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Marlon Roberto Neuber
Prefeito de Itapoá
Carlos Henrique Pedrialli de Nóbrega
Vice-Prefeito de Itapoá
Ricardo Ribeiro Haponiuk
Secretário Municipal de Meio Ambiente
3
Realização:
PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAPOÁ – PMI
Coordenação:
SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE DE ITAPOÁ – SEMAI
RICARDO RIBEIRO HAPONIUK
Organização e Elaboração:
Ricardo Ribeiro Haponiuk – Oceanógrafo – Secretário SEMAI
Rodrigo Cechin – Biólogo – Diretor SEMAI
Mariana Cortes de Lima – Bióloga – Setor Técnico SEMAI
Livia Maria Rocha – Engenheira Florestal – Setor Técnico SEMAI
Walderland Michel Machado – Engenheiro Ambiental – Setor Técnico SEMAI
Marina Athayde Vieira – Estagiária SEMAI
Colaboração Técnica
Carlos Henrique Pedrialli de Nóbrega – Vice Prefeito de Itapoá
Mariana Gianiaki – Marimar Conhecimento
Sandra Steinmetz – Ambiental Consulting
Celso Voos Vieira – UNIVILLE
Apoio
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ADEA – Associação de Defesa e Educação Ambiental
ANAMMA – Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente
APA – Área de Preservação Ambiental
APA – Plano de Amborização Urbana
APP – Área de Preservação Permanente
APREMAI – Associação para Preservação do Mangue da Barra do Saí
CAR – Cadastro Ambiental Rural
COMDEMA – Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente
CPE – Coastal Planning & Engineering
CPRM – Serviço Geológico do Brasil
CREFC – Centro de Referência em Estudos de Florestas Costeiras
DOE – Diário Oficial do Estado
EIA – Estudo de Impacto Ambiental
Epagri – Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina
FATMA – Fundação de Meio Ambiente de Santa Catarina
FMMA – Fundo Municipal de Meio Ambiente
FOD – Floresta Ombrofila Densa
FODTB – Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas
FOFA – Forças, Oportunidades, Fragilidades e Ameaças
GT – Grupo de Trabalho
ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
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IMA – Instituto do Meio Ambiente
IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
LAO – Licença Ambiental de Operação
LCM – Lei Complementar Municipal
MaB – O Homem e a Biosfera
MASJ – Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville
MMA – Ministério do Meio Ambiente
MPOG – Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
PDITS – Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável
PDM – Plano Diretor Municipal
PIB – Produto Interno Bruto
PMI – Prefeitura Municipal de Itapoá
PMISB – Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico
PMMA– Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica
PNMC – Parque Natural Municipal Carijós
PRA – Programa de Regularização Ambiental
RLs – Reservas Legais
RPPN – Fazenda Palmital e a Reserva Ecológica Volta Velha
SBF – Serviço Florestal Brasileiro
SDS – Secretaria Estadual de Desenvolvimento Sustentável
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SEMAI – Secretaria Municipal de Meio Ambiente
SICAR – Sistema de Cadastro Ambiental Rural
SMCQ – Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental
6
SPU – Secretaria do Patrimônio da União
TEUs – medida–padrão utilizada para calcular o volume de um contêiner
UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
VAF – Valor Adicionado Fiscal
ZEEM – Zoneamento Ecológico Econômico Municipal
ZEUC – Zona Especial de Unidade de Conservação
ZEP – Zona Especial de Pescadores
ZPP – Zona de Preservação Permanente
ZUR – Zona de Uso Restrito
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LISTA DE FIGURAS
Figura 01. Mapa apresentando os remanescentes florestais de Mata Atlântica no país
em 2015–2016. Fonte: SOS Mata Atlântica........................................................................ pág. 16
Figura 02. Recorte do mapa de relevância estratégica visando o incremento da
conectividade na Mata Atlântica. Fonte: MMA, 2016.................................................... pág. 17
Figura 03. Recorte do mapa de áreas estratégicas no que diz respeito à importância
para conservação da biodiversidade na Mata Atlântica. Fonte: MMA, 2016........pág. 18
Figura 04. Montagem apresentando a publicação no DOE/SC com enfoque na pág.
onde consta o extrato do Termo de Delegação firmado entre a Fatma e o Município
de Itapoá..............................................................................................................................................pág. 20
Figura 05. Mapa mental simplificado da metodologia aplicada para elaboração do
PMMA do Município de Itapoá.................................................................................................pág. 22
Figura 06. Área coberta por florestas no Município de Itapoá, em hectares. Fonte:
MapBiomas, 2016.............................................................................................................................pág. 28
Figura 07. Área coberta por mangue no Município de Itapoá, em hectares. Fonte:
MapBiomas, 2016.............................................................................................................................pág. 29
Figura 08. Mapa com a cobertura vegetal e uso do solo no Município de Itapoá, em
hectares. Fonte: MapBiomas, 2016...........................................................................................pág. 30
Figura 09. Mapa identificando os remanescentes de Mata Atlântica no Município de
Itapoá em 2016. Fonte: SOS Mata Atlântica, 2016...........................................................pág. 30
Figura 10: Mapa da Cobertura Vegetal Original de Itapoá (NEPOMUCENO, 2002).
Fonte: PDM Itapoá, 2016..............................................................................................................pág. 34
Figura 11: Mapa da Cobertura Vegetal e Uso do Solo Atual de Itapoá
(NEPOMUCENO, 2002). Fonte: PDM Itapoá, 2016............................................................pág. 35
Figura 12. Setores de alto risco de inundação Fonte: CPRM, 2014..........................pág. 37
8
Figura 13. Inundação de 2008. Fonte: PMISB, 2015.........................................................pág. 39
Figura 14. Inundação de 2010. Fonte: PMISB, 2015.........................................................pág. 39
Figura 15. Inundação de 2011. Fonte: PMISB, 2015.........................................................pág. 39
Figura 16. Áreas com problemas de drenagem. Fonte: PMISB, 2015......................pág. 40
Figura 17. Tipos de praias em Itapoá-SC. Fonte: Angulo & Souza, 2002..............pág. 40
Figura 18. Setores da planície costeira de Itapoá-SC. Fonte: Angulo & Souza,
2002........................................................................................................................................................pág. 41
Figura 19. Exemplo de erosão costeira no setor B. Fonte: Angulo & Souza,
2002........................................................................................................................................................pág. 42
Figura 20. Exemplo de erosão costeira no setor C. Fonte: Angulo & Souza,
2002........................................................................................................................................................pág. 42
Figura 21. Cobertura vegetal nativa. Fonte: Projeto Orla Itapoá-SC, 2013............pág. 44
Figura 22. Regiões Climáticas do Brasil. Fonte: IBGE.......................................................pág. 45
Figura 23. Mapa da área de aplicação da Lei da Mata Atlântica, com detalhe para a
região onde está localizado o município de Itapoá. Fonte: 1º Mapa da Área de
Aplicação da Lei nº 11.428 de 2006, 1ª edição, 2008.....................................................pág. 47
Figura 24. Mapa dos imóveis rurais de Itapoá cadastrados no CAR e suas RLs
evidenciadas em verde. Fonte: Sicar........................................................................................pág. 52
Figura 25. Imagem de um dos trechos do rio Saí-Mirim que possui construções
irregulares em área de APP. Fonte Google Earth, 2016.................................................pág. 54
Figura 26. Exemplo de uma construção às margens do rio Saí-Mirim. Fonte: Acervo
Prefeitura..............................................................................................................................................pág. 54
Figura 27. Imagem do curso do rio Palmeiras, destacado em vermelho. Fonte Google
Earth.......................................................................................................................................................pág. 55
Figura 28. Imagem do curso do rio Palmeiras, destacado em vermelho. Fonte
Google Earth.......................................................................................................................................pág. 56
9
Figura 29. Imagem de 1958 registrando a vila de pescadores na 1 ª pedra em
Itapema do Norte. Fonte: Vitorino Paese..............................................................................pág. 58
Figura 30. Localização da Reserva Volta Velha definida em branco e os acessos em
amarelo.................................................................................................................................................pág. 60
Figura 31. Localização do Centro em meio à Mata Atlântica. Fonte: Rubens
Vandresen............................................................................................................................................pág. 61
Figura 32. Localização dos sítios arqueológicos no Município de Itapoá. Fonte:
Museu do Sambaqui de Joinville..............................................................................................pág. 62
Figura 33. Imagem de 1958 registrando a vila de pescadores na 1ª pedra em
Itapema do Norte. Fonte: Vitorino Paese..............................................................................pág. 63
Figura 34. Vista aérea da Barra do Saí. Fonte: Prefeitura de Itapoá.........................pág. 65
Figura 35. Figueira do Pontal. Fonte: Itapoá SC.................................................................pág. 68
Figura 36. Jaqueira ao lado da Capela São Judas Tadeu. Fonte: Prefeitura de
Itapoá.....................................................................................................................................................pág. 68
Figura 37. Nascer do sol na Baía da Babitonga. Fonte: Prefeitura de Itapoá.......pág. 69
Figura 38. Áreas Prioritárias para Conservação. Fonte: MMA, 2007 .........................pág.
72
Figura 39. Matrícula 22.552, área situada nos Fundos da Associação Apremai Barra
do Sai.....................................................................................................................................................pág. 74
Figura 40. Percentual da área territorial com plantação. Fonte IPEA.......................pág. 80
Figura 41. Plataforma online do SICAR, apresentando os imóveis em Itapoá que já
possuem registrados no CAR.....................................................................................................pág. 82
Figura 42. Localização de Itapoá e seus acessos rodoviários.................................Pagina 84
Figura 43. Principais itens de produção do setor agropecuário de Itapoá. Fonte IBGE,
2015........................................................................................................................................................pág. 88
Figura 44. Organograma do órgão ambiental municipal de Itapoá........................pág. 94
10
Figura 45. Destinação dos efluentes. Fonte: PMISB, 2015..........................................pág. 104
Figura 46. Composição dos resíduos de Itapoá-SC. Fonte: PMISB, 2015............pág. 105
Figura 47. Foz do Rio Mendanha. Fonte: PMISB, 2015................................................pág. 106
Figura 48. Recorte do Mapa do Zoneamento Ecológico Econômico Costeiro do
Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro – Setor 1. Fonte: SDS, 2013............pág. 116
Figura 49. 1ª turma de Protetores Ambientais no desfile cívico em comemoração aos
29 anos de emancipação política de Itapoá.....................................................................pág. 119
Figura 50. Imagem demostrando as relações entre as questões social, ambiental e
econômica que devem ser consideradas na determinação dos objetivos do PMMA
(Fonte: MMA; 2017)......................................................................................................................pág. 122
Figura 51. Proposta para as avaliações temporais do PMMA de Itapoá. Fonte:
Adaptado de MMA, 2017..........................................................................................................pág. 136
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 01. Cobertura original dos Estados Brasileiros no ano de 1500. Fonte: SOS
Mata Atlântica....................................................................................................................................pág. 15
Tabela 02. Dados sobre o remanescente de Mata Atlântica em Itapoá. Fonte:
Fundação SOS Mata Atlântica, 2015.......................................................................................pág. 28
Tabela 03. Área de floresta, em hectares, registrada por ano no Município de Itapoá.
Fonte: MapBiomas, 2016...............................................................................................................pág. 30
Tabela 04. Área de mangue, em hectares, registrada por ano no Município de
Itapoá. Fonte: MapBiomas, 2016...............................................................................................pág. 31
Tabela 05. Estatísticas dos usos e ocupação do solo de Itapoá................................pág. 36
Tabela 06. Estatísticas dos usos e ocupação do solo de Itapoá................................pág. 36
Tabela 07. Fitofisionomias vegetacionais encontradas no Município de Itapoá, áreas
de ocorrência e características que interessem ao presente PMMA........................pág. 49
Tabela 08. Estatística da relação das APPs e os remanescentes do bioma...........pág. 57
Tabela 09. Taxas de crescimento anual da população de Itapoá. Fonte PMISB
2015........................................................................................................................................................pág. 76
Tabela 10. Estoque de empregos, segundo seçõoes de atividades ecônomicas. Fonte:
Itapoá em numeros.........................................................................................................................pág. 86
Tabela 11. Estoque de empregos, segundo seçõoes de atividades ecônomicas. Fonte:
Itapoá em numeros.........................................................................................................................pág. 87
Tabela 12. Sistema de indicadores e formas de medição desenvolvidos para o
PMMA de Itapoá............................................................................................................................pág. 135
Tabela 13. Ciclo estipulado para as avaliações anuais do PMMA de Itapoá.....pág. 137
12
SUMÁRIO
I. INTRODUÇÃO.......................................................................................................................................................... 15
I.I. Apoio do Projeto "Fortalecendo os Conselhos Municipais de Meio Ambiente por
meio dos Planos Municipais de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica”…….……21
II. METODOLOGIA ..................................................................................................................................................... 23
III. DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO ATUAL .................................................................................................... 26
III.I. REMANESCENTES DE MATA ATLÂNTICA .......................................................................... 26
III.I.I. Levantamento de Remanescentes ................................................................................. 26
III.I.II. Áreas de risco e fragilidade ambiental ....................................................................... 37
III.I.III. Meio Físico ......................................................................................................................... 45
III.I.IV. Fisionomias originais ...................................................................................................... 47
III.I.V. Levantamento de fauna .................................................................................................. 50
III.I.VI. Áreas protegidas dos imóveis rurais e urbanas...................................................... 51
III.I.VII. Unidades de conservação e áreas tombadas como patrimônio natural ........ 57
III.I.VIII. Populações tradicionais ............................................................................................... 61
III.I.IX. Atrativos naturais, históricos, culturais e arqueológicos ..................................... 65
III.I.X. Indicação de áreas definidas como prioritárias para conservação ..................... 71
III.I.XI. Terras públicas .................................................................................................................. 73
III.I.XII. Viveiros existentes e outras iniciativas..................................................................... 74
III.II. VETORES DE DESMATAMENTO OU DESTRUIÇÃO DA VEGETAÇÃO NATIVA ......... 76
III.II.I. Demografia ......................................................................................................................... 76
III.II.II. Questões fundiárias ......................................................................................................... 77
13
III.II.III. Infraestrutura ................................................................................................................... 83
III.II.IV. Aspectos Econômicos .................................................................................................... 85
III.II.V. Impactos decorrentes de outras causas .................................................................... 92
III.III. CAPACIDADE DE GESTÃO .................................................................................................... 92
III.III.I. Gestão ambiental ............................................................................................................. 92
III.III.II. Quadro legal em vigor .................................................................................................. 95
III.IV. PLANOS E PROGRAMAS ...................................................................................................... 99
III.IV.I. Plano Diretor Municipal (PDM) ................................................................................... 99
III.IV.II. Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico (PMISB) ........................... 102
III.IV.III. Plano Municipal de Gerenciamento Costeiro ...................................................... 107
III.IV.IV. Plano de Gestão Integrada da Orla Marítima ..................................................... 108
III.IV.V. Plano de Turismo ......................................................................................................... 109
III.IV.VI. Planos de Bacias Hidrográficas ............................................................................... 110
III.IV.VII. Plano de manejo do Parque Natural Municipal Carijós ................................. 111
III.IV.VIII. Plano de manejo da RPPN Fazenda Palmital ................................................... 113
III.IV.IX. Estudos para criação de unidades de conservação, mosaicos e corredores
ecológicos ..................................................................................................................................... 115
III.IV.X. Zoneamento Ecológico Econômico Costeiro ........................................................ 116
III.IV.XI. Programas de educação ambiental ........................................................................ 118
IV. SISTEMATIZAÇÃO DO DIAGNÓSTICO ................................................................................................. 121
IV.I. Objetivos ................................................................................................................................... 125
IV.II. Áreas prioritárias ................................................................................................................... 126
IV.II.I. Região entre as desembocaduras dos rios Saí Mirim e Saí Guaçu (1) ............ 126
IV.II.II. Região da desembocadura do Rio Jaguaruna (2) ................................................ 126
14
IV.II.III. Corredores ecológicos (3) .......................................................................................... 126
IV.II.IV. Perímetro Urbano (4) .................................................................................................. 127
IV.II.V. Área rural (5) .................................................................................................................. 127
IV.III. Ações Prioritárias.................................................................................................................................128
V. MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO………………………………………………………………………………….141
VI. CONSIDERAÇÕES FINAIS……………………………………………………………………………….………………..144
VII. ANEXOS……………………………………………………………………………………………………………………………146
VII.I. Mapa dos Limites Municipais
VII.II. Mapa de Uso e Ocupação do Solo
VII.III. Mapa de Remanescentes da Mata Atlântica
VII.IV. Mapa de Áreas de Preservação Permanente
VII.VI. Mapa de Remanescentes com APP
VII.VI. Mapa de Bacias Hidrográficas
VII.VII. Mapa de Clinografia
VII.III. Mapa de Hipsometria
VII.IX. Mapa de Geologia
VII.X. Mapa de Unidades de Conservação
VII.XI. Consulta Pública
VII.XII. Legislação relacionada ao PMMA
VIII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................................................159
15
I. INTRODUÇÃO
A Mata Atlântica abrangia originalmente uma área do território nacional de
cerca de 1.300.000 km2, estendendo-se por 3429 municípios ao longo de 17 Estados
(Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul,
Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Alagoas, Sergipe, Paraíba,
Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí). Destes estados, apenas 3 tinham
domínio total do Bioma Mata Atlântica, sendo um deles Santa Catarina (Tabela 01).
Tabela 01. Cobertura original dos Estados Brasileiros no ano de
1500. Fonte: SOS Mata Atlântica.
Estado Área de domínio %
Alagoas 53
Bahia 33
Ceará 3
Espírito Santo 100
Goiás 3
Mato Grosso do Sul 18
Minas Gerais 46
Paraíba 12
Paraná 98
Pernambuco 18
Piauí 9
Rio de Janeiro 100
Rio Grande do Norte 6
Rio Grande do Sul 48
Santa Catarina 100
São Paulo 68
Sergipe 54
16
Segundo o último Relatório Técnico da Fundação SOS Mata Atlântica, relativo
ao Atlas dos Remanescentes Florestais do Bioma, dos 17 Estados, Santa Catarina,
mesmo ocupando a 2ª posição em porcentagem relativa de remanescentes do
bioma (23% = 2.204.983m2), foi o 5º lugar onde ocorreu mais desmatamentos no
período de 2015-2016 (Figura 01).
Figura 01. Mapa apresentando os remanescentes florestais de
Mata Atlântica no país em 2015-2016. Fonte: SOS Mata Atlântica.
17
O Município de Itapoá, localizado no extremo Litoral Norte do Estado de
Santa Catarina, faz parte de uma região onde podem ser encontrados os últimos
remanescentes contínuos catarinenses do bioma Mata Atlântica. Considerada uma
das formações mais ricas em diversidade biológica do planeta, seja pela variedade
de ecossistemas que estão ali representados ou ainda pela riqueza de espécies, sua
conservação se faz necessária uma vez que apenas 7% desse conjunto de
ecossistemas ainda restam preservados no país.
A região do município de Itapoá também está estabelecida dentro da
Estratégia Espacial de áreas prioritárias do Ministério do Meio Ambiente com alto
grau no que diz respeito à conectividade do bioma e, também, contemplada na
mesma estratégia em se tratando de conservação da biodiversidade variando o grau
de importância de muito alto a extremamente alto (Figuras 02 e 03).
Figura 02. Recorte do mapa de relevância estratégica visando o incremento da
conectividade na Mata Atlântica. Fonte: MMA, 2016.
18
Figura 03. Recorte do mapa de áreas estratégicas no que diz respeito à importância para
conservação da biodiversidade na Mata Atlântica. Fonte: MMA, 2016.
A demanda pela elaboração do Plano Municipal de Conservação e
Recuperação da Mata Atlântica de Itapoá (PMMA/ITAPOÁ) surge, portanto, da
congregação do contexto legal vigente e das demandas pela conservação do Bioma,
além do momento político vivenciado pelo Município. A demanda legal relativa à
execução do plano vem à tona, inicialmente, com a instituição da Lei da Mata
Atlântica – Lei Federal nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006, que dispõe sobre a
utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica. O plano se
consolida, a partir desse ato normativo, como um instrumento de planejamento
ambiental necessário para acessar o Fundo de Restauração do Bioma da Mata
19
Atlântica:
Art. 38. Serão beneficiados com recursos do Fundo de Restauração do Bioma Mata
Atlântica os projetos que envolvam conservação de remanescentes de vegetação
nativa, pesquisa científica ou áreas a serem restauradas, implementados em
Municípios que possuam plano municipal de conservação e recuperação da Mata
Atlântica, devidamente aprovado pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente.
Mais tarde, com a regulamentação da Lei da Mata Atlântica por meio do
Decreto Federal nº 6.660, de 21 de novembro de 2008, que dispõe sobre a
utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica, foram
estabelecidos os quesitos mínimos que o plano municipal de Mata Atlântica deve
conter:
Art. 43. O plano municipal de conservação e recuperação da Mata Atlântica, de que
trata o art. 38 da Lei nº 11.428, de 2006, deverá conter, no mínimo, os seguintes
itens:
I - diagnóstico da vegetação nativa contendo mapeamento dos remanescentes em
escala de 1:50.000 ou maior;
II - indicação dos principais vetores de desmatamento ou destruição da vegetação
nativa;
III - indicação de áreas prioritárias para conservação e recuperação da vegetação
nativa; e
IV - indicações de ações preventivas aos desmatamentos ou destruição da vegetação
nativa e de conservação e utilização sustentável da Mata Atlântica no Município.
Parágrafo único. O plano municipal de que trata o caput poderá ser elaborado em
parceria com instituições de pesquisa ou organizações da sociedade civil, devendo
ser aprovado pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente.
Para além desse arcabouço federal vigente, no Estado de Santa Catarina foi
criada, ainda, outra demanda legal atrelada aos Termos de Delegação de Atribuições
de Gestão Florestal celebrados entre o Órgão Ambiental Estadual e os Municípios
20
catarinenses interessados e aptos para recebimento de tal atribuição. Na Cláusula
Terceira, que trata da execução do referido documento, fica condicionado que os
Municípios tem o prazo de doze meses, a partir da data de publicação do termo em
Diário Oficial do Estado, para elaborar e ter aprovado pelo Conselho Municipal de
Meio Ambiente o seu PMMA:
§ 24 – Por este instrumento o Município se compromete a investir esforços, propor e
aprovar no prazo de 12 (doze) meses, seu Plano Municipal de Conservação e
Recuperação de Mata Atlântica (PMMA), em conformidade com o artigo 38 da Lei nº
11.428/2006 e o artigo 43 do Decreto nº 6.660 de 21/11/2008.
O Município de Itapoá teve renovado, após adequação administrativa em seu
órgão ambiental, seu Termo de Delegação de Gestão Florestal firmado junto à
Fundação de Meio Ambiente de Santa Catarina – FATMA, tendo sua publicação
oficial no DOE/SC, datada de 11 de setembro de 2017, Edição nº 20.613, Ano
LXXXIII, Página 23 (Cod. Mat.: 475637) (Figura 04).
Figura 04 Montagem apresentando a publicação no DOE/SC com enfoque na página
onde consta o extrato do Termo de Delegação firmado entre a antiga Fatma e o
Município de Itapoá.
21
Quanto à questão política municipal, destaca-se o histórico do Município
intimamente relacionado à intensa especulação imobiliária e à ocupação
desordenada do perímetro urbano. A implementação parcial ou, ainda, indevida de
loteamentos aprovados em tempos remotos, quando Itapoá não possuía sua
independência administrativa, associado à passividade de fiscalização do Poder
Público quanto a estas implementações, culminaram em uma rigorosa atuação
dissuasiva do Órgão Estadual de Meio Ambiente, que exigiu tanto do Poder
Executivo Municipal quanto da comunidade itapoaense uma mudança radical de
hábitos e práticas, exigindo, por consequência, a adequação quanto a aplicação de
instrumentos de gestão florestal do bioma para os lotes urbanos.
I.I. Apoio do Projeto "Fortalecendo os Conselhos Municipais de Meio
Ambiente por meio dos Planos Municipais de Conservação e
Recuperação da Mata Atlântica”
Para fortalecer a gestão ambiental nos municípios e promover a conservação
da Mata Atlântica nos 17 estados onde ela está presente, a ONU Meio Ambiente e a
Associação Nacional dos Órgãos Municipais e Meio Ambiente (ANAMMA) fecharam
uma parceria no final de 2017.
A ANAMMA é a única organização que congrega em sua composição,
representantes de órgãos municipais de meio ambiente de todo o Brasil, e conta
ainda com importantes convidados colaboradores como a Fundação SOS Mata
Atlântica, que há mais de 30 anos se dedica à conservação, restauração e uso
sustentável do bioma que lhe dá nome.
A parceria reforça o papel do Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente em enfrentar os desafios ambientais e alavancar o compromisso nacional
para a implementação de uma agenda de desenvolvimento sustentável. A união dos
22
esforços com a ANAMMA efetiva o princípio da ONU Meio Ambiente em fazer com
que ações locais aconteçam de forma mais sistemática, integrada e participativa.
A parceria busca a qualificação, não só da estrutura técnica municipal, mas
traz grande destaque à participação da sociedade civil na elaboração e
monitoramento de políticas públicas locais, direcionada por meio dos Planos Locais
de Biodiversidade, previstos na Convenção de Biodiversidade e metas de Aichi, da
qual o Brasil é signatário.
Como objetivos do projeto estão previstos a mobilização e sensibilização de
atores locais para a participação no planejamento municipal, a capacitação de
conselheiros ambientais e mobilização da sociedade civil para o monitoramento de
políticas públicas e a capacitação de gestores públicos – todos voltados para o
Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica (PMMA).
O grande diferencial do PMMA é sua aprovação prevista em Lei, pelo
Conselho Municipal de Meio Ambiente, que se torna corresponsável,
compartilhando com executivo e legislativo, as decisões sobre o desenvolvimento de
suas cidades e realizando o acompanhamento de suas ações neste sentido.
A elaboração e implementação do PMMA, portanto, requer que o município
tenha estrutura mínima de gestão, incluindo o órgão executivo com técnicos
capacitados para coordenar e/ou executar suas ações, Conselho Municipal de Meio
Ambiente atuante e capaz de acompanhar o desempenho do plano e recursos
financeiros suficientes e disponíveis para a elaboração e a implementação do
PMMA.
Um outro resultado esperado do projeto é o apoio a no mínimo 15
municípios para que elaborem seus PMMAs. Os municípios que participarem do
projeto serão convidados a estabelecer um termo de compromisso com ANAMMA,
assumindo as seguintes metas:
Conselho Municipal de Meio Ambiente e Fundo Municipal de Meio
23
Ambiente regulamentados e operantes;
O PMMA deverá conter ações de conservação em pelo menos 20% dos
remanescentes de Mata Atlântica existentes no município;
O PMMA deverá conter ações de restauração em pelo menos 5% de
território do município (com excessão daqueles municípios cuja cobertura
atual de remanescentes de Mata Atlântica seja superior a 50% do seu
território).
Na sequência do projeto, a ANAMMA continuará enveredando esforços para
fomentar a implementação dos PMMAs, principalmente buscando fontes de
recursos para os Fundos Municipais de Meio Ambiente. Vale ressaltar que os Fundos
Municipais podem obter recursos de várias fontes, como verbas de compensação
ambiental (ou medidas compensatórias), Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental
(TCFA), ICMS Ecológico, Comitês de Bacias Hidrográficas, recursos privados, doações,
outros fundos e o próprio orçamento municipal, entre outros. Além disso, vale
destaque que o Conselho Municipal é quem decide a alocação dos recursos do
Fundo, fortalecendo ainda mais a participação social e continuidade do processo
através das gestões.
Nesse cenário, o município de Itapoá foi contemplado com o apoio do
projeto.
II. METODOLOGIA
A estratégia utilizada para a elaboração do Plano Municipal de Conservação e
Recuperação da Mata Atlântica de Itapoá (PMMA) foi pautada no cumprimento do
arcabouço legal vigente, buscando o envolvimento da comunidade itapoaense, das
entidades e instituições que atuam e/ou tem relação direta com o Bioma Mata
Atlântica e dos representantes do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente
24
– COMDEMA.
O roteiro metodológico concebido para o PMMA de Itapoá se baseou nas
duas publicações de manuais sobre o tema desenvolvidos pelo Ministério do Meio
Ambiente (MMA, 2013 e MMA, 2017), sendo estruturado, basicamente, em seis
etapas até a aprovação do PMMA/ITAPOÁ pelo COMDEMA (Figura 05).
Um Grupo de Trabalho (GT) com integrantes da Prefeitura de Itapoá foi
instituído inicialmente, sendo o responsável por conduzir o processo de elaboração
do PMMA. Na sequência, o Executivo Municipal procedeu com o convite formal aos
integrantes do COMDEMA em reunião ordinária do colegiado, que deliberou por
sua maioria a não participação do conselho na fase de elaboração do plano,
protelando a sua interação somente para o ato da aprovação do documento final.
Algumas entidades da sociedade civil demonstraram interesse em colaborar no
processo, contudo estas parcerias não foram efetivadas.
Figura 05. Mapa mental simplificado da metodologia aplicada
para elaboração do PMMA do Município de Itapoá.
25
O levantamento de informações para compor o diagnóstico do município,
para a verificação da situação local da cobertura vegetal e uso do solo, e para a
identificação das áreas prioritárias para a conservação e restauração da Mata
Atlântica em Itapoá foram realizados a partir da compilação e sistematização de
dados disponíveis no acervo do Poder Executivo Municipal, em estudos técnicos e
levantamentos de órgãos oficiais.
Em posse de todas estas informações foi desenvolvido pelo Executivo
Municipal o diagnóstico da situação atual que subsidiou a proposição dos objetivos,
áreas e ações prioritárias para a gestão sustentável do bioma Mata Atlântica no
Município de Itapoá. Surge, então, a minuta do PMMA que foi submetida à
apreciação da população por meio de oficinas, gerando a versão prévia do Plano de
Mata Atlântica de Itapoá. Este documento foi, ainda, submetido à audiência pública
antes de ser encaminhado ao COMDEMA para a sua aprovação legal.
De forma pormenorizada, a gestão participativa no processo de construção
do PMMA se deu considerando as duas versões dos roteiros do PMMA elaborados
pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2013 e MMA, 2017) aliado ao princípio da
participação popular do Estatuto das Cidades, em três momentos distintos: consulta
pública, oficinas participativas e audiência pública (Figura 05). A Consulta Pública foi
idealizada no intuito de divulgar a realização do plano, bem como para mobilizar a
sociedade para participação efetiva no processo de elaboração do PMMA e ainda
contribuir com a sua percepção sobre a gestão ambiental em Itapoá. A rodada de
oficinas setoriais foram concebias para oportunizar a toda a população itapoaense a
interação com as propostas preestabelecidas pelo Executivo Municipal, de modo a
assegurar o controle social e garantir a integração da diversidade dos interesses da
coletividade. A Audiência Pública foi delineada, notadamente, para validar todo o
conteúdo gerado e garantir a legitimidade da construção coletiva para a gestão do
bioma Mata Atlântica no Município de Itapoá.
26
III. DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO ATUAL
O diagnóstico da situação atual objetivou a caracterização e análise da
situação da Mata Atlântica no município de Itapoá, considerando a avaliação da
realidade existente dos remanescentes de Mata Atlântica e das áreas de vegetação
nativa degradadas, a indicação dos vetores de pressão potencialmente causadores
de desmatamento e degradação desses remanescentes, a ponderação da
capacidade de gestão, e a apreciação dos planos e programas que se relacionam de
alguma forma com o PMMA.
III.I. REMANESCENTES DE MATA ATLÂNTICA
III.I.I. Levantamento de Remanescentes
O maciço florestal do Município de Itapoá está englobado em um complexo
de florestas de planície e restingas que ocorrem desde o litoral sul do Estado de
São Paulo, caracterizando uma das maiores planícies de Mata Atlântica do Brasil, e
ainda conta com boa parte de sua área coberta por essa exuberante vegetação.
As áreas de Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas de Itapoá constituem
um dos maiores e mais preservados fragmentos florestais desta fitofisionomia em
SC e apresenta estrato arbóreo composto por indivíduos de médio a grande porte,
com estrutura bem definida em quatro estratos principais.
O epifitismo é característica marcante desta formação vegetal, constituído
principalmente por membros das famílias Bromeliaceae e Araceae. Algumas lianas e
trepadeiras também são comuns, variando em composição conforme a altura da
floresta. Também se verifica cobertura densa de bromeliáceas no chão da floresta,
que varia em densidade e predominância de espécies.
Na região ocorrem ainda Formações Pioneiras, como banhados, restingas e
manguezais, além de florestas de encostas, e Floresta Ombrófila Densa Sub-
montana (MELLO, A. S., GRINGS, M. & SETUBAL, R. B., 2012).
27
As imagens do Google Earth confirmam que ainda grande parte da extensão
de Itapoá permanece preservada, com destaque para as seguintes áreas:
Mangue entre os Rios Saí-Mirim e Saí-Guaçu, na divisa com o município de
Guaratuba;
Mangue associado ao Rio Pequeno;
Restinga associada à foz do Rio Jaguaruna;
Margens do Rio Saí-Mirim;
Área que engloba a RPPN Fazenda Palmital e a Reserva Ecológica Volta
Velha;
Extremo oeste do município, na divisa com São Francisco do Sul e Garuva.
Alguns loteamentos com vegetação nativa em grande parte ou na totalidade
de sua extensão, especialmente aqueles mais afastados da orla marítima.
O mapa do Zoneamento Ecológico Econômico Municipal – ZEEM, anexo da
Lei Complementar Municipal nº 021/2008, também pode ser utilizado como base
para evidenciar os maiores remanescentes florestais de Itapoá, considerando as
áreas denominadas de Zona de Preservação Permanente e Zona de Uso Restrito. O
Projeto de Lei Complementar nº 08/2018, que dispõe sobre o novo ZEEM do
município, também apresenta tais áreas e acrescenta a Zona de Uso Especial de
Unidades de Conservação e as Áreas de Preservação Permanente de Hidrografia.
Segundo o Inventário Florístico Florestal de Santa Catarina, o município de
Itapoá apresenta vegetação classificada como Floresta Ombrófila Densa e Vegetação
litorânea, ambas inseridas no bioma Mata Atlântica. A Floresta Ombrófila Densa é
caracterizada por ser uma floresta fechada, úmida e apresentando vários estratos e
grande diversidade de cipós, bromélias, orquídeas e epífitas, e espécies
características como o palmiteiro, canelas, figueiras e guamirins. A Vegetação
litorânea é representada pela restinga e pelos mangues, sendo a primeira uma
28
vegetação pioneira que ocupa a primeira faixa de depósitos de areia e o segundo
associado a lagunas, baías e estuários, sujeito ao regime das marés.
De acordo com dados da Fundação SOS Mata Atlântica de 2015, o município
apresentava 63% da sua área coberta por vegetação nativa:
Tabela 02. Dados sobre o remanescente de Mata Atlântica em
Itapoá. Fonte: Fundação SOS Mata Atlântica, 2015.
Área Município (ha) 24.841
Área Município na Lei MA (ha) 24.780
% Município na Lei MA 100
Mata 3.673
Restinga 11.587
Mangue 372
Vegetação Nativa 15.632
% Vegetação Natural 63
Segundo classificação de Veloso et al. (1992), encontrada no Manual Técnico
de Vegetação Brasileira do IBGE, de 2012, Itapoá apresenta duas fitofisionomias
vegetais pertencentes ao bioma Mata Atlântica: Floresta Ombrófila Densa de Terras
Baixas – FODTB e Vegetação Pioneira de Influência Marinha (restinga). Como ambas
ocorrem no mesmo tipo de solo, é possível encontrar desenvolvimento das mesmas
espécies nas duas fitofisionomias, com a diferença de que a restinga compõe
vegetação pioneira e de origem mais recente e a FODTB em planícies internas e
mais antigas, apresentando formação florestal mais evoluída e homogênea.
29
Segundo Klein (1978), os agrupamentos mais importantes encontrados nessa
tipologia são Tapirira guianensis (cupiúva), Ocotea odorifera (canela-sassafrás),
Ocotea aciphylla (canel-amarela), Nectandra oppositifolia (canela-ferrugem),
Callophyllum brasiliensis (guanandi), Alchornea triplinervia (tanheiro) e Ficus
organensis (figueira).
A Restinga apresenta vegetação que varia de herbáceas (ex.: Ipomoea sp.,
Hydrocotyle bonariensis, Smilax campestris) a arbóreas (ex.: Ocotea pulchella, Ilex
dumosa, Syagrus romanzoffiana), mas que apresenta comunidade climácica
semelhante à Floresta Ombrófila Densa, com muitas espécies ocorrendo em ambas
as formações, havendo dificuldade de distinção florística e estrutural entre as duas.
De acordo com o levantamento realizado pelo Projeto de Mapeamento Anual
da Cobertura e Uso do Solo do Brasil, o Município de Itapoá – MapBiomas contava
com quase 20.500 hectares de remanescentes florestais em seu território no ano de
2000 (Figura 06). Até 2005 observa-se um declínio, com dois picos de recuperação
de área florestada, registrados em 2001 e 2003, seguido de novo aumento da área
até 2008. Entre 2009 e 2010 foi registrada a maior taxa de desmatamento,
reduzindo para 20.000 ha o total de floresta e, novamente, de 2013 a 2014 a área
coberta por essa vegetação foi reduzida em mais de 250 hectares.
Figura 06: Área coberta por florestas no Município de Itapoá, em hectares. Fonte: MapBiomas, 2016.
30
Apesar das quedas ao longo do gráfico (Tabela 03), também nota-se a
recuperação da vegetação em alguns momentos, podendo ser resultado da
regeneração natural ou de plantações, muitas vezes de espécies de reflorestamento.
Tabela 03: Área de floresta, em hectares, registrada por
ano no Município de Itapoá. Fonte: MapBiomas, 2016.
Ano Floresta (ha) Ano Floresta (ha)
2000 20446,13 2009 20398,62
2001 20550,99 2010 20015,94
2003 20263,18 2013 20010,47
2005 20093,94 2014 19714,54
2008 20414,3 2016 19958,62
As áreas de mangue em Itapoá vêm sendo reduzidas desde o início do
levantamento realizado pelo MapBiomas, no ano de 2000 (Figura 07), quando foi
registrado um total de 1000 hectares no município (Tabela 04). Após um aumento
de pouco mais de 100 ha entre os anos 2007 e 2008 este número caiu
drasticamente de 841 ha, em 2009, para 481 ha em 2011. Assim, registra-se uma
queda de mais da metade da área do ano de 2009 até 2016. Faz-se necessária a
ressalva da possível superestimação da área, pois foi verificada uma região ao
centro do município identificada como mangue, que se trata, efetivamente, de
plantação de pinus. Portanto, é fundamental um mapeamento mais detalhado das
áreas de mangue de Itapoá.
31
Figura 07: Área coberta por mangue no Município de Itapoá, em hectares. Fonte: MapBiomas, 2016.
Tabela 04: Área de mangue, em hectares, registrada por ano no
Município de Itapoá. Fonte: MapBiomas, 2016.
Ano Mangue (ha) Ano Mangue (ha)
2000 1015,5 2008 843,56
2001 817,55 2009 841,31
2002 815,06 2011 481,31
2007 727,52 2016 375,84
O mapa com a cobertura e uso do solo de Itapoá desenvolvido pelo
MapBiomas (Figura 08) indica um total de 18.987,88 hectares coberto por formações
florestais, distribuídos ao longo de todo o seu território, e 375,84 ha de mangue,
presente ao longo do Rio Saí-Mirim, entre este e o Rio Saí-Guaçu e junto à foz do
Rio Jaguaruna, além da área de mangue identificada equivocadamente na região
central, conforme supracitado. Também foram contabilizados 594,91 ha de florestas
plantadas, nas quais são considerados plantio de eucalipto e de pinus, portanto
espécies que não são nativas da Mata Atlântica.
O levantamento da Fundação SOS Mata Atlântica identificou o total de
15.612,97 hectares de remanescentes do Bioma no Município (Figura 09). Dessa
área, 11287 ha foram classificados como restinga arbórea, 402 ha como mangue e
32
3923 ha de mata. O mapa apresenta-se em grande escala e sem muito refinamento
de contorno das áreas, por isso os dados devem ser refinados, sempre que possível,
para o planejamento local.
Figura 08: Mapa com a cobertura vegetal e uso do solo no Município de Itapoá,
em hectares. Fonte: MapBiomas, 2016.
Figura 09: Mapa identificando os remanescentes de Mata Atlântica no Município de
Itapoá em 2016. Fonte: SOS Mata Atlântica, 2016.
33
Cabe informar, ainda, que a Prefeitura de Itapoá, através de seu Órgão
Ambiental Municipal, tem publicado e operante o Enunciado SEMAI nº 01 (Versão
01 – Ago/2017) que estabelece, dentre outros entendimentos, qual a tipologia
florestal considerada para o Município. Neste documento consta que no Mapa do
IBGE, o Município de Itapoá em sua totalidade é classificado como Floresta
Ombrófila Densa, não sendo identificada a formação Florestal de Influência Marinha,
conhecida como Restinga. Apesar da não identificação de vegetação de Restinga
em Itapoá, na Legenda do mapa do IBGE comenta que mesmo que pequenas
manchas de uma determinada tipologia vegetal possam ter vindo a ser
incorporadas a outras tipologias, não caracterizam a sua inexistência, em função do
nível de generalização da escala do mapa.
O Enunciado segue esclarecendo que os mapas em escalas maiores do IBGE
disponíveis para Itapoá, pertinentes ao tema, são o Mapa Geológico do Quaternário
Costeiro de Itapoá (SOUZA, 1999), o Mapa de Cobertura Vegetal Original de Itapoá
(Figura 10) e o Mapa de Uso e Cobertura do Solo de Itapoá (Figura 11), cuja escala
é de 1:140.000, ou seja, muito superior e mais detalhada que a do IBGE e, até
mesmo, do Atlas Ambiental da Região de Joinville. Os respectivos mapas são oficiais
e fazem parte do Diagnóstico Ambiental que subsidiou a elaboração do
Zoneamento Ecológico Econômico do Município de Itapoá, aprovado por meio da
Lei Municipal Complementar nº 021/2008, bem como são parte integrante do
diagnóstico desenvolvido em 2014 para a Revisão do Plano Diretor Municipal.
Segundo NEPOMUCENO (2002) em Itapoá são encontrados os seguintes tipos
de vegetação, conforme sistema de Classificação de Vegetação Brasileira utilizado
pelo IBGE:
Vegetação com Influência Marinha (Restinga)
Vegetação com Influência Fluviomarinha (Manguezal)
Vegetação com Influência Fluvial e/ou Lacustre
34
Floresta Ombrofila Densa (Floresta Tropical)
Submontana
Terras Baixas
Aluvial
O documento finaliza a seção de tipologias florestais indicando que para a
consulta quanto à classificação do estágio de regeneração da vegetação existente
em Itapoá, devem ser utilizadas as referências oficiais mais específicas existentes,
sendo elas os mapas constantes nas figuras 10 e 11.
Figura 10: Mapa da Cobertura Vegetal Original de Itapoá
(NEPOMUCENO, 2002). Fonte: PDM Itapoá, 2016.
35
Figura 11: Mapa da Cobertura Vegetal e Uso do Solo Atual de Itapoá (NEPOMUCENO,
2002). Fonte: PDM Itapoá, 2016.
36
Um levantamento de dados mais recente sobre os remanescentes do bioma
no município foi conduzido pela Prefeitura de Itapoá, com a cooperação técnica da
UNIVILLE (Anexo VII.III – Mapa de Remanescentes da Mata Atlântica). Neste
levantamento foi possível observar algumas diferenças em relação às referências
supracitadas. Foi diagnósticada a área remanescente de Mata Atlântica no Município
em 13.221 hectares, cerca de 2 mil ha a menos que nos dados apresentados pela
Fundação SOS Mata Atlântica (Tabela 05).
A distribuição dos usos e ocupação do solo itapoaense foi levantada e os
dados em termos de área estão apresentados na tabela 06 (Anexo VII.II – Mapa de
Uso e Ocupação do Solo)
Tabela 05: Estatísticas dos usos e ocupação do solo de Itapoá.
Feição km2 Ha % do território
municipal
Limite Municipal considerado 239,63 23.962,64 100
Perímetro Urbano 67,35 6.735,06 28,10
Remanescente da Mata Atlântica 132,13 13.212,98 55,14
Tabela 06: Estatísticas dos usos e ocupação do solo de Itapoá.
Uso do Solo km2 ha % do território
municipal
Água 0,45 45,15 0,19
Áreas Úmidas 1,33 133,18 0,55
Gramínea 9,91 991,56 4,13
Manguezal 3,68 368,84 1,53
Silvicultura 14,18 1.418,17 5,92
37
Solo Exposto 4,22 422,23 1,76
Urbanizado 22,38 2.238,65 9,34
Vegetação Inicial 1,51 151,79 0,63
Vegetação Média 181,93 18.193,08 75.92
Total 239,63 23.962,64 100
III.I.II. Áreas de risco e fragilidade ambiental
O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) realizou um estudo denominado “Ação
emergencial para reconhecimento de áreas de alto e muito alto risco a movimentos
de massas e enchentes” no ano de 2014 em Itapoá, e segundo este órgão o
município apresenta dois setores de alto risco de inundação (Figura 12).
Figura 12. Setores de alto risco de inundação Fonte: CPRM, 2014.
O processo de inundação está associado a eventos sazonais de precipitação
elevada, de maneira lenta e gradual, possibilitando um alerta antecipado, necessário
38
mesmo quando não haja risco de morte, uma vez que as pessoas precisam ser
avisadas com maior antecedência possível sobre a possibilidade de atingimento
pelas águas, a fim de se evitarem perdas materiais e proliferação de doenças. Por
ser um município com vocação turística, a população aumenta consideravelmente
no verão, portanto em grande parte do ano, as casas estão desocupadas, o que
diminui o número de pessoas atingidas fora da época de veraneio.
Historicamente, os maiores eventos de inundação ocorreram nos anos 1994,
2008, 2010 e 2011, sendo que a região com maiores riscos está entre o Balneário
São José até a Praia do Saizinho. Tais setores estão sob alto risco de inundação e
estão condicionados pelo regime de chuva na Bacia Hidrográfica do Rio Saí Mirim.
Devido à dificuldade de escoamento das águas para o oceano a cidade fica
um longo período inundada, principalmente em épocas de maré alta e pelo fato
deste rio ser bastante meândrico. É uma região densamente povoada no verão com
edificações de alvenaria e madeira de vulnerabilidade baixa a média, vias
predominantemente não pavimentadas e sem sistema de esgoto sanitário. Existem
aproximadamente 720 casas em risco e 2880 pessoas em risco (CPRM, 2014).
Paralelamente, o Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico (PMISB,
2015) aponta também de maneira específica os pontos com problemas mais
significativos, baseado nas inundações ocorridas em 2008, 2010 e 2011, como pode
ser observado nas Figuras 13, 14, 15 e 16.
Dentre as principais causas, estão a falta de um Plano de Drenagem
Urbana, loteamentos muito antigos, existência de canais a céu aberto, os meandros
do Rio Saí Mirim, muitas vias não possuem também infraestrutura básica, como
microdrenagem e aterros clandestinos as margens dos canais secundários de
drenagem e macrodrenagem (PMISB, 2015).
39
Figura 13. Inundação de 2008. Fonte: PMISB,
2015
Figura 14. Inundação de 2010. Fonte: PMISB,
2015.
Figura 15. Inundação de 2011. Fonte: PMISB, 2015.
Logo, pode-se inferir que a ocupação desordenada sem o acompanhamento
das obras ou das imposições necessárias são os principais fatores ligados à
vulnerabilidade social e à degradação da Mata Atlântica nestes setores.
40
Figura 16. Áreas com problemas de drenagem. Fonte: PMISB, 2015.
Igualmente, outra área de risco diz respeito à erosão da orla do município. O
processo erosivo costeiro, de forma geral, resulta do aumento do nível do mar
(CPRM, 2014). Segundo Angulo & Souza (2002), existem diversos fatores que
influenciam a erosão das praias, tanto antrópicas quanto naturais. Existem três tipos
de praias em Itapoá: estuarinas (verde), oceânicas ou de mar aberto (vermelho) e
praias de desembocadura (azul) (Figura 17).
Figura 17. Tipos de praias em Itapoá-
SC. Fonte: Angulo & Souza, 2002.
41
Angulo & Souza (2002) subdividiram as praias oceânicas e de desembocadura
em três setores. A partir desta divisão (A – norte; B – central; e C – sul), os
pesquisadores fundamentaram seu estudo sobre as principais causas da erosão
costeira em Itapoá (Figura 18).
Figura 18. Setores da planície costeira de Itapoá-SC. Fonte:
Angulo & Souza, 2002.
O setor norte (A) está associado a desembocadura do Rio Saí Mirim, a qual
migra continuamente para o norte devido ao efeito da deriva litorânea
predominante, formando um esporão que separa o rio do mar e que se rompe em
períodos de alta descarga fluvial, cuja ruptura também pode ser provocado pela
abertura artificial do esporão; o setor central (B), entre a desembocadura do Rio Saí
Mirim e o Córrego das Palmeiras, que compreende praias de mar aberto sem
42
influência direta da desembocadura da Baía de São Francisco; e o setor sul (C),
sendo diretamente afetado pela Baía de São Francisco e pelo delta de maré vazante
associado, entre o Córrego das Palmeiras e o Balneário Pontal da Figueira, onde
verificaram-se grandes mudanças na morfologia da costa. Os processos de B e C
podem ser visualizados pelas Figuras 19 e 20.
.
Figura 19. Exemplo de erosão costeira no setor B. Fonte: Angulo & Souza, 2002
Figura 20. Exemplo de erosão costeira no setor C. Fonte: Angulo & Souza, 2002.
43
Sobre as possíveis causas destes processos erosivos, os autores enunciam que,
ainda que os efeitos climáticos possam ter influenciado, como El Niño e La Niña,
haveria um certo equilíbrio entre estes dois fenômenos, entretanto foi constatado
deficit considerável de areia ao longo dos anos e foi evidenciado uma intensa
erosão em toda a costa de Itapoá no período entre agosto de 1996 e outubro de
2002. Para Angulo & Souza (2002), a principal causa da intensificação do processo
erosivo seria o canal de acesso ao Porto de São Francisco do Sul, uma vez que o
canal intercepta um volume significativo dos sedimentos transportados pela deriva
litorânea, suficiente para explicar as perdas observadas nas praias de Itapoá, e
complementam que o canal constitui-se numa armadilha para os sedimentos
transportados pelas correntes de deriva litorânea, pois os sedimentos que caem no
canal podem assorear o mesmo ou serem transportados pelas correntes de maré
vazante para áreas mais profundas, causando a diminuição do volume do delta e
consequentemente erosão das praias e da planície costeiras situadas a norte.
Em 2011, foi elaborado um estudo que corroborou a hipótese dos
pesquisadores Angulo & Souza. Este material, elaborado pela Coastal Planning &
Engineering do Brasil (CPE, 2011), evidenciou através de modelos matemáticos a
influência do canal nos processos erosivos costeiros das praias de Itapoá. Ao mesmo
tempo, Souza (1999) apud CPE (2011), explica que a ocupação do município
caracteriza-se pela destruição das dunas frontais e pela localização das construções
e infraestruturas muito próximas à linha de costa. Todos estes processos erosivos
estão diretamente ligados à degradação da Mata Atlântica costeira.
No que tange à orla, novamente o fator morar próximo à água influenciou na
decisão das pessoas ocuparem densamente a área de restinga, cujos resultados da
erosão se intensificaram devido ao Porto de São Francisco do Sul, que para
funcionar precisou aprofundar um canal artificialmente. O projeto Orla Itapoá-SC
(2013) diagnosticou a orla e através da Figura 21 – Cobertura vegetal nativa – pode-
44
se verificar o estado de degradação da Mata Atlântica nesta região.
Quanto à cobertura vegetal nativa 68,42% da orla do município apresenta
alteração em mais de 80% da área e alterações significativas em 20% da área com
remanescentes da vegetação nativa (vermelho). 15,79% da orla do município
encontra-se com pelo menos 70% de vegetação integra (verde), e ainda, 15,79%
apresenta-se integra em pelo menos 30% da área e parcial ou significativamente
alterada em até 70% do trecho da orla (amarelo).
Figura 21. Cobertura vegetal nativa.
Fonte: Projeto Orla Itapoá-SC, 2013
45
III.I.III. Meio Físico
O relevo da área de Itapoá é composto pela planície costeira e Serra do Mar
com uma altitude que varia de 0 a 200 metros. O litoral catarinense, segundo Horn
Filho (1997), apresenta caráter de clima temperado, com estações do ano bem
definidas (Figura 22). As temperaturas médias mínimas encontram-se entre 9 e 22ºC,
e as médias máximas, entre 19 e 31ºC. O máximo pluviométrico ocorre geralmente
no verão, devido à entrada de massas frias de origem polar, entretanto, a
distribuição anual das chuvas é muito regular, definindo um regime tropical. A
umidade do ar é relativamente alta, atingindo valores de 85%.
Figura 22. Regiões Climáticas do Brasil. Fonte: IBGE.
De acordo com Ministério do Meio Ambiente (2013), a caracterização dos
recursos hídricos municipais deve indicar em base cartográfica as principais bacias
ou microbacias e os seus sistemas de drenagem. Este mapeamento está diretamente
relacionado com a delimitação das áreas de preservação permanente dos cursos
d´água e seus respectivos estados de conservação.
46
Sob um olhar macro da hidrografia, segundo o Conselho Nacional de
Recursos Hídricos (ANA, 2003), o município de Itapoá está inserido na Região
Hidrográfica do Atlântico Sul e, mais especificamente, no Estado de Santa de
Catarina, pertence a Região Hidrográfica 6 – Baixada Norte, a qual juntamente a
mais 4 regiões hidrográficas estaduais formam as bacias da Vertente Atlântica (SDS,
2017). O sistema hidrográfico Atlântico Sul consiste em um conjunto de várias
bacias autônomas que vertem diretamente para o litoral, por isto, denominadas
exorreicas (SDS, 2017). A nível municipal, Itapoá possui as seguintes bacias
hidrográficas principais, de acordo com o PMISB (2015).
Bacia Hidrográfica do Rio Saí Mirim
É a maior da região tendo uma extensão do curso principal de,
aproximadamente, 38,5 km. Considerando desde sua nascente, possui uma área de
contribuição hídrica de 177,10 km2 e perímetro de 77,26 km. Entre seus afluentes
estão: Água Branca, Bom Futuro, Braço do Norte, Quilombo, Do Meio, Baixo,
Comprido, Pequeno. Sendo considerado o rio mais importante da cidade por ser o
manancial abastecedor, possui mais de 70% de sua área localizada na zona rural,
sendo também utilizado pela usina Arcelor Mital em São Francisco do Sul, através
de travessia subaquática pela Baía da Babitonga. O carregamento de matéria
orgânica em decomposição e o processo de lixiviação do ferro conferem-no uma
tonalidade que varia entre o marrom e o vermelho.
Bacia Hidrográfica do Rio Saí Guaçu
Com uma área de 64,7 km², extensão do curso principal de 24 km, é o divisor
político da área entre Itapoá e Garuva na porção oeste e ao norte com Guaratuba.
47
Bacia Hidrográfica do Córrego Jaguaruna
Possui área de 10,57 km² e a extensão do seu principal curso d´água é 6,6 km.
Desemboca na parte oeste do Porto de Itapoá, mais precisamente em um
manguezal na Baía da Babitonga.
Bacia Hidrográfica do Córrego das Palmeiras
Tendo seu curso superior localizado em porção do território com cotas entre
100 e 200 m, deságua em uma praia.
Bacia Hidrográfica do Córrego do Barbosa
Pequena bacia localizada ao sul do município, o qual deságua na Baía da
Babitonga.
III.I.IV. Fisionomias originais
De acordo com o Mapa da Área de Aplicação da Lei Federal nº 11.428/2006,
do IBGE, Itapoá está inteiramente englobada na vegetação caracterizada como
Floresta Ombrófila Densa (Floresta Tropical Pluvial) (Figura 23). No entanto, o mapa
está apresentado na escala de 1:5.000.000 e, portanto, não apresenta as distintas
fitofisionomias que ocorrem no município.
A Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas (FODTB), presente em grande
parte do município, apresenta composição de espécies única, cujas comunidades
vegetais não se estendem para o Sul do estado. A FODTB caracteriza-se por árvores
entre 15 e 20 metros de altura com baixa densidade, ou seja, com estrato superior
aberto, o que permite que a luz do sol adentre na mata, favorecendo
desenvolvimento de bromélias sobre o solo e de sub-bosque denso (ACQUAPLAN,
2013).
48
A vegetação do Município de Itapoá também pode ser caracterizada como
Vegetação Litorânea, caracterizada por condições edáficas específicas que
proporcionam o desenvolvimento de vegetação muitas vezes de ocorrência restrita
a estes tipos de ambientes com influência marinha. São ambientes formadores do
Manguezal, Marisma, Banhado, praia, Duna e Restinga. A vegetação de Mata
Atlântica Setor Norte de Santa Catarina também pode ser considerada uma típica
Floresta Tropical das encostas da Serra do Mar setentrional.
Figura 23. Mapa da área de aplicação da Lei da Mata Atlântica, com detalhe para a
região onde está localizado o município de Itapoá. Fonte: 1º Mapa da Área de
Aplicação da Lei nº 11.428 de 2006, 1ª edição, 2008.
Ainda, se estendem vastas planícies quaternárias, desde a desembocadura do
rio Saí Guaçu até o rio Itapocu, cobertas por um tipo bem característico de mata,
bastante uniforme quanto à sua composição, bem como quanto ao seu aspecto
fisionômico (Secretaria de Planejamento, 2013).
As áreas de manguezais localizadas nos estuários de rios da região em geral
apresentam características semelhantes às originais (MELLO, A. S., GRINGS, M. &
49
SETUBAL, R. B., 2012). De acordo com a classificação de Klein, de 1978, as regiões
fitoecológicas do município de Itapoá são a Floresta Ombrófila Densa e Vegetação
Litorânea.
Tabela 07: Fitofisionomias vegetacionais encontradas no Município de Itapoá, áreas de ocorrência e
características que interessem ao presente PMMA.
Fitofisionomia Áreas de ocorrência Interesse para o PMMA
Floresta
Ombrófila
Densa de
Terras Baixas
Amplamente distribuída
pelo município,
contemplando áreas mais
preservadas aos fundos da
área urbana consolidada;
área retroportuária; às
margens da Estrada
Cornelsen; grande parte
da área rural.
Constitui um dos maiores e mais
preservados fragmentos florestais
desta fitofisionomia em Santa
Catarina. Apresenta composição de
espécies única, cujas comunidades
vegetais não se estendem para o Sul
do estado; inclui grande variedade de
bromélias; representa a fitofisionomia
mais abundante no município; abriga
grande diversidade de fauna e possui
considerável valor cênico.
Vegetação
litorânea
Ao longo da orla do
Município, somando mais
de 27 km de extensão e se
estendendo para o interior
dos rios Saí Mirim, Saí
Guaçu, Jaguaruna e
Pequeno.
Caracterizada por condições edáficas
específicas que proporcionam o
desenvolvimento de vegetação muitas
vezes de ocorrência restrita a estes
tipos de ambientes com influência
marinha. São ambientes formadores
do Manguezal, Marisma, Banhado,
praia e Restinga.
Manguezais -Entre os Rios Saí Mirim e Localizados nos estuários de rios da
50
Saí Guaçu, na divisa com o
município de Guaratuba;
-Associado ao Rio
Pequeno;
-Associado ao Rio
Jaguaruna.
região, em geral apresentam
características semelhantes às
originais.
Restinga Associadas à foz dos rios
Saí Mirim, córrego das
Palmeiras, Mendanha,
Pequeno e Jaguaruna.
Associada à faixa praial, em pontos
específicos, a vegetação de restinga
contribui para reduzir os impactos da
erosão marinha.
III.I.V. Levantamento de fauna
O Município de Itapoá apresenta grande diversidade de fauna dos mais
variados grupos. Destaca-se pela variedade de aves, contando com o registro de
mais de 300 espécies, incluindo espécies raras, como a popularmente conhecida
“maria-catarinense”, ave símbolo do Município. Tal biodiversidade atrai turistas,
pesquisadores e observadores de aves, que tornaram Itapoá um importante pólo
para a atividade mundialmente conhecida como birdwatching.
A herpetofauna também é rica em Itapoá, onde facilmente são encontrados
lagartos-teiú, serpentes, como a caninana, jacaré-do-papo-amarelo, avistado no Rio
Saí Mirim, e diversas espécies de anfíbios. Ainda, adentrando a mata pode-se
deparar com jararacas, jararacuçus e urutus.
A mastofauna apresenta exemplares facilmente vistos na área urbana, dos
quais alguns conflitam com moradores, como gambás, porcos-espinhos e morcegos.
Outros ocorrem nas áreas de remanescentes florestais e podem ser identificados de
forma indireta por meio de pegadas, fezes, tocas e demais vestígios, é o caso de
lontras, encontradas às margens do Rio Saí Mirim, quatis, catetos, cachorro-do-mato
51
e mão-pelada. Ainda, há registros de mamíferos de grande porte, como onça-parda
e anta.
A manutenção de remanescentes florestais, a criação de Unidades de
Conservação e de corredores ecológicos é imprescindível para a preservação dessas
espécies, importantes na manutenção do equilíbrio na natureza e que enriquecem
os ecossistemas no Município.
III.I.VI. Áreas protegidas dos imóveis rurais e urbanas
O atual Código Florestal Lei Federal 12.651/2012, define a Reserva Legal
como:
Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por:
(...)
III - Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse
rural, delimitada nos termos do art. 12, com a função de assegurar o uso
econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural,
auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover
a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna
silvestre e da flora nativa;
A reserva legal é a área do imóvel rural que, coberta por vegetação natural,
pode ser explorada com o manejo florestal sustentável, nos limites estabelecidos em
lei para o bioma em que está a propriedade. Por abrigar parcela representativa do
ambiente natural da região onde está inserida e, que por isso, se torna necessária à
manutenção da biodiversidade local.
Os registros oficiais das RLs das propriedades rurais de Itapoá são os
disponíveis na seção de Consulta Pública do sítio do Sistema do Cadastro Ambiental
Rural. Dados de APPs dos imóveis rurais também podem ser acessados nesta
52
mesma plataforma, sendo possível o cruzamento dessas informações com bases
públicas de recursos hídricos (Figura 24). Importante destacar que tais dados devem
ser considerados com cautela, uma que são os disponibilizados pelo sistema CAR
online que ainda não recebeu a devida validação/homologação.
Figura 24. Mapa dos imóveis rurais de Itapoá cadastrados no CAR e suas RLs
evidenciadas em verde. Fonte: Sicar.
Da mesma forma, o Código Florestal, Lei 12.651/2012, em seu art. 3º, inciso II,
estabelece Área de Preservação Permanente – APP como sendo a “área protegida,
53
coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os
recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o
fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das
populações humanas”.
No seu art. 4º, incisos I a XI, estão definidas quais são as áreas consideradas
como APP.. Essa espécie de APP, criada pelo art. 4º, é denominada área de
preservação permanente ex lege. A existência de APP também pode advir da
iniciativa dos proprietários ou de ato do Poder Público, com as funções descritas no
art. 6º do Código Florestal. Importante frisar que no próprio artigo 4º, caput,
estabeleceu-se a obrigatoriedade de as APP serem consideradas em áreas urbanas,
não havendo alterações em relação à legislação florestal anterior (Lei 4.771/65).
As bacias hidrográficas de Itapoá e seus afluentes que estão inseridas em
áreas rurais, encontram-se em bom estado de conservação em quase sua totalidade,
contudo no perímetro urbano municipal a situação das áreas de APP de cursos
d´água são críticas, principalmente as do Rio Saí Mirim, Mendanha e Palmeiras.
O Município possui 80% de sua topografia plana, sendo o restante composto
por serras e grandes declividades. Na área da bacia hidrográfica, predominam
ambientes florestais que têm como função básica a proteção das nascentes e cursos
d’água formadores do rio Saí Mirim, que além de ser o manancial de captação de
água para o abastecimento da população, abriga expressiva biodiversidade e
oferece atrativos naturais de beleza incomum. São esses ambientes ainda
preservados que garantem a excelente qualidade da água no alto Saí Mirim,
entretanto a qualidade decai à medida que o rio atinge o seu curso mais baixo, na
planície costeira e zona urbana de Itapoá, conforme Figura 25. É neste trecho que
ocorrem as construções irregulares em área de APP (Figura 26), lançamento
clandestino de esgoto e disposição de resíduos próximos às suas margens.
Esses impactos podem provocar perda da vegetação ciliar que protege a
54
integridade do curso d´água e garante a qualidade e a quantidade da água
disponível para a captação e abastecimento público da cidade.
Figura 25. Imagem de um dos trechos do rio Saí-Mirim que possui construções
irregulares em área de APP. Fonte Google Earth, 2016.
Figura 26. Exemplo de uma construção às margens do rio Saí-Mirim. Fonte:
Acervo Prefeitura.
55
Existe pouco material disponível sobre o rio Mendanha, embora tenha sido o
que sofreu o maior impacto entre os rios de Itapoá, devido a sua localização central
no município, no cruzamento com os balneários Paese, Pérola do Atlântico e a
Gleba, sendo estes os principais balneários da cidade em termos de número de
habitantes, tendo as suas margens amplamente antropizadas, com inúmeras
construções, trechos canalizados, aporte da drenagem pluvial dos loteamentos em
seu entorno e de esgoto em inúmeros pontos, levando o referido rio, praticamente,
à extinção. A sua foz desemboca em um dos lugares considerado de maior procura
pelos turistas devido a orla da praia (Figura 27). O local é com certa frequência
considerado impróprio para banho devido ao alto índice de coliforme fecais, de
acordo com os levantamentos feito pelo Órgão Estadual de Meio Ambiente.
Figura 27. Imagem do curso do rio Mendanha na região mais antropizada em Itapema do
Norte. Fonte: Google Earth
56
Assim como o rio Mendanha, o rio Palmeiras possui poucas informações. O
loteamento Praia das Palmeiras foi aprovado no ano de 1966 às margens do rio
Palmeiras, não levando em consideração as áreas de APP já definidas pelo Código
Florestal de 1965, sofrendo atualmente com a antropização e com o grande
crescimento populacional (Figura 28).
Figura 28. Imagem do curso do rio Palmeiras, destacado em vermelho. Fonte
Google Earth.
Conforme os pesquisadores Angulo & Souza (2005), no município foram
identificadas cinco restingas geológicas associadas às fozes dos rios Saí-Mirim,
córrego das Palmeiras, Itapema (conhecido como Mendanha), Pequeno e Jaguaruna.
Variam entre 130 e 3.500 m de comprimento, largura máxima entre 60 e 130 m e
largura mínima entre 6 e 50 m. Devido a maior energia ambiental, principalmente
ondas e correntes de deriva, as localizadas em mar aberto, tais como associadas às
fozes dos rios Saí-Mirim, córrego das Palmeiras e Itapema (Mendanha) apresentam
maior mobilidade que as restingas no interior da baía, tais como as associadas às
57
fozes dos rios Pequeno e Jaguaruna. A vegetação sobre as restingas varia desde
herbácea até mata, porém podem ocorrer áreas sem vegetação.
Com relação aos mangues, o município apresenta duas áreas: ao longo do Rio
Saí-Mirim, entre este e o Rio Saí-Guaçu, e junto à foz do Rio Jaguaruna e do Rio
Pequeno. De acordo com a Lei Federal n.º 12.651/2012, os manguezais são
considerados Áreas de Preservação Permanente.
De acordo com o levantamento feito pela Prefeitura, o Município de Itapoá
possui cerca de 20,5 quilômetros quadrados de áreas de preservação permanente.
Desta área, aproximadamente 16 km2 são relativos à remanescentes de Mata
Atlântica. Outro dado relevante a ser considerado é a área de APP que se encontra
antropizada atualmente, que supera 4 km2 (Tabela 08).
Tabela 08: Estatística da relação das APPs e os remanescentes do bioma.
APP km2 ha
Área total de APP 20,48 2.047,97
Remanescente da Mata Atlântica em APP 16,09 1.609,23
Áreas antrópicas em APP 4,39 438,74
III.I.VII. Unidades de conservação e áreas tombadas como patrimônio natural
Parque Natural Municipal Carijós (PNMC)
Criado por conta da regularização ambiental dos assentamentos Gleba I e II,
esta Unidade de Conservação de Uso Restrito, que foi instituída pela Lei Municipal
nº 330/2011, tem como objetivo preservar a fisionomia de Floresta Ombrófila Densa,
pertencente ao bioma Mata Atlântica abrangendo uma área de cerca de 50 hectares
(Figura 27).
58
Figura 29. Delimitação do Parque Natural Municipal Carijós. Fonte: Ferma Engenharia, 2012.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a conservação da
biodiversidade tem sua importância refletida na garantia de manutenção dos ciclos
ecológicos (como o ciclo da água e dos nutrientes), na preservação de espécies de
interesse econômico (utilizados na indústria farmacêutica, por exemplo), no valor
estético paisagístico de uma floresta e no próprio direito de existir de cada espécie
(observado principalmente na proteção de espécies raras e endêmicas). Porém, os
benefícios derivados dessa conservação vão além: a proteção dos recursos hídricos,
manutenção da qualidade do ar e da água e aproveitamento econômico por meio
do turismo são consequências da implantação de uma Unidade de Conservação.
O benefício social também é de suma importância. Por encontrar-se no
entorno da região mais populosa e carente do município, o Parque pode
proporcionar, principalmente a essa população, integração entre cultura e
desenvolvimento social, através de programas de participação que envolvam
processo educativo, sensibilizando os moradores acerca da importância ecológica do
Carijós, além de torná-los corresponsáveis pela gestão e proteção do Parque.
Espera-se inclusive que problemas ambientais como a disposição inadequada de
59
resíduos, a caça ilegal e outras atividades irregulares que hoje são comuns dentro
do Parque sejam minimizados através da educação ambiental e do envolvimento da
população sua na proteção.
O gestor do PNMC é a própria Prefeitura, por meio de seu órgão ambiental
municipal. O Plano de Manejo, elaborado em 2012 e instituído em 2017, prevê
estrutura para o desenvolvimento de pesquisa científica, especialmente voltada a
fauna e flora, e de atividades de educação ambiental voltadas aos visitantes e
estudantes de escolas da região. Como atrativos para a visitação estão previstas
trilhas interpretativas, canoagem e exposição interativas (Ferma Engenharia, 2012).
Com a emissão da Licença Ambiental de Operação Corretiva nº 565/2018 da
FATMA, o Município passa a ter como condicionante para manutenção desta LAO a
obrigatoriedade de executar determinadas ações para iniciar a implantação do
Parque, que ainda só existe no papel.
Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN Fazenda Palmital
Criada pelo Decreto nº 70/1992 do IBAMA, caracteriza-se como uma unidade
de conservação de uso sustentável. A RPPN Fazenda Palmital, com 590 hectares,
juntamente da Fazenda Santa Clara, com 594 ha, compõem a conhecida Reserva,
somando mais de 1000 hectares de Mata Atlântica (Figura 30). O plano de manejo
da RPPN foi aprovado em outubro de 2013, no qual ficou definida a Associação de
Defesa e Educação Ambiental – ADEA como sua gestora.
A Reserva Volta Velha foi selecionada pela UNESCO, no Programa MaB – "O
Homem e a Biosfera", como uma das Áreas Piloto da Reserva da Biosfera da Mata
Atlântica em Santa Catarina por representar um dos poucos núcleos protegidos de
floresta primária e secundária de planície costeira no Estado, composta basicamente
de Floresta Atlântica de Terras Baixas e de formações pioneiras de influência
fluviolacustre (RPPN Catarinense). No local são desenvolvidas atividades voltadas ao
60
turismo, à educação ambiental, observação de aves, vivências de resgate e difusão
da cultura indígena, e pesquisa científica.
Figura 30. Localização da Reserva Volta Velha definida em branco e os acessos em amarelo.
Recentemente foi construído na unidade um Centro de Referência em Estudos
de Florestas Costeiras, que tem por objetivo se consolidar como uma base para
executar atividades relacionadas à educação ambiental no ensino formal e não
formal. A construção deste Centro é fruto de um projeto que foi submetido a um
edital elaborado pelo Ministério Público Federal, referente aos valores da
indenização devida pela empresa Norsul em virtude do naufrágio de uma barcaça
na Baía da Babitonga em 2008. Vale ressaltar que este é um dos nove projetos
aprovados para a região.
O Centro de Referência faz parte da implantação do Plano de Manejo da
RPPN Fazenda Palmital – Reserva Volta, que foi aprovado em 2012 pelo Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio, e fica localizado em
meio à Mata Atlântica, cerca de 2,7 km da atual sede da Fazenda Santa Clara, que
juntamente da RPPN Fazenda Palmital, compõem a conhecida Reserva Volta Velha
(Figura 31).
61
Figura 31. Localização do Centro em meio à Mata Atlântica. Fonte: Rubens
Vandresen.
A Reserva também teve a sua área há pouco tempo ampliada em função de
compensação ambiental das obras de ampliação do Porto Itapoá, que, ao suprimir
28 hectares para a ampliação do terminal portuário, compensou em 10 vezes a área
suprimida em forma de Reserva Natural. Aprovada pelo ICMBio, a nova área tem
285 hectares e, somada a RPPN Volta Velha já existente, totalizará 875 hectares, ou
8,75 milhões de m².
A RPPN Volta Velha, a partir de agora, passa a ser uma das maiores reservas
naturais particulares do Estado de Santa Catarina. No local serão desenvolvidas
pesquisas científicas e visitações de cunho ambiental, além de se tornar um
importante ativo ambiental do Município de Itapoá.
III.I.VIII. Populações tradicionais
Os índios Carijós foram os primeiros habitantes de nossa região, dando o
nome a praia de Itapoã, a qual teve a pronuncia alterada para Itapoá ao longo dos
anos, que tem como significado “Pedra que Ressurge”. Apesar de o município não
possuir mais comunidades indígenas no território municipal, os índios carijós
deixaram um grande legado, como sambaquis e oficinas líticas.
Os sambaquis são caracterizados por serem uma elevação de forma
62
arredondada, construídos basicamente com restos faunísticos como conchas, ossos
de peixe e mamíferos, resultante de vestígios de civilizações passadas, e chegam a
ter mais de 30 metros de altura. Contém também artefatos de pedra e de osso,
restos humanos, marcas de estacas, manchas de fogueira, frutos e sementes, etc.,
que compõe uma intrincada estratigrafia. Os restos que mais se sobressaem em sua
composição são as conchas de berbigão (Anomalocardia brasiliana) diferentes tipos
de ostras, a almejoa ou Lucina pectinatae, os mariscos (GASPAR, 2000).
Já as chamadas oficinas líticas, que são vestígios deixados pelos indivíduos
pré-históricos que se utilizavam do diabásio (rocha basáltica) e mais raramente do
granito para afiarem e polirem seus instrumentos de pedra. Ainda não foi realizada
a catalogação e demarcação dos sambaquis do município, e as informações mais
atualizadas são do Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville – MASJ (2009).
Segundo dados do MASJ, existem nove sambaquis localizados em Itapoá, estando a
maioria na porção sul do município, mais duas oficinas líticas na região de Itapema
de Norte (Figura 32).
Figura 30. Localização dos sítios arqueológicos no Município de Itapoá.
Fonte: Museu do Sambaqui de Joinville.
63
No que se refere a comunidades tradicionais, uma de grande relevância
presente no município até os dias atuais, que contribuiu para o desenvolvimento do
Município, são as famílias de pescadores artesanais, que inclusive são
homenageados junto ao Brasão do Município de Itapoá (Figura 33). A pesca já foi
uma das principais atividades do Município, entretanto, pelo seu caráter extrativista
e pela característica artesanal dos pescadores aqui estabelecidos, encontra-se em
franca decadência, perdendo dia a dia seu espaço para as frotas pesqueiras
industriais.
Figura 33. Imagem de 1958 registrando a vila de pescadores na 1ª pedra em Itapema do
Norte. Fonte: Vitorino Paese.
As famílias de pescadores artesanais estão dispersas pelo Município, estando
agrupados, em sua maioria, em 5 comunidades: Barra do Sai, Itapema, Itapoá,
Pontal e Figueira do Pontal, sendo que todas pertencem a Colônia de Pesca Z-1,
criada em 20 de abril de 1966, a fim de dar suporte aos pescadores locais. Hoje, a
64
comercialização é feita, em sua maioria, por pescados trazidos de São Francisco do
Sul, Itajaí e Guaratuba, pois a quantidade produzida pelos pescadores locais é
insuficiente, até mesmo fora de temporada.
Com intuito de regularizar e valorizar a cultura pesqueira local, o Município
regulamentou antigas normas específicas para esta comunidade, com destaque para
a Lei 676/2016, que dispõe sobre o zoneamento, uso e ocupação do solo urbano
do Município de Itapoá/SC:
Art. 41. Zona Especial de Pescadores I – ZEP-I – corresponde à área onde
existem ocupações irregulares às margens do rio Saí Mirim, próximas à sua foz,
localizada ao norte da área urbana. Esta área encontra-se, em sua maior parte,
ocupada por famílias de pescadores artesanais e é também atracadouro de suas
embarcações, constituindo-se, no entanto, um local de fragilidade ambiental por
localizar-se às margens de corpo hídrico e sítios geológicos (manguezais).
§1º. Tem como objetivo valorizar a cultura local por meio da manutenção dos
pescadores artesanais em seu local de origem, compatibilizando com a proteção
ambiental e controlando novas ocupações.
A Lei Complementar Municipal nº 048/2016, que institui o Plano Diretor
Municipal, estabelece objetivos, diretrizes e instrumentos para as ações de
planejamento no Município de Itapoá/SC, também trata da valorização da classe
definindo que:
Art. 62. São diretrizes gerais da estruturação e fortalecimento das atividades
econômicas:
X. Estruturação, apoio e valorização da atividade da pesca artesanal e esportiva.
A luta da pesca artesanal no município está no embate por espaço marítimo
e também político, o que gera enfrentamentos e conflitos com membros de
associações de classe, empreendimentos privados e programas do setor público.
65
III.I.IX. Atrativos naturais, históricos, culturais e arqueológicos Itapoá destaca-se no litoral de Santa Catarina por seus 27 km de praias
tranquilas, com águas claras e mornas, os grandes remanescentes de Mata Atlântica
da Serra do Mar, o rio Saí-Mirim, presença de comunidades pesqueiras, trilhas,
cachoeiras e pontos de observação de pássaros.
Com base no Guia Turístico de Itapoá, emitido no ano de 2018 pela Editora
Revista GiroPop, a cidade pode ser dividida em regiões, cada qual com sua
peculiaridade e atrativos turísticos:
Barra do Saí
Primeira praia do estado de Santa Catarina, é o local da desembocadura do
principal rio da cidade, o Saí Mirim. Abrigando uma área de manguezal bem
preservada, cuidada pela Associação de Proteção da Reserva do Mangue da Barra
do Saí (APREMAI), o local conta com uma comunidade de pescadores tradicionais
(Figura 34). A região também é um reduto de surfistas, graças às boas ondas, sendo
favorável para realização de campeonatos de surf.
Figura 34. Vista aérea da Barra do Saí. Fonte: Prefeitura de Itapoá.
66
As esculturas de concreto elaboradas por Guilherme da Silva Ferreira, conhecido
como “Índio Artesão”, são visíveis ao longo da via asfaltada principal que beira o
mar. Há uma praia deserta entre as fozes dos rios Saí Mirim e Saí Guaçu, além da
Ilha do Saí, situada próxima à cidade de Guaratuba, que pode ser alcançada a nado
ou a pé, durante a maré baixa. Na ilha se encontra o marco divisor entre os estados
do Paraná e Santa Catarina.
Balneário Rainha
Apresenta calçadão com quiosques e quadras de futebol e vôlei, cancha de
bocha e academia ao ar livre em meio à vegetação de restinga bem preservada.
Além disso, a região beira-mar do balneário conta com iluminação e chuveiros.
Itapema do Norte
Centro comercial e administrativo da cidade, é bairro sede da Prefeitura, Câmara
de Vereadores, Fórum e Pronto Atendimento, além de ser ponto de maior
concentração do comércio e de veranistas. Conta com maior infraestrutura, as
principais avenidas da cidade e local das atividades promovidas pelo poder público
durante o período de alta temporada. É a região onde localizam-se as Três Pedras,
local de maior diversidade de público, pois é visitada por banhistas, surfistas,
pescadores e pedestres caminhando nos calçadões ou apreciando a paisagem nos
decks de madeira construídos na primeira e terceira pedras. Na segunda pedra há
outra comunidade de pescadores, responsável por cuidar do Mercado de Peixes
localizado no final do calçadão. Nas proximidades observa-se a Ilha de Itapeva, ou
Ilha do Cação, que pode ser alcançada por barco. A ilha, composta de pedras e uma
pequena extensão de areia, apresenta um sombreiro e uma pequena piscina natural,
e seu entorno proporciona boa observação para mergulho.
67
Itapoá
Centro geográfico da cidade, nesta região se localiza a pedra que deu origem ao
nome da cidade, a “Pedra que Surge”, 300 metros para dentro das águas da praia,
que desponta seguindo o movimento das marés. Suas praias são mais sossegadas,
possivelmente por apresentar menor infraestrutura como calçadões e restaurantes
em comparação à Itapema do Norte. Também é um reduto de surfistas.
Pontal
Região de contrastes, pois nela está situado o Porto Itapoá, ao lado de uma
comunidade de pescadores tradicionais. Lá se encontra o Farol do Pontal, ponto
turístico que conta com iluminação e deck ao seu redor, a Figueira centenária, o
Píer de observação do porto de onde é possível ver a movimentação de navios e
contêineres, e o Trapiche do Pontal, ponto de pescaria de sardinhas e peixes-
espada. Nessa região está localizada a Baía da Babitonga e a localidade da Jaca,
próxima de onde se desenvolvem hoje os terminais retroportuários, ao longo da SC
416.
Figueira do Pontal (Ficus organensis)
A figueira da espécie nativa Ficus organensis localizada no bairro Pontal é,
segundo relato dos moradores mais antigos da localidade, um exemplar centenário
com valor histórico-cultural, tornando-se patrimônio do município por meio da Lei
n.º 186/2008. A árvore é considerada um dos pontos turísticos da cidade estando
localizada em uma posição privilegiada, na entrada da Baía da Babitonga e ao lado
do Porto e é iluminada à noite, tornando-a ainda mais atrativa (Figura 35).
68
Figura 35. Figueira do Pontal. Fonte: Itapoá SC.
Porto Itapoá
Um dos mais modernos da América Latina é também um dos pontos turísticos
da cidade. Por se tratar se um porto aberto, é possível observar a movimentação de
navios e dos contêineres através do píer localizado à sua frente.
Jaqueira (Artocarpus heterophyllus)
O espécime localizado na bifurcação da estrada na localidade Jaguaruna, ao lado
da Capela São Judas Tadeu, local conhecido também como Jaca, foi tombado pela
Lei Municipal nº 186/2008 devido ao seu valor ambiental, turístico e paisagístico.
Apesar de se tratar de uma espécie exótica, o exemplar em questão tem importante
valor para o município, sendo, portanto, considerado patrimônio natural (Figura 36).
Figura 36. Jaqueira ao lado da Capela São
Judas Tadeu. Fonte: Prefeitura de Itapoá.
69
Baía da Babitonga
Maior baía navegável de Santa Catarina, o estuário possui 160 km² e abrange
cinco municípios catarinenses. Abriga 24 ilhas e a maior extensão de mangues do
estado, sendo um grande refúgio de biodiversidade e berçário de espécies
marinhas. A região é abrigo de toninhas, espécie de golfinho ameaçada de extinção,
que são comumente observadas em passeios de barco ao longo da baía. Também
apresenta uma enorme variedade de espécies de aves, sendo assim um grande
observatório. Suas águas calmas possibilitam atividades náuticas, como caiaque e
stand-up, assim como passeios de barco que saem do Trapiche do Pontal e passam
pelas ilhas, misturando-se com os jet-skis, lanchas e veleiros (Figura 37). Há também
os ferry boats que possibilitam acesso às cidades de Joinville e São Francisco do Sul.
Figura 37. Nascer do sol na Baía da Babitonga. Fonte: Prefeitura de Itapoá.
70
Turismo Rural
As principais atividades compreendidas nessa categoria, localizadas dentro das
comunidades rurais do município de Itapoá, são os pesque-pague, cachoeiras e
piscinas naturais, além do contato com as famílias das propriedades rurais, que
através de histórias e da vivência dos visitantes em atividades típicas como colheita
e ordenha contribuem com a experiência de vida no campo.
A partir da compilação das atividades turísticas do município e diante da
enumeração de vários locais de beleza cênica, percebe-se a vocação para o
ecoturismo na região de Itapoá. Através da implantação das devidas políticas de
proteção da Mata Atlântica pode-se investir nesse tipo de atrativo para a população
local e flutuante, de maneira compatível com um dos principais objetivos do PMMA,
que é a manutenção da biodiversidade.
A visitação a Unidades de Conservação é uma tendência crescente, visto que
no ano de 2016 foi registrado um aumento de 320% no número de visitantes nas
unidades geridas pelo ICMBio, no período compreendido entre os anos de 2006 e
2015. Itapoá possui vastas áreas verdes, em bom estado de preservação, que
poderiam ser convertidas em novos parques e hortos florestais.
Além dessas modalidades de área verde, convém destacar os benefícios das
praças públicas: funcionam como local de atividades educativas; contribuem com
uma ruptura da paisagem, apresentando uma área visualmente diferente da
sequência de edificações; estimulam o convívio da comunidade local; têm grande
importância ecológica quando arborizadas, embelezando o espaço, mantendo a
permeabilidade do solo, evitando ilhas de calor, melhorando a qualidade do ar e
servindo como trampolim ecológico para a fauna local.
Visto que atualmente a cidade não possui nenhuma praça com áreas verdes
com infraestrutura que atenda à população, somente espaços destinados à
implantação das mesmas, salienta-se a importância de concretizar tais projetos,
71
visando o bem-estar e a sadia qualidade de vida da população, além da preservação
do meio ambiente.
III.I.X. Indicação de áreas definidas como prioritárias para conservação
A proposta do novo Zoneamento Ecológico Econômico Municipal – ZEEM,
Projeto de Lei n.º 08/2018, divide o território municipal em zonas, de acordo com as
necessidades de proteção, conservação e recuperação dos recursos naturais e do
desenvolvimento sustentável. As tipologias das zonas são classificadas levando em
conta a importância ecológica, as limitações e fragilidades dos ecossistemas,
estabelecendo vedações, restrições e alternativas de exploração do território. Em
consulta ao mapa do ZEEM, verifica-se as seguintes áreas que devem ser
consideradas prioritárias para a conservação:
Zona de Preservação Permanente (ZPP): área à direita da Estrada Cornelsen, no
sentido Itapoá-Guaratuba, entre os rios Saí Mirim e Saí Guaçu; área na porção
noroeste, partes a oeste e a sudoeste do município; faixas de preservação ao
longo dos rios, córregos e nascentes definidas por Lei Federal, Estadual e
Municipal; encostas, topos de morros, áreas no entorno de nascentes e de olhos
d’água perene, conforme legislação federal pertinente; restingas, como fixadoras
de dunas ou estabilizadoras de mangues; manguezais em toda sua extensão.
Zona Especial de Unidades de Conservação (ZEUC): áreas representadas pela
Reserva Particular do Patrimônio Natural Fazenda Palmital e Fazenda Santa Clara,
que compõem a Reserva Volta Velha; e pelo Parque Natural Municipal Carijós.
Zona de Uso Restrito (ZUR): margem esquerda da Estrada Cornelsen, no
sentido Itapoá-Guaratuba, florestas e demais formas de vegetação situadas nas
encostas ou partes destas com declividade entre 30 e 44% na linha de maior
aclive; áreas de transição adjacentes a ZPP; áreas de amortecimento das
72
atividades retroportuárias e zonas residenciais; terrenos alagadiços sujeitos a
inundações (Prefeitura Municipal de Itapoá, 2018).
O Ministério do Meio Ambiente definiu algumas áreas para o Bioma Mata
Atlântica, sendo uma delas no município limítrofe, Guaratuba, e a outra englobando
a Baía da Babitonga e Itapoá propriamente dita (Figura 38).
Figura 38 - Áreas Prioritárias para Conservação. Fonte: MMA, 2007.
A área Barra do Saí Guaçu definida pelo MMA como prioritária para
conservação, coincide com a área prevista pelo ZEEM como Zona de Preservação
Permanente. Os atributos abióticos, bióticos e estéticos, tornam primordial garantir a
preservação do local, como forma de proteger a diversidade biológica, disciplinar o
processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade dos recursos naturais.
Outra área com potencial para a conservação é a Zona de Uso Restrito, que
tem como um dos objetivos atuar como zona de amortecimento entre as zonas
retroportuária e urbana e entre a zona de amortecimento e Zonas de Preservação
Permanente, contribuindo assim para o bem-estar da população e amenizando os
impactos das atividades desenvolvidas nesses locais.
As grandes áreas destinadas à conservação ganham maior importância
ecológica se interligadas entre si por meio de corredores ecológicos, pois reduzem
a fragmentação, mantendo ou restaurando a conectividade da paisagem,
73
possibilitam o deslocamento de espécimes da fauna, facilitando o fluxo genético
entre as populações e atuam, também, como zonas de amortecimento (Ministério
do Meio Ambiente). Assim, é de suma importância a criação de corredores que
liguem a futura APA entre os rios Saí Mirim e Saí Guaçu, o mangue associada à foz
dos rios Pequeno e Jaguaruna e a Zona de Uso Restrito supracitada, ao
remanescente florestal da região central do município, constituído pelas Unidades
de Conservação já instituídas, RPPN Fazenda Palmital, PNM Carijós e área referente
à compensação ambiental do Porto.
III.I.XI. Terras públicas
Em 1962 Itapoá é elevada a categoria de distrito do novo município de
Garuva e em 1989 foi emancipada, pela Lei Estadual nº 7.586, de 26 de abril de
1989.
Desta forma, entre os anos de 1959 e 1989, houve, por parte de São
Francisco do Sul e Garuva, a aprovação de 61 Loteamentos no distrito de Itapoá,
cujo a legislação da época, em especial a Lei Municipal de Garuva nº 2/66, que
regulamenta os loteamentos dentro da área urbana turística do Município e as áreas
que no futuro forem loteadas, não obrigava os loteadores a deixar áreas verdes e
outros equipamentos públicos, sendo que estas normas apenas foram impostas com
a Lei Federal nº 6766/79 e, posteriormente, as áreas de manutenção, conforme a Lei
Federal nº 11.428/2006. Consequentemente, apenas os loteamentos aprovados após
a Lei Federal 6766/79 mantiveram, ao menos nos registros físicos, as devidas áreas
verdes. Entretanto ao longo dos anos através de ações municipais, principalmente
no setor tributário, ou através de processos de adjudicação, o município adquiriu
diversos imóveis que encontram-se devidamente patrimoniados, sendo que alguns
destes imoveis são considerados prioritários para criação de parques municipais,
como por exemplo, o imóvel sob cadastro 405205, matrícula 22.552, patrimônio
74
10464 – Quadra ARE, Lote 00 onde se localiza-se a Apremai-Barra do Saí (Figura 39).
Figura 39. Matrícula 22.552, área situada nos Fundos da Associação
Apremai Barra do Sai.
Importante destacar que o histórico de implementação desordenada dos
loteamentos em Itapoá, associado a falta de informações claras quanto a antigas
transações de propriedades públicas a terceiros e a ausência de sistematização de
dados patrimoniais torna esse processo de análise de terras públicas extremamente
complexo. Neste sentido, e considerando a complexidade deste contexto, é
importante que seja feito um estudo específico e detalhado sobre esta temática
para avaliar quais áreas, de fato, são de dominialidade pública.
III.I.XII. Viveiros existentes e outras iniciativas
A cidade de Itapoá possui apenas um indivíduo nativo caracterizado como
relevante, a Figueira centenária localizada no Pontal. O gênero Ficus, por possuir
indivíduos com raízes agressivas, não é indicado para ser plantado próximo a
construções, muros e calçamentos, assim seu plantio é recomendado na arborização
urbana em praças e áreas que possuam amplo espaço. Portanto, eleger a Figueira
75
como árvore matriz para coleta de sementes é possível, porém deve-se atentar à
destinação final do plantio de indivíduos oriundos dessa matriz.
Diante da ausência de mais indivíduos relevantes passíveis de seleção como
matrizes para obtenção de sementes destinadas aos trabalhos de recuperação de
áreas degradadas e áreas de risco, fica recomendada segundo a Embrapa Florestas
a coleta de sementes de indivíduos sadios, distanciando 100 metros entre si, em
populações diferentes e com mistura de sementes das matrizes para produção de
mudas. É importante que sobrem sementes nas matrizes para alimentação da fauna
e para a perpetuação da própria espécie em seu ambiente. Recomenda-se escolha
de áreas dentro do município para coleta, pois elas apresentarão espécies nativas
endêmicas, incorrendo em maior sucesso no processo de recuperação de áreas
degradadas devido a utilização de indivíduos adaptados ao ambiente.
Como exemplos de viveiros implantados/planejados para o município, o Poder
Público Municipal, através do Plano de Manejo, prevê a implantação de um viveiro
de mudas nativas no Parque Municipal Carijós, equipamento essencial para
elaboração do projeto de seleção e cultivo de espécies dos ecossistemas existentes
para fins ornamentais e adensamento de remanescentes florestais, selecionando
indivíduos dentro do próprio parque como matrizes de sementes para produção das
mudas. Estas mudas serão utilizadas na recuperação de áreas degradadas,
principalmente as localizadas no Parque, e com o objetivo de incentivar a utilização
de espécies nativas ao invés do uso de espécies exóticas ornamentais na
arborização, com o intuito de valorizar o uso de plantas nativas da Floresta
Ombrófila Densa para paisagismo.
Dentro da Reserva Volta Velha, ao lado do Centro de Referência em Estudos
de Florestas Costeiras (CREFC), foi construído pelo Porto Itapoá um Viveiro Florestal
Educador, sendo ele a base física do Projeto Itapoá Sempre Verde. Esse projeto,
parte integrante do Plano Básico Ambiental da expansão do porto, foi
desenvolvidoe em parceria com a Associação de Defesa e Educação Ambiental
76
(ADEA), sendo incluído às atividades de educação ambiental que a entidade já
realiza na reserva.
III.II. VETORES DE DESMATAMENTO OU DESTRUIÇÃO DA
VEGETAÇÃO NATIVA
III.II.I. Demografia
Itapoá possui uma população estimada pelo IBGE em 2017 de 19.355
habitantes distribuídos em uma área de 256,1 km2, condição que lhe confere uma
densidade demográfica de 59,43 habitantes por km2, a 86ª maior densidade
catarinense, sendo que durante a alta temporada, compreendida entre os meses de
dezembro a fevereiro, a população flutuante chega a atingir, aproximadamente, 200
mil pessoas. De acordo com dados do último Censo Demográfico realizado em
2010 – pelo IBGE – 96,0% da população Itapoaense residia em áreas urbanas. Neste
mesmo ano, os homens representavam cerca de 50,4% da população e as mulheres,
49,6%, ressaltasse ainda que Itapoá em 2015 foi segundo município que mais
cresceu em termos habitacionais em Santa Catarina. De acordo com o IBGE, sua
taxa de crescimento foi de 3,5% devido a instalação do porto e das empresas que
atuam no seu entorno.
O Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico, PMISB realizou
apontamento da evolução das taxas de crescimento anual da população urbana e
rural do Município de Itapoá, entre os anos de 1991 e 2015 (Tabela 09).
Tabela 09: Taxas de crescimento anual da população de Itapoá. Fonte PMISB 2015.
77
É oportuno salientar que o PMISB, também realizou a projeção da população
residente fixa para um período entre 2013 e 2042, onde conforme tabela 62 do
estudo a população fixa no município para o ano de 2042, em um dos cenários,
poderá ser de 34.020 habitantes, distribuídos nos balneários do Município.
A Lei Municipal nº 679, de 17 de outubro de 2016, em seus artigos 2º e 5º,
define que o município de Itapoá fica dividido em área urbana e área rural (Anexo
VII.I – Mapa Limite Municipal).
III.II.II. Questões fundiárias
Na década de 1950, Itapoá ainda pertencia ao Município de São Francisco do
Sul e eram três as aglomerações populacionais: Colônia da Barra do Saí (ao norte da
localidade); Colônia de Itapema (ao centro); Colônia do Pontal (confrontando com
São Francisco do Sul), comunidades de pescadores artesanais, existentes até os dias
atuais. A ligação por terra e o crescimento dos núcleos populacionais, bem como as
dificuldades por parte da Administração de São Francisco em atender às
necessidades da comunidade, resultou na formação de um movimento popular pela
emancipação de Garuva e Itapoá.
Em 1962, Itapoá é elevada a categoria de distrito do novo município de
Garuva. Em 1963, tem início o projeto de construção de um segundo acesso a
Itapoá. Após alguns anos inicia-se outra nova fase político-administrativa, marcada
pelo movimento de emancipação de Itapoá, culminando no pedido protocolado na
Assembleia Legislativa de Santa Catarina no dia 14 de maio de 1984. Depois de dois
plebiscitos realizados em outubro de 1987 e em 4 de setembro de 1988, a
emancipação de Itapoá é alcançada, garantida pela Lei Estadual nº 7.586, de 26 de
abril de 1989.
Desta forma entre os anos de 1959 e 1989 houve, por parte de São
Francisco do Sul e Garuva, a aprovação de cerca de 61 loteamentos no distrito de
78
Itapoá, cujas implantações vem ocorrendo até as datas atuais, sendo que muitos
ainda são totalmente prístinos. Após a emancipação do Município em 1989, ocorreu
a aprovação e implantação de outros loteamentos, no intuito de se providenciar a
regularização territorial municipal, bem como adequar os loteamentos já existentes
às normas estaduais e federais em vigência. O primeiro passo se deu através da
criação da Lei Municipal 149 de 04 de março de 1999, que institui a delimitação do
perímetro urbano do Município de Itapoá, substituída em 2003 pela Lei
Complementar Municipal 001/2003, de 21 de julho de 2003. No ano de 2008 houve
novamente a necessidade de readequar o perímetro urbano, sendo então
implantado através da LCM 204/2008, recentemente alterado pela Lei 679 de 17 de
outubro de 2016, onde de acordo com os Art. 2º e Art. 5º e conforme Anexo VII.I:
Art. 2º O município de Itapoá fica dividido em área urbana e área rural, conforme mapa
em anexo.
§ 1º A área urbana de Itapoá corresponde à área descrita no artigo 4º desta Lei.
§ 2º A área rural do Município de Itapoá corresponde à área total do município excluída a
área urbana.
...
Art. 5º A Área Urbana consolidada é aquela que tem constituição residencial ou
comercial/industrial definida através do anexo I desta Lei.
Outra ferramenta elaborada pelo Poder Executivo para o desenvolvimento
municipal é a Lei Complementar 048/2016, que institui o Plano Diretor Municipal,
estabelecendo objetivos, diretrizes e instrumentos para ações de planejamento no
Município de Itapoá.
Possui definições para a organização territorial com destaque para os Art. 70
e 71.
Art. 70. A organização territorial é a expressão espacial das políticas públicas urbanas e
setoriais, com o objetivo de alcançar o desenvolvimento equilibrado do município,
consistindo na organização e controle do uso e ocupação do solo no território municipal,
de modo a evitar e corrigir as distorções do processo de desenvolvimento urbano e seus
79
efeitos negativos sobre o meio ambiente, o desenvolvimento econômico e social e a
qualidade de vida da população.
§1º. A organização territorial abrange todo o território municipal, envolvendo áreas
urbanas e áreas rurais.
§2º. A lei específica de uso e ocupação do solo complementa o disposto neste título.
Art. 71. Constituem objetivos gerais da organização territorial:
I. Definir o perímetro urbano;
II. Organizar o controle do uso e ocupação do solo nas áreas urbanas e rurais;
III. Definir áreas especiais que, pelos seus atributos, são adequadas à implementação de
determinados programas de interesse público ou necessitam de programas especiais de
manejo e proteção;
IV. Definir diretrizes viárias;
V. Promover a adequação sistema viário, compatibilizado com o uso e ocupação do solo;
VI. Qualificar os usos que se pretendem induzir ou restringir em cada área da cidade;
VII. Promover o adensamento compatível com a infraestrutura em regiões de baixa
densidade e/ou com presença de áreas vazias ou subutilizadas;
VIII. Identificar, preservar e recuperar as regiões de interesse histórico, paisagístico, cultural
e ambiental;
IX. Urbanizar e qualificar a infraestrutura e a habitabilidade nas áreas de ocupação
precária;
X. Combater e evitar a poluição e a degradação ambiental; e
XI. Integrar e compatibilizar o uso e a ocupação do solo entre a área urbana e a área rural
do Município.
Conforme o Livro “Memórias históricas de Itapoá e Garuva”, de autoria do
professor Vitorino Paese, o município de Itapoá foi habitado historicamente pelos
índios carijós. Depois dos índios, o autor relata moradores, tanto do lado sul, como
do lado norte, por volta dos anos de 1750. É importante destacar que nesta época
não havia ainda a divisão com os municípios vizinhos, contudo, até 1964, Itapoá
ainda se integrava territorialmente ao município de São Francisco do Sul. Até
meados de 2010, tinha na agricultura familiar, uma das principais fontes de renda
do município, com o plantio de arroz, eucalipto, mandioca, e com destaque na
80
região, ao cultivo de banana.
Com o desenvolvimento municipal e normatização legal, foi firmado um
convênio com o Sindicato Rural Municipal, hoje denominado Sindicato dos
Trabalhadores e Familiares Rurais, com o objetivo de implantar as ações do Plano
de Desenvolvimento Agrícola, que decorreu na criação da Secretaria de Agricultura
e Pesca do Município, com a finalidade de maior suporte aos agricultores,
organizado a partir e por meio da publicação da Lei Municipal 088/2002, como
forma de incentivar a agricultura familiar.
Considerando a necessidade de agregar informações da atual situação da área
rural municipal e, principalmente, realizar ações pela regularização fundiária local, o
novo Plano Diretor Municipal, publicado com a Lei 048/2016, traz na Seção X em
seus artigos 59 e 60 metas e objetivos que direcionam ao atendimento destas
necessidades.
A implementação desta norma é de suma importância para o desenvolvimento
da agricultura local. Conforme o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea,
que realizou um levantamento da produção agrícola dos municípios, foi apontado
que até 2010 apenas 0,89% (zero vírgula oitenta e nove por cento) do território
Municipal era utilizado para a agricultura (Figura 40).
Figura 40. Percentual da área territorial com plantação. Fonte IPEA.
81
Conforme dados fornecidos pela Epagri – Empresa de Pesquisa Agropecuária e
Extensão Rural de Santa Catarina, o município de Itapoá possui 182 propriedades
rurais das quais 165 estão inscritas no Cadastro Ambiental Rural (CAR). Segundo a
Secretaria Estadual de Desenvolvimento Sustentável – SDS, a maior parte das
propriedades tem no máximo 25 hectares, desenvolvendo atividades ligadas a
fruticultura (banana), rizicultura, olericultura e silvicultura. A grande maioria das
propriedades tem cobertura vegetal nativa maior que aquelas exigidas por lei.
O Serviço Florestal Brasileiro (SBF), órgão vinculado ao Ministério do Meio
Ambiente, em parceria com a Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio
Ambiente – ANAMMA, está organizando uma série de dados que foram declarados
pelos proprietários rurais por meio do Cadastro Ambiental Rural – CAR, para auxiliar
no planejamento e regularização fundiária dos municípios, que terão a missão de
colaborar para a realização dos Programa de Regularização Ambiental – PRA, agora
em sua nova fase de aplicação do instrumento previsto no Código Florestal. Estes
dados consistem no resultado das declarações realizadas por município e servirão
para análise sobre o número total de áreas que possuem o cadastro, área total de
Reservas Legais – RLs, e Áreas de Preservação Permanente – APPs, nascentes
declaradas, assim como áreas objeto de regularização diante do previsto exigido no
cadastro (Figura 41).
Os cadastros realizados em Itapoá disponíveis atualmente no Sistema de
Cadastro Ambiental Rural – SICAR, identificam grandes propriedades no município,
o que facilitará futuras ações em função da regularização destas unidades, inclusive
estando disponíveis na plataforma, demonstrativos e shapes files de cada
propriedade que realizou o CAR.
82
Figura 41. Plataforma online do SICAR, apresentando os imóveis em Itapoá que já possuem
registrados no CAR. Fonte: www.sicar.gov.br.
A falta de regularização ambiental dos loteamentos hoje existentes na cidade
de Itapoá é um dos grandes problemas que acarretam no desmatamento ilegal na
cidade. Segundo definição do Ministério Público de Santa Catarina, um loteamento
irregular é aquele aprovado pelo poder público e/ou registrado no registro de
imóveis que não atende às exigências da Lei de Parcelamento do Solo nº 6.766/79.
Sendo assim, fica a cargo dos donos dos lotes regularizarem seus próprios terrenos,
gerando na maioria dos casos insatisfação e muitas vezes desobediência da lei,
implicando na falta de manutenção das áreas verdes previstas. Cabe ressaltar que a
regularização dos loteamentos é de responsabilidade do loteador, e tendo em vista
que a grande maioria deles foi aprovado nas décadas de 60 e 70, quando Itapoá
ainda pertencia ao município de Garuva, os pedidos de entrada para licenciamento
de tais áreas são escassos, sendo considerados onerosos ou não-interessantes para
83
os espólios dos empreendedores.
Outro problema relacionado ao uso e ocupação do solo é a existência de
muitas áreas clandestinas, tanto rurais quanto urbanas, que não foram aprovadas
nem registradas em cartório, porém são vendidas da mesma maneira, acarretando
no desmatamento ilegal e crescente em locais indevidos e não previstos pelo poder
público. As invasões em áreas públicas, muitas delas destinadas à conservação do
meio ambiente, são outra questão que impacta negativamente a Mata Atlântica. A
ocorrência dessas invasões atualmente é maior ao longo do rio Saí Mirim,
acarretando na diminuição da qualidade da água do curso d´água, através do
carreamento de sedimentos devido à exposição do solo que deveria ser mantido
por tratar-se de APP e da contaminação de suas águas, de maneira direta através da
ligação do sistema sanitário ao deságue dos rios ou indiretamente através da
infiltração de contaminantes no lençol freático.
III.II.III. Infraestrutura
A mesorregião Norte Cartaginense está dividida em três microrregiões:
Canoinhas, São Bento do Sul e Joinville. O município de Itapoá integra esta última
unidade territorial juntamente dos municípios de Araquari, Balneário Barra do Sul,
Barra Velha, Garuva, Joinville, São Francisco do Sul e São João do Itaperiú.
O município de Itapoá está situado na divisa do Estado de Santa Catarina
com o Estado do Paraná, distante 130 quilômetros de Curitiba e 88 quilômetros de
Joinville, principal cidade polo do nordeste catarinense, e a 250 quilômetros de
Florianópolis, a capital do estado, tendo como principais rodovias de acesso a BR-
376 (Curitiba-Garuva), a BR-101, a rodovia estadual SC-417, e a rodovia estadual SC-
416, que conecta a SC-417 ao Município de Itapoá.
O principal acesso é pela rodovia BR-101. Ao entrar no município de Garuva,
toma-se o caminho em direção a Guaratuba (PR) pela Rodovia SC-412. Após cerca
84
de 10 km rodados, há um trevo de acesso à Estrada SC-415, que dá acesso direto
ao centro do município e ao Porto Itapoá. Uma alternativa é seguir a Rodovia SC-
412 até o trevo da Polícia Rodoviária do Estado do Paraná e entrar na Estrada
Cornelsen, que dá acesso direto ao Balneário Barra do Saí (Figura 42).
Figura 40. Localização de Itapoá e seus acessos rodoviários.
85
Há também uma terceira alternativa de acesso. Essa rota inicia dentro de
Joinville, rumo à localidade do Gilbraltar. Ao pegar o Ferry Boat, chega-se à Vila da
Glória. A partir daí e só curtir o visual deslumbrante da Baía da Babitonga até
chegar em Itapoá, na localidade da Jaca. Para seguir até o centro do município,
deve-se pegar então a Estrada SC-415, que liga a área rural de Itapoá com a
urbana. O acesso também pode ser feito pelo mar na Latitude 26°07'01", Longitude
48°36'58".
III.II.IV. Aspectos Econômicos
A definição das principais atividades econômicas do município foi embasada
na obra “Itapoá em Números – Edição 2017”, documento elaborado pelo SEBRAE/SC
e que reúne compilação de dados estatísticos e informações levantadas por fontes
oficiais de órgãos do Governo Estadual e da União acerca do panorama
socioeconômico da cidade de Itapoá. Dentre os vários levantamentos apresentados
no estudo há a caracterização do setor primário e das atividades econômicas da
cidade, identificando quais seriam as mais estratégicas para o município.
De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego, no ano de 2015
Itapoá apresentava 921 estabelecimentos totalizando 3.342 empregos formais,
sendo que 1,4% dos estabelecimentos estavam ligados à agropecuária, 13,5% à
indústria, 40,2% ao comércio e 45% ao setor de prestação de serviços, sendo as
micro e pequenas empresas representantes de 99,6% do total de estabelecimentos
fixados no município.
O levantamento das empresas mostrou que o segmento de atividade
econômica mais representativo em número de estabelecimentos é o “comércio e
reparação de veículos automotores e bicicletas”, com 370 instalações, seguido da
atividade de “alojamento e alimentação”, contando com 127 instalações. No
entanto, observa-se que as duas atividades apresentaram queda em comparação ao
86
ano de 2010, de 21,9% no primeiro segmento e de quase 50% no segundo.
O segmento que teve maior crescimento percentual nesse período de 5 anos
foi o de “atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados”, com 19
instalações (aumento de 375% em comparação ao ano de 2010, onde apresentava
somente 4 estabelecimentos), seguido pelo setor de “atividades imobiliárias”,
contando com 28 instalações em 2015 (aumento de 211,1% em comparação ao ano
de 2010, onde apresentava 9 estabelecimentos), e do setor de “transportes,
armazenagem e correio”, que além da alta porcentagem acumulada no estoque de
empresas figura como o maior estoque de empregos no ano de 2015, sendo
responsável por empregar 972 pessoas. O setor de “construção” também se destaca
por aparecer como quarto em empresas que contam com o maior número de
estabelecimentos na cidade, porém, ao contrário do primeiro e segundo colocados,
continua em crescimento, estando também na quarta colocação no ranking de
porcentagem acumulada de estoque de empresas (Tabela 10 e 11).
Tabela 10. Estoque de empregos, segundo seçõoes de atividades
ecônomicas. Fonte: Itapoá em numeros.
87
Tabela 11. Estoque de empregos, segundo seçõoes de atividades
ecônomicas. Fonte: Itapoá em numeros.
No que diz respeito à agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e
aquicultura, o setor primário respondeu por 2,3% do PIB municipal no ano de 2014,
número baixo se comparado à arrecadação de 54,7% correspondente ao segmento
de prestação de serviços e aos 29,6% ligados à administração pública e impostos.
Segundo delineamento feito pelo SEBRAE/SC definindo quais itens deste setor
mostram-se economicamente mais estratégicos para o município, chegou-se a
quatro produtos de destaque: o plantio de palmito, banana, pinus e eucalipto. Com
relação a lavouras temporárias, destacam-se os cultivos de arroz e mandioca, e
quanto à pecuária, o destaque são os rebanhos de gado leiteiro e de corte,
explorada por pequenos produtores, sendo irrelevante nos índices de produção no
estado de Santa Catarina (Figura 43).
88
Figura 43. Principais itens de produção do setor agropecuário de Itapoá. Fonte IBGE, 2015.
Também há na cidade o exercício da pesca artesanal, porém a atividade
atende somente o mercado local. Vale ressaltar que o índice de Valor Adicionado
Fiscal (VAF, espelho da vida econômica de uma cidade) relacionado ao setor de
produção agrícola apresentou um decréscimo entre os anos de 2010 e 2015,
mostrando que o município não apresenta vocação para o setor devido aos valores
cada vez menos expressivos de arrecadação econômica, resumindo-se, em sua
maioria, apenas a atividades de subsistência.
Quanto aos segmentos econômicos determinados como estratégicos pelo
SEBRAE/SC, com relação ao volume de empresas, quantidade de empregos e valor
adicionado, destacam-se logística, comércio varejista e alimentação.
O setor de logística ganha evidência principalmente nas atividades de
transporte rodoviário de cargas, armazenamento e atividades auxiliares dos
transportes, graças ao Porto Itapoá. No ano de 2011 o porto iniciou suas operações,
tornando-se referência na movimentação de cargas conteinerizadas. Hoje encontra-
se em expansão, pretendendo atingir a marca de movimentação de 2 milhões de
TEUs (medida-padrão utilizada para calcular o volume de um contêiner) por ano. O
89
Porto insere-se distante do perímetro urbano da cidade, com ligação direta à BR
101 e possuindo uma área de 12 milhões de m² destinada a receber
empreendimentos relacionados, definida pelo Plano Diretor Municipal. Essa área
permitiu o estabelecimento de empresas de terminais retroportuários, instalações
que executam serviços e controles aduaneiros (quando alfandegado) para facilitar o
trânsito e a logística do terminal portuário, evitando a sobrecarga de
armazenamento de contêineres deste.
No setor de varejo destaca-se o comércio de materiais de construção, que
apresenta alto VAF e alto número de empresas e empregos. Segundo Censo
Demográfico do IBGE realizado no ano de 2010, houve crescimento da população
urbana de Itapoá, graças à migração, passando a população de 8.839 habitantes no
ano de 2000 para 14.763, um crescimento percentual de 67%. Consequentemente
houve aumento na demanda por domicílios, comprovado pelo levantamento do
número de casas construídas para moradores fixos, que passaram de 9.626 para
15.772 num período de dez anos. Ainda não há dados concretos, os quais serão
apresentados no censo de 2020, mas estima-se que no período compreendido entre
2011 e os dias atuais tenha havido grande crescimento impulsionado pela vinda do
porto e dos empreendimentos derivados dessa atividade. Segundo o Instituto,
estima-se que a população fixa no ano de 2017 tenha sido de 19.355 habitantes,
sendo Itapoá uma cidade em franca expansão.
No setor de alimentação, destacam-se os restaurantes e serviços de
alimentação e bebidas, graças à vocação turística do município. A costa de Itapoá
proporciona 100% de balneabilidade aos visitantes, recebendo na alta temporada
(dezembro a fevereiro) cerca de 200 mil veranistas. O turismo é uma atividade que
economicamente contribui com diversos setores, principalmente o comercial,
refletindo na arrecadação do município. Nesse caso, conforme mostra as estatísticas,
para o perfil da população flutuante de Itapoá o segmento comercial de maior
90
importância é o alimentício.
Sendo assim, conclui-se que as principais atividades econômicas desenvolvidas
em Itapoá são a construção civil, o turismo (que reflete-se em atividades como os
do setor alimentício, como dito anteriormente) e as atividades portuárias, sendo as
micro e pequenas empresas as de maior representatividade em número de
estabelecimentos. O porto é um dos maiores disponibilizadores de empregos da
cidade, incluindo os indiretos, considerando a demanda crescente por terminais
retroportuários, perdendo apenas pra a Prefeitura Municipal de Itapoá. Segundo o
Departamento de Recursos Humanos da PMI, no ano de 2017 foram registrados 722
empregos diretos relacionados à gestão municipal, sem considerar os empregos
indiretos, como prestação de serviços terceirizados.
De acordo com os dados levantados no item relacionado às principais
atividades econômicas do município, chegou-se a três destaques como segmentos
estratégicos, devido ao crescimento apresentado e previsto como potencial:
atividades portuárias, construção civil e turismo.
Para as atividades portuárias, que englobam os terminais portuário e
retroportuários, o impacto mais visível diz respeito à remoção de vegetação para
implantação dos empreendimentos. O mesmo impacto está de alguma maneira
presente no segmento da construção civil, prova concreta do crescimento de Itapoá,
visto na demanda pelas construções dos terminais acima referidos e de residências
(sendo esta última diretamente relacionada com o crescimento do setor imobiliário).
A expansão urbana decorrente dessas duas atividades econômicas leva à conversão
de áreas verdes, que se feita de maneira desordenada e sem planejamento, tende a
provocar contaminação do solo e dos recursos hídricos, comprometendo o
abastecimento urbano. A impermeabilização do solo é outro aspecto decorrente da
supressão, acarretando em impactos como formação de ilhas de calor, aumento de
chuvas torrenciais e redução de áreas de infiltração da água da chuva. A
91
fragmentação das áreas verdes acarreta também na diminuição dos habitats e
isolamento de espécies, contribuindo com a perda da biodiversidade. Cabe ressaltar
que a legislação municipal prevê uma área destinada a essas atividades, atenuando
o que poderia resultar numa ocupação desordenada, porém a Zona Retroportuária
contempla 12 milhões de m², e as áreas destinadas aos loteamentos estão quase
completamente instituídas mas não totalmente ocupadas, encontrando-se ambas
em grande parte vegetadas e bem preservadas. Diante do exposto retorna-se ao
problema anteriormente citado de uso e ocupação do solo, a respeito da
regularização destes loteamentos, e o impacto que os desmatamentos ilegais
podem causar ao bioma em que se encontram inseridos.
No que diz respeito ao turismo, os principais impactos decorrentes do
drástico aumento da população flutuante no período de alta temporada e feriados
são os incrementos na geração de resíduos, no tráfego de veículos e na pressão
sonora, além de acarretar em grande pressão nos serviços públicos como coleta de
lixo e fornecimento de água e energia. É notável o aumento da presença de lixo
disperso nas ruas e nas praias após a passagem das datas comemorativas, sendo
este um impacto danoso para o ecossistema marinho, uma fonte de disseminação
de doenças e causa de prejuízo à navegação e à pesca. Particularmente, no que diz
respeito ao setor de alimentação, principalmente restaurantes e comércio de
alimentos e bebidas, apontado como um dos segmentos estratégicos pelo
SEBRAE/SC, podem ser considerados como uma fonte poluidora a destinação
incorreta dos resíduos sólidos, como os resquícios de alimentos, e a
instalação/funcionamento incorreto da fossa séptica, acarretando na contaminação
do solo e das águas, contribuindo com a diminuição da qualidade dos recursos
hídricos que são despejados no mar, comprometendo a balneabilidade das praias.
Vale destacar que, mesmo não sendo representativas para a economia do
município, as atividades referentes ao setor agropecuário, até mesmo as pequenas e
92
de subsistência como na maioria dos casos em Itapoá, podem ser fonte de impactos
ambientais pela remoção de vegetação a montante dos mananciais,
comprometendo o restante do curso do rio e a qualidade de suas águas,
semelhante às demais atividades citadas ao longo do tópico.
III.II.V. Impactos decorrentes de outras causas
Por uma questão cultural, a população residente de Itapoá considera a
queimada um meio de manter os terrenos “limpos” ou de acabar de maneira rápida
com as folhas secas que acumulam em suas casas. No entanto, essa prática é uma
das fontes de emissão de dióxido de carbono, gás que contribui com o efeito estufa
e consequentemente com o aquecimento global. Quando efetuada em área rural,
com o objetivo de preparo da terra para culturas agrícolas, as queimadas podem
acabar se alastrando de maneira descontrolada, atingindo os remanescentes
próximos, acarretando na destruição do fragmento, o solo que o compõe e a fauna
que o habita.
Outra forma de impacto negativo causado ao meio ambiente, como já citado
anteriormente, decorre da falta de tratamento de esgoto em Itapoá, gerando a
possibilidade de contaminação do lençol freático, através da falta de manutenção
ou implantação imprópria do sistema de fossa séptica ou através da descarga de
esgotos diretamente nos córregos do município, através de ligações clandestinas
com a rede de drenagem pluvial.
III.III. CAPACIDADE DE GESTÃO
III.III.I. Gestão ambiental
Objetivando o fortalecimento da gestão ambiental municipal, a Prefeitura de
Itapoá vem trabalhando para consolidar os três pilares que sustentam esta temática:
Órgão Ambiental Municipal, Conselho de Defesa do Meio Ambiente e Fundo de
93
Meio Ambiente.
O Órgão Ambiental Municipal vem passando por uma série de adequações no
que diz respeito a legislação vigente, a sua estrutura física e de recursos humanos, e
aos seus procedimentos.
Criada em 06 de março de 2017 (Lei nº 052/2017), a Secretaria de Meio
Ambiente de Itapoá (SEMAI) tem como missão promover a adoção de princípios e
estratégias para o conhecimento, a proteção e a recuperação do meio ambiente, o
uso sustentável dos recursos naturais, a valorização dos serviços ambientais e a
inserção do desenvolvimento sustentável na formulação e na implementação de
políticas públicas em nível local de forma transversal e compartilhada, participativa e
democrática.
A SEMAI está estabelecida atualmente em sede exclusiva com localização
estratégica, estando próxima ao Paço Municipal e em via principal de fácil acesso ao
público. Possui uma equipe técnica formada por três servidores, sendo uma Bióloga,
uma Engenheira Florestal e um Engenheiro Ambiental. Outros 8 técnicos também
estão à disposição do Órgão Ambiental Municipal para demandas pontuais, através
do Consórcio CimCatarina (Lei nº 723/2017 e suas alterações). O Organograma da
Secretaria é composto pelas posições de Secretário e de Diretor de Departamento.
Os demais setores apresentados na Figura 44 são meramente divisões
administrativas informais estabelecidas para otimizar os processos e serviços
prestados pelo Órgão Ambiental Municipal.
Os desafios atuais são a instrumentalização do órgão ambiental e a
implementação de um sistema integrado de dados e informações ambientais,
buscando dar mais eficiência na atuação da gestão ambiental municipal. Parcerias
com outras entidades e instituições de pesquisa têm sido uma prioridade para o
Executivo, que visa a otimização de esforços e recursos para o atendimento das
suas competências e atribuições legais.
94
Figura 44. Organograma do órgão ambiental municipal de Itapoá.
O Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambienta – COMDEMA, criado pela
Lei 162/2007 (alterado pelas Leis 557/2014 e 603/2015), passa por um momento de
revisão de sua legislação e de seu regimento interno na expectativa de tornar mais
efetiva a participação do colegiado na gestão do meio ambiente em Itapoá. O
Plenário do COMDEMA tem composição paritária entre representantes do Poder
Público e entidades da sociedade civil organizada. O Conselho tem dentre as suas
funções a de assessorar e propor diretrizes e políticas municipais de meio ambiente,
manifestar-se sobre a exploração dos recursos naturais existentes no Município,
propor a criação de Unidades de Conservação, e gerir os recursos do Fundo de
Meio Ambiente.
O Fundo Municipal de Meio Ambiente – FMMA, recentemente atualizado (Lei
nº 725/2017), é o instrumento de captação, repasse e aplicação de recursos
destinados a propiciar suporte financeiro para o desenvolvimento de projetos que
95
visem o uso racional e sustentável dos recursos naturais existentes no Município,
bem como para as ações que visem a proteção, reparação e melhoria do meio
ambiente, no processo de desenvolvimento econômico e social do Município de
Itapoá e região. Esta alteração legal foi fundamental para desburocratizar o acesso
aos recursos e efetivar a aplicação dos valores, no entanto será muito mais
importante para envolver a sociedade no processo de defesa e preservação meio
ambiente, conforme estabelecido na Constituição Federal.
Para a implementação do PMMA em Itapoá, o Município vislumbra firmar
parcerias com entidades do terceiro setor que historicamente já vem atuando na
causa ambiental no Município, sendo elas a Associação de Defesa e Educação
Ambiental (ADEA), a Associação para Preservação do Mangue da Barra do Saí
(APREMAI), a Fundação Pró-Itapoá e a Associação Vida Preservada. Outras
associações e organizações não governamentais existentes no Município também
apresentam grande potencial para colaborar no processo de consolidação das
estratégias para a gestão do Bioma Mata Atlântica em Itapoá.
III.III.II. Quadro legal em vigor
O arcabouço legal vigente relativo à temática ambiental é composto por
diversos dispositivos legais que, entre outras ações, disciplinam as atividades
geradoras de impactos ambientais, protegem a fauna e a flora, instituem áreas
protegidas, e, também, buscam incentivar a participação da sociedade nas ações
que envolvam a proteção do meio ambiente.
As legislações federais e estaduais que podem interferir no tema estão apresentadas
no Anexo VII.XII. (Legislação relacionada ao PMMA), enquanto que o quadro legal
municipal é apresentado a seguir.
96
n.º Legislação Observação
001/1990 Lei Orgânica Impõe ao Poder Público Municipal e à coletividade o
dever de defender e preservar o meio ambiente para as
presentes e futuras gerações; preservar e restaurar os
processos ecológicos essenciais e prover o manejo
ecológico das espécies e ecossistemas; definir espaços
territoriais e seus componentes a serem especialmente
protegidos; proteger a fauna, a flora, as margens dos
rios, manguezais e praias.
126/2002 Cria o Conselho de Defesa do
Patrimônio Cultural de Itapoá
e dispõe sobre a proteção e
preservação do patrimônio
Definir a política municipal de defesa e proteção do
patr imônio cultural, compreendendo os bens móveis e
imóveis, históricos e artísticos, arquitetônicos,
arqueológicos, ambiente natural e documental do
município, que justifiquem o interes s e público em sua
preservação.
162/2007 Dispõe sobre o COMDEMA –
Conselho Municipal de Defesa
do Meio Ambiente
Compete ao COMDEMA: assessorar, propor diretrizes e
políticas municipais; avaliar e se manifestar sobre
planos, programas; propor criação de unidades de
conservação; incentivar a educação ambiental, entre
ouras.
021/2008 Institui o Zoneamento
Ecológico-Econômico
Estabelece critérios de ocupação e utilização do solo;
define macrozonas, áreas e zonas; cria áreas de
proteção importantes, como a de Conservação Hídrica
a fim de proteger o manancial e a de Conservação
Ambiental, com o objetivo de proteger as Ucs
municipais; determina os usos permitidos, permissíveis
e proibidos em cada macrozona e zona.
1205/2010 Aprova o Plano Municipal de
saneamento básico de Itapoá-
SC e dá outras providências
No presente trabalho foi utilizado o PMISB (2015); este
fez o diagnóstico da situação ambiental da água,
esgoto, drenagem e resíduos sólidos; constatou a
crescente implantação de loteamentos ao longo do
97
manancial (Bacia Hidrográfica do Rio Saí-Mirim), com
remoção de cobertura vegetal e exposição do solo;
também, a remoção de vegetação na parte superior do
manancial para exploração de terras agrícolas, no
cultivo de espécies exóticas ou pecuária de
subsistência; verificou que existem diversos problemas
relacionados a lançamento irregular de esgoto em
corpos hídricos, comprometendo a qualidade da água,
assim como a presença de braquiárias ao longo de rios
urbanos, como o Mendanha, o que dificulta o
escoamento.
330/2011 Cria o Parque Municipal
Carijós
Fica criado o Parque Natural Municipal Carijós,
localizado no município de ITAPOÁ, no estado de Santa
Catarina, com área de 39,76 hectares, com os objetivos
de preservar os ambientes naturais pertencentes ao
Bioma da Mata Atlântica, em especial os da Floresta
Ombrófila Densa (FOD), possibilitando a realização de
pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades
de educação ambiental, recreação em contato com a
natureza e turismo ecológico.
048/2016 Plano Diretor Princípio do desenvolvimento sustentável; garantia da
qualidade ambiental; ordenar o crescimento urbano;
objetiva proteger o meio ambiente, através, por
exemplo, da recuperação e conservação das matas
ciliares e evitando a ocupação de áreas de inundação e
com declividade acima de 30%; apresenta eixos,
diretrizes e ações da Política Municipal Ambiental;
elenca diversas ações que podem impactar diretamente
no PNMA, como criar e implantar Programa de
Recuperação e Preservação de sítios geológicos, em
especial as restingas e manguezais, criar Ucs, elaborar e
implantar Plano de Arborização Urbana, criação de uma
98
APA entre o Rio Saí-Mirim e o Saí-Guaçu, entre outras.
050/2016 Código de Posturas Determina atividades proibidas e respectivas sanções;
prevê a higiene da cidade como um todo, a partir da
proibição do lançamento de resíduos, da queima de
resíduos, conservar os terrenos em perfeito estado e
outros; prevê que o Plano de Arborização deve ser
implementado em 02 (dois) anos a partir da data de
aprovação desta lei; os munícipes são livres para
plantar árvores defronte para os lotes, respeitando as
legislações pertinentes; os munícipes são livres para
plantar árvores defronte para os lotes, respeitando as
legislações pertinentes; para cada remoção de árvore
deve ser prevista a imediata reposição; proíbe atear
fogo em matas, capoeiras, lavouras ou campos alheios;
a derrubada de bosques ou matas nativas depende de
licenças ambientais; proíbe a emissão de alvará de
funcionamento em áreas de preservação ambiental.
676/2016 Dispõe sobre o Zoneamento,
Uso e Ocupação do Solo
Urbano
Proíbe o parcelamento do solo em áreas alagadiças,
nascentes, APPs, mangues dentre outras; prevê 10 (dez)
% do loteamento como sendo de área verde,
preferencialmente nativa, e espaços livres; exige o
licenciamento ambiental.
679/2019 Dispõe sobre a Delimitação
do Perímetro Urbano
Delimita o perímetro urbano e rural. A partir desta
definição tem-se consequências nas autorizações de
corte.
682/2016 Dispões sobre o Parcelamento
do Solo
Define Área Verde, APP; os loteamentos deverão ter
10% para espaços livres e áreas verdes; determina que
as áreas verdes devem ser preferencialmente
constituídas por vegetação nativa.
725/2017 Cria o Fundo Municipal do
Meio Ambiente (FMMA)
De natureza contábil, instrumento de captação, repasse
e aplicação de recursos destinados a propiciar suporte
financeiro para o desenvolvimento de projetos que
99
visem o uso racional e sustentável dos recursos naturais
existentes no Município, bem como para as ações que
visem a proteção, reparação e melhoria do meio
ambiente, no processo de desenvolvimento econômico
e social do Município de Itapoá e região; os recursos
do Fundo Municipal do Meio Ambiente serão aplicados
em projetos, programas, estudos e atividades para a
melhoria da qualidade do meio ambiente de Itapoá e
região, propostas pela Secretaria de Meio Ambiente e
aprovados pelo Conselho Municipal de Defesa do Meio
Ambiente – COMDEMA.
08/2018 Projeto de Lei Complementar
(novo ZEEM)
Dispõe sobre o novo Zoneamento Ecológico-
Econômico; estabelece o macrozoneamento; integra
políticas numa base cartográfica; apoia e efetiva as
ações de monitoramento, fiscalização, licenciamento e
gestão ambiental municipal; proporcionar ações de
compensação e manutenção florestal viabilizem a
criação de Unidades de Conservação Municipais de
categoria Proteção Integral em áreas prioritárias para
recuperação e conservação ambiental; define diretrizes
para a compensação e manutenção florestal; define as
zonas e respectiva legislação, uso e ocupação do solo.
III.IV. PLANOS E PROGRAMAS
III.IV.I. Plano Diretor Municipal (PDM)
Datado de 28 de setembro de 2016, o PDM apresenta três princípios ligados
diretamente à preservação e conservação ambiental:
II. o desenvolvimento sustentável do Município;
V. o direito universal à cidade, compreendendo a terra urbana, a moradia
digna, ao saneamento ambiental, a infraestrutura urbana, ao transporte,
100
aos serviços públicos, ao trabalho, à cultura, ao lazer, à saúde e educação;
VIII. a garantia da qualidade ambiental;
Dentre os objetivos, podem-se citar os seguintes de maior proximidade à
preservação e conservação da Mata Atlântica:
I. ordenar o crescimento urbano do Município, em seus aspectos físico-
ambiental, econômico, social, histórico, cultural e administrativo, dentre outros;
III. ordenar o uso e ocupação do solo, em consonância com a função
socioeconômica e ambiental da propriedade;
XIII. direcionar o crescimento da cidade para áreas propícias à urbanização,
evitando, sempre que possível, problemas ambientais, sociais e de mobilidade;
XVI. proteger o meio ambiente de qualquer forma de degradação ambiental,
mantendo a qualidade da vida urbana e rural, com as finalidades de:
a) consolidar e atualizar as ações municipais para a gestão ambiental, em
consonância com as legislações municipais, estaduais e federais;
b) promover a preservação, conservação, defesa, recuperação e melhoria do
meio ambiente natural, em harmonia com o desenvolvimento social e
econômico do Município;
c) recuperar e conservar as matas ciliares;
d) preservar as margens dos rios, lagoas, os sítios geológicos, a orla marítima,
fauna e reservas florestais do Município, evitando a ocupação na área rural, dos
locais com declividade acima de 30%, das áreas sujeitas à inundação e dos
fundos de vale, salvo casos de
comprovações especificados em lei;
e) contribuir para a redução dos níveis de poluição e degradação ambiental e
paisagística;
f) recuperar áreas degradadas;
Nota-se, portanto, uma recorrente preocupação para com o meio ambiente
do principal instrumento da política de desenvolvimento do município em sua
essência. No plano, pode ser verificado que dentro da Politica de Desenvolvimento
101
Municipal um dos eixos de desenvolvimento é a Garantia da Qualidade Ambiental,
esta prevê:
I. A implementação de diretrizes contidas na Política Nacional do Meio
Ambiente, Política Nacional de Recursos Hídricos, Política Nacional de
Saneamento, Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar, Lei Orgânica e
demais normas correlatas e regulamentares federais e estaduais;
III. elaboração de planos, programas e ações de proteção e educação ambiental
e cultural visando garantir a gestão compartilhada;
VI. definição de forma integrada, de áreas prioritárias de ação governamental
visando à proteção, preservação e recuperação da qualidade ambiental e do
equilíbrio ecológico;
VII. identificação de unidades de conservação e outras áreas de interesse para a
proteção de mananciais, ecossistemas naturais, flora e fauna, recursos genéticos
e outros bens naturais e culturais, estabelecendo normas a serem observadas
nessas áreas;
VIII. Criação do Sistema Municipal de Unidades de Conservação;
IX. estabelecimento de normas específicas para a proteção de recursos hídricos,
por meio de planos de bacias hidrográficas, principalmente para áreas de
mananciais;
XVII. promoção de programas para recuperação de vegetação das áreas de
preservação permanente e a recuperação de áreas degradadas;
O art. 17 sobre a Política Municipal Ambiental, compõe-se de várias
estratégias, ao mesmo tempo, no Anexo 1 – Tabelas de eixos, diretrizes e ações do
PDM – sistematiza e traz os prazos a serem cumpridos. Observa-se que direta ou
indiretamente todas as ações estão relacionadas com a Mata Atlântica, desde o
controle dos agrotóxicos até a implementação de um viveiro municipal.
É válido registrar que esta sistematização, ainda que não defina de forma clara
os prazos, mostra-se como um importante instrumento municipal de efetivação dos
102
princípios, objetivos e políticas enunciados ao longo do PDM. No âmbito do
ordenamento do território municipal, particularmente no que se refere às áreas de
interesse ambiental, as áreas de expansão urbana e as áreas de risco identificadas,
verifica-se que o PDM prevê a recuperação das matas ciliares, a proteção dos
manguezais, restingas e nascentes, e criação de mais unidades de conservação,
como uma APA (Área de Proteção Ambiental) entre o Saí-Mirim e o Saí-Guaçu; já
com relação ao uso e ocupação do solo urbano, delimita a implementação da
Agenda 21, instrumento de planejamento e ordenamento do território com vistas ao
desenvolvimento sustentável; concomitante, a implementação de um sistema de
informações ambientais e a participação e gerência do Conselho Municipal de Meio
Ambiente (COMDEMA) sobre os recursos do Fundo Municipal do Meio Ambiente
(FMMA), tendem a garantir o acompanhamento e controle sobre as ações
planejadas.
Portanto, se as ações previstas forem plenamente implantadas, impactarão
significativamente não somente sobre os remanescentes de Mata Atlântica, como
também na restauração deste bioma dentro do município.
III.IV.II. Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico (PMISB)
Pelo Decreto Municipal n.º 1205/2010 está instituído o Plano Municipal de
Saneamento Básico de 2012, todavia este documento foi atualizado no ano de 2015,
e ainda que não devidamente regulamentado, optou-se por se utilizar o PMISB de
2015, uma vez que possui dados mais atuais e engloba os quatro eixos da política
de saneamento básico, drenagem, resíduos sólidos, água e esgoto num único
documento.
Citem-se, por exemplo, as ações destinadas a assegurar a proteção ambiental
e a sustentabilidade dos mananciais de captação das águas para abastecimento; as
ações para promover a gestão integrada e o manejo sustentável das águas urbanas,
103
conforme as normas de uso e ocupação do solo, que incluem a minimização de
áreas impermeáveis; o controle do desmatamento e dos processos de erosão e
assoreamento; a criação de alternativas para infiltração das águas; e a recomposição
da mata ciliar de rios urbanos.
Atualizado no ano de 2015, o PMISB engloba drenagem, resíduos sólidos,
água e esgoto. Claramente interligados à proteção da Mata Atlântica, foram
diagnosticados e prognosticados a fim de se determinar a situação presente e
metas para o futuro. O município delegou à Itapoá Saneamento o tratamento e
transporte das águas e do esgoto, enquanto que a drenagem está a cargo da
prefeitura e o resíduo sólido à SURBI (Serviços Urbanos de Itapoá).
Como resultados do diagnóstico que mais se relacionam ao tema em questão,
estão (PMISB, 2015):
Água: o manancial de abastecimento do município é Rio Saí-Mirim. Não
existem grandes problemas ambientais na Bacia Hidrográfica do Rio Saí-
Mirim, o qual apresenta área de contribuição de aproximadamente 73,3 km²
no ponto de captação da ETA Secundária, e área da bacia de contribuição no
ponto de captação da ETA Principal de 150 km², devido a contribuição do
afluente Rio Braço do Norte. Porém, os principais problemas a ele ligados
são: falta de tratamento de esgoto da cidade de Itapoá, com possibilidade de
contaminação do lençol freático ou descarga de esgotos nos córregos da
região; crescente implantação de loteamentos ao longo do manancial, com
remoção de cobertura vegetal e exposição de solo permitindo carreamento
de sedimentos; e remoção de vegetação na parte superior do manancial para
exploração de terras nas culturas agrícolas, no cultivo de espécies exóticas ou
pequena pecuária de subsistência. A montante das duas captações está
localizada a captação de água da Indústria Vega do Sul, com captação de
aproximadamente 120 litros/segundo. Para o abastecimento público a vazão
104
máxima disponível para retirada é de 451,14 litros/segundo.
Esgoto: Itapoá não possui sistema de tratamento de esgoto, conforme dados
do IBGE (2010) apud PMISB (2015), verifica-se que a maior parte das
residências destina o efluente para fossa séptica (Figura 45 – Destinação dos
efluentes). Porém, de acordo com a Lei n.° 049/2016 (Código de Obras) todo
o dimensionamento do sistema deverá atender a NBR 7.229 de setembro de
1993 e a NBR 13.969 de setembro de 1997. O Plano também evidencia a
ocorrência de destinação irregular de efluentes domésticos, ocorrendo em
valas e galerias de drenagem pluvial e em alguns corpos hídricos.
Figura 45. Destinação dos efluentes. Fonte: PMISB, 2015.
Resíduos sólidos: a Prefeitura de Itapoá terceiriza os serviços de coleta e
transporte dos resíduos urbanos junto à SURBI. Os resíduos coletados são
transportados até uma estação de transbordo dentro do município, e
posteriormente são encaminhados até o aterro sanitário de Mafra,
aproximadamente 170 km da sede municipal de Itapoá. Segundo o PMISB
(2015), a SURBI realiza a coleta convencional e a coleta seletiva de materiais
recicláveis em todo o município (100% de cobertura). A Figura 44 –
Composição do resíduo de Itapoá-SC – mostra que a maior parte é composta
por matéria orgânica, mas praticamente 30% poderia ser reciclado. Os
resíduos de saúde são coletados semanalmente nos estabelecimentos de
saúde municipais pela Empresa Serrana Engenharia, já os resíduos da
construção civil e demolição não possuem serviço de coleta e destinação
105
final, ocorrendo geralmente o lançamento desses resíduos de forma irregular
em alguns pontos da cidade, não obstante existir um aterro da construção
civil licenciado dentro do município. Enquanto que a varrição, capina e roçada
são realizados também por terceirizada (ORBENK) e encaminhados como
rejeitos para o aterro ou lançados em terrenos baldios particulares. Por fim,
os resíduos especiais, como pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes e óleo
não possuem nenhum controle dentro do município, sendo normalmente
descartados junto aos resíduos domiciliares (Figura 46).
Figura 46. Composição dos resíduos de Itapoá-SC. Fonte: PMISB, 2015.
Drenagem: de acordo com dados da EPAGRI existe no município oito
microbacias, sendo que as principais são: Bacia do Rio Saí-Mirim, Bacia do Rio
Saí-Guaçu e Bacia do Rio Jaguaruna. A macrodrenagem na urbana de Itapoá,
é composta basicamente de pequenos córregos, valas superficiais localizadas
na lateral das ruas ou no meio de quadras e que apresentam pouca
declividade e de difícil manutenção em função da vegetação braquiária. Os
trechos canalizados estão localizados em sua grande maioria somente nos
106
cruzamentos de ruas com grande fluxo de veículos; observa-se ainda que
geralmente esta canalização (bueiros) encontram-se subdimensionados. O
destino final da macrodrenagem é sempre a praia, principalmente na região
sul da área urbana municipal, já a drenagem da região norte de Itapoá possui
o Rio Saí-Mirim como alternativa de descarga d’água. Outro importante
elemento da macrodrenagem é o Rio Mendanha, que deságua na Praia de
Itapema do Norte próximo a terceira pedra (Figura 45). Seu traçado passa no
meio de quadras, sem canalização; outro problema é que o mesmo encontra-
se em grande parte assoreado, com muita vegetação nas margens e fundo
necessitando ser canalizado em, pelo menos, dois quilômetros de extensão.
Igualmente, o PMISB (2015) cita que as valas superficiais em sua maioria
necessitam de muita manutenção e limpeza, decorrentes de assoreamentos,
desmoronamento das margens e proliferação da vegetação braquiária, que
diminui muito as condições de escoamento das águas de enxurradas, e que
este fato poderia ser evitado se as mesmas fossem canalizadas. O Rio Saí-
Mirím no seu trecho urbano recebe contribuição muitas valas e de parte do
Rio Mendanha através do desvio feito pela Rua 1.310.
Figura 45. Foz do Rio Mendanha. Fonte: PMISB, 2015.
107
Com relação a microdrenagem, cita-se que Itapoá possui 64 loteamentos em
sua área urbana, implantados parcialmente ao longo de 30 anos. A extensão das
ruas é da ordem de 800 km, sendo que aproximadamente 2% (16 km) dispõe de
infraestrutura de microdrenagem. Em mais de 80% existe apenas a faixa de rua
desmatada e sem nenhuma infraestrutura e em 15% existe vala superficial de
drenagem, energia elétrica e rede de água.
Metas, planos e ações ligados à Mata Atlântica
▪ Programa de Redução e Controle de Perdas de água: poderá auxiliar
na redução de perdas e consequentemente reduzirá a demanda do
manancial;
▪ Hidrometração: a fim de se racionalizar o consumo de água e
possibilitando levantamento da oferta e demanda para obras futuras;
▪ Planos e programas relacionados aos Resíduos da Construção civil e
demolição: possibilitarão a identificação dos pontos e planejamento de
ações, a fim de se evitar o lançamento em locais inadequados;
▪ O plano não especifica claramente um Programa de Proteção ao
Manancial, entretanto cita ao longo do texto a necessidade de criá-lo;
▪ Com relação à drenagem prevê o desassoreamento e revitalização das
margens de rios, córregos ou cursos d´água.
III.IV.III. Plano Municipal de Gerenciamento Costeiro
Destaca-se a promulgação da Lei Complementar nº 017/2007 que institui o
Plano Municipal de Gerenciamento Costeiro. Vale ressaltar que Itapoá é pioneira na
temática, sendo o primeiro Município no País a ostentar um plano de
gerenciamento costeiro em nível municipal, sendo, inclusive, notícia no site do
108
Ministério de Meio Ambiente e no programa de Rádio Voz do Brasil. Esta legislação
municipal estabelece, conforme o seu Art. 5°, que os instrumentos de Gestão da
Zona Costeira devem ser aplicados de forma articulada e integrada, sendo eles o
Plano Municipal de Gerenciamento Costeiro, o Zoneamento Ecológico Econômico
Municipal, o Plano Diretor Municipal (PDM) e o Plano de Intervenção da Orla.
III.IV.IV. Plano de Gestão Integrada da Orla Marítima
Conhecido como Projeto Orla, é uma ação conjunta entre o Ministério do
Meio Ambiente, por intermédio de sua Secretaria de Mudanças Climáticas e
Qualidade Ambiental (SMCQ), e o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão,
no âmbito da sua Secretaria do Patrimônio da União (SPU/MPOG). Visa buscar o
ordenamento dos espaços litorâneos sob domínio da União, aproximando as
políticas ambiental e patrimonial envolvendo as três esferas do governo e a
sociedade.
Para o município de Itapoá, o Projeto busca responder a uma série de
desafios atuais e complexos tais como: proteger a fragilidade dos ecossistemas da
orla para o município de Itapoá, bem como alcançar o desenvolvimento ordenado
em curto, médio e longo prazo. Resulta de um processo de governança entre as
equipes da Prefeitura Municipal de Itapoá, em conjunto com a sociedade civil
organizada e iniciativa privada, foi elaborado em 2013 e aguarda homologação
desde o ano de 2014.
Dentre os ecossistemas da orla do município, para fins de preservação e
conservação da Mata Atlântica associada, destacam-se os manguezais e as restingas.
Os manguezais no município de Itapoá, dentre outros aspectos, tem o papel de fixar
as terras, impedindo assim a erosão e ao mesmo tempo estabilizando a costa,
exportar matéria orgânica para a Baía da Babitonga e é vital para a subsistência das
comunidades pesqueiras que vivem em seu entorno; além de constituir importante
109
banco genético para a recuperação de áreas degradadas. No município de Itapoá,
esse ecossistema está associado à foz do Rio Jaguaruna, às margens da Baía da
Babitonga e à desembocadura dos rios Saí Mirim e Saí Guaçu (Projeto Orla Itapoá,
2013).
As restingas são feições dinâmicas, que sofrem a ação das ondas e correntes
de deriva litorânea. As restingas de Itapoá têm mudado de forma e comprimento ao
longo dos anos, por interferência da dinâmica natural e de intervenções antrópicas.
No município foram identificadas quatro restingas associadas às fozes dos rios Saí-
Mirim e Saí-Guaçu, córrego das Palmeiras, Itapema, localizadas em mar aberto e,
portanto, apresentando maior mobilidade devido a maior energia ambiental, e às
associadas às fozes dos Pequeno e Jaguaruna, localizadas no interior da baía. Tais
formações podem apresentar-se sem vegetação, com vegetação herbácea ou
arbórea (Angulo & Souza, 2005 apud Projeto Orla Itapoá, 2013).
III.IV.V. Plano de Turismo
O estudo preliminar do Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo
Sustentável (PDITS Itapoá) foi realizado no período de junho a setembro de 2017,
consistindo em um diagnóstico estratégico da área de das atividades turísticas, com
a análise do atual mercado turístico, infraestrutura básica e serviços gerais
oferecidos, quadro institucional e aspectos socioambientais.
Dentre os segmentos de destaque no turismo em Itapoá, o Plano classifica o
ecoturismo como tendo grande potencial de desenvolvimento no município graças
as suas características naturais, como a Baía da Babitonga e a Reserva Volta Velha.
O turismo náutico também é notório, devido às estruturas náuticas da cidade e as
boas condições de navegabilidade oferecidas pela Baía. Por fim, o turismo de sol e
praia, segmento mais consolidado no município, abrange o maior número de
turistas, que têm por objetivo visitar as praias de Itapoá. O turismo rural é
110
apontado como um segmento emergente, que apresenta potencial porém ainda
não conta com incentivos ou infraestruturas necessárias para sua consolidação.
O Plano conclui que, para promover um turismo menos sazonal e
independente da estação de alta temporada, há necessidade de ampliação da
infraestrutura urbana e estruturação dos atrativos existentes, a fim de atender as
necessidades e expectativas dos turistas, além da necessidade de capacitação de
funcionários do setor de turismo.
Quanto à análise dos aspectos socioambientais relacionados ao turismo,
aponta-se a ocupação da orla de Itapoá, com supressão da vegetação de restinga, e
a intervenção em áreas de sambaquis como os principais impactos socioambientais.
No que diz respeito à gestão ambiental das empresas de hospedagem e
alimentação que atendem a demanda turística do município, identificou-se que a
grande maioria delas realiza ações de cunho ambiental, como coleta seletiva de
resíduos, uso de lâmpadas de baixo consumo, reutilização de água, coleta de óleo e
aquisição de insumos orgânicos, demonstrando o engajamento à sustentabilidade
ambiental, porém não foram identificadas iniciativas de certificação por parte dessas
empresas ligadas ao turismo.
Por fim, o estudo reitera a importância da conscientização ambiental, devido
às características dos segmentos prioritários de turismo, assim como a necessidade
de fomento à conservação dos recursos naturais, redução dos impactos ambientais
gerados e incentivos à oferta de serviços de alta qualidade, devido ao nível de
exigência relacionado à sustentabilidade ambiental do público que constitui o
segmento de ecoturismo e turismo náutico.
III.IV.VI. Planos de Bacias Hidrográficas
O município de Itapoá está inserido na Região Hidrográfica Baixada Norte
(RH6), entretanto ainda está em fase de trâmites a inserção dentro do Comitê do
111
Rio Cubatão Norte. Esta bacia já possui um Plano de Bacia Hidrográfica, contudo,
Itapoá não está contemplada dentro deste plano, ao mesmo tempo, não possui
plano para nenhuma bacia hidrográfica dentro do município.
III.IV.VII. Plano de manejo do Parque Natural Municipal Carijós
Elaborado a partir do Roteiro Metodológico de Planejamento de Parque
Nacional, Reserva Biológica, Estação Ecológica, proposto pelo IBAMA em 2002, o
plano de manejo do PNMC tem como objetivo central conservar os ambientes
naturais da Mata Atlântica, em especial da Floresta Ombrófila Densa, mantendo as
funções ambientais da vegetação nativa e do complexo hidrológico do Rio Saí
Mirim; garantir uma área de valor cênico e de relevância em biodiversidade;
possibilitar a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades
de educação ambiental, de recreação em contato com a natureza e do turismo
ecológico.
Dentre os objetivos específicos elencados no plano estão:
Proteger a biodiversidade e os recursos genéticos do Parque, com ênfase nas
populações das espécies animais e vegetais raras, endêmicas ou ameaçadas
de extinção;
Promover o desenvolvimento científico, proporcionando estudos sobre a
sucessão da vegetação de áreas em processo de recuperação, a biologia,
monitoramento e manutenção das populações das espécies de maior
interesse para a conservação;
Tornar a unidade de conservação (UC) um exemplo que incentive a criação
de novas UCs na região, com o intuito de formar corredores ecológicos.
Para atender aos objetivos específicos e respeitando os objetivos gerais das
unidades de conservação, foram definidas quatro zonas internas na UC: Zona
Primitiva, Zona de Uso Extensivo, Zona de Uso Intensivo e Zona de Recuperação.
112
Cada zona possui proposta de manejo, normas individualizadas, graus específicos de
proteção e diferentes possibilidades de intervenção humana.
Zona Primitiva: apresenta excelente estado de conservação, com vegetação
secundária em estágio avançado de regeneração, conforme a Resolução
CONAMA 04/1994. Dentre as atividades permitidas está a coleta de sementes
para viabilizar os processos de regeneração dos ecossistemas do próprio
PNMC e de áreas degradadas no entorno, a serem cultivadas no viveiro de
mudas;
Zona de Uso Extensivo: objetivará propiciar atividades de uso público com
baixo impacto (trilhas interpretativas autoguiadas); também permitirá a coleta
de sementes, tal qual na Zona Primitiva;
Zona de Uso Intensivo: concentra as atividades ligadas ao uso público de
maior intensidade, na qual serão instalados a sede administrativa, o Centro de
Visitantes, Centro de Educação Ambiental e Cultural, viveiro de mudas,
observatório de aves, sanitários e os equipamentos de lazer e de recreação;
Zona de Recuperação: composta, em sua maior parte, por ecossistemas
parcialmente alterados e que devem ser recuperados de forma natural ou
naturalmente induzida. Definida como uma zona provisória, que, uma vez
restaurada, deve ser incorporada à categoria de Zona Primitiva, por se
encontrar em locais extremamente sensíveis, inclusive incluindo parte da Área
de Preservação Permanente do Rio Saí Mirim.
Segundo o Roteiro Metodológico de Planejamento do IBAMA, a Zona de
Amortecimento não é obrigatória para UCs localizadas em área urbana ou áreas
estabelecidas como expansões urbanas, como é o caso do PNMC. Assim, por meio
das Oficinas Participativas de Planejamento e Integração, optou-se por avaliar a
necessidade dessa Zona após um período de funcionamento do Parque (FERMA
113
ENGENHARIA, 2012).
III.IV.VIII. Plano de manejo da RPPN Fazenda Palmital
O Plano teve como referência o Roteiro Metodológico para Elaboração do
Plano de Manejo para Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) (FERREIRA
et al., 2004 apud SEGER, C. D., 2012), o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação (Lei nº 9.985/2000) e o Decreto regulamentador nº 4.340/2002 (BRASIL,
2004 apud SEGER, C. D., 2012) e apresenta como alguns dos objetivos da RPPN:
Promover a proteção de paisagens naturais e pouco alteradas, com notável
beleza cênica;
Manter a integridade de abrigos e espaços reprodutivos de espécies
relevantes à conservação;
Contribuir para a proteção da microbacia do Rio Saí Mirim;
Incentivar o desenvolvimento da pesquisa científica;
Promover o desenvolvimento de programas de visitação, incluindo recreação
ao ar livre e o turismo ecológico;
Manter a integridade de sítios arqueológicos existentes na área;
Integrá-la a uma rede de áreas protegidas já estabelecidas na região, dentro
da estratégia de formação de Corredor de Biodiversidade entre o litoral norte
de Santa Catarina e o Litoral sul do estado do Paraná.
O Zoneamento da RPPN a divide em quatro zonas, definidas de acordo com o
diagnóstico físico, biótico e social da área e do seu entorno, tendo como base a
proposta de manejo e uso dos recursos naturais apresentada pelo proprietário e
seus herdeiros, e as considerações feitas pelos técnicos responsáveis pelo plano de
manejo.
Zona Silvestre: destinada exclusivamente à conservação da biodiversidade;
114
recoberta em grande parte pela Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas, e
uma pequena parcela por Floresta Ombrófila Densa de Influência Fluvial e de
Vegetação Pioneira fluviolacustre;
Zona de Proteção: voltada apenas para atividades de pesquisa científica,
turismo científico e turismo de observação (especialmente de aves), com
grupo reduzido de pessoas e com o acompanhamento de monitores;
Zona de Transição: estreita faixa com 50 metros de largura ao longo de parte
da divisa leste da RPPN, assim delimitada devido ao plantio de pinus (Pinus
sp.) no seu entorno, evitando que essa espécie exótica colonize espaços da
Reserva;
Zona de Visitação: a maior parte da sua extensão é composta de floresta
secundária em estágio avançado de regeneração e de algumas manchas em
estágio médio; nessa Zona está localizado um importante sítio arqueológico
da região, um sambaqui com idade estimada de 3.000 anos e em ótimo
estado de conservação; serão permitidas atividades de pesquisa científica, de
turismo, lazer e educação conservacionista.
Optou-se por não definir uma zona de uso especial ou zona administrativa,
pois será utilizada a infraestrutura administrativa e de recepção de visitantes
existente na Fazenda Santa Clara (Reserva Volta Velha). O Plano de Manejo não
prevê Zona de Amortecimento, pois esta não é uma obrigatoriedade para RPPNs, de
acordo com a Lei nº 9.985/2000, art. 25.
Foram definidos seis programas de manejo, sugeridos no Roteiro
Metodológico para Elaboração de Plano de Manejo para RPPNs (FERREIRA et al.,
2004 apud SEGER, C. D., 2012), de forma a detalhar as atividades a serem
desenvolvidas na UC, sendo eles: Programa de Administração; Programa de
Proteção e Fiscalização; Programa de Pesquisa e Monitoramento; Programa de
115
Visitação; Programa de Sustentabilidade Financeira e Programa de Comunicação.
Também estão previstos projetos específicos voltados ao desenvolvimento de
atividades de geração de renda para a sustentabilidade da área protegida,
intitulados Planejamento e Formatação de Roteiro de Turismo de Natureza e
Capacitação de Condutores de Visitantes (SEGER, C. D., 2012).
III.IV.IX. Estudos para criação de unidades de conservação, mosaicos e
corredores ecológicos
O Plano Diretor de Itapoá prevê o Sistema Municipal de Unidades de
Conservação e determina, em seu art. 21, que o sistema será composto pelas áreas
verdes públicas ou privadas com vegetação significativa, com potencial para a
criação de Unidades de Conservação, além das UCs já instituídas.
O Plano Diretor também estabelece a demanda pela criação de uma APA -
Área de Preservação Ambiental do Saí Mirim englobando a área entre o Rio Saí-
Mirim e o Rio Saí-Guaçu, limitando-se com a Estrada Cornelsen, por se tratar de
área dotada de atributos abióticos, bióticos, e estéticos especialmente para a
qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, tendo como objetivo
básico proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e
assegurar a sustentabilidade dos recursos naturais. Para tanto, deverá ser observada
a legislação vigente, especialmente a exigência de realização de estudos técnicos e
consulta pública.
O Poder Executivo de Itapoá, por meio da proposta do novo Zoneamento
Ecológico Econômico, tem como estratégia principal para conservação da
diversidade ecológico e preservação do bioma Mata Atlântica, a implantação de um
mosaico de unidades de conservação e de corredores ecológicos conectando as
áreas já estabelecidas como prioritárias para proteção pelas legislações ambientais
vigentes.
116
A área referente à Reserva Volta Velha tem importante papel na formação de
corredor ecológico, de acordo com o Plano de Manejo da RPPN Fazenda Palmital,
por estar inserida em um grande maciço florestal que se estende entre as baías da
Babitonga e a de Guaratuba, além da proximidade com outra UC, o Parque Natural
Municipal Carijós.
III.IV.X. Zoneamento Ecológico Econômico Costeiro
O mapa de Zoneamento Ecológico Econômico Costeiro – Setor 1 apresenta como
Zona de Preservação Predominante a área destinada à Área de Preservação
Ambiental entre os rios Saí Mirim e Saí Guaçu; áreas específicas a noroeste e a
sudoeste do município; e na região das UCs já instituídas. (Figura 48)
As Zonas de Uso Restrito foram delimitadas às margens da Estrada João
Cornelsen, no sentido de quem sai da cidade; ao sul da Zona de Preservação
Predominante referente às UCs; e entre a área para atividades portuárias e alguns
loteamentos urbanos, especialmente nos fundos do Balneário Rosa dos Ventos e na
faixa que abrange os fundos dos balneários Rio Gracioso, Praia das Palmeiras e Praia
do Imperador.
Alguns programas previstos dentro do Plano de Gestão Integrado da Zona
Costeira de Santa Catarina envolvem a proteção dos remanescentes florestais, como
o Programa de Gestão dos Recursos Naturais, que apresenta como um dos planos
de ação “implantar sistema de monitoramento da cobertura vegetal dos
remanescentes florestais da zona costeira de Santa Catarina, conectado ao
SIGERCO” (Secretaria de Planejamento, 2013).
117
Figura 48. Recorte do Mapa do Zoneamento Ecológico
Econômico Costeiro do Plano Estadual de Gerenciamento
Costeiro – Setor 1. Fonte: SDS, 2013.
III.IV.XI. Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro
Instituído pela Lei Estadual n.º 13.553/2005, visa orientar a utilização racional
dos recursos naturais da Zona Costeira Estadual, considerada patrimônio nacional,
na forma § 4º, do art. 225 da Constituição Federal, intentando propiciar a elevação
da qualidade de vida de sua população e a proteção de seus patrimônios natural,
histórico, étnico, cultural e paisagístico. Ao mesmo tempo, prevê que os municípios
118
poderão instituir por lei os respectivos Planos Municipais de Gerenciamento
Costeiro. Regulamentada pelo Decreto Estadual n.º 5010/2006, este divide os 36
municípios litorâneos em cinco setores, estando Itapoá-SC no Setor 1. O Decreto
Estadual elenca também os objetivos do Plano Estadual de maneira mais específica,
as estratégias, a coordenação e os instrumentos.
Sendo os instrumentos do PEGC: Zoneamento Ecológico Econômico Costeiro,
Plano de Gestão da Zona Costeira, Sistema de Informações do Gerenciamento
Costeiro, Sistema de Monitoramento Ambiental, Relatório de Qualidade Ambiental e
o Projeto de Gestão Integrada da Orla Marítima.
III.IV.XI. Programas de educação ambiental
Poder Executivo Municipal
A Prefeitura vem desenvolvendo uma série de ações vislumbrando o
fortalecimento de Educação Ambiental em Itapoá. No ano de 2017 foi criado um
grupo de trabalho institucional envolvendo as Secretarias de Meio Ambiente e de
Educação com o objetivo de estabelecer uma frente de trabalho específica para
tratar das questões de educação ambiental formal e não formal no Município.
Alguns dos desdobramentos deste grupo já são claramente visualizados, como a
realização inusitada do Programa Protetor Ambiental, criado no ano de 1999, pela
Polícia Militar Ambiental, com o objetivo de promover a educação ambiental aos
adolescentes das redes pública e privada de ensino, disseminando conhecimentos
através de atividades teóricas e práticas coordenadas pelos policiais militares e
convidados, buscando o despertar a consciência ecológica dos jovens entre 12 e 14
anos (Figura 49); a designação, por processo seletivo, de um professor com
dedicação de 20 horas semanais para atuar como orientador de estudo no
Programa de Formação e Aperfeiçoamento dos Profissionais de Ensino da Rede
119
Pública Municipal, por meio da oferta de formação continuada na área de Ciências;
e a inscrição e aceitação em 1ª fase de projeto junto ao Ministério do Meio
Ambiente para implantação da Sala Verde no Município, idealizada para ser um
ambiente capaz de estimular a discussão sobre a realidade socioambiental do
município e potencializar as iniciativas e ações que envolvam educação ambiental
em Itapoá.
Figura 47. 1ª turma de Protetores Ambientais no desfile cívico em
comemoração aos 29 anos de emancipação política de Itapoá
A Prefeitura de Itapoá, através de sua Secretaria de Meio Ambiente, também
realiza palestras para as escolas da rede pública de ensino municipal e estadual
sobre diversos temas, como por exemplo, a importância do meio ambiente para a
vida da comunidade; procede com plantio de mudas em conjunto com os alunos da
educação infantil; participa de iniciativas como a Feira de Cidadania e Temas Atuais
(FECITA) da Escola Municipal Euclides Emídio da Silva; e elabora e disponibiliza
manuais sobre limpeza de lotes, supressão de vegetação e panfletos sobre a
disposição adequada de resíduos.
120
Associação de Defesa e Educação Ambiental
Nos últimos anos foram desenvolvidos programas de educação ambiental
tendo como público-alvo escolas de Itapoá, Curitiba, Joinville e de outros municípios
do norte catarinense. As atividades eram realizadas durante os finais de semana, nos
quais crianças e adolescentes passavam três dias na Reserva, ocupadas com
atividades lúdicas, trilhas temáticas, assuntos referentes a fauna e flora da floresta
atlântica, rochas e solos da planície costeira, rios, sítios arqueológicos e
meteorologia. A experiência incluía também a vivência em uma oca dos índios
Waurás, do Xingu, na qual trabalhava-se o resgate da cultura desses povos
(Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte).
Como condicionante da Licença de Operação do Porto de Itapoá, a ADEA
conduz o Projeto Itapoá Sempre Verde, desenvolvendo atividades no Viveiro
Florestal Educador construído junto ao Centro de Referência em Estudos de
Florestas Costeiras na Reserva Volta Velha. O projeto teve início no mês de agosto
de 2017 e, inicialmente, atendeu alunos das escolas (ensino formal) e a comunidade
do entorno do Porto Itapoá. Dentre os temas abordados previstos no cronograma
de atividades, estão alguns diretamente relacionados à preservação da Mata
Atlântica, como “Ecologia geral da Floresta Atlântica Costeira de Itapoá”; “Formação
da planície costeira”; “Meio biótico (Flora e Fauna)”; “Coleta de sementes de
espécies produzidas no viveiro” (Associação de Defesa e Educação Ambiental, 2017).
Associação de Proteção da Reserva do Mangue de Itapoá
Atuante na Barra do Saí, especialmente na área de mangue, a APREMAI
desenvolve atividades sobre educação e preservação ambiental voltadas à
comunidade local e aos turistas. O Projeto de Educação Ambiental visa estimular o
uso sustentável dos recursos naturais locais, trabalhar a importância da conservação
do meio ambiente e do bem-estar social da comunidade em geral. A Associação
121
realiza parcerias com instituições de ensino do município de Itapoá, com a
Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), além de receber visitas de
escolas de outras cidades, como Blumenau-SC e Itajaí-SC (MACHADO, 2017).
IV. SISTEMATIZAÇÃO DO DIAGNÓSTICO
Uma vez elaborado o diagnóstico, avançou-se para a fase seguinte de
estabelecimento dos objetivos, a definição das áreas prioritárias e das ações para
alcançar a conservação e recuperação do bioma Mata Atlântica em Itapoá.
Para esta etapa foi procedida a consolidação do diagnóstico, considerando uma
abordagem sistêmica tendo em vista a caracterização e análise das vantagens e
limitações existentes no território municipal em relação à Mata Atlântica; a
identificação dos aspectos positivos e negativos da proteção da Mata Atlântica; e a
verificação das possibilidades futuras de conservação dos remanescentes florestais e
recuperação de áreas degradadas.
Os grandes desafios deste momento são o discernimento e a responsabilidade
para propor ações justas e viáveis que envolvam e equilibrem as questões social,
ambiental e econômica, buscando sempre alcançar o desenvolvimento sustentável
(Figura 50).
Nesta fase uma importante contribuição foi dada pela consulta pública realizada,
sendo que em posse das informações geradas foi possível evidenciar a percepção
da população quanto às fragilidades e potencialidades da gestão ambiental em
Itapoá (Anexo VII.XII).
Para a determinação dos objetivos específicos foi empregada por eixos temáticos
a análise SWOT ou FOFA – Forças, Oportunidades, Fragilidades e Ameaças,
ferramenta robusta para otimizar a sistematização das conclusões da avaliação da
situação atual, destacando as oportunidades e desafios.
122
Figura 50. Imagem demostrando as relações entre as questões
social, ambiental e econômica que devem ser consideradas na
determinação dos objetivos do PMMA (Fonte: MMA; 2017).
Eixo temático Desenvolvimento Urbano
Ambiente Interno Ambiente Externo
Pontos Fracos:
Supressão ilegal de vegetação;
Abertura de vias públicas;
Ocupações irregulares em APPs e áreas de
risco;
Saneamento básico;
Expansão urbana em áreas de Mata
Atlântica.
Ameaças:
Mudança do clima – ampliação de eventos
extremos de precipitação e marés
meteorológicas;
Vulnerabilidade da fauna silvestre;
Embargos de outros órgãos ambientais sobre
atividades passiveis de licenciamento.
123
Pontos Fortes:
Plano Diretor;
Zoneamento Ecológico Econômico;
Compatibilização do Plano Diretor e do
Zoneamento Ecológico Econômico;
Plano de Gerenciamento Costeiro;
Projeto Orla;
Plano Integrado de Saneamento Básico.
Oportunidades:
Criação de UC municipal limitando expansão
urbana;
Projeto de saneamento em implantação pelo
Município;
Programa de Arborização urbana;
Consolidação de áreas verdes urbanas;
Programa de Regularização Fundiária;
Recuperação de áreas degradadas.
Eixo temático Recursos Naturais
Ambiente Interno Ambiente Externo
Pontos Fracos:
APPs desprotegidas (ausência de matas
ciliares);
Mineração clandestina;
Disposição irregular de resíduos da
construção civil e esgoto doméstico
Segregação e coleta de resíduos recicláveis;
Queimadas;
Empreendimentos operando sem as devidas
licenças.
Ameaças:
Existência de espécies exóticas invasoras;
Turismo de massa;
Intensificação da geração de resíduos na
temporada de verão.
Pontos Fortes:
Biodiversidade dos remanescentes;
Abundância de recursos hídricos;
Existência de significativos remanescentes
florestais.
Oportunidades:
Recursos provenientes de royalties;
ICMS ecológico;
Alvará Ambiental;
Legislação sobre Pagamento de Serviços
Ambientais;
Regularização dos empreendimentos passíveis
de licenciamento ambiental.
124
Eixo temático Gestão Ambiental
Ambiente Interno Ambiente Externo
Pontos Fracos:
Equipe reduzida no órgão ambiental
municipal;
Falta de equipamentos e capacitação
para mapeamentos e monitoramentos;
Falta de recursos para prestação de
serviços;
Engajamento popular fraco quanto as
questões coletivas;
Falta de coordenação de ações de
educação ambiental no município;
Baixo envolvimento de ONGs com o
poder público.
Ameaças:
Encerramento do Escritório regional do Ibama de
Joinville;
Ausência de plano de bacia hidrográfica;
Discussão da lei geral de licenciamento ambiental
federal;
Falta de Defesa Civil no Município;
Divergência de interpretação com outros órgãos
ambientais quanto à autonomia dos municípios e a
supressão da vegetação;
Perda da atribuição de licenciamento e do termo de
gestão florestal.
Pontos Fortes:
Criação da Secretaria de Meio
Ambiente;
Desburocratização do Fundo de Meio
Ambiente;
Conselho de Meio Ambiente em
estruturação;
Atribuição para o licenciamento
ambiental em nível local;
Termo de Gestão Florestal
Compartilhada;
Criação de grupo de trabalho
institucional em educação ambiental;
Lei Federal Complementar 140/2011;
Ampla adesão ao Cadastro Ambiental
Rural.
Oportunidades:
Implementação integral do Cadastro Ambiental Rural;
Criação de Plano de Bacias Hidrográficas;
Instituição do Código Municipal de Meio Ambiente;
Implementação da Defesa Civil Municipal;
Fortalecimento do Conselho de Meio Ambiente;
Fomento à participação popular nas questões
ambientais;
Sistematização e consolidação da educação
ambiental no município.
125
De forma resumida, o resultado da análise do diagnóstico identificou grandes
oportunidades de valorizar as áreas naturais do município como ativos econômicos,
potencializando o desenvolvimento do turismo sustentável, considerando suas
vocações naturais, com seus numerosos locais de grande beleza cênica. Importante
investir em atrativos para a população local e flutuante, de maneira compatível com
o principal objetivo do PMMA.
A falta de regularização ambiental dos loteamentos hoje existentes no
perímetro urbano de Itapoá é evidenciada como um dos grandes desafios para
conservação do Bioma. Sendo assim, é impreterível o estabelecimento de uma
estratégia que contemple tanto a manutenção da Mata Atlântica, quanto a devida
implantação destes empreendimentos.
A demanda pela consolidação dos três pilares da gestão ambiental municipal
também é muito clara, sendo necessária, sobretudo, para a implementação e
acompanhamento do PMMA. O órgão ambiental municipal necessita de estrutura
em termos de recursos financeiros, equipamentos e recursos humanos, o Conselho
precisa ser democratizado e ter condições de atuar ativamente na política
ambiental, e o Fundo precisa ter a sua operacionalização definida.
Diante da pesquisa desenvolvida, foi verificado que existem várias demandas
legais em diferentes dispositivos municipais. Neste sentido, é salutar buscar a
sinergia dos instrumentos já existentes para, ao mesmo tempo, atender a legislação
vigente e propor ações factíveis para a conservação da Mata Atlântica.
IV.I. Objetivos
O objetivo principal do Plano da Mata Atlântica de Itapoá é a conservação e a
recuperação do bioma no Município. Para atingi-lo foram definidos, diante da
análise apresentada na sistematização do diagnóstico e considerando as
126
peculiaridades do contexto local, os seguintes objetivos específicos:
Otimizar políticas públicas municipais relacionadas à conservação do meio
ambiente no tocante a gestão da Mata Atlântica;
Melhorar a qualidade das áreas verdes e arborização urbana;
Viabilizar a criação de procedimento para regularização de supressão em
lotes urbanos e de reversão de compensação florestal;
Instituir uma agenda para regularização ambiental dos loteamentos;
Fortalecimento da gestão ambiental municipal, fomento à participação social
e consolidação da educação ambiental no município;
IV.II. Áreas prioritárias
Considerando a análise do diagnóstico e os objetivos específicos
estabelecidos, foram definidas as seguintes áreas prioritárias para conservação e
recuperação da Mata Atlântica:
IV.II.I. Região entre as desembocaduras dos rios Saí Mirim e Saí Guaçu (1)
Por conta das indicações legais existentes, atrelado as características ambientais
específicas do local, a área, localizada no extremo norte do município, se torna uma
das mais importantes para conservação do bioma em Itapoá.
IV.II.II. Região da desembocadura do Rio Jaguaruna (2)
Outra região de extrema relevância ambiental, localizado no extremo sul no
Município, as margens do ecossistema Babitonga, é elencada como outra área de
alta relevância para conservação do bioma.
IV.II.III. Corredores ecológicos (3)
A conectividade do mosaicos de áreas protegidas é crucial para a manutenção da
biodiversidade do conjunto de ecossistemas da Mata Atlântica, portanto a
127
instituição de corredores ecológicas se torna primordial para viabilizar as trocas
genéticas entre esse mosaico. O maior corredor a ser implantado deve ficar
vinculado ao Rio Saí Mirim, que naturalmente já corta o Município de forma
longitudinal, inclusive já conectando boa parte das unidades de conservação já
existes e as pretendidas. O restabelecimento das áreas de proteção permanente
desse curso d´água deve se tornar a ação de recuperação da Mata Atlântica mais
importante do Plano.
IV.II.IV. Perímetro Urbano (4)
Uma política voltada a regularização dos loteamentos, mesmo que longa em
termos temporais, deve ser instituída, de modo a assegurar a adequação ambiental
dos empreendimentos, sendo a melhora da qualidade de áreas verdes e da
arborização urbana priorizadas.
IV.II.V. Área rural (5)
Pela existência de significativos remanescentes de Mata Atlântica, a área rural
ainda não consolidada do Município deve ser prioritária para conservação,
principalmente nas zonas de preservação permanente e de uso restrito. A criação de
áreas protegidas rurais deve ser permanentemente estimulada, fazendo uso de
estratégias como, por exemplo, o Pagamento de Serviços Ambientais.
128
IV.III. Ações Prioritárias
Viabilizar a criação de procedimento para regularização de supressão de vegetação em lotes urbanos e de reversão
de compensação florestal.
Ações Metas Grau de
Prioridade Justificativas
Atores
envolvidos
Previsão de
Recursos e
Fontes
Prazos Áreas
Estratégia 1 – Criação de Sistema Municipal de Conversão Florestal
1.1 Desenvolver o
Sistema Municipal de
Conversão florestal
1.1.1 Criação do
Sistema
Municipal de CF
Extremamente
Alto
Demanda pela criação de
procedimento para
regularização de supressão
de lotes urbanos
Prefeitura;
Secretarias;
Procuradoria.
Não
demanda
recurso
2018 4 e 5
1.2
Instituir legislação para
ancorar legalmente os
procedimentos
adotados
1.2.1 Aprovação
de dispositivo
legal do sistema
Extremamente
Alto
Demanda pela segurança
jurídica dos
procedimentos adotados
Prefeitura;
Procuradoria;
Câmara de
Vereadores.
Não
demanda
recurso
2018 4 e 5
129
Otimizar políticas públicas municipais relacionadas à conservação do meio ambiente no tocante a gestão da Mata
Atlântica;
Ações Metas Grau de
Prioridade Justificativas
Atores
envolvidos
Previsão de
Recursos e Fontes Prazos Áreas
Estratégia 2 – Criação de áreas protegidas que asseguram a conservação ambiental do território do Município
2.1
Desenvolver o
Sistema Municipal
de Unidades de
Conservação
2.1.1 Criação do
Sistema Municipal
de UCs
Muito Alto
Sistematizar as
informações
relativas às áreas
protegidas no
Município
Prefeitura;
Secretarias.
Recurso Municipal
com previsão
orçamentária.
Até 2018
1, 2,
3, 4 e
5
2.2 Criação de
Unidades de
Conservação
Municipais
2.2.1 Criar uma
Unidade de
Conservação na
região Norte do
Município
Extremamente
Alto
Estabelecer uma
área protegida na
região entre as
desembocaduras
dos Rio Saí-Mirim e
Saí Guaçu
Prefeitura;
Secretarias;
Ongs;
Instituições
de pesquisa.
Sistema municipal
de conversão
florestal;
Medidas
Compensatórias de
empreendimentos;
Multas ambientais;
Editais de fomento.
Até 2021 1
2.2.2 Criar uma
Unidade de
Conservação na
Muito
Alto
Estabelecer uma
área protegida na
região da
Prefeitura;
Secretarias;
Ongs;
Sistema municipal
de conversão
florestal;
2023 2
130
região Sul do
Município
desembocadura do
Rio Jaguaruna.
Instituições
de pesquisa.
Medidas
Compensatórias de
empreendimentos;
Multas ambientais;
Editais de fomento
2.2.3 Criar o
Parque Linear do
Rio Saí-Mirim
Muito Alto
Estabelecer a
conectividade entre
as áreas protegidas
por meio da
conservação das
APPs do Rio Saí-
Mirim para
assegurar as trocas
genéticas
Prefeitura;
Secretarias;
Ongs;
Instituições
de pesquisa;
Proprietários
de terra.
Sistema municipal
de conversão
florestal;
Medidas
Compensatórias de
empreendimentos;
Multas ambientais.
Até 2023 3, 4 e
5
2.3 Garantir
legalmente o
estabelecimento
dos corredores
ecológicos
2.3.1 Instituição
por ato normativo
das áreas
prioritárias para
implementação
dos Corredores
Ecológicos ao
longo do
Município
Extremamente
alto
Assegurar
legalmente o
estabelecimento da
conectividade entre
as áreas protegidas
para manutenção
das trocas genéticas
entre os fragmentos.
Prefeitura;
Secretarias;
Câmara de
Vereadores.
Não demanda
recurso. 2018
3, 4 e
5
131
2.4
Estimular e apoiar
a instituição de
áreas protegidas
particulares
(RPPNs, RLs,
ARIEs)
2.4.1 Criação de,
no mínimo, 2
RPPNs ou ARIEs e
regularização das
Reservas Legais
em, no mínimo,
80% das
propriedades do
município
Alto
Estabelecimento de
um mosaico de
áreas para
conservação do
Bioma Mata
Atlântica.
Prefeitura;
Secretarias;
Ongs;
Instituições
de pesquisa;
Proprietários
de terra.
Recursos do
próprio dono da
terra;
Editais de
instituições
públicas ou
empresas privadas.
permanente 3, 4 e
5
Ações Metas Grau de
Prioridade Justificativas
Atores
envolvidos
Previsão de
Recursos e Fontes Prazos Áreas
Estratégia 3 – Estabelecer o Plano Municipal Integrado de Manutenção de Recursos Hídricos
3.1. Firmar
parceria para
apoio à
elaboração e
implantação do
Plano
3.1.1. Duas
parcerias firmadas Muito Alto
Estimular iniciativas que
asseguram a recuperação
ambiental do território do
Município
Prefeitura;
Secretarias;
Empresas;
ONGs;
Instituições
de pesquisa.
Recurso Municipal
com previsão
orçamentária;
até 2019 3, 4
3.2
Desenvolver o
Programa
3.2.1 Plano
elaborado e em
implementação
Extremamente
Alto
Conceber um programa que
fomente iniciativas para
recuperação de áreas de
Prefeitura;
Secretarias;
Procuradoria;
Sistema municipal
de conversão
florestal;
2020,
Contínuo 4 e 5
132
Ações Metas Grau de
Prioridade Justificativas
Atores
envolvidos
Previsão de
Recursos e Fontes Prazos Áreas
Municipal
Integrado de
Manutenção
dos Recursos
Hídricos
Elaboração de um
Programa
integrando as
demandas para
Recuperação da
Mata Ciliar e para a
conservação dos
Recursos Hídricos
do Município
preservação por meio de
incentivos (monetários e
outros) objetivando a garantia
da implementação de
corredores ecológicos para
conexão do mosaico de áreas
protegidas, a manutenção das
matas ciliares e do manancial
de abastecimento de água do
município.
Câmara de
Vereadores;
Medidas
Compensatórias de
empreendimentos;
Multas ambientais;
Editais de fomento.
Melhorar a qualidade das áreas verdes e arborização urbana
Ações Metas Grau de
Prioridade Justificativas
Atores
envolvidos
Previsão de Recursos
e Fontes Prazos Áreas
Estratégia 4 – Estabelecer o Plano Municipal de Arborização Urbana
4.1. Firmar
parceria para
apoio à
4.1.1. Duas
parcerias firmadas Alta
Baixa quantidade de
árvores em áreas públicas
em meio urbano.
Prefeitura;
Secretarias;
Empresas;
Recurso Municipal
com previsão
orçamentária;
até 2020 3, 4
133
Ações Metas Grau de
Prioridade Justificativas
Atores
envolvidos
Previsão de Recursos
e Fontes Prazos Áreas
elaboração e
implantação do
Plano
ONGs;
Instituições
de pesquisa.
4.2. Elaborar o
Plano de
Arborização
Urbana
4.2.1. Plano
elaborado e em
implementação
Muito Alta
Melhorar a qualidade de
vida da comunidade;
Proporcionar
embelezamento da cidade;
Atrativo turístico.
Prefeitura;
Secretarias;
Empresas;
ONGs;
Instituições
de pesquisa.
Recurso Municipal
com previsão
orçamentária;
Medidas
Compensatórias de
empreendimentos;
Parcerias de empresas
com divulgação de
suas marcas nas
praças.
Até 2021,
Contínuo 3, 4
4.3. Utilizar
espécies da Mata
Atlântica em
áreas municipais
4.3.1. Utilização de
80% de espécies
nativas plantadas
em áreas municipais
Alta
Menor custo; Adequação
das espécies com o meio
onde serão plantadas.
Prefeitura;
Secretarias;
ONGs.
Recurso Municipal
com previsão
orçamentária.
Contínuo 3, 4
4.4. Buscar
parcerias para
criação do
4.4.1. Criação do
viveiro Alta
Inexistência de viveiro
municipal e demanda por
fornecimento de mudas
Prefeitura;
Secretarias;
Órgão de
Empresas com
atividades no
Município;
até 2022 3, 4
134
Ações Metas Grau de
Prioridade Justificativas
Atores
envolvidos
Previsão de Recursos
e Fontes Prazos Áreas
Viveiro Municipal para o Plano de
Arborização e criação de
áreas verdes e paisagismo.
extensão
rural; Governo
do Estado.
Convênios;
Editais de instituições
públicas ou empresas
privadas.
4.5. Catalogar
espécies
existentes e
matrizes de
sementes na
Mata Atlântica
4.5.1. Obter
registros de
espécies e de
matrizes de
sementes
Média
Melhor utilização e
adequação das espécies às
áreas onde serão utilizadas
Prefeitura;
Instituições
de pesquisa;
ONGs.
Sistema municipal de
conversão florestal;
Medidas
Compensatórias de
empreendimentos.
até 2023 3, 4
Instituir uma agenda para regularização ambiental dos loteamentos
Ações Metas Grau de
Prioridade Justificativas
Atores
envolvidos
Previsão de
Recursos e
Fontes
Prazos Áreas
Estratégia 5 – Estabelecer o Plano Municipal de Regularização Ambiental dos loteamentos urbanos
135
Ações Metas Grau de
Prioridade Justificativas
Atores
envolvidos
Previsão de
Recursos e
Fontes
Prazos Áreas
5.1. Firmar
parcerias para
apoio à elaboração
e implantação do
Plano
5.1.1. Parceria
firmada com duas
instituições
públicas
Extremamente
alto
Formalização de parcerias
institucionais para alcançar
segurança jurídica dos
procedimentos adotados.
Prefeitura;
Procuradoria;
Secretarias;
Ministério
Público;
Órgão
Ambiental
Estadual.
Não demanda
recurso. 2019 4
5.2 Desenvolver
diagnóstico dos
loteamentos do
município
5.2.1 Checar a
situação legal de
todos os
loteamentos do
Município
Muito alto
Demanda pelo diagnóstico
da situação dos loteamento
para orientar as tomadas
de decisão
Prefeitura;
Procuradoria;
Secretarias;
Ministério
Público;
Recurso Municipal
com previsão
orçamentária
2021 4
5.3 Elaborar o
Plano de
Regularização dos
Loteamentos
5.3.1. Plano
elaborado e em
implementação Extremamente
Alto
Demanda pela
regularização ambiental de
empreendimentos passíveis
de licenciamento.
Prefeitura;
Procuradoria;
Secretarias;
Ministério
Público;
Órgão
Ambiental
Convênios;
Sistema municipal
de conversão
florestal;
Recurso Municipal
com previsão
orçamentária.
2019 4
136
Ações Metas Grau de
Prioridade Justificativas
Atores
envolvidos
Previsão de
Recursos e
Fontes
Prazos Áreas
Estadual.
5.4 Elaborar
regulamentação
municipal para
regularização de
loteamentos em
desconformidade
com a legislação
vigente
5.4.1 Criar
dispositivo legal
próprio para tratar
da situação
ambiental dos
loteamentos
irregulares
Alto
Alcançar segurança jurídica
tanto para os investidores
como para o Executivo
Municipal
Prefeitura;
Procuradoria;
Secretarias;
Ministério
Público.
Não demanda
recurso 2022
5.5
Estabelecimento
dos TACs
5.5.1 Firmar, ao
menos, um termo
de ajuste de
conduta por ano
com os
empreendedores/
espólio/proprietári
os de
lotes/entidades
Alto
Buscar a efetivação dos
instrumentos concebidos
para regularização e
consolidação dos
empreendimentos
Prefeitura;
Procuradoria;
Secretaria.
Recurso Municipal
com previsão
orçamentária
A partir de
2022 4
137
Ações Metas Grau de
Prioridade Justificativas
Atores
envolvidos
Previsão de
Recursos e
Fontes
Prazos Áreas
5.6
Acompanhamento
da implementação
dos TACs
5.6.1 Acompanhar
a implementação
dos termos de
ajuste de conduta
para assegurar a
sua correta
execução
Alto
Buscar a efetivação dos
instrumentos concebidos
para regularização e
consolidação dos
empreendimentos
Prefeitura;
Procuradoria;
Secretaria.
Recurso Municipal
com previsão
orçamentária
Contínuio,
a partir de
2022
4
Fortalecimento da gestão ambiental municipal, fomento à participação social e consolidação da educação ambiental
no município;
Ações Metas Grau de
Prioridade Justificativas
Atores
envolvidos
Previsão de
Recursos e
Fontes
Prazos Áreas
Estratégia 6 – Fortalecer a gestão ambiental municipal
6.1 Criação da
câmara técnica
da Mata
Atlântica no
âmbito do
6.1.1 Criação da CT
com reuniões
semestrais e
elaboração de
relatório anual de
Extremamente
Alto
Acompanhamento da
implantação do Plano
Municipal de
Recuperação e
COMDEMA Não demanda
recurso 2018
TODA
S
138
COMDEMA implantação do
PMMA
Conservação da Mata
Atlântica
6.2 Realizar a
capacitação
dos
conselheiros
para a
implantação do
PMMA e
execução das
ações
propostas
6.2.1 Realização de,
no mínimo, um
evento de
capacitação por ano
Extremamente
Alto
Promover a
sensibilização do
colegiado quanto ao
correto
acompanhamento do
PMMA
Prefeitura;
SEMAI;
COMDEMA
Recurso
Municipal com
previsão
orçamentária;
Fundo de Meio
Ambiente
Contínu
o
TODA
S
6.3
Regulamentar
o acesso aos
recursos do
fundo de meio
ambiente
6.3.1 Elaboração do
decreto de
regulamentação da
lei do fundo de meio
ambiente
Extremamente
alto
Fortalecimento do Fundo
de Meio Ambiente para
promover a implantação
das ações do PMMA
Prefeitura,;
Secretarias;
COMDEMA.
Não demanda
recurso 2018
TODA
S
6.4 Buscar
novas fontes
de recurso
para
6.4.1 Viabilização de,
no mínimo, uma
fonte adicional de
recurso ao fundo
Muito alto
Implantação das ações
do PMMA e gestão
ambiental municipal
Prefeitura;
Secretarias;
Procuradoria;
COMDEMA.
Não demanda
recurso
Contínu
o
TODA
S
139
destinação ao
FMMA
6.5 Elaborar e
implementar o
Programa
Municipal de
Educação
Ambiental
6.5.1 Plano
elaborado e em
funcionamento
Extremamente Alto
Fazer uso da Mata
Atlântica
como objeto pedagógico
na escola e a escola
como agente de
formação e de
divulgação junto à
sociedade.
Prefeitura;
Secretarias;
COMDEMA.
Convênios;
Editais de
fomento;
Recurso
Municipal com
previsão
orçamentária.
2019 -
6.4 Realizar
treinamento e
capacitação
para servidores
municipais
6.4.1 Promover, ao
menos, uma
capacitação/treiname
nto ao ano para os
servidores nas áreas
de fiscalização,
gestão, conservação
e recuperação
Alto
Manter atualizados os
servidores quanto as
questões ambientais e
legislação vigente
Prefeitura;
Secretarias;
Procuradoria;
ONGs;
Instituições
de Pesquisa.
Recurso
Municipal com
previsão
orçamentária
Contínu
o -
6.5
Estabeleciment
o de parcerias
com outros
6.5.1 2 parcerias
estabelecidas Alto
Aprimoramento da
prestação de serviços
por parte do órgão
ambiental municipal.
Prefeitura;
Secretarias;
Procuradoria;
ONGs;
Medidas
Compensatórias
de
empreendiment
Contínu
o -
140
órgãos
governamentai
s, instituições
de ensino, de
pesquisa e
ONGs
Instituições
de Pesquisa.
os;
Recurso
Municipal com
previsão
orçamentária;
Multas
ambientais;
Editais de
fomento.
6.6 Revisão da
legislação
municipal de
meio ambiente
vigente
6.6.1 Instituir o
Código Municipal de
Meio Ambiente Muito Alto
Consolidar o arcabouço
legal vigente num único
documento, dando mais
transparência e eficiência
às demandas legais
ambientais municipais
Prefeitura;
Secretarias;
Procuradoria;
Câmara de
Vereadores.
Recurso
Municipal com
previsão
orçamentária
2020 -
141
V. MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO
O monitoramento deve acompanhar as estratégias estabelecidas,
apresentando um sistema de indicadores e formas de medição concebidos com a
função de dar conhecimento a evolução e ao acompanhamento da implementação
das ações previstas no PMMA (Tabela 12).
Tabela 12. Sistema de indicadores e formas de medição desenvolvidos para o PMMA de Itapoá.
Estratégia Ação Indicador Formas de medição
1 1.1 Sistema criado Sistema desenvolvido e em funciomamento
1.2 Lei aprovada Dispositivo legal instiuído
2
2.1 Sistema criado Sistema desenvolvido e em funciomamento
2.2 UCs criadas Áreas instituídas por dispositivo legal
2.3 UCs criadas Áreas protegidas aprovadas pelo órgão
competente
2.4 Parque criado Parque instituído por dispositivo legal
Lei aprovada Dispositivo legal instiuído
2.5 Programa criado Programa desenvolvido
3 3.1 APP recuperada % de recuperação executada
3.2 Programa criado Programa desenvolvido
4
4.1 Parcerias firmadas Formalização das parcerias estabelecidas
4.2 Plano criado Plano desenvolvido
4.3 Uso das espécies
corretas Espécies nativas sendo utilizadas
4.4 Viveiro criado Viveiro implantando e em funcionamento
4.5 Registro elaborados Espécies e matrizes catalogadas
5 5.1 Parcerias firmadas Formalização das parcerias estabelecidas
5.2 Plano criado Plano desenvolvido
142
Por se tratar de um instrumento dinâmico, o Plano deve passar por uma
adaptação ao longo do tempo, de modo a contemplar as novas realidades políticas,
econômicas, sociais e mesmo ambientais. Neste sentido, e considerando que o
PMMA é um instrumento complexo do ponto de vista de implementação, deve ser
procedida com sua revisão e atualização num período de 5 anos (Figura 51). Cabe
ressaltar, ainda, que para estas revisões gerais devem ser adotadas as mesmas
práticas participativas preconizadas para a elaboração deste primeiro Plano.
Recomenda-se, também, que o órgão executor proceda com avaliação
parciais da implementação das ações previstas no plano, de modo a possibilitar uma
análise operacional mais ágil dos resultados obtidos e dos impactos deles
decorrentes, e dessa forma subsidiar a tomada de decisões para correções de rumo,
quando couber.
Figura 51. Proposta para as avaliações temporais do
PMMA de Itapoá. Fonte: Adaptado de MMA, 2017.
Uma maneira prática de conduzir estas avaliações quanto ao andamento das
estratégias é aplicação dos clicos “PDCAs”. O ciclo PDCA é um raciocínio utilizado
143
em administração para gerenciar a solução progressiva de problemas, de modo a
proporcionar avanços contínuos nos resultados. As fases do ciclo são:
• Planejar: identificar o problema, potencial solução, preparar equipe e recursos;
• Desenvolver: realizar aquilo que foi planejado;
• Checar: verificar os resultados, por meio de monitoramento;
• Agir: se os resultados não forem satisfatórios, replanejar e “rodar” mais uma vez o
ciclo. Se os resultados forem satisfatórios, escolher um próximo problema para
resolver.
O ciclo de avaliações deve, ainda, contar com a interação do Conselho
Municipal de Defesa o Meio Ambiente. O colegiado, além da responsabilidade de
aprovação do PMMA, tem o dever de acompanhar a sua implementação. Tendo em
vista a dinamicidade do plano, e levando em consideração as avaliações parciais a
serem executadas pelo Executivo Municipal, sugere-se que o COMDEMA proceda
com avaliações estratégicas a cada dois anos (Tabela 13).
Tabela 13. Ciclo estipulado para as avaliações anuais do PMMA de Itapoá.
Ciclo de
avaliação Objetivo Quem realiza Resultado
Ano 1 Operacional – verificação da
implementação das ações
previstas
Secretaria do
Meio Ambiente
Correções e melhorias no
andamento das ações
Ano 2 Estratégico – acompanhamento
do andamento geral do PMMA COMDEMA
Correções e melhorias nas
metas e na articulação política
Ano 3 Operacional – verificação da
implementação das ações
previstas
Secretaria do
Meio Ambiente
Correções e melhorias no
andamento das ações
Ano 4 Estratégico – acompanhamento
do andamento geral do PMMA COMDEMA
Correções e melhorias nas
metas e na articulação política
Ano 5 Estratégico – revisão geral do
PMMA
Secretaria do
Meio Ambiente
Nova versão do PMMA com
objetivos atualizados
144
VI. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A proteção do conjunto de ecossistemas que caracterizam a Mata Atlântica
depende de uma gama de estratégias, como as previstas no presente Plano
Municipal da Mata Atlântica. Além delas, outras medidas se fazem necessárias para
que se possa aprimorar a tomada de ações em prol da conservação do bioma em
Itapoá. Dentre eles cita-se a identificação e o mapeamento das terras públicas no
município, tarefa complexa devido ao histórico de implementação desordenada dos
loteamentos, associado à falta de informações claras quanto a antigas transações de
propriedades públicas a terceiros e à ausência de sistematização de dados
patrimoniais. A realização de um levantamento detalhado das áreas de
dominialidade pública é necessária visando, especialmente, a definição daquelas
com potencial de conservação da Mata Atlântica dentro do perímetro urbano para a
implementação de áreas verdes e praças públicas.
Impossível falar de florestas sem pensar na importância das árvores como
reguladoras do clima e provedoras de conforto térmico nas cidades, além de
capacidade de armazenarem gases do efeito estufa e capturarem poluentes do ar.
Ecossistemas como manguezais e restingas também desempenham grande função
ecológica nas cidades costeiras frente às mudanças climáticas e as consequentes
alterações do nível do mar, funcionando como uma proteção natural às grandes
ressacas. Assim, é essencial que seja elaborado futuramente um estudo
considerando os efeitos da redução de Mata Atlântica no território municipal e as
suas relações com as mudanças climáticas, importante vetor de impacto sobre os
remanescentes.
Por fim, outro aspecto relevante a ser considerado nesta contexto é a
identificação e o mapeamento das áreas provedoras de serviços ecossistêmicos para
subsidiar a priorização de ações futuras para conservação/recuperação dos
145
ecossistemas provedores desses serviços. Tais serviços são definidos como os bens e
serviços que nós obtemos dos ecossistemas diretamente ou indiretamente e
incluem o provimento de alimento e de matéria-prima; a disponibilidade de água
por meio da influência nas chuvas; a qualidade do solo e do ar; amortecimento no
caso de desastres naturais, como nas margens dos rios, reduzindo as chances de
alagamentos, e ao longo da costa, protegendo-a contra a erosão marinha. Ainda,
devem-se incluir o valor cênico e a importância para o turismo ecológico, além da
função de suporte para a manutenção de outros ecossistemas, como na ciclagem
dos nutrientes e na produção de oxigênio (HERNDANDEZ, 201-?).
146
ANEXOS
147
VII.I. Mapa dos Limites Municipais
148
VII.II. Mapa de Uso e Ocupação do Solo
149
VII.III. Mapa de Remanescentes da Mata Atlântica
150
VII.IV. Mapa de Áreas de Preservação Permanente
151
VII.VI. Mapa de Remanescentes com APP
152
VII.VI. Mapa de Bacias Hidrográficas
153
VII.VII. Mapa de Clinografia
154
VII.III. Mapa de Hipsometria
155
VII.IX. Mapa de Geologia
156
VII.X. Mapa de Unidades de Conservação
157
VII.XI. Consulta Pública de Percepção Ambiental
158
VII.XII. Legislação relacionada ao PMMA
159
VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1º Mapa da Área de Aplicação da Lei n.º 11.428 de 2006, 1ª edição, 2008.
AcquaPlan Tecnologia e Consultoria Ambiental. Estudo de Impacto Ambiental – EIA
Ampliação da Retroárea e do Píer do Porto Itapoá, Município de Itapoá, SC. Itapoá,
2013.
ADEA – Associação de Defesa e Educação Ambiental. Projeto Itapoá Sempre Verde
– Plano de Trabalho e Cronograma: Projeto de Educação Ambiental e Viveiro de
Mudas. Itapoá/SC, 2017. 26 p
ADEA – Associação de Defesa e Educação Ambiental. Projeto Itapoá Sempre Verde
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