marketing de sustentabilidade nas carvoarias · planejamento, atendendo-se adequadamente às...
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ARTUR HENRIQUE LOOSE
MARKETING DE SUSTENTABILIDADE NAS CARVOARIAS
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis como requisito de graduação ao curso de Administração.
Orientando: Artur Henrique Loose.
Orientadora: Profª. Dr.ª Alcioni Galdino Vieira.
ASSIS
2010
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FICHA CATALOGRÁFICA
LOOSE, Artur Henrique Marketing de sustentabilidade nas carvoarias / Artur Henrique Loose.
FEMA: Fundação Educacional do Município de Assis - - Assis, 2010. 30 p.
Orientadora: Profª. Dr.ª Alcioni Galdino Vieira.
Trabalho de Conclusão de Curso – Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis. 1. Marketing. 2. Sustentabilidade.
CDD 658
Biblioteca da FEMA.
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MARKETING DE SUSTENTABILIDADE NAS CARVOARIAS
ARTUR HENRIQUE LOOSE
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis como requisito de graduação analisado pela seguinte comissão organizadora:
ORIENTADOR:_________________________________________________________
ANALISADOR (1):______________________________________________________
ASSIS
2010
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha mãe, Estela, e
meus amigos que me auxiliaram e tiveram
paciência comigo ao longo desse caminho.
Obrigado.
14
AGRADECIMENTO
Primeiramente a Deus, e à professora orientadora, Alcioni Galdino Vieira, pela
orientação e pelo constante estímulo transmitido durante o trabalho.
Aos amigos Juliano Mattos de Moraes, Karine de Fátima Ferreira, Mariana Favareto
Galvão, Rafael Balbino, Raphael César Nascimento Liberto, Renato César
Nascimento Liberto, Renato Zanin Júnior e a todos que colaboraram, direta ou
indiretamente, na execução desse trabalho.
15
"Brilharemos como estrelas na noite de verão,
Brilharemos como estrelas na noite de inverno;
Um coração,
Uma esperança,
Um amor".
BONO VOX
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RESUMO
Este trabalho descreve as perspectivas e tendências para o trabalho na produção do
carvão vegetal e a análise para um fluente processo digno de produção e
comercialização sustentavelmente correto nas carvoarias. Sistematizado a partir dos
resultados obtidos na análise e investigação, um modelo adequado de marketing
sustentável para o setor de carvoarias, que servirá de referência às demais
empresas da área bem como aos que se interessam por esta temática. Dessa forma,
este trabalho cumpre um papel social, demonstra uma pré-disposição a
democratizar o conhecimento acadêmico e científico acerca do marketing, atuando
como agente no processo de educação e conscientização sobre a responsabilidade
social empresarial; nesse mercado de extrema e desleal competitividade.
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ABSTRACT
This text describes the perspectives and the tendencies for the work in the charcoal's
production and the analyzes for a fluent process worthy of production and
sustainable marketing for the charcoal's factories. Organizing therewith the results
attained in the analyzes and investigation, an adequate model of sustainable
marketing for the charcoal's sector, that will be used as reference for the others
enterprises of the area as well as those who interest to the theme. Therefore, this
text carries out the social task, shows a prepossession to democratizate the
knowledges academic and scientific about the marketing, acting as an agent in the
education and awareness' about the social's business responsability at this marketing
of extreme and unfair competitiveness.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Filial em Assis/SP........................................................................................30
Figura 2: Filial em Venceslau Braz/PR.......................................................................30
Figura 3: Organograma da Carvão Ipê.......................................................................33
Tabela 1: Modelo adaptado para coleta de informações...........................................35
Figura 4: Imagem do novo site da Carvão Ipê...........................................................37
Figura 5: Modelo adaptado para um processo de elaboração de uma estratégia de
marketing...................................................................................................................39
Figura 6: Estratégia competitiva................................................................................40
Figura 7: Nova embalagem.......................................................................................40
Figura 8: Nova embalagem........................................................................................41
Figura 9: Endereço do site na embalagem................................................................41
Figura 10: Especificação da origem da matéria-prima na embalagem.....................42
Figuras 11 e 12: Marca Eco......................................................................................42
Figuras 12, 13, 14 e 15: Nova caixa com alça..........................................................43
Figura 16: Ênfase à responsabilidade ambiental na embalagem.............................44
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...........................................................................................................20
CAPÍTULO 1 ..............................................................................................................22
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................................22
CAPÍTULO 2 ..............................................................................................................29
ESTUDO DE CASO: CARVÃO IPÊ...........................................................................29
2.2 PLANO DE MARKETING....................................................................................33
2.2.1 O marketing na produção do Carvão Ipê.........................................................33
2.2.2 A criação de um site........................................................................................36
SUSTENTABILIDADE E COMPETITIVIDADE..........................................................38
3.1 PLANEJAMENTO DE UMA ESTRATÉGIA DE MARKETING DE
SUSTENTABILIDADE...............................................................................................39
3.2 IMPLEMENTAÇÃO DE NOVAS EMBALAGENS................................................40
CONCLUSÃO............................................................................................................45
REFERÊNCIAS.........................................................................................................46
ANEXOS....................................................................................................................47
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INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como intuito mostrar e analisar como se dão as táticas, estratégias
e planejamentos do marketing na esfera da sustentabilidade. Objetiva-se verificar as
teses e conceitos que o próprio marketing utiliza há muito tempo, agora com base no
tema que vem impulsionando as empresas de diversas áreas de atuação, a
sustentabilidade.
Esta pesquisa utiliza como estudo de caso a empresa Carvão Ipê, com o objetivo
geral de mostrar um funcionamento de produção e comercialização do carvão
próprio para consumo em churrasqueiras, de uma forma mais sustentável.
As carvoarias, historicamente, são vistas como organizações que exploram o
trabalho de homens e crianças, de maneira muitas vezes escravagista. A madeira é
transformada em carvão, principal matéria-prima que fornece energia às indústrias
siderúrgicas, além de atender ao varejo em geral.
A região leste do Mato Grosso do Sul, em torno de Ribas do Rio Pardo, ex-capital do
carvão e um dos municípios mais pobres daquele Estado, encerrou a sua cota de
cerrado nativo porque simplesmente acabou a floresta. As carvoarias começaram a
se mudar para a região de Bonito, também localizada no Estado do Mato Grosso do
Sul, incluindo o Município de Jardim, onde fica a nascente do Rio da Prata, um dos
mais belos cartões do país. O Mato Grosso do Sul agrega mais de cinco mil
carvoeiros, uma indústria que emprega crianças e trabalhadores irregulares, de
outras cidades e estados. O contexto em que ocorreu o surgimento das carvoarias
esteve marcado, ainda, pela influência das políticas governamentais da década de
70, o que contribuiu para aprofundar ainda mais as desigualdades sociais do País.
Certamente, as carvoarias constituem uma atividade historicamente fundada na
superexploração do trabalho. (DEAN, 1996).
Entretanto, suas atividades são, atualmente, mediadas pelas novas estratégias do
capital e das economias globalizadas, suportadas pelo marketing, que visa a
adequação desse segmento ao conceito de crescimento sustentável e
responsabilidade social como exigências da sociedade e do mundo contemporâneo.
21
Trata-se de um mercado em que interagem diferentes formas de produção em uma
mesma cadeia produtiva: o arcaico, na produção do carvão, e o moderno, nas novas
tecnologias utilizadas nesse setor e no processamento industrial.
Logo, empresas como o Carvão Ipê nascem com uma nova ideologia de negócio
sobre a exploração ao meio ambiente. Essa empresa produz o próprio eucalipto que
consome, seus trabalhadores são regularizados, com dignas formas de trabalho,
respeitam o meio ambiente, além de atender seus clientes com produtos de
qualidade, de origem adequada, e que avançam para modificá-lo com o auxílio dos
ensinamentos e mandamentos que o marketing, e mais a fundo, regrado na questão
da sustentabilidade, garantir qualidade, confiança e credibilidade a seu produto.
22
CAPÍTULO 1
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Para o desenvolvimento dessa pesquisa, alguns conceitos importantes devem ser
citados para uma compreensão mais clara. Dentre eles, o marketing, o marketing de
sustentabilidade e a competitividade entre as empresas.
Kotler e Armstrong (2003, p. 3) afirmam que marketing é “um processo
administrativo e social pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e
desejam, por meio da criação, oferta e troca de produtos e valor com os outros”.
Segundo Drucker (2003, p. 15), as características do marketing dividem-se em:
equiparar marketing a vendas e enfatizar a conquista de clientes, e não a
manutenção dos mesmos. Busca-se, muitas vezes, lucrar em cada transação em
vez de lucrar gerenciando o valor do tempo de vida de um cliente. Elevar preços
com base em markup (porcentagem do custo ou preço do produto, acrescentada ao
custo para obter o preço de venda) em vez de determinar preços por metas também
é uma prática muito comum das empresas. Drucker destaca, ainda, o equívoco de
se planejar cada ferramenta de comunicação separadamente em vez de integrá-las,
ou, então, de se vender o produto em vez de tentar compreender e atender às reais
necessidades dos clientes.
Para Drucker (2003, p. 17), esse antigo pensamento sobre marketing cada vez mais
cede lugar a novas maneiras de pensar. As empresas inteligentes aprimoram seu
conhecimento sobre o cliente e as tecnologias de conexão com o mesmo, além da
compreensão de suas condições econômicas. O novo conceito de marketing
consiste em convidar o cliente a participar do projeto do produto. As novas empresas
estão prontas para tornar seus produtos, serviços e condições mais flexíveis,
fazendo uso de meios de comunicação mais direcionados, integrando suas
atividades de marketing para transmitir uma mensagem mais coerente para os
clientes.
Segundo Milaré, a sustentabilidade pode ser entendida como:
23
[...]compatibilizar meio ambiente com desenvolvimento significa considerar os problemas atuais ambientais dentro de um processo contínuo de planejamento, atendendo-se adequadamente às exigências de ambos e observando-se as suas inter-relações particulares a cada contexto sociocultural, político, econômico e ecológico, dentro de uma dimensão tempo/espaço. (MILARÉ, 2009, p. 15)
Alva define sustentabilidade da seguinte forma:
[...]sustentabilidade pode ser entendida como um conceito ecológico, isto é, como a capacidade que tem um ecossistema de atender as necessidades das populações que neles vivem. Ou como um conceito político que limita o crescimento em função da dotação de recursos naturais, da tecnologia aplicada no uso desses recursos e do nível efetivo de bem-estar da coletividade. (ALVA, apud MILARÉ, 2009, p. 27)
Portanto, podemos dizer que existem duas precondições para o desenvolvimento da
sustentabilidade: a capacidade natural de suporte (recursos naturais existentes) e a
capacidade de sustentação (atividades sociais, políticas e econômicas geradas pela
própria sociedade em seu próprio benefício).
Como atributo essencial, a sustentabilidade está totalmente associada a sua
durabilidade. Contudo, um bem ou recurso é sustentável na medida em que pode
durar para atender as necessidades dos ecossistemas naturais e as demandas dos
sociais, em evidencia, nos processos de produção e consumo.
Com relação ao consumo e seus modelos de produção mais adequados, Milaré
enfatiza a posição dos governos e seus modelos de administração:
No que tange aos modelos de produção, o postulado básico se resume no desenvolvimento e emprego de tecnologias limpas que implicam menos consumo de matéria e energia, menor produção de resíduos com maior capacidade de seu reaproveitamento e com menor volume para sua disposição final. (MILARÉ, 2009, p. 81)
Assim, os governos deveriam incentivar sim o crescimento industrial e produtivo do
país, porém, enfatizando um modelo mais adequado, com maior capacidade de
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reaproveitar resíduos e menos impacto aos que se originam diretamente da
natureza.
Para Porter (1999, p. 49), a competitividade é conceituada como: uma estratégia de
vantagem competitiva, a empresa necessita observar vários fatores importantes para
seu desenvolvimento. A influência dos fornecedores, a organização interna da
empresa, os canais de distribuição e o comprador são agentes importantes para o
desenvolvimento de uma estratégia de vantagem competitiva. Esses elementos
compõem o chamado sistema de valores onde cada um destes agentes influencia
no desempenho geral da organização. A obtenção da vantagem competitiva
depende da observação de toda a cadeia de valores desde os fornecedores até os
compradores. A empresa não pode apenas analisar a sua cadeia de valor
individualmente, sendo que as cadeias de valores dos outros elementos podem
influenciar significativamente a organização para a obtenção de vantagem
competitiva.
Al Gore, ex-vice-presidente dos Estados Unidos da América e notável ambientalista,
chama-nos a atenção para as sequelas negativas que a tecnologia inadequada
acarreta para a sustentabilidade do mundo natural na produção de alimentos e na de
outros bens. Diz o estadista norte-americano:
Não raro, quando procuramos aumentar artificialmente nossa capacidade de obter o que precisamos da Terra, fazemos isso em prejuízo de sua capacidade de prover naturalmente o que estamos buscando. Por exemplo, quando aumentamos a produção agrícola com o uso de tecnologias que contribuem para a erosão das terras aráveis, diminuímos a capacidade do solo de produzir mais alimentos no futuro. E freqüentemente deixamos de levar em conta o impacto de nossa alquimia tecnológica sobre os processos naturais. Assim quando fabricamos milhões de motores de combustão interna e, nesse processo, automatizamos a conversão de oxigênio em CO2 e outros gases, interferimos com a capacidade da Terra de se livrar das impurezas que são normalmente eliminadas da atmosfera. (AL GORE, apud MILARÉ, 2009, p. 57)
Direcionando esse assunto ao centro desta pesquisa, a madeira, matéria-prima da
produção de carvão, esta dentro desta devastação florestal, original, pois esta
diretamente relacionada com certo modelo de consumo que prioriza a utilização da
25
madeira. Basta lembrarmos que 1,7 bilhões de metros cúbicos de madeira foram
coletados em 1989, para outros fins que não a combustão.
Em 2009, vimos desenrolar uma ampla mobilização entre os países pela busca de
soluções que viessem melhorar a relação do ser humano com o meio ambiente. A
cúpula que reuniu presidentes de mais de 100 países, ONGs e cientistas, em
Copenhague, obteve resultados frustrantes, mas mobilizou o mundo a pensar sobre
como será o futuro ambiental do planeta. Nesse período, um filme também atraiu os
olhares do mundo. A produção cinematográfica estadunidense "2012" mostrou os
danos incalculáveis de destruição que a despretensão pelas questões ambientais e
climáticas pode acarretar.
No mundo dos negócios, há algumas décadas, muitas empresas começaram a
pensar sobre essa questão "meio ambiente" e associar a imagem (marca) de seu
empreendimento com ações voltadas para a responsabilidade sócio-ambiental. Na
prática, essa associação relacionada a produtos e serviços apresentados pelas
empresas tornou-se uma forma criativa e inovadora de gestão empresarial e de
marketing, que visa passar aos consumidores/clientes um posicionamento de ética e
transparência da organização.
No Brasil, o movimento da Responsabilidade Social Empresarial se intensifica a
partir dos anos 1990, principalmente após o Eco 92, debatido na cidade do Rio de
Janeiro, e que veio alertar para a conscientização do desenvolvimento sustentável.
Essa administração sócio-ambiental responsável é hoje uma ferramenta estratégica
de marketing bastante utilizada. Bancos, empresas automobilísticas, indústrias,
estatais e empresas de diferentes portes e segmentos aderiram a essa prática.
Sobre essas questões, Milaré indaga:
Será que a responsabilidade ambiental utilizada pelas empresas agrega valor a imagem diante a sociedade? Isso torna o empreendimento mais competitivo no mercado? É uma ferramenta eficaz de marketing? Motiva os funcionários de uma empresa a trabalharem melhor? (MILARÉ, 2009, p. 61)
Para responder a essas questões, o especialista em meio ambiente e
sustentabilidade Araujo e Hahn, diretora administrativa da Quintessência, empresa
26
farmacêutica que desenvolve projetos de conscientização ambiental com seus
funcionários, comentam.
No panorama brasileiro, o descortino de visão ambiental no mundo das empresas é ainda muito elementar, salvo sempre notáveis exceções. Não existe, todavia, a mentalidade aberta as realidades, por vezes acachapantes, da exaustão e da degradação dos recursos planetários, assim como das sérias ameaças que pesam sobre a sobrevivência do planeta Terra nas condições de hoje. A compreensível ânsia de crescimento econômico em curto prazo, o anseio pelo retorno rápido dos investimentos financeiros somado à baixa disposição para investimentos ambientais, a histeria dos números e as pressões crescentes do consumismo são alguns dos inúmeros fatores que contribuem para embotar a inteligência empresarial. Em tal contexto, a gestão ambiental na maioria das empresas reduz-se, deploravelmente, às preocupações com o licenciamento e a satisfação, mínima possível, das exigências do órgão licenciador.”. (ARAUJO; HAHN, apud MILARÉ, 2009, p. 316)
A atividade de preservação e restauração dos processos ecológicos essenciais
cuida de garantir, através de ações conjugadas de todas as esferas e modalidades
do Poder Público, o que se encontra em boas condições originais e,
simultaneamente de recuperar o que foi degradado: trata-se de “ações conjugadas”
porque não são excludentes, ao contrário, somam-se; uma não espera pelas outras,
ambas devem concretizar-se onde e quando for necessário o tratamento do meio, ou
profilático e preventivo, ou terapêutico e corretivo. Quando não encontrada a
expressão nos manuais de ecologia e de textos congêneres, pensamos que por
processos ecológicos essenciais se possam subentender aqueles que garantem o
funcionamento dos ecossistemas se contribuem para a salubridade e higidez do
meio ambiente.
Ensaiando uma listagem exemplificada, podemos considerar como processos
ecológicos essenciais: fixação, transformação, transporte e utilização de energia;
produção, transporte transformação e utilização de matérias várias; bio-degradação
de rejeitos; restituição aos corpos receptores (ar, água e solo) de suas condições e
qualidades naturais, propagação e aperfeiçoamento das formas de vida num sentido
evolutivo e de seleção natural; e, num sentido mais amplo, o estabelecimento de
condições adequadas a perpetuação e ao aperfeiçoamento da espécie humana –
sobretudo no que ela tem de específico – a racionalidade e seus valores espirituais,
27
uma vez que o ser humano, tanto individual como socialmente, é parte integrante do
mundo natural e do meio ambiente e, no ecossistema planetário, produz cultura,
conjunto de valores e práticas que determinam as inter-relações Homem-Natureza
(MILARÉ, 2009, p. 158-159).
O tema meio ambiente, abordado por Millaré, relembra que na Constituição Federal
esclarece questões. O artigo 225, disciplina também a exploração racional, como se
vê, por exemplo, §10, §12, §15, §19, §20 e §21.
O artigo 10 tolera, em áreas de inclinação de 25 a 45 graus, a extração de toras,
quando em regime de utilização racional, que vise o rendimento permanente.
Portanto, têm-se aqui florestas de utilização limitada.
As áreas plantadas – destinadas ao reflorestamento – são de exploração livre, nos
termos do art. 12, do Código Florestal, ficando essa condicionada apenas a
autorização do órgão federal ou estadual. Porém, essa exploração é vedada nas
áreas de preservação permanente (artigos 2.º e 3.º) e de Reserva Legal (artigos 16
e 44). Também não poderia haver exploração caso a vegetação ou a espécie objeto
do reflorestamento seja típica de vegetação especialmente protegida e tenha por
escopo restaurar situação do anterior desmatamento.
A série das Normas NBR ISO 14.0001 proporciona ao meio ambiente vasta
cobertura por parte das organizações. Dentre essas normas, as de n. 14.001 e
14.004 referem-se ao sistema de gestão ambiental, processo que integra diferentes
áreas empresariais e acompanha seus fluxos operacionais, confere uniformidade a
rotinas e procedimentos, facilita a gestão e subsidia a tomada de decisões. Em
síntese, dão corpo e alma à governança ambiental.
A respeito, assim se pronuncia, à guisa de mote, o consultor de empresas e perito
nas referidas Normas ISO, engenheiro Cyro Eyer do Valle: “Certificação pelas
Normas ISO 14.000, deve fazer parte da estratégia de uma organização que
pretende manter-se competitiva.” E logo mais explicita:”Como a série ISO 14.000, as
1 I. ISO: a Organização Internacional para Padronização (em inglês: International Organization for
Standardization), popularmente conhecida como ISO é uma entidade que atualmente congrega os grémios de
padronização/normalização de 170 países. II. O ISO 14000 é um conjunto de normas que definem parâmetros e
diretrizes para a gestão ambiental para as empresas (privadas e públicas).
28
normas ambientais transcendem as fronteiras nacionais e colocam a gestão
ambiental no mesmo plano já alcançado pela gestão de qualidade. Cria-se, assim,
mais um condicionante para o êxito da empresa que exporta e disputa sua posição
em um mercado globalizado. Conciliar as características ambientais dos produtos e
serviços com os paradigmas da conservação mundial é, cada vez mais, um requisito
essencial para as organizações serem competitivas e manterem posições
comerciais arduamente conquistadas. Por outro lado as organizações que buscam
na qualidade ambiental um fator de sucesso para se posicionar bem no mercado no
qual atuam encontram, nas normas ISO14.000, a oportunidade para se valorizar
internacionalmente (MILARÉ, 2009, p. 318).
29
CAPÍTULO 2
CARVÃO IPÊ: ESTUDO DE CASO
Para esta pesquisa, serviu de objeto de análise a empresa Carvão Ipê, do setor de
produção de carvão vegetal. Situa-se à Avenida Luiz Kobal, 75, CDA – Assis, SP,
atuante no ramo de produção, processamento e comercialização do carvão vegetal
próprio para consumo, em churrasqueiras. Cabe ressaltar que a Carvão Ipê produz
sua matéria-prima de acordo com as normas do setor, e seu processamento e
comercialização também atendem a todos os requisitos legais.
A empresa Carvão Ipê Ltda é uma instituição industrial privada, de direito privado,
criada em outubro de 1991, na cidade de Assis, pelos sócios, gerente Rui César
Liberto e Maria Aparecida Nascimento Liberto; esta inscrita sob o CNPJ
54.719.024/0001-06, situada na rodovia Raposo Tavares km 441 + 200m, Água da
Pinga (antiga INCOVEG). Os sócios viram uma grande oportunidade ao fundarem a
carvoaria, baseados na experiência que já possuíam quando participaram da
sociedade da Carvoaria Marciano.
Nascida como uma empresa de estrutura familiar, a Carvão Ipê sempre teve como
prioridade o fornecimento de carvão de alta qualidade.
Seu principal produto é o carvão para churrasco, além de carvão para siderúrgica,
caldeira e fundição, sem esquecer do aproveitamento do pó-de-carvão na
construção civil. Atualmente conta com uma linha de produtos complementares: alho
in natura, temperos completos e massa de alho puro.
Atualmente a Carvão Ipê tem matriz e três filiais:
A matriz localiza-se em um deposito fechado, na Rua Hugo Mossini n. 509, no
Distrito Industrial de Assis, onde é realizado o processo de seleção e
empacotamento do carvão.
30
Uma das filiais situa-se na Avenida Luiz Kobal n. 75, no Distrito Industrial da de
Assis, usado como escritório, armazenamento e distribuição de produtos acabados
do carvão, e também para manipulação do alho e tempero.
Figura 1: Filial em Assis/SP
As outras duas filiais localizam-se em Wenceslau Braz, no Estado do Paraná, e são
responsáveis por toda produção do carvão e armazenamento da lenha utilizada no
processo de fabricação do carvão.
Figura 2: Filial em Venceslau Braz/PR
31
A escolha de instalar essas duas filiais no estado do Paraná se deu devido à
questão tributária, uma menor carga tributária para principalmente a movimentação
de mercadorias foi o chamariz e definição das instalações.
As decisões gerenciais tomadas, com exceção das administrativas, são de
responsabilidade do Sr. Rui César Liberto, que pessoalmente interliga todos os
processos, desde a compra da lenha até a venda do carvão embalado. As decisões
administrativas ficam a cargo da sócia Maria Aparecida Nascimento Liberto, e a
parte de empacotamento fica sob os cuidados do funcionário Raphael César
Nascimento Liberto. Essa estrutura familiar tem facilitado o controle e o bom
funcionamento da empresa.
A Figura 3, a seguir, ilustrada o organograma da Carvão Ipê:
32
Figura 3: Organograma da Carvão Ipê
No organograma acima é possível descrever como se dão as divisões hieráquicas
na empresa. A hierarquia é bastante verticalizada, ou seja, muito controle e
responsabilidades destinadas a poucos administradores, no caso, aos dois sócios,
com 50% cada. Uma melhor distribuição das responsabilidades e atividades para
horizontalizar esse organograma, proporcionaria maior controle, menor preocupação
e problemas aos sócios-proprietários, e crescimento organizacional, ja que
Sócio 50%
Supervisor 2
(Renato Liberto)
Aux.
Administrativo
3
Vendedor
7
Forneiro
11
Aj. Geral
16
Motorista
3
Manipulador
7
Limpador
3
Sócio 50%
33
descentralizaria toda a administração. Esse é o caminho que muitas grandes
organizações, quando começam a crescer buscam.
2.2 Plano de marketing
2.2.1 O marketing na produção do Carvão Ipê
Em uma análise realizada na matriz e as três filiais da Carvão Ipê, em conversas
informais com o responsável do setor de marketing, e através de observações e
informações adquiridas com colaboradores mais antigos foi possível montar um
panorama da situação dessa empresa.
No início da empresa, o carvão para churrasco era vendido basicamente no varejo,
em poucos pontos e muito limitado a região de Assis. O pó-de-carvão começou a ser
inserido em negócios fechados a algumas siderúrgicas, o que acarretou naquele
momento um grande negócio, e a empresa cresceu drasticamente. Nos dias atuais,
a carvoaria atende totalmente a cidade de Assis, além de toda a região em torno,
por volta de 100 km de raio de alcance, além de cidades no Paraná, São Paulo,
chegando até Botucatu/SP, Adamantina/SP e São José do Rio Preto/SP.
Nas conversas informais, foi muito enfatizado o modo de trabalho realizado nos
moldes do começo da empresa, totalmente manual, desde a compra e chegada da
matéria-prima, pois em 1991, quando surgiu a Carvão Ipê, ela não produzia sua
matéria prima, possuía apenas fornecedores de lenha vindas do Paraná e
principalmente do Mato Grosso. Na produção dessas lenhas, que viriam a ser
carvão próprio para empacotamento e comercialização posteriormente, a Tabela 1
descreve como eram esses processos e seus danos e perigos.
34
Fase do processo produtivo Fatores de risco Consequências para a saúde
1 – Cortar, lerar e embraçar a lenha
. Uso de ferramentas: machado, foice, facão e/ou moto serra . Ruído (moto serra) . Vibração (moto serra). Desgaste postural (posição forçada). Esforço físico. Radiação solar excessiva. Picada de animais peçonhentos (escorpião e cobras)
. Cortes, quedas e
outros acidentes(inclusive
oculares) . PAIR e efeitos extra-
auditivos . Lesões ósteo-musculares e
Síndromes vasculares. Doenças músculo-
esqueléticas . Fadiga crônica
. Envelhecimento precoce e lesões de
pele, câncer e desidratação
. Envenenamento
2 – Transporte da lenha até os fornos com auxílio da tração
animal ou trator
. Queda das toras. Desgaste postural e esforço físico
exagerado. Riscos do manejo do animal ou da máquina (trator).
Radiação solar excessiva. Picada de animais peçonhentos
. Acidentes e cortes
. Doenças músculo-esqueléticas; Hernia
inguinal, Fadiga crônica
. Coices e outros traumatismos
. Envelhecimento precoce, lesões de
pele, câncer e desidratação.
Envenenamento
3 – Abastecimento do forno fechamento e ignição
. Queda das toras
. Esforço físico exagerado . Posturas forçadas
. Exposição solar excessiva. Picada de animais peçonhentos..
Preparação e aplicação da barrela. Manuseio do fogo
. Acidentes e
traumatismos.. Hernia inguinal, escrotal,
Fadiga crônica . Doenças músculo-
esqueléticas . Envelhecimento
precoce, lesões de pele e cânceres
. Envenenamento
. Dermatoses. Queimaduras
4 – Carbonização ou cozimento do carvão
. Explosão e desabamento do
forno . Altas temperaturas/calor
excessivo . Fumaça contendo subprodutos
. Traumatismos e
queimaduras . Hipertermia;
câimbras; exaustão; desidratação; tetania,
35
da pirólise e combustão incompleta: ac.pirolenhoso; alcatrão; metanol; acetona; acetatos; CO; CO²; Metano
. Posições forçadas. Preparo e aplicação da barrela. Monotonia
acompanhada do stress da tensão da vigília do forno. Picada
de animais peçonhentos
síncope. Teratogênese; Dermatoses.
Intoxicações múltipas. Doenças músculo-
esquléticas . Lesões
dermatológicas. Sofrimento psíquico.
Envenenamento
5 – Abertura do forno, retirada, transporte e empilhamento do
carvão
.Combustão expontânea do carvão
.Altas temperaturas/calor excessivo
.Posições forçadas e esforço
físico Excessivo
. Queimaduras. Hipertermia; câimbras;
exaustão; desidratação; tetania,
síncope. Teratogênese.
Doenças músculo-esqueléticas e fadiga
crônica
6 – Ensacamento do carvão
e/ou carregamento dos caminhões de transporte do
carvão
. Combustão espontânea do carvão. Quedas e desabamento das pilhas, uso de ferramentas
inadequadas (escadas, enxadas, pás, etc)
. Queimaduras . Traumatismos e
quedas
Tabela 1: Modelo adaptado para coleta de informações2
De acordo com a situação observada acima das condições de trabalho desses
carvoeiros, a Carvão Ipê vem desde então praticando mudanças e estratégias a fim
de melhorar todos seus processos.
Na área da produção do carvão, como a empresa no início apenas comprava a
matéria-prima, quando começou a produzir a sua própria lenha em 2003, já se
preparou para não cometer os erros citados na tabela acima. Hoje seus
colaboradores recebem treinamentos de cuidados para o manejo do carvão, para a
inserção nos fornos da lenha para a queima, e depois para a abertura dos fornos e
ensacamento e carregamento dos sacos nos caminhões.
2Fonte:<http://www.claudiobuenoguerra.com.br/carvoaria_jequitinhonha/carvoaria_jequitinhonha.htm.> Acesso em Agosto de 2010.
36
Além dos treinamentos e instruções constantes, esses colaboradores estão
totalmente legalizados, devidamente registrados legalmente, recebem equipamentos
de proteção individual (EPI)3, e trabalham dentro das normas que a legislação exige.
Esse panorama nos faz pensar que isso é o mínimo que a empresa tem para
oferecer a seus colaboradores, mas historicamente e até atualmente, muitas das
carvoarias existentes em todo Brasil não cumprem nem esse mínimo exigido em lei.
Dessa forma, hoje a Carvão Ipê já é detentora do Documento de Origem Florestal –
DOF, instituído pela Portaria n°253, de 18 de agosto de 2006, do Ministério do Meio
Ambiente - MMA, que representa a licença obrigatória para o controle do transporte
de produto e subproduto florestal de origem nativa, inclusive o carvão vegetal nativo,
em substituição à ATPF. O DOF acompanha, obrigatoriamente, o produto ou
subproduto florestal nativo, da origem ao destino nele consignado, por meio de
transporte individual: rodoviário, aéreo, ferroviário, fluvial ou marítimo. Essa
certificação é mais uma segurança para o varejista por exemplo, e todos os clientes
que consomem e que viram por ventura a consumir futuramente o carvão ipê, disse
o Sr. Rui Liberto.
2.2.2 A criação de um site
Atualmente, a disponibilização de um site é fundamental para a organização, pois
permite que o negócio seja visualizado constantemente pelo público. A um custo
relativamente baixo. Ao contrário dos espaços físicos da empresa, que tem um
horário de funcionamento, o site está acessível a qualquer momento. Desse modo,
os clientes podem se informar sobre produtos ou serviços fora do horário de
expediente ou durante o fim de semana. Por isso, ter um site na ínternet cria mais
oportunidades de negócio.
Algumas das vantagens da utilização de ações de comunicação via internet, em
relação a outros tipos de mídia, são: materiais impressos, como catálogos e folhetos,
podem ser veiculados a um custo quase zero, além da possibilidade de alterar as 3 Para os fins de aplicação desta Norma Regulamentadora - NR considera-se: Equipamento de Proteção
Individual -EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção
de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.
37
informações quando se quiser e quantas vezes for necessário; é possível acançar
novos mercados com uma audiência global; pode-se melhorar o serviço ao cliente e
apresente uma imagem profissional; vender os produtos e promover os serviços;
recolher informações valiosas; recrutar funcionários e criar parcerias, entre outros.
Figura 4: Imagem do novo site da Carvão Ipê
Hoje, a Carvão Ipê vem desenvolvendo um extenso banco de dados de informações
de seus clientes, como seus dados principais, cultura de compra, quantidades, tipos
de clientes, para que posso focar estratégias de vendas, retenção desses clientes e
proposta para novos mercados em que não atua ainda.
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3. SUSTENTABILIDADE E COMPETITIVIDADE
Nesse capitulo aborda-se a questão da competitividade entre as empresas do setor,
e como a sustentabilidade e/ou o desenvolvimento sustentável pode ou não trazer
benefícios para a organização em estudo. Tais como a evolução da estrutura e
funcionamento da empresa, até uma maior margem e número de clientes para seu
faturamento.
Kinlaw esclarece o termo desenvolvimento sustentável:
Desenvolvimento sustentável descreve como as organizações devem conduzir seus negócios para continuar conduzindo esses mesmos negócios futuro adentro. Se o objetivo primeiro das organizações é permanecer vivas, então o desempenho sustentável descreve o que é necessário para permanecerem vivas na nova era ambiental. Se desempenho de qualidade tornou-se o lema desta década, desempenho sustentável (ou algo similar) irá se tornar o lema da próxima década (KINLAW, 1997, p. 24).
A questão ambiental pode fortalecer as organizações e sua posição competitiva
através dos seguintes norteamentos: evitando custos de multas, despoluição e
processos judiciais; reduzindo a quantidade de material utilizado; reduzindo o nível
de consumo e os custos da energia; reduzindo os custos de manuseio e descarte de
resíduos; criando novas oportunidades de venda a novos clientes mais sensíveis à
questão ambiental; mantendo nichos de mercado compostos de clientes antigos que
desejam produtos favoráveis ao meio ambiente; criando novos produtos e serviços
para novas oportunidades de mercado; obtendo maior credibilidade em bancos e
outras instituições financeiras; mantendo a elegibilidade para seguros menos
dispendiosos; reduzindo os riscos de grandes desastres ambientais; desenvolvendo
e adquirindo tecnologia nova; melhorando a imagem pública da empresa.
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3.1 Planejamento de uma estratégia de marketing de sustentabilidade
A tabela a seguir apresenta um modelo para a implementação de uma estratégia de
marketing:
Figura 5: Modelo adaptado para um processo de elaboração de uma estratégia de marketing4
Segundo Gioia (2006, p. 27), por intermédio de uma estratégia de marketing é
possível refletir como a empresa irá competir no mercado, para assim ter uma
vantagem competitiva sustentável (VCS), sendo necessário atender a três
características básicas, conforme explica Gioia: a estratégia deve ser baseada em
um conjunto de ativos e competências; a seleção do mercado-alvo no qual irá
competir e; a seleção dos concorrentes com os quais a empresa irá competir.
4 Fonte: Gioia, 2006, p. 26.
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Para focar em uma das opções de estratégias competitivas e sustentáveis, como
diferenciação, custo baixo, foco, pró-atividade e/ou sinergia, Porter (1986, p. 33)
define três estratégias competitivas para se obter uma vantagem competitiva
sustentável: diferenciação, foco e liderança de custo, como mostra a Figura 6:
Alvo amplo
Alvo estreito
Figura 6: Estratégia competitiva.
3.2 Implementação de novas embalagens
Foi proposto e aplicado para a Carvão Ipê algumas mudanças em suas embalagens
do carvão, que vem a proporcionar ao cliente final uma imagem com mais
informações, segurança, além de divulgar seus novos projetos, como a plantação de
arvores de eucalipto, que seu carvão provem somente de madeira de
reflorestamento, seu site, enfim, várias informações importantes.
Abaixo, seguem as fotos com as formatações das novas embalagens:
Figura 7: Nova embalagem
Diferenciação
Foco Liderança de
custo
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As novas embalagens têm cores mais fortes, desenhos assimétricos, padronizados.
Figura 8: Nova embalagem
Figura 9: Endereço do site na embalagem
A inserção do endereço do site da empresa é agora impresso em todas as
embalagens dos produtos comercializados pelo Carvão Ipe.
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Figura 10: Especificação da origem da matéria-prima na embalagem
Assim como a origem e a matéria-prima que é utilizada naquele determinado
produto.
Figuras 11 e 12: Marca Eco
A segunda marca trabalhada pela Carvão Ipê, o ECO, também sofreu modificações
em suas embalagens e vem agora com mais informações e outras mudanças.
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Percebendo esses novos mercados mais competitivos e exigentes, a Carvão Ipê
lançou um novo produto, focado em clientes mais específicos, um carvão
extremamente selecionado, de alta qualidade, e principalmente seu diferencial é a
nova embalagem, que ao invés do tradicional saco de papel, inovou com uma caixa
sofisticada, da cor branca, com alça, bem diferenciada.
Figuras 12, 13, 14 e 15: Nova caixa com alça
44
Figura 16: Ênfase à responsabilidade ambiental na embalagem
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CONCLUSÃO
Este trabalho teve a finalidade de mostrar o marketing inter-relacionado a
sustentabilidade, como a mesma funciona, a partir de um estudo de caso,
analisando e observando as estratégias e processos de marketing executados e
avaliando se as mesmas são coerentes ou não para a empresa objeto de estudo.
Através dessa pesquisa, o conhecimento de operações de marketing, campanhas,
projetos, bem como de aspectos bibliográficos contribui para que as opções
atualmente adotadas possam ser avaliadas e ajustadas, quando não se mostrarem
mais efetivas para garantir a competitividade de uma empresa em um dado
segmento. É importante que não se tenha a mente fechada a mudanças, mas que
também não se mude apenas para estar “na moda”, que a sustentabilidade seja
obrigatória em todas as organizações, mas que a faça de modo consciente, e
mesmo que o objeto de mudança seja planejamentos em marketing.
Fazer o mesmo que grandes empresas do ramo não significa possuir uma
campanha em marketing eficiente. Neste trabalho, como pôde ser verificado, a
empresa pensou suas operações de divulgação, expansão da marca, e campanhas
de modo a melhor atender ao seu perfil de consumidor, focando na marca, em
trabalhos de conscientização interna para aí sim, tornar público suas realizações,
não se acomodando ao ponto de usar as mesmas práticas das demais empresas,
sem o devido processo crítico.
O marketing está em constante mudança, e seu estudo estará sempre se
aperfeiçoando, incluindo as inovações da área (equipamentos, métodos, sistemas
etc.). Porém, é importante acompanhar tais inovações e tendências, sempre
avaliando a real necessidade de implementá-las, de modo a manter a empresa
competitiva no mercado, o que não impede que práticas semelhantes à
diferenciação, custo baixo, foco, proatividade e/ou sinergia que Porter conceituava
em 1986 e estão em vigor atualmente, com empresas que se mostram competitivas,
como a mostrada no estudo de caso deste trabalho.
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REFERÊNCIAS
DEAN, Warren. A Ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 1996. DRUCKER, Peter. A administração na próxima sociedade. São Paulo: Nobel, 2003. FRANCO, João Melo, MARTINS, Herlander Antunes. Dicionário de Conceitos e Princípios Juridícos. 3. ed, Almedina, Coimbra 1991. FREITAS, Sebastião Nelson. MARCOS Natali. Merchandising na prática. São Paulo: STS, 1998. GIOIA, Ricardo, M. Markting aplicado: o planejamento de marketing. São Paulo, Saraiva, 2006. GUERRA, Cláudio (et al). Trabalho precoce na atividade carvoeira em Minas Gerais: um estudo de caso dos impactos sobre a saúde das crianças e adolescentes e uma proposta de melhoria das condições de vida e trabalho. - Faculdade de Medicina da UFMG, 1998. Disponível em: http://www.claudiobuenoguerra.com.br/carvoaria_jequitinhonha/carvoaria_jequitinhonha.htm. Acesso em agosto de 2010. KOTLER, Philip e ARMSTRONG, Gary. Princípios de Marketing. 9. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2003. KINLAW, Dennis, C. Empresa competitiva e ecológica: desempenho sustentável na era ambiental. São Paulo, 1997, Editora Makcron Books. LINDON D. (et al). Teoria e prática do Marketing. 10. ed. Lisboa: Dom Quixote, 2004. MILARÉ, Édis. Direito do ambiente: a gestão ambiental em foco: doutrina, jurisprudência, glossário. 6. ed. Ver, atual. E ampl. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. PORTER, Michel. Estratégia competitiva. 16. Ed. São Paulo: Pioneira, 1986. REVISTA GUIA EXAME. Sustentabilidade, 10 anos. p. 26-27, novembro de 2009, Abril. SERENS, Nogueira M. A vulgarização da marca na directiva 89/104/CEE, de 21 de Dezembro de 1988 (Id est, no nosso direito futuro). Universidade de Coimbra. 1995. VAVRA, Terry G. Marketing de relacionamento: aftermarketing. São Paulo: Atlas, 1993.
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ANEXOS
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ANEXO A. FOTOS DO CARVÃO IPE.
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