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Marlon Roberto Neuber

Prefeito de Itapoá

Carlos Henrique Pedrialli de Nóbrega

Vice-Prefeito de Itapoá

Ricardo Ribeiro Haponiuk

Secretário Municipal de Meio Ambiente

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Realização:

PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAPOÁ – PMI

Coordenação:

SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE DE ITAPOÁ – SEMAI

RICARDO RIBEIRO HAPONIUK

Organização e Elaboração:

Ricardo Ribeiro Haponiuk – Oceanógrafo – Secretário SEMAI

Rodrigo Cechin – Biólogo – Diretor SEMAI

Mariana Cortes de Lima – Bióloga – Setor Técnico SEMAI

Livia Maria Rocha – Engenheira Florestal – Setor Técnico SEMAI

Walderland Michel Machado – Engenheiro Ambiental – Setor Técnico SEMAI

Marina Athayde Vieira – Estagiária SEMAI

Colaboração Técnica

Carlos Henrique Pedrialli de Nóbrega – Vice Prefeito de Itapoá

Mariana Gianiaki – Marimar Conhecimento

Sandra Steinmetz – Ambiental Consulting

Celso Voos Vieira – UNIVILLE

Apoio

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ADEA – Associação de Defesa e Educação Ambiental

ANAMMA – Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente

APA – Área de Preservação Ambiental

APA – Plano de Amborização Urbana

APP – Área de Preservação Permanente

APREMAI – Associação para Preservação do Mangue da Barra do Saí

CAR – Cadastro Ambiental Rural

COMDEMA – Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente

CPE – Coastal Planning & Engineering

CPRM – Serviço Geológico do Brasil

CREFC – Centro de Referência em Estudos de Florestas Costeiras

DOE – Diário Oficial do Estado

EIA – Estudo de Impacto Ambiental

Epagri – Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina

FATMA – Fundação de Meio Ambiente de Santa Catarina

FMMA – Fundo Municipal de Meio Ambiente

FOD – Floresta Ombrofila Densa

FODTB – Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas

FOFA – Forças, Oportunidades, Fragilidades e Ameaças

GT – Grupo de Trabalho

ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

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IMA – Instituto do Meio Ambiente

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

LAO – Licença Ambiental de Operação

LCM – Lei Complementar Municipal

MaB – O Homem e a Biosfera

MASJ – Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville

MMA – Ministério do Meio Ambiente

MPOG – Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

PDITS – Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável

PDM – Plano Diretor Municipal

PIB – Produto Interno Bruto

PMI – Prefeitura Municipal de Itapoá

PMISB – Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico

PMMA– Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica

PNMC – Parque Natural Municipal Carijós

PRA – Programa de Regularização Ambiental

RLs – Reservas Legais

RPPN – Fazenda Palmital e a Reserva Ecológica Volta Velha

SBF – Serviço Florestal Brasileiro

SDS – Secretaria Estadual de Desenvolvimento Sustentável

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SEMAI – Secretaria Municipal de Meio Ambiente

SICAR – Sistema de Cadastro Ambiental Rural

SMCQ – Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental

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SPU – Secretaria do Patrimônio da União

TEUs – medida–padrão utilizada para calcular o volume de um contêiner

UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

VAF – Valor Adicionado Fiscal

ZEEM – Zoneamento Ecológico Econômico Municipal

ZEUC – Zona Especial de Unidade de Conservação

ZEP – Zona Especial de Pescadores

ZPP – Zona de Preservação Permanente

ZUR – Zona de Uso Restrito

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01. Mapa apresentando os remanescentes florestais de Mata Atlântica no país

em 2015–2016. Fonte: SOS Mata Atlântica........................................................................ pág. 16

Figura 02. Recorte do mapa de relevância estratégica visando o incremento da

conectividade na Mata Atlântica. Fonte: MMA, 2016.................................................... pág. 17

Figura 03. Recorte do mapa de áreas estratégicas no que diz respeito à importância

para conservação da biodiversidade na Mata Atlântica. Fonte: MMA, 2016........pág. 18

Figura 04. Montagem apresentando a publicação no DOE/SC com enfoque na pág.

onde consta o extrato do Termo de Delegação firmado entre a Fatma e o Município

de Itapoá..............................................................................................................................................pág. 20

Figura 05. Mapa mental simplificado da metodologia aplicada para elaboração do

PMMA do Município de Itapoá.................................................................................................pág. 22

Figura 06. Área coberta por florestas no Município de Itapoá, em hectares. Fonte:

MapBiomas, 2016.............................................................................................................................pág. 28

Figura 07. Área coberta por mangue no Município de Itapoá, em hectares. Fonte:

MapBiomas, 2016.............................................................................................................................pág. 29

Figura 08. Mapa com a cobertura vegetal e uso do solo no Município de Itapoá, em

hectares. Fonte: MapBiomas, 2016...........................................................................................pág. 30

Figura 09. Mapa identificando os remanescentes de Mata Atlântica no Município de

Itapoá em 2016. Fonte: SOS Mata Atlântica, 2016...........................................................pág. 30

Figura 10: Mapa da Cobertura Vegetal Original de Itapoá (NEPOMUCENO, 2002).

Fonte: PDM Itapoá, 2016..............................................................................................................pág. 34

Figura 11: Mapa da Cobertura Vegetal e Uso do Solo Atual de Itapoá

(NEPOMUCENO, 2002). Fonte: PDM Itapoá, 2016............................................................pág. 35

Figura 12. Setores de alto risco de inundação Fonte: CPRM, 2014..........................pág. 37

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Figura 13. Inundação de 2008. Fonte: PMISB, 2015.........................................................pág. 39

Figura 14. Inundação de 2010. Fonte: PMISB, 2015.........................................................pág. 39

Figura 15. Inundação de 2011. Fonte: PMISB, 2015.........................................................pág. 39

Figura 16. Áreas com problemas de drenagem. Fonte: PMISB, 2015......................pág. 40

Figura 17. Tipos de praias em Itapoá-SC. Fonte: Angulo & Souza, 2002..............pág. 40

Figura 18. Setores da planície costeira de Itapoá-SC. Fonte: Angulo & Souza,

2002........................................................................................................................................................pág. 41

Figura 19. Exemplo de erosão costeira no setor B. Fonte: Angulo & Souza,

2002........................................................................................................................................................pág. 42

Figura 20. Exemplo de erosão costeira no setor C. Fonte: Angulo & Souza,

2002........................................................................................................................................................pág. 42

Figura 21. Cobertura vegetal nativa. Fonte: Projeto Orla Itapoá-SC, 2013............pág. 44

Figura 22. Regiões Climáticas do Brasil. Fonte: IBGE.......................................................pág. 45

Figura 23. Mapa da área de aplicação da Lei da Mata Atlântica, com detalhe para a

região onde está localizado o município de Itapoá. Fonte: 1º Mapa da Área de

Aplicação da Lei nº 11.428 de 2006, 1ª edição, 2008.....................................................pág. 47

Figura 24. Mapa dos imóveis rurais de Itapoá cadastrados no CAR e suas RLs

evidenciadas em verde. Fonte: Sicar........................................................................................pág. 52

Figura 25. Imagem de um dos trechos do rio Saí-Mirim que possui construções

irregulares em área de APP. Fonte Google Earth, 2016.................................................pág. 54

Figura 26. Exemplo de uma construção às margens do rio Saí-Mirim. Fonte: Acervo

Prefeitura..............................................................................................................................................pág. 54

Figura 27. Imagem do curso do rio Palmeiras, destacado em vermelho. Fonte Google

Earth.......................................................................................................................................................pág. 55

Figura 28. Imagem do curso do rio Palmeiras, destacado em vermelho. Fonte

Google Earth.......................................................................................................................................pág. 56

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Figura 29. Imagem de 1958 registrando a vila de pescadores na 1 ª pedra em

Itapema do Norte. Fonte: Vitorino Paese..............................................................................pág. 58

Figura 30. Localização da Reserva Volta Velha definida em branco e os acessos em

amarelo.................................................................................................................................................pág. 60

Figura 31. Localização do Centro em meio à Mata Atlântica. Fonte: Rubens

Vandresen............................................................................................................................................pág. 61

Figura 32. Localização dos sítios arqueológicos no Município de Itapoá. Fonte:

Museu do Sambaqui de Joinville..............................................................................................pág. 62

Figura 33. Imagem de 1958 registrando a vila de pescadores na 1ª pedra em

Itapema do Norte. Fonte: Vitorino Paese..............................................................................pág. 63

Figura 34. Vista aérea da Barra do Saí. Fonte: Prefeitura de Itapoá.........................pág. 65

Figura 35. Figueira do Pontal. Fonte: Itapoá SC.................................................................pág. 68

Figura 36. Jaqueira ao lado da Capela São Judas Tadeu. Fonte: Prefeitura de

Itapoá.....................................................................................................................................................pág. 68

Figura 37. Nascer do sol na Baía da Babitonga. Fonte: Prefeitura de Itapoá.......pág. 69

Figura 38. Áreas Prioritárias para Conservação. Fonte: MMA, 2007 .........................pág.

72

Figura 39. Matrícula 22.552, área situada nos Fundos da Associação Apremai Barra

do Sai.....................................................................................................................................................pág. 74

Figura 40. Percentual da área territorial com plantação. Fonte IPEA.......................pág. 80

Figura 41. Plataforma online do SICAR, apresentando os imóveis em Itapoá que já

possuem registrados no CAR.....................................................................................................pág. 82

Figura 42. Localização de Itapoá e seus acessos rodoviários.................................Pagina 84

Figura 43. Principais itens de produção do setor agropecuário de Itapoá. Fonte IBGE,

2015........................................................................................................................................................pág. 88

Figura 44. Organograma do órgão ambiental municipal de Itapoá........................pág. 94

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Figura 45. Destinação dos efluentes. Fonte: PMISB, 2015..........................................pág. 104

Figura 46. Composição dos resíduos de Itapoá-SC. Fonte: PMISB, 2015............pág. 105

Figura 47. Foz do Rio Mendanha. Fonte: PMISB, 2015................................................pág. 106

Figura 48. Recorte do Mapa do Zoneamento Ecológico Econômico Costeiro do

Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro – Setor 1. Fonte: SDS, 2013............pág. 116

Figura 49. 1ª turma de Protetores Ambientais no desfile cívico em comemoração aos

29 anos de emancipação política de Itapoá.....................................................................pág. 119

Figura 50. Imagem demostrando as relações entre as questões social, ambiental e

econômica que devem ser consideradas na determinação dos objetivos do PMMA

(Fonte: MMA; 2017)......................................................................................................................pág. 122

Figura 51. Proposta para as avaliações temporais do PMMA de Itapoá. Fonte:

Adaptado de MMA, 2017..........................................................................................................pág. 136

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01. Cobertura original dos Estados Brasileiros no ano de 1500. Fonte: SOS

Mata Atlântica....................................................................................................................................pág. 15

Tabela 02. Dados sobre o remanescente de Mata Atlântica em Itapoá. Fonte:

Fundação SOS Mata Atlântica, 2015.......................................................................................pág. 28

Tabela 03. Área de floresta, em hectares, registrada por ano no Município de Itapoá.

Fonte: MapBiomas, 2016...............................................................................................................pág. 30

Tabela 04. Área de mangue, em hectares, registrada por ano no Município de

Itapoá. Fonte: MapBiomas, 2016...............................................................................................pág. 31

Tabela 05. Estatísticas dos usos e ocupação do solo de Itapoá................................pág. 36

Tabela 06. Estatísticas dos usos e ocupação do solo de Itapoá................................pág. 36

Tabela 07. Fitofisionomias vegetacionais encontradas no Município de Itapoá, áreas

de ocorrência e características que interessem ao presente PMMA........................pág. 49

Tabela 08. Estatística da relação das APPs e os remanescentes do bioma...........pág. 57

Tabela 09. Taxas de crescimento anual da população de Itapoá. Fonte PMISB

2015........................................................................................................................................................pág. 76

Tabela 10. Estoque de empregos, segundo seçõoes de atividades ecônomicas. Fonte:

Itapoá em numeros.........................................................................................................................pág. 86

Tabela 11. Estoque de empregos, segundo seçõoes de atividades ecônomicas. Fonte:

Itapoá em numeros.........................................................................................................................pág. 87

Tabela 12. Sistema de indicadores e formas de medição desenvolvidos para o

PMMA de Itapoá............................................................................................................................pág. 135

Tabela 13. Ciclo estipulado para as avaliações anuais do PMMA de Itapoá.....pág. 137

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SUMÁRIO

I. INTRODUÇÃO.......................................................................................................................................................... 15

I.I. Apoio do Projeto "Fortalecendo os Conselhos Municipais de Meio Ambiente por

meio dos Planos Municipais de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica”…….……21

II. METODOLOGIA ..................................................................................................................................................... 23

III. DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO ATUAL .................................................................................................... 26

III.I. REMANESCENTES DE MATA ATLÂNTICA .......................................................................... 26

III.I.I. Levantamento de Remanescentes ................................................................................. 26

III.I.II. Áreas de risco e fragilidade ambiental ....................................................................... 37

III.I.III. Meio Físico ......................................................................................................................... 45

III.I.IV. Fisionomias originais ...................................................................................................... 47

III.I.V. Levantamento de fauna .................................................................................................. 50

III.I.VI. Áreas protegidas dos imóveis rurais e urbanas...................................................... 51

III.I.VII. Unidades de conservação e áreas tombadas como patrimônio natural ........ 57

III.I.VIII. Populações tradicionais ............................................................................................... 61

III.I.IX. Atrativos naturais, históricos, culturais e arqueológicos ..................................... 65

III.I.X. Indicação de áreas definidas como prioritárias para conservação ..................... 71

III.I.XI. Terras públicas .................................................................................................................. 73

III.I.XII. Viveiros existentes e outras iniciativas..................................................................... 74

III.II. VETORES DE DESMATAMENTO OU DESTRUIÇÃO DA VEGETAÇÃO NATIVA ......... 76

III.II.I. Demografia ......................................................................................................................... 76

III.II.II. Questões fundiárias ......................................................................................................... 77

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III.II.III. Infraestrutura ................................................................................................................... 83

III.II.IV. Aspectos Econômicos .................................................................................................... 85

III.II.V. Impactos decorrentes de outras causas .................................................................... 92

III.III. CAPACIDADE DE GESTÃO .................................................................................................... 92

III.III.I. Gestão ambiental ............................................................................................................. 92

III.III.II. Quadro legal em vigor .................................................................................................. 95

III.IV. PLANOS E PROGRAMAS ...................................................................................................... 99

III.IV.I. Plano Diretor Municipal (PDM) ................................................................................... 99

III.IV.II. Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico (PMISB) ........................... 102

III.IV.III. Plano Municipal de Gerenciamento Costeiro ...................................................... 107

III.IV.IV. Plano de Gestão Integrada da Orla Marítima ..................................................... 108

III.IV.V. Plano de Turismo ......................................................................................................... 109

III.IV.VI. Planos de Bacias Hidrográficas ............................................................................... 110

III.IV.VII. Plano de manejo do Parque Natural Municipal Carijós ................................. 111

III.IV.VIII. Plano de manejo da RPPN Fazenda Palmital ................................................... 113

III.IV.IX. Estudos para criação de unidades de conservação, mosaicos e corredores

ecológicos ..................................................................................................................................... 115

III.IV.X. Zoneamento Ecológico Econômico Costeiro ........................................................ 116

III.IV.XI. Programas de educação ambiental ........................................................................ 118

IV. SISTEMATIZAÇÃO DO DIAGNÓSTICO ................................................................................................. 121

IV.I. Objetivos ................................................................................................................................... 125

IV.II. Áreas prioritárias ................................................................................................................... 126

IV.II.I. Região entre as desembocaduras dos rios Saí Mirim e Saí Guaçu (1) ............ 126

IV.II.II. Região da desembocadura do Rio Jaguaruna (2) ................................................ 126

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IV.II.III. Corredores ecológicos (3) .......................................................................................... 126

IV.II.IV. Perímetro Urbano (4) .................................................................................................. 127

IV.II.V. Área rural (5) .................................................................................................................. 127

IV.III. Ações Prioritárias.................................................................................................................................128

V. MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO………………………………………………………………………………….141

VI. CONSIDERAÇÕES FINAIS……………………………………………………………………………….………………..144

VII. ANEXOS……………………………………………………………………………………………………………………………146

VII.I. Mapa dos Limites Municipais

VII.II. Mapa de Uso e Ocupação do Solo

VII.III. Mapa de Remanescentes da Mata Atlântica

VII.IV. Mapa de Áreas de Preservação Permanente

VII.VI. Mapa de Remanescentes com APP

VII.VI. Mapa de Bacias Hidrográficas

VII.VII. Mapa de Clinografia

VII.III. Mapa de Hipsometria

VII.IX. Mapa de Geologia

VII.X. Mapa de Unidades de Conservação

VII.XI. Consulta Pública

VII.XII. Legislação relacionada ao PMMA

VIII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................................................159

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I. INTRODUÇÃO

A Mata Atlântica abrangia originalmente uma área do território nacional de

cerca de 1.300.000 km2, estendendo-se por 3429 municípios ao longo de 17 Estados

(Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul,

Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Alagoas, Sergipe, Paraíba,

Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí). Destes estados, apenas 3 tinham

domínio total do Bioma Mata Atlântica, sendo um deles Santa Catarina (Tabela 01).

Tabela 01. Cobertura original dos Estados Brasileiros no ano de

1500. Fonte: SOS Mata Atlântica.

Estado Área de domínio %

Alagoas 53

Bahia 33

Ceará 3

Espírito Santo 100

Goiás 3

Mato Grosso do Sul 18

Minas Gerais 46

Paraíba 12

Paraná 98

Pernambuco 18

Piauí 9

Rio de Janeiro 100

Rio Grande do Norte 6

Rio Grande do Sul 48

Santa Catarina 100

São Paulo 68

Sergipe 54

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Segundo o último Relatório Técnico da Fundação SOS Mata Atlântica, relativo

ao Atlas dos Remanescentes Florestais do Bioma, dos 17 Estados, Santa Catarina,

mesmo ocupando a 2ª posição em porcentagem relativa de remanescentes do

bioma (23% = 2.204.983m2), foi o 5º lugar onde ocorreu mais desmatamentos no

período de 2015-2016 (Figura 01).

Figura 01. Mapa apresentando os remanescentes florestais de

Mata Atlântica no país em 2015-2016. Fonte: SOS Mata Atlântica.

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17

O Município de Itapoá, localizado no extremo Litoral Norte do Estado de

Santa Catarina, faz parte de uma região onde podem ser encontrados os últimos

remanescentes contínuos catarinenses do bioma Mata Atlântica. Considerada uma

das formações mais ricas em diversidade biológica do planeta, seja pela variedade

de ecossistemas que estão ali representados ou ainda pela riqueza de espécies, sua

conservação se faz necessária uma vez que apenas 7% desse conjunto de

ecossistemas ainda restam preservados no país.

A região do município de Itapoá também está estabelecida dentro da

Estratégia Espacial de áreas prioritárias do Ministério do Meio Ambiente com alto

grau no que diz respeito à conectividade do bioma e, também, contemplada na

mesma estratégia em se tratando de conservação da biodiversidade variando o grau

de importância de muito alto a extremamente alto (Figuras 02 e 03).

Figura 02. Recorte do mapa de relevância estratégica visando o incremento da

conectividade na Mata Atlântica. Fonte: MMA, 2016.

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Figura 03. Recorte do mapa de áreas estratégicas no que diz respeito à importância para

conservação da biodiversidade na Mata Atlântica. Fonte: MMA, 2016.

A demanda pela elaboração do Plano Municipal de Conservação e

Recuperação da Mata Atlântica de Itapoá (PMMA/ITAPOÁ) surge, portanto, da

congregação do contexto legal vigente e das demandas pela conservação do Bioma,

além do momento político vivenciado pelo Município. A demanda legal relativa à

execução do plano vem à tona, inicialmente, com a instituição da Lei da Mata

Atlântica – Lei Federal nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006, que dispõe sobre a

utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica. O plano se

consolida, a partir desse ato normativo, como um instrumento de planejamento

ambiental necessário para acessar o Fundo de Restauração do Bioma da Mata

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Atlântica:

Art. 38. Serão beneficiados com recursos do Fundo de Restauração do Bioma Mata

Atlântica os projetos que envolvam conservação de remanescentes de vegetação

nativa, pesquisa científica ou áreas a serem restauradas, implementados em

Municípios que possuam plano municipal de conservação e recuperação da Mata

Atlântica, devidamente aprovado pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente.

Mais tarde, com a regulamentação da Lei da Mata Atlântica por meio do

Decreto Federal nº 6.660, de 21 de novembro de 2008, que dispõe sobre a

utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica, foram

estabelecidos os quesitos mínimos que o plano municipal de Mata Atlântica deve

conter:

Art. 43. O plano municipal de conservação e recuperação da Mata Atlântica, de que

trata o art. 38 da Lei nº 11.428, de 2006, deverá conter, no mínimo, os seguintes

itens:

I - diagnóstico da vegetação nativa contendo mapeamento dos remanescentes em

escala de 1:50.000 ou maior;

II - indicação dos principais vetores de desmatamento ou destruição da vegetação

nativa;

III - indicação de áreas prioritárias para conservação e recuperação da vegetação

nativa; e

IV - indicações de ações preventivas aos desmatamentos ou destruição da vegetação

nativa e de conservação e utilização sustentável da Mata Atlântica no Município.

Parágrafo único. O plano municipal de que trata o caput poderá ser elaborado em

parceria com instituições de pesquisa ou organizações da sociedade civil, devendo

ser aprovado pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente.

Para além desse arcabouço federal vigente, no Estado de Santa Catarina foi

criada, ainda, outra demanda legal atrelada aos Termos de Delegação de Atribuições

de Gestão Florestal celebrados entre o Órgão Ambiental Estadual e os Municípios

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catarinenses interessados e aptos para recebimento de tal atribuição. Na Cláusula

Terceira, que trata da execução do referido documento, fica condicionado que os

Municípios tem o prazo de doze meses, a partir da data de publicação do termo em

Diário Oficial do Estado, para elaborar e ter aprovado pelo Conselho Municipal de

Meio Ambiente o seu PMMA:

§ 24 – Por este instrumento o Município se compromete a investir esforços, propor e

aprovar no prazo de 12 (doze) meses, seu Plano Municipal de Conservação e

Recuperação de Mata Atlântica (PMMA), em conformidade com o artigo 38 da Lei nº

11.428/2006 e o artigo 43 do Decreto nº 6.660 de 21/11/2008.

O Município de Itapoá teve renovado, após adequação administrativa em seu

órgão ambiental, seu Termo de Delegação de Gestão Florestal firmado junto à

Fundação de Meio Ambiente de Santa Catarina – FATMA, tendo sua publicação

oficial no DOE/SC, datada de 11 de setembro de 2017, Edição nº 20.613, Ano

LXXXIII, Página 23 (Cod. Mat.: 475637) (Figura 04).

Figura 04 Montagem apresentando a publicação no DOE/SC com enfoque na página

onde consta o extrato do Termo de Delegação firmado entre a antiga Fatma e o

Município de Itapoá.

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Quanto à questão política municipal, destaca-se o histórico do Município

intimamente relacionado à intensa especulação imobiliária e à ocupação

desordenada do perímetro urbano. A implementação parcial ou, ainda, indevida de

loteamentos aprovados em tempos remotos, quando Itapoá não possuía sua

independência administrativa, associado à passividade de fiscalização do Poder

Público quanto a estas implementações, culminaram em uma rigorosa atuação

dissuasiva do Órgão Estadual de Meio Ambiente, que exigiu tanto do Poder

Executivo Municipal quanto da comunidade itapoaense uma mudança radical de

hábitos e práticas, exigindo, por consequência, a adequação quanto a aplicação de

instrumentos de gestão florestal do bioma para os lotes urbanos.

I.I. Apoio do Projeto "Fortalecendo os Conselhos Municipais de Meio

Ambiente por meio dos Planos Municipais de Conservação e

Recuperação da Mata Atlântica”

Para fortalecer a gestão ambiental nos municípios e promover a conservação

da Mata Atlântica nos 17 estados onde ela está presente, a ONU Meio Ambiente e a

Associação Nacional dos Órgãos Municipais e Meio Ambiente (ANAMMA) fecharam

uma parceria no final de 2017.

A ANAMMA é a única organização que congrega em sua composição,

representantes de órgãos municipais de meio ambiente de todo o Brasil, e conta

ainda com importantes convidados colaboradores como a Fundação SOS Mata

Atlântica, que há mais de 30 anos se dedica à conservação, restauração e uso

sustentável do bioma que lhe dá nome.

A parceria reforça o papel do Programa das Nações Unidas para o Meio

Ambiente em enfrentar os desafios ambientais e alavancar o compromisso nacional

para a implementação de uma agenda de desenvolvimento sustentável. A união dos

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esforços com a ANAMMA efetiva o princípio da ONU Meio Ambiente em fazer com

que ações locais aconteçam de forma mais sistemática, integrada e participativa.

A parceria busca a qualificação, não só da estrutura técnica municipal, mas

traz grande destaque à participação da sociedade civil na elaboração e

monitoramento de políticas públicas locais, direcionada por meio dos Planos Locais

de Biodiversidade, previstos na Convenção de Biodiversidade e metas de Aichi, da

qual o Brasil é signatário.

Como objetivos do projeto estão previstos a mobilização e sensibilização de

atores locais para a participação no planejamento municipal, a capacitação de

conselheiros ambientais e mobilização da sociedade civil para o monitoramento de

políticas públicas e a capacitação de gestores públicos – todos voltados para o

Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica (PMMA).

O grande diferencial do PMMA é sua aprovação prevista em Lei, pelo

Conselho Municipal de Meio Ambiente, que se torna corresponsável,

compartilhando com executivo e legislativo, as decisões sobre o desenvolvimento de

suas cidades e realizando o acompanhamento de suas ações neste sentido.

A elaboração e implementação do PMMA, portanto, requer que o município

tenha estrutura mínima de gestão, incluindo o órgão executivo com técnicos

capacitados para coordenar e/ou executar suas ações, Conselho Municipal de Meio

Ambiente atuante e capaz de acompanhar o desempenho do plano e recursos

financeiros suficientes e disponíveis para a elaboração e a implementação do

PMMA.

Um outro resultado esperado do projeto é o apoio a no mínimo 15

municípios para que elaborem seus PMMAs. Os municípios que participarem do

projeto serão convidados a estabelecer um termo de compromisso com ANAMMA,

assumindo as seguintes metas:

Conselho Municipal de Meio Ambiente e Fundo Municipal de Meio

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Ambiente regulamentados e operantes;

O PMMA deverá conter ações de conservação em pelo menos 20% dos

remanescentes de Mata Atlântica existentes no município;

O PMMA deverá conter ações de restauração em pelo menos 5% de

território do município (com excessão daqueles municípios cuja cobertura

atual de remanescentes de Mata Atlântica seja superior a 50% do seu

território).

Na sequência do projeto, a ANAMMA continuará enveredando esforços para

fomentar a implementação dos PMMAs, principalmente buscando fontes de

recursos para os Fundos Municipais de Meio Ambiente. Vale ressaltar que os Fundos

Municipais podem obter recursos de várias fontes, como verbas de compensação

ambiental (ou medidas compensatórias), Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental

(TCFA), ICMS Ecológico, Comitês de Bacias Hidrográficas, recursos privados, doações,

outros fundos e o próprio orçamento municipal, entre outros. Além disso, vale

destaque que o Conselho Municipal é quem decide a alocação dos recursos do

Fundo, fortalecendo ainda mais a participação social e continuidade do processo

através das gestões.

Nesse cenário, o município de Itapoá foi contemplado com o apoio do

projeto.

II. METODOLOGIA

A estratégia utilizada para a elaboração do Plano Municipal de Conservação e

Recuperação da Mata Atlântica de Itapoá (PMMA) foi pautada no cumprimento do

arcabouço legal vigente, buscando o envolvimento da comunidade itapoaense, das

entidades e instituições que atuam e/ou tem relação direta com o Bioma Mata

Atlântica e dos representantes do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente

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– COMDEMA.

O roteiro metodológico concebido para o PMMA de Itapoá se baseou nas

duas publicações de manuais sobre o tema desenvolvidos pelo Ministério do Meio

Ambiente (MMA, 2013 e MMA, 2017), sendo estruturado, basicamente, em seis

etapas até a aprovação do PMMA/ITAPOÁ pelo COMDEMA (Figura 05).

Um Grupo de Trabalho (GT) com integrantes da Prefeitura de Itapoá foi

instituído inicialmente, sendo o responsável por conduzir o processo de elaboração

do PMMA. Na sequência, o Executivo Municipal procedeu com o convite formal aos

integrantes do COMDEMA em reunião ordinária do colegiado, que deliberou por

sua maioria a não participação do conselho na fase de elaboração do plano,

protelando a sua interação somente para o ato da aprovação do documento final.

Algumas entidades da sociedade civil demonstraram interesse em colaborar no

processo, contudo estas parcerias não foram efetivadas.

Figura 05. Mapa mental simplificado da metodologia aplicada

para elaboração do PMMA do Município de Itapoá.

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O levantamento de informações para compor o diagnóstico do município,

para a verificação da situação local da cobertura vegetal e uso do solo, e para a

identificação das áreas prioritárias para a conservação e restauração da Mata

Atlântica em Itapoá foram realizados a partir da compilação e sistematização de

dados disponíveis no acervo do Poder Executivo Municipal, em estudos técnicos e

levantamentos de órgãos oficiais.

Em posse de todas estas informações foi desenvolvido pelo Executivo

Municipal o diagnóstico da situação atual que subsidiou a proposição dos objetivos,

áreas e ações prioritárias para a gestão sustentável do bioma Mata Atlântica no

Município de Itapoá. Surge, então, a minuta do PMMA que foi submetida à

apreciação da população por meio de oficinas, gerando a versão prévia do Plano de

Mata Atlântica de Itapoá. Este documento foi, ainda, submetido à audiência pública

antes de ser encaminhado ao COMDEMA para a sua aprovação legal.

De forma pormenorizada, a gestão participativa no processo de construção

do PMMA se deu considerando as duas versões dos roteiros do PMMA elaborados

pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2013 e MMA, 2017) aliado ao princípio da

participação popular do Estatuto das Cidades, em três momentos distintos: consulta

pública, oficinas participativas e audiência pública (Figura 05). A Consulta Pública foi

idealizada no intuito de divulgar a realização do plano, bem como para mobilizar a

sociedade para participação efetiva no processo de elaboração do PMMA e ainda

contribuir com a sua percepção sobre a gestão ambiental em Itapoá. A rodada de

oficinas setoriais foram concebias para oportunizar a toda a população itapoaense a

interação com as propostas preestabelecidas pelo Executivo Municipal, de modo a

assegurar o controle social e garantir a integração da diversidade dos interesses da

coletividade. A Audiência Pública foi delineada, notadamente, para validar todo o

conteúdo gerado e garantir a legitimidade da construção coletiva para a gestão do

bioma Mata Atlântica no Município de Itapoá.

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III. DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO ATUAL

O diagnóstico da situação atual objetivou a caracterização e análise da

situação da Mata Atlântica no município de Itapoá, considerando a avaliação da

realidade existente dos remanescentes de Mata Atlântica e das áreas de vegetação

nativa degradadas, a indicação dos vetores de pressão potencialmente causadores

de desmatamento e degradação desses remanescentes, a ponderação da

capacidade de gestão, e a apreciação dos planos e programas que se relacionam de

alguma forma com o PMMA.

III.I. REMANESCENTES DE MATA ATLÂNTICA

III.I.I. Levantamento de Remanescentes

O maciço florestal do Município de Itapoá está englobado em um complexo

de florestas de planície e restingas que ocorrem desde o litoral sul do Estado de

São Paulo, caracterizando uma das maiores planícies de Mata Atlântica do Brasil, e

ainda conta com boa parte de sua área coberta por essa exuberante vegetação.

As áreas de Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas de Itapoá constituem

um dos maiores e mais preservados fragmentos florestais desta fitofisionomia em

SC e apresenta estrato arbóreo composto por indivíduos de médio a grande porte,

com estrutura bem definida em quatro estratos principais.

O epifitismo é característica marcante desta formação vegetal, constituído

principalmente por membros das famílias Bromeliaceae e Araceae. Algumas lianas e

trepadeiras também são comuns, variando em composição conforme a altura da

floresta. Também se verifica cobertura densa de bromeliáceas no chão da floresta,

que varia em densidade e predominância de espécies.

Na região ocorrem ainda Formações Pioneiras, como banhados, restingas e

manguezais, além de florestas de encostas, e Floresta Ombrófila Densa Sub-

montana (MELLO, A. S., GRINGS, M. & SETUBAL, R. B., 2012).

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As imagens do Google Earth confirmam que ainda grande parte da extensão

de Itapoá permanece preservada, com destaque para as seguintes áreas:

Mangue entre os Rios Saí-Mirim e Saí-Guaçu, na divisa com o município de

Guaratuba;

Mangue associado ao Rio Pequeno;

Restinga associada à foz do Rio Jaguaruna;

Margens do Rio Saí-Mirim;

Área que engloba a RPPN Fazenda Palmital e a Reserva Ecológica Volta

Velha;

Extremo oeste do município, na divisa com São Francisco do Sul e Garuva.

Alguns loteamentos com vegetação nativa em grande parte ou na totalidade

de sua extensão, especialmente aqueles mais afastados da orla marítima.

O mapa do Zoneamento Ecológico Econômico Municipal – ZEEM, anexo da

Lei Complementar Municipal nº 021/2008, também pode ser utilizado como base

para evidenciar os maiores remanescentes florestais de Itapoá, considerando as

áreas denominadas de Zona de Preservação Permanente e Zona de Uso Restrito. O

Projeto de Lei Complementar nº 08/2018, que dispõe sobre o novo ZEEM do

município, também apresenta tais áreas e acrescenta a Zona de Uso Especial de

Unidades de Conservação e as Áreas de Preservação Permanente de Hidrografia.

Segundo o Inventário Florístico Florestal de Santa Catarina, o município de

Itapoá apresenta vegetação classificada como Floresta Ombrófila Densa e Vegetação

litorânea, ambas inseridas no bioma Mata Atlântica. A Floresta Ombrófila Densa é

caracterizada por ser uma floresta fechada, úmida e apresentando vários estratos e

grande diversidade de cipós, bromélias, orquídeas e epífitas, e espécies

características como o palmiteiro, canelas, figueiras e guamirins. A Vegetação

litorânea é representada pela restinga e pelos mangues, sendo a primeira uma

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vegetação pioneira que ocupa a primeira faixa de depósitos de areia e o segundo

associado a lagunas, baías e estuários, sujeito ao regime das marés.

De acordo com dados da Fundação SOS Mata Atlântica de 2015, o município

apresentava 63% da sua área coberta por vegetação nativa:

Tabela 02. Dados sobre o remanescente de Mata Atlântica em

Itapoá. Fonte: Fundação SOS Mata Atlântica, 2015.

Área Município (ha) 24.841

Área Município na Lei MA (ha) 24.780

% Município na Lei MA 100

Mata 3.673

Restinga 11.587

Mangue 372

Vegetação Nativa 15.632

% Vegetação Natural 63

Segundo classificação de Veloso et al. (1992), encontrada no Manual Técnico

de Vegetação Brasileira do IBGE, de 2012, Itapoá apresenta duas fitofisionomias

vegetais pertencentes ao bioma Mata Atlântica: Floresta Ombrófila Densa de Terras

Baixas – FODTB e Vegetação Pioneira de Influência Marinha (restinga). Como ambas

ocorrem no mesmo tipo de solo, é possível encontrar desenvolvimento das mesmas

espécies nas duas fitofisionomias, com a diferença de que a restinga compõe

vegetação pioneira e de origem mais recente e a FODTB em planícies internas e

mais antigas, apresentando formação florestal mais evoluída e homogênea.

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Segundo Klein (1978), os agrupamentos mais importantes encontrados nessa

tipologia são Tapirira guianensis (cupiúva), Ocotea odorifera (canela-sassafrás),

Ocotea aciphylla (canel-amarela), Nectandra oppositifolia (canela-ferrugem),

Callophyllum brasiliensis (guanandi), Alchornea triplinervia (tanheiro) e Ficus

organensis (figueira).

A Restinga apresenta vegetação que varia de herbáceas (ex.: Ipomoea sp.,

Hydrocotyle bonariensis, Smilax campestris) a arbóreas (ex.: Ocotea pulchella, Ilex

dumosa, Syagrus romanzoffiana), mas que apresenta comunidade climácica

semelhante à Floresta Ombrófila Densa, com muitas espécies ocorrendo em ambas

as formações, havendo dificuldade de distinção florística e estrutural entre as duas.

De acordo com o levantamento realizado pelo Projeto de Mapeamento Anual

da Cobertura e Uso do Solo do Brasil, o Município de Itapoá – MapBiomas contava

com quase 20.500 hectares de remanescentes florestais em seu território no ano de

2000 (Figura 06). Até 2005 observa-se um declínio, com dois picos de recuperação

de área florestada, registrados em 2001 e 2003, seguido de novo aumento da área

até 2008. Entre 2009 e 2010 foi registrada a maior taxa de desmatamento,

reduzindo para 20.000 ha o total de floresta e, novamente, de 2013 a 2014 a área

coberta por essa vegetação foi reduzida em mais de 250 hectares.

Figura 06: Área coberta por florestas no Município de Itapoá, em hectares. Fonte: MapBiomas, 2016.

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Apesar das quedas ao longo do gráfico (Tabela 03), também nota-se a

recuperação da vegetação em alguns momentos, podendo ser resultado da

regeneração natural ou de plantações, muitas vezes de espécies de reflorestamento.

Tabela 03: Área de floresta, em hectares, registrada por

ano no Município de Itapoá. Fonte: MapBiomas, 2016.

Ano Floresta (ha) Ano Floresta (ha)

2000 20446,13 2009 20398,62

2001 20550,99 2010 20015,94

2003 20263,18 2013 20010,47

2005 20093,94 2014 19714,54

2008 20414,3 2016 19958,62

As áreas de mangue em Itapoá vêm sendo reduzidas desde o início do

levantamento realizado pelo MapBiomas, no ano de 2000 (Figura 07), quando foi

registrado um total de 1000 hectares no município (Tabela 04). Após um aumento

de pouco mais de 100 ha entre os anos 2007 e 2008 este número caiu

drasticamente de 841 ha, em 2009, para 481 ha em 2011. Assim, registra-se uma

queda de mais da metade da área do ano de 2009 até 2016. Faz-se necessária a

ressalva da possível superestimação da área, pois foi verificada uma região ao

centro do município identificada como mangue, que se trata, efetivamente, de

plantação de pinus. Portanto, é fundamental um mapeamento mais detalhado das

áreas de mangue de Itapoá.

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Figura 07: Área coberta por mangue no Município de Itapoá, em hectares. Fonte: MapBiomas, 2016.

Tabela 04: Área de mangue, em hectares, registrada por ano no

Município de Itapoá. Fonte: MapBiomas, 2016.

Ano Mangue (ha) Ano Mangue (ha)

2000 1015,5 2008 843,56

2001 817,55 2009 841,31

2002 815,06 2011 481,31

2007 727,52 2016 375,84

O mapa com a cobertura e uso do solo de Itapoá desenvolvido pelo

MapBiomas (Figura 08) indica um total de 18.987,88 hectares coberto por formações

florestais, distribuídos ao longo de todo o seu território, e 375,84 ha de mangue,

presente ao longo do Rio Saí-Mirim, entre este e o Rio Saí-Guaçu e junto à foz do

Rio Jaguaruna, além da área de mangue identificada equivocadamente na região

central, conforme supracitado. Também foram contabilizados 594,91 ha de florestas

plantadas, nas quais são considerados plantio de eucalipto e de pinus, portanto

espécies que não são nativas da Mata Atlântica.

O levantamento da Fundação SOS Mata Atlântica identificou o total de

15.612,97 hectares de remanescentes do Bioma no Município (Figura 09). Dessa

área, 11287 ha foram classificados como restinga arbórea, 402 ha como mangue e

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3923 ha de mata. O mapa apresenta-se em grande escala e sem muito refinamento

de contorno das áreas, por isso os dados devem ser refinados, sempre que possível,

para o planejamento local.

Figura 08: Mapa com a cobertura vegetal e uso do solo no Município de Itapoá,

em hectares. Fonte: MapBiomas, 2016.

Figura 09: Mapa identificando os remanescentes de Mata Atlântica no Município de

Itapoá em 2016. Fonte: SOS Mata Atlântica, 2016.

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Cabe informar, ainda, que a Prefeitura de Itapoá, através de seu Órgão

Ambiental Municipal, tem publicado e operante o Enunciado SEMAI nº 01 (Versão

01 – Ago/2017) que estabelece, dentre outros entendimentos, qual a tipologia

florestal considerada para o Município. Neste documento consta que no Mapa do

IBGE, o Município de Itapoá em sua totalidade é classificado como Floresta

Ombrófila Densa, não sendo identificada a formação Florestal de Influência Marinha,

conhecida como Restinga. Apesar da não identificação de vegetação de Restinga

em Itapoá, na Legenda do mapa do IBGE comenta que mesmo que pequenas

manchas de uma determinada tipologia vegetal possam ter vindo a ser

incorporadas a outras tipologias, não caracterizam a sua inexistência, em função do

nível de generalização da escala do mapa.

O Enunciado segue esclarecendo que os mapas em escalas maiores do IBGE

disponíveis para Itapoá, pertinentes ao tema, são o Mapa Geológico do Quaternário

Costeiro de Itapoá (SOUZA, 1999), o Mapa de Cobertura Vegetal Original de Itapoá

(Figura 10) e o Mapa de Uso e Cobertura do Solo de Itapoá (Figura 11), cuja escala

é de 1:140.000, ou seja, muito superior e mais detalhada que a do IBGE e, até

mesmo, do Atlas Ambiental da Região de Joinville. Os respectivos mapas são oficiais

e fazem parte do Diagnóstico Ambiental que subsidiou a elaboração do

Zoneamento Ecológico Econômico do Município de Itapoá, aprovado por meio da

Lei Municipal Complementar nº 021/2008, bem como são parte integrante do

diagnóstico desenvolvido em 2014 para a Revisão do Plano Diretor Municipal.

Segundo NEPOMUCENO (2002) em Itapoá são encontrados os seguintes tipos

de vegetação, conforme sistema de Classificação de Vegetação Brasileira utilizado

pelo IBGE:

Vegetação com Influência Marinha (Restinga)

Vegetação com Influência Fluviomarinha (Manguezal)

Vegetação com Influência Fluvial e/ou Lacustre

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Floresta Ombrofila Densa (Floresta Tropical)

Submontana

Terras Baixas

Aluvial

O documento finaliza a seção de tipologias florestais indicando que para a

consulta quanto à classificação do estágio de regeneração da vegetação existente

em Itapoá, devem ser utilizadas as referências oficiais mais específicas existentes,

sendo elas os mapas constantes nas figuras 10 e 11.

Figura 10: Mapa da Cobertura Vegetal Original de Itapoá

(NEPOMUCENO, 2002). Fonte: PDM Itapoá, 2016.

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Figura 11: Mapa da Cobertura Vegetal e Uso do Solo Atual de Itapoá (NEPOMUCENO,

2002). Fonte: PDM Itapoá, 2016.

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Um levantamento de dados mais recente sobre os remanescentes do bioma

no município foi conduzido pela Prefeitura de Itapoá, com a cooperação técnica da

UNIVILLE (Anexo VII.III – Mapa de Remanescentes da Mata Atlântica). Neste

levantamento foi possível observar algumas diferenças em relação às referências

supracitadas. Foi diagnósticada a área remanescente de Mata Atlântica no Município

em 13.221 hectares, cerca de 2 mil ha a menos que nos dados apresentados pela

Fundação SOS Mata Atlântica (Tabela 05).

A distribuição dos usos e ocupação do solo itapoaense foi levantada e os

dados em termos de área estão apresentados na tabela 06 (Anexo VII.II – Mapa de

Uso e Ocupação do Solo)

Tabela 05: Estatísticas dos usos e ocupação do solo de Itapoá.

Feição km2 Ha % do território

municipal

Limite Municipal considerado 239,63 23.962,64 100

Perímetro Urbano 67,35 6.735,06 28,10

Remanescente da Mata Atlântica 132,13 13.212,98 55,14

Tabela 06: Estatísticas dos usos e ocupação do solo de Itapoá.

Uso do Solo km2 ha % do território

municipal

Água 0,45 45,15 0,19

Áreas Úmidas 1,33 133,18 0,55

Gramínea 9,91 991,56 4,13

Manguezal 3,68 368,84 1,53

Silvicultura 14,18 1.418,17 5,92

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Solo Exposto 4,22 422,23 1,76

Urbanizado 22,38 2.238,65 9,34

Vegetação Inicial 1,51 151,79 0,63

Vegetação Média 181,93 18.193,08 75.92

Total 239,63 23.962,64 100

III.I.II. Áreas de risco e fragilidade ambiental

O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) realizou um estudo denominado “Ação

emergencial para reconhecimento de áreas de alto e muito alto risco a movimentos

de massas e enchentes” no ano de 2014 em Itapoá, e segundo este órgão o

município apresenta dois setores de alto risco de inundação (Figura 12).

Figura 12. Setores de alto risco de inundação Fonte: CPRM, 2014.

O processo de inundação está associado a eventos sazonais de precipitação

elevada, de maneira lenta e gradual, possibilitando um alerta antecipado, necessário

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mesmo quando não haja risco de morte, uma vez que as pessoas precisam ser

avisadas com maior antecedência possível sobre a possibilidade de atingimento

pelas águas, a fim de se evitarem perdas materiais e proliferação de doenças. Por

ser um município com vocação turística, a população aumenta consideravelmente

no verão, portanto em grande parte do ano, as casas estão desocupadas, o que

diminui o número de pessoas atingidas fora da época de veraneio.

Historicamente, os maiores eventos de inundação ocorreram nos anos 1994,

2008, 2010 e 2011, sendo que a região com maiores riscos está entre o Balneário

São José até a Praia do Saizinho. Tais setores estão sob alto risco de inundação e

estão condicionados pelo regime de chuva na Bacia Hidrográfica do Rio Saí Mirim.

Devido à dificuldade de escoamento das águas para o oceano a cidade fica

um longo período inundada, principalmente em épocas de maré alta e pelo fato

deste rio ser bastante meândrico. É uma região densamente povoada no verão com

edificações de alvenaria e madeira de vulnerabilidade baixa a média, vias

predominantemente não pavimentadas e sem sistema de esgoto sanitário. Existem

aproximadamente 720 casas em risco e 2880 pessoas em risco (CPRM, 2014).

Paralelamente, o Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico (PMISB,

2015) aponta também de maneira específica os pontos com problemas mais

significativos, baseado nas inundações ocorridas em 2008, 2010 e 2011, como pode

ser observado nas Figuras 13, 14, 15 e 16.

Dentre as principais causas, estão a falta de um Plano de Drenagem

Urbana, loteamentos muito antigos, existência de canais a céu aberto, os meandros

do Rio Saí Mirim, muitas vias não possuem também infraestrutura básica, como

microdrenagem e aterros clandestinos as margens dos canais secundários de

drenagem e macrodrenagem (PMISB, 2015).

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Figura 13. Inundação de 2008. Fonte: PMISB,

2015

Figura 14. Inundação de 2010. Fonte: PMISB,

2015.

Figura 15. Inundação de 2011. Fonte: PMISB, 2015.

Logo, pode-se inferir que a ocupação desordenada sem o acompanhamento

das obras ou das imposições necessárias são os principais fatores ligados à

vulnerabilidade social e à degradação da Mata Atlântica nestes setores.

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Figura 16. Áreas com problemas de drenagem. Fonte: PMISB, 2015.

Igualmente, outra área de risco diz respeito à erosão da orla do município. O

processo erosivo costeiro, de forma geral, resulta do aumento do nível do mar

(CPRM, 2014). Segundo Angulo & Souza (2002), existem diversos fatores que

influenciam a erosão das praias, tanto antrópicas quanto naturais. Existem três tipos

de praias em Itapoá: estuarinas (verde), oceânicas ou de mar aberto (vermelho) e

praias de desembocadura (azul) (Figura 17).

Figura 17. Tipos de praias em Itapoá-

SC. Fonte: Angulo & Souza, 2002.

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Angulo & Souza (2002) subdividiram as praias oceânicas e de desembocadura

em três setores. A partir desta divisão (A – norte; B – central; e C – sul), os

pesquisadores fundamentaram seu estudo sobre as principais causas da erosão

costeira em Itapoá (Figura 18).

Figura 18. Setores da planície costeira de Itapoá-SC. Fonte:

Angulo & Souza, 2002.

O setor norte (A) está associado a desembocadura do Rio Saí Mirim, a qual

migra continuamente para o norte devido ao efeito da deriva litorânea

predominante, formando um esporão que separa o rio do mar e que se rompe em

períodos de alta descarga fluvial, cuja ruptura também pode ser provocado pela

abertura artificial do esporão; o setor central (B), entre a desembocadura do Rio Saí

Mirim e o Córrego das Palmeiras, que compreende praias de mar aberto sem

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influência direta da desembocadura da Baía de São Francisco; e o setor sul (C),

sendo diretamente afetado pela Baía de São Francisco e pelo delta de maré vazante

associado, entre o Córrego das Palmeiras e o Balneário Pontal da Figueira, onde

verificaram-se grandes mudanças na morfologia da costa. Os processos de B e C

podem ser visualizados pelas Figuras 19 e 20.

.

Figura 19. Exemplo de erosão costeira no setor B. Fonte: Angulo & Souza, 2002

Figura 20. Exemplo de erosão costeira no setor C. Fonte: Angulo & Souza, 2002.

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Sobre as possíveis causas destes processos erosivos, os autores enunciam que,

ainda que os efeitos climáticos possam ter influenciado, como El Niño e La Niña,

haveria um certo equilíbrio entre estes dois fenômenos, entretanto foi constatado

deficit considerável de areia ao longo dos anos e foi evidenciado uma intensa

erosão em toda a costa de Itapoá no período entre agosto de 1996 e outubro de

2002. Para Angulo & Souza (2002), a principal causa da intensificação do processo

erosivo seria o canal de acesso ao Porto de São Francisco do Sul, uma vez que o

canal intercepta um volume significativo dos sedimentos transportados pela deriva

litorânea, suficiente para explicar as perdas observadas nas praias de Itapoá, e

complementam que o canal constitui-se numa armadilha para os sedimentos

transportados pelas correntes de deriva litorânea, pois os sedimentos que caem no

canal podem assorear o mesmo ou serem transportados pelas correntes de maré

vazante para áreas mais profundas, causando a diminuição do volume do delta e

consequentemente erosão das praias e da planície costeiras situadas a norte.

Em 2011, foi elaborado um estudo que corroborou a hipótese dos

pesquisadores Angulo & Souza. Este material, elaborado pela Coastal Planning &

Engineering do Brasil (CPE, 2011), evidenciou através de modelos matemáticos a

influência do canal nos processos erosivos costeiros das praias de Itapoá. Ao mesmo

tempo, Souza (1999) apud CPE (2011), explica que a ocupação do município

caracteriza-se pela destruição das dunas frontais e pela localização das construções

e infraestruturas muito próximas à linha de costa. Todos estes processos erosivos

estão diretamente ligados à degradação da Mata Atlântica costeira.

No que tange à orla, novamente o fator morar próximo à água influenciou na

decisão das pessoas ocuparem densamente a área de restinga, cujos resultados da

erosão se intensificaram devido ao Porto de São Francisco do Sul, que para

funcionar precisou aprofundar um canal artificialmente. O projeto Orla Itapoá-SC

(2013) diagnosticou a orla e através da Figura 21 – Cobertura vegetal nativa – pode-

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se verificar o estado de degradação da Mata Atlântica nesta região.

Quanto à cobertura vegetal nativa 68,42% da orla do município apresenta

alteração em mais de 80% da área e alterações significativas em 20% da área com

remanescentes da vegetação nativa (vermelho). 15,79% da orla do município

encontra-se com pelo menos 70% de vegetação integra (verde), e ainda, 15,79%

apresenta-se integra em pelo menos 30% da área e parcial ou significativamente

alterada em até 70% do trecho da orla (amarelo).

Figura 21. Cobertura vegetal nativa.

Fonte: Projeto Orla Itapoá-SC, 2013

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III.I.III. Meio Físico

O relevo da área de Itapoá é composto pela planície costeira e Serra do Mar

com uma altitude que varia de 0 a 200 metros. O litoral catarinense, segundo Horn

Filho (1997), apresenta caráter de clima temperado, com estações do ano bem

definidas (Figura 22). As temperaturas médias mínimas encontram-se entre 9 e 22ºC,

e as médias máximas, entre 19 e 31ºC. O máximo pluviométrico ocorre geralmente

no verão, devido à entrada de massas frias de origem polar, entretanto, a

distribuição anual das chuvas é muito regular, definindo um regime tropical. A

umidade do ar é relativamente alta, atingindo valores de 85%.

Figura 22. Regiões Climáticas do Brasil. Fonte: IBGE.

De acordo com Ministério do Meio Ambiente (2013), a caracterização dos

recursos hídricos municipais deve indicar em base cartográfica as principais bacias

ou microbacias e os seus sistemas de drenagem. Este mapeamento está diretamente

relacionado com a delimitação das áreas de preservação permanente dos cursos

d´água e seus respectivos estados de conservação.

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Sob um olhar macro da hidrografia, segundo o Conselho Nacional de

Recursos Hídricos (ANA, 2003), o município de Itapoá está inserido na Região

Hidrográfica do Atlântico Sul e, mais especificamente, no Estado de Santa de

Catarina, pertence a Região Hidrográfica 6 – Baixada Norte, a qual juntamente a

mais 4 regiões hidrográficas estaduais formam as bacias da Vertente Atlântica (SDS,

2017). O sistema hidrográfico Atlântico Sul consiste em um conjunto de várias

bacias autônomas que vertem diretamente para o litoral, por isto, denominadas

exorreicas (SDS, 2017). A nível municipal, Itapoá possui as seguintes bacias

hidrográficas principais, de acordo com o PMISB (2015).

Bacia Hidrográfica do Rio Saí Mirim

É a maior da região tendo uma extensão do curso principal de,

aproximadamente, 38,5 km. Considerando desde sua nascente, possui uma área de

contribuição hídrica de 177,10 km2 e perímetro de 77,26 km. Entre seus afluentes

estão: Água Branca, Bom Futuro, Braço do Norte, Quilombo, Do Meio, Baixo,

Comprido, Pequeno. Sendo considerado o rio mais importante da cidade por ser o

manancial abastecedor, possui mais de 70% de sua área localizada na zona rural,

sendo também utilizado pela usina Arcelor Mital em São Francisco do Sul, através

de travessia subaquática pela Baía da Babitonga. O carregamento de matéria

orgânica em decomposição e o processo de lixiviação do ferro conferem-no uma

tonalidade que varia entre o marrom e o vermelho.

Bacia Hidrográfica do Rio Saí Guaçu

Com uma área de 64,7 km², extensão do curso principal de 24 km, é o divisor

político da área entre Itapoá e Garuva na porção oeste e ao norte com Guaratuba.

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Bacia Hidrográfica do Córrego Jaguaruna

Possui área de 10,57 km² e a extensão do seu principal curso d´água é 6,6 km.

Desemboca na parte oeste do Porto de Itapoá, mais precisamente em um

manguezal na Baía da Babitonga.

Bacia Hidrográfica do Córrego das Palmeiras

Tendo seu curso superior localizado em porção do território com cotas entre

100 e 200 m, deságua em uma praia.

Bacia Hidrográfica do Córrego do Barbosa

Pequena bacia localizada ao sul do município, o qual deságua na Baía da

Babitonga.

III.I.IV. Fisionomias originais

De acordo com o Mapa da Área de Aplicação da Lei Federal nº 11.428/2006,

do IBGE, Itapoá está inteiramente englobada na vegetação caracterizada como

Floresta Ombrófila Densa (Floresta Tropical Pluvial) (Figura 23). No entanto, o mapa

está apresentado na escala de 1:5.000.000 e, portanto, não apresenta as distintas

fitofisionomias que ocorrem no município.

A Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas (FODTB), presente em grande

parte do município, apresenta composição de espécies única, cujas comunidades

vegetais não se estendem para o Sul do estado. A FODTB caracteriza-se por árvores

entre 15 e 20 metros de altura com baixa densidade, ou seja, com estrato superior

aberto, o que permite que a luz do sol adentre na mata, favorecendo

desenvolvimento de bromélias sobre o solo e de sub-bosque denso (ACQUAPLAN,

2013).

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A vegetação do Município de Itapoá também pode ser caracterizada como

Vegetação Litorânea, caracterizada por condições edáficas específicas que

proporcionam o desenvolvimento de vegetação muitas vezes de ocorrência restrita

a estes tipos de ambientes com influência marinha. São ambientes formadores do

Manguezal, Marisma, Banhado, praia, Duna e Restinga. A vegetação de Mata

Atlântica Setor Norte de Santa Catarina também pode ser considerada uma típica

Floresta Tropical das encostas da Serra do Mar setentrional.

Figura 23. Mapa da área de aplicação da Lei da Mata Atlântica, com detalhe para a

região onde está localizado o município de Itapoá. Fonte: 1º Mapa da Área de

Aplicação da Lei nº 11.428 de 2006, 1ª edição, 2008.

Ainda, se estendem vastas planícies quaternárias, desde a desembocadura do

rio Saí Guaçu até o rio Itapocu, cobertas por um tipo bem característico de mata,

bastante uniforme quanto à sua composição, bem como quanto ao seu aspecto

fisionômico (Secretaria de Planejamento, 2013).

As áreas de manguezais localizadas nos estuários de rios da região em geral

apresentam características semelhantes às originais (MELLO, A. S., GRINGS, M. &

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SETUBAL, R. B., 2012). De acordo com a classificação de Klein, de 1978, as regiões

fitoecológicas do município de Itapoá são a Floresta Ombrófila Densa e Vegetação

Litorânea.

Tabela 07: Fitofisionomias vegetacionais encontradas no Município de Itapoá, áreas de ocorrência e

características que interessem ao presente PMMA.

Fitofisionomia Áreas de ocorrência Interesse para o PMMA

Floresta

Ombrófila

Densa de

Terras Baixas

Amplamente distribuída

pelo município,

contemplando áreas mais

preservadas aos fundos da

área urbana consolidada;

área retroportuária; às

margens da Estrada

Cornelsen; grande parte

da área rural.

Constitui um dos maiores e mais

preservados fragmentos florestais

desta fitofisionomia em Santa

Catarina. Apresenta composição de

espécies única, cujas comunidades

vegetais não se estendem para o Sul

do estado; inclui grande variedade de

bromélias; representa a fitofisionomia

mais abundante no município; abriga

grande diversidade de fauna e possui

considerável valor cênico.

Vegetação

litorânea

Ao longo da orla do

Município, somando mais

de 27 km de extensão e se

estendendo para o interior

dos rios Saí Mirim, Saí

Guaçu, Jaguaruna e

Pequeno.

Caracterizada por condições edáficas

específicas que proporcionam o

desenvolvimento de vegetação muitas

vezes de ocorrência restrita a estes

tipos de ambientes com influência

marinha. São ambientes formadores

do Manguezal, Marisma, Banhado,

praia e Restinga.

Manguezais -Entre os Rios Saí Mirim e Localizados nos estuários de rios da

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Saí Guaçu, na divisa com o

município de Guaratuba;

-Associado ao Rio

Pequeno;

-Associado ao Rio

Jaguaruna.

região, em geral apresentam

características semelhantes às

originais.

Restinga Associadas à foz dos rios

Saí Mirim, córrego das

Palmeiras, Mendanha,

Pequeno e Jaguaruna.

Associada à faixa praial, em pontos

específicos, a vegetação de restinga

contribui para reduzir os impactos da

erosão marinha.

III.I.V. Levantamento de fauna

O Município de Itapoá apresenta grande diversidade de fauna dos mais

variados grupos. Destaca-se pela variedade de aves, contando com o registro de

mais de 300 espécies, incluindo espécies raras, como a popularmente conhecida

“maria-catarinense”, ave símbolo do Município. Tal biodiversidade atrai turistas,

pesquisadores e observadores de aves, que tornaram Itapoá um importante pólo

para a atividade mundialmente conhecida como birdwatching.

A herpetofauna também é rica em Itapoá, onde facilmente são encontrados

lagartos-teiú, serpentes, como a caninana, jacaré-do-papo-amarelo, avistado no Rio

Saí Mirim, e diversas espécies de anfíbios. Ainda, adentrando a mata pode-se

deparar com jararacas, jararacuçus e urutus.

A mastofauna apresenta exemplares facilmente vistos na área urbana, dos

quais alguns conflitam com moradores, como gambás, porcos-espinhos e morcegos.

Outros ocorrem nas áreas de remanescentes florestais e podem ser identificados de

forma indireta por meio de pegadas, fezes, tocas e demais vestígios, é o caso de

lontras, encontradas às margens do Rio Saí Mirim, quatis, catetos, cachorro-do-mato

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e mão-pelada. Ainda, há registros de mamíferos de grande porte, como onça-parda

e anta.

A manutenção de remanescentes florestais, a criação de Unidades de

Conservação e de corredores ecológicos é imprescindível para a preservação dessas

espécies, importantes na manutenção do equilíbrio na natureza e que enriquecem

os ecossistemas no Município.

III.I.VI. Áreas protegidas dos imóveis rurais e urbanas

O atual Código Florestal Lei Federal 12.651/2012, define a Reserva Legal

como:

Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por:

(...)

III - Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse

rural, delimitada nos termos do art. 12, com a função de assegurar o uso

econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural,

auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover

a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna

silvestre e da flora nativa;

A reserva legal é a área do imóvel rural que, coberta por vegetação natural,

pode ser explorada com o manejo florestal sustentável, nos limites estabelecidos em

lei para o bioma em que está a propriedade. Por abrigar parcela representativa do

ambiente natural da região onde está inserida e, que por isso, se torna necessária à

manutenção da biodiversidade local.

Os registros oficiais das RLs das propriedades rurais de Itapoá são os

disponíveis na seção de Consulta Pública do sítio do Sistema do Cadastro Ambiental

Rural. Dados de APPs dos imóveis rurais também podem ser acessados nesta

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mesma plataforma, sendo possível o cruzamento dessas informações com bases

públicas de recursos hídricos (Figura 24). Importante destacar que tais dados devem

ser considerados com cautela, uma que são os disponibilizados pelo sistema CAR

online que ainda não recebeu a devida validação/homologação.

Figura 24. Mapa dos imóveis rurais de Itapoá cadastrados no CAR e suas RLs

evidenciadas em verde. Fonte: Sicar.

Da mesma forma, o Código Florestal, Lei 12.651/2012, em seu art. 3º, inciso II,

estabelece Área de Preservação Permanente – APP como sendo a “área protegida,

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coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os

recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o

fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das

populações humanas”.

No seu art. 4º, incisos I a XI, estão definidas quais são as áreas consideradas

como APP.. Essa espécie de APP, criada pelo art. 4º, é denominada área de

preservação permanente ex lege. A existência de APP também pode advir da

iniciativa dos proprietários ou de ato do Poder Público, com as funções descritas no

art. 6º do Código Florestal. Importante frisar que no próprio artigo 4º, caput,

estabeleceu-se a obrigatoriedade de as APP serem consideradas em áreas urbanas,

não havendo alterações em relação à legislação florestal anterior (Lei 4.771/65).

As bacias hidrográficas de Itapoá e seus afluentes que estão inseridas em

áreas rurais, encontram-se em bom estado de conservação em quase sua totalidade,

contudo no perímetro urbano municipal a situação das áreas de APP de cursos

d´água são críticas, principalmente as do Rio Saí Mirim, Mendanha e Palmeiras.

O Município possui 80% de sua topografia plana, sendo o restante composto

por serras e grandes declividades. Na área da bacia hidrográfica, predominam

ambientes florestais que têm como função básica a proteção das nascentes e cursos

d’água formadores do rio Saí Mirim, que além de ser o manancial de captação de

água para o abastecimento da população, abriga expressiva biodiversidade e

oferece atrativos naturais de beleza incomum. São esses ambientes ainda

preservados que garantem a excelente qualidade da água no alto Saí Mirim,

entretanto a qualidade decai à medida que o rio atinge o seu curso mais baixo, na

planície costeira e zona urbana de Itapoá, conforme Figura 25. É neste trecho que

ocorrem as construções irregulares em área de APP (Figura 26), lançamento

clandestino de esgoto e disposição de resíduos próximos às suas margens.

Esses impactos podem provocar perda da vegetação ciliar que protege a

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integridade do curso d´água e garante a qualidade e a quantidade da água

disponível para a captação e abastecimento público da cidade.

Figura 25. Imagem de um dos trechos do rio Saí-Mirim que possui construções

irregulares em área de APP. Fonte Google Earth, 2016.

Figura 26. Exemplo de uma construção às margens do rio Saí-Mirim. Fonte:

Acervo Prefeitura.

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Existe pouco material disponível sobre o rio Mendanha, embora tenha sido o

que sofreu o maior impacto entre os rios de Itapoá, devido a sua localização central

no município, no cruzamento com os balneários Paese, Pérola do Atlântico e a

Gleba, sendo estes os principais balneários da cidade em termos de número de

habitantes, tendo as suas margens amplamente antropizadas, com inúmeras

construções, trechos canalizados, aporte da drenagem pluvial dos loteamentos em

seu entorno e de esgoto em inúmeros pontos, levando o referido rio, praticamente,

à extinção. A sua foz desemboca em um dos lugares considerado de maior procura

pelos turistas devido a orla da praia (Figura 27). O local é com certa frequência

considerado impróprio para banho devido ao alto índice de coliforme fecais, de

acordo com os levantamentos feito pelo Órgão Estadual de Meio Ambiente.

Figura 27. Imagem do curso do rio Mendanha na região mais antropizada em Itapema do

Norte. Fonte: Google Earth

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Assim como o rio Mendanha, o rio Palmeiras possui poucas informações. O

loteamento Praia das Palmeiras foi aprovado no ano de 1966 às margens do rio

Palmeiras, não levando em consideração as áreas de APP já definidas pelo Código

Florestal de 1965, sofrendo atualmente com a antropização e com o grande

crescimento populacional (Figura 28).

Figura 28. Imagem do curso do rio Palmeiras, destacado em vermelho. Fonte

Google Earth.

Conforme os pesquisadores Angulo & Souza (2005), no município foram

identificadas cinco restingas geológicas associadas às fozes dos rios Saí-Mirim,

córrego das Palmeiras, Itapema (conhecido como Mendanha), Pequeno e Jaguaruna.

Variam entre 130 e 3.500 m de comprimento, largura máxima entre 60 e 130 m e

largura mínima entre 6 e 50 m. Devido a maior energia ambiental, principalmente

ondas e correntes de deriva, as localizadas em mar aberto, tais como associadas às

fozes dos rios Saí-Mirim, córrego das Palmeiras e Itapema (Mendanha) apresentam

maior mobilidade que as restingas no interior da baía, tais como as associadas às

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fozes dos rios Pequeno e Jaguaruna. A vegetação sobre as restingas varia desde

herbácea até mata, porém podem ocorrer áreas sem vegetação.

Com relação aos mangues, o município apresenta duas áreas: ao longo do Rio

Saí-Mirim, entre este e o Rio Saí-Guaçu, e junto à foz do Rio Jaguaruna e do Rio

Pequeno. De acordo com a Lei Federal n.º 12.651/2012, os manguezais são

considerados Áreas de Preservação Permanente.

De acordo com o levantamento feito pela Prefeitura, o Município de Itapoá

possui cerca de 20,5 quilômetros quadrados de áreas de preservação permanente.

Desta área, aproximadamente 16 km2 são relativos à remanescentes de Mata

Atlântica. Outro dado relevante a ser considerado é a área de APP que se encontra

antropizada atualmente, que supera 4 km2 (Tabela 08).

Tabela 08: Estatística da relação das APPs e os remanescentes do bioma.

APP km2 ha

Área total de APP 20,48 2.047,97

Remanescente da Mata Atlântica em APP 16,09 1.609,23

Áreas antrópicas em APP 4,39 438,74

III.I.VII. Unidades de conservação e áreas tombadas como patrimônio natural

Parque Natural Municipal Carijós (PNMC)

Criado por conta da regularização ambiental dos assentamentos Gleba I e II,

esta Unidade de Conservação de Uso Restrito, que foi instituída pela Lei Municipal

nº 330/2011, tem como objetivo preservar a fisionomia de Floresta Ombrófila Densa,

pertencente ao bioma Mata Atlântica abrangendo uma área de cerca de 50 hectares

(Figura 27).

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Figura 29. Delimitação do Parque Natural Municipal Carijós. Fonte: Ferma Engenharia, 2012.

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a conservação da

biodiversidade tem sua importância refletida na garantia de manutenção dos ciclos

ecológicos (como o ciclo da água e dos nutrientes), na preservação de espécies de

interesse econômico (utilizados na indústria farmacêutica, por exemplo), no valor

estético paisagístico de uma floresta e no próprio direito de existir de cada espécie

(observado principalmente na proteção de espécies raras e endêmicas). Porém, os

benefícios derivados dessa conservação vão além: a proteção dos recursos hídricos,

manutenção da qualidade do ar e da água e aproveitamento econômico por meio

do turismo são consequências da implantação de uma Unidade de Conservação.

O benefício social também é de suma importância. Por encontrar-se no

entorno da região mais populosa e carente do município, o Parque pode

proporcionar, principalmente a essa população, integração entre cultura e

desenvolvimento social, através de programas de participação que envolvam

processo educativo, sensibilizando os moradores acerca da importância ecológica do

Carijós, além de torná-los corresponsáveis pela gestão e proteção do Parque.

Espera-se inclusive que problemas ambientais como a disposição inadequada de

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resíduos, a caça ilegal e outras atividades irregulares que hoje são comuns dentro

do Parque sejam minimizados através da educação ambiental e do envolvimento da

população sua na proteção.

O gestor do PNMC é a própria Prefeitura, por meio de seu órgão ambiental

municipal. O Plano de Manejo, elaborado em 2012 e instituído em 2017, prevê

estrutura para o desenvolvimento de pesquisa científica, especialmente voltada a

fauna e flora, e de atividades de educação ambiental voltadas aos visitantes e

estudantes de escolas da região. Como atrativos para a visitação estão previstas

trilhas interpretativas, canoagem e exposição interativas (Ferma Engenharia, 2012).

Com a emissão da Licença Ambiental de Operação Corretiva nº 565/2018 da

FATMA, o Município passa a ter como condicionante para manutenção desta LAO a

obrigatoriedade de executar determinadas ações para iniciar a implantação do

Parque, que ainda só existe no papel.

Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN Fazenda Palmital

Criada pelo Decreto nº 70/1992 do IBAMA, caracteriza-se como uma unidade

de conservação de uso sustentável. A RPPN Fazenda Palmital, com 590 hectares,

juntamente da Fazenda Santa Clara, com 594 ha, compõem a conhecida Reserva,

somando mais de 1000 hectares de Mata Atlântica (Figura 30). O plano de manejo

da RPPN foi aprovado em outubro de 2013, no qual ficou definida a Associação de

Defesa e Educação Ambiental – ADEA como sua gestora.

A Reserva Volta Velha foi selecionada pela UNESCO, no Programa MaB – "O

Homem e a Biosfera", como uma das Áreas Piloto da Reserva da Biosfera da Mata

Atlântica em Santa Catarina por representar um dos poucos núcleos protegidos de

floresta primária e secundária de planície costeira no Estado, composta basicamente

de Floresta Atlântica de Terras Baixas e de formações pioneiras de influência

fluviolacustre (RPPN Catarinense). No local são desenvolvidas atividades voltadas ao

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turismo, à educação ambiental, observação de aves, vivências de resgate e difusão

da cultura indígena, e pesquisa científica.

Figura 30. Localização da Reserva Volta Velha definida em branco e os acessos em amarelo.

Recentemente foi construído na unidade um Centro de Referência em Estudos

de Florestas Costeiras, que tem por objetivo se consolidar como uma base para

executar atividades relacionadas à educação ambiental no ensino formal e não

formal. A construção deste Centro é fruto de um projeto que foi submetido a um

edital elaborado pelo Ministério Público Federal, referente aos valores da

indenização devida pela empresa Norsul em virtude do naufrágio de uma barcaça

na Baía da Babitonga em 2008. Vale ressaltar que este é um dos nove projetos

aprovados para a região.

O Centro de Referência faz parte da implantação do Plano de Manejo da

RPPN Fazenda Palmital – Reserva Volta, que foi aprovado em 2012 pelo Instituto

Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio, e fica localizado em

meio à Mata Atlântica, cerca de 2,7 km da atual sede da Fazenda Santa Clara, que

juntamente da RPPN Fazenda Palmital, compõem a conhecida Reserva Volta Velha

(Figura 31).

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Figura 31. Localização do Centro em meio à Mata Atlântica. Fonte: Rubens

Vandresen.

A Reserva também teve a sua área há pouco tempo ampliada em função de

compensação ambiental das obras de ampliação do Porto Itapoá, que, ao suprimir

28 hectares para a ampliação do terminal portuário, compensou em 10 vezes a área

suprimida em forma de Reserva Natural. Aprovada pelo ICMBio, a nova área tem

285 hectares e, somada a RPPN Volta Velha já existente, totalizará 875 hectares, ou

8,75 milhões de m².

A RPPN Volta Velha, a partir de agora, passa a ser uma das maiores reservas

naturais particulares do Estado de Santa Catarina. No local serão desenvolvidas

pesquisas científicas e visitações de cunho ambiental, além de se tornar um

importante ativo ambiental do Município de Itapoá.

III.I.VIII. Populações tradicionais

Os índios Carijós foram os primeiros habitantes de nossa região, dando o

nome a praia de Itapoã, a qual teve a pronuncia alterada para Itapoá ao longo dos

anos, que tem como significado “Pedra que Ressurge”. Apesar de o município não

possuir mais comunidades indígenas no território municipal, os índios carijós

deixaram um grande legado, como sambaquis e oficinas líticas.

Os sambaquis são caracterizados por serem uma elevação de forma

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arredondada, construídos basicamente com restos faunísticos como conchas, ossos

de peixe e mamíferos, resultante de vestígios de civilizações passadas, e chegam a

ter mais de 30 metros de altura. Contém também artefatos de pedra e de osso,

restos humanos, marcas de estacas, manchas de fogueira, frutos e sementes, etc.,

que compõe uma intrincada estratigrafia. Os restos que mais se sobressaem em sua

composição são as conchas de berbigão (Anomalocardia brasiliana) diferentes tipos

de ostras, a almejoa ou Lucina pectinatae, os mariscos (GASPAR, 2000).

Já as chamadas oficinas líticas, que são vestígios deixados pelos indivíduos

pré-históricos que se utilizavam do diabásio (rocha basáltica) e mais raramente do

granito para afiarem e polirem seus instrumentos de pedra. Ainda não foi realizada

a catalogação e demarcação dos sambaquis do município, e as informações mais

atualizadas são do Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville – MASJ (2009).

Segundo dados do MASJ, existem nove sambaquis localizados em Itapoá, estando a

maioria na porção sul do município, mais duas oficinas líticas na região de Itapema

de Norte (Figura 32).

Figura 30. Localização dos sítios arqueológicos no Município de Itapoá.

Fonte: Museu do Sambaqui de Joinville.

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No que se refere a comunidades tradicionais, uma de grande relevância

presente no município até os dias atuais, que contribuiu para o desenvolvimento do

Município, são as famílias de pescadores artesanais, que inclusive são

homenageados junto ao Brasão do Município de Itapoá (Figura 33). A pesca já foi

uma das principais atividades do Município, entretanto, pelo seu caráter extrativista

e pela característica artesanal dos pescadores aqui estabelecidos, encontra-se em

franca decadência, perdendo dia a dia seu espaço para as frotas pesqueiras

industriais.

Figura 33. Imagem de 1958 registrando a vila de pescadores na 1ª pedra em Itapema do

Norte. Fonte: Vitorino Paese.

As famílias de pescadores artesanais estão dispersas pelo Município, estando

agrupados, em sua maioria, em 5 comunidades: Barra do Sai, Itapema, Itapoá,

Pontal e Figueira do Pontal, sendo que todas pertencem a Colônia de Pesca Z-1,

criada em 20 de abril de 1966, a fim de dar suporte aos pescadores locais. Hoje, a

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comercialização é feita, em sua maioria, por pescados trazidos de São Francisco do

Sul, Itajaí e Guaratuba, pois a quantidade produzida pelos pescadores locais é

insuficiente, até mesmo fora de temporada.

Com intuito de regularizar e valorizar a cultura pesqueira local, o Município

regulamentou antigas normas específicas para esta comunidade, com destaque para

a Lei 676/2016, que dispõe sobre o zoneamento, uso e ocupação do solo urbano

do Município de Itapoá/SC:

Art. 41. Zona Especial de Pescadores I – ZEP-I – corresponde à área onde

existem ocupações irregulares às margens do rio Saí Mirim, próximas à sua foz,

localizada ao norte da área urbana. Esta área encontra-se, em sua maior parte,

ocupada por famílias de pescadores artesanais e é também atracadouro de suas

embarcações, constituindo-se, no entanto, um local de fragilidade ambiental por

localizar-se às margens de corpo hídrico e sítios geológicos (manguezais).

§1º. Tem como objetivo valorizar a cultura local por meio da manutenção dos

pescadores artesanais em seu local de origem, compatibilizando com a proteção

ambiental e controlando novas ocupações.

A Lei Complementar Municipal nº 048/2016, que institui o Plano Diretor

Municipal, estabelece objetivos, diretrizes e instrumentos para as ações de

planejamento no Município de Itapoá/SC, também trata da valorização da classe

definindo que:

Art. 62. São diretrizes gerais da estruturação e fortalecimento das atividades

econômicas:

X. Estruturação, apoio e valorização da atividade da pesca artesanal e esportiva.

A luta da pesca artesanal no município está no embate por espaço marítimo

e também político, o que gera enfrentamentos e conflitos com membros de

associações de classe, empreendimentos privados e programas do setor público.

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III.I.IX. Atrativos naturais, históricos, culturais e arqueológicos Itapoá destaca-se no litoral de Santa Catarina por seus 27 km de praias

tranquilas, com águas claras e mornas, os grandes remanescentes de Mata Atlântica

da Serra do Mar, o rio Saí-Mirim, presença de comunidades pesqueiras, trilhas,

cachoeiras e pontos de observação de pássaros.

Com base no Guia Turístico de Itapoá, emitido no ano de 2018 pela Editora

Revista GiroPop, a cidade pode ser dividida em regiões, cada qual com sua

peculiaridade e atrativos turísticos:

Barra do Saí

Primeira praia do estado de Santa Catarina, é o local da desembocadura do

principal rio da cidade, o Saí Mirim. Abrigando uma área de manguezal bem

preservada, cuidada pela Associação de Proteção da Reserva do Mangue da Barra

do Saí (APREMAI), o local conta com uma comunidade de pescadores tradicionais

(Figura 34). A região também é um reduto de surfistas, graças às boas ondas, sendo

favorável para realização de campeonatos de surf.

Figura 34. Vista aérea da Barra do Saí. Fonte: Prefeitura de Itapoá.

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As esculturas de concreto elaboradas por Guilherme da Silva Ferreira, conhecido

como “Índio Artesão”, são visíveis ao longo da via asfaltada principal que beira o

mar. Há uma praia deserta entre as fozes dos rios Saí Mirim e Saí Guaçu, além da

Ilha do Saí, situada próxima à cidade de Guaratuba, que pode ser alcançada a nado

ou a pé, durante a maré baixa. Na ilha se encontra o marco divisor entre os estados

do Paraná e Santa Catarina.

Balneário Rainha

Apresenta calçadão com quiosques e quadras de futebol e vôlei, cancha de

bocha e academia ao ar livre em meio à vegetação de restinga bem preservada.

Além disso, a região beira-mar do balneário conta com iluminação e chuveiros.

Itapema do Norte

Centro comercial e administrativo da cidade, é bairro sede da Prefeitura, Câmara

de Vereadores, Fórum e Pronto Atendimento, além de ser ponto de maior

concentração do comércio e de veranistas. Conta com maior infraestrutura, as

principais avenidas da cidade e local das atividades promovidas pelo poder público

durante o período de alta temporada. É a região onde localizam-se as Três Pedras,

local de maior diversidade de público, pois é visitada por banhistas, surfistas,

pescadores e pedestres caminhando nos calçadões ou apreciando a paisagem nos

decks de madeira construídos na primeira e terceira pedras. Na segunda pedra há

outra comunidade de pescadores, responsável por cuidar do Mercado de Peixes

localizado no final do calçadão. Nas proximidades observa-se a Ilha de Itapeva, ou

Ilha do Cação, que pode ser alcançada por barco. A ilha, composta de pedras e uma

pequena extensão de areia, apresenta um sombreiro e uma pequena piscina natural,

e seu entorno proporciona boa observação para mergulho.

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Itapoá

Centro geográfico da cidade, nesta região se localiza a pedra que deu origem ao

nome da cidade, a “Pedra que Surge”, 300 metros para dentro das águas da praia,

que desponta seguindo o movimento das marés. Suas praias são mais sossegadas,

possivelmente por apresentar menor infraestrutura como calçadões e restaurantes

em comparação à Itapema do Norte. Também é um reduto de surfistas.

Pontal

Região de contrastes, pois nela está situado o Porto Itapoá, ao lado de uma

comunidade de pescadores tradicionais. Lá se encontra o Farol do Pontal, ponto

turístico que conta com iluminação e deck ao seu redor, a Figueira centenária, o

Píer de observação do porto de onde é possível ver a movimentação de navios e

contêineres, e o Trapiche do Pontal, ponto de pescaria de sardinhas e peixes-

espada. Nessa região está localizada a Baía da Babitonga e a localidade da Jaca,

próxima de onde se desenvolvem hoje os terminais retroportuários, ao longo da SC

416.

Figueira do Pontal (Ficus organensis)

A figueira da espécie nativa Ficus organensis localizada no bairro Pontal é,

segundo relato dos moradores mais antigos da localidade, um exemplar centenário

com valor histórico-cultural, tornando-se patrimônio do município por meio da Lei

n.º 186/2008. A árvore é considerada um dos pontos turísticos da cidade estando

localizada em uma posição privilegiada, na entrada da Baía da Babitonga e ao lado

do Porto e é iluminada à noite, tornando-a ainda mais atrativa (Figura 35).

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Figura 35. Figueira do Pontal. Fonte: Itapoá SC.

Porto Itapoá

Um dos mais modernos da América Latina é também um dos pontos turísticos

da cidade. Por se tratar se um porto aberto, é possível observar a movimentação de

navios e dos contêineres através do píer localizado à sua frente.

Jaqueira (Artocarpus heterophyllus)

O espécime localizado na bifurcação da estrada na localidade Jaguaruna, ao lado

da Capela São Judas Tadeu, local conhecido também como Jaca, foi tombado pela

Lei Municipal nº 186/2008 devido ao seu valor ambiental, turístico e paisagístico.

Apesar de se tratar de uma espécie exótica, o exemplar em questão tem importante

valor para o município, sendo, portanto, considerado patrimônio natural (Figura 36).

Figura 36. Jaqueira ao lado da Capela São

Judas Tadeu. Fonte: Prefeitura de Itapoá.

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Baía da Babitonga

Maior baía navegável de Santa Catarina, o estuário possui 160 km² e abrange

cinco municípios catarinenses. Abriga 24 ilhas e a maior extensão de mangues do

estado, sendo um grande refúgio de biodiversidade e berçário de espécies

marinhas. A região é abrigo de toninhas, espécie de golfinho ameaçada de extinção,

que são comumente observadas em passeios de barco ao longo da baía. Também

apresenta uma enorme variedade de espécies de aves, sendo assim um grande

observatório. Suas águas calmas possibilitam atividades náuticas, como caiaque e

stand-up, assim como passeios de barco que saem do Trapiche do Pontal e passam

pelas ilhas, misturando-se com os jet-skis, lanchas e veleiros (Figura 37). Há também

os ferry boats que possibilitam acesso às cidades de Joinville e São Francisco do Sul.

Figura 37. Nascer do sol na Baía da Babitonga. Fonte: Prefeitura de Itapoá.

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Turismo Rural

As principais atividades compreendidas nessa categoria, localizadas dentro das

comunidades rurais do município de Itapoá, são os pesque-pague, cachoeiras e

piscinas naturais, além do contato com as famílias das propriedades rurais, que

através de histórias e da vivência dos visitantes em atividades típicas como colheita

e ordenha contribuem com a experiência de vida no campo.

A partir da compilação das atividades turísticas do município e diante da

enumeração de vários locais de beleza cênica, percebe-se a vocação para o

ecoturismo na região de Itapoá. Através da implantação das devidas políticas de

proteção da Mata Atlântica pode-se investir nesse tipo de atrativo para a população

local e flutuante, de maneira compatível com um dos principais objetivos do PMMA,

que é a manutenção da biodiversidade.

A visitação a Unidades de Conservação é uma tendência crescente, visto que

no ano de 2016 foi registrado um aumento de 320% no número de visitantes nas

unidades geridas pelo ICMBio, no período compreendido entre os anos de 2006 e

2015. Itapoá possui vastas áreas verdes, em bom estado de preservação, que

poderiam ser convertidas em novos parques e hortos florestais.

Além dessas modalidades de área verde, convém destacar os benefícios das

praças públicas: funcionam como local de atividades educativas; contribuem com

uma ruptura da paisagem, apresentando uma área visualmente diferente da

sequência de edificações; estimulam o convívio da comunidade local; têm grande

importância ecológica quando arborizadas, embelezando o espaço, mantendo a

permeabilidade do solo, evitando ilhas de calor, melhorando a qualidade do ar e

servindo como trampolim ecológico para a fauna local.

Visto que atualmente a cidade não possui nenhuma praça com áreas verdes

com infraestrutura que atenda à população, somente espaços destinados à

implantação das mesmas, salienta-se a importância de concretizar tais projetos,

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visando o bem-estar e a sadia qualidade de vida da população, além da preservação

do meio ambiente.

III.I.X. Indicação de áreas definidas como prioritárias para conservação

A proposta do novo Zoneamento Ecológico Econômico Municipal – ZEEM,

Projeto de Lei n.º 08/2018, divide o território municipal em zonas, de acordo com as

necessidades de proteção, conservação e recuperação dos recursos naturais e do

desenvolvimento sustentável. As tipologias das zonas são classificadas levando em

conta a importância ecológica, as limitações e fragilidades dos ecossistemas,

estabelecendo vedações, restrições e alternativas de exploração do território. Em

consulta ao mapa do ZEEM, verifica-se as seguintes áreas que devem ser

consideradas prioritárias para a conservação:

Zona de Preservação Permanente (ZPP): área à direita da Estrada Cornelsen, no

sentido Itapoá-Guaratuba, entre os rios Saí Mirim e Saí Guaçu; área na porção

noroeste, partes a oeste e a sudoeste do município; faixas de preservação ao

longo dos rios, córregos e nascentes definidas por Lei Federal, Estadual e

Municipal; encostas, topos de morros, áreas no entorno de nascentes e de olhos

d’água perene, conforme legislação federal pertinente; restingas, como fixadoras

de dunas ou estabilizadoras de mangues; manguezais em toda sua extensão.

Zona Especial de Unidades de Conservação (ZEUC): áreas representadas pela

Reserva Particular do Patrimônio Natural Fazenda Palmital e Fazenda Santa Clara,

que compõem a Reserva Volta Velha; e pelo Parque Natural Municipal Carijós.

Zona de Uso Restrito (ZUR): margem esquerda da Estrada Cornelsen, no

sentido Itapoá-Guaratuba, florestas e demais formas de vegetação situadas nas

encostas ou partes destas com declividade entre 30 e 44% na linha de maior

aclive; áreas de transição adjacentes a ZPP; áreas de amortecimento das

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atividades retroportuárias e zonas residenciais; terrenos alagadiços sujeitos a

inundações (Prefeitura Municipal de Itapoá, 2018).

O Ministério do Meio Ambiente definiu algumas áreas para o Bioma Mata

Atlântica, sendo uma delas no município limítrofe, Guaratuba, e a outra englobando

a Baía da Babitonga e Itapoá propriamente dita (Figura 38).

Figura 38 - Áreas Prioritárias para Conservação. Fonte: MMA, 2007.

A área Barra do Saí Guaçu definida pelo MMA como prioritária para

conservação, coincide com a área prevista pelo ZEEM como Zona de Preservação

Permanente. Os atributos abióticos, bióticos e estéticos, tornam primordial garantir a

preservação do local, como forma de proteger a diversidade biológica, disciplinar o

processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade dos recursos naturais.

Outra área com potencial para a conservação é a Zona de Uso Restrito, que

tem como um dos objetivos atuar como zona de amortecimento entre as zonas

retroportuária e urbana e entre a zona de amortecimento e Zonas de Preservação

Permanente, contribuindo assim para o bem-estar da população e amenizando os

impactos das atividades desenvolvidas nesses locais.

As grandes áreas destinadas à conservação ganham maior importância

ecológica se interligadas entre si por meio de corredores ecológicos, pois reduzem

a fragmentação, mantendo ou restaurando a conectividade da paisagem,

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possibilitam o deslocamento de espécimes da fauna, facilitando o fluxo genético

entre as populações e atuam, também, como zonas de amortecimento (Ministério

do Meio Ambiente). Assim, é de suma importância a criação de corredores que

liguem a futura APA entre os rios Saí Mirim e Saí Guaçu, o mangue associada à foz

dos rios Pequeno e Jaguaruna e a Zona de Uso Restrito supracitada, ao

remanescente florestal da região central do município, constituído pelas Unidades

de Conservação já instituídas, RPPN Fazenda Palmital, PNM Carijós e área referente

à compensação ambiental do Porto.

III.I.XI. Terras públicas

Em 1962 Itapoá é elevada a categoria de distrito do novo município de

Garuva e em 1989 foi emancipada, pela Lei Estadual nº 7.586, de 26 de abril de

1989.

Desta forma, entre os anos de 1959 e 1989, houve, por parte de São

Francisco do Sul e Garuva, a aprovação de 61 Loteamentos no distrito de Itapoá,

cujo a legislação da época, em especial a Lei Municipal de Garuva nº 2/66, que

regulamenta os loteamentos dentro da área urbana turística do Município e as áreas

que no futuro forem loteadas, não obrigava os loteadores a deixar áreas verdes e

outros equipamentos públicos, sendo que estas normas apenas foram impostas com

a Lei Federal nº 6766/79 e, posteriormente, as áreas de manutenção, conforme a Lei

Federal nº 11.428/2006. Consequentemente, apenas os loteamentos aprovados após

a Lei Federal 6766/79 mantiveram, ao menos nos registros físicos, as devidas áreas

verdes. Entretanto ao longo dos anos através de ações municipais, principalmente

no setor tributário, ou através de processos de adjudicação, o município adquiriu

diversos imóveis que encontram-se devidamente patrimoniados, sendo que alguns

destes imoveis são considerados prioritários para criação de parques municipais,

como por exemplo, o imóvel sob cadastro 405205, matrícula 22.552, patrimônio

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10464 – Quadra ARE, Lote 00 onde se localiza-se a Apremai-Barra do Saí (Figura 39).

Figura 39. Matrícula 22.552, área situada nos Fundos da Associação

Apremai Barra do Sai.

Importante destacar que o histórico de implementação desordenada dos

loteamentos em Itapoá, associado a falta de informações claras quanto a antigas

transações de propriedades públicas a terceiros e a ausência de sistematização de

dados patrimoniais torna esse processo de análise de terras públicas extremamente

complexo. Neste sentido, e considerando a complexidade deste contexto, é

importante que seja feito um estudo específico e detalhado sobre esta temática

para avaliar quais áreas, de fato, são de dominialidade pública.

III.I.XII. Viveiros existentes e outras iniciativas

A cidade de Itapoá possui apenas um indivíduo nativo caracterizado como

relevante, a Figueira centenária localizada no Pontal. O gênero Ficus, por possuir

indivíduos com raízes agressivas, não é indicado para ser plantado próximo a

construções, muros e calçamentos, assim seu plantio é recomendado na arborização

urbana em praças e áreas que possuam amplo espaço. Portanto, eleger a Figueira

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como árvore matriz para coleta de sementes é possível, porém deve-se atentar à

destinação final do plantio de indivíduos oriundos dessa matriz.

Diante da ausência de mais indivíduos relevantes passíveis de seleção como

matrizes para obtenção de sementes destinadas aos trabalhos de recuperação de

áreas degradadas e áreas de risco, fica recomendada segundo a Embrapa Florestas

a coleta de sementes de indivíduos sadios, distanciando 100 metros entre si, em

populações diferentes e com mistura de sementes das matrizes para produção de

mudas. É importante que sobrem sementes nas matrizes para alimentação da fauna

e para a perpetuação da própria espécie em seu ambiente. Recomenda-se escolha

de áreas dentro do município para coleta, pois elas apresentarão espécies nativas

endêmicas, incorrendo em maior sucesso no processo de recuperação de áreas

degradadas devido a utilização de indivíduos adaptados ao ambiente.

Como exemplos de viveiros implantados/planejados para o município, o Poder

Público Municipal, através do Plano de Manejo, prevê a implantação de um viveiro

de mudas nativas no Parque Municipal Carijós, equipamento essencial para

elaboração do projeto de seleção e cultivo de espécies dos ecossistemas existentes

para fins ornamentais e adensamento de remanescentes florestais, selecionando

indivíduos dentro do próprio parque como matrizes de sementes para produção das

mudas. Estas mudas serão utilizadas na recuperação de áreas degradadas,

principalmente as localizadas no Parque, e com o objetivo de incentivar a utilização

de espécies nativas ao invés do uso de espécies exóticas ornamentais na

arborização, com o intuito de valorizar o uso de plantas nativas da Floresta

Ombrófila Densa para paisagismo.

Dentro da Reserva Volta Velha, ao lado do Centro de Referência em Estudos

de Florestas Costeiras (CREFC), foi construído pelo Porto Itapoá um Viveiro Florestal

Educador, sendo ele a base física do Projeto Itapoá Sempre Verde. Esse projeto,

parte integrante do Plano Básico Ambiental da expansão do porto, foi

desenvolvidoe em parceria com a Associação de Defesa e Educação Ambiental

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(ADEA), sendo incluído às atividades de educação ambiental que a entidade já

realiza na reserva.

III.II. VETORES DE DESMATAMENTO OU DESTRUIÇÃO DA

VEGETAÇÃO NATIVA

III.II.I. Demografia

Itapoá possui uma população estimada pelo IBGE em 2017 de 19.355

habitantes distribuídos em uma área de 256,1 km2, condição que lhe confere uma

densidade demográfica de 59,43 habitantes por km2, a 86ª maior densidade

catarinense, sendo que durante a alta temporada, compreendida entre os meses de

dezembro a fevereiro, a população flutuante chega a atingir, aproximadamente, 200

mil pessoas. De acordo com dados do último Censo Demográfico realizado em

2010 – pelo IBGE – 96,0% da população Itapoaense residia em áreas urbanas. Neste

mesmo ano, os homens representavam cerca de 50,4% da população e as mulheres,

49,6%, ressaltasse ainda que Itapoá em 2015 foi segundo município que mais

cresceu em termos habitacionais em Santa Catarina. De acordo com o IBGE, sua

taxa de crescimento foi de 3,5% devido a instalação do porto e das empresas que

atuam no seu entorno.

O Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico, PMISB realizou

apontamento da evolução das taxas de crescimento anual da população urbana e

rural do Município de Itapoá, entre os anos de 1991 e 2015 (Tabela 09).

Tabela 09: Taxas de crescimento anual da população de Itapoá. Fonte PMISB 2015.

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É oportuno salientar que o PMISB, também realizou a projeção da população

residente fixa para um período entre 2013 e 2042, onde conforme tabela 62 do

estudo a população fixa no município para o ano de 2042, em um dos cenários,

poderá ser de 34.020 habitantes, distribuídos nos balneários do Município.

A Lei Municipal nº 679, de 17 de outubro de 2016, em seus artigos 2º e 5º,

define que o município de Itapoá fica dividido em área urbana e área rural (Anexo

VII.I – Mapa Limite Municipal).

III.II.II. Questões fundiárias

Na década de 1950, Itapoá ainda pertencia ao Município de São Francisco do

Sul e eram três as aglomerações populacionais: Colônia da Barra do Saí (ao norte da

localidade); Colônia de Itapema (ao centro); Colônia do Pontal (confrontando com

São Francisco do Sul), comunidades de pescadores artesanais, existentes até os dias

atuais. A ligação por terra e o crescimento dos núcleos populacionais, bem como as

dificuldades por parte da Administração de São Francisco em atender às

necessidades da comunidade, resultou na formação de um movimento popular pela

emancipação de Garuva e Itapoá.

Em 1962, Itapoá é elevada a categoria de distrito do novo município de

Garuva. Em 1963, tem início o projeto de construção de um segundo acesso a

Itapoá. Após alguns anos inicia-se outra nova fase político-administrativa, marcada

pelo movimento de emancipação de Itapoá, culminando no pedido protocolado na

Assembleia Legislativa de Santa Catarina no dia 14 de maio de 1984. Depois de dois

plebiscitos realizados em outubro de 1987 e em 4 de setembro de 1988, a

emancipação de Itapoá é alcançada, garantida pela Lei Estadual nº 7.586, de 26 de

abril de 1989.

Desta forma entre os anos de 1959 e 1989 houve, por parte de São

Francisco do Sul e Garuva, a aprovação de cerca de 61 loteamentos no distrito de

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Itapoá, cujas implantações vem ocorrendo até as datas atuais, sendo que muitos

ainda são totalmente prístinos. Após a emancipação do Município em 1989, ocorreu

a aprovação e implantação de outros loteamentos, no intuito de se providenciar a

regularização territorial municipal, bem como adequar os loteamentos já existentes

às normas estaduais e federais em vigência. O primeiro passo se deu através da

criação da Lei Municipal 149 de 04 de março de 1999, que institui a delimitação do

perímetro urbano do Município de Itapoá, substituída em 2003 pela Lei

Complementar Municipal 001/2003, de 21 de julho de 2003. No ano de 2008 houve

novamente a necessidade de readequar o perímetro urbano, sendo então

implantado através da LCM 204/2008, recentemente alterado pela Lei 679 de 17 de

outubro de 2016, onde de acordo com os Art. 2º e Art. 5º e conforme Anexo VII.I:

Art. 2º O município de Itapoá fica dividido em área urbana e área rural, conforme mapa

em anexo.

§ 1º A área urbana de Itapoá corresponde à área descrita no artigo 4º desta Lei.

§ 2º A área rural do Município de Itapoá corresponde à área total do município excluída a

área urbana.

...

Art. 5º A Área Urbana consolidada é aquela que tem constituição residencial ou

comercial/industrial definida através do anexo I desta Lei.

Outra ferramenta elaborada pelo Poder Executivo para o desenvolvimento

municipal é a Lei Complementar 048/2016, que institui o Plano Diretor Municipal,

estabelecendo objetivos, diretrizes e instrumentos para ações de planejamento no

Município de Itapoá.

Possui definições para a organização territorial com destaque para os Art. 70

e 71.

Art. 70. A organização territorial é a expressão espacial das políticas públicas urbanas e

setoriais, com o objetivo de alcançar o desenvolvimento equilibrado do município,

consistindo na organização e controle do uso e ocupação do solo no território municipal,

de modo a evitar e corrigir as distorções do processo de desenvolvimento urbano e seus

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efeitos negativos sobre o meio ambiente, o desenvolvimento econômico e social e a

qualidade de vida da população.

§1º. A organização territorial abrange todo o território municipal, envolvendo áreas

urbanas e áreas rurais.

§2º. A lei específica de uso e ocupação do solo complementa o disposto neste título.

Art. 71. Constituem objetivos gerais da organização territorial:

I. Definir o perímetro urbano;

II. Organizar o controle do uso e ocupação do solo nas áreas urbanas e rurais;

III. Definir áreas especiais que, pelos seus atributos, são adequadas à implementação de

determinados programas de interesse público ou necessitam de programas especiais de

manejo e proteção;

IV. Definir diretrizes viárias;

V. Promover a adequação sistema viário, compatibilizado com o uso e ocupação do solo;

VI. Qualificar os usos que se pretendem induzir ou restringir em cada área da cidade;

VII. Promover o adensamento compatível com a infraestrutura em regiões de baixa

densidade e/ou com presença de áreas vazias ou subutilizadas;

VIII. Identificar, preservar e recuperar as regiões de interesse histórico, paisagístico, cultural

e ambiental;

IX. Urbanizar e qualificar a infraestrutura e a habitabilidade nas áreas de ocupação

precária;

X. Combater e evitar a poluição e a degradação ambiental; e

XI. Integrar e compatibilizar o uso e a ocupação do solo entre a área urbana e a área rural

do Município.

Conforme o Livro “Memórias históricas de Itapoá e Garuva”, de autoria do

professor Vitorino Paese, o município de Itapoá foi habitado historicamente pelos

índios carijós. Depois dos índios, o autor relata moradores, tanto do lado sul, como

do lado norte, por volta dos anos de 1750. É importante destacar que nesta época

não havia ainda a divisão com os municípios vizinhos, contudo, até 1964, Itapoá

ainda se integrava territorialmente ao município de São Francisco do Sul. Até

meados de 2010, tinha na agricultura familiar, uma das principais fontes de renda

do município, com o plantio de arroz, eucalipto, mandioca, e com destaque na

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região, ao cultivo de banana.

Com o desenvolvimento municipal e normatização legal, foi firmado um

convênio com o Sindicato Rural Municipal, hoje denominado Sindicato dos

Trabalhadores e Familiares Rurais, com o objetivo de implantar as ações do Plano

de Desenvolvimento Agrícola, que decorreu na criação da Secretaria de Agricultura

e Pesca do Município, com a finalidade de maior suporte aos agricultores,

organizado a partir e por meio da publicação da Lei Municipal 088/2002, como

forma de incentivar a agricultura familiar.

Considerando a necessidade de agregar informações da atual situação da área

rural municipal e, principalmente, realizar ações pela regularização fundiária local, o

novo Plano Diretor Municipal, publicado com a Lei 048/2016, traz na Seção X em

seus artigos 59 e 60 metas e objetivos que direcionam ao atendimento destas

necessidades.

A implementação desta norma é de suma importância para o desenvolvimento

da agricultura local. Conforme o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea,

que realizou um levantamento da produção agrícola dos municípios, foi apontado

que até 2010 apenas 0,89% (zero vírgula oitenta e nove por cento) do território

Municipal era utilizado para a agricultura (Figura 40).

Figura 40. Percentual da área territorial com plantação. Fonte IPEA.

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Conforme dados fornecidos pela Epagri – Empresa de Pesquisa Agropecuária e

Extensão Rural de Santa Catarina, o município de Itapoá possui 182 propriedades

rurais das quais 165 estão inscritas no Cadastro Ambiental Rural (CAR). Segundo a

Secretaria Estadual de Desenvolvimento Sustentável – SDS, a maior parte das

propriedades tem no máximo 25 hectares, desenvolvendo atividades ligadas a

fruticultura (banana), rizicultura, olericultura e silvicultura. A grande maioria das

propriedades tem cobertura vegetal nativa maior que aquelas exigidas por lei.

O Serviço Florestal Brasileiro (SBF), órgão vinculado ao Ministério do Meio

Ambiente, em parceria com a Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio

Ambiente – ANAMMA, está organizando uma série de dados que foram declarados

pelos proprietários rurais por meio do Cadastro Ambiental Rural – CAR, para auxiliar

no planejamento e regularização fundiária dos municípios, que terão a missão de

colaborar para a realização dos Programa de Regularização Ambiental – PRA, agora

em sua nova fase de aplicação do instrumento previsto no Código Florestal. Estes

dados consistem no resultado das declarações realizadas por município e servirão

para análise sobre o número total de áreas que possuem o cadastro, área total de

Reservas Legais – RLs, e Áreas de Preservação Permanente – APPs, nascentes

declaradas, assim como áreas objeto de regularização diante do previsto exigido no

cadastro (Figura 41).

Os cadastros realizados em Itapoá disponíveis atualmente no Sistema de

Cadastro Ambiental Rural – SICAR, identificam grandes propriedades no município,

o que facilitará futuras ações em função da regularização destas unidades, inclusive

estando disponíveis na plataforma, demonstrativos e shapes files de cada

propriedade que realizou o CAR.

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Figura 41. Plataforma online do SICAR, apresentando os imóveis em Itapoá que já possuem

registrados no CAR. Fonte: www.sicar.gov.br.

A falta de regularização ambiental dos loteamentos hoje existentes na cidade

de Itapoá é um dos grandes problemas que acarretam no desmatamento ilegal na

cidade. Segundo definição do Ministério Público de Santa Catarina, um loteamento

irregular é aquele aprovado pelo poder público e/ou registrado no registro de

imóveis que não atende às exigências da Lei de Parcelamento do Solo nº 6.766/79.

Sendo assim, fica a cargo dos donos dos lotes regularizarem seus próprios terrenos,

gerando na maioria dos casos insatisfação e muitas vezes desobediência da lei,

implicando na falta de manutenção das áreas verdes previstas. Cabe ressaltar que a

regularização dos loteamentos é de responsabilidade do loteador, e tendo em vista

que a grande maioria deles foi aprovado nas décadas de 60 e 70, quando Itapoá

ainda pertencia ao município de Garuva, os pedidos de entrada para licenciamento

de tais áreas são escassos, sendo considerados onerosos ou não-interessantes para

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os espólios dos empreendedores.

Outro problema relacionado ao uso e ocupação do solo é a existência de

muitas áreas clandestinas, tanto rurais quanto urbanas, que não foram aprovadas

nem registradas em cartório, porém são vendidas da mesma maneira, acarretando

no desmatamento ilegal e crescente em locais indevidos e não previstos pelo poder

público. As invasões em áreas públicas, muitas delas destinadas à conservação do

meio ambiente, são outra questão que impacta negativamente a Mata Atlântica. A

ocorrência dessas invasões atualmente é maior ao longo do rio Saí Mirim,

acarretando na diminuição da qualidade da água do curso d´água, através do

carreamento de sedimentos devido à exposição do solo que deveria ser mantido

por tratar-se de APP e da contaminação de suas águas, de maneira direta através da

ligação do sistema sanitário ao deságue dos rios ou indiretamente através da

infiltração de contaminantes no lençol freático.

III.II.III. Infraestrutura

A mesorregião Norte Cartaginense está dividida em três microrregiões:

Canoinhas, São Bento do Sul e Joinville. O município de Itapoá integra esta última

unidade territorial juntamente dos municípios de Araquari, Balneário Barra do Sul,

Barra Velha, Garuva, Joinville, São Francisco do Sul e São João do Itaperiú.

O município de Itapoá está situado na divisa do Estado de Santa Catarina

com o Estado do Paraná, distante 130 quilômetros de Curitiba e 88 quilômetros de

Joinville, principal cidade polo do nordeste catarinense, e a 250 quilômetros de

Florianópolis, a capital do estado, tendo como principais rodovias de acesso a BR-

376 (Curitiba-Garuva), a BR-101, a rodovia estadual SC-417, e a rodovia estadual SC-

416, que conecta a SC-417 ao Município de Itapoá.

O principal acesso é pela rodovia BR-101. Ao entrar no município de Garuva,

toma-se o caminho em direção a Guaratuba (PR) pela Rodovia SC-412. Após cerca

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de 10 km rodados, há um trevo de acesso à Estrada SC-415, que dá acesso direto

ao centro do município e ao Porto Itapoá. Uma alternativa é seguir a Rodovia SC-

412 até o trevo da Polícia Rodoviária do Estado do Paraná e entrar na Estrada

Cornelsen, que dá acesso direto ao Balneário Barra do Saí (Figura 42).

Figura 40. Localização de Itapoá e seus acessos rodoviários.

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Há também uma terceira alternativa de acesso. Essa rota inicia dentro de

Joinville, rumo à localidade do Gilbraltar. Ao pegar o Ferry Boat, chega-se à Vila da

Glória. A partir daí e só curtir o visual deslumbrante da Baía da Babitonga até

chegar em Itapoá, na localidade da Jaca. Para seguir até o centro do município,

deve-se pegar então a Estrada SC-415, que liga a área rural de Itapoá com a

urbana. O acesso também pode ser feito pelo mar na Latitude 26°07'01", Longitude

48°36'58".

III.II.IV. Aspectos Econômicos

A definição das principais atividades econômicas do município foi embasada

na obra “Itapoá em Números – Edição 2017”, documento elaborado pelo SEBRAE/SC

e que reúne compilação de dados estatísticos e informações levantadas por fontes

oficiais de órgãos do Governo Estadual e da União acerca do panorama

socioeconômico da cidade de Itapoá. Dentre os vários levantamentos apresentados

no estudo há a caracterização do setor primário e das atividades econômicas da

cidade, identificando quais seriam as mais estratégicas para o município.

De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego, no ano de 2015

Itapoá apresentava 921 estabelecimentos totalizando 3.342 empregos formais,

sendo que 1,4% dos estabelecimentos estavam ligados à agropecuária, 13,5% à

indústria, 40,2% ao comércio e 45% ao setor de prestação de serviços, sendo as

micro e pequenas empresas representantes de 99,6% do total de estabelecimentos

fixados no município.

O levantamento das empresas mostrou que o segmento de atividade

econômica mais representativo em número de estabelecimentos é o “comércio e

reparação de veículos automotores e bicicletas”, com 370 instalações, seguido da

atividade de “alojamento e alimentação”, contando com 127 instalações. No

entanto, observa-se que as duas atividades apresentaram queda em comparação ao

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ano de 2010, de 21,9% no primeiro segmento e de quase 50% no segundo.

O segmento que teve maior crescimento percentual nesse período de 5 anos

foi o de “atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados”, com 19

instalações (aumento de 375% em comparação ao ano de 2010, onde apresentava

somente 4 estabelecimentos), seguido pelo setor de “atividades imobiliárias”,

contando com 28 instalações em 2015 (aumento de 211,1% em comparação ao ano

de 2010, onde apresentava 9 estabelecimentos), e do setor de “transportes,

armazenagem e correio”, que além da alta porcentagem acumulada no estoque de

empresas figura como o maior estoque de empregos no ano de 2015, sendo

responsável por empregar 972 pessoas. O setor de “construção” também se destaca

por aparecer como quarto em empresas que contam com o maior número de

estabelecimentos na cidade, porém, ao contrário do primeiro e segundo colocados,

continua em crescimento, estando também na quarta colocação no ranking de

porcentagem acumulada de estoque de empresas (Tabela 10 e 11).

Tabela 10. Estoque de empregos, segundo seçõoes de atividades

ecônomicas. Fonte: Itapoá em numeros.

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Tabela 11. Estoque de empregos, segundo seçõoes de atividades

ecônomicas. Fonte: Itapoá em numeros.

No que diz respeito à agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e

aquicultura, o setor primário respondeu por 2,3% do PIB municipal no ano de 2014,

número baixo se comparado à arrecadação de 54,7% correspondente ao segmento

de prestação de serviços e aos 29,6% ligados à administração pública e impostos.

Segundo delineamento feito pelo SEBRAE/SC definindo quais itens deste setor

mostram-se economicamente mais estratégicos para o município, chegou-se a

quatro produtos de destaque: o plantio de palmito, banana, pinus e eucalipto. Com

relação a lavouras temporárias, destacam-se os cultivos de arroz e mandioca, e

quanto à pecuária, o destaque são os rebanhos de gado leiteiro e de corte,

explorada por pequenos produtores, sendo irrelevante nos índices de produção no

estado de Santa Catarina (Figura 43).

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Figura 43. Principais itens de produção do setor agropecuário de Itapoá. Fonte IBGE, 2015.

Também há na cidade o exercício da pesca artesanal, porém a atividade

atende somente o mercado local. Vale ressaltar que o índice de Valor Adicionado

Fiscal (VAF, espelho da vida econômica de uma cidade) relacionado ao setor de

produção agrícola apresentou um decréscimo entre os anos de 2010 e 2015,

mostrando que o município não apresenta vocação para o setor devido aos valores

cada vez menos expressivos de arrecadação econômica, resumindo-se, em sua

maioria, apenas a atividades de subsistência.

Quanto aos segmentos econômicos determinados como estratégicos pelo

SEBRAE/SC, com relação ao volume de empresas, quantidade de empregos e valor

adicionado, destacam-se logística, comércio varejista e alimentação.

O setor de logística ganha evidência principalmente nas atividades de

transporte rodoviário de cargas, armazenamento e atividades auxiliares dos

transportes, graças ao Porto Itapoá. No ano de 2011 o porto iniciou suas operações,

tornando-se referência na movimentação de cargas conteinerizadas. Hoje encontra-

se em expansão, pretendendo atingir a marca de movimentação de 2 milhões de

TEUs (medida-padrão utilizada para calcular o volume de um contêiner) por ano. O

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Porto insere-se distante do perímetro urbano da cidade, com ligação direta à BR

101 e possuindo uma área de 12 milhões de m² destinada a receber

empreendimentos relacionados, definida pelo Plano Diretor Municipal. Essa área

permitiu o estabelecimento de empresas de terminais retroportuários, instalações

que executam serviços e controles aduaneiros (quando alfandegado) para facilitar o

trânsito e a logística do terminal portuário, evitando a sobrecarga de

armazenamento de contêineres deste.

No setor de varejo destaca-se o comércio de materiais de construção, que

apresenta alto VAF e alto número de empresas e empregos. Segundo Censo

Demográfico do IBGE realizado no ano de 2010, houve crescimento da população

urbana de Itapoá, graças à migração, passando a população de 8.839 habitantes no

ano de 2000 para 14.763, um crescimento percentual de 67%. Consequentemente

houve aumento na demanda por domicílios, comprovado pelo levantamento do

número de casas construídas para moradores fixos, que passaram de 9.626 para

15.772 num período de dez anos. Ainda não há dados concretos, os quais serão

apresentados no censo de 2020, mas estima-se que no período compreendido entre

2011 e os dias atuais tenha havido grande crescimento impulsionado pela vinda do

porto e dos empreendimentos derivados dessa atividade. Segundo o Instituto,

estima-se que a população fixa no ano de 2017 tenha sido de 19.355 habitantes,

sendo Itapoá uma cidade em franca expansão.

No setor de alimentação, destacam-se os restaurantes e serviços de

alimentação e bebidas, graças à vocação turística do município. A costa de Itapoá

proporciona 100% de balneabilidade aos visitantes, recebendo na alta temporada

(dezembro a fevereiro) cerca de 200 mil veranistas. O turismo é uma atividade que

economicamente contribui com diversos setores, principalmente o comercial,

refletindo na arrecadação do município. Nesse caso, conforme mostra as estatísticas,

para o perfil da população flutuante de Itapoá o segmento comercial de maior

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importância é o alimentício.

Sendo assim, conclui-se que as principais atividades econômicas desenvolvidas

em Itapoá são a construção civil, o turismo (que reflete-se em atividades como os

do setor alimentício, como dito anteriormente) e as atividades portuárias, sendo as

micro e pequenas empresas as de maior representatividade em número de

estabelecimentos. O porto é um dos maiores disponibilizadores de empregos da

cidade, incluindo os indiretos, considerando a demanda crescente por terminais

retroportuários, perdendo apenas pra a Prefeitura Municipal de Itapoá. Segundo o

Departamento de Recursos Humanos da PMI, no ano de 2017 foram registrados 722

empregos diretos relacionados à gestão municipal, sem considerar os empregos

indiretos, como prestação de serviços terceirizados.

De acordo com os dados levantados no item relacionado às principais

atividades econômicas do município, chegou-se a três destaques como segmentos

estratégicos, devido ao crescimento apresentado e previsto como potencial:

atividades portuárias, construção civil e turismo.

Para as atividades portuárias, que englobam os terminais portuário e

retroportuários, o impacto mais visível diz respeito à remoção de vegetação para

implantação dos empreendimentos. O mesmo impacto está de alguma maneira

presente no segmento da construção civil, prova concreta do crescimento de Itapoá,

visto na demanda pelas construções dos terminais acima referidos e de residências

(sendo esta última diretamente relacionada com o crescimento do setor imobiliário).

A expansão urbana decorrente dessas duas atividades econômicas leva à conversão

de áreas verdes, que se feita de maneira desordenada e sem planejamento, tende a

provocar contaminação do solo e dos recursos hídricos, comprometendo o

abastecimento urbano. A impermeabilização do solo é outro aspecto decorrente da

supressão, acarretando em impactos como formação de ilhas de calor, aumento de

chuvas torrenciais e redução de áreas de infiltração da água da chuva. A

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fragmentação das áreas verdes acarreta também na diminuição dos habitats e

isolamento de espécies, contribuindo com a perda da biodiversidade. Cabe ressaltar

que a legislação municipal prevê uma área destinada a essas atividades, atenuando

o que poderia resultar numa ocupação desordenada, porém a Zona Retroportuária

contempla 12 milhões de m², e as áreas destinadas aos loteamentos estão quase

completamente instituídas mas não totalmente ocupadas, encontrando-se ambas

em grande parte vegetadas e bem preservadas. Diante do exposto retorna-se ao

problema anteriormente citado de uso e ocupação do solo, a respeito da

regularização destes loteamentos, e o impacto que os desmatamentos ilegais

podem causar ao bioma em que se encontram inseridos.

No que diz respeito ao turismo, os principais impactos decorrentes do

drástico aumento da população flutuante no período de alta temporada e feriados

são os incrementos na geração de resíduos, no tráfego de veículos e na pressão

sonora, além de acarretar em grande pressão nos serviços públicos como coleta de

lixo e fornecimento de água e energia. É notável o aumento da presença de lixo

disperso nas ruas e nas praias após a passagem das datas comemorativas, sendo

este um impacto danoso para o ecossistema marinho, uma fonte de disseminação

de doenças e causa de prejuízo à navegação e à pesca. Particularmente, no que diz

respeito ao setor de alimentação, principalmente restaurantes e comércio de

alimentos e bebidas, apontado como um dos segmentos estratégicos pelo

SEBRAE/SC, podem ser considerados como uma fonte poluidora a destinação

incorreta dos resíduos sólidos, como os resquícios de alimentos, e a

instalação/funcionamento incorreto da fossa séptica, acarretando na contaminação

do solo e das águas, contribuindo com a diminuição da qualidade dos recursos

hídricos que são despejados no mar, comprometendo a balneabilidade das praias.

Vale destacar que, mesmo não sendo representativas para a economia do

município, as atividades referentes ao setor agropecuário, até mesmo as pequenas e

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de subsistência como na maioria dos casos em Itapoá, podem ser fonte de impactos

ambientais pela remoção de vegetação a montante dos mananciais,

comprometendo o restante do curso do rio e a qualidade de suas águas,

semelhante às demais atividades citadas ao longo do tópico.

III.II.V. Impactos decorrentes de outras causas

Por uma questão cultural, a população residente de Itapoá considera a

queimada um meio de manter os terrenos “limpos” ou de acabar de maneira rápida

com as folhas secas que acumulam em suas casas. No entanto, essa prática é uma

das fontes de emissão de dióxido de carbono, gás que contribui com o efeito estufa

e consequentemente com o aquecimento global. Quando efetuada em área rural,

com o objetivo de preparo da terra para culturas agrícolas, as queimadas podem

acabar se alastrando de maneira descontrolada, atingindo os remanescentes

próximos, acarretando na destruição do fragmento, o solo que o compõe e a fauna

que o habita.

Outra forma de impacto negativo causado ao meio ambiente, como já citado

anteriormente, decorre da falta de tratamento de esgoto em Itapoá, gerando a

possibilidade de contaminação do lençol freático, através da falta de manutenção

ou implantação imprópria do sistema de fossa séptica ou através da descarga de

esgotos diretamente nos córregos do município, através de ligações clandestinas

com a rede de drenagem pluvial.

III.III. CAPACIDADE DE GESTÃO

III.III.I. Gestão ambiental

Objetivando o fortalecimento da gestão ambiental municipal, a Prefeitura de

Itapoá vem trabalhando para consolidar os três pilares que sustentam esta temática:

Órgão Ambiental Municipal, Conselho de Defesa do Meio Ambiente e Fundo de

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Meio Ambiente.

O Órgão Ambiental Municipal vem passando por uma série de adequações no

que diz respeito a legislação vigente, a sua estrutura física e de recursos humanos, e

aos seus procedimentos.

Criada em 06 de março de 2017 (Lei nº 052/2017), a Secretaria de Meio

Ambiente de Itapoá (SEMAI) tem como missão promover a adoção de princípios e

estratégias para o conhecimento, a proteção e a recuperação do meio ambiente, o

uso sustentável dos recursos naturais, a valorização dos serviços ambientais e a

inserção do desenvolvimento sustentável na formulação e na implementação de

políticas públicas em nível local de forma transversal e compartilhada, participativa e

democrática.

A SEMAI está estabelecida atualmente em sede exclusiva com localização

estratégica, estando próxima ao Paço Municipal e em via principal de fácil acesso ao

público. Possui uma equipe técnica formada por três servidores, sendo uma Bióloga,

uma Engenheira Florestal e um Engenheiro Ambiental. Outros 8 técnicos também

estão à disposição do Órgão Ambiental Municipal para demandas pontuais, através

do Consórcio CimCatarina (Lei nº 723/2017 e suas alterações). O Organograma da

Secretaria é composto pelas posições de Secretário e de Diretor de Departamento.

Os demais setores apresentados na Figura 44 são meramente divisões

administrativas informais estabelecidas para otimizar os processos e serviços

prestados pelo Órgão Ambiental Municipal.

Os desafios atuais são a instrumentalização do órgão ambiental e a

implementação de um sistema integrado de dados e informações ambientais,

buscando dar mais eficiência na atuação da gestão ambiental municipal. Parcerias

com outras entidades e instituições de pesquisa têm sido uma prioridade para o

Executivo, que visa a otimização de esforços e recursos para o atendimento das

suas competências e atribuições legais.

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Figura 44. Organograma do órgão ambiental municipal de Itapoá.

O Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambienta – COMDEMA, criado pela

Lei 162/2007 (alterado pelas Leis 557/2014 e 603/2015), passa por um momento de

revisão de sua legislação e de seu regimento interno na expectativa de tornar mais

efetiva a participação do colegiado na gestão do meio ambiente em Itapoá. O

Plenário do COMDEMA tem composição paritária entre representantes do Poder

Público e entidades da sociedade civil organizada. O Conselho tem dentre as suas

funções a de assessorar e propor diretrizes e políticas municipais de meio ambiente,

manifestar-se sobre a exploração dos recursos naturais existentes no Município,

propor a criação de Unidades de Conservação, e gerir os recursos do Fundo de

Meio Ambiente.

O Fundo Municipal de Meio Ambiente – FMMA, recentemente atualizado (Lei

nº 725/2017), é o instrumento de captação, repasse e aplicação de recursos

destinados a propiciar suporte financeiro para o desenvolvimento de projetos que

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visem o uso racional e sustentável dos recursos naturais existentes no Município,

bem como para as ações que visem a proteção, reparação e melhoria do meio

ambiente, no processo de desenvolvimento econômico e social do Município de

Itapoá e região. Esta alteração legal foi fundamental para desburocratizar o acesso

aos recursos e efetivar a aplicação dos valores, no entanto será muito mais

importante para envolver a sociedade no processo de defesa e preservação meio

ambiente, conforme estabelecido na Constituição Federal.

Para a implementação do PMMA em Itapoá, o Município vislumbra firmar

parcerias com entidades do terceiro setor que historicamente já vem atuando na

causa ambiental no Município, sendo elas a Associação de Defesa e Educação

Ambiental (ADEA), a Associação para Preservação do Mangue da Barra do Saí

(APREMAI), a Fundação Pró-Itapoá e a Associação Vida Preservada. Outras

associações e organizações não governamentais existentes no Município também

apresentam grande potencial para colaborar no processo de consolidação das

estratégias para a gestão do Bioma Mata Atlântica em Itapoá.

III.III.II. Quadro legal em vigor

O arcabouço legal vigente relativo à temática ambiental é composto por

diversos dispositivos legais que, entre outras ações, disciplinam as atividades

geradoras de impactos ambientais, protegem a fauna e a flora, instituem áreas

protegidas, e, também, buscam incentivar a participação da sociedade nas ações

que envolvam a proteção do meio ambiente.

As legislações federais e estaduais que podem interferir no tema estão apresentadas

no Anexo VII.XII. (Legislação relacionada ao PMMA), enquanto que o quadro legal

municipal é apresentado a seguir.

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n.º Legislação Observação

001/1990 Lei Orgânica Impõe ao Poder Público Municipal e à coletividade o

dever de defender e preservar o meio ambiente para as

presentes e futuras gerações; preservar e restaurar os

processos ecológicos essenciais e prover o manejo

ecológico das espécies e ecossistemas; definir espaços

territoriais e seus componentes a serem especialmente

protegidos; proteger a fauna, a flora, as margens dos

rios, manguezais e praias.

126/2002 Cria o Conselho de Defesa do

Patrimônio Cultural de Itapoá

e dispõe sobre a proteção e

preservação do patrimônio

Definir a política municipal de defesa e proteção do

patr imônio cultural, compreendendo os bens móveis e

imóveis, históricos e artísticos, arquitetônicos,

arqueológicos, ambiente natural e documental do

município, que justifiquem o interes s e público em sua

preservação.

162/2007 Dispõe sobre o COMDEMA –

Conselho Municipal de Defesa

do Meio Ambiente

Compete ao COMDEMA: assessorar, propor diretrizes e

políticas municipais; avaliar e se manifestar sobre

planos, programas; propor criação de unidades de

conservação; incentivar a educação ambiental, entre

ouras.

021/2008 Institui o Zoneamento

Ecológico-Econômico

Estabelece critérios de ocupação e utilização do solo;

define macrozonas, áreas e zonas; cria áreas de

proteção importantes, como a de Conservação Hídrica

a fim de proteger o manancial e a de Conservação

Ambiental, com o objetivo de proteger as Ucs

municipais; determina os usos permitidos, permissíveis

e proibidos em cada macrozona e zona.

1205/2010 Aprova o Plano Municipal de

saneamento básico de Itapoá-

SC e dá outras providências

No presente trabalho foi utilizado o PMISB (2015); este

fez o diagnóstico da situação ambiental da água,

esgoto, drenagem e resíduos sólidos; constatou a

crescente implantação de loteamentos ao longo do

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manancial (Bacia Hidrográfica do Rio Saí-Mirim), com

remoção de cobertura vegetal e exposição do solo;

também, a remoção de vegetação na parte superior do

manancial para exploração de terras agrícolas, no

cultivo de espécies exóticas ou pecuária de

subsistência; verificou que existem diversos problemas

relacionados a lançamento irregular de esgoto em

corpos hídricos, comprometendo a qualidade da água,

assim como a presença de braquiárias ao longo de rios

urbanos, como o Mendanha, o que dificulta o

escoamento.

330/2011 Cria o Parque Municipal

Carijós

Fica criado o Parque Natural Municipal Carijós,

localizado no município de ITAPOÁ, no estado de Santa

Catarina, com área de 39,76 hectares, com os objetivos

de preservar os ambientes naturais pertencentes ao

Bioma da Mata Atlântica, em especial os da Floresta

Ombrófila Densa (FOD), possibilitando a realização de

pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades

de educação ambiental, recreação em contato com a

natureza e turismo ecológico.

048/2016 Plano Diretor Princípio do desenvolvimento sustentável; garantia da

qualidade ambiental; ordenar o crescimento urbano;

objetiva proteger o meio ambiente, através, por

exemplo, da recuperação e conservação das matas

ciliares e evitando a ocupação de áreas de inundação e

com declividade acima de 30%; apresenta eixos,

diretrizes e ações da Política Municipal Ambiental;

elenca diversas ações que podem impactar diretamente

no PNMA, como criar e implantar Programa de

Recuperação e Preservação de sítios geológicos, em

especial as restingas e manguezais, criar Ucs, elaborar e

implantar Plano de Arborização Urbana, criação de uma

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APA entre o Rio Saí-Mirim e o Saí-Guaçu, entre outras.

050/2016 Código de Posturas Determina atividades proibidas e respectivas sanções;

prevê a higiene da cidade como um todo, a partir da

proibição do lançamento de resíduos, da queima de

resíduos, conservar os terrenos em perfeito estado e

outros; prevê que o Plano de Arborização deve ser

implementado em 02 (dois) anos a partir da data de

aprovação desta lei; os munícipes são livres para

plantar árvores defronte para os lotes, respeitando as

legislações pertinentes; os munícipes são livres para

plantar árvores defronte para os lotes, respeitando as

legislações pertinentes; para cada remoção de árvore

deve ser prevista a imediata reposição; proíbe atear

fogo em matas, capoeiras, lavouras ou campos alheios;

a derrubada de bosques ou matas nativas depende de

licenças ambientais; proíbe a emissão de alvará de

funcionamento em áreas de preservação ambiental.

676/2016 Dispõe sobre o Zoneamento,

Uso e Ocupação do Solo

Urbano

Proíbe o parcelamento do solo em áreas alagadiças,

nascentes, APPs, mangues dentre outras; prevê 10 (dez)

% do loteamento como sendo de área verde,

preferencialmente nativa, e espaços livres; exige o

licenciamento ambiental.

679/2019 Dispõe sobre a Delimitação

do Perímetro Urbano

Delimita o perímetro urbano e rural. A partir desta

definição tem-se consequências nas autorizações de

corte.

682/2016 Dispões sobre o Parcelamento

do Solo

Define Área Verde, APP; os loteamentos deverão ter

10% para espaços livres e áreas verdes; determina que

as áreas verdes devem ser preferencialmente

constituídas por vegetação nativa.

725/2017 Cria o Fundo Municipal do

Meio Ambiente (FMMA)

De natureza contábil, instrumento de captação, repasse

e aplicação de recursos destinados a propiciar suporte

financeiro para o desenvolvimento de projetos que

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visem o uso racional e sustentável dos recursos naturais

existentes no Município, bem como para as ações que

visem a proteção, reparação e melhoria do meio

ambiente, no processo de desenvolvimento econômico

e social do Município de Itapoá e região; os recursos

do Fundo Municipal do Meio Ambiente serão aplicados

em projetos, programas, estudos e atividades para a

melhoria da qualidade do meio ambiente de Itapoá e

região, propostas pela Secretaria de Meio Ambiente e

aprovados pelo Conselho Municipal de Defesa do Meio

Ambiente – COMDEMA.

08/2018 Projeto de Lei Complementar

(novo ZEEM)

Dispõe sobre o novo Zoneamento Ecológico-

Econômico; estabelece o macrozoneamento; integra

políticas numa base cartográfica; apoia e efetiva as

ações de monitoramento, fiscalização, licenciamento e

gestão ambiental municipal; proporcionar ações de

compensação e manutenção florestal viabilizem a

criação de Unidades de Conservação Municipais de

categoria Proteção Integral em áreas prioritárias para

recuperação e conservação ambiental; define diretrizes

para a compensação e manutenção florestal; define as

zonas e respectiva legislação, uso e ocupação do solo.

III.IV. PLANOS E PROGRAMAS

III.IV.I. Plano Diretor Municipal (PDM)

Datado de 28 de setembro de 2016, o PDM apresenta três princípios ligados

diretamente à preservação e conservação ambiental:

II. o desenvolvimento sustentável do Município;

V. o direito universal à cidade, compreendendo a terra urbana, a moradia

digna, ao saneamento ambiental, a infraestrutura urbana, ao transporte,

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aos serviços públicos, ao trabalho, à cultura, ao lazer, à saúde e educação;

VIII. a garantia da qualidade ambiental;

Dentre os objetivos, podem-se citar os seguintes de maior proximidade à

preservação e conservação da Mata Atlântica:

I. ordenar o crescimento urbano do Município, em seus aspectos físico-

ambiental, econômico, social, histórico, cultural e administrativo, dentre outros;

III. ordenar o uso e ocupação do solo, em consonância com a função

socioeconômica e ambiental da propriedade;

XIII. direcionar o crescimento da cidade para áreas propícias à urbanização,

evitando, sempre que possível, problemas ambientais, sociais e de mobilidade;

XVI. proteger o meio ambiente de qualquer forma de degradação ambiental,

mantendo a qualidade da vida urbana e rural, com as finalidades de:

a) consolidar e atualizar as ações municipais para a gestão ambiental, em

consonância com as legislações municipais, estaduais e federais;

b) promover a preservação, conservação, defesa, recuperação e melhoria do

meio ambiente natural, em harmonia com o desenvolvimento social e

econômico do Município;

c) recuperar e conservar as matas ciliares;

d) preservar as margens dos rios, lagoas, os sítios geológicos, a orla marítima,

fauna e reservas florestais do Município, evitando a ocupação na área rural, dos

locais com declividade acima de 30%, das áreas sujeitas à inundação e dos

fundos de vale, salvo casos de

comprovações especificados em lei;

e) contribuir para a redução dos níveis de poluição e degradação ambiental e

paisagística;

f) recuperar áreas degradadas;

Nota-se, portanto, uma recorrente preocupação para com o meio ambiente

do principal instrumento da política de desenvolvimento do município em sua

essência. No plano, pode ser verificado que dentro da Politica de Desenvolvimento

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Municipal um dos eixos de desenvolvimento é a Garantia da Qualidade Ambiental,

esta prevê:

I. A implementação de diretrizes contidas na Política Nacional do Meio

Ambiente, Política Nacional de Recursos Hídricos, Política Nacional de

Saneamento, Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar, Lei Orgânica e

demais normas correlatas e regulamentares federais e estaduais;

III. elaboração de planos, programas e ações de proteção e educação ambiental

e cultural visando garantir a gestão compartilhada;

VI. definição de forma integrada, de áreas prioritárias de ação governamental

visando à proteção, preservação e recuperação da qualidade ambiental e do

equilíbrio ecológico;

VII. identificação de unidades de conservação e outras áreas de interesse para a

proteção de mananciais, ecossistemas naturais, flora e fauna, recursos genéticos

e outros bens naturais e culturais, estabelecendo normas a serem observadas

nessas áreas;

VIII. Criação do Sistema Municipal de Unidades de Conservação;

IX. estabelecimento de normas específicas para a proteção de recursos hídricos,

por meio de planos de bacias hidrográficas, principalmente para áreas de

mananciais;

XVII. promoção de programas para recuperação de vegetação das áreas de

preservação permanente e a recuperação de áreas degradadas;

O art. 17 sobre a Política Municipal Ambiental, compõe-se de várias

estratégias, ao mesmo tempo, no Anexo 1 – Tabelas de eixos, diretrizes e ações do

PDM – sistematiza e traz os prazos a serem cumpridos. Observa-se que direta ou

indiretamente todas as ações estão relacionadas com a Mata Atlântica, desde o

controle dos agrotóxicos até a implementação de um viveiro municipal.

É válido registrar que esta sistematização, ainda que não defina de forma clara

os prazos, mostra-se como um importante instrumento municipal de efetivação dos

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princípios, objetivos e políticas enunciados ao longo do PDM. No âmbito do

ordenamento do território municipal, particularmente no que se refere às áreas de

interesse ambiental, as áreas de expansão urbana e as áreas de risco identificadas,

verifica-se que o PDM prevê a recuperação das matas ciliares, a proteção dos

manguezais, restingas e nascentes, e criação de mais unidades de conservação,

como uma APA (Área de Proteção Ambiental) entre o Saí-Mirim e o Saí-Guaçu; já

com relação ao uso e ocupação do solo urbano, delimita a implementação da

Agenda 21, instrumento de planejamento e ordenamento do território com vistas ao

desenvolvimento sustentável; concomitante, a implementação de um sistema de

informações ambientais e a participação e gerência do Conselho Municipal de Meio

Ambiente (COMDEMA) sobre os recursos do Fundo Municipal do Meio Ambiente

(FMMA), tendem a garantir o acompanhamento e controle sobre as ações

planejadas.

Portanto, se as ações previstas forem plenamente implantadas, impactarão

significativamente não somente sobre os remanescentes de Mata Atlântica, como

também na restauração deste bioma dentro do município.

III.IV.II. Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico (PMISB)

Pelo Decreto Municipal n.º 1205/2010 está instituído o Plano Municipal de

Saneamento Básico de 2012, todavia este documento foi atualizado no ano de 2015,

e ainda que não devidamente regulamentado, optou-se por se utilizar o PMISB de

2015, uma vez que possui dados mais atuais e engloba os quatro eixos da política

de saneamento básico, drenagem, resíduos sólidos, água e esgoto num único

documento.

Citem-se, por exemplo, as ações destinadas a assegurar a proteção ambiental

e a sustentabilidade dos mananciais de captação das águas para abastecimento; as

ações para promover a gestão integrada e o manejo sustentável das águas urbanas,

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conforme as normas de uso e ocupação do solo, que incluem a minimização de

áreas impermeáveis; o controle do desmatamento e dos processos de erosão e

assoreamento; a criação de alternativas para infiltração das águas; e a recomposição

da mata ciliar de rios urbanos.

Atualizado no ano de 2015, o PMISB engloba drenagem, resíduos sólidos,

água e esgoto. Claramente interligados à proteção da Mata Atlântica, foram

diagnosticados e prognosticados a fim de se determinar a situação presente e

metas para o futuro. O município delegou à Itapoá Saneamento o tratamento e

transporte das águas e do esgoto, enquanto que a drenagem está a cargo da

prefeitura e o resíduo sólido à SURBI (Serviços Urbanos de Itapoá).

Como resultados do diagnóstico que mais se relacionam ao tema em questão,

estão (PMISB, 2015):

Água: o manancial de abastecimento do município é Rio Saí-Mirim. Não

existem grandes problemas ambientais na Bacia Hidrográfica do Rio Saí-

Mirim, o qual apresenta área de contribuição de aproximadamente 73,3 km²

no ponto de captação da ETA Secundária, e área da bacia de contribuição no

ponto de captação da ETA Principal de 150 km², devido a contribuição do

afluente Rio Braço do Norte. Porém, os principais problemas a ele ligados

são: falta de tratamento de esgoto da cidade de Itapoá, com possibilidade de

contaminação do lençol freático ou descarga de esgotos nos córregos da

região; crescente implantação de loteamentos ao longo do manancial, com

remoção de cobertura vegetal e exposição de solo permitindo carreamento

de sedimentos; e remoção de vegetação na parte superior do manancial para

exploração de terras nas culturas agrícolas, no cultivo de espécies exóticas ou

pequena pecuária de subsistência. A montante das duas captações está

localizada a captação de água da Indústria Vega do Sul, com captação de

aproximadamente 120 litros/segundo. Para o abastecimento público a vazão

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máxima disponível para retirada é de 451,14 litros/segundo.

Esgoto: Itapoá não possui sistema de tratamento de esgoto, conforme dados

do IBGE (2010) apud PMISB (2015), verifica-se que a maior parte das

residências destina o efluente para fossa séptica (Figura 45 – Destinação dos

efluentes). Porém, de acordo com a Lei n.° 049/2016 (Código de Obras) todo

o dimensionamento do sistema deverá atender a NBR 7.229 de setembro de

1993 e a NBR 13.969 de setembro de 1997. O Plano também evidencia a

ocorrência de destinação irregular de efluentes domésticos, ocorrendo em

valas e galerias de drenagem pluvial e em alguns corpos hídricos.

Figura 45. Destinação dos efluentes. Fonte: PMISB, 2015.

Resíduos sólidos: a Prefeitura de Itapoá terceiriza os serviços de coleta e

transporte dos resíduos urbanos junto à SURBI. Os resíduos coletados são

transportados até uma estação de transbordo dentro do município, e

posteriormente são encaminhados até o aterro sanitário de Mafra,

aproximadamente 170 km da sede municipal de Itapoá. Segundo o PMISB

(2015), a SURBI realiza a coleta convencional e a coleta seletiva de materiais

recicláveis em todo o município (100% de cobertura). A Figura 44 –

Composição do resíduo de Itapoá-SC – mostra que a maior parte é composta

por matéria orgânica, mas praticamente 30% poderia ser reciclado. Os

resíduos de saúde são coletados semanalmente nos estabelecimentos de

saúde municipais pela Empresa Serrana Engenharia, já os resíduos da

construção civil e demolição não possuem serviço de coleta e destinação

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final, ocorrendo geralmente o lançamento desses resíduos de forma irregular

em alguns pontos da cidade, não obstante existir um aterro da construção

civil licenciado dentro do município. Enquanto que a varrição, capina e roçada

são realizados também por terceirizada (ORBENK) e encaminhados como

rejeitos para o aterro ou lançados em terrenos baldios particulares. Por fim,

os resíduos especiais, como pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes e óleo

não possuem nenhum controle dentro do município, sendo normalmente

descartados junto aos resíduos domiciliares (Figura 46).

Figura 46. Composição dos resíduos de Itapoá-SC. Fonte: PMISB, 2015.

Drenagem: de acordo com dados da EPAGRI existe no município oito

microbacias, sendo que as principais são: Bacia do Rio Saí-Mirim, Bacia do Rio

Saí-Guaçu e Bacia do Rio Jaguaruna. A macrodrenagem na urbana de Itapoá,

é composta basicamente de pequenos córregos, valas superficiais localizadas

na lateral das ruas ou no meio de quadras e que apresentam pouca

declividade e de difícil manutenção em função da vegetação braquiária. Os

trechos canalizados estão localizados em sua grande maioria somente nos

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cruzamentos de ruas com grande fluxo de veículos; observa-se ainda que

geralmente esta canalização (bueiros) encontram-se subdimensionados. O

destino final da macrodrenagem é sempre a praia, principalmente na região

sul da área urbana municipal, já a drenagem da região norte de Itapoá possui

o Rio Saí-Mirim como alternativa de descarga d’água. Outro importante

elemento da macrodrenagem é o Rio Mendanha, que deságua na Praia de

Itapema do Norte próximo a terceira pedra (Figura 45). Seu traçado passa no

meio de quadras, sem canalização; outro problema é que o mesmo encontra-

se em grande parte assoreado, com muita vegetação nas margens e fundo

necessitando ser canalizado em, pelo menos, dois quilômetros de extensão.

Igualmente, o PMISB (2015) cita que as valas superficiais em sua maioria

necessitam de muita manutenção e limpeza, decorrentes de assoreamentos,

desmoronamento das margens e proliferação da vegetação braquiária, que

diminui muito as condições de escoamento das águas de enxurradas, e que

este fato poderia ser evitado se as mesmas fossem canalizadas. O Rio Saí-

Mirím no seu trecho urbano recebe contribuição muitas valas e de parte do

Rio Mendanha através do desvio feito pela Rua 1.310.

Figura 45. Foz do Rio Mendanha. Fonte: PMISB, 2015.

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Com relação a microdrenagem, cita-se que Itapoá possui 64 loteamentos em

sua área urbana, implantados parcialmente ao longo de 30 anos. A extensão das

ruas é da ordem de 800 km, sendo que aproximadamente 2% (16 km) dispõe de

infraestrutura de microdrenagem. Em mais de 80% existe apenas a faixa de rua

desmatada e sem nenhuma infraestrutura e em 15% existe vala superficial de

drenagem, energia elétrica e rede de água.

Metas, planos e ações ligados à Mata Atlântica

▪ Programa de Redução e Controle de Perdas de água: poderá auxiliar

na redução de perdas e consequentemente reduzirá a demanda do

manancial;

▪ Hidrometração: a fim de se racionalizar o consumo de água e

possibilitando levantamento da oferta e demanda para obras futuras;

▪ Planos e programas relacionados aos Resíduos da Construção civil e

demolição: possibilitarão a identificação dos pontos e planejamento de

ações, a fim de se evitar o lançamento em locais inadequados;

▪ O plano não especifica claramente um Programa de Proteção ao

Manancial, entretanto cita ao longo do texto a necessidade de criá-lo;

▪ Com relação à drenagem prevê o desassoreamento e revitalização das

margens de rios, córregos ou cursos d´água.

III.IV.III. Plano Municipal de Gerenciamento Costeiro

Destaca-se a promulgação da Lei Complementar nº 017/2007 que institui o

Plano Municipal de Gerenciamento Costeiro. Vale ressaltar que Itapoá é pioneira na

temática, sendo o primeiro Município no País a ostentar um plano de

gerenciamento costeiro em nível municipal, sendo, inclusive, notícia no site do

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Ministério de Meio Ambiente e no programa de Rádio Voz do Brasil. Esta legislação

municipal estabelece, conforme o seu Art. 5°, que os instrumentos de Gestão da

Zona Costeira devem ser aplicados de forma articulada e integrada, sendo eles o

Plano Municipal de Gerenciamento Costeiro, o Zoneamento Ecológico Econômico

Municipal, o Plano Diretor Municipal (PDM) e o Plano de Intervenção da Orla.

III.IV.IV. Plano de Gestão Integrada da Orla Marítima

Conhecido como Projeto Orla, é uma ação conjunta entre o Ministério do

Meio Ambiente, por intermédio de sua Secretaria de Mudanças Climáticas e

Qualidade Ambiental (SMCQ), e o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão,

no âmbito da sua Secretaria do Patrimônio da União (SPU/MPOG). Visa buscar o

ordenamento dos espaços litorâneos sob domínio da União, aproximando as

políticas ambiental e patrimonial envolvendo as três esferas do governo e a

sociedade.

Para o município de Itapoá, o Projeto busca responder a uma série de

desafios atuais e complexos tais como: proteger a fragilidade dos ecossistemas da

orla para o município de Itapoá, bem como alcançar o desenvolvimento ordenado

em curto, médio e longo prazo. Resulta de um processo de governança entre as

equipes da Prefeitura Municipal de Itapoá, em conjunto com a sociedade civil

organizada e iniciativa privada, foi elaborado em 2013 e aguarda homologação

desde o ano de 2014.

Dentre os ecossistemas da orla do município, para fins de preservação e

conservação da Mata Atlântica associada, destacam-se os manguezais e as restingas.

Os manguezais no município de Itapoá, dentre outros aspectos, tem o papel de fixar

as terras, impedindo assim a erosão e ao mesmo tempo estabilizando a costa,

exportar matéria orgânica para a Baía da Babitonga e é vital para a subsistência das

comunidades pesqueiras que vivem em seu entorno; além de constituir importante

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banco genético para a recuperação de áreas degradadas. No município de Itapoá,

esse ecossistema está associado à foz do Rio Jaguaruna, às margens da Baía da

Babitonga e à desembocadura dos rios Saí Mirim e Saí Guaçu (Projeto Orla Itapoá,

2013).

As restingas são feições dinâmicas, que sofrem a ação das ondas e correntes

de deriva litorânea. As restingas de Itapoá têm mudado de forma e comprimento ao

longo dos anos, por interferência da dinâmica natural e de intervenções antrópicas.

No município foram identificadas quatro restingas associadas às fozes dos rios Saí-

Mirim e Saí-Guaçu, córrego das Palmeiras, Itapema, localizadas em mar aberto e,

portanto, apresentando maior mobilidade devido a maior energia ambiental, e às

associadas às fozes dos Pequeno e Jaguaruna, localizadas no interior da baía. Tais

formações podem apresentar-se sem vegetação, com vegetação herbácea ou

arbórea (Angulo & Souza, 2005 apud Projeto Orla Itapoá, 2013).

III.IV.V. Plano de Turismo

O estudo preliminar do Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo

Sustentável (PDITS Itapoá) foi realizado no período de junho a setembro de 2017,

consistindo em um diagnóstico estratégico da área de das atividades turísticas, com

a análise do atual mercado turístico, infraestrutura básica e serviços gerais

oferecidos, quadro institucional e aspectos socioambientais.

Dentre os segmentos de destaque no turismo em Itapoá, o Plano classifica o

ecoturismo como tendo grande potencial de desenvolvimento no município graças

as suas características naturais, como a Baía da Babitonga e a Reserva Volta Velha.

O turismo náutico também é notório, devido às estruturas náuticas da cidade e as

boas condições de navegabilidade oferecidas pela Baía. Por fim, o turismo de sol e

praia, segmento mais consolidado no município, abrange o maior número de

turistas, que têm por objetivo visitar as praias de Itapoá. O turismo rural é

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apontado como um segmento emergente, que apresenta potencial porém ainda

não conta com incentivos ou infraestruturas necessárias para sua consolidação.

O Plano conclui que, para promover um turismo menos sazonal e

independente da estação de alta temporada, há necessidade de ampliação da

infraestrutura urbana e estruturação dos atrativos existentes, a fim de atender as

necessidades e expectativas dos turistas, além da necessidade de capacitação de

funcionários do setor de turismo.

Quanto à análise dos aspectos socioambientais relacionados ao turismo,

aponta-se a ocupação da orla de Itapoá, com supressão da vegetação de restinga, e

a intervenção em áreas de sambaquis como os principais impactos socioambientais.

No que diz respeito à gestão ambiental das empresas de hospedagem e

alimentação que atendem a demanda turística do município, identificou-se que a

grande maioria delas realiza ações de cunho ambiental, como coleta seletiva de

resíduos, uso de lâmpadas de baixo consumo, reutilização de água, coleta de óleo e

aquisição de insumos orgânicos, demonstrando o engajamento à sustentabilidade

ambiental, porém não foram identificadas iniciativas de certificação por parte dessas

empresas ligadas ao turismo.

Por fim, o estudo reitera a importância da conscientização ambiental, devido

às características dos segmentos prioritários de turismo, assim como a necessidade

de fomento à conservação dos recursos naturais, redução dos impactos ambientais

gerados e incentivos à oferta de serviços de alta qualidade, devido ao nível de

exigência relacionado à sustentabilidade ambiental do público que constitui o

segmento de ecoturismo e turismo náutico.

III.IV.VI. Planos de Bacias Hidrográficas

O município de Itapoá está inserido na Região Hidrográfica Baixada Norte

(RH6), entretanto ainda está em fase de trâmites a inserção dentro do Comitê do

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Rio Cubatão Norte. Esta bacia já possui um Plano de Bacia Hidrográfica, contudo,

Itapoá não está contemplada dentro deste plano, ao mesmo tempo, não possui

plano para nenhuma bacia hidrográfica dentro do município.

III.IV.VII. Plano de manejo do Parque Natural Municipal Carijós

Elaborado a partir do Roteiro Metodológico de Planejamento de Parque

Nacional, Reserva Biológica, Estação Ecológica, proposto pelo IBAMA em 2002, o

plano de manejo do PNMC tem como objetivo central conservar os ambientes

naturais da Mata Atlântica, em especial da Floresta Ombrófila Densa, mantendo as

funções ambientais da vegetação nativa e do complexo hidrológico do Rio Saí

Mirim; garantir uma área de valor cênico e de relevância em biodiversidade;

possibilitar a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades

de educação ambiental, de recreação em contato com a natureza e do turismo

ecológico.

Dentre os objetivos específicos elencados no plano estão:

Proteger a biodiversidade e os recursos genéticos do Parque, com ênfase nas

populações das espécies animais e vegetais raras, endêmicas ou ameaçadas

de extinção;

Promover o desenvolvimento científico, proporcionando estudos sobre a

sucessão da vegetação de áreas em processo de recuperação, a biologia,

monitoramento e manutenção das populações das espécies de maior

interesse para a conservação;

Tornar a unidade de conservação (UC) um exemplo que incentive a criação

de novas UCs na região, com o intuito de formar corredores ecológicos.

Para atender aos objetivos específicos e respeitando os objetivos gerais das

unidades de conservação, foram definidas quatro zonas internas na UC: Zona

Primitiva, Zona de Uso Extensivo, Zona de Uso Intensivo e Zona de Recuperação.

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Cada zona possui proposta de manejo, normas individualizadas, graus específicos de

proteção e diferentes possibilidades de intervenção humana.

Zona Primitiva: apresenta excelente estado de conservação, com vegetação

secundária em estágio avançado de regeneração, conforme a Resolução

CONAMA 04/1994. Dentre as atividades permitidas está a coleta de sementes

para viabilizar os processos de regeneração dos ecossistemas do próprio

PNMC e de áreas degradadas no entorno, a serem cultivadas no viveiro de

mudas;

Zona de Uso Extensivo: objetivará propiciar atividades de uso público com

baixo impacto (trilhas interpretativas autoguiadas); também permitirá a coleta

de sementes, tal qual na Zona Primitiva;

Zona de Uso Intensivo: concentra as atividades ligadas ao uso público de

maior intensidade, na qual serão instalados a sede administrativa, o Centro de

Visitantes, Centro de Educação Ambiental e Cultural, viveiro de mudas,

observatório de aves, sanitários e os equipamentos de lazer e de recreação;

Zona de Recuperação: composta, em sua maior parte, por ecossistemas

parcialmente alterados e que devem ser recuperados de forma natural ou

naturalmente induzida. Definida como uma zona provisória, que, uma vez

restaurada, deve ser incorporada à categoria de Zona Primitiva, por se

encontrar em locais extremamente sensíveis, inclusive incluindo parte da Área

de Preservação Permanente do Rio Saí Mirim.

Segundo o Roteiro Metodológico de Planejamento do IBAMA, a Zona de

Amortecimento não é obrigatória para UCs localizadas em área urbana ou áreas

estabelecidas como expansões urbanas, como é o caso do PNMC. Assim, por meio

das Oficinas Participativas de Planejamento e Integração, optou-se por avaliar a

necessidade dessa Zona após um período de funcionamento do Parque (FERMA

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113

ENGENHARIA, 2012).

III.IV.VIII. Plano de manejo da RPPN Fazenda Palmital

O Plano teve como referência o Roteiro Metodológico para Elaboração do

Plano de Manejo para Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) (FERREIRA

et al., 2004 apud SEGER, C. D., 2012), o Sistema Nacional de Unidades de

Conservação (Lei nº 9.985/2000) e o Decreto regulamentador nº 4.340/2002 (BRASIL,

2004 apud SEGER, C. D., 2012) e apresenta como alguns dos objetivos da RPPN:

Promover a proteção de paisagens naturais e pouco alteradas, com notável

beleza cênica;

Manter a integridade de abrigos e espaços reprodutivos de espécies

relevantes à conservação;

Contribuir para a proteção da microbacia do Rio Saí Mirim;

Incentivar o desenvolvimento da pesquisa científica;

Promover o desenvolvimento de programas de visitação, incluindo recreação

ao ar livre e o turismo ecológico;

Manter a integridade de sítios arqueológicos existentes na área;

Integrá-la a uma rede de áreas protegidas já estabelecidas na região, dentro

da estratégia de formação de Corredor de Biodiversidade entre o litoral norte

de Santa Catarina e o Litoral sul do estado do Paraná.

O Zoneamento da RPPN a divide em quatro zonas, definidas de acordo com o

diagnóstico físico, biótico e social da área e do seu entorno, tendo como base a

proposta de manejo e uso dos recursos naturais apresentada pelo proprietário e

seus herdeiros, e as considerações feitas pelos técnicos responsáveis pelo plano de

manejo.

Zona Silvestre: destinada exclusivamente à conservação da biodiversidade;

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recoberta em grande parte pela Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas, e

uma pequena parcela por Floresta Ombrófila Densa de Influência Fluvial e de

Vegetação Pioneira fluviolacustre;

Zona de Proteção: voltada apenas para atividades de pesquisa científica,

turismo científico e turismo de observação (especialmente de aves), com

grupo reduzido de pessoas e com o acompanhamento de monitores;

Zona de Transição: estreita faixa com 50 metros de largura ao longo de parte

da divisa leste da RPPN, assim delimitada devido ao plantio de pinus (Pinus

sp.) no seu entorno, evitando que essa espécie exótica colonize espaços da

Reserva;

Zona de Visitação: a maior parte da sua extensão é composta de floresta

secundária em estágio avançado de regeneração e de algumas manchas em

estágio médio; nessa Zona está localizado um importante sítio arqueológico

da região, um sambaqui com idade estimada de 3.000 anos e em ótimo

estado de conservação; serão permitidas atividades de pesquisa científica, de

turismo, lazer e educação conservacionista.

Optou-se por não definir uma zona de uso especial ou zona administrativa,

pois será utilizada a infraestrutura administrativa e de recepção de visitantes

existente na Fazenda Santa Clara (Reserva Volta Velha). O Plano de Manejo não

prevê Zona de Amortecimento, pois esta não é uma obrigatoriedade para RPPNs, de

acordo com a Lei nº 9.985/2000, art. 25.

Foram definidos seis programas de manejo, sugeridos no Roteiro

Metodológico para Elaboração de Plano de Manejo para RPPNs (FERREIRA et al.,

2004 apud SEGER, C. D., 2012), de forma a detalhar as atividades a serem

desenvolvidas na UC, sendo eles: Programa de Administração; Programa de

Proteção e Fiscalização; Programa de Pesquisa e Monitoramento; Programa de

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Visitação; Programa de Sustentabilidade Financeira e Programa de Comunicação.

Também estão previstos projetos específicos voltados ao desenvolvimento de

atividades de geração de renda para a sustentabilidade da área protegida,

intitulados Planejamento e Formatação de Roteiro de Turismo de Natureza e

Capacitação de Condutores de Visitantes (SEGER, C. D., 2012).

III.IV.IX. Estudos para criação de unidades de conservação, mosaicos e

corredores ecológicos

O Plano Diretor de Itapoá prevê o Sistema Municipal de Unidades de

Conservação e determina, em seu art. 21, que o sistema será composto pelas áreas

verdes públicas ou privadas com vegetação significativa, com potencial para a

criação de Unidades de Conservação, além das UCs já instituídas.

O Plano Diretor também estabelece a demanda pela criação de uma APA -

Área de Preservação Ambiental do Saí Mirim englobando a área entre o Rio Saí-

Mirim e o Rio Saí-Guaçu, limitando-se com a Estrada Cornelsen, por se tratar de

área dotada de atributos abióticos, bióticos, e estéticos especialmente para a

qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, tendo como objetivo

básico proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e

assegurar a sustentabilidade dos recursos naturais. Para tanto, deverá ser observada

a legislação vigente, especialmente a exigência de realização de estudos técnicos e

consulta pública.

O Poder Executivo de Itapoá, por meio da proposta do novo Zoneamento

Ecológico Econômico, tem como estratégia principal para conservação da

diversidade ecológico e preservação do bioma Mata Atlântica, a implantação de um

mosaico de unidades de conservação e de corredores ecológicos conectando as

áreas já estabelecidas como prioritárias para proteção pelas legislações ambientais

vigentes.

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A área referente à Reserva Volta Velha tem importante papel na formação de

corredor ecológico, de acordo com o Plano de Manejo da RPPN Fazenda Palmital,

por estar inserida em um grande maciço florestal que se estende entre as baías da

Babitonga e a de Guaratuba, além da proximidade com outra UC, o Parque Natural

Municipal Carijós.

III.IV.X. Zoneamento Ecológico Econômico Costeiro

O mapa de Zoneamento Ecológico Econômico Costeiro – Setor 1 apresenta como

Zona de Preservação Predominante a área destinada à Área de Preservação

Ambiental entre os rios Saí Mirim e Saí Guaçu; áreas específicas a noroeste e a

sudoeste do município; e na região das UCs já instituídas. (Figura 48)

As Zonas de Uso Restrito foram delimitadas às margens da Estrada João

Cornelsen, no sentido de quem sai da cidade; ao sul da Zona de Preservação

Predominante referente às UCs; e entre a área para atividades portuárias e alguns

loteamentos urbanos, especialmente nos fundos do Balneário Rosa dos Ventos e na

faixa que abrange os fundos dos balneários Rio Gracioso, Praia das Palmeiras e Praia

do Imperador.

Alguns programas previstos dentro do Plano de Gestão Integrado da Zona

Costeira de Santa Catarina envolvem a proteção dos remanescentes florestais, como

o Programa de Gestão dos Recursos Naturais, que apresenta como um dos planos

de ação “implantar sistema de monitoramento da cobertura vegetal dos

remanescentes florestais da zona costeira de Santa Catarina, conectado ao

SIGERCO” (Secretaria de Planejamento, 2013).

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Figura 48. Recorte do Mapa do Zoneamento Ecológico

Econômico Costeiro do Plano Estadual de Gerenciamento

Costeiro – Setor 1. Fonte: SDS, 2013.

III.IV.XI. Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro

Instituído pela Lei Estadual n.º 13.553/2005, visa orientar a utilização racional

dos recursos naturais da Zona Costeira Estadual, considerada patrimônio nacional,

na forma § 4º, do art. 225 da Constituição Federal, intentando propiciar a elevação

da qualidade de vida de sua população e a proteção de seus patrimônios natural,

histórico, étnico, cultural e paisagístico. Ao mesmo tempo, prevê que os municípios

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poderão instituir por lei os respectivos Planos Municipais de Gerenciamento

Costeiro. Regulamentada pelo Decreto Estadual n.º 5010/2006, este divide os 36

municípios litorâneos em cinco setores, estando Itapoá-SC no Setor 1. O Decreto

Estadual elenca também os objetivos do Plano Estadual de maneira mais específica,

as estratégias, a coordenação e os instrumentos.

Sendo os instrumentos do PEGC: Zoneamento Ecológico Econômico Costeiro,

Plano de Gestão da Zona Costeira, Sistema de Informações do Gerenciamento

Costeiro, Sistema de Monitoramento Ambiental, Relatório de Qualidade Ambiental e

o Projeto de Gestão Integrada da Orla Marítima.

III.IV.XI. Programas de educação ambiental

Poder Executivo Municipal

A Prefeitura vem desenvolvendo uma série de ações vislumbrando o

fortalecimento de Educação Ambiental em Itapoá. No ano de 2017 foi criado um

grupo de trabalho institucional envolvendo as Secretarias de Meio Ambiente e de

Educação com o objetivo de estabelecer uma frente de trabalho específica para

tratar das questões de educação ambiental formal e não formal no Município.

Alguns dos desdobramentos deste grupo já são claramente visualizados, como a

realização inusitada do Programa Protetor Ambiental, criado no ano de 1999, pela

Polícia Militar Ambiental, com o objetivo de promover a educação ambiental aos

adolescentes das redes pública e privada de ensino, disseminando conhecimentos

através de atividades teóricas e práticas coordenadas pelos policiais militares e

convidados, buscando o despertar a consciência ecológica dos jovens entre 12 e 14

anos (Figura 49); a designação, por processo seletivo, de um professor com

dedicação de 20 horas semanais para atuar como orientador de estudo no

Programa de Formação e Aperfeiçoamento dos Profissionais de Ensino da Rede

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Pública Municipal, por meio da oferta de formação continuada na área de Ciências;

e a inscrição e aceitação em 1ª fase de projeto junto ao Ministério do Meio

Ambiente para implantação da Sala Verde no Município, idealizada para ser um

ambiente capaz de estimular a discussão sobre a realidade socioambiental do

município e potencializar as iniciativas e ações que envolvam educação ambiental

em Itapoá.

Figura 47. 1ª turma de Protetores Ambientais no desfile cívico em

comemoração aos 29 anos de emancipação política de Itapoá

A Prefeitura de Itapoá, através de sua Secretaria de Meio Ambiente, também

realiza palestras para as escolas da rede pública de ensino municipal e estadual

sobre diversos temas, como por exemplo, a importância do meio ambiente para a

vida da comunidade; procede com plantio de mudas em conjunto com os alunos da

educação infantil; participa de iniciativas como a Feira de Cidadania e Temas Atuais

(FECITA) da Escola Municipal Euclides Emídio da Silva; e elabora e disponibiliza

manuais sobre limpeza de lotes, supressão de vegetação e panfletos sobre a

disposição adequada de resíduos.

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Associação de Defesa e Educação Ambiental

Nos últimos anos foram desenvolvidos programas de educação ambiental

tendo como público-alvo escolas de Itapoá, Curitiba, Joinville e de outros municípios

do norte catarinense. As atividades eram realizadas durante os finais de semana, nos

quais crianças e adolescentes passavam três dias na Reserva, ocupadas com

atividades lúdicas, trilhas temáticas, assuntos referentes a fauna e flora da floresta

atlântica, rochas e solos da planície costeira, rios, sítios arqueológicos e

meteorologia. A experiência incluía também a vivência em uma oca dos índios

Waurás, do Xingu, na qual trabalhava-se o resgate da cultura desses povos

(Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte).

Como condicionante da Licença de Operação do Porto de Itapoá, a ADEA

conduz o Projeto Itapoá Sempre Verde, desenvolvendo atividades no Viveiro

Florestal Educador construído junto ao Centro de Referência em Estudos de

Florestas Costeiras na Reserva Volta Velha. O projeto teve início no mês de agosto

de 2017 e, inicialmente, atendeu alunos das escolas (ensino formal) e a comunidade

do entorno do Porto Itapoá. Dentre os temas abordados previstos no cronograma

de atividades, estão alguns diretamente relacionados à preservação da Mata

Atlântica, como “Ecologia geral da Floresta Atlântica Costeira de Itapoá”; “Formação

da planície costeira”; “Meio biótico (Flora e Fauna)”; “Coleta de sementes de

espécies produzidas no viveiro” (Associação de Defesa e Educação Ambiental, 2017).

Associação de Proteção da Reserva do Mangue de Itapoá

Atuante na Barra do Saí, especialmente na área de mangue, a APREMAI

desenvolve atividades sobre educação e preservação ambiental voltadas à

comunidade local e aos turistas. O Projeto de Educação Ambiental visa estimular o

uso sustentável dos recursos naturais locais, trabalhar a importância da conservação

do meio ambiente e do bem-estar social da comunidade em geral. A Associação

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realiza parcerias com instituições de ensino do município de Itapoá, com a

Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), além de receber visitas de

escolas de outras cidades, como Blumenau-SC e Itajaí-SC (MACHADO, 2017).

IV. SISTEMATIZAÇÃO DO DIAGNÓSTICO

Uma vez elaborado o diagnóstico, avançou-se para a fase seguinte de

estabelecimento dos objetivos, a definição das áreas prioritárias e das ações para

alcançar a conservação e recuperação do bioma Mata Atlântica em Itapoá.

Para esta etapa foi procedida a consolidação do diagnóstico, considerando uma

abordagem sistêmica tendo em vista a caracterização e análise das vantagens e

limitações existentes no território municipal em relação à Mata Atlântica; a

identificação dos aspectos positivos e negativos da proteção da Mata Atlântica; e a

verificação das possibilidades futuras de conservação dos remanescentes florestais e

recuperação de áreas degradadas.

Os grandes desafios deste momento são o discernimento e a responsabilidade

para propor ações justas e viáveis que envolvam e equilibrem as questões social,

ambiental e econômica, buscando sempre alcançar o desenvolvimento sustentável

(Figura 50).

Nesta fase uma importante contribuição foi dada pela consulta pública realizada,

sendo que em posse das informações geradas foi possível evidenciar a percepção

da população quanto às fragilidades e potencialidades da gestão ambiental em

Itapoá (Anexo VII.XII).

Para a determinação dos objetivos específicos foi empregada por eixos temáticos

a análise SWOT ou FOFA – Forças, Oportunidades, Fragilidades e Ameaças,

ferramenta robusta para otimizar a sistematização das conclusões da avaliação da

situação atual, destacando as oportunidades e desafios.

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Figura 50. Imagem demostrando as relações entre as questões

social, ambiental e econômica que devem ser consideradas na

determinação dos objetivos do PMMA (Fonte: MMA; 2017).

Eixo temático Desenvolvimento Urbano

Ambiente Interno Ambiente Externo

Pontos Fracos:

Supressão ilegal de vegetação;

Abertura de vias públicas;

Ocupações irregulares em APPs e áreas de

risco;

Saneamento básico;

Expansão urbana em áreas de Mata

Atlântica.

Ameaças:

Mudança do clima – ampliação de eventos

extremos de precipitação e marés

meteorológicas;

Vulnerabilidade da fauna silvestre;

Embargos de outros órgãos ambientais sobre

atividades passiveis de licenciamento.

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Pontos Fortes:

Plano Diretor;

Zoneamento Ecológico Econômico;

Compatibilização do Plano Diretor e do

Zoneamento Ecológico Econômico;

Plano de Gerenciamento Costeiro;

Projeto Orla;

Plano Integrado de Saneamento Básico.

Oportunidades:

Criação de UC municipal limitando expansão

urbana;

Projeto de saneamento em implantação pelo

Município;

Programa de Arborização urbana;

Consolidação de áreas verdes urbanas;

Programa de Regularização Fundiária;

Recuperação de áreas degradadas.

Eixo temático Recursos Naturais

Ambiente Interno Ambiente Externo

Pontos Fracos:

APPs desprotegidas (ausência de matas

ciliares);

Mineração clandestina;

Disposição irregular de resíduos da

construção civil e esgoto doméstico

Segregação e coleta de resíduos recicláveis;

Queimadas;

Empreendimentos operando sem as devidas

licenças.

Ameaças:

Existência de espécies exóticas invasoras;

Turismo de massa;

Intensificação da geração de resíduos na

temporada de verão.

Pontos Fortes:

Biodiversidade dos remanescentes;

Abundância de recursos hídricos;

Existência de significativos remanescentes

florestais.

Oportunidades:

Recursos provenientes de royalties;

ICMS ecológico;

Alvará Ambiental;

Legislação sobre Pagamento de Serviços

Ambientais;

Regularização dos empreendimentos passíveis

de licenciamento ambiental.

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Eixo temático Gestão Ambiental

Ambiente Interno Ambiente Externo

Pontos Fracos:

Equipe reduzida no órgão ambiental

municipal;

Falta de equipamentos e capacitação

para mapeamentos e monitoramentos;

Falta de recursos para prestação de

serviços;

Engajamento popular fraco quanto as

questões coletivas;

Falta de coordenação de ações de

educação ambiental no município;

Baixo envolvimento de ONGs com o

poder público.

Ameaças:

Encerramento do Escritório regional do Ibama de

Joinville;

Ausência de plano de bacia hidrográfica;

Discussão da lei geral de licenciamento ambiental

federal;

Falta de Defesa Civil no Município;

Divergência de interpretação com outros órgãos

ambientais quanto à autonomia dos municípios e a

supressão da vegetação;

Perda da atribuição de licenciamento e do termo de

gestão florestal.

Pontos Fortes:

Criação da Secretaria de Meio

Ambiente;

Desburocratização do Fundo de Meio

Ambiente;

Conselho de Meio Ambiente em

estruturação;

Atribuição para o licenciamento

ambiental em nível local;

Termo de Gestão Florestal

Compartilhada;

Criação de grupo de trabalho

institucional em educação ambiental;

Lei Federal Complementar 140/2011;

Ampla adesão ao Cadastro Ambiental

Rural.

Oportunidades:

Implementação integral do Cadastro Ambiental Rural;

Criação de Plano de Bacias Hidrográficas;

Instituição do Código Municipal de Meio Ambiente;

Implementação da Defesa Civil Municipal;

Fortalecimento do Conselho de Meio Ambiente;

Fomento à participação popular nas questões

ambientais;

Sistematização e consolidação da educação

ambiental no município.

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De forma resumida, o resultado da análise do diagnóstico identificou grandes

oportunidades de valorizar as áreas naturais do município como ativos econômicos,

potencializando o desenvolvimento do turismo sustentável, considerando suas

vocações naturais, com seus numerosos locais de grande beleza cênica. Importante

investir em atrativos para a população local e flutuante, de maneira compatível com

o principal objetivo do PMMA.

A falta de regularização ambiental dos loteamentos hoje existentes no

perímetro urbano de Itapoá é evidenciada como um dos grandes desafios para

conservação do Bioma. Sendo assim, é impreterível o estabelecimento de uma

estratégia que contemple tanto a manutenção da Mata Atlântica, quanto a devida

implantação destes empreendimentos.

A demanda pela consolidação dos três pilares da gestão ambiental municipal

também é muito clara, sendo necessária, sobretudo, para a implementação e

acompanhamento do PMMA. O órgão ambiental municipal necessita de estrutura

em termos de recursos financeiros, equipamentos e recursos humanos, o Conselho

precisa ser democratizado e ter condições de atuar ativamente na política

ambiental, e o Fundo precisa ter a sua operacionalização definida.

Diante da pesquisa desenvolvida, foi verificado que existem várias demandas

legais em diferentes dispositivos municipais. Neste sentido, é salutar buscar a

sinergia dos instrumentos já existentes para, ao mesmo tempo, atender a legislação

vigente e propor ações factíveis para a conservação da Mata Atlântica.

IV.I. Objetivos

O objetivo principal do Plano da Mata Atlântica de Itapoá é a conservação e a

recuperação do bioma no Município. Para atingi-lo foram definidos, diante da

análise apresentada na sistematização do diagnóstico e considerando as

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peculiaridades do contexto local, os seguintes objetivos específicos:

Otimizar políticas públicas municipais relacionadas à conservação do meio

ambiente no tocante a gestão da Mata Atlântica;

Melhorar a qualidade das áreas verdes e arborização urbana;

Viabilizar a criação de procedimento para regularização de supressão em

lotes urbanos e de reversão de compensação florestal;

Instituir uma agenda para regularização ambiental dos loteamentos;

Fortalecimento da gestão ambiental municipal, fomento à participação social

e consolidação da educação ambiental no município;

IV.II. Áreas prioritárias

Considerando a análise do diagnóstico e os objetivos específicos

estabelecidos, foram definidas as seguintes áreas prioritárias para conservação e

recuperação da Mata Atlântica:

IV.II.I. Região entre as desembocaduras dos rios Saí Mirim e Saí Guaçu (1)

Por conta das indicações legais existentes, atrelado as características ambientais

específicas do local, a área, localizada no extremo norte do município, se torna uma

das mais importantes para conservação do bioma em Itapoá.

IV.II.II. Região da desembocadura do Rio Jaguaruna (2)

Outra região de extrema relevância ambiental, localizado no extremo sul no

Município, as margens do ecossistema Babitonga, é elencada como outra área de

alta relevância para conservação do bioma.

IV.II.III. Corredores ecológicos (3)

A conectividade do mosaicos de áreas protegidas é crucial para a manutenção da

biodiversidade do conjunto de ecossistemas da Mata Atlântica, portanto a

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instituição de corredores ecológicas se torna primordial para viabilizar as trocas

genéticas entre esse mosaico. O maior corredor a ser implantado deve ficar

vinculado ao Rio Saí Mirim, que naturalmente já corta o Município de forma

longitudinal, inclusive já conectando boa parte das unidades de conservação já

existes e as pretendidas. O restabelecimento das áreas de proteção permanente

desse curso d´água deve se tornar a ação de recuperação da Mata Atlântica mais

importante do Plano.

IV.II.IV. Perímetro Urbano (4)

Uma política voltada a regularização dos loteamentos, mesmo que longa em

termos temporais, deve ser instituída, de modo a assegurar a adequação ambiental

dos empreendimentos, sendo a melhora da qualidade de áreas verdes e da

arborização urbana priorizadas.

IV.II.V. Área rural (5)

Pela existência de significativos remanescentes de Mata Atlântica, a área rural

ainda não consolidada do Município deve ser prioritária para conservação,

principalmente nas zonas de preservação permanente e de uso restrito. A criação de

áreas protegidas rurais deve ser permanentemente estimulada, fazendo uso de

estratégias como, por exemplo, o Pagamento de Serviços Ambientais.

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IV.III. Ações Prioritárias

Viabilizar a criação de procedimento para regularização de supressão de vegetação em lotes urbanos e de reversão

de compensação florestal.

Ações Metas Grau de

Prioridade Justificativas

Atores

envolvidos

Previsão de

Recursos e

Fontes

Prazos Áreas

Estratégia 1 – Criação de Sistema Municipal de Conversão Florestal

1.1 Desenvolver o

Sistema Municipal de

Conversão florestal

1.1.1 Criação do

Sistema

Municipal de CF

Extremamente

Alto

Demanda pela criação de

procedimento para

regularização de supressão

de lotes urbanos

Prefeitura;

Secretarias;

Procuradoria.

Não

demanda

recurso

2018 4 e 5

1.2

Instituir legislação para

ancorar legalmente os

procedimentos

adotados

1.2.1 Aprovação

de dispositivo

legal do sistema

Extremamente

Alto

Demanda pela segurança

jurídica dos

procedimentos adotados

Prefeitura;

Procuradoria;

Câmara de

Vereadores.

Não

demanda

recurso

2018 4 e 5

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129

Otimizar políticas públicas municipais relacionadas à conservação do meio ambiente no tocante a gestão da Mata

Atlântica;

Ações Metas Grau de

Prioridade Justificativas

Atores

envolvidos

Previsão de

Recursos e Fontes Prazos Áreas

Estratégia 2 – Criação de áreas protegidas que asseguram a conservação ambiental do território do Município

2.1

Desenvolver o

Sistema Municipal

de Unidades de

Conservação

2.1.1 Criação do

Sistema Municipal

de UCs

Muito Alto

Sistematizar as

informações

relativas às áreas

protegidas no

Município

Prefeitura;

Secretarias.

Recurso Municipal

com previsão

orçamentária.

Até 2018

1, 2,

3, 4 e

5

2.2 Criação de

Unidades de

Conservação

Municipais

2.2.1 Criar uma

Unidade de

Conservação na

região Norte do

Município

Extremamente

Alto

Estabelecer uma

área protegida na

região entre as

desembocaduras

dos Rio Saí-Mirim e

Saí Guaçu

Prefeitura;

Secretarias;

Ongs;

Instituições

de pesquisa.

Sistema municipal

de conversão

florestal;

Medidas

Compensatórias de

empreendimentos;

Multas ambientais;

Editais de fomento.

Até 2021 1

2.2.2 Criar uma

Unidade de

Conservação na

Muito

Alto

Estabelecer uma

área protegida na

região da

Prefeitura;

Secretarias;

Ongs;

Sistema municipal

de conversão

florestal;

2023 2

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130

região Sul do

Município

desembocadura do

Rio Jaguaruna.

Instituições

de pesquisa.

Medidas

Compensatórias de

empreendimentos;

Multas ambientais;

Editais de fomento

2.2.3 Criar o

Parque Linear do

Rio Saí-Mirim

Muito Alto

Estabelecer a

conectividade entre

as áreas protegidas

por meio da

conservação das

APPs do Rio Saí-

Mirim para

assegurar as trocas

genéticas

Prefeitura;

Secretarias;

Ongs;

Instituições

de pesquisa;

Proprietários

de terra.

Sistema municipal

de conversão

florestal;

Medidas

Compensatórias de

empreendimentos;

Multas ambientais.

Até 2023 3, 4 e

5

2.3 Garantir

legalmente o

estabelecimento

dos corredores

ecológicos

2.3.1 Instituição

por ato normativo

das áreas

prioritárias para

implementação

dos Corredores

Ecológicos ao

longo do

Município

Extremamente

alto

Assegurar

legalmente o

estabelecimento da

conectividade entre

as áreas protegidas

para manutenção

das trocas genéticas

entre os fragmentos.

Prefeitura;

Secretarias;

Câmara de

Vereadores.

Não demanda

recurso. 2018

3, 4 e

5

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131

2.4

Estimular e apoiar

a instituição de

áreas protegidas

particulares

(RPPNs, RLs,

ARIEs)

2.4.1 Criação de,

no mínimo, 2

RPPNs ou ARIEs e

regularização das

Reservas Legais

em, no mínimo,

80% das

propriedades do

município

Alto

Estabelecimento de

um mosaico de

áreas para

conservação do

Bioma Mata

Atlântica.

Prefeitura;

Secretarias;

Ongs;

Instituições

de pesquisa;

Proprietários

de terra.

Recursos do

próprio dono da

terra;

Editais de

instituições

públicas ou

empresas privadas.

permanente 3, 4 e

5

Ações Metas Grau de

Prioridade Justificativas

Atores

envolvidos

Previsão de

Recursos e Fontes Prazos Áreas

Estratégia 3 – Estabelecer o Plano Municipal Integrado de Manutenção de Recursos Hídricos

3.1. Firmar

parceria para

apoio à

elaboração e

implantação do

Plano

3.1.1. Duas

parcerias firmadas Muito Alto

Estimular iniciativas que

asseguram a recuperação

ambiental do território do

Município

Prefeitura;

Secretarias;

Empresas;

ONGs;

Instituições

de pesquisa.

Recurso Municipal

com previsão

orçamentária;

até 2019 3, 4

3.2

Desenvolver o

Programa

3.2.1 Plano

elaborado e em

implementação

Extremamente

Alto

Conceber um programa que

fomente iniciativas para

recuperação de áreas de

Prefeitura;

Secretarias;

Procuradoria;

Sistema municipal

de conversão

florestal;

2020,

Contínuo 4 e 5

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132

Ações Metas Grau de

Prioridade Justificativas

Atores

envolvidos

Previsão de

Recursos e Fontes Prazos Áreas

Municipal

Integrado de

Manutenção

dos Recursos

Hídricos

Elaboração de um

Programa

integrando as

demandas para

Recuperação da

Mata Ciliar e para a

conservação dos

Recursos Hídricos

do Município

preservação por meio de

incentivos (monetários e

outros) objetivando a garantia

da implementação de

corredores ecológicos para

conexão do mosaico de áreas

protegidas, a manutenção das

matas ciliares e do manancial

de abastecimento de água do

município.

Câmara de

Vereadores;

Medidas

Compensatórias de

empreendimentos;

Multas ambientais;

Editais de fomento.

Melhorar a qualidade das áreas verdes e arborização urbana

Ações Metas Grau de

Prioridade Justificativas

Atores

envolvidos

Previsão de Recursos

e Fontes Prazos Áreas

Estratégia 4 – Estabelecer o Plano Municipal de Arborização Urbana

4.1. Firmar

parceria para

apoio à

4.1.1. Duas

parcerias firmadas Alta

Baixa quantidade de

árvores em áreas públicas

em meio urbano.

Prefeitura;

Secretarias;

Empresas;

Recurso Municipal

com previsão

orçamentária;

até 2020 3, 4

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133

Ações Metas Grau de

Prioridade Justificativas

Atores

envolvidos

Previsão de Recursos

e Fontes Prazos Áreas

elaboração e

implantação do

Plano

ONGs;

Instituições

de pesquisa.

4.2. Elaborar o

Plano de

Arborização

Urbana

4.2.1. Plano

elaborado e em

implementação

Muito Alta

Melhorar a qualidade de

vida da comunidade;

Proporcionar

embelezamento da cidade;

Atrativo turístico.

Prefeitura;

Secretarias;

Empresas;

ONGs;

Instituições

de pesquisa.

Recurso Municipal

com previsão

orçamentária;

Medidas

Compensatórias de

empreendimentos;

Parcerias de empresas

com divulgação de

suas marcas nas

praças.

Até 2021,

Contínuo 3, 4

4.3. Utilizar

espécies da Mata

Atlântica em

áreas municipais

4.3.1. Utilização de

80% de espécies

nativas plantadas

em áreas municipais

Alta

Menor custo; Adequação

das espécies com o meio

onde serão plantadas.

Prefeitura;

Secretarias;

ONGs.

Recurso Municipal

com previsão

orçamentária.

Contínuo 3, 4

4.4. Buscar

parcerias para

criação do

4.4.1. Criação do

viveiro Alta

Inexistência de viveiro

municipal e demanda por

fornecimento de mudas

Prefeitura;

Secretarias;

Órgão de

Empresas com

atividades no

Município;

até 2022 3, 4

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134

Ações Metas Grau de

Prioridade Justificativas

Atores

envolvidos

Previsão de Recursos

e Fontes Prazos Áreas

Viveiro Municipal para o Plano de

Arborização e criação de

áreas verdes e paisagismo.

extensão

rural; Governo

do Estado.

Convênios;

Editais de instituições

públicas ou empresas

privadas.

4.5. Catalogar

espécies

existentes e

matrizes de

sementes na

Mata Atlântica

4.5.1. Obter

registros de

espécies e de

matrizes de

sementes

Média

Melhor utilização e

adequação das espécies às

áreas onde serão utilizadas

Prefeitura;

Instituições

de pesquisa;

ONGs.

Sistema municipal de

conversão florestal;

Medidas

Compensatórias de

empreendimentos.

até 2023 3, 4

Instituir uma agenda para regularização ambiental dos loteamentos

Ações Metas Grau de

Prioridade Justificativas

Atores

envolvidos

Previsão de

Recursos e

Fontes

Prazos Áreas

Estratégia 5 – Estabelecer o Plano Municipal de Regularização Ambiental dos loteamentos urbanos

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135

Ações Metas Grau de

Prioridade Justificativas

Atores

envolvidos

Previsão de

Recursos e

Fontes

Prazos Áreas

5.1. Firmar

parcerias para

apoio à elaboração

e implantação do

Plano

5.1.1. Parceria

firmada com duas

instituições

públicas

Extremamente

alto

Formalização de parcerias

institucionais para alcançar

segurança jurídica dos

procedimentos adotados.

Prefeitura;

Procuradoria;

Secretarias;

Ministério

Público;

Órgão

Ambiental

Estadual.

Não demanda

recurso. 2019 4

5.2 Desenvolver

diagnóstico dos

loteamentos do

município

5.2.1 Checar a

situação legal de

todos os

loteamentos do

Município

Muito alto

Demanda pelo diagnóstico

da situação dos loteamento

para orientar as tomadas

de decisão

Prefeitura;

Procuradoria;

Secretarias;

Ministério

Público;

Recurso Municipal

com previsão

orçamentária

2021 4

5.3 Elaborar o

Plano de

Regularização dos

Loteamentos

5.3.1. Plano

elaborado e em

implementação Extremamente

Alto

Demanda pela

regularização ambiental de

empreendimentos passíveis

de licenciamento.

Prefeitura;

Procuradoria;

Secretarias;

Ministério

Público;

Órgão

Ambiental

Convênios;

Sistema municipal

de conversão

florestal;

Recurso Municipal

com previsão

orçamentária.

2019 4

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136

Ações Metas Grau de

Prioridade Justificativas

Atores

envolvidos

Previsão de

Recursos e

Fontes

Prazos Áreas

Estadual.

5.4 Elaborar

regulamentação

municipal para

regularização de

loteamentos em

desconformidade

com a legislação

vigente

5.4.1 Criar

dispositivo legal

próprio para tratar

da situação

ambiental dos

loteamentos

irregulares

Alto

Alcançar segurança jurídica

tanto para os investidores

como para o Executivo

Municipal

Prefeitura;

Procuradoria;

Secretarias;

Ministério

Público.

Não demanda

recurso 2022

5.5

Estabelecimento

dos TACs

5.5.1 Firmar, ao

menos, um termo

de ajuste de

conduta por ano

com os

empreendedores/

espólio/proprietári

os de

lotes/entidades

Alto

Buscar a efetivação dos

instrumentos concebidos

para regularização e

consolidação dos

empreendimentos

Prefeitura;

Procuradoria;

Secretaria.

Recurso Municipal

com previsão

orçamentária

A partir de

2022 4

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137

Ações Metas Grau de

Prioridade Justificativas

Atores

envolvidos

Previsão de

Recursos e

Fontes

Prazos Áreas

5.6

Acompanhamento

da implementação

dos TACs

5.6.1 Acompanhar

a implementação

dos termos de

ajuste de conduta

para assegurar a

sua correta

execução

Alto

Buscar a efetivação dos

instrumentos concebidos

para regularização e

consolidação dos

empreendimentos

Prefeitura;

Procuradoria;

Secretaria.

Recurso Municipal

com previsão

orçamentária

Contínuio,

a partir de

2022

4

Fortalecimento da gestão ambiental municipal, fomento à participação social e consolidação da educação ambiental

no município;

Ações Metas Grau de

Prioridade Justificativas

Atores

envolvidos

Previsão de

Recursos e

Fontes

Prazos Áreas

Estratégia 6 – Fortalecer a gestão ambiental municipal

6.1 Criação da

câmara técnica

da Mata

Atlântica no

âmbito do

6.1.1 Criação da CT

com reuniões

semestrais e

elaboração de

relatório anual de

Extremamente

Alto

Acompanhamento da

implantação do Plano

Municipal de

Recuperação e

COMDEMA Não demanda

recurso 2018

TODA

S

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138

COMDEMA implantação do

PMMA

Conservação da Mata

Atlântica

6.2 Realizar a

capacitação

dos

conselheiros

para a

implantação do

PMMA e

execução das

ações

propostas

6.2.1 Realização de,

no mínimo, um

evento de

capacitação por ano

Extremamente

Alto

Promover a

sensibilização do

colegiado quanto ao

correto

acompanhamento do

PMMA

Prefeitura;

SEMAI;

COMDEMA

Recurso

Municipal com

previsão

orçamentária;

Fundo de Meio

Ambiente

Contínu

o

TODA

S

6.3

Regulamentar

o acesso aos

recursos do

fundo de meio

ambiente

6.3.1 Elaboração do

decreto de

regulamentação da

lei do fundo de meio

ambiente

Extremamente

alto

Fortalecimento do Fundo

de Meio Ambiente para

promover a implantação

das ações do PMMA

Prefeitura,;

Secretarias;

COMDEMA.

Não demanda

recurso 2018

TODA

S

6.4 Buscar

novas fontes

de recurso

para

6.4.1 Viabilização de,

no mínimo, uma

fonte adicional de

recurso ao fundo

Muito alto

Implantação das ações

do PMMA e gestão

ambiental municipal

Prefeitura;

Secretarias;

Procuradoria;

COMDEMA.

Não demanda

recurso

Contínu

o

TODA

S

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139

destinação ao

FMMA

6.5 Elaborar e

implementar o

Programa

Municipal de

Educação

Ambiental

6.5.1 Plano

elaborado e em

funcionamento

Extremamente Alto

Fazer uso da Mata

Atlântica

como objeto pedagógico

na escola e a escola

como agente de

formação e de

divulgação junto à

sociedade.

Prefeitura;

Secretarias;

COMDEMA.

Convênios;

Editais de

fomento;

Recurso

Municipal com

previsão

orçamentária.

2019 -

6.4 Realizar

treinamento e

capacitação

para servidores

municipais

6.4.1 Promover, ao

menos, uma

capacitação/treiname

nto ao ano para os

servidores nas áreas

de fiscalização,

gestão, conservação

e recuperação

Alto

Manter atualizados os

servidores quanto as

questões ambientais e

legislação vigente

Prefeitura;

Secretarias;

Procuradoria;

ONGs;

Instituições

de Pesquisa.

Recurso

Municipal com

previsão

orçamentária

Contínu

o -

6.5

Estabeleciment

o de parcerias

com outros

6.5.1 2 parcerias

estabelecidas Alto

Aprimoramento da

prestação de serviços

por parte do órgão

ambiental municipal.

Prefeitura;

Secretarias;

Procuradoria;

ONGs;

Medidas

Compensatórias

de

empreendiment

Contínu

o -

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140

órgãos

governamentai

s, instituições

de ensino, de

pesquisa e

ONGs

Instituições

de Pesquisa.

os;

Recurso

Municipal com

previsão

orçamentária;

Multas

ambientais;

Editais de

fomento.

6.6 Revisão da

legislação

municipal de

meio ambiente

vigente

6.6.1 Instituir o

Código Municipal de

Meio Ambiente Muito Alto

Consolidar o arcabouço

legal vigente num único

documento, dando mais

transparência e eficiência

às demandas legais

ambientais municipais

Prefeitura;

Secretarias;

Procuradoria;

Câmara de

Vereadores.

Recurso

Municipal com

previsão

orçamentária

2020 -

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141

V. MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO

O monitoramento deve acompanhar as estratégias estabelecidas,

apresentando um sistema de indicadores e formas de medição concebidos com a

função de dar conhecimento a evolução e ao acompanhamento da implementação

das ações previstas no PMMA (Tabela 12).

Tabela 12. Sistema de indicadores e formas de medição desenvolvidos para o PMMA de Itapoá.

Estratégia Ação Indicador Formas de medição

1 1.1 Sistema criado Sistema desenvolvido e em funciomamento

1.2 Lei aprovada Dispositivo legal instiuído

2

2.1 Sistema criado Sistema desenvolvido e em funciomamento

2.2 UCs criadas Áreas instituídas por dispositivo legal

2.3 UCs criadas Áreas protegidas aprovadas pelo órgão

competente

2.4 Parque criado Parque instituído por dispositivo legal

Lei aprovada Dispositivo legal instiuído

2.5 Programa criado Programa desenvolvido

3 3.1 APP recuperada % de recuperação executada

3.2 Programa criado Programa desenvolvido

4

4.1 Parcerias firmadas Formalização das parcerias estabelecidas

4.2 Plano criado Plano desenvolvido

4.3 Uso das espécies

corretas Espécies nativas sendo utilizadas

4.4 Viveiro criado Viveiro implantando e em funcionamento

4.5 Registro elaborados Espécies e matrizes catalogadas

5 5.1 Parcerias firmadas Formalização das parcerias estabelecidas

5.2 Plano criado Plano desenvolvido

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142

Por se tratar de um instrumento dinâmico, o Plano deve passar por uma

adaptação ao longo do tempo, de modo a contemplar as novas realidades políticas,

econômicas, sociais e mesmo ambientais. Neste sentido, e considerando que o

PMMA é um instrumento complexo do ponto de vista de implementação, deve ser

procedida com sua revisão e atualização num período de 5 anos (Figura 51). Cabe

ressaltar, ainda, que para estas revisões gerais devem ser adotadas as mesmas

práticas participativas preconizadas para a elaboração deste primeiro Plano.

Recomenda-se, também, que o órgão executor proceda com avaliação

parciais da implementação das ações previstas no plano, de modo a possibilitar uma

análise operacional mais ágil dos resultados obtidos e dos impactos deles

decorrentes, e dessa forma subsidiar a tomada de decisões para correções de rumo,

quando couber.

Figura 51. Proposta para as avaliações temporais do

PMMA de Itapoá. Fonte: Adaptado de MMA, 2017.

Uma maneira prática de conduzir estas avaliações quanto ao andamento das

estratégias é aplicação dos clicos “PDCAs”. O ciclo PDCA é um raciocínio utilizado

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143

em administração para gerenciar a solução progressiva de problemas, de modo a

proporcionar avanços contínuos nos resultados. As fases do ciclo são:

• Planejar: identificar o problema, potencial solução, preparar equipe e recursos;

• Desenvolver: realizar aquilo que foi planejado;

• Checar: verificar os resultados, por meio de monitoramento;

• Agir: se os resultados não forem satisfatórios, replanejar e “rodar” mais uma vez o

ciclo. Se os resultados forem satisfatórios, escolher um próximo problema para

resolver.

O ciclo de avaliações deve, ainda, contar com a interação do Conselho

Municipal de Defesa o Meio Ambiente. O colegiado, além da responsabilidade de

aprovação do PMMA, tem o dever de acompanhar a sua implementação. Tendo em

vista a dinamicidade do plano, e levando em consideração as avaliações parciais a

serem executadas pelo Executivo Municipal, sugere-se que o COMDEMA proceda

com avaliações estratégicas a cada dois anos (Tabela 13).

Tabela 13. Ciclo estipulado para as avaliações anuais do PMMA de Itapoá.

Ciclo de

avaliação Objetivo Quem realiza Resultado

Ano 1 Operacional – verificação da

implementação das ações

previstas

Secretaria do

Meio Ambiente

Correções e melhorias no

andamento das ações

Ano 2 Estratégico – acompanhamento

do andamento geral do PMMA COMDEMA

Correções e melhorias nas

metas e na articulação política

Ano 3 Operacional – verificação da

implementação das ações

previstas

Secretaria do

Meio Ambiente

Correções e melhorias no

andamento das ações

Ano 4 Estratégico – acompanhamento

do andamento geral do PMMA COMDEMA

Correções e melhorias nas

metas e na articulação política

Ano 5 Estratégico – revisão geral do

PMMA

Secretaria do

Meio Ambiente

Nova versão do PMMA com

objetivos atualizados

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144

VI. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proteção do conjunto de ecossistemas que caracterizam a Mata Atlântica

depende de uma gama de estratégias, como as previstas no presente Plano

Municipal da Mata Atlântica. Além delas, outras medidas se fazem necessárias para

que se possa aprimorar a tomada de ações em prol da conservação do bioma em

Itapoá. Dentre eles cita-se a identificação e o mapeamento das terras públicas no

município, tarefa complexa devido ao histórico de implementação desordenada dos

loteamentos, associado à falta de informações claras quanto a antigas transações de

propriedades públicas a terceiros e à ausência de sistematização de dados

patrimoniais. A realização de um levantamento detalhado das áreas de

dominialidade pública é necessária visando, especialmente, a definição daquelas

com potencial de conservação da Mata Atlântica dentro do perímetro urbano para a

implementação de áreas verdes e praças públicas.

Impossível falar de florestas sem pensar na importância das árvores como

reguladoras do clima e provedoras de conforto térmico nas cidades, além de

capacidade de armazenarem gases do efeito estufa e capturarem poluentes do ar.

Ecossistemas como manguezais e restingas também desempenham grande função

ecológica nas cidades costeiras frente às mudanças climáticas e as consequentes

alterações do nível do mar, funcionando como uma proteção natural às grandes

ressacas. Assim, é essencial que seja elaborado futuramente um estudo

considerando os efeitos da redução de Mata Atlântica no território municipal e as

suas relações com as mudanças climáticas, importante vetor de impacto sobre os

remanescentes.

Por fim, outro aspecto relevante a ser considerado nesta contexto é a

identificação e o mapeamento das áreas provedoras de serviços ecossistêmicos para

subsidiar a priorização de ações futuras para conservação/recuperação dos

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145

ecossistemas provedores desses serviços. Tais serviços são definidos como os bens e

serviços que nós obtemos dos ecossistemas diretamente ou indiretamente e

incluem o provimento de alimento e de matéria-prima; a disponibilidade de água

por meio da influência nas chuvas; a qualidade do solo e do ar; amortecimento no

caso de desastres naturais, como nas margens dos rios, reduzindo as chances de

alagamentos, e ao longo da costa, protegendo-a contra a erosão marinha. Ainda,

devem-se incluir o valor cênico e a importância para o turismo ecológico, além da

função de suporte para a manutenção de outros ecossistemas, como na ciclagem

dos nutrientes e na produção de oxigênio (HERNDANDEZ, 201-?).

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146

ANEXOS

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147

VII.I. Mapa dos Limites Municipais

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148

VII.II. Mapa de Uso e Ocupação do Solo

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149

VII.III. Mapa de Remanescentes da Mata Atlântica

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150

VII.IV. Mapa de Áreas de Preservação Permanente

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151

VII.VI. Mapa de Remanescentes com APP

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152

VII.VI. Mapa de Bacias Hidrográficas

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153

VII.VII. Mapa de Clinografia

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VII.III. Mapa de Hipsometria

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VII.IX. Mapa de Geologia

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VII.X. Mapa de Unidades de Conservação

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VII.XI. Consulta Pública de Percepção Ambiental

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VII.XII. Legislação relacionada ao PMMA

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