês de X do ano de X, às X horas, reuniram-se, em Assembléia Geral, no (endereço), as seguintes pessoas: (nome completo) – (profissão). Para presidir os trabalhos foi escolhida, por aclamação, (nome completo), e para secretariar, (nome completo). Foram abertos os trabalhos pela Presidente que apresentou um breve histórico da formação da Associação. Em seguida, houve a apresentação e aprovação da pauta: 1) apresentação e aprovação do Estatuto da Associação; 2) aprovação dos membros que integrarão o Conselho Superior, o Conselho Fiscal e Diretorias da Associação; 3) eleição da sede provisória. A presidente da reunião, dando encaminhamento ao item “1” da pauta, apresentou a minuta do estatuto, que foi colocada em votação e aprovada por unanimidade. Prosseguindo, colocou-se em discussão o item “2” da pauta, em que foram indicados e aprovados os seguintes nomes para compor os órgãos da Associação: CONSELHO SUPERIOR: Presidente (nome completo); Vice-Presidente (nome completo); demais membros: (nome completo); CONSELHO FISCAL: (nome completo); DIRETORIA EXECUTIVA: Diretora-Presidente: (nome completo); Diretor Administrativo-Financeiro: (nome completo); Diretora Técnica: (nome completo); Diretora de Projetos: (nome completo), sendo aprovados por unanimidade. Foram indicados para sócio-fundadores os presentes acima mencionados. Passando ao item “3” da pauta, ficou decidido que a sede provisória da Associação será na (endereço), Brasília-DF. Nada mais havendo a tratar, a Presidente, resumindo o resultado dos trabalhos do dia, agradeceu a participação dos presentes e deu por encerrada a reunião, da qual eu, (nome completo), secretária “ad-hoc” nesta reunião, lavrei a presente ata, que foi lida, achada conforme e firmada por todos os presentes.

Brasília-DF, ___ de _______________ de _______ .

Relação dos Sócios Fundadores

(nome completo) (nome completo) (nome completo) CPF 999.999.999-99 CPF 999.999.999-99 CPF 999.999.999-99 (nome completo) (nome completo) (nome completo) CPF 999.999.999-99 CPF 999.999.999-99 CPF 999.999.999-99

6 O modelo encontra-se no Manual de Procedimentos Contábeis para Fundações e Entidades de Interesse Social do

CFC 2ª Edição – 2004, foram fornecidos pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios – Promotoria de

Fundações e Entidades de Interesse Social.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

76

11.2. Estatuto da Associação

ESTATUTO DA ASSOCIAÇÃO (nome)7

CAPÍTULO I

DA DENOMINAÇÃO, REGIME JURÍDICO, DURAÇÃO, SEDE E FORO.

Art. 1º. A Associação (nome), associação de direito privado, sem fins lucrativos, com prazo de duração indeterminado, reger-se-á pelo presente estatuto e pela legislação que lhe for aplicável.

§ 1º. A Associação tem sede e foro na cidade de Brasília, Distrito Federal, e poderá constituir escritórios ou representação em outras unidades da Federação, com atuação em qualquer parte do território nacional.

§ 2º. A Associação não constitui patrimônio de indivíduo ou de sociedade sem caráter beneficente de assistência social.

CAPÍTULO II

DOS OBJETIVOS

Art. 2º. A Associação tem como objetivos:

I –promover o ensino da leitura e da escrita aos indivíduos analfabetos e semi-analfabetos;

II – incentivar programas sócio-educativos voltados para a comunidade carente, conscientizando a sociedade da importância da educação como forma de integração social;

II – promover cursos profissionalizantes aos adolescentes e adultos carentes, preferencialmente àqueles que se encontram desempregados, a fim de prepará-los para o mercado de trabalho;

III – promover palestras e cursos sobre prevenção de doenças, prevenção ao uso de drogas, saneamento básico, educação familiar, integração social, ou sobre qualquer outro tema que contribua com a melhoria na qualidade de vida e eleve a auto-estima da população carente;

Art. 3º. São objetivos específicos da Associação:

I – capacitar voluntários para ensinar o público-alvo da Associação;

II – estimular a leitura entre os educandos por meio de material didático adequado;

III – buscar apoio de profissionais para ministrar os cursos e as palestras; 7 O modelo encontra-se no Manual de Procedimentos Contábeis para Fundações e Entidades de Interesse Social do

CFC 2ª Edição – 2004, foram fornecidos pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios – Promotoria de

Fundações e Entidades de Interesse Social.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

77

IV – incentivar profissionais, empresas e instituições a dar oportunidade à profissionalização das pessoas envolvidas com o programa;

V – promover intercâmbio com instituições que fomentam a educação.

Art. 4º. A Associação, na consecução de seus objetivos, observará o seguinte:

I – aplica integralmente suas rendas, recursos e eventual resultado operacional na manutenção e desenvolvimento dos objetivos institucionais, no território nacional;

II – presta serviços gratuitos e permanentes aos usuários da assistência social, sem qualquer discriminação de clientela, de forma planejada, diária e sistemática, não se restringindo apenas a distribuição de bens e benefícios e a encaminhamentos;

III – aplica subvenção e doações recebidas nas finalidades a que estejam vinculadas.

Art. 5º. No sentido de alcançar seus objetivos, a Associação poderá:

I – celebrar convênios, acordos, contratos e outros instrumentos jurídicos com pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, nacionais ou internacionais;

II – promover seminários, simpósios e debates sobre temas relacionados a sua área de atuação;

III – manter intercâmbio e realizar trabalhos com entidades afins;

IV – colaborar com os governos Federal, Estadual e Municipal, além de instituições governamentais, em programas e projetos compatíveis com sua área de atuação;

V – auxiliar outras entidades que atuem em objetivos ou temas semelhantes;

VI – organizar eventos sociais beneficentes, cujos recursos serão destinados integralmente para a manutenção dos objetivos institucionais.

CAPÍTULO III

DO PATRIMÔNIO

Art. 6º. O patrimônio da Associação é constituído:

I – pela dotação inicial feita pelos associados;

II – por doações, auxílios e subvenções que lhe venham a ser acrescidos;

III – por direitos e bens obtidos por aquisição regular;

IV – por recursos nacionais ou internacionais oriundos de instituições congêneres, para viabilizar a concretização dos objetivos propostos;

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

78

V – por dotações orçamentárias oriundas de orçamentos públicos, decorrentes de co-participação em programas, projetos ou atividades com objetivos afins.

CAPÍTULO IV

DA RECEITA

Art. 7º. A receita da Associação será constituída:

I – pelas rendas provenientes dos resultados de suas atividades;

II – pelos usufrutos que lhe forem constituídos;

III – pelas rendas provenientes dos títulos, ações ou ativos financeiros de sua propriedade ou operações de crédito;

IV – pelas rendas auferidas de seus bens patrimoniais, as receitas de qualquer natureza, inclusive as provenientes da venda de publicações e produtos, remuneração de trabalhos técnicos, participação em empresa e empreendimentos, resultado das atividades de outros serviços que prestar;

V – pelas doações e quaisquer outras formas de benefícios que lhe forem destinadas;

VI – pelas subvenções, dotações, contribuições e outros auxílios estipulados em favor da Associação pela União, pelos Estados e pelos Municípios, bem como por pessoas físicas, instituições públicas ou privadas, nacionais ou estrangeiras;

VII – pelas rendas próprias de imóveis que vier a possuir e pelos rendimentos auferidos de explorações dos bens que terceiros confiarem a sua administração;

VIII – por outras rendas eventuais.

CAPÍTULO V

DOS ASSOCIADOS, SEUS DIREITOS E DEVERES.

Art. 8º. A Associação terá as seguintes categorias de associados:

I – Fundadores: aqueles que participaram da criação da entidade, conforme Assembléia Geral de constituição;

II – Colaboradores: aqueles que se dedicarem regularmente junto à Associação, independentemente de integrarem os quadros diretivos da entidade;

III – Contribuintes: aqueles que realizarem contribuições voluntárias regulares.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

79

Art. 9º. O título de associados colaboradores e contribuintes será conferido pela Assembléia Geral, mediante indicação do Presidente da Diretoria Executiva.

Art. 10. O associado, qualquer que seja sua categoria, não responde individualmente, solidária ou subsidiariamente pelas obrigações da Associação, nem pelos atos praticados pelo Presidente ou pelo Diretor Executivo ou do Assembléia Geral.

Art. 11. São direitos dos associados:

I – participar de todas as atividades associativas;

II – propor a criação e tomar parte em comissões e grupos de trabalho, quando designados para estas funções;

III – apresentar propostas, programas e projetos de ação para a Associação;

IV – ter acesso a todos os livros de natureza contábil e financeira, bem como a todos os planos, relatórios, prestações de contas e resultados de auditoria independente;

V – fazer parte dos órgãos da administração da Associação;

VI – exercer cargos e funções eletivas nos órgãos da administração da Associação;

Parágrafo único – os direitos sociais previstos neste Estatuto são pessoais e intransferíveis.

Art. 12. São deveres dos associados:

I – observar o Estatuto, regulamentos, regimentos, deliberações e resoluções dos órgãos da Associação;

II – cooperar para o desenvolvimento e maior prestígio da Associação e difundir seus objetivos e ações.

Art. 13. O desligamento do associado dar-se-á nas seguintes circunstâncias:

I – desligamento voluntário do próprio associado;

II – por decisão do Assembléia Geral, com maioria absoluta de votos, quando se verificar uma ou mais das seguintes situações:

a) grave violação deste Estatuto, outras normas regulamentares do instituto ou decisão do Assembléia Geral;

b) ausentar-se, sem justificativa, por mais de três reuniões consecutivas, ou cinco aleatórias, do órgão da administração a que pertença, sendo elas ordinárias ou extraordinárias;

c) Provocar ou causar prejuízo moral ou material para a Associação.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

80

§ 1º - O Associado Fundador, em sendo desligado voluntariamente, não perderá este título, podendo retornar ao quadro social do Centro Brasileiro de Promoção e Integração Social, quando lhe convier.

§ 2º. – O Associado Colaborador ou Contribuinte, na hipótese de desligamento voluntário, perderá este seu título, só podendo retornar ao quadro social somente de acordo com o art. 9º deste Estatuto.

CAPÍTULO VI

DA ADMINISTRAÇÃO

Art. 14. São órgãos da administração da Associação:

I – Assembléia Geral;

II – Diretoria Executiva;

III – Conselho Fiscal.

§ 1º A Associação não remunera nem concede vantagens ou benefícios, por qualquer forma ou título, a diretores, sócios, conselheiros, instituidores, benfeitores ou equivalentes.

§ 2º Não distribui resultados, dividendos, bonificações, participações ou parcela do seu patrimônio sob nenhuma forma ou pretexto.

Parágrafo único. Os membros do Assembléia Geral, Conselho Fiscal e da Diretoria Executiva, no exercício regular de gestão, não respondem subsidiariamente pelas obrigações da Associação.

CAPÍTULO VII

DO ASSEMBLÉIA GERAL

Art. 15. A Assembléia Geral é o órgão de deliberação da Associação e será constituída pelos associados fundadores, colaboradores e contribuintes.

Art. 16. A Assembléia Geral será instalada pelo Presidente da Associação, o qual solicitará ao plenário a escolha de um dos associados para presidir os trabalhos.

Parágrafo único. O presidente escolhido para presidir os trabalhos designará um dos associados presentes como secretário ad hoc, com a finalidade de elaboração da ata da reunião.

Art. 17. A Assembléia Geral reunir-se-á:

I – ordinariamente, uma vez por ano, com a finalidade de aprovar a prestação de contas e as demonstrações contábeis da Diretoria Executiva;

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

81

II – extraordinariamente, quando convocada pelo Presidente da Associação, pela maioria dos integrantes do Conselho Fiscal ou por mais de 30% (trinta por cento) dos associados com direito a voto.

Parágrafo único. As reuniões da Assembléia Geral serão instaladas com a presença de, no mínimo, a maioria absoluta do total de associados com direito a voto, e suas decisões, excetuados os casos de destituição de administradores e alteração de estatuto, cuja deliberação exigirá o voto concorde de pelos menos 2/3 dos presentes, serão tomadas pela maioria simples dos presentes.

Art. 18. Compete ao Assembléia Geral:

I – exercer a fiscalização superior do patrimônio e dos recursos da Associação;

II – aprovar o orçamento, as contas, os balanços, o relatório anual da Associação e acompanhar a execução orçamentária;

III – aprovar o critério de determinação de valores dos serviços, produtos e bens, contratados ou adquiridos para a consecução dos objetivos da Associação;

IV – pronunciar-se sobre a estratégia de ação da Associação, bem como sobre os programas específicos a serem desenvolvidos;

V – aprovar as prioridades que devem ser observadas na promoção e na execução das atividades da Associação;

VI – deliberar sobre propostas de empréstimos a serem apresentadas a entidades de financiamento, que onerem os bens da Associação;

VII – autorizar a alienação a qualquer título, o arrendamento, a oneração ou o gravame dos bens móveis e imóveis da Associação;

VIII – aprovar a realização de convênios, acordos, ajustes e contratos, bem como estabelecer normas pertinentes;

IX – aprovar o quadro de pessoal e suas alterações, bem como fixar diretrizes de salários, vantagens e outras compensações de seu pessoal;

X – eleger e destituir os integrantes da Diretoria Executiva;

XI – eleger os membros do Conselho Fiscal;

XII – deliberar sobre a inclusão de novos associados e o desligamento de associados;

XIII – alterar o estatuto;

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

82

XIV – dissolver a associação;

XV – resolver os casos omissos neste Estatuto e no Regimento Interno;

CAPÍTULO VIII

CONSELHO FISCAL

Art. 19. O Conselho Fiscal será composto de 03 (três) membros efetivos, com mandato de 4 (quatro) anos, permitida a recondução.

Art. 20. Os membros do Conselho Fiscal serão eleitos pelo Assembléia Geral, em reunião convocada para esse fim, e tomarão posse perante a mesma assembléia.

§ 1º. Serão eleitas as pessoas que obtiverem a maioria absoluta dos votos dos Associados presentes.

§ 2º. Os integrantes do Conselho Fiscal elegerão entre si o Presidente do órgão.

Art. 21. Compete ao Conselho Fiscal:

I – fiscalizar a gestão econômico-financeira da Associação, examinar suas contas, balanços e documentos, e emitir parecer que será encaminhado ao Assembléia Geral;

II – emitir parecer prévio e justificado para alienação, oneração ou aquisição de bens e direitos, para deliberação do Assembléia Geral.

CAPÍTULO IX

DA DIRETORIA EXECUTIVA

Art. 22. A Diretoria Executiva é o órgão de administração da Associação e será composta por um Diretor-Presidente e um Vice-Diretor.

§1º. Os integrantes da Diretoria Executiva serão eleitos em Assembléia Geral para um mandato de 4 (quatro) anos, permitida a recondução.

§2º. Os integrantes do Conselho Fiscal não poderão ser eleitos para a Diretoria Executiva.

§ 3º. Serão consideradas eleitas as pessoas que obtiverem a maioria absoluta dos votos dos presentes.

Art. 23. A designação da nova diretoria far-se-á, no mínimo, 30 (trinta) dias antes do término dos respectivos mandatos ou dentro de 8 (oito) dias, em caso de vacância que se opere por outro motivo.

Art. 24. Compete à Diretoria Executiva, por intermédio do seu Diretor-Presidente:

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

83

I – expedir normas operacionais e administrativas necessárias à execução das atividades da Associação;

II – cumprir e fazer cumprir o Estatuto e as normas e deliberações do Assembléia Geral;

III – submeter ao Assembléia Geral a criação de órgãos administrativos de qualquer nível, locais ou situados nas filiais ou sucursais;

IV – realizar convênios, acordos, ajustes e contratos, inclusive os que constituem ônus, obrigações ou compromissos para a Associação, ouvido o Assembléia Geral;

V – preparar balancetes e prestação anual de contas, acompanhados de relatórios patrimoniais e financeiros, submetendo-os, com parecer do Conselho Fiscal, à Assembléia Geral, por intermédio do presidente do Conselho Fiscal;

VI – propor à Assembléia Geral a participação no capital de outras empresas, cooperativas, condomínio ou outras formas de associativismo, bem como organizar empresas cujas atividades interessem aos objetivos da Associação;

VII – proporcionar ao Conselho Fiscal, por intermédio do Diretor-Presidente, as informações e os meios necessários ao efetivo desempenho de suas atribuições;

VIII – submeter à Assembléia Geral as diretrizes, planejamento e políticas de pessoal da Associação;

IX – submeter à apreciação da Assembléia Geral a criação e extinção de órgãos auxiliares da Diretoria;

X – representar a Associação judicial e extrajudicialmente.

Art. 25. O Diretor Vice-Presidente substituirá o Diretor-Presidente em suas ausências e impedimentos, sem prejuízo de outras atribuições que lhe forem delegadas.

Art. 26. É terminantemente defeso a todos e a cada um dos membros da Diretoria e ineficaz em relação à Associação o uso da denominação desta em negócios estranhos aos objetivos da Associação, inclusive em fianças, avais ou quaisquer outras garantias de favor.

Art. 27. Nos atos que acarretem responsabilidade para a Associação, esta deverá ser representada pelo Diretor-Presidente ou, ainda, por bastantes procuradores, observadas as disposições deste Estatuto e a legislação vigente.

Art. 28. A Assembléia Geral poderá criar órgãos auxiliares da Diretoria Executiva, com atribuições definidas em regimento interno, cujos integrantes poderão exercer suas atribuições mediante contrato de trabalho.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

84

CAPÍTULO X

DO EXERCÍCIO FINANCEIRO E ORÇAMENTÁRIO

Art. 29. O exercício financeiro da Associação coincidirá com o ano civil.

Art. 30. A prestação anual de contas será submetida à Assembléia Geral até o dia 31 (trinta e um) de maio de cada ano, com base nos demonstrativos contábeis encerrados em 31 de dezembro do ano anterior.

Parágrafo único. A prestação anual de contas da Associação conterá, entre outros, os seguintes elementos:

I – Relatório circunstanciado de atividades;

II – Balanço Patrimonial;

III – Demonstração de Resultados do Exercício;

IV – Parecer do Conselho Fiscal;

Art. 31. A Associação manterá escrituração de suas receitas e despesas, com as formalidades capazes de assegurar a sua exatidão.

CAPÍTULO XI

DO PESSOAL

Art. 32. O pessoal da Associação será admitido, mediante processo de seleção, sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho, complementada pelas normas internas da Associação.

Parágrafo único. Todos os contratos de trabalho firmados pela Associação conterão cláusula dispondo que, de acordo com as necessidades de serviço, o empregado poderá ser transferido para qualquer local de atuação da Associação ou para onde a mesma tenha escritório ou representação.

CAPÍTULO XII

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 33. A reforma do presente Estatuto somente poderá ser deliberada em Assembléia Geral convocada especialmente para esse fim, cuja deliberação deverá ter o voto concorde de, pelo menos, 2/3 (dois terços) dos associados, presentes a maioria absoluta dos associados com direito a voto.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

85

Art. 34. A dissolução da Associação dar-se-á em Assembléia Geral convocada para esse fim, mediante o voto favorável de pelo menos 2/3 (dois terços) dos votos concordes dos associados, presente a maioria absoluta dos associados com direito a voto.

Parágrafo único. Decidida a dissolução, a Associação destinará o eventual patrimônio remanescente à entidade congênere, registrada no Conselho Nacional de Assistência Social-CNAS, ou a entidade pública, a critério da entidade ou organização.

Brasília-DF, ____ de ____________ de ____.

XXXXXXXXXXXXXXXXXXX Presidente CPF 999.999.999-99 XXXXXXXXXXXXXXXXXX Advogado OAB/DF XXXXXX CFC/FBC/Profis

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

86

11.3. Escritura Pública de Constituição da Fundação

ESCRITURA PÚBLICA DE CONSTITUIÇÃO DA FUNDAÇÃO (nome da fundação), NA FORMA ABAIXO: 8

Saibam quantos esta virem que aos ........dias do mês de ...........do ano de dois mil e .............., nesta cidade de Brasília, Distrito Federal, nesteserviço notarial, perante mim, Tabelião, compareceram como outorgantes instituidores: (nome, nacionalidade, profissão, estado civil, n.º RG e CPF, residência e domicílio). Todos reconhecidos e identificados por mim, Tabelião, como os próprios, de cuja capacidade jurídica dou fé. E, pelas partes, doravante denominadas instituidores, foi-me dito que: PRIMEIRO - As finalidades principais desta Fundação são: (discriminar finalidades estatutárias). SEGUNDO - A entidade denomina-se FUNDAÇÃO (nome da fundação) e não terá finalidades lucrativas, e o superávit verificado em cada período será reaplicado nas finalidades a que se destina a Fundação. TERCEIRO – A dotação inicial a que se refere o artigo 62 do Código Civil Brasileiro, necessária à constituição da fundação, é de (discriminar valor da dotação inicial) suficientes para a sua manutenção no primeiro ano de funcionamento, integralmente realizada pela doação dos instituidores acima nominados, todos solidariamente responsáveis (identificar o(s) doador(es) e o(s) bem(ns) doado(s). QUARTO - A estrutura interna da Fundação compreenderá os seguintes órgãos: (identificar os órgãos de administração). QUINTO – Os recursos financeiros necessários ao funcionamento da Fundação serão provenientes de (identificar as fontes de receitas). SEXTO - Em caso de extinção, os bens remanescentes serão destinados a outra entidade que se proponha a fins iguais ou semelhantes, sediada no Distrito Federal. SÉTIMO - Os instituidores designam, neste ato, como responsável pela elaboração do estatuto, o nome de (nome do responsável, nacionalidade, profissão, estado civil, nº RG e CPF), que terá um prazo de até 30 (trinta) dias para apresentar a minuta do estatuto à Promotoria de Justiça de Fundações. OITAVO - Os instituidores indicam para a constituição do primeiro (nome do órgão de deliberação), com mandato de (prazo do mandato provisório) anos, a contar da data da posse: (nome dos integrantes, cargo, nacionalidade, estado civil, profissão, CPF, endereço profissional e residencial). NONO - Também são indicados para o (nome do órgão de fiscalização) os seguintes integrantes: (nome dos integrantes, cargo, nacionalidade, estado civil, profissão, CPF, endereço

profissional e residencial). DÉCIMO – E por último, ficam indicados para a (nome do órgão administrativo) os ESCRITURA PÚBLICA DE CONSTITUIÇÃO DA FUNDAÇÃO (nome da fundação), NA FORMA ABAIXO: seguintes membros: (nome dos integrantes, cargo, nacionalidade, estado civil, profissão, CPF, endereço profissional e

residencial).Comparece, neste ato, na qualidade de interveniente anuente, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, representado pelo Promotor de Justiça, (nome do Promotor de Justiça), brasileiro, residente e domiciliado nesta capital, no exercício da Promotoria de Justiça

8 O modelo encontra-se no Manual de Procedimentos Contábeis para Fundações e Entidades de Interesse Social do

CFC 2ª Edição – 2004, foram fornecidos pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios – Promotoria de

Fundações e Entidades de Interesse Social.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

87

de Fundações e Entidades de Interesse Social, o qual declara concordar com a presente, pois a mesma obedece em tudo o que determina o artigo 66 do Código Civil Brasileiro, os artigos 1.200 e 1204 do Código de Processo Civil, o parágrafo único do artigo 119 da Lei 6.015/73, o artigo 20, incisos X e XIII da Lei 3.434/58. Tendo sido recolhidos os emolumentos no valor de R$ ..........., pela guia n.º .............. E, de como assim o disseram, pediu(ram)-me e lhe(s) lavrei a presente, que feita e achada conforme faculta a lei n.º 6.952, de 06.11.81. Eu, ...................................., escrevente, mandei lavrar, conferi, li e encerro o presente ato colhendo a(s) assinatura(s). Eu, ....................................., tabelião, a subscrevo, dou fé e assino.

(M O D E L O)

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

88

11.4. Estatuto da Fundação

ESTATUTO DA FUNDAÇÃO (nome)9

CAPÍTULO I

DA DENOMINAÇÃO, REGIME JURÍDICO, DURAÇÃO, SEDE E FORO.

Art. 1º. A Fundação (nome), com prazo de duração indeterminado, é uma entidade civil, com personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, com autonomia administrativa financeira e patrimonial, e reger-se-á pelo presente Estatuto, por seu Regimento Interno e pela legislação aplicável.

Art. 2º. A Fundação tem sede e foro na cidade de Brasília, Distrito Federal, e poderá constituir escritórios de representação em outras unidades da federação, com atuação em qualquer parte do território nacional.

CAPÍTULO II

DAS FINALIDADES

Art. 3º. A Fundação tem por finalidades:

(FINALIDADES EXEMPLIFICATIVAS – I)

I – sugerir, promover, coordenar e executar ações, projetos e programas relacionados com o desenvolvimento das artes cênicas;

II - reunir e preservar documentação sobre a vida e as obras de influentes artistas teatrais;

III - constituir centro de pesquisa, estudos, desenvolvimento e difusão da arte dramática;

IV – promover e organizar eventos, exposições, festivais, mostras, cursos e concursos teatrais;

V - promover viagens de estudo e intercâmbio na área teatral;

VI – educar crianças e adolescentes para a vida pelo trabalho, envolvendo-os no lazer criativo, produtivo e participativo, viabilizando-os como pessoas e como cidadãos;

VII – apoiar e estimular a preservação de valores culturais representativos da gente brasileira, por meio da criação, produção e execução de programas ou outros veículos de divulgação, adequados à difusão dessas manifestações culturais;

9 O modelo encontra-se no Manual de Procedimentos Contábeis para Fundações e Entidades de Interesse Social do

CFC 2ª Edição – 2004, foram fornecidos pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios – Promotoria de

Fundações e Entidades de Interesse Social.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

89

VIII – desenvolver atividades de assistência médica, dentária, hospitalar e farmacêutica, destinadas ao atendimento das comunidades carentes;

IX – criar centros educacionais de natureza assistencial, destinados à formação de crianças, jovens e adultos, em nível básico.

(FINALIDADES EXEMPLIFICATIVAS – II)

I –assistir a crianças e adolescentes carentes, oferecendo-lhes orientação educacional, profissional, moral e cívica;

II – dar assistência sócio-educacional a crianças e adolescentes carentes, em regime aberto, em complementação ao período escolar, agrupando-os de acordo com a faixa etária;

III – oferecer cursos profissionalizantes aos adolescentes carentes;

III – realizar palestras para os familiares dos menores assistidos, visando orientar-lhes acerca de assuntos relevantes;

IV – distribuir cestas básicas aos familiares das crianças e dos adolescentes, em caráter emergencial, quando as mesmas encontrarem-se desamparadas.

Art. 4º. A Fundação não tem caráter político-partidário, devendo ater-se às suas finalidades estatutárias.

CAPÍTULO III

DAS ATIVIDADES DA FUNDAÇÃO

Art. 5º. Para a consecução de suas finalidades, a Fundação poderá:

(ATIVIDADES EXEMPLIFICATIVAS)

I - celebrar convênios, acordos ou outros instrumentos jurídicos com pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, nacionais ou internacionais, cujos objetivos sejam compatíveis com as finalidades da fundação;

II - realizar programas educacionais comunitários;

III - conceder bolsas de estudo e ajuda de custo para o aperfeiçoamento de especialistas devotados à geração e difusão de conhecimentos úteis ao processo de desenvolvimento da arte;

IV - conceder prêmios de estímulo a pessoas que tenham contribuído, de maneira notória, para o desenvolvimento da arte no País.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

90

CAPÍTULO IV

DO PATRIMÔNIO

Art. 6º. O patrimônio da Fundação é constituído pela dotação inicial de R$ ...valor (...extenso), integralizada por seus instituidores, e por bens e valores que a este patrimônio venham a ser adicionados por:

I - dotações feitas por entidades públicas, pessoas jurídicas de direito privado ou pessoas físicas, com o fim específico de incorporação ao patrimônio;

§ 1º. Cabe ao Conselho de Curadores da Fundação, ouvido o Ministério Público, a aceitação de doações com encargos.

§ 2º. A Fundação destinará o valor mínimo de 3% dos recursos por ela administrados para a constituição de fundo financeiro, cuja renda contribuirá para a garantia de sua manutenção e expansão de suas atividades.

Art. 7º. Os bens e direitos da Fundação somente poderão ser utilizados para realizar os objetivos estatutários, sendo permitida, porém, a alienação, a cessão ou a substituição de qualquer bem ou direito para a consecução dos mesmos objetivos.

Parágrafo único. Caberá ao Conselho de Curadores, ouvido o Ministério Público, aprovar a alienação dos bens imóveis incorporados ao patrimônio e, ainda, aprovar permuta vantajosa à Fundação.

CAPÍTULO V

DA RECEITA

Art. 8º. A receita da Fundação será constituída:

I - pelas rendas provenientes dos resultados de suas atividades;

II - pelos usufrutos que lhe forem constituídos;

III - pelas rendas provenientes dos títulos, ações ou ativos financeiros de sua propriedade ou operações de crédito;

IV - pelas rendas auferidas de seus bens patrimoniais, as receitas de qualquer natureza ou do resultado das atividades de outros serviços que prestar;

V - pelas doações e quaisquer outras formas de benefícios que lhe forem destinadas;

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

91

VI - pelas subvenções, dotações, contribuições e outros auxílios estipulados em favor da Fundação pela União, pelos Estados e pelos Municípios, bem como por pessoas físicas, instituições públicas ou privadas, nacionais ou estrangeiras;

VII - pelas rendas próprias de imóveis que vier a possuir e pelos rendimentos auferidos de explorações dos bens que terceiros confiarem à sua administração;

VIII - por outras rendas eventuais.

Art. 9º. Os recursos financeiros da Fundação, excetuados os que tenham especial destinação, serão empregados exclusivamente na manutenção e desenvolvimento de atividades que lhe são próprias e, quando possível, no acréscimo de seu patrimônio.

Parágrafo único. A aplicação de recursos financeiros no patrimônio da instituição deve obedecer a planos que tenham em vista:

I - a garantia dos investimentos;

II - a manutenção do poder aquisitivo dos capitais aplicados.

CAPÍTULO VI

DA ADMINISTRAÇÃO

Art. 10. São órgãos da administração da Fundação:

I - Conselho de Curadores;

II - Conselho Fiscal;

III - Diretoria Executiva.

Art. 11. O exercício das funções de integrante da Diretoria, do Conselho de Curadores e do Conselho Fiscal não serão remunerados a qualquer título.

Parágrafo único. Os integrantes do Conselho de Curadores, Conselho Fiscal e da Diretoria Executiva não respondem subsidiariamente pelas obrigações da Fundação exercidas com observância do estatuto e da lei.

Art. 12. Respeitado o disposto neste Estatuto, a Fundação terá sua estrutura organizacional e o funcionamento fixados em Regimento Interno, que estabelecerá as atividades e atribuições administrativas e técnicas, de modo a atender plenamente às finalidades da instituição.

CAPÍTULO VII

DO CONSELHO DE CURADORES

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

92

Art. 13. O Conselho de Curadores será constituído por 7 (sete) integrantes efetivos e 3 (três) suplentes, eleitos pelo próprio conselho para um mandato de 4 (quatro) anos, prorrogável por apenas uma gestão.

§ 1º. O Presidente e Vice-Presidente do Conselho de Curadores serão eleitos por seus pares na reunião que der posse aos conselheiros.

§ 2º. Em caso de vacância no Conselho de Curadores, será convocada reunião extraordinária com a finalidade de escolher novo integrante para ocupar o cargo, exceto se essa vacância ocorrer no último semestre do mandado e se com a ausência desse conselheiro não der causa à impossibilidade de se atingir o quorum para as reuniões ordinárias do órgão.

§ 3º. No mínimo 30 (trinta) dias antes de expirar os mandatos dos integrantes do Conselho de Curadores serão designados os novos integrantes.

Art. 14. Compete ao Conselho de Curadores:

I - exercer a fiscalização superior do patrimônio e dos recursos da Fundação;

II - aprovar o orçamento, as contas, os balanços, o relatório anual da Fundação e acompanhar a execução orçamentária;

III - aprovar o critério de determinação de valores dos serviços, produtos e bens, contratados ou adquiridos para a consecução dos objetivos da Fundação;

IV - pronunciar-se sobre a estratégia de ação da Fundação, bem como sobre os programas específicos a serem desenvolvidos;

V - aprovar as prioridades que devem ser observadas na promoção e na execução das atividades da Fundação;

VI - deliberar sobre propostas de empréstimos a serem apresentadas a entidades de financiamento, que onerem os bens da Fundação;

VII - autorizar a alienação a qualquer título, o arrendamento, a oneração ou o gravame dos bens móveis e imóveis da Fundação;

VIII - aprovar a realização de convênios, acordos, ajustes e contratos, bem como estabelecer normas pertinentes;

IX - apreciar e aprovar a criação de estruturas de que trata o artigo 3º;

X - aprovar o quadro de pessoal e suas alterações, bem como fixar diretrizes de salários, vantagens e outras compensações de seu pessoal;

XI - conceder licença aos integrantes do Conselho;

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

93

XII - escolher auditores independentes;

XIII - aprovar o Regimento Interno da Fundação e eventuais modificações deste Estatuto, observada a legislação vigente;

XIV - eleger a Diretoria Executiva;

XV - deliberar sobre quaisquer assuntos de interesse da Fundação que lhe forem submetidos pela Diretoria Executiva, através do Diretor Presidente;

XVI - eleger os integrantes do Conselho Fiscal, observado o disposto no artigo no capítulo próprio;

XVII - resolver os casos omissos neste Estatuto e no Regimento Interno.

§ 1º. O Conselho de Curadores reunir-se-á, ordinariamente, a cada 3 (três) meses, mediante convocação por escrito de seu Presidente e, extraordinariamente, quando convocado pela mesma autoridade ou por 2/3 (dois terços) dos Curadores, no mínimo.

§ 2º. O Conselho de Curadores somente deliberará com a presença de, pelo menos, 2/3 de seus integrantes, e suas decisões, ressalvados os casos expressos em lei, neste Estatuto ou no Regimento Interno, serão tomadas pela maioria simples de votos dos integrantes presentes e registradas em atas, cabendo ao Presidente o voto de desempate.

§ 3º. O presidente do Conselho de Curadores dará posse aos integrantes da Diretoria Executiva e do Conselho Fiscal da Fundação.

CAPÍTULO VIII

CONSELHO FISCAL

Art. 15. O Conselho Fiscal será composto de 3 (três) integrantes efetivos e 2 (dois) suplentes, com mandato de 4 (quatro) anos, permitida uma única recondução.

§ 1º. Os integrantes do Conselho Fiscal serão eleitos pelo Conselho de Curadores, em reunião ordinária convocada para esse fim.

§ 2º. Serão eleitas as pessoas que obtiverem a maioria dos votos dos Conselheiros presentes.

§ 3º. Os integrantes efetivos do Conselho Fiscal elegerão, entre si, o Presidente do órgão.

Art. 16. Compete ao Conselho Fiscal:

I - fiscalizar a gestão econômico-financeira da Fundação, examinar suas contas, balanços e documentos, e emitir parecer que será encaminhado ao Conselho de Curadores;

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

94

II - emitir parecer prévio e justificado para alienação, oneração ou aquisição de bens e direitos, para deliberação do Conselho de Curadores.

CAPÍTULO IX

DA DIRETORIA EXECUTIVA

Art. 17. A Fundação será administrada por uma Diretoria Executiva constituída de um Diretor-Presidente, um Diretor Técnico e um Diretor Administrativo-Financeiro, eleitos pelo Conselho de Curadores, com mandato de 4 (quatro) anos, permitida a recondução.

§ 1º. Os integrantes dos Conselhos de Curadores e Fiscal não poderão ser eleitos para a Diretoria Executiva.

§ 2º. Serão consideradas eleitas as pessoas que obtiverem a maioria dos votos dos presentes.

§ 3º. A reunião realizar-se-á mediante convocação por carta registrada, com aviso de recebimento.

§ 4º. A designação da nova diretoria far-se-á, no mínimo, 30 (trinta) dias antes do término dos respectivos mandatos, ou dentro de 8 (oito) dias, em caso de vacância que se opere por outro motivo.

Art. 18. Caberá à Diretoria, através do Diretor Presidente e do Diretor Administrativo-Financeiro, ou de um de seus substitutos, nos termos que dispõe este Estatuto e o Regimento Interno, assinar, sempre em conjunto, documentos referentes ao giro de negócios, tais como cheques, endossos, ordens de pagamento, títulos de crédito e outros atos onerosos.

Art. 19. As decisões da Diretoria Executiva serão tomadas por maioria de votos dos integrantes do órgão, cabendo ao Diretor-Presidente o direito de veto.

Parágrafo único. Quando ocorrer o veto do Diretor-Presidente, a matéria será encaminha ex-officio ao Conselho de Curadores, com efeito suspensivo da decisão.

Art. 20. São atribuições da Diretoria Executiva:

I - expedir normas operacionais e administrativas necessárias às atividades da Fundação;

II - cumprir e fazer cumprir o Estatuto, o Regimento Interno e as normas e deliberações do Conselho de Curadores;

III - submeter ao Conselho de Curadores a criação de órgãos administrativos de qualquer nível, locais ou situados nas filiais ou sucursais;

IV - realizar convênios, acordos, ajustes e contratos, inclusive os que constituem ônus, obrigações ou compromissos para a Fundação, ouvido o Conselho de Curadores;

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

95

V - preparar balancetes e prestação anual de contas, acompanhados de relatórios patrimoniais e financeiros, submetendo-os, com parecer do Conselho Fiscal, ao Conselho de Curadores, por intermédio do presidente do Conselho Fiscal;

VI - propor ao Conselho de Curadores a participação no capital de outras empresas, cooperativas, condomínio ou outras formas de associativismo, bem como organizar empresas cujas atividades interessem aos objetivos da Fundação;

VII - proporcionar aos Conselhos de Curadores e Fiscal, por intermédio do Diretor-Presidente, as informações e os meios necessários ao efetivo desempenho de suas atribuições;

VIII - submeter ao Conselho de Curadores as diretrizes, planejamento e políticas de pessoal da Fundação;

IX - submeter à apreciação do Conselho de Curadores a criação e extinção de órgãos auxiliares da Diretoria.

Art. 21. Compete ao Diretor-Presidente:

I - orientar, dirigir e supervisionar as atividades da Fundação;

II - cumprir e fazer cumprir o Estatuto, o Regimento Interno e as normas em vigor na Fundação e as orientações oriundas do Conselho de Curadores, do Conselho Fiscal e da Diretoria Executiva;

III - convocar e presidir as reuniões da Diretoria Executiva;

IV - designar o Diretor que o substituirá, em suas ausências e impedimentos eventuais;

V - assinar convênios, consórcios, contratos, ajustes ou quaisquer modalidades de acordos com entidades públicas e privadas ou com pessoas físicas, com o intuito de assegurar a plena realização dos objetivos da Fundação, observada a orientação estabelecida pelo Conselho de Curadores;

VI - manter contatos e desenvolver ações junto a entidades públicas e privadas para obtenção de recursos, doações, empréstimos e estabelecimento de acordos e convênios que beneficiem a Fundação;

VII - admitir, promover, transferir e dispensar empregados da Fundação, bem como designar os dirigentes de seus órgãos, de acordo com o Regimento Interno;

VIII - representar a Fundação em juízo ou fora dele, podendo delegar esta atribuição, em casos específicos, e constituir mandatários e procuradores;

IX - submeter, mensalmente, os balancetes ao Conselho Fiscal e, anualmente, a prestação de contas e os relatórios correspondentes ao exercício anterior;

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

96

X - decidir, ouvido ao Conselho de Curadores, sobre a divulgação dos resultados de estudos realizados pela Fundação, bem como sobre comercialização ou transferência de conhecimentos e tecnologias para terceiros.

Art. 22. Compete ao Diretor Técnico:

I - orientar, fiscalizar e coordenar a aplicação dos recursos na execução dos projetos e programas da Fundação;

II - elaborar planos e estudos visando ao desenvolvimento das atividades da Fundação;

III - assistir os supervisores ou gerentes de projeto na elaboração de propostas, contratos ou convênios referentes à realização de pesquisas, treinamentos e prestações de serviços.

Art. 23. Compete ao Diretor Administrativo-Financeiro:

I - supervisionar a elaboração do relatório anual de atividades e do plano de trabalho a serem apreciados pela Diretoria e encaminhados ao Conselho de Curadores;

II - assinar, juntamente com o Diretor-Presidente, documentos relativos à sua área de atuação;

III - supervisionar e controlar as receitas, despesas e aplicações financeiras da Fundação;

IV - movimentar contas bancárias, assinando cheques e recibos, juntamente com o Diretor-Presidente;

V - dirigir e fiscalizar a contabilidade da Fundação;

VI - supervisionar a elaboração da prestação anual de contas e do balanço geral da Fundação;

VII - supervisionar a elaboração da proposta orçamentária para cada exercício, referente ao custeio da estrutura e administração da fundação.

Art. 24. Compete a cada um dos Diretores:

I - participar das reuniões, deliberações e decisões da Diretoria Executiva;

II - supervisionar as atividades da área e das unidades da estrutura organizacional da Fundação que lhe forem atribuídas;

III - promover a organização do plano geral de trabalho, a elaboração da proposta orçamentária anual e a composição do quadro de pessoal das áreas sob sua supervisão, submetendo-os à decisão da Diretoria Executiva, para aprovação do Conselho de Curadores;

IV - executar outros encargos que lhes forem atribuídos pelo Diretor-Presidente.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

97

Art. 25. Os Diretores, no âmbito de suas Diretorias, indicarão ao Diretor-Presidente seus substitutos para atuarem em suas ausências ou impedimentos, para que este os designe.

Art. 26. É terminantemente defeso a todos e a cada um dos integrantes da Diretoria e ineficaz em relação à Fundação o uso da denominação desta em negócios estranhos aos objetivos fundacionais, inclusive em fianças, avais ou quaisquer outras garantias de favor.

Art. 27. Nos atos que acarretem responsabilidade para a Fundação, esta deverá ser representada pelo Diretor-Presidente, pelos dois Diretores, ou, ainda, por bastantes procuradores, observadas as disposições deste Estatuto e a legislação vigente.

CAPÍTULO X

DO EXERCÍCIO FINANCEIRO E ORÇAMENTÁRIO

Art. 28. O exercício financeiro da Fundação coincidirá com o ano civil.

Art. 29. Até o dia 30 (trinta) de outubro de cada ano, o Diretor-Presidente da fundação apresentará ao Conselho de Curadores a proposta orçamentária para o ano seguinte.

§ 1º. A proposta orçamentária será anual e compreenderá:

I - estimativa de receita, discriminada por fontes de recurso;

II - fixação da despesa com discriminação analítica.

§ 2º. O Conselho de Curadores terá o prazo de 30 (trinta) dias para discutir, emendar e aprovar a proposta orçamentária, não podendo majorar despesas, salvo se consignar os respectivos recursos.

§ 3º. Aprovada a proposta orçamentária ou transcorrido o prazo previsto no parágrafo anterior sem que se tenha verificado a sua aprovação, fica a Diretoria Executiva autorizada a realizar as despesas previstas.

§ 4°. Depois de apreciada pelo Conselho de Curadores, a proposta orçamentária será encaminhada, no prazo máximo de 15 (quinze) dias, ao órgão competente do Ministério Público.

Art. 30. A prestação anual de contas será submetida ao Conselho de Curadores até o dia 28 (vinte e oito) de fevereiro de cada ano, com base nos demonstrativos contábeis encerrados em 31 de dezembro do ano anterior.

§ 1º. A prestação anual de contas da Fundação conterá, entre outros, os seguintes elementos:

I - relatório circunstanciado de atividades;

II - Balanço Patrimonial;

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

98

III - Demonstração de Resultados do Exercício;

IV - Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos;

V - relatório e parecer de auditoria externa;

VI - quadro comparativo entre a despesa fixada e a realizada;

VII - parecer do Conselho Fiscal.

§ 2º. Depois de apreciada pelo Conselho de Curadores, a prestação de contas será encaminhada, no prazo máximo de 30 (trinta) dias, ao órgão competente do Ministério Público.

CAPÍTULO XI

DO PESSOAL

Art. 31. O pessoal da Fundação será admitido, mediante processo de seleção, sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho, complementada pelas normas internas da Fundação.

Parágrafo único. Todos os contratos de trabalho firmados pela Fundação conterão cláusula dispondo que, de acordo com as necessidades de serviço, o empregado poderá ser transferido para qualquer local de atuação da Fundação ou para onde a mesma tenha escritório ou representação.

CAPÍTULO XII

DA ALTERAÇÃO DO ESTATUTO

Art. 32. O estatuto da fundação poderá ser alterado ou reformado por proposta do Presidente do Conselho Curador, ou do Diretor-Presidente, ou de pelo menos três integrantes de seus Conselhos Curador e Administrativo, desde que:

I – a alteração ou reforma seja discutida em reunião conjunta dos integrantes de seus Conselhos Curador e Administrativo, presidida pelo presidente do primeiro, e aprovada, no mínimo, por 2/3 (dois terços) dos votos da totalidade de seus integrantes;

II – a alteração ou reforma não contrarie ou desvirtue as finalidades da fundação;

III – seja a reforma aprovada pelo órgão competente do Ministério Público.

Parágrafo único. Se a proposta de alteração não for aprovada pela unanimidade dos presentes, o representante legal da fundação, ao submeter à matéria ao Ministério Público, requererá, desde logo, que se dê ciência à minoria vencida para, querendo, impugná-la em um prazo de 10 (dez) dias.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

99

CAPÍTULO XIII

DA EXTINÇÃO DA FUNDAÇÃO

Art. 33. A fundação extinguir-se-á por deliberação fundamentada de seus Conselhos Curador e Administrativo, aprovada por maioria de seus integrantes em reunião conjunta, presidida pelo presidente do primeiro, quando se verificar, alternativamente:

I – a impossibilidade de sua manutenção;

II – a ilicitude ou a inutilidade dos seus fins.

Art. 34. No caso de extinção da fundação, o Conselho Curador, sob acompanhamento do órgão competente do Ministério Público, procederá à sua liquidação, realizando as operações pendentes, a cobrança e o pagamento das dívidas e todos os atos de disposições que estime necessário.

Parágrafo único. Terminado o processo, o patrimônio residual da fundação será revertido, integralmente, para outra entidade de fins congêneres, com atuação no Distrito Federal.

CAPÍTULO XII

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 35. O mandato da primeira composição dos Conselho de Curadores e Fiscal, bem como da Diretoria Executiva será de 4 (quatro) anos, contados da posse desses integrantes, em reunião extraordinária conjunta convocada especialmente para esse fim, a qual terá a participação de um representante do Ministério Público com atribuição para exercer o velamento da fundação.

Art. 36. O primeiro Conselho de Curadores aprovará, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias de sua instalação, o Regimento Interno da Fundação.

Parágrafo único. Até a edição do Regimento Interno, o Conselho de Curadores valer-se-á de normas provisórias, não se exigindo sua posterior ratificação.

Art. 37. Ao órgão competente do Ministério Público é assegurado assistir às reuniões dos órgãos dirigentes da Fundação, com direito de discutir as matérias em pauta, nas condições que tal direito se reconhecer aos integrantes da estrutura da Fundação.

Parágrafo único. A Fundação dará ciência ao órgão competente do Ministério Público, do dia, hora e local designados para suas sessões ordinárias e extraordinárias, num prazo nunca inferior a 48 (quarenta e oito) horas antes da reunião.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

100

12. ANEXO II – (Termos e ou recibos de doação)

12.1. Contrato de Doação

CONTRATO DE DOAÇÃO

DOADOR: (nome), (nacionalidade), (estado civil), (profissão), inscrito no CPF sob o nº (informar) e no RG nº (informar), residente e domiciliado à (endereço), na cidade de (informar), estado de (informar); DONATÁRIO: (nome), (nacionalidade), (estado civil), (profissão), inscrito no CPF sob o nº (informar) e no RG nº (informar), residente e domiciliado à (endereço), na cidade de (informar), estado de (informar).

As partes acima identificadas têm, entre si, justo e acertado o presente Contrato de Doação, que se regerá pelas cláusulas seguintes e pelas condições descritas no presente.

DO OBJETO DO CONTRATO

Cláusula 1ª. O presente contrato tem como OBJETO, o bem imóvel de propriedade do DOADOR, livre de qualquer ônus ou defeito que possa inquiná-lo de inutilidade, possuindo as seguintes descrições: (características do bem e localização do bem).

Cláusula 2ª. O bem está sendo doado, espontaneamente, sem coação ou vício de consentimento, a título gratuito, por livre e espontânea vontade.

CONDIÇÕES GERAIS

Cláusula 3ª. O presente contrato passa a vigorar entre as partes a partir da assinatura.

Cláusula 4ª. Este instrumento deve ser registrado no Cartório de Títulos e Documentos.

DO FORO

Cláusula 5ª. Para dirimir quaisquer controvérsias oriundas do CONTRATO, as partes elegem o foro da comarca de (indicar).

Por estarem assim justos e contratados, firmam o presente instrumento, em duas vias de igual teor, juntamente com 2 (duas) testemunhas.

(Localidade), (data) de (mês) de (ano).

(Nome e assinatura do Doador)

(Nome e assinatura do Donatário)

(Nome, RG e assinatura da Testemunha 1)

(Nome, RG e assinatura da Testemunha 2)

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

101

12.2. Termo de Doação

TERMO DE DOAÇÃO

A Entidade XYZ, inscrita no CNPJ sob nº. (informar), com sede na (informar endereço), doravante denominada DOADORA, neste ato representada por seu Diretor (informar), portador da Cédula de Identidade (RG) nº (informar) e do CPF n° (informar), resolve proceder à doação para a Entidade ABC, entidade sem fins lucrativos, dotada de personalidade jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob nº (informar), com sede na (informar endereço), neste ato representada por seu Diretor (informar), portador da Cédula de Identidade (RG) nº (informar) e do CPF nº (informar), doravante denominada DONATÁRIA, do(s) equipamento/instrumentos(s) conforme especificação técnica abaixo, perfazendo um valor total de R$ ...................................... (..............................), adquirido(s) com recursos próprios, conforme cópia da nota fiscal nº.........., série ........, emitida pela firma ............................................., em anexo,

Discriminação Unidade Quantidade Valor Unitário Valor T otal

Total

Pelo presente terno de doação, a DONATÁRIA recebe da DOADORA em caráter definitivo e gratuito, os bens acima relacionados.

E, por estarem justas e acertadas, firmam o presente instrumento, em duas vias de iguais teor e forma, para que produza seus legais e jurídicos efeitos, na presença das testemunhas abaixo.

(Localidade), (data) de (mês) de (ano).

(Nome e assinatura do Doador)

(Nome e assinatura do Donatário)

(Nome, RG e assinatura da Testemunha 1)

(Nome, RG e assinatura da Testemunha 2)

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

102

12.3. Termo de Doação

TERMO DE DOAÇÃO A Entidade XYZ, inscrita no CNPJ sob nº. (informar), com sede na (informar endereço), doravante denominada DOADORA, neste ato representada por seu Diretor (informar), portador da Cédula de Identidade (RG) nº (informar) e do CPF n° (informar), resolve proceder à doação para a Entidade ABC, entidade sem fins lucrativos, dotada de personalidade jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob nº (informar), com sede na (informar endereço), neste ato representada por seu Diretor (informar), portador da Cédula de Identidade (RG) nº (informar) e do CPF nº (informar), doravante denominada DONATÁRIA, tem entre si justo e acertado o presente termo de doação, que se regerá pelas cláusulas seguinte:

CLÁUSULA PRIMEIRA: O presente instrumento tem por objeto a doação dos bens a seguir descritos:

Nº Data Unitário Total

Total

ValorNota FiscalDescrição do Bem

Qtde

CLÁUSULA SEGUNDA: O DOADOR, por sua livre e espontânea vontade, como parte de suas ações sociais, doa a DONATÁRIA, os bens descritos na cláusula anterior, transferindo de imediato sua titularidade, posse, uso, gozo e fruição, bem como todos os direitos e deveres inerentes.

Parágrafo Único: A DONATÁRIA aceita a doação expressa neste instrumento e os bens aqui relacionados passam a incorporar seu patrimônio.

CLÁUSULA TERCEIRA: A DONATÁRIA se compromete a utilizar o objeto da doação para os seguintes objetivos:

CLÁUSULA QUARTA: A DONATÁRIA se compromete a assumir toda a responsabilidade e zelar pela boa guarda e manter conservação do referidos bens.

CLÁUSULA QUINTA: Fica eleito o Foro da Comarca de Florianópolis, Santa Catarina, para dirimir qualquer questão decorrente do presente Termo de Compromisso, com renúncia de qualquer outro, por mais privilegiado que seja.

E por estarem de acordo, firmam o presente Termo de Compromisso, em duas vias de igual teor, na presença das testemunhas abaixo.

(Localidade), (data) de (mês) de (ano).

(Nome e assinatura do Doador) (Nome e assinatura do Donatário)

(Nome, RG e assinatura da Testemunha 1) (Nome, RG e assinatura da Testemunha 2)

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

103

12.4. Recibo de doação nos termos da IN-SRF 87/96

RECIBO DE DOAÇÃO .....(Entidade)....., instituição sem fins lucrativos, com sede na .....(sede)...., registrada no Registro Civil das Pessoas Jurídicas sob o nº ...... do Livro ....., em ..../..../........, inscrita no CNPJ sob o nº ........, neste ato representado por ...(nome e qualificação)...., residente e domiciliado na Rua ....(endereço)....., portador da cédula de identidade nº ...(número)....,, expedida por........ em .../..../...., com endereço comercial na Rua ....., inscrita no CPF sob o nº.........(número)...., por ser entidade reconhecida como ....(OSCIP ou Utilidade Pública Federal)... nos termos da lei, em ato publicado pelo Ministério da Justiça, Secretaria Nacional de Justiça no DOU de ..../..../...., certifica ter recebido de

Denominação da pessoa jurídicaCNPJEndereçoRepresentante legal

A quantia de ....(R$.....)....., depositada no Banco .....(nome e número)...., Agência ...(nome e número).... conta corrente de número (....número da conta corrente)... da entidade que ora recebe.

Declara, para efeito do disposto no art. 13, § 2º, inciso III - "a", "b" e "c", da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, e no art. 28, § 1º, letra "b.3" e § 3º, "a", "b" e "c", da IN SRF nº 11, de 21 de fevereiro de 1996, que esta entidade se compromete a aplicar integralmente os recursos recebidos na realização de seus objetivos sociais e a não distribuir lucros, bonificações ou vantagens a dirigentes, mantenedores ou associados, sob nenhuma forma ou pretexto, e que o responsável pela aplicação dos recursos, e o representante legal da entidade estão cientes de que a falsidade na prestação destas informações os sujeitarão, juntamente com as demais pessoas que para ela concorrerem, às penalidades previstas na legislação criminal e tributária, relativas à falsidade ideológica (art. 299 do Código Penal) e ao crime contra a ordem tributária (art. 1º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990).

Local e Data

__________________________________________________________________ RESPONSAVEL PELA APLICAÇÃO REPRESENTANTE LEGAL DOS RECURSOS NOME: C.P.F.:

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

104

13. ANEXO III

Trechos de normas que rege algumas atividades do Terceiro Setor.

13.1. Lei nº 8.212/1991

Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: 6

I - vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa.

II - para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos:

a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes do trabalho seja considerado leve;

b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado médio;

c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado grave.

III - vinte por cento sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais que lhe prestem serviços;

IV - quinze por cento sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, relativamente a serviços que lhe são prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho.

§ 1o No caso de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização, agentes autônomos de seguros privados e de crédito e entidades de previdência privada abertas e fechadas, além das contribuições referidas neste artigo e no art. 23, é devida a

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

105

contribuição adicional de dois vírgula cinco por cento sobre a base de cálculo definida nos incisos I e III deste artigo.

§ 2º Não integram a remuneração as parcelas de que trata o § 9º do art. 28.

§ 3º O Ministério do Trabalho e da Previdência Social poderá alterar, com base nas estatísticas de acidentes do trabalho, apuradas em inspeção, o enquadramento de empresas para efeito da contribuição a que se refere o inciso II deste artigo, a fim de estimular investimentos em prevenção de acidentes.

§ 4º O Poder Executivo estabelecerá, na forma da lei, ouvido o Conselho Nacional da Seguridade Social, mecanismos de estímulo às empresas que se utilizem empregados portadores de deficiências física, sensorial e/ou mental com desvio do padrão médio.

§ 6º A contribuição empresarial da associação desportiva que mantém equipe de futebol profissional destinada à Seguridade Social, em substituição à prevista nos incisos I e II deste artigo, corresponde a cinco por cento da receita bruta, decorrente dos espetáculos desportivos de que participem em todo território nacional em qualquer modalidade desportiva, inclusive jogos internacionais, e de qualquer forma de patrocínio, licenciamento de uso de marcas e símbolos, publicidade, propaganda e de transmissão de espetáculos desportivos.

§ 7º Caberá à entidade promotora do espetáculo a responsabilidade de efetuar o desconto de cinco por cento da receita bruta decorrente dos espetáculos desportivos e o respectivo recolhimento ao Instituto Nacional do Seguro Social, no prazo de até dois dias úteis após a realização do evento.

§ 8º Caberá à associação desportiva que mantém equipe de futebol profissional informar à entidade promotora do espetáculo desportivo todas as receitas auferidas no evento, discriminando-as detalhadamente.

§ 9º No caso de a associação desportiva que mantém equipe de futebol profissional receber recursos de empresa ou entidade, a título de patrocínio, licenciamento de uso de marcas e símbolos, publicidade, propaganda e transmissão de espetáculos, esta última ficará com a responsabilidade de reter e recolher o percentual de cinco por cento da receita bruta decorrente do evento, inadmitida qualquer dedução, no prazo estabelecido na alínea "b", inciso I, do art. 30 desta Lei.

§ 10. Não se aplica o disposto nos §§ 6º ao 9º às demais associações desportivas, que devem contribuir na forma dos incisos I e II deste artigo e do art. 23 desta Lei.

§ 11. O disposto nos §§ 6º ao 9º deste artigo aplica-se à associação desportiva que mantenha equipe de futebol profissional e atividade econômica organizada para a produção e circulação de bens e serviços e que se organize regularmente, segundo um dos tipos regulados nos arts. 1.039 a 1.092 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

106

§ 11-A. O disposto no § 11 deste artigo aplica-se apenas às atividades diretamente relacionadas com a manutenção e administração de equipe profissional de futebol, não se estendendo às outras atividades econômicas exercidas pelas referidas sociedades empresariais beneficiárias.

§ 12. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.170, de 2000).

§ 13. Não se considera como remuneração direta ou indireta, para os efeitos desta Lei, os valores despendidos pelas entidades religiosas e instituições de ensino vocacional com ministro de confissão religiosa, membros de instituto de vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa em face do seu mister religioso ou para sua subsistência desde que fornecidos em condições que independam da natureza e da quantidade do trabalho executado.

Art. 22A. A contribuição devida pela agroindústria, definida, para os efeitos desta Lei, como sendo o produtor rural pessoa jurídica cuja atividade econômica seja a industrialização de produção própria ou de produção própria e adquirida de terceiros, incidente sobre o valor da receita bruta proveniente da comercialização da produção, em substituição às previstas nos incisos I e II do art. 22 desta Lei, é de:

I - dois vírgula cinco por cento destinados à Seguridade Social;

II - zero vírgula um por cento para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade para o trabalho decorrente dos riscos ambientais da atividade.

§ 1o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001).

§ 2o O disposto neste artigo não se aplica às operações relativas à prestação de serviços a terceiros, cujas contribuições previdenciárias continuam sendo devidas na forma do art. 22 desta Lei.

§ 3o Na hipótese do § 2o, a receita bruta correspondente aos serviços prestados a terceiros será excluída da base de cálculo da contribuição de que trata o caput.

§ 4o O disposto neste artigo não se aplica às sociedades cooperativas e às agroindústrias de piscicultura, carcinicultura, suinocultura e avicultura.

§ 5o O disposto no inciso I do art. 3o da Lei no 8.315, de 23 de dezembro de 1991, não se aplica ao empregador de que trata este artigo, que contribuirá com o adicional de zero vírgula vinte e cinco por cento da receita bruta proveniente da comercialização da produção, destinado ao Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR).

§ 6o Não se aplica o regime substitutivo de que trata este artigo à pessoa jurídica que, relativamente à atividade rural, se dedique apenas ao florestamento e reflorestamento como

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

107

fonte de matéria-prima para industrialização própria mediante a utilização de processo industrial que modifique a natureza química da madeira ou a transforme em pasta celulósica.

§ 7o Aplica-se o disposto no § 6o ainda que a pessoa jurídica comercialize resíduos vegetais ou sobras ou partes da produção, desde que a receita bruta decorrente dessa comercialização represente menos de um por cento de sua receita bruta proveniente da comercialização da produção.

Art. 22B. As contribuições de que tratam os incisos I e II do art. 22 desta Lei são substituídas, em relação à remuneração paga, devida ou creditada ao trabalhador rural contratado pelo consórcio simplificado de produtores rurais de que trata o art. 25A, pela contribuição dos respectivos produtores rurais, calculada na forma do art. 25 desta Lei.

Art. 23. As contribuições a cargo da empresa provenientes do faturamento e do lucro, destinadas à Seguridade Social, além do disposto no art. 22, são calculadas mediante a aplicação das seguintes alíquotas:

I - 2% (dois por cento) sobre sua receita bruta, estabelecida segundo o disposto no § 1º do art. 1º do Decreto-lei nº 1.940, de 25 de maio de 1982, com a redação dada pelo art. 22, do Decreto-lei nº 2.397, de 21 de dezembro de 1987, e alterações posteriores; 9

II - 10% (dez por cento) sobre o lucro líquido do período-base, antes da provisão para o Imposto de Renda, ajustado na forma do art. 2º da Lei nº 8.034, de 12 de abril de 1990. 10

§ 1º No caso das instituições citadas no § 1º do art. 22 desta Lei, a alíquota da contribuição prevista no inciso II é de 15% (quinze por cento). 11

§ 2º O disposto neste artigo não se aplica às pessoas de que trata o art. 25.

13.2. Decreto nº 2.536/1998.

Dispõe sobre a concessão do Certificado de Entidade de Fins Filantrópicos a que se refere o inciso IV do art. 18 da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993, e dá outras providência.

Art . 4º - Para fins do cumprimento do disposto neste Decreto, a pessoa jurídica deverá apresentar ao CNAS, além do relatório de execução de plano de trabalho aprovado, pelo menos, as seguintes demonstrações contábeis e financeiras, relativas aos três últimos exercícios:

I - balanço patrimonial;

II - demonstração do resultado do exercício;

III - demonstração de mutação do patrimônio;

IV - demonstração das origem e aplicações de recursos;

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

108

V - notas explicativas.

Parágrafo único. Nas notas explicativas, deverão estar evidenciados o resumo das principais práticas contábeis e os critérios de apuração do total das receitas, das despesas, das gratuidades, das doações, das subvenções e das aplicações de recursos, bem como da mensuração dos gastos e despesas relacionados com a atividade assistencial, especialmente daqueles necessários à comprovação do disposto no inciso VI do art. 3º, e demonstradas as contribuições previdenciárias devida, como se a entidade não gozasse da isenção.

13.3. Lei nº 9.249/1995

Art. 13. Para efeito de apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, são vedadas as seguintes deduções, independentemente do disposto no art. 47 da Lei nº 4.506, de 30 de novembro de 1964:

I - de qualquer provisão, exceto as constituídas para o pagamento de férias de empregados e de décimo-terceiro salário, a de que trata o art. 43 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995, e as provisões técnicas das companhias de seguro e de capitalização, bem como das entidades de previdência privada, cuja constituição é exigida pela legislação especial a elas aplicável; (Vide Lei 9.430, de 1996)

II - das contraprestações de arrendamento mercantil e do aluguel de bens móveis ou imóveis, exceto quando relacionados intrinsecamente com a produção ou comercialização dos bens e serviços;

III - de despesas de depreciação, amortização, manutenção, reparo, conservação, impostos, taxas, seguros e quaisquer outros gastos com bens móveis ou imóveis, exceto se intrinsecamente relacionados com a produção ou comercialização dos bens e serviços;

IV - das despesas com alimentação de sócios, acionistas e administradores;

V - das contribuições não compulsórias, exceto as destinadas a custear seguros e planos de saúde, e benefícios complementares assemelhados aos da previdência social, instituídos em favor dos empregados e dirigentes da pessoa jurídica;

VI - das doações, exceto as referidas no § 2º;

VII - das despesas com brindes.

§ 1º Admitir-se-ão como dedutíveis as despesas com alimentação fornecida pela pessoa jurídica, indistintamente, a todos os seus empregados.

§ 2º Poderão ser deduzidas as seguintes doações:

I - as de que trata a Lei nº 8.313, de 23 de dezembro de 1991;

II - as efetuadas às instituições de ensino e pesquisa cuja criação tenha sido autorizada por lei federal e que preencham os requisitos dos incisos I e II do art. 213 da Constituição Federal,

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

109

até o limite de um e meio por cento do lucro operacional, antes de computada a sua dedução e a de que trata o inciso seguinte;

III - as doações, até o limite de dois por cento do lucro operacional da pessoa jurídica, antes de computada a sua dedução, efetuadas a entidades civis, legalmente constituídas no Brasil, sem fins lucrativos, que prestem serviços gratuitos em benefício de empregados da pessoa jurídica doadora, e respectivos dependentes, ou em benefício da comunidade onde atuem, observadas as seguintes regras:

a) as doações, quando em dinheiro, serão feitas mediante crédito em conta corrente bancária diretamente em nome da entidade beneficiária;

b) a pessoa jurídica doadora manterá em arquivo, à disposição da fiscalização, declaração, segundo modelo aprovado pela Secretaria da Receita Federal, fornecida pela entidade beneficiária, em que esta se compromete a aplicar integralmente os recursos recebidos na realização de seus objetivos sociais, com identificação da pessoa física responsável pelo seu cumprimento, e a não distribuir lucros, bonificações ou vantagens a dirigentes, mantenedores ou associados, sob nenhuma forma ou pretexto;

c) a entidade civil beneficiária deverá ser reconhecida de utilidade pública por ato formal de órgão competente da União.

13.4. IN SRF nº 11/1996

Contribuições e Doações

Art. 28. Para efeito de apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro é vedada a dedução das despesas com doações e contribuições não compulsórias.

§ 1º A vedação de que trata este artigo não se aplica, exclusivamente, em relação às:

a) contribuições destinadas a custear seguros e planos de saúde e benefícios complementares assemelhados aos da previdência social, instituídos em favor dos empregados e dirigentes da pessoa jurídica;

b) doações efetuadas:

1.a projetos culturais de que trata a Lei nº 8.313, de 23 dezembro de 1991;

2. às instituições de ensino e pesquisa cuja criação tenha sido autorizada por lei federal, até o limite de um e meio por cento do lucro operacional, antes de computada a sua dedução e a mencionada no nº 3, observado o disposto no º 2º;

3. a entidades civis, legalmente constituídas no Brasil, sem fins lucrativos, que prestem serviços gratuitos em benefício de empregados da pessoa jurídica doadora, e respectivos dependentes, ou em benefício da comunidade onde atuem, até o limite de dois por cento do lucro operacional, antes de computada a sua dedução, observado o disposto no § 3º.

§ 2º Na hipótese de que trata o § 1º, b, 2, somente poderão ser deduzidas as doações à entidade donatária que, cumulativamente:

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

110

a) comprove finalidade não-lucrativa;

b) aplique seus excedentes financeiros em educação;

c) assegure a destinação de seu patrimônio à outra escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder Público, no caso de encerramento de suas atividades.

§ 3º Na hipótese de que trata o § 1º, b, 3, a dedutibilidade das doações está condicionada a que:

a) a entidade civil beneficiária tenha sido reconhecida de utilidade pública por ato formal de órgão competente da União, exceto quando se tratar de entidade que preste exclusivamente serviços gratuitos em benefício de empregados da pessoa jurídica doadora;

b) as doações em dinheiro sejam feitas mediante crédito em conta corrente bancária diretamente em nome da entidade beneficiária;

c) a doadora mantenha em arquivo, à disposição da fiscalização, declaração segundo modelo aprovado pela Secretaria da Receita Federal, fornecida pela entidade beneficiária, em que esta se compromete a aplicar integralmente os recursos recebidos na realização de seus objetivos sociais, com identificação da pessoa física responsável pelo seu cumprimento, e a não distribuir lucros, bonificações ou vantagens a dirigentes, mantenedores ou associados, sob nenhuma forma ou pretexto.

13.5. IN SRF nº 87/1996

O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL , no uso de suas atribuições e tendo em vista as disposições da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, resolve:

Art. 1º Aprovar o modelo anexo de declaração, a ser prestada pelas entidades civis, legalmente constituídas no Brasil, sem fins lucrativos, quando do recebimento de recursos sob forma de doação, nos termos do art. 13, § 2º, inciso III, alíneas "a", "b" e "c", da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995.

Art. 2º A falsidade na prestação das informações contidas na declaração constitui crime na forma do art. 299 do Código Penal, e também crime contra a ordem tributária na forma do art. 1º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990.

Art. 3º A pessoa jurídica doadora deverá manter em arquivo, à disposição da fiscalização, a declaração firmada com base nesta Instrução Normativa.

Art. 4º Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos a partir de 1º de janeiro de 1997.

EVERARDO MACIEL

ANEXO

DECLARAÇÃO

Entidade Civil

1. Identificação

Nome: Endereço Completo da Sede:

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

111

C.G.C.:

2. Informações Bancárias

Banco: Agência:

Conta Corrente:

3. Ato Formal, de Órgão Competente da União, de Rec onhecimento de Utilidade Pública

Tipo de Ato: Data de Expedição:

Número: Páginas do D.O.U:

Data de Publicação:

4. Responsável pela Aplicação Legal dos Recursos

Nome: R.G. nº: Órgão Expedidor:

Data de Expedição:

C.P.F.: Endereço Residencial:

Endereço Profissional:

Declaram, para efeito do disposto no art. 13, § 2º, inciso III - "a", "b" e "c", da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995 , e no art. 28, § 1º, letra "b.3" e § 3º, "a", "b" e "c", da IN SRF nº 11, de 21 de fevereiro de 1996, que esta entidade se compromete a aplicar integralmente os recursos recebidos na realização de seus objetivos sociais e a não distribuir lucros, bonificações ou vantagens a dirigentes, mantenedores ou associados, sob nenhuma forma ou pretexto, e que o responsável pela aplicação dos recursos, e o representante legal da entidade estão cientes de que a falsidade na prestação destas informações os sujeitarão, juntamente com as demais pessoas que para ela concorrerem, às penalidades previstas na legislação criminal e tributária, relativas à falsidade ideológica (art. 299 do Código Penal) e ao crime contra a ordem tributária (art. 1º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990).

Local e Data

__________________________________________

RESPONSAVEL PELA APLICAÇÃO REPRESENTANTE LEGAL

DOS RECURSOS

NOME:

C.P.F.:

13.6. NBC T-10.19 – Entidades sem finalidade de lucros.

10.19.3.3 - As demonstrações contábeis devem ser complementadas por notas explicativas que contenham, pelo menos, as seguintes informações:

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

112

a. o resumo das principais práticas contábeis;

b. os critérios de apuração das receitas e das despesas,especialmente com gratuidades, doações, subvenções, contribuições e aplicações de recursos;

c. as contribuições previdenciárias relacionadas com a atividade assistencial devem ser demonstradas como se a entidade não gozasse de isenção, conforme normas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS);

d. as subvenções recebidas pela entidade, a aplicação dos recursos e as responsabilidades decorrentes dessas subvenções;

e. os fundos de aplicação restrita e responsabilidades decorrentes desses fundos;

f. evidenciação dos recursos sujeitos a restrições ou vinculações por parte do doador;

g. eventos subseqüentes à data do encerramento do exercício que tenham, ou possam vir a ter efeito relevante sobre a situação financeira e os resultados futuros da entidade;

h. as taxas de juros, as datas de vencimento e as garantias das obrigações a longo prazo;

i. informações sobre os tipos de seguro contratados;

j. as entidades educacionais, além das notas explicativas, devem evidenciar a adequação das receitas com as despesas de pessoal, segundo parâmetros estabelecidos pela Lei das Diretrizes e Bases da Educação e sua regulamentação.

k. as entidades beneficiadas com isenção de tributos e contribuições devem evidenciar, em Notas Explicativas, suas receitas com e sem gratuidade de forma segregada, e os benefícios fiscais gozados. (**)

13.7. IN-RFB nº 971/2009

Art. 236. A entidade beneficente de assistência social em gozo de isenção é obrigada a apresentar, anualmente, até 30 de abril, a unidade da RFB da jurisdição de sua sede, mediante protocolo, relatório circunstanciado de suas atividades no exercício anterior, em que constem, sem prejuízo de outros dados que a entidade ou a RFB julgarem necessários:

I - informações cadastrais, em conformidade com o Anexo X, relativas:

a) à localização da sede da entidade;

b) ao nome e à qualificação dos responsáveis pela entidade;

c) à relação dos estabelecimentos e das obras de construção civil vinculados à entidade, identificados pelos respectivos números do CNPJ ou da matrícula CEI;

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

113

II - resumo de informações de assistência social, com o valor da isenção usufruída, a descrição sumária dos serviços assistenciais, nas áreas de assistência social, de educação ou de saúde, a quantidade de atendimentos que prestou e os respectivos custos, conforme modelo constante do Anexo XI;

III - descrição pormenorizada dos serviços assistenciais prestados.

Art. 237. O relatório de atividades, previsto no art. 236, deverá ser instruído com os seguintes documentos:

I - cópia do Ceas vigente ou prova de haver requerido sua renovação, caso tenha expirado o prazo de validade desse Certificado;

II - cópia de certidão fornecida pelo Ministério da Justiça que comprove a regularidade da entidade naquele órgão;

III - cópia de certidão ou de documento que comprove estar a entidade em condições de regularidade no órgão gestor de assistência social estadual ou municipal ou do Distrito Federal;

IV - cópia de certidão ou de documento fornecido pelo órgão competente que comprove estar a entidade em condição regular para a manutenção da titularidade de utilidade pública estadual ou municipal ou do Distrito Federal;

V - cópia do acordo ou da convenção coletiva de trabalho, quando necessários;

VI - cópia do balanço patrimonial, demonstração de resultado do exercício com discriminação de receitas e despesas, demonstração de mutação de patrimônio e notas explicativas;

VII - cópia do convênio com o SUS, para a entidade que atua na área da saúde;

VIII - relação nominativa dos alunos bolsistas contendo filiação, endereço, telefone (se houver), Cadastro da Pessoa Física (CPF) (dos pais/responsáveis e bolsistas), custo e percentual da bolsa, para a entidade que atua na área da educação;

IX - cópia da planilha de custo de apuração do valor da mensalidade de que trata a Lei nº 9.870, de 23 de novembro de 1999, na forma estabelecida pelo Decreto nº 3.274, de 6 de dezembro de 1999, para a entidade que atua na área da educação;

X - cópia de certidão ou de documento expedido pelo Ministério da Educação que comprove o efetivo cumprimento das obrigações assumidas em razão da adesão ao Prouni.

Art. 238. A falta de apresentação à RFB do relatório anual circunstanciado ou de qualquer documento que o acompanhe, constitui infração à obrigação acessória prevista no inciso VI do art. 47, conforme § 2º do art. 33 da Lei nº 8.212, de 1991.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

114

Art. 239. A simples entrega do relatório anual de atividades pela entidade e o respectivo protocolo na RFB não implica reconhecimento do direito à isenção.

13.8. Decreto nº 3.048/1999

Da Isenção de Contribuições

Art. 206. Fica isenta das contribuições de que tratam os arts. 201, 202 e 204 a pessoa jurídica de direito privado beneficente de assistência social que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos:

I - seja reconhecida como de utilidade pública federal;

II - seja reconhecida como de utilidade pública pelo respectivo Estado, Distrito Federal ou Município onde se encontre a sua sede;

III - seja portadora do Registro e do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social fornecidos pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos; (Redação da pelo Decreto nº 4.032, de 2001)

IV - promova, gratuitamente e em caráter exclusivo, a assistência social beneficente a pessoas carentes, em especial a crianças, adolescentes, idosos e portadores de deficiência;

V - aplique integralmente o eventual resultado operacional na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais, apresentando, anualmente, relatório circunstanciado de suas atividades ao Instituto Nacional do Seguro Social; e

VI - não percebam seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores, benfeitores, ou equivalentes, remuneração, vantagens ou benefícios, por qualquer forma ou título, em razão das competências, funções ou atividades que lhes são atribuídas pelo respectivo estatuto social.

VII - esteja em situação regular em relação às contribuições sociais. (Incluído pelo Decreto

nº 4.032, de 2001)

§ 1º Para os fins deste artigo, entende-se por assistência social beneficente a prestação gratuita de benefícios e serviços a quem destes necessitar.

§ 2º Considera-se pessoa carente a que comprove não possuir meios de prover a própria manutenção, nem tê-la provida por sua família, bem como ser destinatária da Política Nacional de Assistência Social, aprovada pelo Conselho Nacional de Assistência Social.

§ 3º Para efeito do parágrafo anterior, considera-se não possuir meios de prover a própria manutenção, nem tê-la provida por sua família, a pessoa cuja renda familiar mensal corresponda a, no máximo, R$ 271,99 (duzentos e setenta e um reais e noventa e nove centavos), reajustados nas mesmas épocas e com os mesmos índices utilizados para o reajustamento do benefício de prestação continuada da assistência social.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

115

§ 4º Considera-se também de assistência social beneficente a pessoa jurídica de direito privado que, anualmente, ofereça e preste efetivamente, pelo menos, sessenta por cento dos seus serviços ao Sistema Único de Saúde, não se lhe aplicando o disposto nos §§ 2º e 3º deste artigo.

§ 5º A isenção das contribuições é extensiva a todas as entidades mantidas, suas dependências, estabelecimentos e obras de construção civil da pessoa jurídica de direito privado beneficente, quando por ela executadas e destinadas a uso próprio.

§ 6º A isenção concedida a uma pessoa jurídica não é extensiva e nem abrange outra pessoa jurídica, ainda que esta seja mantida por aquela, ou por ela controlada.

§ 7º O Instituto Nacional do Seguro Social verificará, periodicamente, se a pessoa jurídica de direito privado beneficente continua atendendo aos requisitos de que trata este artigo.

§ 8º O Instituto Nacional do Seguro Social cancelará a isenção da pessoa jurídica de direito privado beneficente que não atender aos requisitos previstos neste artigo, a partir da data em que deixar de atendê-los, observado o seguinte procedimento:

I - se a fiscalização do Instituto Nacional do Seguro Social verificar que a pessoa jurídica a que se refere este artigo deixou de cumprir os requisitos nele previstos, emitirá Informação Fiscal na qual relatará os fatos que determinaram a perda da isenção;

II - a pessoa jurídica de direito privado beneficente será cientificada do inteiro teor da Informação Fiscal, sugestões e conclusões emitidas pelo Instituto Nacional do Seguro Social e terá o prazo de quinze dias para apresentação de defesa e produção de provas;

III - apresentada à defesa ou decorrido o prazo sem manifestação da parte interessada, o Instituto Nacional do Seguro Social decidirá acerca do cancelamento da isenção, emitindo Ato Cancelatório, se for o caso; e

IV - cancelada a isenção, a pessoa jurídica de direito privado beneficente terá o prazo de trinta dias contados da ciência da decisão, para interpor recurso, com efeito, suspensivo ao Conselho de Recursos da Previdência Social. (Redação dada pelo Decreto nº 4.862, de 2003)

§ 9º Não cabe recurso ao Conselho de Recursos da Previdência Social da decisão que cancelar a isenção com fundamento nos incisos I, II e III do caput.

§ 10. O Instituto Nacional do Seguro Social comunicará à Secretaria de Estado de Assistência Social, à Secretaria Nacional de Justiça, à Secretaria da Receita Federal e ao Conselho Nacional de Assistência Social o cancelamento de que trata o § 8º.

§ 11. As pessoas jurídicas de direito privado beneficentes, resultantes de cisão ou desmembramento das que se encontram em gozo de isenção nos termos deste artigo, poderão requerê-la, sem qualquer prejuízo, até quarenta dias após a cisão ou o desmembramento,

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

116

podendo, para tanto, valer-se da mesma documentação que possibilitou o reconhecimento da isenção da pessoa jurídica que lhe deu origem.

§ 12. A existência de débito em nome da requerente, observado o disposto no § 13 constitui motivo para o cancelamento da isenção, com efeitos a contar do primeiro dia do segundo mês subseqüente àquele em que a entidade se tornou devedora de contribuição social. (Incluído pelo Decreto nº 4.032, de 2001)

§ 13. Considera-se entidade em débito, para os efeitos do § 12 deste artigo e do § 3º do art. 208, quando contra ela constar crédito da seguridade social exigível, decorrente de obrigação assumida como contribuinte ou responsável, constituído por meio de notificação fiscal de lançamento, auto-de-infração, confissão ou declaração, assim entendido, também, o que tenha sido objeto de informação na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social.(Incluído pelo Decreto nº 4.032, de 2001)

Art. 207. A pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos, que exerce atividade educacional nos termos da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, ou que atenda ao Sistema Único de Saúde, mas não pratique de forma exclusiva e gratuita atendimento a pessoas carentes, gozará da isenção das contribuições de que tratam os arts. 201, 202 e 204, na proporção do valor das vagas cedidas, integral e gratuitamente, a carentes ou do valor do atendimento à saúde de caráter assistencial, desde que satisfaçam os requisitos constantes dos incisos I, II, III, V e VI do caput do art. 206.

§ 1º O valor da isenção a ser usufruída pela pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos da área de educação corresponde ao percentual resultante da relação existente entre o valor efetivo total das vagas cedidas, integral e gratuitamente, e a receita bruta mensal proveniente da venda de serviços e de bens não integrantes do ativo imobilizado, acrescida da receita decorrente de doações particulares, a ser aplicado sobre o total das contribuições sociais devidas.

§ 2º Não será considerado, para os fins do cálculo da isenção de que trata o parágrafo anterior, o valor das vagas cedidas com gratuidade parcial, nem cedidas a alunos não carentes.

§ 3º O valor da isenção a ser usufruída pela pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos que presta serviços ao Sistema Único de Saúde corresponde ao percentual resultante da relação existente entre a receita auferida com esses serviços e o total da receita bruta mensal proveniente da venda de serviços e de bens não integrantes do ativo imobilizado, acrescida da receita decorrente de doações particulares, excluída a receita decorrente dos atendimentos ao Sistema Único de Saúde, a ser aplicado sobre o total das contribuições sociais devidas.

§ 4º O cálculo do percentual de isenção a ser utilizado mês a mês será efetuado tomando-se por base as receitas de serviços e contribuições relativas ao mês anterior ao da competência, à exceção do mês de abril de 1999, que será efetuado tomando-se por base os valores do próprio mês.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

117

§ 5º No caso de pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos que preste simultaneamente serviços nas áreas de educação e saúde, a isenção a ser usufruída será calculada nos termos dos §§ 1º e 3º, em relação a cada uma daquelas atividades, isoladamente.

§ 6º O recolhimento das contribuições previstas nos arts. 201 e 202, para a pessoa jurídica de direito privado de que trata este artigo, deduzida a isenção calculada com base nos §§ 1º e 3º, deverá ser efetuado até o dia dois do mês seguinte ao da competência.

§ 7º A isenção das contribuições é extensiva a todas as entidades mantidas, suas dependências, estabelecimentos e obras de construção civil da pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos, quando por ela executadas e destinadas a uso próprio, desde que voltadas a atividades educacionais ou de atendimento ao Sistema Único de Saúde, na forma deste Regulamento.

§ 8º O Instituto Nacional do Seguro Social verificará, periodicamente, se a pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos continua atendendo aos requisitos de que trata este artigo.

§ 9º Caberá ao órgão gestor municipal de assistência social, bem como ao respectivo conselho, acompanhar e fiscalizar a concessão das vagas, integrais e gratuitas, cedidas anualmente pela pessoa jurídica de direito privado de que trata o caput.

§ 10. Aplica-se à pessoa jurídica de direito privado de que trata o caput o disposto nos §§ 2º, 3º, 6º, 8º, 9º, 10 e 11 do art. 206.

§ 11. Para os efeitos deste artigo, considera-se carente o aluno de curso de educação superior cuja renda familiar mensal per capita corresponda, no máximo, a R$ 313,83 (trezentos e treze reais e oitenta e três centavos), reajustados nas mesmas épocas e com os mesmos índices utilizados para o reajustamento do benefício de prestação continuada da assistência social.

Art. 208. A pessoa jurídica de direito privado deve requerer o reconhecimento da isenção ao Instituto Nacional do Seguro Social, em formulário próprio, juntando os seguintes documentos:

I - decretos declaratórios de entidade de utilidade pública federal e estadual ou do Distrito Federal ou municipal;

II - Registro e Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social fornecidos pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos; (Redação dada pelo

Decreto nº 4.032, de 2001)

III - estatuto da entidade com a respectiva certidão de registro em cartório ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas;

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

118

IV - ata de eleição ou nomeação da diretoria em exercício, registrada em cartório ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas;

V - comprovante de entrega da declaração de imunidade do imposto de renda de pessoa jurídica, fornecido pelo setor competente do Ministério da Fazenda;

VI - relação nominal de todas as suas dependências, estabelecimentos e obras de construção civil, identificados pelos respectivos números de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica ou matrícula no Cadastro Específico do Instituto Nacional do Seguro Social; e

VII - resumo de informações de assistência social, em formulário próprio.

§ 1º O Instituto Nacional do Seguro Social decidirá sobre o pedido no prazo de trinta dias contados da data do protocolo.

§ 2º Deferido o pedido, o Instituto Nacional do Seguro Social expedirá Ato Declaratório e comunicará à pessoa jurídica requerente a decisão sobre o pedido de reconhecimento do direito à isenção, que gerará efeito a partir da data do seu protocolo.

§ 3º A existência de débito em nome da requerente constitui impedimento ao deferimento do pedido até que seja regularizada a situação da entidade requerente, hipótese em que a decisão concessória da isenção produzirá efeitos a partir do 1º dia do mês em que for comprovada a regularização da situação. (Redação dada pelo Decreto nº 4.032, de 2001)

§ 4º No caso de não ser proferida a decisão de que trata o § 1º, o interessado poderá reclamar à autoridade superior, que apreciará o pedido da concessão da isenção requerida e promoverá a apuração de eventual responsabilidade do servidor omisso, se for o caso.

§ 5º Indeferido o pedido de isenção, cabe recurso ao Conselho de Recursos da Previdência Social, que decidirá por uma de suas Câmaras de Julgamento.

§ 6º Os documentos referidos nos incisos I a V poderão ser apresentados por cópia, conferida e autenticada pelo servidor encarregado da instrução, à vista dos respectivos originais.

Art. 209. A pessoa jurídica de direito privado beneficiada com a isenção de que trata os arts. 206 ou 207 é obrigada a apresentar, anualmente, até 30 de abril, ao órgão do Instituto Nacional do Seguro Social jurisdicionante de sua sede, relatório circunstanciado de suas atividades no exercício anterior, na forma por ele definida, contendo as seguintes informações e documentos:

I - localização de sua sede;

II - nome e qualificação completa de seus dirigentes;

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

119

III - relação dos seus estabelecimentos e obras de construção civil identificados pelos respectivos números do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica ou no Cadastro Específico do Instituto Nacional do Seguro Social;

IV - descrição pormenorizada dos serviços assistenciais, de educação ou de saúde prestados a pessoas carentes, em especial a crianças, adolescentes, idosos e portadores de deficiência, mencionando a quantidade de atendimentos e os respectivos custos, para o caso da pessoa jurídica de direito privado a que se refere o art. 206;

V - demonstrativo mensal por atividade, no qual conste a quantidade de atendimentos gratuitos oferecidos a pessoas carentes, o valor efetivo total das vagas cedidas, a receita proveniente dos atendimentos prestados ao Sistema Único de Saúde, o valor da receita bruta, da contribuição social devida, o percentual e o valor da isenção usufruída, para o caso da pessoa jurídica de direito privado a que se refere o art. 207; e

VI - resumo de informações de assistência social.

§ 1º A pessoa jurídica de direito privado de que trata o caput será, ainda, obrigada a manter à disposição do Instituto Nacional do Seguro Social, durante dez anos, os seguintes documentos:

I - balanço patrimonial e da demonstração de resultado do exercício, com discriminação das receitas e despesas, relativos ao exercício anterior, para o caso da pessoa jurídica de direito privado de que trata o art. 206;

II - demonstrações contábeis e financeiras relativas ao exercício anterior, para o caso da pessoa jurídica de direito privado de que trata o art. 207, abrangendo:

a) balanço patrimonial;

b) demonstração de resultado do exercício, com discriminação das receitas e despesas;

c) demonstração de mutação de patrimônio; e

d) notas explicativas.

§ 2º A pessoa jurídica de direito privado de que trata o caput deverá apresentar, até 31 de janeiro de cada ano, plano de ação das atividades a serem desenvolvidas durante o ano em curso.

§ 3º A pessoa jurídica de direito privado manterá, ainda, as folhas de pagamento relativas ao período, bem como os respectivos documentos de arrecadação que comprovem o recolhimento das contribuições ao Instituto Nacional do Seguro Social, além de outros documentos que possam vir a ser solicitados pela fiscalização do Instituto, devendo, também,

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

120

registrar na sua contabilidade, de forma discriminada, os valores aplicados em gratuidade, bem como o valor correspondente à isenção das contribuições previdenciárias a que fizer jus.

§ 4º O Ministério da Previdência e Assistência Social poderá determinar à pessoa jurídica de direito privado isenta das contribuições sociais nos termos dos arts. 206 ou 207 que obedeça a plano de contas padronizado segundo critérios por ele definidos, aos princípios fundamentais de contabilidade e às normas emanadas do Conselho Federal de Contabilidade.

§ 5º Aplicam-se à pessoa jurídica de direito privado no exercício do direito à isenção as demais normas de arrecadação, fiscalização e cobrança estabelecidas neste Regulamento.

§ 6º A falta da apresentação do relatório anual circunstanciado ou de qualquer documento que o acompanhe ao Instituto Nacional do Seguro Social constitui infração ao inciso III do caput do art. 225.

§ 7º A pessoa jurídica de direito privado que se enquadre nos arts. 206 ou 207 deverá manter, em seu estabelecimento, em local visível ao público, placa indicativa da respectiva disponibilidade de serviços gratuitos de assistência social, educacionais ou de saúde a pessoas carentes, em especial a crianças, adolescentes, idosos e portadores de deficiência, indicando tratar-se de pessoa jurídica de direito privado abrangida pela isenção de contribuições sociais, segundo modelo estabelecido pelo Ministério da Previdência e Assistência Social.

Art. 210. O Instituto Nacional do Seguro Social, a Secretaria de Estado de Assistência Social e o Conselho Nacional de Assistência Social manterão intercâmbio de informações, observados os seguintes procedimentos:

I - o Conselho Nacional de Assistência Social comunicará mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro Social e à Secretaria de Estado de Assistência Social as decisões sobre deferimento ou indeferimento dos pedidos de concessão ou renovação do Registro e do Certificado de Entidade de Fins Filantrópicos;

II - os Conselhos de Assistência Social dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e os órgãos gestores desses entes estatais comunicarão, a qualquer época, ao Instituto Nacional do Seguro Social, à Secretaria de Estado de Assistência Social e ao Conselho Nacional de Assistência Social as irregularidades verificadas na oferta dos serviços assistenciais prestados pela pessoa jurídica de direito privado abrangida pela isenção de contribuições sociais; e

III - o Instituto Nacional do Seguro Social repassará à Secretaria de Estado de Assistência Social e ao Conselho Nacional de Assistência Social as informações de assistência social relativas às pessoas jurídicas de direito privado abrangidas pela isenção de contribuições sociais.

Parágrafo único. O Instituto Nacional do Seguro Social publicará anualmente, até 30 de junho, para fins de controle de fiscalização, informando à Secretaria de Estado de Assistência Social, ao Conselho Nacional de Assistência Social, à Secretaria da Receita Federal e à

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

121

Secretaria Nacional de Justiça, a lista das entidades beneficentes ou as isentas a que se refere os arts. 206 e 207, especialmente as de educação e de saúde.

13.9. Lei nº 12.101/2009

Da Concessão e do Cancelamento

Art. 21. A análise e decisão dos requerimentos de concessão ou de renovação dos certificados das entidades beneficentes de assistência social serão apreciadas no âmbito dos seguintes Ministérios:

I - da Saúde, quanto às entidades da área de saúde;

II - da Educação, quanto às entidades educacionais; e

III - do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, quanto às entidades de assistência social.

§ 1o A entidade interessada na certificação deverá apresentar, juntamente com o requerimento, todos os documentos necessários à comprovação dos requisitos de que trata esta Lei, na forma do regulamento.

§ 2o A tramitação e a apreciação do requerimento deverão obedecer à ordem cronológica de sua apresentação, salvo em caso de diligência pendente, devidamente justificada.

§ 3o O requerimento será apreciado no prazo a ser estabelecido em regulamento, observadas as peculiaridades do Ministério responsável pela área de atuação da entidade.

§ 4o O prazo de validade da certificação será fixado em regulamento, observadas as especificidades de cada uma das áreas e o prazo mínimo de 1 (um) ano e máximo de 5 (cinco) anos.

§ 5o O processo administrativo de certificação deverá, em cada Ministério envolvido, contar com plena publicidade de sua tramitação, devendo permitir à sociedade o acompanhamento pela internet de todo o processo.

§ 6o Os Ministérios responsáveis pela certificação deverão manter, nos respectivos sítios na internet, lista atualizada com os dados relativos aos certificados emitidos, seu período de vigência e sobre as entidades certificadas, incluindo os serviços prestados por essas dentro do âmbito certificado e recursos financeiros a elas destinados.

Art. 22. A entidade que atue em mais de uma das áreas especificadas no art. 1o deverá requerer a certificação e sua renovação no Ministério responsável pela área de atuação preponderante da entidade.

Parágrafo único. Considera-se área de atuação preponderante aquela definida como atividade econômica principal no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica do Ministério da Fazenda.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

122

Art. 23. (VETADO)

Art. 24. Os Ministérios referidos no art. 21 deverão zelar pelo cumprimento das condições que ensejaram a certificação da entidade como beneficente de assistência social, cabendo-lhes confirmar que tais exigências estão sendo atendidas por ocasião da apreciação do pedido de renovação da certificação.

§ 1o O requerimento de renovação da certificação deverá ser protocolado com antecedência mínima de 6 (seis) meses do termo final de sua validade.

§ 2o A certificação da entidade permanecerá válida até a data da decisão sobre o requerimento de renovação tempestivamente apresentado.

Art. 25. Constatada, a qualquer tempo, a inobservância de exigência estabelecida neste Capítulo, será cancelada a certificação, nos termos de regulamento, assegurado o contraditório e a ampla defesa.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

123

14. BIBLIOGRAFIA

ARAÚJO, Osório Cavalcante. Contabilidade para organizações do terceiro setor. São Paulo:

Atlas, 2009. 164p. ISBN 978-85-224-4146-4.

BRASIL. Código Tributário Nacional, Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5172.htm>. Acesso em 23 de nov de 2008.

_______________. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm>. Acesso em 20 de nov de 2008.

_______________. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm>. Acesso em 21 de nov de

2008.

_______________. Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8036consol.htm>. Acesso em 20 de nov de 2008.

_______________. Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9532.htm>. Acesso em 20 de nov de 2008.

_______________. Regulamento do Imposto de Renda – Decreto nº 3.000, de 26 de março de

1999. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/RIR/L2Parte1.htm> Acesso

em 23 de nov de 2008.

_______________. Medida Provisória de nº 2.158-35, de 24 de agosto de 2001. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2158-35.htm>. Acesso em 21 de nov de 2008.

DRUCKER, Peter F. Administração de organizações sem fins lucrativos. São Paulo: Pioneira,

1994.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Manual de Procedimentos Contábeis para

Fundações e Entidades de Interesse Social, 2ª edição 2007 – Fundação Brasileira de

Contabilidade _ FBC.

Contabilidade Terceiro Setor – Material de Apoio Professor Olair Ferreira Nunes

124

JUND, Sérgio. Auditoria – Conceitos, Normas, Técnicas e Procedimentos. Rio de Janeiro: Ed.

Campus, 2006. 788p. ISBN 85-352-2106-9.

MACHADO, Maria Rejane Bitencourt. Entidades de assistência social. Curitiba: Juruá, 2008.

178p. ISBN 978-85-362-1580-8.

OLAK, Paulo Arnaldo; NASCIMENTO, Diogo Toledo. Contabilidade para Entidades Sem Fins

Lucrativos 2ª edição São Paulo – Atlas, 2008.

PAES, José Eduardo Sabo. Fundações, Associações e Entidades de Interesse Social. 4ª ed.,

Brasília: Brasília Jurídica, 2003. 672p. ISBN 85-7469-213-1.

PAGANATTO, Rogério Gerlah. Nossa Entidade está recolhendo ou não adequadamente os

tributos? Disponível em: <http://www.qualityassociados.com.br/upload/arquivo_download/1864/

Mat%C3%A9ria%20Tribut%C3%A1ria%203%20Setor.doc>. Acesso em 25 nov 2008.

RESENDE, Tomáz de Aquino. Terceiro Setor, ONGs e Institutos. Disponível em:

<http://www.fundata.org.br/Artigos%20-%20Cefeis/12%20-%20TERCEIRO%20SETOR,20ongs.

pdf>. Acesso em 20 nov 2008.

ROCHA, Sílvio Luís Ferreira da. Coleção: Temas de Direito Administrativo — Terceiro Setor. São

Paulo: Malheiros Editores, 2003. 640p. ISBN 85-88680-37-8.