marxismo e filosofia da linguagem - michail bachtin

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MARXISMO E FILOSOFIA DA LINGUAGEM Mikhail BAKHTIN

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Apresentao do PowerPoint

MARXISMO E FILOSOFIA DA LINGUAGEM Mikhail BAKHTIN INTRODUO

_ Sendo o signo e a enunciao de natureza social, em que medida a linguagem determina a conscincia, a atividade mental; em que medida a ideologia determina a linguagem? Tais so as questes que constituem o fio condutor do livro._ indispensvel situar sua reflexo em relao ao problema fundamental que foi suscitado pela aplicao da anlise marxista lngua a lngua uma superestrutura?_ Bakhtin coloca, em primeiro lugar, a questo dos dados reais da lingustica, da natureza real dos fatos da lngua. A lngua , como para Saussure, um fato social, cuja existncia se funda nas necessidades da comunicao._ a palavra a arena onde se confrontam aos valores sociais contraditrios; os conflitos da lngua refletem os conflitos de classe no interior mesmo do sistema: comunidade semitica e classe social no se recobrem. A comunicao verbal, inseparvel das outras formas de comunicao, implica conflitos, relaes de dominao e de resistncia, adaptao ou resistncia hierarquia, utilizao da lngua pela classe dominante para reforar seu poder etc. _ Todo signo ideolgico; a ideologia um reflexo das estruturas sociais; assim, toda modificao da ideologia encadeia uma modificao da lngua.

_ A entonao expressiva, a modalidade apreciativa sem a qual no haveria enunciao, o contedo ideolgico, o relacionamento com uma situao social determinada, afetam a significao. O valor novo do signo, relativamente a um tema sempre novo, a nica realidade para o locutor-ouvinte. _ A enunciao, compreendida como uma rplica do dilogo social, a unidade de base da lngua, trata-se de discurso interior (dilogo consigo mesmo) ou exterior. Ela de natureza social, portanto ideolgica. Ela no existe fora de um contexto social, j que cada locutor tem um horizonte social._ A filosofia marxista da linguagem deve colocar como base de sua doutrina a enunciao, como realidade da lngua e como estrutura scio ideolgica. _ Se a lngua determinada pela ideologia, a conscincia, portanto o pensamento, a atividade mental, que so condicionados pela linguagem, so modelados pela ideologia. _ O signo ideolgico vive graas sua realizao no psiquismo e, reciprocamente, a realizao psquica vive do suporte ideolgico. A questo exige mais que um tratamento esquemtico. Na verdade, a distino essencial que Bakhtin faz entre a atividade mental do eu (no modelada ideologicamente, prxima da reao fisiolgica do animal, caracterstica do indivduo pouco socializado) e a atividade mental do ns (forma superior que implica a conscincia de classe).

PRLOGO

_ (OBJETIVOS DO TRABALHO) tarefa de esboar as orientaes de base que uma reflexo aprofundada sobre a linguagem deveria seguir e os procedimentos metodolgicos a partir dos quais essa reflexo deve estabelecer-se para abordar os problemas concretos da lingustica. _ Pode-se dizer que a filosofia burguesa contempornea est se desenvolvendo sob o signo da palavra . E essa nova orientao do pensamento filosfico do Ocidente est ainda s nos seus primeiros passos. A palavra e sua situao no sistema so a parada de uma luta inflamada somente comparvel quela que, na Idade Mdia, ops realistas, nominalistas e conceitualistas.

_ (PRIMEIRA PARTE) Indicar o lugar dos problemas da filosofia da linguagem dentro do conjunto da viso marxista do mundo.

_ (SEGUNDA PARTE) Tentar resolver o problema fundamental da filosofia da linguagem, ou seja, o problema da natureza real dos fenmenos lingusticos.

_ (TERCEIRA PARTE) Na ltima parte de nosso trabalho, realizado um estudo concreto de uma questo de sintaxe.

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SEGUNDA PARTE - PARA UMA FILOSOFIA MARXISTA DA LINGUAGEM

CAPTULO 4 DAS ORIENTAES DO PENSAMENTO FILOSFICO-LINGSTICO

_ No que consiste o objeto da filosofia da linguagem? Onde podemos encontrar tal objeto? Qual a sua natureza concreta? Que metodologia adotar para estud-lo?_ (...) as sedues do empirismo fontico superficial so muito fortes na lingstica. O estudo da face sonora do signo lingstico nela ocupa um lugar proporcionalmente exagerado. Tal estudo muitas vezes determina o tom nessa disciplina e, na maioria dos casos, feito sem nenhum vnculo com a natureza real da linguagem enquanto cdigo ideolgico. _ (FSICA) Se isolarmos o som enquanto fenmeno puramente acstico, perderemos a linguagem como objeto especfico. O som concerne totalmente competncia dos fsicos._ (FISIOLGICA) Se ligarmos o processo fisiolgico da produo do som ao processo de percepo sonora, nem por isso estaremos nos aproximando de nosso objetivo._ (PSICOLGICA) Se associarmos a atividade mental (os signos interiores) do locutor e do ouvinte, estarem os em presena de dois processos psicofsicos ocorrendo em dois sujeitos psicofisiologicamente diferentes e de um nico complexo sonoro fsico realizando-se na natureza segundo as leis da fsica. A linguagem, como objeto especfico, ainda no a teremos encontrado. _ preciso inserir esse conjunto na esfera nica da relao social organizada. (..) para observar o fenmeno da linguagem , preciso situar os sujeitos - emissor e receptor do som -, bem como o prprio som, no meio social.

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_ Na filosofia da linguagem e nas divises metodolgicas correspondentes da lingstica geral, encontramo-nos em presena de duas orientaes principais no que concerne resoluo de nosso problema, que consiste em isolar e delimitar a linguagem como objeto de estudo especfico.

SUBJETIVISMO IDEALISTA

_ A primeira tendncia interessa-se pelo ato da fala, de criao individual, como fundamento da lngua (no sentido de toda atividade de linguagem sem exceo). O psiquismo individual constitui a fonte da lngua._ As leis da criao lingstica sendo a lngua uma evoluo ininterrupta, uma criao contnua so as leis da psicologia individual, e so elas que devem ser estudadas pelo linguista e pelo filsofo da linguagem. _ As posies fundamentais da primeira tendncia, quanto lngua, podem ser sintetizadas nas quatro seguintes proposies: (Wilhelm Humboldt foi um dos mais notrios representantes desta primeira tendncia; foi quem estabeleceu seus fundamentos).1. A lngua uma atividade, um processo criativo ininterrupto de construo (energia), que se materializa sob a forma de atos individuais de fala.2. As leis da criao lingstica so essencialmente as leis da psicologia individual.3. A criao lingstica uma criao significativa, anloga criao artstica. 4. A lngua, enquanto produto acabado (ergon), enquanto sistema estvel (lxico, gramtica, fontica), apresenta-se como um depsito inerte, tal como a lava fria da criao lingstica, abstratamente construda pelos linguistas com vista s sua aquisio prtica como instrumento pronto para ser usado.

_ (STEINTAHL) o psiquismo individual constitui a fonte da lngua, enquanto que as leis do desenvolvimento lingstico so leis psicolgicas._ (WUNDT) A doutrina de Wundt resume-se no seguinte: todos os fatos de lngua, sem exceo, prestam-se a uma explicao fundada na psicologia individual sobre uma base voluntarista. verdade que Wundt, assim como Steintahl, considere a lngua como uma emanao da psicologia dos povos (Vlker psychologie) ou psicologia tnica . Entretanto, a psicologia wundtiana dos povos constituda pela soma dos psiquismos separados dos indivduos. _ (VOSSLER) O que caracteriza primordialmente a escola de Vossler, a negao categrica e de princpio do positivismo lingstico, que no consegue ver mais alm das formas lingsticas (em particular as fonticas, as que so positivas) e do ato psicofisiolgico que as engendra. Donde o aparecimento em primeiro plano do