material de apoio direito tributário 2014.1

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DIREITO TRIBUTÁRIO – MATERIAL DE APOIO - PROF. EDELSON REIS – 2014.1 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO – UNIDADE I PONTO 1. DIREITO TRIBUTÁRIO. CONCEITO. OBJETO. FINALIDADE(S) 1. Co!"#$o Podemos conceituar o D#%"#$o T%#&'$ %#o como ramo do #%"#$o *+&,#!o que disciplina direitos, deveres e obrigações entre os !o$%#&'#$" (pessoas naturais e pessoas jurídicas) e as "$# " $%#&'$ $" (União, Estado, Distrito ederal !unicípios), bem como "$# " *%" $$# (sindicatos, consel"os de classe, autarquias, serviços sociais, etc), dispondo sobre a arrecad p#blicas derivadas, atrav$s de $%#&'$o (impostos, ta%as e contribuições mel"oria), !o$%#&'#/ " o!# # (previdenci&rias, pro'issionais, sindicais e d intervenção no domínio econ mico) e " *% $# o !o *', 3%#o 2. O& "$o * D#%"#$o T%#&'$ %#o tem por objeto a # $#$'#/5o " $%#&'$o , retirando parte da rique+a produ+ida pelos particulares para 'inanciamento da atividad 6. F# ,# "( ) * D#%"#$o T%#&'$ %#o $ um instrumento jurídico que ,"7#$# !o&% / " $%#&'$o , mas nem sempre o Estado age com o intuito de arrecadar e suas 'inalidades- ) F# !, . / 8'/5o *%"!9*' do Direito 0ribut&rio $ *%o*o%!#o % %"!"#$ "%#: ao Estado, ou seja, arrecadar tributos para 'inanciar estatal

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DIREITO TRIBUTRIO MATERIAL DE APOIO - PROF. EDELSON REIS 2014.1

CONTEDO PROGRAMTICO UNIDADE I

PONTO 1. DIREITO TRIBUTRIO. CONCEITO. OBJETO. FINALIDADE(S)1. ConceitoPodemos conceituar o Direito Tributrio como ramo do direito pblico que disciplina direitos, deveres e obrigaes entre os contribuintes (pessoas naturais e pessoas jurdicas) e as entidades tributantes (Unio, Estado, Distrito Federal e Municpios), bem como entidades paraestatais (sindicatos, conselhos de classe, autarquias, servios sociais, etc), dispondo sobre a arrecadao de receitas pblicas derivadas, atravs de tributos (impostos, taxas e contribuies de melhoria), contribuies sociais (previdencirias, profissionais, sindicais e de interveno no domnio econmico) e emprstimos compulsrios. 2. ObjetoO Direito Tributrio tem por objeto a instituio de tributos, retirando parte da riqueza produzida pelos particulares para financiamento da atividade estatal.

3. Finalidade(s)O Direito Tributrio um instrumento jurdico que legitima a cobrana de tributos, mas nem sempre o Estado age com o intuito de arrecadar. Vejamos as suas finalidades:

a) Fiscal A funo precpua do Direito Tributrio proporcionar receitas derivadas ao Estado, ou seja, arrecadar tributos para financiar a atividade estatal.

b) Extrafiscal - O Estado utiliza o Direito Tributrio como instrumento de interveno econmica, aumentando ou diminuindo a tributao para proteger o mercado, incentivar indstrias, restringir ou incentivar o crdito, combater a crise, garantir o abastecimento de produtos essenciais, etc.c) Parafiscal A tributao instituda em favor de categorias profissionais (sindicatos e conselhos de classe) ou para assegurar benefcios sociais (Previdncia Social e outros programas sociais).4. Direito Financeiro

De todos os ramos do Direito, o Direito Financeiro o que tem relao mais estreita com o Direito Tributrio, pois a necessidade de equilibrar o oramento pblico faz com que o Estado se utilize das ferramentas jurdicas do Direito Tributrio para aumentar a entrada de recursos, muitas vezes tornando a carga tributria insuportvel ao contribuinte e, por conseguinte, prejudicial economia do Pas.Podemos conceituar o Direito Financeiro como o conjunto de normas que regula a atividade financeira do Estado (despesa, receita, oramento e crdito pblico) para satisfao das necessidades pblicas bsicas (a prestao de servios pblicos, exerccio do poder de polcia e a interveno no domnio econmico).Os valores que ingressam na esfera pblica (Unio, Estados, Municpios e Distrito Federal) so chamados de receitas pblicas, assim classificadas:

a) Originrias Aquelas obtidas atravs da explorao do patrimnio pblico ou atividade econmica (vendas de bens e servios). O Estado atua sem exercer o seu poder de soberania. Ex.: aluguel de um imvel pblico ao particular; ganho de capital (dividendos proporcionados pelas empresas estatais); royalties pela concesso de explorao de riquezas minerais; tarifas (servios de gua, luz, telefone, etc).b) Derivadas So aquelas onde o Estado arrecada compulsoriamente dos contribuintes, atravs dos tributos, sob os princpios e normas do Direito Tributrio. As multas so equiparadas aos tributos.PONTO 2. RELAO DO DIREITO TRIBUTRIO COM OUTRAS REAS DO DIREITO E CINCIAS AFINS1. Outras reas do DireitoAlm do Direito Financeiro, o Direito Tributrio tambm repercute:a) DIREITO CONSTITUICIONAL As normais constitucionais possuem supremacia em relao a qualquer outra rea do Direito, inclusive o Direito Tributrio. Desse modo, as normas fundamentais da sociedade preconizam valores a serem observados pelos demais ramos. A Ordem Tributria est contida na Constituio Federal, que estabelece a competncia da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, bem como as limitaes do poder de tributar (princpios).

b) DIREITO ECONMICO Ramo atravs do qual o Estado regula a economia, para garantir a livre concorrncia e a proteo ao consumidor. tendo como expresso mxima o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econmica) que, dentre outras atribuies, controla as concentraes empresariais (fuses e incorporaes). O Estado excepcionalmente concorre atravs das empresas estatais (no podem gozar de tratamento diferenciado das organizaes privadas, inclusive na esfera tributria). A poltica tributria deve ser aplicada em harmonia com os ditames da nossa ordem econmica, muitas vezes utilizado como ferramenta de interveno econmica, reduzindo ou aumentando certos tributos para proteger a economia nacional.

c) DIREITO ADMINISTRATIVO Dispe da estrutura administrativa estatal e controla os atos praticados na Administrao Pblica, direta (Unio, Estados, DF e Municpios) ou indireta (autarquias, associaes pblicas e empresas estatais). O Direito Tributrio depende de vrios institutos do Direito Administrativo para garantia da arrecadao (poder de polcia, processo administrativo, supremacia do interesse pblico, estatuto do servidor pblico, etc).d) DIREITO PENAL Destina-se a reprimir os atos infracionais de maior potencial agressivo sociedade, prescrevendo penas restritivas de liberdade e de direito, conforme a gravidade do delito. Quando o contribuinte pratica atos fraudulentos para reduzir ou no pagar tributos (sonegao) estar sujeito s sanes de natureza criminal.

e) DIREITO PREVIDENCIRIO Todas as pessoas que exercem atividade econmica (empresrios, empregados e autnomos) so obrigadas contribuir para a Previdncia Social, com a finalidade de custear os benefcios previdencirios em favor dos segurados (aposentadoria, penso, salrio- maternidade, auxlio-doena, etc). Os benefcios so administrados pelo INSS (autarquia federal), que tem poder de polcia para fiscalizar e arrecadar contribuies (compulsrias) dos contribuintes em geral. O custeio da seguridade social tem natureza tributria, podendo o INSS aplicar multas e mover execuo fiscal contra os inadimplentes.

f) DIREITO AMBIENTAL rea do Direito que visa garantir direitos transgeracionais (geraes atuais e futuras) a um meio ambiente ecologicamente equilibrado. A aplicao de multas e intervenes administrativas no so suficientes para coibir a explorao inadequada dos recursos naturais. O Estado pode, atravs do Direito Tributrio, reduzir a carga tributria (incentivos fiscais) dos empresrios que investem em medidas preventivas para preservar o meio ambiente, como instrumento de poltica ambiental.

g) DIREITO EMPRESARIAL Disciplina os interesses da classe empresarial (sociedades limitadas, sociedades annimas, recuperao de empresas, etc). As empresas so responsveis para arrecadao de tributos em larga escala, pois circulam riquezas e geram empregos e, por conseguinte, receitas derivadas para o Estado. Assim, o Fisco deve adotar uma poltica que viabilize a conservao das empresas, para evitar que estas entrem em estado de insolvncia. A legislao empresarial garante a prerrogativa de recuperao das empresas em crise, enquanto que a legislao tributria assegura o parcelamento da dvida fiscal (REFIS) viabilizando a manuteno das empresas no mercado.

h) DIREITO DO TRABALHO Regula as relaes entre empregados e empregadores. A legislao trabalhista impe ao empregador a obrigao de recolher FGTS em favor de seus empregados (o fundo de garantia tem natureza tributria). A legislao tributria, por sua vez, considera o empregador como responsvel pelo recolhimento do imposto de renda e da contribuio previdenciria de seus empregados. As organizaes sindicais (de trabalhadores e de empregadores) podem cobrar contribuio sindical. O Estado pode conceder incentivos fiscais s empresas para favorecer o aumento de postos de trabalho, a incluso de pessoas portadoras de necessidades especiais e dos dependentes qumicos, bem como a melhoria das condies de trabalho, no obstante as conquistas dos trabalhadores dependam tambm fora de suas organizaes sindicais.i) DIREITO DO CONSUMIDOR o conjunto de medidas que visa proteger o consumidor (destinatrio final de produtos ou servios) contra prticas abusivas por parte do fornecedor. A carga tributria imposta ao fornecedor repassada ao consumidor (contribuinte de fato). Assim, o Estado deve ponderar acerca da repercusso dos tributos no preo final dos produtos e servios, devendo desonerar os bens e servios essenciais sobrevivncia do consumidor, principalmente o de baixo poder aquisitivo.

2. Cincias Afins O Direito Tributrio reflete tambm em cincias afins, a exemplo das cincias econmicas, administrativas e contbeis.

a) ECONOMIA O Direito Tributrio depende dos agentes econmicos para atingir a sua finalidade arrecadatria. O Estado aumenta a sua arrecadao na proporo da circulao de riquezas. Embora o patrimnio do contribuinte seja tambm objeto de tributao, no restam dvidas que a maior parcela de receitas derivadas decorra do consumo de bens e servios. Assim, a tributao deve ser condizente com a realidade econmica.

b) ADMINISTRAO DE EMPRESAS Como j vimos, os empresrios so os principais agentes econmicos e contribuintes de tributos. A quantidade de tributos em todas as esferas muito elevada, podendo comprometer a gesto das empresas. No entanto, o Direito Tributrio possui regimes alternativos (lucro real ou lucro presumido, independentemente do porte, e supersimples para pequenas empresas). Alm do mais, os incentivos fiscais podem reduzir custos para empresas que tm responsabilidade social, alm de melhorar a imagem destas perante o consumidor. Uma empresa bem estruturada e com planejamento fiscal pode reduzir a carga tributria sem recorrer a expedientes fraudulentos.

c) CONTABILIDADE A legislao tributria delega ao contribuinte empresrio a prerrogativa de efetuar lanamentos fiscais (autolanamentos), para posteriormente o Fisco homologar. Por esta razo, a Contabilidade necessita de uma constante atualizao das rotinas fiscais. A Contabilidade, na verdade, tem papel relevante, pois mensura o impacto da tributao no patrimnio das empresas, facilitando a tomada de decises dos empresrios na escolha do regime mais favorvel s suas organizaes.

PONTO 3. FONTES DO DIREITO TRIBUTRIO. INTERPRETAO1. Fontes Materiais

As fontes materiais ou fontes reais do Direito Tributrio, pois so as riquezas ou bens em geral que o legislador utiliza como veculos de incidncia tributria, como patrimnio, renda e os servios. a situao definida pela lei como necessria imposio do tributo (fato gerador ou fato imponvel).

2. Fontes Formais

So os atos normativos ou conjunto de normas que do nascimento ao Direito Tributrio (leis, costumes e princpios). Espcies de fontes formais:

a) Diretas Tambm chamadas de imediatas, primrias ou principais, devem ser consideradas em primeiro lugar, observando-se a hierarquia das normas (escritas). So as leis especficas do Direito Tributrio.

b) Indiretas Em caso de omisso ou lacuna das normas tributrias, a autoridade tributria dever utilizar sucessivamente, as chamadas fontes indiretas (mediatas, secundrias ou acessrias) na seguinte ordem: (I) analogia (leis de outras reas); (II) costumes; (III) princpios especficos do direito tributrio (legalidade, anterioridade, capacidade do contribuinte, etc); (IV) princpios gerais do direito (igualdade, liberdade, direito adquirido, etc); (V) equidade (senso de justia). O art. 108 do CTN probe exigir tributo atravs do emprego da analogia. Por outro lado, no permite dispensar tributo devido ao empregar a equidade.3. Legislao Tributria a) Normas Constitucionais So as fontes (formais) mais importantes, quer pela posio hierrquica (princpio da supremacia constitucional), quer pelos princpios tributrios (limitaes ao poder de tributar). No podem ser contrariadas pelas normas inferiores.

b) Leis Complementares Funcionam como leis gerais sobre tributao, estabelecendo diretrizes para as entidades tributantes de todas as esferas (Unio, Estados, DF e Municpios). A CF determina que as alquotas mnimas e mximas de ISS (imposto municipal) sejam fixadas por Lei Complementar. O CTN foi institudo pela Lei 5.172/1966 (lei ordinria), mas a CF recepcionou com o status de lei complementar. Assim, qualquer alterao dever ser promovida atravs de Lei Complementar.

c) Leis Ordinrias So as normas que criam ou majoram tributos em cada esfera. Assim, a Unio dispe acerca de seus tributos (Imposto de Renda, IOF, ITR, Contribuies Parafiscais, etc), idem os Estados (ICMS, IPVA, etc) e os Municpios (IPTU, ISS, etc). Excepcionalmente, a CF exige lei complementar para criao de tributos, como o caso do imposto sobre grandes fortunas (ainda no institudo) e dos emprstimos compulsrios.

d) Leis Delegadas O Congresso Nacional pode atender solicitao do Presidente da Repblica, autorizando a este a criar ou majorar tributos, desde que respeitadas as condies de seu exerccio. Tem a mesma fora de uma lei ordinria.

e) Medidas Provisrias A CF autoriza ao Presidente da Repblica, em caso de urgncia e relevncia, editar medidas provisrias com fora de lei (art. 62 CF). A sua eficcia imediata, ou seja, produz efeitos jurdicos a partir de sua edio. Cabe ao Congresso Nacional converter em lei ou rejeitar, no prazo de 60 dias ( possvel prorrogar por mais 60 dias). Rejeitando a MP, o Congresso Nacional dever regulamentar (por meio de decreto legislativo) as relaes jurdicas dela decorrente. Em se tratando de tributos, a CF estabelece que dever respeitar o princpio da anterioridade, exceto os impostos de carter extrafiscal.

f) Decretos Legislativos Ocorre quando o Congresso Nacional aprova tratados e convenes internacionais. Em matria tributria, geralmente aprovado para evitar dupla tributao e contextualizar a nossa legislao interna com o direito internacional, sem causar prejuzo nossa soberania. Tem a mesma fora das leis ordinrias.

g) Resolues do Senado No Direito Tributrio, o Senado Federal fixa as alquotas mnimas e mximas nas operaes internas para cobrana de ICMS, bem como as alquotas interestaduais; tambm para estabelecer alquota mxima de ITCMD.h) Decretos - Apenas regulamentam as leis aprovadas pelo Poder Legislativo, no podendo fazer qualquer tipo de inovao. Na prtica so os textos mais consultados, pois detalham como a lei deve ser cumprida. Somente podem instituir obrigaes acessrias (prtica ou absteno de ato no interesse da administrao tributria), no podendo instituir ou majorar tributos (obrigao principal).i) Fontes Formais Complementares So os instrumentos de hierarquia inferior, tais como portarias, instrues, decises administrativas de rgos singulares ou colegiados, costumes administrativos (prticas reiteradas pelas autoridades administrativas) e os convnios celebrados entre as entidades tributantes.

4. Interpretao (Hermenutica) da Legislao Tributria

Consiste em compreender o verdadeiro sentido da lei. Na interpretao da legislao tributria, so utilizadas as mesmas tcnicas do direito civil, sendo pertinentes os diversos mtodos:

a) Gramatical ou Literal - O intrprete deve procurar extrair o exato sentido de cada terminologia.

b) Lgico-Sistemtico - Contextualiza dispositivos de um mesmo sistema, buscando a compatibilidade de cada dispositivo com o todo.

c) Teleolgico - Identifica as finalidades das normas, ou seja, o carter poltico, econmico e social das mesmas.

d) Histrico - necessrio entender em que tipo de conjuntura a lei foi aprovada.

A doutrina e a jurisprudncia fornecem elementos para uma melhor compreenso das normas. O CTN, no entanto, restringe a interpretao ao mtodo literal em se tratando de suspenso ou excluso do crdito tributrio e dispensa de obrigao acessria (art. 111).

PONTO 4. TRIBUTO. CONCEITO. CLASSIFICAO 1. ConceitoSegundo o art. 3 do CTN (Cdigo Tributrio Nacional):

Tributo toda prestao pecuniria compulsria em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que no constitua sano de ato ilcito, instituda por lei cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. (grifos nossos).

Assim, podemos destacar que: (I) o tributo tem natureza coercitiva, pois o contribuinte obrigado a pag-lo independentemente de sua vontade; (II) deve ser pago em moeda ou equivalente (desde que a legislao de cada entidade tributante assim o determine); (III) no tem o carter punitivo, pois o tributo incide sobre renda, faturamento ou patrimnio do contribuinte (ao contrrio da multa que imposta em caso de infraes, embora depois de consolidada seja equiparada ao tributo); (IV) somente a lei pode instituir o tributo, dependendo da aprovao de lei pelo Poder Legislativo (Congresso Nacional, Assemblias Legislativas ou Cmara de Vereadores), exceto quando se tratar de tributos extrafiscais; (V) apenas pode ser cobrado por meio de lanamento (escriturao do tributo na forma da lei).

2. ClassificaoTradicionalmente a classificao de tributos tripartite: impostos, taxas e contribuies de melhoria.

Impostos

Tem por fato gerador situao independente de qualquer atividade estatal especfica, ou seja, destinado ao custeio da atividade estatal, obras e servios pblicos em geral (art. 16 do CTN e art. 145, I, da CF). O Estado retira parte da riqueza do contribuinte, respeitando a sua capacidade contributiva. Sua destinao uti universi (para todos/tributo no vinculado).

Taxas

Taxas de polcia e de servios so tributos vinculados atuao estatal: exerccio do poder de polcia ou prestao de servio pblico especfico e divisvel (art. 77 do CTN e art. 145, II, da CF). A taxa um tributo que surge da atuao diretamente dirigida ao contribuinte. A base de clculo da taxa no pode ser idntica a de qualquer imposto, bem como incidir sobre capital das empresas ( nico do art. 77 do CTN e 2 do art. 145 da CF). Enfim a destinao da taxa uti singuli (para o contribuinte/tributo vinculado):

Como exemplos de taxas de polcia temos a taxa de licena e funcionamento, taxa de licenciamento de veculos, taxa de vigilncia sanitria, em virtude de restries necessrias para o desenvolvimento de certas atividades e propriedade de certos bens.As taxas de servios somente podem ser cobrada em razo de servio especfico e divisvel, podendo ser cobrado tambm quando o servio colocado disposio do contribuinte (o importante que potencialmente o servios esteja colocado disposio do contribuinte, como o caso da taxa de esgoto, numa rua que possua servio de esgoto e o contribuinte no utilizar porque tem fossa particular).

Contribuies de Melhoria

.uma espcie tributria que tem por fato gerador a atuao estatal mediata (a posteriori) ao contribuinte, pois existe um elemento intermedirio entre a atividade estatal e a obrigao do contribuinte que a valorizao do imvel. Assim, a contribuio de melhoria instituda para fazer face ao custo de obras pblicas que decorra valorizao imobiliria (art. 81 do CTN e art. 145, III, da CF). A cobrana ficar limitada ao valor total da obra, mas no poder ultrapassar o valor que a obra resultou individualmente para cada imvel. Com a evoluo das necessidades de maior financiamento da atividade estatal, inclusive para atender demandas sociais e situaes emergenciais, a classificao foi ampliada para cinco espcies acrescentando-se as contribuies sociais e emprstimos compulsrios.Contribuies Sociais

Preferimos denomin-la de contribuio parafiscal e consideramos como tributo por equiparao, em vista de possuir os mesmos requisitos elencados no art. 3 do CTN para a cobrana de impostos, de taxas e de contribuies de melhoria (compulsoriedade, no ser punio e se constituir atravs de lanamento). Tem como fato gerador uma atuao indireta do Estado, pois so criadas em favor de terceiros (OAB, CRC, CRA, CRM, CREA, SENAC, SENAI, sindicatos, etc). Ainda que o Estado arrecade diretamente (contribuies para a seguridade social e para interveno econmica) no o faz para financiar a sua atividade, mas para assegurar benefcios em prol de certos contribuintes ou desenvolvimento de determinado segmento empresarial. um tributo vinculado com destinao a determinados grupos.

Emprstimos Compulsrios

So criados apenas pela Unio, mas somente podem ser institudos por meio de lei complementar, para atender a despesas extraordinrias decorrentes de calamidade pblica, guerra externa ou sua iminncia, bem como para investimento pblico urgente e de relevante interesse nacional (art. 148 da CF). A lei determinar o prazo de durao do emprstimo e remunerao a ser paga ao contribuinte quando da devoluo do emprstimo.

3. ExaesOs tributos so exaes no sentido amplo (lato senso), mas as exaes propriamente ditas (stricto senso) so figuras equiparadas aos tributos, pois no preenchem todos os requisitos atribudos aos tributos (art. 3 do CTN), embora dotadas de compulsoriedade, a saber:

a) Seguro Obrigatrio Os proprietrios de veculos so obrigados ao pagamento de seguro obrigatrio (DPVAT) para cobertura de danos pessoais causados por veculos automotores, na mesma oportunidade do licenciamento (taxa) e do IPVA (imposto), destinando o valor para a Federao Nacional das Seguradoras (Lei 6.194/1974).

b) Multa Trata-se de uma penalidade aplicada contra infraes administrativas, penais, ambientais, trabalhistas, econmicas, tributrias, etc. A rigor no tributo, porque tem o carter punitivo, mas legalmente aplicada converte-se em obrigao tributria principal, sujeitando o devedor execuo fiscal. c) Estacionamento Pbico Rotativo (Zona Azul) Nas cidades de grande e mdio porte, muito comum a cobrana pelo uso de estacionamento rotativo. O Cdigo de Trnsito Brasileiro (Lei 9.503/1997) autoriza que os Municpios implantem sistema rotativo pago (zona azul). Estacionamentos privados cobram tarifas.

4. Receitas SindicaisNo que diz respeito s receitas sindicais, no podemos confundir a contribuio sindical (tributo), com as demais fontes de custeio das organizaes sindicais:a) Contribuio Sindical - uma espcie de contribuio social (parafiscal), que deve ser cobrada de todos os trabalhadores e empregadores, sindicalizados ou no, possuindo natureza tributria. Os profissionais intelectuais que pagam contribuio ao seu rgo de classe (OAB, CRC, CRA, CRM, CREA, etc) so dispensados de contribuio sindical.b) Contribuio Confederativa - A Constituio Federal autoriza (art. 8) a instituio de contribuio para custeio do sistema confederativo, mediante aprovao em assemblia geral da categoria, mas no tem a natureza tributria, porque somente pode ser cobrada dos sindicalizados, ou seja, daqueles que livremente se filiaram ao sindicato classista, conforme precedente n 119 do TST. Trata-se de uma exao para os sindicalizados.

c) Contribuio Assistencial - Encontrada nas sentenas normativas (dissdios coletivos), convenes e acordos coletivos, visando custear as atividades assistenciais do sindicato, podendo o trabalhador no sindicalizado manifestar oposio sua cobrana, no prazo de 10 (dez) dias a contar da publicao da sentena normativa ou da conveno ou acordo coletivo. Tem natureza de exao para os sindicalizados e contratual (contrato normativo) para os no sindicalizados, pois existe a possibilidade de escusa por parte destes.d) Contribuio Associativa - Tambm chamada de mensalidade sindical, cobrada apenas dos associados, mediante autorizao expressa ao empregador (natureza contratual).

5. TarifasTambm denominadas de preos pblicos, preos polticos ou preos quase privados, as tarifas so cobradas quando o Estado transfere a prestao de um servio pblico para o particular (concessionria do servio pblico). A cobrana de tarifa, que regida por leis administrativas, especialmente a Lei 8.987/1995 (Lei de Concesso de Servios Pblicos) e pelas relaes de consumo (Lei 8.078/1990 - Cdigo de Defesa do Consumidor).

A tarifa difere da taxa, porque no compulsria (trata-se de preo pago pelo usurio-consumidor semelhante aos preos privados, embora sujeita ao controle do Estado, em vista da essencialidade do servio prestado). cobrada por fora da relao contratual entre a concessionria e o usurio-consumidor. Por exemplo, o consumidor deseja contratar o servio de transporte, pagando tarifa (preo pblico) pelo bilhete de passagem. As tarifas so controladas pelas Agncias Reguladoras, estabelecendo o valor mximo, no impedindo a prtica de preos mais favorveis ao consumidor, como tem ocorrido com a telefonia mvel e celular.

6. Outras Figuras (Taxas, Exaes ou Tarifas?)Controvertida a natureza do pedgio, pois a Constituio veda que a tributao seja aplicada no sentido de restringir o trfego de pessoas ou bens, salvo no que diz respeito cobrana de pedgio, que pode ser institudo para manuteno de rodovias exploradas por concessionrias de servio pblico. O entendimento doutrinrio dominante que pedgio uma taxa (de servio), mas vem sendo cobrado como se fosse uma exao.

Assim, somente poderia ser cobrado pela efetiva utilizao, de acordo com a quilometragem percorrida pelo contribuinte. Na prtica no assim, pois o contribuinte paga por toda a extenso do trecho pedagiado, mesmo que percorra poucos quilmetros. H violao dos princpios da legalidade (stricto senso) e da anterioridade, pois os reajustes ocorrem no mesmo exerccio, alm de faz-lo atravs de decretos/portarias/resolues (legalidade lato senso) transformando-o em mera exao.

CONTEDO PROGRAMTICO UNIDADE IIPONTO 5. COMPETNCIA. CAPACIDADE ATIVA. REPARTIO DE RECEITAS1. Competncia

Coexistem no Brasil trs esferas autnomas: a Unio, os Estados (Estados-Membros) e os Municpios, alm do Distrito Federal (equivalente fuso de Estado e Municpio), que esto no mesmo plano de igualdade, dispondo a Constituio acerca dos poderes e competncias de cada entidade. A competncia indelegvel, intransfervel, no podendo uma entidade conferir seus poderes para outra entidade. Vejamos as principais espcies de competncia: a) Privativa Diz respeito aos impostos. Cada entidade federativa tem os impostos enumerados pela Constituio Federal:

Unio: Imposto de Renda (IR), Imposto de Importao(II), Imposto de Exportao(IE), Imposto sobre Produtos Industrializados(IPI), Imposto Territorial Rural(ITR) e Imposto sobre Grandes Fortunas(IGF).

Estados: Imposto sobre Circulao de Mercadorias e Servios (ICMS), Imposto sobre Propriedade de Veculos Automotores (IPVA) e Imposto sobre Transmisso Causa Mortis ou Doao (ITD).

Municpios: Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU), Imposto sobre Servios (ISS) e Imposto sobre Transmisso Inter Vivos, por ato oneroso, de Bens Imveis (ITBI).b) Comum o caso das taxas e contribuies de melhoria, onde cada entidade tributante poder instituir na esfera de sua competncia, de acordo com o servio prestado, atividade de polcia ou realizao de obras pblicas..

c) Residual Apenas a Unio possui esta competncia: a de criar novos impostos, mas no poder adotar o mesmo fato gerador/base de clculo de impostos j existentes.

d) Extraordinria Em caso de guerra, a Unio poder, excepcionalmente, instituir o Imposto de Guerra e Emprstimos Compulsrios.e) Exclusiva ou Especial Tambm compete Unio criar contribuies sociais/parafiscais (INSS, FGTS, PIS, CSLL, COFINS, PIS/PASEP, CIDE, Profissionais, Sindicais, etc). Tal exclusividade no absoluta, pois os Estados, o DF e os Municpios podero instituir contribuies sociais em benefcio de seus servidores (assistncia e previdncia social). Alm do mais, os Municpios e ao DF podem instituir contribuio para custeio da iluminao pblica, substituindo a chamada taxa de iluminao pblica (art. 149-A, CF).f) Cumulativa Como o Distrito Federal no dividido em Municpios, a Constituio Federal tem competncia inerente aos Estados e Municpios.

2. Capacidade Ativa

No confundir competncia com capacidade. Esta diz respeito apenas a fiscalizao e a cobrana, por delegao, sem poder de legislar. o que ocorre na arrecadao das contribuies previdencirias pelo INSS; das contribuies profissionais (OAB, CRC, CRA, CREA, sindicatos, etc), onde a entidade tem apenas capacidade mas no competncia.3. Equilbrio das Receitas EstataisA CF determina que a Unio reparta ou redistribua aos Estados e aos Municpios parte de suas receitas, o mesmo ocorrendo com os Estados em relao aos Municpios, objetivando um melhor equilibro entre os entes federados.

4. Repasse da Unio para os Estados e para o Distrito Federal 100% do IR retido na fonte sobre os rendimentos pagos por eles, suas autarquias e fundaes aos servidores pblicos.

21,5% da arrecadao global do IR e do IPI ao Fundo de Participao dos Estados e Distrito Federal. 10% do IPI, proporcionalmente ao valor das respectivas exportaes, sendo que nenhum Estado poder receber mais de 20% do montante que for distribudo.

20% da arrecadao do imposto da competncia residual (at hoje no foi criado nenhum imposto desta categoria).

30% do IOF sobre ouro, quando definido como ativo financeiro.

29% da CIDE sobre combustveis, a serem utilizados no financiamento de transportes.

5. Repasse da Unio para os Municpios e para o Distrito Federal 100% do IR retido na fonte sobre os rendimentos pagos por eles, suas autarquias e fundaes aos servidores pblicos.

22,5% da arrecadao global do IR e do IPI para o Fundo de Participao dos Municpios.

3% da arrecadao global do IR e do IPI para programas de financiamento ao setor produtivo das Regies Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

1% da arrecadao global do IR e do IPI (em dezembro de cada ano) 50% do ITR arrecadado pela Unio relativamente aos imveis neles situados. 100% do ITR quando estes realizarem a cobrana e fiscalizao do imposto, sem que haja reduo ou qualquer outra forma de renncia fiscal, (EC 42/2003, que alterou o art. 153 da CF).

6. Repasse dos Estados para os Municpios

50% do IPVA referente a veculos licenciados no territrio municipal.

25% do ICMS, sendo proporcionalmente s operaes realizadas no Municpio e de acordo com critrios sociais.

25% do IPI das exportaes recebido da Unio.

25% da CIDE repassado pela Unio.

7. Compensaes Financeiras (royalties)O art. 20, 1 da Constituio Federal estabelece que devida aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municpios, e aos rgos da administrao da Unio, como contraprestao pela utilizao econmica dos recursos minerais em seus respectivos territrios: 12% para a Unio; 23% para o Estado onde for extrada a substncia mineral; 65% para o municpio produtor.

PONTO 6. LIMITAES AO PODER DE TRIBUTAR (PRINCPIOS)O legislador constituinte prescreveu vrios princpios (limitaes ao poder de tributar) para proteger o contribuinte de qualquer abusividade. So os seguintes:

a) Legalidade (CF, art. 150, I) Somente a lei em sentido estrito pode instituir ou majorar tributos. Em se tratando de impostos extrafiscais (II, IE, IPI e IOF) admite-se alteraes atravs de medidas provisrias.

b) Anterioridade (CF, art. 150, III, b) A lei que cria ou aumenta tributo s entra em vigor a partir de noventa dias (anterioridade mitigada ou nonagesimal) e no ano seguinte (anterioridade de exerccio), exceto alguns impostos extrafiscais como imposto de exportao, imposto de importao e imposto sobre operaes financeiras), CIDE-Combustvel, imposto de guerra e emprstimos compulsrios para antender a despesas extraordinrias decorrentes de calamidade pblica, de guerra externa ou na sua iminncia (os emprstimos compulsrios para investimentos pblicos relevantes devem obedecer anterioridade, de exerccio e nonagesimal). As contribuies para a seguridade social e o imposto sobre produtos industrializados submetem-se apenas a anterioridade nonagesimal.c) Irretroatividade (CF, art. 150, III, a) A lei tributria s vlida em relao a fatos ocorridos a partir da entrada em vigor. Pode retroagir, apenas, para beneficiar o contribuinte.

d) Isonomia (CF, art. 150, III) A lei tributria deve tratar igualmente os contribuintes que se encontrem em situao equivalente.

e) Capacidade Contributiva (CF, art. 145, 1o) O tributo deve ser cobrado de acordo com as possibilidades de cada contribuinte. Por exemplo, o imposto de renda das pessoas fsicas cobrado na proporo do rendimento do contribuinte (iseno at R$ 1.787,77 e alquotas graduais (progressividade fiscal) de 7,5%, 15%, 22,5% e 27,5%.), bem como na contribuio previdenciria (8%, 9% e 11%).

f) Progressividade (CF, art. 182, 4) Os Municpios podem IPTU progressivo para desestimular imveis urbanos que no esto cumprindo a sua funo social, o mesmo ocorrendo com a Unio em relao a imveis rurais improdutivos (progressividade extrtafiscal). g) Vedao de Efeitos Confiscatrios (CF, art. 150, IV) A tributao deve ser razovel, no podendo comprometer exageradamente o patrimnio do contribuinte. A progressividade no legitima o confisco da propriedade.

h) Imunidade Recproca (CF, art. 150, VI, a) No podem as entidades tributantes instituir impostos sobre o patrimnio, renda ou servio, uns dos outros. Essa imunidade extensiva s autarquias (Banco Central, CVM, UFBA, UNEB, etc) e associaes pblicas (FIBGE, etc), mas no se aplica s estatais (economia mista e empresas pblicas), que se submetem s regras de direito privado. O Supremo Tributrio Nacional estendeu aos Correios e Telegrfos (empresa pblica) o tratamento dispensado s pessoas jurdicas de direito pblico.

i) Imunidade de Certas Entidades (CF, art. 150, VI, b e c) No podem as entidades tributantes instituir impostos sobre o patrimnio, renda ou servio, de partidos polticos, entidades sindicais de trabalhadores, templos de qualquer culto, instituies de educao e de assistncia social, sem fins lucrativos (reconhecidas como de utilidade pblica).

j) Imunidade de Livros, Jornais, Peridicos e Papel Destinado sua Impresso A SUA IMPRESSO (CF, art. 150, VI, d) Inclusive oriundos do exterior. Quer dizer, no ser cobrado ICMS e IPI sobre tais produtos. As empresas so obrigadas ao pagamento de imposto de renda, de contribuies sociais, de IPTU, ISS (sobre os anncios) e demais tributos.

k) Imunidade para Fins de Reforma Agrria (CF, art. 184, 5) Os atos de transmisso de imveis desapropriados para fins de reforma agrria so imunes de impostos (o texto constitucional chama de iseno).

l) Imunidade de Trfego (CF, art. 150, V) Exceto para cobrana de pedgio pela utilizao de vias conservadas (mas o contribuinte deve ter vias alternativas para se locomover livremente).

m) No-Cumulatividade (CF, arts. 153, 3o., II; 155, 2o, I) - Trata-se de uma limitao especfica para IPI e ICMS, para evitar a bitributao.n) Essencialidade (CF, art. 153, 3o., III) Especfico do IPI, para incidir com alquotas mdicas em relao a produtos essenciais.

o) Uniformidade Nacional (CF, art. 151, I) A Unio s pode instituir tributos que sejam uniformes em todo o territrio nacional. Ao conceder incentivos fiscais no estar a Unio violando tal princpio, pois a Constituio Federal estabelece a reduo das desigualdades sociais e regionais como um dos objetivos fundamentais do Brasil. p) Vedao de Distino em Razo de Procedncia ou Destino (CF, art. 152) Limitao impostas aos Municpios, Estados e Distrito Federal, no sentido de que no haja nenhuma diferena entre bens e servios, de qualquer natureza, em razo da procedncia ou do destino.q) Vedao da Utilizao da Base de Clculo dos Impostos nas Taxas (CF, art. 145, 2) As taxas no podero ter a mesma base de clculo dos impostos. Assim, inconstitucional utilizar o valor venal do imvel (utilizado na cobrana do IPTU) como base de clculo da taxa de lixo.

PONTO 7. OBRIGAO TRIBUTRIA. SUJEITO PASSIVO1. Obrigao Tributria

Embora a obrigao tributria tenha a mesma base da obrigao civil (causa, sujeitos e objeto), difere desta pelo fato que a obrigao civil nasce a partir de ajuste entre as partes e a obrigao tributria decorre da lei (ex lege), dada a sua natureza compulsria. A obrigao tributria pode ser:

a) Principal - Pagamento de tributo ou penalidade pecuniria.

b) Acessria - Prtica ou absteno de ato no interesse da administrao tributria.

2. Contribuinte

Devedor direto do tributo: a) De Direito So aqueles que esto obrigados (juridicamente) a pagar os tributos (empresrios, importadores, exportadores, proprietrios, empregados, autnomos, etc).b) De Fato So os consumidores finais que pagam os tributos do ponto de vista econmico.

3. Responsvel

Devedor indireto que, embora no sendo contribuinte, deve responder por fora de lei.a) Por Substituio Quando uma pessoa substitui a outra para efeito de tributao. o caso do comprador da safra, que assume o ICMS do agricultor; do empresrio que adquire determinadas mercadorias oriundas de outras Estados; do empregador que deve recolher os tributos devidos pelos empregados; os bancos e as seguradoras pelo IOF de seus clientes.

b) Por Sucesso Ocorre em relao aos sucessores, mortis causa (herdeiros, legatrios), ou atos inter vivos (donatrios, adquirentes, etc). Em caso de aquisio de estabelecimento empresarial (trespasse), o adquirente responder integralmente pelos tributos pendentes se o alienante (vendedor) cessar suas atividades. Se o alienante continuar a explorao no prazo de seis meses, ainda assim o adquirente responder subsidiariamente (caso a Execuo Fiscal no obtenha xito com o devedor principal, poder executar o adquirente). No haver responsabilidade tributria integral ou subsidiria quando a sucesso empresarial ocorrer em processo de recuperao judicial ou falncia (art. 133, 1o,,CTN).

c) Por Solidariedade - So terceiros solidrios aos contribuintes, por fora de lei, pelas omisses de que forem responsveis: (I) os pais pelos tributos dos filhos incapazes; (II) os tutores e curadores pelos tutelados ou curatelados; (III) os administradores de bens de terceiros; (IV) o inventariante pelo esplio; (V) os tabelies, escrives, pelos atos praticados no Cartrio; (VI) os scios, no caso de liquidao de sociedades de pessoas.

d) Por Atos Infracionais Quando administradores (controladores, diretores, conselheiros, etc) ou prepostos (gerentes, mandatrios) praticarem atos, em prejuzo do pagamento de tributos, com dolo (inteno) ou culpa (negligncia, impercia ou imprudncia), respondero pessoalmente (art. 136 do CTN).

4. Capacidade do Contribuinte

Para fins de tributao, a sujeio passiva independe da capacidade civil do contribuinte (art. 121 do CTN). Assim, uma pessoa civilmente incapaz (uma criana de um ano, por exemplo) contribuinte de tributos, embora seja citado atravs de seu representante legal. Do mesmo modo, uma sociedade empresria de fato (no registrada na Junta Comercial) pode ser responsabilizada pelos tributos devidos, no obstante o fisco responsabilizar tambm os scios da sociedade no personificada.

5. Domiclio do Contribuinte

O contribuinte pode escolher seu domiclio tributrio, desde que no cause prejuzos fiscalizao e arrecadao dos tributos. Na falta de indicao, a residncia ou local habitual dos negcios de uma pessoa natural ser o seu domiclio (art. 127 do CTN). No caso das organizaes empresrias cada estabelecimento ser individualmente considerado para fins de tributao.PONTO 8. FATO GERADOR E LANAMENTO1. Fato Gerador

Acontecimento que faz nascer a obrigao tributria para o contribuinte ou responsvel (a realizao da hiptese prevista em lei). O fato gerador pode ser:

a) Instantneo Ocorre no momento em que o contribuinte pratica determinado ato, tais como produo ou circulao de bens (ICMS, IPI, II, IE, IOF), prestao de servios (ISS) ou transmisso da propriedade (ITBI, ITD).

b) Peridico Nos impostos patrimoniais (IPTU, IPVA), o fato gerador acontece a cada exerccio, considerando a data-base o ltimo dia do ano (31.12).c) Complexo Combina as duas espcies anteriores, pois a cada operao surge a obrigao de pagar e a sua base de clculo ser ajustada com base no ltimo dia do exerccio de cada ano. o que ocorre em relao ao imposto de renda, onde o contribuinte far anualmente declarao de ajuste.

d) Presumido A Constituio Federal autoriza (art. 150, 7) a cobrana de imposto ou contribuio cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente (nas operaes interestaduais, o ICMS antecipado e cobrado com base no preo estimado para revenda). 2. Lanamento

Enquanto o fato gerador faz nascer a obrigao tributria, o crdito tributrio constitudo atravs do lanamento, ou seja, o lanamento o procedimento administrativo plenamente vinculado (de acordo com as formalidades legais) que possibilita ao fisco exigir o tributo. As modalidades de lanamento so as seguintes:

a) Autolanamento Tambm chamado de lanamento por homologao, o prprio contribuinte ou responsvel efetua a apurao do montante e realiza o pagamento no prazo legal (art. 147 do CTN), ficando o lanamento (autolanamento) disposio do fisco para homologar ou corrigir de ofcio, caso no corresponda ao valor devido. O fisco tem o prazo de 05 (cinco) anos, a contar do lanamento para corrigir o lanamento do sujeito passivo, sob pena de ocorrer a homologao tcita (art. 150, 4, CTN).b) Por Declarao O sujeito passivo presta as informaes ao fisco, que efetua o lanamento com base nas declaraes (ITD, ITBI). Pode ser corrigido de ofcio, se for comprovado artifcio por parte do(s) declarante(s).c) De Ofcio O fisco apura o tributo e notifica o sujeito passivo (contribuinte ou responsvel) para pagar o montante. Est previsto no art. 149 do CTN. Ocorre geralmente nos impostos patrimoniais (IPTU, IPVA), para corrigir lanamento efetuado pelo contribuinte (autolanamento) no homologado ou quando comprovar que o sujeito passivo (contribuinte ou terceiro) agiu com dolo, fraude ou simulao (a hiptese mais comum ocorre na compra e venda de imveis, onde as partes informam valor abaixo do valor venal).

CONTEDO PROGRAMTICO UNIDADE IIIPONTO 9. SUSPENSO, EXTINO E EXCLUSO DO CRDITO TRIBUTRIO 1. Suspenso

Quando a lei autoriza paralisar a cobrana do tributo constitudo. So hipteses de suspenso:

a) Moratria a dilao do prazo para pagamento do tributo. Pode ser concedida ao sujeito passivo, individual ou coletivamente, quando houve houver razes relevantes.

b) Parcelamento Na verdade uma modalidade de moratria, permitindo dividir o tributo vencido em parcelas iguais, incluindo juros e multas.

c) Depsito do Montante Integral Trata-se de depsito voluntrio para evitar o nus de multa, juros e correo em caso de improcedncia da reclamao ou recurso administrativo. Se o sujeito passivo depositar e no reclamar/recorrer em 30 dias, o depsito ser convertido em renda, extinguindo o crdito.

d) Reclamao e Recurso Administrativo Enquanto a defesa do sujeito passivo no for apreciada pela Administrao o crdito ficar suspenso. No obrigatrio fazer reclamao acompanhada de depsito do montante.

e) Concesso de Liminar Quando o Poder Judicirio, em mandado de segurana ou qualquer ao judicial, concede medida liminar ou tutela antecipada, o crdito restar suspenso at que ocorra a deciso em definitivo.

2. Extino

O CTN enumera as seguintes hipteses para extino do crdito tributrio:

a) Pagamento a maneira mais natural de extinguir qualquer obrigao, pois o devedor satisfaz plenamente o que lhe foi cobrado. Em se tratando de tributo deve ser pago em moeda nacional.

b) Pagamento em Duplicidade - Se houver pagamento a maior ou em duplicidade, o contribuinte ter direito restituio (repetio do indbito).

c) Imputao de Pagamento - Existindo mais de um tributo vencido, em primeiro lugar devem ser quitadas as contribuies de melhoria, depois as taxas e por ltimo os impostos. Se os tributos forem da mesma natureza, primeiramente sero recebidos na ordem crescente de prescrio e, por fim, na ordem decrescente de valor (art. 163 CTN).

d) Compensao O sujeito passivo poder utilizar crdito que possuir perante a Administrao Pblica, desde que compatvel com a natureza do tributo cobrado.

e) Transao a possibilidade de acordo judicial quando o fisco concordar em reduzir o montante da execuo fiscal.

f) Remisso Ocorre quando o fisco perdoa dvida tributria. O art. 172 do CTN exige despacho fundamentado, considerando a situao econmica do contribuinte, erro ou ignorncia escusveis do sujeito passivo, a equidade e a diminuta importncia do crdito.

g) Decadncia Perecimento do direito em virtude do no exerccio regular de direito por parte do credor. Em direito tributrio, a decadncia ocorre quando o fisco deixar de efetuar o lanamento no prazo de cinco anos a contar do fato gerador (art. 173 CTN).

h) Prescrio Uma vez constitudo o crdito tributrio, o fisco tem at cinco anos para iniciar a execuo fiscal. Existe, ainda, a prescrio intercorrente, contada a partir do incio da execuo fiscal, que no foi concluda no prazo de cinco anos.

i) Converso do Depsito em Renda Quando o sujeito passivo tem julgamento administrativo desfavorvel, caso tenha efetuado o depsito integral, ou quando o contribuinte faz o depsito sem recorrer do lanamento/auto de infrao efetuado pelo fisco.

j) Pagamento Antecipado e Homologao do Lanamento Ocorre no lanamento por homologao, onde o fisco tem cinco anos para homologar ou impugnar. Considera-se homologado tacitamente pelo decurso de cinco anos sem auditoria fiscal (art. 150, 4 CTN).

k) Consignao em Pagamento Quando existe divergncia de valor entre o arbitrado pelo fiscal e o reconhecido pelo sujeito passivo, este poder depositar em juzo o valor do crdito. Sendo julgada procedente a consignao, o crdito ser extinto. Se for julgada improcedente, o crdito ser cobrado pelo fisco.

l) Deciso Administrativa Irreformvel Reconhecendo o fisco a procedncia da reclamao ou recurso, em definitivo, o crdito tributrio ser declarado extinto. Se o sujeito passivo tiver feito depsito integral, ter direito a resgatar o seu montante.

m) Deciso Judicial em Definitivo Tornando a sentena imutvel (trnsito em julgado), o crdito tambm ser extinto.

n) Dao em Pagamento de Imveis O contribuinte poder oferecer imvel, avaliado por perito idneo, para quitao de tributos.

3. Excluso

As possibilidades para evitar a incidncia do crdito so as seguintes:

a) Iseno Dispensa do tributo devido feita por expressa disposio de lei. concedida por prazo certo em virtude de razes de ordem econmica-social.

b) Anistia Extingue a punibilidade das infraes fiscais, ou seja, a excluso das multas incidentes sobre o no pagamento de tributos.

PONTO 10. GARANTIAS E PRIVILGIOS DO CRDITO TRIBUTRIO1. Execuo de Devedor Solvente

Na execuo de devedor solvente (com patrimnio suficiente para garantir suas obrigaes) o crdito tributrio privilegiado em relao aos crditos dos particulares, exceto quando se tratar de crdito trabalhista ou acidentrio.

O credor real no poder fazer oposio ao crdito da Fazenda (art. 184 CTN). 2. Execuo de Devedor InsolventeEm caso de insolvncia (empresarial ou civil) do sujeito passivo (contribuinte ou responsvel), o crdito tributrio sofre restries:INSOLVNCIA EMPRESARIAL ABSOLUTA(FALNCIA)Inicialmente so pagos os crditos da massa falida, chamados de extraconcursais, bem como as restituies devidas. Em seguida, sero pagos os crditos trabalhistas, limitados a 150 salrios mnimos para cada credor - atualmente no valor de os para cada credor - atualmente no valor de R$ 108.600,00 (salrio mnimo R$ 724,00 2014) - e decorrentes de acidentes de trabalho (sem limitao) os para cada credor - atualmente no valor de R$ 108.600,00 (salrio mnimo R$ 724,00 2014) - e decorrentes de acidentes de trabalho (sem limitao).

Depois os credores reais (at o limite do valor do bem gravado), para em seguida pagar ao fisco (LC n 118/2005 e Lei 11.101/2005, art. 83).

INSOLVNCIA CIVIL (CONCURSO DE CREDORES)Na insolvncia civil (devedor no empresrio), tambm so pagos inicialmente

os crditos extraconcursais, seguidos dos crditos trabalhistas e acident-rios (ambos sem limitao). Os crditos tributrios tm prioridade em relao aos credores reais.

Os tributos gerados aps a decretao da insolvncia (civil ou empresarial)so considerados extraconcursais (so pagos antes de qualquer crdito).

Existe, ainda, preferncia entre as entidades tributantes:

1 lugar: Unio e suas autarquias;

2 lugar: Estados e Distrito Federal e suas autarquias, pro rata; 3 lugar: Municpios e suas autarquias, pro rata.

Os bens penhorados em execuo fiscal conferem ao fisco o status de credor real em processo falimentar.

3. Quadro Comparativo (Ordem de Preferncia)DEVEDOR SOLVENTE

(comum ou empresrio)INSOLVNCIA EMPRESARIAL/FALNCIA

(devedor empresrio)INSOLVNCIA CIVIL

(devedor comum)

Crditos Trabalhistas e Acidentrios (sem limitao)Crditos Extraconcursais

(dvidas e encagos da massa)Crditos Extraconcursais

(dvidas e encagos da massa)

Crditos TributriosCrditos Trabalhistas (limitado cada crdito a 150 salrios mnimos) e Acidentrios (com limitao)Crditos Trabalhistas e Acidentrios (ambos sem limitao)

Crditos ReaisCrditos Reais Crditos Tributrios

Crditos com Privilgio EspecialCrditos TributriosCrditos Reais

Crditos com Privilgio GeralCrditos com Privilgio EspecialCrditos com Privilgio Especial

Crditos QuirografriosCrditos com Privilgio GeralCrditos com Privilgio Geral

Multas (contratuais e legais)Crditos QuirografriosCrditos Quirografrios

Crditos SubordinadosMultas (contratuais e legais)Multas (contratuais e legais)

Crditos SubordinadosCrditos Subordinados

PONTO 11. ADMINISTRAO TRIBUTRIA. PROCESSO ADMINISTRATIVO 1. Administrao Tributria

a estrutura da Administrao Pblica voltada para fiscalizar e arrecadar tributos:

a) Fiscalizao As autoridades administrativas pode examinar livros, mercadorias, arquivos, documentos, papis e efeitos comerciais ou fiscais dos agentes econmicos (civis ou empresrios), bem como de qualquer pessoa, natural ou jurdica, inclusive as que gozam de imunidade de impostos. O fisco, depois de instaurado processo administrativo contra o contribuinte, poder ter acesso contas bancrias, quebrando o chamado sigilo bancrio, que geralmente s autorizado por ordem judicial.

b) Dvida Ativa O crdito tributrio, que no for pago no prazo fixado por lei ou por deciso administrativa que no caiba mais recurso, ser inscrito na dvida ativa para viabilizar a cobrana judicial (execuo fiscal).

c) Certido Negativa - O interessado poder requerer certido de regularidade fiscal. Se o crdito tributrio estiver suspenso, a certido ser positiva (afirmando que existe dbito tributrio), mas ter os efeitos de certido negativa.

d) Consulta um direito que assiste ao sujeito passivo para esclarecer qualquer dvida acerca de certo tributo, suspendendo a cobrana ou abertura de qualquer processo administrativo acerca do tributo objeto da consulta. Para produzir tais efeitos, a consulta dever tratar de fato novo, ainda no examinado pela Administrao Pblica.

2. Processo AdministrativoA legislao tributria assegura ao sujeito passivo o direito de apresentar reclamao ou recurso prpria Administrao Tributria. 3. Inafastabilidade de Jurisdio

Qualquer ato estatal que venha a ameaar ou ferir direitos poder ser impugnado administrativamente pelo indivduo, sem prejuzo da apreciao judicial, nos termos do art. 5, XXXV, da CF:

A lei no excluir a apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa a direito.

Portanto, na esfera tributria, tambm assegurado ao contribuinte ou responsvel a garantia do devido processo legal (due process of law), podendo defender seus interesses em processo judicial ou administrativo.

4. Processo Administrativo Federal

A principal norma do processo tributrio-administrativo federal o Decreto 70.235/1972, no obstante nas leis especficas de cada tributo tambm constar regras processuais.

O procedimento tem incio com a notificao do contribuinte ou responsvel com a opo disjuntiva: cumprir (pagar) ou apresentar defesa (impugnao), embora seja exista a possibilidade do notificado requerer parcelamento do valor cobrado, suspendendo o crdito tributrio.

Assim, a pessoa notificada de uma infrao tributria ter o prazo de 30 (trinta) dias para cumprir o que foi determinado no auto de infrao ou, se quiser, apresentar impugnao ou defesa (denomina-se reclamao administrativa). Sendo procedente a reclamao, a autoridade julgadora em primeira instncia (Delegado da Receita Federal) dever remeter ex officio (duplo grau de jurisdio) para o Conselho de Contribuintes.

Se a reclamao for considerada improcedente, ser dada a oportunidade para o contribuinte apresentar recurso (voluntrio) ao Conselho de Contribuintes.

5. Instncias Superiores na Esfera Federal

A apreciao de recursos, no plano federal, da competncia do Conselho de Contribuintes.

O Conselho de Contribuintes composto por representantes da Unio e dos contribuintes (indicados por organizaes sindicais, patronais e de trabalhadores):

a) Primeiro Conselho: Imposto de Renda

b) Segundo Conselho: Imposto sobre Produtos Industrializados

c) Terceiro Conselho: Demais Tributos Federais

Alm do Conselho de Contribuintes, temos a Cmara Superior que aprecia recursos especiais (semelhantes aos embargos infringentes) acerca de decises no unnimes, divergentes da legislao tributria ou ainda na existncia de decises contraditrias.

Vale ressaltar que as decises administrativas em definitivo no podem ser reabertas na esfera administrativa, salvo quando a lei permitir, mas no fazem coisa julgada, deixando em aberto sempre a possibilidade de rediscutir a matria judicialmente. Do mesmo modo, no necessrio esgotar todos os meios administrativos para submeter apreciao do Poder Judicirio.

6. Instncias Administrativas nas Esferas Estaduais e Municipais

As regras do processo administrativo fiscal federal so aplicveis, no que couber, aos processos estaduais, embora geralmente os Estados mantm estrutura similar federal.

Na Bahia, no processo administrativo fiscal - disciplinado pelo Decreto 7.629/1999 - temos as Juntas de Julgamento Fiscal, cabendo recurso para o Conselho da Fazenda (Cmaras de Julgamento Fiscal).

Nos Municpios a estrutura mais simplificada. As reclamaes so dirigidas ao Chefe de Tributos e os recursos ao Secretrio das Finanas. PONTO 12. PROCEDIMENTOS JUDICIAIS1. Ao Anulatria

Ocorre quando o sujeito passivo pretende anular lanamento indevido ou deci-

so administrativa que determinou o procedimento. O STJ pacificou que o dep-

sito prvio exigido no art. 38 da Lei 6.830/1980 uma faculdade do autor, com o

objetivo de suspender o crdito tributrio, evitando a propositura da execuo fis-

cal correspondente ao lanamento impugnado. O prazo para mover tal ao de 5 (cinco) anos, a contar da notificao do lanamento.

2. Ao Declaratria

O contribuinte busca submeter ao Poder Judicirio determinada relao jurdica duvidosa, visando obter garantias contra eventual pretenso do Fisco.

3. Ao de Repetio de Indbito

Quando o contribuinte efetuar pagamento indevido (a maior ou em duplicidade) poder requerer administrativamente a sua devoluo. Se tal direito for negado, possvel requerer judicialmente. O prazo de 5 (cinco) anos, a contar da extino do crdito tributrio. No lanamento por homologao, a contagem se d a partir da correspondente homologao.

4. Ao de Consignao em Pagamento

cabvel quando o fisco recusar o recebimento de determinado tributo ou fazer exigncias abusivas. Tambm possvel consignar quando o valor pretendido pelo fisco superior ao devido ou quando o contribuinte notificado por mais de uma pessoa jurdica de direito pblico acerca de tributo idntico.

5. Mandado de Segurana

Muitas vezes o fisco realiza apreenso de mercadorias ou interdita a atividade do contribuinte, causando-lhe prejuzos irreparveis. Nestas situaes, no basta anular o lanamento do tributo, mas cessar os atos exorbitantes praticados pela Administrao Pblica. O prazo para intentar mandado de segurana de 120 dias, a contar da cincia do ato impugnado. No prazo de 10 dias, a autoridade impetrada dever prestar as informaes, sendo ouvido posteriormente o representante do Ministrio Pblico.

6. Medidas Assecuratrias

Em qualquer ao o sujeito passivo poder requerer a concesso de medida cautelar, suspendendo a cobrana de tributos ou cessando atos exorbitantes da Administrao Pblica. Para deferir, o juiz deve verificar a existncia dos pressupostos processuais para concesso da cautela: periculum in mora (perigo da demora em conceder a tutela) e o fumus boni jris (fumaa do bom direito, ou seja, a pretenso do autor aparenta ser pertinente). nto de mrito da ao.

7. Ao Direta de Inconstitucionalidade

O Supremo Tribunal Federal poder declarar a inconstitucionalidade de qualquer exigncia tributria, com efeito erga omnes (beneficiando os contribuintes em geral).

O contribuinte no pode propor este tipo de ao (o mximo que pode fazer alegar a inconstitucionalidade de alguma norma em mandado de segurana ou qualquer outra ao ordinria, mas os efeitos so in casu, ou seja, beneficiando to somente o autor da ao, se procedente). O art. 102, I, a, da Constituio Federal apenas legitima as seguintes pessoas ou entidades: Presidente da RepblicaMesa do Senado FederalMesa da Cmara de DeputadosMesa da Assemblia Legislativa ou da Cmara DistritalGovernador de Estado ou do Distrito FederalProcurador-Geral da RepblicaConselho Federal da OABPartido Poltico com Representao no Congresso NacionalConfederao Sindical ou Entidade de Classe de mbito Nacional (Conselho Federal de Administrao, por exemplo).

8. Ao Declaratria de ConstitucionalidadeAs mesmas pessoas ou entidades legitimadas proposio da Ao Direta de Inconstitucionalidade, podem defender a conformidade de determinada lei ou ato normativo com a Constituio, atribuindo efeito vinculante em relao aos rgos do Poder Judicirio e da Administrao Pblica, inviabilizando aes individuais com fundamento na suposta inconstitucionalidade de determinada norma.9. Execuo Fiscal

A partir da inscrio do crdito tributrio na dvida ativa quando ento passar a gozar de certeza e liquidez a Fazenda poder iniciar a execuo fiscal, anexando a certido da dvida ativa petio inicial, bem como requerendo a citao do sujeito passivo e a penhora de seus bens. Citado, o sujeito passivo dever nomear bens penhora ou depositar em juzo, no prazo de 05 (cinco) dias, sob pena de faz-lo compulsoriamente.

A qualquer momento o juiz deferir o pedido do executado para substituir a penhora por depsito em dinheiro ou fiana dinheiro, e do fisco de substituir os bens por outros, admitindo-se a indisponibilidade de ativo financeiro (penhora on-line). Aps penhora ou depsito, o executado poder oferecer embargos (impugnao) no prazo de 30 (trinta) dias. Admite-se, no entanto, exceo de pr-executividade, defesa incidental por meio da qual o executado se insurge contra o processo de execuo no seu prprio bojo, sem a obrigatoriedade da garantia do juzo, com uma simples petio, alegando matrias cognoscveis de ofcio pelo magistrado, pois se trata de matrias de ordem pblica, como incompetncia do juzo, condies da ao, ilegitimidade ativa ou passiva, vcios no lanamento ou na certido da dvida ativa (para afastar a presuno de liquidez e certeza), prescrio, decadncia, qualquer forma de extino do crdito ou, se ainda no extinto, a existncia de causas suspensivas.

No havendo embargos/exceo de pr-executividade ou , se forem improcedentes, ser realizada a expropriao dos bens, arrematao e leilo dos bens para satisfao do crdito tributrio.

A Unio no inscreve na dvida ativa tributos consolidados de at R$ 1.000,00 por contribuinte.

Tambm no executa dvida consolidada de at R$ 20.000,00, salvo quando existir multa por descumprimento de obrigao acessria.CONTEDO PROGRAMTICO UNIDADE IVPONTO 13. PRINCIPAIS TRIBUTOS FEDERAIS1. Contribuies Sociais. Exclusividade da Unio

A Constituio Federal estabelece competncia exclusiva (ou especial) Unio para a instituio de contribuies sociais (previdencirias, assistenciais, profissionais e de interveno econmica) de acordo com o artigos 149 e 195.

A exclusividade no absoluta, pois os Estados, o Distrito Federal e os Municpios podem instituir contribuies previdencirias para custeio de benefcios de seus servidores (previdncia prpria), bem como a instituio pelos Municpios e pelo Distrito Federal de contribuio para iluminao pblica ( 1 do art. 149 da CF).

2. Princpio da Anterioridade

As contribuies sociais em geral so submetidas ao princpio da anterioridade, somente entrando em vigor (a instituio ou aumento) depois de 90 dias e ainda assim no exerccio seguinte (art. 150, III, b e c).

Em se tratando de contribuies para a seguridade social (previdncia, sade e assistncia) somente deve ser observada apenas a anterioridade nonagesimal (anterioridade mitigada/trimestralidade), conforme determina o 6 do art. 195 da CF.

3. Contribuies Previdencirias

As contribuies previdencirias so destinadas ao custeio de benefcios (Lei 8.213/1991) administrados pelo INSS (Instituto Nacional da Seguridade Social), autarquia federal dotada de oramento prprio.

Os empregadores devem pagar 20% sobre a folha de pagamento, mais 1%, 2% ou 3% de SAT (seguro acidente de trabalho), conforme o risco de acidentes, e ainda 5,8% para terceiros (servios sociais: SESC, SENAI, etc), exceto os pequenos empresrios optantes da tributao simplificada. As fontes pagadoras das pessoas fsicas so responsveis pelo recolhimento da contribuio (pouco importante o porte e o regime tributrio), que devem descontar 11% sobre o pr-labore ou 8%, 9% ou 11% conforme o salrio do empregado, a saber: Contribuio do Empregado (2014):

Salrio-de-contribuio (R$)Alquota para fins de recolhimento ao INSS (%)

at R$ 1.317,078,00

de 1.317,08 at 2.195,129,00

de 2.195,13 at 4.390,2411,00

Quando o empregado possuir mais de um emprego, dever informar ao segundo empregador para considerar a soma das rendas e deduzir o valor j descontado (a base de clculo mxima de R$ 4.390,24, somados os rendimentos do empregado).

Sobre o salrio dos empregados domsticos incide 20%, sendo 12% a cargo do empregador e 8% a cargo do empregado.Em se tratando de autnomo, deve recolher 20% sobre a renda, respeitando-se o teto previdencirio.Pessoas que esto na economia informal, com rendimentos eventuais, podem optar pelo recolhimento de 11% sobre o salrio mnimo (Previdncia Simplificada).Os microempreendedores individuais e assemelhados (ambulantes, feirantes, prestadores de servios, etc) podem recolher 5% sobre o salrio mnimo (LC 123/2006) desde que cadastrados junto ao SEBRAE.

4. Outras Contribuies SociaisContribuio para Financiamento da Seguridade Social (COFINS)3% sobre o faturamento (bruto e cumulativo)7,6% sobre o faturamento (lquido e no cumulativo

PIS/PASEP0,65% sobre o faturamento (bruto e cumulativo)1,65% sobre o faturamento (lquido e no cumulativo

Fundo de Garantia de Tempo de Servio (FGTS)8% do salrio bruto, tendo como contribuinte o empregador em benefcio do empregado.

5. Imposto de Renda (IR)

Principal tributo federal, tem como fato gerador a renda (do capital, do trabalho ou da combinao de ambos) ou de proventos de qualquer natureza (acrscimos patrimoniais, como por exemplo, recebimento de aluguel), tendo com sujeitos passivos pessoas naturais e pessoas jurdicas.

Em se tratando de pessoa natural (fsica), recolhido pela fonte pagadora ou pelo prprio contribuinte (se autnomo), de acordo com a tabela vigente sobre as remuneraes mensais:(ano-calendrio 2014)Base de clculo mensal em R$Alquota %Parcela a deduzir do imposto em R$

At1.787,77--

De 1.787,78 at 2.679,297,5134,08

De 2.679,30 at 3.572,4315,0335,03

De 3.572,44 at 4.463,8122,5602,96

A partir de 4.463,8127,5826,15

Abater da base de clculo a contribuio previdenciria, a penso judicial e R$ 179,71 por cada dependente. Os aposentados maiores de 65 anos abatem, ainda, R$ 1.787,77 da renda bruta.A tabela do IRPF incide sobre o pr-labore dos administradores de sociedades simples (civis) e empresrias, mas no pode ser aplicada sobre os lucros distribudos aos scios, posto que os ganhos de capital das pessoas jurdicas so tributados pelo IRPJ.

At o dia 30/04 do exerccio seguinte, o contribuinte dever fazer sua declarao anual de ajuste, quando ser apurado o imposto devido, oportunidade em que ser devido o pagamento da diferena em favor do fisco ou a restituio (total ou parcial) em benefcio do contribuinte.

O contribuinte dever considerar os rendimentos de todas as fontes pagadoras, aplicando-se a tabela anual do ano-calendrio.O Imposto de Renda tambm incide sobre premiao em sorteios (bens ou servios) (30% sobre premiao em dinheiro ou ativo financeiro; 20% premiao em bens ou servios), bem como ganhos de capital em transaes imobilirias (15% sobre o proveito econmico).. Quanto s pessoas jurdicas, registradas na Junta Comercial (empresrias) ou no Cartrio das Pessoas Jurdicas (atividades civis), bem como os empresrios individuais (pessoas naturais equiparadas s pessoas jurdicas) devem pagar 15% sobre o lucro bruto de at R$ 240.000,00 ao ano.

Sobre o lucro excedente a R$ 240.000.00 ao ano, pagar 25% de IR.

As microempresas (faturamento bruto anual superior a R$ 60.000,00 at R$ 360.000,00) e as pequenas empresas (faturamento bruto anual superior a R$ 360.000,00 e inferior a R$ 3.600.000,00) tambm devem fazer a declarao anual de ajuste, ainda que sejam optantes pela tributao simplicada (o IRPJ j est includo na tabela do supersimples).

A pessoa jurdica poder optar pelo lucro real ou pelo lucro presumido (32% para prestadores de servios em geral e 8% para a indstria, comrcio e construo civil).

So obrigadas apurao do lucro real as organizaes com faturamento anual superior a R$ 24.000.000,00, as instituies financeiras e as seguradoras, bem como as que obtiveram ganhos de capital oriundos do exterior.

6. Contribuio Social sobre o Lucro Lquido (CSLL)

Sobre a mesma base de clculo, incide 9% a ttulo de CSLL sobre o resultado obtido pelas sociedades empresrias ou simples. Em se tratando de seguradoras e empresas de capitalizao, a CSLL . de 15%.7. Outros Tributos FederaisImposto sobre Produtos Industrializados (IPI)O fato gerador a industrializao, mas ser devido a partir da sada do estabelecimento industrial ou o desembarao aduaneiro, quando se tratar de produto importado; imposto extrafiscal e seletivo, que incide sobre o valor agregado.

Imposto sobre Importao de Produtos (II)Tem finalidade extrafiscal, pois visa regular o comrcio internacional sempre sujeito s oscilaes conjunturais - no submetido ao princpio da anterioridade. Previsto na CF (art. 153, I) e regulamentado pelo Decreto-lei 37/1966.

Seu fato gerador a entrada de produto estrangeiro no territrio nacional.

Imposto sobre Exportao de Produtos (IE)Sua finalidade tambm extrafiscal, pois visa incentivar ou restringir exportaes, conforme o interesse econmico nacional, no sendo submetido ao princpio da anterioridade. Previsto na CF (art. 153, II) e regulamentado pelo Decreto-lei 37/1966.

Seu fato gerador a sada de produto nacional ou nacionalizado do territrio nacional (art. 23 do CTN).

Imposto sobre Operaes Financeiras (IOF)Assim como o IPI, o II e o IE, o IOF tem natureza extrafiscal, controlando a concesso de crdito e atividades afins. Disciplinado pelas leis 8.033/1990 e 9.532/1997. Incide sobre: sobre operaes de crdito (capital e juros); sobre operaes de cmbio (sobre o valor equivalente em moeda nacional na troca de moedas); sobre operaes de seguro (sobre o valor do prmio pago seguradora); sobre operaes relativas a ttulos e valores mobilirios (sobre aquisio de aes, debntures, bnus de subscrio, etc).

Imposto Territorial Rural (ITR)Incide sobre a propriedade ou domnio til ou a posse de imvel localizado fora da zona urbana. Tem sido utilizado como instrumento de poltica agrria, sendo aplicada alquotas progressivas para desestimular propriedades improdutivas (art. 153, 4, I, da CF), devendo ser reduzido de acordo com o grau de utilizao da terra (GUT).

Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF)Trata-se de um tributo ainda no implantado, pois depende de lei complementar (art. 153, VII, da CF), por razes polticas.

PONTO 14. PRINCIPAISTRIBUTOS ESTADUAIS1. Imposto sobre Circulao de Mercadoria e Servios (ICMS) o imposto de maior importncia depois do Imposto de Renda, definido pelo art. 155 da CF, conferindo competncia aos Estados e ao Distrito Federal para tributar a circulao de mercadorias e prestao de servios especficos (comunicao, transporte interestadual e intermunicipal).

Na Bahia, disciplinado pela Lei 7.014/1996 e pelo Decreto 6.284/1997 (Regulamento do ICMS da Bahia).

O comprador da safra responsvel (por substituio) na aquisio de frutas, verduras, hortalias e carnes (in natura), quando o vendedor no possuir registro na Junta Comercial. Tambm incide sobre servios de comunicao e de transporte interestadual e intermunicipal. O transporte de carga no fato gerador de ICMS (geralmente o valor do frete est inserido no preo das mercadorias).

Em respeito ao princpio da no-cumulatividade e considerando que a mercadoria pode circular vrias vezes at que chegue ao destinatrio final, o preo da operao anterior dever ser deduzido da base de clculo, evitando-se a bi-tributao.

Cada Estado tem competncia para fixar suas alquotas internas, mas o Senado (atravs de Resoluo) estabelece as alquotas mnima e mxima, 7% e 25%.

A Bahia utiliza trs alquotas internas:

17% produtos em geral;

25% para cigarros, perfumes, bebidas alcclicas (exceto cerveja, 17%), energia eltrica e servios de comunicao;

7% arroz, feijo, milho, sal de cozinha, farinha e fub.

Quando a mercadoria vendida para contribuinte de outro Estado (empresrio), o Estado produtor deve aplicar alquota interestadual fixada pelo Senado:

12% (geral)

7% (quando SP, RJ e MG vendem para outros Estados da federao).

O Estado de destino far jus diferena, aplicando a sua alquota interna.

As empresas optantes pelo supersimples (ME/EPP), embora no sejam contribuintes do ICMS, devem fazer a antecipao do tributo quando adquirem mercadorias de outros Estados.Os empresrios que comercializam mercadorias ou prestam servio at o limite de R$ 60.000,00 ao ano, cadastrados no SEBRAE como microempreendedores individuais, pagam R$ 1,00 fixo a ttulo de ICMS. 2. Imposto sobre Transmisso Causa Mortis e Doao (ITCMD) um imposto eventual que tem como fato gerador a transmisso de bens por morte (causa mortis) ou doao de imveis (atos inter vivos a ttulo gracioso), de competncia privativa dos Estados e do Distrito Federal. Em se tratando de bens mveis, o imposto pertence ao Estado onde for promovido o inventrio ou arrolamento. O Senado Federal fixa a alquota mxima. O Estado da Bahia pratica as seguintes alquotas: 3,5% sobre as doaes e, na sucesso entre 4 a 8%, conforme o montante do esplio, havendo iseno de esplio at R$ 99.999,99.3. Imposto sobre Propriedade de Veculos Automotores (IPVA) um imposto anual, de competncia estadual (ART. 155, III, CF), que tem como fato gerador a propriedade de veculo motorizado de qualquer espcie (carros de passeio, utilitrios, motocicletas, etc). Disciplinado, na Bahia, pela Lei 6.348/1991.Na Bahia, h um calendrio de pagamento de IPVA de acordo com o nmero final da placa policial, entre maro e setembro, mas antecipado na transferncia da propriedade de veculos usados.O Estado da Bahia adota trs alquotas: 3% veculos movidos a diesel; 2,5% veculos movidos a outros combustveis; 1% nibus, micronibus, motocicletas e triciclos.

A base de clculo o valor venal, mas os Estados calculam com base na tabela FIPE dos bancos, que dispe sobre o preo mdio dos veculos usados. Por ocasio do pagamento do IPVA, so cobradas as multas, a taxa de licenciamento e o seguro DPVAT (exao).

A Bahia concede iseno de IPVA para veculos com mais de 15 anos (no dispensa taxa de licenciamento e seguro DPVAT) Motoristas de taxi, portadores de necessidades especiais (deficientes fsicos ou visuais) doena mental severa, somente obtm iseno quando da aquisio de veculo novo (1 licenciamento).PONTO 15. PRINCIPAIS TRIBUTOS MUNICIPAIS1. Contribuio Social para Iluminao Pblica (CIP)A Constituio Federal autoriza, excepcionalmente, que os Municpios e o Distrito Federal possam instituir CIP, geralmente cobrada na fatura da conta de energia eltrica. A concessionria de servio pblico far a compensao dos valores arrecadados com o consumo da energia das reas pblicas. 2. Imposto sobre Servios (ISS) um imposto municipal (art. 156, III, CF) que incide sobre a prestao de servio no subordinado, exceto de comunicao, de transporte interestadual e intermunicipal, nos termos de lei federal (complementar).

Tem como contribuinte o prestador de servio (empresrio individual ou sociedade empresria), profissional intelectual (individual ou sociedade simples), demais autnomos (carpinteiros, eletricistas, tcnicos, etc).

O tomador do servio responsvel (por substituio) quando remuneram prestadores de servios autnomos.

O Municpio pode cobrar ISS sobre qualquer prestao de servio a partir da sua disponibilizao ao tomador, exceto os relativos a comunicao e transporte intermunicipal e interestadual. A Lei Complementar n 116/2003, enumera 193 tipos de servios.

A lista taxativa, no entendimento doutrinrio dominante, pois a CF delegou Unio definir os servios de qualquer natureza que podem ser tributados pelos Municpios.

A distino entre prestao de servio (ISS) e circulao de mercadoria (ICMS) que o servio um bem econmico imaterial (atividade humana para satisfao de uma necessidade, como transporte, assistncia mdica, espetculo, hospedagem, etc), enquanto que a mercadoria contempla bem material (coisa, objeto, alimento, roupa, veculo, etc).

As alquotas variam de 2% a 5%, conforme dispuser cada Municpio tributante, tendo como base de clculo o valor bruto da operao. Alguns Municpios, no entanto, arbitram valores fixos (anuais) para certos prestadores, facilitando a fiscalizao. Geralmente devido ao Municpio onde est situado o estabelecimento prestador ou, na falta de estabelecimento, o domiclio (sede) do prestador.

Excepcionalmente (art. 3 da LC 116/2003) determina que devido ao Municpio de localizao do servio em se tratando de obra, de estrada pedagiada, de limpeza, de vigilncia, de armazenagem, de exposio, do tomador de mo-de-obra.

No incide sobre prestao de servio subordinado (relao de emprego) e na prestao de servio de administrao das corporaes (conselho de administrao, conselho fiscal ou diretoria).

Os microempreendedores individuais que prestam servio (com faturamento anual de at R$ 60.000,00 ao ano) contribuem mensalmente com o valor (fixo) R$ 5,00 a ttulo de ISS. Quando circulam mercadorias e prestam servios ao mesmo tempo, devem acrescentar o valor fixo de R$ 1,00 a ttulo de ICMS.

3. Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) Tambm um imposto anual que tem como fato gerador a propriedade (ou posse) de imvel urbano (edificado ou no), de competncia municipal, podendo ser progressivo para garantir a funo social da propriedade urbana.

O contribuinte o proprietrio ou o possuidor, ou seja, a pessoa que tem o domnio econmico do bem, o que no o caso do locatrio (inquilino).

Embora o locatrio seja obrigado a pagar o IPTU (por fora da Lei 8.245/1991, Lei de Locao), no contribuinte luz do Direito Tributrio. Assim, o no pagamento do tributo pelo locatrio ter conseqncias civis (despejo e cobrana) e no tributrias para este. O Municpio executar o proprietrio e este, aps pagar o tributo, poder mover ao regressiva contra o locatrio.Quando pessoas imunes figuram na condio de locatrias, so desoneradas de IPTU (Smula 724 do STF). Quando so locadoras, o IPTU devido pelo locatrio (particular).

As organizaes religiosas gozam de imunidade as instalaes destinadas aos cultos das organizaes religiosas, mas residncias dos ministros religiosos no so imunes. No entanto, os mosteiros, conventos e residncias dos padres so consideradas extenses da Igreja Catlica, pois tais religiosos no constituem famlia.

No caso dos terreiros de candombl, no obstante os pais e mes de santos terem famlia, um espao hbrido (residncia e culto) fazendo jus imunidade.O CTN adotou critrio geogrfico para determinar a incidncia de IPTU ( 1 do art. 32).Assim, zona urbana aquela definida em lei municipal, observado o requisito mnimo de dois dos seguintes melhoramentos:

(I) meio-fio ou calamento, com canalizao de guas fluviais;

(II) abastecimento de gua;

(III) sistema de esgotos sanitrios;

(IV) rede de iluminao pblica, com ou sem posteamento de para distribuio domiciliar;

(V) escola primria ou posto de sade a uma distncia mxima de 03 (trs) quilmetros do imvel considerado.Ser cobrado pelo valor venal, considerando o preo do m2 em cada rea da Cidade, conforme o seu plano diretor.

4. Imposto sobre a Transmisso inter vivos por Ato Oneroso de Bens Imveis (ITIV)Tambm chamado de ITBI, tem como fato gerador a transmisso onerosa, por atos inter vivos, de bens imveis, bem como cesso de direitos reais sobre bens imveis (habitao, usufruto).

O contribuinte o adquirente de imveis urbanos ou rurais.

A promessa de compra e venda no gera ITBI, pois a transmisso da propriedade se opera com o registro de imveis competente. A base de clculo o valor venal (de mercado). A CF d imunidade sobre a transmisso de bens ou direitos incorporados ao patrimnio de pessoa jurdica em realizao de capital, bem como na transmisso de bens ou direitos decorrente de fuso, incorporao, ciso ou extino de pessoa jurdica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locao de bens imveis ou arrendamento mercantil.Ainda h imunidade na transmisso de imveis desapropriados para fins de reforma agrria ( 5 do art. 184, CF). PONTO 16. TRIBUTAO SIMPLIFICADA 1. Conceito de Pequena Empresa (ME/EPP)A Constituio Federal (arts. 170, IX, e 179) assegura s pequenas organizaes empresrias tratamento jurdico favorecido, favorecendo inclusive a opo ao regime simplificado de tributao (supersimples).

Considera-se microempresa (ME) e empresa de pequeno porte (EPP) organizaes econmicas, civis ou empresrias, cujo faturamento anual bruto no ultrapasse a R$ 360.000,00 e R$ 3.600.000,00, respectivamente.EMPRESAS QUE GOZAM O TRATAMENTO FAVORECIDO:

PESSOA NATURAL (FIRMA INDIVIDUAL REGISTRADA NA JUNTA COMERCIAL)

PESSOA JURDICA (SOCIEDADE EMPRESARIAL ou SOCIEDADE SIMPLES

RENDA BRUTA ANUAL

MICROEMPRESAEMPRESA DE PEQUENO PORTEAT R$ 360.000,00

ACIMA R$ 360.000,00 AT R$ 3.600.000,00

2. EnquadramentoO enquadramento se d mediante declarao do empresrio (individual ou sociedade empresria) perante a Junta Comercial ou, no caso das sociedades simples (civis) junto ao Cartrio das Pessoas Jurdicas, dispensando-se as certides que so exigidas das demais pessoas (inexistncia de condenao criminal, prova de dvida tributria e previdenciria).

As pequenas empresas devero, independentemente de qualquer alterao contratual, adotar em seguida ao seu nome empresarial a expresso ME ou EPP, conforme o enquadramento na Junta Comercial/Cartrio das Pessoas Jurdicas.

As empresas em constituio (novas) faro o enquadramento conforme estimativa, mas ser verificada o faturamento proporcional no final do exerccio (31.12 do ano de fundao).

3. Desenquadramento/Perda da CondioQuando os faturamentos excedem ou no so alcanados daqueles inicialmente previstos na inscrio da ME/EPP, ou seja, a ME passa condio de EPP (quando o faturamento exceder a R$ 360.000,00 ao ano) e a EPP excluda do regime (se o faturamento anual ultrapassar a R$ 3.600.000,00) ou retornar condio de ME (quando o faturamento se tornar inferior a R$ 360.000,00). A comunicao dever ser feita no prazo de 30 (trinta) dias, a contar da ocorrncia.

Haver perda da condio quando ocorrer desenquadramento/reenquadramento durante dois anos consecutivos ou trs anos alternados num perodo de cinco anos.

O atual Estatuto das Pequenas Empresas (Lei Complementar n 123/2006) unificou a tributao simplificada para os microempresrios e empresrios de pequeno porte, obedecendo a Constituio Federal que determina a criao de um tratamento jurdico favorecido s pequenas empresas (arts. 170, IX, e 179).

O Estatuto das Pequenas Empresas (Lei Complementar n 123/2006) unificou a tributao simplificada para os microempresrios e empresrios de pequeno porte, obedecendo a Constituio Federal que determina a criao de um tratamento jurdico favorecido s pequenas empresas (arts. 170, IX, e 179).

4. Tributao SimplificadaO pagamento simplificado dos tributos um regime OPCIONAL das MEs/EPPs. Optando, o SUPERSIMPLES -Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuies implica na unificao (mensal) dos seguintes tributos:

Imposto de Renda das Pessoas Jurdicas

Imposto sobre Produtos Industrializados- IPI

Contribuio Social sobre o Lucro Lquido-CSLL

Contribuio para Financiamento da Seguridade Social-COFINS

Contribuies Previdencirias Patronais

PIS/PASEP

Imposto sobre Circulao de Mercadorias e Servios-ICMS

Imposto sobre Servios de Qualquer Natureza-ISSO SUPERSIMPLES no acessvel ao todos os pequenos empreendedores. vedado para certas pessoas/atividades:possua scio domiciliado no exterior

administrao de ativo financeiro/factoring

servio de comunicao

scio vinculado administrao pblica

transporte intermunicpal e interestadual de passageiros

importao ou fabericao de automveis ou motocicletaS

INDSTRIA OU ATACADO DE BEBIDAS ALCLICAS OU CIGARROS

INDSTRIA DE PRODUTOS TRIBUTADOS COM IPI ACIMA DE 20% (batons, por exemplo)

PROFISSO INTELECTUAL OU DESPORTIVA

LOCAO DE MO-DE-OBRA

CONSULTORIA

INCORPORADORA DE IMVEIS

5. Critrios para Apurao do SupersimplesPara calcular o tributo devido, o contribuinte deve considerar o faturamento acumulado nos ltimos 12 meses (anteriores ao ms de apurao) e depois aplicar a alquota sobre o faturamento especfico do ms.Faturamento de uma ME (optante), atividade comercial:

Jan/2014Faturamento no Ms (Jan/2014): R$ 20.000,00.

Faturamento Acumulado (Janeiro a Dezembro/2013): R$ 200.000,00

Alquota: 5,47% (faixa de R$ 180.000,01 at R$ 360.000,00).

Base de Clculo: R$ 20.000,00 (jan/2010) X 5,47% = R$ 1.094,006. Tabelas do SupersimplesAlquotas e Partilha do Simples Nacional - Comrcio Receita Bruta em 12 meses (em R$)

Alquota

IRPJ

CSLL

Cofins

PIS/Pasep

CPP

ICMS

At 180.000,00

4,00%

0,00%

0,00%

0,00%

0,00%

2,75%

1,25%

De 180.000,01 a 360.000,00

5,47%

0,00%

0,00%

0,86%

0,00%

2,75%

1,86%

De 360.000,01 a 540.000,00

6,84%

0,27%

0,31%

0,95%

0,23%

2,75%

2,33%

De 540.000,01 a 720.000,00

7,54%

0,35%

0,35%

1,04%

0,25%

2,99%

2,56%

De 720.000,01 a 900.000,00

7,60%

0,35%

0,35%

1,05%

0,25%

3,02%

2,58%

De 900.000,01 a 1.080.000,00

8,28%

0,38%

0,38%

1,15%

0,27%

3,28%

2,82%

De 1.080.000,01 a 1.260.000,00

8,36%

0,39%

0,39%

1,16%

0,28%

3,30%

2,84%

De 1.260.000,01 a 1.440.000,00

8,45%

0,39%

0,39%

1,17%

0,28%

3,35%

2,87%

De 1.440.000,01 a 1.620.000,00

9,03%

0,42%

0,42%

1,25%

0,30%

3,57%

3,07%

De 1.620.000,01 a 1.800.000,00

9,12%

0,43%

0,43%

1,26%

0,30%

3,60%

3,10%

De 1.800.000,01 a 1.980.000,00

9,95%

0,46%

0,46%

1,38%

0,33%

3,94%

3,38%

De 1.980.000,01 a 2.160.000,00

10,04%

0,46%

0,46%

1,39%

0,33%

3,99%

3,41%

De 2.160.000,01 a 2.340.000,00

10,13%

0,47%

0,47%

1,40%

0,33%

4,01%

3,45%

De 2.340.000,01 a 2.520.000,00

10,23%

0,47%

0,47%

1,42%

0,34%

4,05%

3,48%

De 2.520.000,01 a 2.700.000,00

10,32%

0,48%

0,48%

1,43%

0,34%

4,08%

3,51%

De 2.700.000,01 a 2.880.000,00

11,23%

0,52%

0,52%

1,56%

0,37%

4,44%

3,82% De 2.880.000,01 a 3.060.000,00

11,32%

0,52%

0,52%

1,57%

0,37%

4,49%

3,85%

De 3.060.000,01 a 3.240.000,00

11,42%

0,53%

0,53%

1,58%

0,38%

4,52%

3,88%

De 3.240.000,01 a 3.420.000,00

11,51%

0,53%

0,53%

1,60%

0,38%

4,56%

3,91%

De 3.420.000,01 a 3.600.000,00

11,61%

0,54%

0,54%

1,60%

0,38%

4,60%

3,95%

Alquotas e Partilha do Simples Nacional - Indstria Receita Bruta em 12 meses (em R$)

Alquota

IRPJ

CSLL

Cofins

PIS/Pasep

CPP

ICMS

IPI

At 180.000,00

4,50%

0,00%

0,00%

0,00%

0,00%

2,75%

1,25%

0,50%

De 180.000,01 a 360.000,00

5,97%

0,00%

0,00%

0,86%

0,00%

2,75%

1,86%

0,50%

De 360.000,01 a 540.000,00

7,34%

0,27%

0,31%

0,95%

0,23%

2,75%

2,33%

0,50%

De 540.000,01 a 720.000,00

8,04%

0,35%

0,35%

1,04%

0,25%

2,99%

2,56%

0,50%

De 720.000,01 a 900.000,00

8,10%

0,35%

0,35%

1,05%

0,25%

3,02%

2,58%

0,50%

De 900.000,01 a 1.080.000,00

8,78%

0,38%

0,38%

1,15%

0,27%

3,28%

2,82%

0,50%

De 1.080.000,01 a 1.260.000,00

8,86%

0,39%

0,39%

1,16%

0,28%

3,30%

2,84%

0,50%

De 1.260.000,01 a 1.440.000,00

8,95%

0,39%

0,39%

1,17%

0,28%

3,35%

2,87%

0,50%

De 1.440.000,01 a 1.620.000,00

9,53%

0,42%

0,42%

1,25%

0,30%

3,57%

3,07%

0,50%

De 1.620.000,01 a 1.800.000,00

9,62%

0,42%

0,42%

1,26%

0,30%

3,62%

3,10%

0,50%

De 1.800.000,01 a 1.980.000,00

10,45%

0,46%

0,46%

1,38%

0,33%

3,94%

3,38%

0,50%

De 1.980.000,01 a 2.160.000,00

10,54%

0,46%

0,46%

1,39%

0,33%

3,99%

3,41%

0,50%

De 2.160.000,01 a 2.340.000,00

10,63%

0,47%

0,47%

1,40%

0,33%

4,01%

3,45%

0,50%

De 2.340.000,01 a 2.520.000,00

10,73%

0,47%

0,47%

1,42%

0,34%

4,05%

3,48%

0,50%

De 2.520.000,01 a 2.700.000,00

10,82%

0,48%

0,48%

1,43%

0,34%

4,08%

3,51%

0,50%

De 2.700.000,01 a 2.880.000,00

11,73%

0,52%

0,52%

1,56%

0,37%

4,44%

3,82%

0,50%

De 2.880.000,01 a 3.060.000,00

11,82%

0,52%

0,52%

1,57%

0,37%

4,49%

3,85%

0,50%

De 3.060.000,01 a 3.240.000,00

11,92%

0,53%

0,53%

1,58%

0,38%

4,52%

3,88%

0,50%

De 3.240.000,01 a 3.420.000,00

12,01%

0,53%

0,53%

1,60%

0,38%

4,56%

3,91%

0,50%

De 3.420.000,01 a 3.600.000,00

12,11%

0,54%

0,54%

1,60%

0,38%

4,60%

3,95%

0,50%

Alquotas e Partilha do Simples Nacional Servios (em Geral)

Receita Bruta em 12 meses (em R$)

Alquota

IRPJ

CSLL

Cofins

PIS/Pasep

ISS

At 180.000,00

4,50%

0,00%

1,22%

1,28%

0,00%

2,00%

De 180.000,01 a 360.000,00

6,54%

0,00%

1,84%

1,91%

0,00%

2,79%

De 360.000,01 a 540.000,00

7,70%

0,16%

1,85%

1,95%

0,24%

3,50%

De 540.000,01 a 720.000,00

8,49%

0,52%

1,87%

1,99%

0,27%

3,84%

De 720.000,01 a 900.000,00

8,97%

0,89%

1,89%

2,03%

0,29%

3,87%

De 900.000,01 a 1.080.000,00

9,78%

1,25%

1,91%

2,07%

0,32%

4,23%

De 1.080.000,01 a 1.260.000,00

10,26%

1,62%

1,93%

2,11%

0,34%

4,26%

De 1.260.000,01 a 1.440.000,00

10,76%

2,00%

1,95%

2,15%

0,35%

4,31%

De 1.440.000,01 a 1.620.000,00

11,51%

2,37%